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LISBOA DE 29 DE FEVEREIRO A 2 DE MARÇO SISAB PORTUGAL | referência para as exportações portuguesas FROMAGERIE BEL ALFREDO MATOS (...) O SISAB PORTUGAL correu bastan- te bem e angariamos novos clientes e novos mercados. Nesta fase tornou-se um impor- tante ponto de encontro com os nossos clien- tes, onde conseguimos estar com todos eles num só local, o que é muito bom (...) “A nossa exportação está a crescer a um ritmo de 50 por cento ao ano” DFJ JOSÉ NEIVA CORREIA (...) Para mim no início o SISAB PORTUGAL era uma feira da saudade e estive pessoalmente uns anos sem lá ir, embora sempre tivesse um stand presente. Passados mais ou menos cinco anos quando lá voltei, sinceramente nem que- ria acreditar no que estava a ver. Tinha-se trans- formado na maior feira a nível mundial preci- samente naquilo que nós produtores queremos uma feira, por isso tenho orgulho em alguém que em Portugal fez o SISAB PORTUGAL (...) “A DFJ nasceu para exportar e dos 6 milhões de garrafas produzidas, 97% vão para 46 países” LACTOSERRA RICARDO GOMES (...) Continuamos a apostar neste evento (SISAB PORTUGAL), onde estamos em con- tato direto com os nossos clientes e outros no- vos interessados em comprar os nossos pro- dutos (...) “A Lactoserra fabrica oito toneladas de queijo por dia com leite da região” OPPIDUM - ÓBIDOS DÁRIO E MARTA PIMPÃO (...) Foi o SISAB PORTUGAL que nos abriu muitas portas, nomeadamente nalguns países em que tínhamos interesse de enviar o produto e traz-nos sempre um retorno mui- to interessante. Voltamos em 2016 porque é um meio fantástico para ter contato com ou- tros compradores estrangeiros (...) Ginja portuguesa cada vez mais reconhecida no mundo WINE VENTURES FRANCISCO DE SOUSA FERREIRA E LUÍS MELO (...) Acompanho o SISAB PORTUGAL des- de o início e por isso tenho um carinho especial por este evento. É uma feira que já está nas agendas dos principais compradores interna- cionais. Tenho alguns clientes com quem falo e que terminamos a conversa dizendo: ‘Nós de- pois falamos no SISAB PORTUGAL’. Outro as- peto muito positivo é o esforço da organização em ter outros compradores e outros mercados presentes para além dos países tradicionais com que Portugal mantém relações tradicio- nais. Este aspeto também é muito positivo (...) “Este é um projeto que vai crescer em termos de oferta” REI DOS FRANGOS JOÃO SANTOS (...) Já estivemos em duas edições do SISAB PORTUGAL. A primeira serviu ape- nas para nos ambientarmos e conhecermos como as coisas se fazem. Na segunda co- meçaram a surgir os negócios e conhece- mos um importante clientes de Honk Kong. Para o próximo ano vamos voltar para refor- çar os laços com os nossos parceiros e co- nhecer novos clientes (...) Frango assado à Portuguesa de Leiria para todo o mundo ARMANDO GONÇALVES E FLS. RUI CATARINO GONÇALVES (...) Em 2014 atingimos um valor ‘psico- lógico’ na exportação que foi de um milhão de euros. A nossa pretensão é continuar a crescer e desde o início do ano que já estamos a fun- cionar com uma sociedade em Angola, onde temos um projeto para replicar a parte indus- trial. A grande aposta é a construção de uma unidade fabril naquele país e os novos mer- cados no leste da europa e países árabes. Ou- tra preocupação é o mercado do Brasil onde estamos a apostar há mais de três anos, mas que ainda não conseguimos concretizar (...) “Nos últimos anos temos vindo sempre a crescer na exportação” VOUGAFRIO JÚLIO CÉSAR RODRIGUES (...) Começámos pouco a pouco com um camião, e com base nos conhecimentos que já tínhamos, criámos uma sociedade e crescendo no setor do frio. Com o decorrer da nossa ativi- dade foi necessário inovar com camiões frigorí- ficos para transporte com diversas temperatu- ras diferentes dentro do mesmo camião. Fomos adaptando a frota às necessidades, àquilo que os nossos clientes exigem e assim, fomos cres- cendo neste exigente mercado. (...) Transportadora especialista em temperatura controlada

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LISBOA DE 29 DE FEVEREIRO A 2 DE MARÇO

SISAB PORTUGAL | referência para as exportações portuguesas

FROMAGERIE BELALFREDO MATOS

(...) O SISAB PORTUGAL correu bastan-te bem e angariamos novos clientes e novos mercados. Nesta fase tornou-se um impor-tante ponto de encontro com os nossos clien-tes, onde conseguimos estar com todos eles num só local, o que é muito bom (...)

“A nossa exportação está a crescer a um ritmo de 50 por cento ao ano”

DFJJOSÉ NEIVA CORREIA

(...) Para mim no início o SISAB PORTUGAL era uma feira da saudade e estive pessoalmente uns anos sem lá ir, embora sempre tivesse um stand presente. Passados mais ou menos cinco anos quando lá voltei, sinceramente nem que-ria acreditar no que estava a ver. Tinha-se trans-formado na maior feira a nível mundial preci-samente naquilo que nós produtores queremos uma feira, por isso tenho orgulho em alguém que em Portugal fez o SISAB PORTUGAL (...)

“A DFJ nasceu para exportar e dos 6 milhões de garrafas produzidas, 97% vão para 46 países” LACTOSERRA

RICARDO GOMES

(...) Continuamos a apostar neste evento (SISAB PORTUGAL), onde estamos em con-tato direto com os nossos clientes e outros no-vos interessados em comprar os nossos pro-dutos (...)

“A Lactoserra fabrica oito toneladas de queijo por dia com leite da região”

OPPIDUM - ÓBIDOSDÁRIO E MARTA PIMPÃO

(...) Foi o SISAB PORTUGAL que nos abriu muitas portas, nomeadamente nalguns países em que tínhamos interesse de enviar o produto e traz-nos sempre um retorno mui-to interessante. Voltamos em 2016 porque é um meio fantástico para ter contato com ou-tros compradores estrangeiros (...)

Ginja portuguesa cada vez mais reconhecida no mundo

WINE VENTURESFRANCISCO DE SOUSA FERREIRA E LUÍS MELO

(...) Acompanho o SISAB PORTUGAL des-de o início e por isso tenho um carinho especial por este evento. É uma feira que já está nas agendas dos principais compradores interna-cionais. Tenho alguns clientes com quem falo e que terminamos a conversa dizendo: ‘Nós de-pois falamos no SISAB PORTUGAL’. Outro as-peto muito positivo é o esforço da organização em ter outros compradores e outros mercados presentes para além dos países tradicionais com que Portugal mantém relações tradicio-nais. Este aspeto também é muito positivo (...)

“Este é um projeto que vai crescer em termos de oferta”

REI DOS FRANGOSJOÃO SANTOS

(...) Já estivemos em duas edições do SISAB PORTUGAL. A primeira serviu ape-nas para nos ambientarmos e conhecermos como as coisas se fazem. Na segunda co-meçaram a surgir os negócios e conhece-mos um importante clientes de Honk Kong. Para o próximo ano vamos voltar para refor-çar os laços com os nossos parceiros e co-nhecer novos clientes (...)

Frango assado à Portuguesa de Leiria para todo o mundo

ARMANDO GONÇALVES E FLS. RUI CATARINO GONÇALVES

(...) Em 2014 atingimos um valor ‘psico-lógico’ na exportação que foi de um milhão de euros. A nossa pretensão é continuar a crescer e desde o início do ano que já estamos a fun-cionar com uma sociedade em Angola, onde temos um projeto para replicar a parte indus-trial. A grande aposta é a construção de uma unidade fabril naquele país e os novos mer-cados no leste da europa e países árabes. Ou-tra preocupação é o mercado do Brasil onde estamos a apostar há mais de três anos, mas que ainda não conseguimos concretizar (...)

“Nos últimos anos temos vindo sempre a crescer na exportação”

VOUGAFRIOJÚLIO CÉSAR RODRIGUES

(...) Começámos pouco a pouco com um camião, e com base nos conhecimentos que já tínhamos, criámos uma sociedade e crescendo no setor do frio. Com o decorrer da nossa ativi-dade foi necessário inovar com camiões frigorí-ficos para transporte com diversas temperatu-ras diferentes dentro do mesmo camião. Fomos adaptando a frota às necessidades, àquilo que os nossos clientes exigem e assim, fomos cres-cendo neste exigente mercado. (...)

Transportadora especialista em temperatura controlada

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25 DE DEZEMBRO DE 2015p.12 EMPRESAS & MERCADOS

ALFREDO MATOS - RESPONSÁVEL DE EXPORTAÇÃO DA FROMAGERIES BEL

A nossa exportação está a crescer a um ritmo de 50 por cento ao ano

A Bel Portugal incorpora por fusão diferentes empresas de lac-ticínios cuja origem eram: Lacto Lusa, S.A, Lacto Lima, S.A., Lac-to Açoreana, S.A., Agrolactea, Pro-dutos Alimentares, Lda e a Lacticí-nios Loreto.

A Bel Portugal detém 3 fábri-cas: Vale de Cambra (Portugal Con-tinental), Ribeira Grande e Covoada (ambas nos Açores), nas quais são produzidos queijo, leite UHT, man-teiga e produtos industriais como sendo o leite em pó e o soro. Na uni-dade fabril da Ribeira Grande são produzidos os queijos Terra Nostra e Loreto.

Na unidade fabril da Covoada é desenvolvida a produção de leite UHT. Na unidade de Vale de Cam-bra são produzidos os queijos Li-miano e Pastor. É também nesta fá-brica que se concentra a unidade de fatiamento que é utilizada por todas as marcas da companhia.

A missão da Bel é oferecer sor-risos a cada vez mais famílias do mundo, através do sabor e riqueza nutricional dos queijos. Construir valor para os colaboradores, accio-nistas, clientes, fornecedores e co-munidades através da conquista da preferência dos consumidores, no mercado do queijo, pela qualida-de diferenciada das suas propostas

Qual o porquê de um nome francês, trabalhando com queijos nacionais?

A empresa tem um nome fran-cês porque este grupo foi adquiri-do pelo grupo Bel, embora continue a produzir as marcas portuguesas e tenha as suas fábricas a traba-lhar aqui. Em Portugal, temos três fábricas a funcionar: uma em Vale de Cambra - que produz as marcas Liminar e Pastor -, uma na Ribei-ra Grande (Açores) - que produz a marca Terra Nostra - e outra, tam-

bém nos Açores, que só faz o em-balamento de leite UHT. Nesta al-tura, em Portugal, somos cerca de 600 pessoas a trabalhar e produzi-mos cerca de 12 mil toneladas de queijo por ano.

Além da produção, também co-mercializamos as marcas da “ca-sa-mãe”, La Vache Qui Rit, Baby-bel e todos os restantes produtos da gama internacional.

Qual é o seu cargo na empresa?Sou o responsável pela área da

exportação e pelo canal grossista. Costumo dizer que tenho, dentro da empresa, a área que mais cresce, e a área que mais decresce.

Por que é que acha que está a decrescer?

Eu penso que, nesta altura, já se chegou a um ponto em que as coisas estão estabilizadas. Mas é um setor que continua a perder im-

portância, porque, cada vez mais, a grande distribuição ganha peso. Em contrapartida, o comércio tradi-cional tem vindo a diminuir.

Se, por um lado, a exportação cresce e, por outro, o mercado nacional baixa, acredita que isso tenha a ver com a emigração de pessoas?

Tem a ver com a tendência do mercado. Antigamente, a pequena distribuição tinha um peso muito grande. A certa altura, começou-se a desenvolver a distribuição mais organizada, com o aparecimento das grandes superfícies, portanto, é o próprio canal perdeu o seu peso.

Falando de exportação, quem é que os nossos queijinhos por esse mundo fora?

Já vão para muitos países. Nes-ta altura, devemos estar a expor-tar para 18 países. Angola é o nos-so maior destino, representa quase metade das nossas exportações. A Europa, sobretudo o mercado fran-cês, que é o segundo maior des-tino dos nossos queijos, a Suíça, a Bélgica, a Alemanha, a Inglater-ra, Andorra, Polónia, com maior ex-pressão no mercado da saudade -

e depois trabalhamos também para outros destinos como Cabo Verde, África do Sul, Moçambique, Timor, Austrália. Já estamos em muitos pontos do mundo.

Na vossa facturação qual é a percentagem da exportação?

AM: É relativo, porque nós só exportamos produtos portugue-ses e a comercialização dos pro-dutos internacionais têm ainda um peso significativo na nossa fatura-ção. Temos algumas áreas de ne-gócio que já têm um valor signifi-cativo, como o leite UHT (cerca de 16% da nossa produção). Em ter-mos de queijo, essa percentagem é mais reduzida, em termos de man-teiga também. De qualquer forma, isto não quer dizer que não sejam um negócio interessante. Compara-tivamente com o total da empresa, ainda não são valores muito signi-ficativos, mas têm crescido.

Exportam leite, queijos e manteiga. Na área dos queijos, quais são as marcas que mais se vendem?

Limiano e Terra Nostra são as marcas que mais vendem em Portugal. No mercado nacional de queijos, somos líderes.

O Limiano é, agora, produzido em Vale de Cambra. Isso não le-vanta problemas de origem?

Não. A Sagres também é pro-duzida em Lisboa.

Voltando ao mercado da expor-tação, quais são os mercados onde gostariam de chegar?

Nós gostaríamos muito de en-trar no Brasil. Andamos num pro-cesso de divulgação dos produtos há já bastante tempo, mas é um processo muito complicado. As autoridades brasileiras são mui-to exigentes em relação à ques-tão das promulgações dos produ-tos e das autorizações. Já temos

A Bel Portugal é uma empresa especialista em queijo, com várias marcas que fazem parte dos hábitos alimentares dos portugueses há gerações.A denominação Fromageries Bel Portugal, anteriormente denominada Lacto Ibérica, foi adoptada em Janeiro 2004, fruto da compra pelo grupo Bel.

(...) O SISAB PORTUGAL correu bastante bem e angariámos novos clientes e novos mercados. Nesta fase tornou-se um importante ponto de encontro com os nossos clientes. onde conseguimos estar com os clientes todos num só local, o que para nós é muito bom (...)

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25 DE DEZEMBRO DE 2015 p.13EMPRESAS & MERCADOS

lá um importador que está muito interessado nos nossos produtos. A única coisa que temos pendente é realmente esta. É um dos destinos que nós achamos muito importante e que tem bastante potencial. É um país tão grande e com tantas afini-dades com Portugal que será, nes-te sentido, um mercado importante para nós. Outro país onde encon-tramos, ainda, bastante potencial é França. Estamos abertos a todos os mercados mas, obviamente, te-mos mais facilidade naqueles que têm grande influência portuguesa ou onde haja uma grande comuni-dade de portugueses.

Falando da promoção e de des-vendar novos mercados… Já esti-veram no SISAB PORTUGAL?

Temos estado no SISAB.

E como é que tem sido a experiência?

As primeiras participações trouxeram muito retorno, porque o nosso projeto de exportação come-çou há relativamente pouco tem-po. Nós não éramos uma empresa muito exportadora, sempre estive-mos muito focados no mercado na-cional, e só há cinco ou seis anos é que começámos a apostar mais na

exportação. Criámos uma equipa de exportação, começámos a fazer mais trabalhos e foi aí que decidi-mos participar, também no SISAB.

Nos primeiros anos correu bas-tante bem, angariámos novos clien-tes e novos mercados. A partir daí, começou a tornar-se mais um ponto de encontro com os nossos clientes: conseguimos estar com os clientes todos num só local e durante a fei-ra, o que para nós é muito bom.

Na área dos queijos, há dificul-dades especiais para alcançar ou para exportar para determinados mercados?

Há países que têm quotas de importação (Canadá e Estados Unidos), o que cria algumas difi-culdades. Por exemplo, no Brasil, as próprias exigências para a ho-mologação das marcas são criadas para proteger a indústria nacional. Há alguns destinos onde verifica-mos esse tipo de problemas. Te-mos agora, também, o problema da Rússia, dos embargos, o que está a criar também algumas dificuldades ao setor.Mas temos de ir ultrapas-sando essas dificuldades…

As exportações estão a crescer?Posso-lhe dizer que, apesar

das dificuldades sentidas nos mer-cados, as nossas exportações cres-cem quase 50% ao ano e isso acontece porque ainda temos uma base relativamente pequena, mas o crescimento está a verificar-se anualmente…

Esse crescimento tem sido con-seguido à custa de novos merca-dos? Novos clientes? Ou de refor-ço de encomendas?

Todos os nossos mercados cres-cem, apesar de tudo. Em Angola, estamos a crescer, à data, 47%, apesar das dificuldades. Também é um país onde a nossa aposta foi maior.

Disse-me, que a ambição ex-portadora da empresa se intensi-ficou há cinco ou seis anos. Creio que isso teve que ver com a con-tração do mercado nacional. Pode-mos dizer que a crise foi benéfica porque abriu os caminhos para a exportação. Se o mercado nacio-nal se voltar a dinamizar, a expor-tação iria acabar? Ou esta é uma porta que se abriu e que não se vai mais fechar?

Eu penso que, no nosso caso, a exportação é uma aposta que é para continuar. Estamos cada vez

mais empenhados nas nossas ven-das para exportação. A dificuldade “aguçou” o engenho e a crise serviu para que muitas empresas se viras-sem para a exportação. No nosso caso, não foi só isso. Temos capa-

cidade instalada nas nossas fábri-cas e a exportação é uma forma de crescer. No mercado nacional já te-mos uma posição bastante forte e, portanto, conquistar mais mercado é natural.

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25 DE DEZEMBRO DE 2015p.14 EMPRESAS & MERCADOS

JOSÉ NEIVA CORREIA | ENÓLOGO E ADMINISTRADOR DA DFJ

“A DFJ nasceu para exportar e dos seis milhões de garrafas produzidas 97% vão para 46 países”Falar da DFJ é falar dos seus vinhos e de José Neiva Correia, que nasceu em 1949 pode-se dizer “no meio da vinha”; cresceu na Quinta de Porto Franco, que já existia no concelho de Alenquer antes da formação de Portugal (1143), estando na sua família desde o século XVII. A empresa DFJ VINHOS nasceu em 1998 e o seu grupo de 33 trabalhadores/colaboradores produz uma média anual de 6milhões de garrafas, das quais exporta 97% e para 46 países.

(...) A DFJ Vinhos e José Neiva Correia são há muitos anos dos produtores de vinho mais reconhecidos no exterior, e apenas em 2015 já ganharam 307 prémios, dos quais 16 troféus, 66 medalhas de ouro e pp medalhas de prata. Desde 2010 a DFJ VINHOS já ganhou 1239 prémios.(...)

Apresenta vinhos das regiões do Douro, Lisboa, Alentejo, Setú-bal e Tejo, produzidos de mais de 20 castas, portuguesas e estrangei-ras, sempre na procura de satisfa-zer os desejos dos clientes numa filosofia de saber bem o que é que o mercado quer e fazer chegar o vinho nas melhores condições ao consumidor.

José Neiva Correia é o herdeiro de gerações da sua família dedica-das à arte da vitivinicultura, a que associa a sua constante vontade de aprender e inovar, com uma criati-vidade e entusiasmo que encontra-mos nos muitos e variados vinhos que produz, alguns com misturas improváveis de castas com resulta-dos surpreendentes, como é o caso do CONSENSUS Pinot Noir & Tou-riga Nacional Lisboa tinto 2008, que neste ano de 2015 ganhou o Prémio Imprensa da Revista de Vinhos.

Sejam vinhos super-premium exclusivos, ou vinhos com excelen-te relação preço/qualidade produzi-

dos em grandes quantidades e de-senhados para ir de encontro aos desejos dos consumidores dos mer-cados internacionais, a procura da melhor qualidade possível do pro-duto final é um objectivo constante. Um excelente exemplo é o ALUADO Alicante Bouschet 2014, premiado com “#74 Top Best Buy of the year 2015” na revista americana Wine Enthusiast.

José Neiva é um grande defen-sor de práticas agrícolas saudáveis, que há muito usa nos 200ha das vinhas da sua família que alimen-ta apenas com material orgânico certificado.

A nutrição das vinhas é feita de uma forma racional sem excessos ou carências. As necessidades das videiras ditam a dosagem necessá-ria da água e dos nutrientes admi-nistrados. O resultado final é uma produção de alta qualidade, algo que por exemplo sentimos ao pro-var o PORTADA Winemakers Se-lection Lisboa tinto 2011 premia-do com “#8 Top Best Buy of the

year 2014” na revista americana Wine Enthusiast.

A DFJVINHOS pertence ape-nas a José Neiva Correia, que é também o enólogo-chefe, e foi cria-da em 1998 para exportar apenas para o Reino Unido, para a empre-sa D&F, durante décadas a maior importadora de vinhos portugue-ses para o Reino Unido, e da qual José Neiva era consultor e o pri-meiro enólogo que criou os vinhos Portugueses ao gosto do consumi-dor britânico

A sede da DFJ fica na centenária Quinta de Fonte Bela, onde nos re-cebe e mostra com orgulho as mais recentes obras, nomeadamente um armazém onde instalou 33 depósi-tos de inox de 76000 litros e um novo armazém que vai ampliar a capacidade de armazenamento.

A Quinta da Fonte Bela é uma histórica quinta, em que onde a maior parte dos edifícios datam da “Arquitectura do Ferro” no fim do século XIX, executada por discípu-los de Eiffel, estando sediada entre o Vale de Santarém e Valada, a pou-co mais de meia hora de Lisboa.

NA CATEDRAL DO VINHONesta lezíria do Tejo destaca-

-se por ser um conjunto de cons-truções em pedra, imponentes e de traço insólito para a região, uma mistura de arquitectura francesa de châteaux onde não falta a telha de Marselha, com resquícios de ar-quitectura industrial, a julgar pela impressionante chaminé da desti-laria que se avista a muitos quiló-metros de distância. Era aqui que António Francisco Ribeiro Ferrei-ra, um dos maiores latifundiários de Portugal, produzia, em finais do século XIX, aguardente vínica desti-nada à produção de vinho do Porto.

Nesta Catedral do Vinho, en-contramos a sede da DFJ, os es-critórios, vinificação, linha de en-garrafamento, armazéns, depósitos de vinhos com capacidade para 5,4 milhões de litros, adega de barri-

cas, tanoaria, laboratório e sala de visitas.

Engenheiro técnico agrário de formação, José Neiva Correia co-meçou por estagiar no Centro Na-cional de Estudos Vinícolas de Dois Portos realizando, posterior-mente, etapas de aperfeiçoamen-to em Bordéus e em Gesenheim na Alemanha.

Destacam-se ainda na Quinta da Fonte Bela um armazém ape-nas com tonéis de madeira, no pas-sado a maior adega de barris do País, hoje utilizada para estágio do vinho em meias pipas de carvalho--francês. Na antiga sala da caldei-ra encontramos hoje uma tanoaria onde se fazem os restauros das bar-ricas de carvalho francês da casa Séguin-Moreau.

O laboratório é outra peça ful-cral da empresa onde são analisa-dos, todos os vinhos produzidos bem como os engarrafados para garantir que estão a ser cumpridas as normas do controle da qualida-de. Também é um dos locais pre-feridos de José Neiva Correia pois aí prova e define os vinhos da DFJ VINHOS.

Com os investimentos feitos em 2014 e 2015 a central de engarra-famento dispõe agora de uma ca-pacidade de enchimento de 6000 garrafas por hora cumprindo com todos os requisitos necessários para as mais exigentes certificações da qualidade e assim poder expor-tar para qualquer parte do mundo

É na Quinta de Porto Franco, onde nasceu, terroir de excelência, que José Neiva Correia, 66 anos, um dos enólogos que mais vi-nhos assinou em Portugal, vai bus-car grande parte da matéria-prima para produzir as melhores colhei-tas da DFJ Vinhos. A empresa, com 33 marcas e 77 vinhos diferentes, oriundos de todas as regiões portu-guesas, do Douro, Alentejo, Penín-sula de Setúbal e Lisboa tem ain-da parcerias com mais produtores a quem adquire uma média de 2

milhões de Kg de uvas. Este des-cendente de várias gerações de vi-tivinicultores, tanto do lado do pai, como da mãe, e que seguiu a tra-dição familiar com gosto e profis-sionalismo, orgulha-se do segui-mento da sua geração e do seu filho Vasco em lhe seguir as pisa-das e, na equipa de colaboradores que comungam com ele do mes-mo princípio de criatividade e pro-fissionalismo em cada garrafa que saia das linhas de enchimento. O entusiasmo com que assina cada um dos muitos e variados vinhos, em que mistura castas imprová-veis com resultados surpreenden-tes. Sejam topos de gama a preços

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25 DE DEZEMBRO DE 2015 p.15

“A DFJ nasceu para exportar e dos seis milhões de garrafas produzidas 97% vão para 46 países”

EMPRESAS & MERCADOS

(...) A DFJ Vinhos e José Neiva Correia são há muitos anos dos produtores de vinho mais reconhecidos no exterior, e apenas em 2015 já ganharam 307 prémios, dos quais 16 troféus, 66 medalhas de ouro e pp medalhas de prata. Desde 2010 a DFJ VINHOS já ganhou 1239 prémios.(...)

superiores e com tiragens reduzidas ou maiores volumes destinados a satisfazer os grandes mercados in-ternacionais, a exigência pela qua-lidade do produto final é, convic-tamente, a mesma, sem qualquer pretensão. Há que saber fazer, mui-to bem e de tudo.

EMPRESA NASCEU PARA EXPORTAR

Como enólogo, tem vindo a de-senvolver um trabalho pioneiro na implantação de novas castas em Portugal, a promover uma agricul-tura mais amiga do ambiente.

Com orgulho refere-nos que a DFJ não depende nas suas vendas

no mercado nacional, que a empre-sa nasceu para exportar para o Rei-no Unido e que “logo de seguida começámos a exportar para outros mercados.

VINHO MAIS VENDIDO NA NORUEGA

Vendemos até para alguns pa-íses árabes como o Dubai, o Qatar e o Bahrain” salienta. “Os merca-dos principais são Inglaterra, No-ruega, onde a marca mais vendida neste país de todos os vinhos en-garrafados produtores no mundo é uma marca portuguesa e da DFJ o “Escada”. Neste país podemos en-contrar 14 mil marcas de vinho” e continua “ Na Polónia, é um óptimo mercado para a DFJ, depois EUA, Alemanha, Canadá, desde as Ilhas Maurícias ao Japão, e embora ven-da para Angola, India, China, Brasil estes não são mercados prioritários para a DFJ. O nosso mercado de fu-turo e onde mais vamos investir são os EUA e onde queremos aumentar mais e aproveitar o TTIP (tratado de comércio internacional) ”.

Neiva Correia que foi consultor de diversas empresas nacionais na área dos vinhos e responsável de 10% da produção nacional, tem o lema de desenvolver os seus vinhos da preferência de qualquer consumi-dor internacional “ de acordo com a preferências dos mercados “ há uma infinidade de gostos e tendências e temos que estar aptos a fornecer os vinhos que o consumidor gosta”. Sob o mercado internacional que tão bem conhece salienta que podemos crescer muito e não deixa de regis-tar que há muito agente económico que trata mal os agricultores ou viti-cultores, asfixiando a produção e a DFJ tem outra postura que é vender com mais valor acrescentado e sem perder a relação qualidade/preço pa-gar melhor a matéria primas que são as uvas a quem as produz. Ajudar a crescer quem produz e quem vende os vinhos da DFJ é o lema ” é muito fácil ter clientes, nós temos parceiros e orgulhamo-nos de muitos deles te-rem crescido connosco.”.

A DFJ Vinhos e José Neiva Cor-reia são há muitos anos dos produ-tores de vinho mais reconhecidos no exterior, e apenas em 2015 já ga-nharam 307 prémios, dos quais 16 troféus, 66 medalhas de ouro e me-dalhas de prata. Desde 2010 a DFJ VINHOS já ganhou 1239 prémios.

Entrevistámos na Quinta da Fonte Bela, José Neiva Correia, 66 anos, um dos enólogos que mais vinhos tem assinado em Portugal, e que criou a empresa DFJ Vinhos, com 33 marcas e mais de 77 vinhos diferen-tes, oriundos do Douro, Alentejo, Península de Setúbal e Lisboa, com uma produção média anual de seis mi-lhões de garrafas, exportando 97% do que produz.

Transcrevemos aqui a sua opinião, em relação ao SISAB PORTUGAL.Há muitos anos que a DFJ é um parceiro presente no SISAB PORTUGAL.“Vou dizer-lhe uma coisa muito sinceramente. O SISAB no princípio era para mim a feira da saudade. Fi-

quei alguns anos sem lá ir, embora a DFJ tivesse stand, pois tinha outras metas a atingir. Passados uns cinco anos, convenceram-me a voltar lá e não queria acreditar naquilo que estava a ver!

Depois de lá ter estado e constatado com diversas pessoas presentes o que se passava eu disse… não acredito, isto transformou-se para um produtor português na melhor feira a nível mundial, para aquilo que nós expositores queremos que seja uma feira!

Para quem trabalha, não nos interessa nada a animação nem outras coisas, o que nos interessa é as opor-tunidades de fazer negócio, e a organização que está por trás e, aí não queria acreditar e disse - isto transfor-mou-se numa coisa completamente diferente!

Tive e tenho orgulho de ser português e de alguém em Portugal fazer o SISAB PORTUGAL! Eu tenho o coração ao pé da boca e digo aquilo que penso e quando não gosto sou o primeiro a dizer que

não gosto! Dá-me prazer ver coisas bem-feitas. O SISAB PORTUGAL é um evento de negócios do qual qual-quer português se pode orgulhar!

Trazem compradores de muita qualidade, e tenho a dizer-lhe que para a DFJ o SISAB PORTUGAL é uma forma de contatar os seus clientes e novos clientes de uma forma digna e profissional. Estão de parabéns continuem!”

JOSÉ NEIVA CORREIA E O SISAB PORTUGAL!

“TIVE ORGULHO DE SER PORTUGUÊS E ALGUÉM FAZER

O SISAB PORTUGAL!”

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25 DE DEZEMBRO DE 2015p.16 EMPRESAS & MERCADOS

RICARDO GOMES| DIRETOR GERAL DA LACTOSERRA

“Na unidade fabril da Lacto Serra são produzidas oito toneladas de queijo por dia de leite recolhido na região centro”Em 1985 Sebastião Santos Gomes fundou a empresa de lacticínios Lacto Serra que viu iniciada a sua laboração após cinco anos da sua fundação. Localizada em Valverde no lugar de Barracão, concelho de Aguiar da Beira, a Lacto Serra é uma empresa que preserva a tradição no fabrico de queijo.

Não se limitando a ser uma queijaria regional igual a tantas outras equipou-se da mais moder-na tecnologia industrial e dotou-se de meios humanos que lhe confe-rem reconhecida qualidade tradu-zida na conquista dos mercados nacional e internacional. Recolhe diariamente leite de vaca e ovelha em toda a mancha da região cen-tro, desde Aveiro a Vilar Formoso, tendo produtores de leite seleccio-nados e exclusivos. As suas linhas fabris oferecem uma capacidade de fabrico de 8 toneladas de queijo por dia que após a devida cura e ma-turação podem fluir para o merca-do. Desta produção 10% já chega aos mercados internacionais e a ex-portação continua a ser uma gran-de aposta desta empresa. É ainda de salientar que por trás do fabrico deste produto está uma equipa pro-fissional de 30 colaboradores per-tencentes à região.

A marca principal desta em-presa, “Fonte Mourisca”, apresen-ta três tipos de queijo, o curado amanteigado, o curado meio gordo e ainda o queijo bola. O lançamen-to de um queijo de mistura de lei-te de vaca e de ovelha que faz jus ao nome do criador da empresa, o “D. Sebastião”, completa a gama de queijos da sua marca. Num país e numa região com grande tradição a fazer queijos a reportagem viajou

nossos produtos assegurando sem-pre a qualidade que os caracteriza e distingue.

até Aguiar da Beira e falou já com a segunda geração da família do empresário Sebastião Gomes, nes-te caso o seu filho – Ricardo Go-mes de 34 anos de idade, director geral da Lacto Serra com formação superior em química e engenharia industrial, que nos deu a conhecer a empresa de lacticínios Lacto Ser-ra cujos produtos entram na mesa de milhares de casas todos os dias.

Mundo Português - Trinta anos a produzir queijos, quase tantos como a idade de Ricardo Gomes que se pode dizer é um dos bra-ços direitos de seu pai?Ricardo Gomes – É verdade, o meu pai começou muito cedo, hoje tem 59 anos. Sim, considero-me um dos braços direitos do meu pai, sa-lientando a importância e constan-te presença da minha mãe (Celi-na Melo Gomes) desde a fundação desta empresa e ainda as minhas duas irmãs. O meu pai nasceu em Valverde uma aldeia aqui de Aguiar da Beira e teve a coragem há 30 anos de se tornar um industrial de lacticínios em épocas certamen-te mais complicadas e difíceis que os dias de hoje. Sou licenciado em Química e mestre em Engenha-ria Industrial pela Universidade de Aveiro. Como cresci a ver esta em-presa crescer e desde cedo fiz par-te integrante deste processo (mes-

mo em tempos de estudante) optei por seguir esta carreira.

Mundo Português - A terra dos queijeiros?RG - É verdade e até temos uma es-tátua ao queijeiro em Valverde. An-tigamente, nesta aldeia, os muitos vendedores de queijo corriam qua-se todo o país a vender queijo a pé e de bicicleta. Dado as pessoas da terra comercializarem muito queijo, e até mesmo pela sua própria expe-riência, o meu pai decidiu construir uma queijaria. O meu pai foi pas-tor, sempre viu os meus avós a fa-zer o queijo e seguiu esses passos.

MP - Seguiu esses passos e com sucesso!RG – Sim! De facto o meu pai con-seguiu aliar a tradição no fabrico de queijo à sua produção industrial o que se reflecte na qualidade dos nossos produtos. Recolhemos vá-rios tipos de leite e dos quais pro-duzimos diversos tipos de queijo. Temos um queijo de leite de vaca que é o “Fonte Mourisca” (gordo ou meio gordo, em forma de quei-jo prato ou queijo bola), um quei-jo de mistura de leite de vaca e de ovelha, o “D. Sebastião”, um quei-jo de leite de cabra, o “Mourisca” e agora, com a recente criação da Sa-bores do Dão - uma empresa irmã e geograficamente vizinha da Lac-to Serra, temos um queijo de lei-te de ovelha, o “Sabores do Dão”. Toda esta gama de diferentes pro-dutos aliada à elevada capacidade de produção desta fábrica permi-te o posicionamento desta empre-sa quer no pequeno e médio retalho quer em grandes superfícies comer-ciais. Estamos também presentes no mercado externo.

MP - Uma empresa irmã. Fale-nos delaRG - O meu pai juntamente com o seu recém sócio Fernando An-drade decidiram criar uma queija-ria de fabrico tradicional de quei-jo de leite de ovelha amanteigado, utilizando a flor de cardo. A Sabo-res do Dão foi recentemente inau-

gurada no passado dia 30 de Abril, juntamente com a inauguração da ampliação das instalações da Lac-to Serra, pelo Dr. Pedro Passos Coe-lho, então Exmo. Primeiro-Ministro de Portugal. Após a sua inaugura-ção, e depois de ultrapassadas as questões burocráticas inerentes, a Sabores do Dão encontra-se agora a iniciar a produção. A diferencia-ção deste produto assente no seu processo de fabrico que alia a tradi-ção à qualidade certamente se tra-duzirá numa grande aceitação no mercado.

MP - Inovação neste sector tão competitivo é um dos pontos chaveRG – Claro. A inovação é crucial para a vitalidade de qualquer em-presa. No contexto do sector do queijo a aposta está em produtos unidose (queijos fatiados, com me-nos peso – mais pequenos ou cor-tados em metades ou em quartos). Mais do a modificação do fabrico do queijo em si, até porque o sabor tradicional do queijo continua a ser preferencial em relação por exem-plo ao queijo com especiarias, o foco está na apresentação do quei-jo e na comodidade de consumo do mesmo. A aposta na diversifica-ção do leque dos nossos produtos (queijo de diferentes tipos de leite ou mistura; gordo ou com reduzida percentagem de matéria gorda; vá-rios tipos de apresentação – quei-jo prato, bola ou fatiado) vem de encontro às necessidades e exigên-cias do mercado. Continuaremos a acompanhar as tendências de con-sumo, aliás seguindo o nosso lema “o queijo a seu gosto”! É ainda de salientar que num con-texto em que a industrialização des-medida tem vindo a dominar o sec-tor da alimentação há que de forma especial assegurar a qualidade e a tradição dos produtos. O “Fonte Mourisca” já está no mercado de gama média/alta, mas ainda quere-mos alcançar uma gama topo, pre-mium. Não temos qualquer inte-resse em que o consumidor compre uma só vez e não volte a comprar mas sim em fidelizar o cliente aos

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25 DE DEZEMBRO DE 2015 p.17

“Na unidade fabril da Lacto Serra são produzidas oito toneladas de queijo por dia de leite recolhido na região centro”

EMPRESAS & MERCADOS

MP - Falemos dos mercados in-ternacionais. Sabemos que já ex-portam, fazem parte dos clientes

bem antigos com presença no SI-SAB PORTUGAL e ao que nos é dado a saber pelo vosso director

comercial Miguel Moreira a em-presa entrou no mercado da ex-portação através de importantes negócios que surgiram no SISAB PORTUGAL.RG - O mercado da saudade já o conquistámos há muitos anos e queremos entrar em novos merca-dos emergentes e conquistar no-vos consumidores. Já exportamos há vários anos para Inglaterra, Su-íça, Luxemburgo, França, Ango-la e Moçambique. Foi-nos apro-vado licenciamento para exportar para a China e o Brasil, mercados

particularmente exigentes e extre-mamente competitivos. No SISAB PORTUGAL estamos em contacto directo com aqueles que já são nos-sos clientes e ainda com possíveis novos clientes estrangeiros com in-teresse em importar e vender os

nossos produtos daí continuarmos a apostar neste evento até porque a qualidade e capacidade de pro-dução que temos certamente que continuará a despertar novos hori-zontes quer no panorama nacional quer além fronteiras!

(...)Trinta anos a Lacto Serra a produzir queijos, quase tantos como a idade de Ricardo Gomes, filho do fundador e hoje diretor da empresa (...)

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p.18 CARTAS DOS LEITORES 25 DE DEZEMBRO DE 2015

MANUELA BRITO - FRANÇA

Recibos eletrónicos de renda

Venho solicitar a mais com-pleta informação que nos possam dar e publicar no jornal, acerca das rendas, ou melhor referindo sobre a passagem dos novos reci-bos eletrónicos de renda de casa.

Os meus pais tem 4 apartamentos alugados e agora a legislação mu-dou e é necessário passar os re-cibos pelo computador. Como fa-zemos? Por tudo isto gostava de ser aconselhado por alguém mais

Com o pré-preenchimento das declarações de IRS pelo Fisco foi criado um novo regime de emissão de recibos electrónicos de renda, em que tudo se passa através da Internet. A partir do mês de Novem-bro desaparecem os recibos em pa-pel. Depois de um período em que o sistema foi facultativo, para que os senhorios se adaptassem a ele, a partir deste mês de Novembro pas-sa a ser obrigatória a emissão de recibos de renda através do Portal das Finanças e de forma electró-nica que permitirão depois ao Fis-co pré-preencher as declarações anuais de IRS. O sistema é relati-vamente intuitivo e simples de uti-lizar para quem já é utilizador ha-bitual do Portal das Finanças, mas há dúvidas recorrentes. O Negócios passa em revista o novo regime a que os proprietários estão obriga-dos sob pena de terem de supor-tar uma coima entre os 150 e os 3.750 euros. Quem está ou não obrigado aos re-cibos electrónicos?

A regra é a de que todos os pro-prietários, pessoas singulares, que recebam rendimentos prediais e imóveis arrendados emitam um re-cibo de quitação através do Portal das Finanças (se o proprietário for uma empresa ou um empresário em nome individual ou se tiver op-tado por ser tributado pelas regras da categoria B do IRS, as respecti-vas facturas ou recibos electrónicos já estão no circuito do e-factura).

Há no entanto algumas excep-ções. Desde logo, os proprietários que não estejam obrigados a pos-suir caixa postal electrónica (estão obrigados a isso as empresas, os não residentes e os contribuintes do regime normal do IVA).

Estão também desobrigados os senhorios que tenham auferido no ano anterior rendimentos prediais que não ultrapassem os 838,44 euros (duas vezes o valor do IAS) ou que, não tendo tido rendimen-tos no ano anterior, não prevejam, no ano corrente, ultrapassar esse mesmo valor. A última excepção é para os proprietários que, a 31 de Dezembro do ano anterior, tinham idade igual ou superior a 65 anos. E

a excepção mantém-se mesmo que estes contribuintes tenham aderido ao serviço ViaCTT e tenham, por isso, caixa postal electrónica.

Em todo o caso se estas pes-soas, excepcionadas à partida, as-sim o pretenderem, nada as impe-de de optarem por emitir os recibos electrónicos.O que deve fazer quem não emite recibo electrónico?

Estes senhorios podem conti-nuar a passar recibos em papel, mas terão outra obrigação: em Ja-neiro do ano seguinte, deverão en-tregar nas Finanças uma declara-ção anual de rendas, a chamada modelo 44, onde vão discriminar as rendas recebidas dos seus inquili-nos ao longo do ano. Feita essa co-municação, as rendas aparecerão no portal das finanças (o e-factura) e os inquilinos poderão ir lá verifi-car se está tudo bem.Que rendimentos estão em causa?

São rendimentos prediais, mas não abrangem apenas as rendas de imóveis. Estão incluídos tam-bém os valores recebidos a titulo de fiança, adiantamento de rendas, aluguer de máquinas instaladas no prédio (caso das antenas de tele-móveis), ou publicidade no imóvel (por exemplo na fachada exterior). Além disso, se um arrendatário, com autorização do senhorio, ar-rendar por sua vez a casa ou parte dela, também terá de declarar essa renda - nesse caso, será tributado pela diferença entre o que receber e o que tiver ele próprio de pagar ao senhorio. Como começar a passar recibos no Portal das Finanças?

No Portal das Finanças há uma “secção” dedicada ao arrendamen-to. O proprietário deverá entrar aí e autenticar-se com a sua palavra--passe habitual. Há, depois, duas situações distintas. Por um lado, os proprietários com contratos já ante-riormente declarados às Finanças e em que já foi liquidado o correspon-dente imposto do Selo. Para estes, deverá ser escolhida a opção “emi-tir recibo”.

Da primeira vez, não estan-do ainda nenhum contrato inseri-do no sistema, é preciso clicar em

“adicionar contrato”. A partir daí, ser-lhe-ão pedidos os elementos mínimos do contrato. Este fica lá registado e passa então a ser pos-sível emitir o recibo electrónico de renda. Uma situação diferente é a que se aplica aos contratos já des-te ano, posteriores a 1 de Abril, que além de se registar, têm ainda de li-quidar o imposto do Selo.Como fazer com contratos poste-riores a Abril de 2015?

As novas regras declarativas entraram em vigor a 1 de Abril de 2015, muito embora só agora, em Novembro, se tornem obrigatórias. Para os contratos de arrendamento celebrados entretanto, o proprietá-rio deverá escolher a opção “comu-nicar início de contrato”. Ser-lhe-ão pedidos os elementos mínimos do contrato e, logo a seguir, o sistema faz a conta e liquida o imposto do selo (10% sobre o valor da primei-ra renda). É fornecida uma referên-cia Multibanco para pagamento do valor em causa e, depois do mes-mo ter sido efectuado, considera--se que o contrato está registado. A partir daí já é possível emitir os recibos electrónicos de renda, des-ta vez clicando na opção “emitir re-cibo de renda”.Quais são os “elementos mínimos” que o Fisco pede?

São mesmo mínimos. Primeiro a caracterização do contrato - pe-de-se uma identificação do imó-vel (por exemplo, “casa da rua X”, como referência para proprietários com vários arrendamentos); o tipo de contrato (arrendamento, sub-ar-rendamento, promessa de arrenda-mento) e a finalidade, bem como a data de início e a do fim, se esta-belecida. Depois, é escolher o imó-vel de entre os que a pessoa tem re-gistados como seus nas Finanças,

para efeitos de IMI, e que aparecem automaticamente listados. A iden-tificação do proprietário também já lá está, faltando juntar a de even-tuais comproprietários e indicação do regime de casamento, se for o caso. A seguir pede-se a identifi-cação dos inquilinos - número de contribuinte e regime de retenção na fonte (se for uma empresa, por exemplo, fará retenção à taxa de 25% e depois, no final do ano, o Fisco faz os acertos finais, já que os rendimentos prediais têm uma taxa autónoma de 28% em IRS. Há dispensa de retenção se o senhorio não for uma empresa). Finalmen-te, é preciso inserir o valor da ren-da, eventuais despesas que fiquem por conta do inquilino (como o pa-gamento do condomínio, se assim tiver sido contratado) e a periodici-dade da mesma (mensal ou infe-rior a um mês). Inseridos todos es-tes elementos, quando o senhorio for emitir o recibo electrónico este já estará pré-preenchido e basica-mente só será preciso inserir o pe-ríodo a que respeita, o que aumenta o automatismo do processo. Que recibos têm de ser emitidos em Novembro?

Ainda que o senhorio tenha emitido recibos em papel ao longo dos meses de 2015, terá de proce-der à sua emissão no Portal das Fi-nanças. Assim, no decurso do mês de Novembro deverá passar um re-cibo por cada um dos meses an-teriores em que foi recebida uma renda. E isso inclui os meses to-dos desde Janeiro mesmo que, por ventura, nos primeiros meses do ano (até Março) o inquilino até fos-se outro. A ideia é que o Fisco te-nha informação sobre todas as ren-das pagas e recebidas em 2015, para poder já pré-preencher as de-

clarações de rendimento de todos em 2016.E se o prédio arrendado tiver vários proprietários?

Neste caso, basta que um deles emita o recibo. Ao introduzir os ele-mentos mínimos do contrato essa informação é fornecida ao Fisco, pelo que este trata depois de “inde-xar” a cada um a sua quota parte do rendimento. No entanto, as Finan-ças explicam que, querendo, cada comproprietário pode emitir recibo da sua quota-parte do imóvel. Se o prédio pertencer a uma herança indivisa, então a responsabilidade por estas obrigações declarativas é do cabeça-de-casal (que adminis-tra a herança), pelo que, se este ti-ver 65 anos ou mais, poderá emitir recibos de renda em papel e entre-gar no ano seguinte a declaração anual de rendas. O senhorio pode pedir que alguém passe o recibo?

Esta obrigação pode ser en-dossada a um terceiro, bastando, no Portal das Finanças, clicar em “emitir recibo de renda” e, depois, preencher o campo “NIF do tercei-ro autorizado”. A pessoa assim in-dicada não fica com acesso a ou-tra informação fiscal do proprietário e poderá depois emitir os recibos electrónicos de renda a partir da sua própria página do Portal das Fi-nanças. Atenção que, se por acaso o terceiro não cumprir, a responsa-bilidade continua a ser do proprie-tário do imóvel.E se o senhorio não passar recibos?

Se o senhorio tiver passado os recibos em papel mas, depois, não entregar a declaração anual de ren-das ao Fisco, o inquilino constatará que os valores em causa não apa-recerão na sua página do e-factura e que, por isso, não serão usados a título de benefício fiscal. Nesse caso poderão os próprios inquilinos intro-duzir os valores manualmente e o Fisco irá depois fazer a confirmação e confrontar os proprietários em fal-ta. A partir de amanhã, 1 de dezem-bro, os proprietários que emitirem um recibo de arrendamento que não seja eletrónico arriscam-se a pagar uma coima que pode variar entre 150 e 3750 euros.

entendido e/ou experiente que eu nestas andanças, ou que ache que pode contribuir para a minha infor-mação, sobre que procedimentos/medidas legais ou não devo eu to-mar, já que sou eu que trato dos assuntos dos meus pais!

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O NOSSO NATAL p.19 25 DE DEZEMBRO DE 2015

O Natal dos mais pequeninosAS NOSSAS TRADIÇÕES NATALÍCIAS

A memória de ser criança desperta a saudade de acreditar num mundo onde tudo é possível. Um mundo cheio de sonhos e onde o brilho dos olhos reflete a felicidade e a inocência dos mais pequenos. A vontade de voltar à infância é o desejo mais sincero de regressar a um mundo simples, repleto de ternura e amor. Descubra quais os desejos dos nossos pequenos leitores.

“Querido Pai Natal,Eu sou o Bruno, tenho 8 anos e sonho

poder vir um dia à Lapónia, para o conhecer a si, às suas renas e aos seu amigos duendes.

Pai Natal, este ano gostava que me desse um jogo para a Playstation4 ou um skate. Também lhe peço para trazer presentes para todos os meninos, pois todos merecem um miminho. Agora despeço-me com um abraço apertado.”

Bruno Catarro

“Querido Pai Natal,Eu sou a Raquel, tenho 9 anos. Eu moro

no Zambujal de cima, a minha rua é os Flamingos. Pai Natal eu este Natal desejo amor e paz, que não haja guerra entre os países, também quero um skate e roupa mas a única coisa que eu quero é amor e paz porque é natal e temos de celebrar.

Pai Natal também quero que as crianças que estão nos hospitais que fiquem bem e curados. Pai Natal eu espero que faças magia a este mundo mas se não conseguires não faz mal, beijinhos da Raquel.”

Raquel Nunes

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25 DE DEZEMBRO DE 2015p.20 EMPRESAS & MERCADOS

OPPIDUM É NOME DE GINJA DE ÓBIDOS

Ginja portuguesa cada vez mais reconhecida no mundoUma velha tradição portuguesa está a transformar-se nos dos produtos “ícones” da exportação portuguesa. A ginja de Óbidos cada vez mais genuína está a recriar um negócio que parecia mo-ribundo. A “Oppidum” é uma das marcas de maior prestígio Dário e Martqa Pimpão (pai e filha) são o rosto da empresa e falaram connosco

Como é que surgiu esta empresa?

Dário Pimpão: A família esteve sempre ligada à comercialização da ginja (fruto) que compravam aqui e distribuíam pelos vários licoristas do país. Fui a companhia do meu pai nessas andanças, de licorista em licorista, de norte a sul, a en-tregar frutos, até que, a determina-da altura, me apercebi de que havia um potencial fantástico em Óbidos para fazer ginja.

Foi assim que comecei a fazer ginja. Até então a produção de fru-ta escorrida – tipo A, usada no bolo rei -, representava 98% do produto cá de casa mas começou-se tudo a inverter rapidamente, e por isso co-mecei a desistir da fruta e a dedi-car-me à ginja.

Mas como resolveu o problema da distribuição e comercialização?

DP: A distribuição começou de uma forma muito simples, que foi aqui mesmo. Estávamos em Óbi-dos, onde há um enorme fluxo de pessoas, que todos os dias visitam Óbidos durante o verão.

Entretanto, foi-se sucessiva-mente alargando a todo o país…

Marta Pimpão: E alargou-se um pouco com o passa-palavra das pessoas que vinham aqui. Hoje em dia já toda a gente sabe o que é a ginja de Óbidos, coisa que não acontecia há vinte anos

DP: A ginja que era conheci-da era a de Alcobaça, que não tem nada a ver com esta é um proces-so diferente, tem muito menos con-centração de fruto…

MP: O público reconhece com facilidade a diferença entre uma e outra?

DP: A diferença está, sobretu-do, no processo de fabrico. No tem-po de infusão, mais ou menos longo

Sucintamente como se proces-sa a vossa ginja?

DP: Quando se recebe o fruto, temos 20 ou 30 pessoas a traba-

lhar. É retirado o pedúnculo, o fru-to é limpo e colocado em álcool (etanol) imediatamente. Aí fica al-gum tempo, nunca menos de um ano. Temos casos de quatro ou cin-co anos. É nesse tempo que se vão buscar determinados gostos que achamos importantes para o pro-duto final.

E ao fim desses anos, abrem--se as barricas e o que é que está lá dentro?

DP: Estão os frutos inteiros, ri-jos e descolorados. Depois são es-magados. As máquinas que temos para fazer esse trabalho estão afi-nadas para não partir o caroço, por-que o que está dentro do caroço não nos interessa. Esmagada a polpa, é, depois, adicionado o açúcar, e está feito.

A vossa gama tem dois tipos de ginja. O que é que distingue uma da outra?

Marta Pimpão: O valor da maté-ria prima é o que define o preço do produto final e, neste caso, é a gin-ja que é a matéria prima mais cara aqui. Ao pormos menos, consegui-mos um produto mais barato. O que não significa que as pessoas não o prefiram até, em relação ao outro. O facto de ter menos fruto, ao pro-var, parece mais alcoólica, apesar de não ser. Para muitas pessoas, isso é um valor acrescentado. Di-zem que não é tão enjoativa como a outra, mas felizmente há gostos para as duas.

Qual é a produção anual?Marta Pimpão: A produção

anual é relativamente estável. Tem vindo a crescer ligeiramente, anda-mos na ordem das oitenta mil gar-rafas por ano. Nós só produzimos o que vendemos. Não vamos fazer ginja se não tivermos escoamento para ela.

Depois, começa o processo da distribuição. Inicialmente, pela re-gião de Óbidos, mas hoje, já está alargado. Têm os seus próprios

distribuidores?Marta Pimpão: Vendemos a al-

guns distribuidores nacionais, ven-demos diretamente para os pontos de revenda, só não vendemos para o cliente final. Não temos nenhum espaço aberto.

A maneira de trabalhar das grandes superfícies prejudica os produtores?

DP: Eles não estão vocaciona-dos para empresas deste tamanho. É um negócio completamente dife-rente do nosso, mas lamentamos: toda a gente que bebe este produ-to fica seduzida, e lamentamos que não tenha uma maior abrangên-cia. Daí enveredarmos por eventos como o SISAB PORTUGAL para darmos resposta aos pedidos que nos chegam do estrangeiro…

Contem-me a vossa experiên-cia no SISAB PORTUGAL

Marta Pimpão: Estivemos pre-sentes em 2014, e agora voltamos em 2016. É um meio fantástico para ter contacto com comprado-res estrangeiros. Temos muitas so-licitações do estrangeiro, bastantes mesmo, mas devido à burocracia associada ao álcool, nem sempre é fácil chegar às pessoas que nos procuram. Há sempre a necessida-de de ter um intermediário, alguém que conheça a dinâmica do álcool. O SISAB abriu-nos muitas portas: alguns países para onde já tínha-mos algum interesse em enviar o produto, e traz-nos sempre um re-torno. Por isso é que não fomos em 2015. Na altura do salão, ainda an-

dávamos a tratar dos contactos do ano anterior.

Houve bons contactos para onde? Já estão a exportar alguma coisa?

Marta Pimpão: Sim, para Es-panha, França, Reino Unido, Ale-manha, Suíça, Luxemburgo, Israel, Brasil, S. Tomé…

Já é mensurável, em termos de facturação, qual é o peso da exportação?

Marta Pimpão: Não, ainda é muito reduzido. Antes do SISAB, tínhamos umas vendas pontuais, e isso tem vindo a aumentar gradual-mente. A dificuldade da venda da ginja lá fora é o facto de ser ginja e de mais ninguém conhecer a não ser o português. O vinho do Por-to conhece-se, o vinho tinto conhe-ce-se, uma aguardente, um whis-key… Agora licor de ginja é difícil.

Hoje, em todas as feirinhas, te-mos milhares de licores de toda a espécie, e realmente o licor de gin-ja é outra coisa. Mas isto, para nós, portugueses, que o cultivamos.

DP: Quer queiramos, quer não, há aqui um handicap nesta história toda: tudo se chama licor de ginja. Até mesmo aquilo que é feito com corantes e essências. Nos anos 60, eram moda as bebidas com coran-te, e isso ficou um pouco enraiza-do. Ainda hoje se vende essa ginja baratíssima, e tudo se chama ginja. Daí o nosso empenho em que haja

(...) O SISAB abriu-nos muitas portas, nomeada-mente alguns países para onde já tínhamos interes-se em enviar o produto, e traz-nos sempre um retorno. Voltamos em 2016 porque é um meio fantástico para ter contato com comprado-res estrangeiros (...)

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25 DE DEZEMBRO DE 2015 p.21EMPRESAS & MERCADOS

alguma diferença entre chamar a este produto ginja de Óbidos, em vez de apenas ginja.

A ida para o estrangeiro, a ne-cessidade de exportar, qual é? É vender mais? É compensar as ven-das que não se fazem cá?

Marta Pimpão: Há duas ver-tentes aqui presentes. A necessida-de surgiu do facto das pessoas nos procurarem: surgimos em Óbidos, o mundo inteiro vem a Óbidos, e de-pois chegam a casa, acaba a garra-fa, “e agora?”. Houve a necessida-de de satisfazer as pessoas que nos procuram de fora. Depois, há dois anos para cá, houve a necessida-de de colmatar falhas nas vendas nacionais, devido ao decréscimo do poder de compra dos portugueses, bem como ao aumento da concor-rência. Uma série de factores que se juntaram e que nos levaram a ex-perimentar a exportação, a procurar outros mercados.

Sendo a ginja um produto do campo, que durante muito tempo esteve um pouco esquecida, não têm dificuldade em adquirir maté-ria prima?

Marta Pimpão: Nos últimos anos, as pessoas também investi-ram muito, porque a ginja chegou a seis euros por quilo. As pessoas chegam aqui com duas caixas de ginja e levam o mesmo dinheiro do que uma camionete de batatas ou de cebolas.

DP: Então, começou a haver, não só aqui na freguesia, como no resto do concelho, pessoas a tra-zer ginja. Começaram a ver que era uma opção, um nicho de mercado, interessante. A ginjeira é uma plan-ta rústica, não precisa de grandes

cuidados. Gosta de terrenos incli-nados, de não ser muito mexida, não gosta de grandes podas, é uma planta muito simples de tratar. É brava, difícil de controlar, depois re-produz-se rapidamente. As pessoas vão tendo outras atividades e têm as propriedades com esta planta, que não dá muito trabalho. Houve imen-sa gente a fazer ginjais e por isso hoje temos a produção garantida.

Qual é, neste momento, o pre-ço da ginja no mercado?

Marta Pimpão: Este ano foi de cerca de quatro euros.

DP: Este ano foi mais caro do que o normal, porque a produção de ginja foi muito pouca. Apesar disso já não nos afetar. Há anos de uma produção maluca, que nos enche a casa de ginjas, e depois há um ano ou dois em que não há nada, prati-camente. E este foi um desses anos. Como há menos, é natural que o preço tenha subido mais. Mas, em anos de uma produção normal, o preço anda pelos dois euros e meio.

Isto, no fundo, é uma cereja: o grande custo, o que faz elevar o preço, é a própria apanha..

DP: É pior do que a cereja: é mais difícil de apanhar, as árvores são mais difíceis de apanhar, por-que não têm a robustez da cerejeira.

Marta Pimpão: A nossa varie-dade é a folha-no-pé, ou seja, para apanhar uma ginja estão 20 folhas à volta e torna-se difícil de as ir bus-car. É uma trabalheira brutal: pri-

meiro que se apanhe uma caixa, é um dia inteiro.

Quanto é que tem de custar, neste momento, uma garrafa de ginja para o consumidor acreditar na qualidade do produto?

Marta Pimpão: Consegue en-contrar uma garrafa de litro de uma ginja de fantasia por cerca de qua-tro ou cinco euros.

DP: Há que ter atenção que há licores que a única ginja que têm são alguns frutos no fundo. Tudo o resto é artificial. Isso tem sido um grande problema para sairmos da-qui, porque até mesmo o mercado da saudade, seja onde for, se quei-xa do preço do produto. Há uma fal-ta de sensibilidade para a qualidade dos nossos parceiros e compradores portugueses no estrangeiro.

Para que mercados é que gos-tariam de ir no sentido de remune-rar melhor o vosso produto?

DP: Os Estados Unidos têm tido toda a nossa atenção. Temos parti-cipado em concursos em Chicago, em Los Angeles, com a ideia entrar no mercado dos licores norte-ame-ricano, onde em alguns lugares só entram produtos premiados. As me-dalhas e os prémios são o um car-tão de visita.

Marta Pimpão: Temos tido al-guma dificuldade em entrar lá, um pouco por causa do preço. Os ame-ricanos são quem mais nos procu-ra, é raro o dia em que não recebo e-mails da América.

DP: Eles são muito curiosos e acedem a estas histórias das me-dalhas e dos concursos, difundidas de uma grande forma.

Marta Pimpão: Neste momen-to, os entraves são a nível burocrá-tico. É preciso registar-se uma sé-rie de coisas, ainda estamos nessa fase. Há, ainda, a questão do pre-ço: o comprador está habituado a vender ginjas de fantasia e prefe-re vender esses produtos por serem mais baratos. Não percebem a dife-rença. No vinho, estas pessoas con-seguem entender as diferenças. Na ginja não, apesar de serem simples e óbvias.

Este ano, portanto, vão estar no SISAB PORTUGAL. Vão poder apresentar pessoalmente o vosso produto.

DP: Sim. Ainda na semana pas-sada nos convidaram para fazermos uma degustação de ginja ao Cam-peonato Mundial de Surf. Estavam pessoas de todo o mundo. Eles não fazem a mais pequena ideia do que é ginja: recebiam um copo, indife-rentes, e perguntavam logo o que aquilo era. As pessoas ficam real-mente muito agradadas quando provam.

Além da Ginja, marcas OPPI-DUM e DOM PIMPAS, dispomos ainda de licor de ginja com choco-late – uma bebida patenteada -, e de bombons de chocolate belga re-cheados com licor de ginja, que têm sido um verdadeiro sucesso junto dos nossos clientes.

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O NOSSO NATALp.22 25 DE DEZEMBRO DE 2015

Um Natal Português

A NOITE DE NATAL

Na noite de NatalAlegram-se os pequenitos;Pois sabem que o bom JesusCostuma dar-lhes bonitos.

Vão se deitar os lindinhosMas nem dormem de contentesE somente às dez horasAdormecem inocentes.

Perguntam logo à criadaQuando acorde de manhãSe Jesus lhes não deu nada.

— Deu-lhes sim, muitos bonitos.— Queremo-nos já levantarRespondem os pequenitos.

Mário de Sá-Carneiro

AS NOSSAS TRADIÇÕES NATALÍCIAS

VAMOS CANTAR AS JANEIRAS

Esta é uma das tradições mais típicas de Portugal e consiste basicamente em cantar música pelas ruas. Junta-se um grupo de pes-soas que ao cantar anunciam o nascimento de Jesus e desejam um feliz ano novo. Estes grupos vão de porta em porta e ao terminar de cantar pedem aos residentes as sobras das Festas Natalícias. Hoje em dia, estas ‘sobras’ traduzem-se muitas vezes em dinheiro.

Este costume começa em janeiro, no pri-meiro dia do ano e por norma estende-se até dia 6, o Dia de Reis. No entanto, são muitos os grupos que nos dias de hoje prolongam esta tradição até ao final do mês. É hábito jun-tarem-se amigos, familiares ou até vizinhos e, com ou sem instrumentos (os mais comuns são a pandeireta, a flauta ou a viola), can-tam de porta em porta pela vizinhança. Ao terminar a canção, o grupo espera que os do-nos da casa tragam as janeiras (podem ser castanhas, nozes, maças, morcela, chouriço, etc), no entanto, o tempo mudou um boca-do a tradição e agora é costume dar choco-late ou dinheiro.

As músicas utilizadas nesta tradição são por norma já conhecidas, embora a letra pos-sa ser diferente em cada terra. São músicas simples e habitualmente são quadras que louvam o Menino Jesus, Nossa Senhora, São José e podem até incluir os moradores que contribuíram. Há ainda algumas terras que seguem a antiga tradição de ter algumas qua-dras insultuosas reservadas para os morado-res que não davam as janeiras. Nos últimos anos celebrou-se bastante a música de Zeca Afonso, “Natal dos Simples”, que ao começar com a frase “vamos cantar as janeiras…”, ra-pidamente foi adotada por este costume. Se-gue então a letra da canção de Zeca Afonso.

Vamos cantar as janeiras Vamos cantar as janeiras Por esses quintais adentro vamos Às raparigas solteiras

Vamos cantar orvalhadas Vamos cantar orvalhadas Por esses quintais adentro vamos Às raparigas casadas

Vira o vento e muda a sorte Vira o vento e muda a sorte Por aqueles olivais perdidos Foi-se embora o vento norte

Muita neve cai na serra Muita neve cai na serra Só se lembra dos caminhos velhos Quem tem saudades da terra

Quem tem a candeia acesa Quem tem a candeia acesa Rabanadas pão e vinho novo Matava a fome à pobreza

Já nos cansa esta lonjura Já nos cansa esta lonjura Só se lembra dos caminhos velhos Quem anda à noite à ventura

DIA DE NATAL

Chove. É dia de Natal.Lá para o Norte é melhor:Há a neve que faz mal,E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contentePorque é dia de o ficar.Chove no Natal presente.Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esseO Natal da convenção,Quando o corpo me arrefeceTenho o frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadraE o Natal a quem o fez,Pois se escrevo ainda outra quadraFico gelado dos pés.

Fernando Pessoa

A LENDA DO BOLO DOS REIS

O Bolo-Rei é conhecido como sendo o bolo mais tradicional e natalício português. Podemos traçar a sua origem até à corte do rei Luís XIV, em França, com a ideia de um bolo misturado com fruta cristalizada que acabou por se espalhar por toda a Europa. Quando a ideia chegou a Portugal a receita foi adapta-da, acabando por adquirir a forma de coroa com que o bolo é vendido atualmente e pas-sou assim a ser associado à época natalícia. Já a introdução da fava vem dos tempos dos Romanos, onde era costume durante as fes-tividades escolher o “rei da festa” ao colocar uma fava num bolo. Por outro lado, a intro-dução do brinde como recompensa é algo ti-picamente português, embora este costume tenha sido proibido há alguns anos por apre-

sentar risco de sufoco, sobretudo nas crian-ças. O nome “Bolo-Rei” vem da indicação da riqueza dos ingredientes que são utilizados e não do dia de Reis como se pensa. No en-tanto, isto não impediu a tradição oral de o associar aos Reis Magos.

Conta a lenda que num país distante vi-viam três homens sábios que gostavam de apreciar as estrelas e o céu. Estes três ho-mens sábios chamavam-se Gaspar, Melchior e Baltazar ao que a tradição apelidou de os “três Reis Magos”. Foi numa noite clara que viram uma nova estrela mais brilhantes que as restantes e que se movia no céu. Interpre-tando-a como um aviso que o filho de Deus nascera, decidiram segui-la e cada um levou um presente: ouro, incenso e mira. No entan-to, ao chegar à cidade de Belém e já perto da gruta onde estava o menino Jesus, os três

Reis Magos depararam-se com um dilema: quem teria o privilégio de oferecer primeiro o seu presente? Não havia forma de chega-rem a um consenso.

Passava por ali um artesão que ao ouvir a conversa propôs uma solução para o pro-blema de maneira a ficarem todos satisfeitos. Pediu então à sua mulher para que fizesse um bolo e que na massa colocasse uma fava. No entanto, a sua mulher não se limitou a fazer um simples bolo e conseguiu representar os presentes que os três Reis Magos levavam. Assim fez um bolo cuja côdea dourada sim-bolizava o ouro, as frutas cristalizadas simbo-lizavam a mirra e o açúcar de polvilhar sim-bolizava o incenso. Depois de cozido o bolo foi repartido em três partes e aquele a quem saiu a fava foi efetivamente o primeiro a ofe-recer os presentes ao menino Jesus.

Esta data mágica traduz-se nos mais belos contos e poemas que o jornal Mundo Português reuniu especialmente para si. Estas obras literárias levam-nos de volta às memórias de um passado feliz, que nunca fica muito distante, e para onde ansiamos re-gressar. Viaje por entre estas palavras e descubra a essência de voltar a ser criança.

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Nº 07 - Dezembro de 2015Suplemento da edição de 25 de dezembro de 2015 do semanário «O Emigrante/Mundo Português», com a colaboração do Camões, I.P.

P. 20-21

Português é visto como uma língua de abrangência internacional

Joaquim Prazeres coordena os destinos do EPE no Luxemburgo, Bélgica e Países Baixos desde setembro de 2012. Foi dos primeiros alunos portugueses a frequentar a escola em França onde residia com os pais e, por isso, como professor, sempre se sentiu “próximo destes alunos, de compreender as suas motivações e as aspirações dos pais”. Como coordenador lembra que a Língua Portuguesa é “uma mais-valia no contexto atual de globalização”.Regina Duarte trabalhou sempre no ensino do Português, tendo sido responsável por vários programas de formação de professores. Há quatro anos assumiu a coordenação do EPE no Reino Unido - um projeto profissional, mas também familiar.Para Carla Amado, o ensino do Português é, acima de tudo, uma paixão que a levou a aceitar o cargo de Adjunta da Coordenação do EPE na Alemanha. A experiência como professora de Português de alunos universitários alemães e de Alemão a alunos estrangeiros, contribuiu também para aceitar um desafio exigente, mas recompensador... São três percursos de vida distintos em muitos aspetos, mas com um denominador comum: o trabalho em prol do ensino e da dinamização da Língua Portuguesa no estrangeiro.

P. 21COM A PALAVRA, AS LEITORAS

Agenda de atividades do Camões I.P. P. 22

Angola: Árvore mítica inspira exposição do artista plástico Don Sebas CassuleTimor-Leste: Comemorações dos 500 anos da chegada dos portugueses

NO REINO UNIDO

Cátedras e King’s College contribuem para o crescimento do ensino a nível universitário

P. 22

São quatro as Cátedras de Língua Portuguesa abertas no Reino Unido. Estão implementadas na Universidade de Oxford, Universidade de Manchester, Universidade de Birmingham e King’s College University. Nesta última instituição, o estudo do Português data de 1919, ano em que foi atribuído o primeiro financiamento anual para a criação de uma disciplina de Língua e Literatura Portuguesa, com o título Cátedra Camões.

P. 22NOVO ESPAÇO É MAIS AMPLO E VISÍVEL

Centro Cultural Português no Luxemburgo vai mudar de instalações

Inaugurado a 17 de maio de 1999, o Centro Cultural Português no Luxemburgo é destinado à promoção da cultura portuguesa, sendo também um local de encontro das culturas dos dois países. Fruto da dinâmica programação cultural que realiza, necessita de um novo espaço e deverá migrar proximamente para outra zona da capital do Luxemburgo.

Português tem potencial de expansão no ensino superior

Mª José HomemLeitora em Newcastle

Ana DelgadoLeitora em Hamburgo

ALEMANHAINGLATERRA

REINO UNIDO LUXEMBURGO ALEMANHA

P. 22NA ALEMANHA

Ensino do Português também é apoiado pelo Estado

UMA MAIS-VALIA CULTURAL E ECONÓMICA

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p.24 25 DE DEZEMBRO DE 2015

REGINA DUARTE COORDENADORA DO ENSINO PORTUGUÊS NO REINO UNIDO

“No meio universitário o português é visto como uma língua internacional”

JOAQUIM PRAZERES COORDENADOR DO ENSINO PORTUGUÊS NO BENELUX

“A oferta como língua de comunicação é essencial para o seu reconhecimento”

CARLA AMADO ADJUNTA DA COORDENAÇÃO DO ENSINO PORTUGUÊS NA ALEMANHA

“Está a aumentar o interesse pelo ensino e aprendizagem do Português”

Joaquim Prazeres coordena os destinos do EPE no Luxemburgo, Bélgica e Países Baixos desde setembro de 2012, coadjuvado por Carina Gaspar, Adjunta da Coordenação para o espaço da Bélgica e dos Países Baixos. Foi dos primeiros alunos portugueses a frequentar a escola na cidade francesa onde residiam os pais, emigrantes. Por isso, como professor, sempre se sentiu “próximo destes alunos, de compreender as suas motivações e as aspirações dos pais”. Como coordenador lembra que a Língua Portuguesa é “uma mais-valia no contexto atual de globalização”.

Quantos alunos e professores compõem a rede EPE no Benelux?

Neste momento, o ensino da língua portugue-sa abrange todos os níveis de ensino. Frequen-tam os cursos de língua e cultura portuguesas no Benelux 3.821 alunos – 2.874 no Luxemburgo, 748 na Bélgica e 199 na Holanda. A rede inte-gra 287 cursos de todos os níveis: 34 cursos no ensino pré-escolar; 207 cursos no ensino fun-damental, o qual abrange o 1° e o 2° ciclos do ensino básico; 34 cursos no ensino secundário, que integra o 3° ciclo do ensino básico e o en-sino secundário. No ensino universitário, coope-ramos com instituições de Bruxelas, Antuérpia, Gand e Mons. No Luxemburgo é ministrada uma cadeira semestral na Faculdade de Letras, das Ciências Humanas, das Artes e das Ciências da

Educação. Em 2015/2016, estão colocados em comissão de serviço no Benelux 36 docentes - 30 no ensino pré-escolar e ensino básico e 6 no ensino secundário.

Quais são as principais orientações do EPE? Quais as metas a alcançar?

Tem sido uma preocupação constante criar condições favoráveis ao aumento e melhoria de resultados da aprendizagem da língua e da cul-tura portuguesas no Benelux. Os resultados ob-tidos nas provas de avaliação e certificação têm vindo a demonstrar precisamente uma melhoria do nível de alunos nos diferentes níveis de pro-ficiência. Relativamente às metas, procuramos manter e alargar a rede de cursos a escolas e lo-calidades onde existe uma forte concentração de alunos de origem portuguesa. No contexto atual, fomentar a integração dos cursos de língua e cul-

tura portuguesas nos currículos de cada um dos países de acolhimento passa pela oferta do por-tuguês como língua de opção, em pé de igual-dade com as outras línguas nos diferentes níveis de ensino, nomeadamente no ensino secundá-rio e universitário. No mundo global em que vi-vemos, o conhecimento de línguas constitui um bem superior. O reconhecimento e a acreditação das competências comunicativas em língua por-tuguesa é da maior importância para o futuro dos alunos lusófonos.

Que atividades de complemento ao ensino têm sido desenvolvidos?

No Luxemburgo, desde setembro de 2013, o Ministério da Educação Nacional, da Infância e da Juventude e a Coordenação de Ensino Por-tuguês promovem um projeto-piloto de assisten-te de língua portuguesa no ciclo 1 (ensino pré-es-

colar). A Coordenação de Ensino tem participado anualmente na Feira do Estudante, destinada a alunos que tencionam prosseguir estudos supe-riores, promovendo instituições portuguesas de ensino superior no estrangeiro e disponibilizando informação necessária aos alunos que queiram frequentar o ensino superior em Portugal.

A integração de bibliotecas portuguesas nas bibliotecas escolares onde funcionam cursos de língua e cultura portuguesas insere-se no Projeto de Incentivo à Leitura. Incentivar o gosto pela lei-tura dando a possibilidade a todos os alunos, in-dependentemente de frequentarem os cursos de português ou não, de poderem requisitar e levar para casa livros de autores portugueses ou escri-tos em português foi o que se pretendeu com a distribuição de 21 bibliotecas. A Coordenação de Ensino apoia e participa, desde o início, no pro-jeto polilux sobre ‘As crianças portuguesas e o

Regina Duarte trabalhou sempre no ensino do Português, tendo sido responsável por vários programas de formação de professores. Há quatro anos, mudou o rumo da sua vida profissional e da sua família: assumiu a coordenação do EPE no Reino Unido, país onde também trabalha o marido e estudam os filhos. A Coordenação é, assim, um projeto profissional associado a um projeto familiar.

Qual é o número de alunos e professores da rede EPE no Reino Unido?

A rede tem 24 professores nos ensinos bá-sico e secundário, com cerca de 3.500 alunos. No ensino universitário, temos protocolos com 18 universidades britânicas.

Quais são as principais orientações e que metas ainda há a alcançar?

Nos últimos anos, foi feito um esforço con-certado para tornar o EPE estruturado, orgânico, e com processos cada vez mais transparentes. Foram introduzidos a inscrição electrónica dos alunos, o pagamento da propina, os exames de

certificação. Neste momento, conseguimos saber exatamente onde estão os nossos 3.500 alunos, a que horas, com que professor. Sabemos se cada aluno falta ou não. Sabemos o seu progresso. Nada disto existia anteriormente. Os dados dos alunos estavam só com o professor. Se pensar-mos que funcionamos em 60 escolas e não temos uma escola própria, conseguimos perceber a ne-cessidade de informação atualizada, facilmente acessível. Para mim, a meta que está ainda por alcançar é a da maior visibilidade. Fazemos um trabalho que mais nenhum país faz. No entan-to, ainda há muitas pessoas que não sabem que existimos. É preciso ainda investir na divulgação.

Que programas de complemento ao ensino do Português, têm sido desenvolvidos?

Eu agruparia em dois os projetos principais:

há os projetos que surgem na Sede, como o Plano de Incentivo à Leitura, e cuja implementação nós temos de garantir, e há os que têm sido criados pela própria Coordenação. O Plano de Incentivo à Leitura tem proporcionado momentos extraor-dinários de partilha de leituras entre escritores, alunos, professores e pais. Os alunos andam a ler mais. Os professores pedem-me que renove a co-leção de livros da Coordenação, porque os alunos já leram os livros todos e pedem novos. O gosto que ganham pela leitura vai acompanhá-los para a vida, em qualquer língua. E traz como bónus alguns pais, que também vão lendo com os alu-nos e partilhando as suas leituras.

Da Coordenação, destaco a nossa ‘newslet-ter’, que chega a muitas famílias e a muitas es-colas; os nossos Guias-Museus, elaborados em português para visitar alguns dos museus de Lon-

dres; a celebração do dia 5 de maio, Dia da Lín-gua e das Culturas da CPLP, dia em que juntamos cerca de 250 alunos, com famílias e professores e dizemos poemas em português. É a nossa fes-ta da escola. Numa escola sem edifício, como a nossa, estes momentos em que podemos estar juntos são de grande significado. Destaco ainda o Prémio Melhor Aluno de Língua Portuguesa, que celebra o mérito dos alunos que são os melhores do seu ano. É uma cerimónia muito bonita, ofe-recida pelo Senhor Embaixador na embaixada de Portugal, e que nos deixa sempre cheios de orgu-lho pelos sucessos das crianças.

Numa região com uma forte comunidade portu-guesa, que futuro terá o ensino do Português?

No Reino Unido, o português existe com duas faces distintas: para as escolas, é visto ain-

A vontade de abraçar outras áreas do saber e de dar o seu contributo a uma área que é, acima de tudo, uma paixão: o ensino do Português além-fronteiras, levou Carla Amado a assumir o cargo de Adjunta da Coordenação do EPE na Alemanha, país que já conhece há vários anos e onde frequentou o mestrado em Estudos Europeus. A experiência no ensino do Português a alunos universitários alemães e do Alemão a alunos estrangeiros contribuí-ram também para aceitar o desafio.

Quantos alunos e professores integram a rede EPE na Alemanha?

A Rede assegura no ano letivo 2015/16 o en-sino a 3.200 alunos nos ensinos Básico e Secun-dário (2.678 no ensino paralelo e 521 no ensino integrado) e a cerca de 1.500 estudantes no en-sino Superior. Ao serviço estão um total de 37 do-centes do Básico e Secundário. No Superior, co-operamos com 14 instituições universitárias quer com o apoio de leitores quer com docentes ao abri-go de protocolos de cooperação quer, ainda, atra-vés de cátedras.

Quais têm sido as principais orientações e que metas ainda há a alcançar?

A introdução da Ganztagsschule (alargamen-to da oferta curricular e extracurricular nas esco-las, por vezes com caráter obrigatório, até às 16h)

tem dificultado a possibilidade para muitos alunos de frequentarem os cursos de Português Língua de Herança, oferecidos sempre à tarde, depois das aulas da escola regular alemã. Para além disso, a cada vez maior dispersão geográfica da comunida-de portuguesa na Alemanha, associada aos novos fluxos migratórios, tem dificultado a constituição de grupos com o número de inscrições suficiente para cobrir determinadas localidades. Ainda as-sim, temos conseguido identificar as zonas onde os portugueses se têm vindo a localizar e estamos, desde este ano letivo, presentes em mais cinco es-colas, tendo aberto cursos no Estado Federado do Hessen. Conseguiu-se no ano letivo passado, pela primeira vez em cerca de cinco anos, abrir um cur-so de Português Língua de Herança para as crian-ças e jovens da pequena comunidade de Berlim.

Fizemos do fortalecimento do relacionamento com as Escolas Europeias Bilingues de Hamburgo

e Berlim uma prioridade. Redefinimos estratégias de modo a que passasse a haver um maior acom-panhamento na programação e organização das atividades letivas e não letivas, proporcionando também acesso a diferentes e importantes apoios da parte da Embaixada e do Consulado-Geral em Hamburgo. Redefinir o mapa da rede de cursos, de modo a permitir que os professores não lecio-nem em locais tão dispersos uns dos outros, tem sido uma das nossas preocupações.

Que programas de complemento têm sido desenvolvidos?

Por termos sido contemplados com bibliote-cas do Plano de Incentivo de Leitura, promovido pelo Camões, I.P., temos conseguido promover a leitura em Língua Portuguesa na Alemanha, esta-belecendo parcerias com bibliotecas públicas lo-cais, jardins-de-infância, escolas alemãs europeias

e profissionais. Temos associado cada vez mais quer os Cursos de Português Língua de Herança quer as turmas das Escolas Bilingues às ativida-des culturais desenvolvidas um pouco por toda a Alemanha, por iniciativa da Embaixada e/ou dos Consulados-Gerais, também em conjunto com os Leitorados nas Universidades. Um projeto a que gostaria de dar destaque é o do NativeScientist, (http://www.nativescientist.com). Associámo-nos a eles através da ASPPA - Associação de Pós-Gra-duados Alemães, tendo iniciado este ano letivo a visita de cientistas aos cursos de Português Língua de Herança. Estas atividades levam já a ciência em Língua Portuguesa aos nossos alunos de Berlim, Hannover, Munique e Estugarda.

Num país com uma forte comunidade portugue-sa, que futuro virá a ter o ensino do Português?

O Português na Alemanha relacionar-se-á

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p.2525 DE DEZEMBRO DE 2015

As LeitorasCOM A PALAVRA...

O Português tem muito potencial de expansão no ensino superior

Ana Delgado

Leitora do Camões I.P. em Hamburgo

ALEMANHA

“No meio universitário o português é visto como uma língua internacional”

“A oferta como língua de comunicação é essencial para o seu reconhecimento”

“Está a aumentar o interesse pelo ensino e aprendizagem do Português”

Joaquim Prazeres coordena os destinos do EPE no Luxemburgo, Bélgica e Países Baixos desde setembro de 2012, coadjuvado por Carina Gaspar, Adjunta da Coordenação para o espaço da Bélgica e dos Países Baixos. Foi dos primeiros alunos portugueses a frequentar a escola na cidade francesa onde residiam os pais, emigrantes. Por isso, como professor, sempre se sentiu “próximo destes alunos, de compreender as suas motivações e as aspirações dos pais”. Como coordenador lembra que a Língua Portuguesa é “uma mais-valia no contexto atual de globalização”.

seu desenvolvimento linguístico’, do “Fundo na-cional de investigação” (FNR), coordenado pela Doutora Pascale Engel de Abreu da Universida-de do Luxemburgo. Foi preocupação desta Coor-denação facilitar a todos os professores em exer-cício no Luxemburgo, Bélgica e Países Baixos o acesso à formação organizada pelos centros de formação dos países de acolhimento.

Em países com uma forte comunidade portu-guesa, que futuro terá o ensino do Português?

Neste momento, pretende-se com o ensino da língua e da cultura portuguesas responder a dois imperativos: manter os laços familiares, a ligação às origens, à cultura e às tradições por-tuguesas, uma aspiração essencial para os pais, sobretudo no Luxemburgo em que a comunida-de representa cerca de 20´% da população re-sidente no país. Por outro lado, a língua portu-

guesa não pode estar confinada à comunidade lusófona, a oferta como língua de comunicação é essencial para o seu reconhecimento e valori-zação internacional.

Que caminho há ainda a percorrer pelo EPE no Benelux?

Ainda há muito a fazer no sentido de o por-tuguês se afirmar como língua de opção em colé-gios, liceus e outros estabelecimentos de ensino. No Luxemburgo, com uma comunidade numero-sa, em que o português constitui a língua de co-municação no seio familiar, há ainda espaço para a aprendizagem do português enquanto língua de herança, apostando no ensino de qualidade. Na Bélgica privilegiar os cursos de abertura às lín-guas e culturas, integrados no currículo escolar belga com vista ao multilinguismo, de forma a que qualquer criança possa aprender português.

Regina Duarte trabalhou sempre no ensino do Português, tendo sido responsável por vários programas de formação de professores. Há quatro anos, mudou o rumo da sua vida profissional e da sua família: assumiu a coordenação do EPE no Reino Unido, país onde também trabalha o marido e estudam os filhos. A Coordenação é, assim, um projeto profissional associado a um projeto familiar.

da como uma língua comunitária. Sabemos que a perceção que as pessoas têm da língua não está ligada ao número de falantes, mas antes ao pres-tígio económico ou cultural que um país tem. Esta perceção mudará à medida que a imagem de Por-tugal no mundo se afirme como país de cultura e de desenvolvimento. No meio universitário, o por-tuguês é visto como uma língua internacional, de primeira opção, com jovens britânicos a frequen-tarem licenciaturas em estudos portugueses. Os alunos que escolhem cursos de línguas e litera-turas no ensino superior são já um público muito específico, que sabe o que procura e que faz es-colhas mais informadas. No ensino básico e se-cundário, escolhe-se o que sempre se escolheu, como o francês, ou que está na moda, como o espanhol. É nestes níveis que temos de mostrar uma imagem de língua internacional.

“O Plano de Incentivo à Leitura tem proporcionado momentos extraordinários

de partilha de leituras entre escritores, alunos, professores e pais.

Os alunos andam a ler mais”

Que caminho há ainda a percorrer pelo EPE no Reino Unido e que alcance poderá ter?

O EPE deve chegar a zonas mais distantes do Reino Unido, o que é difícil em épocas de conten-ção. Criámos este ano duas escolas associadas, uma na Irlanda do Norte, outra na Escócia, as pri-meiras do RU. É um modelo que tem capacidade de expansão, dado que associa a iniciativa local ao apoio da estrutura do Camões, I.P. O Português poderá vir a ser uma língua de opção nos currícu-los. Tal não depende só do Camões, sabendo que o nosso instituto não se tem escusado a esse es-forço. Tem persistido e tem mostrado uma estrutu-ra cada vez mais profissional, com a qual os par-ceiros ingleses contam e na qual agora confiam.

A vontade de abraçar outras áreas do saber e de dar o seu contributo a uma área que é, acima de tudo, uma paixão: o ensino do Português além-fronteiras, levou Carla Amado a assumir o cargo de Adjunta da Coordenação do EPE na Alemanha, país que já conhece há vários anos e onde frequentou o mestrado em Estudos Europeus. A experiência no ensino do Português a alunos universitários alemães e do Alemão a alunos estrangeiros contribuí-ram também para aceitar o desafio.

sempre em grande escala com a comunidade de origem lusófona. São mais de 120.000 os por-tugueses (registados, números de 2013) a viver na Alemanha e, se a eles juntarmos praticamen-te 37.000 brasileiros e 6.000 angolanos, então contamos com uma larguíssima equipa de Em-baixadores da nossa Língua em território alemão. E Portugal continua, sem dúvida, a ser o país que mais investe na promoção da Língua Portuguesa em território alemão. O interesse pelo Português neste país não se restringe, no entanto, à manu-tenção da língua de herança. É crescente a pro-cura por cursos de Português nas Universidades, outras instituições do ensino superior, escolas pú-blicas de línguas e institutos privados de línguas.

Que caminho há ainda a percorrer pelo EPE na Alemanha?

Afigura-se inadiável a intensificação dos diá-

logos com o Ministério da Educação Alemão, os Senados de cada Estado Federado, as Direções Regionais de Educação e subsequente definição de regulamentações comuns a todo o país para o reconhecimento dos nossos cursos de Português Língua de Herança como parte da oferta extracur-ricular das escolas. Este será, a meu ver, o início do caminho, quiça moroso, para a integração do Português no currículo escolar de alguns Estados Federados na Alemanha, processo que levará dé-cadas a ser cumprido. Estamos neste momento a desenvolver o plano de trabalho para a opera-cionalização deste projeto, que tem contado com uma forte inspiração pessoal por parte do Senhor Embaixador de Portugal em Berlim, João Mira Go-mes. Para além disto, teremos de continuar a per-seguir o objetivo de chegar aos portugueses que vivem mais dispersos e fora dos maiores aglome-rados populacionais.

Assumir o Leitorado do Camões, I.P. na Universidade de Hamburgo, o que aconte-ceu em 2012, foi para Ana Delgado o re-gressar à primeira cidade estrangeira que vi-sitou, enquanto estudante da Universidade de Coimbra.

“Algumas décadas depois, foi esta a mi-nha sexta partida para estudar ou trabalhar na Alemanha, o que diz bem do meu amor pe-las duas línguas e culturas que se entrelaçam neste trabalho intercultural, a minha língua e cultura materna e a alemã”, recorda a leitora.

Quanto ao seu trabalho, assume-o como “um desafio permanente à capacidade de tra-balhar em equipa” numa cidade cuja tradição portuguesa remonta a finais do século XVI, quando judeus portugueses emigraram, por motivos religiosos para Hamburgo, Londres e Amesterdão.

A Língua Portuguesa era ensinada desde 1908 no Instituto Colonial de Hamburgo e em 1919, passou a ser lecionada na Univer-sidade de Hamburgo, fundada naquele ano. Em 2002 foi inaugurado o Centro de Língua Portuguesa, de cuja gestão Ana Delgado é responsável desde 2012.

Atualmente, há cerca de 180 estudantes de Português, três leitores e três professores - dois de Literatura e um de Linguística - no Instituto de Romanística da Universidade de Hamburgo, revela a leitora, que destaca o in-teresse e os bons resultados do ensino da lín-gua de Camões nos últimos anos.

“Para os 18 lugares disponíveis de Portu-guês como curso principal (‘Hauptfach’) hou-ve 40 candidatos e 19 alunos foram admiti-dos; e em Português como curso secundário (‘Nebenfach’) houve 134 candidatos para 34 lugares, tendo sido aceites 33. Quanto aos mestrados, os estudantes de Português como ‘Hauptfach’ ocuparam uma boa per-centagem dos lugares disponíveis na Roma-nística (30 lugares no total, 15 para Litera-tura e 15 para Linguística)”, congratula-se a leitora Ana Delgado.

Para além das atividades inerentes à vida académica, o Leitorado contribui para a vida cultural da Universidade e da cidade, através de um Plano Anual de Atividades.

“Entre as nossas iniciativas destacaria as comemorações do Dia da Língua Portugue-sa a 5 de maio de 2015, com duas mesas--redondas sobre Cultura e sobre Linguística, com a exposição «Potencial Económico da Língua Portuguesa» na Biblioteca Carl von Ossietzky, e com o grupo musical português Lavoisier. Articulámos esta festividade com colegas dos vários graus de ensino da cida-de, primário (Escola Primária Bilingue Ale-mão-Português de Rudolf Ross) e secundá-rio (Stadtteilschule am Hafen)”, enumera e responável pelo Leitorado do Camões, I.P. na Universidade de Hamburgo.

Para além da rede de Ensino Básico e Secundário do Camões, I.P., direcionada so-bretudo para a manutenção da língua de he-rança, também nas universidades alemãs se leciona o Português na norma europeia e bra-sileira, sobretudo como língua estrangeira.

Maria José Homem

Leitora do Camões I.P. em Newcastle

INGLATERRA

A experiência que vivenciou no King’s Colle-ge London foi “tão motivadora em termos profis-sionais” que levou Maria José Homem a querer regressar ao Reino Unido, o que concretizou há quatro meses, quando assumiu o Leitorado de Português na Universidade de Newcastle. E as expectativas não foram defraudadas. “Tenho um grupo de alunos muito interessado e participati-vo, e tenho todo o apoio da Faculdade para rea-lizar, o melhor possível, o meu trabalho”, afirma a leitora, que cita os laboratórios equipados ao dispor das línguas e instalações excelentes para trabalhar. “Haja tempo para poder usufruir da ri-queza cultural que a Universidade põe à dispo-sição de alunos e professores”, vinca a leitora.

Os alunos já ultrapassam uma centena - são 112 - no Departamento de Espanhol, Português e Estudos Sul-Americanos, integrado na Escola de Línguas Modernas. Mas não estão apenas estes a aprender a Língua Portuguesa, já que é uma disciplina oferecida em vários cursos da-quela Universidade, como Medicina, Agronomia e Direito. No departamento, são três os profes-sores que se dedicam ao ensino da língua, mas há outros “que integram, nas disciplinas que le-cionam, módulos de cultura lusófona e que são frequentados por alunos que não aprendem lín-gua. Estes cursos têm uma dimensão variável e podem ter de 20 a 60 alunos”, revela Maria José Homem.

A leitora afirma que tem aumentado o inte-resse pela aprendizagem do Português, o que se comprova no número de alunos inscritos no es-tudo da língua ou nos módulos de cultura. “Mas o impacto que o ensino da língua portuguesa e da cultura lusófona tem na universidade e na re-gião não pode ser medido apenas pelo número de alunos que o departamento tem”, sublinha, explicando que os módulos de cultura são ofe-recidos fora do departamento a licenciaturas de Linguística, de Tradução, de Gestão e de Belas Artes. A leitora refere ainda a existência de pro-gramas de intercâmbio Erasmus ou ‘Science Wi-thout Borders’, com a Universidade de Coimbra, a Nova de Lisboa ou a PUCRS do Brasil, ou com o Institut of Sustentability (com o Brasil) “que movimentam centenas de alunos e que acabam por resultar do facto de o departamento possuir especialistas que podem ser interlocutores na realização destes projetos”.

Como áreas a investir, Maria José Homem refere a necessidade de formar “uma nova gera-ção de tradutores”, para que haja profissionais muito qualificados a traduzir obras de escritores de língua portuguesa.

Do trabalho já realizado, a leitora refere com disfarçado orgulho o facto de muitos antigos alu-nos de Português estarem “a trabalhar em em-presas e organizações que têm relações dire-tas com os países de língua portuguesa”. “Mas aqueles que não trabalham diretamente com a língua portuguesa, mesmo esses, dizem-me que o facto de terem estudado Português lhes per-mitiu uma diferenciação, pela positiva, no mer-cado de trabalho. Penso, pois, que o estudo da língua portuguesa enriquece o currículo de qual-quer estudante e é uma mais-valia à disposição destes, na procura, hoje tão competitiva, de um trabalho”, sublinha.

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p.26 25 DE DEZEMBRO DE 2015

CAMÕES, I.P. Avenida da Liberdade, nº 270 1250-149 Lisboa Tel. 351 213 109 100 Fax 351 213 143 987 www.instituto-camões.pt Presidente: Ana Paula Laborinho

AGENDA DE ATIVIDADES

ANGOLA

Árvore mítica inspira exposição do artista plástico Don Sebas Cassule

PAÍS COMPARTICIPA ENSINO EM VÁRIOS ESTADOS

Centro Cultural Português no Luxemburgo vai mudar de instalações

SERÁ CONSTITUÍDO POR UM ESPAÇO AMPLO E ABERTO DE LINHAS MODERNAS

Cátedras que aliam investigação e ensino e contribuem para o prestígio da Língua e Cultura Portuguesas

NO REINO UNIDO

Na Alemanha o Português também é dinamizado pelo Estado

Inaugurado a 17 de maio de 1999, o Centro Cultural Português no Luxemburgo é destinado à promoção da cultura portuguesa, sendo também um local de encontro das culturas dos dois paí-ses. Fruto da dinâmica programação cultural que recebe, o Centro Cultural Português necessita de um novo espaço e deverá migrar proximamen-te para outra zona da capital do Luxemburgo.

“O novo edifício está situado num bairro em pleno crescimento, na zona de Merl, próximo da Embaixada e do Consulado de Portugal. Neste momento estão a ser realizadas as obras de aca-bamento. E será constituído por um espaço am-plo e aberto, de linhas modernas”, revela o coor-denador do EPE no Benelux.

Joaquim Prazeres refere que, apesar da “ex-celente” localização atual, as instalações do Cen-tro Cultural Português, têm “ pouca visibilidade do exterior”, já que ocupam o primeiro andar de um edifício de habitação, que tem o acesso condicionado pelo facto de ser um prédio resi-dencial, inacessível ao público a partir de uma determinada hora. Nesse sentido, “o projeto de transferência do Centro Cultural Português inse-re-se numa perspetiva de criar uma imagem de um Portugal moderno e dinâmico, virado definiti-

vamente para o futuro”, acrescenta Joaquim Pra-zeres, sublinhando que a valorização da cultura portuguesa “num espaço contemporâneo e dig-nificante” permite “transgredir com a visão que muitos têm sobre Portugal e a sua Cultura”.

O projeto de construção está a ser realizado pelo gabinete do arquiteto Jean Paul Carvalho que, desde o início, se disponibilizou para ela-borar os planos do novo Centro, “dando-lhe uma imagem original” que utiliza o design para ligar Portugal ao Luxemburgo, revela ainda o coorde-

nador do EPE no Benelux. “Aproveitando a vin-da ao Luxemburgo para uma conferência no MU-DAM (Museu de Arte Moderna do Luxemburgo) do designer portuense Eduardo Aires, surgiu a colaboração entre o gabinete de arquitetura e o atelier de Eduardo Aires, o White Studio”, expli-ca Joaquim Prazeres, revelando ainda que o ar-quiteto tem, desde a primeira hora, acompanha-do passo a passo o projeto, “em sintonia” com o Embaixador de Portugal no Luxemburgo, Carlos Pereira Marques.

O novo edifício está situado num bairro em pleno crescimento, na zona de Merl, próximo da Embaixada e do Consulado de Portugal

São quatro as Cátedras de Língua Portugue-sa abertas no Reino Unido. A Cátedra Gil Vicen-te, criada em 2005 na Universidade de Birmin-gham, é liderada pela Professora Patricia Odber de Baubeta; a Cátedra Charles Boxer, aberta em 2006 no King’s College University, em Londres, tem como Diretor o Professor Francisco Bethen-court; a Cátedra Sophia Mello Breyner, a funcio-nar desde 2003 na Universidade de Manches-ter, tem à sua frente a Professora Hilary Owen; a Cátedra D. João II, a mais antiga, aberta em 1996 na Universidade de Oxford, é dirigida pelo Professor Phillip Rothwell.

“O que distingue as Cátedras é o facto de se-rem polos de investigação e ensino em estudos portugueses”, explica a coordenadora do EPE no Reino Unido. Regina Duarte diz que importa per-ceber que, nas quatro universidade em questão,

“não se ensina apenas Língua Portuguesa como uma língua estrangeira”. “Há estudos portugue-ses, há licenciaturas em estudos portugueses e há investigação sobre temas portuguesas, de his-tória, literatura, linguística que é desenvolvida nestas instituições e por elas orientada”, expli-ca, revelando ainda que algumas destas Cáte-dras já foram chefiadas por outros prestigiados académicos, como Charles Boxer, Thomas Earl e Helder Macedo.

Outra instituição de ensino superior a dina-mizar o estudo da Lingua Portuguesa no Reino Unido é o King’s College.

O protocolo que instituiu a aprendizagem do Português data de 1919, ano em que foi atribuí-do o primeiro financiamento anual para a cria-ção de uma disciplina de língua e literatura por-tuguesa, com o título Cátedra Camões. E apenas

17 anos depois, em 1936, foi criado o primei-ro posto de Leitor no King’s College, recorda Re-gina Duarte.

“O Doutor João Paulo Silvestre é professor de Português e diretor do Centro de Estudos Camões naquela instituição. A Doutora Catarina Fouto é professora de Literatura Portuguesa. Há também professores de estudos de África de Língua Portu-guesa, de estudos brasileiros e de literatura com-parada, neste curso”, explica a coordenadora do EPE no Reino Unido.

Numa instituição onde o ensino do Portu-guês já é quase secular, tem aumentado o nú-mero de alunos a aprender, todos os anos, e o seu perfil é diverso. “Há alunos que se interes-sam por questões políticas, outros históricas, ou-tros literárias e a maior parte dos alunos é britâ-nica”, revela Regina Duarte.

Na Alemanha, o ensino do Português é tam-bém dinamizado pelo Estado, que o financia e comparticipa, quer no contexto da sua aprendi-zagem como Língua Materna ou de Herança quer como Língua Estrangeira, como explica a adjunta da coordenação do EPE naquele país.

Em Berlim, assegura nas Escolas Euro-peias Neues Tor (Escola Básica) e Kurt-Schwit-ters um ensino inteiramente bilingue do 1º ao 12º ano, como Língua Materna e como Língua Estrangeira.

A Região da Renânia do Norte-Vestefália, “onde por excelência se localiza a larguíssima maioria de Portugueses”, conta ainda com sete professores funcionários do Estado Alemão e que oferecem cursos de Português Língua de Heran-ça em mais de 13 localidades. “Além disso, o

Estado Alemão assegura ainda na Escola Euro-peia de Colónia o ensino de Português Língua Es-trangeira integrado no currículo, onde os alunos podem aprender do 5º ao 10º ano, bem como no Liceu Max-Planck Gymnasium de Dortmund, cujos alunos podem escolher o Português como 3ª Língua Estrangeira no 8° ou no 10° anos, sen-do também possível fazer o Abitur (exames na-cionais de acesso ao Ensino Superior) nesta dis-ciplina”, revela Carla Amado.

No Estado de Hamburgo e região próxima a norte - Baixa Saxónia, com uma larga comunida-de lusa, o Estado Alemão assegura cursos de Por-tuguês Língua de Herança por quatro Professores e em seis escolas diferentes. “Para além disso, é na cidade de Hamburgo que, nas Escolas Eu-ropeias Rudolf-Roß (Escola Básica) e Stadtteils-chule am Hafen (Escola Secundária), funciona o Projeto Bilingue Português-Alemão, ensinando--se o Português como Língua Materna e também

como Língua Estrangeira”, acrescenta a adjunta da coordenação.

No centro do país, no Estado do Hesse, a Alemanha assegura o ensino do Português como Língua Estrangeira em seis escolas. Mais a Sul, na região de Bade- Vurtemberga, existe uma Escola Europeia em Karlsruhe onde se ensina Português Língua Estrangeira; e no Liceu Ges-chwister-Scholl, em Estugarda, há também a possibilidade de se aprender Português como 3ª Língua Estrangeira a partir do 8º ano.

Para além de tudo isto, de acordo com os nossos registos, o Estado Alemão financia, ou cofinancia com o Camões, I.P., o ensino de Por-tuguês Língua Estrangeira (em cursos livres ou como parte curricular dos Estudos Românicos) em cerca de 35 Universidades.

O Centro Cultural Português em Luanda/Ca-mões, I.P acolheu até 24 de dezembro a expo-sição de pintura e instalação «A Singularidade Proverbial do Imbondeiro», do artista Don Sebas Cassule. Decorridos três anos desde a sua últi-ma exposição individual, Don Sebas Cassule re-gressou ao contacto com o público com 20 obras inéditas de pintura e duas instalações.

O Imbondeiro, abordado pelo artista ango-lano, é um símbolo maior da africanidade, par-ticularmente de Angola. Árvore mítica e místi-ca, que alimenta lendas, ritos e provérbios da cultura tradicional angolana. Tem sido, ao longo dos tempos uma recorrente fonte de inspiração para poetas, escritores, músicos, e muitos artis-tas plásticos angolanos.

TIMOR-LESTE

Comemorações dos 500 anos da chegada dos portugueses

Os 500 anos da chegada dos portugueses à ilha de Timor foram assinalados em 2015 em Timor-Leste por diversas cerimónias. Foram o ponto culminante de um programa comemora-tivo que teve, do lado português, uma forte in-cidência cultural. As comemorações, incluíram música, cinema, espetáculos de marionetas, o lançamento de livros e revistas e a realização de uma feira do livro em Oecusse, o enclave situado em Timor ocidental, onde os portugueses se esta-beleceram pela primeira vez de forma duradoura naquela ilha do arquipélago da pequena Sunda.

Entre os eventos realizados com o apoio do Camões, I.P., contou-se o Festin-Festival de ci-nema itinerante de língua portuguesa, na Fun-dação Oriente em Díli, um concerto de piano de Júlio Resende, o lançamento dos livros Timor no passado, e de Contos e Lendas de Timor-Leste, um espetáculo de marionetas pela SA Marione-tas, e da ‘Revista Povos e Culturas’, dedicada ao tema ‘Timor-Leste e Portugal: Cinco centúrias de relacionamento’.

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PRESÉPIOS p.27 25 DE DEZEMBRO DE 2015

A arte bem portuguesa dos presépiosTRADIÇÕES NATALÍCIAS

A representação do nascimento de Cristo, sempre foi uma arte muito do agrado dos portugueses e por isso, de norte a sul do país, os pre-sépios populares multiplicam-se como forma de arte popular. Daí que o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) acabe de inaugurar um es-paço museológico sobre os presépios portugueses que vale a pena visitar.

O Museu Nacional de Arte An-tiga inaugurou uma nova sala que ilustra a história dos presépios por-tugueses, produzidos entre o século XVI e o início do século XIX, desta-cando as oficinas de Lisboa.

De acordo com o museu, o per-curso expositivo da nova sala, é or-denado segundo a história artística, composto por 25 obras, incluindo presépios completos, grupos escul-tóricos e esculturas avulsas.

Todas as figuras apresentadas são em barro cozido e policroma-do, selecionadas entre a vasta co-leção de presépios e esculturas do acervo do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA)

Entre as peças estão obras cria-das por Joaquim Machado de Cas-tro, António Ferreira, Silvestre de Faria Lobo, Faustino José Rodri-gues e José Joaquim de Barros, co-nhecido como Barros Laborão.

A nova sala no edifício da rua das Janelas Verdes, será articulada com a Capela das Albertas, consi-derada “uma joia do Barroco na-cional. Na nova sala dedicada aos presépios portugueses, criada com o apoio mecenático da Fundação Millennium BCP, poderão ser vis-

A Câmara Municipal do Sabu-gal instalou um presépio de gran-des dimensões no centro da cida-de, numa área com cerca de 700 metros quadrados, que é motivo de atração turística e que deixa os ha-bitantes orgulhosos.

Na recriação do presépio de Be-lém a autarquia utilizou cerca de 500 toneladas de troncos de cas-tanheiros, heras e musgos, en-tre outros materiais recolhidos na Natureza.

“Este é o terceiro ano consecuti-vo que apostamos em fazer uma re-

tos “dos mais antigos fragmentos de figuras em barro, conservados em Portugal, até aos grandiosos conjuntos conventuais e palacia-nos do Barroco, que representam as múltiplas cenas reunidas à volta da Natividade de Cristo”.

“Entre o Classicismo e o Ro-mantismo, o artifício das composi-ções, dos cenários da natureza e da arquitetura, as figurações esculpi-das ou os retratos de sociedade de-finem o género pastoril, introduzido na arte portuguesa através, preci-samente, dos presépios”, acrescen-ta o Museu de Arte Antiga, numa nota de imprensa. No início do per-curso, surge um apontamento ar-queológico constituído por frag-mentos de figuras do presépio do Convento de Santa Catarina da Car-nota, em depósito no MNAA, rema-nescentes do mais antigo conjun-to de presépio português modelado em barro que se conserva no patri-mónio nacional, datado do último quartel do século XVI. A seguir, são apresentados os dois anjos prove-nientes do presépio desmembrado do Mosteiro de Santa Maria de Al-cobaça, concluído durante a última década do século XVII.

SABUGALPresépio com 700 metros quadrados é atracção e deixa naturais todos orgulhosos

presentação do presépio de Belém com uma forma única e genuína, indo buscar à Natureza aquilo que é da região. O presépio tem cerca de uma centena de figuras em ce-râmica que a autarquia foi adqui-rindo ano após ano, atendendo ao aumento da área ocupada, que em 2014 foi de cerca de 300 metros quadrados. O recinto natalício, que pode ser visitado até ao dia 11 de janeiro, agrada a miúdos e a graú-dos e deixa os habitantes do Sabu-gal todos orgulhosos. Não esqueça pois de fazer uma visita ao Sabugal.

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25 DE DEZEMBRO DE 2015p.28 EMPRESAS & MERCADOS

RUI MARTINS | DIRETOR GERAL DO GRUPO MAFIROL

Uma empresa virada para o futuro que exporta 75% da sua produção

Gostaria de saber um pouco da história da MAFIROL.

A MAFIROL foi constituída em 1965, altura em que iniciou ati-vidade a primeira fábrica do gru-po, produzindo esta estanteria em arame com a qual se pretendia substituir as prateleiras em ma-deira até então usadas nas pe-quenas lojas. O sucesso que foi sendo alcançado originou o cres-cimento sucessivo da empresa, permitindo o investimento em no-vos equipamentos e tecnologia, transformando a pequena em-presa de âmbito regional em líder português na área de estanteria metálica. Atualmente, para além de estanteria metálica, esta uni-dade fabril produz ainda mesas de saída, mobiliário em inox, ara-mados e uma enorme diversida-de de expositores para os mais di-versos fins, oferecendo soluções personalizadas para a distribui-ção alimentar e retalho especia-lizado (como os têxteis, calçado,

papelarias, bricolagem, multimé-dia, para-farmácias,…).

No início da década de 70, iniciou-se o processo de verti-calização, tendo sido criado um conjunto de unidades comerciais. Desta forma, a MAFIROL pas-sou também a estar diretamente no mercado e não apenas atra-vés de instaladores e distribuido-res. Atualmente a Mafirol detém seis delegações comerciais – Lis-boa, Porto, Águeda, Leiria, Braga e Viseu – onde presta um servi-ço integral que engloba o estudo e projeto de implementação dos equipamentos, a venda, a mon-tagem e posterior manutenção e assistência técnica.

Foi também na mesma época que se iniciou o processo de di-versificação industrial, passando a MAFIROL a produzir frio comer-cial. Esta atividade foi autonomi-zada em 1978, com a criação da segunda unidade fabril do grupo, dedicando-se esta à conceção e

produção de móveis refrigerados – vitrinas, murais, balcões, retro-bares, ilhas – para a exposição, conservação e comercialização de produtos alimentares. Atual-mente, esta empresa é uma das principais produtoras do setor em Portugal, exportando 75% da sua produção, 80% da qual para o mercado comunitário.

O grupo MAFIROL conta atual-mente com duas unidades fabris, seis delegações comerciais no mercado português e uma dele-gação comercial em Espanha.

Depois de anos de experiência acumulada, a MAFIROL assume--se hoje como uma empresa sóli-da, voltada para o futuro, fazen-do da inovação o caminho natural a prosseguir.

Que tipo de produtos fabrica a Mafirol e para que mercados?

Uma das nossas unidades fa-bris dedica-se ao desenvolvimen-to e produção de estanteria me-

tálica, mesas de saída, mobiliário em inox e de um vasto conjunto de expositores para os mais diver-sos fins. Estas soluções dirigem--se à distribuição alimentar e ao retalho especializado, a áreas tão diversas como os têxteis, calçado, papelarias, eletrodomésticos, fer-ragens, para-farmácias,...

A outra unidade industrial de-dica-se à conceção e produção de móveis refrigerados como vi-trinas, murais, ilhas, balcões,... Estes equipamentos destinam-se à distribuição alimentar e ao ca-nal horeca.

A exportação já é uma realidade?

A Mafirol exporta já desde a década de 80, sendo que o peso da exportação na faturação da empresa tem vindo a aumentar progressivamente ao longo dos anos.

Exportamos para mais de 30 países em todo o mundo mas so-bretudo para o mercado europeu e, dentro deste, para o mercado comunitário. De destacar, pelo seu peso nas nossas exportações, os mercados de Espanha, França, Itália, Alemanha, Reino Unido, Ir-landa, Nova Zelândia e Nova Ca-ledónia. As exportações são feitas através de parcerias com distri-buidores e instaladores locais de-vidamente conhecedores das ne-cessidades e especificidades dos seus mercados.

Qual o valor da facturação

para a exportação?O Grupo Mafirol faturou,

no último ano, pouco mais de €7.000.000 para exportação.

Fale um pouco sobre a vossa mais recente vitrina para paste-larias, a Bellini.

A vitrina Bellini é, de facto, uma das nossas mais recentes novidades para o canal horeca. Está disponível em diversas ver-sões (refrigerada, cuvetes refrige-radas, banho-maria, placa quen-te, padaria e neutra), medidas, cores e acabamentos. Compacta, delicada e afirmativa, esta vitrina de linhas direitas serve os espa-ços mais pequenos mas os mais requintados.

Ao comemorar os seus 50

anos quais são os grandes pro-jectos da Mafirol para o futuro?

A MAFIROL prosseguirá a sua estr

atégia de crescimento sus-tentado, mantendo um rigoroso controlo sobre a sua política de qualidade, cumprimento de pra-zos e especificações pré-defini-das, desenvolvimento de novos produtos,...

Mais do que fornecer equipa-mentos pretendemos disponibili-zar soluções e criar e fidelizar par-ceiros de negócio com os quais podemos, em conjunto, evoluir.

A MAFIROL tem como objeti-vo ser um dos fabricantes e forne-cedores de referência na sua área de atividade.

O grupo Mafirol dedica-se ao desenvolvimento, produção, comercialização, instalação e serviço pós-venda de equipamentos para a exposição e venda dos mais diversos produtos, nomeadamente na distribuição alimentar e hotelaria. Ocupando uma superfície coberta de mais de 30.000 m2 e gerando mais de 300 empregos diretos, o grupo dispõe de uma estrutura perfeitamente verticalizada, garante de uma adequada proximidade ao cliente e de um correto conhecimento das suas reais necessidades, permitindo-lhe conceber, desenvolver e aperfeiçoar os produtos e serviços que disponibiliza.

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25 DE DEZEMBRO DE 2015 p.29EMPRESAS & MERCADOS

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Vinhos & Gastronomia

Mais do que saber escolher e saborear um bom vinho, é preciso conhecer as suas características para o saber ade-quar a cada momento.

Falando de Vinhos Brancos

LEVES E FRESCOSCaracterísticas: São vinhos suaves e aromáticos onde predominam

notas florais e frutadas. Costumam ser providos por uma acidez firme e uma graduação alcoólica baixa. Os vinhos que melhor ilustram o estilo nascem nas denominações de Bucelas e Vinho Verde. Estes vinhos são leves e minerais, tensos e cristalinos e de baixa graduação alcoólica, ela-borados com as castas da zona – Arinto no caso de Bucelas e Alvarinho, Loureiro, Azal, Trajadura e Pedernã no caso do Vinho Verde.

Quando e como beber: Estes vinhos devem ser bebidos jovens e fres-cos. São parceiros ideais para o Verão, embora possam e devam ser con-sumidos durante todo o ano, como aperitivos, saladas e pratos de peixe e marisco. Também acompanham bem cozinha sul-asiática.

BRANCOS COM ESTRUTURACaracterísticas: Ligeiramente alcoólicos e ricos em textura, estes vi-

nhos nascem em vinhas debaixo de um sol abrasador e Verões de altas temperaturas. Estes vinhos são suaves e ricos quando nascem no Alente-jo, intensos e minerais se provêm do Douro e encorpados se originários de Trás-os-Montes. Portugal tem a vantagem de ter inúmeras castas autóc-tones capazes de preservar a acidez em climas quentes e utilizá-la para conferir frescura num vinho de lote com grande estrutura.

Quando e como beber: Os brancos com estrutura podem ser enrique-cidos com fermentação em carvalho, o que faz com que fiquem mais den-sos e estruturados, e/ou maturação em carvalho, que lhes confere sabores ligeiros ou acentuados de madeira. Estes são vinhos que casam bem com comidas de sabores fortes. Os vinhos com amoras de madeira são mais difíceis de combinar com a comida, mas estes podem fazer uma boa li-gação com comida fumada.

Os vinhos brancos tranquilos são feitos a partir da fermentação de uvas sem pele. Todavia, há alguns brancos que são elaborados a partir do processo de maceração pelicular, ou seja, as peles das uvas mantêm--se em contacto com o mosto antes da fermentação para uma maior con-centração aromática. Curiosamente, as castas utilizadas não precisam de ser apenas brancas: há vinhos brancos que utilizam castas tintas. Estes vinhos têm aspecto límpido e cor amarela bastante clara ou um pouco mais escura, a lembrar o amarelo da palha. São bastante suaves e aro-máticos (predominam os odores a flores e frutos).

MARISCO O vinho branco seco encorpado é aconselhado para acompanhar os-tras e mariscos.

PEIXE Se tiver um prato de peixe para acompanhar, opte pelo vinho bran-co seco leve.

QUEIJO O vinho branco é o néctar ideal para beber com todo o tipo de entradas, especialmente queijos cremosos.

O brancos são boas companhias para...

Como devem os brancos ser servidosTEMPERATURA O vinho branco deve ser servido muito fresco (entre os 8º e os 12º) e assim mantido durante toda a refeição (em frappé – num balde com gelo; ou envolto num refrige-rador gelado).

COPO O copo túlipa recomenda-se para servir vinhos brancos que pedem

um copo pequeno e fechado para permitir a concentração dos seus aromas e maneira a serem senti-dos em toda a sua plenitude

ORDEM O vinho branco serve-se sempre antes do vinho tinto.

As castas mais populares para os vinhos brancos

ALVARINHO A casta Alvarinho é uma das mais notáveis castas brancas portugue-sas. É uma casta muito antiga e de baixa produção que é sobretu-do plantada na região dos Vinhos Verdes. Esta casta é responsá-vel pelo sucesso dos primeiros vi-nhos portugueses “monovarietais” (uma só casta), pois em Portugal os vinhos de lote (mistura de várias castas) são mais comuns. A cas-ta Alvarinho produz vinhos bastan-te aromáticos que conservam uma acidez muito equilibrada.

ARINTO É uma casta muito versátil e por isso é cultivada em quase todas as regiões vinícolas. É na região

de Bucelas que esta casta ganha notoriedade, sendo considerada a casta “rainha” da região. O cacho da casta Arinto é grande, compac-to e composto por bagos pequenos ou médios de cor amarelada. Esta casta é frequentemente utiliza-da na produção de vinhos de lote (mais do que uma casta) e tam-bém de vinho espumante.

AZAL A casta Azal Branco é uma cas-ta de qualidade cultivada na re-gião dos Vinhos Verdes, principal-mente nas sub-regiões de Penafiel, Amarante e Basto. No início do sé-culo XX, era a principal casta para a produção do vinho branco da re-gião. Os cachos da Azal Branco

são de tamanho médio e constituí-dos por bagos grandes de disposi-ção compacta. É uma casta mui-to produtiva, de maturação tardia e os seus bagos apresentam uma cor esverdeada mesmo no final de maturação.

TRAJADURA Os seus cachos são muito compac-tos e de tamanho médio, compos-tos por bagos verde-amarelados de grandes dimensões. Os vinhos produzidos com a casta Trajadura apresentam aromas pouco inten-sos e normalmente, são um pou-co desequilibrados. É comum lotar a casta Trajadura com a cas-ta Loureiro ou, por vezes, com a Alvarinho.

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25 DE DEZEMBRO DE 2015p.30 EMPRESAS E MERCADOS

“Trabalhei no transporte nacional como motorista, mas sempre tive a ambição de chegar mais longe...”

ENTREVISTA COM JÚLIO CÉSAR RODRIGUES, SÓCIO-GERENTE DA VOUGAFRIO

Conte-nos a sua história…Desde jovem sempre gostei mui-

to de conduzir. Quando tirei a car-ta trabalhei no transporte nacional como motorista, mas sempre tive a ambição de chegar mais longe, de crescer. Por isso comecei a conduzir no transporte internacional.

Andei durante vários anos no transporte internacional com a mi-nha esposa que também foi motoris-ta e sempre me acompanhou. Trans-portávamos mercadorias em geral, mas por último, trabalhamos com camiões frigoríficos e assim fomos conhecendo clientes e conhecendo o mercado alimentar e da temperatura controlada.

Por motivos de força maior, a empresa para a qual trabalhávamos com sede na Holanda, fechou. Da cri-se surgiu a oportunidade, e lancei-me por conta própria.

Começámos pouco a pouco com um camião e com base nos conhe-cimentos que já tínhamos adquiri-do anteriormente, formámos socie-dade com a família Faísca e fomos crescendo cada vez mais, adquirin-do mais camiões. Hoje a empresa é constituída na sua totalidade por ca-miões frigoríficos.

Com o decorrer da nossa ativida-de foi necessário inovar com camiões frigoríficos para transporte com diver-sas temperaturas diferentes no mes-mo camião, no alimentar para os con-gelados, os frescos e o calor, como por exemplo o chocolate e os ovos de in-dústria e o seco, mas também para o transporte de medicamentos, flores, plantas e outros produtos de tempe-ratura controlada. Fomos adaptando a frota às necessidades, àquilo que os nossos clientes exigem, e assim, fo-mos trabalhando e fomos crescendo.

(...) a empresa para a qual tra-balhávamos com sede na Ho-landa, fechou. Da crise surgiu a oportunidade e lancei-me por conta própria (...)

A Vougafrio transporta para que países?

Fazemos transporte regular para os nossos clientes na França, na Bél-gica, no Luxemburgo, na Holanda, na

Alemanha e em Inglaterra. Estamos especializados na grupagem e faze-mos um trabalho muito delicado e exigente. Caso o cliente tenha neces-sidade de transportar uma só palete, nós estamos habilitados para isso. Os nossos camiões estão equipados com plataforma elevatória, com porta pa-letes que pode fazer a carga ou a des-carga, conforme a necessidade, até na própria casa do cliente.

De igual forma, aproveitamos a sinergia para realizarmos serviços de importação especializados no trans-porte de flores e plantas, em particu-lar para Portugal e Espanha.

Quantos camiões tem a Vougafrio?

A Vougafrio tem mais de vinte camiões a circular sempre com dois motoristas.

No escritório, na parte da coor-denação da logística, temos também responsáveis pela importação, pela exportação, pelos recursos humanos.

É necessária toda uma equipa qualificada e polivalente para conse-

guir coordenar toda a grupagem, as entregas e as recolhas, tanto no na-cional, como no internacional.

(...) Começámos pouco a pou-co com um camião e com base nos conhecimentos que já tí-nhamos adquirido anterior-mente, formámos sociedade com a família Faísca e fomos crescendo cada vez mais, ad-quirindo mais camiões. Hoje a empresa é constituída na sua totalidade por camiões frigorí-ficos. (...)

O facto de haver muitos portu-gueses residentes no estrangeiro ajuda a movimentar o negócio das transportadoras?

O português é um povo muito apegado à tradição. O português re-sidente no estrangeiro consume mui-tos produtos portugueses e claro que isto faz movimentar o negócio nos transportes, mas também, derivado ao seu carinho pela nossa cultura e gastronomia, torna-se um embaixa-

dor, acabando por ensinar o estran-geiro a consumir produtos portugue-ses, porque hoje em dia não é só o português residente no estrangeiro que consume produtos portugueses no estrangeiro.

Que desafios se colocam para os transportes nos próximos tempos?

De certa forma, tudo o que acon-tece no mundo afeta o serviço dos transportes. Estes são o sangue de uma economia e quando uma econo-mia abranda, reduz-se a necessidade dos nossos serviços.

A instabilidade no Médio Orien-te, as oscilações do mercado petro-lífero, a própria liberdade de circu-lação na União Europeia (vejam por exemplo o caso em curso do “Bre-xit” ou até nas aplicações de regu-lamentos nacionais em certos países que dificultam a vida para os países periféricos, como o caso “Milog” na Alemanha), aumentam o grau de in-certeza perante o futuro, o que retrai o investimento.

Mas os transportadores estão

habituados a um mundo em cons-tante mudança, e, à boa manei-ra portuguesa, “havemo-nos de nos desenrascar”.

Costuma ler o Mundo Português?Gosto muito de ler o jornal “Mun-

do Português” e aproveito para ape-lar a todos que o façam também para manter a ligação entre os portugueses em toda a parte do mundo.

O jornal também organiza even-tos, como o SISAB PORTUGAL que promovem Portugal e os produtos portugueses e claro ativam os negó-cios. São eventos abertos, amplos, logo, muito fiáveis.

(...) Com o decorrer da nossa atividade foi necessário inovar com camiões frigoríficos para transporte com diversas tem-peraturas diferentes no mes-mo camião. Fomos adaptando a frota às necessidades, àquilo que os nossos clientes exigem, e assim, fomos trabalhando e fomos crescendo (...)

Júlio César Rodrigues, sócio-gerente da Vougafrio Transportes

A Vougafrio Transportes com sede em Estarreja foi criada há 11 anos e desde então tem trilhado um caminho de sucesso e crescimento apoiado nas melhores práticas de segurança, qualidade e rapidez do serviço com pontualidade e respon-sabilidade. Especialista em grupagem alimentar, temperatura controlada e outros, (tratamento de mercadorias diversas de vários expedidores, que são agrupadas, e a seguir distribuídas aos destinatários individuais) desenvolve um trabalho muito delicado e exigente com a máxima competência e habilitações. Júlio César é participante no sucesso da Vougafrio Transportes, na companhia dos seus sócios da família Faísca.

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25 DE DEZEMBRO DE 2015p.32 EMPRESAS & MERCADOS

ENTREVISTA WINE VENTURES

Dr. Francisco de Sousa Ferreira e Engª Luís Melo

A Wine Ventures é uma empresa de vocação internacional com base operacional em Lisboa. O Mundo Português visi-tou as instalações da Quinta do Romeira e conversou com o Principal Acionista e Presidente, Dr. Francisco de Sousa Ferreira e com o Diretor de Mercados Internacionais Engº Luís Melo que partilharam connosco a sua visão para este grande projeto vitivinícola.Conte-nos a história da ‘Wine Ventures’…Francisco de Sousa Ferreira - A ‘Wine Ven-tures’ foi fundada em setembro de 2013 e nasceu para implementar um projeto que eu concebi e criei na área do vinho. O primeiro passo foi a compra da Quinta da Romeira, porque a Quinta tem uma localização muito boa sob o ponto de vista logístico – está no meio do país – e, acima de tudo, está numa região que tem um importante fator de dife-renciação, ou seja, é a única região demar-cada que tem só vinhos brancos e, portanto, o vinho, nomeadamente os Arintos de Buce-las, têm características únicas pela sua fres-cura e têm, no meu entender, possibilidade de ter sucesso nos mercados internacionais. Juntou-se, por um lado, uma localização óti-ma a um produto, de facto, com caracterís-ticas que podem ser trabalhadas e numa re-gião que exporta já há muitos anos, desde os tempos das invasões napoleónicas, pelo me-nos para Inglaterra. Esta é a base de tudo. Foi por aí que arrancou e, depois disso, tem vindo a dar passos noutros sentidos e a im-plementar o projeto que, no fundo, era aqui-lo que nós queríamos.

(...) Juntou-se, por um lado, uma loca-lização ótima a um produto, de facto, com características que podem ser tra-balhadas e numa região que exporta já há muitos anos (...)

Fale-nos sobre o portefólio de vinhos da ‘Wine Ventures’.Luís Melo - Nós temos o nosso portefólio di-vidido em 4 segmentos, desde logo o que denominamos ‘Single Quinta Editions’, que inclui vinhos de Quinta, produzidos a partir de uvas de vinhas selecionadas e que repre-sentam a expressão máxima do terroir. Des-de logo, o ‘Quinta da Romeira’, um DOC Bu-celas branco, 100 por cento arinto, com um perfil internacional, dirigido a uma camada mais jovem de consumidores e que tem tido muito sucesso em vários mercados interna-cionais. Temos, depois, o ‘Quinta da Romeira - Vinho Espumante’, um espumante método clássico que tem também uma presença mui-to interessante, não só em Portugal, como em vários mercados internacionais. O ‘Co-

lheita Tardia’, que é um vinho com caracte-rísticas muito próprias, excelente como ape-ritivo ou para acompanhar sobremesas. O segundo segmento consta da nossa coleção de vinhos de Arinto. O Dr. Francisco Ferreira dizia há pouco que o Arinto é uma das nos-sas diferenciações e, efetivamente, a Quin-ta da Romeira (cuja assinatura é The Arinto Makers) detém as marcas líder de arinto em Portugal. Detemos a maior vinha de Arinto do país e isso dá-nos também particulares responsabilidades em levar aos consumido-res tudo aquilo que é a versatilidade e o po-tencial desta casta emblemática nascida em Bucelas. O nosso ‘Prova Régia’, é o vinho branco da Região de Lisboa que mais ven-de no mercado nacional, sendo a marca lí-der do segmento. O ‘Prova Régia Reserva’, é um vinho mais estruturado, mais gastronó-mico, ideal para acompanhar vários pratos. Tem vindo a ganhar prémios internacionais e a ter uma presença mais forte em várias geografias. Depois, temos o nosso topo de gama que é o ‘Morgado de Santa Catherina’, um vinho único. É o resultado de um longo e cuidadoso processo, a começar pela esco-lha das melhores uvas de Arinto da Quinta da Romeira com exposição sul, passando por fermentação em barricas de carvalho francês e bâtonnage. É considerado um dos melhores vinhos brancos de Portugal e, porventura, da Europa, com um longo histórico de prémios em concursos internacionais. Aproveito para evidenciar as especificidades organoléticas do Arinto de Bucelas: a sua mi-neralidade possibilita um conjunto de com-binações com vários pratos de cozinha in-ternacional e nacional muito interessante. A segunda característica do arinto ou dos vi-nhos feitos com arinto tem que ver com a longevidade. O nosso topo de gama, o ‘Mor-gado de Santa Catarina’, tem um tempo de guarda que pode atingir os 10 anos. O nos-so ‘Prova Régia’, o entrada de gama, tem um tempo de guarda de 2 a 3 anos, o que não é comum em vinhos brancos e isto também é algo interessante, não só para os consu-midores, mas também para os nossos par-ceiros do comércio, para quem é importante que ao listarem um vinho branco, tenham a garantia de que o mesmo pode ser consumi-

do durante alguns anos em perfeitas condi-ções sendo que, em geral, melhora com o passar do tempo. O nosso terceiro segmento de vinhos: Sele-ção Premium passa pela nossa marca ‘Prin-cipium’, uma marca umbrela que foi desen-volvida a pensar não só nos consumidores portugueses, mas também nos mercados in-ternacionais. A oferta está organizada por castas. Cada vinho tem duas castas, uma casta internacional e outra nacional. A casta internacional dá conforto aos consumidores que já a conhecem e, ao mesmo tempo, dão um indicador de sabor, ou seja, um consu-midor quando está a consumir por exemplo um ‘Merlot’, seja na Austrália, seja nos Es-tados Unidos ou em Portugal, tem uma re-ferência de sabor do vinho. E isso pode faci-litar a escolha.

(...) Nós acreditamos que é muito im-portante ter um serviço de excelência para os nossos clientes (...)

Por fim, temos a nossa gama clássica, vinhos para um consumo regular diário por parte dos nossos consumidores. Neste momento, a oferta passa pelo ‘Vivere’, um vinho fácil de beber, ideal para um consumo regular e informal ou para a aventura de iniciação ao consumo de vinho por parte de jovens consu-midores. Isto que lhe acabei de dizer perfaz o portefólio da ‘Wine Ventures’. A par disto nós criámos a ‘Fine Wine Alliance’, uma joint venture constituída por 4 produtores de vinho portugueses, que decidiram juntar o seu por-tefólio de vinhos para serem mais competiti-vos, eficazes e eficientes, no contexto inter-nacional. Para além da Wine Ventures-Quinta da Romeira, a Fine Wine Alliance é constitu-ída pela Quinta de Cottas, no Douro / Cima Corgo, pela Quinta de São Sebastião que, tal como nós, está sediada na região de Lisboa (Arruda dos Vinhos) e pela Casa de Santa Vi-tória, no Alentejo, próximo de Beja.A Casa de Santa Vitória faz parte do Grupo hoteleiro Vila Galé. Dispõe de um olival, vi-nha, adega e hotel rural numa herdade com cerca de 1.600 ha. A Quinta de S.Sebastião

tem um portefólio de vinhos muito interes-sante e diversificado desde os vinhos de en-trada de gama até vinhos premium de quin-ta. É o exemplo de reconversão de uma propriedade da iniciativa do Sr. António Pa-rente, empresário ligado a vários setores de atividade e que assim ajuda a valorizar a oferta de vinhos da Arruda dos Vinhos, com muitos anos de trabalho na produção de vi-nhos. A Quinta de Cottas é um projeto lide-rado por Isabel e Pedro Carmo, uma família de há muito ligada ao vinho e ao Douro e que passou pela reconversão de uma proprieda-de no Cima Corgo, com base nas castas au-tóctones do Douro, combinando vinhas de várias idades.

A ‘Wine Ventures’é também responsável pelo lançamento de um produto inovador que visa a alteração de hábitos de consu-mo de vinho a copo… Francisco de Sousa Ferreira - De facto, exis-te uma oportunidade no mercado que tem que ver com vinhos que sejam mais fáceis de beber, dirigidos às camadas mais jovens e que estão a iniciar-se no consumo de vi-nho. Quando falamos de jovens, estamos a falar de consumidores na faixa dos 25 aos 30 anos. Hoje em dia, há uma tendência de consumo de ‘vinho a copo’, porque o consu-mo de ‘vinho a copo’ é um consumo mais responsável. Cada pessoa doseia a quanti-dade exata que pretende beber e, portanto, também é uma iniciativa que fomenta o con-sumo responsável. Nós associámo-nos com a ‘Central de Cervejas’, do grupo ‘Heineken’, e introduzimos no mercado vinho embalado em barris, sai de uma torneira, semelhante à da cerveja. Com isso, asseguramos perfeitas condições do vinho, que nunca está em con-tacto com o ar e que o vinho entra em pontos de venda onde tradicionalmente não existe consumo de vinho e isso é uma tendência.

(...) existe uma oportunidade no mer-cado que tem que ver com vinhos que sejam mais fáceis de beber, dirigidos às camadas mais jovens e que estão a iniciar-se no consumo de vinho (...)

“Este é um projeto que vai crescer em termos de oferta...”

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25 DE DEZEMBRO DE 2015 p.33EMPRESAS & MERCADOS

Como produtores de vinho, temos interesse em captar novos consumidores e temos que os captar com vinhos que sejam acessíveis e agradáveis em termos de sabor e fáceis de beber. Depois, à medida que vão consumin-do, o próprio palato vai desenvolvendo e, na-turalmente, vão querer ter outras opções, vão querer ter outro tipo de perfis, mas isso acon-tece com todos os produtos alimentares, por-que todos nós evoluímos. Hoje, precisamos de uma coisa. Amanhã, essa coisa já não nos satisfaz, já queremos outra e o vinho tam-bém é assim. O que nós acreditamos é que o vinho é um produto que tem que ser de-mocratizado, ou seja, tem que chegar perto dos consumidores e essa é uma das nossas apostas enquanto empresa. Levar a catego-ria junto dos consumidores. Não têm que ser os produtos mais premium. Não tem que ser algo que seja muito sofisticado e que as pes-soas, às vezes, quase que acabam por sentir algum afastamento face ao próprio produto. O vinho é uma bebida que existe há muitos anos, já antes dos romanos, e não tem nada de transcendente. Serve única e exclusiva-mente para que as pessoas tenham prazer e, portanto, esta necessidade, este desejo e esta vontade de aproximar a categoria das pesso-as e interagir com elas é, de facto, uma das nossas apostas e ter cada vez mais vinhos em formatos e formas que sejam acessíveis, não só em termos de preço, como em termos de localização e que, no fundo, possamos entre-gar o prazer que é o que se pretende com o produto, de uma forma mais fácil e mais efi-caz. Essa, digamos, é a nossa aposta. Talvez aquilo que nos diferencia é a forma como nós vemos o mercado.

Estamos a falar de vinhos brancos?Francisco de Sousa Ferreira - Neste mo-mento, estamos a falar de vinhos brancos. Este é um projeto que vai crescer em termos de oferta, não só em largura, como em pro-fundidade, ou seja, vai haver outro tipo de oferta, mas que, neste momento, temos o primeiro ano de atividade com bastante su-cesso. O nosso parceiro está muito satisfei-to. Nós também. Acho que os consumidores também, porque o consumo é bastante inte-ressante. Todos ganhamos quando assim é.

Em que mercados se encontram os vossos vinhos?Luís Melo - O vinho de barril, neste momento, está a ser comercializado apenas no merca-do português apesar de nós estarmos a olhar para várias oportunidades e vários mercados, nomeadamente no espaço europeu, para po-der vir a expandir. Ainda estamos numa fase de prospeção e de avaliação das oportunida-des em concreto. A Quinta da Romeira já exporta os seus vi-nhos, as suas marcas, nomeadamente o ‘Pro-va Régia’ e o ‘Morgado Santa Catarina’ há alguns anos. A ‘Wine Ventures’ com a aqui-sição da Quinta da Romeira adquiriu tam-bém um negócio que já existia com presen-ça a nível internacional. Podemos dizer que as nossas marcas já estão presentes em vá-rios mercados europeus, africanos, asiáticos, norte-americano, sul americano e Austrália.

Existe uma base, desde já, o que é muito bom para nos ajudar a crescer e a alavancar o nosso negócio. Estamos numa fase de cres-cimento muito ativo, sobretudo, neste último ano quando começámos de uma forma mais estruturada a olhar para os diferentes mer-cados, a fazer prospeção, numa política de expansão ativa a nível internacional e, para isso, efetivamente, não só o portefólio alar-gado de que falámos ajuda, mas também o facto de sermos uma equipa experiente e que anda na área internacional já há alguns anos. Nós acreditamos que é muito importante ter um serviço de excelência para os nossos clientes. Essa é uma das outras áreas muito importantes para nós. Os nossos parceiros da Fine Wine Alliance são também uma par-te integrante da equipa e também nos aju-dam bastante a alavancar a nossa presença. Tudo isto na prática, reflete-se nos cresci-mentos significativos que estamos a ter em vários mercados internacionais.

(...) A ‘Wine Ventures’ com a aquisição da Quinta da Romeira adquiriu tam-bém um negócio que já existia com presença a nível internacional (...)

Qual é a sua opinião acerca do SISAB PORTUGAL?Francisco de Sousa Ferreira - Acompanho o SISAB PORTUGAL desde a primeira edição, tenho um carinho especial por este evento, mas tirando esta nota mais pessoal e procu-rando fazer uma análise objetiva. No fundo, acho que há ali, desde logo, uma diferencia-ção. Feiras existem muitas, hoje nós abri-mos o calendário de feiras e de eventos, seja em que atividade for, existem muitas opções. Neste caso, os produtores de vinho também têm que selecionar e fazer as suas escolhas e não podem ir a todas, mas o SISAB POR-TUGAL é aquela que, desde logo, não fa-lhamos. A proximidade entre as pessoas e o sentido de comunidade é algo característico e único que se vive nesta feira. Outro aspeto importante também que se vê muito em con-creto é que o SISAB PORTUGAL passou a es-tar na agenda, não só dos exportadores por-tugueses do setor alimentar e bebidas, mas também dos principais importadores de vá-rios mercados. Eu tenho alguns clientes com quem falo e dizem “Nós depois falamos no SISAB PORTUGAL. Não se preocupe que de-pois encontramo-nos lá”. Eles já têm o SISAB PORTUGAL na agenda e contam com a feira para a sua planificação anual. Acho que es-tes dois aspetos são interessantes. O senti-do de proximidade entre as pessoas, o facto de o evento já estar na agenda dos principais exportadores e dos principais importadores. Há um outro aspeto que a organização do SISAB PORTUGAL tem vindo a desenvolver ao longo dos últimos anos que é a procura em alargar o target, não só dos países, mas como de possíveis e de potenciais importa-dores. Tem-se notado esse esforço para que existam outras pessoas e pessoas represen-tantes de outros países, que não os países tradicionais com quem Portugal tem relações de negócio há mais tempo. Esse aspeto tam-bém é muito positivo.

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25 DE DEZEMBRO DE 2015p.34 EMPRESAS & MERCADOS

JOÃO SANTOS | ADMINISTRADOR DA CHURRASQUEIRA REI DOS FRANGOS LDA

O frango assado ultracongelado de Leiria para os consumidores internacionais

Perna de frango com puré de batata

MP- Conte-nos um pouco a histó-ria desta empresaJoão Santos – Tudo começou com uma churrasqueira tradicional ini-ciada pelos meus pais, que são na-turais de Minde e Caldas da Rainha e que estiveram três anos emigra-dos no Canadá. Quando regressa-ram, com a ajuda dos meus avós, abriram uma churrasqueira no cen-tro de Leiria. Uma churrasqueira muito pequena, daquelas tradicio-nais em que o cliente esperava jun-to à assadeira e indicava o frango que queria e que estava a ser assa-do. Hoje a empresa é da família e fazer o contraponto com o que era o Rei dos Frangos há 26 anos e o que somos hoje trás sempre algu-ma nostalgia.

MP- A assar frangos constituíram uma marca e soluções alimentares com sabor e qualidade caracterís-ticos da verdadeira comida tradi-cional portuguesaJS- Mas o negócio dos frangos, deixa que lhe acrescente, começou com o meu avô que teve um mata-

Frango assado na brasa com molho piri-piri, limão ou laranjaTodo o sabor do frango português, assado na brasa de carvão ao jeito tradicional. Uma verdadeira delícia...

Grilled chicken (Portuguese recipe) with piri-piri | lemon | orange sauceAll the flavour of Portuguese chicken, grilled on coal, as required by tradition. Truly delicious...

253740 gr

Poulet grillé à la portugaise et sa sauce picante | citron | orangeToute la saveur du poulet portugais, rôti de manière traditionnelle au charbon de bois. Un vrai délice...

Brathähnchen nach portugiesischer Art mit Pikanter soße | Zitronensoße | OrangensoßeDer volle Geschmack des portugiesischen Hähnchens, auf Kohle nach traditioneller Art gegrillt. Eine wahre Köstlichkeit...

Pollo asado a la portuguesa consalsa piri-piri | limón | naranja Todo el sabor del pollo portugués, asado en brasas de carbón a la manera tradicional. Una verdadera delicia...

A Rei dos Frangos é a nova e diferenciada marca do mercado de comida confeccionada, fruto do conhecimento acumulado durante 26 anos na área alimentar, e da percepção das necessidades do cliente, qualidade, sabor e comunidade. A inovação é palavra de ordem e quem imaginaria um frango assado na brasa de carvão ultracongelado?Com os seus produtos nos mercados internacionais fomos a Leiria à zona industrial Cova das Faias em Marrazes falar com João Santos, fi-lho do fundador da empresa e que na qualidade de administrador nos fala e nos dá a conhecer a mesma.

douro e uma churrasqueira, o João dos Frangos, nas Caldas da Rainha e mantemos a tradição de manter o nome João na sucessão da famí-lia, meu avô João, um pai João e eu João.

Em relação à marca Rei dos Frangos, hoje temos 19 take aways em Portugal e três restaurantes com a marca Frangus e temos dois take aways e um restaurante em Madrid. Em Portugal temos três franchisings em Alcobaça, Montijo e Entroncamento e também temos o franchising de Madrid. Não pro-duzimos frangos, temos parcerias com matadouros e temos o “nos-so frango” ou seja uma linha nos-sa, onde ele é limpo, chamuscado, aberto, retirado o excesso de gor-duras e esfregado à mão o tempe-ro da casa. Sai daqui em fresco, temperado para as lojas e não ven-demos nenhum frango sem ter 24 horas de tempero. O segredo está no tempero e esse segredo está en-tre mim e meu pai e graças a isso nasceu e criámos o frango assado para a exportação, em que fomos

pioneiros na criação do frango as-sado na brasa ultragongelado para a exportação, pois não vendemos este produto em Portugal.

MP- Fale-nos dessa criação inovadora e da estratégia de internacionalizaçãoJS- É frango assado em carvão ve-getal, ultracongelado e somos os únicos que o temos. É marinado por nós com os nossos molhos de laranja, limão ou picante, assado e ultracongelado e as pessoas em casa só tem que o colocar no forno. Ninguém acreditava que o produ-to fosse bom, foi necessária muita persistência para acreditarem que o resultado é surpreendente em ter-mos de sabor e de suculência.

Chama-se a isto inovação. Na altura não havia a necessidade do consumidor pelo produto e saben-do da mais valia do nosso frango, havia que encontrar forma de o fa-zer chegar aos mercados de expor-tação, com o mesmo sabor que aquele que se encontra nas nossas lojas. Foram 18 meses de testes até

lançarmos no mercado este produ-to inovador.

Estamos assim com o nos-so frango, e refeições congeladas, em todo o mercado da saudade na Europa e até enviamos algum pro-duto para Hong Kong. Neste mo-mento já estamos a trabalhar com algumas grandes cadeias de distri-buição na Europa e o lançamen-to tem-se revelado um sucesso. A nossa estratégia de internacionali-zação passa por criar mais parce-rias de distribuição nas Américas,

Europa e Ásia.

MP- Tem tido uma presença no SI-SAB PORTUGAL e podem referir se o evento tem revelado interes-se para a vossa marca e produtos

JS- Já estivemos por duas edições no SISAB PORTUGAL. A primei-ra vez não correu como desejámos mas a segunda participação foi im-portante dado que o produto que enviámos para Hong Kong foi atra-vés de cliente que conseguimos e

Embalagem de moelas

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25 DE DEZEMBRO DE 2015 p.35

O frango assado ultracongelado de Leiria para os consumidores internacionais

EMPRESAS & MERCADOS

(...) Actualmente temos 35 clientes internacionais activos e queremos conquistar mais mercados e ter mais parceiros a trabalhar a nossa marca. Curiosamente começámos na Alemanha, e depois França, Reino Unido, Luxemburgo, Suíça, Bélgica, Holanda, Espanha e Hong Kong. (...)

Bacalhau à bráz

(...) É frango assado em carvão vegetal, ultracongelado e somos os únicos que o temos. É marinado por nós com os nossos molhos de laranja, limão ou picante, assado e ultracongelado e as pessoas em casa só tem que o colocar no forno. Ninguém acreditava que o produto fosse bom, foi necessária muita persistência para acreditarem que o resultado é surpreendente em termos de sabor e de suculência (...)

conhecemos nessa participação do SISAB PORTUGAL.

Vamos voltar a participar no SI-SAB em 2016 onde esperamos re-forçar as relações com os nossos clientes e, fundamentalmente, co-nhecer novos parceiros.

Actualmente temos 35 clien-tes internacionais activos e que-remos conquistar mais mercados e ter mais parceiros a trabalhar a nossa marca.

Curiosamente começámos na Alemanha, e depois França, Rei-no Unido, Luxemburgo, Suíça, Bél-gica, Holanda, Espanha e Hong Kong.

MP- Mas vejo aqui no catálogo que a gama de produtos alimentares não se resume ao frangoJS – Sim, é verdade. Além do fran-go assado exportamos uma gama de refeições unidoses congelados e uma gama em tabuleiros de 2 Kg para profissionais.

Destaco a nossa linha de pra-tos típicos como a Feijoada à trans-montana, a Dobrada, as Favas e Moelas à portuguesa. Além destes temos o Bacalhau à Brás (já com ovo!) e os tradicionais Arroz de pato assado, Bacalhau com natas e Em-padão de carne. Acabada de lan-çar temos agora mais uma refeição completa, a Perna de frango assada no forno com puré e já estamos a trabalhar e a testar novidades para 2016.

O foco das nossas refeições congeladas é sempre a qualidade e é graças a isso e aos nossos par-ceiros que temos obtido sucesso.

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25 DE DEZEMBRO DE 2015p.36 EMPRESAS & MERCADOS

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Como nasceu a Armando Gonçal-ves & Filhos?

Esta é uma empresa fami-liar, criada pelo meu pai, que até 1982 trabalhava em nome individual.

Fruto das transformações do país, ele entendeu avançar para uma sociedade e a empresa pas-sou então a chamar-se Armando Gonçalves & Filhos.

Eu estive desde sempre ligado

à empresa, neste momento duas das minhas filhas trabalham cá e está previsto que no próximo ano os meus outros dois filhos tam-bém ingressem nos quadros da empresa.

RUI CATARINO GONÇALVES ADMINISTRADOR DA ARMANDO GONÇALVES & FILHOS, LDA

“Nos últimos anos temos vindo a crescer na exportação” Fundada em 1982, a Armando Gonçalves & Filhos, é uma empresa familiar que resulta de uma firma originalmente criada pelo pai do atual administrador. Dedica-se à produção, transformação e distribuição de produtos alimentares, sendo hoje uma das principais empresas em Portugal a produzir produtos lácteos e charcutaria. Consolidado o mercado nacional, a grande aposta é a internacionalização. Para além dos países para onde já exporta, a Armando Gonçalves & Filhos aponta também baterias ao Leste da Europa, aos países árabes e ao Brasil, mantendo ainda uma forte aposta no mercado de Angola, onde está projetada a construção de uma unidade fabril, como revelou Rui Catarino Gonçalves, administrador da empresa.

É a garantia da continuidade.A empresa produz e comerciali-za uma gama bastante variada de produtos. Vendem para todo o território nacional?

Estamos em todo o território nacional e em todos os segmentos de mercado, a moderna distribui-ção e os grossistas tradicionais.

Fazemos marcas próprias para todas as companhias e através da moderna distribuição, atingimos o público em geral e o canal Horeca.

O portfolio assenta basica-mente em dois pilares: os deriva-dos do leite, onde tem uma ver-tente muito forte nos queijos, e os derivados da carne de porco com uma vertente muito forte no pre-sunto. Na área dos produtos lác-teos, transformamos a partir do corte, fatiagem e embalagem dos queijos.

No caso dos derivados do por-co e no que diz respeito ao pre-sunto temos uma unidade de pro-dução em Mação, Beira Baixa. E estamos em toda a linha da trans-formação. A unidade de Mação foi criada no início dos anos 90 do século passado.

Passou já por duas amplia-ções e vamos introduzir mais equipamentos, substituir alguns e inovar. O mercado está perma-nentemente em transformação e hoje em dia a dinâmica é mui-to grande.

Quantos funcionários trabalham na Armando Gonçalves & Filhos?

No entreposto somos 12 e na fábrica somos, dependendo da época do ano, entre 30 e 35.

Para além das marcas próprias da empresa, também produzem marcas para os clientes que as-

sim o desejarem?Sim, hoje em dia, a forma

de alavancar os negócios é es-tar no mercado de duas formas: com as nossas marcas e com as marcas próprias que elaboramos para praticamente toda a moder-na distribuição.

De entre o nosso portfolio, te-mos a marca ‘Da Floresta’, que concentra os produtos da área dos lácteos e a marca ‘Gonça-los’, da área das carnes.

Na área dos queijos, o produ-to ‘líder’ é, sem dúvida, o queijo tipo barra e temos diferentes ti-pos. No presunto, são os fatiados e em pedaços.

Hoje em dia é fundamental estarmos nas duas frentes.

Os custos de produção são de-terminantes na rentabilidade das empresas e sem economias de escala não se consegue ter pre-ços suficientemente competitivos para ser minimamente rentável.

“Temos uma unidade de produção em Mação, Beira Baixa. E estamos em toda a linha da transformação. A unidade de Mação foi criada no início dos anos 90 do século passado. Passou já por duas ampliações e vamos introduzir mais equipamentos, substituir alguns e inovar. O mercado está permanentemente em transformação e hoje em dia a dinâmica é muito grande”

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25 DE DEZEMBRO DE 2015 p.37EMPRESAS & MERCADOS

Também fazem marcas pró-prias para clientes no estrangeiro?

Fazemos já algumas marcas próprias para exportação, nomea-damente para dois mercados. Fa-zemos marca própria do (queijo) ‘Kero’, para Angola, temos cinco referências das marcas próprias do ‘Kero’. E temos uma referência em Moçambique, num dos princi-pais operadores do mercado da-quele país.

E depois, felizmente, temos as marcas comerciais da nossa empresa a serem exportadas para vários países.

Esta expansão mantém-se num país que ainda sofre as conse-quências da crise económica e fi-nanceira. Qual é o ‘segredo’ para manterem esse crescimento?

Tem muito que ver com o ‘DNA’ português. Por alguma ra-zão, andamos 500 anos pelo mundo; por alguma razão, entra-mos numa crise com o peso das exportações a valer 20% e vol-támo-nos para fora, conseguin-do duplicar em termos relativos o peso das exportações em rela-ção ao PIB nacional.

Os portugueses têm essa ca-pacidade e nós não fugimos à re-gra. Para a nossa empresa, as ex-portações ainda não representam 40%, mas o sector agro-indus-trial é o que mais peso tem tido nas exportações portuguesas.

A área da exportação tem sido uma prioridade…

Nos últimos anos temos vin-do a crescer na exportação. Em 2014 atingimos um valor que é ‘psicológico’: conseguimos expor-tar um milhão de euros. Mas mes-mo assim ainda estamos só num dígito (na exportação) em relação ao nosso volume de negócios.

A nossa pretensão é continuar a crescer e desde o início do ano já estamos a funcionar com uma sociedade em Angola, onde te-mos um projecto para replicar a parte industrial.

Essa empresa, implantada em Luanda, tem que ver com uma es-tratégia de abordagem do merca-do angolano, muito importante para o nosso sector.

Já temos um espaço na Zona Económica Especial (ZEE) onde a qualquer momento estamos à espera de iniciar a construção de uma fábrica de transformação e que será também um entreposto. Angola tem uma dimensão sufi-cientemente grande para rentabi-lizarmos este projecto apenas no mercado angolano. Quanto aos outros países de África, continua-remos a trabalhar a partir de Por-tugal, salvo raras exceções.

Exportam então para outros paí-ses do continente africano?

Sim, mas Angola, é o nosso principal mercado. Em Moçam-bique, estamos a consolidar uma parceria que, pensamos, vai a cur-to prazo dar frutos e durante o pró-ximo ano acredito que as exporta-ções para aquele país poderão ter outra alavancagem. Exportamos ainda com alguma regularidade para Cabo Verde e São Tomé.

Em quantos países ao todo, já co-mercializam os vossos produtos?

Para além dos países africa-nos, vendemos para Espanha, Alemanha, Macau e estamos a desenvolver uma parceria para Inglaterra.

Já exportam há muito tempo?Já exportamos há muitos

anos. Mas esse sector, até 2009, estava confinado aos PALOP e muito concentrado num mercado que até essa altura tinha um peso muito grande, que era o dos caba-zes de Natal para Angola. Desde então a situação mudou comple-tamente na medida em que inte-gramos missões empresariais um pouco por todos os PALOP e Áfri-ca do Sul.

No fundo, o objectivo para o próximo ano é tentar entrar em

“De entre o nosso portfolio, temos a marca ‘Da Floresta’ que concentra os produtos da área dos lácteos e a marca ‘Gonçalos’, da área das carnes. Na área dos queijos, o produto ‘líder’ é, sem dúvida, o queijo tipo barra e temos diferentes tipos”

mais alguns mercados e alavan-car a nossa presença na Europa.

Estamos neste momento a fazer uma primeira abordagem aos mercados do Leste da Euro-pa com uma proposta para a Po-lónia, e com uma outra empresa para nos representar em outros mercados do Leste da Europa e nos países árabes.

No Brasil já iniciamos um pro-cesso de licenciamento para ex-portação, já fomos auditados na nossa fábrica há cerca de tês anos, mas tem havido muita di-ficuldade depois em licenciar a parte administrativa do processo no Brasil. Contrariamente ao que muitos dirigentes governamentais brasileiros dizem, o Brasil não é um país ‘aberto’. A União Euro-peia e Portugal deveriam ter outra atitude em relação a esta proble-mática, porque eles assinam os acordos e não os cumprem. Já va-mos na terceira entidade que nos está a apoiar administrativamen-te no Brasil e não conseguimos concluir o processo, depois de a empresa ter aqui sido auditada e autorizada, do ponto de vista da higiene e salubridade, a exportar para o Brasil.

Os produtos base com os quais elaboram as vossas marcas, são portugueses?

É do mercado nacional que chega a matéria-prima, mas não só. Por exemplo, no caso dos pre-suntos, compramos praticamen-te todas as semanas um camião dum certo calibre de pernas e por vezes pode não haver disponibili-dade ou um preço competitivo no mercado nacional e aí temos que ir comprar fora.

Mas normalmente, damos sempre preferência à produção nacional.

“Nos últimos anos temos vindo a crescer na exportação. Em 2014 atingimos um valor que é ‘psicológico’: conseguimos exportar um milhão de euros. (...) A nossa pretensão é continuar a crescer e desde o início do ano já estamos a funcionar com uma sociedade em Angola, onde temos um projecto para replicar a parte industrial”

Até porque a mais valia está principalmente na transforma-ção e não propriamente na ma-téria-prima. Foi algo que os nos-sos governantes incentivaram, e bem, nas últimas décadas: mais importante que produzir a maté-ria-prima, é transformá-la. Ainda

que se tenha que importar a ma-téria-prima para depois exportar. Tomáramos nós ter muitos sec-tores em que o possamos fazer.

Por falar em produtos, houve novidades?

O mercado é cada vez mais dinâmico e estão a surgir per-manentemente produtos novos. É fundamental, hoje em dia, inovarmos em todas as frentes, adaptando-nos às novas tendên-cias, aos novos gostos do consu-midor, em relação aos produtos que produzimos.

Este ano lançámos uma fa-mília de produtos, que num fu-turo próximo pensamos que vai ter uma importância maior. São os cubos de fiambre, de queijo, de bacon, de presunto. E faze-mos ‘fios’ destes produtos todos. É uma linha nova que criamos em duo packs, em tripacks, que permitem ao consumidor utilizar parcialmente a embalagem, ou seja, abrir uma parte e a outra mantém-se devidamente embala-da e conservada.

Isto tem muito que ver com um segmento de mercado que nas últimas décadas tem cresci-do muito - as chamadas famílias unipessoais. Fruto de haver cada vez mais homens e mulheres a viver sozinhos e de cada vez ha-ver mais pessoas com uma espe-rança de vida elevada e também a viverem sozinhos.

Quais as principais apostas da empresa para os anos?

A grande aposta é a constru-ção da unidade em Angola. Ou-tras apostas são os novos merca-dos no Leste da Europa e países árabes; um enfoque maior em al-guns países comunitários onde ainda não estamos bem repre-sentados; e o mercado do Brasil, onde estamos a apostar há mais de três anos e ainda não conse-guimos concretizar. E ainda mais nos custa quando no SISAB Por-tugal tivemos vários visitantes do Brasil interessados em comprar nos nossos produtos e nós não os conseguimos colocar lá.