Rio Vermelho

57
RIO VERMELHO BY M.I.K.A.

description

"Rio Vermelho" is a text book release by sutil digital magazine in a special edition.

Transcript of Rio Vermelho

Page 1: Rio Vermelho

RIO VERMELHO BY M.I.K.A.

Page 2: Rio Vermelho
Page 3: Rio Vermelho

RIO VERMELHO BY M.I.K.A.

TEXTOS DE M.I.K.A.

FOTO DE CAPA DE DIGITAL ART / PHOTOMANIPULATION /

HUMOUROUS©2010-2015. Putwittyusernamehere

Page 4: Rio Vermelho
Page 5: Rio Vermelho

CAPÍTULO 1

Page 6: Rio Vermelho

Os tubarões são pacatos, agitados são os

cardumes. Os raios e os trovões. As

raias, não. Nem a baía do Rio Vermelho é

agitada. É pacata. Agitados são os

foliões, com seus sorrisos vermelhos de

batom e dendê, de uma deslocada

picanha de petisco ao invés do marisco,

ou dos fiapos desfiados da lingerie de

uma transloucada menina à boca e

pintada num quadro em um casebre de

sapê. A Bahia é vermelha, o Rio

Vermelho não.

Page 7: Rio Vermelho
Page 8: Rio Vermelho
Page 9: Rio Vermelho

CAPÍTULO 2

Page 10: Rio Vermelho

Nas águas do Rio Vermelho não há

tubarões. Só mesmo quando vão a

banho, à pesca ou às oferendas. Lá os

peixes ganharam terreno e andam na de

citatinos há muito tempo. E se quando

for ao Rio Vermelho de visita vir alguns a

beberem boas águas de côco no Buracão

ao entardecer, não se ofenda: é prece ou

molengueza.

Page 11: Rio Vermelho
Page 12: Rio Vermelho
Page 13: Rio Vermelho

CAPÍTULO 3

Page 14: Rio Vermelho

O Rio Vermelho é uma terra de coronéis

da arte que raramente aparecem para

marcar ponto, mas onde o povo vive

como se estivessem presentes. Amado é

logo ali, e Caymmi deve de estar naquele

banquinho à beira-mar, mas se nem Gal

e nem Brown aparecerem para

comprovar esta prosa, tá lá Dinha que

não pára de cantinar.

Page 15: Rio Vermelho
Page 16: Rio Vermelho
Page 17: Rio Vermelho

CAPÍTULO 4

Page 18: Rio Vermelho

Iô Rio Vermêi não. Só às vez.

Page 19: Rio Vermelho
Page 20: Rio Vermelho
Page 21: Rio Vermelho

CAPÍTULO 5

Page 22: Rio Vermelho

O tubarão do Rio Vermelho cartilagem.

Curte tu baronesa desde a destreza com

que faz a barbatana antes de sair de casa

até ao baile de chamego de fucinhos

quando já agarradinhos no mar. É peba

não... No Rio Vermelho o pé-direito do

céu é mais alto mesmo. Os casarios e

sobrados resistiram mais aos arranha-

céus que em Ondina e, guardando

comigo um pouco do saudável ufanismo

baiano, até me arrisco a sugerir que se

levarem adiante esse negócio doido de

fazer da Bahia um país, o Rio Vermelho

que vire um outro país também. Mas vira

nada... o Rio Vermelho é baiano

demais...

Page 23: Rio Vermelho
Page 24: Rio Vermelho
Page 25: Rio Vermelho

CAPÍTULO 6

Page 26: Rio Vermelho

O Rio Vermêi tapioca.

Page 27: Rio Vermelho
Page 28: Rio Vermelho
Page 29: Rio Vermelho

CAPÍTULO 7

Page 30: Rio Vermelho

O Rio Vermelho é uma Bahia que dá

certo. Dá tubarão, torcedor do Galícia F.

C., tem o França – às vezes é a França -,

tem uma pirâmide, uma capelinha,

pracinha e calçadão. Rapaz... pensando

bem o Rio Vermelho é estranho demais...

Page 31: Rio Vermelho
Page 32: Rio Vermelho
Page 33: Rio Vermelho

CAPÍTULO 8

Page 34: Rio Vermelho

‘Rio Vermelho’ não é uma ode ao Rio

Vermelho. Ode se faz às musas e aos

heróis. Aos artistas e aos bons

governantes, às beleza e aos seus

merecedores. Rio Vermelho ou é bairro

ou é o tubarão que ainda não fez sua

higiene bucal após uma refeição.

Page 35: Rio Vermelho
Page 36: Rio Vermelho
Page 37: Rio Vermelho

CAPÍTULO 9

Page 38: Rio Vermelho

O Rio é vermelho só que não. Já são

águas passadas, morreu. É que na Bahia

o ‘não’ muitas vezes é consolação,

comprovação. É dizer pro moço ou pra

moça que o sorvete de umbú é bom – ‘né

ruim não’ -, quando a pedida causar

estranheza, e nem reparar que quando a

dica não é aceita a birra na cara é a

mesma.

Page 39: Rio Vermelho
Page 40: Rio Vermelho
Page 41: Rio Vermelho

CAPÍTULO 10

Page 42: Rio Vermelho

No Rio Vermelho o vai-e-vém dos barcos

e pescadores mantém-se rústico e

vagaroso como nas letras dos artesãos

locais; naif como nas pinturas

tropicalistas. O pescado chega à panela

da moqueca e às mesas do mercado de

peixes da esquina, onde tubarões

refestelam-se com cerveja mas, agitação

mesmo no cais, somente no dia 2 de

Fevereiro. Não que seja uma

particularidade. O curioso é a praia ao

lado chamar-se Paciência.

Page 43: Rio Vermelho
Page 44: Rio Vermelho
Page 45: Rio Vermelho

CAPÍTULO 11

Page 46: Rio Vermelho

À noite, o Rio Vermelho é negro.

Page 47: Rio Vermelho
Page 48: Rio Vermelho
Page 49: Rio Vermelho

CAPÍTULO 12

Page 50: Rio Vermelho

Tem tubarão no Rio Vermelho e o homem

incomoda muito.

Page 51: Rio Vermelho
Page 52: Rio Vermelho
Page 53: Rio Vermelho

CAPÍTULO 13

Page 54: Rio Vermelho

O Rio é vermelho por questões

clubísticas: é do Vitória e do Baêa

também. Em caso de persistirem

empatados após o apito final, de lá para

Pituaçu é dois palito e um sorvete de

umbú.

Page 55: Rio Vermelho
Page 56: Rio Vermelho
Page 57: Rio Vermelho