T' JORDÂN MOTOR CAR&COMPANY

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Entre as tinturas usadas para tal fim figuram as de saes de chumbo, de prata, de cobre, de mercúrio, de cal, de bismutho, de eslanhos^e outras, que produ- zem sobre o organismo inteiro graves desordens que só muito tarde são percebidas. As tinturas americanas são a base de sulfato de cadmium e sulphidrato de amroo- niaco. São menos tóxicas, mas irritam o couro cabellu* do e provocam a calvice rapida. As tinturas a base de nitrato de prata, tão espalhadas, sãojde acção tóxica lenta e fatal. Ha, porém, alguns produetos vegetaes inoffensivos que infelizmente, dão uma coloração multa fraca e pouco durável. A unica que se póde recom- mendar sem receio e que, da resultados admiráveis é a ‘Peialina, com a qual se póde obter, graduando as do- ses, todos 08 tons, do castanho claro ao negro azevi- che. Infelizmente este produeto é raro em nosso meio, sendo oriundo da Pérsia, de onde acfualmente só póde vir com grande difSculdade.

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Víaâa/ij-anna, 18 de Março de jgig — (Estado de Parahyba).

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feito pelo vosso miraculoso preparado ELIXIR

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Soffrendo bastante, desde minha infancia,

de erupção da pelle, acho-me radicalmente cura-

da, apenas tendo tomado 9 vidros de tão prodi-

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manitário, recommendo-o aos que soffrem.

Podem fazer dpsta o usq que lhes couvier. Subscrevo-me grata.

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Junto a esta, segue o meu retrato para melhor recommendação.

bes romanesques

Do encantador poeta Edmond Ros- taod, temos nesta redacção alguns exem-

r piares do magpiBco poema theatral «Les Romanesques>, ©m edição luxuosíssima. As iilusirações são feitas a cores e a negro e são assignadas por J. M. Avy, Paul Cha*

■ bas e Paul Albert Louzens E’ uma edição própria para presente, que vendemos a

■^ISJOOO o exemplar. Os pedidos devem ser dirigos á re-

dacção da «Revista Feminina>, acompa- ^nhados da respectiva importância.

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0 que diz 0 Dr. Fournier sobre as pessoas fracas,

nervosas e doentias.

Dilalldsde e iDergiii ?

• A maior parte dat doençasda huma- nidade, disse o Dr. Fournier. grande clini- co francez. são devidas a defficiencia gas- trico-assimilante dos orgâos digestivos. De cada dez pessoas ha pelo menos oito que não tiram doi alimentos que ingerem a nu- trição que seu organismo requer. E assim se explica, prosegue o reputado clinico, como existem tantas pessoas fracas, debeis doentias, embora muito bem alimentadas. A razão é simples: os alimentos que estas pessoas to- mam passa pelo seu organismo como um liquido por um tamis, deixando apenas a nutrição indispensável para conservar a vida embora não a saudo. Para taes pessoas aconselho 0 COMPOSTO RiBOTT (pho^ phato ferruginoso orgânico), que é o toni- co assimilativo e anti-dispeptico mais effi- cae de que dispõe a therapeutica moderna. O COMPOSTO RIBOTT é um produeto á base de ferro orgânico phosphatado, que sen- do 0 ferro mais assimilável conhecido contri-

bue poderosamente para augmentaraforça de resistência e energiasdo paciente eforti- ficar 0 syeteroa a medida que vae se enri- quecendo o sangue e tonificando o syste- ma nervoso. O phosphoro que entra no COMPOSTO RIBOTT é o melhor que a sciencia conhece para nutrir, dar vigor e tonificar os nervos. Também «ntra noCOM- POSTO RIBOTT o ext. de noz vomica, cuja acção de grande tonico estomacal e , anti-dyspeplico não é necessário descrever. Aconselho, pois, a todos as pessoas fracas, nervosas e dyspepticas. tomarem por algum tempo as reteições o COMPOSTO RIBOTT. de cujos resultados estou certo ficarão tisfeitos>. , ,

O COMPOSTO RIBOTT a que allude o Dr. Fournier, acha-se já á venda em todas as boas pharmacias e drogarias do Brazil. O depositário remette amostra grátis a quem solicitar preços, e reroetta 400 rs. em sel- los do correio para pagar o porte, etc.

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radlglda aam alavaqAa da aaatimg|{ça^g^uan Raviata FamlnlAa" d

da «lataa.

NOVE/ABRO\ 3.

NOSSO MDliaeoIaliiino do- entio, 0 «dó> que noi lée a eierfiia, leola e dea- perccbidameote como uma úlcera eceulia míoa a ia- lioiidade hittelogica de uma eiccera, d. por um doa mil paradaxaa que

eixadeaB a vida humana num £o de conlra- dicçõet, 0 maior (acler da crimiiulidade crea- ceale, e ereKenleiBeBle monatruora, que aoa «aa regreaModo d aelvageria, e que ameaça Iraciaformar o noiaa Paiz BUCD coloaaal /ar- leei/, barbaro a aaoguiMrto.

Uma eilaliatica paciente que abraageaae lodo a Btatil viiia conatatar que Dio ae paaia um minuto em cada viole quatro horaa de exialencia nacional, aem que tombe uma vida ceifada pelo crime I... O soaao quadrante pas- fou a aer marcado a goltaa de aaegue, por pooleiroa de punhaea cruzadea. Os acgundaa tio estcrleiea, oa minuloa cio agoniaa, aa ho- raa alo hccatombea. Mata-ce por qualquer eoica. Aa eacarcellai do pobre c do ignoran- le, como aa da rico e illuitrade, cueca se deapedem de ume arma homicida, Um de- putado, um senador, ou quiçd um juiz, dei- xam v{r e cabo de um punhal na cava do eollete, ao despirem o eauco, com o mesmo desembaraço com que um salteador de estra- da mostra suas aimaa de ataque. Senhoras num baile, ao aerem enlaçadas por um cava- lheiro <de gentil aspecloa arrepiam-se, num volteia de dança, ao contacto da coronha de uma arma. Ha dias, num banqueis ofleiecido ao sccrclatío da prraidcecia da Republica, dois convidados ae dcaavicram. Cada um dei- lea levava nsa algibeiras dois rev^reres cem que logo ae lirolearam E lal exlensio toma entre nós o crime de matar, que amanbl se- remos forçados Iodos, homens e mulheres, a armar-nos prefusamente antes de noa pormos em contacto, mesmo festivo au amícsl, com ipialquer de nossos aemelhanlea. Nio pergun- to aqui, como ó usual entre oa nosios, que dirá disio 0 cxlcangeiro, porque como brasi- leira, como filba de um paiz autonomo e so- berano e como parcella de uma raça egual- mente autonoma e soberana, causa-me vergo- nba, nojo e asco eaao Ijrpo degenerado de brasileiro zenofilo, de «matuto apaixonado por francazas», que vive, eleroamecle — macaco ridicula e obscuro — a auscultar a opinilo ex- Irangeira para pautar por ella os seus acloa, a ana moral e a aua canscieneia. Mas pergua- 10 : Que diremos sói mesmos, que ditcmoa nia. biaaileicaa, quando virmos nosso paiz imnsioimado onas charco tangoinalanlo da

chacina, habitado apenas pelas allucioaç6es do remorso >

Nio ha, talvez, em lodo o Mundo ver- dideiramenle eiviliiado, um paiz em que tan- to c lio facilmente ae assassine. E nio ha. no cffltanla, em lodo o Mundo povo de índole lio pacifica, lio bondosa, lio carinhosa, tio meiga, lio indulgente quanto o brasileiro. Mas é juslamenle a nossa bondade moibida, anos- aa indulgência bonachona, a nossa piedade ma- ricaa a causadora daquella extensio da crimi- lulidsde. E* cila que se apieda do criminoso, que lhe buKa allenuanlea, que vae ató a da- fendcl-o e a pleitear sua abiolvíçio, logo que o miaetavel, depois de ler perpetrado com a mais fria aelvageria e seu crime verle algumas lagrimas hyppocrilaa eu fsz declarações ruido- sas de arrependimento, a conselho de um ad- vogado matreiro que conhece a psychologia de aeia povo.

Accreiça-se a isto as podriqueiraa do ju- ry, esse cancro de suborno, de ignorância, de polilicalha, craa ignominia, esse vexame nacio- nal, esse brejal de exgoltoa humanos com seus araahoes de chicanas tecidos pelos bicos adun- cos doa corvos doa monturos críminaet, dessa advocacia de poila de xadrez, que crocita, se ennevóa aos bsndoa, e em redemoinhos aáe, faminta e avidn de decomposições, robre a car- niça humana, — e leremos armado a equa- çio que pcegnoslica Iclricamente o nosso futu- ra. Como aeeessorio, a nessa rhetoiica poli- cial ... Ah, o bsebarelismo, o bachatelísmo I... Um crime, um grande crime { a epportunida- de para um bacharel que vegeta numa deU- gacia de polkía faier a estica ruidosa de um relatorio, com citações profusas de alienislaa que rlle nio cemprehendeu e de médicos le- gislas que elle nio leu. de criminelogislas que clle nio digeriu mss que copia e defaima de- sipiedadimente, entrando, de sepatos ferrados, com a empafin de ume ignoreneia piesumpço- ta, nos dominios da mais alta Medicina a da mais complicada das ullia-psycbolegias, para provar que o criminoso i um doenie, um de- generado. um lemi-ieiponsavel, um abúlico, um desairciada a quem falia a fieia inhibíloiio da vaniade, um desgraçado espoleta beredilario aobre o qual cahiu a galilho ioexaraval da fa- talidade, provocando a eiptosko!,., Trale-ic embora de um indivíduo ; Irate-se egualmenle de um bacharel que estreia ... Amparada, as- sim, dasde lago, pela vaidade palícíal a futu- ra dafeza de assassino, bastam duas lagrimas mms do criminosa para cammavar-aos, au ain- da, umn simples carie, de emeçia artificial di- tada por um rabttia matreiro, e dirigida paio criminaia a sua mulbei — «anja da bondade

casada com este monstro que lhe pede per- dio». — ou a seus filhos, — spobresotlias ao desamparo que lerio que soffrer pelo aclo das- te miserável que lhe pede que te esqueçam de que tiveram um piel», — ou a seus ve- lhos paes. — «minha msezinhi, perdoae-ma t meu valha pae. foi a fatalidade I» .. .

Em casos mais diflicais, em crimes de maiores requinles de barbaridade, e ajuizados por policises mais frios, msit expertos a me- nos especteculosos, quando nio vingam aqucl- les processos de chaniogt sealimenlel, ha o recurso do enredo da polilica, e do enxava- fba do suborno em dioheiro aos jurados.

E si lodo esse complicado e pcileilo me- chenismo da Uberaçio de assassino olo basta para encobrir a crueldade do crime, e si, por excepçio, ceda dia miis rara, i imposta uma pena ao etimioeio, elle póde contar, cama certo, qua uma das grandes datas necionacs da nossa historia patria servirá de pretexta para qua a indulto lhe abra as portas do car- earc...

E eis ahi porque, em dias do mez pas- sado, na Capital da Republica, um indivíduo ao passar pela Avenida Central vendo umn senhoin dentre de um aulamevel, á espera da seu esposo, senador da Republica, abrin n portinhola do aulemovel, saccou de um re- volver. e tem conhecel-a, tem ler molivaa para milqucrel-a assarsinou-a fria a covarda- menle... Preso a iulccregado disse que detea- nhecit a viclima. mas que lenlira ume ae- cettidsde imperiosa da matar um semelhaBle e matou-a como mataria a qualquer outro... Será absolvido esse monstro } Talvez... por- que já apresentou como alleauanle o lado de ler passado Ioda a noite numa casa da lavolagem, assentado a uma meta de jogo, a da ler bebido alguns quartilhos de aguardente antes de eommelter o crime... Ore e nosso Direito coDiideia a alcoolítaçio como umt al- lenuanle, e í citio que um individuo que jo- gou Iode 1 noite — e isto sem ter neceasarío citar Krafl-Ebbing. Grassei, Dubuitson, Loa- broto, Fegri, cl caterva — e que leve o cui- dado de premunir-se da attcnuanle da aguar- dente, era no momento do crime um abúlico, um alluctnado momenlaDeo, um irrespoosavel, com abnubiliçia do laciocinio. e privaçio comprovada das sentidos... Fiquem avitadas as aipirailet a auasiinet que todas aquellas altenuanles ta obtém, facilmente, cam um lot- lio da paraly a com meia marlello de ca- chaça alguns minutos antes da crime...

flnna Rita Malheiros <Pnrn n £ev/ztd Ftmínina, 4e S. Paulo)

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REVISTA FEMININA

A assignatura da “Revista Feminina”

0 extraordinário deser\volvimer\io da Revista Feminina. — JIz

officiqas graphicas serão njontadas em Janeiro. - /fofaveis me-

lhoramentos a introduzir.

A Revista Feminina é um lejfitimo pro- ducto da força de vontade, da tenacidade e da cunstancia, sem um só instante de desanimo, de quem, pela sua acção decisiva na campanha de reivindicações femininas, bem se póde dizer ter sido a leader das mulheres brasileiras, numa epocha em que os altos assumptos atinentes ao seu sexo, fóra dos estreitos limites do lar, pro- vocavam um sorriso de desdem.

Nasceu envolta em uma atmosphera de in- diíferença, e foram os seus primeiros tempos de lucta insana, a desbravar o terreno do sarcas- mo, caminhando lentamente, vencendo 'etapas curtas, destruindo óbices, insinuando-se, pouco a pouco, infiltrando-se em todos os meios, até que,—como nos exemplos de Samuel Smiles. — a nossa pertinácia deu-lhe, al Fim, o p>osto mere- cido entre os orgams da imprensa nacional, — registrando, dia a dia, contínuos triumphos, ca- da qual mais assignalado em prol dos ideaes do seu programma.

Hoje, attirmamol-o com desvanecimento. a Revista Feminina constitue, por sua circula- ção "in toda a Republica, pela indiscutível im- portância que conquistou na sociedade brasileira, uma força considerável — de que dispõe a mu- lher, para a qual ora se volta a attenção mundial que lhe acompanhou nos últimos annos o valor das iniciativas, e foi, em um movimento de irre- primível expontaneidade, levado a reconhecer nel- !a, não mais o sêr fraco e subordinado ao ho- mem, sinão uma poderosa collaboradora do pro- gresso das nações.

E esta obra de modesta origem brilharia com fulgor intenso ao lado daquelles gloriosos successos da vontade intilligente e pugnaz de que falia Benjamin Franklin.

Si valemos muito pelo muito que alcança- mos, mais contamos fazer, confiadas no apoio das nossas compatriotas e no nosso inquebrantavel exforço. Para tanto, vamos, em breve, encetar uma nova phase de expansão, desenvolvendo todas as secções da Revista, tendo já encom- mendado nos Estados Unidos o machinario e material completo para a montagem das nossas oSicinas graphicas, poi* todo o mez de Janeiro de 1920.

Esse exforço,— todo em beneficio dos que nos dão preferencia desvanecedora, — redunda em grande dispendio de capital, o que plena- mente justifica a elevação do preço das assig- naturas da Revista, de lOlOOO actualmente, a partir do bellissimo numero de Natal, já em con- fecção, para 15$000 annuaes.

Esta medida, porém, em face das transfor- mações por que passará a Revista, tornan- do-se ainda mais attrahente, mais variada, não pesará sobremaneira á bolsa das nossas assig- nantes, taes as compensações que lhes offerece- mos.

Só por si 0 numero especial de Natal, collaborado por adestradas pennas litterarias, versando sobre múltiplos e interessantes assumptos, ornado de copioso numero de gravuras, muitas das quaes em finissima tricliromia. represen- taria aquella conipensação, pois. nelia concen- tramos um máximo de carinho e assim como o custo de sua feitura monta a dezenas de contos de réis.

Ainda assim, no emtanto, proporcionamos a todos quantos tomarem agora uma assignatura desta publicação a vantajosissima concessão de receberem, durante um anuo, a Revista Femi- nina pela reduzida actual annuidade de lOjOOü, em desproporção com o real valor do nosso mensario, de util e proveitosa leitura instruetiva e nltamente moral, destacando-se d’entre as ma- térias que a compõem, a que concerne aos tra- balhos femininos, riscos em tamanho natural, mo- delos de bordados, prescripções de hygiene do- mestica, em sutnma, excellentes escnptos sobre tudo quanto é de indispensável conhecimento da muiher no lar e na sociedade.

O numero que publicaremos como um brin- de de Natal ás nossas gentis leitoras, será ven- dido avulsamente, aos não assignanies, ao pre- ço de 4$000, o que, posto em confronto com o preço da assignatura, revela a importância da- quella edição, cuja confecção esmerada sob todos os pontos de vista garante um dos mais ruidosos successos jornalislicos do paiz.

Assim, pois, esperamos das nossas distinctas assigtiaiues todo o apoio junto de suas amigas e pessoas de relação para que se itiscrevam, quanto antes, em nossa Revista, proporcionan- do lhes desta maneira a opportunidade que se lhe depara de rehaverem o precioso mimo de Natal que offerecemos.

Convem accentuar, mais uma vez, que por conveniência das prezadas assignantes, afim de evitar extravios sempre prejudiciaes e desagra- dáveis, lembramos o alvítre de remetter-nos 600 réis em sellos do con eio para o registro do nu- mero especial.

Orgam genuinamente feminino, a Revista. que vive para os bons combates em prol dos di- reitos da Mulher espera das compatricias a con- tribuição do seu apoio para continuarmos a des- empenhar a nossa patriótica missão civilisadora.

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REVISTA FEMININA

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Nsti-te neile» ullimot lempot, em ooho neio. ceile deienvolvimeale d« «cçie (eei*l IemÍB)fii. E* t«mo miíf ilviçareiro ette lecto quiolo ludo de bom devemos etperer deuet geslia ÍDÍcielivei pere loluçio doi dolororos probicfflu humeDot que leale peaaurbim boje era die et toeiededes moderoes. Se nestes ^ priecipel e feiçie otocel, oenhum euxilio pere «quelle 6m podeté ser mais cfBcieDle que a iateliifeDIe e dedicada ectividade d* mulher.

Ruik'0. 0 admirevei idealista de econo- mia, procureudo selieotar o valor da coocurio íemiaioo na lerm ;ào do caracter e moralida- de do homem, disse uma vei, ttaquelle alto aymbolisme ea que vasava seus generosos pest- aamentos : «e couraça da alma nuorn poderá estai b;m ajustada ao coraçio, se aàe fôr afivelada pela mko duma mulher, e i séasea- te quando cila a aperta com iadidercaça, que o homem perde a honra.» Naoca aeiá bas- tante meditada essa verdade fecunda, que pie em claro a participaçáo da mulher oa obje- ctivaçio doa maia nobrea sentimeotos e maia elevadia idéss,

A prova de que a mulher biasileire vae despertando para o movimento dc reformas aociaei está nas innumerat obras, cada qual maia imporlanle, que rio surgindo diariamen- te nula capital e em muilaa oulraa de nossas cidades. Entre cssai iniciativas merecem des- taque, pelo seu alto significado e larga reoer- citisào benefica que certo exercerio, a Obra de *Pre/ecçdo ds Moça» SoUtha», fundada ha pouco tempo pela sta. Epilacio Pessoa ; a a Aülança Feminina, que acaba de ser or- ganizada pela sra. Amélia Rodrigues.

Muitos outros symptomas eslio a demons- trar que o feminismo, o veidadeico e largo feminismo, á boa maneira chrisii ensaia entre nós os seus piimeiroa psssos decididos, Espi- ritOf, por demais conservadores haverá que sómeale vejam neise despertar de energias oi perigos que comportam todas as ínnovações. Mas. pouco imposta o modo de ver todo es- pecial de cada um sobre o tssumplo. O fa> mioiimo, ou se querem evitar a ambiguidada do termo, a acçáo social feminina começa a ser DO Brasil um facto ; e, como lal o deve- mos encarar com imparcialidade, estudando-o em leus elementos constitutivos e snlevendo ns dsfliiuldades e processos que encontrará cm aua marcha.

O abuso de varias correntes do feminis- mo maderno, ao menos eolerioraente a 1914, deu logar a impiedosa critica nem sempre justa. Esse movimento st resumia, afinal, se- gundo 0 expressivo dizer dum eicriptor, em seu conjuocto, em substituir ■ noçáo orien- tal da mulhsr — coita, puro objcclo de ar- te a o canreito occideatal da mulher — pei- aoa, elemento activo do trabalho social, Mas ha lesniDumo e feminismo; ha o revolucioná- rio, destruidor, alheu, e bs o chriiláo, refor- mista, constiuctor, campeio iafetsgavel dt paz aacial. Este ultimo foi definido coa felidada por Naudel, como «uma doutrina mediante a qual se pretende reivindicir para a mulher Dt ardem jurídica certos direitos que hoje Ibe sio negados; e oa sociedade, um posto justo e legitimo recusado pelos costumes.»

E' bem certo que a guerra teve profun- da iaBueocia sobra as rtiviadicaçbes femininas, alterando vários dados desse problema e*ac- celtrando quinto a alguns, seu recenhecimen- la nas leis a nos hábitos. Noe annes aulerio- ces n 1914, o sufiiagismo altiogíra. principal- mtale oa laglaterra, ssu maia elevado gráo de exittaçio, Ainda tio recordados os corte-

jos e meelingi monstros em que a celebre ira. Pinkhurst reunia, nss ruas de Londres, suas cortelífioniriai, procurando convencer, por !a taiôn ô par Ia juetza, da justiça do Fole for women, synlhese das reclamiçbei do par- tinda.

Weli, num estudo interessante sobre a condiçio da mulher depois di guerra, lembra que os fundamentos apresentados como justi- ficiçio desse pregramma, variavam muito en- tre suei defensoras. Entendiam umas que as mulheres deviam votar, porque afinal a mu- lher «tpezsr de tudo i um homem; e euiras, porque precisamente as mulheres seriam em tudo diSereotes (já se v£ que pare melhor) dos homens. Nem somente esssi eram ai di- vergências theoricis do tuiftagisme. Outras queatbes bem mais graves trouxeram o dessi- dio entre suas leaJer» etlotçadss. lendo lido causa dc dissolverem-se numerotas reuniõrs, como a lormídaval quesl&o, que nunca poude ser resolvida a conlenlo, de saber se convinha mais os interesses da causa que as suíragiilas adoplassem trajes msiculinos ou roupas mais ou m*noi lemiainas.

Com a guerra, ,oda essa liluaçio lei modificada, cessando por completo a giila do ferr-ínismo revoluccionario. E a paz veio en- contrar a mulher installada ecn Iodos es ser- viços ouTora exclusiva eu principalmenle con- fiados a homens, Fez elia a prova pratica e írretorquível de sus plena capacidade nesses diversos trabsihos e nio i crivei que abra voluntariamente mio do direito que com tan- ta honra adquiriu.

Aceresce uma outra circumstancia qus ainda mais lacil lhe vae tornar a victorla. Com a permanência por tres e quatro annoi nas fileiras, os trabalhadores aatigos perderio grande parle, senio lodo o preparo lechnico que só cem a pratica se adquire e conserva. Ao lado desse despreparo lechnico. os dea- mobílisados voltam a suis occupaçòes habi- luaes com uma mentalidade bem diversa da- quella com que perliram para a lula. Acos- tumaram-se á vida de soldado, lomiram tal- vez gosto pelos lances haroicos, em que se arrisca generosamenle a vida, mas perderam o gosto pela raonolona labuta do serviço de Io- dos es dias. am que aquellas brilhantes qua- lidades guerreiras do nada lha serririo. Nu- ma palavra, os trabalhadores perderam a mór parle daquellat qualidades lechnicas e moraes, que lhes davem anligamenle luoeriorídade em relaçio ás mulheres.

E' bem certo que no movimento femi- nista brasileiro n influencia dessas fades nãe se faz sentir láo directa e foriamenle, como na Europa e na America do Norte. A mu- lher tem, em nosso meio social, adumçáo, ha- bitat. oeoupaçóet a aspiraçóes bem diversas da europóa e da norte-americana. Mas ím- possível terá que a neva orienlnçáo eSereci- da ao mundo contemporâneo per esses pro- blemas. nko traga sua repercursko, embora al- lenuada, ató nói. Por isao ta granie perigo seria copiarmos servilmcnte inililuiç6ss e cos- tumes estrangeiros, náo podemos deixir de levar em conte as IraniformaçOei creadas pela recanie tiluaçáo univeraal, no 'tludar as con- dições daqucllea problemas, próprias ao nosso meio.

Al reivindicações feministas tio de or- dens varias, pelilicai, legaei, econômicas e moraes. Julgo que a impotiancia deiiat recla- mações está na ordem íovcria dassa enume- raçáo, sobrepondo-se ás demais ai reformas da natureza moral t economica.

Na ordem política, vem logo o voto, ceo* quisla já obtida a com justiça, em varies pat- zaa e que cade leremos do realizar talie nóa; e 0 livre acceiao a Iodas as carreiras, e que vamos tendo paeificamcnle, embora com oa prolesloi dos eoncuirenlet prejudicadot. Na ordam legal, a mulher aspira ao exercício de díreiloi e deveres eguaea aos dos homens, o que numa prudente medida, ó de inteira equi- dade. Na ordem economica deseja o feaiíait- mo crolecçio mais cffiiieDle á operaria a au- tonomia para a gasláo do pecúlio ganho coa o proprio trabalho. E, na ordem moral, uma inslrucçào e aducaçáo mais completa, maia adaptada is novas necessidades da vida, quo melhor n prepare iotellecrual. technlca e mo- ralmenle para sua relevantisiims funeçáo social.

Bem longe vae a epoca em que um es- pirito clarividente, como Lissing. podia dizer que uma mulher que pensa é um sfir táo ex- travagante como um homem que te pinta. Hoje, precisa a mulher pensar cada vez raais e aempre melhor. E' bem verdade nue, se- gundo ■ avisada observtçáo dum bril.nnle et- criptor catholico, a idóa de instruir a mulher, occulti em muitos, até mesmo numa parle ira- portanle dii próprias feministas, o desejo de deichriitianizal-a. Mas, quando os aniiclerietes enveredam por este caminho, astáo atiazadns de séculos, pois outra nio íoi a conilaata preoccupaçio do cilholieismo. aQuando nos oppomes á ascençio iatclleetual dt malbtr, diz esse eKriplor, nio é porque nio somoa chiislioi, mas porque nie o tomos bastante.»

O primeiro cuidido de nossas feminislaa. espacialmente das que posiuirem espirito reli- gioso, terá a acquisiçio duma solida cultura geral de espirito, procurando attiogir a um e«- nhecimento mais refiectido qua detalbado, maia synthetice do que especializado. Com isso po- derio eoirigir a lendencia natural no espicito feminino para a minúcia a a appiícaçio im- mediata. Está claro que s6 me refiro áqiialla ciaste que podería chamar a ólite do feminis- mo. áquella que tem a responsabilidade do movimento, Para esta parece indispensável uma formaçio de espirito que abrangeiao o conhecimento synthetieo da philoiophia, do direito, di legitlaçáo, dt ecetomia social e do theelogia elamenlar.

E que dizer da iosirueçáo religiou > Siat- pleameate qua deveria tervir de base a todoa esses estudos. Com Serbillange eu lembraria que a mulhar, de qutiquer condição social, precisa pouuir fundamente tua religiio, pam adquirir a lignificaçio religiosa da vida, svi- lando 0 abuso dst formulas vatias, aVoua n'avez pat da lempt à donnsr a rinilruclion teligleusa 7» peiguala elle. aDonnez-lui tont. Imbibez taut de 1'idóe chrítienne.»

O assumpto ó empolganla, mss tanbo de fazer ponto, tem poder chegar ■ delalhea. Dum modo gera], resumo o pensamento dat- tes breves coameaiatiot, aalientando que. pa- ta o veididaiio feminismo, a primeira preoc- cupiçio pode ter a reforma, o preparo, a or- ganittçio dst raulhecet, individualmente. A Iransformaçio das instituições, ao manos no que te nio pretende limitar ás fachadas co- mo i muito nosso costume, só por esse meto preliminar se conseguirá.

O erro do feminismo tem consistida ata querer começar exaclaaenie pelo que deve ser • fim e corSamenio ds graade obra colleati- va de lemodelamento a emprehender.

^ndrade Bezerra

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REVISTA FEMININA

r IN n DOS Fiudei... O dia amanlwctra intia, auil* iríila. O ctu bai*

wm • cÍBZcBl» . a atBOiphera kuiaida a Itit e um ehoviiqueite ■i«<U e imparliBCBle oalaBd# a payM|em, iafillravan B‘alaa um vau etlar iavcDcivel. uma pasota tcBiafio camo qua da ramoruM, — a maguada taudada de um bam iriamadiaaalmaate perdida,

Dia da fiaadBi. .. tacaidaçõei.. . laudade ... a dolerota uu- dada da atarna lapaia^ia.

£ o mau paBumeole maliBcholire estalUva-ie Ba pauada, oa CToaatia puagaBte de taniai vidai felizei, brilhsslaz, haie mortas, a qBaai extioctai também na coraçlo das vieoa.

Sio lie etquacidos es meilos I E e etqueaimaBle qua sepulta e marte é o qua mais pesa

B*alma e qua mais fere a ceraçio I Longa des olbei, longa da ceraçio. .. doloraia vardada ? 0 qua BÍo ailé bam aai bomos olhos, o vulto qua nlo vemos,

a aax que nlo auvimoi, e olhar que nie leBliaos, aio bem de- pressa esquecidos I

E a dia de fiBsdoi d, priBcipaloiaote, a dia da caridade. Fei. deaatie, um granda aanio de caraçio cheio de piedade a

amar qua teva a idea muarkordiosa de consagrar um dia do anso ao culto dos moitas, i recordaçio des que se (o’am da vida.

Lembro os mortos infelizes, esquecidos, igoorados, perdidos, na sugra sepultura doa caraçeas ingratos, lembro os mortos que nio l(m nÍB|urm por elles e solicitam no seu sbandono a esmola da suna prece, a caridade de um pensamento piedoso ; pois nlo sio aicamsole os noisos mortos, queridos e venerados, viveado dentro das noHos eoiaçdcs, aureolados como santos pelo nosso amor e peta •osu saudade que tém direito is nossas preces. Dell» sio todos es iKss do anno ...

E’ piinciralmeDle a grande lurba abandonada a mesquinha que jsz esquecida aos remileiins Km o sigoal de uma cruz, sem o snenor traço que indique a ultima morada de um scr humano: é para esta grande maioria de moitos, que o nasso penMmento deve fugir no dia de hoje, envoNendo-lhes a nqueeida memória na se- lisosa mortalha de um pensamento fugidio de fugidia piedade.

E eu lembro, ainda os que ficaram & beira das estradas, atira- dos pelo crime i sombra escura das matiss e perdidos para Kmpre ; es que tiveram o grande leito verde e profundo do oceano pare eterno repouso, e, ainda, oi milhares de infeliz», sementeira phan- Inllca que a morte espalhou prodigamente pelos campos da Euro- pa, empapidos de sangue ...

E uma granda, uma incoarsivel magua me aperta o coraçio ao pensar ne abando que Kpulta estes mortos.

01 eultos, os ser» queridos que foram lernsmenie amados na vida e tiveram na morte o carinho de um túmulo cuidado com ar- vores c flor», fazendo ainde parle ds família que deixaram na ter- ra, pois vivem em ku coraçio pela Mudide, pelo amor, pela vene- vaçio, aio íelixcs e ... aio raros.

• o Fui ao eemilerio. Como toda a gente tenho pedaços do ceraçio em baixo da letra. Mas, graças a Deus, os entes cuja saudade leva-me ao cemi-

tério nio me despedaçaram a alma, nem me roubaram a alegria quando w foram da vida; ell» nio rnlartatam a minha felicidade.

Pele tempo, pele edade, pelo amor. Unho por elles enterneci- da amizade em que nio entra grande dor nem mesmo uma grande uudade ; mas, quando pense na fatalidade invencível dessa norte a s]ue nunca nes acoslumaraoi, suppiico a Deus que cila me tome, breve, nos mus braços de gelo e me leve pata o paiz das sombras, para e myslecieso Alfm, pois eu quero ter chorada como os mor- tos felizes doidamente amados, porque ui que o roeu coraçio fraco, naialaria de dor .. . tem lagrimas para tmerlalhat a memória dos «Bl» que doidemenle amo.

—0— Fui ao eemilerio, Come leda a gente levei flores perfumesai e lindas, de côr»

vives e fótmtt deli»dat, apelheoie da vida e do prazer no legar da tristeza e da morte.

E Goyaz apparecia triste e cinzenta, pequena e humilde, no dia de hoje.

Reros IranKunIn pelas ruas, todos caminho do eemilerio. ou do li vollendo, vestindo cor» sombrias e trazendo no resto a in- quieta Mriedade que o penumento da morte infunde.

E i lio pouco ura din no anno consagrado i morta, dedicado i medilaçio lio ulil e tio penosa de fim do homem.

£ per sobre a cidade e ebuviaqueiro miúdo e fino, Mtenüa o vio cinzento da trinteza e de frio.

_o— O eemilerio de Coyaz, bem no nlle, ao pi da collina, onde se erguo

B branca cnpellínha da Santa Barbara, domina a cidade leda a i um TBlíro Boride a risonho, onde Mtia bom dormir o eterno somno.

A cidade, adormecida a uus pis, nio tem rumores proían» n> pcrturbir-lhe e silencie, e em cempenuçio ha gorgeius da passa- ras, tuspirnt de zephiro, a belleza da paysagem, a f»la permananle da natureza, e, eemplelando a magia suave do quadro, em cima,. Io»ndo o cio incomparável de Goyaz, a ctpeilinha de Santa Bir- bara, muito modfsta c'muito branca, como uma bcnçio e ura alli- vio, uma esperança e um coniolo.

—0— Péde-M viver sem fi e Km crença, Km piedade e tem emer.

mas i intolerável o penumento da morte Km Deus. £' dcKspcrador imaginar-se que a morte- -o apodrecimento do-

corpo frágil, i o ultimo aclo da triste cemedia da vida ; que mos- reodo o cospe, fenece tudo em nii: inlelligencia, coraçio-, tudo que dentro de nós soffreu, amou, lonbou.. e pensando anirn, a vida pareça ímmerecido castigo, cruel itenia de um destino cego e inclemente.

Sem uma vida futura, prêmio da noitt constante dôr terrena, recompensa da cruel lula da vida, —nio valería viver.

Ssm o conlorlo de uma esperança no Alim, sem a fi eonto- ladora nesu Deus de clemencit e bondade que promette ume vida de feltcidide a gloiia a quem souber tomar a sua cruz eteguii-o, —a vida Mria, para muitos, insupportave] fardo e o suicídio drKulpavcl,

Hs horas lio cruéis, lio dolorosas, lio dilliceii de passar, que ló o pensamento superior de ues Deus mÍKtícotdioio velando pele humanidade Mflredora o recolhendo em teu seio a ratit humilde li- gtims. Iodas as agonias d'alma, — póde alentar o coraçio ferido.

£ a morte — phanlatma de leoli gente — adquire suave phy- aionomia aos olhos serenos do homem crente, pois nio i coais a eterna Kparaçio. o irremediável golpe, o nsda. o anni tuitameato, e sim, uma Kpstaçio mais ou menos longa, amenizada pela esperança, pelo bal- aamo da prece.— amor e saudade — prece ardente que deszando o coraçio do que vive vte aninhar-se na alma livre do que se partiu.

E por isio, alentado pela fí, meu pensamento soelancalke. é enlrelanlo, Km amargura.

Ao pé de cada sepultura eu paro um instante e reso, certa de que a m<nha prece humilde e fraca Ktá ouvida-, e ao eiguer os oihoi. vejo, emmoldurada do pailido selim do ceu, deste diabiumo- IO de inverno. — a nivea capellinba de Santa Baibara convidando ai almas a se alçarem a Deus.

o Entre oa estreitos pasieios do modesto eemilerio eu passo lenta-

menle, pitando n terra vermelha e flacide e lendo os epilaphiot pie- doMs, onde a verdade Kmpre falta e vive a piedosa menliia con- aoladoia, dando um ar de dignidade auileia e inviolável ■ memoiia dos que se foram, axemplo para os que hearam.

No ecniileiio, onde deveria reinar a verdade, emmudecendo a voz das conveníenci» perante o doloroso ffiysletio da morte, é que é mais densa ainda a mascara da dissiinulaçio e a humilde macht- na humana cheia de impeifviçSes e íraqurzaa. appstece nimbada de ezcelsas viriudea, elevando o homem á divindade.

Todos os que moireram foram bons, dign», virluoios, puros... E no eemilerio está lambem enterrada • verdade, mas a ver-

dsde cruel que trucida e mala nie vale a piedosa mentira que alen- ta e vivihca.

Uma multidão silenciou e triste pttseia pelo eemilerio. »pt- Ibando coroas e ramilhet», Rores e Ror», ... saudade e erner.

E no centro do eemilerio cslé o grande leite indialinclo e hu-- mildc da pobreza, sem ciuzes, sem inautoleut. tem «pitsphios. na eguildade cbriiU das sepulturas razsi, etlendidat ao pé doi sicot. ao pé dos grandes, ao pé doi oigulhotoi e dífferindo, apenas, era umas pedras a menos e na tuiencia completa de epitaphios.

No mais, tudo é morte, tudo é diiiolçio, alli, e a alma k ad- mira da fraqueza humana e do seu desmedido orgulho.

Depois do tanta luta ínsina e inglória; depois de cxgoltar a. vida na vil tarefa de ferir e morder, de »magar e matar — o ho- mem movido coroo lilére pelae ambiçãn terrenas, vé. de repente chegar o fim. — n morte, apreKntando a mnmaface, pungenleiBCB- le deloreu, aoi ricos e pobres, aos orgulhosos e humildes, eoi boiu e msur, aos feliz» e desgraçados ...

Finados ... Dia sombrio de tristezas e taudad»... em que o nono cort-

çio deveria enterrar os nsiitces restos dst baixezai morses, dai am- bições iilicitet, das fraquezas criminosas, dos deKjet maus, e Kreno, Iranquilfo, caminhar para o bem, para a pcrfeiçào moral e para a morte, emfim, em busca do grande ídéal, r»líluir a Deus, — i al- ma feita a tua Kaelhtnça. que os vendava» da vidi, lalrés, feri- ram cruelmenle, mas veste, no einlanto, a deslumbrante clamyde dt Dôr, — o indeslruetivel élo que prende a creatura a Deut, — » talismaa poderoso que conquista o soberano bem de uma eterna vi-. da gloriou.

Qlarllda Pollola. Goyaz, 2 de novembro, 1917.

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REVISTA FEMININA

COMMENirSRIOS T\ UMR CUROMICn

Um chronista de um de nossos jornaes diários es- creveu. ha dias- — A brasileira está longe ainda de ser uma mulher de espirito culto...

O chranísli diário do ííifoJ» <1» S. *Pouto, oue te «tconde, BiodeilainfBl*, sob • simplrs inúítl P., c que cera brilho tconpa- nha o desenrolar ds todoi os fados de nossa cvolu;io. Iraiou, ha dias, de uoi profecto que se esboça da fuudaçio de uva Uaiversi* dade Femiaina Lilteraría e Arristíca, id^a cuja prioridade noa per- Irnce. pois neslaa eolutoaas foi lançada pela nossa inolsidavel funda- dora Virgílina de Sousa Sall f, cujo noisie, iofefizinenle, í lio es- quecido por algurnas das senhoras que hoje, inurlo nobrenenle. pre- tendem apenas srguír as pegadas daquella grande brasileira, a maior brasileira de seu lempo, podemos dizer sem aabages, hoje oue delia apenas rrsia, £el e sincera, a nossa grande saudade,., Chegamos meimo a iniciar a realisaçio daquella idéa, em vida de noiaa fun- dadora. Abriram-se divenos cursos nerla casa, « diariamente pielen- diaiios ir sugraentando o nunsero das malesíaa leccionadas, com o vagar que nos exg'a a escassez dos recuisos com que contavamos, pois partimos de zero, apenas com o valor do eiforço abnegado de nossa nunca aisás chorada companh*iia Assim, pouco a pouco, es- távamos dando uma leiçlo pratica í leslizatSo de um projecto que se aos aSgusa digno de lodo n applau‘0, Rai&ea divesses influiram para que essa nossa iniciativa devesse ser interrompida. Nío vem ao caso, pordm. rememoral-as, pola nüo é nosso intento, neste memento, ^iscutir aquelle sssurnpto, e, quanto á creaç&o da Universidade Fe- miaina ella ló pode merecer a nossa saaia eolhusiastíca solidarieda- de. Ha, poi^ffl, na cilada chroaíca do brilhante jornaliila, uesaa fm- tes que precisamoa contestar, orgio Irgilimo que semoa da imprensa íemioina brasileisa, posto sempre ao serviço doa interesses femininos. Assim se exprime o chronista :

«A brasileira está longe ainda de ser uma mulher de espirito culto, habituada a ler e eompichender os poelaa e romancistas na- cionaes fa maioria dos quaea lhe é mesmo inteiramenle desconheci- da), o eonh-cr, dc litcrslura e arte, o pouco que se lhe propor- cione, tumul-uerieiaenlr. airavds dos senienaries iilutirsdos e dos ro- mances essucaiades de Escrich, de Ohnel. de nlo sei ouenlos ceve- lheíros que escteviem cocn a penna molhada ein agua de raelissa, e que lento msl l£as feito £s almas tomanitces des sues leitoras,

Hs ainda a notar a influencia estrangeira sobre uma boa parle dis nossas senhorilai».

E narra, em seguida, que lendo offerecido a umn de nossas p>- iriciss 0 livro de Lobato, ló por ler nacional ella deiprezata, affir- msndn-lhe que lia fiincez.

Evidenlemenle ha uma injustiça ou um desconhecimento do es- pirito feminino brasileiro de Aoje. nequelle affirsneçèo: A brasileira estd longe orVido de ser uma mulher de espírito culto . . .

Como julgar o espiiito de uma n>;lio, seja o maseulina ou o lemínino i Pelas unidades que se deslecsm. Nii julgamos da cul- tura franceza. iogleza, ou alteman, ou qualquer outra, pelo numero de seus escriplorcs, de seus atlirtes, de seus homens de icieneia. Ora si pesarmos aquelles valores quanto á brasileira de hoje verilí- caremos que te pode afflrmar, sem medo de errar, que a brasileira de hoje i jé um espiiilo culto, habilueda a ler e a compreAender os lomincislea nacionaei (ellei nso são tentos e lào complicados), e que em nada est£ a dever is sues ítmaoi de outros conlinentes, E’ ,i grande o numero de poetisas, de romanciilei, de conledorai, de Imulhcres que se dedicam is bcllas-arlea no Brasil, e a julgar pelo que dizem -ca demais chroniilas, que tanto elogiam luaa obrai, elías devem merccrr um lugar de destaque no computo de nossos valores intcllrctuars. E a Irgiio, a verdadeira legiio de mulheres que an- nualmente saem de nossas escolas complsmenlarrs, e de todas as es- colas normaes do Brasil, rom apreciava! cultura? Sio milhares. £ a inflnidtd' de collvg-os necionees e exlrangeiros, que leigos e irmana de caiidide espalham pelo Brasil, e que vivem com suas lolaçòea txgolladts ? E as medicas, ti advogadas, as engenheiras, a grande quantidade de cicurgiana. dentistas? E as pharmaceuticas, ai «cruz vermelha*, aa obitetricaa? E aa classea coisjcnerriars, oa rursoí de dscldographia, de ingiez, de francez, de methrmatícai e de eonlabí- lidade. que fireparem lenherai, aos milhares, para oa serviços bancá- rios e de commrrcio? Nio v£ o chtoniila, hoje em dia, em Iodos as bancor, em Iodas as casas de commercio, nas contadorias das estradas de ferso, esaaa ebelhsa grecíoiaa com teu aventelzinho de Itebalho, seu lapit activo, leu olhas inielligente, seus ouvidos alerta a (omat nolit, lachygiaphicts, a redigir coitcspendeDcias em tres eu

quelro Itnguet, com uma cultura que. infeliznenle. os •Imofedinha* que fazem e curso dos Gymnisiot, pare os btchaielados giiDpenlo* muitas verea nlo lím ? Ji fez uma rtlalislica de todo e>se collosto feminino que está surgindo? Tudo aquillo nlo teprcamla cultuia >

Ullimanrnte, ainda, entravam em concurio duas senhotiiss bra- sileiras. Uma dellas apresenlou-se a um cooiuiso do Mroislerio do Exteror, concurso diflicilíaio. no qual além do íngiez, do francez e do allasalo, des raalhematicas, e de outras maleriis, enlreva o Di- rriio. Ouira. a teohoriia Luiz, eoncerria t uma prova eguslmeole difficil, a de tecrelaiío do Museu Necional. Nesses concursos ins- creverem-se muitos reprerenlentes da rullura masculina . . . bachate* lados pelss nosrss Faculdadat ... E estes dutt coiajotes mocinhas bateram a nossa llo empavezada cuUuia masculina e foram claitifi- cadss em primeiro lugar, e logo nomeadas f

Evcepçõei, dirl o cheniila, Nlo, nlo, nlo slo excepç&cs, EzcepçPes slo unidtdes. e, mesmo tem contar aa que mais te des- tacam. ha esses tnilhares de milhares de eepiritos femininos que an- nualmente te diplomam em Iodas aa etcolat, oflicinat, e que numn populsçio de anilphabeloa masculinos — come vivem a a,->regoat es jornaes cantam já por um coeflicente alto, muito alto mesmo, na somma dos valores cultuares di nossv lerre. Só 5. Peulo e Rio com luet escolas normaes fornecem, anoualmrnle. elguns milheres,

Mas ha ahi pelo serllo, pelo nosso interminável Interland, em contraposiçlo, centenas de milhares de mulheres sem insliucçlo Nio o negamos, mas em compenseçla ha outras centenas de lailheres de enalphabelot do sexo opposlo . , . E ninguém vee julger do grau de cubure de um povo pelos habitantes de seu remoto inieiland. A franceze, por exemplo, que sempre serve de exemplo ao nosso ecier- vsnle e dittorinte inímelirmo. Enconlia-te o typo da mulher freoce- za de cultura em Paris, em algumas grandes cidades ftancezis. Mas loaismos uma campeneze de França e mettarool-a em contacto com uma de nossai caipiras da Cotia — que tem a especialidade de pro- duzir caipiras tui-genetis —, oii com uma de neiiss mnlules do Crerá ; — sues cuburas aqitivalem-se.

E sos que nio conhecem o ialeriar da Fiança nlo i diflicil constatar erre fsclo tomando aa acaso os humorisles frmaceres, qua desde logv nns seus cemmenlarios á vida nscionsl. se incucabirlo da prorar-ihe que nem ledas as francezsi slo Saiih Brrnhirdi I

Qusnio AO fado de uma seahorila — um caso iio^a.do, que nunca pode prover ume geaerelissçio — ter dito que nio lia es et- criptores nscionses. ha, infelizmenle, esse typo ridiculo, sbomínavel, e nunca assfs castigado da brssileirinha que se aboneeou com elguns mszes de má Fiiiopa, e que chege queti a aenlir-se infeliz de ler nascido no Btat-I I... Hs. Mas he quem o devemos ? Aes chre- nisies da imprensa diaria, e aos mocinhos fatuos que lhes elogiem aa exaggcroi. Porque si todos siót lhes dessemos em cima, e rabansdaa n valrr, ellss dariam pela sua fulice, pela teu ridiculo. e começariam a comprehender que só ha uma nobreza que eleva e dignifica : i n nobreza que nasce do amor e do respeito ás Iradiçles de auarsçe... Copiar, imitar é raconhecer-se se-n raça, sem patria, lem femilíe, sem cesa... Mas isto ninguém lhes diz, e oi chionislat acompanham coa o ralaplan de gelliclsmoi torpes et meneiot de quadris com que AS noisAS «Pie iosat* se desnslgsm em daoias obscenis.

Quem lá os nossos poetas nio slo, srguramrnte. ei homens, por que. poucos e reroí, slo os que vio e uma livraria id4uiiir um li- vro de verso*. Slo ai mulheres que lhes extoliare asediçles. Quan- to aos romanciilsi. perguolataot ao ehronists; Qu*nl«t lemos ? Qua- tro ou cinco, alguns efemeros. Seriam de •eontelhat a senhoras? Por certo que o proptio chioniile ficaria perplexo ti lirttse que respon- der s esta pergunta, parque o remance que fabiiciiaot sobre Mr co- pia má e icnperfeita do romance francez, tem-se filiado em sua maio- ria a um naturaliimo que se nlo pode eeonst.lhar, e menos p-opa- gar . .. Eis ahi porque nio os leem roaiar numero de senhoras. Ntt outras lilteratures, digamos a fresiceze per exemplo, em que sbun- dam os romancistas, ha os que fazem o romance «branco*, digamol- o assias, que se pode dar a ler a uma seahorila, ao me-roo tempo, que outros exercitam Ioda s gamaa de seaiaçlet, mesmo as mais biutaea, para et demais paladates. Aqui lemol-ot exiguor, e pouco rccommeadaveit ás senhoras, E' melhor que nlo os leiam, ainda que passem pela iajuiliçt de serem mil apteciidai no que se refere á tua cultura ...

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SÜS gã!lP!P2!lS

No céu nebuloso, negro como «m manto de luto, duas longiquas projecções de luz estonteante reflectiram rapidat as cabelleiras brancas, invertidas, como erradios astros que, desprehendidos das alturas, quizessem ele- var-se, de novo, pelo espaço sideral.

As caudas dos suppostos cometas encontraram-se, e na sombra da noite, o luminoso angulo destacou em seu vertice, com resplendor fatídico, uma agtiia que, surpre- hendida no seu esconderijo, ergueu-se celere até quasi converter-se em minusculo passaro ... Eta um audaz aeroplano que expiorava os ares.

Não foi longo 0 seu vdo, parecendo engastado na iuz. De pronipto, a estridente descarga de uma metra- lhadora Invisivel rompeu o silencio da trégua: a agu‘a vaclllou um instante e, em um supremo esforço, escapou da luz, perdendo-se n-i sombra.

A’ primeira descarga succederam-se outra e outra e outras mais. A (erra trepidou angustiada. De suas en- tranhas que se fendiam em convulsivo parto, compactas massas de homens, possuidos de um louco furor, sur- giram e cahlram aobre os inimigos, que haviam tentado uma honivel surpreza ... Foi um contacto que talvez durasse horas, que talvez levasse poucos minutos.

Perde se a noção do tempo quando em um só se- gundo, se esconde, ãs vezes, toda uma eternidade.

O certo é que tudo passa: os inimigos desapparece- ram, outra vez, debaixo da terra e sómente, como triste lembrança do renconlro, uns quantos cadaveres de um e d’outro partido se abraçavam sobre o solo numa iro- nia paradoxal.

II A enfermeira enconlrou-se só entre os cadaveres.

Foi ferida por attender aos feridos e tombou, sem sen- tidos, nos braços de um morto. Ao despertar do aeu

desmaio, quiz voltar para junto dos seus. Mas, onde estariam elles? A terra os havia tragado.

Pôz-se em pé, passeiou a vista em redor, e esteve a ponto de apavorar-se. Nelia, porém, não cabia o medo. Não estava na guerra por sua vontade inque- brantavel, como tantas outras irmans suas, que tudo ha- viam abandonado para servir a Patria?

Recolheu do solo a sua maleta de primeiros curati- vos e, desorientada, andou largo espaço de tempo. A sua Bgura gentil deslisava silenciosa pelas brenhas como uma sombra mais por entre as sombras da noite, Eis que, de súbito, não longe, dlstinguiu algo que se movia e se approximava. Una arvore? Uma sentínetla? Al- guns dos seus, quem sabe? Caminhou cheia de emo- ção .. .

Um homem, um inimigo, a julgar pelo seu traje, adiantou-se, devagar, para a enfermeira, que com toda a serenidade do seu temperamento e toda a tranquilia con- Rança da sua consciência, mirou-u impertubavel; era um homem ainda joven, de distinctos ademanes, ensanguen- tado .. . Csmbaleava.

Ella não vacillou. Sem lhe fsllar, sosteve-o nos braços; percebeu-ihe as pernas tremulas e fel-e sentar- se na tetra. Abriu a sua maleta ... O soldado rece- bera um balaço mais grave em um musculo; outro no peito e outro, superficial, na fronte.

Pensou-lhe as feridas como a um irmão, sem se lembrar de que também estava ferida. Elle sorriu, agra- decido, e a uma humilde pergunta, deu carinhosa res- posta. As palavras assomaram aos lábios (imidos, a principio, espontâneas, e francas depois. Durante algu- mas horas os Inimigos esqueceram-se de que o eram, esperando a volta do dia para que o recordassem.

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0 ferido fallou com o coraçáo na mâo. No seu en- tender, ambos nào eram senão um homem ferido e uma Santa mulher que o soccorr^a, Que Importavam as diffe- renças de Patria nos humbtaes da morte?

A enfermeira ouvia-o em silencio, sem se atrever a responder.

— O dever exfgiu de mim.um sacrTficSo. Tinha de explorar os ares em defeza dos nossos soldados. Mas, nem elles, nem eu podíamos vir com odios e rancores; não éramos nós que matavamos: foi a Nação. Sáo as nações, não os seus Blhos, quem faz a guerra; nós os homens, nada miis somos do que o instrumento de um Estado, uma machina manejada por esse Estado. E um soldado náo póde ser mais responsável do que um ca- nhão. Canliões e homens somos somente os algarismos de um problema proposto pelos que pessoalmente pouco expõem. Porque havería eu jinials de aborrecel-a só em pensar que nasceu debaixo d’outro céu? Porque haveria de aboirecer-me só porque nascí em outra terra ?

Eu nâo sou sinão um filho a quem noutra campa- nha deixaram sem pae, um irmão que, nesta, já muitos •outros perdeu ... A senhora mesma, teri também paes, irmãos, talvez, um esposo ... E, como os meus, esta- rão á mercê desta guerra, que elles, como eu, nào de- sejavam . ..

Que é que, individualmente, ganha alguém com de- clarar sua nação guerra a outra ? Vencedora ou vencida

•faí nação nâo verá voltar dos tumulos os seus mortos Nos olhos da enfermeira brilhou uma lagrima. — Meu pae e meus irmãos morreram nesta guerra,

emquanto que eu, cumprindo o meu dever para com a Patria, curava os feridos, sem distinguir patrias . ..

Foi eile então que lhe volveu o olhar compadecido. — Quer que a conduza onde estão os seus — per-

guntou, commovido. — Mas, seria capaz de por mim?... — Si lhe devo a vida, minha vida é sua. — Náo, nâo; seria condemnal-o á morte, e eu vivo

de salvar vidas. Nâo. Vá-se embora. Deixe-me! — Para que venham os meus e seja a senhora por

mim condemnada? Não. A fronteira está a dois pas- sos. e além, do outro lado estão os neutros. Quer con- sentir que a leve alé á fronteira?

III Quiz. Por entre as ultimas sombras da noite, ele-

vou-se 0 aeroplano conduzindo, como carga preciosa, a enfermeira inimiga. O piloto só se preoccupava de su- bir ao mais alto, lá onde o ar se rarefaz e se esfria, lá onde só as aguias vivem.

— Como estamos longe da terra, — murmurou em extase a enfermeira.

— Sim, muito longe, muito acima das suas misé- rias e de suas dôres... — respondeu elle emocionado.

Callaram-se por alguns instantes. Amanhecia. So- bre a terra, abaixo, das nuvens, surgia o sol; voltassem a arrastar-se lá, pela crosta do misero planeta, alé aca- barem devorando-se uns aos outros-

— Subimos mais, mais ?... — Ah I antes nunca mais descessemos! .. . Desceram I... O motor parou bruscamente, e desceram rapida-

mente, mui rapidamente. A aguia, qual passaro morto, cahiu pesadamente sobre o mundo insaclavel, que o at- Irahia, reclamando a sua presa.

Miguel de Zárraga.

VB lU j ^

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agonia do silencio

(Ristoria de um cão fiel)

. , Um pass4Ío p«ío Íago . . .

<!e candla com

O mundo consistia para LeSo no estrdlo Iimile dos muros da cliacara. Feira d'alli liavia um certo numero de leeuas de terra e um numero ignorado de pessoa-. As lé- guas, porém, nâo llie despertavam interesse algum, exceplo si saliia a passeio com n seu dono. As pessoas eram-lnc suinmameule anlipathicas porque o aboorreciam com pau- cadinlias iia barriga ou puxõesiuhos de orellia.-coiisasque semi^re detestou.

LeSo era um ctcltorro e^cez, cor manchas brancas, pesando mais de trinta kilos, de peito largo, agil e valente, apezar de ler os oUios mais doces e formosos de toda a raça canina. A sua genea- logia era tilo remota quanto a de um Romanoff, e sua alma pura como o seti coijro.

Havia nascido, vivido c edu- cado naquella chacara, da qual se julgava doiio pelas muitas vezes que a.ssegurára a sua posse, desde a entrada até ao lago, desde o lago á casa, e nesta desde os po- rões ao solaõ, cont a mais am- pla liberdade de percorrel-a toda inteira.

Alli era o seu mundo. Como os habitantes de todos

os mundos lêra uma divindade. Leão lambem tiulia a sua; sou amo.

Para melhor dizer. Leão ti- nha duas divindades: o amo e a senhora.

Forte de alma como era, o cavalhei- rismo cm pessoa, tendo uma dona adorá- vel, não duvidou collocal-a muito acima do amo no altar de suas devoções caninas.

Nas immediações da chacara liavia mais habitantes, pçssôas iwra as qiiaes um ca- chorro deve ser corlez. Frequentemente, ap- pareciam convidados que o obrigavam a guardar as sagradas leis da iinspitalidade, que lhe ensinaram desde pcqnimno, Su)>- portava-lhes as impertinências, fazendo-lhes mesmo festas e beijando-lhes as mãos. Mas, assim que passavam os primeiros momen- tos da etiqueta, recolliia-se ao silencio, ras- pamin-se ila presença e da vista dos ex- tranlios.

De todos os cachorros cjue habitavam aquella chacara só Leão linha liberdade absoluta de acção para andar por casa, tan- to de dia como de noite.

Si era um gosto vcl-o alegre com o dono, imagine-se 0 qiie não era com a senhora! Brincava a cada momento; punha-sc de rojo no soalho e, subtil, ia de rastos até os pés delia como si os quizesse morder,-travessuras retribuí- das com carinho pela ama; - comportava-se, porem, sem-

pre com a maxima distineção. Para os demais, era cmnpíe- lamcnte inaccessivel, lembiando-se da sua estirpe anstncra- tica; iiiaiiliiiha-se, ã distancia, nioveiulo-sc entre os seus súbditos com dignidade e altivez. ' ■ Nunca, ate então, vira a doce rotina da casa inleiTOm- phla; nem siqipoz qtic tal jindesse acontecer. Mas, o Hor- ror, esse monstro pertmbailor fdicWnde luiniana, eiiiba- raftislou, de repente, pela porta a dentro, lançando f-cáo em iim mar de contusões. Foi em um tempestuoso dia de Oiiüibro. , „

Sua ama qniz passear no lago em uma fragil canoa, e Leão nâo podia dcixal-a só, tomando logar á prõa, em um montão de pelles. r An regressar, a poucas braças da margem, a jwquena embarcação .abalronu com nm enorme toro de madeira siib- mergiiuio, an mesmo tempo que uma forte rajada de vento, aiianliando a canoa, fazia-a sossobrar.

Nâo ta-dnti o cão a flnctuar, ejo sen primeiro cuidado- foi procuiar sna ama adorada para divertir-se naquelle novo brinquedo que cila inveiitái-a.. Brinquedo ! não-.pen-

sou Leão - vendo logo a gravidade do caso. Este negocio é mui to sério, e me põe em apuros. A ama ia para o íim- do, embaraçada jiclo véo, pelo peso do- casaco e das roupas molhadas. Para cila nadou com lal impulso que lhe pôde vèr ainda os liombros e a metade dn. corpo fóra d'agua. Em um segundo se approximou delia e colhen-a entre os dentes pela golla do casaco.

A senhora teve bastante presença de se deixar arrastar como corpo flncu- ante, assim dimi- nuindo os exforços. de Leão. Conimdo, não avançavam mui- to. E apos curta le- fIexão, agarrou-se ella ao pellode Leão, tomando-se lesa, ri- gida, 0 que permit- tiu que 0 seu salva- dor a soltasse dos. dentes, alcançando em breve a margem.

Não tinha limites 0 cniitentantenlo de I.eão, seiilindo-se or- gulhoso de >uâ fa- çanha, grati^imo ás caríciase elogios dos amos, qne soa- vam aos seus ouvi- dos como harpejos mtisicaes de iminíta doçura. Embora de

espirito para

,., Enlie es den- tes obaceonheu o pulso do negio . . .

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uma maneira vaga, comprehendeii que havia-praticado al- gum feito maravilhoso e que por isso os moradores da- quellas bandas detle falavam c queriam acaricial-o.

Nâo pôde, por muito tempo, tolerar os mimos de que era alvo, pelo que já enfarado, retirou-se para o seu logar favorito, embaixo do piano, vendo dalli que a casa logo socegou, parecendo terminado o incidente, que aliás, não havia começado ainda, pois, dentro de algumas horas sua ama se queixava de dores, e o medico declarou tratar-se de uma pneumonia.

Um véo de tristeza cresceu sobre aquelia vivenda,- tris- teza Gue Leão não podia comprehender. Como de costu- me, chegada a hora do almoço, subiu aos aposentos da ama, para escoltal-a até a sala de jantar, ficando muito sur- prehendido que após successivos arranhões na porta sahis- se, em vez da ama, o senhor que lhe ordenou ir-se embora!

Pelo tom da voz compa-tiendeu Leão que qualquer coisa de terrivel acontecia, e muito mais quando sua ama não se apresentou á mesa e lhe prohibiram subir aos seus aposentos, pela primeira vez em sua vida de ca- chorro

J^aquclla noite visitou a casa um cavalheiro extra- n h 0 á familia, com quem o amo SC encerrou na alcova. Leão pre- tendeu metter-sc- Ihes pelo vão das Eas e escapu_

;paraoquar' to; mas, o amo não lh'o consen- tiu, obrigando-o a voltar e fechan- do a porta.

Só um recurso lhe restava, c foi o de esperar ac- cordado diante da porta, ouvin- do ã murmura conversação que havia la denlro. Um vez sómenfe chegou-lhe aos ouvidos a voz de sua ama, mas, tão mudada e confusa que nial pôde reconhecel-a... E moveu a cauda esperançado de que lhe abrissem a porta, sem se atrever a chamar.

O doutor qnasi vae ao chão tropeçando no cachoiro. Como dono que era de um cachorro, nlo se incommodou com 0 caso, comprehendetido o que aquillo significava. Mas, logo lembrou-se de alguma coisa, e emquanto descia a escada, aconselhou n dono da casa a que afastasse jiaia o mais longe possível todos os cães da chacara, porque la- dravam desesperadameníe ao sentiiem o ruidn de sua car- ruagem... E a alcova uao devia chegar ruído algum.

O amo volveu os olhos para as escadas e viu que Leão permanecia rente á porta do quarto, extendido a todo o eomprinienio, como a interceptar o passo a qualquer in- truso. Aquelia attitiide do animal commoveu-o.

- Eiivial-os-ei para longe, para 0 mais distante possí- vel, de modo que os seus latidos não incommodem,-me- nos o Leão.

— E porque nâo o I.eâo ? — inqiieriu o medico. - Porque tenho a certeza de que permanecerá calado

si eu lh'o ordenar. Elle e eu havemos ae passar juntos esta tormenta.

Todas aquellas intermináveis noites castigadas pela ven- tania desencadeada, Leão permanecia junto á porta, - foci- nho entre as patas, os olhos tristonhos abertos, orelhas aler- ta para receber o menor niido... Assim o encontrava seu

todas as manhãs quando cabeceando de somno dei-

xava a cabeceira da enferma; e alli o encontrava o medi- co em suas visitas; - submisso, calado como lh'o ordená- ra 0 amo.

Leão comprehendeu a imporiancia do seu silencio: - porque Leão tudo comprehendia.

Não devia ladrar; não devia fazer ruído forte: o que iiào ihe prohibiram, porém, foi o rosnar muito baixinho, como signal de aversão pela enfermeira toda a vez que elia lhe passava por cima, mirando-o com o rabo dos olhos, e protestando contra aqiielle estorvo que, mais de uma vez, qiiasi a derrubou. Aquelie rosnar baixinho craounico con- solo de Leão.

Um dia, portm, o amo o chamou com carinho c o pôz fóra da casa... Sem duvida que um cachorrâo de mais de trinta kilns de peso, espairamado á porta de uma alco- va que guarda um eiifcimo cm estado grave, não deixa de ser um giande inconvuiiuite.

A tudo eslava disposto Leão, meuos a que 0 tirassem do posto de porteiro de sua :ina; e tres minutos depois

encontrandomeio de burlar a or- dem do amo, vol- tou, escondido, pé ante pé, a pôr- se diante da por- ta, com a cabe- ça entre as patas dianteiras^

O doutor via- se'obrigado a sal- tar poríTcinia de Leão nas tres vi- sitas á enferma. A enfermeira pas- sava vinte vezes por dia e sem- pre com a mes- ma indignaçâo.O amo sania c en- trava, dirigindo- lhe, de quando em quando, al- gumas palavras carinhosas por vel-o triste, sem prejuizo d e le- val-o,uma ou ou- tra vez, para sa- tisfazer á enfer- meira. Leão, to- davia, agradecia as carícias e não

tomava eni consivieração as offeiisas, encontrando, sempre algum carinho expedito para se introduzir na casa e pos- tar-se á porta da ama.

Niinea que se abrisse a porta estava dormindo. Pelo contrario, nâo perdia vasa de procurar entrar no quarto, sem se importar com vêr fracassada mais tima tentativa.

Si ao entrar ou sahir, por acaso, lhe pisavam, soffriaa dôr cm silencio, sem exhalar uma queixa: o amo lhe ha- via ordenado Caluda I E Leão obedecia. Assim se passavam os dias terríveis e as infinitameiite peiores noites.S(Slfc■ •

Leão nân comia, não bebia, nenhum exercício fazia. Debaicie, appareciam dias gloriosos; os coelhos podiam correr á vontade por todas as partes da chacara e egual- mente as serelepes ás quaes tinha Leão declarado guerra sem tréguas:- a sua grande ambição era apanhar um d’elles. Para elle nada disso existia mais, nada mais o alegrava; o seu intimo estava cheio de odio contra algg desconhecido que lhe fechava a porta de sua ama, a cujo lado queria estar para resgiiardal-a do perigo que a assediava. Por isso, permanecia na porta, e esperava.

Entretanto, no interior da alcova travava-se uma terri- vel batalha entre a morte e o napolconeo homem desco- nhecido pela vida üaqiiella ainda graciosa Figura branca{ na grande cama alva. ^

Uma noite não appareceu*o medico, e pela manhan, sahiu 0 amo da aIco\’a para deixar-se cahir pesadamente

— Lfào, mtu fiel Leão I ‘Pogarde-tl carinho por earli ho.

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sobre iinia iinltroiia, apertando a cabeça nas mJos e solu- çando .. . Leüo abandonou sen posto diante da porta, e cambaleando, pela debilidade da fome, cliegou-sc junto d’elle, rosnando siiavemente ... l.evou a cabeça mansamente so- bre os seus joellios, a bocea enorme tocando-lhe timida- mente as mãos... No mesmo instante levanton-se o amo c dirigin-se d.e novo, para o quarto da enferma, deixando Leão nas trevas, estonteado, escutando c esperando.

Até que um dia vein uma manhan radiosa e o medico saliiu da alcova com ares de conquistador: pareceu até a Leão que a enfermeira ao llie passar por cima tambeui sor- ria. (3 amo saliiu, por sua ve<c e mirou-o mais alegre do que nunca, voltando iinmediatamente para o quarto.

Numa intensa cspectação, ouviu I.eão subtis cochilose, com prazer indizivel, onvin, dè novo .iquella voz qne Itie era tão grata, muito debil, embora não tão velada e exlra- nha como dias antes, qne tanto temor lhe cansara. Foi para elle nma deliciosa snrprezji aqiiella voz dizer-lhe; “En- tra, Leão, meu fiel Ixão, que ]á é tempo-. Em um salto aciiou-Sf elle no meio d.i alcova.

Leão teve ímpetos de proromper em latidos estenlo- reos, aipazes dc ensurdecer a quantos se achavam alli reu- nidos, mas o amo se antecipou com mu Caluda! e Leão conteve a explosão do seu desejo, não sem qne lhe enstasse nm terrível esforço de vontade. Tão suavemente como pôde, foi-se approxiinando da cama da doente, que imii- to branca, innito magra, muito fraca, sorria-llie, com 1) braço esquerdo fora das cobertas, csperaii- do-o para o acariciar, repelindo em voz doce: “I.eào, inen fiel Leão. Hei de |iagar-le carinho por carinho*.

Nada mais dis.se; mas bastava- lhe experimentar as carícias daqucUa que tanto amava e por qnem tanto soffrera naqtielles dias. Entretanto, o amo fallava á esposa ila dedteação de I.eão qne teimara cm não se afas- tar da porta, nem i^ara comer. E Leão escutava, não as palavras de elogio, mas as interrupções que amiiido fa- zia a ama querida, com um calefrio de coiitenlameiun correr-lhe da ca- beça ã cauda.

Liietou. de novo, o animal con- tra si mesmo jiara conter o raivoso desejo qne o animava de ladrar á vontade; mas já lhe haviam dito que aquelle não era togar jiroprio para fazer baruliio, e conteve-se. Outra coisa mais comprehendeu; que 0 perigo havia passado, que sua ama vivia, e era o bastante, accommettendo-o o descio de divulgal-n com ruí- dos selvagens de irresistível impulso. Ouviu, então, que seu amo lhe dizia:

-"Vac-te já, I.eão. H pódes voltar, de quando em quando, sem fazer rnido".

Leão cncaminlion-se ]5ara fóra da alcova e também da casa, a (lasso grave, a ]irincipio, como louco, depois. Só um forte aecesso de loucura o podería excusar os seus actos d'a!li ]5or diante, actos impróprios de um cacliorro de pura raça, educado nos rigores do bom tom. Nunca, an- teriormente, em toda a sua impenetrável vida aristocratica procedera como naqnelle dia.

- A ama está viva ! O horror foi afugentado! - pare- cia exhalar de lodo o seu corpo em alegres coutorsões:-a reação se impôz de súbito, sentindo Lcâb a necessidade de expaudir-se loiicainentc,

A Bichinha, a cynica e vaidosa gata |5reta, jwsseiava, muito distrahida pelã verde esplanada diante da casa, quan- do Leão appareceu uo jardim. Nunca Leão a mirava siiião com fria lolerancia e marcada iudifferença; mas, uaquelle momento, lançou-se para o lado delia com rancor, com furia de tempestade desenfreada. A gata, cm audaciosa dc- feza, arranhou-llte o nariz com desusada virulência, sem, comtudo, deixar de fugir, encarapitando-se numa arvore, bufando e miando. com a cauda tal qual um limpa-tubos.

Vendo I.eão que a Sichinha havia recorrido a um expediente pouco sportivo, enearapilaiido-se lá onde elle não podia cliegar, preservou-se de ameaçal-a com latidos que talvez clicgassem aos ouvidos do amo, que o aceusaria de falta de respeito á sua ordem; Calada!

Resolveu, portanto, ir para o curral, e percebendo que a porteira estava cerrada, lá entrou, como um furacão, acossando quanto bicho vivente encontrou, sem se impor- tar com os gritos do camarada zelador.

A’ sahida do curral esbarraram seus olhos na vacea vermelha, a pastar, amarrada não muito distante d’a!li. Ha ninilo que se conheciam os dois animaes. Ella estava na chacara muito antes que Leão tivesse nascido. Naqnelle dia, porém. Leão uão estava ]wra reconhecer direito algum, não se lhe.davam antigas amiz.-ides. Atraves.sou o campo como uma flexa, e atirou-se á vacea, deixaiido-a pateta com um ataque dc surpreza, tanto mais inopiiiado quanto é certo não ter sido jjrccedido neiilium latido; com o terror estampado em seus grandes e expressivos olhos, levantou a

vacea vermelha a cauda e dispoz-se a fugir com quanta velocidade lhe permittissem as suas quatro extremidades: mas, estando amarrada, só pôde correr em redor de um circulo pequeno e atraz d’ella Leão, até que o jardineiro acudisse com a mais convin-

cente das razões; nm grosso ca- cete, com 0 qual não julgou Leão opportuno tomar conliccimenlo.

* • • Nem por isso se aquietou Leão

que aliás, fez uma figa, lá a seu modo, ao jardineiro e seu cacete, metteiido-se, comtudo, por pre- caução, em casa, onde o jardinei- ro uão tinha entrada, dingindo- sc para a cozinha.

Alli se lhe deparou uma as- sadeira uo ponto de ir para o forno, c delta tirou uma iierna de carneiro, ]5or entre os gritos descompassados da cozinlieira, e

ue ameaçando-o com a colher e pán, corria a bom correr, sus-

tida pelas gambias gordalhudas. Os lamentos da mulher, ou

melhor a influencia do silencio imposto pelo amo, fez que Leão delia SC compadecesse e, a meio do campo, abandonasse a carne.

Naqnelle momento, passava um ca^'allo velho, cansado, arrastando uma carrocinlia de comestíveis que ia para a chaoira, c Leão não achou melhor substituto do boceado que acabava de perder do que a pata Iraz.eira do buce])ha- lo,-presa que teve de soltar, immcdiatamente, em razão do coice de protesto do bruto. Aos ben'os e mostras de ag- gressão por parle de quem guiava o \’elnculo, contra elle arremelteu Leão, logrando aboccaniiar a manta que scr\’ia de assento ao liomem no varal da carrocinlia e dar cornos dois cm terra.

Manta na bocea, correu Leão para urna bonita capoci- tinha, logo adiante, perseguido de perto pelo c.arroceiro, a praguejar ante a impossibilidade de alcançar o cachorro c dar-lhe uma surra de escadia.

Leão continuava a correr, zombando do perseguidor, e tendo na idéa uma partida mais, a pregar-llie, menos por má intenção do que por troça. Cliegado á capoeira alli deixou, no meio dc uns gragoatás es|iinhcntos a manta e, muito socegado passou d'oiitra banda deixando do outro lado 0 carroceiro trincando os dentes ile raiva.

Uma vez em segurança, cansado, voltou para a chaca- ra, desistindo de continuar as traves.suras. Mas,-iamos di- zer 0 homem põe e Deus dispõe, -- não: - Leão peiisára nma coisa e ella sahiu-lhe outra... Pouco depois do portão da entrada, a seus olhos se lhe deparou um obstáculo de- testável á sua passagem: extendida ao sol eslava um ob- jecto que lhe era muito familiar, pelas veza que o viupor cima de seu corpo naqiiella dias de martyrio, de agonian- te Kpera á porta do quarto da ama querida: o branco tra- je da enfermeira, a que Leão fez um rasgado comprimento.

Num abrir e fechar d'olhos, fez-se dono do unifonne, desmanchando a tersa su|5crfide engommada com tra boas unhadas. Em menos de meio minuto, jazia elle sobre o charco negit) proximo do lago; e era de vêr como Leão se espojava naquella rouj)a que tinlia sido brana.

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REVISTA fEMlNINA

- Como cliaclio não pensei até agora nos coellios e nos préos meus etemos iiiimigos?-nâo podia comprelien- del-o; e querendo aproveitar o tempo perdido, dirigiii-M para o cerrado a toda pressa, sentindo-se idiotamente, cri- minosamente feliz com o acontecido.

Durante todo o dia não cessaram de_ chegar queixas sobre a condueta incomprehensivel de Leão: - Leão oue- brou as gairafas de leite; Leão espantara a vacea vennellia; Leão mordeu a pata do cavallo da carroça dos comestíveis; Leão siirru|iioii uma perna de carneiro que estava na as- sedeira paia o jantar do dia; Leão espatifara o uniforme da enfermeira; Leão fez isto, Leão fez aquillo!... Como si Leão fosse a única p*asoa importante da casa, da família, d’aquellas bandas, do mundo inteiro!

E a todas aquellas queixas respondia o bom senhor o mesmo:

- Deixem-n'o. Leão e eu sahimos hoje do inferno.., Elle está fazendo o que eu não tenho coragem de fazer.

Até ao anoitecer, não entrou Leão em casa: vinha fatigado, e já refeito do acces- so de loucura, mostrando-se o cachorro a- ristocrata de sempre, — conquanto não lhe pesasse na mente um til sequer de remor- so. sem o mais leve signal de envergonlia- do pelo que praticára.

Sua alha eslava salva; e si a loucura lhe passara, não a alegria que inundava a sua alma cachorral. h foi com ella que dormiu em seu pouso favorito; debaixo do piano.

Era costume de Leão acompanhar, to- das as noites o criado encarregado de fe- char as portas da chacara; mas, iiaqnella noite, foi tal o sonmo que delle se apode- rou que nciii viu passar o criado, ncin ou- viu os riiidos das porias e jancllas que se tcchavam. E’ que Leão, andava aquclla ho- ra, pelas vastas florestas de Mcinilieu cor- rendo atcgremeiUe atraz dos coelhos e ou- tros bichos do que fez larga presa...

Mas, nem bem despertou, lembrou-se do devet que tlie corria de guarda da ca- sa; e, dc muito longe, chegaram-lhe aos agudos ouvidos os cautellosos passos de um homem; algueui havia escala- do 0 muro e cnizava obliquamciUe o gramado em direcção á viver.da.

Nenlium ser luiiuaiio feria podido ouvir o teniie niidn; só o presemiria mu previsor ouvido canino.

Si os outros companheiros dc Leão estivessem na clia- cara, qiie escandalo não havería! O faro c o ouvido te!-os- iam denunciado a extranhos.

Leão estava impossibilitado do mais leve rosnar siquer, estando, como estava, dentro de casa; não, porém, de per- ceber a approximaçlo dos passos que o seu instincto lhe dizia serem de um indivíduo que receiava ser visto, pelo que tomava mil i)recauções.

Um rugido formidável, um Iremcndo latido de alarma chegou até á gaigaiua de Leão e alli morreu. A ordem se- vera de caluda I resoava aos seus ouvidos: nem mesmo durante as loucuras daquelle dia airevera-se Leão a romper 0 silencio que seu amo lhe impiizero. Contentou-sc cm le- vantar 0 pesado corpo sobre as patas trazeiras e escutar attentamente, cabeça baixa e orelfias em pé, arrastando-se por fim, até ao centro da sala, para junto dc uma janclla para melhor alvorar, ,

Os passos se approximavam: a areia rangia debaixo da sola de uns grossos sapatões: o homem soítara a grade da varanda e avançava tão cautcllosamcnte que mal se ou- viatii os seus ])assos miúdos.

Logo a seguir, ouviu-se o imperceptível roçar de ferro na fechadura da janella e esta que se entreabria... Leão verificou tratar-se de um negro com quem iião estava fa- miliarisado.

Após uma pausa, o negro saltou a janella. Um segun- do de hesitado... E sem dar-lhe tempo de respirar, Leão arremetteu contra o estranho por entre o negror das trevas; os trinta kilos dc carne canina cahiram sobre o peito do

negro, sem que o mais leve indicio o advertisse do perigo. Umas lufadas de ar queiilc clicgaVam á garganta do

negro, como procurando as jugulares... Um grito dc es- panto certificou que o cacliorro acenára... Coma sangue... Outro grito mais; l.eào apertava os agudos dentes ate en- conirar o osso do liombro direito do assaltante.

È’ costume de todos os cachorros da casta dc Leão accommetter com ruidoso ladrar quando as circumstancias os obrigam a saliir da calma liabiiual; mas o nosso lieróc não ladrava, pois lli’o havia prohibido o amo e era preci- so respcilal-o: cm silencio atacava. O eoludo I reso.iva-ilie nas trompas com a força necessária tiara olwiar se esque- cesse, mesmo em tão apertada conjuiiclura.

O negro, ao contrario, fazia ruido jior dois. Percebia- sc que não eslava acostumado ao conforto da casa nem á obediência do cachorro, e os seus gritos teriam dcs|>crtado as próprias múmias do Lgypto, si ellas por alli estivcs.scm.

Na aiicia de libertar-se do tenávc! animal, sallou para traz; mas, ]>crdenüo o equilíbrio, cahiu por terra, arrastando na queda uma mesa, pro- duzindo enorme barulho ao espatifar-se no soalho uma lampada.

Na duvida daqiiella horrenda appari- ção não fosse aigiim demoiiio, não cessa- va 0 negro o tenável alarido de morial pa- vor, em vez dc procurar descarlar-se do inimigo, daquelle monstro pclludn, qiic não podia distinguir na escuridão.

Sabia o negro que todos os cães d'a- qiiclla chacara liavi.am sido levados para muito longe d'allí, afim dc não imeiTom- [ler com os latidos o silencio imposto pe- 0 medico, por causa do grave estado de

saude da senhora. Lbi essa a razão que in- fluiu 110 espirito do inoportuno hospede a saltar o muro da chacara, a iiitroiuizir-sc na casa e lá fazer mão baixa no que en- contrasse, certo de não ser presentido.

Por isso aqtielle inesperado ataque to- mava cm seu espirito attrihiitado as pro- porções de coisa do outro mundo.

Quando cahiu. Leão sc lhe arrojou em cima; os seus dedos se eininaranharam iio basto jwllo do cão. Foi quando lhe desapparcceu o terror. Estava certo de que com o barulho causado pela queda da mesa e dolam- peão, como pelos gritos que sollára, não ficaria viv'alma sem despertar na chacara; - contava portanto, poder ainda fugir se se desembaraçasse dbquelle pavoroso estorvo, Por isso, cambaleando, mmi d.ido momento tentou ferir o ani- mal com a faca qnc empunhava nos crispados dedos.

Mas Leão, que tinha o seu quê da eslrategia do lobo, não permanecia em um só logar... Mordia doze vezes cm menos dc um segundo, eni mais dc dez partes distinctas do corpo da pessoa aggredida. Esta propriedade, inhereiitc aos cães da sua raça foi que o salvou; lic outro modo tc- ria perecido ás mãos do enfurecido negralhão. que iiãn ces- sava de atirar golpes que apanhavam o ar.

Um huildag ou um bullioiltr ao atacar um indivíduo, busca um ponto seguro, e quando aboccanlia não lia força humana que lhe abra a bocea; é mais facil cortar-se-lhc a cabeça do que obrigal-o a largar a jiresa, do que resulta estarem, um e outro, á mercê de quem. conservando um pouco de sangue frio, lhe busque o coração.

Leão não esperou que o negro lhe fosse á víscera vi- tal. Ao movimento do braço, o seu instincto animal de consen-açâo. fel-o laigar o hombro e agarrar-se ao pulso armado, conseguindo fazer cahir a faca ao solo, conquanto não pudesse evitar um pouco mais do que um arranhão na pcMe e ficar sem uma mccha dc pellos.

Isto acabou por enfurecel-o, e com a enorme bocea es- pumosa. abarcou com os dentes o pulso do negro, não a soltando emquanto não lhe arrancou as carnes deixando- lhe á mostra os ossos!

De novo, tombou o negro, luetando sempre para se desvencilliar do monstro. Assim, pouco a pouco, se viu pro- ximo da janella. Quando ia a saltar. Leão atirou-se-lhc ao pescoço e fincou-lhe os terríveis deiites'na nuca, fazendo-o

. £ lad'oa a phnoa puhòt» ceifo de fjue seu omo nàe o ouvhh

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PLViJ.A FL\..NiWA

^hir quasi sem senlid»s, no jardim. Contorcendo-se na desesperaçio da sua impotência, tentou o negro estrangular 0 feroz animal: este, porem, libertou-se das mios raivosas a .dentadas. ' Sem consciência já dos seus actos, procurou o malva- do por-se de ]5é e fugir, correndo atravez do campo. Mas, wfl) ja nâo era lun cachorro, trausformára-se em um lobo fam ulo. cégo pelo clieiro do sangue; a loucura picaresca do dia convertera-se em fiiria, e saltou, outra vez, á gar- ganta do ladrio, cahindo ambos sobre a grama.

O combate nâo durara mais de trinta segundos. Entrementes, ouvira o amo a gritaria do negro c o

ruido da lueta. Armado de revolver, seguido de alguns cri- ados, desceu as escadas. Vendo a sala toda revolvida è sal- picada de sangue, mas deserta, encaminlioti-se para a ja- nella aberta, fazendo um criado approximar-se com a luz

lá em baixo, sobre o verde do gramado, divisaram MUS olhos uma massa neçra exiendida, sem movimento, de bruços, e em cima dclla Leáo, com os rijos dentes ain- da cravados na garganta do assallaiile.

Nobre e obediente, como todos os câes para com os seus senhores, estejam furiosos como estiverem, Leâo acu- diu ao chamado de seu amo, com a cabeça baixa, a raiida entre as pernas, temendo a reprchensáo por ter que- brado 0 silencio imposto,

O amo, no emtanto, nem sequer lhe volveu o olhar e Leâo aproveitou-se da confusio e terror que se apoderára da criadagem para, calladiiiho e sem ser visto, metter-se em casa, escondendo-se debaixo do piano, lambendo a fe- rida, que começava a sangrar.

Sentia-se cançadissimo e nada satisfeito de sua conducla; pois, apesar dc todas as suas precauções para manler o silen- cio, nâo pode evitar que o negro fizesse iini rumor diabolico.

A ordem Caluda! havia sido quebrada c elle, leâo iulgava-se por isso responsável. A culpa era sua si o negro havia feito tanto reboliço em casa. Si, do primeiro salto, o tivesse cstrangulailo agora estaria livre do justo castigo que 0 esperava.

E' verdade que, no seu conceito, nâo havia faltado ao que lhe cumpria, pois. nem um latidozinho dera; - mas, considerava elle, os homens têm uma lâo singular noçáo de justiça. ^

Horas depois, o examinaram pessoas exiranhas: como nâo comprelieiulesse o que diziam, achou de bom aviso *■

nâo se mover debaixo do piano, onde se achava, tragando cm silencio, a amargura de sua desventura.

Quando menos esperava, appareceu seu amo c o chamou.

Devagarinho, com a cabeça agactiada, o rabo entre as pernas, o olhar lânguido de delinquente, sahiu Leáo do seu esconderijo, - dando ares de innocente cachorrinho que tivesse acabado de partir um jarráo precioso.

• • • - Oh! surpreza! - exclamou Leâo lá na lingua dellc

de $1 para sí. O amo e todas as pessoas que alli se achavam entra-

ram-lhe de fazer-lhe mil festínlias, dirigindo-lhe palavras agradaveis ao ouvido, - palavras que lhe eram familiare e que comprehendia pcrieitaniente, - phrases de elogios por sua heróica condueta.

O amo tocou-lhe a ferida e começou a fazer-lhe cura- tivo com summo cuidado, sem cessar de animal-o com ca- rinhosas expressões.

Para completar o seu rogosijo, foi conduzido ao quar- to da ama, que o cumulou de caricias, abraçando-o c bei- jando-o repetidas vezes.

Quando, finalmente, foi mandado para baixo já era dia claro, e comquanto houvesse dormido pouco, cm vez de ir acommodar-sc debaixo do piano, Leio sahiu da casa fõra da cliacara, dirigimio-se para o monte, para o mais distante possivel, onde sen insticto lhe segredava poder la- drar a vontade, sem receio do imfringir a ordem que lhe fôra imposta, por não chegarem os latidos aos ouvidos de seu amo.

E alli, sózinlio, sentado quâo commodamente pôde começou a ladrar com todas as forças dos seus pulmões, experimentando como nunca, a necessidade d'este desaba- fo até enlâo, comprehendciido a felicidade canina que se deriva de uns latidos. Reconheceu que o seu maior soffri- mento esteve nas atra/jidas andas de ladrar que den- tro de si guardava. Por mais de meia hora latiu a bom latir.

Completamente desafogado voltou á Chacara, conti- nuando a sua normal vida de cachorro, interrompido pelo maior martyrio da sua vida; - aquelle Calada!

Henrique Soulen

Liyrios brancos <b'id(elie[De esi deos rdac, <1 e’«sl

ò |}K( d'ideoIl« seubii&fal qu'ee it- priid ciolscIgpH Io tcolild*.

He diai follieando o mimoso eUndolIrro da TeraoB de Foliz Peolieoo, intitulado -Ly- rioa braoooa*, iíto ensejo de apreciar ■ lina TOit artiatiea do posta palriolo, ouja produ- colo llltararla poueo ou nada eonhetlaa, oon- taaao qu« tornet'ma uma entliualaata adml- radora do aeu talento da eaool, ao qual pro- curo tender uma pequenina liomenagem naa- ti Jigaira pagina da apreclapão intima.

De (aclo vivi boraa dalieioaaa lendo-o, eentindo a ana iniplraçlo llo dallcadi e raa- pirando, por bem ditar, a aut talioldade do- moallet — falloidade aaaa adquirida táo oal- ma a entvemenie por uma eapoat melga e dute galantea tilhinhaa.

Quando terminei a leitura do liero, que 4 um Tordtdeiro poema do lar, todo elle oon- etgrado i trindade bem amada, aenti-me free- ca e repousada eomo aa tiresaa eonbecido a doçura de um oiele depois de uma peregri- naçio azbauatiea e, (eobando oa olboa, pro- curei rarer, em eepirlto, esea recanto ameno afagado por duia oreançaa e por uma doca companheira de ezíslencia que, leguadoeua própria azptasaio, formam o adereço ruti- lante qne o prendem i vida.

Hoje que a vida d Ho varilginosa eque, infeliimonte ■ intimidade do lar vte aendo saerlflotdt por múltiplos affateraa, preocou- peçSea de toda a aortee dietracçSea em gran- de easala, t ponto de provosar uma oritioa do dr. Ren< Tbiolller, num doa isut adora- veia eontos, publloadoa nesta Reviati, é qua ae oomprehende o quanto deve aer agrada- vel poder furtar-se um ponoo do eonvivie aeotal para viver-se mala na aconsbago de lar, 10 lado da entea caros, dlstruetundo pa- oatamente oa momentos de folga, tio necea- aarioB eu organiamo e to eapirito.

Não f6'a a noaaa aotutl aoffreguidio de oorrermOB diariamente oinemaa, tbealrot.eon- feianeiie, consertos, cbii. ezpoiiçSet e áubs,

que terismoa eaie regalo que tpenaa t ml- "“fi* ■■borea nessa quadra de tanta agica- M n privilegiada fea parta Pa- llz Pacheco que. depola de ter-se ooneldera- do um deailludido na vida, um exilado, arri- Iseguro orgaDleando o aeu lar, Aloilifando-o de prendas raras, perfumando- 0 eom flôrSB finaa dae quies aa maie bellai

tornaram ae a mulbac e aa filbinbaa. Com a aui Cma mentalidade de artlela

poude nehar o eeu Ideal na vida. reviver nel- le, vibrar, crear e esspolgar-noa por rellezo, graças ao brilbo da sua penna aprimorada. I.endo-o 6 que tive ■ Impreeeto nitlda de quanto elo tristes os leres deaprovidoa de berço ondo o eoho des rlatdae srlstailiaaa nlo encantam a nlma, ooovertando am lyrJoe os sapinhoa dn exletenola.

E’-me impoaaival deixar da trtnsorever aqui 0 eonato inioial do seu livro, dadlsido ■ Ignatita, afim de que muitoe potsem, eo- mo eu, apreciar nlo t6 o son talento como 08 aentimenios elevados que tranebordam em cada linba :

Teu pequeaioo aor n&o cabería Na vastidão dos versos que lavore, Nem teu risinho vivido o canoro Posso expressar por fOrmuIa em poesia, Hoje é o teu riso apenas que me guia, R eu jã não soltto mais o ji não choro, nemirando-me em ti, a vida enfloro De lá melhor e dulcida energia, Microscópica estrella de presepe, bjgurinha de amor, quo nasce e brilha, Rocaotada llotblein de minha atoppe Operaste a nerleita maravilha, Arrancando me d'alina oe v4os da crepe: Nada to excede nos primores, filha I

Não 6 um encanto case soneto onde e6 fulgura 0 amor paternal? Como pois deixar de reproduzir aqui oese outro soneto consv grado ã Martba;

M>s quanta graça no Incompleto idioma, Que os meigos anjos usam no começo

K as horas quo a meoina então me toma i Como no seu feitiço ms embeveça! Tudo num moooayllabo se eomsaa. E eu no ioHmo vocábulo tropeço A voz quo escuto não 4 vÁz: á aroma, Num breve som cortado mal expresso. Oritoa brandos e curtos, exocopadoi, Alvos estos de icimo e de oandura. Vãs sois os novos bens nuuoa sonhados ! Fala, que eu ouço, tagarela implume I A tua vãz, para teu pae, resume 0 c4u, a gloria, a 14, que elle prosura!

Fico indecisa sem saber qual o verso mais bello e qual a filha predileota, tal 4 e sea earioho 0 enlevo palas duas, igualmsste e • seu alfecto pala dileeta companheira, ã qual tributa esse bello soneto qua equl vae :

Sim, raau amor! B’stu, aoaiu, são ollas 0 eoredo de ouro deito lar tranquills. Nunca ninguém me referiu aqniUo, B ando longe de nymphas e gazelas. Minha paixão de agora 4 um sem queretis, B eu vou seguro e oerlo e nlo vacillo. To me moldaste os sonhos noutro ealylo. Njm fou mais o qne fui porque me lelas, B, preso e deleitado desse jugo, As minhas volbas lagrimas enxugo, K abeaçõo a fortuna que me veio. Hojo es tu ad que no meu verso brilhas,

^ B se não falo em ti oeste gorgeio E' a ti que louvo no espieador dae filhas !

Que maíi devo dizer senão que o mioie- so livro do illustre aoademioo ter4 vida pró- pria, farã vibrar ontroe oerebros e smoeiona- ri corações fazeodo palpiur em muitos dol- los a fibra amorosa que todos n4s temos den- tro de nõs e que se manifesta sempre qne tomamos contacto com qualquer eoisa de grandioso, d« tiao a de elevado eomo 4 e seu empolgante livro.

Prinrtgss

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REVISTA FcN.;N. .A

A superabuodancia de modeloi, de origem estrangeira, que observamos de estação a esta- -^ão e mesmo de mez em mez, bem pouco nos «erve, quando temos que falar sobre modas. E’ esta uma tarefa bem difficil, pois, infelizmente, não possuímos, como nas grandes capitaos, ca- pazes compositores, os quaes empregam todo o

•esforço de suas fortes imaginações, no sentido de crear os mais bellos e variados modelos. E, na ancia de conquistar a supremacia cominercial,quer cada um de per si, sobre- ^sahir-se, excederaos ouiros. Para as suas invenções vão inspirar-se nas modas pas- sadas e que tiveram seu momento de gloria.

Isto explica o termos quasi sempre, entre as creações hodiernas. vestí- gios das mais antigas, co- mo sejam os fôfos, modas de rodas de saias, enfei- tes etc.

Pela procendencia dos modelos é que nos não é possível adoptar um crité- rio para acompanharmos a moda.

Os muitos fígurinos, que seguimos, são editados em paizes de clima inteira- mente diverso do nosso,

afeitos para estações tam- bém diversas.

O melhor que pode- mos fazer, de accordocom o nosso clima, é seguirmos os m^^delos de meia esta- ção, á não ser nos ires me- zes de estio, que gosare- mos dentro em pouco. São esses vestidos muito eco- □omicos : adaptam-se per- feitameiue para passeios e visitas e podem ser usados em qualquer hora do dia a não ser nos de grande calor, pois havendo toilet- tes para cada estação, cuja temperatura não se define entre nós, é preciso que. de aceordo com as estações nossas, nos trajemos.

Para os dias de mais elevada temperatura, os modelos que vão apparecendo nos figurinos parisienses, americanos e outros, são de excel- lente esthetica, louvando-se com justiça, o bom gosto dos seus creadores. Ahi, não só vemos varias especles de bordados como applicações

•de renda de veneza, de fUet. tudo que poderá. • com grande proveito, ser executado pelas pró-

prias donas dos vestidos, o que naturalmente lhes duplicará o valor.

As franjas nunca adquiriram tanta cotação, como actualmente. Elias adornam os vestidos de baile e os de passeio, desde os de voile, até ao mais fino crepe de seda. Ha franjas de al- godão, de lã, de seda, de vidrílhos e de pérolas. Esta é de maravilhoso effeiio para os vestidos de baile. Usam-se franjas curtas e longas: as

curtas são empregadas pa- as estremidades. barras de saias, mangas, etc. As lon- gas occupam o logar dos babados. Estes estão tam- bém muito em voga. São usados em diversas ordens, desde a cintura até ás bar- ras das saias, compondo túnicas pregueadas, for- mando gollas, Franzidos etc. Os plissados em fazendas leves, imprimem á toilette uma feição vaporosa. E isto é uma retrospecção ao pas- sado.

Tambein o são os fô- fos e apanhados que ador- nam os ulciinos modelos, quer de vestidos de meia estação ou dos de noite. Destes a moda distingue duas classes: o muito leve de seda finíssima e de ga- zes chiffon e o mais serio, de caffeiás ou de outras sedas mais espessas para as funeções de etiqueta á noite.

Na observação dos modebs vivos, os mais fieis, em que se concrectisa a mo- da, não podemos negar a magestade que lhes impri- me a túnica. E esta, em tempo algum, obteve ac- ceitação que se possa com- parar á de agora. Parece que se vae firmando e não será banida tão cedo. Usam-

se túnicas inteiriças, formando sobre saias,em forma de avental de lado á lado ou na frente e atraz, terminando em bicos, plissados etc. Um bello feitio de vestido com túnica é o seguinte: A túnica é plissada, bem como as demais partes que 0 compoem, é interiça, termina por bicos e se applica sobre uma saia de fôrro liso, sendo da altura em que termina a túnica mais ou me- nos, da mesma fazenda; terminando em bicos e plissada. Assim temos a saia. Quanto á blusa compõe-se de uma parte que lhe forma a frente e

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REVISTA FEMININA

Fig. 3

as costas, cahidas em fdfos so- bre a cintura que se conserva baixa. Ao forro se applica uma parte de seda differente que for- ma as cavas, sendo a manga larga e curta e uma faixa ca- bida do lado esquerdo, igual a essa seda differente. E' pr*ciso haver harmonia na combinação de cores para se obter o eSeito desejado. Este vestido executa- do em crepe da China, reune todos os requisitos que reclama uma toilette para baile.

Já vão decahindo as saias excessivamente curtas. Ainda não ha muito tempo, vendo- se um vulto feminino pelas costas ou á uma certa distan- cia, não se sabia quaes as me- ninas e quaes as velhas. To- do o exagero, em tudo é pre- judicial A deve ser banido. As saias continuam extreitas nas extremidades, comquanto 0 não sejam na altura do cin- to e até ás cadeiras, onde se usam os íôfos já citados.

O mesmo que as pessoas de grandes idéas e poucas ac- ções, são as modas, quando

Fíg. 4

Fig 5

não as adaptamos ao nosso corpo. Para isso temos a nosso favor, a nossa imaginação accompanha- da da associação de idéas, do raciocínio e do juizo. Muitas ve- zes precisamos modificar inteira- mente um modelo e combinal-o com outros para que fique ao nosso gosto, Acompanhar a mo- da é uma cousa e saber vestir- se é outra nnii diver.-a. Toda a mulher póde ser regularmente bella, pois o que lhe recusa a natureza, póde, muitas vezes, dar-lhe a arte procurando, dis- cretamenie. mesmo no artificio, a belleza physica, sem o que,.

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Fig 6

bem poucos uoiarão a formo- sura moral, por niais j)rodiga que seja.

Agora que. ligeirameiite ana- lysamos a moda, (ratemos dos modelos que estampamos.

Fig. 1 — Lindo vestido de voile, etamine ou crepon. £'pro- prio para as tardes de verão. A blusa tem na Frente e atraz 1 panno postiço. O da frente apre- senta trez pregas de 12 millime- tros cada uma. A saia é sim- ples, coberta por uina túnica com pregas de 6 cm. de largura, em

cas que se vêm de lado á lado, lhe dão a apparencia de um tailleur e são bordados á mão com pequenos pontos de ali- nhavo. Os botões que o adornam são de madre-perola e da mes- ma cor do seu todo.

Fig. 5 — A parte mais pesa- da pode ser de jersey e a mais

leve de gaze chiffon da mes- ma cor. Pode-se também com- binar a saia de linho e a blu- sa de voile ou etamine Sno. ^ (A [nota interessante deste

Fig. 7 e 8

numero de 3. A costura será muito bem substituída pelo pon- to á jour, .Sobre um cinto de 8 cm, de largura, applica-se uma laixa estreita de Hta á fantasia.

Fig. 2 — Blusa com aba. imi- tando casaco, mas sendo o ves- tido interiço. A blusa apresenta um peitilho que pode ser de fustio branco, bem como a gol- Ia e 0 cinto. Este apresenta um pingente nas pontas e cae, na- turalmente, do lado esquerdo.

Outro bello modelo, fig. 3, executado em tricotina de cor, com peitilho branco de seda la- vavel. Pode também ser execu- tado com duas fazendas, deven- do a mais escura occupar sem- pre a parte inferior.

modelo é o eíFeito da túnica produzido pelos bordados, dos quaes 3 são soltos e um preso ao cinto.

Fig, 4 — Vestido de gabar- dine com gola de lan. As tuni-

O 6.0 modelo que vos offe- recemos, fig. 6, é de feitio mui-

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to interessante. Pode ser de tricotina, de. palha de seda, de linho etc. Por dentro da blusa passa uma faixa que cae em laço atraz. Os bordados podem ser executados á seda com ponto de cadeia. Em um vestido de palha de seda beije, ficará muito bem um bordado azul.

Bellos modelos de vestido para baile são os das fitíuras 7 e 8. O primeiro (fig^. 7) apre- senta a blusa (ôfa ca- hindo naturalmente; a saia compõe-se de um Fôfo e alguns babados. Ficará muito bem em crèpe Georgettt»

cambraia para 0 doto, punhov golla e peitilho.

Para completar damos alguns modelo devestidosparacreanças;.

® O da fig. 11 pode ser de sarja,

com botões da mesma Fazenda; a golla e os punhos de linho bran> CO.

O da;tig. seguinte « de linhOj)

branco.com golla e pu- nho de côr,

'Fig.í^ Este Feitio ficará mui- to bem em ganga,com golla da^

mesma Ia- zeuda,bran- ca ou|*de cor. V

"fT^u— De organdi branco, oa de cores;|é muito gra- cioso este modelo.

Na frente da blusa vemos um drapeado grego.

Para uma menina de 12 annos são necessários 3,20 dt organdi de lÍ2cm. de largura,

Fig. lõ - Ves- tido inteiro para meninas de 6 a li annos. Executado com voile, adorna- 0 uma faixa de renda da mesma cor, renda guipure e alguns motivos de bordado inglez.

Cremos, neste numero, haver ain- da mais enriqueci- do as paginas so- bre modas, com muitos e variados modelos, e espe- ramos satisfazer in- teiramente 0 bom gosto das nossas leitoras.

Msrinetle-

ou da China, em- pregandu-se tam bem um rendão bem fino para 0 peitilho, e pe- quenas pérolas para adornal-o nas orlas da par- te da frente e na dos punhos. O da fig. 8 pode ser confecciona- do cõm gaze ou tulle de seda ap- plicados sobre foulard ou mous- selina. Uma bfl- la combinação será a seguinte: Gaze preta sobre

mousselina branca. A túnica e a blusa são bordadas á missanga segundo 0 desejo escolhido.

Fig. 9 — Vestido caseiro para^senhora. Ficará muito bem em utna fazenda xadrez e as tiras que descem dos hombros, golls e punhos em cambraia. O cinto é da mesma fazenda com fivela á fantasia.

Fig. 10—Confeccionado com percalina e cambraia. A percalina para 0 todo; e a

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Qoem conhece a fina renda de Bruges, não |K>de encontrar difficuldade alguma na execu- ção desta,que delia differe so m en te na delicadeza.

Emprega-se para a sua CO n fe c ç ão. motivos, fo* lhas e galões. bem| maiores que na fina renda de Bru- ges, de modo que o seu as- pecto é me- nos delicado, mais rústico, mas tem um encanto par- ticular.

Esta renda no seu todo é de um aspe- cto rico e Fa- diima para se e X e c u t :t r. Seus motives são meiiosuni- dos, 0 que é B e c • s s a rio, poUsendo ma- iores precisam se separar mais.

Seus deta- lhes são^ajou- rados ahm de dar á renda cado que lhe podería faltar.

Pelas gravuras podem as nossas leitoras formar o seu juizo á respeito.

A execução da renda é a seguinte: Faz- se separados os motivos que depois ss appiica sobre a tela de en- genheiro ris- cada de ante- mão.

Uiie-se os foliolos pelas orelas e vae- se com uma agulha enfia- da em traoci- nha ou brida de um moti- vo a outro.

A appiicição da Inglaterra

Dos appeli- dos derivam- se grandes er- ros muitas ve- zes. Costuma- se dizer «pon- to da Ingla- terra», quao- do não se tra- ta de ponto e o trabalho não teve origem na Inglaterra.

Quem diz ponio, diz trabalho feito com agulha e este é feito com bilros. Concluímos pois que

Qollinha para eteança extrulada em tenda greoa de S'»ge3. 0> eadatçoi e aei- tiai motiaoí eào maia íatgoa, çue aa tmpregadoa na /ina rendo tíe Bruges,

hnvlamoa o deatnho poi 2$200,

um todo mais deli-

Pail* aaptihr de briat bilae exeaalada em renda gtoaaa de Brugea. Enolomea o deaenho par 2$200.

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REViSTA FEMININA

O nome não é adequado. Vejamos qual a origem da renda da Inglaterra que foi uma das mais ricas.

Sabemos que as reti> das que gloríHcaram os paizes flamengos: —renda Duquezaede Bruges,—são feitas de aceordo com o seguinte principio: motivos separados, reunidos depois por bridas; mas pouco a pouco, e is(o se passou no século XVII, vê se appa> recer o Fundo de redinha, que acceito e appreciado, adquiriu tal Fama que des* tronou as iiansintias. A re* dinlia se fa.:ia com íu/os e vinha á pouco preliencher os espaços que separam entre si todos os motivos já formados e appiicados so- bre uma almofada.

Esta renda se fa/ia em Flandres e se espalhou principalmente em Bruxel- las. Porque tomou o nome de pomo da Ingla- terra ? Isto tí um mysterio; certos erros nascem não se sabe como. e se perpetuam sem que se pense em os corrigir. Esta renda teve uma co- tação tal, que os pedidos de toda a pane af- Quiram. e, não os podendo vencer, procurou-.se um meio de simplificar o iral)aUio ; a execuvão dos motivos era cem veze.s tnais difficil que a da redinha; para os executar era preciso ser. na realidade, mestre no traballio, era necessá- rio ser uin artista; para as redinhas era bastan- te ser uma regular bordadeira; as conira-mes- tres constatariim iogo a inconveniência de ver as melhores bordadeiras perdendo o tempo pa- ra executar as redinlias da renda emquanto el- Ias faziam os motivos.

CoUlnha parj cilança exeeulaJa em imilafàa Je tenda da íngloleira.

Kllas empregariam melltor o tempo confec- cionando iiüvüs motivos, iiovas_ Qures, eniquan- lo as bordadeiras menos liabeis poderiam fazer a redhtlta.

Tiveram então a idea de, pelas noviças, fazer executar redinhas continuas, sobre as quaes a bordadeira appiicava as Qores, folhagem, ra- maliietea e outros ornatnentos que tinham Feito.

Assim surgiu a applicação e desde então, não se fez de outra forma.

O preço abdixou devido a esta modificação; notae que a apparencia ger.tl nada perdeu; es- ta rediiilta sendo feita com fios, os mais finos, os tnais fl-ixiveis que se poderia encontrar nos Fian- dres, dava á réiid.t uma flexibilidade que não apre- setu.ivd a p:inuivd, e que toi muito procurada.

Renda da Ing'aletia

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REViSTA FEMINI.VA

Esta renda al.erou o juizo das senhoras e ■-senhores de todcs os paizes, mas pri:.cipaliiien- le, da côrie de França; até os ornamentos dos banheirus traziam renda du I i);]aterr.i. I^oieie- inus imaginar u quantidade de enteiie-s com que

F' facU recoiihecer-se a npplícáção, sobre rediniia verdadeira ou não, e isto é muito util, po's os {'Oiadores do trabalho ami^o são nume- rosos; as elefíuntes de hoje prócuram-n'a para Jazerem peças com que guarnecem o vestua-

1i_tnda em Imílofào dt renda do IngIcUria

?se sobrecarregavam as toilultes lão luxuosas do tempo de Luiz XV. Via-se a renda e.Jt tudo: tanto no mobiliário como no vestuirio. cobriam

'se os leitos, fazia-se com ella cortinas e giiar- iiecia-se os npparellios de toucador.

Tae.s loucuras prevaleceram até a lievolu •ção Franceza que fez cessar esse eiulm-«iasnio. •do que resultou a fallencia de muitos centros de fabricação de renda,

Com u invenção -do tulle ou fíló. veiu 'ressurgir [a renda ou, • erradjimente. o j)onto da Inglaterra, m«s sob um outro aspecto. 'O tulle veiu substituir -ii rediniia [eiia com iu/.os, continuando os

■-tecidos a serem feitos á mão por habei.s bor- dadciras. A transfor- mação que soffreu o fundo, fez com que dimiuuisse considera- velmente o preço da renda; depois da tem- pestade revoluciona- ria não havia t-nto

• dinheiro nem tanta •cabeça ôca que pen- sasse em dispeiider tão grandes sommas no ponío de Inglaterra verdadeiro. A baixa do preço augnientou consideniveimemi- o numero de compradores e portanto, a prodticç.ão desta renda que tomou então o nome dc Jippli- cação de Bruxellas.

Não julgueis que seja do mesmo eífeito que o verdadeiro ponto da Inglaterra, longe disso, pois na applicação de Bruxellas não encontra- mos a mesma delicadeza, nem a bella combina-

■ ção do.s fios de Flandres,

rio de baile. Para se distinguir um ponto da Inglaterra

verdadeiro de uma applicação sobre tulle basta o seguinte: observae bem a redioha; se foi feita com fnzos terá as bridas trançadas, de modo que comportam 3 fios; emquanto na rede de tulle as trancinhas são formadas de 2 fios so- nii-nie. enrolados uns sobre os outros.

Ainda boje esta applicação de Bruxellas tem uma grande ex- tracção; não a deve- mos confundir com o bordado sobre tulle; na renda da qual nos occupaino.s, e que tem o nome de ponto chato applicado^ os motiyos são sempre feitos còm fuzos.

Ksta applicação de Bruxellas, que já é uma imitação da an- tiga applicação da In- glaterra, nós temos a intenção de imitar também; com effeito, temos hoje á nossa disposição motivos va- riados que são de tra- balho tnechanico e que .substituem os mo- tivos feitos com fuzos; nós os npplícaremus sobre um fundo de tulle e assim obtere- mos o que se chama

imitação da renda da Inglaterra. Resumindo em poucas palavras, para tornar

ainda mais comprehensivel o que temos dito, lembremo nos de que neste pequeno estudo .po- demos distinguir 3 phases differentes, tendendo todas a facilitar o trabalho e tornar a renda menos traballiosa:

l.a) Os motivos feitos com fuzos e o fundo

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REv^lSTA FEMININA

ou redinha também trabalhado com fuzos entre esses motivos;

2, a) Os motivos feitos com fuzos appiicados sobre uma redinha feita em continuidade, tam- bém com fuzos:

3. a) 0^ motivos são feitos meclianicamente e do mesmó modo o fundo; não é propriamen- te uma renda, sendo creada com o fim de te* rem*todo8 a facilidade de executar um trabalho bonito, gracioso e pouco dispendioso ; é um tra- balho de fantasia ao alcance de todos.

Os motivos, flores, folhas, etc., são mais ou menos semelhantes aos da renda de Bruges ou Duqueza, pois todas são da mesma familia.

Teremos aqui, como na renda de Bruges, flores de diversos tamanhos, as quaes são exe- cutadas com cadarços apropriados e também com galões, que apresentam a forma de folhas cortas ou alongadas; ainda encontramos no ponto da Inglaterra cálices que, com o auxilio de pistillos executados sobre o filó, imitam bcl- las flores.

Para o fundo empregaremos tnlle de Bru- xellas de bôa qualidade; notae que para ser a imitação bôa. seiá necesserio empregar o mate- rial mais delicado, fino e perfeito que se possa encontrar; do contrario o trabalho se tornará grosseiro e sem arte.

O trabalho da imitação do ponto da Ingla- terra é um dos mais fáceis para se executar; em summa, não é mais que um trabalho de cos- tura, não se empregando siquer as bridas ou transinhas; e mesmo que se não esteja habitua- da a costurar fazendas finas, executar se-ba a imitação da renda da Inglaterra brincando. Os cardaços e galões são os mesmos empregados na renda Duqueza.

Começareis por passar o desenho para a tela de engenheiro, tendo o cuidado de traçar as linhas mülto- bem, pois ellas devem ser vis- tas através do tulle que alinhavareis sobre essa

tela; tomareis entãoTdiversos motivos que de- vem ser presos por um ou dois pontos no'lu- gar da tela que devem occupar. Depois, con> uma linha bem fina, pelas orelas, os cadarços e outros motivos vão sendo cosidos sobre o tufle, com pequenos ponto.s, tendo-se o cuidado de não os deixar prender á tela; terminareis pelo cadarço debruando exteriormente e depois cor- tareis 0 tulle a uma distancia, deste, de milli- metros. 0 excedente do tulle deve ser sobreco- sido pelo avesso e bem preso por pequenos- pontos ao cadarço. Como fim, tirareis o tulle da tela de engenheiro, rematando o trabalho pelo avesso.

Lenço

Feito com esta renda em imitação, cercan- do-o é bellissimo o modelo que estampamos neste numero.

0 desenho da renda é muito delicado e de: um effeito maravilhoso.

As bordas são feitas com cadarços simples- e as flores que nelle vemos com galões apro- priadas.

Enviamos o desenho por l$f)00. <3ola para «reança

Vemos, pela gravura, que a rodeiam umas- especies de conchinhas que se executam com cadarço picolado.

As pequenas flores e as maiores são exe- cutadas com galões; e as folhas com cadarços apropriados.

Enviamos o desenho por 2í200.

Renda

I-argura; 10 centimetros. E’ muito pratica, pois não é muito larga e-

fncil para se executhr. O material empregado é sempre o mesmo Enviamos o desenho por 11200.

— O QUE UAA DONA DE CASA PODE EAZER — COMO CONSERVAR A JVIANTEIGA

Pie-K um peuco de leite ne batedcirt, •ddieiea«Bd«->c-lhe unt ped«;ot de gelalisa ditaelTÍda em leite,

Celleea ia a batedeira em uma ligella cealeado agua quente; niiluta-te, «m icguida,

coiia de uira libra de maaleigi; det^ja-st na batedeira o rolante do meio lilio de leite.

Agora, iaz-ta gytae a maaivella do ap- paielbo, lendo anlei o cuidado de iualar ao conteúdo um peucockíaho de 'ul. Nie de-

mora que oteja promple a oanleiga. Tirado o apparelho, com una colher de páu

depotita-ie a manteiga em um vaio de vidre, e aaiim la a coniervara. por tempo iadcíuúdo Mai, etia manleiga nie le póde uiai na ceziiba

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REVISTA FEMININA

CI)o ‘‘CAL VARIO DO SONHO

<^uem nao sendu ainda, ao (ibio Jun:e

^a íarde, a voz desse anio vereorino / /

Que soluça nas cordas do tim znb/ino

se eleva de manso num per/u7ne?

a/ma, exqalando um iníimo çueizume,

(Que é a exírema no£a ouéru/a de um q^mno,

2)e foe/qos acro o csçuifo cr^síai/ino

(Dnde alauem dorme, alguém que um céo resume/

De íudo guardo condida saudade;

De uma i/Iusão, de um ceifo, da be/Uza

o'ff uns o/fos de ce/esie claridade...

<íJe tuoo que passou, quo qa não vive.

D íenqo a(c, nas /joras de irisíeza —

Saudades das saudados oue ià (ivs /

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REVI5TA FEMININA

A INDIFEREJNÇA

(TRADUCÇÃO)

Elia sobe, lenta, progressiva, Implacavel, aos cora- ções fatigados do século XX.

E’ a grande maré dos séculos de decadência, a on- da dos numerosos dilúvios, que, «uccessivamente, tra- ?;aram as velhas civilisações. E’ a agua gelada da indif- erença a que nada resiste ou sobrevive.

A Indifferença I esta palavra sõa de um modo extra- nho em nossa época febtil.

A Indifferença I mas ji houve tempo em que a hu' manidade se mostrasse mais Interessada, mais apaixo- nada por todas as cousas ? Algum dia já se andou, fa- lou, agio mais? Já se multiplicaram de tal forma asoc cupações do espirito e do corpo, as necessidades da vi- da? Seus horizontes estiveram Jã tão descortinados co- mo hoje ?

A Indifferença! que doença parece menos de temer para o nosso organismo trepidante? qne symptomas po- deremos descobrir delia nós, agitados que somos... Mas, talvez essa mesma agitação...

Porque nos damos tanto ao trabalho, de encher a nossa existência, senão por termos o vacuo dentro de nós ? Porque queremos achar por toda a par- te este forte sa- bôr de activida- de, prazer, e no- vidade, senão por não termos mais gosto ? Te- mos necessida- de de innume- ras cousas, sem cessar renova- das, porqne não nos interessa- mos por nada de modo serio e duradouro,por- que tudo em nossa vida e fan- tasia passageira, logo tornadá in- düterente.

Ha uns 70 an- nos 0 «Ensaio sobre a indlfte- rença em maté- ria de Religião», de Lamennais, ecoou na socie- dade contemoo- ranea como um sino de alarme. O «ensaio sobre a in- differença em todàs as matérias, que se podería escre- ver actualmente, seria um livro ainda mais profundo e mais inquiet»dor.

1 Aos indlfferentes, a igreja sempre preferio os gran- des peccadores. Estes, quando se lhes esgôtam as pai- xões, podem ser convertidos pela razão ou pelo cora- ção; mas quanto aos ouiros, não ha conversão possí- vel. Si a causa que excitava a sua animosidade passou, dous inimigos podem-se reconciliar, e tornar-se amigos; porém, nada approxlmará duas pessoas que se conser- varam indífferentes através diversascircumstanciasdavida.

Hoje nota-se o decrescimento do odio. Omundoes- tá chtio de pacifistas, que pretendem abolir as eternas rivalidades de raça, nacionalidades e categorias sociaes. Os peores criminosos encontram defensores entre os adeptos do novo culto humanitário, não para os absol- ver no seu arrependimento, em nome da misericórdia divina, mas para desculpar scientiicamente, philosophi- camente, os seus crimes, e, ás vezes, fazer deties a apotheose... Dir-se-ia que o homem deixou de ser para o seusem»lhtnteo lobo, tornando-se cordeiro ou pomba..

Mas, othae o fundo desses corações que parece di-, lalarem-se, tornarem-se Immensos hospitaes abertos a todas as doenças e a todas as misérias sociaes. Procu- rareis em vão os sentimentos naturaes e as ternuras ele- mentares que obrigaram os corações simples deoutr’ora. O amor da Patria foi expulso, o da família não é ma s que um hospede, do acaso, que, amanhã, talvez, o di- vorcio despedirá. Quanto á amizade, perdeu os sejs direitos, e—ai 1 tanto entre os adeptos do culto novu como entre os seus adversários l

A indiflerença sobe. Ella não atlingíu ainda os ci- mos onde tantos bons cidadãos se reíugiaram com seus bens mais preciosos, mas já afoga os que tiveram de abandonar em caminho os costumes antigos, o modo de ver e de sentir de seus paes, e mesmo de sua mocidade.

Nunca sentistes ao redor de võs envolver-nos essa neblina gelada? Nunca, em clrcumstancias grandes ou pequenas de vossa vida, medistes o abysmo que se a- briu lentamente, sem siquer o perceber-des, e quevos separou de tanta gente e tanta cousa outr’ora próximas e queridas?

Nas grandes cidades esta expressão se repete a ca- da passo: uma ausência, uma doença ou luto, e os mais rodeados se encontram isolados. Com intima dõr de alma aquelles que se julgavam cheios de amigos, vi- ram que não tinham senão relações, e não encontraram quem os comprehendesse, e nem siquer os escutasse.

Ao contrario, que alegria profunia, quando,por aca- so, em uma palavra ou num olhar descobrimos um sen- timento verdadeiro de atteiçâo ou sympalhia! Como nos commove essa eterna canção do coração humano! Como ella faz esquecer, em um instante, os mais bellos con- certos da Intelllgencia! Nem ao menos é preciso estar- mos pessoalmente em scena, para que a affirmação de um sentimento qualquer, forte e verdadeiro, de uma convicção profunda, de enlhusiasmo authenllco nos faça 0 effeito de uma injecção de vida. Os séres que sentem realmente alguma cousa, e que a mostram sinceramente, tornaram-se phenomenos em meio desus machinas ac- clonadas pelo calculo, desses bonecos puchados por cordéis de interesse, de que se compõe a sociedade moderna.

Pobre sociedade modems l Nem o luxo, nem o in- telleclualismo, nem o conforlo nem o prazer, conseguem disfarçar essa impressão artificial, essa sensação de morte que ella traz consigo I O mais bello salão res- plendente de luzes, flores, objectoi de arle, cheio de lindas mulheres e beilissimas «toilets», não tem o en- canto atirahente dos velhos salões de outr'ora, feios e

Um dia dt Jeila no largo da Malth em ViUa Bella cidade do lilloial ‘Paullila.

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REVISTA FEMININA

sem esthetfcs, mas onde os amigos se reuniam cada noite, a mocidade trazendo a alegria sã e a velhice a indulgência sensata, e náo o desleixo com que boje se vèm as maiores tolices. Reinava a cordialidade, ninguém se cansava de ouvir proclamar as convicçdrs que eram as de todt uma vida, e, ás vezes, de Ioda uma família, 0 que os não impe- dia de se interessa- rem pelo acotiie- cimenlo, a desco- berta. a moda ou 0 prazer do mo- mento. A indlffe- renqa nSo vinha en- tão entravar, desde 0 primeiro facto, as alegrias ou ss co- leras fictícias de ho- je, pois, sem estar- mos atacados de annesia,difflcilmen- te nos lembramos' do que nos alegrou ou contrariou ha seis mezes...

De onde veiu el- ia. esta indifferen- ça que parece es- palhar cinzas so- bre a vida, e que submerge, a pezar seu, os melhores? Não teria elia origem, nos que se- euiram a corrente moderna, no naufragio do ideal e naquelles que tentam subir a corrente, que se chama a iníluencía da época?

O que prova com esta inércia geral resulta, não de uma calma preconcebida, mas de uma paralysia Incons- ciente, é que nos abandonamos a ella contra os nossos proprios interesses, e a mais elementar prudência. Tor- namo-nos indifferentes a nós mesmos, não defendemos mais a nossa felicidade nem os nossos bens, e nem si- quer nos inquietamos pelo nosso futuro.

Deixamos primeiramente de nos revoltar contra os ataquer aos principies geraes, ou ao direito dos outros. Agora não nos incommodamos com o que nos ameaça indirecta, ou directamente, não mais relevamos as inju- rias que recebemos, ou oppomos obstáculos aos tramas de que, seremos as victimas!

Assim, a injustiça e a corrupção podem ter livre curso, porque, se o publico saisse da apathia, seria pa- ra Impçr silencio áquelies cuja cólera ameaça alterar essa tranquilidade e esse prazer de viver, que os con- temporâneos se decidiram pagar por qualquer preço. Antes supportar tudo, que se expor ao perigo de uma revolta, ou mesmo ao aborrecimento e a fadiga de uma simples contestação. Tal é o stgredo dos enygmas do nosso tempo, dessas audacias sem limites, encontrando

DOLOR

padencias também Mlímitadaa, desse predomínio de uma ínfima mincria de tyrannos sem força, de exploradores sem habilidade, de comediantes sem talento, sobre a grande maioria de homens Inteillgentes e honestos.

Ousam cs primeiros fazer tudo, certos como estão da indíflerença dos segundos.

Esta paciência tem ao menos a belleza da tolerân- cia, 0 encanto da doçura, a grandeza da resignação e do perdão? Longe disso: e por uma prudência ümora- ta, por um egoísmo tão imprevidente quão covarde, que se voaram ao primeiro sopro da tempestade. Esta fa- culdade que lemos de esquecer não vem de um gene- roso esforço sobre nós mesmos, mas de uma falta de memória, que caminha a par com a falta de coração e de dignidade.

Portanto, se sendarmos a indifíerença actual, não descobriremos nelia senão elementos de morte, morte de tudo o que fez a força da humanidade, e a sua ven- tura.

Com as justas indignações, elia matou os grandes amores; cora os nobres enthuslasmos, as alegrias in- gênuas. E’ 0 vampiro gelado que suga o sangue forte de nosso paiz, o polvo de mil tentáculos enlaçando e paralysandi) as energias nacionaes.

A felicidade após a gloria, os prazeres após os in- teresses, desapparecem pouco a pouco na indifferença...

Será muito tarde para reagirmos?

S. João, 1919. Ignez

oseo

MfíRINHM

Um dia de jtila em Utoluia - EMedo S. 'Paulo.

(Deu sortrlmento é um bem... Gerlo, delle derloa (t energia interior com que leoo, a contar, Ro colporio do DCr a mlnho cruz oolino Que eleno o minha fé de subir, de escalar...

Ouonto mais dura é a estroda e mais dura e aggressina fl escalado do monte obre-se ao meu olhar, trtols forte cresce em mim a exaltação olUna, De, pela proprlo dCr, oscender e lutar. ..

E’ bem áspero a luta e songrenia a derrota... Futge no alto o meu Sonho, áureo Sonho distante, Emquanto eu, preso ao pó, busco em não o ottlngir...

mas ã infinlla dór que deste anceio brota mois forte se me faz a lllusão tnoessanie De que após cada quédo bei de outra nez subirl

Bello Hoiizoot* Mario Mendes Campos

Tandas ao vento, á fl6r da$ aguas, de uma em uma, A; barcas vão partir para as regiões remotas. 5emelham-$e, no cae$, a um bando de gaivotas. Grandes aves do mar batendo a branca pluma.

Fazem-se ao largo, ao largo... e em fileiras, ignotas. Vão se perdendo, v3o sumindo pela bruma... C agora nlo são mais que outros frisos de espuma, Elias que eram titans do oceano, esquadras, frotas.

E fogem.. . Peio caes, mulheres, a chorar. Mães ou noivas... Quem saber Agitam para O mar, Desesperadamente. 05 lenços alvejantes.

E do seio abysmal das aguas azuladas, 30 respondem a voz das ondas soluçantes E o doloroso adeus das veias enfunadas.

RIO flslisglldo drsei

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REVISTA FEMIN1N\

A’ Exma. Snra. D Anna Rita Malheiros

modesta homenagem;

Quem não sabe a historia da «Bella Adormecida no Bosane» ?

Quem não sentiu, creançi, o coração pulsar com mais força, ao ouvir no silencio das noites socrgadas. a voz carinhosa de um ser muito querido — mãe ou avó — dizendo mansamente palavras simples, mas arrebatadoras e sugees- tivas que contam a extraordinária his- toria. daquella formosíssima princeza que dormiu um encantado somno de cem longos annos, num palacio de ouro, escondido no impenetrável seio de intrincada floresta; até>que um dia, num radioso dia antecipadamen- te marcado pelos fados, — ao som acaiiciador da voz de um príncipe, bello como o sol, a princeza descer* rou preguiçosamente os grandes olhos, sorriu.. e viveu I „

E naqueile mago instante, ante- cipadamente marcado pelos fados, o palaciu inteiro despertou.

Pelos corredores cruzavam pres- surosos os cortezãos na incontida an- da de adivinharem os desejos da princeza; os servos voltavam á faina diaria, tanto tempo esquecida e as sentinellas pousavam no chão as pe- sadas armas que lhes haviam magoa- do os hombros.

E iá fóra, sob a protecção de um céo bonançoso e azul, sorria a terra toda um triumphal sorriso de prima- vera

O denso matagal se transformára «m umbroso parque, povoado de aves mil de plumagem muiticor e voz de crystat que modu- lavam ternas cançóes, escondidas entre a folhagem ver- de e faifalhante das grandes arvores, cujos pés. aguas brancas e murmuras beijavam de leve, cantando e fu- gindo..

E na doirada moldura da alcova principesca o mi- lagre do amor sorria nos olhos da princeza que suspirava, queixosa, pa- ra 0 princloe ajoelhado e seus pés :

— Como tardaste, meu príncipe? —0—

Esta historia quisl tão velha co- mo a terra luminosa com os seus dias de primavera, me vem sempre á me- mória, teimosamente, toda a vez que meus olhos deparam com uma noti- cia de jornal—tão frequentes agora — assignalando num Ia:onismo eloquen- te, mais um passo da mulher na sen- da da libertação.

—0— Como a princeza do velho conto,—

a mulher dormiu largos annos o pe- sado somno da ignorância e da pre- guiça, do servilismo e da ociosidade, no aureo casteilo da sua prisão, es- condida na espessura dos preconcei- tos 08 mais ferozes e os mais injustos.

E nunca os seus langsidos olhos de escrava se descerraram, um Ins- tante siqiier, num olhar de curiosidade e inveja para o maravilbfMO jardim de delicias que era dominio do ho- mem e que o homem trabalhava, cultivando as scienclas e as artes, aspirando o capitoso perfume de todas flires do espirii , deslumbrando os olhos com a allucinadora

perspectiva dos mais vastos e luminosos horizontes, rasgidos até o inflníto...

E 0 homem, de vez em quando, esquecia todas as bsllas cousas que Deus Hzéra para o seu gozo e toma- do de loucura assassina, fabricava tebrilmente armas que produziam a morte, instrumentos d« dór e suppii- cio, e sinistro e máu, buscava outro homem, seu irmão, seu igual, para ferir, para matar...

E sobre a terra convulsa emmudeciam os passari- nhos—, mas troavam os canhões e a Morte e a Oõr abtiam as grandes azas do luto.

E 0 homem voltava depois, car- regado de despojos preciosas e co- berto de lama, voltava entristecido e fatigado, procurando esquecer a guer- ra e a morte, na atmosphera perfu- mada do maravilhoso jardim de deli- cias, vendo, a seus pés, sorrir a for- mosa escrava, immersa em profundo somno.

E a formosa escrava sonhava e no seu sonho, sorria um esphingetico sorriso ao homem que lhe estendia as mãos, cheias de pós de brilhantes dos laboratorios, de fulvos metaes rou- bados ás fartas entranhas da terra opulenta... ou manchadas do sangue das batalhas.

E 0 homem continuava a sua vi- da dividida entre o amor e o odio, a belleza e a fealdade, a virtude e a morte, a felicidade e a dôr...

E passava o tempo e transcor- riam 03 annos e a «Bella do Bosque» dormia sempre.

E cada vez mais frequentemente. 0 homem — sablo, poeta, artista, la- vrador, operário — desertava do ma- ravilhoso jardim de delicias em bus-

ca da morte e da destruição... B o homem transformára a terra farta em esterit

d-serto, lodaçal feito de sangue e com o pó das calhe- draes e dos museus, das escolas e dos lares destruídos.

E sobre os campos talados a mão adunca da morte espallnra a sementeira tetrica dos corpos humanos pu-

irefacios. E na escuridão da noite, grandes

passaros sinistros abriam as negras azas, voando pesadamente sobre as cidades adormecidas.

Era 0 homem que como a ave carinhosa procurava a terra. Mas, esta, ao claro sol busca as habitações hu- manas i caU de alimento e agasalho paia os filhetes; e o hemem — qual abutre do mal — occuita-s: para fe- rir como o raio, exteimlnar como a morte...

E as cadeias regorgitavam de cri- minosos...

E a terra tornada esteril já não alimenta o homem que geme e se con- torce de mlieria physica e moral...

Mas... a mulher, a formosa es- cra 8. cerrados os olhos para a vida, dorme ignaro somno, envolta em sê- das preciosas, com scintiliantes alge- mas nos pulsos; e sorri o eterno sor- riso, inconsciente e mysteHoso, sem

distinguir os gritos de dôr dos hosamnas de alegria, sem ouvir o ribombar dos canhões, nem tio pou<=‘’ festivo carrilhão que canta a paz.

E cada vez que o homem tornava do campo de ba- talha, sentia-se mais embrutecido e mais cançado; cada

A liiatinria e'U’horaiinrn Mn- Tia dr Pnnii F^mfy Ciir-iiin r qut enm o ps’wíanlmi> dr HiriMa Pnlinia rrm ■,.« pigiifr drtta

Maria de Pauln i filha do dr. Fteaiy Ciirado.adfipodorinGoj/og. eí’deDUlado fntrral, r nntigo tu^nte d‘t Rrrtubiir'i; ^ n»ta do ronee’ lheiro André Auffttsto de Padifi KC-dirertor da ítieiiWaiíeiíe S. Paulo.

Nlta Fleurj/ Corado, irman de ilaría de Paula Flnny Curado.

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▼ez mais Impotente para alimentar o supremo sonho de suprema belleza — que era o Ideal por Deus esculpido «m su'alma, — cada vez mais incapaz de seguir a ra- diante pstreila que aponta o caminho da perfeição e que seus olhos, cegos pelo fumo dos canhões, já não viam.

Mas... um dis, — num coruscante dia de sol, após horrlda noite, cheia de sangue e negra de crimes — me- donho cataclysma desencadeado pelo homem, o Tempo que é um grande mágico e um lindo príncipe despertou a mulher do seu somno multisicular, que parecia eter- no, mas não podería sel-o; e quem sabe? — si a bella escrava ao entreabrir os olhos offuscados, á deslumbran- te luz da liberdade, não sentiu n'alma mais júbilo que 8 «Bella Adormecida no Bosque» e pela vez primeira descerrou os lablos na deliciosa queixa:—como tardaste?

E ao poderoso sortilégio daquella voz magica o ho- mem estremeceu e interrompendo a sua obra de des- truição comprehendeu que sozinho não encontraria nun- ca a felicidade sobre a terra nem realísaria o fuigido sonho de perfeição que sua alma acalentava...

E o homem procurava a seus pés a bella escrava adormecida, mas não a encontrou.

Entretanto, a seu lado, de pé. altiva e encantadora, sorria a extranha creatura em cujos oihos profundos vivia a bondade, a dedicação a alegria, a paciência, a pureza, a çaridade, a doçura, a paz e o amor, — todas as suaves qualidades que o homem não possuía e que lhe eram necessárias para a conquista do Idéai.

E 0 homem volveu o olhar para a terra, ainda ha pouco espesinhada e nua e observou maravilhado que, onde pousavam os mysteriosos olhos da mulher ama- da, ondulavam searas loiras, promettedoras de farta messe, reverdesdam arvores, desabrochavam flores, e das ruínas resurgiam lentamente cidades brancas e ri- sonhas, num bemdito amor.

E ainda e sempre, como na velha historia,— a mu- lher de amanhã, livre e feliz, corajosa e pura, contem- plará enlevada o homem que se transformou também, o homem que lhe exiende a mão forte e amiga e que fascinado admira a casta belleza, e a nobre alma des- conhecida da sua noíâ companheira — cujos encantos não são de escrava nem de rainha, — mas que será sempre, em todos os tempos, a mulher, a paz, a bonan- ça, a luz e o sonho, 0 oásis do amor no deserto da vida I

« • « E ainda a sempre, como na velha historia, o prín-

cipe e a princeza, livres e beilos, tranquillos e fortes, emprehenderáo juntos, de mãos dadas, a ardua jornada da vida, amparando-se carinhosamente nos trilhos es- pinhosos da desgraça e sorrindo, gloriosos num divino extase, quando o sol esquivo da felicidade loucar-lhes 4t fronte de áureo nimbo.

Goyaz, julho, 919. IDotildo Palloia.

Coníra o analphabeüsmo

Um doi maiea que minam a nossa patrla, emperran- do-lhe a marcha do progresso, é incontestavelmente o

. aijalphabelisnjo. A acção locial desenvolvida contra essa triste som-

bra da nossa cultura tem sido, sinão platônica, pelo me- nos pouco efflciente.

E’ mister que a mulher brasileira, sempre generosa e progressista, allle-se á obra magnanima. Ella, com a omnipotencia da sua vontade e com a força do seu ca- ríoho. tudo milagrosamente realisa.

Ha já, para nosso bem, uma «Liga Contra o Anal- phabetlsmo». Num dos mezes passados mesmo, por ini- ciativa de cultas e bellas senhoritas saniistas, na visinha cidade realizsu se a «Festa da Primavera», cujo resulta- do foi destinado aos flns da Uga.

E’ um bello exemplo. Porque não repetirão essa no- bre e formosa Iniciativa as generosas senhoras da nos- sa terra ?

"^MAGOASDE JAHO’

Lá na floresta trfslonha e escura Pobre exilada, dolente e só Desfere o canto, ais de amargura,

— Eu sou jahó I

Nem nesms uma alma candlda e bóa Da solitaria monja tem dó{ Ninguém altenta na voz que ecóa

— Eu sou jahó I...

Pobre exlfada, triste mendiga Que de conforto pede uma esmola Nessa toada, nessa cantiga

Que me desola...

Pobre poetiza terna e canora Que nessa lyra grave da matta, Carpindo as magoas que sempre chora, Desfere á lua versos de prata.

Rompe a alvorada; ledas, felizes Pela campina madlda e linda Piam alacres lestas perdizes E ella, na matta, soluça ainda...

Chilram corrichos, gallopam cervos, Bandos de araras rindo se vão. De tudo a graça vibra nos nervos Mas geme a virgem da solidão...

Zumbem cigarras nos arvoredos, Crillos siblllara nos capinzaes, Passaros formam vivos folguedos E ella soluça lânguidos ais...

Mugem as vaceas mansas pastando, Carneiros soltam roucos bailidos E a pobrezinha, de quando em quando, Verte queixumes ternos, sentidos.

Vesper scintilia, tudo entristece Almas se elevam fóra do pó ; Cada creatura reza uma prece E eila murmura: — eu sou jahó!

Mil repostelros, plúmbeos, sombrios Cabem nas soleiras lá do poente; Dormem as selvas, dormem os riol . E ella soluça, ella sdmentel.

Ave fristonha, ave magoada, Ave de acerbo, terno ianguor, Lyra que canta sempre a bailada Pura e sincera da mesma dôr.

Também padeça nas noites calmas 1 E no bulicio destas manhãs; Talvez que dentro das nossas almas Solucem magoas gemeat, irmãls...

Tremulo e rouco, ainda que moço, Ji no meu peito não tenho voz; Mas nos teus cantos meus cantos ouço Ave querida, canta por nósJ...

G*sat, 22—5—-919.

Casco dos Reis.

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CORAÇÃO

Este soffrer agri>doce De que tens a sensação, Ai I quem soubera o que fosse,

g Coração!

Será talvez a saudade... A sombra de uma visão... Quem ba de dizer, quem hade,

Coração I

Fica quiéto, serena, Não palpites tanto, em vão, Não augmentes tua pena,

Coração I

O velho mar chora tanto Na sua eterna afflição ; Acaso finda o seu pranto,

Coração? Como andorinha que solta As azas pela amplidão. Amor vae e o amor volta,

Coração! Não chores pela partida Por quem vae... Aos que se vãoy. Parece que é nova a vida,

Coração I

Cuidado! não aviventes Destas cinzas o clarão ; Socéga. não te atormentes,

Coração! A mágoa que te alanceia, Ai! não a reveles, náo: — Ninguém sente a dôr alheia»

Coração I

Fecha as portas d’oiro, tranca Essa torre de íllusão Muito alta e muito branca,

Coração!

Tu amaste e foste amado» — Que grata recordação! . Sabe viver do passado,

Coração !

O que foi, os dias idos, Vistos de longe, nos dão Novo prazer aos sentidos»

Coração!

Repara, alem, pela estrada Da vida, que floração ! Quanta flôr desabrochada,

Coração! Vem um prazer, outro vôa, — Folhas sêccas pelo chão... O vento leva-as á tòa,

Coração !

Se a dor gemer no caminho F<izc delia uma canção, E canta-a, p’ra ti, baixinho,

Coração!

Canta, canta com transporte... E espera consolação No vasto seio da morte,

Coração I

CeareS 1919. (loielte DomiDpDeB.

Novas victorias do feminismo

A 6 do mez passado entrou em discussão no Parla- mento italiano o projecto de lei que concede o direito de voto ás mulheres, pois da Allemanha, que foi com a Russia revolucionaria, o primeiro palz do mundo a adoplar essa reforma social, velu a Holianda, que, por primeira vez, enviou a uma outra nação uma mulher Inves- tida no cargo de Ministra Plenipotenciaria, e a Ingla- terra, concedendo o direito de voto politico ás mulhe- res. AIlía-se, agora, a lialla áquellas nações, e são de notar as vibrantes palavras do primeiro ministro NitU a favor das reivindicações femininas. O deputado sr. Gaspaiolto, relator do projecto de Lei concedendo o di- reito de voto ás mulheres, expõz conclusões favoráveis á concessão desse direito, salientando principalmente a importante e inteiligenie coilaboração das mulheres nos trabalhos durante a guerra e que muito concorreram paia a manutenção interna do paiz.

O primeiro ministro Nitti disse que anligamente era contrario ao voto feminino, mas reconhece, agora, que as suas objecções desapparcceram gradualmente nes úl- timos annos. Sustrnia o direilo das mulheres em parti- ciparem das eleições administrativas e políticas dizen- do que ás mulheres hoje assistem fortes razões para que cada palz civilizado Ihrs conceda o direito devoto. Elias não são mais um peso nas famílias, mas uma for- ça produciiva de primeira ordem. Mesmo o voto ás. camponezas será um voto em nada inferior aos votos dos cairponezes, que ninguém, entretanto, pensou até hoje em cercear sob o pretexto de sua pcuca Instrucção.

Dando o direito de voto a onze milhões de mulhe- res o ministro Nitti acredita contribuir para a elevsção da funeção eleitoral e recommenda á Camara aapprova- ção do projecto de Lei.

Após os discursos de vários diputados a Lei foi approvada pela Camara.

Deante das manifestações que se repetem por par*, te das maiores nações do mundo e de seus mais emi- nentes filhos, a favor do feminismo pacifico, parece que se deva encolher o humorismo facil e corrlgueiro de certes espirites de rotina, para os quaes, as aspirações femininas não passão de motivo de chocarrice, e de ex- poentes de anarchia social- O direito de voto ás mu- lheres não constitue, ou não deve constituir receios co- mo elemento perturbador das sociedades. Muito ao con- trario, com elle virão adquirir as nações uma nova energia, uma nova aclividade que lhes injeclará sangue uiíl. Nem se póde, de bom senso, afirmar que ella ve- nha desorpanizar a familia e delia distrahir atteiições que lhe râo imprescindíveis, como até hoje, o farto de - ir um hetrem depositar uma cédula nuira urna eleito- ral/ não tem desorganizado ou prejudicado o trabalho masculino. Si a mulher é considerada apta a exercer quasi todas as profissões masculinas, a conquistar títu- los universitários, a dirigir empresas, e até nações, não se comprehende bem porque lhe seja negado um direi- to,^tão simples, tão singelo, tão elementar, como seja-, 0 de eleger seus governantes I

Maria P. Ramos

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O feminismo brasileiro em fóco

Fanja-ie no uma granie auocfaçBo /em/n/na. A> linhorat de Oilandía, em S. ^úulo, oufgnam um manifesto poíiifco. O nom< de nossa fundadora nem sempre 4 lembrado . . .

E’ Iiclo já iadubiliTet que um greoJe moTimtato feminiaa le aiboji de tul a sorte do Braiil, aioapiBhtado a evolu;io do fa- «aioúmo Duadiel, que aiit accesluido k tornsu ap6i a> TÍciiiiludet a SI crueldades ioenarravait da guerra, que fizeram ai mulheres com> preheoder a necessidade de intervir mais direclamenle noi destinos «ociaes. Airidt agora, além de outras associa;Ses (emiaioas qu: se iSm (uadado em diversos pontos do paia, acaba da ser orgaaiiada DO Rio de janeiro a ALLIANÇA FEMININA, a exemplo dt£.í- gue Palrfollgae des Femmes de France, de ‘CAe Laihollc IVomens League, ds Inglaterra, e de todas as grandes auoeii$5ei potitico>so- ciaes lemininas que se ctearam am ledos os paizes da Europa, e en- tre ellsi as que mais abaixo vio enumeradas. Ao mesmo tampo, em dias do mtz paiaide. numa questio política havida neste Estado, em Otiandía, vímos, pela primeira vez noDiei de senhoras aaiigoando um naniieslo político. E. oentemporaneamante, com o exemplo das ae- nhorilas Luiz e Cutro Rtbello, que vencem galhardamenle coacur- los difficilimos e entram para o quedro do funceiosaiismo, vemos que vigaiesaaente começam a despertar as energias íeminioas oicionaes, premellendo ao paiz uma nova era. da qual o menor beneficio nio aeri, por certo, o eenlingenle de boa e san moral que alias trazem, pois que. felizmeote. aparte algumas «bonecas» desnaciontlísadas por Paris, a mulher brasileira conservou-se afastada da moral devastado- ra destas ultimes décadas republicanas.

E'-nos grande prazer acompanhar o bello raovimsnlo fesaioisla que se desdobra entre nés. mais prazer nos dá elle psr vermos qua se trate de um femiaismo pacifico, raciociatdor, sem pruiidos revo- lucionários, 0 baseado na moral chríslan ... priocipalmeate por isto I Esse foi O feminiamo qua o grande espirito ds nossa fundadora admiiliu e pregou. Este e só este. E — digamol-o com rude fran- queza — si esse movimento lurgiu, e lurgiu assim aaimids ds laes aenlímenlos, devemol o em sua maior parle a Virgiliaa de Ssuzi Sallzs, Qusndo alia fundou esla Revista, que ss compunha enlio da quatro paginss de jornal, quantas amarjuras sofreu, quantas iro- nias a pangíram, quantos sarcasmos da nostsi propriu piltieias vie- ram ferir aquella almi puiissimi de mulher I Foi ella a primeira a •ahír a campo animada dtquelle seu espirito ds altruísmo e daquel- la sua fatça espantosa de querer. Foi ella, que, esquecendo o eon- fotlo de seu lar bem abastecido pela fortuna, tahiu, a primeira, a campo, contra Iodos os obilecalot, contra lodis as daeopç&ss. E sua fé era Ito grande, e seu gesta de sacrificio ara lie aboegado qus nio tardou a arrastar para a sui causa, o seu marido, o nosso di- reclor Joio Salles, que hoje carinhesamenia a noiio lado lhe conti- BÚs a obra. Virgilioi ia de casa em casa a pedir um anouoclo, uma colisboraçio, uma assigoalura, ella que nascera e que vivia na abasianja, e qua nuacs necasiilara de pedir nadi para si! Mss sio assim os aposloloi I... Eis porqua naila mimenio em qua o fami- nisRio graças é sua campanha, que foi uoica, sé, sem outro auxilio que nlo a eoadjuvaçio dt nossas boas amigas qua nos angariam ai- signaluras, aurgem novas pioneiras de um movimeola Já lançado a ha seis annos mantido por esta Reisista, é doloroso verificar que esus pioneiras nio tenham uma palavra de referencia para o nome de noisa fundadoia, e da nossa Revista, quando expõem os aeui ptogtammas ... E' doloroio, mas é humano . .,

Voltando i ^lllança Feminina, que acaba da ser fundada no Rio. damos a seguir as imprasiõaa ds sus fundadora, a ira. Aotlia Rodriguts, numa entrevista publicada pela «Noita», do Rio :

— A Altiança tem sua séda no Rio de Jauciro. irradiando, porém, para todo o Brasil com o objaclivo de congregar Iodos os boas elemenlas para iima acçio mais ioleoii da mulher brasileira na saciedide, E' uma associaçlo do gsoaro da «L'gue Palriolique des Friçaisea», de Paris, que conta 560.000 mil associadas, ou da <Thi Cathalic Womea's League», de Londres, di «Uoiont fra le don- oe calholiche d'llalia», di <L'gua dss Femmes cbrélicnnes», da Bélgica, da «Union de Femmei», da Saissa, de «Li L'gi de Da- mas Calholícas dei üruguiy», e da muitas outras da Europa e ds America, onde as aeahoras da mais aisa elite ioielleotual se occu- pam da loluçio pratica doi problemas aoclaas.

— Péde especificar os pootoa essanciaes do seu programma ) — A AIliança é uma iasliluiçio calholica, e, dealio dei ptin-

cipios calhelicos, pcorovará a educiçio e a iniiruccio da laulher j o alargamento do seu campo de aclividade ioielleclual e moral, a pro- paganns e defesa da seus legítimos direitos e interesses colleclivoi, a iolensificaçio da sua cultura própria e especial, por meio de es- colas e ourses de economia domesliea nas iciencias relacionadai com o «meneio do lar». Procurará, lambem, sanear a ihealro, o cinema, a lilleraluta, e purificar os costumes na família ; desenvalverá a cul- tura do verdadeiro patriotismo ; estimulará a proleeçio ao operaria- do, sobretudo és mulheres e é iníaocia; Irabsihiré pela creaçào de bibliolhecas, e salas para leituras, palastras e festas recreativas; pro- pugoiii pela egualdada civil e commereial e por outros idaes fc- minislas.

— Sando varies os mstizes do famioismo, pedímos a V. Exa. para delermiotr a conceito ferainisla adoptado pela'Ailiaaça.

— Esli contido na simples anunciiçio do nosso escopo prii- cipal, que é feimac miet de fimilia e allrahir ai senhoras psra um íemioismo mais da accôrdo coa as necessidades ds mulher, e que nio as desvie de sua miisèo natural.

— Quer a mulher no lar > — Sim. queremos a mulher companheira do homem, mos es-

clarecido, apto a ganhar a vids com o trabalho, si fôr necessário, e cultivando o seu tsleolo, si o tiver, mss, repilo, desviada dessa cor- rente feminina, que chegou a proclamar a inferioridade do homem.

— A mulher deve. enlio, abraçar alguma carreira? — Queremos abrír-lhe todas as carreiras, tem que ella se mas-

culinise. — E sobre a questio do voto ? — Come é do crar que o direito do velo venha a ser conce-

dido ás mulhrres, no Brasil, devemos preparol-as pora exercel-o, pois •I DOçéit cívicas de nossas palricias ao incompletas.

— V. Ex. é parlidaria do voto feminino ? — Já fui muito contraria, por entender que os deveres do lar

bailam para encher a vida de uma mulher, mas, nos últimos tem- pos, tenho lido tantos escríptos contendo argumanlos favoráveis a es- sa concessie, que, neste momento, estou indecisa, ou quasi inclinada B acceilti-a.

— E o aspecto político da AIliança ? — A AIliança será inteicamenie alheia é política. — Quaes os seus meios de acçio ? — A escola, a asnlereocia a a imprensa. — E quando sará iniciada esta acçio > — Já a iniciámos, no dia 7, os Circulo Calholico, com a mi-

nha conferência sobre «A acçio social dt mulher». — Tem encontrado adeptas na sociedade carioca } — Numerosas. Basta cílar-lhi alguns nomes: n Sra. Andrade

Bezerra, que á a vicc-pretidenla da AIliança; a Sra. Nabuco, viu- va de grande escriptor e diplomata; Sra. Silva Guerra, priora do Cirms: Sras. Avellar Brandlo e Iza de Queiroz Gomes, iilutire pianista; D. Maria José de Ciilro Rebello Mendes, 3.o oSciel de iceretarie do Exterior; D. Slella Faro, dircciora c radtclera do Apoitelado d<s Filhit de M«rie ; D. EIvira Batcellos, a pintora Ce- lioa Toledo, a quem a Sra. Epilacío Pessoa, encommandou o qua- dro de Senta Ignsz, para a esss desta neaie ; a Sra Soares de Aze- vedo, a outras, muitiisimis outras.

— E oas Estados ) — De quasi todos ellet ifm vindo adheiõss espontâneas, em

grande numero. Na Bahia já funccionava, lambem fundada por mim, ums sociedade coogenere, — a L’ga das Senhoras Cslholicat Bra- sileiras, que se ramificou para o Ceará; disse a poetisa, eocairaodo a entrevista que nos concedera.

As sympathiat qua já conquistou a AIliança Feminina consa- gram a importância moral dos seus fins. pois a simples luodeçio de uma sociedade destinada a preparar mies da familia, parece mostrar que chegámos ao tempo das reacçéai do bom senso, fatigado de to- lerar excessos e loucuras.

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CL©C1K

0> («BTÍdadai linhaB tadn patiido c peU uU erttvi um vago aicaa de fiátet que <BliPgue<iam sei vaiet, de boloi rtlace* ladea labie oi piatei a de cbá aiiacaiado do luedo daa chicaiai.

Havia lambam um ptifume maia iideDte, (omo le lodo um aratoal de vidioa aaonalicea liveaiem udo eaquecidoa por cima daa meaaa do apoitBlo. Aa lampadaa a«b ea aeua ekai jout roaaa, fillia- vam uD>a luz leBue, dace e me>»a e pelaa jascllaa abetiaa, um pou- co de ircacuiB ealiava que laita palpilar aa corlioaa e balaoçaaa aa ielhigeBa daa palmeiiaa que oiBavam aa poitaa.

Eu calava lealmeBle caaaada da lecepçio que diia. Todaa aquellaa coDveriaa que cuviia duianle duia koiaa e que

maia me pareciam agora dciaíoi que Ixca ameaa de palaviaa, ü- ebam-me ergolado ald a cBrivaglo.

A minha velha amiga Ceiliudea mirava me malicieaaniefite por entre oa aculoa, cujaa penlaa perdiam-ic ralie oa aeua baadóa btan- cea como algodio e fiooa come meadaa de leda.

— Eatáa laligada, heia } diue elta per £m, veado-me quaai deireada lobre aa coiiaa do meu divao.

— Sim. reapoadi eu vagameate. — E leaa de qui, murmurou a bôa velha a rir. Olha que ou-

vimoa hialoriaa I... Tiuha a impreitào de que eatavamoa num ihea- Iro. aaaialiado a uma leviila moderna. Cada uma daa luaa roavida- daa repreacnlava o acu papel com uma habilidade admiravel. Pare- ciam (el-o trazido decorado e caaaiade. Erpleodido !...

— Por j,|0 TO(( cilcve quaai calada, hein } Obrctvava. nào} tepliquei eu agreaaiva.

— Sim. minha filha, cbreivava. teipondeu-me cem fiimera auave. Cerlrudea. irolando-ie maia perto de mim e prgando-me na mie eaitiada. Obiervava e conleiae.le que enliUtecia l medida que le deaenrolaxa deaale de mim eua tepicaealajio rociai que le cha- ma uma lomada de chfi cleganle.

Eu pcBaava, eiculando-aa. coBliautu a bôa arnkers filando em mim 0 aeu bom olhar de lacii, qve aa luaa amigaa ialiam de maia e rcBecteo de menoa. Timbrm repaiei, que alo eiirie abiolula- mente ealre ellaa. ene acatimcalo que Itm nome amiiade e que é lie doce quando medra talie mulhetea. almat dckilmtnle graciota- meale que ae cacoatam umaa áa ouliai pita maia loilrmcnle tup- poKarem aa agruru da vida.

Qlr j (zclamei eu, ergurado-me com eapialo. Ivlio |0 luiulci, replicou Cerlrudea aplacando-me com um

linde geilo daa tuaa mioi lôi de (ôrs, onde aa veiaa .ôxaa e altaa tobretahiam cem ailidez. Acalma-le. Nio ouvtile calio como lodaa eaaai lenhetai lallavtm daa tmtgai ) Nio aenliile a ferocidade ler- rivel, 1 iaconicicBcia admiravel c a perfidia iria e doloio>a que paa- lavam airavía daa tuaa paliwar. quisdo ellaa le releiiim i cdade. i virludc ou i bclleia daqutllai, a quem diziam etlimar e querer?

Blivtí c» olboa deaale daqvellca dicloi da mleba imiga epei- maseoi calado.

Julgando-aa eBcerajada, ella falleu maia alio, ezcila&do.ie í medida que reproduzia aquellei mutmuríoa de ialio, que ae cka- mam converaaa de aociedado.

Lembtaa-le quaodo eu eoalleci o belleia de Valcnliaa. o que ellaa me reapcodcram.

— Valealina ? Sim. eom efeito. clU i rxlraerdinaria I Nia- guem dirfi a edade que Icm i — Ellu oio i velha, ouiei «u dizer.— Nio i velha? Ha muito lempe que cila permanece aa cata doa Inala annoa I Verdade é que como ella, eziitim muilaa por ahi. Houve vm lilcaoèo dcideDhoio. recotdai-le ? a a pobre Veleaima loi declarada uma teliquia. Ealitlaato, aio me dando por vencida, (altei ao cacante luavc c doce de Lauia, aquella leurinha de viate anaoi, lio meigo e limplei, que me ài lempie a impteatio da ler ume flôr eicapada de lua haile. — E Lauro, ioaiiti eu. i cllo lem- bem ume enitguidadc ? — Ah I etli aio. teapoadrram-me logocom caler, mii uta dealei potlipoi. depoii de uma qu^dt que loSieu da

bicyclette. _ Pentei poiliper. Lavra, ezclamei com rancor, iare é uma

inverdade I Eu labia que Lauro cahiade com efeilo de uma dea- aai machinai de locomopio, quchtára um dente de lado e oalural- DCBle 0 tubililnira. mai dthi a uiai toda uma fileira de dentei íal- aoa, bavia uma enorme diilaacU.

Come ? ignorava enlio eaia íalha da belleza da lua ami- guinba ? replícou-me com depura pcifida melleia a tuiaa cu- que le loroou a lua ex-bella amiga Stbina. Recordar-le agora?

Teni razio, Cerliuder. é hotiivel tudo itio I ditie eu quaai eborando.

— Eapera, minha filha, eapera, ainda nia é ludo. Cantada *o irritada de v<> eonlinuameale rebaitdoa lodoi oa miui elog.oi ia- luaa camaiadai autenlei e paiticulaiei amigai deitai irohorai que- lio bem aa liataiam em diilaneia, evoquei o perfil pcileílo de He- lena, a rua geapa impcccavel, o reu porte de deuaa deicida do- Olympo, lodo e aeu encanto emfim de mulher moderna que con- teiva ainda oe lerru quaUuer couta do cdo dond: veiu.

£ Helena ? que me dizem de Helena ? Nio é ella umo perfeipio?

Reinou um momeilo de lilencro. Sommavam laprdimente. cada uma no ttu iniimo. oa bellezaa de Helena e oa lenSea que aa po- deríam aombtear. Triumphaole. eu reipitava já laliiíeila, quaodo uma vóz amarga partida de um canto da lua aala, murmurou : — Sim. ellu é bonita, mii em pouco lempo terá iera I A loimotura de Helena i dealaa que duram pouco e com o caiameolo e oa fi- Ihoa. dcalar-ie-ka complelamenle. Nio pude conter um movimento de máu humor c erguí me para aio e demonrtrar mala ao vivo.

— Minha cara amiga, vorÔ apavota-me. acredite I Será roa- aivel qie ludo rato ae lenha paaiado nearai duai horai, entre chi- caraa de chá e priloi de bolot ?

— loftlízmeole ataim luccedeu. rripoodru-me a boa Gerliudea. foIlando-me a mio e levaolaado ie a cuilo da cadeira, onde o rheu- malitmo a prendia. Ha affeipbei teaei entre oa komeai, mai cnlie mulheiea. eiae ieolÍE<nlo graadiaio, (orle, aliruiala e aio, ainda nio encontrou abrigo oearea corap$ea em que a vaidade, o íulil, o egoia- mo eccupam lio largo eapaço. E í lempie o pbyai:o. oa toaloa daa amiga, que ellaa atacam com uma eapanioaa e encarnipada eaer^, Nio paaioiá nunca dciperrebido á miii myope, á maia ignorante, á. maia paiiiva daa mulhcrei, a maia leve rugo ao canlo doa olhoa da amiga, o maia lenue lignal de uiura lobre aa luii lacei ou o me- nor fio empaltidccido da tua cabeileiia ainda negra. Sio ierozeal E (odai eiiaa pbiaiea rio meloiat, beivotadaa de um uoguenlo un- cluoao que aa aaollece e lhei amentaa aa ponlai, dcmaitado aguiai para uio dea aal&ei. Já fôile letlrmunha altenla de duai mulheiea que deiconhecidai uma a outra alá enlio. rio apteienladai poi uma amiga commum ? Obietva bem ot olharei com que ellaa ae ezamr- nam muluaiarole e ficaiái atleaila deinie da acuidade, da profun- deza, da analyie deiaea olharea femlniaoi, Em Ioda a mulher, que- rida, dorme um chefe de inquiaiplo I

Ealou complelamenle anaiquilada, Cccliudei, dcanle- do que me levelaa, exclamei eu, emocionida,

Eacula ainda, czplicou-me a velha lenhoia. incllnando-ie Io- da para mim. Ouli‘ora. quaodo eu era moça. julgava que oa ho- mem eram oa maiorei ioimigoi da mu'hcr, porque o amor, o uoico álo que eu ecreditava capaz de unir um homem a uma mulher, detpeila lempie oe norta alma um initiocto de combalividade e de malícia, mai, hoje. filh». ciC. que uma pbiare ftmmioa lem liaaido maia lepulapõei. maia famai de belleza, ametquiohado maia creatu- rai, que todo e quilguer geilo maaculioa. E com eila, parlo eu- lambem, dcizaodo-le át luaa leflex&ei.

E Cerlrudea ae foi embora alando ainda com aa auu mioa Iremulaa, aa iildo pielai do teu chapéu de velha.

Eu fiquei ló, com a minha melancolia, deiieada robre oa co- xiaa do meu divao. Pelaa janellai aberlaa. eu aeolia o aroma doce doa jiimini, e aviltava oa arabeicot lormadoi no tapapo pelaa galhea daa grandei arvorei. Cuilava-me muilo t racrificar ai minhat idáat lobie a amizade feminina,

Mai, meu Deuil O que lecá pieciao enlio fazer para let-ie- feliz na vida? E oa caloaa da noile, eolie oa fesiSea daa {ôrei que cipreilavam pela minha janclla, uma \ot doee e leve como um ao- pro. muimuieu :

— Devea cuilivar na lua alma a uoica viriuàe o uoico lalia- man, que ooi pôde dar a ventura no mundo : — a Bondade !

GbrysQQttième.

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REVISTA FEMININA -rr' ; -

A Escola

íl 5ua feição educaiíua e os projectos de remo-

delação suggeridos ao Dr. Oscar Rodrigues PII-

ues, pelo seu direcíor 3osé Carneiro da Silua*

Profissional Feminina de São Paulo

Pelo decreto de 28 de setembro de 1911 foi creada etn S- Paulo a Escola Profissional Feminina, para ser applicado o ensino de artes e officios, economia domes- tica e prendas anuaes, desenho artís- tico e um curso geral de desenho

rofissional ou technico. Escusado será encarecermos açui

os benefícios decorrentes de uma tão util instituição, pois não poucos têm sido os debates das assembléas le- gislativas, as discussões pela impren- sa, acerca dos institutos proRsslonaes que constituiram sempre um dos fe- cundos elementos de grandeza econô- mica e moral das nações em que fo- ram implantados.

Assim é que, no bello e substan- cioso relatorlo apresentado, no anno passado, pelo seu director, ao illus- tre titular da Pasta do Interior, se lembrava que o Dr. ^('enceslau Braz aventou, em documento publico, a idéa da creação no Districto Federal de uma escola normal profissional, para iniciar o preparo racional do operariado, afim de se formar pelo trabalho uma geração viril e sã, ulil a si própria e á sociedade e que o grande brasileiro Conselheiro Rodri- gues Alves, de saudosa memória, pensava também, acompanhando a corrente dos grandes espíritos da épo- ca, que «as escolas profissionaes exercerão na nossa vida economica uma influencia cuja importância é inútil encarecer. E accrescenlava : -Náo basta ensinar a crean- ça a ler e a escrever; indispensável se torna que se proporcione a cada uma os meios necessários para exer- cer convenienttmcnle a sua aclividade.»

Depois de uma serie brilhante de argumentos com

3.0 onno do curto de Flores. Chopéos e trabalhos arlhltcos

que O erudito professor Carneiro da Silva reforça a phalange dos sectários da diflusâo do ensino profissio- nal, das vantagens econômicas que proporciona ás na-

2.0 anrto do curso de Flores

ções em que tem medrado, como na America do Norte, Aigentina, Bélgica e outras, mostra-nos elle a necessi- dade de ser encarado o problema pelo seu aspecto «fu- cac/onol.

E, ao seu modo de ver, dois pontos capitaes devem merecer a atienção, desde já, dos poderes públicos, is- to é, a feição educativa do ensino em questão deve l.o

«preparar um derivativo seguro con- tra os desvios moraes e os crimes; 2.0 levantar o nivel intellectuat do operariado, desenvolvendo-Itie as fa- culdades de observação, de reflexão e de creação, tornando-os, ao mesmo tempo, aptos á comprehensão dos seus direitos e deveres sociaes.»

Eis aqui, entre outras curiosas observações, as seguintes expendidas pelo referido professor.

•Nos grandes centros populosos, onde são mais frequentes e em maior numero as manifestações criminosas, torna-se indispensável a disciplina moral do trabalho. E esta não se en- contra nas officlnas particulares da industria, para onde as necessidades da pobreza impellem milhares de man- cebos e donzellas, e onde vão per- der as melhores energias de sua acti- vidade, quando não sejam infelicita- dos por motivos ainda mais damnosos.

Forma-se assim o operario-machi- na, sem incentivos elevados, sem ini- ciativa creadora, sentindo muitas ve- zes um profundo desgasto pela pro- fissão que exerce, ou antes, que ar- rasta como uma carga incommoda e

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REVISTA FEMININA

pesada. O curso profissional mal entendido poderá con- duzir 0 educando a um mal semelhante, desde que o abrigue á atção axphixian^e de um traba'ho puramenie machlnzl, rHegando-o assim na esphera de um simples productor. Cumpre, ao contrario, provocar, porb'm di- igidos Incentivos, a manifestação das capacidades va-

3 o anno do cuno de Rendas e íBaedados

riadas da mocidade. E’ preciso oppor ás praticas ana- chronicas do meihodo oppiessieo as boas normas do meího- do expomioo, excilando, em tudo e por tudo, o espirito de Iniciativa. E' este o caracter educacional dos traba- lhos manuaes.>

Para que do ensino profissional possa o G verno tirar o maior proveito possível, necessário se torna a remodelação lembrada pelo professor Carneiro e certa- mente 0 grande espirito de iniciativa de que tem dado provas 0 titular da Pasta do Interior vi> rá de encontro aos desejos daquelle professor que se interessa, como poucos, peia educação publica a que procura dar o alcance pedagógico compatível com o progresso do mais adiantado dos Esta- dos da nossa federação.

O Congresso do Estado, por indica- ção da S'cretaria do Interior, creou, pe- lo art.o 63 do regulamento para execu- ção da n. 1579, de 19 de Dezembro de 1917, quatro cadeiras para o ensino de Portuguez, ArithmeMca, Geographia e Historia do Brasil. Lembra o Sr. Car- neiro a conveniência de que laes logares sejam preenchidos e que se ailiassem, ás occupações desse curso, os trabalhos do aieller. <E’ preciso cuidar-se com mais solicitude da parte essencial da cultura da mulher, desenvolvendo as faculdades do seu espirito, esclarecendo a sua ra- zão, formando o seu caracter e coração. Neste curso as educandas poderiam re- velar as suas tendências nativas, adqui- rir hábitos de ordem e de observação, preparando o espirito de Iniciativa e re- cebendo uma serie de conhecimentos especiaes que a escola preliminar não comporta e que viriam constituir uma solida base para o ensino profissional piopriamente dito.

Desenho profissional

E’ precisamente pelo profissional que o alumno po- derá revelar o seu espirito de iniciativa, ou melhor, o

cunho creador com que se imporá aos seus companhei- ros e aos seus professores. Longe de reproduzir, banal- mente, a inspiração alheia, viciando-se no servilismo copias, annulando por completo a individualidade pró- pria, deverá, ao contrario, ter um modo ttu de ver e sen- tir as cotisas, de expol-as com originalidade, comoins-

tincto natural da ordem e 'com a graçt bizarra do imprevisto.

• Ha e tem havido em todos os ra- mos das artes e industrias muita gente guí adquiriu fama e enriqueceu, imitan- do ou reproduzindo idéas alheias. Não se póde dizer que não haja merecimento nisso: ha, e algumas vezes aié, muito talento e habilidade. Mas o que impor- ta para a escola não i o valor material, a importância economica do objecto, se- não a sua Importância educativa. Assim, um pintor ou desenhista que, leccionan- do numa escola como esta — pondera o seu direclor, — tiver a preoccupaçáo de formar ailistas, em vez de appiicar o desenho ao trabalho das cfficinas, des- virtuará os fins do ensino e será ucn péssimo piofessor.»

Não somos, neste ponto, do parccer do professor Carneiro. Achamos que não ha a menor incompatibilidade entre a manifestação do sentimento artístico revelado pelo alumno e aproveitado in- trlligentemenie pelo professor quer en beneficio das officinas da escola, quer não, pois do contrario seria privar o mestre de concorrer para o desenvolvi- mento de um sentimento precioso e ra-

ro como seja o que se reve'a pela tendencia, pelo sen- timento, pela faculdade artística de um indivíduo.

• * • A Escola profissional feminina funcciona com 12 of-

ficinas, um cu'so de desenho artístico e outro de dese- nho profissional constando o pessoal docente de 6 mes- tres. oito auxiliares, um professor e uma professora, respectivamente para estes dois últimos cursos.

Vm aspecto do 3.o anno de curso de confecçòes

Com O desenvolvimento dado á Escola pelo Dr. Secretario do Interior, tantos e tão uteís são os traba- lhos executados nas suas oHicinss, que ella já não póde atlender aos pedidos das candidatas que a procuram.

Para que as leitoras da Reo/sia Feminina possam fa- zer uma idéa approxíamda da Importância dos produ-

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REVISTA FEMININA

■ttos da Escola, damos abaixo a serie úos trabalhos que são alii executados:

1) Con/ecfõa, em gcral, para crianças de ambos os sexos e senhoras. Blusas, saias, vestidos completos, pelgnolrs, manteaux, vestidos á phantasia, tailleur, en- xovaes para baptisados e casamentos.

2) Bordados; toalhas, porta cami- solas, almofadas, abatjours, abafadores, sachets, appiicações de Veneza, defilet e Richelieu; rendas irlandezas, de Mi- lão e de bilros; bordados a fita, a seda, a ouro, a misanga e froco. Sapatinhos e toucas de crochet-

< 13) Roupas brancas para crianças, homens e senhoras. Pyjamas, robs de- chambre, bonets para collegiaes, capas para cadeiras, etc. » 4) Floresde quaesquer especies, em

papel, nanzouk. seda, veliudo e cellulol- dine; ornamentação e palmas para egre- jas; flores de palheta, de coco, de laran- ielra e pelilca; flores e fructas de seda e parafina; armação de coibeilles. Puo- gravura em madeira, drap e veliudo. Photominiatura ; photopintura em vidro, madeira e porcellana. Pintura japonesa. Decoração em couro, tecidos e metaes. Trabalhos deceramica. Pintura em pelli- ca, porcellana, barro e vidro.

5) Conformação, reforma e enfeite de cnapéos.

Já em relatorio anterior dizia o pro- fessor Carneiro:

•Tão grande é a concorrência de candidatas á matricula no curso de Confecções, que parece aconselhável ser installada mais uma oRícina desta natureza, junta- mente com a secção industrial que o Governo está au- torisado a crear pela lei n. 1579, de 19 de Dezembro de 1917.

Para esta secção, que também deve ser de Con- fecções. poderão talvez ser aproveitadas muitas das alum-

inas já diplomadas pela Escola, as quaes, mediante um

Curio Je Jêsenho pro/i»tlonttl

pequeno pecúlio que se convencionar, poderão trabalhar sob a direcção de uma contra-mestra que o Governo coniractar para tal fim.

Para attender á necessidade de natureza economica, acontece, não raro, ser preciso acceitarencommendasde trabalhos que as alumnas já conhecem e que executa- ram mais de uma vez. Quer isso dizer que a verba or-

çamentaria de I:300f000 mensaes, destinada ao custeio das officinas, é insufficiente para manter em trabalho continuo cerca de 600 alumnas e ainda para adquirir ar- tigos de expediente.

As medidas propostas no perfeito e minucioso rela- torio do Professor José Carneiro da Silva, digno dlre-

■3.Ç anno Ja curto da T^oupas S'O.Kaa

ctor da Escola Profissional Feminina de São Paulo, são as seguintes ;

1) Necessidade de vulgarlsaçâo do ensino profissio- nal, ampliando o curso das escolas existentes e creando outras nesta Capital e no interior;

2) instituir nas escolas profissíonaes da Capital um curso preparatório, constando de noções praticas de

língua materna, de arithmetica e de edu- cação moral e cívica ;

3) Installar um curso de economia domestica;

4) installar um curso de dactylo- graphía e commercio. ja creado pela lei de 28 de Setembro de 1911;

5) crear nesta Capital duas escolas normaes proRssionaes, uma para cada sexo, ou converter as duas existentes em instituto desse typo ;

6) installar a secção industrial, para cujasdespezas está o Governo autorisado pela lei n. 1.579, de 19 de Dezembro de 1917 ;

7) reformar o systema de mobiliário do curso de desenho profissional ;

8) fazer a revisão do regulamento da Escola ;

9) reformar o systema de pecúlios (arts. 53 a 56 do projecto de novo regu- lamenio);

10) construir na espaçosa área, em que estáoedlficio da Escola, dois pavi- lhões, tendo quatro salas, com frente pa- ra a rua Mons. Andrade, onde pode- rão funcrionar ~ a secção industrial, o curso de desenho profissional, o de dactylographia e commercio e mais uma offlcina de confecções.

Sob taes basea, estamos certas que o benemerllo Governo de São Paulo e o seu itlustre auxiliar o Dr. Oscar Rodrigues Alves saberão, dentro em breve, dotar a Essola Profissional Feminina dos Imprescendiveis re- cursos de que carece, afim de corresponder ã< aspira- ções da moderna geração operaria e formar na socie- dade democrática em que vivemos, uma das mais soli- das bases do patrimonio nacional.

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REVISTA FEIMNINA

fis barbaridades da guerra

Je gutr/a, mentira como Urre, diz o dh tado, e moi» uma vez je tUfifica a sabedoria dos ada^ glos populares com as noiicios que, aos poucos, oòo chegando sobre as pretendidas barbaridades da ulli- ma guerra, ,^ntes assim, ndo teremos de corar por pertencermos ao generi humono.., ^ Cothedral de Reims ioi reaberta.

A imprensa, e principalmente o telegraplio eu- ropeu, que seja dito de passagem, era todo perten- cente aos ailiados. davam-nos, diariamente, por todo o tempo da guerra, noticias sensacionaes de barba- ridades commetfídas pelas tropas invasoras; creanças de mãos cortadas, velhas fuziladas, anciãos decapita- dos. casas assaltadas, museus destruidos. egrejas ar- razadas, e todo o rol de horrores, que, em toda a guerra attribue a nação que tem melhores meios de publicidade a seus adversários. Foi assim no Con- go, com a Bélgica, que foi acensada pela liigletetra de praticar aquellas mesmas barbaridades. E foi as- sim. eguaimente, com a Inglaterra quando o velho Paulo Kritger. do Transwaal, corria as cortes euro- péias contando os tetricos horrores praticados pelas tropas britannicas ... Eis ahi, porque, os que têm acompanhado, em quasi todas as recentes guerras, o desenrolar daquella propaganda, recebem com natu- ral scepticismo tacs infoimes. que. quasi sempre, após a guerra. começam a ser attemiados, quando não desmentidos. O grande publico, porém, <a massa> que pensa pelo «seu jornal», processo mais simples de pensar e de ser enganado, apaixona-se, violentamente, por taes noticias, e este resultado po- dem gabar-se de ter obtido os manejadores da teiri- vel machina. Foi deante daquellas noticias de bar- baridades sem conta, qne aliás os allemães nunca puderam contestar porq.ie não tinham meios de com- niunicação com o testo do nnitulo. — que os po- vos arrastaram os seus governos contra as hostes dos «huimos».

Mas agora, cessada a guerra começam a appa- recer desmentidos, e é com grande prazer, que no- ticiamos que a soberba Cathedial de Reims. a notá- vel obra de arte franceza, que, pelas noticias divul- gadas. parecia a todos nós que tinha sido totalmen- te arrazada pelos allemães. soífreu, rclativamente pouco, como se vae lêr da enttevista concedida pelo cardeal de Reims, testemunho insuspeito, que assim se exprimiu:

“Apezar dos seus 77 amios, o venerando prín- cipe da egreja mostra-se ainda forte e expedito, pa- recendo um grande optimista.

‘Destruída a minha Cathedral? Nem tanto — disse elle. Os estragos causados são mais facilmente reparáveis do que geralmeute se crê. E’ verdade que uma antiga parte que foi destniida não se po- derá substituir, mas a belleza da Cathedral permane- cerá, primeiro nos seus vitraes: segundo, nas suas escuipturas: terceiro, na sua estatuaria. Cerca de 9 10 dos vitraes Foram salvos e conduzidos para Pa- ris, e o restante pode ser restaurado por especialis- tas com 0 auxilio de muita paciência e de grande numero de photographias coloridas que possuímos. Quanto ás escuipturas restabelecel-as-emos com gran-

de numero de moldes que dellas possuímos. Mui- tas já tinham sido restauradas no correr do século^, como. por exemplo, a larga peça representando a< Assumpção que foi reparada em 1875.

Da estatuaria poderemos reproduzir com faci- lidade as partes destruídas; os pilares com os seus. ornamentos soffreram pouco; sómente as portas la- teraes foram destruídas pelo fogo.»

— Vossa Eminência, soffreu muito durante a. guerra ?

— Tanto quanto os outros habitantes de Reims, disse 0 cardeal. <Habituamo-nos. como a gente se- liabítua com todas as coisas, com o bombardeio- diarío.»

O cardeal Liiçon disse ainda que o oFficio divino - recomeçara na Cathedral desde o dia 1." de novem- bro de 1918, restringindo-se. porém, ao altar da. Virgem e ao aminitatorio que o lodeia com capaci- dade apenas para I 500 pessoas.»

0 Papa e o Feminismo

Um» dcizgaçio da multierai Ioi racaDtampnIo recebidz por Su». Saotidide o P«p» e icipoadaDdo Baatdiclo XV «udiçõea que recebeu, ditoe pelarrai rsemoreveii. que devem ter meditada» pele mundo lemio-oo.

Sua Safilidade, nèo deraprovaudo o íaclo de ae dar ia mu- Iberei ilalíanaa o direito de voio, aecuodaado euíai a» atpira(&e< po- lítica» do »«xo, ioaiaiíu. todavia, lobre o arroja da» loilelles acluaei, que, rm alguni caioi, chegam a ler verdadeiro» allenladot i moral.

Sob o ponto de viila polilice. lez lenlir que como corolário deru» contuiitaa no campo rociai, havia uma corielaliva liiie de reiponsibilidedei gravei e direclai, que a mulher podería galharda- meole aopeaai, tua» que pediam medilaçio litia, para que não &ca>- »em burladaa.

Quanto ao eiaggero de moda. Sua Santidade veiberou e uio de certa» lazende» Iraniparenler, aue quiii detnudam o corpo, olSen- dendo por i»io a moral chriilan. £>»e u»o é condemoavel e ai mu- Iherr» verdadriramenie hoDeilar. por limplei pudor, jimaia deretiam incorrer na ceniura papalior, pei» lazendai aisiia »i 6cam bem em corlinadoi ou em arandelai e «abal-iour»,..

Em lodo o caao Benediclo XV são deixa de ler muita rtziol

Escola Domestica

M> Ria Qtande do NarU, na Ereoia Domesitca eompetente~ menie dirigida por JíCiss James, o sr. Dr. Marcondes Romeira realizou ama impoilarrlt eanferenela sobre o •Ptogtamma Sanilatlo do Broslh.

A essa festa do espirtio compareceu o ^esernbargodor Ferrti- ra CAatfea, governador do Erlado, que a presidiu, estando presen- tes muitíssimas senhoras noiolenses.

*Eseola Domesticas, que, como se vi i regija par uma mulber, tem dada as melhores resultados práticos, srndrr por isso digna das mais sirteeras felfellofies sua dircciora Miss James, re- presenlartie típico da mulher culta c progressista dos Estados irnldos.

/Aethodo para furar o vidro

Prepara-se uma solução saturada de cainphora em essencia de therebentína; depois pega-ae n'uma verruma, aquece-se ao rubro branco e nicrgulha-se n’um banho de mercúrio, e que Ibe dá uma durezi extraordinária. Depois aguça-se e mergulha-se na so- lução de camphora. A verruma fica apta para pene- trar no vidro, como se fôra em madeira. Tendo-se o cuidado de humedecer constantemente com o liquido 0 ponto atacado, o trabalho segue rapidamente e pou- cas vezes será preciso aguçar a verruma.

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REVISTA FEMININA

ENTRE DUAS ALMAS

O novo romance da Revista feminina

Comtçamtt hoU « publleofSt dt um nope romonee it M. Dtllg. O que foi e mteeaio eUanfaio por «(^scrava eu... Rainha» date aerfor, por

nós puhUeade, dll-o a imoflo profunda lloeram nouar UUora» ao ptrooner at pa» ginai ehelai de amor e de »er)liinenl* deita neoella otrdadelramenie leniaelonal.

•Boire Daaa Alnat» i ainda ama hlilorla ehela de olda, de tragédia e de elger, ende a par de lanee mah lemaeianel ha tempte uma meta! tetena e pura a itiplandt- eer coma um sol eloni no meie da moh emoclenanie tragédia.

oEnlre Duai Almai» i um deusi lleiot que nurtea u eiquecem. O exHe que aleanfou. em todo o munilo, fel doi que celebrizam e nome de um aaler e e temam amado pela bellexa eipalhada na terra.

Eilamai eertae que eem lua pubileaçio, faremot umiegio preimle á» noaat Morea.

I

Havian festejado nessa noite os membros do Jo> ckey Club a recentisslma eleição do tnarquez de Ghl- liac para a Academia, — Ghiliac, o celebre autor de de> licados esiudot hibtoricos e alguns romances psycholo- gieos, cujo alto valor literário era Incontestável. Num dos iuauosos saldes, um giupo composto do que o cir- culo contava de mais aristocrático, envolvia o novo im- aiortal para se despedirem delle, porquanto já ia alta a noite, e só permaneceríam ainda os inveterados jo-

gadores. De todos 08 que alli estavam nenhum poderia ja-

ctar-se de poder nivelar com o ente de harmoniosa bei- 1 eza e suprema elegancia que era Eilis de Obiliac. O rosto de linhas soberbas e viris, a tez ligeiramente ma- te, 8 bocea fina e irônica, os cabelloi castanhos, natu- ralmente annelados, os olhos de um azuf-escuro, cuja bellesa era tão celebre como as obras do senhor de Ghiliac, 0 talhe alto e esbelto, — todo esse conjuncto de graça facil, correcção altiva e distineção patrícia fa- zia desse homem de trinta annos um ser de incompa- rável scducção.

E essa sedueçio. naquelle momento, exercia-se vi- sivelmente sobre todos os que o cercavam, apertando-lhe a mão. A uns, respondia graciosamente, a outros cha- tamente, com palavras fulgurantes, que eram o mais fi- no, o mais delicado do mpuie francez, — um verdadeiro mimo — como dissera mais uma vez um seu parente, o conde d'Essn, homem já maduro, de feiçóes finas e graciosas, incilnando-se ao ouvido de un joven russo, amigo intimo do senhor Ghiliac.

O príncipe Sterklne assentiu num gesto enthnslas- ntado, fitando os olhos azues, claros e francos, no ami- go a quem admirava cegamente.

Nesse Instante, Ghiliac, tendo cumprido os seus deveres de polidez, dlrigiu-se para o senhor d’Cssü:

— Tem você carruagem, primo? A todos áquelles dons recebidos do céu, juntava

elle ainda uma voz quente, de inflezóes singularmente encantadoras, e de que sabia servir-se de um modo in- comparável.

— Sim, meu caro, tenho um taxi á minha dispo- ^ção.

— Mas não gostaria antes que eu, de passagem, o deixasse em casa?

— Com muito prazer, tanto mais quanto aprecio os seus automóveis.

— Pois venha gosal-o mais uma vez esta noite ... Até amanhã: Miguel I Esperar-te-hel ás duas horas.

— Combinado. Boá noite, Elias. Os meus respeitos á senhora d'E8Sil, senhor conde.

O moço slavo apertou as mãos do conde e de Ghi- llac, 08 quaes se afastaram, retirando dos salões.

Fóra, um laadolé etectrlco, maravilha do luxo so- brio, aguarda o marquez de Ghiliac, o qual fez entrar aeila o primo e dando ao ajudante o endereço do se- nhor' d’E8siI, subiu por aua vez, mergulhando nas ma-

cias almofadas, ao mesmo tempo que murmurava num tom de irônica paciência :

— Que vslente estopada! D’EssÍI bateu-lhe no hombro. — Enfarado de cumprimentos, de incensos, de ado-

rações I Oh, que homem I Ghiliac teve um curto froixo de riso. — Enfarado de tudo I Mas, si não lhe desagrada,

falemos de coisas sérias, primo. E, pois que estamos sós, quero pedir-ibe uma Informação... Não sei si ji lhe disse que penso tornar em casar-me t

— Não, mas soube indlrectamente que a duqueza de Versanges está multo triste, porque você lhe refuga impiedoso as candidatas, escolhidas, aliás, entre o que a nossa aristocracia conta dé mais fino, a todos os res- peitos.

— Perfeitas Mas, que quer? tenho cá o meu Idéal. D'EssU lançou um olhar admirado áquelle bello sem-

blante, onde as pupilas escuras brilhavam com sedueto- ra ironia.

— Você, Elias, tem um ideai ? I O marquez rasgou um risozinho velhaco. — Em que tom me diz isso I Parece-me que o faço

admirar-se escandalosamente, e desconfio que me crê incapaz de alimentar no meu espirito sceptico a cham- mazlnha azul de um Ideal qualquer, Mas o termo, bem sei, é improprio ás circunstancias, por isso que se tra- ta simplesmente de um casamento de convenieacía.

— E escolheu então... — Por enquanto, ninguém. Ainda não encontrei •

meu... como direi?... o meu sonho?... Não, é ainda mui- to ethéreo... Meu typo? E’ vulgar... Emfira, o que pro- curo.

— Caspité t você ê difficil de contentar, meu caro l Tem a seus pés todas as mulheres, e sabe de antemão que a feliz eleita será objecto de ciúmes ferozes...

— Estou que não terão muitas oceasiões para se en- trarem de zelos da que ha de vir a ser minha mulher, ponderou tranquiilamente Elias.

D'Essil olhou-o um tanto admirado. — Porque, meu amigo ? Elias esboçou de novo o sorriso cscarninho que lhe

era habitual. — Oh I não vá agora emprestar-me intenções de um

Barba-Azul I... Si bem que hajam boquejado mui lindas coisas desse genero a proposito de Fernanda... — acres- centou, dando ligeiramente de hombros. Deixei que fa- lassem, a tal ponto subia a estupidez. Hoje, parece-me ji ninguém pensa mais nisso... Mas, tornando á futura marqueza Elias de Ghiliac, eu quiz sómente dizer que nenhuma dessas damas se sentiría com forças para le- var a exlstenda honesta, retirada, que destino á minha segunda mulher.

Seria interessante ver o pasmo que se estampou no semblante dTssil, pois que o primo náo pudera conter o riso muito moço e muito franco, sem nenhuma mes- cla de ironia, deasa vez, e nelle muito raro.

— Quer então voce retlrar-se, Elias?

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— Eu, nlo I Falo de minha mulher. Expllco-me.. . Afundou inda mais nas almofadas, num moWmento

displiceute. A’ suave claridade da lampada electríca, ve- lada de amarello-pallido, d’Essil via-lhe es olhos pro- fundos, que chispavam assombreados pelos longos cilios.

... Não será mistér dizer-lhe que o meu primeiro casamento foi um erro. Nunca jamais se encontraram dois caracteres mais dispares, incapazes de se compre- henderem, que o de Fernanda e o meu. Por isso sof- fremos ambos... e assentei commigo nunca mais reco- meçar uma experlencia desse genero. Pretendo conti- nuar livre. Todavia, desejava tornar a casar-me, eGm de ter um herdeiro de meu nome, pois sou o ultimo da minha estirpe. Esta, a questão principal. Demais disso, não me desagradaria dar uma mãe a Guiltaermina, cu- ja saude ao que parece, deixa muito a desejar, e cujas mestras e governantes tantos anojos causam a minha mãl á conta de suas continuas mudanças.

— E então ? — En)ão, aqui tem você: quero uma moça seria,

que goste de crianças, deteste a sociedade, que se sinta feliz por viver todo o anno em Arnellas, e se conten- te em ver-me de tempos a tempos, sem se arrogar o direito de exigir de mim alguma coisa. Nada de frivo- lidadei, nem gostos Intellectuaes ou ariisticos muito pro- nunciados. Preciso de uma mulher honesta, de intelli- gencia commum, mas de bons sentimentos, — e, sobre tudo, não seja sentimental l Oh l as mulheres seniimen- taes, as romanescas, as exaltadas l E as lagrimas, as crises nervosas, as scenas de clumel Essas scenas cru- cientes com que me gralíGcava essa pobre Fernanda sempre que lhe vinha á cabeça uma idéal...

A voz tomava intonações quasi asperas, e os olhos brilharam-lhe, por instantes, num lampejo irritado.

— Mas, meu caro amigo, ha todas as probabilida- des de que uma mulher, seja qual for, por mais grave que seja, se apaixone — e apaixone-se profundamente — por um marido como você, — oblemporou, sorrindo, 0 senhor d’Etsil, E’ inevitável, veja bem.

— Espero que, se ella for como desejo, hei de fa- zer comprehender-lhe a utilidade e o perigo de um sen- timento dessa eipecie, a meu respeito, por isso que delle eu jamais podería participar, replicou Ohiliac. Uma mulher inteligente e nada romanesca aprehenderá logo os serviços que eu espero delia e poderã encon- trar ainda algum prazer numa união desse genero. Ago- ra, venhamos á informação que eu queria pedir-lhe: não conhece você, entre a sua parentela e os seus innume- ros conhecimentos de província, alguém que correspon- da aos meus desideratos?

— Humi com similhantei cláusulas, é extremamen- te difficili Pois não vê que seria preciso uma mulher de uma razão quasi sobrehumana para acceltar um vi- ver á margem da existência mundana do marido, ver- se relegada o anno Inteiro nas Arnellas, quando pode- ría ser uma das mais invejadas mulheres da terra e go- zar todos os prazeres que proporciona uma riqueza co- mo a que você tem?

— Concordo, e justamente por isto ê que eu quasi já desesperei de a descobrir. Todavia, quero sabe? um acaso I... Talvez que uma moça multo piedosa...

— Uma moça piedosa hesitará em casar-se com um indiflerente como você, Elias.

— E’ possível. Com tudo, — e ia-me esquecendo dizer-lhe que este ponto é para >inim essencial: uma grande piedade, na mulher, é a melhor das salva-guar- das e a primeira garantia para o marido.

— Mas não admitte' você que ella possa exigir re- ciprocidade?... in^lriu 0 conde, com um sorriso llgel- ramente velhaco. Todavia* succede em geral que uma moça verdadeiramente christã quer encontrar no espo- so os mesmos sentimentos. Eis ahs está, pois, mais uma difflcutdade.

— Ah [ você está a desencorajar-me! exclamou Ohi- liac num tom entre serio e chocarreiro, tomando entre os dedos a rara flor, que, soltando-se-lhe da lapelli, viera cair-lhe sobre os joelhos. Ora vamos, folheie bem nas suas recordaçQes. Você e a prima têm lá no Fran- co-Condado, na Bretanha, nos quatro cantos da França,

uma Innnraeravel quantidade de parentas moças, de jo- vens amigas...

— Sim, mas não me parece hajs algnma nas con- dições de satisfazer os seus desejos. Um homem como você não póde querer um estafermo como Henrlqueta d’ErquI...

— Não, primo, nada de estafermos... — Odette de Hérigny é um canhão... — Não é isso 0 que eu quero l — Quer então uma beileza I — Alsolutamente, pelo contrario. Uma mulher bo-

nita é necessariamente faceira, querería tornar-se mun- dana... Não, não, nada disso I Uma moça que não cause medo a ninguém, mas principalmente distlncta, — ben educada e de caracter igual, dooll.

— Ah I meu amigo, você é de uma exigencIa t... Emflm, vamos ver...

E 0 senhor d’E8SÍl apoiou a fronte na mão, como sl tentasse extrahir uma idía, uma recordado. Elias, com uma das mãos descalçada, torturava a flor côr de enxofre. No interior estofado, reinava um ar tépido, em que fluetuava o perfume exquisito, subtil, enebriante, que impregnava todos os objectos de uso pessoal do marquez de Ohiliac-

Súbito, d'Esiii ergueu a cabeça. — Ora, espere... quem sabe ai... Ser-lhe-ia Indiffe-

rente esposar uma moça pobre, mas pobre, completa- menie pobre, a ponto de lhe flear a você o cargo da fa- mília, — pai, mãl, e seis Irmãos e irmãs mais moços?

— A questão de dinheiro não existe para mim. Mas sempre lhe direi que toda essa família seria bem In- commodada .

— Talvez não tanto, porque a senhora de Noclare, sempre doente, nunca sae do Jura, onde vive toda a fa- mília, no teu castello dos Altos-Pinhelros a mela en- costa, nas cercanias de Pontariier. Valderez, a filha mais velha, é afilhada de minha mulher...

— Valderez?... Foi a senhora d'Essü que lhe deu esse nome?

— Sim; é, como sabe. um dos prenomes de Ollber- ta, que é a condadina. Não lhe agrada ?

— Como não? Queira continuar. — Essa menina vlu-se. ainda criança, obrigada a

substituir a mãi doente, tratal-a, occupar-se dos irmãos e das irmãs, dirigir, emflm. a casa com os recursos que iam cada vez mais diminuindo, porque o pai, um des- miolado, desbaratara no jogo e noi prazeres os bens da fortuna, regularmente avultados á época de seu ca- samento. Actualmente, ella arrasta nos Altos-Pinhelros uma existência precarissima, sem ter a energia de pro- curar uma posição que lhe possa entravar a carreira para a miséria extrema. E' irascível, rabujento, e por conseguinte a pobre Valderez está longe de ser feliz en- tre esse pae sempre rezlngão e a mãi doente do corpo e da vontade, com a constante preoccupação do dia se- guinte e os mil cuidados do lar que recaem todos so- bre ella. ASanço-lhe, meu amigo, que o considerariam li como um salvador.

— Como é essa moça? — Ha tres annos que i não vemos. Nessa época

ers uma rapariga dos seus quinze annos, nem feia nem bonita, os traços ainda não brmados, algo canhesirale roal feita, mas, todavia, distincta. Cabeltos magaíBcot, dentes admiráveis, olhos beilissimos. Muito séria, extre- mamente devotada aos seus, muito piedosa, muito tí- mida, ignorando completamente o mundo, mas intelli- gente e sufficlentemente instruída.

— Mas é justamente o que eu procuro I Bem me queria parecer qne você é quem me podia arrumar es- se negocio. A famiila é de bom sangue?

— Velha nobreza condadina, estreme de más al- lianças.

O senhor de Ohiliac permaneceu caiado um instan- te, olhos vagos, torturando entre os dedos a flor, já agora irreconhecível.

— Segundo me diz, ella nio terá mais que desoito annos, — considerou elle. E’ ainda um pouco criança.

— Será assim mais raalleavel. — Tem razão. E si é séria, principalmente...

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Habituada a viver no campo, numa quas! mlserla, Amellas deve parecer^lhe um Eden.

— Evidentemente. Quer-me também parecer que el- la Rão tem nada de romanesco. Verdade é que, com at me- ninas, nunca podemos saber si... Meu caro Elias, pode iazer o favor de respeitar uma das minhas innoceutes fraquezas, deixando de martirizar essaa pobre flor ?

— Perdão, meu amigo, tioka-me esquecido... Correu a vidraça, e deitou fôra as pétalas esmiga-

Ihadas. Depois, voltando-se para o senhor d'Essil: Ora abi está o que se chama amar as flores I

Quanto a mim, esses productos de estufa, essas cria- çQes complicadas, delxam-me insensível. Depois de ha- ver por algum tempo repastado os olhos em sua bel- icza, destruou-as sem piedade. Para mim, a verdadeira flor, aquelia á qual sómente hei tocado para admirar- Ibe a harmoniosa simplicidade, é a humilde flor dos campos c dos bosques.

O senhor d'Es$il arregalou os olhos, de puro estu- pefacto, 0 que teve por effelto excitar de novo a deca- cidade folgazã de Qhiilac.

— Justos ceus, meu primo I DJr-se-ía que eu lhe re- velo nesta noite horizontes nunca suspeitados i Elias de Obtilac lyrico e sentimental l Mas você náo tornará mais... nem eu, tão pouco... Ora, pois, falemos serio. E falava- mos, não de uma flor, mas da menina ^de Noclare, — que tudo é um, talvez?

— Uma flor dos campos, Elias. ' A bocca irônica esboçou um meio sorriso. — Nesse caso, esteja tranquillo, tratál-a-emos como

tal. Mas não me seria possível ver-lhe a photographia? — Minha mulher tem uma, datando iofelizmente de

ba tres annos. Mandar-lhe-ei amanhã. — E com 0 endereço exacto. Uma ves que estou

decidido a tornar a casar-me, quero acabar com isto o mais depressa possível. Assim, si a physlonomlt me agradar, á vista do retrato, parto immedlatamente para o Jura a avistar-me com essa moça. Faz-se, porém, ne- cessário um pretexto para que eu me apresente, de sua parte, ao senhor de Noclare.

— Eu escreverei um bilhete a elle, dando como motivo de sua viagem o desejo que você tem de con- sultar velhas chronlcas, que elle postue e das quaes já lhe falei...

— Para um meu proxlmo trabalho. Perfeitamente. Espero que elle terá pelo menos a amabllidade de a- presentar-me á filha..,

— Para maior segurança, minha mulher incumbil-o-á de uma coramissáo, um presente qualquer, que você se encarregará de entregar á menina de Noclare.

O senhor de Ohlliac fez um gesto de approvação. — Muito bem... Tem boa saude essa moça? — Excellentc' E posso garantir-lhe que náo ha mo-

léstia hereditária na familía. — Ahl sim, é este um ponto de que faço qayão.

Evidentemente, eu encontrarei talvez ahl o que «fejo. De novo, entre os dois, caiu um curto silencio. Ghl-

ilac brincava negligentemente com a iuva, em quanto « primo examinava-o de vléz, com ar perplexo e cu- rioso.

— Com que então, nada de Ideal, hein, Elias? ex- cismou,súbito, o senhor d'E3SÍI, inclinando-se para elle.

As palpebras. que Elias tinha descidas, ergueram- se, os olhos carregados sclntilaram, ed’E8Sil, inda mais uma vez admirado, viu passar por elle uma flamma, que pareceu illuminar repentinamente o bello semblante do amigo.

. — Tenho peto menos um: a patria I disse Gblliac, num tom calmo e vibrante. ‘

Decididamente o pobre d'Es$il caia nessa noite de assombro em assombro. Era habito, aliás, desse inde- cifrável enigma, que era Elias de Ohiüac, o embaçar as pessoas com os saltos abruptos—appsrentes ou reaes— das suas idéas.

— Oh 1 multo bem I applaudiu 0 conde, buscando recuperar os seus pensamentos. E’ um tdéal nobilissimo, este, um dos mais nobres... Mas não terá por ventura ainda outros ?

— Talvez, quem sabe? Tudo pode acontecer.

O sceptico reappareela, súbito, volvendo-se-lhe • olhar ironlco e impenetrável.

Nesse momento, parava o automovel deante da re- sidência do senhor d’EssiI. Este dcspediu-te do primo, e, desempennado, ganhou o terceiro andar, onde tinha o seu appartamento.

Ao entrar os seus aposentos, eile viu, por uma por- ta entreaberta, uma restea de luz. Adeantou-se e pene- trou no quarto da esposa. A senhora d'Essil estava dei- tada e Ha ainda. Ao ver entrar o marido, voltou para elle o rosto frio e grave, cuja expressão era dulcifieada por um sorriso.

— Ainda estás aceordada, Qilberta ? disse o conde approximando-se-lhe.

— E' impossível conciliar o fomno, meu amigo. En-^ tão, que tal a festa P

— Exceilence. Elias estava de veia, esta' noite; po- des pois imaginar o que terla sido a sua conversação. Que homem extraordinário I Ainda agora, em viagem pa- ra cá,—porque teve a gentileza de' me trazer no seu au- tomovel,—deIxou-me compietamente atordoado.

— Conta-me lá Isso, si não estás muito sncioao por te metteres' na cama.

Absolutamente I exclamou id'C3tll, instailando-se n'n- ma commoda poltrona, ao pê do leito. Oh I não podes ioiaginar o que tenho para contar-te I E' bem possível que a tua aBIhada Valderez de Noclare esteja em via de fazer um casamento inaudito, maravilhoso!

A senhora d'Essll othou-o, profundamente admirada. — Porque me falas assim, á queima-roupa, de Val-

derez, quando estamos a tratar de Elias de Ohiüac? — O conde esfregou as mãos, rindo maliciosamente. — Não comprehendes, hein? Todavia, é muito sim-

ples. Elias procura uma segunda mulher, e eu inculquel- lhe Valderez I

Giiberta deixou escapar um gesto de espanto. — Estás doido, Jaques ? Que slgnlSca essa brinca-

deira ? — Brincadeira? De modo nenhum. Por slgnal que

amanhã tenho de enviar-lhe a photographia da tua afi- lhada.

E 0 senhor d’Essil contou em seguida á mulher e conversa que tivera com Elias.

Quando elle terminou, Giiberta sacudiu a» cabeça. — Seria, realmente, uma grande felicidade para es-

sa criança... Mas seria ella feliz com uma união desse genero ? Elias é de u.m natural tã» estranho, tão enig- mático I

— Todavia, cumpre reconhecer, Oílberla, que ne- nhuma critica séria póde eer feita á sua vida privada.

— De certo, e devemo-lo dizer desde Já em sua hon- ra. Mas nem porisso, deixou de ser o primeiro casamen- to bem Infeliz.

— Fernanda era uma pobre cabecinha, uma boneca vã e frívola l Suas exaltações sentimentaes, os seus ciú- mes, a sua pretensão de immiscuir-se nos trabalhos do marido deviam de, necessariamente, exasperar um ho- mem como elle, que é a Independencia e—digamo-lo (am- bem—0 egoísmo personificados.

— Sim, 0 egoísmo, dizes bem. E o seu procedimen- to para com a filha, de quem não se occupa, e a quem apenas conhece ? E o seu sceMlsmo, seus hábitos ullra- mundanos, seu sybaritismo? E, principalmente, o que delle desconhecemos, o que elle occulta sob o espanto seduetor daquelle olhar, daquelte sorriso, daquella voz 7... E depois, dize-me, jaeques, crês que deve ser agradá- vel a uma mulher o ver seu marido objecto das cons- tantes adulações de uma enthusiasta cõrte feminina?... Sobre tudo quando ella própria não terla ao pé delle si- não o papel secundário destinado por Elias á sua se- gunda mulher?

— Realmente... realmente. Bi não digo que tudo se- ria perfeito nesse casamento; mas julgas, Giiberta, que essa pobre moça seja feliz em sua cast, nessa constan- te preoccupação da miséria ? Sua união com Ellss acar- retaria ao mesmo passo o bem-estar para os seus. E vi- veria tranquilla nesse admlravel csstello de Arnellas, ten- do por tarefa assistência c aSecto a uma criança sem raãi; traria um dos mais bellos nomes de França, goza-

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ria 0 luxo requintado de que se sabe rodear Elias de Ghlliac...

A senhora d’Bssil tnterroDpcu-o com um alçar de cabeça.

— Si elia ainda é o que era antigamente, não vtsa* rá de certo encontrar compensaçdes em similhantes ran* tagens. A perspectiva de servir de mãi a Ouilhermina seria provavelmente mais tentadora para ella, que é tio aaatemal, tio devotada para os irmãos e irmãs.

— Mas, afinal, que pensas de tudo iiso, Oilberta? A condessa reflectlu um lostanle, passsando os fi-

nos e longos dedos pela fronte. E’ uma questão muito séria I Confesso-te, meu

aml^o, que EHas me parece um tanto para temer como ■arido

D’Etsil pôz'se a rir. — Vai dizer isso is suas innumeraveis admiradoras I

Cora tudo, é evidente que elle será sempre o ’ senhor, pois é de seus hábitos o fazer-se obedecer l Mas é mui- to delicado, e estou certo que uma mulher honesta e bôa nada terá que recear do seu caracter, multo orgu- lhoso, muito autoritário, sim. mas leal e generoso.

— E caprichoso, e... — confessa-o, Jacques, — no fundo, desconhecido. Si eu tivesse uma filha, dar-lba-ia em casamento ? Fal-o-la, pelo menos, com o coração muito apprehensivo.

— Ohl sim, e eu também! Entretanto, quer-me pa- recer que nelle o valor moral é muito maior do que o fazem crer as apparencias. Acreditas, por exemplo, que

,elle seja um patriota fervoroso? — Absolutamente, tenho-o até 'por demais apathico

X esse respeito. Pois bemi ÂInda agora acaba de cenfesiar-me que

é um grande patriota. Póde bem ser, portanto, que el- le ainda occulte oulras surprezas agradaveis. Mas afi- nal, que decides tu quanto á Valderez?

— N6s não temos absolutamente razSes sérias para legarmos o nosso apoio a esse projecto, jacques. SI ha muitos contras, ha lambem multo ptís. Na lamentável situação economica em que se encontra essa moça, elia diflícilmente encontraria casamento. E mais dias menos dias, elles nem terão talvez um pão para comer. Nes- tas circumstancias, impCe-se-lhe sacrificios para uma so- lução inesperada como a que seria o pedido de casa- mento por parte do marques de Ghiliac. SI a Valderex é romanesca, ti por ventura architectou alguns desses sonhos tão communs ás donzellas, é de recear que élla f^io seja feliz ao pé de Elias; mas 6 bem possível que nem siquer tenha tido tempo para sonhar, pobre moçal e, nesse caso, elia acceltará sem duvida esse casamen- to de conveniência, essa exlstencla sacrificada, e a cor- tei Indiflerença do marido. Assim, pois, ella poderá en- contrar satisiações em similhante união, — quando mais não fosse, a de ver os seus, para sempre, ao abrigo da ffliteria, porque estou certa que Elias ha de mostrar- se regiaraente generoso, está nos seus hábitos... Uma coisa, todavia, ha de ser provavelmente mui desagradá- vel a Valderez: a indifierença religiosa do senhor de Ohiliac.

->■ Elle se tem revelado sempre, nos escríptos e nas palavras, multo respeitador das crenças alheias, e i quasl certo que dará i mulher a liberdade de praticar a religião como melhor lhe parecer.

— Sim, mas uma donzella piedosa como Valderez deseja naturalmente mais do que Isso. Emfim, se EiUs se dicidir por ella, os Noclares hão de necessariamente nos pedir informações a seu respeito, e nós então lhe diremos tudo, os prós e os contras, e elles que de- cidam.

— Sim, é a unica solução possível. Estou que a so- gra- desta vez, uão se ha de mostrar enciumada deiaa joven marqueza, como o era com Fernanda, tão bella, tão tnundaia, e que se vestia admiravelmente, — defei- tos imperdoáveis aos olhos da bella e sempre joven se- nhora.

— De feito, não terá razões para o ser, si Elias cumprir o programma que te revelou. Uma vez que a

nora não queira eclipsál-a e não seja amada do Blb» que Idolatra, ella não lhe fará sembra.

— Então, enviar-lhe-emoa amanhã a photographia ? Agora, minha amiga, bõa noite. E’ quail madrugada, ve si dormes.

Beljou-a na fronte alta, cortada de algumas rugas, e deu dois passos para a porta. Mas, subito, voltou-se para a mulher:

— Olha cá, Oilberta, não te parece que Elias alimen- ta uma utopia, julgando que ha de persuadir a mulher a que tenha por elle uma atfelção moderada?

— Assim o creio. E é isso o que faz temer por.Val- derez. Aliás, esse casamento seria para elles uma sorte Inaudita, inverosimil I... Olha, Jacques, eu não sei o que diga I Esse teu primo enigmático transtorna-me o juizo, e duvido muito que eu possa conciliar osomneesta noi- te. Manda-lhe a photographia.... e nãe sei o que mais deseje: que ella lhe agrade ou que lhe desagrade.

II

O senhor de Ghiliac, num gesto displicente, tomou de sobre a salva, que um criado lhe apresentava, o ss- brescrlpto em que logo reconheceu a letra do conde d'Es- sil, e abriu-o negligentemente.

Estava no gabinete de trabalho, immenso salão, on- de tudo era do maia puro estilo Luiz XV, onde tudo de- latava os gostos de requintado luxo, de delicada elegân- cia do senhor desses domínios. Nenhuma casa em Pa- ris podia rivalizar, a esse respeito, com o palacete de Ghiliac, antiga e opulenta morada dos antepassados de Elias, que este havia transformado consoante as exigên- cias modernas sem, todavia, lhe alterar o nobre cunho avoengo. Um dos seus parentes, do lado paterno, gran- de senhor austríaco, legara-lhe em tempo todos os ha- veres, lito é, uma renda de alguns milhões, de modo que Elias, já de sl bastante rico, podia realizar os leus mais dispendiosos caprichos,—e de que elle absolutamen- te se não privava.

Homem original e infinitamenteenigmatico.como tão bem o havia classificado o senhor d'Essil e sua esposa I Os melhores amigos, subjugados pela seducção de tua pessoa e superioridade de sua intelligenda, as irmãs, a própria mãi, a quem elie testemunhava uma fria e ama- vel deferencia, todos o consideravam um enigma indeci- frável. Encontravam-se nelIe os mais surprehendentes contrastes. Assim, por exemplo, esse homem que dava o tom á moda masculina e examinava attentamente o mais insignificante pormenor do seu traje, avidamente copia- do pela mocidade elegante, esse sybarila que se cerca- va de requintes inauditos, fizera, havia dois annos, uma perigosa viagem, atravessando uma parte quasi desco- nhecida da China, mostrando-se de todos os seus com- paAiros, homens aliás experimentados nesse genero dé «pedições, o mais energico, o mais emprehendedor,. 0 mais infatigável, em meio dos perigos e provações de toda sorte. Fõra assim que, ainds na vespera, o scepti- co mundano deixara entrever, aos olhos pasmados do senhor d'Essll, um patriota convencido.

As muiheres envoiviam-no de admirações apaixo- nadas, a que elle, até então, permanecera insensível. Deixava-se adorar com irônica indifierença, divertindo- se tão sómente ás vezes com o excitar, por uma atten- ção ephcmera, os seus zcios femininos. Uma ou outra vez, empenhava-se num JUrt, que não durava maia de uma estação.

Então, os amigos já sabiam qae o romancista des- cobrira um fypo curioso para estudar, e que o kaviin ds encontrar, dissecado com incomparável mestria, no seu proxlmo romance. Ironlsta muito ferino e decaz, el- le ferreteava com uma palavra, escripta ou falada, to- das as fraquezas, todos os ridículos, e suas catrapétiai aceradas, que se revestiam de fôrmas delicadas qaando se dirigiam ás mulheres, eram temidas de todos, por- que eocalistravan até os mais senhores de ti mesmos.

Tal a personagem singular que a senhora d’Eiaii tinha GOm razão capitulado de enigmática.

Naquclle momento, Ohiliac considerava attentanen-

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1e a pbotographia que ella acabava de tirar da sobre- carta. Como lhe diaiera d'Easil, elle representava uma menloa na volta doa seus quinze annos, muito magra, de Unhas Indecisas, mas de olbos soberbos e graves. Basta cabetieira coroava-lhe a fronte joven, na qual os cuidados parecia terem ji gravado a sua passagem.

— Uma photographia nada significa, piincipaimente quando é horrivelmente trabalhada, como esta, — mur- murou entre si o marquez de Ghillac. Aliás, a physio- nomia nlo me desagrada. Os olhos sáo bonitos, e num rosto é o principal. Irei um destes dias até lá, e então veremos.

Fez um afago distrahido a Odin, o grande lebreu fuWo, que se approximou, pousando-ihe timidamente o longo focinho nos joelhos. O pretinho que estava aco- corado aos pés de Elias, enviezou ao cáo um olhar ciu- mento. Benski fôra trazido da África pelo marquez de Ohiliac, que 0 comprara num mercado de escravos; par- ticipava com Odin dos favores derse senhor imperioso e etiginal, bom entretanto, mas que parecia não con- siderar 0 moleque sináo como um animalsinho interes- sante e gentil, com o qual, ás vezes, se dignava de folgar, e que emprestava uma nota oiiglnal a opulenta decoração do gabinete.

Um criado apparecen annunciando: — A senhora baroneza de Brayles pergunta si o se-

nhor marquez pode recebel a. — Mande-a entrar, ordenou seceamente Ohiliac, pou-

sando a photographia sobre a secretária. Levantou-se, repelliudo cem o pé Odin e Benaki. O negrinho relu- giou-se num canto do salão, em quanto o patrão, num passo displicente, foi ao encontro da visilante.

Era uma joven loira, pequena e delicada, de uma eiegancia apurada e muito parisiense. Os olhos furta- coies, azues e verdes a um tempo, rebrilharam a um súbito, logo que os fixou no senhor de Ghiliac, ao mes- mo passo que lhe estendia a mão com um enlhutiasnio que parecia não corresponder ao delle.

— Estava affiicta com receio de que já tivesse sa- ido. E logo hoje, que eu tinha tanta necessidade de en- contralo em casa. E' que tenho um favor, um grande favor a pedir-lhe, Elias.

Fdra Roberta dc Grandis a amiga de infancia da irmã maii velha do senhor de Gbiliac e de »ua primei- ra mulher. Existia mesmo um laço de longínquo paren- tesco entre sua familia materna e os Gbiliacs. Mais mo- ça do que Elias sómente dois annos, havia, quando cri- ança, brincado muitas vezes com elle. Adolescentes, montavsm juntos a cavallo, praticando todes os despor- tos de que era apaixonado o senhor de Ghiliac. Esie ti- nha em Roberta a mais ardente admiradora, não igno- rando mesmo a paixão de que já era objecto. Com tu- io, fingiu sempre náo dar por isso. Quando, aos vinte e deis annos, elle desposou a filha mais velha do du- que de Monthécourt, Roberta qutsi morreu de desespe- ro. Cedeu, porem, pouco a pouco, ái instâncias dos pies, scabando por acceitar a mão que lhe cderecla o barão de Brayles, a quem ella não amou nunca, e que a deixaia viuva, e quasi arruinada, tres annos taais

tarde. Um anno depois, perdia Elias a mulher. Roberta

sentia renascer-lhe a esperança, pois em sua alma a paixão não fazia sinão crescer. Buscava todas as ocea- siCei de encontrar-se com Ghiliac, multiplicando ao pé delle todas as blsndlcias discretas, os momos a um tempo faceiros e humildes, que ella suppunha agrada- riam ao 8CU orgulho masculino. Debalde! Elias conti- nuava ínaccessivel, não se afastando nunca dessa cor- tezia meio escarnlnha e um tanto desdenhosa, — um pouco Impertinente, diziam as mais susceptíveis — que elle em geral testemunhava a todas as senhoras, tendo sómente ptra com ella uns Klonges de familiaridade que uma velha amizade de Infancia autorizava.

— Unr favor? Qual é ellet Queira mandar a este seu criado, disse Elias, designando á moça uma poltro- na defronte delle.

Ella senlon-se com um leve fru-fru, atirando para traz a estola de pelllça. Passeou em seguida um olhar admirado pelo salão magnífico, muito seu conhecido, aliás, e disse, voltando-se para Ohiliac, que se sentara noutra poltrona;

— E’ uma coisa que desejo muito I Voefi dc certo, não ma recusará, não é assim, Elias?

inclinou-se um pouco para a frente: nos olhos lla- se-lhe uma prece.

Gbiliac poz-se a rir. — SI estiver nas minhas forças... — Oh I 6Í estál Trata-ie do seguinte: a senhora de

Cabrois dá, no proxímo mez, uma festa de caridade. Ha- verá uma parte literaria. E eu concebí o audacioso pro- jecto de vir pedir-lhe um entreacto, — só um entreacto, Elias I Só por esse fseto, teria a nossa festa um exito extraordinário.

— Sinto muito, mas é impossível. , — Oh I porque ?

O marquez arrugou ligeiramente as sobraneelbas: não gostava que o interrogassem sobie a razão de suas negativas, as quaes nunca revogava, — e isso, talvez, poique elle as proferia mullas vezes sob o império de algum capricho que lhe atravessava súbito o espirito.

— E’ Impossível, repilo-lhe! disse elle, íriamente. A senhora terá outros muitos a quem recorrer, e não seiá a auiencia do meu concurso que roubará o exito á tua festa.

—- Mão, não será a mesma coita! Ninguém se ne- garia a auxiliar-nos si pudéssemos inscrever o seu no- me glorioso em o nosso programma. Como foi delicio- so esse entreacto que voté compoz para a sua festa no verão passado I

— Pois bem, autorizo-a a fazet-o representar nova- mente.

— Mas eu desejava um inédito I... Que você fizesse alguma coisa espedalmente, unicamente para... mim.

Os lábios de Ghiliac entreabrlram-se num sorriso de Ironia.

— Ahl que eu fizesse alguma coisa unicamente pa- ra «a senhora*? disse elle, frizando a palavra, em quan- to 0 olhar ironico fazia que se b ixassem um pouco os olhos cambianies que o exaravam. Ora ahi está o que teria lisongeado a sua vaidade, náo é assim Roberta? Poderia dizer a Iodos e a todas: *Ful eu quem deci- diu o senhor de Qhiiiac a escrever Isto».

Ella ergueu para elle os olhos, e disse em voz bai- xa, onde passavam intonaçCea ardentes:

— Sim, eu quizera que voefi fizesse um tanto por minha causa, Elias I

Dutante alguns segundos, as pupilias azues-escuras, fascinantes e domlnadoras, fixaram-se na baronesa. Esse homem, que tinha certamente a consciência do seu po- der, parecia comprazer-se na suppiice adoração da mu- lher, que baixava destbite a mendingar-lhe o que elle sempre lhe recusara.

Mas uma ruga de desdém ironico vincou os lábios do marquez, ao mesmo tempo que elle Ia dizendo frla- mente :

— A senhora é muito exigente, Roberta. Repito-Ihc, é-me impossível acceder ao seu desejo. Olhe, dirija-se a Maillls ou a Corlier que o farão da melhor vontade.

No fino semblante da senhora de Brayles passou uma ligeira erispação.

— Paciência l murmurou ella, suspirando. Com tudo sempre trouxera commigo uma esperança... Emfim, perdoe-me, Elias, o ter vindo eu incommodal-o.

Levantou-se aconchegando a pelllça. Nesse momea- to, 0 seu olhar caiu sobre a photographia collocada em cima da secretária. A Ghiliac não passou despercebida a subita commoção que se apoderou de Gilberta, |5oIb lia-se na pbyslonomia delle uns longes de satisfaço.

— Ao contrario, ostou encantado por ter lido o prazer de sua visita, disie elle cortezmente. Vel-a-el es- ta noite na embaixada de Inglaterra?

Canf&iiia

TOLUOL TOS8M BBOaOBZTIS, ASfKU, HOLnnÂa BO PUTO S SABCAKTA. 00000000 DBoa veene-ee ■! ioo*s 4S BQàa DuoeaatAS B pmABÊââcsai. ooooooon

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REVISTA FEMININA

NATAL, cidade dos desportos

Apezar dos poderes públicos do paiz ligarem ainda diminuta importância á educação phyaíca, o desenvolvi- mento de nossa raça vae-sc fazendo, graças á iniciativa particular ou diga-se melhor, á intelligencia e ao patrio- tismo da mocidade braziielra- Patriótica juventude I

Os dirigentes de nosso amado Brasil, absorvidos contlnuamente por outros problemas, nem todos mais di- gnos de attenção do que esse que visa preparar uma ra- ça forte para o Brasil de amanhã, não puderam ainda cuidar do assumpto ..,

Pouco, quasi nada de bafejo officiat tem cabido co- mo auxilio ás aggremiaçôes que, nobremente, vão tra- balhando de modo.efflciente, no desejo iouvavel de trans- formar uma raça rachitlca, enfezada, doentia, que a nos- sa hontem era, n’uma juventude forte, sadia, emprehen- dedora. audaz e corajosa.

Os desportos, que são em verdade o meto mais aceitá- vel, mais producente de edu- cação physica, têm operado essa agradavel metamorpho- se. Realmente, ha notável dif- ferença entre a mocidade de nossos dias e a de dez an- net atraz.

O exagerado intellectualis- m« não mais absorve total- mente a juventude patricia.

Resalta, ao contrario, aos espiritoi esclarecidos, a ne- nhuma incompatibilidade en- tre 0 vigor physico e o des- envolvimento íntellectual.

Como batalbadores fervo- rosos em prol da educaçãs physica, adeptos dos despor- tos, citam-se os nomes mais acatados nas tetiras pátrias.

Hontem, Olavo Bilac, o príncipe dos poetas, decan- tando as bellezas e utilidade do mar, como obreiro desse ideal sublime que agita a mo- cidade de nossos dias, dese- josa de iornar-te sadia no corpo ella que já sente-se forte no espirito.

Hoje Coelho Netio, que não se cansa de apregoar a necessidade da educação phy- sica e vê nos desportos o meio mais acceitavei e rápi- do para que essa educação tenha lugar.

E a mocidade, mau grado a falta de auxilio, vae pro- curando obter na pratica do foot-ball, do remo, da nata- ção, do water-polo, a saude e 0 vigor tãá necessários á felicidade na vida.

Natal, pequena e bella capital do Rio Grando do Nor- te, um Ebtado da União onde têm surgido e vingado ex- cellentes Iniciativas, é hoje uma cidade onde os despor- tos existem e fazem, pois, sentir á juventude que os pratica, os explendidos resultados que delles resultam sempre.

Atiás 0 governo desse Estado tem sido dos poucos da União que vêm amparando, embora modestamente, na medida do possivel, os diversos emprehendimcntos dc caracter desportivo. O salutar desporto aautico ê bem uma realidade na joia banhada pelo Potengy-

Os clubs náuticos natalentes vivem e progridem e

espantosos e admiravels resultados tê n conseguido os jo- vens que se entregam á pratica do remo e ds nataç.ro.

O <rowlng> norte-rio-grandense, pode-se aRirmar, está perieitamente organisado, estando mesmo, para ga- rantia de sua estabilidade, o conselho Superior de Sports Náuticos, entidade maxima do «rowing» norte-rlo-gran- dense, Rliado i Confederação Braziidra de Desportos, que dirige 0 desporto nacional.

O foot-ball, que trouxe até Natal a popularidade que 0 cerca em todo o mundo, caminha também, sob a di- recção da Liga de Desportos Terrestres, n'um progres- so continuo e rápido.

Mas, não é somente por Isso que Natal p6de ser apontada como cidade desportiva.

O bello sexo natalense não quiz ficar indiSerente i este louvael movimento pa- triótico da juventude masen- lina.

Adheriu á nobre causa, cer- to de que a educação phy- tica é uma necessidade.

Emprehendedora, Intelli- gente, a mocidade feminina natalense, resolveu também entregar-se á pratica dos des- portos, pensando talvez que fazer mover os musculos é tão imprescindível á vida co- mo qualquer das outras íua- cçdes importantes do orga- nismo.

O preconceito, o mais ter- rível impecilho aos movimen- tos progressistas de tal na- tureza, foi logo dominado.

E, assim, consciente de que são animadas de nobres intuitos as moças de Natal empunham o remo, entre- gam-se í diversos jogos dts- portivos, carreiras etc. e, na impossibilidade absolala de por em pratica o foot- ball. jogam em publico esob appiausos, partidas interes- santimas de «hands-hall>, jogo por ellas mesmo inven- tado, semelhante ao «bas- ket-baIU e muito interes- sante.

Ultimamente, para com- pletar esse conjimcto util, surgiu em Natal o «tennis».

O <tennis> é actuilmente a muda chic em todo o mundo.

Pratica esse elegante sport a juventude «srnarU de io- dos os paizes.

E, assim sendo, o <set> natalense não quiz deixar de adaptar a seus honestos costumes, a pratica desu util diversão.

O «Petropolis tennis court>, de iniciativa particular, recentemente inaugurado com successo na linda capital do Rio Grande do Norte, marcou sem duvida, o inicia de uma nova era desportiva para os natalenses.

Fala-se já na creação de um club mais vasto onde se pratiquem, além do <tecn!a> todos os outros despor- tos modernos.

Oa emprehendimentos da juventude nstalense não costumam fracassar. Patriótica mocidade I

Natal desportivo e bem um exemplo digno de ser imitado.

R. &. Ribebo

PÈ S

Pés siduclores, cheios de belleac, Que me encantani e enienadi doeemente Esles que nflo s3o de umachineza Sá CQlçoram panIuFos do Oriente.

EiI-05 que passam sorralelramenie: Tocam no solo, mas com lal thaneza, Que a qente Fica a olhar muilo oonlenie Sulgando que sio elles de princesa I

Ouoi contar e dizem que é nerdade, Que se achoram outr'ora uns sspatinhos Perlenaentes a alguma diuindade...

SSo, por certo, daquelles pés galantes, Esse ochado de sonhos e corinhos Feilo para delida dos omaaies I...

S. P«u1«, 1919. FRUICiaCO QlSPRR

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REVISTA FEMININA

Symptomas espasmodicos Compra adrertir qoa o mal acooaalbado Of lyniptomas capaamodicoa, aisdo qoa ■Buftaa vaiaa oomo ramadio, < um bom ali*

Bio aio de eramlc impoiunci*, olio aa da- mento, e é também taudarel; ratretea, pu- TOm coBitudo deapttzar, porque aio ba va- t|Cea a adoca oa liumoraa. Segundoa azpa- zaa aigoal de irritaoõea. giavea. Quaodo a« r<ai>eii da algosa médicos, aa oriaDçaaqas erasnçaa aatio n, dormir a la levantam so- breaaludaa eu a cborar, ou rangem as den- tas, ou teem a reapitacõo desigual, devcae indagar o moUro. Se (or alguma IndigcaUio oo quajqoor oulro inconimodo ao taatomaEo

. ao veaUf. um laxanto brando fnris passar tudo; mas ae estes symptomaa contiBuanii 4 eertoeutio qoa são produzidos pelos dentes oo por outra causa, desconhecida que irrita oa nervos, e em tal cuo aa consultari logo facultativo, daodo eotretaato algumas co-

oomsm mal, raras vezos tio persognldst de lombrlgts, esâopouco sujeitas as doenças ds pstls. Nio deixem portanto de l'ho darem as ralas, receiosas de que seja uma eouss quen- te, que engrossa o tsnsuo como goralmonte se dia.

Tasa ato as indiapotícSts s doençaa, quo mala cdmmunmento afdigemaa crianças do- rante a dpoeba ds denliçio; sendo certo que uma criança bem formsdi, e que tive' sido cretda por sua mie com o dorido cui-

Iherea de chi de eementes de llnlio com ber- ^*tlo o segundo as boas prstiass bjrgianíoas, va cidreira. rsii molto manoa aujeili a doenças do que

qualquer qne 4 confiada aos cuidados albalos a meroanarlot, Bygiene das crlanfa; desde os dois

annos até aos sete — indl$posI(5es e doetifaj próprias d’esta Idade

Brotoeja e Fogagen$ A brotoajn e fogagens taras rezes dão

A hygicoo deate poriodo da Infaneia 6 a ’®'’- mala complexa, porque tem a considerar a ? applicacao da algnui remedio; e educado das crianças tento na peita qne ^ ® Inimcdlatamcnte reapeita ao seu dasanvolvimento pbyeico, co- Sfl . •' ^*.**'' A P**- mo IO moral e latollcctual, quo ji íntão eo- conseqnencias. Quando ea- meça a manifestar-se. *•" fogageoa tio na cabaça, basla laval a e

AUm disto oesaa idade aa crianess estão TÍ*® ’'T’ **.*• «ujoitas a maior numero do accidentes cada 5 *®t’® coavlri um laxante leve. As pome- v«» mala graves, o 4 porUnto necessário ter ?s* cousaa, quo por ahl aconaclhsm com ellas mais sérios cuidados e praoaucões prt"t>«>r conyulfoea para que continuem a Uesanvolver-so com ?J1 P*)? *®í' trarie, ao nio Ibs fizerem bem rem*ecllo al-

gum, dtsappatecerão logo qne acabe o tem- po da dentição.

As inflammaçSes dos olhos Tem-se visto nmn pinta on nodoa encar-

nada no branco do olho do mesmo lado em quo o dente vem s romper, que* nto pre- cisa remedio slgum; mas aespro 4 bom la- var oa olbos com agua morna o leite,ou com agua do cotas.

Os ineommodca dos dantes duram de ordinário, vinte ■ trinta dias antes da rom- perem, e tudo quanto se pdde fazer ( alli- viar as oriançsa das indlapoalçdai qne eo- brevenbam. Quando moalram lynpHmaa da Inlltniinaçio dpva a ama ter dieta inaia re- aorvada, comer manos esme, beber menos

. . . . vinho, 0 tomar refrescos; ao uclo contraria 0 esperar appareesm symptomas ds debilidade, a ama qne pteaem. E multo ftoil fazel-aa detappa- tomar! allmenloa mait anbattnetaet

racar. mas lenba-ae bem presente que uma Ealregtr as gengivss produs slcnoss P®"» ’»«• «Hivio. As trgolss do^^ mtiflm 00 dè dsr em reaujtsdo ctflivtííícs, oruena eebtt“. outra consa dura, qne costumam dar is eri-

osfAmn, in/fnmmoç^» no pulmão e ftbre, anças para traaerem na booca, fiiem mais doenças quo lao mais para temer que t feal- mil de qoa bem; em logtr d’lsoo poderio dado tempotaria da criança. Todai eaus ecu- naar do um boceado d» raia do alcacux on tia da petJo deaappareoem sem remedio tl- de iltbss, o . aicacua on

robustez, e para que atravessando regular- mente aa diversas pbaies da infaneia, va- nbam a ser depois uon constituídas o aptas para qualquer carreira a quo se desllnem.

Da educação pbyaica e mnral da infan- cia de^nde essenclalmente o futuro do ho- laem. Das coiidicçúes em quo se acha a ge- ração aclual depsndo o porvir das geracães futuroe.

A humidsde «traz das ortihas Lava-se com agua de mslvis ou de liftr

da aabugo on da rosas, e de modo ligum ae nesra de adstringentes.

Estan eousas ds pella, prlncipilmsnte o etogro, sio is votes muito imparllneulei e desfiguram muito as criauçat; mas quando ba certeza que procedem nnlotraenie dos

gum, e 1(4 ba crianças qne tendo-as tido neati 4poea rroactm depois mala limpas e for- moHt do qne aqueJIas qno as nie tiveram.

I>4dem-so eiiir muitos cases funestos «m conaequancii de so lerem reeolhido aa doen- çii da pelle; uma oreança por e»mpIo. el- Uremoi, qne depola de Ibe teret rompido os quatro dentas do deanto sem aymptoma algnm de indiapoalçlo, velu-ibs uma nodoa enoarntdi na faes, o sempre nue Ihn rnm. pism oa dentea leguintei, iolltmmava-ia a 1 ! 1 encble-ae de liquido. A belleaa da creiaça A SS VaCSO 088 CríanGaS pecdlt multo com estai nodoas, a ■ mie des- yt-tv tjcto t.,1 lai gostosa com Isto consentiu cm qne se Ibe 0 quc dizem notgtfeis medkos tpplieeiia um unguento, que s ourou ber- n ^ . telismenio em poucos disa; mse 0 dente se- .. ^«laTO que a furtuAo * CcreeM. pre- gnlsta foi precedido de conruliBos multo H«á»ir08, órtsi. qno so repetiram de vas em quando

dirsuts a dontiçio, cansando s4rlos euids- dos e tordando a erisoça, que at4 alll sra focliiaima, fraes c doente por muito tempo.

Casos em contrario podoriimos citar de desapptrecimentt. completo destae eousas de peile setn remedio algum aebando-so si ereançsB de boa saude, e tomando ipenaa um bsubo morno todas as seminas Tsss csiOB mostram qne estas srnpçSes de pelle nlo neeassilam tinto de remadios eomo ga- rilasnte ae suppSe. Mas nem per isso se entenda que tconselberaos qne sejam dss- presidss; pelo contrario, 4 preciso sempre eonbecer n qualidsda ds empçlo, prlncipil. mente so 4 duridnors, pois que bi doenças eontigiosss, que se podem pegar is ersan- ças especlalments pelii ames, s n'eais easo sio 10 Ibea eonseotiri qne eontlnoem s orla- do lem lerem vistas por fianlutlvos tanto ptis oonbecsr i doença, some para a enter.

tem sido empregada com proveito e búa to- lernocla como coadiuvants da alimonlaçlo artitioal ou mfxtado varias crianças do Coi- salleile ie ieelieles.

Sio Paolo, 6 de Outubro de I91S. Dr. Clcmeufe íVretra

Tenho observado que as creançaa aceei- tani bem a ArfnAu tfe Certaes, preparada pelo sr. Cândido da Silva Uedairos, na 4po- ca do desDieme o quando se recorra ã ali- mentação mixta,

São Paulo, Outubro do 1819. Dr. J. Xaoier (Ut SHvHra

Encontra-ie ã venda cot Kmporios, Pbar- macinc e Drogariat.

AGENTES: Telles, Barbosa * Cia. - Rua Anhangabihd, 85 —Teisp. 338 Cidade.

SÃO PAULO

COnSEbBOS ÍDEDIGOS

fl queda dos coiiellos Corre eomo certo, oomo domonstrsdo que

a queda do cabeilo 4 uma oufsrmldade pa- ra a aual nlo ba nediumonto «friots. A expsrlsnela vem, de ha multo, provando is- so. lias, nlo. sio multlplia as doenças do couro eabelludo, spoutaudo-se eomo as prin- eipaai m pellada, a tllopéois, i otipi, a os- borrbsa, s trioopbyoli, ■ folllenlito, a tinba e 1 ajeoss. A mais commum 4 a •sborrh4i, que vie enfraquecendo o bulbo plloio, fi- sendo progredir, dia s dii, i oalva. Mas tan- to a aeborrbéa oomo aa damala anfermlda- dei siocorivaii. Ha'um sspaeJflco que aoen- aalhamoa ia nossas leitoras, cuja aflieieln tem lido innuniaraa vozea comprovada : 4 o -PilogeoJo», do cbímico brasileiro Franolsoo Oilfoni. Trati-is, nio da tonloo vulgar, so- mo ba muitos por ahl. inaunolades otn jer- naea a ptaeards vistosos, mas do uma ver- dadeira deicoborta. Claro satã quo um indi- víduo deprimido pelo lympbstlsmo, pola ane- mia, pala ebloross. pala oachoxia, pele sr- ibritiimo eu por afteoçSes do lystema ner- voso 4 om vio qno tsnltri obstar a queda do seu eabillo por meio de loçoai. Neaao caso 4 aconsalbavel o «Vlnbo Blogauioo», ri* ooa em pbospbates biotogleoi, iodo organioo e tonícoa vagetass; e juntamanie oom asie vinbo deva-aa usar o <Piiogouio>.

Seja qual for oadoantimentodi ealviola, não aa dava deianínar, porque ha eaaoi ( e alo os mais eommuna I em qua s-molaatia tlsa estacionaria, aaUtido os osbtiloa eomo que byborntdoBi i espora da uai msdiei- efo efflesz qne excite as fnnoçBti nervosis da pelle e estimule os folliculoa pilloios. Neste eomo om todos os ossos, quer nii Suedas inelpienlei, quer DS otivisle gentrt- tsds, 0 •PiJogenio> 4 de pids effieaois sur-

prebendeute.

. ou fflalbor aiuds nmi oodea de pio, on biscoitos, mte nlo tio duros que fi- ram II geDglvas. B’ também perigoso usar do bolai OD rocas do borraobi (caoutehooo).

Quando matado do denta esti de fira e I outra matado linJa dobiizo da gengi- va lem romper e irritar os nervos produ- zindo malorsa ineommodoi, pfido aor util lanoalar eisa parto, o que todavia dava tar Indicado o faito por faoullstivo.

TUBERCULOSE é diffícil de curar-se. O prudente é evital-a tomando-se áos pri- meiros indicios de Fraqueza Pulmonar a afamada

Emulsão de Scott Indiscutivelmente o melhor preparado de Oleo de . Fígado de Bacalháo. Suavisa 08 hroncKios e os pulmões e augmenfa poderosamente a nutrição de que se necessita para combater a moléstia.

Sem .Álcool. F.ib.

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JARDIM FECHADO

(T^etta stcfào pailkãrtatn pt^a*na$ cammankatStt it ntuaa leBctai, Bem eoma pioJvaçitt tttleraHat que nào excedam de 30 linhat «m pnia e de 14 em eine.

iS' noue inlué/o detenrolaer ateJm e gosle Uleraríe enire as íeHtras e /aedffar-ttes uma corrtsfien- desíeía u/fíe-/nlere*sanle. Âs produefiee llHeraiias deoerãe ser ass/fnadas, sem o que nie serie puil/oadm.J

Eli um faotplul porto do <froo(> na Frioti. Duii Joreat «n- termolros carrogiTim od una pidlola, um toldado dorido. Tisba uma bala no bra«o oa-ioordo.

Ao duac }oT«na leraram-ao para um leito. <Nào aobao quo dOTOmoa obaintr a attonolo do doutor para

Bí T Poda sor ureonto». diaaa a mala oolba daa duaa. A outra boaltou s «Sim, maa... A oorajota antcrmoira oataTa tio omooionada diante de pálido

aamblaeco do deaeoobooido oomo ao eiaoe pola primeira rei uma Caridi. Dominando t omoqlo que delia ae apodorira, (oi buaoar faaa a llgaduraa com que ligou a ferida.

O joTon ferido quo lomira a ai e olbara tom Irlatau para lan braco atado:

— A aonbora atba que preoiaarlo ampolar-mo, aenboHoba t — O doutor Ibo dlrl. eu olo aoi ainda. — Eu queria tanto roltar II, no meio do fogo ! Eu aou Braal*

loiro. Uou pae era Iraniea, toIu I guerra e euaeomptoboi-o. Meu pae morreu e ou queria roltar II, para morrer também. Agora amputado, não puderai maia retomar aa bataibaa...

Ot nlhoa da moça eneberam-te de lagrimaa e ella exeitmou; — Eu também aou orpbl e no omlanto não deaojo morrer!

Tive para o« meua terldoa. Ob! nÍo quolia, nlo, morrer! - Ora ! Ninguém aenilri a minba morte. Por aeaao a aentiri ae eu morrer t perguntou elle ironioo.

— sim, ditte ella com firmaat, alm, eu aentlralaua morte, pola ot mortoa tim a Deua por pae e portanto alo irmiot, e aente-ae aemprt a morte da um irmio. — Eotlo a tenbora quer aer minha írmlalnhtT perguntou al- ie eommoTido.

— Quero alm, reterquiu ella aorrlnd». — Qne boa irmltinba quo eu tenbo!

Aaaim jontec, tua amizade fel sreaatndo. dit t dit, a Irana- lormou-ae num amor doce e trenquillo. Ella tinba aido ampntado e eatara oonTaleaeeota.

Um dia, reapirando ao ar líTre, ella dieta I aua aompanbalra; — Como eou feliz! Um dia tio lindo, nloT Uma aã oouaa me

entriataee: a ttudade da Ftirla. Sem iaio alnto-me muito falia. — E’ porque Ji eatl quaal bom ... — Hto, dieta elle graremente, lato nlo me alegrarl, ao aon-

trario, poit terei de me aeptrar da ti. — A alegria da rar aua Patria fal-o-ba eaquecer depreaaa o

pequeno botpitai do ifront» a tuaa eufarmeiret. — Sim a alegria de ver o meu Brtall ma farl eaquecer todaa

et enfarmeiraa, maa a minba irmiainha, oh l nunca me eaqueoe- rel delia.

— Ora, dlaae ella, nerroaa. Elle ae apeaaira daa auaa mloainbat, que proauravam lirrar-

ae, e aontloulra s — 8lm ! Kln a aaqnecarei nunca por atta aimplea raiio : eo a

amo muito e a lararei commigo ae ella eoneantir. — Ob ! meu amigo ! — Diga alm, meu amor, diga aim !

Uai mez maia tarde, um joven aieel embarciTt eo um etpor, com deatiao I Capitel da Rcpubliai Braalleira.

Ao embarcar, ella nlo ponde reter uma lagrima, deapedlndo- aa 4a aua patria.

— Uío oboraa, dlaae elle dooementa, II noa querldoa tertSai e nai lindai aldadee do meu Braeil, tneontrtrie uma Patria maia bella e mala tratt»illa.

— Ob ! aim. E aa a amarei bam, poia 4 tua Pattia e aeri ■ minba.

Adeto a tua reriaia pala qual rajo eomo a mulbar eatl aa ele- Tindo no noeeo querido Briail. Farei lodo o poailrel para contri- buir I aua grandeaa, rtcommandando-a át mlnbaa amigat.

M.r/a Lyiia.

« •

Seu apreciadeia da ttcfio «O Jtrdio Feehadea a como tal, retpondo á pergunta da Sertaneja, tob o piaudonyoa Zenie.

«Sartaneja. — A maior (elíeidade, na minhaepi* nile, t cenatituirmei um lar de aceerde cem et pra> cailet modeiGoi a baaeadot noa tantea centelhei de alguu cellaboraderm da «Reriata Feminina. —Zetne.»

CHROMO

Cdiitd ara canário loaro, confidente, Ma ioranjcira cm flor do mea pomar; Cicia a brisa que perfuma o ambiente Com 0 aroma das flores singular.

O céo azul e o sol dourado, ardente, Emprestam d paisagem de encantar Toda a bdieza do ouro e anil tuzente, nté que a lua a venha illuminar.

Mos alegretes, juntos d Casinha, Masccm cravos c rosas multicorcs, Mvencas, lirios, trevo e campainha.

n ave, toJvez, decante esses primores. Ou, quem sabe, si no estro que acarinha, Canta o canario louro os seus amores I

Deífía Bratsdi»

a a •

Amlgulttha Sertanela. Achei excetienfe a idéa que a amiguinha teve em

fazer ás collaboradoras deste florido •Jardim» a pergun- ta : qual é a maior felicidade ?

Estou certa que a opinião de Sertaneja não é dífle* rente da minha, pois acredito que em sua belia viven- da de sertão a amigulnha está sempre cercada do affe- cto, do amor e do carinho de seus progenitores. A nos- sa vida, toda inteira, é assim, não ha duvida. Por isso eu digo que não existe felicidade maior que o amor materno.

Que diz a bda amiguinha 7 Anciosa estou para saber a resposta das distinctas

brasilelrinhas que coilaboram neste mimoso «jardim Fe- chado»

Sua (Rio) Lite

• « t

O AMOR

— Quantos e quantos livros sobre o amorl E' s6 amor daqui, amor daili; amor para cá, amor para lá l„. Abro os jornaes. leio as revistas: em tudo vejo deman- das, tragediai, contos, factos e efíeitos de amor... Passo os elhos pelos romances: o amor tmpéra; procuro uns livros, Indago os titulos: o amor fala alto, o amor do- mina I Isso, francamente, já me causa aborrecimento t...

Assim dizia pausada e malicíosamente, a já idosa e encantadora <mademoi8elle» Alice. E — que coincidcnciã interessante I — ao pronunciar essas palavras, tinha <ma- demoiselle, aberto sobre o regaço, um livre de amorl <0 Amor», de Pauio de Mantegaiza... Estava uesse ins- tante, por começar a leitura daquelle celebre e encanta- dor capitulo—«Inquérito ácerca do amor ideal no futu- ro», capitulo esse, onde se encontram Idéas e opiniões, umas cômicas, violentas, anarchlstas; outras pbllosophi- cas, altruistícas, poéticas, sclentiGcas e moraes, sobre a curiosa «enquète».

— Mas — arrisque! eu — perdôe-me esse pequene reparo: «Madenoiselle» está aborrecida de tanta cousa sobre o amor e, entretanto, lê uma obra onde elle é » sua base primordial e essencial, como o proprio titule indici...

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fu. oTA reWINiNA

— Exactamenle, respondeu-ae Alice, sorrindo. E’ um livro, 4os muitos no genere, que escreveu o rabugento « singular espirito que se chamou Paulo de Maniegazza.

— Paulo de Mantegazza l - exclamei eu — um ter- rível, um cacete, um amolador impertinente, um pecoa- dor impenltente e imperdoável I...

— Perfeitamente ! Tem o senhor inteira raz2o l Pa- ra Mantegazza, como até agora lenho podido observar, não existe o amor elevado, sublime, verdadeiro e des- interessado. Para elle só existe, em poucas palavras, o amor voluptuoso, o amor facil, o amor passageiro, o amor que se mercadeja l

— De facto — conBrmei eu —para que sómente por esse prisma, Mantegazza encara o amor... Comtudo ha- verá mesmo esse amor elevado, sublime, verdadeiro e desinteressado, tão falado e apregoado? Eu penso que isso é só em vocábulos I...

— Ha, sim I Eu mesma o quero ter, e, sem modes- lia, sem acanbamento, com sinceridade, o confesso...

— Já agora, pensarei de outro modo e nem me é possível duvidar das palavras de Mademolseile.

— Amei e amo —disse Alice com a vo^tremula e repassada de melancholia — desde os meui quatorze an- DOS (foi essa a primeira, unica e immorredoura inclina- ção da minha alma) um mancebo, que nada quiz com- prehenderdo meu affecto immenso, nem corresponder ao meu amor puro e infindável I E, como os grandes esin^ ceros amores só desapparecem quando os corações dei- xam de pulsar, o meu também será assim !

Nesse momento, Alice, volvendo os seus formosos olhos, de súbito entristecidos, fitou-os num minusculo retrato pendente da parede, exhalando um profundo, um doloroso suspiro,.. Entáo, pude. nesse momento, com- prenhender bem, que naquella figura de mulher tãopre- •ccupada com assumptos de amor, existiam um cora- ção resignado, uma alma que carpia, sóslnha, as an- gustias de uma liljtão perdida, de um sonho desfeito, de uma esperança morta...

Perdões. Outubro de 1919.

Franclua Damente

A' Nair Veiga envio um soneto de Agenor Silveira, que achei muito bello:

Nel mtzzo dei camln .. .

(Questo è soffrlre Ia pena di morir, senza morir. •.)

Eis-me afinal sem H — dura verdade Com que não se conforma 0 pensamento. Por mais que me torture esta saudade, Nascida de tão triste apartamento I

Separou-nos tremenda tempestade; Tudo perdi nesse fatal momento l E eu te amei tanto I Imaginar quem ha de Minha dór, meu pezar, meu soffrimento!

Eis-me afinal sem 111 — sem teu carinho, Sem teu amõr, sem fé, sem luz, sem nada. Tonto, da vida a olhar para o caminho i

Como ha de ser difficil a jornada Que eu tenho agora de emptehender, sóslnho, Por esta longa, immensa, escura estradai...

Inhí.

A’ amiguinha Clarisse, (S. Paulo), peço o ebsequlo de me informar qual o methodo de gymnasHca sueca que usou, para obter a diminuição de 12 kiles em 3 mezes. Sou também gorda, e procurei emmagrecer com gym- nastlca, mas comprei um methodo dinamarquez, e não -obtive resultado satisfatório.

Desde já ic confessa grata a aroiguinha

AOS QUE SOFFREM

Vós, que soRreis as dôres da saudade, Que tendes sempre a alma entristecida, Que não gosais a vossa mocidade, Tornando-a melancólica e dorida,

Deveis portanto e com habilidade, Fugir do amor que é cousa fementida, E então tereis maior tranqulllidade, Alegria e prazer por toda a vida.

Morrer de amor é uma loucura enorme, Suicidio entáo, i cousa desconforme, Que a gente vive a vér constantemente ;

Mas eu também já tive amargurado Meu coração, que é morto e que não sente, E si ainda vive, é apenas do passado.

Alegria, 1919. X. Y. Z.

Vau aer ihdúaett: Ibrantioi Cardaaa, eni adoravel poatúa braiilaíra, cujo noaa á ua orguliio d> icta palría e cuja talaala laoto baora a nulbtr ptditla, ao uleauo duta tarri aairiaa, laa- g« doi eealrM onde a vida tuaullúa vadiginoM, trabalha, cria, vi- bra e ÍKreve la livro de lindu riaat. que breveaeate racaberi ■ cooH|rt(io da critica a dot attkelai.

Ha muito tampe paraceu muda t Ifra da eztraaba autora da laalat poetiaa choiit dc graça a da bellaza. Oi que Ibt haviam ■compashade a auioi carreira triuapbai, Icmlaa que t caaora pei- liia bouvaua abaadeaado a tua atla. Eolrelaato, i>ie aie ac daa; (braatiaa trabalha . . . Brevemeala maii um livre aeu iri tuimeaiat- Iba a MÜda gloria i

Ibraaiiao Cardaaa aie padaria, cam razie. divaieiar-aa dai Muaai que iba íaram tio propiciai. Uma vardadmra artiata jamati la padtri livrar daa leataçiM acatidàBlea a tircbaltdorai da irta, t Baaoa que Ibt ala teaha martida preaalurtaaala o lealimeata.

£ 4 por iaao qua me occot.a & lembraaça t celtbie biileria qut coala Sarak Berabard, a jiviaa, hiitoria qua vau rapreduzir. porquaato é ua ayeabelo titna.

Sacth, a pródiga da graça, iado carta vaz per terrai da Fran- ça aapalhar a atpleador da tua arta iaefuilaval, attava euma pe- quena aldeia a beira mar. eade araaira a tau palca ambulante. Ro- praieattYt.ie uma liagedit clasiiea; eatava preiiea a ealrir ein acena quando uma foratoaa dauella a procurou, dizaado qua a eosbeda pala iama, qua amava o theatra, qua lia todas at paçai que lhe vi- nham ba tnioi e qua. par ceiacidancia, labia de eór Ioda e papal da pialagoQÚIa da Iragadia que Sarab recitaria daili a boceado. £ qati eio ioi a aapaato da artiata aa taber que a ruiliea danzclla dataa aldaia louginqua at piepuaha aubathuil.a oa ictnt. Sarab az- Iraibou e, par eurtetidida, lem coaSença pardm, coueDliu que alia a aubitituÍMa, e atum fai que a vestiu com tua iadamenlaría, para qua a moça tppatecaaie oa tebUde.

O eapanla de Sarab creaeni quando vhi qua a azlranba rapari- ga dizia ot venoa maravilboumenla e repreiaaltva aeno uma artis- ta contumada I Deilambrtdt per itso. ao 6m da repratanlaçit, bai- jau 0 abraçou a bizarra douzelta a prepoz-lht que a teompanbaaie a Ptriz. onde quaiit moalrtr ao anivarto lio grandt artiata. Mas na dia legiiinla ninguém maia toaba delia. Sumira-at. Aaiot dqieia, narraadn atte faelo, Sarah Bemhird lamanlava-ta a uii poetas, da grande parda qut a arta soírara.

— Nia, disia Cilulle Mandés, a arta nio perdau nada. Essa mulher ara uma curiosa, nunca uma artisU vardadaira, Qatm i ar- tista viva, loãra e morre pala aria I

Todas dtiam.Iba razio, Esta anedecla vera a pella to falar-se da Ibrantiaa Cirdona.

Sua Ijrra nia podia íssr muda. Sendo ella t graode pealitt qnc í, nuis tarde ou mais coda dar-aoe-ia uma neva Sarada de veriat. El- les thi eSm; preparamo-noi para applaudil-«i...

Mofp-mirim, 1919. O/ga Brandi • •

Para qna o Badamptor ntasaata, (oi mlatar qut am Batblam, uma vlrgtra Jndalat, Úarlt da Huipoth, aoftraaaa numa grula...

Panaando bam, aa nlo (Sra a nultiar, o mundo tté boja aie aatarla radlmids...

.^fchw ‘Tramas

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REVISTA FEMININA

Livros e publicações

Juta Mulato, Meaelti Del Pie* ebia. 2,1 «difie,

Fsism diilíotuidei com um emplir tfe peent de Meimlli Del Píecbia, Juta Mulat», edisio, que i acempenhede de uo bclle ptelacia de julio DaaUi.

A melliot apreciaçto da livra do delicado paele ptulúla ettd M* palavru cem qua e abre a mtvioia lyrico poilu{uez.

Eii eoDO K eipriae elle: «... foi-me dide o prazer de admirar al|uu poclai braiilti*

rei, dum piraaiianiiaio ardeate e paradezal, — maniMie e laague, broaza e nervoa, — e, eatre ellca, um que, aia le limilaado a an- caalar e meu eipirile, abalou a miaha icuibilidade a comaioveu prehiadameale o meu ceiapio. Quero referir-ma a Meaelti DalPic*

ebia.a E a^ ooM brilbaate analyM de poema, auim ceaelue: < . . . Fixam cale aeme, Ou me eagane, ou ha de aer, aou*

ahaa, e de um dot maiorea poalu braiileiroi.» Delta 2.a edí;ie, eariqueeida de aevaa preduc(&éa, ezirahimai

a bella MBCIe que tegue :

^ piedade dos arbustos

Vieite. A lua aiie braaca lomeia-a entre aa minhar, a acancheguei-la ao peite. <Adeua>, diunte e, en pranto e olhar deafeito, ■etuiite 0 leu deitino do teieia,

No jardim nlencioia a lua cheia ardia. Eu fiquei i6, filando e eUreilo caminho, ande e leu pd, cuilo e perfeito, deixira um ratlo mal ferindo a areia.

£ lenta te perdeite entre ei robuitoi iroacoi. Vi que paravai, de repeale, daipreudendo doi galhoi mleu manlo.

E' que OI galhoi piedoioi doi aibuitoi buicaiam le reler, nervoiamenle, lã de pena de ver*me toSrer iinio.a

e • a

CuHuta Vtnttotiana, revúla men- tal de Caracat, Venezuela; dicecler Joiã A. Tagliaferro, aono l.o o. 6.

Nio é lem raiio que aa diz aio nci conhecermei, aói ei po* vei americanoi. Com efleilo, eomquanlo limiirophet uni dot oulrot, M americanot de lul vivem numa quiti completa ignorância icerca da vida ielelleelual que le detdobra alãm dtt luai írenleirai, paiiet que i6 fào ou emm conhecidet airavãz da luibulencia dai leui ceu-

'^hot. Na enlreltnlo, o verdade d que nenai rcpublicat que le ex- tendem do Rio Grande do Nerle ã extremidade do caba Hom. ba sm intento moviraeelo de aita litteraria, pereine e lurprebendenle, riee em tobeibai pradae$3ei. que le eacepam ã nona percepçio Ioda vollada para aquillo com que nai acena a Europa.

A reviita que preienlemenle lemoi, Cultuia Kenezo/ona, i uma dal mil dementlra(Oes do vigor de um povo em tuai mani- fetta$5ei de tuperior cultura, — írinale conliaile ao falto cenceilo que de ordinário le faz icerca da lua civilítagio e da menlalídida iot leut faAeni de lellrat.

A Cutlura Venexo/srto, honra lobremaneira a imprensa ame- ricana pela eleva;io de espirite cm que foi concluída e que a oii- eola, reunindo em eleganlei volumet primoroioi lavorii de lolentot de eicol, ibordande varies imporlanlei iisumptoi lociaet, polilicei e Htteraríoii’ firmadoi per nomci cuja fama ultrapassou, de muito, as raiat de uma napio. e entre ellit o de Eloy G. Geazalez, Diego Coibouell. Henrique Planchoil, Vallaiúllt Lauz. Tagliaferro, Julio Snlat, V, M. Oroleto o oulroi.

Ornam ainda u paginai do excellenie menurío vcnezetiae vt- riat pbotogripbiu de eminentei penoatgtni da Pairía de Bolívar e uma outra muito opportuna, de Gabriel D'Anaunzio lepreduzindo a celebre Caila oos ^almaloí do poela-guerreiro.

‘Pamahyha, anne 1, na I. de Maio de 1919. ^

A revista acima, que livemoi e prazer de receber, inideu a sua publicigie na prospera cidade de Santa Rita da Pamahya, no lamolo e esquecido Goyiz, — terra procaístart de um futuro le- borbo, 0 no dizer dos que i conhecem, — a futura Chtnatn bri- aileiia,

7>amahyba i mais uma aSrmipio da alla o vigorou initile- clualidido goyano. nunifestoda cm diírrenlet generot de lilleralura que Ibe ornam ai pagioai ricas de ptimoraiu preduegõet n illustra- dai com copiosas gravuras.

A' novel reviita «nviimos os nossos votos de longa e prospe- ra existência.

• • À CaitfuJa, eu Um anne Je fieit-

ilenalo, por Emmy von Rbodeo, vtr- sio de Rosoeaticea, 67.a edífio da original, da livraria Seibacb, de Pw- lo Alegre, da callecçlo d' «O £cAo>.

O numero das edígSes d'esle livro de encantadora linguigem, par tua simplicidade altrahenle, demontlra clsramente o valor da obra.

A CaíefuJo i a repioduc$io viva de um episodio que, em- beia comoum, prende a atleaçio tal a delicadeza da narrativa eni que nss descreva a vida de nma menina crescida debaiie do ex- cessivo carinho de um pae amanltuimo. A' inlerveoçio de um clé- rigo aviudo e prudente, que vê deubrochar aqueila erealura livre- mente e nellt se permutsrem nobres intuitos do futuro, e de uma madrasta carinhosa, asas mal comprebendido da enteadi, vemol-a in- larnsda em um eollepo. Agora lio as mil peripeciii da nova exii- teacia, — um matlyrio para aquella latursu creada, por assim di- zer ii loitu; 01 leui tancoiet, e seu tempersmealo se revoltam ali que, gradualmente, ao influzo do neve meie, da edocaçio e ins- Iruccia novas, a pequina de conducla selvagem vera um dia a bem dizer a hera em que lhe enverediram e espírito por aquelle ca- zaiaho de perfeifio que vie Irilbanda na grande jornada da vida.

O lhema, como se vê. parece banal; mas, ao ameno estylo em que e livro foi fmio, elle le oos ipresenli com um aspcclo de axtraordinatia encanlo, e, por bse, do leilura lecommeodivel i mo-- cidade, lanto como a chefes de familía.

Aos presidas collegas d' «0 Etho* agradecemos a oSerta do exemplar com qut nos mimeiearam.

• Attanlláa, n. 39, aono IV, de Lisbôe.

Pela primeira vez, livemoi o prazer de imigealar. eslre ii po- bliea;3n que nos chegam, um numere da Allonllda, i excellenie e afamada revista liibenenie, otgem de penumente latino no Bracil a era Portugal, tendo por direeloiee, no Brasil, Joio do Rio, em L»- bÓB, joio de Banos e em Paris, Grtga Aranha.

AlIonUda lem ftilo, sem favor, tucetuo no mundo dai lellraa e vie, com vig«rou entrgia, cumprindo a miisio que m impSz de mait fitrailfs tornar aa reiac&et do penumento da raça peta por- mula de idéia e intercâmbio de mais fundas sympilhias e solids- riedtde.

Da brilhante poblícaclo exirahimos os predesoí verus qua se- guem, de Joia de Deus Rimos ;

Quem não busca a lortuns?

Por muitas cendi;Oes que em si reuna Para ao mundo ser feliz olguem,

Quem não busca a fortuna 7 Quem > f

Mas d‘entre os homens, d‘enlie tantos — loucos I — Que ao balejo da sorte so acalentam, Qnaates tio os felizes 7 Sio bem poucos. Parque raros com pouco ic ceateolaa I...

• o a Almanaeh Beritanà, psta 1920.

Mime da Livraria Alves.

Recebemos o «Almanacb Berlrend», para 1920. Traz una lin- da capa em iriehremia e, coma nos annoi anieríoies. centenas do cUehii, e coUaboracia inleratiinlUtima.

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REVISTA FEIMNINA t

VIDA FEMININA

Jt AUUxnia FemMna do R(o BtssntsmsDtt orgftaliidi com ei nslhe-

rai alemancos di sooladado etti»D(, anCrin- do raaolutamante ao tarreao da aofio, a AUíanta Feminina, aaeotoa ona adrie de eontacaoclaa de oaractar aoaial, para aa ae- nboraa da Capital da Rapabllaa.

Noilciaado o auaDioioio aoontaciaaDto, oiaiai ao exprima A Uiuão, importante e ra- loreao orgam ealbolico daqualla Capitai;

«Para o primalro a;elo daaaaa oostarao- aiaa, eatào aendo ooondtdaa aanboraa, eara- Ibalroa a lacardotaa da raooabaoida oomea- da am aoaaaa rodaa aoolaaa a caChoHeaa, po- dendo cda annunciar daada U qna o ar. oonda Carioa da Ltal dari í Alllanta t bon- ra da primeira contaraaola.

A ara. rt. Amalia RodriKaea como funda- dora a dicectota da nora aaaooiaaio oalUoU- oa braaiielra, anearragou-aa da. antes de inialada a propaganda pala palarra, expor ntima eoofaranoia publica aa raaiaa da aar da Allianti, a discorrer oon a aompatenaia e o bailo ailjlo qae todos Iba oonbeoemos e admiramoi, sobre a Ac^to dd Xulher.

Essa eonfarenaia aerf laita no Ciraolo Catbolico, e no dia 7 do proximo mez.

E' dasneoessario anoareoer a Imporlaa- «Ia da obra, ]i approrada e abentoaua pela Aaetoridada Eooleaiastlsa.

Uma ooisa, pordm, aa faa preeiao : iosls- ' tir oom aa aaoliorsa do Rio de Janairo para

que acoorram em péeo a eaaas conterenoias, afim da as appareibaram para oa futuros eombatea, qua hlo de surgir para a aoaiada- de eom oa problamaa suacltadoa pelo nero estado de aoiaas em todo o mondo omliando.*

Por nossa jtt, Insistimos junto das se- nboraa paulistas par que aaje imitado essa «xeaplo ao 8. Paulo, — e eom maior rtrio ainda ai attentarmoa para t eondifto aspe- eiti daala eapitil onda oa problemas deaor* rentsB da totaal altuaqâo mundial ato maia pramantcs e da maior relsTanoia. Oídada eminontemante indnatrial o ambiente aqui estf saturando-se do tbeorias importadas por elamsntoB parigoaoi qua aa insinuam nos rodaa opararlaa.

E’«trganto que a mulber pauliata aato- penba a sna Influenaia banefiaa. apatlgua- dora, meiga o oonTincante i inquíatante cor- rente de oorrupt&o doa que ameaqara sub- Tortor a pas, a tranqulllldade da lamilia braiileira.

t • CiepuKuio de pudor...

Não deixa de aer interesaanto este trecho -de amo cfaronica de Londres, datada da Ju- nho 0 publkada num dos últimos nnmaros da «Naoioo> : Darante cincoenta nnnos de rastdsncla em Ijondres, nunca ei nma tem- porada mais alegre db que aaotual. Joba BoU « sacco om fteroí, maj gosta do poasor tam- bém os seus boas momentos. Nunoa esteve tôe smpenbaáo come agora om bailes de faitasias o casamentoa.

A feita do nerby teve uma conoorronoia sem prseodantes; foi descripta nos jornaea mais detalbadamanto do qua oa aaasúas da caiCsrencla da faz. Noa repreaentacõaa da Opero, onde todas oa lamanos apparece um novo tenor ou uma nova “prima donna*, oa nteos desonvelvem uma Inicmtiva amo- rosa excepcional qua desespera «s ecoleaiaa- tiaoa anUquades e os viuvas rategrades. Res- peita eca trajas, dia aqui o qua ou encontro nas oostai columoas do «Daily News». <0 vaaüdo da joven não tinba hombros: a fren- te era muito poquana, a, om mataria de cos- tadas não havia nada. A aoia acabava de rapante. bam ooima dos Joalhoi. Os unloos objectos da vestir eram um par de maios e om par de sapatos».

Soare osae mesmo .ossnmpto. llelios. no “Sorreia Paulíatoao’’, bordau uns commanto- rioe rtlovando o fecte de que os exageres da meda estão tentando apagar a mus bolla virtude feminina.' o pndor.

Toda 0 qua é recatado, escondido, dis- creto é respeitado e querido; a andocia da (aifrffr moderna, exaggeroda e bizarra, tira k mulher o oneonto dn Inédito e vulgarizo-lhe 0 balleza.

A mulher deva cesaprehender qua nenlium encanto moia terã no terra no dia em qua, Sala aua própria audacla, perder a auavidn-

a axplandlda a pundenoroia do «eu myate- rio a da sua graca.

A reaccão ee impõe, não ei gome om de- ver morai, como ttmbam para «ooservação

da proptia balioza intangida. Tudo que d exposto aa banailaa; o oneonto esta no igno- rado 0 obsQuro. B sempre aerl maior a bet- teza quando pela aua modéstia, apanoa dai* xar-aa adivinhar.

loíolixmente aôa oomprahaodaram ain- da isto os coatureiris de atada...

^rfe Jeminina Uma das liudsa a alegantes oeeupaqSas

famlnioaa i íneonteaiivelmsnta a pintura. Uma palbsta a una pincaia aoeham bem

o tadio daa horaa vaalaa a, apds umas tan- tatlvas, dl vsias faa vardadaits rovolacSes da orta antre nossas patrieiaa.

Ssber pintsr é ums ooisa Iniliaeiira sm certos eaplrftoi; maa, a priinalra coisa qua 6 oaeoassria para daaeobrlr-ia aa tem o ga- nlo da UD Kapbael no espirito, é... pintar. D’abi a neoesaidade da lautativa, A arte i 0 ambellezsme&to da vida; para aar artista, poria, i mister trabalhar muito. E' o que tom falto uma distlncta pintora oampínoira.

Entra as artistas paolisias a aanhorlts Beatriz Pomptu de Caazrgo é ana daa maia UabelB 0 diatinetas..

A tua teobnlea 6 aoguri e, — eolsa bi- zarra : — a aua nal.treea morta tem vida ...

£' aaalm qua causou optiaa impreesio nos males artistieot da S. Paulo a do Rio o lau ultimo quadro — garmfs de vinbo, ti- qia a fruotas.

Um axeoplo a isguir...

^ va. tKenocal Jigtacioia — O ar. Wiiliam Martin, dlrector da

leeçõo do protooolis do lainiatorio dos rala- ções axterforas. faz entrega k seebora Mano- cal, espesa do presldaote da Republica de Cubn, da grande medolba de ouro. da reeo- nhecimento-da Franca, com qua aditUnculn 0 governo, °

Está ainda na memória das nossas leito- ras a acoao generosa desia mulber singular durauta a grande guerra.

A sua ciridada, o seu espirito ostoico, o seu oorocòo amoraval tornoram-ne um exemplo vivo de coiagem « petriotisina.

B' um exemplo. A França eouba faier justiça sagrando nella o heroismo da mulher.

Medalha efleredda a ama mulher braülelra

— 0 governo resolveu conceder nma me- dalha de prata, de recenhecimente, k ara. d. Carolina da Silva Rimes, paio devota- mesta coro qne. durante a goarra, tratou dos onfermoa ue hospital franco-brosiliiro.

Como ta vê, tambam nis concarrsraos com um honroso cantlngante na guerra, con- siderada platônica de nossa porte, por certos espíritos estreitas,

Como D. Carolina da Silva Ramos, bello exempla de virtude oivico, outros patrícias também expuseram n vida ao campo da ba- tadlia, para miiiorar o soffrimenta dos feri- des e doentes.

Com prazer que registamos o facto aci- ma, que hem a8sff[eala a belleza e a magna- ulmldade do coração feminino brasileiro,

• * • Çalomat Novaa

Gulomar Novaes, i Rilnbt dosRythoioi, 1 Senhora dt Onça e da Sonoridade, gênio ineonteatavel a honra da Unlbar Braailelra, foi diatinguida oom o titulo da profaiaora honorarlt do Inititnts Nacional de Mualea.

Celebrada eo todo o mundo como i oalar artista da piano oxiitante, Gnlooac Novaei tem a aatlafaeoão da ver qne aua patria não i iaaanalral a bonra da tal-a co- mo tilhi.

Fellzmante o tempo em qua ei ganioa viviam e morriam na obaenrldada pisiou, Gulomar é um bello exemplo do eiCorço a dl oultura da Mulher Braailelra. Fas mala pelo Brasil eam aua arte do que multoa pe- litlcsa 0 embaixadoras cam diaeursoee intrigas.

Bam hajam oa grandea otpirítoa aiiim'

Penidmnfos temlnlnoe

Ae mulherai naa lutas paloa lan dlraltoi a noa eaforçoa para UInatrar sua Intslllgan-

ela axpoam-ia tirda i eritiga; antrataute, todas oa projaetoi têm martyraa a ao todos fugiram ao aaorifiaio nio bavori eiviliaiçle.

Pakria Sanehttyutriaa.

Nio < qua oa homaua sajam melhoran qua aa mulheras ou vlea varsa,' alêm dos Intaieaaet eommuna, esdt aaxo tam auia par- tleularidadas qne um nio põda assumir, eam propriedade, ta fungçSas do outro.

Cada qual dantro do raio do tua teçlo. ItaM it AjaiUtT.

Toda mulher tom tras obrigaoSsi; ser bel- It, aar boniata e aar bòi. Tam traa dlraitoo: ler admirada, aar respeitada a ler amada.

liaria it Lourie*. (Ttabatj)

• * •

t^uMer e a L/aolypfa

Devido 1 escasiaz da operarias grapbi- COS, na Hespanha, mnlCos mulheras ialomrstm seus oiudoi (Is linotypia.

PeaSamos que a idía deva aar taolhida com inierassa, porquanto é nst novo campo industrial para c qual, am boa hera, aa vo* hicnla a actividada da molhar.

0 trabalho nio demanda esforço museu- lu 0 esti muito dentro do raio da ocoio ia- duatriol feinlaina.

Como a dsctllographia a linotypia 4 nm serviço mnito proprio para a mulber. Panou s pouco aos homens flcuõo reservadas os emoragos qne damaudam maior gosto de soargia physico, apravaltendo-aa oaaim, In- talligantemantc, nm aaorraa cantinganto de aclividtdo humana até boja latente e im- produetiva.

Ooma ae vê o faminisrao não é maia um trinmpbo lhaorleo; dia a dia a ano acoAo reul-geoba terreno 0 podamos aflirmar sem susto qna caminhamos franeomente paro t sua victaria integral.

• • •

A Mulher e a Jirie

Durante o mez findo, cantando sono uma daa prlneipaaa figuras da temporada lyriot, satave entre nds 0, Zela Amaro, a maior aoprano absoluto de mundo, ns opinilo da varies critlooa,

Zoli Amaro, qua 6 briaileira, rio-gran- densa, pertanea a uma daa mala distlnottt familiae do Brtail, sendo nata do Viaeonda dt Graça s aobrinba do notto aetual mliüa- tfo da Agricultora, Dr. SimSea Lopaa.

B' ottadi a tam trai filhos. Tisjs aoom- psnbadt paio marido, conduzindo eomalgo um casal oneinlador da araancaa.

Entraviauda por nm Jorntiisla paulista- DO. a grande artiati diaaa que, entra ontrai coisas, sonhava nnlcamaota oom a gloria da aantir no Braail. 0 aeu patriotiimu parecia exaoerbar-sa na tuasnoia da ina terra e aeu ooreçio de braeileire prefarla eoi epplausos eonaagradcrea do «Constans!» de Roma, oa palmas patrieita dos palcos naciontas,

Diaaa ainda qua, apaaar do lau amor entraohado pala Arto.nia aa esquecia por um inatante daa aaua filtalnhos, bons aniges • oompanbtirot daa suai glorias a dos aaua temores.

A aua vida, apaaar da eatar am contacto eom 0 grtnda publloo, é reeaiada e boneata cerno a dae boaa eipotaa do noaio ptU. Nio tem orgulho, tlla que tanto poderia envtl- daear-eo da aua aarroira, que < nma dat male rapidta o lumlaosaa doa paleoa intar- uaelonaai. Nalutimidada ê simples a boa; eulda dos sena filbinbos e adãra aa florei, qua re:abe ia manebalaa daa luaa Inanma- ras admiradoras.

Sua psiattra < agradaval, dasstaviidi « lua prtoccupiçlo oonatanto i eonoorrar eom lau esforço para o esplendor da arta na- eional.

Zoia Amaro 4 ums linda mnibar; mtl n aua maler virtuds 4 a lui boneitidtda, can- to maia vtlioaa quando aa penas t sxlranha vida do ibaatro, i sna ceniaçlo a t lua ver- tigem.

Abi aati, leitoras imigsi, como ê faiCo 0 eoriçio da molhar braiileira,.,. Sa nalla ba sempre logar para i ambição e para o Criumpho, nnnea Ibe nega um oanCfobo pa- ra a bondade, pare t pureza e para o amor do lau lar.

Page 54: T' JORDÂN MOTOR CAR&COMPANY

5opa de camarlo

Coze>se os camarões e tira-se a crosta, lançan- do-se*o8 em uma quan- tidade de agua sufficien- te para a sopa. Refoga-se em man- teiga e azeite, cebola picada, pimen- ta e salsa e leva-se ao (ogo até ficar louro, juntando-se então as crostas que se tiraram dos camarões e um fiouco de agua fria. Depois de bem ervido o conjuncto passa-se pelo coa-

dor sobre a agua que contem as mus- culaturas dos camarões e ferve-se le- vemente.

Na hora de ir para a mesa, lança- se na terrina pequenas fatias de pão torrado no forno e sobre estas o cal- do. Serve-se.

Peijce na grelha

Depois de bem lavado e dividido em postas (qualquer peixe) passa-se cada uma destas em manteiga derre- tida, salsa picada, pimenta e sal, de medo que fique bem temperada.

Envolve-se em seguida em miolo de pfio ralado e assa-se na grelha sobre brasas vivas, untando-se com manteiga e voltando-se de um para outro lado até assar.

Serve-se com azeitonas.

Ccstelletas de'carneiro

Batem-se as costelletas e molham- se em caldo, temperando-as com sal c pimenta, e, cm vaso que resista ao fogo, deitam-te untadas com mantei- ga e levam-se ao forno tem deixar cozer completamente. Retiram-ic e deixam-se esfriar. Derrete-se em lei- te a ferver um pouco de manteiga, ao

O MEMU’

DE MEU I^IARIDO

qual também se ajunta um pouco de farinha de trigo desfeita em leite jun- tando-lhe duas gemroasde ovos. Del- tam-se neste creme as costelletas e em seguida pio ralado e frigem-se no momento de se servir.

5alada polonesa

Picam-se folhinhas novas de alface em pedacinhos bem pequenos e car- ne de vacca cosida, duas batatas tam- bém cozidas, cebola e salsa e pita- se bem num almofariz um dente de albo. Mistura-se tudo temperando-se com bom vinagre, azeite de oliveira puro, tal e nozmoscada e serve-se com ramos de salsa e azeitonas pre- tas...

Frango á ingleza

Tema-se um frango, depois de lim- po e temperado, cobre-se com fari- nha de trigo e enrola-sc com fatias de toucinhe que se deve amarrar com um barbante fino e põe-se a cozinhar numa panella com agua, sal, cebolas, cheiro e uma cenoura. Quando esti- ver cozido, tetve-se - com manteiga fresca derretida á qual seaddfcionam algumas gottas de caldo e salsa mui- to bem picada. Eafeita-se a roda do prato com couve flor, repolho ou ou- tro qualquer legume.

Crtme com ameixas

Toma-se 25 gramnas da ameixas pretas, dá-se-lbes uma fervura e tira-

se-lhes os caroços. Con a mesma agua servida para a primeira fervura, faz-se uma caida rala na qual se lança novamente as ameixas que conti-

nuam a ferver, até engrossar um pou- co a calda; tira-se então do fogo e deixa-se esfriar um pouco. Faz-se um crime com 2 copos de leite, tres gem- mas, uma colher de malzena, assucar e baunilha. Assim que esteja prompto 0 crême, dispõe-se em um prato que possa ir ao forno, uma camada de ameixas e outra de crâme. Cobre-se em seguida com suspiro e vae ao for- no para seccar.

Pudim chinez

Mistura-ie 400 grammas de assu- car, 15 gemmas bem batidas, 115 grs- de manteiga e na hora de ir para o foeo accreseenta-se 460 grs. de côco ralado; mexe-se bem e põe-se em fôr- ma untada com manteiga. Forno re- gular.

Bolo (f« crime

Prepare-se um litro de farinha, dei- te-se 1/4 de litro de creme com uma boa pitada de sal; amasse-te tudo 11- gelramentc e deixe-ie repousar mela hora. Junte-se-Ihe então 25 grs. de manteiga; abati-se cinco vezezs co- mo se procede para a massa de fo- lhado e forme-se um bolo só ou mui- tos pequenos, dolrem-se com gemma batida e cozam-se no forno em for- ma, ou forminhas untadas com man- teiga.

REVISTA FEMININA

Page 55: T' JORDÂN MOTOR CAR&COMPANY

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<i

f

Indicador da l^cvista

j9 J(evisfa feminina Os nunjeros d«s!a revista relativos ao

anno dt 19Í8 já se aehanj á ver}dair}esla rtdoeçào, ertcaderrjades, cer}sliluindo u.'»çrosso e elegante volunje. jf e/}- eai-Yfiofio i enj percaliije, coni os cTi- jerej do hmbo dourados. Vti^òe-seca~ da vt/anje a 2S\qoo. Como presente de ariniversario para' uma senhora eu para unia moça, é o que ha de mais tine e, sobretudo, de mais util. j7s pes- soas que têm truncadas as sues col-

Jeccies. devem adquirir a eàiçde eqca- i. it^ade.

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ceitas que esses livros apresentam, se sãoreali* sareis, nem sempre obtem exito, porque não foram experimentadas. Ora, as receitas do “Ada- lius" são todas experimentadas, e, o que mais é, estão ao alcance de quem quer que queira experimcntal*a8, tal a clareza com que são es* criptas. “Adalius" contem mais de quatrocentas receitas,

O seu texto é constituído das melhores re. ceitas para lunch, cozinha, doces, de conselhos sobre njgiene, sobre o euidado e ornamentação da mesa de jantar, de tudo, emfim, que pode interessar uma dona de casa. E’ uma obra de que não deve prescindir nenhuma dona de ca* sa, que o deve lêr constantemente, consultar e conservar como o seu livro predilecto.

Nao ha dona de casa que se não queixe da difficuldade ou obscuridade com que são com* postos 08 livros de arte culinaria.

O “Adalius”, ao contrario, não traz nenhu- ma receita que nao fosse experimentada e cuja confecção se torne diffícil. Todo elle, seja qual fôr o assumpto de que trate, é absolutamente apro veitavel e utii. O seu texto é claro, sim- ples e comprehensivel.

0 seu J>reço ê 2S0Ò0 reis. Esse preço está, como ee ve^ ao alcance das bolsas mais modes- tas, sendo certo que a «REVISTA FEMININA», que 0 editou, não aufere nenhum lucro com a venda. O “Adalius”, vendido por esse preço, constitue, antes,' um beneficio que faz ás suas leitoras e um meio de propaganda.

» correis, i rsSicçlo di «REVISTA FEMININA» - $. Ftuls,

ADnCIUS - 3. edição Já está exposto á venda, na redacção da

«REVISTA FEMININA», rua do Rosário, 12.2.o Mtdar, o preciosissimo livrd “Adalius”;especial- mente confeccionado para uso das donas de casa. A primeira e segunda edição, que con- tinham poucas paginas, exgottaram-se rapida- mente, a despeito da sua avultada tiragem. Es- ta terceira edição compõe-se de mais de cem paginas e está enriquecida notavelmente de re- ceitas e conselhos culinários.

Page 57: T' JORDÂN MOTOR CAR&COMPANY

Escrava... ou rainha?

Este romance de costumes russos, de M. Delly, que pubHcamos em nossa revista, tem obtido, come era de esperar um grande êxi- to..Multas das nossas leitoras, logo que leram os primeiros capítulos publicados nestas paginas, in- teressaram-se tanto pelo romance, que impacien- tes por chegar ao fim, se apressaram em escre- ver-nos para lhe enviarmos o volume. E' isso que estamos fazendo, desde algum tempo. As lei- toras, pois que desejem adquirir um exemplar deisa novella encantadora, queiram enviar-nos a quantia de 3|^, que é o preço de um exemplar, incluído 9 registre. Cada exemplar vendido na re- dacção custa 31000.

“Escrava... ou rainha?” é uma novella de gran- de opportunidade. E’ uma obra de ficção, uma ccea^o de artista. Mas a acção gyra em tomo de factos verdadeiros e as suas personagens prin- cipaes existiríam ou existem ainda. E’ um roman- ce vivido. O escriptor de “Escrava... ou rainha?”, antes de concebel-o, accumulou documentos au- thenticos, que lhe serviríam para o auxiliar na entrosagem da acção. E’ uma novela de alto va- lor, moral, que póde ser acolhida francamente no seio das famílias.

E’ uma linda edição de duzentas e tantas paginas.

0oao ooao tuooaoao aoooaoaoanma apaaaaDci

Belleza

das unhas

Dm doB peores sestros que se adquirem na infaucia é o de roer as unhas. E' um vicio que 0 indivíduo diffieUmente se corrige. O me- nor dos sens incovenientes é o de deformar a ponta dos dedos e trazel-os sempre sangrando. Esse é 0 menor, porque o maior dos seus inco- venientes ê aífeetar economia geral do organismo.

Corrigir-se alguém desse vieio pela força da vontade é tão penoso, ou mais, como deixar de fumar.

O unioo meio, o unico processo é usar a <Onichophagina>, que se appiica com um pin- cel debaixo das unhas e se deixa seecar. Se se trata de corrigir a ereança desse vicio, deve-se renovar n applicação toda vez que eila lavar ds mãos.

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m i Cerca de 9 milhSes de kilometros quadrados contem 0 Brasil. Deste imnienso território aproximadsnente T milhSes sinda eslio sujeitos a deinarcao&es e dívisSes diversas O Brasil t, pois, o paiz do mundo que otfe/ece as maiores opporrumdades aos topographoi ou agrímea- sores A's pessoas que amam a vida saudsvel ao ar livre, vida independente e sem patrdes, a agrimensura ntoderna ollcrece chancas sem limites, Sd na Noroeste do Brasél neste momento dezenas de homens enérgicos estto amas- sando fortunas, com medic&esde terras,deslindes.divisOes em lotes, etc.

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^ Antes do mais:

paslilhes Jfmtrieonas Crieolcleas io br. Melurri qtfo íSe uma ponaeia. Crala-se èt um preducle c/iimite dtfinido cujos títnitlles priiieipats asfim í» dt- compStm Jfè C2) Ca (f/i 0* J Sa 3 adiccionodos dt seivas rt;ilais, tsti- mafanits ea junc^Sa nistologica t í«f Ilit forntetm em outro elemento i/e <?;J i Ç 2 0) vegeta! e /acilmenie assimilável, eonstiluinio a firma global, atim de priiieipios aromáticos e fibrinosos «(17 [f>i Ç2 02) (?»»i (f’/i Ov 2 Sa 3'' {/e Sl3 X * Ç2 0).

uma firma de ccleifiesção iqtensa ào organismo com absorpçSe facilitada peta vehicutaçõo das selvas vegeiaes. Crata-se portanto ae um medicamento àe reaes resultados em todos es vícios da nutrição.

• (R<latorio do$ Drs. FO^

Acura tricalcica do Dr. Malconi deve durar pelo menos dois nie- zes, é por este motivo que as suas pastilhas são entregues ao publico em tubos de 50 ou 100, o que naturalmente lhes eleva

um pouco 0 preço, mas etn compensação faz-se a cura sem necessi- dade de estar repetindo os pedidos de medicamentos.

Ha oiilros preparados que custam apparentemente menos; são porém vendiilos muito de industria em pequenos vidros, que obri- Sam 0 doente a repetir a despeza cada semana. Demais as Pastll&as

ialcoD não são um producto commercial no qual se sacrificam ás vezes certas exigências de technica, para diminuir o preço.

Trata-se de um producto medico, preparado com todo o es- crúpulo e que dd resultado.

Em todas as moléstias da nutrição as nossas pastilhas devc- lão ser empregadas: Rachitismo, má dentição de creanças, pernas turtas {das creanças) quasi sempre devido á fraqueza dos ossos, escroptuilas, lymphatismo etc.

Para o desenvolvimento dos selos as PnSTILFi^S MniCOfA sSo cjitraordinarlas c temos em nosso poder centenas de attes-

tados d< senhoras que, ao cabo de dois mezcs, de tratamento obtiveram resultado compleio-

Muito uteís na convalescença das moléstias debititantes e para uso continuo das pessoas que se entregam a trabalhos cerebraes exhaurientes e que necessitam de phosphoro, bem como, para a fra- queza de qualquer outro orgam.

Ducaiile o oleiloiDeolo as Pastilhas Maiccm são indispensáveis. Fornecem ao leite materno tudos os elementos calcicos necessários á formação do esqueletp da creança.

Preço]: Tubo do 100 pastllbas . . 20$000

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DOSEt— PARA ADULTOS. Começar por duas pastilhas a cada re- feição durante a primeira semana e augmentar, em seguida, para tres. Para casos simples taes como cansaço cerebral, fraqueza doa moços é bastante metade da dose acima.

PARA CREANÇAS. Umapastilhaa cada refeição; augmentar para duas ao fim de uma semana. Para creança de menos de 4 annos começar por 1/2 pastilha e continuar por uma.

Pedidos á Revista Feminina

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Page 60: T' JORDÂN MOTOR CAR&COMPANY

ASaiidedaMiillier

Cura

Incommodos dc senhoras

Eima. Sta, D. <JiÍ£.i/a ámr/ía Dia), curada cem *<4 5oud< da AíuWer*.

Srs. l>aut 4 Oliveira.

t^fdaro que, pedeeenio ha femp6s, de males ulerinos, njandei comprar per meu esposo, erq Xi- vra/qenio, alguns paseos do seu poderoso preparado ’Jí Saude da Jdulher», conj os quaes jiquei, comp/e- tameqie restabelecida. €m agradecirr.er.to, dirijo-lhes a preseqte para que façam delia o uso que convier.

Jltaria €n!liia 3>ias.

Rivera (Uiuguay) jaaeico de 1917. (Firma reconhecida)