Swanwick Resumo

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Keith Swanwick Prof. João Lourenço de Paula Keith Swanwick (1937) é professor emérito da London University. A partir de observações e pesquisas feitas com inúmeras turmas de educação musical, criou dois modelos que buscam elucidar o aprendizado e o desenvolvimento musical. 1. Modelo CLASP Este modelo traz à luz os principais objetivos da educação musical, partindo das ações musicais, auxiliados pelas ferramentas que complementam e dão suporte a tais ações. Estas propostas servem de base para o dia-a-dia da educação musical e podem ser aplicadas em todas as aulas. Criar (L)iteratura Apreciar (S)kill acquisition* Performance *Aquisição de habilidades C, A e P são as três ações musicais que podemos realizar. Criar, ou compor, diz respeito à aplicação de todos os conteúdos através de um veículo expressivo e criativo. Apreciar se refere à escuta ativa, capaz de reconhecer diversos elementos, diferenciá-los e compreender a manifestação musical. Performance é a execução musical. A pessoa deve desenvolver a capacidade de realizar os diversos elementos musicais. Estes três eixos devem ser abordados em qualquer conteúdo apresentado. Se o aluno desenvolver a habilidade de criar, reconhecer e executar cada informação, ele estará ampliando seu discurso musical. Para tanto, é necessário, também, trabalhar as informações teóricas e apresentar o repertório tradicional. Deste modo, haverá um suporte informativo para as ações musicais. Isto está contemplado na Literatura.

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Swanwick Resumo é da segunda geração de educadores musicais.

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Keith Swanwick

Prof. João Lourenço de Paula

Keith Swanwick (1937) é professor emérito da London University. A partir de observações e pesquisas feitas com inúmeras turmas de educação musical, criou dois modelos que buscam elucidar o aprendizado e o desenvolvimento musical.

1. Modelo CLASP

Este modelo traz à luz os principais objetivos da educação musical, partindo das ações musicais, auxiliados pelas ferramentas que complementam e dão suporte a tais ações. Estas propostas servem de base para o dia-a-dia da educação musical e podem ser aplicadas em todas as aulas.

Criar

(L)iteratura

Apreciar

(S)kill acquisition*

Performance

*Aquisição de habilidades

C, A e P são as três ações musicais que podemos realizar.

Criar, ou compor, diz respeito à aplicação de todos os conteúdos através de um veículo expressivo e criativo.

Apreciar se refere à escuta ativa, capaz de reconhecer diversos elementos, diferenciá-los e compreender a manifestação musical.

Performance é a execução musical. A pessoa deve desenvolver a capacidade de realizar os diversos elementos musicais.

Estes três eixos devem ser abordados em qualquer conteúdo apresentado. Se o aluno desenvolver a habilidade de criar, reconhecer e executar cada informação, ele estará ampliando seu discurso musical.

Para tanto, é necessário, também, trabalhar as informações teóricas e apresentar o repertório tradicional. Deste modo, haverá um suporte informativo para as ações musicais. Isto está contemplado na Literatura.

Além disso, o aluno precisa desenvolver suas habilidades motoras e sensoriais e usá-las como ferramenta para que seja capaz realizar as ações. Este é o item Skill Acquisiton.

As letras entre parênteses (L) e (S) se apresentam assim para nos lembrar que tais tópicos não são objetivos do estudo de música, mas ferramentas que apenas auxiliam os objetivos reais.

Se o curso de música for conduzido com este foco – seja ele de musicalização infantil, um curso livre de instrumento, ou em nível superior – deverá ser mais efetivo, englobando todos os fazeres musicais e desenvolvendo a musicalidade. Por isso o modelo forma a palavra Clasp,que significa abraçar, envolver.

2. Modelo Espiral do Desenvolvimento Musical

Durante suas pesquisas sobre o modelo CLASP, Swanwick encontrou, inesperadamente, características comuns nas composições dos alunos, de acordo com suas faixas etárias. Formulou, então, um segundo modelo, que busca observar o caminho do desenvolvimento da linguagem musical.

Da mesma forma que desenvolvemos a linguagem escrita e somos guiados através de etapas durante o ensino regular, o mesmo traçado pode ser feito para a linguagem musical.

Desta forma, o modelo sugere quatro grandes etapas:

- Materiais – Nesta etapa, pesquisa-se o som, matéria prima da música, e suas possibilidades. Na comparação com a linguagem escrita, seria o momento de tomar contato com as sonoridades de cada letra; sua forma; as junções de letras criando as sílabas e em seguia as palavras; até a formação de frases simples.

- Expressão – Após compreender e adquirir as habilidades de manipulação do som, segue-se o momento de pesquisar e desenvolver a capacidade de dar expressividades, os diversos caracteres. Seria o momento de pedir as famosas redações “minhas férias”, ou poesias sobre “mamãe”.

- Forma – Pode ser compreendido também, pelo termo Estrutura, pois é o momento em que todos os elementos já vivenciados começam a ganhar estruturações mais objetivas. Trabalha-se motivos, texturas, formas, passagens harmônicas, desenhos melódicos etc. É o momento de estudar dissertações, crônicas, poemas, sonetos, versos alexandrinos e todas as outras estruturas que precisamos dominar sobre a linguagem escrita.

- Valor – Por fim, aquele que se desenvolveu plenamente através dos níveis anteriores, parte para as experiências artísticas propriamente ditas. Este nível está além da ação do educador que pode apenas “rezar para que o aluno chegue no último nível”, como afirma Swanwick. Daqueles alunos que concluíram o colegial, são poucos os que se tornam escritores e poetas artisticamente maduros.

Temos, então, a seguinte gradação, já com as idades propostas:

VALOR

(15 +)

FORMA ou ESTRUTURA

(10 – 15)

EXPRESSÃO

(4 - 9)

MATERIAIS

(0 – 4)

Cada uma destas camadas, por sua vez, é subdividida em dois momentos. O primeiro é o do desenvolvimento pessoal dentro de cada nível, onde o aluno pesquisa e encontra a sua própria capacidade e expressividade.

VALOR

Smbólico

FORMA ou ESTRUTURA

Especulativo

EXPRESSÃO

Pessoal

MATERIAIS

Sensório

A seguir, desenvolve-se em direção ao socialmente compartilhado, ou seja, o momento de pesquisar e realizar cada um dos níveis de acordo com a sua própria expressividade, mas agora capaz de ser comunicativo, encontrando as expressividades compreendidas por todos.

VALOR Sistemático

Smbólico

FORMA ou ESTRUTURA Idiomático

Especulativo

EXPRESSÃO Vernacular

Pessoal

MATERIAIS Manipulativo

Sensório

Esta estrutura final, mais facilmente compreendida em um modelo em três dimensões, ganhou o seguinte gráfico:

É importante ressaltar que as idades sugeridas não são fixas. A qualquer momento que alguém iniciar seus estudos de música, inclusive um músico que aprende um novo instrumento, percorrerá as fases ao longo do seu desenvolvimento. Da mesma forma, a duração de cada etapa é variável.

Este modelo nos permite observar e compreender em que ponto do desenvolvimento da linguagem musical está o nosso aluno, o que nos permite compreender qual será o próximo passo, o que esperar e o que buscar em seguida.

Se juntarmos os dois modelos – CLASP e Espiral – surge um plano que abarca todas as ações musicais em todos os estágios do desenvolvimento:

COMPOSIÇÃO APRECIAÇÃO PERFORMANCE

FORMA • • •

EXPRESSÃO • • •

MATERIAIS • • •

BIBLIOGRAFIA

SWANWICK, Keith. Ensinando música musicalmente. São Paulo: Editora Moderna, 2003.

__________ Mucial Knowledge: Intuition, analysis and music education. Abingdon: Ed. Routledge, 1994.

__________ Music, Mind and Education. Abingdon: Ed.Routledge, 1988.

CAVALIERI FRANÇA, Cecília. Performance instrumental e educação musical. Per Musi. Belo Horizonte, v.1, 2000. P. 52-62.

__________ Feito a Mão. Belo Horizonte: Halt Gráfica, 2008.