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MORFOSSINTAXE II
Márcia Fonseca de Amorim
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Objetivo
Refletir sobre a noção de constituinte oracional, sob a perspectiva de estudo da estrutura sintagmática do português.
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A noção de constituintes.Segundo Mioto, Silva e Lopes (1999, p.45), “um constituinte é uma unidade sintática construída hierarquicamente embora se apresente aos olhos como uma sequência de letras ou aos ouvidos como uma sequência de sons”.
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Quando efetuamos análises em sentenças do português, não agrupamos os elementos aleatoriamente, sem critérios definidos. Partimos do pressuposto de que as sentenças apresentam uma determinada organização sintática estrutural.
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Segundo Radford (1981, p. 69, apud Othelo, 2009, p.21), um certo agrupamento de palavras é um constituinte somente se tiver uma ou mais das seguintes propriedades:
(i) Comporta-se distribucionalmente como uma única unidade estrutural, isto é, é recorrente como uma unidade única em uma variedade de outras posições nas frases;
(ii) Pode ser coordenado com outro agrupamento similar;
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(iii) Não permite intrusão interna de elementos parentéticos (a intrusão geralmente sendo permitida apenas nas fronteiras de constituintes maiores, especialmente sintagmas);
(iv) Pode ser substituído por (ou servir de antecedente para) uma proforma;
(v) Pode ser omitido, sob condições de discurso apropriada.
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Exemplo:Ao analisarmos a sentença O gatinho de
Maria subiu no telhado, agrupamos os elementos de forma a constituir um conjunto de elementos com valor significativo na sentença – o sintagma.
[o gatinho de Maria] [subiu no telhado]
Tais elementos mantêm uma relação de dependência e de ordem no interior da oração
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As regras sintagmáticas descrevem como as categorias linguísticas são formadas: por meio da combinação de outras categorias sintagmáticas ou lexicais.
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Não se pode, a priori, determinar a extensão de um constituinte, pois não é fácil prever o número máximo de itens que podem integrá-lo. Por isso, a sintaxe procura delimitar o constituinte a partir de um núcleo, tendo em vista o fato de que o constituinte compreende o próprio núcleo e o conjunto de itens ao seu entorno que desempenha funções específicas na constituição de um todo significativo.
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SINTAGMA
Conjunto de elementos que constituem uma unidade significativa dentro da oração e que mantêm entre si relações de dependência e de ordem. Esses elementos encontram-se organizados em torno de um núcleo, que pode, por si só, constituir o sintagma.
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Exemplo
(01) A filha caçula da amiga de minha irmã ganhou um lindo vestido azul de bolas vermelhas.
SN – A filha da amiga de minha irmã Núcleo: filha
SV – ganhou um lindo vestido azul de bolas vermelhas.
Núcleo: ganhou
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Se desmembrarmos o SN “um lindo vestido azul”, teremos:
- Pré-Det: um- Mod: lindo- Núcleo: vestido- Mod: azul
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Dependendo do tipo de elemento que constitui o seu núcleo, o sintagma pode ser classificado em:
- sintagma nominal (SN)- sintagma verbal (SV) - sintagma adjetival (SAdj) - têm por
núcleo um adjetivo - sintagma preposicional (SP) -
normalmente formados de preposição + sintagma nominal.
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SINTAGMA NOMINALO sintagma nominal tem como núcleo um
nome ou um pronome substantivo (pessoal, demonstrativo, indefinido, interrogativo ou relativo). O SN pode ser constituído apenas de um núcleo ou seguido de outros elementos: determinantes e modificadores. Se esse nome for um substantivo comum, poderá vir precedido de determinantes e precedido ou seguido de modificadores.
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SN
Det
Os
Estes
Meus
Dois
N
livros
SINTAGMA NOMINALDeterminantes: estrutura simples
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SN
DET
PreDet
Todos
DetBase
os
PósDet
meus
N
livros
Mod
novos
SINTAGMA NOMINALDeterminantes: estrutura complexa
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Estrutura interna dos SN – os determinantes
Determinante-base
- artigo definido (o, a, os, as) – concordam em gênero e número com o núcleo o SN. Visa determinar um nome cujo referente se encontra dado ou conhecido pelo interlocutor.
Ex.: Os livros / A casa
-
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Estrutura interna dos SN – os determinantes
Grupo formado pelas classes tradicionalmente classificadas como artigo definido, pronome demonstrativo, pronome possessivo, pronome indefinido de valor quantitativo, numerais carinais, pronome indefinido de outro tipo, como outro, demais, mesmo e próprio.
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Estrutura interna dos SN – os determinantes
Determinante-base
- pronome demonstrativo (este e variações, esta e variações, aquele e variações) - tem função anafórica ou dêitica. Com função dêitica, situam o referente (de valor substantivo) no tempo, no espaço ou no assunto tratado pelos interlocutores.
Ex.: Estes livros / Estas casas
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Estrutura interna dos SN – os determinantes
Determinante-basenão havendo nem artigo, nem
demonstrativo, podem ocupar a posição de determinantes:
- pronome possessivo (meu, minha, seu, sua, dele ...),
- pronome indefinido de valor quantitativo (pouco, algum, muito, demais, bastantes ...),
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Estrutura interna dos SN – os determinantes
Pré-determinante- certos tipos de expressões
indefinidas- quantificadores universais
(todos, nenhum);- partitivos (alguns, muitos,
quatro, a maior parte, a maioria)
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Estrutura interna dos SN – os determinantes
Pós-determinantes - numerais cardinais (um, dois, três,
quatro ...), - pronomes indefinidos de outra
natureza (outro, demais mesmo, o próprio).
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O modificadoresPodem exercer a função de modificador de um SN:
O sintagma adjetival (SAdj) – aparecem antes do núcleo ou após ele.
Ex.: Os novos carrosOs carros novos
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O modificadoresPodem exercer a função de modificador de um SN:
O sintagma adverbial (SAdv) – sob a forma de advérbios ou gerúndios, atuam como modificadores.
Ex.: Esse evento tão cedo pode ter público reduzido.
Uma festa assim dá gosto de ir.
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O modificadores- o sintagma preposicionado – aparece,
obrigatoriamente após o núcleo do SN, geralmente após o adjetivo.
Ex.: Os novos carros do BrasilA velhas ideias de José
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Pronomes que exercem a função de SN
- Pessoais retos (eu, tu, ele/a, nós vós eles/as, você/s) exercem a função de sujeito e predicador.
- Pronomes oblíquos átonos (me, te, o/a, lhe, se, nos, vos, os/as, lhes) exercem funções adverbiais de objeto e modificador.
- Pronomes oblíquos tônicos exercem a função de objeto preposicionado (mim, ti, si, conosco, convosco, consigo, contigo, comigo).
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Pronomes que exercem a função de SN
- Indefinidos – alguém, ninguém, nada, tudo, algo, um (precedido de cada ou qualquer) e qual (precedido de cada).
Ex.: Ele disse tudo. Nada é para sempre
“Cada um no seu quadrado”.
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Pronomes que exercem a função de SN
- Quantificadores – todo (e variações), ambos (as) – podem vir antepostos a outro SN a que servem de aposto.
Ex.: Todas as palavras ditas.Todos nós saímos do local.
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Pronomes que exercem a função de SN
-Referenciadores – Outros, como núcleo do SN – vem sempre precedido de os.
Ex.: Os outros são tão importantes quanto nós.
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Para pesquisar:
Quais as funções sintáticas exercidas pelo SN?
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Exercício
Classifique os SN no excerto a seguir:
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EXCERTO:
Todos os habitantes daquele lugar costumavam caminhar pelas ruas estreitas do vilarejo. Cada um cumpria o mesmo ritual todas as tardes. Ninguém se preocupava com o tempo enquanto caminhava. Era só isso o que eles tinham para fazer – a monotonia tomava conta da rotina de cada um.
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CURIOSIDADE:
Na proposta gerativa, utilizamos as denominações em inglês abreviadas:
Phrase para Sintagma (P) Verbal Phrase para Sintagma Verbal (VP) Determiner Phrase para Sintagma Determinante (DP) Name Phrase para Sintagma Nominal (NP)Prepositional Phrase para Sintagma Preposicional (PP)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEREDO, José Carlos de. Iniciação à sintaxe do português. 9 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar BORBA, Francisco S. Introdução aos estudos lingüísticos. 12. ed. Campinas: Pontes, 1998.CARONE, Flavia de Barros. Morfossintaxe. São Paulo: Atica, 1995.KOCH, I. Villaça; SILVA, M. C. P. de Souza. Linguística aplicada ao português: sintaxe. 14 ed. São Paulo: Cortez. 2007.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Othero, Gabriel de Ávila. A gramática da frase em português [recurso eletrônico]: algumas reflexões para a formalização da estrutura frasal em português / Gabriel de Ávila Othero. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : EDIPUCRS, 2009.