Revista Subversa Volume 1 | n.º 4 | out 2014
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Transcript of Revista Subversa Volume 1 | n.º 4 | out 2014
FERNANDA SUAIDEN | C. SOUZA DE MELO
MARIA JOÃO PESSOA | MORGANA RECH
MARTA CORTEZÃO| PEDRO BELO CLARA
ESTEVAN DE NEGREIROS KETZER | TÂNIA ARDITO
5ª Edição | NOV 2014
WWW.FACEBOOK.COM/CANALSUBVERSA
@CANALSUBVERSA
SubVersa
| literatura luso-brasileira |
© originalmente publicado em Novembro de 2014 sob o título de
SubVersa ©
4ª Edição
Responsáveis técnicas:
Morgana Rech e Tânia Ardito
Os colaboradores preservam seu direito de serem identificados e citados como
autores desta obra.
Esta é uma obra de criação coletiva. Os personagens e situações citados nos textos
ficcionais são fruto da livre criação artística e não se comprometem com a realidade.
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4ª Edição
Novembro de 2014
PEDRO BELO CLARA | NO TEMPO DO AMOR | 4
MORGANA RECH |MANIFESTO DAS DISTÂNCIAS | 6
MARIA JOÃO PESSOA | PELO CAMINHO |12
ESTEVAN DE NEGREIROS KETZER | SOBRE A INFELICIDADE DE
ESCREVER: VILA-MATAS E COMPANHIA | 13
MARTA CORTEZÃO | ATREVA-SE | 15
TÂNIA ARDITO | HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA | 16
FERNANDA SUAIDEN | EU ESTOU POR UM FIO | 23
C. SOUZA DE MELO | JANELA | 26
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PEDRO BELO CLARA
LISBOA, PORTUGAL.
No tempo do amor
eram alvas todas as rosas,
azuis os horizontes
de promessas e canções,
verdes os céus
dum oceano sem fim,
doiradas as aves
que a cada entardecer
ao sol retornavam.
No tempo da saudade
todas as rosas são pedras.
NO TEMPO DO AMOR
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MORGANA RECH
PORTO ALEGRE, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL
Fica terminantemente proibido o afastamento do namorado e da
namorada por mais de 20 (vinte) dias, a contar das lágrimas da ida até
o momento do reencontro. Em casos de obrigação de afastamento por
motivo profissional, o afastado fica livremente convidado a enviar
mensagens de amor ao remanescente, que de modo geral deve
responder satisfeito e fazer o afastado sentir-se bem, mesmo longe,
preferencialmente aliviando-lhe a culpa de ter se afastado. O afastado
fica carinhosamente instruído a não sobrecarregar o remanescente de
preocupações e ciúmes desnecessários, poupando-o da dor do
desconhecido e do medo de perder o seu amor durante o
afastamento. O remanescente também não deve criar motivos
propositadamente agoniantes no afastado, e colaborar durante o
período da espera com compreensão, carinho e sobretudo bastante
saudade.
MANIFESTO DAS
DISTÂNCIAS
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Em casos de noivado, os dias de afastamento podem se estender até o
período máximo de 30 (trinta) dias, comprometendo-se afastado e
remanescente a aproveitarem o momento para cuidar de si e da sua
individualidade antes da experiência do casamento, preferencialmente
tendo preparado uma surpresa agradável. Todas as recomendações
acima descritas a respeito das investidas no contato amoroso, mantém-
se. As empresas públicas, privadas e mistas estão terminantemente
proibidas de contratar noivos ou noivas para trabalhar em outra cidade,
se ambos não estiverem de acordo. Em caso de discórdia amorosa em
relação ao local de residência, a instituição contratante fica
responsável por recolocar o profissional em cargo semelhante ou
superior ao antigo.
Em caso de grandes amores dificultados pela distância, poderá
ser ativado o aviso de calamidade afetiva, em que as imobiliárias, as
agências de emprego e inclusive os bancos públicos e privados devem
contribuir e facilitar a vida do casal onde quer que queiram fixar as suas
vidas, impedindo que a rotina árdua de adaptação desgaste o
relacionamento.
Em casos de amores que se comprove grande dispêndio de
energia, dinheiro e tempo em função de sucessivos afastamentos, em
que ambos estão deslocados de sua residência, mesmo tendo sido
acionado o aviso de calamidade afetiva, a natureza, os búzios, os autos
de fé e os anjos da guarda devem unir-se numa só força e conspirar a
favor do relacionamento até quando ainda existir amor, mesmo que
diminuído pela luta diária que é a vida.
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MARIA JOÃO PESSOA
LISBOA, PORTUGAL
Pelo caminho, fui engravidando
de desilusões e desesperanças,
deixando rastos de incertezas
e migalhas de falsidades,
restando os bolsos mais leves
para a caminhada.
Amadureci entretempo desejos,
colhi silêncios das mãos do tempo
e percebi, como o poeta,
que só se ganha a viagem,
que o castelo no alto da montanha
é feito com as pedras do caminho.
Que o tempo não se ganha,
e quando passa,
apenas pisa connosco o mesmo chão
na busca interminável
da estrada para o nosso coração.
PELO CAMINHO
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ESTEVAN DE NEGREIROS KETZER
PORTO ALEGRE, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL
Me deterei tão somente em uma breve passagem de Bartleby e
companhia, do escritor espanhol Enrique Vila-Matas. Tão coerente e
prazeroso em seu processo de escrita, fica nítido o quanto orgulhoso
está de sua obra repleta de escritores do “não”. Como veremos, o
escritor espanhol mais celebrado da atualidade, saboreia o estudo
minucioso e inventivo da famigerada tradição do “não” na literatura. A
potência do delicado “prefiro não fazer” (I prefere not do) exaltada na
história de Bartleby, de Herman Melville, um homem que preferia não
fazer o que lhe fosse mandado em um escritório de advocacia em Wall
Street.
Melville não ficou conhecido por este conto durante sua vida.
Talvez daí seu fracasso tenha sido tão celebrado pela crítica tardia,
SOBRE A INFELICIDADE DE ESCVREVER:
VILA-MATAS E COMPANHIA
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como sempre acontece com relação aos escritores. Este
reconhecimento tardio de suas criações, como o próprio Vila-Matas
aponta, se dá justamente na mudança de sua prosa, pois Melville
decide se dedicar à vida urbana, deixando de lado suas aventuras nos
mares do sul. Foi a partir da decisão de ser um escritor “propriamente
dito”, seguindo uma tradição típica dos lampejos místicos da famosa
década de ouro da literatura estadunidense, em 1850 (dos autores
Emerson, Thoreau, Hawthorne, Whitman). O discurso tão reconhecido
do escritor representando as “antenas da sociedade”, na qual somente
homens de uma pura e distinta sensibilidade são possuidores, tornou-se
o elemento basilar da afirmação de uma identidade da cultura
burguesa e sua gradual elitização. O que tornou Melville tão especial foi
justamente seu caráter diferencial diante de um tema cotidiano: a
negação de qualquer tarefa executiva em um ambiente de trabalho
(não farei as comparações ao grupo Occupy Wall Street e a
possibilidade de sermos aviltados por um ócio altamente mobilizador).
Fica evidente que as viagens para os mares do sul chamam a atenção
da classe média em ascensão, talvez muito mais, em um primeiro
momento, do que a brancura assustadora da baleia Moby Dick.
Tomada esta afirmativa, gostaria de pensar o que parece ser a
bandeira de Vila-Matas em Bartleby e companhia. Uma passagem me
tomou de assalto, na página 23 da edição brasileira: “Na verdade, a
doença, a síndrome de Bartleby, vem de longe. Hoje chega a ser um
mal endêmico das literaturas contemporâneas essa pulsão negativa ou
atração pelo nada que faz com que certos autores literários jamais
cheguem, aparentemente, a sê-lo.” A questão que me coloquei é
porquê o não escrever literário seria justamente uma pulsão de morte?
Que implicações danosas ela traz? Para um defensor da literatura sua
resposta parece óbvia, mas para uma pessoa comum, destituída do
conhecimento dos signos acadêmicos e avessa aos deleites da alta
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cultura, essa afirmação parece justamente sem sentido. O prazer de um
literato (ainda um prazer para manter a distinção de Roland Barthes
entre prazer, completo, e gozo, parcial) estaria justamente no meandro
dos pensamentos, na exposição da linguagem de forma a que esta
jamais seja comunicativa, mas exigência de uma produção de bem
infinito, pluridade de significados, uma crítica sobre o mal estar da
modernidade e seus deletérios avanços que destroem as relações
humanas.
Pensando com a tese proposta por Vila-Matas não haveria nada
mais letal que deixar de escrever, portanto, essa afirmativa nega por
completo qualquer outra coisa que um “escritor” possa de fato realizar
de melhor em vida. Conhecer as trajetórias de Franz Kafka, André Gide,
Paul Valéry, Ludwig Wittgenstein e Robert Walser pode não apenas nos
divertir, mas também auxiliar na real reflexão de que eles tinham
alguma coisa muito melhor para fazer do que passar a vida inteira
dedicada à literatura. Essa constatação não parece tão clara em Vila-
Matas. Esses escritores parecem ter mudado o rumo de uma trajetória
aparentemente idealizada devido à incidência da literatura em algum
nível de suas vidas. Essa mudança drástica na vida de um ser como o
escritor parece ser apenas uma entre muitas outras atividades da vida
humana desejada (Kafka queria se tornar jornalista em Berlim; Gide
ansiava escrever um livro que nunca escreveu; Valéry cria um
personagem avesso a todo o livro que não seja importante para sua
vida; Wittgenstein publica dois livros em vida e resolve se tornar
jardineiro; e Walser após muitas atividades discrepantes, entre elas a
subserviência de um mordomo, termina por passar seus últimos anos de
vida internado em um manicômio). Habita em cada um deles um
homem completamente comum, incidental, em nada especial. A
literatura nesses casos parece ser justamente o desejo de não ser
comum, narrar uma história mais real do que o próprio real,
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ultrapassando inclusive o desejo de viver de um jeito simples. O que
seria a salvação para Vila-Matas torna-se a desgraça para a vida
pessoal dos escritores. Escritores com forte temor de se tornarem
brancos, neutros, postos em pedestais de marfim que estão ao lado de
títulos acadêmicos e prêmios literários de altíssimo mérito, certamente
(ainda que as bancas julgadoras sejam, muitas vezes, escaladas por
incompetentes e leitores diletantes, como bem denunciou Thomas
Bernhard).
A questão que fica parece ser, ao contrário de uma pulsão de
morte, justamente a exigência por uma pulsão de vida. Talvez aqui a
ingerência para tratar desse assunto seja menos especulativa, mas
talvez mais conflituosa do que imaginávamos, pois, afinal, estamos
diante de um desejo, de uma possibilidade em meio ao caos e talvez,
mais diametralmente iconoclasta, há o desejo de não receber nem
mesmo o rótulo de ser um formidável escritor. Escrever pode, nestas
circunstâncias, ser menos auspicioso e tendencioso à formação de uma
realização pessoal, ser mais penoso e difícil do que estar inscrito em
uma cena literária. A possível inovação da escrita como um elemento
de entretenimento e glamour contraria em muito um viver galgado nos
afazeres ordinários da vida cotidiana com seus desafios mais
“concretos” (onde comer e respirar também são importantes!). Não
escrever é a realização de um desejo, ainda mais além do princípio do
prazer, mais além do que o “prefiro não fazer” de Bartleby, ao evitar o
desprazer a qualquer custo, mesmo que com isso a literatura deva
perecer e dar lugar a outra coisa mais congruente com nossas
possibilidades internas. Isso é, no mínimo, aprender a respeitar um limite
que se coloca a cada um de nós.
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ATREVA-SE
MARTA CORTEZÃO
TEFÉ, AMAZONAS, BRASIL
Atreva-se!
Vire a página.
Reinvente-se.
Seja audácia,
Imprudência,
Alvoroço,
Eloquência.
Atreva-se!
Perca a linha.
Refaça-se.
Seja brisa,
Tempestade,
Alquimia,
Vanidade.
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Atreva-se!
Arrisque dribles.
Precipite-se.
Seja Ícaro,
Desobediente,
Afoito,
Inconsequente.
Atreva-se!
Esqueça o medo.
Fortaleça-se.
Seja rochedo,
Imponente,
Colossal,
Envolvente.
Atreva-se!
Renuncie mágoas.
Desapegue-se.
Seja pássaro,
Renascente
Fênix.
Poente.
Atreva-se!
Pinte o sete.
Liberte-se.
Seja cromático,
Multifacetado,
Crepuscular,
Rio-mar.
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Atreva-se!
Faça mudanças.
Dinamize-se.
Seja confiança,
Mutante,
Temporão,
Desafiante.
Atreva-se!
Lute sempre.
Revolte-se.
Seja estrela,
Radiante,
Constelação
Gigante.
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TÂNIA ARDITO
SÃO PAULO – PORTO
Júlio César conheceu Cleo em uma viagem de negócios, ele
estava encarregado de solidificar uma sociedade com um empresário
conhecido como o rei da cerveja, pai da dita moça. Apesar de bonita,
Cleo não caiu nas graças de César – o poderoso, que preferia ser
chamado só pelo segundo nome. Já que para ele, Cleo não passava
de uma herdeira mimada e meio boba com aquela franjinha. Sem se
conformar em ter passado meio despercebida e desafiada pelas
amigas a fisgar o executivo, Cleo decidiu conquistar o mais novo sócio
da família (segundo consta ela já tinha arrastado as asinhas para alguns
outros sócios do pai, mas nenhum tão importante e poderoso quanto
César). O pai, orgulhoso do súbito interesse da moça pelos negócios,
que até o momento, junto com os irmãos, apenas cuidava de gastar a
fortuna da família, resolveu que dentre os herdeiros, Cleo, seria a
HISTÓRIA
CONTEMPORÂNEA
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escolhida para estar à frente do império formado pelas inúmeras
empresas. A herdeira, no seu terninho chic para ganhar um ar mais
sério, tratou de se apróximar e conhecer melhor os negócios dos sócios,
aliás, tudo o que ela queria era conhecer o négócio de César, que por
sua vez viu o seu sossego acabar, já que com um divórcio nas costas e
dois filhos já feito homens não estava para se enroscar. Entretanto,
esqueceu-se da prudência quando Cleo apareceu em seu quarto de
hotel, com dois botões do terninho abertos, deixando entrever uma
interessante renda e dizendo que adoraria experimentar a maciez do
tapete.
Como protagonistas de um filme hollywoodiano iniciaram um ardente
romance, que a cada cena ganhava contornos mais sérios, pois a
moça percebeu que se amarrasse de vez o bonitão juntaria fortunas e
acumularia um grandioso poder. Depois de tanta insistência da
amante, César finalmente a levou para uma festa de família, o que foi
um erro crasso, pois lá estava o primo Marco António, sorrindo com
todos os dentes para Cleo, que correspondia com olhos cobiçosos. Não
demorou muito para César ser colocado para escanteio, Cleo
descobriu que o prestígio de César estava em declínio na medida
inversa de Marco, além do mais o rapaz era mais jovem e charmoso.
Porém, a história de Cleo com Marco foi daquelas entre tapas e beijos,
acabando a pobrezinha com uma depressão após saber que Marco se
casara e estava feliz em lua-de-mel na Itália. Mas, como a avó da
moça costumava dizer, não há mal que sempre dure e este acabou
até que rápido quando em um ensolarado domingo, a moça viu o
motorista da família lavando o carro. Esquecida das esperanças do pai
de vê-la comandando o seu império de cerveja, resolveu que seria uma
boa passar as férias na Grécia, a ex-futura imperatriz partiu para um
cruzeiro pelo Mediterrâneo, onde encontrou o seu verdadeiro amor, um
biólogo especialista em serpentes venenosas. Quanto a César, acabou
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morrendo de um ataque cardíaco fulminante quando viu o filho
participando de um abominável reality show, sem sequer conseguir
dizer as suas últimas palavras.
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FERNANDA SUAIDEN
LONDRINA, PARANÁ, BRASIL
Eu estou por um fio
A paciência
Por um fio
A calma
Por um fio
Um fio de náilon
Um fio
Que parece nunca estourar
Um fio
Para destruir a casa
Para sair gritando
Para te surrar a cara
Um fio
Para sair com uma automática
Pela rua
EU ESTOU
POR UM FIO ______________________________________
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Pela escola
Pelo cinema
Atirando
Por um fio
Para me libertar
Mas o fio não se rompe
E fica me dependurando de um lado para o outro
Enquanto o banquinho caído
Goza.
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C. SOUZA DE MELO
BELO HORIZONTE, MINAS GERAIS, BRASIL
Olho pela janela.
Sem luz nos postes, sem lua alguma.
A rua inteira no silêncio.
Não há vento, ou transeunte,
Não há nenhuma distração.
Não chove.
Olho para a janela.
E dentro dela, eu
Vejo a morte.
JANELA
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Edição e revisão:
MORGANA RECH E TÂNIA ARDITO
Recepção de originais:
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