Simulado portugues 1

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Professor(a) NOME: Questão 1 — FUVEST Quanto à concordância verbal, a frase inteiramente correta é: a) Cada um dos participantes, ao inscrever-se, deverão receber as orientações necessárias. b) Os que prometem ser justos, em geral, não conseguem sê-lo sem que se prejudiquem. c) Já deu dez horas e a entrega das medalhas ainda não foram feitas. d) O que se viam era apenas destroços, cadáveres e ruas completamente destruídas. e) Devem ter havido acordos espúrios entre prefeitos e vereadores daqueles municípios. Questão 2 — UFSCAR A Unidade Ortográfica Velhíssima questão a da unidade ortográfica do português usado no Brasil e em Portugal. Que a prosódia seja diferente, é natural. Num país imenso como o nosso, há diversas formas de pronunciar as palavras, e o próprio vocabulário admite

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Professor(a)

NOME:

Questão 1 — FUVEST

Quanto à concordância verbal, a frase inteiramente correta é:

a) Cada um dos participantes, ao inscrever-se, deverão receber as orientações necessárias.

b) Os que prometem ser justos, em geral, não conseguem sê-lo sem que se prejudiquem.

c) Já deu dez horas e a entrega das medalhas ainda não foram feitas.

d) O que se viam era apenas destroços, cadáveres e ruas completamente destruídas.

e) Devem ter havido acordos espúrios entre prefeitos e vereadores daqueles municípios.

Questão 2 — UFSCAR

A Unidade Ortográfica

Velhíssima questão a da unidade ortográfica do português usado no Brasil e em Portugal. Que a prosódia seja diferente, é natural. Num país imenso como o nosso, há diversas formas de pronunciar as palavras, e o próprio vocabulário admite expressões regionais — o mesmo acontecendo com todas as línguas do mundo.

O diabo é a grafia, sobre a qual os portugueses não abrem mão de escrever “director”, por exemplo. Não é o mesmo caso de “facto” e “fato”, que têm significações diferentes e, com boa vontade, podemos compreender a insistência dos portugueses em se referir à roupa e ao acontecimento.

Arnaldo Niskier, quando presidente da Academia Brasileira de Letras, conseguiu acordo com a Academia de Ciências de Lisboa, assinaram-se tratados com a aprovação dos governos do Brasil e de Portugal. O acordo previa o consenso de todos os países lusófonos. Na época,

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somente os dois principais interessados estavam em condições de obter um projeto comum — mais tarde, Cabo Verde também toparia.

Numa das últimas sessões da ABL, Sérgio Paulo Rouanet, Alberto da Costa e Silva e Evanildo Bechara trouxeram o problema ao plenário — um dos temas recorrentes da instituição é a feitura definitiva do vocabulário a ser adotado por todos os países de expressão portuguesa. (...)

Cristão-novo nesta questão, acredito que não será para os meus dias a solução para a nossa unidade ortográfica.

(Carlos Heitor Cony. Folha de S.Paulo, 10.08.2004.)

A palavra recorrente, no penúltimo parágrafo do texto, tem o sentido de

A) requerer

B) socorrer

C) desentender-se

D) retornar

E) vencer

Questão 3 — UFSCAR

Suponha o leitor que possuía duzentos escravos no dia 12 de maio e que os perdeu com a lei de 13 de maio. Chegava eu ao seu estabelecimento e perguntava-lhe:

— Os seus libertos ficaram todos?

— Metade só; ficaram cem. Os outros cem dispersaram-se; consta-me que andam por Santo Antônio de Pádua.

— Quer o senhor vender-mos? Espanto do leitor; eu, explicando:

— Vender-mos todos, tanto os que ficaram, como os que fugiram.

O leitor assombrado:

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— Mas, senhor, que interesse pode ter o senhor...

— Não lhe importe isso. Vende-mos?

— Libertos não se vendem.

— É verdade, mas a escritura de venda terá a data de 29 de abril; nesse caso, não foi o senhor que perdeu os escravos, fui eu. Os preços marcados na escritura serão os da tabela da lei de 1885; mas eu realmente não dou mais de dez mil-réis por cada um.

Calcula o leitor:

— Duzentas cabeças a dez mil-réis são dous contos. Dous contos por sujeitos que não valem nada, porque já estão livres, é um bom negócio.

Depois refletindo:

— Mas, perdão, o senhor leva-os consigo?

— Não, senhor: ficam trabalhando para o senhor; eu só levo a escritura.

— Que salário pede por eles?

— Nenhum, pela minha parte, ficam trabalhando de graça. O senhor pagar-lhes-á o que já paga.

Naturalmente, o leitor, à força de não entender, aceitava o negócio. Eu ia a outro, depois a outro, depois a outro, até arranjar quinhentos libertos, que é até onde podiam ir os cinco contos emprestados; recolhia-me a casa e ficava esperando.

Esperando o quê? Esperando a indenização, com todos os diabos! Quinhentos libertos, a trezentos mil-réis, termo médio, eram cento e cinqüenta contos; lucro certo: cento e quarenta e cinco.

(Machado de Assis, Crônica escrita em 26.06.1888. Obra Completa.)

A relação que se pode estabelecer entre este texto e o primeiro, de João Ubaldo, é:

A) nos dois, os seres humanos são tratados com reverência.

B) os dois textos falam de compras a prazo.

C) no primeiro texto, temos um editorial e, no segundo, uma crônica.

D) ambos tratam de falcatruas e, em ambos, o leitor é evocado pelo narrador.

E) os dois textos referem ações de astúcia, sem que haja dolo.

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Questão 4 — UFSCAR

Monsenhor Caldas interrompeu a narração do desconhecido:

— Dá licença? é só um instante. Levantou-se, foi ao interior da casa, chamou o preto velho que o servia, e disse-lhe em voz baixa:

— João, vai ali à estação de urbanos, fala da minha parte ao comandante, e pede-lhe que venha cá com um ou dois homens, para livrar-me de um sujeito doido. Anda, vai depressa.

E, voltando à sala:

— Pronto, disse ele; podemos continuar.

— Como ia dizendo a Vossa Reverendíssima, morri no dia vinte de março de 1860, às cinco horas e quarenta e três minutos da manhã. Tinha então sessenta e oito anos de idade. Minha alma voou pelo espaço, até perder a terra de vista, deixando muito abaixo a lua, as estrelas e o Sol; penetrou finalmente num espaço em que não havia mais nada, e era clareado tão-somente por uma luz difusa. Continuei a subir, e comecei a ver um pontinho mais luminoso ao longe, muito longe. O ponto cresceu, fez-se sol. Fui por ali dentro, sem arder, porque as almas são incombustíveis. A sua pegou fogo alguma vez?

— Não, senhor.

— São incombustíveis. Fui subindo, subindo; na distância de quarenta mil léguas, ouvi uma deliciosa música, e logo que cheguei a cinco mil léguas, desceu um enxame de almas, que me levaram num palanquim feito de éter e plumas.

(Machado de Assis, A segunda vida. Obras Completas, vol. II, p. 440-441.)

Pode-se afirmar, a respeito desse conto de Machado de Assis, que

A) reflete o cotidiano carioca na primeira metade do século XIX.

B) utiliza uma temática bastante rara em toda a sua obra.

C) utiliza uma temática comum a autores como Hoffmann e Edgar Allan Poe.

D) tem relação com os temas medievais do romance histórico português.

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E) trata de um assunto semelhante ao do romance O ateneu.

Questão 5 — FUVEST

Considere as seguintes afirmações sobre três obras literárias:

Na primeira obra, o catolicismo apresenta-se como religião absoluta, cujos princípios sólidos mais sobressaem ao serem contrapostos às desordens humanas. Na segunda obra, diferentemente, ele aparece como religião relativamente maleável, cujos preceitos as personagens acabam por adaptar a seus desejos e conveniências, sem maiores problemas de consciência subseqüentes. Já na terceira obra, o catolicismo comparece sobretudo como parte de um resgate mais amplo de valores familiares e tradicionais, empreendido pelo protagonista.

Essas afirmações referem-se, respectivamente, às seguintes obras:

a) Dom Casmurro, Memórias de um sargento de milícias e Auto da barca do inferno.

b) Memórias de um sargento de milícias, “A hora e vez de Augusto Matraga” e Vidas secas.

c) “A hora e vez de Augusto Matraga”, A cidade e as serras e Memórias de um sargento de milícias.

d) Auto da barca do inferno, Dom Casmurro e A cidade e as serras.

e) A cidade e as serras, Vidas secas e Auto da barca do inferno.

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Gabarito

1) B; 2) D; 3) D; 4) C; 5) D;