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História de Santa Catarina 1 Aspectos Históricos do Estado de Santa Catarina Cronologia da História de Santa Catarina Pré-História Período Colonial Período Imperial Período Republicano 5.000 a. C. 1500 - 1822 1822 - 1889 1889 - ... A Pré-história de Santa Catarina Os historiadores hoje acreditam que a entrada das populações indígenas no sul do Brasil se deu pelo Rio Paraná e seus afluentes. É possível que esses primeiros povos tenham chego à Santa Catarina pelo Rio Uruguai. Nas margens dos rios, encontra-se cultura material de ocupação humana datadas em aproximadamente 8.000 anos. Indígenas Catarinenses Homem do Sambaqui A pré-história da Ilha de Santa Catarina tem início com as populações de caçadores e coletores, construtoras dos sambaquis. Sua presença na Ilha está marcada, até o presente momento, pela data mais antiga de 5000 a.C. com os sítios arqueológicos do Pântano do Sul e Ponta das Almas. Eram indivíduos pré-ceramistas que viviam da caça e da coleta e praticavam pinturas corporais. A palavra sambaqui é derivada do guarani: Tambá - concha e Qui - monte. Os sambaquis são montes de carapaças de moluscos e outros restos da alimentação dos caçadores e coletores, juntamente com grande parte de sua cultura material (machados, seixos, colares de dentes ou vértebras e pontas de flecha). Era comum a prática de enterramentos dentro dos sambaquis. Os Itararés Uma segunda tradição que habitou a região da Ilha de Santa Catarina foi a dos Itararés. Eram ceramistas que viviam da caça e coleta. Sua cerâmica, rudimentar e sem decoração, tinha caráter exclusivamente utilitário, usado no preparo de alimentos. Esta cerâmica pode ser o indicador de que os Itararé vieram do Planalto. Os Carijós Os guaranis da Ilha de Santa Catarina, conhecidos como Carijós, foram os índios que tiveram contato com o europeu colonizador. Pouco se sabe sobre esta tradição antes da colonização. Acredita-se que os Carijós chegaram à região vindos da área do atual Paraguai. Eles dominavam a agricultura e conheciam o fabrico da cerâmica, dominando e expulsando outros grupos. Os Carijós chamavam a Ilha de Santa Catarina de Jurerêmirim, que quer dizer boca pequena. Cultivavam a mandioca e o cará, explorando paralelamente a caça, pesca e coleta. Sua cerâmica apresenta decoração corrugada, ungulada e pintada. Os carijós conheciam a fauna, a flora e os acidentes geográficos: rios, ilhas, campos. Tal conhecimento foi adquirido pelos europeus que o utilizaram para ocupar e explorar a região. Com a chegada do homem branco, os carijós, assim como a maioria dos índios do estado de Santa Catarina e do restante do Brasil, caminharam gradativamente à extinção. Aldeias foram aprisionadas e escravizadas. Doenças desconhecidas (gripe, sarampo, varíola, tuberculose, cólera) e as lutas de resistência indígena levaram, no século XVII, ao desaparecimento dos Carijós do litoral catarinense. Kaigang e Xokleng No interior existia o grupo Jê (Kaigang e Xokleng), que se caracterizava pelo nomandismo (ou semi-nomadismo). Os exploradores denominaram este grupo de botucudos e bugres. Sabe-se que os Kaigangs viviam no planalto e dedicavam-se à pesca, à caça, à coleta de pinhão, frutas e raízes. Os Xoklengs, que habitavam a região entre o planalto e o litoral, também eram caçadores e coletores, porém mais belicosos. Período Colonial Expedições exploradoras ao litoral catarinense Os portos naturais, como os de São Francisco e Ilha de Santa Catarina, tornaram a região parada obrigatória para os navios que viajavam no Atlântico Sul. Navegadores de várias nacionalidades por aqui passaram. Alguns náufragos e desertores acabaram por permanecer entre os indígenas que habitavam a Ilha de Santa Catarina e o litoral fronteiro, facilitando o reconhecimento da região e o abastecimento das outras embarcações. O primeiro europeu a aportar em terras catarinenses foi Binot Palmier de Gonnonville, em 1504 (São Francisco do Sul). A partir de então várias expedições chegaram a Santa Catarina: Juan Dias de Solis (1516) - naufragou quando voltava de viagem ao Prata. Onze náufragos dessa expedição foram bem recebidos pelos índios carijós e iniciaram com eles uma intensa miscigenação. D. Rodrigo de Acuña (1525) - deixa 17 tripulantes na Ilha, onde se fixaram voluntariamente;

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História de Santa Catarina

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Aspectos Históricos do Estado de Santa Catarina

Cronologia da História de Santa Catarina Pré-História Período

Colonial Período Imperial

Período Republicano

5.000 a. C. 1500 - 1822 1822 - 1889 1889 - ...

A Pré-história de Santa Catarina Os historiadores hoje acreditam que a entrada das populações indígenas no sul do Brasil se deu pelo Rio Paraná e seus afluentes. É possível que esses primeiros povos tenham chego à Santa Catarina pelo Rio Uruguai. Nas margens dos rios, encontra-se cultura material de ocupação humana datadas em aproximadamente 8.000 anos. Indígenas Catarinenses Homem do Sambaqui A pré-história da Ilha de Santa Catarina tem início com as populações de caçadores e coletores, construtoras dos sambaquis. Sua presença na Ilha está marcada, até o presente momento, pela data mais antiga de 5000 a.C. com os sítios arqueológicos do Pântano do Sul e Ponta das Almas. Eram indivíduos pré-ceramistas que viviam da caça e da coleta e praticavam pinturas corporais. A palavra sambaqui é derivada do guarani: Tambá - concha e Qui - monte. Os sambaquis são montes de carapaças de moluscos e outros restos da alimentação dos caçadores e coletores, juntamente com grande parte de sua cultura material (machados, seixos, colares de dentes ou vértebras e pontas de flecha). Era comum a prática de enterramentos dentro dos sambaquis. Os Itararés Uma segunda tradição que habitou a região da Ilha de Santa Catarina foi a dos Itararés. Eram ceramistas que viviam da caça e coleta. Sua cerâmica, rudimentar e sem decoração, tinha caráter exclusivamente utilitário, usado no preparo de alimentos. Esta cerâmica pode ser o indicador de que os Itararé vieram do Planalto. Os Carijós Os guaranis da Ilha de Santa Catarina, conhecidos como Carijós, foram os índios que tiveram contato com o europeu colonizador. Pouco se sabe sobre esta tradição antes da colonização. Acredita-se que os Carijós chegaram à região vindos da área do atual Paraguai. Eles dominavam a agricultura e conheciam o fabrico da cerâmica, dominando e expulsando outros grupos. Os Carijós chamavam a Ilha de Santa Catarina de Jurerêmirim, que quer dizer boca pequena. Cultivavam a

mandioca e o cará, explorando paralelamente a caça, pesca e coleta. Sua cerâmica apresenta decoração corrugada, ungulada e pintada. Os carijós conheciam a fauna, a flora e os acidentes geográficos: rios, ilhas, campos. Tal conhecimento foi adquirido pelos europeus que o utilizaram para ocupar e explorar a região. Com a chegada do homem branco, os carijós, assim como a maioria dos índios do estado de Santa Catarina e do restante do Brasil, caminharam gradativamente à extinção. Aldeias foram aprisionadas e escravizadas. Doenças desconhecidas (gripe, sarampo, varíola, tuberculose, cólera) e as lutas de resistência indígena levaram, no século XVII, ao desaparecimento dos Carijós do litoral catarinense. Kaigang e Xokleng No interior existia o grupo Jê (Kaigang e Xokleng), que se caracterizava pelo nomandismo (ou semi-nomadismo). Os exploradores denominaram este grupo de botucudos e bugres. Sabe-se que os Kaigangs viviam no planalto e dedicavam-se à pesca, à caça, à coleta de pinhão, frutas e raízes. Os Xoklengs, que habitavam a região entre o planalto e o litoral, também eram caçadores e coletores, porém mais belicosos.

Período Colonial Expedições exploradoras ao litoral catarinense Os portos naturais, como os de São Francisco e Ilha de Santa Catarina, tornaram a região parada obrigatória para os navios que viajavam no Atlântico Sul. Navegadores de várias nacionalidades por aqui passaram. Alguns náufragos e desertores acabaram por permanecer entre os indígenas que habitavam a Ilha de Santa Catarina e o litoral fronteiro, facilitando o reconhecimento da região e o abastecimento das outras embarcações. O primeiro europeu a aportar em terras catarinenses foi Binot Palmier de Gonnonville, em 1504 (São Francisco do Sul). A partir de então várias expedições chegaram a Santa Catarina: • Juan Dias de Solis (1516) - naufragou quando voltava

de viagem ao Prata. Onze náufragos dessa expedição foram bem recebidos pelos índios carijós e iniciaram com eles uma intensa miscigenação.

• D. Rodrigo de Acuña (1525) - deixa 17 tripulantes na Ilha, onde se fixaram voluntariamente;

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• Sebastião Caboto (1526) – dá a Ilha o nome de Santa Catarina.

• Alvar Nuñez Cabeza de Vaca (1541) - chega como governador da região do Prata (que então se estendia atéo litoral catarinense.

O Povoamento Vicentista Os portos de São Francisco, Ilha de Santa Catarina e Laguna eram importantes, pois abasteciam com água os navios que iam para o Rio da Prata ou para o Pacífico através do Estreito de Magalhães. Portugal, que já manifestara interesse em fundar uma colônia na margem esquerda do Rio da Prata, começa a encarar com muito interesse e cuidado a preservação da Ilha de Santa Catarina. A primeira povoação da capitania de Sant’Ana se deu onde hoje é a cidade de São Francisco do Sul. Foi fundada em 1658, por Manoel Lourenço de Andrade, que se estabeleceu e a denominou Nossa Senhora das Graças do Rio de São Francisco. Manoel Lourenço, veio com familiares e agregados, trazendo gado, ferramentas e instrumental agrícola. Distribuiu terras e reservou para si as mais próximas à povoação. Em 1673 foi Francisco Dias Velho que se fixou com filhos, criados e escravos na Ilha de Santa Catarina, fundando Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis). A fundação de Dias Velho não durou muito. Em 1687, apareceu, na enseada de Canasvieiras, um navio inglês carecendo de reparos. Dias Velho prendeu os piratas e o barco, enviando homens e cargas, para São Vicente, onde foram libertados. Dois anos depois, voltaram a Ilha de Santa Catarina e atacaram o povoado de Nossa Senhora do Desterro. Dias Velho foi preso e depois assassinado. Após este fato foi deixada ao abandono e com poucos moradores a povoação do Desterro. A fundação da colônia de Sacramento em 1680 realça a importância dos núcleos catarinenses. Para dar apoio logístico a Sacramento, o vicentista Antônio Brito Peixoto funda, em 1684, a vila de Santo Antônio dos Anjos de Laguna. Capitania Real de Santa Catarina A Capitania de Santa Catarina nasce com o objetivo de ser uma base de apoio aos enfrentamentos militares com os espanhóis. Esses viam Sacramento como uma ameaça ao monopólio sobre a boca do rio do Prata, que funcionava como uma porta de extrema importância para mais da metade de suas colônias da América do Sul. O Brigadeiro José da Silva Paes é escolhido para ser seu primeiro governante. Santa Catarina passa a ser, oficialmente, a partir de 1739, o posto mais avançado da soberania portuguesa na América do Sul.

Fortificação da ilha de Santa Catarina D. João V, rei de Portugal, em 1738 incumbiu Silva Paes de fortificar os pontos estratégicos da Ilha. Sob a orientação de Silva Paes, e seguindo seus próprios planos, teve início a construção das primeiras fortalezas da Ilha. O Brigadeiro planejou um sistema de fortificações permanentes que, apesar dos bons objetivos e da monumentalidade, não conseguia defender as entradas das barras do Norte e do Sul da Ilha. Entretanto, historicamente o sistema acabou se constituindo no maior conjunto arquitetônico militar do sul do Brasil. A Vila de Nossa Senhora do Desterro tinha muitas praias e excelentes baías, fáceis de aportar. Foram escolhidos três locais ao norte que visavam impedir a entrada de invasores pela Baía e, conseqüentemente, aos portos naturais aí existentes. São então: a Fortaleza de Santa Cruz (1739), na Ilha de Anhatomirim, a Fortaleza de São José da Ponta Grossa (1740), ao norte da Ilha de Santa Catarina e a Fortaleza de Santo Antônio (1740), na Ilha de Ratones Grande. Para defender a entrada da Baía Sul, construiu-se a Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição (1742), na Ilha de Araçatuba. Nas décadas seguintes, alguns fortes de menores proporções foram erguidos mais próximos ao centro da Vila de Desterro: Forte de Santana, São Luiz, São Francisco Xavier, Santa Bárbara, São João, Lagoa e Bateria de São Caetano. No início do Século XX, foi construída a última fortificação catarinense: o Forte de Naufragados. Apesar da excelente situação estratégica dessas obras o material bélico existente em cada uma delas estava aquém das necessidades. Haveria também a necessidade de tropas para guarnecer estas fortalezas e criou-se um batalhão, mais tarde transformado em regimento - o Regimento de Infantaria da Ilha de Santa Catarina - e, ainda, dada a fraca densidade populacional da região, haveria necessidade de braços para prover o sustento, produzindo alimentos, bem como para preencher os claros na tropa: daí a proposta do povoamento açoriano. Colonização açoriana O governo português percebendo a necessidade de não perder as terras para outras nações, como a Espanha e também proteger militarmente o litoral brasileiro, começou o processo de colonização na ilha de Santa Catarina, estabelecendo a idéia de posse, ou seja, o Brasil deveria ser povoado para estabelecer o direito para os portugueses de donos da terra, definitivamente. A necessidade de defesa só poderia apresentar bons resultados se houvesse um povoamento no litoral catarinense. Foi oferecida uma série de incentivos aos açorianos e madeirenses para ocupar a colônia. Os açorianos se situaram na vila de Nossa Senhora do

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Desterro e seus arredores, fundaram as freguesias de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa, São Miguel da Terra Firme, Nossa Senhora do Rosário da Enseada de Brito, São José da Terra Firme, Santana da Vila Nova, Nossa Senhora das Necessidades, São Antônio de Lisboa, Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão da Ilha. As freguesias apresentam, até nossos dias, a arquitetura das construções, propriedades, sistema econômico, tradições, folclore bem parecidos com o período colonial. A sede de colonos na nova capitania coincide com a crise de superpopulação nos Açores e Madeira. Há um movimento espontâneo de vinda para o Brasil. Resolve então o Conselho Ultramarino realizar a maior migração sistemática de nossa história. Em várias viagens foram transportados cerca de 4.500 colonos. Deu-lhes boa acolhida o Governador Manuel Escudeiro, sucessor do Brigadeiro Paes. Mas nem todas as promessas da administração colonial podiam ser cumpridas, por falta de recursos. Além disso, nem todos os imigrantes, entre os quais muitos nobres, estavam dispostos a dedicar-se à agricultura ou aos ofícios mecânicos, em obediência às ordens régias, que tinham o propósito de evitar a entrada de escravos. Outro problema era o da localização. Recomendava a Metrópole que os colonos não se concentrassem na Ilha, mas formassem, também, núcleos no litoral, sob normas urbanísticas, insistindo ainda que casais se encaminhassem para o Rio Grande do Sul. Essas determinações que, apesar das dificuldades, foram sendo cumpridas, levaram a migração açoriana até o extremo sul do país, implantando as características do seu tronco racial: fortaleza de ânimo, simplicidade e vivacidade. E aos seus descendentes transmitiram modismos, hábitos, linguagem, que ainda neles se notam, principalmente na Ilha de Santa Catarina e no litoral que vai até o Rio Grande do Sul. A cultura que prevaleceu foi a da mandioca, que os colonos aprenderam no novo continente e dela conseguiram safras promissoras, permitindo até a sua exportação. Houve no séc. XVII a criação da cochonila, mas que desapareceu no séc. XIX, por falta de incentivo. A cultura açoriana • As contribuições culturais dos açorianos podem ser

citadas em vários aspectos, como: • técnicas de pesca • construção naval (as baleeiras) • artesanato (renda de bilro), olaria, peças utilitárias e

decorativas • folguedo do “boi na vara”, “pão por Deus”, modo de

falar, “boi de mamão” Invasão espanhola Em 1777, o governador de Buenos Aires, D. Pedro de Cebalos, desembarcou suas forças invasoras na enseada de Canasvieiras sem que as fortalezas disparassem um só tiro de canhão. A tomada da ilha foi tranqüila, até hoje é

difícil compreender com não houve resistência de uma força de quase 2.000 homens, dos quais faziam parte tropas do Reino, do Rio de Janeiro e contingentes locais. Só em julho de 1778, em virtude do Tratado de Santo Ildefonso, obtido pelos estadistas do governo de D. Maria I, foi a Ilha restituída. Mas ficara completamente arrasada. O próprio hospital estava destruído, desde os alicerces. Entre o novo governador, Veiga Cabral da Câmara, e o vice-rei, Marquês de Lavradio, foi decidida, após troca de importante correspondência, a distribuição de casais pelo litoral, estabelecidos em lotes que lhes permitissem a manutenção, evitando-se, assim, a sua concentração na Ilha, onde empobreciam. O último governador da capitania foi Tomás Joaquim Pereira Valente, depois general e Conde do Rio Pardo. O caminho dos tropeiros A mineração marcou a economia brasileira do século XVIII. As primeiras jazidas foram encontradas em Minas Gerais. Com esta atividade houve várias conseqüências, como o deslocamento do eixo econômico do Nordeste para o Centro-sul, a formação de cidades. Com a exploração de jazidas, a região sul, passou a interessar ainda mais aos portugueses. Os sulistas criavam gado bovino (para produção de carne e couro) e animais utilizados para tração ou transporte, que iriam abastecer a região mineradora. Foram abertos caminhos pelo interior ligando o Sul até São Paulo, onde o gado era comercializado. Foi assim que surgiu o tropeiro, indivíduo responsável pelo transporte do gado que abastecia as ricas Minas Gerais. Ao longo do caminho das tropas, do sul até São Paulo, surgiram vários povoados. Além disso, o pouso de tropas e a busca de novas pastagens deram origem a cidades como Lages, Curitibanos, São Joaquim e Campos Novos. A instalação de um posto de cobrança de impostos às margens do rio Negro, onde os tropeiros eram obrigados a parar, favoreceu a formação de um novo povoamento, origem da atual Mafra. Assim o pastoreio e todas as atividades a ele ligadas, foram responsáveis pelo aparecimento de uma estrutura social e econômica no planalto ocidental de Santa Catarina. Com o objetivo de solucionar antigas disputas entre portugueses e espanhóis, foi assinado em 1750 o Tratado de Madri que anulou a linha divisória estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas. O Tratado de Madri definiu muito da atual configuração do território brasileiro. Portugal e Espanha contribuíram para a cartografia sul-americana com as investigações para a demarcação do tratado. Definiu-se o reconhecimento aprofundado do território do oeste catarinense, quanto ao curso do rio Peperiguaçu e outros afluentes do rio Uruguai. Com este novo Tratado o planalto catarinense era integrado oficialmente aos domínios portugueses. Neste contexto de expansão territorial portuguesa é fundada

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Nossa Senhora dos Prazeres de Lages, por Antônio Corrêa Pinto, em 1766. Logo após é ligada a Laguna dando origem a atual estrada do Rio do Rastro. No século XVIII, o Rio Grande do Sul abastecia as feiras de São Paulo com gado. O caminho atravessava os campos de Vacaria (RS), e daí atingia Lages. A fundação de Lages permite o surgimento de novas fontes pastoris e “pousos das tropas”, que originaram as comunidades de Curitibanos, São Joaquim, Campos Novos, Mafra e Rio Negrinho. Ao se aproximar do término do período colonial, Santa Catarina apresentava duas economias distintas: o planalto baseado na pecuária e o litoral voltado para subsistência. No litoral destacamos a pesca da baleia e o surgimento das armações. O alto valor comercial do óleo de baleia, fez com que a pesca e comercialização da baleia fossem controladas pelo monopólio Real através de concessões. Período Imperial Brasil independente Proclamada a Independência, a notícia chegou a Santa Catarina a sete de outubro de 1822 e foi recebida com simpatia por parte das Câmaras do Desterro, Laguna, São Francisco e Lages. Santa Catarina, já com o título de Província, aderiu ao movimento constitucional, elegendo seu representante às Cortes de Lisboa o Padre Lourenço Rodrigues de Andrade, que assinou a Constituição do Reino Unido em 1822. Em seguida cooperou a Província com as demais no movimento da Independência, elegendo deputado à Constituinte brasileira, em 1823, Diogo Duarte Silva. Em decorrência da Carta Imperial de 1824 passou a ser governada por presidentes nomeados pelo poder central. Logo após a aceitação dessa Carta, instalou-se o Conselho Provincial e, até 1889, foram 39 os que ocuparam o Executivo. Em 1834 o Ato Adicional transformou o Conselho em Assembléia Provincial, com poderes muito mais amplos. Colonização Européia Uma das primeiras colônias fundadas na Província de Santa Catarina foi Nova Ericeira, na Enseada de Garoupas (atual Porto Belo). A partir de 1817, vieram de Portugal pescadores, barbeiros, alfaiates e sapateiros para a região. Em 1824 a Colônia foi elevada à freguesia com a vinda de novos colonos. Pelo Decreto Imperial de 1832, foi criado a Vila e posteriormente o Município de Porto Belo, desmembrado do de São Francisco. Entretanto, foi somente no final do Primeiro Reinado que se iniciou um grande movimento de colonização em todo o país. A província de Santa Catarina foi um dos setores em que ele produziu resultados mais promissores, quer o de iniciativa oficial,

quer o particular. Do primeiro tipo foram: São Pedro de Alcântara, de alemães (1829); Itajaí, de nacionalidades diversas (1836); Piedade, de alemães (1847); Santa Tereza (1854), com soldados agricultores, destinada à ligação entre Lages e a capital; Teresópolis, de alemães (1860); Brusque, idem (1860); Angelina, de diversas nacionalidades (1862); Azambuja, de italianos (1877); Luís Alves, de diversas nacionalidades (1877). De iniciativa particular foram: Nova Itália, de italianos (1836); Flor da Silva, com elementos mistos (1844); Blumenau, com alemães (1850); D. Francisca, com alemães (1851), que deu origem à cidade de Joinville; Leopoldina, com nacionais, belgas, e alemães (1853); Príncipe D. Pedro, com irlandeses e americanos (1860); o Grão-Pará, com italianos, espanhóis, russos, polacos, franceses, ingleses e holandeses (1882). Referência especial merece a colônia de Saí (1842), tentativa malograda de concretização das idéias comunistas de Fourier, na Baia da Babitonga. Desse núcleo surgiram outros, e o território ficou coberto por uma rede de colônias, no seio das quais foram surgindo cidades, vilas e povoados. A colônia de São Pedro de Alcântara localizou-se no caminho que levava do litoral à Lages, defendendo o percurso de ataques indígenas. República Juliana O período regencial foi caracterizado por uma série de agitações. Muitas revoltas em diversos pontos do país, varias das quais colocando em perigo a unidade nacional, ocorriam motivadas pelo descontentamento político. O mais longo movimento – que duraria 10 anos -, a Revolução Farroupilha, eclodiu em 1835, no Rio Grande do Sul e se estendeu à Santa Catarina. O objetivo dos Farrapos era diminuir o controle econômico do governo imperial e alguns defendiam ideais republicanos e federalistas. Comandados por Bento Gonçalves, chegaram à Santa Catarina, especialmente nas regiões de Laguna e Lages, onde a simpatia pela causa Rio-grandense aumentava, incentivados por famílias que fugiram das regiões de conflito na Província Gaúcha. Muitos lageanos foram favoráveis à causa farroupilha, pois as forças imperiais fizeram um grande recrutamento, confiscando gado e mantimentos, sem ressarcimento. Isto levou ao descontentamento na região e à declaração de adesão a República Rio-grandense, no início de 1838. Em 1839, a vanguarda republicana, comandada pelo Coronel Joaquim Teixeira Nunes, aproximou-se de Laguna. Com o auxílio de tropas provenientes de Lages e Vacaria, os farrapos rumaram em direção àquela vila. Quando os republicanos chegam na praia da Barra, o combate tem início. O barco Seival, comandado por Garibaldi, defende os postos de combate e o dia 21 de julho termina sem vencedores. Vem o reforço das tropas de Davi Canabarro, e, no outro dia, retomam a batalha.

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Após várias horas de conflito, o comandante chamado de Vilas Boas faz a retirada das tropas imperiais, pois não conseguiria manter o controle de Laguna. Assim, a 22 de julho de 1839, Laguna era ocupada. Apoiados pela população, estabeleceram uma república com o nome provisório de Cidade Juliana de Laguna, presidida por Canabarro. Com a convocação de eleições, foi eleito para presidente da República o coronel Joaquim Xavier Neves, de São José. Neves, porém, não foi diplomado presidente pelos revolucionários gaúchos, assumindo o cargo o Padre Vicente Ferreira dos Santos Cordeiro, de Enseada do Brito, que havia sido derrotado na eleição. Laguna foi designada Capital Provisória da República Juliana. Foram instituídas as cores oficiais – verde, amarela e branca – e Lages, considerada parte integrante do território. Todos os impostos sobre o comércio do gado e indústria pastoril foram abolidos. A reação do governo Imperial foi a nomeação do Marechal Francisco José de Sousa Soares de Andréa para presidente de Santa Catarina, pois ele era conhecido por sua energia e rispidez. Nobre e de brilhante carreira militar, Andréa acompanhara D. João VI e a família real para o Brasil e fora comandante das forças brasileiras em Montevidéu. Enviado às terras barrigas-verdes somente para resolver os problemas do sul, Andréa governou apenas de 1839 a 1840. Com 400 homens que trouxera do Rio de Janeiro e 3.000 de Santa Catarina, 20 navios e com amplos poderes, Andréa no início optou pelos caminhos diplomáticos para atacar os republicanos: afastou o Padre Cordeiro e convidou Neves para a causa imperial, tornando o coronel comandante da Guarda Nacional de São José. Os comandantes imperiais: Capitão-de-mar-e-guerra Frederico Mariath e Coronel Fernandes Pereira reuniram-se em Imbituba e Vila Nova e atacaram Laguna. Davi Canabarro e aproximadamente 1200 homens esperavam em Itapirubá. Em Laguna, Garibaldi e seus comandados, com as embarcações Itaparica, Seival, Rio Pardo e Caçapava, defendia a entrada, com a ajuda do fortim da barra. Segundo Garibaldi, a batalha foi mortífera e horrível, durando três horas, e levou ao fim, no dia 15 de novembro de 1839, a República Juliana. Os lageanos viveram momentos agitados, nas disputas entre legalistas e farroupilhas no seu território. Com a adesão aos farrapos, o Governo da Província de Santa Catarina proíbe o comércio com Lages. É suspensa a remessa de sal para a região, prejudicando a pecuária. Em novembro de 1839, após vários conflitos, Lages volta ao controle dos legalistas. Neste momento, os republicanos dirigem-se para o Rio Grande do Sul, combatidos pelo mercenário Pedro Labatut, francês a serviço do Governo Imperial. A instalação da República Juliana, ainda que por pouco tempo, foi uma das páginas mais gloriosas da história catarinense, projetando internacionalmente o nome de Anita Garibaldi, denominada a Heroína dos Dois Mundos.

A guerra do Paraguai A participação de Santa Catarina na Guerra do Paraguai (1865-1870), foi com o batalhão Voluntários da Pátria e a presença de 1500 homens, na maioria negros. Destacaram-se o coronel Fernando Machado e o Tenente Álvaro Augusto de Carvalho. O principal marco da guerra foi a instalação de uma linha de telégrafo, que ligava Desterro à Laguna e a várias cidades no Rio Grande do Sul Industrialização Entre os anos de 1850 e 1880, tivemos as condições para a futura industrialização do país e de Santa Catarina. Em 1850 a abolição do tráfico de escravos e a Lei de Terras acarretaram carência de mão-de-obra e a regulamentação do acesso a terra para os colonos. Isto influenciou a imigração e a colonização. A industrialização foi possível com ajuda do imigrante europeu, proveniente das áreas urbanas e industriais do “velho mundo”. As indústrias tiveram origem na atividade artesanal que os imigrantes desenvolveram. No ano de 1873, a Estrada de Ferro D. Francisca, ligou o litoral até a Serra e ao Norte, escoando a produção ervateira e outros produtos. A experiência dos imigrantes em indústria e artesanato na Alemanha e Itália ajudou o surgimento de empresas como a têxtil Büttener & Cia. LTDA, fundada por Eduardo Von Büttener, instalada em Brusque. Em 1898 aumentou seus negócios com uma fábrica de bordados finos. Mais tarde, produziu fios para a produção de artigos de cama e mesa. Outro exemplo foi a Indústria de Carlos Renaux, que veio para o Brasil em 1882, dividida em dois ramos principais: Fábrica de Tecidos Carlos Renaux S.A e Indústria Têxtil Renaux S.A, utilizando imigrantes alemães com conhecimento em tecelagem. Podemos citar a Firma que Carl Hoepcke ampliou para trabalhar com importação e exportação, com navios próprios ou fretados. Fundou também a Fábrica de Pregos Rita Maria (1896) e a Fábrica de Rendas e Bordados (1917), tendo sido criado também o Estaleiro Arataca. Merece destaque a Cia Hering, fundada por Hermann Hering, graduado em tecelagem na Alemanha. Após sua morte, ocorrida em 1918, seus descendentes ganharam reconhecimento no mercado nacional. Entre os anos de 1880 e 1889, foram instalados 86 estabelecimentos industriais, que representam 6,5% do total de 1.322 estabelecimentos fundados, nesta época, no Brasil.

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O Partido Republicano Catarinense Em Santa Catarina se discutia no século XIX a abolição da escravatura e as idéias republicanas. Fundou-se o Clube Camboriú no ano de 1887, sob a presidência de Manoel Antônio Pereira. Neste mesmo ano foram fundados o Clube Republicano Federalista, de Joinville e o Clube Republicano Esteves Jr., no Desterro, sob a presidência do farmacêutico Raulino Julio Adolfo Oto Horn, tendo como vice-presidente Gustavo Richard. Esteves Júnior participou do primeiro Congresso e o homenagearam com o nome do Clube Republicano de Desterro. Entre os jornais republicanos surgiu, no Desterro, em 1885, a Voz do Povo de José Araújo Coutinho. Em 1886 fundou-se o Independente de Tijucas. A Folha Livre foi o jornal republicano de Joinville, fundado por Manoel Correa de Freitas, sucedido por outro, O Sul, de propriedade de João Evangelista Leal. Na Capital, o jornal A Evolução, e, em Blumenau, o jornal Blumenauer-Zeitung. Após a notícia da proclamação da República, os membros do Clube Republicano do Desterro e os oficiais da Guarnição Militar aclamaram um triunvirato destinado a assumir o Governo catarinense. Esta Junta Governativa foi composta por Raulino Horn, pelo Coronel João Batista do Rego Barros (comandante da Guarnição Militar) e pelo Dr. Alexandre Marcelino Bayma, médico da referida guarnição. Em 24 de novembro, Deodoro nomeou Lauro Severiano Muller como primeiro Governador do Estado. Em Desterro, a praça Barão da Laguna passou a se chamar praça 15 de novembro; o Campo do Manejo tornou-se General Osório; a rua do Imperador passou a se intitular Tenente Silveira. A 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada a Constituição Federal e no mês seguinte se realizaram as eleições para a Constituinte e o Congresso do Estado. Este primeiro corpo legislativo deveria aprovar a Constituição do Estado que substituiria a que lhe fora outorgada a 23 de janeiro de 1891, pelo 2º Vice Governador em exercício Gustavo Richard, pois Lauro Muller, Governador, e Raulino Horn, 1º Vice, estavam atuando no Congresso Federal. A Constituição de Santa Catarina foi instalada a 28 de abril de 1891 e no mês seguinte elegeu-se para Governador o mesmo Lauro Muller e para o primeiro e segundo vices, Raulino Horn e Gustavo Richard, respectivamente. Em junho o Estado teve a sua primeira Constituição. Período Republicano A Revolução Federalista No Rio Grande do Sul foi fundado o Partido Republicano Federalista que se opunha ao governo estadual de Júlio de Castilhos e ao governo Federal de Floriano Peixoto, ambos do Partido Republicano. Devido à proximidade geográfica, o federalismo influenciou os outros dois estados do Sul.

Convém lembrar que no mesmo momento, no Rio de Janeiro evidenciava-se a Revolta da Armada que também se opunha ao governo do “Marechal de Ferro”. Em Santa Catarina os partidários do federalismo, Eliseu Guilerme, Severo Pereira e Fernando Hackradt entraram em conflito com os chamados legalistas, que tinham à frente Hercílio Luz e o próprio Lauro Muller. Os federalistas conseguem instalar-se na região do Desterro, base para o “Governicho” de Frederico de Lorena. Sob liderança de Hercílio Luz, que havia sido proclamado governador pela Câmara de Blumenau, os legalistas iniciam uma violenta reação. As lutas prolongam-se e nosso Estado foi palco de violentos combates. Desterro foi ocupada pelas tropas do Governo que colocou na chefia estadual o Coronel Antônio Moreira César, que puniu severamente, isto é, sem direito de defesa, as federalistas ou simpatizantes da monarquia, transformando a fortaleza de Anhatomirim em um palco sangrento de execuções. Há fontes que dizem que 185 catarinenses foram executados. Os fuzilamentos do Forte de Anhatomirim aconteceram porque o estilo despótico e centralizador de Floriano Peixoto, encontrou resistências no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná. No dia 25 de setembro de 1893, liderados pelo capitão de mar-e-guerra Guilherme de Lorena, os navios da Revolta da Armada aportaram em Desterro, que unidos ao Exército Federalista Gaúcho, foram aclamados pela população local e declararam a independência da Região Sul, sendo Desterro a sua capital. A nova Republica capitulou em 14/04/1894, quando após diversas batalhas os "legalistas" que Floriano arregimentou em outros estados, e que eram comandados pelo Coronel Moreira César, em virtude de sua grande superioridade numérica e bélica, tomaram a cidade. Na seqüência a cidade foi palco de cenas de violenta repressão, com torturas e prisões arbitrárias que atingiram a população civil. Cento e oitenta e cinco membros da sociedade catarinense foram sumariamente fuzilados na fortificação da Ilha de Anhatomirim, sem qualquer julgamento ou direito de defesa, por ordem expressa de Floriano Peixoto, cumprida a risca pelo famoso Moreira César. Logo a seguir, mudou-se o nome da cidade passando a chamar-se "Florianópolis", em "homenagem" a quem trucidou seus filhos. A Guerra do Contestado O povoamento do planalto serrano foi diferente do litoral catarinense na sua composição de recursos humanos. Em 1853 começa a disputa de limites entre Santa Catarina e Paraná, quando este último se desmembra de São Paulo e firma posse sobre o oeste catarinense. Com a constituição de 1891, é assegurado aos Estados o direito de decretarem impostos sobre as exportações e mercadorias, como também indústrias e profissões, o que

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acirra ainda mais a questão dos limites, pois a região era rica em ervas. Em 1904 Santa Catarina ganhou a causa perante o Supremo Tribunal Federal, mas o Paraná recorreu, perdendo novamente em 1909 e 1910. Porém a discussão não finda, sendo resolvida apenas em 1916 quando os governadores Felipe Schmidt (SC) e Afonso Camargo (PR), por intermédio do Presidente Venceslau Brás, assinam um acordo estabelecendo os limites atuais entre os dois estados. A questão do Contestado (1912-1916) O poder dos monges A figura dos monges teve valor fundamental para a questão do Contestado, sendo mais destacado o chamado José Maria. O primeiro monge foi João Maria, de origem italiana, que peregrinou entre 1844 a 1870 quando morre em Sorocaba. João Maria levava uma vida extremamente humilde, serviu para arrebanhar milhares de crentes, não exerceu influência no que viria a acontecer, mas serviu para reforçar o messianismo coletivo. O segundo monge, que também se chamava João Maria surge com a Revolução Federalista de 1893 ao lado dos maragatos. De começo vai mostrar sua posição messiânica, fazendo previsões a respeito dos fatos políticos. Seu verdadeiro nome era Atanás Marcaf, provavelmente de origem Síria. João Maria vai exercer forte influência sobre os crentes, que vão esperar pela sua volta após seu desaparecimento em 1908. Essa espera vai ser preenchida em 1912 pela figura do terceiro monge: José Maria. Surgiu como curandeiro de ervas, apresentando-se com o nome de José Maria de Santo Agostinho. Ninguém sabia ao certo qual a sua origem. Seu verdadeiro nome era Miguel Lucena Boaventura e, de acordo com um laudo da polícia da Vila de Palmas/PR, tinha antecedentes criminais e era desertor do exército. Dentre as façanhas que deram fama ao monge José Maria, podemos destacar a ressurreição de uma jovem, provavelmente vítima de catalepsia, e a cura da esposa do coronel Francisco de Almeida, acometida por uma doença dita incurável. O coronel ficou tão agradecido que ofereceu terras e uma grande quantidade de ouro, mas o monge não aceitou, o que ajudou ainda mais o aumento de sua fama, pois passou a ser considerado santo, que veio a terra apenas para curar e tratar os doentes e necessitados. José Maria não era um curandeiro vulgar, sabia ler e escrever, anotando propriedades medicinais em seus cadernos. Montou a "farmácia do povo" no rancho de um capataz do coronel Almeida, onde passou a atender diariamente até tarde da noite. As riquezas da região A região Planaltina vai exercer grande cobiça entre os Estados de Santa Catarina e Paraná, assim como para o Grupo Farquhar (Brazil Railway Company, como veremos adiante), apropriando-se do maior número de terras

possíveis. A vida econômica da região, durante muito tempo, vai girar em torno da criação extensiva do gado bovino, na coleta da erva mate e na extração de madeira, material empregado na construção de praticamente todas as residências. Os ervais encontravam seu mercado na região do Prata. Nas terras dos coronéis os agregados e peões podiam servir-se das ervas sem qualquer proibição, porém quando o mate adquiriu valor comercial, os coronéis começaram a explorar a coleta abusiva do mate em suas terras. Brazil Railway Company Com a expansão da área cafeicultora brasileira, surgiu a necessidade de se interligar os núcleos urbanos com a região sulina, para que esta os abastecesse com produtos agro-pastoris. É criada então uma comissão para a construção de uma Estrada de Ferro para ligar esses dois pólos. A concessão da Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande, iniciou com o engenheiro João Teixeira Soares em 1890, abandonando o projeto em 1908, transferindo a concessão para uma empresa norte-americana, a Brazil Railway Company, pertencente ao multimilionário Percival Farquhar, que além do direito de terminar a estrada, ganha também o direito de explorar 15 Km de cada lado da estrada. Percival Farquhar cria também a Southern Brazil Lumber and Colonization Co, que tinha por objetivo extrair a madeira da região e depois comercializá-la no Brasil e no exterior. Além disso, a empresa ganha também o direito de revender os terrenos desapropriados às margens da estrada de ferro. Esses terrenos seriam vendidos preferencialmente aos imigrantes estrangeiros que formavam suas colônias no sul do Brasil. Para a construção do trecho que faltava da ferrovia, a empresa contratou cerca de 8000 homens da população urbana do Rio de Janeiro, Santos, Salvador e Recife, prometendo salários compensadores. Ao encerrar a construção da ferrovia, esses funcionários foram demitidos, sem ter para onde ir, pois a empresa não honrou o acordo de levá-los de volta ao término do trabalho. Passam então a engrossar a população carente que perambulava na região do Contestado. A Brazil Lumber providencia a construção de duas grandes serrarias, uma em Três Barras, considerada a maior da América do Sul, e outra em Calmon, no qual dá início a devastação dos imensos e seculares pinheirais. A guerra A guerra inicia-se oficialmente em 1912, com o combate do Irani, que resultou nas mortes do monge José Maria e também do coronel João Gualberto, e vai até a prisão de Adeodato, último e mais destacado chefe dos fanáticos, em 1916. É também neste ano em que é assinado o acordo de limites entre Santa Catarina e Paraná. Durante esse período, podemos observar uma mudança nos quadros dos fanáticos com a adesão dos ex-funcionários da Brazil Railway Company. Juntam-se também ao

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movimento um expressivo número de fazendeiros que começavam a perder terras para o grupo Farquhar e para os coronéis. Com essas mudanças o grupo vai tornar-se mais organizado, distribuindo funções a todos, utilizando também táticas de guerrilha. No episódio em que o José Maria monta sua "farmácia do povo" nas terras do coronel Almeida, cresce absurdamente sua popularidade, sendo convidado para participar da festa do Senhor do Bom Jesus, em Taquaruçu – município de Curitibanos. Atendendo ao convite José Maria participa acompanhado de 300 fiéis. Ao terminar a festa José Maria continuou em Curitibanos atendendo pessoas que não tinham mais aonde ir. Curitibanos era uma cidade sob o domínio do coronel Francisco de Albuquerque, que preocupado com acúmulo dos "fiéis" manda um telegrama para a capital pedindo auxílio contra "rebeldes que proclamaram a monarquia em Taguaruçu", sendo atendido com o envio de tropas. Diante dessa situação, José Maria parte para o Irani com toda essa população carente. Porém, na época Irani pertencia a Palmas, sob controle do Estado do Paraná, que via nesse movimento de pessoas uma "estratégia" de ocupação por parte do Estado de Santa Catarina. Logo é enviada tropa do Regimento de Segurança do Paraná, sob o comando do coronel João Gualberto, que junto com José Maria, morre no combate. Terminada a luta com dezenas de corpos e com a vitória dos fanáticos, José Maria é enterrado com tábuas para facilitar a sua ressurreição, que aconteceria acompanhado de um Exército Encantado, ou Exército de São Sebastião. Os caboclos defendiam a Monarquia Celeste, pois viam na República um instrumento do diabo, dominado pelas figuras dos coronéis. Em dezembro de 1913, organiza-se em Taquaruçu um novo reduto que logo reuniu 3000 crentes, que atenderam ao chamado de Teodora, uma antiga seguidora de José Maria que dizia ter visões do monge. Ao final deste ano, o governo federal e uma Força Pública catarinense atacam o reduto. O ataque fracassa e os fanáticos se apoderam das armas. A partir de então começam a surgir novos redutos, cada vez mais em locais afastados para dificultar o ataque das tropas legais. Em janeiro de 1914 um novo ataque feito em conjunto com os dois Estados e o governo federal que arrasa completamente o acampamento de Taquaruçu. Mas a maior parte dos habitantes já estava em Caraguatá, de difícil acesso. No dia 9 de março de 1914 os soldados travam uma nova batalha, sendo derrotados. Essa derrota repercute em todo o interior, trazendo para o reduto mais e mais pessoas. Neste momento, formam-se piquetes para o arrebanhamento de animais da região para suprir as necessidades do reduto. Mesmo com a vitória é criado outro reduto, o de Bom Sossego, e perto dele o de São Sebastião. Este último chegou a ter aproximadamente 2000 moradores. Os fanáticos não ficam sós a esperar os ataques do governo, atacam as fazendas dos coronéis retirando tudo o que

precisavam para as necessidades do reduto. Partiram também para atacar várias cidades, como foi o caso de Curitibanos. O principal alvo nesses casos eram cartórios onde se encontravam registros das terras, sendo incendiados. Outro ataque foi em Calmon, destruindo a segunda serraria da Lumber. No auge do movimento, o território ocupado equivalia ao Estado de Alagoas e até o fim do movimento morreram cerca de 6000 pessoas. O contra-ataque do governo Com a nomeação do General Setembrino de Carvalho para o comando das operações contra os fanáticos, a guerra muda de posição. Até então os rebeldes tinham ganhado grande parte dos combates e as vitórias do governo eram inexpressivas. Setembrino vai reunir 7000 soldados, dispondo também de dois aviões de observação e combate. Em seguida manda um manifesto aos habitantes das áreas ocupadas garantindo a devolução de terras para quem se entregasse e tratamento inóspito para quem continuasse. Setembrino vai adotar uma nova postura de guerra, ao invés de ir ao combate direto, cerca os fanáticos com tropas vindas de todas as direções: norte – sul – leste – oeste. Com esse cerco, começa a faltar comida nos acampamentos, fazendo com que alguns fanáticos começassem a se entregar, mas na sua maioria eram velhos, mulheres e crianças, talvez para que sobrasse mais comida aos combatentes. Começa a se destacar no reduto a figura do Adeodato, o último líder dos fanáticos, que muda o reduto-mor para o vale de Santa Maria, que contou com cerca de 5000 homens. Na medida em que ia faltando comida, Adeodato começa a se revelar autoritário, não aceitando ser desafiado. Aos que queriam desertar, ou se entregar, era aplicada a pena máxima: a morte. Em dezembro de 1915 o último reduto é devastado pelas tropas de Setembrino. Adeodato foge, vagando com tropas ao seu alcanço, conseguindo escapar de seus perseguidores, mas a fome e o cansaço fazem com que Adeodato se entregue em início de agosto de 1916. Efeitos da Primeira Guerra Mundial em Santa Catarina O carvão mineral do sul do Estado foi fundamental para o desenvolvimento do país. A Primeira Guerra Mundial provocou a substituição das importações e a inclusão dos catarinenses no contexto econômico brasileiro devido à redução das importações de combustíveis fósseis: gasolina, petróleo, querosene, gás natural. Também as indústrias têxtil e madeireira se integram no contexto nacional.

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A criação do Território do Iguaçu Em 1943, era criado o Território do Iguaçu, na área de fronteira e de segurança nacional. Ocupava, aproximadamente, o território contestado entre Santa Catarina e Paraná até o Tratado de limites de 1916. Neste tempo em que Chapecó esteve ligada ao Território do Iguaçu, a população sentia-se política e socialmente isolada da comunidade catarinense, aderindo mais tarde à campanha separatista para a criação do Estado do Iguaçu. Esta tentativa foi amenizada com a interferência direta do Governo estadual, através da criação da Secretaria de Negócios do Oeste (1960). A Segunda Grande Guerra e Santa Catarina Entre 1939 e 1941, a crise afetou algumas indústrias pela falta de matérias-primas importadas. Entre elas a de fiação e tecelagem, por falta de agulhas e soda cáustica. Também o setor madeireiro, pela necessidade de serras, sendo as melhores encontradas na Inglaterra e nos Estados Unidos. A distribuição de gasolina também foi afetada. Como resultado positivo estimulou-se a indústria do papel e papelão. A novembrada 1979 Este episódio ocorreu no dia 30 de novembro de 1979, quando Jorge Konder Bornhausen governava Santa Catarina. É bom lembrar que a população vivia o “day after” do milagre econômico e estava sob a égide do arrocho salarial, do aumento de custo de vida, da crise do petróleo, dentre outras. Durante uma visita do General-presidente da República João Batista Figueiredo a Florianópolis, Bornhausen não poupou gastos e elogios na recepção do Presidente: “João, o presidente da conciliação”. Uma semana antes da visita o Presidente havia dado um “presente” a Florianópolis; uma placa homenageando a patrono da cidade, o Marechal Floriano Peixoto. O Diretório Central dos Estudantes da UFSC resolveu convocar a população para um ato de protesto que também foi aprovado pelos professores da mesma Universidade. Na visita, uma revolta popular eclodiu na Praça XV, em frente ao Palácio Cruz e Souza. Frases do estilo “Abaixo a fome”, “chega de sofrer, o povo quer comer”, ganhavam força. Da sacada, o Presidente fez um gesto a população, comprimiu o dedo polegar e o indicador, sinal que representa “OK” para os americanos, mas que possui sentido obsceno no Brasil. Depois deste gesto presidencial as frases mudaram de tom: “Abaixo Figueiredo, o povo não tem medo”, Um, dois, três; quatro, cinco, mil; queremos que o Figueiredo vá...”. A revolta tomou conta da cidade e a placa em homenagem a Floriano Peixoto instalada debaixo da tradicional figueira foi arrancada por populares.

Estudantes foram presos não sendo enquadrados na LSN (Lei de Segurança Nacional), e por pressão estudantil, foram libertados no mesmo ano. A novembrada marcou em Santa Catarina e no Brasil os movimentos que pediam o fim do regime militar, iniciado em 1964. A partir deste episódio o corpo de protesto aumentou tomando como exemplo a novembrada. Economia catarinense A economia catarinense se baseia na indústria (principalmente agroindústria, têxtil, cerâmica e metal-mecânica), no extrativismo (minérios) e na pecuária. O estado de Santa Catarina é o maior exportador de frango e de carne suína do Brasil, sendo a Sadia (Concórdia) e a Perdigão (Videira), as duas maiores empresas de alimentos do Brasil, catarinenses. Entre as indústrias, cedia um dos maiores fabricantes de motores elétricos do mundo, a Weg (Jaraguá do Sul), um dos maiores fabricantes de compressores para refrigeradores, a Embraco (Joinville), e também a maior fundição da América Latina, a Tupy (Joinville). Possuem grande expressividade as indústrias de eletrodomésticos (e metalmecânica em geral) no norte do estado, com marcas de projeção nacional como Cônsul e Brastemp (ambas de Joinville). Santa Catarina é o sétimo estado mais rico do Brasil, e com o Paraná (quinto) e Rio Grande do Sul (quarto), controla 18,2% da economia do país. O estado também é um grande exportador. Agricultura, Pecuária e Pesca O principal produto agrícola de Santa Catarina é o milho, cultivado no planalto basáltico, que fornece ração para a criação de suínos. Seguem-se a soja, o fumo, a mandioca, o feijão, o arroz (cultivado com irrigação nas várzeas da baixada litorânea e do vale do Itajaí), a banana e a batata-inglesa. O estado é também importante produtor de alho, cebola, tomate, trigo, maçã, uva, aveia e cevada. A criação de bovinos se faz principalmente em campo natural, de maneira extensiva, e nas áreas florestais, em menor escala, com os animais submetidos a semi-estabulação. Nessas áreas em que a agricultura é a atividade predominante, a criação se volta para os suínos, sobretudo no planalto basáltico, onde a produção de milho assegura ração adequada aos animais. A suinocultura experimentou grande progresso no estado, em virtude do desenvolvimento dos frigoríficos especializados no processamento de carne de porco. Grande expansão se verificou ainda na criação de aves. A pesca desempenha importante papel na economia do estado. Santa Catarina é um dos maiores produtores de pescado e crustáceos do país. A atividade, que remonta à

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origem açoriana da população, desenvolve-se sobretudo em Florianópolis, Navegantes e Itajaí. Turismo O estado de Santa Catarina possui um território cheio de contrastes: as serras se contrapõem ao litoral de belas praias, baías, enseadas e dezenas de ilhas. Na arquitetura, vários municípios mantêm as construções típicas da época da colonização. As belezas naturais e os investimentos feitos na área têm garantido ao Estado catarinense grande lucro com atividades ligadas ao turismo. Extrativismo As riquezas vegetais e minerais concorrem decisivamente para o progresso produtivo do estado. Entre as primeiras destacam-se as reservas florestais, representadas especialmente pelos pinheirais, apesar de sua intensa exploração, e os ervais, que permitem ao estado manter-se como grande produtor da erva-mate. O estado de Santa Catarina é um dos maiores produtores de papel e celulose do país. No extrativismo mineral, as ocorrências de carvão, principalmente nas áreas da baixada litorânea (Urussanga, Criciúma, Lauro Müller e Tubarão), representam fator importante para o desenvolvimento econômico regional. As condições de exploração do carvão mineral têm apresentado sensível melhoria, do ponto de vista técnico e dos equipamentos empregados. Santa Catarina possui ainda as maiores reservas brasileiras de fluorita e sílex (em produção). Outros recursos minerais disponíveis são os depósitos de quartzo e grandes ocorrências de argila cerâmica, bauxita e pedras semipreciosas, além de petróleo e gás natural na plataforma continental. Indústria Os principais centros industriais de Santa Catarina são Joinville e Blumenau. O primeiro tem caráter diversificado, com fábricas de tecidos, de produtos alimentícios, fundições e indústria mecânica. Blumenau concentra sua atividade na indústria têxtil e na de softwares, além da recente eclosão de cervejarias artesanais. No interior do estado, ocorrem numerosos centros fabris de pequeno porte, ligados tanto à industrialização de madeira quanto ao beneficiamento de produtos agrícolas e pastoris. O nordeste do estado (eixo Joinville-Jaraguá do Sul) se destaca na produção de motocompressores, autopeças, refrigeradores, motores e componentes elétricos, máquinas industriais, tubos e conexões. No sul do estado (incluindo as cidades de Imbituba, Tubarão, Criciúma, Cocal do Sul, Içara e Urussanga), por sua vez, concentram-se as principais fábricas de cerâmica de revestimento do Brasil. O estado de Santa Catarina também lidera, no país, a produção de louças e cristais. Ao norte do estado, destaca-se a cidade de São Bento do Sul, que é o maior polo exportador de móveis do Brasil, sendo reconhecida como a capital nacional dos móveis.

Principais Centros Urbanos • Florianópolis, capital estadual, está situada na ilha

de Santa Catarina e ligada ao continente pelas pontes Pedro Ivo, Colombo Salles e Hercílio Luz, tendo o comércio, a indústria do pescado e o turismo como as suas principais atividades.

• Joinville é o principal município, mais populoso e industrializado do estado.

• Lages é o principal centro econômico madeireiro catarinense e conhecida também pelas exposições de gado de corte e de cavalos de raça.

• Blumenau, no vale do Itajaí, é um centro turístico e industrial.

• Criciúma é conhecida como a "capital do carvão". • Tubarão, além de estância hidromineral, possui

indústria siderúrgica e usina termelétrica. • Itajaí tem o principal porto do estado e é conhecida

pela indústria da pesca. • Chapecó é o maior pólo econômico da Agroindústria

do estado. • São Francisco do Sul é uma cidade histórica (a mais

antiga do estado), possui o principal porto de exportação e é capital do turismo no norte do estado.

• São Bento do Sul é um dos principais pólos da indústria moveleira, e a maior exportadora de móveis do país.

Sociedade catarinense A sociedade catarinense é marcada pela diversidade cultural, em função dos diferentes povos formadores da população do Estado. Demografia

Demografia de Santa Catarina População 5.356.360 Densidade 56,2 hab./km2

Crescimento demográfico 1,9% ao ano População urbana 78,7%

Domicílios 1.498.742 Carência habitacional 120.400

Acesso à água 83,6%. Acesso à rede de esgoto 74,6%.

IDH 0,863 Obs: dados de pesquisas do IBGE do ano de 2000

Cidades mais populosas As cidades mais populosas de Santa Catarina são: Joinville (429.604), Florianópolis (342.315), Blumenau (304.162), São José (173.559), Criciúma (170.420), Lages (157.682), Itajaí (147.494), Chapecó (146.967), Jaraguá do Sul (108.489), Palhoça (102.742)

Obs: dados de pesquisas do IBGE do ano de 2000

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Cultura em Santa Catarina Entidades culturais Têm sede em Santa Catarina diversas instituições culturais, entre elas o Instituto Geográfico e Histórico de Santa Catarina, a Academia Catarinense de Letras e o Círculo de Arte Moderna. As mais importantes bibliotecas são a Biblioteca Pública do Estado, a Biblioteca Pública Municipal do Estreito e as das várias escolas da Universidade Federal, em Florianópolis; a Biblioteca Pública Municipal Dr. Fritz Müller, em Blumenau; a Biblioteca Pública Municipal, em Joinville, e a Biblioteca da Fundação Camargo Branco, em Lajes. Festejos Religiosos e Folclore Entre as festas religiosas catarinenses tradicionais destacam-se: a procissão do Senhor Jesus dos Passos, a festa de São Sebastião, a festa do Divino Espírito Santo (festa móvel, com três dias de duração) e a procissão de Santa Catarina (padroeira do estado). Das festas folclóricas, as mais importantes são realizadas no mês de outubro em várias cidades: em Blumenau, a Oktoberfest, festa tradicional alemã, com distribuição de chope, músicas típicas e grupos folclóricos; em Joinville, a Fenachopp; em Rio do Sul, a Kegelfest, onde a atração, além da cerveja, é o bolão, jogo semelhante ao boliche e à bocha; em Treze Tílias, a Tirolerfest, que comemora o aniversário da imigração austríaca; em Jaraguá do Sul, a Schützenfest, mistura de competição de tiro com festival de comida e cerveja; em Brusque, a Fenarreco, a Festa Nacional do Marreco; em Pomerode, a Festa no Zoológico; em Itapema, o Festival do Camarão; e, em Itajaí, a Marejada, festa com comida típica portuguesa. Outras festas folclóricas importantes no estado são o terno de reis, em janeiro; o boi-de-mamão, em janeiro e fevereiro, uma espécie de pantomima em que predomina a figura de um boi de papelão ou madeira, seguida de pessoas fantasiadas, dançarinos e cantores; e a farra do boi, na semana santa. Dos pratos típicos catarinenses, os mais conhecidos são a bijajica (bolinho feito de polvilho, ovos e açúcar, frito em banha) e o Ente mit Rotkohl (marreco com repolho roxo), especialidade da região de Brusque. Personalidades Catarinenses Victor Meirelles Victor Meirelles de Lima (Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, 18 de Agosto de 1832 — Rio de Janeiro, 22 de Fevereiro de 1903) foi um pintor brasileiro. Filho do casal de imigrantes portugueses, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1847, onde formou-se na Academia Imperial de Belas-Artes. Pintou várias obras históricas entre 1852 e 1900, tendo sido um artista que experimentou as mais díspares alternâncias da existência humana: do reconhecimento ao esquecimento.

Ligado ao neoclassicismo brasileiro, Victor Meirelles ganhou notoriedade a partir da década de 1870. Cruz e Sousa João da Cruz e Sousa (Nossa Senhora do Desterro, 24 de novembro de 1861 — Estação do Sítio, 19 de março de 1898) foi um poeta brasileiro, alcunhado Dante Negro e Cisne Negro. Foi um dos precursores do simbolismo no Brasil. Em 1885 lançou o primeiro livro, Tropos e Fantasias em parceria com Virgílio Várzea. Em Fevereiro de 1893, publica Missais e em agosto, Broquéis, dando início ao Simbolismo no Brasil. Antonieta de Barros Antonieta de Barros nasceu em Florianópolis/SC em 11 de julho de 1901. Sua vocação para o magistério mobilizou-a pela criação , em sua residência, de um curso para alfabetizar crianças carentes. Denominado “Curso Particular Antonieta de Barros” funcionou de 1922 à 1964 na rua Fernando Machado, número 32, no centro de Florianópolis. Influente, e com idéias firmes em defesa do magistério e do direito à educação para os menos favorecidos, em 1934 apresenta seu nome para a Constituinte Estadual concorrendo pelo Partido Liberal. Foi a primeira mulher a participar do processo constituinte no estado de Santa Catarina e foi eleita deputada estadual com 35.484 votos. Fritz Müller Johann Friedrich Theodor Mueller, conhecido por Fritz Müller, ou (na época) por "Müller Desterro", nasceu em 1822 na Alemanha e faleceu em 1887 em Blumenau. Devido a questões políticas, em 1852 viu-se obrigado a emigrar, e a convite de Hermann B. O. Blumenau veio a Santa Catarina, aportando em São Francisco do Sul e dirigindo-se para a Colônia Alemã de Blumenau. Durante sua estada em Desterro estudou exaustivamente a biologia de animais marinhos, enquanto que em Blumenau dedicou-se principalmente ao estudo dos insetos e da Botânica. Este grande naturalista manteve correspondência com famosos sábios da Europa. Charles Darwin, que o denominou "Príncipe dos Observadores", recebeu o mimetismo descoberto por Fritz Müller com grande entusiasmo, constituindo-se em uma das primeiras, e a mais poderosa demonstração da evolução pela Teoria da Seleção. Frankin Cascaes Frankin Cascaes (São José, 16 de outubro de 1908 — Florianópolis, 15 de março de 1983) foi um pesquisador da cultura açoriana, folclorista, ceramista, artista plástico, gravurista e escritor brasileiro. Dedicou sua vida ao estudo da cultura açoriana na Ilha de Santa Catarina e região, incluindo aspectos folclóricos,

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História de Santa Catarina

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culturais, suas lendas e superstições. Usou uma linguagem fonética para retratar a fala do povo no cotidiano. Seu trabalho somente passou a ser divulgado em 1974, quando tinha 54 anos. Martinho de Haro Nascido em 11 de novembro de 1907, é figura exponencial do modernismo brasileiro, tendo integrado o grupo Sta. Helena, ao lado de Lúcio Costa, Di Cavalcanti, Ismael Néri e Pancetti. Pessoa modesta e simples, Martinho de Haro deixa claro o amor a sua terra afirmando, em uma de suas últimas entrevistas: "O isolamento em minha ilha manteve-me de resto intacto o mundo das idéias, embora à custa de qualquer pretensão á popularidade. Gosto de pintar Florianópolis porque fui seduzido pela sua beleza natural, sua magia e sabor colonial, no sentido de sua memória. Sinto-me integrado em seu espírito, tudo isto sem esquecer minhas origens serranas, onde também já tive belas inspirações". Juarez Machado Juarez Machado (Joinville, 16 de março de 1941) é um artista plástico brasileiro. Além de dedicar-se a pintura, é também escultor, desenhista, caricaturista, mímico, designer, cenógrafo, escritor, fotógrafo e ator. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1966, onde residiu por vinte anos. Através de seus desenhos de humor, projeta-se nacionalmente. Além do desenho e da pintura, fez incursões pela mímica, cenografia, programação visual, ilustração e escultura. Foi chargista dos principais jornais brasileiros e mímico no programa Fantástico, da TV Globo. No final dos anos 70 voltou-se totalmente para a pintura. Juarez Machado recebeu inúmeros prêmios, tanto no Brasil como no exterior. Tem feito exposições freqüentes nos Estados Unidos e na Europa Atualidades Catarinenses Santa Catarina é governada como uma república, e possui três poderes governamentais: o executivo, constituído do governador do estado de Santa Catarina; o legislativo, constituído pela Assembléia Legislativa de Santa Catarina, e o judiciário, constituído do Tribunal de Justiça do Estado Santa Catarina e outros tribunais e juízes. O estado também permite direta participação do eleitorado (através de referendos, plebiscitos e iniciativa popular) em decisões governamentais. O Poder Executivo de Santa Catarina está centralizado no governador, que é eleito em sufrágio universal e voto direto e secreto, pela população para mandatos de até quatro anos de duração, e podem ser reeleitos para mais um mandato. Sua sedes são o Centro Administrativo (sede do governo) e a Casa D’Agronômica (residência oficial do governador). O Poder Legislativo de Santa Catarina é unicameral constituído pela Assembléia Legislativa de Santa Catarina, localizado do Palácio Barriga-Verde. Ela possui um total de

40 membros eleitos diretamente pelo sistema proporcional conforme o desempenho de cada partido nas eleições para um mandato de 4 anos. Para os membros da Assembléia, não há limite de reeleições. A maior corte do Poder Judiciário do estado é o Tribunal de Justiça do Estado Santa Catarina, composta por 50 juízes diferentes denominados desembargadores. Os desembargadores do Tribunal de Justiça são indicados pelo governador do estado e aprovados pelo Legislativo para mandatos vitalícios. Sua atual sede é denominada Palácio da Justiça Ministro Luiz Gallotti. Desde 1823 a capital de Santa Catarina é a cidade de Florianópolis. Santa Catarina está dividida em um total de 293 municípios. O maior deles é Joinville, também sendo o mais populoso e mais rico do estado. Sua região metropolitana possui aproximadamente 1,1 milhão de habitantes. Atualmente, á Assembléia Legislativa possui 27 deputados governistas e treze deputados oposicionistas. O atual governador do estado é Luiz Henrique da Silveira, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) cujo mandato atual irá perdurar até janeiro de 2011. Luiz Henrique é o primeiro governador na história do estado a ser reeleito para um segundo mandato consecutivo de quatro anos. Sucedeu o então governador Esperidião Amin, do atual Partido Progressista a quem derrotou em segundo turno nas eleições de 2002 e 2006. Já o poder judiciário é presidido pelo desembargador Pedro Manoel Abreu. O estado de Santa Catarina é representado por dezesseis deputados federais que representam a população. Assim como os demais estados, Santa Catarina possui 3 senadores que representam o estado no Senado Federal. A economia catarinense é diversificada e distribuída na produção agropecuária e industrial e no crescente setor de serviços e de turismo. Com apenas 1,13% do território nacional e aproximadamente 3% da população brasileira, Santa Catarina é o 5.º produtor de alimentos do Brasil. A população é formada por diferentes etnias com costumes variados. O Estado tem regiões sócio-culturais e econômicas bem distintas. Com o Mercosul, a geografia e a economia catarinenses tornam-se estratégicas, estando no centro do maior mercado produtor e consumidor da América Latina. Foi criada, em 1995, a Secretaria de Estado para o Mercosul, estabelecendo política de integração com o Ministério das Relações Exteriores e com as Embaixadas da Argentina, do Paraguai e Uruguai. Hoje é a sede da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Integração ao Mercosul. A cidade de Florianópolis é a atual capital turística do Mercosul devido a privilegiada posição geográfica da Ilha de Santa Catarina, localizada a meio caminho entre as cidades do Rio de Janeiro e Buenos Aires e à vocação turística da capital do Estado.