Sinto muito
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Depois de tanto tempo, que pena, não
tenho mais nada a dizer.
Tivemos tantas belas oportunidades
para armazenar como lembranças em
nossas cabeças e o que de fato ficou
foi aquele momento triste, provocado
por uma atitude impensada de minha
parte.
O triste é que jamais e em qualquer
momento, tive a mínima
oportunidade para me explicar, para
pelo menos justificar o meu gesto, o
meu ato impensado.
E você não quis saber de outras
oportunidades, outras chances para a
explicação. Ficou com a decisão
tomada, numa posição inerte e fria,
sem a menor possibilidade para uma
abertura ao diálogo.
E olha que foram anos de ótimos
momentos. Curtimos Elvis, a Jovem
Guarda, a bossa nova, os novos
baianos e a que mais marcou, foi a
triste melodia da Brenda Lee, I´m
sorry.
Por essas coincidências da vida, hoje
ouvi essa triste canção numa rádio que
dedica um tempo aos hits do passado.
Daí a minha vontade quase
incontrolável de “pedir desculpas” e
mais uma vez tentar entender o porque
daquela decisão radical e definitiva.
Mesmo hoje, lamento, sinto muito!.
Sinto pelo tempo que perdemos. E olha
que tínhamos a certeza de que o que
estaria por vir seria uma absoluta
continuação daqueles momentos muito
nossos. Muito bem vividos.
Éramos feitos “um para o outro”.
Lembra?
Lembra como curtíamos o rock?
Como vivemos as belas canções dos
Beatles, e embalados por elas, como
curtimos o nosso amor!
Pena tudo ter terminado da forma mais
fria e indiferente possível.
E hoje, ao ouvir “I´m sorry”, volto a lhe
pedir desculpas.
Não pelo meu ato impensado,
inconseqüente. Mas pelo tempo que
perdemos, pelas oportunidades que
deixamos de viver juntos.
Quanta felicidade jogada fora!
Sinto muito mesmo. O tempo passou, já não podemos reviver nada e apenas o
lamento: quanto perdemos pela intempestividade.
Hoje, por certo com uma flor entregue da forma mais adequada e pronto,
estaríamos novamente numa ótima. Teríamos deixado tudo prá lá e de volta
estaríamos focando o nosso relacionamento. Único, só nosso .
Triste ouvir Brenda Lee depois de tantos anos. Bateu uma tremenda fossa, tanto
pelas energias dispensadas, quanto pelo sentimento de que momentos como aquele
(e tantos outros), não poderemos mais viver.
Triste, mas fazer o quê? A vida prega essas coisas e se não agirmos de forma
correta, no momento exato, pronto... tudo perdido.
Mas mesmo curtindo a tremenda
tristeza por tudo que perdemos, tudo
que deixamos de curtir, juntos, ficou a
lembrança de quanto vivemos de
felicidade.
E na cumplicidade de quem, como se
diz “feito um para o outro”, podemos
pelo menos afirmar que vivemos a
paixão no seu mais profundo sentido.
E a tristeza maior se dá porque aquelas
emoções, próprias de apaixonados, só
nos é possível viver uma, duas, três
vezes na vida... no máximo.
E é uma loteria viver um grande amor.
Poucos o vivem ou viveram.
E ficamos assim: sinto muito.
Mas se chorei ou se sofri (ou
sofremos)... quantas emoções nós
vivemos.
E como elas fazem parte de nossos
pensamentos! Faz parte do seu
também, tenho certeza.
Tente ouvir pelo menos uma vez a
melhor da Brenda Lee – I´m sorry.
Depois você avalia. Depois você se dará
conta.
Veja como foi difícil para nós termos
que dizer I´m sorry e adeus naquele
momento.
E assim ficamos. Uma saudade imensa
e o lamento pela ruptura brusca e
radical. Até nunca mais.
Só a lembrança.
Mas estou certo de que nada teria sentido se não tivesse passado pela tremenda
sacudida que aquela relação deu em minha vida.
E posso afirmar que somente a partir de então passei a conhecer o verdadeiro
significado de viver por inteiro.
Mas mesmo contabilizando toda dor, todo o sofrimento, mesmo assim valeu a
pena. E até pela separação (ou pela despedida brusca), digo de coração: I´m
sorry...
Sinto muito!