‘Robberies increase for the 13th month in a row’

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E4 Metrópole SÁBADO, 26 DE JULHO DE 2014 O ESTADO DE S. PAULO Portal. Projeto prevê bônus por metas cumpridas Total de mortos pela PM cresce 111% no Estado estadao.com.br/e/bonificacao roubos por hora foram registrados na cidade de São Paulo no primeiro semestre deste ano. No mesmo período do ano passado, a média foi de 14. O recorde da letalidade policial no primeiro semestre de 2014 é mais um sintoma da frágil políti- ca de segurança pública em São Paulo. Para diminuir os roubos, não basta so- mente o combate rotineiro feito à mão de obra barata do crime que costuma assaltar pedestres e motoristas que cir- culam na cidade. É fundamental um tra- balho de investigação que identifique receptadores, lavadores de dinheiro e quem encomenda as mercadorias rouba- das. Toda a cadeia produtiva que faz a indústria do roubo funcionar na Região Metropolitana precisa ser investigada. Há décadas o foco do combate aos rou- bos tem sido flagrantes dados pela PM no patrulhamento ostensivo. A Polícia Civil abre dois inquéritos a cada dez ca- sos de roubos. Investigações bem-suce- didas apresentam números ainda mais vergonhosos. O risco é baixo para quem opta pela carreira criminal em São Pau- lo, principalmente para quem faz essas ações prosperarem, como as pessoas que dão vazão à venda desses produtos e seus compradores. Supermercados continuam compran- do cargas roubadas. Desmanches e ven- da de celulares roubados estão à vista da população há mais de 20 anos. Há 30 anos que a violência da polícia é elevada e há 30 anos que o crime não para de su- bir. E há 30 anos que os grandes recepta- dores de roubo não são identificados. É PESQUISADOR DA USP Roubo seguido de morte O número de latrocínios ficou praticamente estável tanto na capital quanto no Estado. Na cida- de, foi de 77 para 76 entre o pri- meiro semestre do ano passado e o deste ano. No Estado, foi de 203 para 200. Violência sexual O número de estupros caiu neste semestre em São Paulo. Na capi- tal, a redução foi de 25,2%, mas ainda foram 1.213 casos (sete por dia). No Estado, a queda foi de 21,5%, para 5.123 ocorrências (uma a cada 51 minutos). Bancos Os casos de roubo a bancos con- tinuam em queda. Foram 89 em todo o Estado no primeiro semes- tre, redução de 25,2% em compa- ração com o mesmo período de 2013. Na capital, a diminuição foi de 35,6%, para 38 ocorrências. A Copa do Mundo provocou grandes aglomerações de pes- soas em alguns locais e, com is- so, aumentou drasticamente o número de furtos em alguns bairros da capital paulista em ju- nho. Juntos, os três “bairros da Copa” – Itaquera, Pinheiros e Sé – tiveram uma alta de 86,3% no número de ocorrências se comparado com junho do ano passado. Enquanto isso, a cida- de teve um aumento médio de 5,4% na mesma comparação. O secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Viei- ra, confirma que nem o aumen- to do policiamento por causa do evento foi suficiente para re- duzir o crime. “Evidentemen- te, com maior fluxo de pes- soas, tivemos operações espe- ciais”, afirmou Grella. “Houve focos nos quais tivemos esse contingente maior de pessoas e registramos aumento do nú- mero de roubos (apesar do au- mento de policiais).” O maior aumento foi registra- do pelo 65.º DP (Artur Alvim), responsável pela área da Arena Corinthians, o Itaquerão, na zo- na leste de São Paulo. Em junho do ano passado, houve 78 furtos registrados. No mês passado, fo- ram 280, o que significa um au- mento de 259%. Vila Madalena. O 14.º DP (Pi- nheiros), na zona oeste, teve crescimento de 153% no núme- ro de casos (de 396 para 1.002). O distrito é responsável pela Vi- la Madalena, que concentra ba- res e, durante a Copa, foi ponto de encontro de estrangeiros e brasileiros. O chamado “Carna- copa” chegou a receber até 70 mil pessoas em dias de jogos da seleção brasileira, o que tam- bém provocou conflitos entre torcedores e moradores. Na ma- drugada do dia 2, a Polícia Mili- tar até usou uma bomba de gás para dispersar torcedores que não queriam ir embora e impe- diam a limpeza das ruas. A festa oficial da Fifa, a Fan Fest, instalada no Vale do Anhangabaú, também influen- ciou o aumento de furtos na re- gião do 1.º DP (Sé). Essa área normalmente já tem incidência alta desse tipo de crime, com o intenso tráfego de pedestres. No entanto, em junho do ano passado, foram 844 ocorrên- cias; no mesmo mês deste ano, foram 1.174 – um aumento de 39,1%. / B.R. e D.T. Vila Madalena tem 153% mais furtos durante a Copa ANÁLISE: Bruno Paes Manso O governo do Estado prepara o anúncio de ao menos três medi- das de apelo midiático para a área da Segurança Pública ainda neste ano. Uma delas será uma nova cam- panha de desarmamento voluntá- rio da população, em parceria com uma organização não-gover- namental – a apreensão de ar- mas está estável no Estado. A segunda é a terceirização do serviço 190, que deverá aumen- tar o número de atendentes nos telefones da PM e liberar poli- ciais para atuar nas ruas. A mais importante, no entanto, é o chamado Detecta – um siste- ma de monitoramento de crimes já lançado em abril e usado em Nova York. Softwares e câmeras de vigilância atuarão no combate a roubos, segundo a promessa do governo. / B.R. 19 Roubos aumentam pelo 13º mês seguido Governo comemora, porém, que em junho, pela primeira vez, o avanço foi inferior a 25%; ‘Deu uma esverdeada nos índices’, diz Alckmin NA WEB Entre janeiro e junho, 317 pes- soas foram mortas por policiais militares em serviço em todo o Estado, o maior número em um primeiro semestre desde 2003 (quando foram 399). O número supera até o emblemático pri- meiro semestre de 2006, época dos ataques do Primeiro Co- mando da Capital (PCC) e con- sequente reação da PM, quando foram mortas 290 pessoas por policiais em atividade. Os 317 mortos representam um aumento de 111,3% em com- paração com o mesmo período do ano passado (150). Na capital, a alta foi ainda maior: 147% (de 66 para 163). Também foi o maior número de mortos pela PM no primeiro se- mestre desde 2003 (238) e supe- ra o primeiro semestre de 2006 (151 mortos). O secretário da Segurança Pú- blica, Fernando Grella Vieira, disse que o aumento do total de mortos pela Polícia Militar tem de ser relativizado com o au- mento de conflitos da polícia com criminosos. “Se você relati- vizar com o aumento do núme- ro de confrontos, que é justifica- do até pelo aumento dos rou- bos, o porcentual não está mui- to distante do passado, o que não nos dispensa de pesquisar as causas e trabalharmos para reduzir a letalidade.” Mas Grella não conseguiu de- talhar a proporção do aumento desses confrontos. “Estamos pedindo até levantamentos pa- ra fazer estudos de caso, mas não estão concluídos.” Esses confrontos, no entan- to, estão sendo mais letais para os criminosos. Na comparação entre os primeiros semestres de 2013 e deste ano, o número de policiais militares mortos em serviço caiu de 7 para 6 em todo o Estado e de 5 para 3 na cidade de São Paulo. / B.R. e D.T. Governo prepara pacote de ações de segurança pública Há 30 anos, crime e letalidade da polícia não param de subir Bruno Ribeiro Daniel Trielli O número de roubos aumen- tou 38% na capital paulista en- tre o primeiro semestre de 2013 e de 2014, segundo as es- tatísticas divulgadas ontem pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP). Fo- ram 82.490 ocorrências nos primeiros seis meses deste ano, ou uma a cada 3,2 minu- tos. Já os homicídios tiveram queda de 8,8% na capital (de 614 para 560 casos) e de 2,3% no Estado (2.237 para 2.185). É o 13.º mês consecutivo de aumento do número de roubos, tanto no Estado quanto na capi- tal. Em comparação com junho de 2013, as altas foram de 14,7% e 21%, respectivamente. No total do Estado, esse deli- to cresceu 29,5% no primeiro se- mestre, com 160.763 casos en- tre janeiro e junho deste ano. Esses dados não incluem os rou- bos de carros, categoria em que a alta foi de 9,5% na capital (24.131 para 26.420) e de 13% no Estado (46.611 para 52.648). Desaceleração. O governo es- tadual festejou o fato de que, pe- la primeira vez neste ano, os rou- bos cresceram menos de 25% em um mês na capital em rela- ção ao mesmo mês do ano ante- rior. “Tivemos uma desacelera- ção”, disse o secretário esta- dual da Segurança Pública, Fer- nando Grella Vieira, sem rela- cionar o fato ao aumento do efe- tivo policial na cidade de São Paulo para a Copa do Mundo. Durante o Mundial, 4,5 mil poli- ciais militares a mais trabalha- ram nas ruas do município. Des- ses, 1.021 devem continuar tra- balhando na capital. Grella disse esperar que a de- saceleração se transforme em uma tendência de queda em agosto. Ele destaca a entrada em vigor, neste mês, da Lei dos Desmanches. A legislação aper- ta a fiscalização sobre as ofici- nas e é vista como essencial pe- lo governo do Estado para com- bater as quadrilhas do roubo de carros, como diz o governador Geraldo Alckmin (PSDB), “que- brando a cadeia produtiva do crime”. O chefe das Polícias Civil e Mi- litar não apontou uma explica- ção para o crescimento dos rou- bos na capital e no Estado. Grel- la disse que é um “fenômeno so- cial” de múltiplas causas. Internet. O secretário da Segu- rança Pública afirmou ainda que o aumento dos crimes con- tra o patrimônio é um fenôme- no nacional e sugeriu que a ex- plosão de casos em São Paulo poderia estar relacionada a uma eventual subnotificação de casos no passado. “Neste ano, estamos experimentando os efeitos da Delegacia Eletrôni- ca, coisa que não havia para rou- bo no ano passado”, afirmou o secretário. A Delegacia Eletrônica (www. ssp.sp.gov.br/nbo) passou a re- gistrar casos de roubo pela inter- net em dezembro do ano passa- do. Até então, era possível ape- nas notificar os furtos pelo site. Quando o serviço para roubos foi liberado, no entanto, o Esta- do de São Paulo já registrava o sexto mês de aumentos conse- cutivos de crescimento nesse ti- po de crime. ‘Esverdeada’. Ao comentar os índices de criminalidade duran- te uma visita acompanhada da imprensa à sede do Centro Inte- grado da Polícia Militar, no Bom Retiro, centro da capital, Alckmin também mirou na sub- notificação de casos: “É preciso verificar o seguinte: houve a De- legacia Eletrônica. Antes, você tinha, como o Brasil inteiro tem, uma subnotificação. À me- dida que você fez a Delegacia Eletrônica, passou a ter núme- ros mais confiáveis”. O governador optou por des- tacar a redução da maior parte dos índices de criminalidade e afirmou haver otimismo com o cenário da segurança no Esta- do. “O fato é que deu uma esver- deada (nos índices). Estou vendo com muito otimismo. A polícia está vivendo um bom momen- to, motivada, com tecnologia, empenhada, foi muito elogiada na Copa.” Alckmin atribuiu as quedas a ações pré-planejadas das Polí- cias Civil e Militar e afirmou que as estatísticas não servi- riam para fazer comparações com outros Estados. “A estatís- tica não é para a gente dizer ‘es- tou melhor do que você, você está pior’. É para orientar a ação (policial). Se você não tem a notificação, você não tem o boletim de ocorrência, você não opera”, afirmou o governa- dor ontem. Com aglomerações de torcedores estrangeiros e brasileiros, Itaquera e Sé também registraram crescimento do crime Menores de idade Enquanto o número de pri- sões de maio- res de 18 anos caiu 6,4% no Estado no pri- meiro semes- tre, o número de apreensões de menores de idade cresceu 5%. INFOGRÁFICO/ESTADÃO FONTE: SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA (SSP) MAPA DA VIOLÊNCIA BAIRRO DO LIMÃO VL. NOVA CACHOEIRINHA 1º DP 2º DP 4º DP 5º DP 6º DP 8º DP 12º DP 77º DP 78º DP 16º DP 17º DP 26º DP 27º DP 35º DP 36º DP 83º DP 95º DP 96º DP 97º DP 103º DP 22º DP 62º DP 32º DP 50º DP 53º DP 59º DP 24º DP 63º DP 64º DP 65º DP 67º DP 68º DP 10º DP 29º DP 30º DP 31º DP 42º DP 52º DP 56º DP 57º DP 81º DP 9º DP 19º DP 20º DP 28º DP 38º DP 40º DP 45º DP 72º DP 73º DP 74º DP 90º DP 100º DP 101º DP 102º DP 11º DP 25º DP 37º DP 43º DP 39º DP 18º DP 21º DP 47º DP 80º DP 85º DP 41º DP 44º DP 49º DP 54º DP 55º DP 66º DP 69º DP 70º DP 14º DP 15º DP 23º DP 33º DP 34º DP 46º DP 51º DP 75º DP 87º DP 89º DP 91º DP 93º DP B. RETIRO PARI STA. CECÍLIA CONSOLAÇÃO LIBERDADE CAMBUCI BRÁS PAULISTA PARELHEIROS JD. MIRNA JD. HERCULANO JD. DAS IMBUIAS SOCORRO SANTO AMARO CID. ADEMAR CAPÃO REDONDO 48º DP CID. DUTRA VL. JOANIZA VL. CLEMENTINO IPIRANGA SACOMÃ IBIRAPUERA JABAQUARA VILA MARIANA PQ. BRISTOL HELIÓPOLIS MONÇÕES AMERICANÓPOLIS LAPA PINHEIROS JD. PAULISTA PERDIZES CEAGESP JAGUARÉ BUTANTÃ JD. ARPOADOR MORUMBI JD. TABOÃO CAMPO LIMPO PIRITUBA VL. PEREIRA BARRETO PERUS PARADA DE TAIPAS VILA PENTEADO NOSSA SRA. DO Ó BRASILÂNDIA CASA VERDE TUCURUVI JAÇANÃ VL. GUSTAVO VL. GUILHERME VILA MARIA PQ. NOVO MUNDO BELÉM PQ. SÃO JORGE PENHA DE FRANÇA VL. MATILDE TATUAPÉ CARRÃO 58º DP VL. FORMOSA ALTO DA MOOCA VL. DIVA PQ. SÃO LUCAS VL. ALPINA JD. POPULAR ERMELINO MATARAZZO JACUÍ A. E. CARVALHO ARTUR ALVIM ITAQUERA COHAB ITAQUERA SÃO MIGUEL PAULISTA JD. NOEMIA ITAIM PAULISTA JD. ROBRU LAJEADO GUAIANASES PQ. DO CARMO CIDADE TIRADENTES JD. ARICANDUVA VL. RICA SAPOPEMBA TEOTÔNIO VILELA SÃO MATEUS PQ. SÃO RAFAEL 3º DP STA. IFIGÊNIA 13º DP 7º DP 92º DP 99º DP PQ. SANTO ANTÔNIO CAMPO GRANDE 98º DP JD. MIRIAM PQ. MOOCA 0 DE 1 A 3 DE 4 A 7 DE 8 A 11 12 A 22 23 A 25 Homicídios por DP no primeiro semestre deste ano JUN Homicídios, mês a mês 0 100 200 300 400 500 JUL 2013 JAN 2014 321 93 ESTADO CAPITAL OUTROS DESTAQUES INFOGRÁFICO/ESTADÃO FONTE: SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA (SSP) Bairros que tiveram aglomerações durante a Copa registraram mais furtos O EFEITO DO MUNDIAL 14º DP 65º DP 1º DP Pinheiros A cidade Vila Madalena Itaquerão 395 396 1.002 Artur Alvim JUL 2012 JUN 2013 JUN 2014 153% 15.562 JUL / 2012 16.126 JUN / 2013 16.996 JUN / 2014 5,4% 849 844 1.174 JUL 2012 JUN 2013 JUN 2014 39,1% 99 78 280 JUL 2012 JUN 2013 JUN 2014 259%

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E4 Metrópole SÁBADO, 26 DE JULHO DE 2014 O ESTADO DE S. PAULO

Portal. Projetoprevê bônus pormetas cumpridas

Total de mortospela PM cresce111% no Estado

estadao.com.br/e/bonificacao

roubos por hora foram registrados na cidade de São Paulo no primeiro semestre deste ano.No mesmo período do ano passado, a média foi de 14.

O recorde da letalidade policial noprimeiro semestre de 2014 émais um sintoma da frágil políti-

ca de segurança pública em São Paulo.Para diminuir os roubos, não basta so-mente o combate rotineiro feito à mãode obra barata do crime que costumaassaltar pedestres e motoristas que cir-culam na cidade. É fundamental um tra-balho de investigação que identifiquereceptadores, lavadores de dinheiro equem encomenda as mercadorias rouba-das. Toda a cadeia produtiva que faz aindústria do roubo funcionar na RegiãoMetropolitana precisa ser investigada.

Há décadas o foco do combate aos rou-bos tem sido flagrantes dados pela PMno patrulhamento ostensivo. A PolíciaCivil abre dois inquéritos a cada dez ca-sos de roubos. Investigações bem-suce-didas apresentam números ainda maisvergonhosos. O risco é baixo para quemopta pela carreira criminal em São Pau-lo, principalmente para quem faz essasações prosperarem, como as pessoasque dão vazão à venda desses produtose seus compradores.

Supermercados continuam compran-do cargas roubadas. Desmanches e ven-da de celulares roubados estão à vistada população há mais de 20 anos. Há 30anos que a violência da polícia é elevadae há 30 anos que o crime não para de su-bir. E há 30 anos que os grandes recepta-dores de roubo não são identificados.

É PESQUISADOR DA USP

● Roubo seguido de morteO número de latrocínios ficoupraticamente estável tanto nacapital quanto no Estado. Na cida-de, foi de 77 para 76 entre o pri-meiro semestre do ano passadoe o deste ano. No Estado, foi de203 para 200.

● Violência sexualO número de estupros caiu nestesemestre em São Paulo. Na capi-tal, a redução foi de 25,2%, mas

ainda foram 1.213 casos (setepor dia). No Estado, a queda foide 21,5%, para 5.123 ocorrências(uma a cada 51 minutos).

● BancosOs casos de roubo a bancos con-tinuam em queda. Foram 89 emtodo o Estado no primeiro semes-tre, redução de 25,2% em compa-ração com o mesmo período de2013. Na capital, a diminuição foide 35,6%, para 38 ocorrências.

A Copa do Mundo provocougrandes aglomerações de pes-soas em alguns locais e, com is-so, aumentou drasticamente onúmero de furtos em algunsbairros da capital paulista em ju-nho. Juntos, os três “bairros daCopa” – Itaquera, Pinheiros eSé – tiveram uma alta de 86,3%no número de ocorrências secomparado com junho do anopassado. Enquanto isso, a cida-de teve um aumento médio de5,4% na mesma comparação.

O secretário da SegurançaPública, Fernando Grella Viei-ra, confirma que nem o aumen-to do policiamento por causado evento foi suficiente para re-duzir o crime. “Evidentemen-te, com maior fluxo de pes-soas, tivemos operações espe-ciais”, afirmou Grella. “Houvefocos nos quais tivemos essecontingente maior de pessoase registramos aumento do nú-mero de roubos (apesar do au-mento de policiais).”

O maior aumento foi registra-do pelo 65.º DP (Artur Alvim),responsável pela área da Arena

Corinthians, o Itaquerão, na zo-na leste de São Paulo. Em junhodo ano passado, houve 78 furtosregistrados. No mês passado, fo-ram 280, o que significa um au-mento de 259%.

Vila Madalena. O 14.º DP (Pi-nheiros), na zona oeste, tevecrescimento de 153% no núme-ro de casos (de 396 para 1.002).O distrito é responsável pela Vi-la Madalena, que concentra ba-res e, durante a Copa, foi pontode encontro de estrangeiros ebrasileiros. O chamado “Carna-copa” chegou a receber até 70mil pessoas em dias de jogos daseleção brasileira, o que tam-bém provocou conflitos entretorcedores e moradores. Na ma-drugada do dia 2, a Polícia Mili-tar até usou uma bomba de gáspara dispersar torcedores quenão queriam ir embora e impe-diam a limpeza das ruas.

A festa oficial da Fifa, a FanFest, instalada no Vale doAnhangabaú, também influen-ciou o aumento de furtos na re-gião do 1.º DP (Sé). Essa áreanormalmente já tem incidênciaalta desse tipo de crime, com ointenso tráfego de pedestres.No entanto, em junho do anopassado, foram 844 ocorrên-cias; no mesmo mês deste ano,foram 1.174 – um aumento de39,1%. / B.R. e D.T.

Vila Madalena tem153% mais furtosdurante a Copa

ANÁLISE: Bruno Paes Manso

● O governo do Estado prepara oanúncio de ao menos três medi-das de apelo midiático para aárea da Segurança Pública aindaneste ano.

Uma delas será uma nova cam-panha de desarmamento voluntá-rio da população, em parceriacom uma organização não-gover-namental – a apreensão de ar-mas está estável no Estado.

A segunda é a terceirização doserviço 190, que deverá aumen-tar o número de atendentes nostelefones da PM e liberar poli-ciais para atuar nas ruas.

A mais importante, no entanto,é o chamado Detecta – um siste-ma de monitoramento de crimesjá lançado em abril e usado emNova York. Softwares e câmerasde vigilância atuarão no combatea roubos, segundo a promessado governo. / B.R.

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Roubos aumentam pelo 13º mês seguidoGoverno comemora, porém, que em junho, pela primeira vez, o avanço foi inferior a 25%; ‘Deu uma esverdeada nos índices’, diz Alckmin

NA WEB

Entre janeiro e junho, 317 pes-soas foram mortas por policiaismilitares em serviço em todo oEstado, o maior número em umprimeiro semestre desde 2003(quando foram 399). O númerosupera até o emblemático pri-meiro semestre de 2006, épocados ataques do Primeiro Co-mando da Capital (PCC) e con-sequente reação da PM, quandoforam mortas 290 pessoas porpoliciais em atividade.

Os 317 mortos representamum aumento de 111,3% em com-paração com o mesmo períododo ano passado (150).

Na capital, a alta foi aindamaior: 147% (de 66 para 163).Também foi o maior número demortos pela PM no primeiro se-mestre desde 2003 (238) e supe-ra o primeiro semestre de 2006(151 mortos).

O secretário da Segurança Pú-blica, Fernando Grella Vieira,disse que o aumento do total demortos pela Polícia Militar temde ser relativizado com o au-mento de conflitos da políciacom criminosos. “Se você relati-vizar com o aumento do núme-ro de confrontos, que é justifica-do até pelo aumento dos rou-bos, o porcentual não está mui-to distante do passado, o quenão nos dispensa de pesquisaras causas e trabalharmos parareduzir a letalidade.”

Mas Grella não conseguiu de-talhar a proporção do aumentodesses confrontos. “Estamospedindo até levantamentos pa-ra fazer estudos de caso, masnão estão concluídos.”

Esses confrontos, no entan-to, estão sendo mais letais paraos criminosos. Na comparaçãoentre os primeiros semestresde 2013 e deste ano, o númerode policiais militares mortosem serviço caiu de 7 para 6 emtodo o Estado e de 5 para 3 nacidade de São Paulo. / B.R. e D.T.

Governo preparapacote de ações desegurança pública

Há 30 anos, crime eletalidade da polícianão param de subir

Bruno RibeiroDaniel Trielli

O número de roubos aumen-tou 38% na capital paulista en-tre o primeiro semestre de2013 e de 2014, segundo as es-tatísticas divulgadas ontempela Secretaria de Estado daSegurança Pública (SSP). Fo-ram 82.490 ocorrências nosprimeiros seis meses desteano, ou uma a cada 3,2 minu-tos. Já os homicídios tiveramqueda de 8,8% na capital (de614 para 560 casos) e de 2,3%no Estado (2.237 para 2.185).

É o 13.º mês consecutivo deaumento do número de roubos,tanto no Estado quanto na capi-tal. Em comparação com junhode 2013, as altas foram de 14,7%e 21%, respectivamente.

No total do Estado, esse deli-to cresceu 29,5% no primeiro se-mestre, com 160.763 casos en-tre janeiro e junho deste ano.Esses dados não incluem os rou-bos de carros, categoria em que

a alta foi de 9,5% na capital(24.131 para 26.420) e de 13% noEstado (46.611 para 52.648).

Desaceleração. O governo es-tadual festejou o fato de que, pe-la primeira vez neste ano, os rou-bos cresceram menos de 25%em um mês na capital em rela-ção ao mesmo mês do ano ante-rior. “Tivemos uma desacelera-ção”, disse o secretário esta-dual da Segurança Pública, Fer-nando Grella Vieira, sem rela-cionar o fato ao aumento do efe-tivo policial na cidade de SãoPaulo para a Copa do Mundo.Durante o Mundial, 4,5 mil poli-ciais militares a mais trabalha-ram nas ruas do município. Des-ses, 1.021 devem continuar tra-balhando na capital.

Grella disse esperar que a de-saceleração se transforme emuma tendência de queda emagosto. Ele destaca a entradaem vigor, neste mês, da Lei dosDesmanches. A legislação aper-ta a fiscalização sobre as ofici-nas e é vista como essencial pe-lo governo do Estado para com-bater as quadrilhas do roubo decarros, como diz o governadorGeraldo Alckmin (PSDB), “que-brando a cadeia produtiva docrime”.

O chefe das Polícias Civil e Mi-litar não apontou uma explica-ção para o crescimento dos rou-bos na capital e no Estado. Grel-la disse que é um “fenômeno so-cial” de múltiplas causas.

Internet. O secretário da Segu-rança Pública afirmou aindaque o aumento dos crimes con-tra o patrimônio é um fenôme-no nacional e sugeriu que a ex-plosão de casos em São Paulopoderia estar relacionada auma eventual subnotificaçãode casos no passado. “Nesteano, estamos experimentandoos efeitos da Delegacia Eletrôni-ca, coisa que não havia para rou-bo no ano passado”, afirmou osecretário.

A Delegacia Eletrônica (www.ssp.sp.gov.br/nbo) passou a re-gistrar casos de roubo pela inter-net em dezembro do ano passa-do. Até então, era possível ape-nas notificar os furtos pelo site.

Quando o serviço para roubosfoi liberado, no entanto, o Esta-do de São Paulo já registrava osexto mês de aumentos conse-cutivos de crescimento nesse ti-po de crime.

‘Esverdeada’. Ao comentar osíndices de criminalidade duran-te uma visita acompanhada daimprensa à sede do Centro Inte-grado da Polícia Militar, noBom Retiro, centro da capital,Alckmin também mirou na sub-notificação de casos: “É precisoverificar o seguinte: houve a De-legacia Eletrônica. Antes, vocêtinha, como o Brasil inteirotem, uma subnotificação. À me-

dida que você fez a DelegaciaEletrônica, passou a ter núme-ros mais confiáveis”.

O governador optou por des-tacar a redução da maior partedos índices de criminalidade eafirmou haver otimismo com ocenário da segurança no Esta-do. “O fato é que deu uma esver-deada (nos índices). Estou vendocom muito otimismo. A políciaestá vivendo um bom momen-to, motivada, com tecnologia,empenhada, foi muito elogiadana Copa.”

Alckmin atribuiu as quedas aações pré-planejadas das Polí-cias Civil e Militar e afirmouque as estatísticas não servi-

riam para fazer comparaçõescom outros Estados. “A estatís-tica não é para a gente dizer ‘es-tou melhor do que você, vocêestá pior’. É para orientar aação (policial). Se você não tema notificação, você não tem oboletim de ocorrência, vocênão opera”, afirmou o governa-dor ontem.

Com aglomerações detorcedores estrangeiros ebrasileiros, Itaquera e Sétambém registraramcrescimento do crime

● Menoresde idadeEnquanto onúmero de pri-sões de maio-res de 18 anoscaiu 6,4% noEstado no pri-meiro semes-tre, o númerode apreensõesde menoresde idadecresceu 5%.

INFOGRÁFICO/ESTADÃOFONTE: SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA (SSP)

MAPA DA VIOLÊNCIA

BAIRRO DO LIMÃO

VL. NOVA CACHOEIRINHA

1º DP

2º DP

4º DP

5º DP

6º DP

8º DP

12º DP77º DP

78º DP

16º DP

17º DP

26º DP27º DP

35º DP

36º DP

83º DP

95º DP96º DP

97º DP

103º DP

22º DP62º DP

32º DP

50º DP

53º DP

59º DP

24º DP63º DP

64º DP

65º DP

67º DP

68º DP

10º DP

29º DP

30º DP 31º DP

42º DP

52º DP

56º DP

57º DP

81º DP

9º DP19º DP

20º DP

28º DP

38º DP

40º DP

45º DP

72º DP

73º DP74º DP

90º DP

100º DP

101º DP

102º DP

11º DP

25º DP

37º DP

43º DP

39º DP

18º DP

21º DP

47º DP

80º DP

85º DP

41º DP

44º DP

49º DP

54º DP

55º DP

66º DP

69º DP70º DP

14º DP

15º DP

23º DP

33º DP

34º DP

46º DP

51º DP

75º DP

87º DP

89º DP

91º DP

93º DPSÉ

B. RETIROPARI

STA. CECÍLIA

CONSOLAÇÃO

LIBERDADE

CAMBUCI

BRÁS

PAULISTA

PARELHEIROS

JD. MIRNA

JD. HERCULANO

JD. DAS IMBUIAS

SOCORRO

SANTO AMARO

CID. ADEMAR

CAPÃOREDONDO

48º DPCID. DUTRA

VL. JOANIZA

VL. CLEMENTINO

IPIRANGA

SACOMÃIBIRAPUERA

JABAQUARA

VILAMARIANA

PQ. BRISTOL

HELIÓPOLISMONÇÕES

AMERICANÓPOLIS

LAPA

PINHEIROS

JD. PAULISTA

PERDIZESCEAGESP

JAGUARÉ

BUTANTÃ

JD. ARPOADOR MORUMBI

JD. TABOÃO

CAMPO LIMPO

PIRITUBA

VL. PEREIRABARRETO

PERUS

PARADADE TAIPAS

VILA PENTEADO

NOSSA SRA. DO Ó

BRASILÂNDIA

CASA VERDE

TUCURUVI JAÇANÃ

VL. GUSTAVO

VL. GUILHERME

VILAMARIA

PQ. NOVO MUNDO

BELÉMPQ. SÃO JORGE

PENHADE FRANÇA

VL. MATILDETATUAPÉ CARRÃO

58º DPVL. FORMOSAALTO DA

MOOCA VL. DIVA

PQ. SÃO LUCAS

VL. ALPINA

JD. POPULAR

ERMELINOMATARAZZO JACUÍ

A. E. CARVALHO

ARTUR ALVIM

ITAQUERA

COHAB ITAQUERA

SÃO MIGUEL PAULISTA

JD. NOEMIA

ITAIM PAULISTA

JD. ROBRU

LAJEADO

GUAIANASES

PQ. DO CARMOCIDADE TIRADENTES

JD. ARICANDUVA

VL. RICA

SAPOPEMBA TEOTÔNIOVILELA

SÃO MATEUS

PQ. SÃO RAFAEL

3º DPSTA. IFIGÊNIA

13º DP

7º DP

92º DP99º DPPQ. SANTO

ANTÔNIO CAMPOGRANDE

98º DPJD. MIRIAM

PQ. MOOCA

0DE 1 A 3DE 4 A 7DE 8 A 1112 A 2223 A 25

Homicídios por DP no primeiro semestre deste ano

JUN

Homicídios, mês a mês

0

100

200

300

400

500

JUL2013

JAN2014

321

93

ESTADO CAPITAL

OUTROS DESTAQUES

INFOGRÁFICO/ESTADÃOFONTE: SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA (SSP)

● Bairros que tiveram aglomerações durante a Copa registraram mais furtos

O EFEITO DO MUNDIAL

14º DP65º DP1º DP

Pinheiros

A cidade

Vila Madalena

Itaquerão

395 396

1.002

Artur AlvimSé

JUL2012

JUN2013

JUN2014

153%

15.562JUL / 2012

16.126JUN / 2013

16.996JUN / 2014

5,4%

849 844

1.174

JUL2012

JUN2013

JUN2014

39,1%

99 78280

JUL2012

JUN2013

JUN2014

259%