sifão
-
Upload
erica-machado -
Category
Documents
-
view
347 -
download
0
Transcript of sifão
SIFÕES
O sifão é um dispositivo utilizado para transferir água de um reservatório ou canal,
para outro em sua lateral, situado próximo e em nível inferior ao primeiro, mas separados
por uma zona mais alta que é necessário ultrapassar. Desta maneira, parte da tubulação
ocupa cotas topográficas superiores ao nível d’água no reservatório superior.
Uma vez iniciado o processo de transferência de água pelo escorvamento do sifão, o
escoamento se estabelece em regime permanente, sob uma carga H, desde que a pressão na
crista do sifão não caia abaixo de um valor limite. A mínima pressão admissível no ponto
alto seria igual à tensão de vapor da água, isto é, pressão necessária para a vaporização do
líquido a uma determinada temperatura. (Porto, Rodrigo de Melo).
No nosso ensaio, o sifão foi analisado em três situações, sifão longo, sifão
intermediário e curto. Com o objetivo de analisarmos como se comporta a vazão, a
velocidade e a perda de carga ao diminuirmos o comprimento do ramo descendente do
sifão.
Esquema do ensaio:
C H1
A H2
H
B Figura 1
Ponto A: Entrada do sifão, a pressão é a pressão atmosférica, e a velocidade é nula.
Ponto B: Boca de saída do sifão, a pressão é a pressão atmosférica.
Ponto C: Crista do sifão, também chamado de vértice do sifão.
1
H1: Elevação da crista acima do nível de água do reservatório.
H2: Desnível entre a crista e a boca de saída do sifão.
H: Desnível entre o nível de água no reservatório e a boca de saída do sifão.
Escorvamos o sifão e o colocamos para funcionar. Medimos a altura H1, encontramos
H1 = 385mm, que se manterá constante durante todo o ensaio. Medimos com um
paquímetro, o diâmetro do sifão, que é de D = 20,5mm.
Sifão Longo
Para a situação do sifão longo, o comprimento H coincide com a altura do nível de
água do reservatório, portanto, H = 1,70m, medido a partir do piso do laboratório.
Conseqüentemente, H2 = H1 + H = 0,385 + 1,70 H2 = 2,085m.
Para determinar a vazão de escoamento, medimos o volume necessário para escoar
água durante 5 segundos. Como o recipiente para medição do volume estava graduado em
centímetros, temos que fazer a conversão para mililitros através da expressão:
V (ml) = Leitura(cm) x 165,4 + 772 , onde:
165,4 volume correspondente a cada centímetro.
772 volume contido antes do início da graduação do recipiente.
Foram feitas três medições do volume, as leituras, em centímetros, foram,
respectivamente: 23,5 cm, 25,4 cm e 25,6 cm. E os volumes em mililitros estão na tabela 1.
Sifão Intermediário
Para a medição do comprimento H do sifão intermediário, medimos a distância entre
o piso e a nova boca de saída do sifão, obtemos 0,375m. Portanto, o H intermediário será:
H = Hlongo – 0,375 = 1,70 – 0,375 H = 1,325m.
Conseqüentemente, H2 = H1 + H = 0,385 + 1,325 H2 = 1,71m.
As leituras referentes ao volume, que foi medido nas mesmas condições que no sifão
longo, foram: 21,5cm, 21,5cm e 20,9cm. E os volumes correspondentes, em mililitros,
estão na tabela 1, calculados através da expressão: V (ml) = Leitura(cm) x 165,4 + 772.
2
Sifão Curto
A medição do comprimento H referente ao sifão curto foi feita da mesma maneira
que para o sifão intermediário. Medimos uma altura de 0,872m do piso até a boca de saída
do sifão curto, então, o H curto será: H = Hlongo – 0,872 = 1,70 – 0,872 H = 0,828m.
Conseqüentemente, H2 = H1 + H = 0,385 + 0,828 H2 = 1,213m.
As leituras correspondentes ao volume coletado em 5 segundos, foram
respectivamente: 17,2cm, 17,6cm e 18,1cm. E os volumes correspondentes, em mililitros,
estão na tabela 1, calculados através da expressão: V (ml) = Leitura(cm) x 165,4 + 772.
Tabela 1: Dados Coletados
Sifão H2 (m) Volume (ml) Tempo (s)
Longo 2,085 5006,24 4973,16 5006,24 5
Intermediário 1,710 4328,10 4328,1 4228,86 5
Curto 1,213 3616,88 3683,04 3765,74 5
Diâmetro do sifão: D = 20,5mm = 0,0205m
Altura da Crista: H1 = 385mm = 0,385m
3
QUESTÕES:
PARTE 1:
1. Calcular a vazão em um sifão para três desníveis entre o nível de água no
reservatório e a boca de saída do sifão.
Vazão: volume de um fluído que passa numa seção por unidade de tempo.
SIFÃO LONGO:
1ª Leitura:
2ª Leitura:
3ª Leitura:
Então, a vazão média de escoamento no sifão longo será:
SIFÃO INTERMEDIÁRIO:
1ª Leitura:
4
2ª Leitura:
3ª Leitura:
Então, a vazão média de escoamento no sifão intermediário será:
SIFÃO CURTO:
1ª Leitura:
2ª Leitura:
3ª Leitura:
Então, a vazão média de escoamento no sifão curto será:
2. Calcular as respectivas velocidades de escoamento.
5
Pela equação da continuidade:
Onde:
SIFÃO LONGO
SIFÃO INTERMEDIÁRIO
SIFÃO CURTO
3. Calcular a perda de carga total no sifão.
6
Para o cálculo da perda de carga total, vamos aplicar a equação de Bernoulli nos
pontos A e B, respectivamente entrada e saída do sifão:
Onde: ;
; , logo:
Perda de carga total no sifão
SIFÃO LONGO
SIFÃO INTERMEDIÁRIO
SIFÃO CURTO
4. Verificar os valores das grandezas calculadas comparando-os entre as situações
de sifão longo, intermediário e curto. Explicar, detalhadamente, as razões pelas quais os
valores assim se comportam.
7
Tabela 2: Variáveis calculadas
Sifão Vazão (m3/s) Velocidade (m) H (m) hAB (m)
Longo 9,98x10-4 3,024 1,70 1,234
Intermediário 8,59x10-4 2,603 1,325 0,979
Curto 7,38x10-4 2,236 0,828 0,573
Observamos que a vazão de escoamento, conseqüentemente a velocidade, diminuiu à
medida que diminuímos o desnível entre o nível de água no reservatório e a boca de saída
do sifão H. A perda de carga total no sifão, hAB, também diminuiu. De onde podemos
concluir que quanto menor o desnível, menor a velocidade, menor a vazão e menor a perda.
É interessante observar que além do desnível e da perda de carga total estarem diminuído, a
diferença entre eles também estão diminuindo.
Isso já era esperado, pois, pela primeira condição de funcionamento do sifão:
A velocidade é diretamente proporcional à diferença entre o desnível e a perda de
carga do sifão. Ou seja, quando esta diferença diminuir, como aconteceu no nosso ensaio, a
velocidade e, conseqüentemente a vazão, também irá diminuir.
Se a diferença entre H e hAB continuasse diminuindo, a ponto da perda de carga total
se igualar ao desnível do sifão, o fluxo de escoamento seria cortado, pois:
Como a velocidade de escoamento, para que o sifão esteja funcionando, tem que ser
maior que zero:
Ou seja, quanto maior a perda maior o desnível, que foi o que verificamos no nosso
ensaio.
PARTE 2
5. Deduzir as três condições de funcionamento do sifão, explicando-as
detalhadamente. Apresentar suas reflexões sobre o significado de cada uma delas.
8
Como condições operacionais, o sifão deve ter juntas herméticas para evitar entrada
de ar externo, o que cessaria o escoamento, e garantir uma velocidade média passível de
arrastar o ar ou gases desprendidos, evitando o seu acúmulo nos pontos altos. As condições
energéticas e topográficas necessárias ao funcionamento do sifão podem ser determinadas
pela aplicação da equação de Bernoulli aos pontos de interesse.
1ª CONDIÇÃO:
hAB = perda de carga total no sifão
H = desnível entre o nível de água no reservatório e a boca de saída do sifão
V = velocidade na tubulação do sifão
Aplicando a equação de Bernoulli entre os pontos A e B, entrada e saída do sifão,
ambos sujeitos a pressão atmosférica:
como VA =0, pA = pB = patm, temos:
Cujo significado dessa equação já foi analisada na questão anterior.
Como V > 0,
Esta equação indica que a saída do sifão deve ser tão baixa quanto maiores forem as
perdas.
9
2ª CONDIÇÃO:
= pressão atmosférica local
= pressão do vértice do sifão
hAC = perda de carga no ramo ascendente do sifão
H1 = elevação do vértice acima do nível de água do reservatório
Aplicando a equação de Bernoulli entre os pontos A e C, entrada do sifão, sujeito a
pressão atmosférica, e crista do sifão:
como VA =0, pA = patm, temos:
Uma vez que V > 0, para que exista vazão:
Esta condição indica que a sobreelevação do ramo ascendente do sifão deve ser tão
menor quanto maiores forem as perdas totais entre A e C. Como se deve ter uma pressão
10
absoluta em C bem acima da pressão de vapor, na prática, o ponto alto da canalização não
deve superar 5 a 6 m acima do nível do reservatório.
3ª CONDIÇÃO:
hCB = perda de carga no ramo descendente do sifão
H2 = desnível entre o vértice e a boca de saída do sifão
Aplicando a equação de Bernoulli entre os pontos C e B, entrada do sifão, sujeito à
pressão atmosférica, e crista do sifão:
como VC =VB, e pB = patm, temos:
ou seja,
Esta equação significa que o valor de H2 deve ser limitado, pois, se o desnível for
muito grande o fluxo será cortado. Na prática, o valor de H2 deve ser menor que 8 metros.
6. Apresentar detalhadamente, aplicações práticas do sifão. As aplicações podem
ser pesquisadas da vida real, mas o aluno deve consultar, também, literatura sobre o
assunto.
De uma maneira geral, o sifão é utilizado para transportar água de um reservatório ou
canal para outro em sua lateral, situado próximo e em nível inferior ao primeiro, mas
separados por uma zona mais alta que é necessário ultrapassar.
11
Como exemplo de aplicações práticas, podemos citar:
ABASTECIMENTO URBANO , retirando água de uma barragem, por exemplo,
e abastecendo um reservatório de onde sairá a rede de distribuição de água para a cidade.
Sifão
Barragem Reservatório
Cidade Rede de distribuição da água
IRRIGAÇÃO , transportando água do reservatório para irrigação.
CONTROLE DO NÍVEL D’ÁGUA , o sifão pode ser utilizado para controlar o
nível d’água de uma manancial, de modo que não haja sangramento.
Na entrada do sifão, é colocada uma válvula de pé com crivo, a qual permite que a
água entre no sifão e não volte. Então, quando o nível de água atinge o limite máximo, o
sifão é escorvado e entra em funcionamento, retornando o manancial assim, ao nível
permitido.
12