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    INSTITUTO SUPERIOR DE TEOLOGIA DE BENGUELA

    RELIGIO TRADICIONAL AFRICANA

    A MORTE DE UM SOBA LUNDA-TCHOKWE

    RITUAL FNEBRE

    Timteo de Almeida N 30

    1 ANO DE TEOLOGIA

    ANO LECTIVO 2012

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    Epgrafe

    Quando os deuses criaram ahumanidade, entregaram a morte humanidade e ficaram com a vida nasprprias mos".

    Assim j se expressava o heri Gilgamesh num

    poema anterior a algumas narraes que

    encontramos na Bblia, como a do dilvio

    universal.

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    Introduo

    A morte, em todas as culturas, sempre foi e um mistrio, com repercusses

    diferentes para os sobreviventes. Ela um fenmeno complexo e inexplicvel e

    marca a vida individual dos parentes e da tribo, um fato contra o qual no se pode

    lutar, mas assptico;

    A morte no o fim, mas uma passagem para algo desconhecido, mais ou menos

    duradouro ou at eterno, embora o conceito de eternidade tenha significado

    diferente para os vrios povos. A morte biolgica no significa a morte social

    porque, de uma maneira ou outra, o finado continua a viver no somente namemria dos parentes ou da comunidade, mas a participar da vida deles.

    A morte, nas suas interpretaes e maneiras de celebrar os ritos, tem uma

    estreita relao com a concepo religiosa dos povos e ainda no se encontrou

    uma cultura que no desse valor ao acto misterioso da morte e suas

    consequncias.

    Geralmente tratam a morte e o rito fnebre como uma passagem e uma

    continuao dessa vida, embora num ambiente diferente. Para simbolizar essa

    continuao da vida, algumas culturas africanas revestem o defunto com vestes

    novas, outras pem moedas na boca, para que possa pagar a divindade que

    preside essa viagem, colocam oferendas perto do cadver, dentro do caixo ou

    sobre o tmulo.

    Para os que admitem a sobrevivncia do esprito, mas do grande importncia

    tradio do cl, a morte significa reunir-se aos ancestrais e os ritos tm toda uma

    simbologia especfica.

    As culturas que tm essas crenas celebram festas anuais ou em ocasies prprias

    para que os espritos dos antepassados possam participar da vida da aldeia,

    atravs de danas, banquetes comunitrios e representaes tpicas. Durante

    essas cerimnias, h um assento entre os participantes que ningum poder

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    ocupar porque pertence ao antepassado. Em outras, dizem que so os

    antepassados que tomam conta do corpo do danarino que entra em transe,

    durante uma dana desenfreada.

    A morte de um soba Lunda-Tchokwe

    Na cultura Lunda-Tchokwe, s a morte dos velhos considerada natural,

    ordenada pelo Nzambi1. A morte de qualquer outra pessoa sempre julgada

    obra de feitio, de espritos malignos ou do esprito dos mortos, seus

    antepassados.

    Logo que um soba morre, -lhe retirada a lukhosa2, que representa o lukano

    (soberania), sendo colocada numa panela de barro, juntamente com pemba

    (barro branco medicinal) para que esta ltima, que simboliza a vida, d sade e

    vida ao sucessor do soba defunto.

    A lukhosa deve ser tirada por um homem ou, ento, pela mulher mais velha da

    aldeia, onde ficar, at que algum caador abata qualquer animal selvagem.

    Alm da lukhosa, os sobas e chefes podem usar outros distintivos que

    simbolizam a sua dignidade como o tchimba (medalha feita de osso, de marfim

    ou imitaes destas feitas em porcelana), o mukuale (espcie de gldio de duplo

    gume), suspenso ao pescoo ou ao ombro por uma tira de pele de lontra ou dequalquer outro animal. Esta arma pode t-la herdado ou ser-lhe oferecida pelo

    chefe supremo da etnia, no dia da investidura; o gldio simboliza, assim, a

    transmisso de todos os poderes sobre os territrios governados pelo soba eleito.

    1Nzambi (Zambi) ou Zambi-ya-pungu, Kalunga - O Deus supremo e criador.2 Pulseira de metal

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    Os chefes lundas exibem ainda os seus gorros ornamentados com caurins e

    missangas que o chefe supremo Mwatianwua lhes oferece, em troca dos

    milambos (tributos) ou de qualquer servio prestado.

    Logo que a morte do marido for anunciada a viva coberta com o muandji(espcie de cobertor feito de sarapilheira) que deve segurar no seu regao e

    chorar at que algum familiar da parte do finado venha junto dela, receba este

    vesturio e lhe diga para se sentar junto da porta da sua palhota ou casa. Ali ficar

    sem comer nem beber, enquanto o defunto no for enterrado.

    Tambm no dever dormir enquanto o seu defunto marido no for enterrado.

    Quando o cadver transpe a porta da palhota e levado para ser sepultado, a

    viva dever passar por baixo dele. E, enquanto o falecido vai ser enterrado, a

    viva dever ir tomar banho purificador ao ribeiro mais prximo, acompanhada

    de outra viva ou de outra mulher, se no houver nenhum elemento feminino em

    estado de viuvez na povoao.

    Depois do banho purificador, a viva tem direito a regressar aldeia do finado e areceber de um seu familiar, um galinceo e uma conta de missanga vermelha

    enfiada num fio e que simula uma pulseira. Esta -lhe colocada no pulso

    esquerdo.

    Entretanto, aproxima-se dela um parente do falecido, do sexo masculino,

    empunhando um ramo de arbustos verdes a arder e defuma com ele a viva,

    pedindo, ao mesmo tempo, ao esprito do finado que no faa mal viva e a

    deixe em paz.

    Terminada esta prece, a viva entrega o galinceo e a pulseira que simboliza o

    defunto e diz ao parente deste: recebei o vosso morto. E, feito isto, a viva fica

    liberta do defunto marido e do esprito deste perante a famlia do falecido,

    ficando, portanto, dissolvido o contrato do casamento.

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    O soba falecido nunca enterrado seno passados pelo menos trs dias depois da

    sua morte, para que toda a gente da aldeia possa assistir e chorar o bito.

    Cr-se que a viagem do finado aldeia dos espritos leva uma semana e, durante a

    mesma, amigos e parentes devem se entreter com o esprito do defunto: todas asnoites acendero uma fogueira diante de um escabelo onde estaria sentado o

    esprito do finado, prepararo uma sopa para que no sinta sede durante sua

    viagem.

    O morto, quando no metido num caixo, embrulhado em panos ou esteiras e

    apertado de encontro ao catre feito de bordo, que lhe serve de esquife. sobre

    tal catre que dormir o sono eterno.

    No momento em que o cadver levantado e transpe a porta da casa, a viva

    passa-lhe por baixo. Acompanhada de outra pessoa do seu sexo, de preferncia

    em estado de viuvez, vai, em seguida, tomar banho ao ribeiro mais prximo, a fim

    de se purificar de tudo o que respeita ao finado.

    Depois do banho purificador, a thuliwa (viva) regressa aldeia, onde recebe,

    das mos de um seu familiar, uma galinha e uma conta de missanga vermelhaenfiada num fio, que simula uma pulseira. Esta metida no pulso esquerdo. Feito

    isto, aproxima-se dela um parente do morto, do sexo masculino, empunhando um

    ramo de arbustos verdes a arder, defuma a thuliwa, ao mesmo tempo que pede

    ao esprito do falecido que no faa mal e a deixe em paz.

    No momento do funeral desfilada uma cano fnebre das tradies do cl, que

    vai enumerando, nesta cantilena, toda a genealogia do defunto para lembrar-lhe

    que ele tambm vai fazer parte dessa grande famlia dos antepassados.

    No enterro do soba s podem acompanhar o prstito, atrs do esquife, pessoas

    adultas. frente dos dois homens que levam o cadver, vai outro homem que,

    segurando um pauzinho, o atira para a sepultura, quando se encontra a poucos

    metros desta. E, ao mesmo tempo, diz:

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    - Ngandji aneza k! (fulano vem a!)

    Chegado sepultura, o esquife deposto a cerca de 10 metros da sepultura,

    rodeado pelos dignatrios e distintos sobas convidados. O mestre-de-cerimnias,Nganga Ilunga, inicia o ritual de purificao de todos os membros que

    acompanharam o esquife, o lugar onde se encontram e posteriormente a cova,

    persignando-os com a fumaa cheirosa proveniente da queima de mussole, um

    arbusto verde, prprio para espantar espritos malignos que, qui, os tenham

    acompanhado.

    Durante esse ritual os dignatrios que rodearam a urna mantm-se de p e os

    demais ficam de ccoras, com a bunda assente sobre o calcanhar do p direito.

    convidado o mais velho de entre os sobas conhecidos do falecido para

    enderear a sua despedida. Feito isto, toma os artefactos devidamente

    ornamentados e o mukuku (espcie de toga real) e aspergindo-os com bebida

    alcolica, deposita-os sobre o cadver do finado e exorta os presentes a

    inclinarem-se em sinal de respeito.

    Findo este acto de soberania o finado enterrado sem mais cerimnias, quersentado numa cadeira, quer deitado sobre o lado direito com a cara virada para o

    Poente, para que o seu esprito atinja rapidamente o reino dos mortos e de l

    participe da protecco, quando invocado, dos que deixou em vida.

    Aps o enterro do finado, a viva no poder tocar no fogo. Outra pessoa do

    mesmo sexo a alimenta a ela e fogueira, defumando-a com o fumo de plantas

    mal cheirosas e resinas para afugentar dela o esprito do morto. Depois de j se

    ter despojado de todas as suas vestes e adornos, substitui-os pela mulamba

    (tanga apertada para apertar apenas as partes pudendas).

    A viva tem direito a recolher os produtos cultivados, a cultivar as terras

    desbravadas, e a todos os cereais e outros armazenados ou em sequeiro, assim

    como ao trem de cozinha e todo o mobilirio existente na sua casa, onde vive com

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    os seus filhos j que, normalmente, o soba tinha a sua prpria casa com diversos

    quartos, onde poderia dormir com a mulher.

    Acabada a ltima cerimnia do bito, a viva est livre e pode ir para a sua aldeia.No entanto, s poder casar novamente depois de passadas trs luas, pelo menos,

    e depois de ter tido relaes sexuais com qualquer homem estranho e que

    desconhea o seu estado de viuvez, procura de tirar o esprito do seu ex-marido

    do corpo e ficar liberta dele para sempre.

    A tchisela3 , geralmente, um dos melhores locais para, em noites sem lua, a viva

    conseguir seduzir e entregar-se a qualquer estranho, no no recinto, mas no

    mato. Se, por acaso, no houver tchisela, nos tempos mais prximos, ento a

    viva frequentar os caminhos, ou ir visitar uns parentes em aldeia distante, a

    fim de ter relaes sexuais com um homem e conseguir libertar-se do esprito do

    morto.

    Ela ter de seduzir o homem a quem se entrega para que ele no saiba a razo

    porque ela o faz. De contrrio, no ficar purificada. Logo que o conseguir, tira o

    cordel que traz cintura e deix-lo- no local do coito. Feito isto, vaiimediatamente tomar banho ao ribeiro mais prximo e fica, ento, apta a

    consorciar-se de novo com quem ela e a famlia quiserem.

    ORAES

    Acima de tudo est Nzambi Mpungu (um dos seus ttulos) Deus criador de todas

    as coisas.

    O Culto a Nzambi na cultura Lunda-Tchokwe no tem forma nem altar prprio. Sem situaes extremas este povo reza e invoca Nzambi, geralmente fora das

    aldeias, em beira de rios, em baixo de rvores, ao redor de fogueiras. No tem

    representao fsica, pois concebido como o incriado, o que representa-lo seria

    um sacrilgio, uma vez que Ele no tem forma.

    3 Festa de cofraternizao

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    No final de todo ritual, Nzambi louvado, pois Nzambi o princpio e ofim.

    Ainda de acordo com Jos Redinha, procurando resumir e sintetizar, por via etnogrfica, estas crenas angolanas, descendo das alturas ondecolocam Deus at ao terreno das supersties, admitimos que se possam simplificar e graduar deste modo:

    Deus reina, os antepassados governam, as divindades secundrias ajudam, as magias completam, as supersties previnem.Da, tanto supersties como magias serem elementos de ordem social e de valor jurdico, nos termos da lei costumeira, participando dos ritos onde,sob a sua forte coao interna se procede a juramentos, vigiados por graves penalidades sobrenaturais no caso de perjrio.No captulo da religio dos angolanos, ocupa curioso lugar um sincretismo designado umbanda, resultado do fusionamento de feiticismo, curandice,magia, espiritismo e cristianismo, cujas razes provm dos segredos e poderes do quimbanda.

    Segundo J. V. Martins, A sucesso do chefe pode ser obtida por herana ou por escolha se, respectivamente, for caso de morte ou se o chefe for

    deposto por incompetncia ou demasiado despotismo. Mas, ao contrrio da sua vizinha etnia Luena e de outras etnias bantu, entre os Tutchokwe eLundas, geralmente, a chefia no entregue a indivduos do sexo feminino.

    Uma etnia ou cl Lunda ou Tchokwe jamais ser governado por uma mulher, salvo circunstncias muito especiais, como por exemplo se no houver

    vares em toda a famlia ou, havendo-os, estes sejam declarados incompetentes, fsica e mentalmente, para governar. H ainda transmisso dopoder por testamento se, hora da morte, o chefe designar uma sua filha ou sobrinha para chefe ou rainha do seu povo.

    A vontade do morto religiosamente e prontamente cumprida.

    Se o herdeiro for criana e no houver tio materno, a chefia poder ser entregue, com o ttulo de regncia, tia ou me do futuro chefe, at queeste atinja a maioridade. No haver cerimnia na sua investidura, visto no lhe ser imposto o lukano, no brao direito se for varo ou noesquerdo se for fmea. A regente ou o regente, apenas ser o guarda fiel do lukano. O lukano pode, tambm, estar guarda da irm mais velhado chefe ou de um tcxhilolo investido, para tanto, de funes especiais.

    Ao contrrio dos Lundas, cujo filho primognito o futuro herdeiro e, s na fal ta deste, seria o sobrinho, os Tutchokwe no herdam dos pais, mas

    sim dos tios maternos. S consideram de sangue real os filhos das irms do lado colateral uterino. Assim, o primeiro sobrinho, filho da irm maisvelha do chefe, herdeiro da chefia e do lukano, caso tenha competncia para isso, pois esta a condio sine quan non para que o futuro chefeseja eleito pelo povo.

    Escolha ou eleio do sucessor

    Normalmente, a escolha do sucessor do chefe falecido era sempre feita antes de se proceder ao enterro do finado, isto porque era ao novo chefe quecompetia escolher o local da nova aldeia que iria ser construda sob a gide dele.

    S em casos extraordinrios da escolha ou eleio do verdadeiro herdeiro que o chefe seria enterrado antes da escolha do sucessor. Neste caso,

    seria nomeado um regente at poder ser escolhido ou eleito um novo chefe. Mas como a regra geral ser o sobrinho mais velho, filho da irm maisvelha do falecido, o herdeiro do patrimnio e da chefia ser, em princpio, o citado sobrinho, se for capaz de ocupar o lugar do chefe defunto.

    Escolhido ou eleito o novo chefe, ser a ele que compete mandar proceder s cerimnias do enterro do antigo chefe, depois de j ter escolhido olocal da nova aldeia, que comea logo a ser construda, ainda antes do enterro do falecido chefe.

    Instalao ou entronizao do sucessor

    Aps o enterro do chefe, ningum mais dormir na antiga aldeia. Assim, nesse dia, todos os habitantes se mudam para as ikurita (plural deTchikurita) que significa cabanas ou palhotas de emergncia por morte do chefe, previamente construdas, a algumas centenas de metros ou mais,do antigo povoado, depois do futuro chefe j ter escolhido o local da nova aldeia, que ser onde encontrar uma rvore de que goste e qual se

    abraa dizendo: Encontrei.

    No mesmo dia em que algum caador da aldeia chega ao povoado com uma pea de caa, vai entreg-la ao herdeiro eleito para a chefia. Em troca,

    e acto contnuo, o futuro chefe dar-lhe- uma carga de plvora e far-lhe- riscos com mukundu (argila encarnada que significa a morte, o mal, ainjustia, o sangue)) na espingarda do caador, para que este continue a ter sorte nas caadas.

    Entretanto, para que o futuro chefe possa levar a lukossa para sua casa, ter que reg-la com sangue de qualquer ave. Feito isto, depe-na juntodos seus dolos que esto na tchipanga (pequena paliada com cerca de dois metros de dimetro, reservada aos dolos tutelares), perto da suacasa, na nova aldeia.

    Feito isto, o novo chefe leva o animal que o caador matou, junto dos seus dolos e da lukossa e lana-o ao cho como oferta. Dentro destapaliada esto todos os seus dolos, incluindo a Naiangu (dolo de nobreza) sobre o qual colocada a lukossa, que depois regada com o sanguedo animal sacrificado. O fgado do animal picado aos bocados e depositado aos ps do dolo. Tanto o sangue como o fgado so espalhados,tambm, por outros dolos, incluindo o Mulumi ou Munengue (rvore plantada de estaca que marcar o incio e toda a existncia da aldeia).

    O animal , ento, esquartejado e todos os rgos internos deste, depois de cozinhados, devem ser comidos pelo novo chefe. A restante carne serdistribuda e comida por toda a gente para que a nova aldeia seja abenoada por todos os espritos dos antepassados da etnia.

    Finda a refeio, o novo chefe vai, imediatamente, ku funda pemba, o que, figuradamente, designa ter relaes sexuais com sua primeira mulher e,literalmente, significa fazer riscos com pemba. O chefe deve ser o primeiro ku funda pemba pois, de contrrio, poderia morrer se outro casal o

    fizesse primeiramente. Neste caso, o esprito do chefe morto no ficaria satisfeito, castigando, com a morte, o novo chefe, suas mulheres e o casaldelinquente.

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    No dia seguinte, toda a gente da aldeia rene, junto da tchipanga dos dolos, a fim de receber a pemba do seu novo chefe. Este, ento, em atitude

    solene, entra no recinto dos dolos tutelares e, pegando num bocado de pemba, vai fazendo um risco no brao direito de todos os homens que, um aum, dele se acercam. Os primeiros so sempre os mais idosos e de cabelos brancos. s mulheres faz um risco junto do umbigo, para que sejamfecundas, e s crianas que elas trazem ao colo, na testa, para que elas sejam saudveis e fortes. A pemba um preventivo contra os espritosmalignos, bem como contra o esprito do chefe finado, e ainda uma proteco contra a doena e todos os perigos.

    Finda esta cerimnia, o chefe pega na lukossa, mete-a no brao e baixando-se, pe as palmas das mos na terra, que passa a ser sua, esfregandocom ela o peito para que lhe seja propcia, batendo as palmas em seguida. Esta cerimnia repetida por toda a gente da aldeia. Nessa mesma noite,

    todos os casais da aldeia devem ter relaes sexuais que, desde a morte do seu antigo chefe, a todos eram vedadas. Se a nova aldeia j estiverconstruda, toda a gente passar a viver nela, a partir daquele dia, enquanto aquele chefe existir, se entretanto no for ordenada qualquermudana.

    A morte

    comentarpublicado por Alto Chicapa, em 16.11.09 s 22:47

    Na regio do Alto Chicapa, entre os anos de 1972 e 1974, a morte era encarada pelo povo como a passagem de um

    indivduo a um estado de esprito.

    Sem saber o que estava a acontecer e sem estar muito vontade, assisti a parte de um ritual funerrio. Perante o meu

    pouco vontade, tranquilizaram-me dizendo que era uma cerimnia necessria para o morto ficar sossegado, alm-

    tmulo.

    Quando no o faziam, acreditavam que uma grande inquietao angustiosa se apoderava do esprito do falecido

    exercendo uma influncia nefasta sobre todos, sobre a aldeia e principalmente naqueles a quem competia terem feito a

    cerimnia, a famlia.

    Consistia, quase sempre, em batuques ruidosos, onde o choro e o carpir andava de mos dadas com o som dos

    tchinguvos, com comezainas, mais ou menos fartas conforme as posses e a importncia do morto, e em libaes

    descontroladas, que me assustaram!

    Estes rituais, que duravam uma ou duas noites, acabavam no dia do enterro.

    Como sempre o fazia noutros casos, confirmei com o S Moo alguns dos acontecimentos passados naquela noite.

    Devido ao meu interesse, acabou por me contar alguns episdios passados com a morte de um Soba, onde era tudo

    muito complicado, mais demorado e extravagante.

    Contou-me, que o falecido ficava em casa durante cinco dias, guardado por vrios homens e s ao sexto dia era

    enterrado. Durante esses dias havia batuques, sem parar, matavam-se cabras, porcos, galinhas e at bois a

    cerimnia deveria ser muito digna.

    Ao sexto dia, depois do enterro, a sua casa era queimada e alguns dos seus bens eram destrudos. O povo, sempre

    com muito medo da morte e de um contgio generalizado, mudava-se para um outro local para construir uma nova

    aldeia.

    Uma outra observao, espontnea, extremamente curiosa, alis, frequente no S Moo, quando estava confiante e

    liberto de medos, referia-se ao costume contado pelos mais velhos, de sepultarem os Sobas com uma das suas

    mulheres acreditavam que a vida terrestre se prolongava aps a morte e que todo o defunto mantinha a sua situao

    social ocupada em vida.

    A seguir - O fim do luto

    Carlos Alberto Santos

    Como Funciona o Planto de Orao?

    A Bblia clara quanto eficcia da orao: ... orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por suaeficcia, a splica do justo (Tg. 5:16 u.p.). Ela, tambm, incisiva quanto necessidade da orao contnua,viglia: Orai sem cessar (I Ts. 5:17).

    http://cc3485bt3870sa.blogs.sapo.pt/3429.htmlhttp://cc3485bt3870sa.blogs.sapo.pt/3429.htmlhttp://cc3485bt3870sa.blogs.sapo.pt/3429.html?mode=reply#replyhttp://cc3485bt3870sa.blogs.sapo.pt/3429.html?mode=reply#replyhttp://cc3485bt3870sa.blogs.sapo.pt/3429.html?mode=reply#replyhttp://cc3485bt3870sa.blogs.sapo.pt/3429.html
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    Existem pessoas que devem ser alvo constante das nossas oraes (pastores, lderes espirituais e pregadoresdo Evangelho); como, tambm, existem os motivos freqentes de oraes em favor de outros que enfrentamquaisquer problemas ou passam por necessidades de ordem fsica, material, emocional ou espiritual.

    Existem, tambm, aquelas questes momentneas ou imprevistas: Uma fatalidade em famlia, um ente queridoque internado em estado grave e/ou ter que submeter-se a um ou vrios procedimentos cirrgicos. Para osprimeiros casos, contamos com o Intercesso On-Line, servio espiritual que j vem sendo prestado e bem

    por diversos sites religiosos; para os ltimos casos ou situaes emergenciais da mesma natureza, estamosdisponibilizando mais este servio de socorro e apoio espiritual de carter diferenciado.

    Convocamos todas as pessoas de f, independente de profisso religiosa, a participarem desta correnteespiritual da orao em favor destas pessoas que, neste momento, esto tristes, apreensivas quanto ao futuroou mesmo angustiadas:

    Um Lembrete Importante:

    As montanhas dos problemas s podem ser escaladas de joelhos. Annimo.

    Assim como o negcio dos alfaiates fazer roupas, e o negcio dos sapateiros remendar sapatos, onegcio dos cristos orar. Martinho Lutero.

    A orao um mensageiro rpido que, num piscar de olhos, pode ir ao Cu e voltar com uma resposta. William S. Plumer.

    A maior coisa que algum pode fazer para Deus e pelo homem orar. S. D. Gordon.

    Portanto, siga o imperativo divino: orai uns pelos outros, para serdes curados! Se necessrio, envie os seuspedidos para Intercesso On-Line ou para o Planto da Orao. J estamos orando por voc, todos osdias...

    Participe do Grupo de Orao

    A Elite da Tropa (Guerreiros da Orao)

    Quer fazer mais? Quer fazer parte de uma Corrente de Orao Planetria? Entre para os Guerreiros daOrao! Faa j o seu cadastro e seja um intercessor! Afinal, a vitria est nas mos dos intercessores:

    Quando Moiss levantava a mo, Israel prevalecia; quando, porm, ele abaixava a mo, prevalecia Amaleque.Ora, as mos de Moiss eram pesadas; por isso, tomaram uma pedra e a puseram por baixo dele, e ele nela seassentou; Aro e Hur sustentavam-lhe as mos, um, de um lado, e o outro, do outro; assim lhe ficaram asmos firmes at ao pr-do-sol. E Josu desbaratou a Amaleque e a seu povo a fio de espada (xodo 17:11-13).

    Atenda ao chamado, vamos s linhas de combate: Quero, portanto, que os vares orem em todo lugar[escritrios, consultrios, cozinhas, reparties, estdios, hospitais, fbricas, quartis, oficinas, escolas,universidades, em casa, na rua, etc.], levantando mos santas, sem ira e sem animosidade (I Tim. 2:8).

    este o apelo final do nosso Comandante Supremo, Jesus, para uma retomada de posio nos momentos finaisda batalha. No h tempo a perder! No h mais espao para vacilaes! Vivemos em tempo emprestado. Osmomentos so cruciais. hora de reavivar as foras! alto tempo de concentrar os esforos! tempo de reunirtodos os nossos recursos disponveis fsicos, intelectuais, materiais e espirituais para o empenho final rumo

    vitria:

    http://www.iasdemfoco.net/guerreiros
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    Por isso, restabelecei as mos descadas e os joelhos trpegos; e fazei caminhos retos para os ps, para queno se extravie o que manco; antes seja curado (Heb. 12:12-13). Atenda ao chamado, aliste-se nesteexrcito de intercessores!

    http://estudosbanto.blogspot.com/2009/05/ritos-funebres-banto.htmlacesso de 15/05/2012, 19:50

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    MARTINS, P. JOAQUIM Cabindas Histria, Crena, Usos e Costumeshttp://www.nekongo.org/2007/ete2007/livre_cabinda.htm

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