Revista Voz

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1º edição / Ago revistavoz.com.br

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1ª Edição / Agosto 2011

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O primeiro contato com o skate é algo marcante na vida de um ska-tista. A primeira vez que pisamos sobre a lixa, causa medo e insegu-rança, juntamente com uma sen-sação de liberdade seguida de um inexplicável sorriso no rosto dos que se aventuram.

Assim como em um primeiro con-tato com o skate nasce a Revista VOZ. O início de um grupo de ska-tistas em um universo editorial ten-do a cidade de Brasília como base. E é daqui, do centro geográfico e político do país que começamos a nossa busca pelo novo, abrindo espaço aos diferentes tipos de ma-nifestações ligadas ao skate.

Sim, existe skate além das ma-nobras e ele está aqui, cada dia mais presente na vida de skatistas de alma. Pessoas que mesmo ten-do outras prioridades nunca viram as costas para o skate. É com este objetivo, dar voz não só para as manobras e sim para o skate em si, que começamos a nossa busca.

EspEro quE gostEm(Neres)

Edit orial

Camilo Neres

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Expe dien

te

Contatos

1º Edição

CapaFelipe Liwuanwww.fotolog.com.br/liwuan

Editores:Aurélio Oliveira | [email protected] Neres | [email protected]

Conselho Editorial:Aurélio OliveiraCamilo NeresGabriel Braga | [email protected]

RedaçãoCamilo NeresAurélio Oliveira

Editor de Arte:Gabriel Braga

Editor de Fotografia:Camilo Neres

Projeto Gráfico & Diagramação:Grande Circular | [email protected]

Impressão:Gráfica Ellite

Sitewww.revistavoz.com.br

Comercial e informaçõ[email protected]

[email protected]

Redes Sociaistwitter.com/revistavoz

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Arnaldo “Pardal”Arnaldo Saldanha é mais conhe-cido pelo pessoal do centro-oeste como pardal e tem 30 anos. Meio dork, cinéfilo, curioso por música e seus estilos, entusiasta e prati-cante de artes marciais e skatista por amor.

Rafael “Vato”Dividido entre trabalho, familia, amigos, skates e bicicletas é in-quieto e sonhador, viciado em mú-sica, especialmente o HIPHOP. “Se tu lutas tu conquistas.”

Rodrigo K-B-ÇARodrigo K-b-ça tem 35 anos de ida-de e quase 24 de skate. Escreve, fotografa e está reaprendendo a fil-mar. Mesmo morando na Espanha, Rodrigo continua colaborando com a evolução do skate no Brasil.

Felipe LiwuanVegan straight edge! Adora sua família e seus amigos. Disciplina em primeiro lugar e acredita que o skate e a tatuagem podem sal-var o mundo!

Grande CircularEscritório brasiliense de design grá-fico formado por oito amigos que se conheceram na universidade. Dentre vários trabalhos, um deles é o projeto gráfico da revista Voz.

Lucas ViannaLucas ainda quando criança her-dou do pai a paixão por fotos. Hoje leciona e atua em diversas áreas dentro da fotografia. Nesta edição da Voz aceitou o convite de fotografar algo novo para ele e de quebra arriscou-se com palavras, vírgulas e pontos.

Colaboradores

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Nesta seção a revista voz apresen-ta um skatista que, além de se de-dicar ao skate, também se dedica à uma outra atividade. Na primeira edição fizemos uma entrevista com o skatista e tatuador Felipe Liwan.

Com a intensão de mostrar a foto de skate de uma outra maneira, a Voz convidou um fotógrafo que nunca fotografou skate para a ses-são. Veja o resultado.

A Voz entrevista um dos principais destaques do skate brasiliense. Lehi Leite fala sobre sua correria, sua evolução e o skate em Brasília.

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Dupla Exposição

Um Olhar de Fora

Entrevista: Lehi Leite

Sumá rio

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Ser fotógrafo de skate é difícil, ainda mais se você não está nas cidades que são pólos editoriais. A revista Voz apresenta o trabalho de três novos fotógrafos que estão correndo a trás em Brasília.

A seção de fotos da revista Voz. Trazendo as melhores manobras e as fotos mais bonitas que têm rela-ção com o skate.

Como o skate sempre esteve muito ligado à música, a Voz possui uma seção sonora. Nesta edição, Arnal-do “Pardal” fala um pouco sobre a trilha sonora do vídeo Radio Televi-sion, da marca americana Slave.

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Carne Nova

Grande Angular

Timbre

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Dupla Expos ição

Texto: Camilo NeresIlustração: Felipe Liwuan

Retrato: Rafael “Vato”Foto: Camilo Neres

Quase todo skatista sonha ou já sonhou com uma rotina onde a prioridade seja apenas andar de ska-

te. Sonho que, quando levado muito a sério e não con-cretizado pode gerar frustrações tão grandes ao ponto de deixar a alegria de andar de skate morrer. Existem também os casos de skatistas que vão contra isto, bus-cando não só a evolução como skatistas, mas também como pessoas, optando por outra ocupação na vida, sem nunca se esquecer do espírito de diversão sobre o skate, conhecidos como skatistas de alma.

Felipe Liwuan é um destes skatistas de alma, que leva a vida trabalhando como tatuador. Liwuan de-dica quase todos os seus dias aos desenhos, seja sobre a pele ou papel. A busca por evolução é inter-minável. Mesmo com tamanha dedicação e amor ao que faz, Felipe ainda descola um tempinho para tocar os projetos da Cripta com seus amigos, sem parar de andar de skate.

Conheça mais sobre este skatista-tatuador nesta breve entrevista.

Trocamos uma ideia com Felipe Liwuan sobre skate, tatuagens e o cenário no centro-oeste.

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Já tinha alguns amigos que tatuavam e me chama-ram para trabalhar como atendente e faxineiro no estúdio deles. Um desses amigos - e dono do estú-dio - costuma viajar muito, e como eles não tinham ninguém com tamanha responsabilidade para tra-balhar, acabaram me convidando. Em um ano eu já estava tatuando e quando “o chefe” retornou de viagem, ficou louco, mas depois foi se acostuman-do com a idéia e me ensinou a fazer as coisas da maneira certa. Tenho grande ajuda do Maneko não só no trabalho, mas na vida também.

Primeiro, apresente-se.Meu nome é Felipe Liwuan Ribeiro Silva, 24 anos, ando de skate há 11 anos e sou tatuador. Estas duas coisas estão presentes no meu dia a dia de maneira muito intensa.

Como você começou a tatuar?Conheci a tatuagem quando eu era muito pequeno, por meio de um tio que sempre foi envolvido com isso. Sempre gostei de desenhar e, assim que tive oportuni-dade de entrar realmente neste mundo, fui de cabeça.

“Em um ano eu já estava tatuando e quando o chefe retornou de viagem ficou louco, mas depois foi se acostumando com a idéia e me ensinou a fazer as coisas da maneira certa.”

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E como você concilia as duas coisas já que, andando de skate, Põe em risco sua mão que é tão importante para seu trabalho?

Infelizmente meu trabalho não combina muito com o que mais gosto de fazer que é andar de skate, mas como amo muito os dois, prefiro correr os riscos e con-tinuar feliz. Tenho muita sorte de ter estas duas op-ções na vida. Nos últimos meses torci meus dois tor-nozelos andando e vou ficar um bom tempo de molho. Se não tivesse a tatuagem, estaria em depressão.

Existe uma conexão entre as duas coisas, skate e tattoo?

Ao mesmo tempo que estou tatuando, estou em contato com skate, pois tenho uma família chama-da Cripta. Essa família é responsável por muitas ale-grias. São pessoas que amam muito o que fazem e fazem de coração, sem nada em troca. Em parceria com uma crew aqui de Brasília, os Mads, a gente faz vários picos em skateparks abandonados e estacio-

namentos. Os caras são skate até morrer. Acabo de-senhando muito para as camisetas da Cripta e isso liga as duas coisas que faço.

Como é a cena do skate em Brasília?Brasília, para mim, é a capital do skate também. A ci-dade é nova tem vários skatistas de nível, fora a gale-ra que faz muito pelo skate, lutando por novas pistas ou contruindo-as com as próprias mãos. Os caras da Capital são um exemplo de pessoas que estão sempre preocupados em melhorar a cena.Não é só a cena do skate que é boa, a tatuagem tam-bém fala alto aqui no centro-oeste. A molecada se ta-tua muito e tem boas referências. São bem conscien-tes sobre o que querem e sabem o que é melhor na pele. Trabalhamos muito à vontade aqui. No estúdio de tattoo somos três: eu, o Maneko e o Neres, que entrou no lugar do Gui. Todos eles são pessoas mui-to respeitosas e responsáveis, já que isto é essencial para a loja funcionar bem.

“Infelizmente meu trabalho não combina muito com o que mais gosto de fazer que é andar de skate, mas como amo muito os dois, prefiro correr os riscos e continuar feliz.”

Half cab flip into bank

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Sempre que vemos uma foto de skate em um jornal ou revista não especializada, como skatistas, torcemos o nariz na hora em que vemos um cara simplesmente voando no ar. Aí surge a pergunta: quem está errado? O fotógrafo que não anda de skate ou os skatistas que não abrem a mente para ver o skate de outra maneira? Pensando em mostrar a foto de skate de uma maneira inusitada, a Voz, buscou nesse ensaio fotográfico, ver com os olhos de um “leigo” como são as manobras, o comportamento e além de tudo, como os demais nos veem... Tudo sob o olhar e visão de um filho da fotografia... (RK)

Texto: Camilo Neres & Rodrigo K-B-ÇAFotos: Lucas Viana Silva

Um olhar de fora

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Entre os assuntos abordados nesta edição, a fotografia mere-

ce um destaque especial. Nos per-guntamos sobre a melhor forma de destacar este assunto... Pensamos em rechear as nossas páginas com belas fotografias e pronto. Será que basta? Por causa desta in-terrogação resolvemos fazer algo diferente, que quebre a as regras da tradicional fotografia de skate, subvertendo o padrão de imagens estáticas e bem congeladas, mui-tas vezes retirando informações importantes em uma foto de ska-te, como moment e orientações básicas de onde o skatista vem e para onde ele esta indo ao execu-tar uma manobra.

Iniciamos procurando um fotó-grafo profissional que não tivesse contato com o universo fotográfico do skate. Nesta busca chegamos ao nome de Lucas Viana Silva. Fi-lho de fotógrafo, começou a fazer os seus primeiros cliques ainda

criança quando, incentivado pelo pai, fotografou os seus colegas de turma, dando início a uma longa carreira no mercado de foto infan-til. Foram anos fotografando crian-ças até começar estudar fotografia tão a fundo que acabou tornando-se professor na Escola Técnica de Fotografia de Brasília.

Após conhecer a história do Lu-cas, Voz o convidou para fotografar livremente uma sessão de skate na pista do cruzeiro, um dos skatepa-rks mais tradicionais do DF. A pista anda um pouco abandonada, mas vem ganhando novos obstáculos construídos pelos próprios locais. Valorizar uma fotografia feita de forma inusitada, independente de o skatista ter voltando à manobra, pode ser um tanto indigesto. Ten-do isto como um dos princípios da subversão, deparamos com o erro, com o acerto e com o novo. Confira as fotos e o relato de Lucas sobre esta sessão fotográfica.

“iniciamos procUrando

Um fotógrafo profissional

qUe não tivesse contato com

o Universo fotográfico do

skate.”

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“A missão de fotografar em uma vertente até então nunca explorada por mim, na fotografia foi de tirar o sono. Para fazer jus a um convite inusitado, a busca de por onde começar o trabalho foi o grande problema. Por envolver uma seção voltada ao esporte e cultura urbana, pensei nas linhas da foto-grafia, todas que a compõe de forma tensa para envolver em toda a imagem a sensação de movimento, de frente a uma linha documental, que propõe registrar manobras com um “Q” de realidade. A proposta se configurou no contraponto da fotografia documental. A linha pictórica que não se importa em deturpar a realidade, mas sempre oferecendo uma sensação que leve a fotografia para longe do real e mais perto das artes plásticas, isso, em deter-minada época onde se acreditava que a fotografia não era arte, pois o pro-cesso era mecânico. Chegaram a acreditar no poder de auto-representação da natureza, já que ao homem cabia apenas apertar um botão, e ainda se agravava o discurso por conta de sua reprodutibilidade, o que a pintura não possui, apenas um é de fato original e valioso. Seguindo esse tema como norte deste “trampo”, se deu a intervenção intensa na imagem e no apare-lho, chegando a desconstrução e ao campo da imaginação. Tentando ofere-cer ao leitor a possibilidade de sentir o movimento alimentado pelo esporte e o sentimento, a vontade de fazer. Durante a seção todas as informações foram importantes. Desde a pista ser reconstruída por moradores próximos a ela, pelo prazer de praticar o esporte. A gurizada toda curtindo o skate, talvez como eu curti a fotografia. E o melhor, ver a “molecada” andando com grandes skatistas do DF.

A foto da criança sentada sem largar o skate e curtindo as manobras na pista, foi muito significativa para entender onde eu estava. Agradeço a re-vista Voz por essa oportunidade, de falar, de dar voz a fotografia no mundo da Cultura Urbana, ou melhor, do SKATE.”

“a missão de fotografar em Uma vertente até então nUnca explorada por mim na fotografia foi de tirar o sono.”

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Fotógrafo profissional desde 2004, meu inicio na fo-tografia se deu bem mais cedo.Meu pai, Júlio Ramos, se tornou fotógrafo em mea-

dos de 1986, ano em que nasci. Sempre tive muita ad-miração por ele. Conheci o portfólio do meu velho do tempo em que atuava no jornal Congresso Nacional em Brasília quando era muito novo. Lembro dele com uma câmera na mão durante minha infância.

Não é de se surpreender o interesse pela fotografia. Toda a admiração que tenho pelo meu pai se tornou também a admiração pela fotografia. Ainda estava na antiga 8ª série do ensino fundamental quando fiz meu primeiro curso em Vitória no Espírito Santo.

No ensino médio pude fazer meu primeiro trabalho fotográfico, uma fotonovela para uma aula de literatu-ra, tudo em negativo ainda. A paixão pela mesa de luz e a escolha das chapas corretas; as que ficaram boas, seriam reveladas, despertou um amor pelo “fazer” fo-tográfico. Ora, quantas vezes já não tinha visto meu pai fazendo aquilo.

Em 2004 voltamos para Brasília, não tendo os estu-dos formais como forte, fui trabalhar na empresa de fo-tografia infantil. Nessa época, meu velho já tinha dei-xado o jornal para trabalhar fazendo fotos de crianças em escolas. Desde então, fui assistente e manipulador de imagem, iniciando o meu ofício.

Foi complicado entender que para fazer algo bom tinha que ter muita dedicação e paixão pela arte de retratar pessoas (crianças). Um amigo mais próximo me apresentou o teatro, onde tive o primeiro contato com palhaços. Nunca fui um bom palhaço, mas como um, pude interagir com as pessoas de uma forma nova. Uma experiência fora dos parâmetros. Essa interação quando levada a uma escola para a realização de ses-

sões fotográficas teve um resultado surpreendente. O trabalho virou brincadeira de criança.

A resposta das crianças era um retorno e tanto. Fi-quei feliz por contribuir de forma inusitada. Mudamos a linha da empresa e, com o tempo, este trabalho se tornou um pouco industrializado, normal para uma empresa. Mesmo acreditando muito no que estava fa-zendo, a figura do palhaço me parecia um tanto des-gastada e acabei perdendo o tato e a vontade de pros-seguir com o trabalho.

Já não sabia mais para onde ir, estava cansado do que estava fazendo, então o estudo se torna algo ainda mais necessário dentro de uma rotina, estudar fotogra-fia para valer. Até quando a coisa ficou séria e tive de procurar ajuda, fui parar na Escola Técnica de Fotografia de Brasília. Lá me aprofundei de verdade na profissão, até entender que a estética que me acompanhava vinha de um lugar muito próximo, mais antigo que qualquer li-vro da estante. Lá atrás, onde nasci, ou melhor, de onde nasci. Com um senso estético natural, baseado mais em instinto e sensibilidade, passei a vida convivendo com uma mulher que modificava as coisas sempre em busca de harmonia, mesmo com pouco estudo na área, além de trabalhos com pintura em óleo, pastel seco, jardim de inverno e paisagismo, ainda arrumava tempo para fazer desenhos para os trabalhos da escola, meus e da minha irmã. Minha mãe, Valéria Viana, acredito ter sido a chave para o envolvimento com a harmonia.

Hoje, falo de fotografia na mesma escola que me aju-dou a direcionar meus estudos. Falo com aspirantes a fotografia o tempo todo. Talvez não exista nada melhor do que falar das coisas que amamos. E a fotografia é isso, para quem esta no inicio, o conselho é cuidado. Você também será pego por ela. Ela pode te dar VOZ.

lucas vianna

por ele mesmo

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entrevistamos lehi leite, um dos principais destaques do skate no planalto central.

Texto: Aurélio OliveiraFoto: Rafael “Vato”

Noseblunt

Entre vista

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Texto: Aurélio OliveiraFoto: Rafael “Vato”

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Fazer uma escolha consiste num processo de julgamento das alternativas levando em consideração vários fatores e sentimentos, de acordo com o propósito que se pretende alcançar. Diariamente somos submetidos a várias escolhas, algumas simples como que roupa vestir, outras mais complexas e cheias de variantes que podem até definir o destino de uma pessoa. Ao ter a possibilidade de escolher quem entrevistar para a primeira edição da revista Voz, me chamou muito a atenção não só a alternativa totalmente incomum escolhida por Lehi Leite, mas também a qualidade e a fluidez de seu skate. Depois de conseguir alcançar o profissionalismo em um esporte que é considerado paixão nacional e sem dúvida, sonho de milhões de crianças, Lehi optou pelo skate. “Me sentia mais feliz quando estava andando de skate! Via no futebol uma oportunidade de me sustentar e ajudar minha família. Só que ficou difícil conciliar”Depois de 12 anos a partir do primeiro contato com o skate influenciado pelo seu irmão Spencer , fica evidenciado que a melhor escolha nem sempre é a que tende a nos possibilitar mais retorno financeiro e sim, a que nos traz paz e felicidade.

Como iniciou essa história?Desde pequeno fui levado e incentivado no esporte, fui para uma escolinha de futebol mas depois que pi-sei no skate nunca mais quis parar. Consegui chegar onde queria no futebol e tive oportunidade de me dar bem. Hoje acredito que escolhi o skate por que nasci para o skate e a partir do momento que resolvi me dedicar totalmente, tudo foi acontecendo natu-ralmente. Posso dizer que estou no melhor momento da minha vida.“Estou vivendo o melhor momento da minha vida. Estou vivendo o skate!”

Vivendo o skate? Explique melhor.Me envolvo praticamente 24 horas com o skate, acor-do e já penso pra onde ir, o que fazer, filmar, foto-grafar, tentar uma manobra nova ou simplistemente colar em um pico pra encontrar os amigos sem falar das viagens que tem sido meu foco. Acho que isso é viver o skate.

O que você faz quando não está andando de skate?

Procuro estar sempre me dedicando em casa, cui-dando da família, da saúde, gosto de estar em con-

tato com a natureza, relaxando sempre lendo algo relacionado ao skate, e na internet, é lógico. Ano passado trabalhei como instrutor em um projeto do Ministério dos Esportes (Projeto Esporte Lazer da Ci-dade). Poder passar um pouco da minha experiência como skatista, para crianças carentes foi uma das melhores coisas que me aconteceu, participar deste projeto social me possibilitou aprender muito. Es-tou na expectativa desse projeto voltar a acontecer agora em 2011.Não tinha noção das dificuldades que iria enfren-tar, mas queria participar e incentivar o skate na minha cidade, fazer os alunos entenderem que além de dar equilíbrio para o corpo e para men-te o skate tem uma história, e que podemos fazer parte dela.

Como fica a relação com sua família? Eles te apóiam?

Gosto muito de estar com minha família, eles são mi-nha fortaleza. Me dedico em casa para depois me de-dicar ao skate. Minha vida e meus objetivos são sem-pre pensando em ajudar minha família! Eles apóiam , e muito, acreditam em mim e no meu sonho, sabem que estou correndo atrás do meu futuro.

“Estou vivendo o melhor momento da minha vida. Estou vivendo o skate!”

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Pelo que sei, não tem um patrocínio. como manter uma regularidade de viagens?

Isso é bem complicado. Preciso ter muita fé e deter-minação , me programar com antecedência. Tenho alguns apoios que dão uma força, mas ainda é muito difícil, preciso sempre me dar bem em campeonatos pra poder levantar uma grana pra continuar viajan-do. graças a Deus tenho sido iluminado, com muita perseverança vou alcançar meus objetivos.

Já que participa de muitos campeonatos, se eu te falasse agora: quando quiser, 1 minuto, valendo... o que me diria?

Skate, em um minuto, que nada! Sem pressão, sem tempo mano, skate é infinito, não tem essa de rolê em um minuto. O que vale mais é a sessão com a galera. Uma volta, um campeonato é muita pressão, competição, quero fugir disso, vivi muito tempo bus-cando campeonato, tenho um compromisso de 24 horas com skate, seja em uma demo, fazendo uma foto, seja onde for. Mudei mesmo, vou pra campe-onatos pra reencontrar a galera, fazer novas amiza-des, se vier resultado, bom, se não vier, já nem me encano mais.

Sei que não gosta de falar sobre estilo, mas se tivesse que definir agora, qual seria o seu?

Admiro todos os estilos e as pessoas que estão no corre do skate, mas procuro ter meu próprio estilo, sempre simples e humilde , sem copiar ninguém, gosto de andar à vontade.

a pergunta “onde você gostaria de andar de skate” é repetitiva, e na maioria das vezes a resposta é barcelona. e se barcelona não existisse, onde gostaria de ir?

Não tenho um lugar certo, quero ir onde a galera já andou, onde estão andando e onde ninguém nunca andou. Se tiver como andar de skate, é lá que quero estar, sem refresco.

O que acha de Brasília?Muito style! Depende muito da galera local, mesmo assim, tem crescido muito. Temos lojas, marcas, mídias locais, pistas, associações , e isso tudo está dando um crescimento ao skate de Brasília. Vários pais levando seus filhos para skate park, incenti-vando a prática do skate. Mas acredito que poderia estar melhor, se houvesse mais interesse das gran-des marcas.

Para finalizar, deixa uma ideia, uma men-sagem para os leitores.

Queria muito agradecer a Deus, minha família e a todos que tiveram participação direta ou indireta-mente no meu skate, não tem como citar, são mui-tos apoios e isso me deixa muito feliz.A verdade seja dita, Brasília, nos traços de Oscar Niemeyer, é muito mais que política, é mística, é o bicho! Céu azul, sonhos e trabalho rapaz! Trabalho, trabalhos de milhares, que moram no afastar, nos la-res das cidades satélites, quebradas, becos, vielas, norte sul.Skate Forever...

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Half cab noseslide nollie heelflipCamilo Neres

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Texto: Camilo Neres & Rodrigo K-B-ÇAIlustração: Grande Circular

Retratos: Camilo NeresAutoretrato: Rafael “Vato”

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Para ser um bom fotógrafo não é necessário ter a me-lhor câmera. Basta ter certa sensibilidade no olhar.

É comum ouvirmos “experts” em fotografia falar isto aos iniciantes. E é a mais pura verdade, mas nem sem-pre válida para quem quer produzir boas fotos de ska-te. Mesmo com a evolução, a fotografia de skate ainda é pouco valorizada no Brasil e exige do fotógrafo um mix de referências, bons contatos, infra-estrutura, de-dicação, paciência e disposição.

O fotógrafo de skate faz tudo sozinho e costuma passar a maior parte do seu tempo na rua. Escolhe-mos este ambiente como locação para as fotos por ser totalmente seguro, pois podemos expor todo o nosso equipamento na rua sem risco algum. Nosso corpo de deus grego nos permite carregar quilos e quilos de pa-rafernálias fotográficas na mochila, afinal, carregar um estúdio nas costas é mole!

Outro aspecto interessante é a falta de apego aos bens materiais e amor ao próprio corpo. Por isso, es-

tamos sempre com a “cara” no asfalto, deitado em lugares que até cachorros de rua evitam cheirar e nas posições mais confortáveis, que qualquer praticante de yoga se sente cômodo, em busca dos melhores ân-gulos. O risco de levar uma “skatada” na testa, na câ-mera ou nos flashes é detalhe, pois além de ter plano de saúde, o equipamento fotográfico é algo que além de barato, é fácil de encontrar em qualquer canto e, claro, todos temos seguro!

Brincadeiras a parte e, com respeito aos nossos amigos que se arriscam em diferentes manobras, foto-grafar skate pode exigir mais do que se pensa. O fun-damental para tudo dar certo, é gostar muito do que está fazendo. Selecionamos três jovens fotógrafos que passam por estas dificuldades satirizadas ante-riormente, e por uma ainda maior, que é estar em Bra-sília fora do eixo editorial. Independente disto, eles fazem questão de registrar todas as sessões de skate que podem estar presentes.

Dizem que para ser bem sucedido no trabalho, basta gostar do que se faz. Existe muita verdade nisso, porém nem sempre o caminho é fácil. Quem escolhe fotografar skate, tem que saber que antes das fotos começarem a sair em sites, blogs e nas revistas existe todo um processo de aprendizagem e investimento em equipamentos que, de verdade, não é para qualquer um. Mesmo com um caminho tão difícil para quem está iniciando, existem skatistas que querem mais que só acertarem manobras, também querem aprender a eternizar momentos... (RK)

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A intenção de Paulo Tavares ao comprar uma câmera, era filmar seus amigos nas sessões de skate. Só que além de filmar, a câmera do Pau-

lo permite que ele também faça os seus registros em fotos, recurso que vem sendo utilizado constantemente por ele.

A fotografia falou mais alto e o jovem fotógrafo vem desenvolvendo suas técnicas há cerca de sete meses. Como skatista, Tavares costuma consumir vídeos e revista de skate, hábito que serve como busca por referências nas quais ele cita os fotógrafos: Atiba Jefferson, Camilo Neres, Otávio Neto, Pablo Vaz, Renato Custódio, René Jr, Fabiano Lokinho e Leo Barreto.

www.flickr.com/photos/paulotavares

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41Pedro DezzenNollie hard heelflip

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www.flickr.com/photos/dedonogatilho

Pouco mais de um ano e meio se passou desde que o turismólogo Rafael Santos, conhecido como “Vato”,

começou a dar os seus primeiros passos no mundo da fotografia. Amante da cultura latina tendo Estevan Oriol, El Volo e o seu amigo Filip “Snowflake” como re-ferências. Foi entre lowriders e belas latinas que Rafael fez os seus primeiros clicks.

A forte ligação com o universo latino nunca afastou o fotógrafo do skate, sempre que tem um tempo livre, ele aproveita para manter as suas manobras em dia. É nestes momentos que “Vato” aproveita para fotografar o “rolê” de skate entre amigos e evoluir naturalmente.

Anderson “Intruso”Mayday

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Samuel JimmyOllie no gap

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www.flickr.com/photos/agamenonn

Conciliar fotografia e skate não é tarefa fácil na vida de Renan Santos “Agá”. Além de fotografar, Renan

é um skatista criativo, que apresenta grande intimida-de com os picos de rua, principalmente nos “manuals”. Ao demonstrar um interesse pela fotografia “Agá” foi intimado por seus amigos a registrar as sessões. Mes-mo com a terrível dúvida entre frames e manobras, dois anos se passaram e Renan segue firme na busca pela evolução em ambas “matérias”.

Durante um bom período de tempo Renan foi res-ponsável por mostrar boa parte da cena do skate de Brasília. Através de suas lentes foram registradas ma-nobras de diversos skatistas locais que tiveram suas fotos publicadas na UM2 Skatemag, revista virtual do centro-oeste na qual ele colabora.

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Diogo Groselha

Phellipe GuilhermeRock to fakie

grandeangu lar

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Rodrigo K-b-ça

Jean DuarteMayday

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Rodrigo K-b-ça

Jean DuarteHardflip

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Rodrigo K-b-ça

Kevin B7Fs melon

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Camilo Neres

Felipe BuchechaSs bs flip

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Rodrigo K-b-ça

Adonis SantiagoSs fs heelflip 360

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Camilo Neres

Rodrigo K-b-ça

Thiago Pingo

Guilherme Varela

Fs heelflip

Hardflip to fakie

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Rodrigo K-b-ça

LP AladinHurricane to fakie

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Camilo Neres

Carlos RibeiroFs nosegrind reverse

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Jhony MelhadoFs shovit bs nosegrind nollieflip

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Igor CalixtoFs noseslide

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Rodrigo KBÇA

Stanley InácioBs flip

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Nessa edição apresentamos a trilha sonora de um vídeo nada comercial, porém parte de uma das atuais e mais bem sucedidas empresas no

cenário do skate mundial. O vídeo é o Radio-Television da marca Slave.Intervenções de arte, imagens de guerra, armas, animais selvagens e,

principalmente, muito skate com uma trilha sonora carregada de psicode-lia, rock n’ roll e melodias fortes. A trilha viaja dos anos 60 até os dias de hoje, mostrando algo sobre a identidade de cada skatista, diversificando entre rock n’ roll clássico como por exemplo Rolling Stones em sua fase inicial, hip hop 90’s, e até mesmo um What a Wonderful World, do Cantor e Trompetista Louis Armstrong.

A Slave é uma das marcas do grupo BlackBox, comandado por Jamie Thomas, skatista que dispensa apresentações. Junto com ela estão a Zero, Mistery e a mais recente Threat, todas com uma forte identidade, que ao meu ver sempre incentivaram o produto feito de “skatista para skatista”. O que se difere é que a Slave tem um lado mais agressivo, subversivo e também essencial.

Radio Television é o video que apresentou a marca, e quem não viu e nem ouviu, sem dúvida, deve conferir.

Texto: Arnaldo Saldanha

tim bre

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Introduçãoamon düül ii – Jailhouse FrogWolf City (1973)

Anthony Schultziron claw – Pavement ArtistDismorphophobia (1971)

Pat Burkebrotha lynch hung – Rest in PissSeason of da Siccness (1995)

Frecksicecross - Jesus FreaksIcecross (1973)

Conhuir Lynn e amigoswitch - ChangingWitch (2006)

Danny Dicolamc5 - Over and OverHigh Time (1971)

Matt Mumfordgod - My PalMy Pal (1987)

Jon Alliedark - Zero TimeRound The Edges (1972)

Jon Goemannthe rolling stones - 2000 Lightyears From HomeTheir Satanic Majesties Request (1967)

Créditoslouis armstrong - What a Wonderful WorldSingle (1968)

Trailerdevo - S.I.B. (Swelling Itching Brain)Duty Now for the Future(1979)

“Intervenções de arte, imagens de guerra, armas, animais selvagens e, principalmente, muito skate com uma trilha sonora carregada de psicodelia, rock ‘n roll e melodias fortes.”

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Design & Ilustração

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R PFelipe “Bilau”

Pedro “Caldas”Mario “Chá”Ulysses “Lissin”

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