SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO...2010/2011 . UNIDADE DIDÁTICA UNIDADE DIDÁTICA – –––...
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA – UEL
AUTORA: TERESINHA PEREIRA BARBOSA
PDE - LÍNGUA PORTUGUESA
ORIENTADORA: JOYCE ELAINE DE ALMEIDA BARONAS
LONDRINA 2010/2011
U N ID A D E D ID Á TICA U N ID A D E D ID Á TICA U N ID A D E D ID Á TICA U N ID A D E D ID Á TICA –––– PD E 2010 PD E 2010 PD E 2010 PD E 2010
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO: Professora PDE: Teresinha Pereira Barbosa Área: Língua Portuguesa Núcleo Regional: Londrina Professor orientador: Joyce Elaine de Almeida Baron as IES: UEL – Universidade Estadual de Londrina Escola de implementação: Colégio Estadual Profª Eudi ce R. de Oliveira – Ensino Fundamental e Médio. Público objeto da Intervenção: 3º ano do Ensino Méd io Produção Didática: Unidades Didáticas Assunto: Variação e gêneros textuais na escola.
IN TR O D U ÇÃ OIN TR O D U ÇÃ OIN TR O D U ÇÃ OIN TR O D U ÇÃ O
A importância e o valor das linguagens são determinados historicamente
segundo as demandas sociais de cada momento. Atualmente, exigem-se níveis de
leitura e escrita diferentes dos que satisfizeram as demandas sociais até há bem
pouco tempo e tudo indica que essa exigência tende a ser crescente. Nesta
perspectiva a importância deste trabalho está na oportunidade de refletirmos um
pouco sobre a necessidade de considerarmos a Língua Portuguesa numa nova
proposta que dá ênfase à língua viva, dialógica, em constante movimentação,
permanentemente reflexiva e produtiva.
O trabalho com a linguagem na escola requer respeito às diversas formas
de expressão. Assim, não se justifica priorizar apenas o ensino de regras
gramaticais, mas criar situações em que os alunos possam operar sobre a própria
linguagem, construindo pouco a pouco, paradigmas próprios.
A respeito disto aponta, os PCNs:
(...) Para cumprir bem a função de ensinar a escrita e a língua padrão, a escola precisa livrar-se de vários mitos: o de que existe uma forma “correta” de falar, o de que a fala de uma região é melhor da que outras, o de que a fala “correta” é a que se aproxima da língua escrita, o de que o brasileiro fala mal o português, o de que o português é uma língua difícil o de que é preciso “consertar” a fala do aluno para evitar que ele escreva errado. (BRASIL, 1998, p.31)
Desta forma, na prática escolar, no que diz respeito mais especificamente à
pedagogia da língua, o objetivo primeiro seria ampliar as formas de interação
através da linguagem. Linguagem aqui considerada como a capacidade humana de
articular significados e compartilhá-los, de acordo com as necessidades e
experiências da vida em sociedade. Não há linguagem no vazio, seu grande objetivo
é a interação, a comunicação com o outro. Dessa forma, a linguagem é vista como
um fenômeno social, pois nasce da necessidade de interação (política, social,
econômica) entre os homens. (DCE, 2008, p.49)
Ao abordar a linguagem como um processo de interação é necessário
lembrarmos que a língua não é usada de modo homogêneo por todos os seus
falantes. Segundo Camacho (1986), língua é um objeto histórico cultural transmitido,
e por isso, varia no tempo e no espaço. O autor ainda acrescenta que as variações
são também influenciadas pelo nível cultural do falante. Além disso, a língua sofre
influências das circunstâncias ao que o falante está exposto, que variam ao longo do
dia.
O uso de uma língua varia de época para época, de região para região, de
classe social para classe social, e assim por diante e dependendo da situação, uma
mesma pessoa pode usar diferentes variedades de uma só forma de língua. Tais
afirmações vão ao encontro das palavras de Cunha: “Nenhuma língua permanece a
mesma em todo seu domínio e, ainda num só local, apresenta um sem-número de
diferenciações”. (Cunha, 1964, p.43)
Segundo Bortoni-Ricardo a língua é, por excelência, uma instituição social
e, em virtude disso, para seu estudo é necessário levar em conta variáveis
extralinguísticas, sociolinguísticas e históricas. Sendo assim, no caso da língua
portuguesa não é diferente. Para a autora, diversos fatores contribuem para a
diversidade da língua, entre os quais:
a dualidade lingüística - modalidade urbana versus modalidade rural, os fluxos migratórios do século XX, a contemporaneidade de estágios diversos de desenvolvimento e a tendência emancipacionista da literatura brasileira moderna. BORTONI-RICARDO, 2005, p.31)
Por isso, a dualidade linguística - modalidade urbana versus modalidade
rural - os fluxos migratórios do século XX, a contemporaneidade de estágios
diversos de desenvolvimento e a tendência emancipacionista da literatura brasileira
moderna condicionam sua evolução e explicam, em parte, sua dialetação regional
(horizontal) e social (vertical). A língua urbana versus falares regional-rurais decorre
do próprio processo de colonização do país. Em 1532, a língua portuguesa começa
a ser transportada para o Brasil. Quando o primeiro governador geral, Tomé de
Souza, chega ao Brasil em 1549, vem acompanhado por diversos jesuítas
encabeçados por Manuel da Nóbrega. Apenas quinze dias depois, os missionários já
fazem funcionar na recém-fundada cidade de Salvador, uma escola de “ler e
escrever”. Os jesuítas promoveram uma ação maciça na catequese dos índios,
educação dos filhos dos colonos, formação de novos sacerdotes e da elite
intelectual, além de controle da fé a da moral dos habitantes da nova terra.
A língua trazida para o Brasil pelos portugueses conservou nos grandes
centros de colonização no litoral, onde havia constante intercâmbio comercial e
cultural com a metrópole. No Brasil a língua portuguesa entra em relação num novo
espaço-tempo com povos que falavam outras línguas, as línguas indígenas, e acaba
por torna-se, nessa nova geografia, a língua oficial e nacional do Brasil.
Enquanto língua oficial e nacional do Brasil, o português é uma língua de
uso em todo território brasileiro, sendo também a língua dos atos oficiais, da lei é
também a língua da escola e que convive na extensão do território brasileiro, com
um grande conjunto de outras línguas e por que também não dizer com diversas
variedades linguísticas. Para muitos, a língua de prestigio é aquela que segue
criteriosamente a norma padrão, e qualquer desvio deve ser corrigido. Conforme
Bortoni-Ricardo
Qualquer pessoa precisa dominar a variedade lingüística de prestigio para poder ter acesso a níveis de ensino a assim obter empregos bem remunerados. (BORTONI-RICARDO 2005, p.36)
Segundo as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa (2006), devemos
considerar o processo dinâmico e histórico dos agentes na interação verbal, tanto na
constituição social da linguagem quanto dos sujeitos que por meio dela interagem. A
escola tem tomado como padrão para o ensino do português, a gramática normativa,
que, no século passado, se deslusitanizou, mas que está longe de refletir o padrão
nacional falado. A escola não tem poder para substituir o vernáculo pela língua
padrão na maioria das vezes, o excesso da prática de correção tem apenas
contribuído para manter viva uma atitude preconceituosa em relação à língua não
padrão, aceitando como “certo” ou boa “linguagem” apenas a variedade padrão.
Por isso, a língua deve ser um ato concreto que se realiza dentro do
contexto onde o indivíduo interage continuamente: “a língua, no seu uso prático, é
inseparável de seu conteúdo ideológico ou relativo à vida” (Bakhtin/Volochinov 1997,
p.96). O uso da língua é específico em cada campo de atuação humana, cada
esfera exige uma forma de atuar com a linguagem. Essas formas são denominadas
gêneros discursivos:
(...) Esses enunciados refletem as condições específicas e as finalidades de cada referido campo não só por seu conteúdo (temático) e pelo estilo da linguagem, ou seja, pela seleção dos recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da língua, mas acima de tudo, por sua construção composicional. Todos esse três elementos – o conteúdo temático, o estilo, a construção com posicional – estão indissoluvelmente ligados no todo do enunciado e são igualmente determinados pela especificidade de um determinado campo de comunicação. Evidentemente, cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos gêneros do discurso (BAKHTIN, 2003, p. 261-262).
Segundo Marcuschi (2007, p.19), “os gêneros não são instrumentos
estanques e enrijecedores da ação criativa”; os gêneros são meios de apreender a
realidade, eles surgem, proliferam-se e modificam-se para atender a necessidades
socioculturais e às inovações tecnológicas e, ao mesmo tempo, novos gêneros
ocasionam novas maneiras de ver a realidade. Nesta perspectiva, os gêneros
entendidos como práticas sociais de interação se configuram em função dos
propósitos comunicativos e variam de acordo com cada situação comunicativa.
Para Bakhtin (2003, p.262-263) “a riqueza e a diversidade dos gêneros do
discurso são infinitas porque são inesgotáveis as possibilidades da multiforme
atividade humana”. O autor classifica os gêneros em primários e secundários. Os
primários pertencem à comunicação espontânea, imediata, relato do dia-a-dia, uma
piada, ...mas também, salienta que esses mesmos gêneros podem estar presentes
no processo de formação dos gêneros secundários, que os absorvem
transformando-os. Para o autor, os gêneros secundários pertencem à esfera da
comunicação cultural mais elaborada, a jornalística, científica, a jurídica,
pedagógica.
Com o advento das novas tecnologias de informação e comunicação, é
inevitável que grandes mudanças aconteçam nos ambientes de ensino. Uma
educação de qualidade passa por alguns aspectos como: a preocupação com o
material didático atualizado, atenção a aprendizagem do aluno e também estratégias
para trabalhar os conteúdos em sala de aula. Em vista disso, o professor deve
fornecer aos alunos condições adequadas de leitura, análise e produção dos
gêneros, pois o aluno precisa vivenciar a prática dos gêneros. O trabalho com
gêneros textuais é uma excelente oportunidade de se lidar com a língua em seus
mais diversos usos no dia-a-dia, considerando sempre o contexto e seus
interlocutores.
Com o objetivo de oportunizar um espaço de aprendizagem tanto para
alunos quanto para professores esta unidade didática propõe discussões a respeito
das variações da língua portuguesa a partir do estudo de alguns gêneros textuais.
Também pretende identificar alguns fatores que influenciam seu uso. Para tanto este
material didático sugere atividades para o trabalho em sala de aula.
A língua e suas variedades de usoA língua e suas variedades de usoA língua e suas variedades de usoA língua e suas variedades de uso
O uso de uma língua varia de época para época, de região para região, de classe social para classe social. E assim por diante e dependendo situação, uma mesma pessoa pode usar diferentes variedades de uma só forma da língua. Segundo Camacho, há quatro tipos de variação: “diacrônica ou histórica, geográfica ou espacial, social ou estilística.” (CAMACHO, 1986, p.30)
Fonte: Almanaque Biotômico Fontoura de 1935. Autor da ilustração é o desenhista J.U. Campos. Disponível em: http://carissimascatrevagens.blogspot.com/
Acesso em 30/05/2011.
Pergunta Monteiro Lobato, o autor de Urupês, a Jeca Tatu. Não é preguiça “seu” Lobato. É
uma dôr na carcunda, palpitação, uma coceira que não acaba nunca!... - Sim, eu sei, Jeca Tatú amigo. Soffres de AMARELLÃO (ou opilação). Tens no sangue e nas tripas um jardim zoologico da peor especie. É uma bicharia que te faz papudo, feio, molengo e inerte. Só tens um remedio , o verdadeiro e especifico do amarellão:
-JECA, PORQUE NÃO TRABALHAS?
V A R IA ÇÃ O D IA CR Ô N ICA O U H ISTÓ R ICA
A variação histórica pode ser reconhecida ao se comparar pelos menos
“dois estados sucessivos da língua” (CAMACHO, 1986, p.30). Embora pareça que
ambas as variantes não coexistam no tempo, o processo não é tão simples.
Primeiramente uma variante é apenas mais uma, restrita a um grupo de falantes. Se,
ao se propagar, ela for adotada por um grupo que tem expressividade
socioeconômica, que nela reconhece um valor de prestígio, esta variante passa a
ser normal, se fixando na escrita e a antiga fica restrita ao grupo de falantes mais
velhos, caindo por fim em desuso. Portanto, por algum tempo, as variantes
convivem. As variantes históricas em desuso, os arcaísmos, têm menos prestígio do
que as mais atuais, mostrando que a geração mais jovem se afasta da mais antiga,
considerando-a ultrapassada, o que marca uma relação sociocultural entre elas.
A língua apresenta diversas manifestações ao longo do tempo. Estas
mudanças nunca são bruscas, havendo geralmente um período de transição
entre um estádio e outro. As mudanças diacrônicas podem ocorrer:
— na fonética; — na flexão e na derivação; — na sintaxe; __ na semântica; — pela introdução de novas palavras (neologismos e estrangeirismos).
As mudanças no decorre do tempo podem ser de significado – vazar, além
de todos os significados encontrados no dicionário, também é usado com o sentido
de sair furtivamente.
Portanto, quanto à dimensão histórica da variação linguística, pode-se
afirmar que existem formas diversificadas de nosso falar por ora haver retenções de
estágios anteriores ou por estarmos mudando o uso dos vocábulos por nos adequar
a grande evolução temporal.
1. Como já foi abordado, a língua varia ao logo do tempo. Observe os textos
com muita atenção e responda às questões.
Nº Doc: 156 Cidade: Guaratuba Tipologia: Carta Oficial Assunto/resumo: Indicação de três homens para a escolha de um que irá assumir o posto de capitão das ordenanças. Datação: 02/dezembro/1791 Autores: Manuel de Miranda Coittinho, Antonio Carvalho Bueno, João de Miranda Coutinho e Francisco de Miranda Coutinho.
[[Guaratuba]] Ill ustrissimo eExelentissimo Senhor
[[ond 2 Dezembro 1791 12-6-3]] Recebemoz aCarta deVossa Excelencia datada deprimeiro de
5 outubro, em a qual noz ordena Vossa Excelencia lhe proponha moz tres homens paraVossaExcelencia escolher oque melhor
lhe paresser para exercer o Pozto deCappitão das ordenanssas desta Villa cuja Proposta em juizo Remetemoz aVossa Excelencia
10 Ficamoz Rogando a Deoz pela vida esaude deVossaExcelencia que o mesmo senhor oquarde por muitos annos Guaratuba em Camera em 2 de Dezembro de 1791
De Vossa Excelência Oz mais obedientes subditoz
15 Manuel de Miranda Coittinho Antonio Carvalho Bueno João de Miranda Coutinho Francisco de Miranda Coutinho
Fonte: ALMEIDA BARONAS, Joyce Elaine de; AGUILERA, Vanderci de Andrade (Orgs.) Scripturae nas Villas de São Luiz de Goaratuba e Antonina:manuscritos setecentistas e oitocentistas. Londrina: Universidade de Estadual de Londrina. Ed. UEL.2007.
A TIV ID A D E S
a) Leia atentamente o manuscrito do século XIV acima e procure identificar
vocábulos que diferem da escrita atual.
b) Contextualize a época da escrita do manuscrito através do texto.
SUGESTÃO PARA O PROFESSOR: proponha aos alunos uma pesquisa/leitura para aprofundar uma discussão referente às mudanças pelas quais a língua portuguesa passou.
2. Leia atentamente o texto e responda as atividades propostas.
Canção de amigo
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo?
E ai Deus, se verra cedo!
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado?
E ai Deus, se verra cedo!
Martim Codax
http://ler.literaturas.pro.br/index.jsp?conteudo=38
a) De acordo com o fragmento do texto “Canção de amigo” é possível observar algumas diferenças quanto à linguagem empregada (século XIII) e a atual? Em caso afirmativo, dê exemplos.
M artim Codax: trovador-jogral da época de A fonsso III (m eados do século X III). “D ele só nos restam sete cantigas d’am igo, que se caracterizam por um delicioso prim itivism o poético e pelo fato de serem seis destas com posições as únicas cantigas trovadorescas acom panhadas da respectiva notação m usical” (S . Spina)
Disponível: http://ler.literaturas.pro.br/index.jsp?conteudo=385 Acesso em 30/05/2011
O s arcaísm os podem classificados em léxicos, sem ânticos, sintáticos e O s arcaísm os podem classificados em léxicos, sem ânticos, sintáticos e O s arcaísm os podem classificados em léxicos, sem ânticos, sintáticos e O s arcaísm os podem classificados em léxicos, sem ânticos, sintáticos e m orfológicos.m orfológicos.m orfológicos.m orfológicos.
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xix_em _paranagua_gem inacao_da_consoante_l.pdfxix_em _paranagua_gem inacao_da_consoante_l.pdfxix_em _paranagua_gem inacao_da_consoante_l.pdfxix_em _paranagua_gem inacao_da_consoante_l.pdf A cesso em 30/05/11 A cesso em 30/05/11 A cesso em 30/05/11 A cesso em 30/05/11
b) Qual interpretação é possível para este poema?
U M L E M B R E T E !!!U M L E M B R E T E !!!U M L E M B R E T E !!!U M L E M B R E T E !!!
http://www.colegioweb.com.br/literatura/as-cantigas -de-amigo.html
V A R IA ÇÃ O D IA TÓ PICA O U G E O G R Á F ICAV A R IA ÇÃ O D IA TÓ PICA O U G E O G R Á F ICAV A R IA ÇÃ O D IA TÓ PICA O U G E O G R Á F ICAV A R IA ÇÃ O D IA TÓ PICA O U G E O G R Á F ICA
A variação geográfica é, no Brasil, bastante rica e pode ser facilmente
notada. Ela se caracteriza pelo acento linguístico, que é o conjunto das qualidades
fisiológicas do som (altura, timbre, intensidade), por isso é uma variação cujas
marcas se notam principalmente na pronúncia. Ao conjunto das características da
pronúncia de uma determinada região dá-se o nome de sotaque: sotaque mineiro,
sotaque nordestino, sotaque gaúcho etc.
A variação geográfica , além de ocorrer na pronúncia, pode também ser
percebida no vocabulário, em certas estruturas de frases e nos sentidos diferentes
que algumas palavras podem assumir em diferentes regiões do país.
CA N TIG A D E A M IG OCA N TIG A D E A M IG OCA N TIG A D E A M IG OCA N TIG A D E A M IG O E ssa cantiga teve origem na Península Ibérica, ela apresenta um eu-lírico fem inino, pore´m com um autor m asculino, ele canta seu am or pelo seu am igo, em um am biente m ais natural, em grande parte, faz um diálogo com a suas am igas ou com a sua m ãe. N a cantiga de am igo, a figura fem inina é de um a jovem que com eça a am ar, lem brando as vezes da ausencia do am ado, ou cantando a sua alegria por um encontro com ele. E ssa cantiga pode m ostrar tam bém a tristeza da m ulher, pelo fato do seu am ado ter ido para a guerra. E ssa cantiga é de am igo, e m ostra que a m ulher espera ansiosam ente pelo am igo, visa bastante às ondas do m ar de V igo e sobre o regresso de seu am ado .
A TIV ID A D E S
1. Leia, como exemplo de variação geográfica, o seguinte trecho, em que Guimarães
Rosa, no conto “São Marcos”, recria a fala de um típico sertanejo do centro-norte de
Minas:
“- Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado Mangolô!].
- Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço. Não faço, porque não paga a
pena... De primeiro, quando eu era moço, isso sim!... Já fui gente. Para ganhar
aposta, já fui, de noite, foras d’hora, em cemitério...(...). Quando a gente é novo,
gosta de fazer bonito, gosta de se comparecer. Hoje, não, estou percurando é
sossego..”
Leia o artigo original: Variação Linguística - Vestibular Seriado http://www.vestibularseriado.com.br/redacao/apostilas/item/373-variacao-linguistica#ixzz1HWms3jJp
a) Lendo o texto de Guimarães Rosa você teve dificuldades para entendê-lo?
Por quê?
2. O texto a seguir conta a história de duas amigas Carminha e Alzira. Como uma
mora no Brasil e a outra em Portugal, costumam manter a comunicação por carta.
Nesse trecho (de uma das cartinhas da Alzira para Carminha) ela explica o
significado de certas palavras. Confira.
Como se diz no Brasil ? Como se diz em Portugal?
Brasil Portugal
A Alzira tira o "fone" do gancho e diz: "Alô?" A Carminha pega o "auscultador" e diz
"Estou!" Banheiro Quarto de banho
Açougue / Açogueiro Talho / Talhante Fila Bicha
Ônibus Autocarro
Trem Combóio Toca-fitas Leitor de cassetes
Tela (de TV) Écran Um "acontecimento" no Brasil... ....é um "facto" em Portugal
Terno Fato Menino / garoto "puto"
Meias masculinas Peúgas Cueca Boxer Multa Coima "meia" 6 (seis) Galera Turma
Embarcação Galera Usuário Utilizador Xérox Fotocópia
Caça comprida pantalona Legal, maneiro fixe (pronuncia-se "fiche") Pistolão (gíria) Cunha (gíria)
Chope Imperial (Sul), Fino (norte) Camisa do jogador de futebol Camisola
Salpicão - salada com frango defumado Salpicão - linguiça defumada Cafezinho Bica / Biquinha
Bala Rebuçado Elegante Gira
Restaurante Casa de Pasto Suco Sumo
Xícara Chávena Quadrinhos Banda Desenhada
Torcida Claque O que está na moda Altamente Maravilhoso , jóia Bestial
Muito Bué
Mulher Tagarela Galinha (no Brasil, galinha é uma palavra feia
quando usada para uma mulher) O que não tem nada a ver Bacorada
a) Discuta com seus colegas outras expressões usadas com significado diferente entre estes dois países e registre-as abaixo. ___________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________
D isponível em http://w w w .alzirazulm ira.com /diferencas.htm l A cesso em 09/05/11
No Brasil e em Portugal , fala-se a mesma língua, mas são várias as
diferenças de pronúncia, de vocabulário, de construção de frases. Além disso, em
uma mesma comunidade lingüística, se for extensa, podemos perceber variações
conforme nos afastamos de um ponto em direção a outro. Segundo CAMACHO,
(1986, p.31), a variação geográfica é gradual e não necessariamente respeita as
fronteiras políticas. Quando a família real portuguesa mudou-se para o Rio, em 1808, trouxe
16.000 lusitanos. A cidade tinha 50 mil habitantes. Essa gente toda mudou o jeito de
falar carioca. Data daí o chiado no “s”, como em “festa”, que fica perecendo “feishta”.
Entre outros exemplos de variação geográfica, pode ser citado o caso dos tropeiros
paulistas que entraram no Sul do Brasil no século XVIII pelo interior, passando por
Curitiba. O litoral sulista foi ocupado pelo governo português na mesma época com a
transferência de imigrantes das Ilhas Açores. No interior de Santa Catarina, como
em outras regiões do Brasil adota-se “você”. Além desses exemplos, algumas
palavras recebem denominações específicas dependendo da região como
“mandioca” usada em predominância no Rio Grande do Sul e em São Paulo. Porém,
no nordeste é mais comum ouvirmos “macaxeira”, no Paraná além de “mandioca”,
temos também a denominação de “aipim”.
Diante disso pense em outras expressões, compartilhe com seus colegas e
registre.
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V A R IA ÇÃ O D IA F Á SICA LINGUAGEM FORMAL E INFORMAL
A variação diafásica é a variação que ocorre em situações de fala. A
mesma pessoa muda a sua maneira de falar dependendo do ambiente (formal ou
informal).
No estilo informal, não há grande reflexão e serve para o uso cotidiano. Já o
formal se presta às necessidades intelectuais e não cotidianas e a seleção é
consciente, resultando numa linguagem cuja adesão às regras mais elaboradas do
sistema linguístico é obrigatória. Esta modalidade formal é mais comum na escrita,
devido à possibilidade de revisão. A indicação do texto a seguir se refere a um
artigo, no qual pode-se verificar o uso da linguagem formal.
Fonte: HURST, Laurence. A preguiça é produtiva. Revista Galileu,São Paulo,n°2351, p.86-87, fev.2011.
V ariação diafásicaV ariação diafásicaV ariação diafásicaV ariação diafásica (do grego phasis = fala ): variação relacionada com a
diferente situação de com unicação, em função do contexto, um falante varia o seu registro de língua, adaptando-o às circunstâncias.
http://w w w .ciberduvidas.com /pergunta.php?id=8066
TRABALHO A preguiça é produtiva Estamos acostumados a pensar que o grupo mais eficiente é aquele em que todos colaboram. Na verdade, quem enrola faz os outros se desdobrarem. por Laurence D. Hurst
oucas teorias são tão versáteis quanto a chamada conspiração de pombos. Ela se aplica à biologia, à sociologia, à política, à economia, á administração de empresas...É uma tese simples e aceita universalmente: para um grupo ser eficiente em qualquer atividade, é fundamental que todos os seus integrantes colaborem dando o melhor de si. Quem discordaria? Parece óbvio que qualquer coletividade, de uma colméia a uma grande corporação, depende da dedicação individual com um objetivo comum. Eu também pensava assim.
A linguagem própria a ser utilizada para a realização de um artigo deve
primar pela concisão e objetividade, buscando dar maior relevância para os dados a
serem apresentados. Os artigos científicos são uma escrita de texto monográfico
mais curto. Serve para publicações em periódicos, com pequenas reflexões de
caráter científico, mas não chega a constituir, de forma extensa, um livro, tal qual a
tese de doutoramento.
De acordo com as suas características pressupõe-se que um pesquisador
autor ao escrever um artigo valha-se de um estudo pessoal dando uma abordagem
diferente da que se conhece. Ao fazer isso ele oferece novas soluções que acresce
na temática do objeto de estudo, levando a conhecimento do público novas idéias e
abordando aspectos que são secundários e mais específicos. Para tanto o autor
utiliza uma linguagem mais elaborada, o texto correto expõe os conceitos e a lógica
pretendida em sequência que estimule o prosseguimento da leitura.
A TIV ID A D E S 1. Quais termos ou expressões no texto você não conhece? Anote em seu
caderno. Em seguida consulte um dicionário.
2. O próximo texto retrata uma situação cotidiana. Leia com atenção.
B IL H E TE
Meninas,
Não esqueçam da aula de dança às 17h30min,
na Academia. Falem pra Lena levar vocês. Beijos.
Até a noite
Mamãe
BILHETE
É o mais informal das opções que têm por objetivo informar. Tem como
características:
• Linguagem (predonimantemente) coloquial;
• Permite o emprego (até) de apelido para o destinatário ou para o
emissor;
• Usado para mensagens rápidas, urgentes e convenientes;
• Não há preocupação com as normas gramaticais da língua padrão;
• Quase sempre, indica a data que está sendo escrito.
2. Releia o bilhete e relacione quais das características desse tipo de texto foram
usadas neste bilhete?
V A R IA ÇÃ O D IA STR Á TICA
A variação social ou diastrática constitui um dos tipos de variação linguística
a que os falantes são submetidos. São as diferenças entre os estratos socioculturais
(nível culto, nível popular, língua padrão), ou seja, são as variações que acontecem
de um grupo social para outro. Relaciona-se a um conjunto de fatores que têm a ver
com a identidade dos falantes e também com a
organização sociocultural da comunidade de fala.
A variação diastrática está relacionada à
estratificação social, ou seja, à identidade dos
falantes e sua relação com a organização sócio-cultural e econômica da
D isponível
em :http://w w w .recantodasletras.com .br/teorialiteraria/960660
A cesso em 02/06/11.
Disponível em:
http://hlpufc.blogspot.com /2009/06/http://hlpufc.blogspot.com /2009/06/http://hlpufc.blogspot.com /2009/06/http://hlpufc.blogspot.com /2009/06/variacoesvariacoesvariacoesvariacoes----diastraticas.htm ldiastraticas.htm ldiastraticas.htm ldiastraticas.htm l
comunidade. Neste tipo de variação podemos destacar: a classe social, a idade, o
sexo.
Essa variação e facilmente identificada. Como exemplos, baseado na obra
de Musssalim e Bentes, temos:
• Situação ou contexto social: fato muito conhecido em que qualquer
pessoa muda sua fala de acordo com seus interlocutores. Há uma
adequação do falante às finalidades específicas de uma situação,
resultante de uma seleção “dentre o conjunto de formas que constitui
o saber lingüístico individual” (Camacho, 1986, p.34);
• Idade: o uso do léxico particular, como o caso de gírias (“maneiro”,
“esperto”, com o sentido de avaliação positiva acerca das coisas,
pessoas ou situações), denota faixa etária jovem;
• Sexo: a duração de vogais como recurso expressivo, como em
“maravilhoso” e o uso freqüente de diminutivos, como “bonitinho”,,
costuma ocorrer na fala feminina.
A variação diastrática, como também ocorre com a diatópica, pode ser
fonética, lexical ou sintática , dependendo do que seja modificado pelo falar do
individuo: falar “adevogado”, “pineu”, “bicicreta” é variação diastrática fonética. Usar
“presunto” no lugar de “corpo de pessoa assassinada” é variação diastrática lexical.
E falar “Houveram menos percas” no lugar de “Houve menos perdas” é variação
diastrática sintática.
A TIV ID A D E S
1. Leia o poema-música de Patativa do Assaré “Vaca estrela e Boi Fubá” e
resolva as atividades propostas.
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A cesso em 06/06/11A cesso em 06/06/11A cesso em 06/06/11A cesso em 06/06/11
Vaca Estrela e Boi Fubá
Fagner Composição : Patativa do Assaré Seu dotô me de licença
Pra minha história contá
Hoje eu tô na terra estranha
E é bem triste o meu pená
Mas já fui muito feliz
Vvendo no meiu lugá
Eu tinha cavalo bom
Gostava de campeá
a) Faça uma pesquisa sobre o autor. Relate para a turma informações sobre a
biografia do autor.
b) Releia o texto com bastante atenção e anote palavras ou expressões que
você considera diferente.
c) Em seu texto Patativa do Assaré conta uma história. Reescreva essa história
sobre sua perspectiva.
2. Ouça a música “Viola quebrada” (Mário de Andrade e Ary Kernev) e relate
aos seus colegas suas impressões.
Viola Quebrada Viola Urbana Composição : Ary Kerney e Mário de Andrade
Quando da brisa no açoite a flor da noite se acurvou
Fui encontra coma a Maróca meu amor
Eu senti n'alma um golpe duro
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A cesso em 06/06/2011A cesso em 06/06/2011A cesso em 06/06/2011A cesso em 06/06/2011
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m ario-de-andrade A cesso em 06/06/2011
Quando ao muro já no escuro
Meu olhar andou buscando a cara dela e não achou
Minha viola gemeu
Meu coração estremeceu
Minha viola quebrou
Meu coração me deixou... http://letras.terra.com.br/viola-urbana/374232/
a) Releia o texto com bastante atenção procurando identificar a mensagem
(história) contida nesta música. Registre-a.
b) Quais termos ou expressões são diferentes neste
texto. Por que eles foram usados?
PR O PO STA D E A V A L IA ÇÃ OPR O PO STA D E A V A L IA ÇÃ OPR O PO STA D E A V A L IA ÇÃ OPR O PO STA D E A V A L IA ÇÃ O
Considerando que a língua portuguesa é uma unidade composta de muitas
variedades, devemos entender que não basta apenas uma mudança de atitude
frente aos fenômenos da variação, a escola precisa cuidar para que não se
reproduza em seu espaço a discriminação linguística, uma vez que a língua não é
usada de modo homogêneo por todos os seus falantes. Compreender a
diversidade lingüística é abrir horizontes para melhor entender a pluralidade
social, cultural e histórica de um povo.
Desta forma, o ensino da língua portuguesa não deve privilegiar uma única
forma de análise dos fenômenos linguísticos, já que um dos seus principais
objetivos é formar usuários competentes da língua, de modo que, pela fala,
escrita e leitura, exercitem a linguagem de forma consistente e flexível,
D ICAD ICAD ICAD ICA P rofessor, incentive um a
discussão a respeito do texto, propondo a observação de alguns
aspectos tias com o: • O rganização; • V ocabulário;
adaptando-se a diferentes situações de uso. Assim, o trabalho com a língua deixa
de ser visto como um aglomerado de inadequações explicativas sobre fatos da
língua e passa a ser um aliado na busca de um ensino de qualidade.
O professor deve estar atento ao planejar suas aulas, buscando promover o
diálogo entre os diferentes falares, considerando a necessidade de sua escolha,
conforme as circunstâncias de interlocução. Isso não significa valorizar em
excesso as variedades lingüísticas em prejuízo da norma padrão; ao contrário, a
sala de aula é o espaço de apropriação desse conhecimento, porque é o único
lugar que possibilita, à grande maioria dos alunos, contato com a norma culta da
língua.
R E F E R Ê N CIA SR E F E R Ê N CIA SR E F E R Ê N CIA SR E F E R Ê N CIA S
BARBOZA, T. P. Pensando a língua em suas diferentes formas: uma nova abordagem em relação ao ensino de Língua Portuguesa. 2007.55 f. Monografia (Especialização em Língua Portuguesa) Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Londrina, 2007.
BAKTHIN, M. Estética da criação verbal. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. BAKTHIN, M; VOLOCHINOV, V.N. Marxismo e filosofia da linguagem. 8.ed. São Paulo: HUCITEC, 1997. BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Nós cheguemu na escola, e agora? São Paulo: Parábola Editorial, 2005. BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de educação fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Língua Portuguesa. Brasília, 1998. CAMACHO, Roberto G. A variação lingüística. In: Subsídios à proposta curricular de língua portuguesa para o segundo grau. São Paulo, CENP, Secretaria do Estado da Educação, 1986, p.29-41. CODAX, Martim. Cantiga de amigo. Disponível em: http://www.colegioweb.com.br/literatura/as-cantigas-de-amigo.html