Revista Weril nº 128
-
Upload
alex-trompetista -
Category
Documents
-
view
232 -
download
2
description
Transcript of Revista Weril nº 128
![Page 1: Revista Weril nº 128](https://reader036.fdocument.pub/reader036/viewer/2022081719/55721239497959fc0b904158/html5/thumbnails/1.jpg)
2 Suas Notas
5 Aqui na Weril
6 Por Estas Bandas
8 Fique de Olho
9 Workshop: O Legato no Trombone
12 Entrevista: Maestro Barry Ford
2 Suas Notas
5 Aqui na Weril
6 Por Estas Bandas
8 Fique de Olho
9 Workshop: O Legato no Trombone
12 Entrevista: Maestro Barry Ford
R E V I S T A
Março/Abril 2000 - Ano 22 - nº 128Distribuição Gratuita - www.weril.com.br
Março/Abril 2000 - Ano 22 - nº 128Distribuição Gratuita - www.weril.com.br
Confira o SaxAlto na Dica doMestrePág. 4
4o Prêmio Weril:Professor doPrimeiro ColocadoGanha Viagem parao ExteriorPág. 8
Sons
LatinosSons
LatinosConexão Cuba-Brasil volta afazer sucesso e atrair osmúsicos de sopro para novosprojetosPág. 10 e 11
Gerson Galante:testando o sax Weril
A Flauta Mágica de Altamiro CarrilhoPág. 3
![Page 2: Revista Weril nº 128](https://reader036.fdocument.pub/reader036/viewer/2022081719/55721239497959fc0b904158/html5/thumbnails/2.jpg)
2 Revista Weril - nº 128 - Março/Abril-2000
SUAS NOTAS
REVISTA WERIL é uma publicação bimestral da Weril Instrumentos Musicais Ltda.Conselho Editorial: Angelino Bozzini, Demétrio Lima, Eduardo Estela, Gilberto Gagliardi, Ivan Meyer, JesséMartinez, Magno D’Alcântara, Marcelo de J. Silva, Milton Lelis.Editora: Aurea Andrade Figueira (MTb 12.333) - Redator: Nelson Lourenço - Fotos da capa: Beatriz Weingrill- Redação e correspondência: Em Foco Assessoria de Comunicação - Rua Dr. Renato Paes de Barros, 926, SãoPaulo/SP 04530-001 e-mail: [email protected] gráfico, diagramação e editoração eletrônica: Matiz Design - Tiragem: 19 mil exemplaresAs matérias desta edição podem ser utilizadas em outras mídias ou veículos, desde que citada a fonte.
expediente
Atendimento ao Consumidor Weril 0800 175900
• Os exemplos apresentadosno workshop da últimaedição (“Introdução aoBlues II”, pág. 9) saíramincompletos. Confira nahome page da Weril(www.weril.com.br) arepresentação correta.
“Sou o professor brasileiro que fez o contato com osaxofonista Dale Underwood, entrevistado da edição126. Como ele mesmo conta no texto, foi através deuma troca de e-mails que este grande músico veio aoBrasil. O fato demonstra o poder da internet para a trocade informações em nosso meio. O que seria apenas umcontato com um ídolo se transformou numa grandeamizade. Hoje, Dale Underwood e eu nos falamossempre, sobre dicas de aulas, agenda de concertos eoutros assuntos”
Erik Heimann, Jundiaí (SP)
R: A dica do professor Erik vale para todos. A internetjá se tornou um importante aliado para a atualizaçãodo músico, seja através da pesquisa ou da troca deinformações.
“Escrevo com satisfação e gratidão para dizer que estouaplicando todas as Dicas & Técnicas da Revista eobtendo resultados surpreendentes. Mostrei os artigosaos amigos músicos, e juntos estamos praticando asdicas para uma boa execução”
Kleberson M. Costa Calanca, Adamantina (SP)
R: Kleberson, como saxofonista, você não pode deixarde conferir a Dica do Mestre desta edição, na página4. Parabéns pela evolução nos estudos.
Também recebemos e agradecemos cartas e e-mails de:Adriano R. Fagundes, Três Lagoas (MS); Agnelson F. Ferreira, Barrado Bugres (MT); Alexandre Herrera (por e-mail); Almir S. Abreu,Osasco (SP); Ana Maria Tomei, Peruíbe (SP); André J. Brás, Campinas(SP); Antonio C. Secco, Campinas (SP); Antonio E. A. Gil, São Paulo(SP); Carlos H.S. Durão, Rio de Janeiro (RJ); Celso Marczal, PortoUnião (SC); Claudia S. Santos, Juiz de Fora (MG); Douglas F. H.Oliveira (por e-mail); Edvaldo G. Sousa, Santa Luzia (PB); EnéasO.Silva (por e-mail); Evandro A. Silva, Batatais (SP); Ezequiel SantosBrasil, Amargosa (BA); Fabiana Belasco (por e-mail); Fábio Moura(por e-mail); Francisco Hofflin (por e-mail); Gabriel Monteiro,Piracicaba (SP); Giovana R. Guerreiro, Assis (SP); Hélio MirandaMendes, Alvinópolis (MG); Henrique B. Silveira (por e-mail); IedaF. Silva, Birigüi (SP); Jaques Niremberg (por e-mail); Jasiel A. Silva,São Lourenço da Mata (PE); Jefferson F. Bastos, Mauá (SP); JoelsonC. Silva, São Sebastião do Alto (RJ); Johann F. Genthner, Curitiba(PR);Jônatas A. Silva, São Lourenço da Mata (PB); José Antonio P.França (por e-mail); José J.C. Silva, Sobral (CE); Josias Cardeal (pore-mail); Josué C. Souza, Uruará (PA); Juliana S. Rocha, Ervália (MG);Juliana Soares, São Paulo (SP); Laura D. Monica, São Paulo (SP);Leonardo B.R. da Cunha, Santa Luzia (MG); Leston R. Oliveira,Santo Antônio do Norte (MG); Lilia Rosa, São Paulo (SP); LivingstonHass, Americana (SP); Lucas J. C. Figueiredo, Socorro (SP); MarceloA. Conceição (por e-mail); Marcos Ronaldo dos Santos (por e-mail);Marcelo Bonvenuto, (por e-mail); Marcos Battistuzzi, (por e-mail);Mario A. Guimarães (por e-mail); Paulo A. Cassiano, Juiz de Fora(MG); Paulo Flores (por e-mail); Paulo P. Linhares, Serranos (MG);Paulo R. Silva, Belo Jardim (PE); Paulo R. Silva Sampaio, Fortaleza(CE); Salvio S. Garcia (por e-mail); Sandro M. Corrêa, Belém (PA);Silas José da Silva (por e-mail).
“Parabéns pela Dica Técnica sobre respiração circular(edição 127), que explicou com clareza o assunto”
Roberto Luiz Colaço, Florianópolis (SC)
R: Roberto, confira neste número o complemento daDica Técnica, assinada por nosso colaborador AngelinoBozzini.
“Sinto dificuldades no aprendizado do alegro notrombone de vara. Vocês poderiam me passar algumainformação a respeito?”
Clênio Camargo Souza, São Paulo (SP)
R: Clênio, leia o workshop desta edição, à página 9,para saber mais sobre o assunto.
Correção
De 14 a 20 de maio, na Escola de Música da UFMG,acontece o 1º Encontro Internacional de Instrumentistasde Sopro de Minas Gerais, com a presença de convidadosestrangeiros – como Per Brevig (1º trombonista daMetropolitan Opera of New York) e Steven Trinkle(professor de trompete da Shenandoah University,Virgínia, EUA) - e os artistas Weril Gilberto Gagliardi,Bocão e Radegundis Feitosa Nunes. Mais informaçõessobre o evento pelo telefone (31) 499-4700 ou 499-4715(Ceenex).
Grande Encontro de Instrumentistas
![Page 3: Revista Weril nº 128](https://reader036.fdocument.pub/reader036/viewer/2022081719/55721239497959fc0b904158/html5/thumbnails/3.jpg)
3Revista Weril - nº 128 - Março/Abril-2000
AltamiroCarrilho:
defensor dochorinho e da
MPB
PERFIL
Um pequeno acidente caseiro – cortar o dedo mínimoao abrir uma lata de conserva – não é o suficiente paraestragar o humor de Altamiro Carrilho. Ele já tem areceita para evitar que o dedo se infeccione: mergulha-o em uma pequena vasilha com álcool. “O mínimo éfundamental na execução da flauta, por isso todo ocuidado é pouco”, justifica ele, enquanto se prepara paraa entrevista.
Esse é apenas um dos macetes que Altamiro aprendeuem sua carreira de mais de 50 anos como músicoprofissional. No entanto, apesar de toda a experiência e
técnica, a obra deste flautista consagrado no Brasil eExterior é profundamente marcada pelo veloz improviso,um dom que nasceu com ele e foi desenvolvido ao longode décadas de estudo. Altamiro é capaz de fazervariações sobre um tema por tempo indeterminado, oque o diferencia de outro grande nome mundial, ofrancês Jean Pierre Rampal, reconhecido internacio-nalmente por suas gravações de música erudita, masnem sempre à-vontade quando executa ritmos populares.O segredo desse virtuosismo? Bem, como era de seesperar, talento apenas não é o bastante. “Para conseguiruma embocadura perfeita, é preciso estudar muito,treinar os maxilares durante anos para fortalecer amusculatura”, explica Altamiro, que gosta de citar onome de seus alunos que seguiram carreira. “Tem genteque estudou comigo e está hoje na Filarmônica deBerlim”, completa, orgulhoso.
Altamiro começou a tocar cedo entre os grandesmestres da flauta e de outros instrumentos. Seu padrinhoartístico foi o cantor Moreira da Silva, o Kid Moran-gueira. Ele foi o primeiro a acreditar que Altamiro, aindamenino, seria capaz de acompanhar os grandes nomesda era do rádio. Nas apresentações teatrais de Moreira,a flauta de Altamiro era o contraponto perfeito para suashistórias.
Como qualquer prodígio, ele já demonstrava talentoantes mesmo de conhecer os fundamentos teóricos.Trabalhava em uma farmácia e memorizava as cançõesque ouvia, para tirá-las depois na flauta. Começou com
O Dom do ImprovisoAos 75 anos, Altamiro Carrilho dedica-se ao choro e impressiona a todos com seu
talento natural
uma de brinquedo, depois passou para outra de bambue só foi conseguir um instrumento “decente” quandovenceu o concurso do programa “Calouros em Desfile”,comandado ao vivo por Ari Barroso nos auditórios darádio Tupi, no Rio de Janeiro. A peça que tocou naocasião foi a difícil “Harmonia Selvagem”, de DanteSantoro. “Com o prêmio, não só pude comprar umaflauta nova, como também conheci Ari Barroso, quedepois se tornaria meu amigo”, lembra ele.
Os programas de auditório na década de 40 erammuito populares, e a repercussão da vitória de Altamiro
foi instantânea. Logo seriaconvidado para tocar emgrupos famosos a época, atéter a oportunidade de montarseu próprio conjunto na RádioGuanabara. Sempre fiel ao
chorinho, de lá para cá realizou mais de 100 discos,alguns gravados em países como Estados Unidos,México e Rússia. Em todos as nações que visitou, fezquestão de divulgar a riquezada música popular brasileira,que defende até hoje. “Nossamúsica é muito rica e impor-tante, mas nem sempre recebeo reconhecimento necessáriodentro de nosso próprio país.No momento, o chorinho estásendo valorizado pelos pau-listas, o que é um bom sinal”,afirma Altamiro.
E da mesma forma carinho-sa com a qual se refere ao cho-rinho, seu gênero preferido,ele encerra a entrevista, paravoltar ao “tratamento” do dedomachucado. Os fãs de sua mú-sica agradecem.
Div
ulga
ção
“Para conseguir uma embocaduraperfeita, é preciso estudar muito”
![Page 4: Revista Weril nº 128](https://reader036.fdocument.pub/reader036/viewer/2022081719/55721239497959fc0b904158/html5/thumbnails/4.jpg)
4 Revista Weril - nº 128 - Março/Abril-2000
EFEITO SONORO
RAIO X
DICA DO MESTRE
Modernos, bonitos, leves, fáceis de serem executadose com excelente resposta sonora. Um instrumento comessas características seria capaz de conquistar o maisexigente de músicos, e é exatamente isso o que acontece
O professor e saxofonista Gerson Galante, da bigband Sound Scape, testou o sax alto Weril Spectradurante quase uma hora. “Já havia acompanhado amudança realizada pela Weril na linha Master eestava ansioso para conhecer o Spectra”, revelou ele,antes do teste. O instrumento o impressionou logode cara pela beleza e, principalmente, por ser leve.“É confortável de se tocar, e esta primeira impressãoé muito importante”, disse ele.
Aos poucos, novas descobertas surgiram. “Oinstrumento responde bem, inclusive nos harmônicose superagudos”, detectou Gerson. “O som é proje-tado, tem o timbre característico, aquele som bri-lhante do sax alto. Não é difícil tirar os subtons esons mais macios”, completou.
No final, a avaliação foi positiva: “Ele estácompetitivo e pode ser adotado por profissionais. Éimportante a Weril ter essa qualidade e avançarsempre para competir no mercado”, recomendou osaxofonista. E, por fim, deu a sua Dica do Mestre:“Após adquirir um instrumento novo, use e abuse denotas longas, intervalos e oitavas nos primeirosmeses, para se habituar ao sax e ̀ amaciá-lo´, fazendo-o vibrar. Treine bastante para depois não se apresentarcom aquele som apertado, espremido...”
O e-mail de Gerson Galante é:[email protected].
Evoluindo
O som brilhante do Sax Alto Weril Spectra
Ângulo do Todel
com o saxofone alto Weril Spectra. Ele possui chave doFá sustenido agudo, apoio do polegar ajustável e trêsversões de acabamento: dourado 24 K, prateado ouniquelado. Seu mecanismo possibilita uma performanceconfortável, com total controle de afinação e timbre. Éexcelente para músicos de todos os níveis, oferecendotodos os recursos que o profissional utiliza para tirarum som de primeira qualidade.
Confira os detalhes do sax alto Weril Spectra nasfotos desta página.
Beat
riz W
eing
rill
Regulagem Fina doDó Sustenido
Apoio do Polegar daMão Esquerda
Articulações dasChaves
Chaves do FáSustenido e FáSustenido Agudo
Campana
![Page 5: Revista Weril nº 128](https://reader036.fdocument.pub/reader036/viewer/2022081719/55721239497959fc0b904158/html5/thumbnails/5.jpg)
5Revista Weril - nº 128 - Março/Abril-2000
AQUI NA WERIL
O grupo fundado em 1990 porprofessores universitários e músicos debanda visitou a Weril em fevereiro, aolado de outros músicos, incluindo otrombonista paraibano RadegundisFeitosa Nunes. Famoso por shows emfestivais no Brasil e Exterior, o Quar-teto de Trombones da Paraíba é for-mado por Sandoval Moreno de Oli-veira (professor da UFPB), GilvandoPereira da Silva (professor da UFRN),Roberto Ângelo Sabino (trombonista da OrquestraSinfônica da Paraíba) e Stanley Bernardo da Silva. Todosos músicos utilizam trombones G. Gagliardi em suasapresentações.
Primeiro trombone da Orquestra Sinfônica do TeatroColón em Buenos Aires, Abel Larrosa veio ao Brasilem fevereiro, com o apoio da Weril, para participar doVI Encontro Nacional e II Encontro Latino-Americanode Trombonistas, realizado no Conservatório Dramáticoe Musical Dr. Carlos de Campos, em Tatuí (SP). Larrosa,que também é artista Weril, participou da programaçãocomo professor de um workshop para 70 alunos, e aindase apresentou ao público em show gratuito, ao lado dobrasileiro Gilberto Gagliardi, Renato Farias e outrosmúsicos. O evento foi patrocinado pela Weril, Secretariade Cultura do Estado de São Paulo e Ordem dos Músicos(SP, RJ, PR, BA e MG), com apoio do Conservatóriode Tatuí.
Larossa ficou admirado com o nível de nossostrombonistas. “Não imaginava que havia tantos aqui comessa qualidade. Em três ou quatro anos, o Brasil estaráexportando talentos para o Exterior”, acredita ele.Segundo Larrosa, o músico brasileiro tem uma técnicavirtuosística, mas com personalidade. “Falta apenasagregar um pouco mais de conhecimento sobre obrassinfônicas e óperas, para que eles possam disputar umlugar nas melhores orquestras do mundo”, avalia oargentino, que foi mestre de quase todos os trombonistasem atividade de seu país.
SinceridadeComo professor, Larossa defende algo muito comum
entre os músicos da Argentina, que é o “ataque” àsdificuldades de cada aluno, em separado, antes departirem para os ensaios em grupo. Outra recomendaçãoé a sinceridade, mesmo entre amigos, sobre o potencialde cada músico. “Não adianta darmos tapinha nas costasdos outros quando notamos que ele não possui osrequisitos necessários para prosseguir a carreira, oumesmo quando ele não está se dedicando. Se você nãotem facilidade para o trombone, isso não significa quenão poderá se tornar um excelente saxofonista. Devemosser sinceros em nossos comentários, para não atrapalharo futuro das pessoas”, aconselha.
Larrossa explica ainda porque escolheu a marca Werilem suas apresentações: “Quando fui conferir o lança-mento da linha G. Gagliardi em Buenos Aires, impres-sionei-me não apenas com os trombones, mas tambémcom as tubas e bombardinos. É importante termos umamarca forte de instrumentos musicais produzidos naAmérica Latina”, conclui ele.
Abel Larrosa vem ao Brasil paraencontro de trombonistas
Larrosaacreditaque o Brasillogo estaráexportandotrombonistas
Beat
riz W
eing
rill
Quarteto de Trombones da Paraíba
![Page 6: Revista Weril nº 128](https://reader036.fdocument.pub/reader036/viewer/2022081719/55721239497959fc0b904158/html5/thumbnails/6.jpg)
6 Revista Weril - nº 128 - Março/Abril-2000
POR ESTAS BANDAS
Com 15 anos de existência, a Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual deLondrina (Osuel) tem contribuído bastante para a popularização da músicaorquestrada no sul do país. Graças a recursos vindos de leis de incentivo e daSociedade dos Amigos da Osuel, a orquestra consegue manter-se, crescer e ganharo reconhecimento do cenário musical.
Contando com 50 integrantes, a Osuel é regida há quatro anos pelo maestroNorton Morozowicz. A corporação agrada a todos por dar ênfase ao repertóriobrasileiro popular, além de executar peças de compositores clássicos, comoBeethoven e Mozart. Essa mescla musical faz com que, anualmente, a sinfônicaseja apreciada por um público de aproximadamente 50 mil pessoas.
A Osuel faz apresentações em parques, praças e teatros, no campus dauniversidade e em festivais de música. Já tocou com sucesso no Estado de SantaCatarina e nas cidades de Curitiba, Juiz de Fora e Goiânia. Entre seus trabalhosmais recentes está a gravação de um CD com composições de artistas brasileiros.Outro projeto de sucesso é a realização de concertos didáticos, que demonstrampara alunos de 1o e 2o graus cada instrumento da orquestra, despertando entre osjovens o interesse pela música e criando um novo público.
Desde 1831, quando foi executado pela primeira vez,o Hino Nacional Brasileiro tornou-se peça obrigatóriana carreira de um regente ou músico de banda. Cedo outarde, a oportunidade para tocá-lo surgirá, e é necessárioestar preparado para essa ocasião. Pode ser uma festapública em que se deseja demonstrar respeito eadmiração pelo país, ou uma solenidade na qual sua
Osuel populariza música orquestrada
Osuel: divulgando a música na região
Div
ulga
ção
execução é obrigatória. É o caso da continência àbandeira nacional ou ao presidente da República, ouainda ao Congresso Nacional e ao Supremo TribunalFederal quando incorporados.
Com música de Francisco Manuel da Silva, o HinoNacional recebeu a letra que conhecemos hoje somenteneste século. De acordo com o decreto assinado pelopresidente Epitácio Pessoa, em 1922, os versos do poetaJoaquim Osório Duque Estrada foram oficialmenteinstituídos como letra do Hino Nacional, apósadaptações feitas pelo maestro Alberto Nepomuceno.
O hino pode ser executado em duas tonalidades comfinalidades diferentes: Si bemol maior e Fá maior. Aprimeira, mais aguda, é apenas orquestrada, sendotocada em continências. Inclui introdução, primeira partee coda final. Nessa tonalidade, pode ser incluída amarcha batida para execução com cornetas em Si bemol,cujo arranjo é do Major Antão Fernandes. Executadaisoladamente por cornetas e tambores, a marcha batidasubstitui o hino na ausência de banda para tocá-lo.
Quando cantado, a execução é em Fá maior. Nessecaso, para exprimir regozijo público em ocasiõesfestivas, o Hino Nacional é tocado da seguinte forma:introdução, primeira parte, introdução, segunda parte ecoda final.
“Nas duas tonalidades, devem ser respeitados osarranjos originais de Assis Republicano para orquestrae de Antônio Pinto Jr. para banda”, explica o maestroAntonio Domingos Sacco, do Forte das Artes. “Comrelação ao canto, é preciso tomar cuidado com a correçãodas palavras do poema”, acrescenta o regente Hermesde Andrade.
Tocar o hino é um exercício não apenas musical, mastambém de cidadania por parte do músico e regente.Porém, alguns cuidados são necessários, como mantero andamento metronômico a 120 semínimas por minuto.“A execução da partitura original e, principalmente, ainterpretação da forma como ela está escrita, garantemo sucesso de um Hino Nacional bem tocado”, define omaestro Sacco.
![Page 7: Revista Weril nº 128](https://reader036.fdocument.pub/reader036/viewer/2022081719/55721239497959fc0b904158/html5/thumbnails/7.jpg)
7Revista Weril - nº 128 - Março/Abril-2000
POR ESTAS BANDAS
Sensibilidade na educaçãoDesde 1998, quando decidiu fundar uma banda
marcial para atender aos pedidos de alunos e familiares,o Colégio Integração vem colhendo excelentesresultados, não apenas na área da música, mas tambémem outras disciplinas. “Não queríamos apenas ter umabanda, mas sim criar uma ferramenta de formaçãomusical, para desenvolver a sensibilidade e despertarum novo interesse do estudante pelo mundo”, lembraVilma Sacchetti Raymundo, mantenedora do colégio,que está sediado em São Vicente (SP).
A música faz parte da grade de disciplinas doIntegração para crianças da primeira à quarta série.Como avaliação, são preparadas anualmente pelo menosduas apresentações para os pais. A partir da quinta série,os alunos do ensino fundamental podem ingressar nabanda. “A idéia é envolvermos no futuro o pessoal dosegundo grau, formando assim mais uma banda,juvenil”, acrescenta Vilma.
Entre os instrumentos de sopro, são dois flugelhorns,dez trompetes, quatro melofones, quatro trombones equatro bombardinos. A banda tem recebido váriosconvites para apresentações na região de São Vicente,mas nem sempre é possível aceitá-los. “Devido à pouca
Alunos da banda: música desperta aimaginação
Na estrada desde 93, a Banda Revelação estálançando o CD “Deus Vivo”, que traz os melhoresmomentos de um show realizado no Clube Jovem deTaubaté, cidade de origem do grupo. É uma boaoportunidade para conhecer o trabalho desta bandaevangélica, que possui um afinadíssimo naipe de sopros(sax, trombone e trompete).
A Revelação tem estúdio próprio e já gravou commais de 20 artistas, de vários estilos. O mais recentetrabalho foi com o saxofonista Mauro Dias, que realizou
Banda Revelação – tel. (12) 232-2149Colégio Integração – tel. (13) 468-0123
Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina – tel. (43) 322-5224,Divisão de Música
Contato
idade dos alunos, queremos preservá-los e assumirmosmais compromissos lentamente, sem muito desgaste”,finaliza Vilma.
o CD “Aleluia”, com dez faixas instrumentais de músicaevangélica tradicional.
O estilo da banda é totalmente influenciado peloautêntico gospel norte-americano. Em “Deus Vivo”, odestaque é a faixa de abertura, “Exaltai”, versão emportuguês de “Be Exalted Oh Lord”, do grupo HosanaMusic. O CD termina com um belo instrumental,marcado por um incrível solo de flugelhorn. Paradivulgar o trabalho, a Revelação irá se apresentar nasprincipais capitais do Brasil.
Gravação ao vivo trazrevelações do gospel
![Page 8: Revista Weril nº 128](https://reader036.fdocument.pub/reader036/viewer/2022081719/55721239497959fc0b904158/html5/thumbnails/8.jpg)
8 Revista Weril - nº 128 - Março/Abril-2000
FIQUE DE OLHO
O 4º Prêmio Weril para Solistas de Instrumentos deSopro está encerrando suas inscrições e reunindo todoo material para iniciar a fase de avaliação dos trabalhos.
Entre as novidades desta edi-ção está a homenagem ao
pro fe s so rdo primeiro
colocado, querecebe uma distinção espe-
cial. A Weril anunciou a pre-miação destinada ao mestre:
uma passagem ida e volta para qual-quer país da Europa ou América. O
objetivo é aumentar o intercâmbiocultural com o Exterior. O profes-
sor terá um ano para definirdestino e datas de ida evolta para utilizar suapassagem. A companhiaaérea será escolhida pelaWeril.
Foi definido tambémque o show de encer-ramento da grande
finalíssima será realiza-do pelo trombonista Bocato, no dia 30 de maio, na SalaSão Luiz, em São Paulo.
Festival de MPB
O Teatro Procópio Ferreira será palco do 9º Festivalde MPB de Tatuí, a ser realizado nos dias 26 e 27 demaio e 3 de junho. Os prêmios vão de R$ 1 mil a R$ 80mil, e os participantes podem inscrever até duas compo-sições, mesmo em parceria. Mais informações, fichade inscrição e regulamento podem ser obtidos pelainternet, no site http://www.webgraphic.com.br/cdmcc,ou pelo telefone (15) 251.4573.
4º Prêmio Weril
Associe-seA Associação dos Tubistas, Eufonistas, Baritonistas e Sousafonistas do Brasil
(Atebs do Brasil) está iniciando suas atividades e recebendo novos associados. Osinteressados podem entrar em contato pelos telefones (11) 222-4163, com Donald,ou (11) 9155-9084, com Dráuzio.
Partituras: onde comprarEm Santa Catarina, a Revista Weril encontrou boas dicas delocais onde você pode comprar partituras. Confira:BartosiakRua dos Jasmins, 65Sta. MônicaCEP 88037-140Florianópolis (SC)Telefone: (48) 233-0973Pedidos pelo e-mail: [email protected] & AgudosRua Mário Lobo, 106 – salas 131 a 134CentroCEP 89201-330Joinville (SC)Telefone: (47) 422.6837Pedidos pelo site: www.graveseagudos.com
www.uol.com.br/musicaUm novo site “musical” está no ar. A estação do “Uol Música” é um site para quem quer ouvir,comprar e ler sobre música, começando com três rádios, cinco revistas especializadas e cinco sitesde compras de CDs. Os internautas podem bater papo com músicos convidados, consultarroteiros de shows, baixar arquivos em MP3, conferir os lançamentos e acessar sites oficiais.
www.asminasgerais.com.br/qf/Cult_uai_s/index.htmEste site com a história da cultura de Minas Gerais dedica um link para a Sociedade MusicalUnião Social, de Cachoeira do Campo. A página conta a história da banda, desde a sua origem.Os contatos podem ser feitos pelo e-mail [email protected]; para entrar na página, clique noícone “bandas”.
NAVEGUE
• O Maestro Ezidemar Siemiatkovsk compõemúsicas para bandas, orquestras, big bands egrupos musicais. Encomendas podem ser feitas
pelo endereço: Rua Cristiano Stróbel, 3289, casa 56, Curitiba (PR), CEP 81750-000,ou pelo telefone (41) 286-9686.• O professor e maestro Mário da Silva Magalhães gostaria de receber doações dearranjos para banda. Seu endereço é: Rua José Alves Dias, 204, Campos (RJ), CEP28020-300.• O trombonista Jailson C. Costa também procura arranjos para bandas.Correspondências podem ser enviadas para Trav. São Francisco, 60, Maceió (AL),CEP 57019-380.• Paulo Roberto S. Sampaio aceita doações de arranjos evangélicos, através do telefone(85) 286-4461.• Marcílio X. Carvalho procura clarinetistas para se corresponder. Seu endereço é: RuaSantos Dumont, s/nº, Alto Paraguai (MT), CEP 78410-000.• A Banda Municipal de Música de Uruará procura métodos para estudo de trombonede vara. Correspondências podem ser enviadas para: Rua Nova, 109, Uruará (PA),CEP 68140-000.
Definidos oPrêmio Especialao Mestre e o
show dagrande final
Intercâmbio
![Page 9: Revista Weril nº 128](https://reader036.fdocument.pub/reader036/viewer/2022081719/55721239497959fc0b904158/html5/thumbnails/9.jpg)
9Revista Weril - nº 128 - Março/Abril-2000
Trombone de Vara
WORKSHOP
A articulação denominada legato é uma das maisimportantes e difíceis de serem executadas com perfeiçãono trombone de vara. Antes de entrarmos na questão práticade como executá-la, é importante uma brevefundamentação teórica.
A palavra legato é de origem italiana. Em português,significa ligado (unido, atado). Este tipo de articulação temcomo objetivo a execução de um trecho ou frase musicalna qual não há a interrupção do som, por meio da não-interrupção do fluxo de ar.
O símbolo gráfico que representa o legato nopentagrama é uma linha curva colocada sobre ou sob asnotas que pretendemos executar com este tipo dearticulação (exemplo 1):
No caso do trombone de vara, o estudo adequado dolegato, sob a orientação de um professor, faz-se necessário,pois esse instrumento não possui pistos ou válvulas, o quetorna mais difícil a execução correta dessa articulação.
Como executar corretamente o legato?Para a execução correta do legato no trombone de vara,
é necessário que sejam seguidos alguns passos:• Manter o fluxo de ar constante, sem interrupção;• Articular a língua em cada nota, tocando-a na partetraseira dos dentes, sem permitir que ultrapasse os dentese encoste nos lábios, e pronunciando a sílaba “ra”;• Coordenar com precisão o movimento da vara com aarticulação da língua, de modo que, ao mover a vara deuma posição para outra, a língua articule a nota exatamentesobre a posição (nem antes, nem depois);• Movimentar a vara com bastante rapidez de umaposição para outra, independente do andamento do trechoa ser executado. Na verdade, a relação é inversamenteproporcional: quanto mais lento o andamento do trecho,mais rápido deverá ser o movimento da vara. O mesmonão vale para o inverso: se o andamento do trecho forrápido, deve-se movimentar a vara também com rapidez.Assim, elimina-se a desagradável sensação de “moleza”ao tocar (oriunda dos glissandos), ou, como se diz na gíriamusical, “tocar mamado” ou “mamar” no trombone.
Legato artificial x legato naturalExistem duas maneiras de executar o legato: a primeira,
denominada legato artificial, na qual executa-se umaseqüência de notas sem interromper o fluxo de ar,articulando-se cada nota com a língua, como explicadono item acima (exemplo 2).
O Legato no
Antonio Seixas Oliveira (Bocão)*
A outra maneira é denominada legato natural, segundoa qual executa-se uma seqüência de notas, também seminterromper o fluxo de ar, porém sem a utilização da línguapara articular cada nota. Utilizam-se somente osmovimentos inversos da vara e os harmônicos sobre amesma posição (exemplo 3).
O legato natural é bastante utilizado no gênero popular,enquanto que o artificial é mais empregado no gêneroerudito (sinfônico). Neste, atualmente, alguns professoresutilizam uma mescla dos dois legatos, privilegiando onatural sempre que possível. Particularmente, não sou favo-rável a essa mistura. Para um aluno que está se iniciandono estudo do legato, é um pouco complicado entender eescolher entre uma ou outra maneira e usá-las corretamente.Também acredito que, ao fazer essa mescla, corre-se umrisco, pois se ambos os legatos não estiverem muitoparecidos, o trecho musical pode perder a sua uniformidadee consistência.
ConclusãoO legato é uma articulação fundamental em qualquer
instrumento, utilizada principalmente nos trechosmelódicos e cantados, e que depende de um estudoadequado, sempre orientado por um professor ouprofissional capacitado, para ser executado corretamente.
Existem métodos que trabalham esse assunto combastante ênfase, como o “Método para Iniciantes”, deGilberto Gagliardi, e “Melodious Etudes for Trombone”,de Joannes Rochut.
* Antonio Seixas Oliveira(Bocão) é trombonista daOrquestra SinfônicaBrasileira e professor.Tel.: (21) 9113-3429.E-mail:[email protected]
![Page 10: Revista Weril nº 128](https://reader036.fdocument.pub/reader036/viewer/2022081719/55721239497959fc0b904158/html5/thumbnails/10.jpg)
10 Revista Weril - nº 128 - Março/Abril-2000
TODOS OS TONS
Os ritmos latinos, particularmente os originários deCuba, são hoje um dos mais importantes segmentos daindústria mundial da música. A brasileira KyraCarbonell, manager da banda Afro Cuban All Stars, viveem Barcelona e confirma: na Europa, Estados Unidos eJapão, a procura pela som latino tornou-se uma febre. Eo fenômeno poderá se repetir também no Brasil, umpaís cujas raízes sonoras têm muitos pontos em comumcom o valorizado repertório cubano, mas que nemsempre explorou essa identidade musical.
Estréia em abril nas principais capitais brasileiras odocumentário “Buena Vista Social Club”. O filme é umaboa oportunidade para conhecer o trabalho da velhaguarda cubana, um grupo de compositores autênticos,que inspira uma nova geração de músicos na ilha,composta por grupos como o Afro Cuban All Stars e oHabana Ensemble, ambos com passagem recente peloBrasil. Nas suas apresentações, o público local
Música para bailarDepois de
conquistar o
mundo, os
ritmos cubanos
chegam ao
Brasil, no
cinema e nas
casas de
espetáculos
invariavelmente rende-se ao ritmo caliente do mambo,da salsa, da rumba e do chá-chá-chá. A música cubana émuito dançante e conta sempre com um naipe de sopros,seja como solo ou acompanhamento.
Brasil
Um dos grupos que está experimentando estasonoridade é o Havana Brasil, de São Paulo, que possuinaipe de sopros com quatro músicos: Matias Capovilla(trombone), Cláudio Faria (trompete), Chico Guedes(sax tenor) e Sérgio Lyra (sax alto, substituídoeventualmente por Goio Lima). “Resolvemos formar abanda e desfrutar de ritmos que cultuamos. Depois,vamos investir em novas composições”, explica Matias.“Todos os integrantes da banda já foram a Cuba etambém visitaram uma colônia cubana em São Paulo.Essa convivência trouxe-nos maturidade e conheci-
Apresentação dabanda Havana Brasilem São Paulo: ritmo
dançante
Beatriz Weingrill
![Page 11: Revista Weril nº 128](https://reader036.fdocument.pub/reader036/viewer/2022081719/55721239497959fc0b904158/html5/thumbnails/11.jpg)
11Revista Weril - nº 128 - Março/Abril-2000
TODOS OS TONS
mento. É um desafio ser um dos interlocutores desseritmo sem deixar de lado nossa própria música”,acrescenta.
Assim como o pessoal do Havana Brasil, há muitosapaixonados pela música latina espalhados entreinstrumentistas e o público de música. Existe umaidentificação entre as duas culturas, explicada pelasraízes em comum – particularmente as de influênciasnegra e religiosa. Isso faz com que o brasileiro assimilecom facilidade os ritmos cubanos e vice-versa.
Mas, mesmo com essa afinidade, a música latinasempre viveu altos e baixos no Brasil (leia box no altodesta página). Segundo Matias, falta-nos uma colôniahispânica expressiva, como acontece nos EstadosUnidos. “A salsa surgiu em Nova York através doslatinos locais. Muitos nem falam inglês. As comunidadescubana, mexicana ou porto-riquenha produzem sua pró-pria música nos Estados Unidos”, conta o trombonista.
Em compensação, a simpatia dos brasileiros peloritmo cubano é muito espontânea. E muitos de nossosmúsicos admiram a forma como nossos irmãos latino-
americanos valorizam sua cultura e se entregamapaixonadamente à sua música.
Estrangeiros
Recentemente, estiveram no Brasil duas bandasrepresentativas do atual momento da música cubana:Afro Cuban All Stars e o Habana Ensemble. Nesta, deum total de 11 músicos, quatro pertencem ao naipe desopros, incluindo o diretor musical e saxofonista AlfredThomson (ex-integrante do tradicional grupo Irakerê),que já gravou com o trombonista Bocato e veio pelaterceira vez ao Brasil. Ele acha que o Brasil sempreofereceu excelente recepção à música cubana. “Aspessoas dançam muito durante os shows”, comenta ele.Além do trabalho de artistas consagrados (principal-mente daqueles que gravam para trilhas de novelasbrasileiras, que fazem sucesso na TV cubana), Thomsongostou do forró, que não conhecia. “Bossa nova é umade nossas influências. Tchorinho também é muy bueno”,completa.
Uma história em comumPara o músico Guga Stroeter, a influência exercida
pelos músicos retratados em “Buena Vista Social Club”é a vertente mais autêntica desta onda de música latinaque chega agora ao Brasil. “As outras referências que omúsico brasileiro está recebendo hoje são na verdademisturas e pasteurizações, como é o caso do pop de RickyMartin e Lou Bega. No filme, porém, está a música queencontramos nas ruas de Cuba. São octagenários queestão mostrando sua arte, vendendo discos e propagandoo som cubano para o mundo”, compara Guga, queexplora os ritmos latinos com sua banda, apresentando-se semanalmente em São Paulo, no Bar Avenida.
Em seus estudos para futuros projetos, Guga, ex-Heartbreakers, traçou um histórico da relação entre osom cubano, o Brasil e os Estados Unidos. “Nós temosum forte elemento comum, que são as matrizes negras,presentes na origem dos mais importantes fenômenosmusicais deste século: o jazz, o funk, o blues, o samba ea música cubana. No caso de Cuba, essa ascendênciavem das etnias bantu e iorubá. Motivos religiososmarcam profundamente a música africana e, graças aessa influência de origem, fica difícil separar a música ea alegria que ela proporciona”, explica ele.
O interesse pelos ritmos da ilha começa nos anos 30,
Alfred Thomson, doHabana Ensemble:músico cubano játrabalhou com Bocato
quando o cinema norte-americano descobriu eexplorou a música local sem se preocupar emevitar visões estereotipadas do povo latino. Nadécada seguinte, no Brasil, o bolero faziasucesso, com suas canções que falavam deamor (originado da habanera cubana, o boleroevoluiu no Brasil para o samba canção).Depois, nos anos 50, foi a vez de o mambotomar conta dos bailes, a ponto de gerarprotestos de gente como Vinícius de Morais.
A presença da música cubana entre nóssofreria um abalo com o isolamento provocadopela revolução liderada por Fidel Castro, noinício dos anos 60. “Houve um distanciamentoem todos os sentidos, inclusive no cenáriomusical”, lembra Matias Capovilla, da HavanaBrasil. Apenas na segunda metade dos anos 70é que houve uma reaproximação, incentivadapor intelectuais e protagonizada por artistascomo Milton Nascimento e Chico Buarque.Enquanto isso, nos Estados Unidos, imigrantes cubanosradicados em Nova York inventavam a salsa, dando opontapé para a nova onda de música cubana, que continuaforte até hoje.
Beat
riz W
eing
rill
![Page 12: Revista Weril nº 128](https://reader036.fdocument.pub/reader036/viewer/2022081719/55721239497959fc0b904158/html5/thumbnails/12.jpg)
12 Revista Weril - nº 128 - Março/Abril-2000
Barry Ford:em buscada clarezadeexpressãoD
a t
err
a d
o b
lues
à
ENTREVISTA
Radicado em Belém, o jovem maestro e trompetista Barry Ford já pode ser considerado muitomais do que um músico promissor. Ele vem conseguindo realizar um excelente trabalho àfrente da Orquestra Sinfônica do Teatro da Paz, a mais tradicional do Pará, e da AmazôniaJazz Band. Apesar da nacionalidade norte-americana, Barry nasceu na França, onde o paitrabalhava à época, numa base militar. Adotou Chicago, a cidade do blues, como residência,após ter se formado. Estudou regência e composição na Universidade de Missouri, com osmaestros Edward Dolbashian, Dale J. Lonis, John Cheetham e Thomas McKenney, e há trêsanos desembarcou no Brasil através de um intercâmbio cultural, a princípio para ser professorde trompete, depois assumindo a batuta da orquestra. Agora, sua intenção é ampliarhorizontes aqui mesmo, trabalhando com outros grupos orquestrais, conforme disse à RevistaWeril nesta entrevista.
Revista Weril: Qual era o seu conhecimento sobre nossamúsica quando recebeu o convite para dar aulas no Brasil?Barry Ford: Na época, meu conhecimento era limitado a Villa-Lobos e Tom Jobim. Conhecia também um pouco da MPB deGilberto Gil, Chico Buarque e Milton Nascimento. O mercadopopular americano é bem fechado, o que dificulta a entradade artistas estrangeiros. Na área da música clássica, isso éainda mais complicado.
RW: Por que escolheu o trompete como instrumento deestudo?BF: Na verdade, queria tocar oboé ou trompa. Mas, quandoentrei na banda da escola, minha professora disse que deveriaestudar antes dois anos de clarinete antes de passar para ooboé. No caso da trompa, teria que estudar trompete, e issoinfluenciou minha escolha. Só que, após dois anos, não quistrocar o trompete pela trompa.
Elza
Lim
a
AmazôniaRW: E as aulas de regência, quando começaram?BF: Sempre gostei de saber como a música funciona. Nosegundo grau, um dos professores me ensinava como ler apartitura e, às vezes, na sua ausência, deixava que eu regessea banda. Não era fácil, porque sou tímido por natureza, masessa experiência foi suficiente para que me apaixonasse pelaregência.
RW: De instrumentista a regente, quais as principais dificul-dades encontradas, e como um músico pode se preparar paraesta transição?BF: Além de muito estudo, ao se tornar regente, o músicoprecisa manter viva a lembrança das dificuldades de serinstrumentista, e vice-versa. Não acredito que o regente tenhaque ser inimigo natural do instrumentista. Eles precisamrespeitar a música e colocar suas habilidades a serviço dela. Atransição, mais especificamente, funciona da seguinte forma:o instrumentista, tocando solo ou em grupo, é responsávelpelo seu som e depende de sua capacidade como intérprete,mesmo que seus colegas de orquestra tenham uma visãomusical diferente. Já o instrumento do regente é o grupo, eletem centenas de pessoas sob o seu comando, cada uma comidéias e problemas próprios, e sua função é uni-las. O regenteprecisa aceitar a responsabilidade por todos os sons daorquestra e ser o “advogado” do compositor. Durante o estudoda peça, ele precisa aprender como a música foi composta.Depois, tem que comunicar todo esse conhecimento sobre ocompositor ao grupo e gerenciá-lo, para que possam ensaiar echegar ao som desejado.
RW: Qual a influência do som de Chicago sobre o seutrabalho? Que tipo de música costuma ouvir?BF: Adotei Chicago como minha cidade depois de me formarna Northwestern University. Foi o primeiro lugar onde mesenti em casa. A energia, personalidade e até o clima da cidadecombinam comigo. E o blues é uma de minhas formaspreferidas de música. É uma forma simples, 12 compassosorganizados em três frases harmonizadas, com apenas trêsacordes. Claro que há muitas variações, mas geralmente nãovão tão longe da forma básica. Então, estamos falando de umaforma de música simples, na qual todo mundo pode absorverrapidamente quase toda a matéria-prima. Apesar disso, épossível fazer música de expressão profunda e variada dentrodessa forma, sem que fique banal. Não quero dizer que amúsica simples seja fácil. Em termos de atuação, busco clarezade interpretação e expressão, sem “fumaça” ou truques.
RW: Quais são seus planos na área musical?BF: Gostaria de realizar mais na área de composição e demúsica contemporânea. Também quero trabalhar com outrosgrupos no Brasil. A Amazônia Jazz Band tem uma propostapara ir a Hannover, na Alemanha, mas dependemos dadisponibilidade de patrocínio.