REVISTA MUNDO CANA - ARYSTA LIFESCIENCE - Agosto 2010 / nº03
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Setembro de 2010 | ano 02 | no 03
MUNDO CaNaDos laboratórios à lavoura,as contribuições da pesquisa
Etanol Celulósico:a um passo de se tornar realidade
Sistematizaçãodo solo reduz custos
Horizonte promissor, afirma Duarte Nogueira Entrevista
MUNDO CaNa
pág. 10pág. 8
pág. 12
pág. 14
pág. 18
pág. 20
pág. 24
pág. 5
EntrEvistaDuarte Nogueira
“O futuro nos parece bem promissor”
pág. 4
EditorialAntonio Carlos CostaDiretor de Marketing da Arysta LifeScience
UsinaUsina São Martinho (SP)
Os grandes desafios da maior do mundo
UsinaUsina Guarani (SP)Baixos custos,alta produtividade
UsinaUsina Viralcool (SP)De pai para filho,crescimento sólido
ConsUltorAntonio Luiz GazonOrganizando a lavoura ecolhendo produtividade
projEtos Em CanaPrograma Ação
Contribuição da Arystaà informação no campo
ANO 02 - NÚMERO 03
SETEMBRO DE 2010
MUNDO CaNa
A revista Mundo Cana é o veículo decomunicação oficial da Arysta LifeScience
para o mercado sucroalcooleiro.
Coordenação GeralAntonio Carlos Costa
Adriana TaguchiGustavo Gonella
produçãoTexto Assessoria de Comunicações
jornalista responsávelAltair Albuquerque (MTb 17.291)
redaçãoIvan Azevedo
FotosIvan Azevedo e Arquivo Arysta
Projeto Gráfico e Design
Ronaldo Albuquerque
Tiragem2.000 exemplres
Arysta LifeScience do BrasilRua Jundiaí, 50 – 4º andar
São Paulo/SP – Brasil CEP.: 04001-904
Telefone: 55 11 3054-5000 Fax: 55 11 3057-0525
pEsqUisaCarlos Rossell
Incremento de 50%na produção nacional
3
pág. 26
artiGoCaio GiustiA importância da seletividade
pág. 22
manEjoUso de Bioestimulantespotencializa a produção
5
20
22
FornECEdorEsIrmãos Campanelli,
Daniel Aníbal, Valderes Consoli e Antônio Aníbal
Importantes produtores do pólo de Ribeirão Preto (SP)
Os especialistas dizem que, em uma década, a produtividade média do
setor sucroalcooleiro deve dobrar. Com essa expectativa eles interpretam
o incontestável avanço tecnológico e as constantes inovações
incorporadas à atividade.
Essa comprovação é colhida em números. A atual safra brasileira de
cana-de-açúcar é simplesmente a maior da história, devendo ultrapassar
664 milhões de toneladas. A informação é preliminar e pode mudar até o
encerramento da moagem, porém dá a exata noção de como os agentes
da cadeia produtiva trabalham em sintonia para impulsionar a cultura e,
consequentemente, gerar mais divisas ao país em exportação de açúcar e
etanol.
Além do volume recorde de cana, destaca-se o aumento da produtividade
(+ 0,6%), que coloca em 82,1 t/hectare a média nacional, e da área
plantada, que aumentou 9,9% neste ano, segundo levantamento da
Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Devido a esse melhor
desempenho, serão produzidos mais de 28,5 bilhões de litros de etanol e
38,7 milhões de toneladas de açúcar.
Em sua terceira edição, a revista Mundo Cana traz mais exemplos de
produtores, especialistas e indústrias que ajudam, e como, a mostrar a força
do setor sucroalcooleiro. Também mostra novas tecnologias, inclusive em
termos de insumos, que mantêm a atividade em expansão e mais eficiente.
Eficiente e ambientalmente responsável. Cada vez mais salta aos olhos a
função social da energia renovável que, como informa o ex-secretário de
Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Duarte Nogueira,
nosso entrevistado desta edição, comprovadamente emite menos gases
de efeito estufa.
A cana é a melhor aposta do planeta para ampliar em 47% o fornecimento
de energia até 2050, como deseja a ONU. Mais um desafio que tem tudo
para ser vencido pelo setor rural do nosso país.
Boa leitura!Edit
oria
lA maior safra detodos os tempos
4
antonio Carlos Costa, Diretor de Marketing da Arysta LifeScience
MUNDO CaNa
>
Ex-secretário de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São
Paulo e atual deputado federal,
Antonio Duarte Nogueira Júnior é
um dos mais atuantes defensores do
agronegócio brasileiro e, especial-
mente, do setor sucroalcooleiro. Ele
acompanha a atividade desde o seu
florescimento e enxerga um poten-
cial indiscutível de crescimento nas
próximas décadas. “O horizonte
nos parece muito promissor”, disse
com exclusividade à reportagem da
revista Mundo Cana. E ele sabe o
que está dizendo. Nesta entrevista,
Duarte Nogueira aborda os desafios
da cana-de-açúcar, mas também as
excepcionais possibilidades de avan-
ço e fortalecimento do negócio para
produtores, usinas e o Brasil.
Qual a importância do setor
sucroalcooleiro para a economia
brasileira? Duarte Nogueira – O
setor tem importância estratégica
para o Brasil. A cana-de-açúcar é
mais competitiva do que qualquer
outra matéria-prima para a produ-
ção de energia renovável alternativa
ao petróleo e não compete com a
indústria de alimentos, como ocorre
com o milho, que é a base para a pro-
dução do combustível nos Estados
Unidos. E, além do etanol, dela são
extraídos o açúcar, a biomassa e uma
série de outros derivados. Estima-se
que utilizamos apenas um terço do
Entrevista Duarte Nogueira
5
MUNDO CaNa
Futuro promissor para a cana brasileiraPalavras do deputado Duarte Nogueira, um dos mais importantes defensores do meio rural e, particularmente, do setor sucroalcooleiro.
potencial de energia da cana. Ou
seja, os horizontes para o Brasil são
os mais promissores. Segundo a ONU
(Organização das Nações Unidas),
até 2050 será necessário aumentar
em 70% a produção de alimentos e
em 47% a de energia. E temos todas
as condições de nos consolidar como
grande fornecedor nessa área.
Como a atividade pode se favore-
cer com a questão ambiental, tão
discutida ultimamente? O senhor
tem números de comparação da
emissão de CO2 do etanol e da
gasolina ou diesel? A questão am-
biental é um dos pontos favoráveis
ao etanol brasileiro. O etanol polui
menos do que o petróleo – estudos
indicam que pode emitir até 80%
menos – e é um combustível mais
neutro (o balanço entre a absorção
de CO2 durante o crescimento da
planta pode anular a emissão duran-
te a produção e queima do combus-
tível, se não houver queima da palha
>
>
DIV
ULG
Aç
ãO
“Não há matéria-prima mais competitiva para produção de energia renovável”
6
MUNDO CaNa
da cana). Estudo recente divulgado
pela Unica (União da Indústria de
Cana-de-açúcar), que representa as
usinas, realizado pela Universida-
de de São Paulo e Universidade de
Campinas, mostrou que o uso do
etanol reduziu as emissões dos gases
de efeito estufa em 10% entre 1990 e
2006 – excluindo a parcela devida ao
desmatamento. Para 2020, estima-se
corte de 18% em relação a 1990. Ain-
da segundo o estudo, em 2006 o uso
do etanol como combustível propor-
cionou a redução de 22% das emis-
sões finais dos setores de transporte
e geração de energia e chegará a 43%
em 2020. Creio que esse balanço ca-
racteriza bem a vantagem do etanol
sobre os combustíveis fósseis.
E como lidar com as críticas,
principalmente internacionais, que
culpam as grandes áreas de cana
pelo desmatamento e concorrência
com a produção de alimentos?
Esse é um trabalho de conven-
cimento que deve ser feito pelo
Brasil constantemente em todas as
instâncias e foros de discussão. É
quase uma pregação. A cana ocupa
no Brasil cerca de 8 milhões de
hectares, enquanto a área ocupada
com grãos é de 47,5 milhões/ha. É
possível ampliar a produtividade
tanto da cana como de alimentos
com a utilização de tecnologia.
Há 30 anos, cada hectare de cana
produzia 3.000 litros de etanol. Hoje,
gera quase 7.000. No caso dos grãos,
na safra 1979/80 foram produzidos
1.290 kg por hectare enquanto hoje
produzimos 3.092 kg/ha.
Conclui-se então que há espaços
para o contínuo fortalecimento do
setor sucroalcooleiro e também
para a produção de alimentos
(grão e pecuária) no país?
Sem dúvida. Ainda temos áreas
que podem ser liberadas para a
agricultura, como as pastagens
degradadas, e o uso da tecnologia
proporcionará grandes saltos em
produtividade, além dos que já
tivemos. No início da década de 60,
concentrada no Brasil e Estados Uni-
dos e nenhum outro país arriscará
ficar dependente do fornecimento
brasileiro ou norte-americano. Veja
que as exportações em larga escala
para o Japão, que há anos negocia
com o Brasil, ainda não se concretiza-
ram. E, fora isso, há outros pontos a
ser solucionados, como as barreiras
impostas ao etanol e também à ins-
tabilidade da produção brasileira.
Uma vez commodity, haverá im-
pactos no mercado brasileiro sob
o ponto de vista da produção?
Para o etanol se tornar commodity
é preciso organizar a produção para
evitar as bruscas oscilações de pre-
ços na safra e entressafra. Esse é um
problema que ainda não consegui-
mos superar e que gera insegurança
no mercado externo. No ano passa-
do, em plena safra, encontrava-se
o litro do etanol a R$ 1,00 ou até
menos, enquanto em janeiro, na en-
tressafra, em determinadas regiões
de São Paulo beirava os R$ 2,00. E
se tivéssemos de exportar mais não
teríamos condições porque a oferta
estava ajustada à demanda interna.
É preciso resolver isso de forma
efetiva. O setor precisa ter seguran-
ça para produzir mais, o que passa
pela necessidade da definição de
um marco regulatório.
Acompanhando a tendência de
formação de grandes grupos de
usinas, como os menores devem
agir para sobreviver e, mais do que
isso, se manter atuantes e rentá-
veis? Sempre digo que em qualquer
O SEtOr prEciSa
tEr SEgurança
para prOduzir maiS
E iSSO paSSa pEla
nEcESSidadE da
dEfiniçãO dE um
marcO rEgulatóriO
““
eram precisos 3,5 hectares para
alimentar um habitante e hoje é ne-
cessário apenas 1 hectare/habitante.
Falando da ligação com o mercado
externo, o senhor acredita que o
etanol se tornará commodity? É
possível estimar em quanto tempo
pode ocorrer? Com certeza. Mas é
difícil estimar em quanto tempo isso
ocorrerá porque depende de uma
série de fatores e esse processo é
mais lento do que desejamos. A pro-
dução mundial de etanol continua
7
cadeia de produção a concentração
é um caminho sem volta. As cerca de
420 indústrias são controladas por
200 grupos econômicos. A tendência
é de concentração, com participação
importante de grupos estrangeiros,
já que o setor sucroenergético brasi-
leiro se mostra um grande negócio.
Em 2007, segundo dados da Unica, o
capital estrangeiro controlava 7% do
setor no Brasil e hoje esse percentu-
al chega a 22%. Mesmo assim, creio
que há espaço para que as pequenas
e médias empresas se consolidem,
buscando parcerias estratégicas.
O setor sucroalcooleiro também
contribui e contribuirá ainda mais
para a produção de energia limpa
(eletricidade). Como o senhor ana-
lisa essa questão neste momento?
Sim, já contribui e o potencial é bem
interessante. Segundo dados do
setor, em 2008 a biomassa como um
todo, incorporando bagaço de cana
e palha, representava menos de 5%
da matriz energética. O potencial
de absorção do mercado em 2002
era estimado em 12%. Ou seja, há
potencial muito importante por
parte do setor sucroenergético no
fornecimento na geração de bioele-
tricidade. O que é necessário ocorrer
é a revisão nas regras dos leilões de
energia para estimular a participa-
ção de maior número de projetos de
cogeração a partir da cana.
E em relação ao desempenho dos
segmentos de açúcar, etanol e
energia (eletricidade) em 2010?
O que esperar? Pelas estimativas
já divulgadas para a região Centro-
Sul – responsável por 85% da
produção do setor –, deverá haver
incremento de 10% no volume de
cana processada, chegando a 595,8
milhões de toneladas. A produção
de açúcar crescerá 19%, totalizando
34 milhões de toneladas, enquanto
a de etanol subirá 15%, para 27,3
bilhões de litros. Essas projeções
indicam que os embarques de açúcar
poderão chegar a 24,3 milhões de
toneladas, enquanto os de etanol
tendem a ser menores, em torno de
1,8 bilhão de litros. A safra passada
foi atípica por conta do alto volu-
me de chuva e sobrou cana em pé.
No entanto, o que se estima é um
pequeno aumento de produtividade
e a entrada em funcionamento de
novas indústrias, o que manterá a
produção em ascensão.
Fazendo análise de médio pra-
zo, como o senhor enxerga os
canaviais brasileiros em 2020 em
termos de produtividade e tecno-
logia? Nesse espaço de dez anos
espera-se que a transgenia seja uma
realidade para os canaviais brasi-
leiros e, certamente, os institutos
de pesquisas terão colocado no
mercado variedades cada vez mais
eficientes. Em relação a isso, os
nossos institutos estão entre os
melhores do mundo e só chegamos
neste patamar pela contribuição
desses órgãos e seus pesquisadores.
A indústria certamente continuará
ganhando eficiência e até lá o etanol
celulósico, já viabilizado economi-
camente, representará um salto na
produção do setor. Enfim, o futuro
nos parece bem promissor.
MUNDO CaNa
“Há espaço para que as pequenas e médias empresas se consolidem,
buscando parcerias estratégicas”
DIV
ULG
Aç
ãO
MUNDO CaNa
Com moagem estimada em 21,5
milhões de toneladas na safra
2010/11, a Guarani ocupa a tercei-
ra posição do ranking brasileiro do setor
sucroenergético e tem planos de cresci-
mento. Para atingir esse objetivo, investe
em inovações, tendo como base a área de
Desenvolvimento de Tecnologia Agrícola.
“Este departamento busca melhorias con-
tínuas na companhia, principalmente com
a implantação de novas tecnologias na la-
voura e padronização das melhores práti-
8
Safra 2008/2009:996 mil t de açúcar, 482 mil m3 de etanol e 117,8 MWh de energia, informa leonardo Cintra
invEStindO Em pESquiSa E inOvaçãO, a
guarani alia prOdutividadE a baixO cuS-
tO dE prOduçãO para ganhar mErcadO
>
Na vanguardada tecnologia
cas agrícolas de cada unidade”, comenta o
gerente agrícola da unidade de Tanabi (SP),
Leonardo Cintra.
Com sete usinas em São Paulo e uma em
Moçambique, na África, a Guarani produz
cerca de 30% da matéria-prima que esmaga,
sendo 70% por meio de colheita mecaniza-
da. Na última safra o grupo gerou 996 mil
toneladas de açúcar, 482 mil m³ de etanol e
117,8 megawatt hora (MWh) de energia.
Investindo no aperfeiçoamento do processo
produtivo, a área de Desenvolvimento de
IVAN AzEVEDO
Tecnologia Agrícola foca diversas pesqui-
sas, como testes de novos produtos e equi-
pamentos, avaliação e validação de novas
variedades, produção de métodos de con-
trole biológico de pragas e planejamento
da sistematização de solo, entre outros.
Dentre as tecnologias, a Guarani utiliza a
aplicação de calcário e gesso agrícola nas
áreas de plantio e soqueira em taxa variada
(ATV), seguindo as recomendações geradas
a partir dos resultados de amostras de solo
georreferenciadas. Além disso, desenvolve
um equipamento para aplicação de nitro-
gênio, fósforo e potássio em taxa variada,
buscando formular o insumo no campo por
meio dos resultados de análise de solo e
imagens de satélite.
Outro ponto relevante é o desenvolvimen-
to interno do controle biológico de pragas,
que atualmente trabalha para combater
dois importantes problemas da lavoura: a
broca da cana e a cigarrinha da raiz. A re-
produção da vespinha Cotesia flavipes, para
controlar a broca, e do fungo Metarhizium
anisopliae, contra a cigarrinha da raiz, são
fundamentais para alavancar a produtivi-
dade agrícola e me-
lhorar a qualidade
da matéria-prima.
Nesse momento, uma
das frentes de tra-
balho de inovação
da Guarani é a uti-
lização de imagens
de satélites para
identificar possíveis
anomalias vegetati-
vas nos canaviais. O
Sistema de Informação Georreferenciada
(SIG) registra imagens amplas da lavou-
ra, possibilitando analisar pontos isolados
(manchas) que não apresentam o mesmo
IVAN AzEVEDO
9
desenvolvimento ve-
getativo dos demais,
viabilizando a corre-
ção antecipada após
a identificação do
agente causal (pra-
gas, doenças, pedo-
logia etc). “Estamos
em fases de validação desta ferramenta,
mas a pretensão é expandir, visando a ver-
ticalização da produção”, ressalta o gerente
Leonardo Cintra.
Além disso, a Guarani utiliza sistemas especí-
ficos de planejamento
de colheita e trans-
porte de cana-de-
açúcar, auxiliando a
definição das melho-
res áreas para o corte,
maximizando a pro-
dutividade das má-
quinas, assim como a
qualidade da matéria-
prima. Toda tecnolo-
gia desenvolvida pela
empresa é repassada aos fornecedores em
reuniões técnicas e publicações específicas,
buscando maior rendimento e qualidade em
todas as áreas de atuação.
MUNDO CaNa
Novas tecnologias ajudam a Guarani a aumentar produção
atualmEntE
trabalhamOS para
cOmbatEr aS duaS pragaS
dE maiOr prEjuízO aOS
canaviaiS: a brOca da cana
E a cigarrinha
da raiz
“ “
Pradópolis é um pequeno município
do interior de São Paulo, com ape-
nas 16 mil habitantes. Pequeno em
tamanho, grande em importância para a
economia rural. Lá está a Usina São Marti-
nho, do grupo do mesmo nome. Trata-se da
maior do mundo em quantidade processada
de cana-de-açúcar e parada obrigatória de
líderes empresariais e políticos de várias par-
tes do planeta que vêm ao Brasil conhecer o
setor sucroalcooleiro.
Na última safra, a São Martinho moeu 8,172
milhões de toneladas de cana-de-açúcar; nes-
ta, pretende utilizar 8,5 milhões de t, o que
deverá gerar 600 mil t de açúcar tipo exporta-
ção e 325 milhões de litros de etanol.
“São números que simbolizam os re-
sultados dos investimentos em pes-
soas, que realizamos periodicamente por
meio de constante treinamento, rigidez na
qualificação e foco em produção e eficiên-
cia”, comenta o diretor agroindustrial da
unidade, Mário Gandini.
No total, são 4 mil colaboradores empenhados
não apenas em manter a alta produtividade
mas em buscar sempre mais. “Levamos muito
a sério o aperfeiçoamento técnico dos cola-
boradores. Entendemos que o conhecimento
multiplica os resultados e não medimos esfor-
ços para ter equipes realmente empenhadas
em fazer o melhor”, ressalta Gandini.
O treinamento não fica apenas no campo da
eficiência. A São Martinho também oferece
palestras sobre educação empresarial aos
funcionários. “Aqui na unidade trabalhamos
sempre com o ‘muito obrigado’, ‘por favor’ e
MUNDO CaNa
A maior do mundo aposta nas pessoas
4 mil cOlabOradOrES mOtivadOS mOvi-
mEntam a SãO martinhO, maiOr uSina dE
mOagEm dE cana dO planEta
10
Mário Gandini:o sucesso está em pessoas comprometidas
>
11
‘com licença’, tornando o clima bem agradá-
vel e educado entre os colaboradores. Todos
são tratados da mesma maneira, indepen-
dente do cargo ou tempo de casa, e faze-
mos questão de investir nesta área porque
acreditamos que o ambiente de trabalho
está diretamente relacionado ao rendimen-
to pessoal”, enfatiza o diretor.
O aperfeiçoamento é, assim, base de atua-
ção da empresa. Os colaboradores são in-
centivados a progredir e, para isso, podem
receber bolsas de estudo de níveis técnico,
graduação e pós-graduação. Com essas e
outras iniciativas, a organização tem funcio-
nários motivados, atualizados, versáteis e,
especialmente, comprometidos.
Toda essa preocupação com os funcionários
é essencial para a usina ser gerenciada com
sucesso. “Moer 45 mil t por dia, buscando
cana em raio médio de 27 quilômetros, traz
muitos desafios. Como a logística envolve di-
versos detalhes, o tamanho da operação faz
essas surpresas se multiplicarem no dia a dia
e o desafio é lidar da melhor forma possível
com cada obstáculo”, explica Mário Gandini.
Uma dessas adversidades é o transporte da
produção, especialmente por via marítima.
Para ganhar agilidade e reduzir os custos,
a São Martinho utiliza um ramal ferroviário
na própria unidade, que escoa etanol e açú-
car até o Porto de Santos.
“As 600 mil t de açúcar que produziremos
nesta safra são colocados diretamente
nos vagões da nossa unidade. É uma lo-
gística tremenda, que utiliza o trabalho
direto de centenas de pessoas. Ao com-
pararmos com o transporte rodoviário,
atingimos redução de custos de 20%.
É um ganho e tanto”.
O cOnhEcimEntO
multiplica OS
rESultadOS E nãO
mEdimOS ESfOrçOS para
tEr EquipES
rEalmEntE EmpEnhadaS
Em fazEr O mElhOr
“
“
IVAN AzEVEDO
São Martinho esmaga 8,5 mi t por safra
MUNDO CaNa
o GrUpo são martinho Em númEros
A Usina São Martinho é a maior do grupo, mas não a única. Há duas ou-
tras unidades estrategicamente localizadas no interior do Estado de São
Paulo e em Goiás, além da Omtek, que produz derivados de levedura com
base em biotecnologia para alimentação humana e animal. São elas:
Usina São Martinho, em Pradópolis (SP)
Fundada em 1948 e hoje com 4 mil colaboradores, é uma das mais modernas
do país não apenas pelo porte, mas também pelos avançados processos pro-
dutivos nas áreas agrícola e industrial e uma logística privilegiada.
Usina Iracema, em Iracemápolis (SP)
Localizada em um dos primeiros pólos de desenvolvimento da indústria açu-
careira paulista no século passado, tem mais de 70 anos de experiência na
fabricação de etanol e açúcar e conta com 2 mil colaboradores.
Usina Boa Vista, em Quirinópolis (GO)
Inaugurada em 2008, é uma das mais modernas usinas do mundo. Sua ca-
pacidade inicial de processamento de cana é de 2,5 milhões de toneladas. A
unidade emprega 1,6 mil colaboradores.
cOm 24 anOS dE atuaçãO, viralcOOl prE-
SErva EStrutura familiar maS EvOlui
cOm cOmpEtência E divErSificaçãO
12
De um simples alambique a um dos
mais renomados grupos do setor
energético brasileiro. Esta é a
trajetória da Família Tonielo, que em 1966
iniciou na produção de aguardente inaugu-
rando a Destilaria Santa Inês, em Sertãozi-
nho, nas proximidades de Ribeirão Preto
(SP). Tudo começou pelo suor e visão de
Eduardo Tonielo, pai do atual comandante
da empresa, Antonio Tonielo.
Representante de uma geração de pionei-
ros e desbravadores, o patriarca Eduardo
MUNDO CaNa
Grupo Toniello unegerações para crescer
IVAN AzEVEDO
Antonio Toniello: estilo familiar preserva crescimento e solidez
percebeu a oportunidade de crescimento e
impulsionou os negócios. Antonio juntou-se
ao trabalho do pai e incorporou novos con-
ceitos. O resultado comprova que pai e fi-
lho souberam aproveitar as oportunidades.
Uma terceira geração já se une ao desafio de
continuar em expansão.
O ano de 1984 é importante para analisar a
trajetória dos Tonielo, pois marca o início da
construção da Usina Viralcool Unidade I, em
Pitangueiras, também na região de Ribeirão
Preto. Com este empreendimento, nascia
oficialmente o Grupo Toniello. Esta mesma
unidade foi responsável pela fabricação de
levedura desidratada e açúcar cristal em
1998, incrementando a gama de produtos e
visando o mercado externo.
Em 2006, foi dado novo importante passo
para o fortalecimento do grupo, com a cons-
trução de uma unidade em Castilho (SP),
próximo à divisa com o Mato Grosso do Sul.
“Com o desenvolvimento sólido que marca a
nossa história, identificamos a oportunidade
de investir em mais uma usina, ampliando a
13
produção. Assim nasceu a Viralcool Unidade
II”, comenta Antonio Tonielo.
O Grupo Toniello está estruturado e ti-
nha capacidade para moer na última safra
6 milhões de toneladas de cana e alcançar
a produção de 3 milhões de toneladas de
açúcar, 200 milhões de litros de etanol e 3
mil toneladas de levedura. Adicionalmente,
volta sua atenção para a produção de ener-
gia elétrica a partir da unidade de Castilho,
que conta com turbinas a vapor.
O sucesso desta empresa familiar, a partir do
trabalho iniciado por Eduardo Tonielo, é fruto
do zelo daqueles que trabalham com apego
ao negócio. “Damos muito valor à empresa e
à história que ela carrega. Por isso, avaliamos
os riscos e analisamos os gastos e os inves-
timentos com muita atenção. Sem dúvida,
este é um dos nossos pontos fortes”, ressalta
Antonio Eduardo Tonielo Filho, representan-
te da terceira geração nos negócios.
MUNDO CaNa
damOS muitO valOr à
EmprESa E à hiStória quE
Ela carrEga. pOr iSSO,
avaliamOS OS riScOS E
analiSamOS OS gaStOS E OS
invEStimEntOS cOm muita
atEnçãO. SEm dúvida,
EStE é um dOS nOSSOS
pOntOS fOrtES
“
“
IVAN AzEVEDO
Moagem aumenta safra a safra
De olHo Nos iNDicaDores De ProDução
Vindo diretamente da Itália para o
interior de São Paulo, mais precisa-
mente para Ariranha, a 380 quilô-
metros da capital
paulista, o avô
dos irmãos Fábio
e Victor Campa-
nelli, Ectore Pas-
coal Campanelli,
começou pelo
café o contato
com a produção
agrícola. Com o
passar dos anos,
novas terras fo-
ram incorporadas, mas a deprecia-
ção do preço do café culminou com
a substituição da cultura por laranja.
No topo,entre os maiores
MUNDO CaNa
Novos investimentos em áreas e o
tempo passando. E mais uma vez a
família sentiu a necessidade de mu-
dar a lavoura, iniciando o plantio da
cana-de-açúcar a partir de 2001.
Foram 455 hectares de cana no pri-
meiro ano, e a cada safra a área foi
se multiplicando,
chegando aos 8
mil hectares.
Atualmente, 98%
da colheita são
m e c a n i z a d o s .
“A eficiência au-
menta à medida
que utilizamos a
colheitadeira”,
informa Victor
Campanelli.
A idade média da lavoura dos Cam-
panelli é, hoje, de 3,8 anos, com
produtividade média de 110 t/ha.
14
Conheça a história de quatro produtores de destaque que apontam tecnologia e mecanização como primordiais para o sucesso.
IRMãOS
CAMPANELLI APRO-
VEITAM AS MODER-
NAS TECNOLOGIAS
PARA BUSCAR MAIS
EFICIêNCIA NA
PRODUçãO
“
“
IVAN AzEVEDO
Quatro fornecedores localizados
nos arredores de Ribeirão Preto (SP)
expõem as práticas utilizadas nos
canaviais para atingir índices de pro-
dutividade de até 115 toneladas por
hectare, sendo que ainda esperam
melhores resultados com a reforma
de áreas degradadas. São experiên-
cias pessoais importantes das diver-
sas mudanças no trato da lavoura du-
rante os últimos 30 anos e de quem
apostou na cana-de-açúcar e venceu.
Victor e Fábio Campanelli
“Mas deveremos avançar nos próxi-
mos anos devido à reforma de uma
área degradada”, ressalta Victor.
No canavial da família, há lavouras
de 10º corte que proporcionam 95 t
de cana por hectare.
Victor e Fábio são pioneiros na utili-
zação de equipamentos com GPS na
lavoura. Sempre olhando com muito
interesse para as novas tecnologias
disponíveis, eles fazem sistemati-
zação do solo.
“Estamos melhorando nossa produ-
tividade visando ampliar a colheita,
porque não há mais terras disponí-
veis para expansão. Confiamos na
melhoria dos indicadores nos próxi-
mos anos a partir do uso contínuo de
técnicas modernas”, afirma Fábio.
“Os agricultores precisam estar
sintonizados com os avanços. Não
podemos mais ficar sem novidades
nem por uma safra, sob o risco de
perda de competitividade. Nossa
decisão, tomada desde o início do
investimento em cana-de-açúcar, é
estar entre os projetos inovadores.
Os resultados aparecem”, comple-
menta Victor.
MUNDO CaNa
De olHo NofuturoCom visão de futuro aliada à cora-
gem, o agricultor Daniel Aníbal, de
Cravinhos (SP), mudou o rumo da
sua história há nove anos, quando
poucas usinas investiam na mecani-
zação da colheita. O antigo cortador
de cana percebeu que um dia as má-
quinas prevaleceriam nos canaviais
e resolveu sair na frente, apostando
na redução de custos operacionais.
“Na época, procurei transbordo
usado em algumas usinas da região
para reformá-los e levantei crédito
para as colheitadeiras. Com juros
baixos do banco e da cooperativa,
tive a oportunidade de adquirir o
equipamento necessário sem pre-
cisar diminuir os tratos culturais”,
lembra o produtor.
Com a utilização do maquinário,
Daniel incrementou a produtivi-
dade e ampliou a área de plantio,
com a compra ou o arrendamento
de terras vizinhas. “Comecei com
uma unidade relativamente peque-
na e hoje são 14 propriedades, que
somadas chegam a 2.040 hectares.
Tomei a decisão certa. Atualmente,
fazer investimento em colheitadei-
ra é um passo arriscado devido aos
altos custos e aos elevados juros.
Ainda bem que comecei quando
poucos acreditavam”, comenta o
agricultor de Cravinhos.
Daniel Aníbal utiliza diversas tecno-
logias na lavoura para intensificar a
produtividade, já que não há muitas
áreas para ampliação na sua região
ou os preços inviabilizam. “A intenção
é crescer organicamente, buscando
usar o máximo de tecnologia para
15
DANIEL ANíBAL
INVESTIU ANTES
QUE MUITOS NA
MECANIzAçãO DA
LAVOURA E
COMEMORA OS
RESULTADOS
“
“
Um dos segredos de Daniel Aníbal: investir e ter convicção no sucesso
MUNDO CaNa
incrementar a produção, corrigindo
o solo e fornecendo o que há de me-
lhor para a planta. Os resultados apa-
recem na hora da colheita”, afirma.
Se hoje pode falar, com orgulho,
da boa produtividade proporcio-
nada pela colheita mecanizada,
no passado Daniel Aníbal pegava o
facão e cortava cana, assim como
a própria mãe, também cortadora.
“Digo com orgulho que de cana eu
entendo, até porque nasci (e isso
não é figura de retórica: ele nasceu
mesmo no canavial) e cresci em um
canavial. Fico muito satisfeito ao
ver que todo o esforço de uma vida
gera frutos”, diz.
iNceNtivo Para o sucessoEm 1975, Valderes Consoli era ven-
dedor de arroz em Pitangueiras
(SP); em 2010, ele é um dos fornece-
dores de usinas no principal pólo ca-
navieiro do País, a região de Ribei-
rão Preto, no interior de São Paulo.
“Na época em que o governo fede-
ral iniciou a campanha de incentivo
ao álcool, resolvi apostar no futuro.
Tudo o que conquistei em minha
vida devo à cana”.
Apesar das diversas alterações no
setor sucroalcooleiro nos últimos 35
anos, Valderes considera as inova-
ções tecnológicas os maiores mar-
cos para os produtores. “Lembro da
época em que dependíamos de mui-
Ex-COMErCiANTE
ENTROU NA AGRI-
CULTURA NA ÉPOCA
DO PROÁLCOOL E
NãO SE ARREPENDE
DA DECISãO
“
“
16
IVAN AzEVEDO
Atenção às necessidades da planta também é fundamental, recomenda Consoli
maquinário para iniciar a produção”,
lembra, com orgulho, Antônio Ge-
raldo Aníbal, produtor com 50 anos
de experiência em cana-de-açúcar.
E o negócio deu certo. A família pas-
sou a colher frutos nas safras seguin-
tes e a aumentar a área plantada a
cada ano. Atual-
mente, Antônio
tem dez proprie-
dades e arrenda
outras tantas na
região de Ribei-
rão Preto.
Além do trabalho
árduo e do espíri-
to empreendedor,
outro fator fun-
damental foi a aposta na tecnologia.
“Poderíamos iniciar a produção fi-
nanciando apenas a terra, mas deci-
dimos contar com o maquinário mais
moderno da época, porque quería-
mos introduzir tecnologia, visando
produtividade”, comenta o produtor.
Assim, com o passar dos anos novas
técnicas e insumos foram incorpora-
dos à lavoura. Para Antônio, este é
mais um dos fatores que proporcio-
nam, ainda hoje, o crescimento con-
tínuo da safra. “Nas últimas décadas
tivemos inovações importantes e
a tecnologia deve ser empregada
cada vez mais,
principalmente
no momento em
que não se encon-
tram novas terras
para expandir o
canavial”.
Com os bons
resultados dos
últimos anos,
Antônio Aníbal
pretende investir em novas máqui-
nas, tornando a colheita mecanizada
mais independente, já que as usinas
têm diversos fornecedores para aten-
der e nem sempre conseguem colher
no melhor momento possível. Hoje,
30% dos 2.500 hectares de cana já
são colhidos mecanicamente.
17
MUNDO CaNa
NOSSO OBJETIVO,
DESDE O INíCIO,
FOI APOSTAR NA
TECNIFICAçãO.
ESTÁVAMOS CERTOS
“
“Novas áreas estão valorizadas:
saída é a eficiência, diz Aníbal
IVAN AzEVEDO
ta mão-de-obra no trato da lavoura
e os índices de produtividade eram
baixos. Com o passar dos anos, o
advento da mecanização e outras
técnicas possibilitaram aumento da
eficiência ao mesmo tempo em que
os custos operacionais caminharam
em sentido contrário. Hoje, pratica-
mente só a máquina trabalha na co-
lheita”, ressalta.
Para ele, os detalhes no trato da
lavoura no dia a dia fazem dife-
rença na hora do corte da cana.
Os números da sua lavoura funda-
mentam essa afirmação e mostram
incremento de produtividade de
expressivos 40% em cinco anos.
“Corrigir o solo, aplicar o herbici-
da correto e estar de olho no que
aparece de novidade são funda-
mentais para o bom resultado. Isso
eu falo e comprovo com as mudan-
ças de trato em minhas terras”,
comenta Valderes Consoli.
Da NecessiDaDe ao sucesso
Após longos anos cortando cana nas
lavouras da região de Ribeirão Preto
(SP), a família Aníbal decidiu inves-
tir em um canavial próprio e, assim,
proporcionar melhores condições
de vida. Essa iniciativa ocorreu na
década de 1960, época de juros bai-
xos e condições favoráveis de inves-
timento. Com isso, veio o sucesso do
planejamento. “Só pude estudar até
a quarta série, porque precisei aju-
dar meus pais na roça. Com o desejo
de sair daquela situação, pegamos
financiamento do governo a juros
de 2,5% ao ano e compramos terra e
Decisãointeligente
SiStEmatizaçãO dO SOlO pOdE Otimizar aS
máquinaS E aumEntar a prOdutividadE
dO canavial, cOm rEduçãO dE cuStOS
MUNDO CaNa
18
Com a colheita mecanizada se con-
solidando nas lavouras brasileiras,
a sistematização de solo torna-se
iniciativa essencial para otimização das má-
quinas e garantia da alta produtividade, con-
tribuindo ainda com a longevidade dos cana-
viais e a redução dos custos da colheita.
A sistematização baseia-se no prolongamen-
to das linhas de cana, os chamados tiros, dei-
xando a máquina colhendo o maior tempo
possível, sem desperdício de manobras, que
não devem exceder o tempo médio de um
minuto. “É necessário estudar a área para
diminuir a quantidade de tiros, buscando
reduzir os custos operacionais da colheita”,
recomenda o consultor Antonio Luiz Gazon.
Acompanhem um exemplo: supondo um
hectare de 50 metros de largura por 200
de comprimento, com plantação de 133 li-
nhas de cana e espaçamento de 1,5 metro,
são necessárias 133 manobras para colher a
totalidade da área. Como a média das ma-
Antonio Gazon: organizar a
colheita e obter produtividade
>
IVAN AzEVEDO
Decisãointeligente
nobras gira em torno de um minuto, serão
gastas 2 horas e 13 minutos. Já no caso da
disposição da planta inversa, com 33 linhas
em paralelo aos 200 metros, são realizadas
apenas 33 manobras, com uso de 33 mi-
nutos da colheitadeira. Ou seja: economia
de uma hora e 40 minutos em relação à
primeira situação.
“Esse tipo de vantagem pode significar
uma colheitadeira a menos na lavoura”,
comenta Gazon. E uma máquina signifi-
O mundO EStá cada
vEz maiS intErESSadO
nO cOmbuStívEl limpO
E, para iSSO,
prEciSamOS invEStir nO
aumEntO da OfErta
“
“
MUNDO CaNa
ca investimento na casa de um milhão de
reais, além do transbordo e do custo de
uma equipe especializada.
“Há máquinas com potencial de colheita de
até 1.000 toneladas por dia. Muitos agri-
cultores podem não acreditar, porque têm
lavoura mal distribuída e colhem 400 tone-
ladas por dia devido ao excesso de mano-
bras”, exemplifica Gazon.
A sistematização do solo também pro-
porciona incremento de produtividade da
lavoura com a retirada das curvas de ní-
vel (também conhecidas como terraços),
mesmo em áreas de declive, desde que se
cubra o solo com palha, evitando exposição
à chuva e ao sol. “A retirada dos terraços
requer a mesma atenção devida às águas
das propriedades vizinhas: se não se cuidar
desviando essas águas, elas arrastarão a
palhada e o solo”, comenta o consultor.
Ao realizar a renovação da lavoura, Anto-
nio Luiz Gazon também indica a escolha de
uma leguminosa para proteger o solo en-
quanto não chega a época de plantação da
cana-de-açúcar.
Sistematização bem feita pode representar uma colheitadeira a menos
19
IVAN AzEVEDO
Mais uma fronteira na energia renovável
Até recentemente, as usinas des-
cartavam o excedente do bagaço
da cana-de-açúcar porque não
tinham o que fazer com ele. Mas isso está
mudando rapidamente. Nos próximos anos
esses resíduos poderão ser responsáveis
por salto de ao menos 50% na produção de
combustível. Composto por 65% de celulo-
se e hemicelulose, o bagaço, junto com a
palha, pode ser transformado em etanol de
segunda geração.
Atualmente, a tonelada de cana gera cerca
de 90 litros do combustível. Ao se consi-
derar o uso do bagaço, a quantidade final
somaria 135 litros, segundo estimativas do
Laboratório Nacional de Ciência e Tecnolo-
gia do Bioetanol (CTBE), órgão do Ministé-
rio da Ciência e Tecnologia (MCT), que atua
como centro de pesquisas, desenvolvimen-
to e inovação na área de bioetanol de cana
no Brasil. “Os cálculos de produção são ba-
seados em processos laboratoriais. Portan-
to, a indústria pode atingir resultados ex-
pressivos com o bagaço”, comenta Carlos
Eduardo Vaz Rossell, diretor do Programa
Industrial do CTBE.
Os pontos positivos para a produção de
combustível com o bagaço são diversos.
MUNDO CaNa
prOduçãO dE cOmbuStívEl ‘vErdE’ pOdE
aumEntar Em 50% cOm nOva tEcnOlOgia Em
dESEnvOlvimEntO, afirma pESquiSadOr
20
IVAN AzEVEDO
Etanol celulósico: novidade pode revolucionar setor energético, confia Rossell
as enzimas utilizadas oneram a produção,
impossibilitando a implantação em sistema
industrial. O CTBE é um dos centros que
trabalham para descobrir uma enzima eco-
nomicamente viável.
“As pesquisas desenvolvidas em diversos
países, tendo os Estados Unidos como
maior investidor mundial, objetivam iden-
tificar uma enzima capaz de tornar a hidró-
lise rápida e barata. Isso pode acontecer a
qualquer momento. Por isso, não há como
estipular um prazo para o etanol celulósico
se tornar viável para a indústria, mas não
há dúvida de que poderá se tornar realida-
de e ajudar a potencializar ainda mais os
benefícios da cana-de-açúcar”, completa
Carlos Rossell.
Além do consequente aumento de renda
para as usinas, o etanol de segunda gera-
ção ganha apelo maior em relação à susten-
tabilidade, ajudando a derrubar a pressão
internacional, que aponta indevidamente
a cana-de-açúcar como concorrente da
produção de alimentos e também por des-
matamento de florestas. Além disso, há ga-
nhos na exportação a partir do excedente
produzido, já que atualmente consumimos
mais de 80% do etanol disponível.
Para tornar o processamento do bagaço
comercialmente viável, alguns gargalos
precisam ser eliminados na produção.
Para começar, o bagaço deve ser desestru-
turado, ou seja, submetido a um processo
para separar a lignina da celulose.
Livre, a celulose é hidrolisada com enzimas
específicas convertendo-se em glicose (essa
etapa poderia ser realizada com ácidos, mas
estudos recentes mostram que com enzi-
mas o resultado é mais produtivo).
A partir dessa etapa, o processo é seme-
lhante ao realizado com a garapa: a glico-
se é fermentada, obtendo-se o etanol, que
é destilado.
O grande gargalo está na hidrólise, já que
nãO há dúvida quE O
EtanOl cElulóSicO
pOdErá SE tOrnar
rEalidadE E ajudar a
pOtEncializar ainda
maiS OS bEnEfíciOS da
cana-de-açúcar
“
“
21
Tecnologias incorporam ganhos indiscutíveis ao
setor sucroalcooleiro
IVAN AzEVEDO
MUNDO CaNa
Tecnologia a favorda produtividade
dEmanda crEScEntE ExigE maiOr rEndi-
mEntO da prOduçãO, quE pOdE SEr ObtidO
cOm O uSO dE biOEStimulantES na cultura
A união da consistente demanda
mundial por etanol e açúcar no
momento à tendência de alta para
os próximos anos faz com que o setor su-
croalcooleiro se depare com o desafio da
produtividade, exigindo a implantação das
mais modernas tecnologias disponíveis para
obter ganhos de eficiência, especialmente
MUNDO CaNa
devido à necessária expansão da cultura em
áreas menos favoráveis ao plantio.
Apesar de a cana-de-açúcar ter capacidade
produtiva de até 300 toneladas por hectare,
segundo o pesquisador Silvio Tavares, da
Agência Paulista de Tecnologia dos Agrone-
gócios (APTA), a média nacional não ultra-
passa 90 t/ha, confirmando que melhorias
ainda podem e devem surgir no trato da la-
voura. Para Tavares, o desafio é fornecer as
condições mais próximas possíveis do ideal
para a planta. “O ambiente propício e a nu-
trição são dois pontos fundamentais para
a produtividade, e o bioestimulante é uma
das formas de oferecer as propriedades
básicas para o melhor desenvolvimento da
cultura”, comenta o especialista da APTA.
O bioestimulante é obtido ao se agrupar
dois ou mais biorreguladores, que são hor-
mônios vegetais naturais. Dois hormônios
sintéticos constantemente utilizados na
lavoura, a Auxina e a Citocinina, responsá-
veis por estimular o crescimento da planta
– aplicados prioritariamente no sistema ra-
dicular –, são fundamentais principalmente
em solos arenosos, nos quais a profundida-
de da raiz tem grande influência no resulta-
do final da produção.
>
IVAN AzEVEDO
Silvio Tavares verifica no campo os bons resultados gerados em laboratórios
22
Outros hormônios utilizados no canavial
são o Etileno, capaz de maturar a planta,
e a Giberilina que, em conjunto com a Au-
xina e a Citocinina, é utilizada para o cres-
cimento da planta. A ausência desses bio-
reguladores diminui a produtividade, mas
o excesso também é
proporcionalmente
maléfico. Por exem-
plo: quanto maior for
a superdosagem me-
nor é a produtivida-
de. “Está aí o maior
obstáculo: identificar
a quantidade ideal
de cada substância
para os diferentes
ambientes e varie-
dades. Adicionamos
os hormônios visan-
do crescimento de
raízes e pontas, mas quanto mais ultrapas-
samos o nível ideal mais desfavorável será
o resultado”, explica Tavares.
Nesse sentido, a unidade da APTA, de Pi-
racicaba (SP), realizou diversos testes para
estipular a quantidade adequada de aplica-
ção de bioestimulantes na lavoura de cana.
Porém, os resultados daquela área não po-
dem ser referência para outras regiões,
devido às diferenças de solo, clima e varie-
dades cultivadas. Atualmente, a APTA de
Andradina (SP) tam-
bém realiza experi-
mentos para levar a
informação ao pro-
dutor, já que existe
o interesse dos agri-
cultores na utilização
de bioestimulante.
Para Silvio Tavares, a
procura e a utilização
de bioestimulante
nos canaviais devem
crescer nos próximos
anos. “O mercado é
exigente e busca no-
vas tecnologias em prol da produtividade
e os bioestimulantes devem ser considera-
dos. Imagino que será um insumo muito útil
nos canaviais, contribuindo para dobrar a
produtividade da cana até 2020”.
MUNDO CaNa
ambiEntE prOpíciO
E nutriçãO SãO fun-
damEntaiS para a prO-
dutividadE, E O biOES-
timulantE é uma daS
fOrmaS dE OfErEcEr aS
prOpriEdadES báSicaS
para O mElhOr dESEn-
vOlvimEntO da cultura
“
“IVAN AzEVEDO
23
Experimento mostra diferença entre as canas tratadas
com e sem bioestimulantes
prOgrama açãO, da arySta, fOrnEcE in-
fOrmaçõES técnicaS para prOdutOrES
intEnSificarEm OS rESultadOS prOdutivOS
Arecorrente necessidade de novos
conhecimentos por parte de pro-
dutores e técnicos do setor sucro-
alcooleiro levou a Arysta Lifescience a idea-
lizar o Projeto Ação, cuja principal função é
suprir essa carência no dia a dia do campo
contribuindo para incrementar a produti-
vidade nacional a partir da utilização dos
recursos técnicos e das novas tecnologias
disponíveis. “Nossa proposta é chegar ao
agricultor e fazer a diferença no seu cotidia-
no, introduzindo novidades necessárias nos
processos para melhorar os tratos culturais,
visando melhor rendimento de colheita”,
explica Ricardo Dias, gerente de marketing
da Arysta Lifescience.
A primeira etapa do projeto envolve duas
cooperativas de São Paulo. Na sequência,
o Projeto Ação será levado às demais re-
giões produtoras de cana do Brasil. Os di-
versos serviços prestados pela empresa,
como o Aplique Bem (apoio itinerante aos
produtores rurais para a utilização correta
de defensivos agrícolas, evitando danos
ambientais e reduzindo custos sociais), for-
necerão suporte ao projeto. “A demanda
por informações não vem apenas de pro-
dutores, mas também do corpo técnico das
MUNDO CaNa
Disseminandoinformação ao campo
IVAN AzEVEDO
Arysta trabalha para colocar novas tecnologias no campo
24
cooperativas e da equipe de vendas. Por
isso, utilizaremos esse suporte dos progra-
mas consolidados e criaremos novos bra-
ços de comunicação entre as cooperativas
e a Arysta, facilitando a disseminação das
novidades tecnológicas”, comenta o geren-
te de vendas de cana, Cláudio Ramos.
O primeiro passo se baseia na identificação
das necessidades das próprias cooperativas
para, depois, elaborar o projeto personali-
zado conforme a demanda específica. “O
diferencial deste trabalho é que ele é versátil,
primEirO paSSO
é idEntificar aS
nEcESSidadES dOS prO-
dutOrES E, EntãO,
ElabOrar prOjEtOS
pErSOnalizadOS
““
conforme a necessidade do cliente. Não é
um pacote pronto no qual os parceiros de-
vem se encaixar”, aponta Ricardo Dias.
Entre os pontos mais importantes do Pro-
jeto Ação estão as informações privilegia-
das de novas tecnologias, palestras e dias
de campo, treinamento, informações de
mercado e de tratos culturais e até consul-
toria. Um dos braços fundamentais, além
do Aplique Bem, é o Projeto Kenkou, que
já treinou mais de nove mil agricultores
em todo o País e em 2010 recebeu o Prê-
mio Mérito Fitossanitário, da Associação
Nacional de Defesa Vegetal (Andef). “O
programa oferece todo o apoio possível ao
aprimoramento da cultura sucroalcooleira,
visando os grupos de produtores que lidam
diretamente com defensivos agrícolas. Por
meio de sete conceitos, introduzimos há-
bitos de segurança em relação à utilização
dos insumos. Com o projeto, a Arysta deve
integrar o conhecimento de ponta às ne-
cessidades do homem do campo, levando
inovações para o setor sucroalcooleiro”,
enfatiza Cláudio Ramos.
25
MUNDO CaNa
Manejo pós-colheita está entre os tópicos do programa da Arysta
IVAN AzEVEDO
A importância do estudo do com-
portamento dos herbicidas em
diferentes variedades de cana-de-
açúcar torna-se de fundamental
relevância para a tomada de deci-
são no posicionamento a campo
das doses dos produtos. Aliando-
se a outros parâmetros de análise,
como característica da brotação e
adaptabilidade de cada variedade
em épocas e ambientes distintos,
percentagem de matéria orgânica
e argila dos solos, características de
drenagem do solo, época da aplica-
ção (pluviometria), temperatura e
presença ou não de palha no solo,
está a questão da fotodegradação
do produto, independentemente
A importância da seletividadedos herbicidas
26
MUNDO CaNa
se a molécula herbicida aplicada se
posiciona intrínseca à palha, sob ou
sobre a palha, o que determinará a
dose segura a ser pulverizada para
alcançar o índice máximo no tripé
eficácia/residual/seletividade.
Antecipando-se às necessidades
futuras dos nossos clientes, a Arys-
ta LifeScience desenvolve projetos
inovadores no mercado direciona-
dos a desmistificar a questão da
seletividade em variedades de alta
expressão de cultivo atual e futuro
que estão ou poderão ser tratadas
com herbicida. Com isso, o depar-
tamento de desenvolvimento de
produtos e mercados trabalhou
profundamente para identificar
junto aos clientes as principais va-
riedades cultivadas atualmente e
com grande expressão regional,
como também variedades de alto
potencial de cultivo futuro, como
as do Centro de Tecnologia Cana-
vieira (CTC).
Identificados estes dados, a Arysta
implantou, em 2009, inúmeros pro-
jetos em seu Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento, em Pereiras (SP),
em parceria com uma usina próxi-
ma, além de projetos com usinas
das regiões tradicionais do Estado
de São Paulo, como Ribeirão Preto,
São José do Rio Preto e Leme, e em
outros estados, como Goiás, onde
as condições de clima são distintas
da região tradicional de cultivo do
Estado de São Paulo.
Utilizando doses crescentes de
herbicida, o objetivo foi aferir as
doses limites suportadas pelas va-
riedades, considerando todos os
parâmetros de análise citadas an-
teriormente para geração de dados
ajustados a um modelo prático de
análise. Estes dados de sensibili-
dade dos produtos por variedade
estudada são utilizados para supor-
tar as recomendações pontuais que
nosso time de consultores técnicos
comerciais aplica a campo nas prin-
cipais usinas produtoras e usuárias
da linha Arysta Cana.
Esta ação contínua de desenvolvi-
mento do Projeto Seletividade Arys-
ta LifeScience é o resultado da busca
em atender cada vez mais e melhor
as necessidades dos clientes, pro-
curando índices de produtividade
elevados, antecipando a demanda
referente ao comportamento em
novas variedades de cana. Por trás
disso, está o comprometimento em
levar segurança ao produtor em re-
lação à recomendação técnica seg-
mentada também por variedades.
Artigo por Caio Giusti *
*Caio Giusti, Especialista em Desenvolvimento, Produto e Mercado de Cana-de-Açúcar da Arysta LifeScience
>
cOnhEcimEntO técnicO é fundamEntal na
buSca dOS mElhOrES rESultadOS da cana
>