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SIMBOLISMO - O que foi o Simbolismo?
- Como se caracterizou a obra dos poetas
simbolistas brasileiros
Elementos indefinidos que provocam a impressão
de que pessoas e, árvores e coches estão passando
rapidamente diante de seus olhos.
O detalhe não é captado, o que sugere uma
sensação de agitação da vida urbana, do grande
número de passantes.
As pinturas realistas preocupam-se com a
precisão, como se a realidade fosse exata e
imutável. A pintura de Monet aceita contradições,
mudanças, imprecisões.
“[...] A vida no boulevard, as pessoas a passear para cima
e para baixo, o movimento dos passantes e dos choches
que, vistos de cima, se assemelham a manchas coloridas,
parecem, pela reprodução vaga, uma fotografia que capta
o movimento e em que os contornos não estão bem
definidos. […] A imagem parece fixar um momento
passageiro. [...]”
O processo de urbanização da época era bem visto.
A mudança na arquitetura indicava também uma
mudança nas relações: o ritmo acelerado
dificultava o encontro entre os cidadãos.
A UMA PASSANTE
(Charles Baudelaire)
A rua toda era um frenético alarido.
Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa,
Uma mulher passou, com a mão suntuosa
Erguendo e sacudindo a barra do vestido.
Pernas de estátua, era-lhe a imagem nobre e fina.
Que bizarro basbaque, afoito eu lhe bebia
No olhar, céu lívido onde aflora a ventania,
A doçura que envolve e o prazer que assassina.
Que luz... a noite após! - Efêmera beldade
Cujos olhos me fazem nascer outra vez,
Não mais hei de te ver senão na eternidade?
Longe daqui! Tarde demais! Nunca talvez!
Pois de ti já me fui, de mim tu já fugiste,
Tu que eu teria amado, ó que bem o viste!
FIM DA ERA DAS REVOLUÇÕES
● Europa fim do séc. XIX: contexto que origina as duas
guerras mundiais que abalarão o século XX.
● A partir de 1870, a competição econômica e militar
entre as grandes potências ocidentais e o avanço do
movimento operário tornam a crise social inevitável.
● Devido a esse pessimismo, o artista já não pode contar
nos sentimentos que no Romantismo serviram de filtro
para compreender a realidade.
O artista desconfia da realidade. Entende que o mundo
visível, concreto, dá ao ser humano a sensação de
conhecimento, mas que a razão não lhe permite ver o que
vai além do real, não lhe dá meios de alcançar o
desconhecido.
SIMBOLISMO: O DESCONHECIDO SUPERA O
REAL
● Olhar em representações mais vagas, fluidas e abstratas;
● Exploram o poder do símbolo e a possibilidade de estabelecer analogias a partir deles – revelar as relações do mundo visível e mundo das essências;
● Prioridades: mistério sobre a ciência; literatura sobre a realidade; arte sobre a vida;
● Linguagem sinestésica: percepção simultânea (voz macia – audição mais tato, por exemplo).
● Estimular os sentidos, apreender a realidade sem o auxílio da razão.
“o caráter essencial da arte simbólica consiste em nunca conceber a ideia em si. [...] os quadros da natureza, as ações dos humanos, todos os fenômenos concretos não poderiam, eles próprios, manifestar-se.” (Jean Moréas, 1886)
Embora o Simbolismo tenha contado com vários artistas que tinham em comum o ideal da arte absoluta, não se pode reduzi-lo a um programa com unidade de método e objetivos.
O Simbolismo chega ao Brasil anos após o Parnasianismo, mas não causa o mesmo impacto: nossa literatura dava passos incertos na produção literária.
CONHECIMENTO INTUITIVO DA REALIDADE
Sugerir, eis o sonho. É o uso perfeito desse mistério
que constitui o símbolo: evocar um objeto para
mostrar um estado d’alma ou escolher um objeto e
fazê-lo emanar um estado d’alma mediante uma
série de decifrações.
Mallarmé
- Valorização da subjetividade através da
experiência sensorial.
CORRESPONDÊNCIAS
A Natureza é um templo augusto, singular, Que a gente ouve exprimir em língua misteriosa; Um bosque simbolista onde a árvore frondosa Vê passar os mortais, e segue-os com o olhar. Como distintos sons que ao longe vão perder-se, Formando uma só voz, de uma rara unidade, Tem vasta como a noite a claridade, Sons, perfumes e cor logram corresponder-se Há perfumes subtis de carnes virginais, Doces como o oboé, verdes como o alecrim, E outros, de corrupção, ricos e triunfais Como o âmbar e o musgo, o incenso e o benjoim, Entoando o louvor dos arroubos ideais, Com a larga expansão das notas d'um clarim.
Na apresentação do poema “Arte poética”, do poeta
francês Paul Verlaine, Gilberto Mendonça Teles, escreveu
que
o poema foi ponto de partida da funda aventura
simbolista. Superando os padrões parnasianos e
desenvolvendo o legado inventivo de Rimbaud, seu
texto passou imediatamente a ser estudado e
assimilado pelos jovens poetas, repartidos nessa
altura entre Verlaine e Mallarmé , mas todos dentro
do pessimismo decadentista que já começava a se
definir na direção do simbolismo (TELES, 1987,
p.53).
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...