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O EFEITO DA ESTOCAGEM DE JUVENIS NA ABUNDÂNCIA DO
TAMBAQUI (Colossoma macropomum Cuvier, 1818) EM LAGOS
DE VÁRZEA NA AMAZÔNIA CENTRAL.
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM
HEITOR MARTINS JUNIOR
Manaus-Amazonas 2003
Dissertação apresentada à Coordenação do Programa de Pós-graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais do Convênio INPA/UFAM, como parte dos requisitos para obtenção do título de mestre em Ciências Biológicas, curso Biologia de Água Doce e Pesca Interior.
ii
O EFEITO DA ESTOCAGEM DE JUVENIS NA ABUNDÂNCIA DO
TAMBAQUI (Colossoma macropomum Cuvier, 1818) EM LAGOS
DE VÁRZEA NA AMAZÔNIA CENTRAL.
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM
Orientador: Carlos A. R. M. Araujo Lima, Dr.
Financiamento: Projeto Tambaqui – PPD n°1139/1999
CNPq processo n° 130006/2001-7
Manaus-Amazonas
2003
Dissertação apresentada à Coordenação do Programa de Pós-graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais do Convênio INPA/UFAM, como parte dos requisitos para obtenção do título de mestre em Ciências Biológicas, curso Biologia de Água Doce e Pesca Interior.
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iv
FICHA CATALOGRÁFICA
SINOPSE
Neste trabalho, foi avaliado o efeito da estocagem de juvenis (5cm) de Colossoma
macropomum em lagos de várzea da Amazônia Central. Foi analisado o efeito da estocagem
realizada em 2000 e 2001 sobre a abundância (CPUE) de tambaquis. Foram estimados os
tamanhos e a densidades populacionais após seis meses dos peixamentos, a captura pela
comunidade ao longo de três meses e a partir disto, a taxa de recaptura. Também realizei uma
análise de custo-benefício do processo. Ainda, avaliei quais eram os principais predadores dos
juvenis estocados. Finalmente, verifiquei se existiu uma inter-relação com predadores,
competidores por espaço, por alimento e a área do lago, que responde a abundância de
tambaquis encontrada nos lagos de várzea da Amazônia Central.
Palavras-chave: 1.Colossoma macropomum 2.Estocagem 3. Manejo de lagos 4. Lagos
de várzea 5. Amazônia
Key words: 1.Colossoma macropomum 2.Stocking 3.Management lakes 4.Floodplain
lakes 5. Amazon
MARTINS JR., Heitor O efeito da estocagem de juvenis na abundância do tambaqui (Colossoma
macropomum Cuvier, 1818) em lagos de várzea na Amazônia Central.
Manaus, Amazonas.
Manaus: INPA/UFAM, 2003.
xiii + 51p : il.
Dissertação de mestrado
1. Colossoma macropomum 2. Estocagem 3. Manejo de lagos 4. Lagos de várzea
5. Amazônia
CDD 19 ed 597 . 5045
v
“Dedico esta dissertação a minha querida família: meu pai
Heitor (em memória), minha mãe Marlene Martins
e meus irmãos Hilton, Luciene, Herton e Letícia.
Aos meus mentores, amigos e colegas.”
vi
AGRADECIMENTOS
Muitos foram os que acreditaram e contribuíram para que essa dissertação se tornasse
realidade.
Agradeço ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA.
À Universidade Federal do Amazonas – UFAM.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pela bolsa
concedida.
Em especial ao meu orientador Dr. Carlos Araújo Lima que desde o primeiro
momento, não poupou esforços, tempo, recursos e sua paciência para me orientar e
desenvolver o trabalho junto ao “Projeto Tambaqui - Piscicultura extensiva do tambaqui na
floresta de várzea”.
Ao apoio e contribuições essenciais dos Drs. Levy de Carvalho Gomes, Rodrigo
Roubach, Rosseval Galdino Leite e do Msc. Álvaro Carvalho de Lima. Aos incansáveis
pescadores Roberval, José Freire, Luiz Cosmo e Agenor. Pois sem a dedicação, colaboração e
espírito de equipe de todos, seria impossível de realizar este trabalho.
A toda tripulação do “Zuzimar Filho”, por nos guiar seguramente nesta imensidão de
tortuosos caminhos da Amazônia.
À Carminha que desde antes da chegada sempre se mostrou extremamente atenciosa e
dedicada, como também pelo seu fundamental trabalho na secretaria do curso.
À Coordenação Geral de Pós-graduação e do Curso de Biologia de Água Doce e Pesca
Interior do INPA, no empenho para minha participação e exposição de trabalhos em eventos
científicos.
A todos docentes do curso pelas contribuições durante a jornada.
vii
Aos meus professores de graduação, em especial ao Dr. Uwe H. Schulz.
Aos colegas e amigos da turma do BADPI/2001: Alexandre Batistella, Cristiane
Oliveira, Dagoberto Júnior, Elton Brito, Fabiana Pimentel, Gisleine Vilara, Kiara Formiga,
Júlio do Vale, Leila Souza, Lucirene Souza, Luiz Claro Jr., Nislanha dos Anjos, Nívea
Geovana,, Washington Tavechio e como demais amigos do INPA por todos os momentos de
batalhas e alegrias juntos.
Aos companheiros e todos amigos “da casa”.
Aos meus amigos Alexandre H. Jost, Ana C. Petry e Rodrigo Costa e em especial, a
compreensão e ao carinho da Tatiana Coelho Balbão, que sempre motivaram e incentivaram a
realização deste mestrado.
Ao amigo da família, Antônio, que proporcionou desde a graduação, uma valiosa
ajuda a mim e meus irmãos.
Aos meus irmãos Hilton e Herton pelo incentivo e apoio logístico. Aos meus pais
Heitor (em memória) e Marlene, por terem me dado o dom da vida e por nunca terem
poupado esforços para me ajudar investindo na minha formação. Por valorizar minha
profissão, minha escolha e por acreditarem em mim.... muito mais do que eu.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram.... obrigado por tudo!
Valeu!!!
viii
RESUMO
O tambaqui é um dos peixes mais conhecidos e apreciados como alimento na
Amazônia. Atinge grande valor na economia regional, portanto é um importante produto da
várzea. No entanto, existem fortes indícios de que a população natural esteja deprimida
devido a sobrepesca. A estocagem pode ser uma alternativa para mitigar a depleção dos
estoques naturais e aumentar a produção. O objetivo do trabalho foi testar a viabilidade da
estocagem de juvenis de tambaqui em lagos de várzea da Amazônia Central. Em 2000 e 2000,
foram colocados, respectivamente, 1000 e 1500 juvenis tambaqui/ha (5cm) em cinco lagos. O
efeito do repovoamento foi avaliado através da variação na abundância de peixes. A
densidade populacional após seis meses da estocagem foi estimada por marcação e recaptura
(Schumacher-Eschemeyer). A viabilidade econômica da estocagem foi avaliada pela relação
custo-benefício. Foram determinados os principais peixes predadores e testada a hipótese da
existência de uma inter-relação ecológica que explicasse a abundância de tambaqui
encontrada nos lagos de várzea. Os resultados mostram um forte padrão no comportamento da
oscilação da CPUE dos lagos experimentais. Nos anos de estocagem, ocorreu aumento da
CPUE e um decréscimo no ano sem tratamento. A chance deste comportamento ocorrer ao
acaso é muito baixa (0,001). Porém não houve diferença significativa entre as abundâncias
dos lagos estocados e controle. As taxas de recaptura variaram entre 1,35% (lago Jacaretinga)
e 2,15% (lago Cavalo). As densidades encontradas foram baixas; 6 (2000) e 15 (2001)ind/ha
no lago Jacaretinga e 32 ind/ha no lago Cavalo (2001). De 80 predadores analisados, 20%
consumiram juvenis de tambaqui. Os principais peixes predadores foram: Serrasalmus
rhombeus (piranha preta), Pygocentrus nattereri (piranha caju) e Acestrorhynchus falcirostris
(peixe cachorro). Não foi encontrada relação entre competição, predação e a área dos lagos,
que explicasse a abundância de tambaquis. Em conclusão, a estocagem é uma alternativa
economicamente viável como piscicultura extensiva, que pode elevar a abundancia de
tambaqui em alguns lagos, porém não é claro se é uma estratégia de manejo efetiva para
aumentar a produção de tambaqui da bacia Amazônica.
ix
ABSTRACT
Tambaqui is one of the most known and appreciated fish. Its flesh attain high value in
regional economy, therefore it is an important product of the floodplain. There are strong
indications that natural population is depressed due to over fishing. Stock enhancement can be
used to mitigate depletion of natural populations and to increase production. The objective of
this work was to test the viability of stock enhancement of tambaqui juveniles in floodplain
lakes in Central Amazon. In 2000 and 2001 five lakes were treated by adding 1000 and 1500
juveniles tambaqui/ha (5cm). The effect of stocking was inferred by variation in abundance of
tambaqui. The population density six months after stocking was estimate trough marking and
recaptures method (Schumacher-Eschemeyer). Economic viability of the stock enhancement
was evaluated by cost-benefit relationship. Main predators of juvenile tambaqui were
identified and the existence of an ecological interrelation explaining the variation of
abundance of tambaqui in the floodplain lakes was examinated. Findings evidenced strong
oscillation of the catch per unit effort (CPUE) in experimental lakes, however no significant
difference was detected between abundance of treated and control lakes. It was evidenced an
increase of the CPUE in years of stocking and a decrease in the year without treatment. The
possibility of this behavior is very low (0.1%). The adjusted of recapture rates of stocked fish
varied, between 1.35% (lake Jacaretinga) and 2.15% (lake Cavalo). Tambaqui densities were
low, 6 and 15 ind/ha in the lake Jacaretinga (2000 and 2001) and 32 ind/ha in the lake Cavalo
(2001). Gut content of 80 individual predators were analyzed evidencing that 20% of them
had consumed tambaqui juvenile. Serrasalmus rhombeus, Pygocentrus nattereri and
Acestrorhynchus falcirostris were the main predators. Variation in tambaqui abundance was
not explained by variation of competitors, predators or lake area. We concluded that stock
enhancement is a viable alternative, as extensive aquaculture, and can increase tambaqui
abundance in some lakes, however it is not clear if this management strategy effectively
increases the tambaqui production in the Amazon basin.
x
ÍNDICE
RESUMO.......................................................................................................................... viii ABSTRACT...................................................................................................................... ix INTRODUÇÃO................................................................................................................ 1 OBJETIVO GERAL......................................................................................................... 5 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................................ 5 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................. 6 Área experimental - Os lagos de várzea....................................................................... 6 A estocagem................................................................................................................. 8 O efeito sobre a abundância......................................................................................... 9 Estimativa de densidade populacional......................................................................... 10 A taxa de recaptura dos juvenis estocados.................................................................. 13 Captura dos tambaquis estocados pela comunidade do lago Jacaretinga.............. 13 Taxa de recaptura................................................................................................... 13 Análise econômica...................................................................................................... 14 Predação e competição sofrida pelo tambaqui............................................................ 14 RESULTADOS................................................................................................................ 16 O efeito sobre a abundância......................................................................................... 16 A validação do sistema de captura e marcação............................................................ 20 O tamanho e a densidade populacional........................................................................ 21 Captura dos tambaquis estocados pela comunidade do lago Jacaretinga.................... 23 Taxa de recaptura dos peixes estocados....................................................................... 23 Predadores de juvenis.................................................................................................. 24 O efeito da predação e competição na abundância de tambaquis................................ 24 Análise econômica....................................................................................................... 27 DISCUSSÃO..................................................................................................................... 30 CONCLUSÃO.................................................................................................................. 37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 37 ANEXOS........................................................................................................................... 48
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Características dos 14 lagos utilizados no projeto.............................................................. 7
Tabela 2. Número de tambaquis estocados em cinco lagos de várzea, durante dois anos de
experimento na Amazônia Central...................................................................................... 9
Tabela 3. Análise de variância da abundância (CPUE) de tambaqui 0+ pelos lagos estocados e
lagos sem estocagem (estocagem), pelos anos (2000 e 2001) e a interação das duas
variáveis (estocagem x ano)................................................................................................ 16
Tabela 4. Número de peixes marcados e recapturados em 2000 e 2001 em dois lagos...................... 22
Tabela 5. Estimativa do tamanho populacional e densidade do tambaqui em dois lagos................... 22
Tabela 6. Espécies, números de indivíduos predadores amostrados e os itens alimentares
encontrados, após a soltura de juvenis de tambaqui........................................................... 24
Tabela 7. Análise de regressão múltipla da quantidade de tambaquis amostrados pelas
quantidades de predadores, competidores por alimento, competidores por espaço e
área do lago ..................................................................................................................... 27
Tabela 8. Análise de custo-benefício de um empreendimento de estocagem..................................... 28
Anexo 1. Lista de espécies e a quantidade pescada em 14 lagos de várzea da Amazônia Central,
nos anos de 2001................................................................................................................. 48
Anexo 2. Número de capturas por categoria e o percentual relativo ao total de peixes capturados
nos lagos estocados e controle por ano, e na somatória...................................................... 50
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Mapa com a localização da área de estudo........................................................................... 6
Figura 2. Médias e erro padrão da CPUE (ind/dia/100m) nos tratamentos, anos e a interação do
tratamento com ano .............................................................................................................. 17
Figura 3. Variação na CPUE (ind/dia/100m) dos tambaquis 0+ nos lagos estocados e controle nos
os quatro anos do experimento.............................................................................................. 19
Figura 4. Variação da mediana da CPUE observada em uma mesma coorte durante os dois anos do
projeto, para os lagos estocados e controle.......................................................................... 20
Figura 5. Fotos mostrando o sistema de marcação utilizado................................................................ 21
Figura 6. Percentual de indivíduos capturados e classificados em quatro categorias: tambaqui,
predadores, competidores por alimento e outros peixes........................................................ 25
Figura 7. Gráficos da relação entre a quantidade de tambaquis amostrados pelas quantidades de
predadores, competidores por alimento, competidores por espaço e as áreas dos 14 lagos
estudados............................................................................................................................... 27
Figura 8. Relação entre a lucro e o custo total .................................................................................... 29
Anexo 3. Distribuição do número de tambaquis pescados por classe de comprimento, nos lagos
com e sem soltura de peixes, nos 4 anos do experimento..................................................... 51
xiii
ABREVIATURAS
t tonelada
kg quilograma
gr grama
mg miligrama
l litro
m 3 metro cúbico
m 2 metro quadrado
ha hectare
km quilometro
m metro
cm centímetro
mm milímetro
R$ Real
sp espécie
spp espécies
il. ilustrado
fig. figura
tab. tabela
ind. indivíduo
com. pess. comunicação pessoal
h hora
I.C. Intervalo de confiança
RDS Reserva de Desenvolvimento sustentável
min. mínimo
máx. máximo
1
INTRODUÇÃO
O crescimento populacional nos principais centros urbanos da Amazônia gerou
aumento da demanda por alimentos nas últimas décadas, e a pesca, que sempre foi a fonte
tradicional de proteína animal na região (Araujo-Lima & Goulding, 1998; Batista et al., 1998;
Ruffino, 2000), teve um rápido desenvolvimento e produziu uma pressão sem precedentes
sobre os recursos aquáticos em geral (Hartmann, 1989; Ruffino & Issac, 1994). O tambaqui
(Colossoma macropomum) é um dos peixes mais famosos e populares da Amazônia.
Também, é muito apreciado pelo consumidor local (Graef, 1995; Araujo-Lima & Goulding,
1998) e tem alto valor comercial (Saint-Paul et al., 2000), chegando atingir até R$ 6,00/kg.
A espécie vem sendo explorada comercialmente desde o final do século XIX (Issac &
Ruffino, 2000) e há indícios fortes de que a população natural de tambaqui está deprimida
devido a um esforço de pesca exagerado (Issac & Ruffino, 2000; Ruffino, 2000). Em 1976,
Petrere Jr. (1983), estimou o desembarque em Manaus de 13314t anuais (44% de todo
pescado). Desde lá, aconteceu uma redução contínua e o desembarque atingiu apenas 4000t
em 1986 (Merona, 1993; Araujo-Lima & Goulding, 1998).
A sobre-exploração dos estoques na Amazônia Central levou o IBAMA a colocar o
tambaqui na lista de peixes protegidos durante o período de defeso e foi estipulado um
tamanho mínimo de captura de 55cm, na tentativa de recuperação dos estoques (Graef, 1995).
Porém, o tamanho médio dos peixes desembarcados também está menor do que era no
passado (Petrere Jr., 1983; Issac & Ruffino, 2000), pois juvenis com aproximadamente 30 cm,
são freqüentemente encontrados nos mercados de Manaus e nas cidades do médio Amazonas
(Issac et al., 2000; Issac & Ruffino, 2000). Isto revela uma fiscalização ineficiente por parte
dos órgãos e agentes governamentais.
2
O sinergismo do aumento pela demanda, com a diminuição nas capturas provocou e
acirrou conflitos entre pescadores comerciais e de subsistência (Hartmann, 1989). Então, os
conflitos sócio-econômicos e a crescente preocupação com a sistematização da produção de
peixes (Val & Honczaryk, 1995) resultaram em propostas que procuram desenvolver
estratégias de manejo para a Amazônia (Ruffino, 2000). Atualmente, o governo do
Amazonas, alguns municípios do interior, bem como organismos privados, discutem ações
para manejar os recursos pesqueiros da várzea da Amazônia, entre elas, a estocagem de
tambaqui.
A estocagem é uma das práticas mais antigas utilizada em piscicultura extensiva
(Araujo-Lima & Goulding, 1998; Langton & Wilson, 1998; Welcomme, 1998). Seu processo
consiste na adição repetida de peixes criados em cativeiro na área de manejo (Agostinho &
Gomes, 1997; Cowx, 1998a; Welcomme, 1998; Primack & Rodrigues, 2001). Estas ações
podem ter como objetivos: a compensação, para mitigar atividades humanas impactantes; a
manutenção, para contrapor o efeito da sobrepesca no recrutamento; o aumento produtivo,
para fins comerciais, de subsistência ou pesca esportiva; e a conservação, para tratar de
espécies e populações em extinção (Welcomme, 1998; Welcomme & Bartley, 1998).
Em meados do século 19, as técnicas de manejo e aqüicultura incorporaram avanços
tecnológicos e os primeiros processos de estocagem iniciaram aproximadamente 150 anos
atrás (Pister, 2001). Em lagos nos EUA com a truta (Salmo spp.), e em toda Europa com a
truta marrom (Salmo trutta L.), os níveis populacionais foram influenciados por estocagens
feitas ao longo de um século (Mezzera & Largladér, 2001; Pister, 2001).
Hoje as ações de estocagens são comuns. Alguns programas de estocagem em
reservatórios, lagos e rios têm tido resultados positivos. Em sistemas continentais de países da
Ásia e América Latina há alta produção de pescado oriundo de estocagens, principalmente de
3
carpas comuns, chinesas e tilápias (Hansan & Middendorp, 1998; Lorenzen et al., 1998a;
Lorenzen et al., 1998b; Welcomme & Bartley, 1998; Li, 1999; Quirós, 1998; Quirós & Mari,
1999). Em ambientes marinhos, casos de sucesso têm sido relatados no Japão (Fushimi,
2001), no Canadá, na Noruega (Welcomme & Bartley, 1998) e na Dinamarca (Rasmussen &
Geertz-Hansen, 1998), onde programas de estocagem proporcionam bons retornos
econômicos. Na Austrália, as estocagens mantêm a pesca esportiva e arrecadam milhares de
dólares australianos através da venda de autorizações e licenças de pesca (Petr, 1998).
No Brasil, a estocagem nasceu sob o impulso de Rodolfo von Ihering nos anos 30
(Bard, 1976; Vieira & Pompeu, 2001). A partir dos anos 70, a Superintendência do
Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE) fez dos peixamentos uma regra prevista em portaria,
principalmente com a finalidade de mitigar os efeitos de barragens e hidroelétricas.
Entretanto, são poucas as informações disponíveis acerca do número de estocagens já
realizadas e ainda há baixos índices de respostas e de aferição dos sucessos obtidos
(Agostinho & Gomes, 1997; Welcomme & Bartley, 1998, Vieira & Pompeu, 2001). Por
exemplo, nos reservatórios da bacia do rio Iguaçu, programas de estocagem foram realizados
com espécies exóticas. No entanto, estas ações não tiveram objetivos claros e o sucesso
jamais foi aferido (Agostinho & Gomes, 1997; Agostinho & Gomes, no prelo). Porém, a
introdução de espécies amazônicas, como a pescada (Plagioscion squamosissimus) e o
tucunaré (Cichla monoculus), tem obtido algum sucesso. Em reservatórios do Nordeste
brasileiro, as primeiras tentativas de estocagens com tambaqui e carpas (Cyprinus carpio) não
obtiveram êxito (Gurgel & Fernando, 1994). Porém, o Departamento Nacional de Obras
Contra as Secas (DNOCS), tem relatado aumento da produção em função de estocagens
realizadas nos últimos anos (Vieira & Pompeu, 2001). O êxito da estocagem, como em toda
outra ação de manejo, depende do conhecimento acumulado do ciclo de vida e da biologia da
4
espécie de interesse (Welcomme, 1998; Welcomme & Bartley, 1998), mas também da
estrutura, qualidade e funcionamento do ambiente (Masuda & Tsukamoto, 1998; Issac et al.,
2000).
Desta forma, o tambaqui tem prioridade neste estudo de estocagem em lagos de várzea
da Amazônia Central. Primeiro, com a finalidade de aumentar sua produtividade e a
disponibilização de recursos alimentares para as comunidades ribeirinhas. Em segundo lugar,
como técnica de piscicultura extensiva, barateando a produção e otimizando o retorno
econômico. E em terceiro lugar, promovendo a conscientização da comunidade ribeirinha
sobre a conservação do ambiente natural.
O monitoramento do processo de estocagem tem importância ecológica, pois toda ação
tem impacto sobre sistemas regulados (por exemplo, a dispersão de parasitas, doenças e a
competição por recursos); genética, porque a introdução de peixes, mesmo nativos da região,
pode acarretar num empobrecimento da variabilidade genética; econômica, pois todo
benefício tem um custo; e ética, pois deve haver critério na aplicação de recurso,
principalmente quando de iniciativa de órgãos governamentais, (Dorst, 1977; Graef, 1995;
Agostinho & Gomes, 1997; Langton & Wilson, 1998; Welcomme & Bartley, 1998).
Apesar do tambaqui ser uma espécie de biologia relativamente conhecida (Graef,
1995; Val & Honczaryk, 1995; Araujo-Lima & Goulding, 1998; Issac & Ruffino, 2000), sua
estocagem em lagos de várzea ainda não foi tentada. Inicialmente, pode parecer óbvio que a
adição de juvenis produzidos em piscicultura em seu ambiente natural, aumentará a
abundância desta espécie. Porém, se considerarmos que pouco se sabe sobre a mortalidade ou
sobrevivência destes peixes inexperientes quando colocados em um ambiente cheio de
predadores, esta primeira impressão pode ser enganosa.
5
Assim, antes de se recomendar o uso da estocagem como estratégia de manejo do
tambaqui nos lagos de várzea da Amazônia, seria necessário realizar um experimento piloto,
para avaliar se o nível de sobrevivência dos juvenis adicionados promove um aumento na
abundância das classes de tamanho pescado, como também obter informações sobre efeitos
potenciais que a competição tem sobre o processo de estocagem. Por outro lado é necessário
também avaliar os custos e os benefícios deste procedimento, antes de propô-lo como uma
atividade de manejo economicamente sustentável.
OBJETIVO GERAL
O objetivo geral deste trabalho foi testar a eficiência e a viabilidade da estocagem de
juvenis de tambaqui, como técnica de manejo para lagos de várzea da Amazônia Central.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Como objetivos específicos proponho:
1. testar se a estocagem aumenta a abundância de tambaquis nos lagos experimentais;
2. estimar o tamanho e a densidade populacional após seis meses dos peixamentos;
3. estimar a taxa de recaptura dos juvenis de tambaquis estocados;
4. avaliar o custo-beneficio da estocagem e se o procedimento é uma atividade
economicamente atrativa às populações ribeirinhas;
5. identificar os principais peixes predadores dos juvenis estocados e avaliar o efeito da
predação e da competição sobre a abundância de tambaquis nos lagos de várzea.
6
MATERIAL E MÉTODOS
Área experimental - Os lagos de várzea.
O estudo foi realizado em 14 lagos de várzea da planície de inundação amazônica. Os
lagos encontram-se num raio de 100km de Manaus. Os lagos Jacaretinga, Ariauzinho, Niuba,
Loiral, Tinin, Santo Antônio, Grande do Muratu, Preto, Grande da Marchantaria, Passarinho
fazem parte do sistema de várzea do baixo rio Solimões e os lagos Cavalo, Comprido,
Ressaca e Tarumã do sistema de várzea do alto rio Amazonas (Fig. 1).
lagos repovoados (1. Niuba; 2. Ariauzinho; 3. Loiral; 4. Jacaretinga; 5. Cavalo) lagos controle (6. Grande do Muratu,; 7. Tinin; 8 .Santo Antônio; 9. Preto; 10. Grande
da Marchantaria; 11. Passarinho; 12. Comprido; 13. Ressaca; 14. Tarumã)
Figura 1. Mapa com a localização da área de estudo. Em branco a rota realizada na soltura dos juvenis de tambaqui. Em amarelo à área correspondente a cidade de Manaus, AM (Landsat, 1999).
Rio Negro
Rio Solimões
Rio Amazonas
1
4 2 5
3
6
7 9 8 10
11
12 14
13
7
Cinco lagos foram repovoados com juvenis de tambaquis. Outros nove lagos não
receberam peixes e serviram como controles. Os lagos diferem em: tamanho, a comunicação
com a calha principal do rio, a localização, a atividade humana e em relação ao número de
famílias residentes na comunidade local (Tab. 1). Para evitar migração dos juvenis de
tambaquis liberados entre os lagos estocados e lagos controle, a distância mínima entre um
lago estocado e um lago controle foi de 10km.
Tabela 1. Características dos 14 lagos utilizados no projeto.
Os lagos têm formas arredondadas e dentríticas típicas de lagos da planície de
inundação (lagos de várzea). A sua principal característica é a grande variação no nível da
água (aproximadamente 8,0 m), entre os períodos de cheia e seca. Na enchente (dezembro a
Lago ilha ou
costa
canalcom o rio
Localidade
Área (ha)
Principal atividade da comunidade
n° de famílias no lago
Jacaretinga * costa sim Careiro 22,5 Agricultura, pesca 12 Ariauzinho * costa sim Iranduba 18,5 Agricultura, pesca 19
Niuba * ilha não Paciência 15 Pesca 3 Loiral * costa não Iranduba 11 Agricultura, turismo, pesca 15 Cavalo * ilha não Grande Eva 10 Agricultura, pecuária 6
Tinin ilha sim Paciência 38 Agricultura, pesca 2 Santo Antônio costa sim Iranduba 17 Agricultura, pesca 6
Grande do Muratu ilha não Muratu 36 Pecuária, agricultura, pesca 17 Preto costa sim Careiro 20 Agricultura, pesca 8
Grande da Marchantaria ilha sim Marchantaria 40 Agricultura, pesca 6 Passarinho ilha não Rei 52 Agricultura, pesca 5 Comprido ilha sim Onça 60 Pesca 4 Ressaca ilha sim Onça 64 Pecuária, pesca 3 Tarumã ilha sim Onça 28 Agricultura, pesca 9
* lagos com estocagem de juvenis de tambaqui (lagos experimentais).
8
junho), a elevação do nível das águas aumenta a área e a profundidade, resultando na
intercomunicação de vários lagos e o rio, formando um sistema único. Na vazante (outubro a
dezembro), os lagos permanecem isolados.
Todos os lagos possuem cobertura vegetal em suas margens. As vegetações
predominantes dos lagos são macrófitas aquáticas e a floresta de várzea. Os gêneros
Paspalum, Echinochloa, Pistia, Eichhornia, Salvinia e Oryza foram as macrófitas mais
abundantes, formando imensas moitas flutuantes, consideradas essenciais para o
desenvolvimento, alimentação e refúgio de juvenis de peixes (Araujo-Lima & Goulding,
1998; Sánchez-Botero & Araujo-Lima, 2001). Os níveis de integridade e quantidade da
floresta de várzea variou entre lagos. No período da cheia, as árvores da floresta
disponibilizam vários frutos e sementes, que são utilizados pelo tambaqui e outras espécies.
A determinação da área dos lagos (em hectares) foi feita através do uso de uma imagem
de satélite georeferênciada de 1999 (Landsat) e software específico (ArcView GIS 8.2).
A estocagem.
No ano de 2000, foram estocados 1034 peixes em quatro lagos por hectare (na média).
No ano de 2001, cinco lagos receberam uma taxa média de estocagem de 1514 peixes de 5cm
de comprimento total (mediana) por hectare (Tab. 2). A liberação dos juvenis de tambaquis
ocorreu no período da enchente junto e entre as macrófitas flutuantes, de março a maio, em
2000 e de fevereiro a março, em 2001.
9
Tabela 2. Número de tambaqui estocados em cinco lagos de várzea, durante dois anos de experimento na Amazônia Central.
Os peixes utilizados na estocagem foram provenientes da Estação de Aqüicultura de
Balbina, no município de Presidente Figueiredo, AM e da Fazenda Santo Antônio, em Rio
Preto da Eva, AM. Sendo que os cinco lagos estocados receberam peixes dos dois locais na
proporção de meio a meio.
Em todos os transportes realizados, uma das caixas transportadas foi usada para
determinar a mortalidade pós-liberação em laboratório no período de 96h. Este procedimento
serviu para calcular a reposição e ajustar o numero de peixes estocados em cada lago,
mantendo assim as taxas de estocagem próximas às desejadas.
1. O efeito sobre abundância.
As abundâncias (CPUE = indivíduos/dia/100m) foram medidas aos seis meses depois
das estocagens, através de amostragens pescarias de 24h com redes de espera (80 a 110 mm
entre nós). Foram considerados para a estimativa do índice de abundância apenas os peixes da
coorte do ano que apresentavam uma distribuição de tamanho diferente do ano anterior,
conforme as classes de comprimento por idade determinado por Issac & Ruffino (2000).
Assim foram formados dois grupos:
• Peixes ≤ que 23cm = indivíduos do ano da estocagem (tambaqui 0+);
• Peixes > que 23cm = indivíduos dos anos anteriores a estocagem (tambaqui 1+).
Ano Jacaretinga Loiral Cavalo Niuba Ariauzinho
(21ha) (9ha) (10ha) (16ha) (20ha)
2000 19811 - 12000 15744 21426
2001 37355 13750 15153 23380 25841
10
Estes limites apresentaram a menor sobreposição de faixas etárias. Para verificar se o
procedimento do peixamento aumentou a abundância de tambaquis em lagos de várzea, foram
comparados índices de abundância para classe tambaqui 0+, através de uma ANOVA com
dois fatores: ano e estocagem. Os dados de CPUE foram transformados em logaritmo.
A abundância dos lagos controle foi utilizada para estimar o efeito de recrutamento
natural sobre a abundância dos lagos repovoados. Este efeito foi determinado pela variação na
abundância de peixes dos lagos estocados com a abundância dos lagos controle antes (1999),
durante (2000, 2001) e após (2002) o peixamento. Foi assumido como hipótese nula que a
variação na abundância dos peixes durante os quatro anos foi ao acaso, para a classe 0+. A
hipótese foi testada com uma distribuição binomial (Zar, 1999).
2. Estimativa de densidade populacional.
A estimativa da densidade final e da sobrevivência seis meses após a estocagem dos
juvenis de tambaqui, foi realizada em dois lagos peixados (lagos Jacaretinga e Cavalo). O
tamanho populacional foi estimado pelo método de marcação e recaptura de censos múltiplos
propostos por Schumacher e Eschmeyer (Krebs, 1989), que permite aumentar o número de
indivíduos marcados, melhorando a precisão da estimativa e diminuindo a perda de
informações. Seber (1982) e Krebs (1989) consideram o estimador de Schumacher-
Eschmeyer, como o mais robusto e útil entre os métodos considerados.
O método baseia-se na seguinte fórmula (Krebs, 1989):
Ñ = ΣSt=1 (Ct Mt2)
ΣSt=1 (Rt Mt)
onde: Ñ = tamanho da população; s = total do número de amostragens; Ct = número total de
indivíduos capturados na amostra t; Rt = número de indivíduos já marcados quando
11
capturados na amostra t; Mt = número de peixes marcados vivendo no lago no instante
anterior em que amostra t é tomada.
A variância do estimador do Schumacher foi dada pela fórmula (Krebs, 1989):
Variância 1 = Σ (Rt2 / Ct) – (Σ Rt Mt)2 / Σ (Ct Mt2) Ñ S – 2 onde: S = número de amostras incluídas na soma
O erro padrão obteve-se pela fórmula (Krebs, 1989):
S.E. de 1 = variância (1 / Ñ) Ñ Σ (Ct Mt2)
A aproximação normal é dada por (Krebs, 1989):
1 ± ta S.E. Ñ
onde: S.E. = é o erro padrão; ta = valor de t na tabela de Student para um limite de confiança
de 95% e com (s – 2) graus de liberdade, onde: s = número de amostras.
A densidade populacional (D) durante a água baixa foi dada pela razão entre o
tamanho populacional (Ñ) e área total do lago (A):
D = Ñ A
O método utilizado é aplicado a sistemas fechados (Krebs, 1989; Abuabara & Petrere
Jr., 1997), assumindo que parâmetros populacionais, como nascimento, morte, emigração e
imigração não se alterem durante o estudo. Para isto, as coletas de dados em todos os lagos
foram feitas na seca, entre os meses de outubro a dezembro, quando os lagos encontram-se
isolados. As capturas, marcações e recapturas em cada lago foram mensais, estendendo por
três a quatro dias alternados em cada lago, até completar aproximadamente sete dias por lago
12
ao longo de um mês. Esse procedimento permitiu que as coletas fossem cumpridas em curto
prazo de tempo, reduzindo o efeito da mortalidade.
A amostragem se estendeu por todos os habitats preferenciais da espécie em estudo,
como nas bordas das macrófitas flutuantes, do aningal, do chavascal, áreas parcialmente
alagadas da floresta e em caminhos abertos dentro do capim flutuante. As pescas foram feitas
durante o dia com redes de espera (80 a 120 mm entre nós opostos) e despescas constantes.
Neste tipo de experimento, a captura e a marcação não podem provocar a perda de
informações, por morte, perda da marca e não identificação dos indivíduos já capturados,
marcados e liberados num momento anterior (Krebs, 1989). Para validar o sistema de captura
e marcação foram realizados dois experimentos.
Para verificar o possível efeito da captura sobre a mortalidade, foram realizadas três
simulações em tanques de cultivo do INPA, com redes de emalhar de nylon (80mm entre nós
opostos) e vistorias de 45 em 45 minutos. Os peixes pescados foram acondicionados em três
tanques redes de 1 m3 e a mortalidade desta modalidade de pesca sobre o tambaqui foi
avaliada pelo período de 24, 48, 72, 96 e 120h.
A marcação adotada foi o corte da nadadeira adiposa. Este estilo de marcação é
adequado a muitas espécies de peixes, tamanhos e estágios de vida (Southwood, 1980;
Nielsen, 1992). Com a finalidade de validar o sistema de marcação escolhido, se realizou uma
simulação da marcação em 36 tambaquis, com mediana de 8,45cm, divididos em dois grupos:
um experimental e outro controle.
Todos os peixes foram anestesiados com benzocaína (100mg/l) durante 10 minutos
(Gomes et al., 2001), medidos (cm) e pesados (gr). Os peixes do grupo experimental foram
marcados com a remoção total da nadadeira adiposa, através de uma tesoura de ponta fina,
esterilizada em tintura de iodo. Após a secção da nadadeira adiposa, foi feita assepsia do local
13
com a mesma solução e os peixes foram acondicionados em aquários (12 ind./tanque). Os
peixes do grupo controle, não sofreram o corte da nadadeira adiposa.
A mortalidade foi avaliada no período de 24, 48, 72, 96 e 120h, após a marcação. A
resiliência da marca foi verificada de 45 em 45 dias até completar 180 dias. E a identificação
da marca foi realizada após 180 dias, através de 15 entrevistas com pescadores. Cada
entrevistado deveria diferenciar, entre cinco peixes, os que eram marcados e os que não eram.
Todos os resultados foram expressos em percentagem (%).
3. A taxa de recaptura dos juvenis estocados.
3.1 Captura dos tambaquis estocados pela comunidade do lago Jacaretinga.
Como o lago Jacaretinga possui atividade de pesca para subsistência, realizamos
estimativas de capturas pela comunidade local, por meio de censos, no ano de 2001. Cada
família respondeu quantos tambaquis entre 15 e 25 cm, havia pescado, num intervalo de três
dias. Foi feita a média de captura de tambaquis pela comunidade em um dia e este valor
extrapolado, para dois meses no ano de 2000 e para três meses no ano de 2001, períodos que
os indivíduos deveriam estar com a faixa de tamanho mencionada e portanto disponível a
pesca pela comunidade. Isto deu uma idéia da mortalidade por pesca (Hansson et al., 1997) e
permitiu ajustar a taxa de recaptura.
3.2 Taxa de recaptura.
A taxa de recaptura foi calculada pela equação:
R t = (N t / No)* 100 onde: R t = taxa de recaptura; Nt = tamanho da população após tempo decorrido, No = total de
peixes soltos.
14
4. Análise econômica.
Uma avaliação de custo benefício (Shang, 1990), tomando como base os dados
biológicos (obtidos nos experimentos anteriores) e custos (compra dos juvenis e
operacionais), foi realizada para determinar a viabilidade econômica da ação de estocagem
com juvenis de tambaqui, de um lago de várzea com 15ha, na Amazônia Central.
O prazo projetado nesta análise foi de três anos, período necessário para o tambaqui
atingir a tamanho de comercialização. O peso médio do peixe capturado foi calculado pelas
relações de comprimento-idade e peso-comprimento descrita por Issac & Ruffino (2000).
Para fins de cálculo, consideramos: uma taxa de estocagem de 1500ind/ha; preço de
mil tambaquis com 5cm como R$ 60,00; os custos de transporte (incluindo combustível;
embalagens para os juvenis; diárias para dois técnicos) referente a um lago 30 km de Manaus;
e o preço de venda no atacado de R$ 2,00/kg. Os valores citados em reais (R$), referem-se ao
mês de novembro de 2002, em Manaus.
5. Predação e competição sofrida pelos tambaquis.
A predação foi avaliada em duas etapas. Primeiramente, os principais peixes
predadores foram identificados pela análise do conteúdo estomacal, logo após a soltura dos
juvenis.
Para esta avaliação, foi realizada amostragem com redes de espera, de tamanho
variando entre 70 a 140 mm entre-nós opostos pelo período de 24hrs, logo após a soltura de
um lote de 7000 peixes no lago Jacaretinga em janeiro de 2003. Em laboratório, todos os
peixes identificados (Ferreira et al.,1998; Santos et al., 1984), foram medidos e os itens do
trato digestivo foram identificados visualmente, em cinco categorias: tambaqui, outras
espécies de peixe ou vestígios de peixes, outros itens (insetos), indefinido e vazio.
15
Em um segundo momento, utilizamos um modelo de regressão múltipla para testar se
a abundância (número de peixes pescados) de tambaquis nos lagos estava relacionada com
variáveis que representavam predação, competição por espaço, por alimento e a área do lago.
As amostragens ocorreram no mês de outubro/2001, em 14 lagos, com esforço
constante de redes de espera (80 a 110 mm entre nós) e despescas de 4 em 4 h.
Os indivíduos foram identificados ao nível de espécie e o nível trófico dos gêneros
determinado por Ferreira et al. (1998), definindo três grupos de variáveis:
• Abundância de predadores – piscívoros e carnívoros;
• Abundância de competidores por espaço: todos capturadas, menos os tambaquis e;
• Abundância de competidores por alimento: espécies de hábitos alimentares similares
ao do tambaqui (com idade entre 0 e 2 anos), como os onívoros, frugívoros,
herbívoros e comedores de pequenos crustáceos.
Também foi integrado no modelo, a área de cada lago medida em ha.
A fórmula do modelo inicial proposto é dada por:
yi = B0 + B1x1+ B2x2 + B3x3 + B4x4 + Ei
onde: yi = n° de tambaquis pescados; B0 = intercepto múltiplo; B(1...4) = coeficientes de
regressão; x1 = n° de peixes predadores; x2 = n° de peixes competidores por alimento; x3 = n°
de peixes competidores por espaço; x4 = área do lago e Ei = resíduos.
16
RESULTADOS
O efeito sobre a abundância
A abundância média de tambaquis nos lagos estocados não foi significativamente
diferente dos lagos controle (Tab. 3), (Fig. 2). Entretanto, a variância da abundância entre os
lagos estocados e controle foram significativamente diferentes (Teste F; ano 2000 F= 66,36 e
ano 2001 F=68,78; p=0,05). Isto sugere que os lagos têm um comportamento diferente no que
se refere ao recrutamento natural. Assim, resolvemos explorar as respostas dos lagos
estocados em separado ao longo dos anos.
Tabela 3. Análise de variância da abundância tambaqui 0+ pelos lagos estocados e
lagos sem estocagem (estocagem), nos anos 2000 e 2001 e a interação das duas variáveis (estocagem x ano). P > 0,05 diferença não significativa.
Variáveis GL QM F P
N= 23 R2= 0,144
Estocagem 1 1,578 1,614 0,219
Ano 1 1,651 1,688 0,209
Estocagem x Ano 1 0,446 0,456 0,507
Resíduo 19 0,978
17
Figura 2. Médias e erro padrão da CPUE (ind/dia/100m) nos tratamentos (a), anos (b) e a
interação do tratamento com o ano 2000(c) e 2001(d).
SEM COM
PEIXAMENTO
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0 L o g e C P U E
a)
2000 2001 ANO
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0L o g e C P U E
b)
2000
SEM COM
PEIXAMENTO
-1
0
1
2
3 L o g e C P U E
2001
-1
0
1
2
3
SEM COM
L o g e C P U E
c) d)
18
Na classe 0+ (Fig. 3), houve uma variação anual consistente nos lagos estocados. De
uma maneira geral, a adição de peixes aumentava a CPUE e quando este tratamento cessava
(2002) a CPUE tornava a se reduzir. A única exceção foi o lago Ariauzinho em 2002, talvez
em função de uma inversão térmica que obrigou os peixes a procurarem áreas mais
favoráveis, deixando-os mais vulneráveis a captura.
Deste modo, ficou evidente um padrão bem definido no comportamento da CPUE,
que oscilou positivamente nos anos de estocagem e negativamente no ano sem estocagem. A
probabilidade deste padrão, acontecer ao acaso, segundo uma distribuição binomial foi de: b
(10; 10, 0.50) = 0,001, ou seja, de apenas 1 em 1000 (0,1%).
Nos lagos controle a variação na abundância da classe 0+, não seguiu o mesmo
padrão (Fig. 3). A possibilidade da variação no recrutamento natural ocorrer ao acaso é maior
(b (04; 09, 0.50) = 0,246).
Para a classe 1+ a resposta foi menos clara pois esta classe foi analisada apenas em
2002. Porém manteve o nível de abundancia do ano anterior (Fig. 4).
19
Figura 3. Variação na CPUE (ind/dia/100m) dos tambaquis 0+ (≤ 23cm) pescados nos
lagos estocados (a, b, c, d, e) e nos lagos controle (f, g, h, i, j, k, l) nos quatro anos de dados
(a ) J ac ar e tin g a
0
3
0
1 2 ,5
(b) C avalo
0
1 ,1 4
6
0 ,5 8
(c ) N iu bá
0
2 ,3
3 ,5
0 ,6 1
(d)A r iau z in h o
0
0 ,4 4
1
0 ,6 1
(e ) L oi r al
0 ,8
6
1 ,1 4
1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2
CPUE
( f ) T i n i n
0 0
1
1 ,7 1
(g )T a r u m ã
4 ,3 5
0
1 5 ,5
1 ,7 5
( i ) G r a n de M a r c h a n ta r i a
1 ,7 1
4 7 ,5
1 ,7 1
(h ) S a n to A n tô n i o
1 ,3 3
0 ,5
0
CPUE
( j ) P a s s a r i n h o
0 ,5
0
0 ,6
( k ) G r a n d e M u r a t u
0
1 ,5
0
( l ) P r e t o
0
8
1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2
x
x
x
x
x x
x
20
disponíveis. Anos com estocagem barras brancas, anos sem estocagem barras pretas e X= anos sem estimativa da CPUE.
Figura 4. A mediana da CPUE observada em uma mesma coorte durante os dois anos do
trabalho, respectivamente nas classes tambaqui 0+ e 1+ para os lagos estocados (círculos negros) e controle (quadrados brancos).
A validação do sistema de captura e marcação.
Os peixes aparentemente não sofreram efeito de metodologia e amostragem. Nenhum
peixe morreu nas simulações de pesca feitas em tanques de piscicultura.
Depois de 180 dias da marcação (Fig. 5A; 5B), 58,3% dos tambaquis não
apresentaram sinal de regeneração, enquanto que 41,6% dos tambaquis tinham sinais de
regeneração parcial da nadadeira adiposa extirpada. Apesar disto, o teste de reconhecimento,
que incluiu peixes do grupo controle (Fig. 5C) e do grupo experimental (indivíduos sem e
3,5
4
1,5
2,86
0
1
2
3
4
5
2000 2001 2002
CPU
E (in
d/di
a/10
0m)
tambaqui 0+ tambaqui 1+
21
com regeneração parcial - Fig. 5A; 5B), mostrou um acerto de 100% no reconhecimento e
distinção dos peixes marcados e não marcados.
Figura 5. Fotos mostrando o sistema de marcação utilizado. A) Indivíduo sem regeneração da
nadadeira cortada. B) Indivíduo com regeneração parcial C) Indivíduo do grupo controle.
O tamanho e a densidade populacional.
O período de marcação e recaptura, para estimativa de tamanho e densidade
populacional, durou cerca de dois meses em 2000 (novembro e dezembro) e três meses em
2001 (outubro a dezembro). Durante estes períodos foram marcados 215 tambaquis nos lagos
Jacaretinga e Cavalo (Tab. 4). As recapturas somaram 28 indivíduos (13,0 %).
No ano de 2000 e 2001, durante o experimento de marcação e recaptura, o índice de
captura diária foi de 6,1 e 2,9 peixes/dia respectivamente, no lago Jacaretinga. No ano de
A)
C)
B)
22
2001, a captura diária média foi de 9,4 peixes/dia no lago Cavalo. A média das três
estimativas foi de 6,1 peixes/dia.
Como nenhum tambaqui foi pescado antes do processo de estocagem nos dois lagos
em 1999, foi assumido que os peixes capturados foram procedentes das estocagens.
Tabela 4. Número de peixes marcados e recapturados em 2000 e 2001 em dois lagos.
Tempo= duração do experimento; Tamanho = tamanho dos indivíduos marcados.
No lago Jacaretinga, em 2000, seis meses após a primeira estocagem, o tamanho
populacional foi de 147 indivíduos (I.C.± 95%= 70-1600), o que equivale uma densidade
populacional de 6 tambaquis/ha. Em 2001, o tamanho populacional estimado passou para 341
indivíduos (I.C.± 95%= 206-982). A densidade foi de 15 peixes/ha. Um aumento de 150% em
relação a 2000. O lago Cavalo, apresentou melhor desempenho. O tamanho populacional
estimado foi de 326 indivíduos (I.C.± 95%= 234-749), conseqüentemente uma densidade de
32 ind/ha (Tab. 5).
Tabela 5. Estimativa do tamanho populacional (Ñ) e densidade do tambaqui (Colossoma
macropomum) em dois lagos de várzea estocados na Amazônia Central, após seis meses.
Lago Peixes marcados Recapturas Tempo Tamanho (cm) 2000 2001 2000 (%) 2001 (%) (dias) mín máx mediana
Jacaretinga 55 57 9 (16,4) 5 (8,8) (9+20) 29 14,9 24,3 18,6 Cavalo - 103 - 14 (13,6) 11 17,7 25 22
Intervalo de confiança Densidade Densidade Lago Área Ñ mínimo e máximo absoluta mínimo e máximo
(ha) 2000 2001 2000 2001 2000 2001 2000 2001
Jacaretinga 22.5 147 341 70 a 1599 206 a 982 6 15 3 a 71 9 a 43 Cavalo 10 - 326 - 215 a 673 - 32 - 21 a 67
23
Captura dos tambaquis estocados pela comunidade do lago Jacaretinga.
Com bases em informações obtidas nos censos aplicados (lago Jacaretinga/ 2001), se
contabilizou 12 famílias residentes, totalizando 44 pessoas, que tiram o sustento nas
atividades de agricultura, pesca e extração de madeira. A pesca de subsistência foi realizada
por oito pescadores, que dividem o tempo da pesca com as outras atividades. Cada pescador
gasta em média, cinco horas (5,06) na pescaria. A captura nos três dias de censo, foi de cinco
tambaquis com tamanho entre 20 e 25cm, isso determinou uma captura média de 1,67
tambaqui/dia, logo, a captura diária/pescador foi de 0,208 peixe.
Considerando que a comunidade pesca todos os dias da semana, estimou-se que foram
consumidos cerca de 150 peixes (150,3), na faixa de tamanho entre 20 e 25cm em outubro,
novembro e dezembro de 2001. Assumindo a mesma captura e número de pescadores durante
dois meses (novembro e dezembro) no ano de 2000, cerca de 100 peixes (100,2) foram
consumidos pela comunidade. No lago Cavalo, não foi realizada esta estimativa porque a
comunidade preserva o lago, proibindo a pesca.
Taxa de recaptura dos peixes estocados.
O lago Jacaretinga apresentou baixos índices de recaptura dos peixes estocados. As
taxas estimadas foram 0,74% e 0,91%, nos primeiros oito meses nos anos de 2000 e 2001
respectivamente. Como neste houve mortalidade por pesca, foi realizado um ajuste com base
na estimativa de captura pela comunidade. Assim as recapturas passaram para 1,25% e 1,32%.
O lago Cavalo apresentou melhores resultados que o lago Jacaretinga. Estimou-se em
2,16% a taxa de recaptura em 2001. A taxa de recaptura média dos dois lagos e nos dois anos,
considerando os dados ajustados do lago Jacaretinga, foi de 1,57%. Conforme esta estimativa
é necessário estocar aproximadamente 67 juvenis de tambaquis (± 5cm) para fazer um
tambaqui de um ano de idade.
24
Predadores de juvenis.
De um total de 80 espécimes de 6 espécies capturadas, 40 tinham algum tipo de
conteúdo estomacal (Tab. 6). Quarenta e três itens foram identificados e cinco não. Os juvenis
de tambaquis (55,8%=24 ind) foram consumidos por 20% do total de peixes capturados.
As piranhas (Serrasalmus rhombeus e Pygocentrus nattereri), o dentudo
(Acestrorhynchus falcirostris) e a traíra (Hoplias malabaricus) foram os predadores com
maiores registros de comer os juvenis soltos. A traíra e os dentudos ingeriram inteiros os
indivíduos de tambaqui. Já as piranhas, devoraram aos pedaços.
Tabela 6. Espécies, números de indivíduos predadores amostrados e os itens alimentares
encontrados, após a soltura de juvenis de tambaqui, no lago Jacaretinga em 2003.
O efeito da predação e competição na abundância de tambaquis.
Nos 14 lagos, foram capturados 2268 peixes, de 67 espécies em 2001 (Anexo 1). As
espécies predadoras foram as dominantes (Fig. 6), com predomínio de Pygocentrus nattereri
(401), Serrasalmus rhombeus (234), Serrasalmus spilopleura (129), Osteoglossum
bicirrhosum (106), Hoplias malabaricus (68) e Cichla monoculus (36). A principal espécie
n° capturas n° predadores n° tambaquis peixe outros indefinido vazioEspécie c/ tambaquis consumidos itens
Hoplias malabaricus 24 1 1 5 1 1 16Acestrorhinchus falcirostris 5 2 5 0 0 0 3
Crenicichla sp 3 0 0 0 0 0 3Pygocentrus nattereri 31 8 12 7 0 0 16
Serrasalmus spilopleura 6 0 0 1 0 4 1Serrrasalmus rhombeus 11 5 6 5 0 0 1
TOTAL 80 16 24 18 1 5 40
25
competidora por alimento em potencial foi Mylossoma duriventre (129). Prochilodus
nigricans (360) e Liposarcus pardalis (144) também foram abundantes e poderiam estar
competindo por espaço. O tambaqui foi a quarta espécie mais capturada totalizando 211
indivíduos, sendo 41 nos lagos repovoados e 170 nos lagos controle, respectivamente 7,9 e
9,7%, do total de indivíduos (Anexo 2).
Figura 6. Percentual de indivíduos capturados em 14 lagos (2001), classificados em quatro
categorias: tambaqui, predadores, competidores por alimento e outros peixes.
Estas espécies foram agrupadas no seguinte esquema:
• Predadores potenciais: Acaronia nassa; Acestrorhynchus microlepis; Acestrorhynchus
falcirostris; Ageneiosus sp; Arapaima gigas; Astronotus crassipinis; Cichla monoculus;
Crenicichla ornata; Electrophorus electricus; Hoplerythrinus unitaeniatus; Hoplias
competidores alimentos
16,8%
predadores47,8%
tambaqui9,3%
outros 26,1%
26
malabaricus; Hydrolycus scomberoides; Hypselecara sp; Osteoglossum bicirrhosum;
Pellona castelnaeana; Pellona flavipinnis; Phractocephalus hemioliopterus; Pygocentrus
nattereri; Pinirampus pirirampu; Plagioscion squamosissimus; Pseudoplatystoma
tigrinum; Rhaphiodon vulpinus; Roeboides myersi; Serrasalmus elongatus; Serrasalmus
elongatus 2; Serrasalmus rhombeus e Serrasalmus spilopleura.
• Competidores por espaço: todas as espécies, menos o tambaqui.
• Competidores por alimento: Acarichthys sp; Brycon cephalus; Chaetobranchopsis
orbicularis; Chaetobranchus flavescens; Geophagus sp1; Geophagus sp2; Geophagus
sp3; Hemiodus microlepis; Heros sp; Lepidosiren paradoxa; Leporinus trifasciatus;
Myleus torquatus; Mylossoma aureum; Mylossoma duriventre; Piaractus brachypomus;
Pimelodus blochii; Rhytiodus microlepis; Satanoperca jurupari; Schizodon fasciatum;
Serrasalmus calmoni e Triportheus elongatus.
O número de tambaquis capturados não esteve relacionado a nenhuma destas variáveis
(ANOVA; N=14; GL=4; F=0,692; P> 0,05; Tab. 7), (Fig. 7).
Tabela 7. Análise de regressão múltipla da quantidade de tambaquis amostrados pelas
quantidades de predadores, competidores por alimento, competidores por espaço e área dos lagos (resultados significativos para P < 0,05).
variáveis coeficiente S.E . t PN=14 R 2= 0,235 s=26,852
constante 10,367 15,839 0,655 0,529predadores -0,034 0,306 -0,111 0,914com petidores alim ento 0,66 0,467 1,412 0,192com petidores espaço -0,059 0,159 -0,373 0,718área -0,06 0,592 -0,102 0,921
27
Figura 7. Relação entre a quantidade de tambaquis amostrados e as quantidades de predadores, competidores por alimento, competidores por espaço e as áreas dos 14 lagos estudados.
Análise econômica
Na analise econômica, considero que a densidade e a sobrevivência fiquem
relativamente estáveis durante três anos e os tambaquis não vão dispersar do durante a
enchente. Portanto, assumi para fins de cálculos de produção na análise de custo-benefício
(Tab. 8) uma taxa de recaptura de 2%. Assim dos 22500 peixes liberados, restariam 450
peixes.
O ponto de “break-even”, ou seja, o momento que o custo do empreendimento é
liquidado pelo lucro (gastos iguais aos ganhos), ocorre aproximadamente em 2 anos e 4 meses
após liberação dos juvenis no lago (Fig. 8). A produção somente se tornaria lucrativa no
terceiro ano, quando o peixe atingiria aproximadamente 4 kg e o preço de custo do peixe
ficaria abaixo do preço de venda nos mercados de Manaus, representando um lucro de R$
0102030405060708090
100
0 20 40 60 80
n competidores por alimento
n ta
mba
qui
0102030405060708090
100
0 50 100 150 200 250 300 350
n competidores por espaço
n ta
mba
qui
0102030405060708090
100
0 50 100 150 200
n predadores
n ta
mba
qui
0102030405060708090
100
0 10 20 30 40 50 60 70
área (ha)
n ta
mba
qui
28
0,76/kg de peixe ao empreendedor do projeto. O rendimento possível é na razão de 61% sobre
o custo total. A produção deveria atingir no final destes três anos, o valor de 40 kg/ha/ano.
Tabela 8. Análise econômica e de custo-benefício de um empreendimento de estocagem para um lago de várzea da Amazônia Central. Os valores usados, em reais (R$), correspondem a novembro de 2002.
VARIÁVEIS E ÍNDICES ECONÔMICOS UNIDADESANO1 ANO2 ANO3
CenárioÁrea de estocagem ha 15,0 X XTaxa de estocagem ind/ha 1500 X XNúmero de peixes estocados indivíduos 22500 X XTaxa de recaptura % 2,0 2,0 2,0Estimativa de recaptura indivíduos 450 450 450Comprimento total médio dos peixes para classe de idade cm 25 43 58Peso médio dos indivíduos capturados kg 0,34 1,7 4,0Captura total em peso kg 153,0 765,0 1800,0
CustosCusto dos 22500 juvenis de tambaqui - 5cm R$ 1350,00 0,00A 0,00A
Custo de operaçãos (transporte de caminhão e barco; 100 l óleo R$ 885,00 0,00A 0,00A
combustível; 75 cxs isopor)Custo total de produção de 22500 juvenis (C) R$ 2235,00 2235,00 2235,00
Análise econômicaPreço de venda do peixe no mercado de Manaus R$/kg 2,00 2,00 2,00Receita (R) R$ 306,0 1530,0 3600,0Lucro (L) R$ -1929,0 -705,0 1365,0Preço de custo R$/kg 14,61 2,92 1,24Break-even de produção (preço do mercado de Manaus) kg 1117,5 1117,5 1117,5
Análise custo benefícioRazão lucro/custo total (L/C) % -86,3 -31,5 61,1Taxa benefício-custo (R/C) 0,1 * 0,7 * 1,6 ***
X ano sem estocagem de peixesA ano sem procedimentos, portanto sem custos
Segundo Shang (1999): * R/C < 1: inviabilidade econômica do projeto ** R/C = 1: situação de break-even*** R/C > 1: viabilidade econômica do projeto
VALORES
29
Figura 8. Relação entre a razão do lucro pelo custo total, em quatro anos, para um
empreendimento de estocagem de juvenis de tambaqui em um lago de várzea na Amazônia Central. A seta preta indica o momento que o empreendimento atinge o ponto de “break-even”.
61,1
-31,5
-86,3
-200,0
-150,0
-100,0
-50,0
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
0 1 2 3 4
t (anos)
razã
o lu
cro
líq/c
usto
tota
l (%
)
2,35 anos
30
DISCUSSÃO
Uma conclusão importante deste trabalho foi que a estocagem de juvenis de tambaqui
não é uma atividade de manejo adequada de lagos de várzea do Amazonas de uma forma
geral. Os lagos que foram estocados tiveram abundâncias não diferentes daqueles que não
receberam peixes. Este resultado sugere que o recrutamento natural desta espécie, ao contrário
do que se esperava, parece ainda ser forte o suficiente para prover recrutas para os lagos, ou
pelo menos alguns lagos.
Entretanto, ficou claro também que os lagos respondem positivamente ao processo de
estocagem, aumentando sua produção de tambaqui.
Outra indicação de que a estocagem teve efeito sobre a abundância de tambaqui foi
dada pela comunidade. Durante o acompanhamento da estocagem foram comuns relatos de
observação de cardumes pelos ribeirinhos junto ao capim flutuante, floresta alagada ou
boiando em áreas abertas dos lagos. Também pescadores vinham de outras áreas pescar em
função de ter conhecimento da estocagem, o que para eles era garantia de boa pesca. Os
moradores também pediam que as estocagens continuassem por mais alguns anos, para
manter e aumentar a quantidade de tambaquis. Estas respostas corroboram nossos resultados.
O aumento da abundância foi pequeno. Ela atingiu valores aparentemente semelhantes
às densidades encontradas nesta seção da Bacia (Bayley, 1983; Merona & Bittencourt, 1993;
Vale, 2003), mas inferiores àqueles registrados em áreas mais remotas, como na RDS de
Mamirauá (Costa , 1998; Costa et al. 1999). Talvez não pelo efeito da distância de Manaus,
mais sim palos planos de manejo.
Merona & Bittencourt (1993) encontraram no Lago do Rei em 1987-89 uma CPUE
média de tambaquis menores que 25 cm praticamente igual (3,6 ind/100m/dia) aos valores
31
observados em nosso estudo. Vale (2003) relatou valores ainda mais baixos no lago do
Catalão. Bayley (1983), em 1977-78, registrou biomassa de tambaqui igual a 1% da biomassa
total. Se considerarmos a média de biomassa apresentada por este autor na vazante (≅40g/m-2)
e que a maioria dos tambaquis capturados por ele eram menores que 25 cm, a densidade de
tambaqui naquela época era 50 ind/ha. Este valor é muito próximo aquele encontrado no lago
Cavalo. Estas informações sugerem que a capacidade de carga deste sistema é próxima à
alcançada pela estocagem, seja pela pressão da pesca, ocupação e/ou degradação ambiental.
O cenário da RDS de Mamirauá é outro. Costa (1998) e Costa et al. (1999) registraram
nesta região densidades de tambaquis em lagos preservados e não preservados de 185 a 1284
ind/ha e 51 e 100 ind/ha, respectivamente. Estes números são, pelo menos, uma ordem de
grandeza, superiores ao do baixo Solimões.
As causas da baixa resposta ao processo de estocagem não foram identificadas, mas
aparentemente não foi relacionada ao controle de acesso ao lago, como citado em outros
estudos. Lorenzen et al. (1998a) mencionou que em reservatórios do Laos, a restrição ao
acesso influenciava positivamente a estocagem, proporcionando maiores valores de captura.
Neste estudo, o lago Cavalo apresentava controle de acesso e o lago Jacaretinga não.
Entretanto, as respostas dos dois lagos à estocagem não foram diferentes.
Outra possível razão para o baixo efeito da estocagem é a baixa sobrevivência dos
juvenis após a liberação. Vários fatores podem afetar a sobrevivência dos peixes após a
liberação, entre eles: o tamanho e qualidade dos exemplares estocados; o local de soltura; as
condições meteorológicas; as condições de manuseio, transporte; fatores fisiológicos; o
crescimento lento do peixe; emigração, predação; competição e falta de alimento; e a
inexperiência dos peixes soltos (Magnuson, 1991; Backiel & Bontemps, 1996; Poper &
Macer, 1996; Vehanen & Aspi, 1996; Agostinho & Gomes,1997; Pedersen, 1997; Ottera et
32
al., 1998; Secor & Houde, 1998; Tanaka et al., 1998; Ottera et al., 1999b; Kristiansen et al.,
2000; Mukata et al. 2000; Whipple et al.; 2000; Jensen, 2001; Gomes et al., 2002; Isermann
et al., 2002; Kelliston et al., 2002; Racey & Lochmann, 2002).
No presente estudo, manuseio e transporte dos juvenis são causas de mortalidade
pouco prováveis. Houve controle do manuseio e a mortalidade durante o transporte foi sempre
corrigida para reduzir estes efeitos. A mortalidade por predação flutua substancialmente entre
séries de tempo (Poper & Macer, 1996), mas é uma das questões mais importante nas
estocagens, principalmente na capacidade de sobrevivência dos indivíduos introduzidos e no
seu retorno econômico (Anderson et al., 2001). Assim, altas concentrações de predadores
limitam o sucesso da estocagem (Stottrup et al., 2002).
Em geral na Amazônia, as espécies piscívoras são dominantes (Ferreira, 1984; Ferreira
et al, 1988; Goulding et al, 1988; Santos, 1991; Ferreira, 1993; Saint-Paul et al., 2000).
Existem diversas espécies de piranhas, que não são limitadas pelo tamanho da presa, são
vorazes e formam cardumes. O tucunaré (Cichla monoculus) um importante predador da
Amazônia tem dieta constituída basicamente de peixes (Curimatidae; Serrasalmidae, a mesma
do tambaqui; e Hemiodontidae) entre 4,7 a 6,4cm de comprimento, no período da enchente
(Rabelo & Araujo-Lima, 2002). Isto coincide com a época e tamanho dos juvenis estocados.
Suspeita-se que a predação por pássaros piscívoros também afete as estocagens e
estoques em recuperação (Petr, 1998; Barret et al., 1990; Kristiansen et al., 2000; Jensen,
2001; Linck, 2002). Porém não há dados sobre a predação de peixes por aves na Amazônia.
Finalmente, os peixes neotropicais podem alterar sua guilda trófica de acordo com a
composição específica da comunidade na época do ano e mudanças no ecossistema (Lowe-
McConnell, 1999). A estocagem aumentou da disponibilidade de alimento. Como os
piscívoros são oportunistas, a disponibilidade de presas é determinante na sua alimentação
33
(Griffiths, 1975), e desta maneira podem controlar o tamanho da população estocada
(Salminen & Erkamo, 1998; Pinto-Coelho, 2000).
De fato, a predação foi uma causa da mortalidade dos juvenis, e certamente deve ter
sido ajudada pela inexperiência dos peixes jovens. Foram identificadas várias espécies
predando os jovens nos lagos Jacaretinga e Cavalo. As piranhas, como era de se esperar,
foram os predadores com os maiores taxa de ingerir tambaquis. Entretanto, ao contrário do
que esperávamos a predação não foi um fator controlador da quantidade de tambaquis no
lago. A abundância de tambaqui não estava correlacionada com a quantidade de piscívoros
dos lagos de várzea.
O processo de emigração também pode ter acarretado grandes perdas (Petrere Jr.,
1985). Geralmente os peixes estocados realizam alguma dispersão após a soltura (Torloni et
al., 1990; Copeland & Nobile, 1994; Rimmer & Russell, 1998; Stottrup et al., 2002), podendo
em alguns casos provocar o insucesso total da estocagem (Fushimi, 2001). O ambiente
amazônico tem uma vasta área de dispersão para os peixes, principalmente na cheia (Petrere
Jr. 1985). Em lagos da RDS Mamirauá, aproximadamente 24% dos tambaquis marcados
realizaram pequenas migrações para lagos próximos durante o período de cheia (Costa, 1998).
Segundo moradores de comunidades ribeirinhas estudadas, algumas vezes era possível
enxergar pequenos cardumes passando por “varadores” para lagos vizinhos na época da cheia.
Então consideramos que parte das perdas dos juvenis soltos, se deve pela movimentação para
lagos vizinhos.
O principal requisito para demonstrar competição interespecífica e intraespecíficos são
os recursos limitantes, como alimento e espaço (Winemiller, 1995; Linck, 2002). Portanto, a
introdução de indivíduos em uma comunidade poderia aumentar a competição por espaço e
por alimento, produzindo uma desorganização entre as hierarquias naturais, acarretando em
34
migrações laterais e crescimento deprimido da espécie. Em sistema de criação semi-intensivo,
o tambaqui tem crescimento limitado por competição intraespecífica (Teichert-Coddington,
1996).
Contudo, não encontramos nenhuma relação com a competição por espaço, por
alimento, predação e o tamanho do lago, que respondesse pela abundância dos tambaquis nos
lagos de várzea. Na natureza o tambaqui é um peixe onívoro, que tende mais para herbívoro
quando fica maior, tendo então uma dieta diferente da maioria das outras espécies de peixes.
Quanto ao crescimento (Anexo 3), no primeiro ano de estocagem (2000) houve
prolongamento no período de soltura, que pode explicar classe de tamanho inferior aos lagos
controle. No ano seguinte, quando a liberação foi realizada em período curto, o tamanho entre
os dois grupos (estocado e controle) foi igual. O comportamento de 2000 sugere que a
liberação dos juvenis no ambiente natural ocorreu tarde. Este atraso na liberação porém, não
parece ter afetado o desempenho da estocagem pois os resultados não foram diferentes no
dois anos.
Apesar de obtermos uma fraca resposta à estocagem, os resultados não podem ser
considerados desanimadores em termos de piscicultura extensiva. A taxa de benefício-custo
(61%) indicou que para cada R$ 1,00 investido há um lucro de R$ 0,60. Estes resultados
foram muito abaixo das estimativas realizadas por Araujo-Lima & Goulding, (1998) de razão
receita/custo em torno de 580%. Estes autores assumiram uma taxa de recaptura 10 vezes
maior do que encontrado neste estudo. Entretanto, o retorno econômico pode ser considerado
alto quando comparado com outros sistemas, com os monocultivos de viveiro intensivo,
gaiolas, policultivo intensivo e semi-intensivo na Amazônia. O único sistema com rendimento
superior é o monocultivo em viveiro com suplemento com vegetais produzidos na região, que
prevê uma razão receita/custo de 54% já no segundo ano de manejo (Araujo-Lima &
35
Goulding, 1998). Em sistemas temperados, partindo do zero e todos custos embutidos, num
cultivo semi-intensivo de carpa chinesa, o empreendimento seria pago no 3°ano, com pequeno
lucro de 7,7% (Furtado, 1995). Em geral, o custo efetivo de estocagem em sistemas
extensivos é relativamente baixo e o bom uso dos habitats e de sua capacidade, dá bons
resultados e com menos gastos (Curry-Lindahl, 1974).
Outros indicadores importantes para se considerar em piscicultura são a produtividade
e a taxa de recaptura. A produção (kg/ha/ano) foi baixa, mas nos mesmos níveis de outros
empreendimentos pioneiros. Por exemplo, a produtividade inicial alcançada em 1945 nos
açudes nordestinos foi 45 kg/ha/ano e nos lagos artificiais africanos em 1975/76 foi igual a 50
kg/ha/ano (Bard, 1976). Porém, o acúmulo de experiência na realização dos processos de
estocagem elevou a produção no nordeste brasileiro a 112 kg/ha em 1977 e 120kg/ha em 2001
(Gurgel & Fernando, 1994; Barbosa & Hartmann, 1998; Vieira & Pompeu, 2001) e no lago
Chad na Nigéria para 150 kg/ha/ano (Neiland & Ladu, 1998). Valores ainda maiores, entre
190 e 1008 kg/ha/ano, são conseguidos em outros países, que empregaram sistemas semi-
intensivos, com fertilização, altas taxas de estocagem (1000 a 7578 ind/ha) e consórcio entre
espécie (Hansan & Middendorp, 1998; Lorenzen et al., 1998b; Li, 1999; Quirós & Mari,
1999).
A baixa taxa de recaptura deste estudo (2%), poderia sugerir insucesso do processo. A
taxa observada neste projeto esteve no limite inferior dos resultados obtidos em outros
sistemas. Taxas de recapturas variam de 0,01 a 11 % nos sistemas marinhos (Salminen &
Erkamo, 1998; Secor & Houde, 1998; Welcomme & Bartley, 1998; Ottera et al., 1999a;
Chebanov & Billard, 2001; Stottrup et al., 2002) e 0,14 a 40% em sistemas de várzea de
zonas tropicais (Ali, 1998; Hansan & Middendorp, 1998; Peters & Feustel, 1998; Li, 1999;
36
Quoc An, 2001). Entretanto, como o tambaqui atinge um bom preço de mercado o efeito desta
baixa recaptura pode ser diluído.
A análise econômica indicou um lucro potencial presumido de aproximadamente
500,00 reais/ano, o que para uma comunidade pequena ou proprietário único, é um bom
acréscimo na renda anual. Mas, atualmente são poucas as comunidade com número reduzido
de famílias e ainda por cima, com poder aquisitivo. Portanto, este tipo de programa de
piscicultura extensiva parece ser muito caro para ser pago pelos comunitários. A sugestão é
que programas de estocagens deveriam ser subsidiados pelo Estado e municípios, como
mecanismo sócio-econômico de promoção da melhoria da qualidade de vida, desde que sejam
rigorosamente monitorados e seu sucesso (econômico e ecológico) aferido.
Não só o bom retorno econômico deve ser considerado, mas também os benefícios
sociais da ação de estocagem (Cowx, 1998b). Por isso podemos considerar como efeitos
benéficos indiretos: 1) o agregramento de valor econômico as áreas de várzea e em
conseqüência dista, a valorização da qualidade ambiental, aspecto fundamental na
conservação e preservação destes ambientes; 2) o debate e a discussão sobre medidas de
controle e exploração adequadas da pesca para cada comunidade.
A organização da comunidade é um ponto delicado no processo. Requer iniciativa e
dedicação por contínuos contatos com as comunidades locais, aumentando a cumplicidade e
criando incentivos para participação da comunidade nos programas de estocagem. Esta é uma
tarefa longa e difícil (Barbosa & Hartmann, 1998), mas que foi iniciada. Como esta é uma
atividade pioneira na região, devem ser incorporados novos ajustes e técnicas para maximizar
sua implementação e os retornos sócio-econômicos.
37
CONCLUSÃO
A estocagem é uma alternativa viável como piscicultura extensiva, que pode elevar a
abundancia de tambaqui em alguns lagos com condições específicas, porém não é claro se é
uma estratégia de manejo efetiva para aumentar a produção de tambaqui da bacia Amazônica
de um modo geral.
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48
ANEXOS
Anexo 1. Lista de espécies e a quantidade pescada em 14 lagos de várzea da Amazônia Central, em 2001.
Niu
bá *
Ari
auzi
nho
*
Loi
ral *
Jaca
retin
ga *
Cav
alo
*
Tin
in
Sant
o A
ntôn
io
Pret
o
Gra
nde
Mur
atu
Gra
nde
Mar
chan
tari
a
Pass
arin
ho
Res
saca
Tar
umã
Com
prid
o
TO
TA
L
Espécies Hábito alimentarAcarichthys sp onívoro 1 1 2Acaronia nassa piscívoro 3 3 4 10Acestrorhynchus falcirostris piscívoro 1 1 1 1 2 6Acestrorhynchus microlepis piscívoro 1 1 3 1 6Ageneiosus sp carnívoro 1 1Ancistrus sp detritívoro-iliófago 1 1 1 3Arapaima gigas piscívoro 1 1Astronotus crassipinis carnívoro 3 9 4 1 5 3 8 33Brycon cephalus onívoro 1 1 4 1 1 7 15Brycon melanopterus ? 2 2Chaetobranchopsis orbicularis onívoro 3 1 4 4 2 2 3 19Chaetobranchus flavescens onívoro 4 2 4 1 2 2 6 4 25Chalceus erithrurus ? 2 2Cichla monoculus piscívoro 7 1 10 2 6 3 4 1 2 36Colossoma macropomum onívoro 8 2 13 6 12 2 1 9 97 4 36 21 211Crenicichla ornata carnívoro 1 1Doradidae detritívoro-iliófago 1 1 2Electrophorus electricus carnívoro 1 2 1 4Geophagus sp1 onívoro 1 6 3 1 1 2 14Geophagus sp2 onívoro 1 2 1 4Geophagus sp3 onívoro 1 1 2Hemiancistrus sp detritívoro-iliófago 2 3 5Hemiodus microlepis onívoro 1 1Heros sp onívoro 4 1 2 16 1 2 26Hoplerythrinus unitaeniatus carnívoro 1 1Hoplias malabaricus piscívoro 2 6 15 2 7 4 1 10 1 6 4 9 1 68Hoplosternum litoralle detritívoro-iliófago 1 6 9 2 2 20Hydrolycus scomberoides piscívoro 1 1Hypostomus emarginatus detritívoro-iliófago 1 1 5 1 5 1 14Hypostomus sp2 detritívoro-iliófago 1 1Hypselecara sp carnívoro 1 1 2 4Lepidosiren paradoxa onívoro 1 1Leporinus trifasciatus onívoro 3 1 10 3 2 19Liposarcus pardalis detritívoro-iliófago 2 2 29 22 3 3 34 12 26 4 4 3 144
Lagos
49
Continuação anexo 1...
* lagos estocados
Loricariidae sp1 detritívoro-iliófago 2 1 3Myleus torquatus herbívoro+semente+fruto 22 22Mylossoma aureum herbívoro+semente+fruto 2 2 6 8 8 26Mylossoma duriventre herbívoro+semente+fruto 14 2 10 2 3 46 17 2 3 5 25 129Osteoglossum bicirrhosum carnívoro 2 0 4 30 19 5 1 2 9 3 8 12 7 5 107Oxydoras niger inseto+invertebrado 1 1 1 3Parauchenipterus galeatus inseto+invertebrado 1 1 2Pellona castelnaeana piscívoro 4 4Pellona flavipinnis piscívoro 2 1 3Phractocephalus hemioliopterus carnívoro 1 1Piaractus brachypomus herbívoro+semente+fruto 5 6 1 2 4 1 1 6 6 32Pimelodus blochii onívoro 1 1 1 3Pinirampus pirirampu carnívoro 1 1Plagioscion montei ? 11 1 2 14Plagioscion squamosissimus carnívoro 2 2Potamorhina altamazonica detritívoro-iliófago 1 2 2 5Potamorhina latior detritívoro-iliófago 1 1Potamorhina prigtogaster detritívoro-iliófago 1 2 2 5Prochilodus nigricans detritívoro-iliófago 3 3 20 27 2 3 188 7 1 15 30 1 60 360Pseudoplatystoma tigrinum piscívoro 8 1 3 1 3 1 17Pygocentrus nattereri piscívoro 13 3 5 37 11 75 10 10 45 50 62 80 401Rhaphiodon vulpinus piscívoro 2 3 5Rhytiodus microlepis herbívoro+semente+fruto 1 1Roeboides myersi carnívoro 1 1 2Satanoperca jurupari onívoro 2 7 9 18Schizodon fasciatum herbívoro+semente+fruto 1 2 2 9 3 17Semaprochilodus insignis detritívoro-iliófago 2 2 2 6Serrasalmus calmoni onívoro 1 1Serrasalmus elongatus piscívoro 1 1 1 1 1 1 6Serrasalmus elongatus 2 piscívoro 1 1Serrasalmus rhombeus carnívoro 26 15 6 23 43 5 3 48 36 29 234Serrasalmus spilopleura piscívoro 8 1 9 20 5 3 4 7 5 29 10 28 129Triportheus elongatus onívoro 1 2 3
TOTAL 118 25 131 213 34 70 23 344 217 191 153 238 210 301 2268
Niu
bá *
Ari
auzi
nho
*
Loi
ral *
Jaca
retin
ga *
Cav
alo
*
Tin
in
Sant
o A
ntôn
io
Pret
o
Gra
nde
Mur
atu
Gra
nde
Mar
chan
tari
a
Pass
arin
ho
Res
saca
Tar
umã
Com
prid
o
TO
TA
L
Espécies Hábito alimentarLagos
50
Anexo 2. Números de capturas por categoria e o percentual relativo ao total de peixes
capturados nos lagos estocados e controle por ano, e na somatória.
categoria n % categoria n % categoria n %
estocado + controle Lagos estocados Lagos controletotal de pxs 2268 100,0 total de pxs 521 100,0 total de pxs 1745 100,0tambaqui 211 9,3 tambaqui 41 7,9 tambaqui 170 9,7predadores 1085 47,8 predadores 277 53,2 predadores 808 46,3competidor alimento 380 16,8 competidor alimento 79 15,2 competidor alimento 301 17,2outros peixes 592 26,1 outros peixes 124 23,8 outros peixes 468 26,8competidor espaço 2057 90,7 competidor espaço 480 92,1 competidor espaço 1575 90,3
2001 2001 2001
51
Anexo 3. Distribuição das classes de comprimento (cm) nos lagos com e sem estocagem.
2000
11 11
40 0 0 0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
10,1 - 15,0 15,1 - 20,0 20,1 - 25,0 25,1 - 30,0 30,1 - 35,0 35,1 - 40,0 mais de 40,0
1999
0 0 0 0 0 0 00
10
20
30
40
50
60
70
80
90
10,1 - 15,0 15,1 - 20,0 20,1 - 25,0 25,1 - 30,0 30,1 - 35,0 35,1 - 40,0 mais de 40,0
2001
5
27
72 0 0 0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
10,1 - 15,0 15,1 - 20,0 20,1 - 25,0 25,1 - 30,0 30,1 - 35,0 35,1 - 40,0 mais de 40,0
1999
30 0 0 0 0 0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
10,1 - 15,0 15,1 - 20,0 20,1 - 25,0 25,1 - 30,0 30,1 - 35,0 35,1 - 40,0 mais de 40,0
2000
0 2
16
2 0 0 00
10
20
30
40
50
60
70
80
90
10,1 - 15,0 15,1 - 20,0 20,1 - 25,0 25,1 - 30,0 30,1 - 35,0 35,1 - 40,0 mais de 40,0
2001
1
8378
8
0 0 00
10
20
30
40
50
60
70
80
90
10,1 - 15,0 15,1 - 20,0 20,1 - 25,0 25,1 - 30,0 30,1 - 35,0 35,1 - 40,0 mais de 40,0
2002
0
9
2117
40 1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
10,1 - 15,0 15,1 - 20,0 20,1 - 25,0 25,1 - 30,0 30,1 - 35,0 35,1 - 40,0 mais de 40,0
lagos sem tratam ento
2002
0 28
23
62 0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
10,1 - 15,0 15,1 - 20,0 20,1 - 25,0 25,1 - 30,0 30,1 - 35,0 35,1 - 40,0 mais de 40,0
lagos com tratam ento