Revista do Meio Ambiente 51

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Dia da Árvore: AMBIENTE revista do meio Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental Acesse: www.portaldomeioambiente.org.br ano VII • setembro 2012 51 9772236101004 ISSN 2236-1014 municípios campeões de desmatamento no país Quando usar a natureza, que seja com responsabilidade A influência das ONGs no debate sobre o clima Congresso sentencia fim das florestas Os males causados por transgênicos e agrotóxicos

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Edição 51 da Revista do Meio Ambiente

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Dia da Árvore:

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Acesse: www.portaldomeioambiente.org.br

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Quando usar a natureza, que seja com responsabilidadeA infl uência das ONGs no debate sobre o clima

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nesta edição

capa22 Lista suja denuncia municípios campeões de desmatamento no país por G1

terceiro setor10 A infl uência das ONGs brasileiras no debate sobre o clima por Giovanni Santa Rosa

especial Rebia16 Quando for usar a natureza, que seja com responsabilidade

código fl orestal21 Congresso sentencia fi m das fl orestas por Lilian Milena

meio ambiente e saúde24 Estudo mostra os males causados por transgênicos e agrotóxicos

• Cidade sustentável• REDD, mercado de carbono e outras balelas• Jornalistas goianos debatem desenvolvimento em encontro• Economia no ar • Projeto da Rebia durante a Flim• Lei está aquém de demandas da logística reversa• Logística reversa• Macaé sem Fronteiras• Escola no Chile recebe o Selo Prima do Brasil• Quando a morte bate na porta do protocolo de Kyoto• Refl orestamento pelas Olimpíadas-2016• O direito de existir dos demais seres vivos• Não vote!• Agrotóxicos estão contaminando rios do Pantanal• Pegada de água subterrânea• Projeto Tamar envia carta de esclarecimento• Ciência é peça-chave para o desenvolvimento sustentável• A máfi a do lixo• As religiões diante das crises globais• Guia do Meio Ambiente

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Os artigos, ensaios, análises e reportagens assinadas expressam a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, o ponto de vista das organizações parceiras e da Rebia.

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Redação: Tv. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ - 24370-290 • Tel.: (21) 2610-2272

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Comercial:Representação em Brasília: Minas de Ideias Comunicação Integrada (Emília Rabello e Agatha Carnielli • Brasília (61) 3408-4361 / 9556-4242Rio de Janeiro: (21) 2558-3751 / 9114-7707 • [email protected]: agatha.cn •minasdeideias.com.br

Revista ‘Neutra em Carbono’

www.prima.org.br

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Cada eleição, especialmente as municipais, é mais uma boa oportunidade para os eleitores e cidadãos mudarem a sua cidade através do voto em alguém melhor, por que o voto nulo só acaba favorecendo aos atuais detentores do Poder, que mereciam ser mudados

editorial

sustentávelCidade

Um meio ambiente adequadamente bem cuidado é condição fundamental para a qua-lidade de vida que todos merecem. Entretan-to, entre nossos sonhos de viver numa cidade melhor, e efetivamente ver estes sonhos trans-formados em realidade, isso irá requerer muito mais que apenas aprender a votar melhor, mas também a fazer a nossa parte, por que a cida-de melhor que queremos não começa em nosso vizinho ou nos políticos, mas começa em nós. Quem espera que o mundo melhor comece no outro, ou está se iludindo, ou está agindo de má vontade para não querer colaborar.

A boa notícia é que a sociedade, de uma ma-neira geral, está cada vez mais consciente am-bientalmente. Talvez não saibamos ainda exa-tamente que caminhos percorrer, como nos de-sembaraçar das confusões em que nos metemos e dos problemas que criamos, mas seguramente sabemos os caminhos a evitar.

E, neste sentido, as questões ambientais ou da sustentabilidade não são privilégio ou domínio deste ou daquele partido, ou ONG, mas é uma responsabilidade comum, de todos, cada um de acordo com sua responsabilidade e capacidade.

Os problemas todos já conhecem. Podem ser mais ou menos, diferentes aqui ou ali, mas to-das as nossas cidades possuem carências de um estilo de vida baseada no consumismo, no cres-cimento sem planejamento, no descarte meio irresponsável de nossos resíduos, na pouca im-portância com que tratamos nosso voto, dele-gando um poder a representantes que irão agir em nosso nome, definir políticas, aplicar nosso dinheiro, e sequer lembramos o nome deles al-guns dias depois das eleições.

Entre os principais cuidados para se ter e se pensar uma cidade sustentável está o de rom-per com a atual tendência da compartimenta-lização dos assuntos ambientais e da sustenta-bilidade em estruturas esquálidas, sem recursos, sem importância política, que geralmente são as

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últimas a saberem dos assuntos na Administração. É preciso ecologizar e mu-nicipalizar a gestão ambiental. Preservar o meio ambiente não pode – nem deve – ser tarefa de uma secretaria ou órgão específico, mas de todos, muito menos ser tarefa apenas do poder público, mas também das empresas, ONGs, sociedade em geral. Os caminhos para essa ‘ecologização’ na administração podem ser vários, depende mesmo é da decisão política dos dirigentes e fun-damentalmente de indicadores de resultados democráticos e realistas e de um sistema horizontal de comunicação em que todos possam ter amplo acesso às informações de interesse público. Uma sugestão pode ser utilizar a própria es-trutura ambiental existente para ampliar a discussão, promover a capacitação necessária, estimular e monitorar a evolução de uma forma de administrar, compartimentalizada, para outra, ecologizada.

O atual Conselho Municipal de Meio Ambiente poderia ser fortalecido e va-lorizado e se tornar a ponta de lança para o debate em torno desta mudança, definir os indicadores e as metas, definir as formas de avaliação de resultados, definir os mecanismos de transparência e comunicação, onde os diversos seto-res da sociedade, os diversos órgãos dos poderes executivo, legislativo, judiciá-rio poderiam definir que ‘ecologização’ é possível.

A iniciativa privada e as ONGs também devem participar, por exemplo, atra-vés de seminários e audiências públicas em cada bairro ou comunidade. Ou-tra tarefa fundamental é a capacitação e treinamento dos funcionários muni-cipais para ecologizarem a administração – uma parceria que poderia nascer com as universidades sediadas na cidade –, afinal, a mudança não resulta do acaso e não se pode pressupor que todos dominam este assunto. Esta capaci-tação já deveria levar em conta a tendência do governo Federal e Estadual de repassar cada vez mais responsabilidades aos municípios, por exemplo, com o licenciamento e fiscalização ambiental.

Neste contexto, estabelecer uma política ecológica de compras na Adminis-tração optando por materiais menos agressivos ao meio ambiente, que sejam mais duráveis, de melhor qualidade, recicláveis ou que possam ser reutilizáveis e incluiremos, entre as exigências básicas para contratação de prestadores de serviços e fornecedores, que comprovem a adoção de práticas ambientais de gestão, indicadores de ecoeficiência e de treinamento ambiental de seus fun-cionários e demonstrem a eficácia dos resultados de projetos de responsabili-dade sócio-ambiental corporativas. * Vilmar é escritor e jornalista, fundou a Rebia - Rede Brasileira de Informação Ambiental (rebia.org.br), e edita deste janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente), e o Portal do Meio Ambiente (portaldomeioambiente.org.br). Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas

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política ambiental

e outras balelas

Para quem acredita em

ONGs que pedem dinheiro para

plantar árvores alegando que o doador está

contribuindo para conter o avanço

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um pouco de aritmética e

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fazer “conversão de terras agrícolas” para cap-turar carbono em seus próprios territórios! E nem em reduzir drasticamente a queima de petróleo até que existam soluções tecnológi-cas aceitáveis (se tais soluções vierem a exis-tir em escala significativa para uma corres-pondente redução do uso de petróleo). Por enquanto, com o finado Protocolo de Quioto, esses países limitaram-se a exportar emissões de gases causadores de mudanças climáticas.

Compreende-se, assim, a resistência dos paí-ses altamente avançados em pagar por projetos de reflorestamento (sobretudo os não econômi-cos, isto é, não destinados ao corte, que no Brasil têm um ciclo de crescimento de 7 anos, antes de primeiro corte). Eles sabem fazer contas. ONGs inescrupulosas, no entanto, continuam a vender a ideia do pagamento pelas florestas em pé e por projetos de reflorestamento para a “compensa-ção das emissões de carbono). Mas o que não se compreende é que o Brasil e, por exemplo, o BN-DES, embarquem numa canoa furada desse tipo, bom muita badalação sobre o “Fundo Amazôni-co” ou sobre os “créditos de carbono”.

Essas ideias são de fácil absorção no meio ur-bano, por capturar muito mais o imaginário co-letivo do que o carbono. Para quem gosta mais da verdade do que da “responsabilidade sócio-ambiental num clique do mouse”, a mesma pá-gina da EPA informa que uma árvore plantada em meio urbano captura em média 0,039 tone-ladas de CO2 ao longo de um ciclo de 10 anos de crescimento. Ninguém jamais mostrou uma auditoria sobre áreas utilizadas nesses projetos de “compensação ambiental”.

Existem muitas coisas boas que podem ser feitas na área de responsabilidade sócio-am-biental e para conter o aumento das emissões de gases causadores de mudanças climáticas. O mero plantio de árvores não é uma delas. Proje-tos envolvendo eficiência e tecnologia – inclusi-ve na área de edificações – são muito mais efe-tivos para atingir os objetivos desejados. 1 – Os números podem variar em função da diferença entre a taxa de crescimento da vegetação nas regiões temperadas e nos trópicos. Mas essa diferença se aplica tanto à cultura de alimentos quanto ao plantio de árvores. Além disso, a página da EPA faz referência ao teor de carbono no solo, que é variável. No caso do Brasil, a adoção do plantio direto na palha aumentou de maneira significativa esse teor, como provam teses de doutorado defendidas na Universidade Estadual de Ponta Grossa, PR.

REDD, mercado de carbono, “compensações ambientais”

As estimativas da CIA sobre o consumo de pe-tróleo nos diversos países do mundo mostram que os EUA – com 19,2 milhões de barris/dia – superavam o conjunto de países da União Européia – com 13,7 milhões de barris/dia. Seguia-se a China, com 9,4, e o Japão, com 4,5 milhões de barris por dia. Esses números abso-lutos podem ser ainda mais chocantes se con-vertidos em consumo per capita. Somadas, a China e a Índia tem 36.3% da população mun-dial. Os números não incluem o consumo de carvão, que é parte significativa da matriz ener-gética em países como EUA, China e Austrália.

A Agência de Proteção Ambiental dos EUA – EPA fornece um fator de emissão de dióxido de carbono por barril de petróleo (considerados os diversos tipos de derivados consumidos nos EUA): 0,43 toneladas (métricas) de CO2/barril. Na mesma página da EPA, é fornecido o cálculo da fixação (sequestro ou captura) de carbono por unidade de terra agrícola convertida para flores-tas: toneladas por hectare ou, para efeitos de cál-culos com a unidade de medida de área interna-cional, cerca de 250 toneladas/ano de CO2/hec-tare de terra agrícola convertida para o plantio de florestas de eucalipto (cálculo feito com base num ciclo de crescimento rápido de 10 anos).1

Assim, para capturar e fixar as emissões totais do petróleo consumido nos EUA ao longo de um ano – 2,12 bilhões de toneladas de CO2 – se-ria necessária a conversão de 8.488.000 hecta-res de terras agrícolas por ano, ou 84.880 km2/ano. Se esse tipo de “compensação ambiental” se destinasse abater o dióxido de carbono emi-tido apenas pelo consumo de petróleo nos EUA, na Europa e no Japão, seria necessária a conver-são de quase o dobro dessa área.

A conversão de – digamos – 16 milhões de hec-tares/ano ou 160.000 km2/ano de terras agríco-las para o plantio de florestas com a finalidade de capturar carbono é inconcebível. A badalação sobre a fixação de carbono e a “compensação da pegada carbônica” através do plantio de árvores torna-se ainda mais absurda se considerarmos que ao longo dos próximos dez anos o consumo de petróleo desses países permanecerá estável, fazendo com que seja necessária a conversão de 1.600.000 km2/ano de terras agrícolas para “compensar as emissões” de um pequeno grupo de países altamente desenvolvidos. Ou seja, 18% do território brasileiro numa década.

EUA, Japão e Europa não pensam, é claro, em

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Soluções socioambientais para negócios sustentáveis

Entre em contato: (21) [email protected]

RESÍDUOS TreinamentoLicenciamentoColeta TransporteAutoclavagem TratamentoDestino Final

LICENCIAMENTOLP, LI, LO, EIA, RIMA, AIA, PCA, PUP, PTRF, PBA, PGCRS

Negociação e Gestão de Condicionantes, Termos de Referência,Ajuste de Conduta

GESTÃOElaboração, ImplantaçãoMonitoramento de Projetos e Sistema de GestãoAmbiental e Integrado

Plano de Manejo

ISO 14.001

CONSULTORIASAvaliação de Risco Ambiental de Projetos

Comunicação Ambiental

Educação Socioambiental

Palestras

e outras balelas

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comunicação ambiental

Uma das painelistas do congresso dos jornalistas goianos, a diretora do Núcleo de Ecojornalistas do RS (NEJ/RS) e professora da UFRGS, Ilza Girardi, falou sobre as decepções havidas com as decisões tomadas durante a Rio+20

Jornalistas Goianosdebatem o desenvolvimento com sustentabilidade

As mudanças climáticas em curso estão tornando os padrões globais de produção e consumo insustentáveis. O alerta foi feito pelo jornalista Washington Novaes, especialista em meio ambiente, durante a conferên-cia de abertura do 6º Congresso Estadual dos Jornalistas de Goiás, realiza-do dias 17 e 18 de agosto, em Goiânia. O encontro, preparatório para o Con-gresso da Fenaj, que será realizado em Rio Branco-AC, em novembro, teve como tema central Jornalismo e Desenvolvimento com Sustentabilidade.

O encontro teve a participação de jornalistas profissionais e estudantes, com painéis reunindo especialistas de renome internacional. Na aber-tura, o presidente Cláudio Curado, do Sindicato dos Jornalistas de Goiás, promotor do evento, ressaltou a importância do tema para a atualidade. “Estamos vivendo o momento de decidirmos o que fazer com o meio am-biente para as gerações futuras”, disse.

Rio+20Painelista do congresso dos jornalistas goianos, a professora da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ilza Girardi, falou sobre as decepções havidas com as decisões tomadas durante a Rio+20. “Parece que o próprio movimento ecológico está deslocado de suas bases”. Fazendo uma análise da cobertura midiática do encontro, Ilza detectou que as notícias da Rio+20 tinha um enfoque mais político-econômico do que ambiental.

Para Ilza, a imprensa precisa provocar o debate das grandes questões ambientais e pensar na mudança da prática. Segundo ela, é necessário promover uma mudança no comportamento das pessoas. “Se eu apren-do com os meus pais que não se deve jogar papel no chão, eu sempre vou seguir o conselho, é uma mudança cultural”, disse.

Outro painelista foi o jornalista Vilmar Berna, membro da Rede Brasileira de Jornalismo Am-biental. Ele definiu sustentabilidade como sendo a atividade que seja ao mesmo tempo ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável. “O problema é que, na prática, o econômico vem exageradamente em primeiro lugar, provocando um desequilí-brio total. O correto seria o inverso, com ênfa-se no ambiental e social e, por último, mas sem desprezá-lo, o econômico.

Berna também discorreu sobre as dificulda-des de se atuar como jornalista ambiental, jus-tamente porque esse profissional bate de frente contra o poder econômico. “Disso decorre uma série de problemas para o jornalista, que vai des-de a dificuldade em levar adiante uma pauta até o enfrentamento de ameaças de sua integrida-de física”, aponta. Para ele, o jornalista ambien-tal é diferente de outras categorias, pois precisa participar ativamente das ações ambientalistas. “Seu comportamento pode influenciar no resul-tado das ações, por isso não existe imparciali-dade para o jornalista ambiental. Ele deve, sim, ouvir todas as partes, mas não há como ficar à margem da causa ambiental”, sustentou.

Para o promotor, o código é inconstitucional em muitos dos seus dispositivos, ao não se base-ar em estudos científicos em diversas questões, deixando de garantir um meio ambiente equi-librado. Vinícius Borges afirmou que o Ministé-rio Público, em vários estados e na União, está promovendo estudos para propor ações diretas de inconstitucionalidade para retirar do código esses pontos prejudiciais ao meio ambiente.

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Vilmar Berna e o jornalista Silvio José, durante palestra

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Presidente da Fenaj), Inês Berna, Vilmar Berna e Efraim Neto

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no ar

No trânsito de grandes centros urbanos, não é novidade que os carros me-nores ganham vantagem na hora de estacionar e, principalmente, conso-mem menos combustível rodando mais. Porém, ao abastecer, hoje o moto-rista nem precisa sair da caranga pra saber que o mostrador do preço corre bem mais rápido que o de litros. Diante disso, enquanto algumas empresas vêm apostando nos motores elétricos, como a Smart, a Tata Motors foi buscar no passado a solução para realizar o sonho de milhões: um veículo movido a ar.

Batizado pela companhia indiana de Airpod, ele traz apenas três rodas e seu design futurista lembra bastante um inseto. Os pistões de seu motor MDI de 8 cavalos trabalham de acordo com a energia gerada através da expansão do ar comprimido, que é armazenado num tanque de 175 litros.

Comandado por um joystick, o Airpod consegue alcançar a velocidade má-xima de 70 km/h, percorrendo até 220 quilômetros com um tanque – e po-luição zero. Para recarregar o “brinquedo”, o motorista pode tanto abastecer num posto especializado (o que custa um euro) quanto coletar o ar. Isso é feito através de um pequeno motor elétrico enquanto o carro se move, e leva menos de dois minutos.

Embora pareça novidade, os franceses já usavam oxigênio para gerar ener-gia cinética desde o século XIX. Então o que faltava para que um Airpod fosse não só possível confiável? “Esta tecnologia se deve ao motor que possui um sistema inovador muito importante: uma biela articulada. Ela permite que o volume da expansão seja constante quando o pistão alcança o final de seu ci-clo”, explica Paulo Roberto Amoroso, engenheiro de desenvolvimento da Ya-zaki do Brasil, pós-graduado em engenharia automotiva.

Os freios a disco do Airpod são mais que suficientes para segurar o veículo ecológico de 220 kg. Sua leveza é garantida pelo chassis, fabricado a partir de um composto de fibra de vidro e espuma de poliuretano. Embora o meca-nismo e o funcionamento sejam diferentes, motorista e passageiros devem entrar pela frente do carro -- como nas antigas romisettas.

Amoroso sugere que, por ser um veículo de pouca potência, o fabricante optou por três rodas não só para reduzir o atrito do veículo com o solo, mas para ampliar sua mobilidade.”Isto proporciona também um maior ângulo de manobra pelo fato da roda dianteira ser articulada”, esclarece o engenheiro.

No entanto, quanto custa “se libertar do custo proibitivo do petróleo”, como declara a Tata Motors? Apesar do Airpod estar em fase de testes e sem pre-visão para chegar ao mercado, seu preço estimado é de 7 mil euros. Para o engenheiro da Yazaki, no caso da montadora indiana, que produz de ma-neira artesanal e com processos e volumes bem enxutos, sete mil euros é acessível. “Porém se fossemos fabricar no Brasil, considerando nossas cargas tributárias e nossos processos fabris, pode-se estimar que o mesmo Airpod chegaria a custar em torno de R$50 mil”, conclui ele. Fonte: areah.com.br

EconomiaTata Motors lança smartcar movido a ar comprimido que pode rodar até 220 quilômetros na cidade com apenas 5 reais

consumo responsável

BiomasPresidente do Instituto do Trópico Subúmi-

do, o professor da PUC-Goiás Altair Sales fa-lou sobre a preservação dos biomas com um alerta: “O cerrado atingiu seu clímax evolutivo e, uma vez destruído, não se recupera jamais na plenitude de sua biodiversidade”. Ele rela-tou os grandes eventos geológicos que provo-caram alterações importantes na Terra, apon-tando que o cerrado, com cerca de 70 milhões de anos de idade, é o mais antigo ambiente que surgiu depois desses acontecimentos.

Sales também mostrou que o interesse eco-nômico influencia diretamente na depredação do meio ambiente. “Os maiores destruidores da natureza, que são as grandes corporações, ficam sempre impunes, pois contam ao seu lado com a Justiça, os governos, a política e até mesmo a mídia, ainda que veladamente”, disse. Sobre a imprensa, Sales afirmou que é preciso mais interação e senso crítico na cobertura das questões do meio ambiente. “Mas esse é um problema da sociedade como um todo e não apenas da imprensa”, contemporizou.

A jornalista Rosângela Aguiar contou a ex-periência do programa Trilhas do Brasil, que está no ar há onze anos em Goiás. Segun-do ela, o programa procura mostrar o que está errado, sem usar de sensacionalismo, ao mesmo tempo em que aponta as soluções para os problemas. “Uma cobertura voltada ao meio ambiente deve mostrar a conjuntura, com todas as implicações ali contidas”, disse. Rosângela também afirmou que o jornalismo deve trazer para a realidade local os proble-mas globais e vice-versa. “É um equívoco apre-sentar as questões com conceitos simplistas, com o denuncismo vazio”.

O jornalista Efraim Neto, membro da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental, apontou que, na cobertura do meio ambiente, a notícia é, muitas vezes, somente a repetição de infor-mações do que está sendo divulgado. “O jor-nalismo do futuro passa pela cobertura local. As soluções de outras localidades nem sempre servem para a nossa região”, disse.

Fazendo uma comparação com o jornalismo esportivo, Efraim disse que gostaria ver o meio ambiente ocupando os espaços e tendo uma cobertura completa e constante sobre os mais variados aspectos, como tem o esporte. Ele também apontou como necessidades para o jornalismo ambiental, uma formação profissio-nal e acadêmica específica e, principalmente, coragem e comprometimento com a causa. Fonte: Ecoagência Solidária de Notícias Ambientais

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Estudos para dimensionar o potencial de sequestro de carbono de áreas de Sistemas Agroflorestais (SAFs) fazem parte do Projeto de Recuperação Produtiva de Pequenas Propriedades na BR-230, na Amazônia, realizado pela ONG Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). O projeto implanta SAFs já testados pela CEPLAC (Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira) e centrados na cultura do cacau. Esses sistemas são capazes, ao mesmo tempo, de fixar carbono, aumentar a renda das unidades familiares e adequá-las às praticas de preservação exigidas por lei

debate sobre o clima

O trabalho das Organizações Não Governa-mentais (ONGs) ambientalistas na Amazô-nia influenciou as discussões sobre as mu-danças climáticas globais. Segundo estudo do Programa de Pós-Graduação em Ciência Am-biental (Procam) da USP, as ONGs não são opor-tunistas que se aproveitam do tema, muito me-nos estão a serviço de interesses estrangeiros: sua atuação é resultado de anos de trabalho com as comunidades locais e contribuiu para alertar tomadores de decisão sobre a importân-cia do combate ao desmatamento da floresta.

A dissertação de mestrado As mudanças cli-máticas globais e as ONGs socioambientais brasileiras: novas estratégias de conservação para a Amazônia, realizada pela bióloga Ga-briela de Azevedo Couto sob orientação do professor Luiz Carlos Beduschi Filho, aponta que os conhecimentos produzidos pelas or-ganizações e o envolvimento com as deman-das das comunidades da Amazônia levaram a uma mudança de postura de baixo para cima, ou seja, partindo do local para o global.

ONGs como o Instituto de Pesquisa Ambien-tal da Amazônia (Ipam) e Instituto Socioam-biental (ISA) conseguiram interpretar o co-nhecimento científico e demonstrar os im-pactos das mudanças climáticas na floresta, reinterpretando as descobertas globais para a escala local. O conhecimento das populações da floresta sobre a natureza e a região tam-bém foi de extrema importância: as duas or-ganizações se destacam no diálogo com as po-pulações da região.

ONGs ajudaram a alertar sobre a importância do combate ao desmatamento

O estudo destaca a legitimidade obtida por essas instituições por intermédio de sua atu-ação ao longo de mais de 15 anos: o reconhe-cimento do trabalho foi tão grande que per-mitiu que ISA e Ipam participassem as dis-

A influência das ONGs brasileiras no

Muito longe de serem ‘oportunistas’ ou ‘a serviço de interesses estrangeiros’, pesquisa da USP revela a importância da atuação das ONGs no combate ao desmatamento da floresta

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cussões do Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), tratado internacional estabelecido durante a Rio-92. O trabalho das ONGs socioambientais na Amazônia já antecipava a importância de medidas urgentes para a redução do desmatamento e degradação florestal, reconhecido em 2007 pelo IV Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

As entrevistas da pesquisadora com diretores e coordenadores de quatro organizações não-governamentais – além do ISA e do Ipam, o estudo tem como objeto o Instituto Centro de Vida (ICV) e Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) –, realizadas ao longo do ano de 2011, e a análise dos relatórios anuais delas desde 2000 mostram a evolução da temática das mudanças climáticas nas organizações, que levou essas entidades, que tinham atuações distintas, a adotarem a questão climática como pauta importante de sua agenda para a Amazônia.

Acusações sem fundamentoA pesquisa também derruba a hipótese de que a defesa da floresta tenha

sido adotada por tais entidades apenas por se tratar de um “tema da moda”. Gabriela – que atuou entre 2004 e 2006 numa grande organização não-go-vernamental transnacional e, depois disso, visitou diversas cidades, comu-nidades e projetos na Amazônia – afirma que a problemática é muito mais complexa que isso. Ela envolve aspectos como aprendizado das organiza-ções para desenvolver novas soluções para problemáticas socioambientais e estratégias para manter sua legitimidade perante outros atores sociais. Fonte: Agência USP

Ipam

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set 2012revista do meio ambiente

FlIMEm agosto de 2012, o escritor e jornalista ambiental Vilmar Berna es-teve em Santa Maria Madalena, RJ, convidado pela organização para participar da FLIM (Feira Literária), onde palestrou em duas ocasiões, no auditório da Câmara de Vereadores e no jardim da Colônia de Férias, tratando dos temas abordados em seus livros, especialmente sobre meio ambiente, consumo e felicidade (http://flim-festaliterariademadalena.blogspot.com.br/2012/08/meio-ambiente-consumo-e-felicidade.html). Mais informações sobre o projeto e os livros do Vilmar: www.escritor-vilmarberna.com.br

Santa Maria de Madalena

Encravada na Serra Fluminense, a 230 quilômetros do Rio de Janeiro, Santa Maria Madalena mantém a arquitetura do tempo dos barões do café, em meio ao verde da Mata Atlântica. Sua combinação de beleza e simplicidade encanta os visitantes. A cidade é berço de ilustres perso-nalidades. É conhecida nacionalmente como “terra de Dercy Gonçalves”. Na praça Coronel Bráz encontram-se em exposição os bustos da atriz Dercy Gonçalves e do médico madalenense Dr. Manoel Verbicário.

Cachoeira do Roncador no Sossego do ImbéSanta Maria Madalena foi eleita como Cidade da Geologia do Estado do

Rio de Janeiro pois apresenta todos os requisitos para ser o pólo da discus-são geológica fl uminense. Junta-se a isto o Parque Estadual do Desengano com um dos mais importantes remanescentes de mata atlântica do país, com grande endemismo de fauna e fl ora, de onde nascem muitos rios de águas cristalinas que formam os mais belos poços e cachoeiras da região. Compondo este ambiente a cidade tem o 3° melhor clima do Brasil, com temperaturas que variam entre 6° e 35° C, favorecendo o turismo e a quali-dade de vida durante o ano inteiro.

A Pousada VerbicaroInaugurada por Dercy Gonçalves, na véspera de completar 100 anos de

idade, a Pousada Verbicaro esbanja charme, natureza, história e cultura. O escritor esteve hospedado ali, a convite do casal Mário Vahia e sua esposa Cristiane, responsável pelo excelente atendimento aos hóspedes. A cinco minutos do centro da cidade de Santa Maria Madalena, os cuidados am-bientais estão nos mínimos detalhes, desde a construção, a adoção de tec-nologias de ecoefi ciência e a criação de uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural), o que tem tornado a Pousada uma referência em res-peito ao meio ambiente. Em cerimônia na Pousada Verbicaro, o Secretário de Estado do Ambiente Carlos Minc lançou o Guia de Trilhas do Parque Es-tadual do Desengano e a Pousada recebei o segundo lugar na categoria de pequenas empresas do Prêmio de Responsabilidade Socio Ambiental da Bacia de Campos (www.premiorsa.com.br). Os resultados se revelam na própria resposta da natureza, que encontra no local um refúgio. Até o mo-mento já foram identifi cadas na Pousada Verbicaro 132 espécies de aves, segundo o médico veterinário especialista em animais selvagens e guia de observação de aves, Marcos Felipe da Rocha Pinto.

Projeto da Rebia durante aEncontros dos leitores com o Escritor durante a FLIM - Feira Literária em Santa Maria Madalena

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Iris Berna, neta do escritor, em frente à bonita casa em estilo colonial, de nº 7, na rua Gawyer de

Azevedo, centro da cidade. Neste local nasceu Dercy Gonçalves, em 23 de junho de 1907

No jardim da Colônia de Férias, o escritor Vilmar Berna apresentou temas sobre meio ambiente,

consumo e felicidade, em palestra durante a FLIM

Mário Vahia vê pouco mas enxerga longe. Fez da Pousada Verbicaro um exemplo de sustentabilidade. A gestora ambiental Inês Berna, da equipe da Rebia,

o acompanhou na apresentaçãoPousada Verbicaro: Mário Verbicaro Vahia – Gerente: (022) 2561 1515 / (022) 9825 8647 ([email protected]) / www.pousadaverbicaro.com.br

Detalhe na Cachoeira do Escorrega, uma das atrações naturais das muitas que oferece Santa Maria Madalena.

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set 2012 revista do meio ambiente

lixo e reciclagem

reversa

lei está aquémCom o crescente volume de negócios em escala mundial e a imensa quantidade de produtos transportados diariamen-te, aumenta também a quantidade de lixo gerado e de materiais que precisam ser mandados de volta à sua origem.

Esse tráfego de produtos no sentido contrário da cadeia de produção normal (dos clientes em direção às indústrias) precisa ser tratado adequadamente, para evitar trabalho e custos extras.

A logística reversa é a área responsável por este fluxo reverso de produtos, seja qual for o motivo: reciclagem, reuso, re-call, devoluções etc. A importância des-te processo reside em dois extremos: em um, as regulamentações, que exigem o tratamento de alguns produtos após seu uso (como as embalagens de agrotóxicos ou baterias de celulares); na outra ponta, a possibilidade de agregar valor ao que seria lixo.

Com o aumento das pressões da socie-dade para produtos e processos ecologica-mente corretos, a reciclagem ganha força e a logística reversa é um dos principais motores desse movimento. Além de con-tribuir legitimamente para a redução dos impactos ao meio ambiente há um ganho de imagem para a empresa que o faz.

Há exemplos de reciclagem que já são práticas comuns: latas de alumínio, gar-rafas pet, papel, dentre outros itens de pós-consumo.

Três fatores podem estimular o retorno de produtos recicláveis:• Consciência cada vez maior da popula-ção para a necessidade de reciclar e de se preocupar com o meio ambiente;• Melhores tecnologias capazes de re-aproveitar componentes e aumentar a reciclagem;• Questões legais, quando a legislação obri-ga que as empresas recolham e dêem des-tino apropriado aos produtos após o uso. Fonte: Jornal dos Amigos

A Lei Geral de Resíduos Sólidos prevê incentivos para atividades de reci-clagem e de logística reversa. Esse apoio pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso dessas iniciativas, mas a lei não especifica que tipo de incentivo deve ser concedido.

A primeira iniciativa prática foi a concessão de crédito presumido de IPI para indústrias que compram matéria-prima reciclável diretamente de co-operativas de catadores, que passou a vigorar no fim de 2011. O crédito é de 10% a 50% sobre o valor do material adquirido e o benefício vigora até 2014. O resultado, no entanto, está abaixo do esperado pelo governo federal.

“A medida não surtiu o efeito esperado”, admite Alexandre Comin, dire-tor de Competitividade do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Co-mércio Exterior. “Estamos estudando alternativas”, afirma. “Contratamos a FGV para realizar um estudo tributário da cadeia de reciclagem e logística reversa, e vamos contratar outro, mais específico sobre outras barreiras não tributárias que prejudicam o setor.”

Calil Cotait, sócio-diretor da Destina, empresa de consultoria ambiental, defende a criação de incentivos fiscais para as atividades de reciclagem e logística reversa. Recentemente, sua empresa, que já trabalhava com pneus inservíveis, começou a operar com o recolhimento e destinação de pilhas e baterias. Ele acredita que a atividade tem grande potencial, mas ainda está engatinhando. “Mesmo órgãos ambientais têm dúvidas sobre logística re-versa porque a lei é muito nova”, argumenta o empresário.

Enquanto os benefícios fiscais não vêm, o governo mobiliza os bancos fe-derais para criar linhas de crédito específicas para a área, enquanto os seto-res afetados pela lei discutem sua regulamentação. “O acordo não sai este ano. Esperamos ter um edital com o modelo de logística reversa para esse setor (de eletroeletrônicos) em consulta pública até o começo de 2013”, diz Comin, que também coordena o Grupo de Técnico de Logística Reversa de Eletroeletrônicos. “Há muitas dúvidas, especialmente sobre o que fazer com o descarte de produtos importados ou produzidos irregularmente”.

Hoje, no segmento de pilhas, 30% do material recolhido é pirata. “A in-dústria absorve esse custo e banca a logística reversa desses 30%, mas isso onera a cadeia produtiva e dá uma vantagem competitiva aos piratas”, diz Comin. “O que vai acontecer se essa equação se inverter?”.

Paulo Roberto Leite, presidente do Conselho de Logística Reversa do Brasil, ressalta que há uma grande movimentação no setor produtivo que tenta se preparar para a mudança. “Mesmo segmentos como farmácia e vidros, que não estão incluídos nas exigências de logística reversa, estudam o assunto porque sabem que cedo ou tarde serão atingidos pela lei”. Fonte: Jornal dos Amigos/Jornal Valor

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XII Encontro Verde das Américas

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23 e 24/10/2012Brasília DF - Brasil

No contexto de perspectiva de conclusões positivas da Rio + 20, o XII Encontro Verde das Américas, o “Greenmeeting 2012”, que acontecerá em Brasília, nos dias 23 e 24 de outubro próximo, se projeta para ser um importante observatório, sobre a ótica positivista, referente ao alcance do resultado final da Conferência do Rio, das Nações Unidas.

As discussões são importantes e fundamentais para se chegar a uma plataforma ambiental global, que coloque no mesmo plano, o desenvolvimento econômico, ambiental e social, no sentido de erradicar a pobreza.

Porém, já existem centenas de acordos diplomáticos voltados para a questão ambiental, e que levaram anos para serem concluídos.

É chegado o momento de começar a implementar tais ações, pois os especialistas não podem perder tempo com discussões intermináveis.

CoordenaçãoGreenmeeting Executive Forum, Organização Ecológoca Palíber, Rebia, Piratingaúna e Fórum de ONGs do Greenmeeting

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set 2012 revista do meio ambiente

sustentabilidade

O seminário internacional Macaé Sem Fronteiras, que ocorreu no Hotel Glória Garden, em 1º de setembro, reuniu mais de 70 participantes para discutir propostas e modelos para o desenvolvimento de cidades sus-tentáveis. A Capital do Petróleo foi escolhida para iniciar uma série de en-contros pós-Rio+20, na América Latina, especialmente, por apresentar sua condição geoestratégica associada a uma situação socioeconômica impar. O evento foi organizado pela Prima – Mata Atlântica e Sustentabilidade, com o apoio da ONU (Organização das Nações Unidas).

Para debater temas como Desenvolvimento Estratégico Local e Bioeconomia, Gestão do Conhecimento para Inclusão Social e Integração Regional, e outros pertinentes à sustentabilidade, o seminário contou com a presença de pesqui-sadores internacionais de prestígio como o professor José Salvador Cárcamo e o Reitor Hugo Andrade, da Universidad Nacional de Moreno, Argentina e Clau-dio Sule, secretário executivo da Associação de Municípios Ciudad Sur, do Chile.

Além deles, figuras de expressão nacional como Vilmar Berna (Prêmio Global 500 da ONU para o Meio Ambiente); Fernando Guida, coordenador geral no Brasil do Simmas – Sistema de Integração para o Meio Ambiente e ex-secretário de Meio Ambiente de Niterói; Adriana Mandarino, diretora do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e Álvaro Adolpho, coorde-nador do Conleste – Consórcio Intermunicipal da Região Leste Fluminense/RJ, também estiveram contribuindo nas discussões.

O primeiro a diagnosticar os princípios sócio ecológicos de sustentabilida-de foi o professor de economia da Universidade de Buenos Aires, José Cárca-mo, que falou sobre a questão do Desenvolvimento estratégico local e Bio-economia, destacando o Brasil e a Argentina como os países mais susten-táveis do planeta. O painel teve como mediador, Dr. Aluízio Junior, médico, ambientalista e deputado federal/RJ. “O processo de construção ambiental é a consolidação de uma postura. Macaé começa a se posicionar e ter uma sociedade mais madura nessa questão. Temos propostas para uma cidade sustentável que inclui saúde e saneamento básico com enfoque no plane-jamento e na sustentabilidade das políticas públicas, além do tratamento e destinação adequada do lixo”, disse Dr. Aluizio, ressaltando a educação am-biental como um processo que a cidade deve viver.

O escritor e jornalista Vilmar Berna alertou que o progresso das cidades ne-cessariamente não traz o desenvolvimento sustentável e que é preciso fomen-tar as boas práticas. Para ele a crise atual não é só ambiental, mas também moral, ética, de civilização ou espiritual. Ele apontou caminhos: “É preciso sen-sibilizar e mobilizar a sociedade em direção ao mundo melhor, por isso, aque-les que se comunicam com o público precisam falar uma linguagem que seja percebida por todos. Os ecologistas, educadores ambientais, jornalistas e pes-soas especializadas em meio ambiente, políticos e administradores públicos e privados precisam contribuir para o desenvolvimento sustentável”, disse.

Berna foi mais além, dizendo que podemos não saber exatamente se os cami-nhos das novas tecnologias limpas, da economia verde e inclusiva irão afastar de nós um risco de um colapso ambiental global, mas, o que já sabemos é sufi-ciente para nos motivar a mudar. Se continuarmos com o atual modelo preda-tório, injusto, manipulador das informações, poderemos estar acelerando nos-so fim. “A boa notícia é que a mudança para a sustentabilidade já começou e, a má, é que ainda precisamos aumentar a velocidade. A mudança é o ponto de

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partida ou de chegada de um processo”.O jornalista alertou os gestores públicos que

o progresso deve ser inclusivo e ensinou que o passo a passo deve compartilhar responsabili-dades. “Os futuros prefeitos devem ficar alertas quanto à captura do Estado pelos interesses pri-vados, pois a corrupção é um problema seríssi-mo. Por isso, precisamos de um novo modelo de desenvolvimento mais sustentável”, completou.

Nos painéis Gestão do conhecimento para in-clusão social, que teve a mediação do articulista Fernando Guida e Associativismo territorial e in-tegração regional, com a intercessão do pesqui-sador Francisco Mariano, do Centro de Tecnolo-gia Mineral do Ministério das Minas e Energia (Cetem), os painelistas Hugo Andrade (reitor); Adriana Mandarino, do Conama; Álvaro Adol-pho, do Conleste e Claudio Sule, da Associação de Municípios Ciudad Sur/Chile, mostraram as experiências de suas pastas quanto ao desenvol-vimento sustentável.

Experiências nacionais e internacionais

Como exemplo para o município de Macaé, o reitor Hugo mostrou que na cidade de More-no, localizada a 35km de Buenos Aires, a Uni-versidad Nacional traçou o plano de desenvol-vimento socioeconômico e ambiental e hoje é responsável por assumir o recurso público des-tinado à área. O chileno Claudio Sule, por sua vez, explanou o tema Da cidade autoconstruída ao país que queremos. Álvaro Adolpho, do Con-leste, disse que os consórcios municipais são os caminhos para as regiões impactadas, como a do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), por exemplo, que possui programas sociais agravados e municípios com a malha urbana comprometida. “O consórcio elabora as políticas públicas como resposta aos proble-mas urbanos, planeja, adota, executa e promo-ve a integração das ações desenvolvidas pelos órgãos governamentais”, arrematou. Fonte: Fernando Guida (guidapv.wordpress.com)

Evento debateu sustentabilidade em cidades impactadas

O Dr. Aluízio Junior, médico, ambientalista e deputado federal/RJ, abriu o evento e coordenou a mesa principal

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set 2012revista do meio ambiente

A outorga realizada pela Oacip brasileira Prima ocorreu após um criterioso programa de Educação Ambiental que envolveu com ati-vidades teóricas, demonstrativas e, principalmente práticas, toda a Comunidade Escolar, incluindo os ‘apoderados’, mães e pais dos alu-nos do ensino fundamental.

A escola está situada na zona rural do município de Salamanca, dis-tante 300km da capital Santiago. Por cumprir a metodologia de neutra-lização de GEE – Gases do Efeito Estufa, está certificada como a primeira instituição de ensino ‘carbono zero’ naquele país, repetindo o mesmo intento do Colégio Estadual David Capistrano, na cidade de Niterói, RJ, Brasil, em setembro de 2007.

Os alunos participaram efetivamente do plano pedagógico proposto e construíram fornos e desidratadores solares, composteiras, sementeiras, e fogões rústicos que potencializam a queima da lenha em mais de 50% quando comparados a fogões à lenha tradicionais.

A coordenação local ficou a cargo do professor de inglês e carpinteiro Rafael González que orientou os alunos no processo de construção de mais de 30 equipamentos que serão doados às famílias dos alunos que colaboraram diretamente na construção.

escola no cHilerecebe o Selo Prima do Brasil

Essas iniciativas fazem parte do Plano de Ação para mitigar as emissões de carbono da escola que aquece o planeta por meio do con-sumo de energia elétrica e gás de cozinha, bem como com a geração de resíduos orgânicos.

76 árvores nativas da região de Coquimbo foram plantadas pelos alunos, professores e autoridades presentes no próprio pátio da es-cola que, em breve, terá um viveiro de produ-ção de mudas para distribuição gratuita aos moradores e escolas vizinhas.

O biólogo Ricardo Harduim descerrou a placa na escola chilena Berta Hidalgo credenciando-a com o título “Carbono Zero”

Contato: Ricardo Harduim - [email protected](55 21) 9962-1922.

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* Que seja por uma necessidade real, e não para medir afeto, por vaidade, compulsão ou por não ter algo melhor para fazer.

* Desapegue-se do que você não quer ou não precisa e doe para quem precisa mais que você.

* Faça a coleta seletiva dos materiais inservíveis separando em secos e úmidos e destine a uma cooperativa de recicladores.

* Não desperdice ou polua recursos naturais, mesmo que pareçam grátis.

* Valorize os selos, certificados e prêmios de empresas e produtos que asseguram a ecoeficiência, a origem socioambiental correta dos materiais, a reciclagem, o descarte adequado, o compromisso em não causar dor ou sofrimento aos animais, a compensação das emissões de gases que agravam as mudanças climáticas.

* Recuse produtos descartáveis ou feitos para durar pouco, de difícil reciclagem ou descarte, ou de origem ilegal ou duvidosa que desrespeitem o meio ambiente, os trabalhadores, os animais.

* Recuse produtos que em alguma etapa da pesquisa, fabricação ou abate provocou dor ou sofrimento desnecessário aos animais.

Sustentabilidade é inteligência e sensibilidade para a sobrevivência de nossa espécie e das demais. Na gestão dos negócios:

A natureza não vem com manual de instruções. Na dúvida, adote o princípio da precaução.

Quando for usar a natureza, que seja com responsabilidade:

* Estude antes de agir, para causar o menor dano possível.

* Ao agir, tome todas as precauções ao seu alcance para amenizar e reparar os danos.

* E, quando não for possível, compense o meio ambiente e as populações afetadas pelos sacrifícios.

* Crie e mantenha canais de comunicação permanentes com as partes interessadas para estimular o diálogo e facilitar a negociação de conflitos.

* Se sujar, poluir: limpe, recupere, compense os danos, desculpe-se publicamente.

* Compense suas emissões de gases efeito estufa.

Não é a natureza que precisa de nós.Nós é que precisamos da natureza.

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O tempo de mudar, para ser sustentável, é o agora

O lugar é o aqui, porque também é parte do Planeta

A responsabilidade é de todos, diferenciada de acordo com a capacidade e o poder de cada um

O jeito de mudar é sendo o exemplo de sustentabilidade que queremos ver no outro.

A Rebia autoriza o livre uso deste material, desde que sejam citadas:

Autoria: Vilmar Bernawww.escritorvilmarberna.com.br

Fontes: • Rebia (Rede Brasileira de Informação Ambiental) – www.rebia.org.br

• Revista do Meio Ambiente www.portaldomeioambiente.org.br

Não é a natureza que precisa de nós.Nós é que precisamos da natureza.

Não somos separados da natureza. O que fazemos a ela fazemos a nós – e às demais espécies. Com uma diferença: sem nós, a natureza continua sendo natureza.

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política ambiental

Ao fim de uma rodada de conversações so-bre mudança climática na capital tailande-sa, delegados dos governos dos países mais pobres deram o alerta: em novembro, quan-do voltarem a se reunir no Catar, poderá chegar ao final o Protocolo de Kyoto. “Nos preocupa que a integridade do Protocolo de Kyoto, o único tratado internacional que obri-ga as nações ricas a reduzirem suas emissões contaminantes e, por isso, nossa única garan-tia de que sejam tomadas medidas, se degra-de diante de nossos olhos”, diz o comunicado conjunto da Aliança de Pequenos Estados In-sulares (Aosis), Países Menos Adiantados e o Grupo Africano.

As três entidades representam mais de um bilhão de pessoas vulneráveis diante dos de-sastres da variabilidade climática. A preocu-pação pelo futuro do Protocolo de Kyoto em Doha, onde se reunirão os negociadores de mais de 190 países na 18ª Conferência das Partes (COP 18) da Convenção Marco das Na-ções Unidas sobre Mudança Climática (CM-NUCC), tem uma justificativa: será a última antes de o relógio marcar o vencimento do prazo, 31 de dezembro, para que as nações industrializadas cumpram seu compromis-so inicial de redução de gases-estufa e anun-ciem um novo pacto vinculante para o se-gundo período, a se iniciar em 2013.

Testemunhas das conversações em Bangcoc, que duraram uma semana, analistas disse-ram que as nações ricas estão decididas a se afastar do lugar de liderança que mostraram quando foi criado o Protocolo de Kyoto, acor-dado em 1997 e que entrou em vigor em 2005, após quase uma década de negociações. O do-cumento, assinado na cidade de Kyoto, prevê que 37 nações industrializadas e a União Eu-ropeia (UE) reduzam suas emissões de gases causadores do efeito estufa em 5%, com rela-ção aos indicadores de 1990, até 2012, quando termina a primeira etapa.

No encontro de Bangcoc, entre 30 de agosto e 5 de setembro, os “países do Anexo 1”, como são conhecidos os países industrializados no Protocolo de Kyoto, não deram sinais às nações em desenvolvimento de que farão novas reduções obrigatórias de emissões, para o período 2013-2020. “As negocia-ções para o Protocolo de Kyoto deverão terminar com êxito, e isto significa conseguir um segundo período de compromissos na COP 18, em Doha, no Catar, disse Martin Khor, diretor-executivo do Centro Sul, grupo de estudos com sede em Genebra.

“Deveria ter surgido após a COP 17, de Durban, na África do Sul, mas foi adiada em um ano. Disso deverá tratar o encontro de Doha, sobre o Protoco-lo de Kyoto. Do contrário, qual o objetivo destas negociações?”, questionou Khor à IPS. “A decepção dos negociadores dos países em desenvolvimen-to foi evidente durante a sessão final das conversações de Bangcoc. Eles se deram conta de que as nações industrializadas não mostram nenhuma li-derança para cumprir suas obrigações no contexto do Protocolo de Kyoto”, acrescentou.

Mesmo a oferta da UE, de reduzir suas emissões de gases-estufa em 20% em oito anos a partir de 2013, foi desprezada por numerosos ambientalis-tas. “O Protocolo que a UE quer aqui é um que não seja legal, mas apenas uma decisão política”, observou Khor. Asad Rehman, chefe de clima inter-nacional da organização Amigos da Terra, declarou: “O objetivo de 20% ofe-recido pela UE é continuar como está, e isso está matando o clima, é cri-minoso”. Os ativistas se baseiam em estudos científicos que recomendam maior redução de emissões contaminantes para evitar que a temperatura do planeta aumente a níveis que possam causar estragos.

O Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre Mudança Climáti-ca (IPCC), ganhador do prêmio Nobel da Paz em 2007, pediu a redução de emissões contaminantes entre 25% e 40% até 2020, para evitar que o au-

Quando a morte bate na porta do

protocolo de kyotoPaíses industrializados não deram sinais às nações em desenvolvimento de que farão novas reduções obrigatórias de emissões, para o período 2013-2020

Tráfego tem sido a principal fonte de poluição do ar em Bangcoc, Tailândia

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Rio plantará 34 milhões de mudas de espécies da Mata Atlântica para reduzir emissão de gases estufa até Olimpíadas

A Secretaria Estadual do Ambiente pretende plantar 34 milhões de mudas de espécies de Mata Atlântica até 2015. O programa de replantio foi anunciado em 13 de setembro pelo secretário Carlos Minc.

O reflorestamento faz parte do plano de encargos assinado pelo go-verno do estado para a realização dos Jogos Olímpicos de 2016. Uma das obrigações estabelecidas no documento trata da redução das emissões de gases de efeito estufa no período do evento.

Foram demonstradas, por meio de um mapa, as áreas que recebe-rão as mudas. Empresas que, por algum motivo, precisaram desmatar alguma área de preservação ficarão responsáveis pelo replantio. Para fiscalizar os envolvidos no reflorestamento, o cidadão terá, no próximo mês, uma página na internet com acesso a essas informações.

Minc informou que o número de mudas a serem plantadas é mais do que o dobro da necessidade real do estado, que está em aproximada-mente 15 milhões de árvores. Ele disse que, para aumentar a precisão dos dados, uma empresa foi contratada para fazer a análise imparcial das áreas degradadas, com previsão de conclusão até dezembro.

A secretaria estima que, com a iniciativa, 5 mil empregos diretos se-jam criados. Para suprir a necessidade da produção das mudas, 15 vi-veiros estão sendo construídos na região noroeste do estado e no Vale do Paraíba. Essas duas regiões vão ganhar também um projeto de cria-ção de renda com a plantação de seringueiras para extração de látex.

“Além de preservar, nós vamos criar muitos empregos. Não é só plan-tar, é preciso fazer também a manutenção dessas árvores. Isso é um benefício que vai além da redução dos gases [de efeito] estufa durante as Olimpíadas”, destacou Carlos Minc.

De acordo com a secretaria do Ambiente serão investidos, até o fi-nal de 2015, cerca R$ 500 mil na iniciativa. A quantia envolve inves-timentos dos governos federal e estadual , além de recursos de em-presas privadas. Fonte: Agência Brasil

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protocolo de kyotomento da temperatura global supere os dois graus, em relação à média anterior à Revolu-ção Industrial. Outros críticos dos países in-dustrializados argumentaram que um regime climático promovido pelos maiores poluidores do mundo, responsáveis por 70% dos gases-es-tufa liberados na atmosfera entre 1890 e 2007, pode condenar o planeta ao seu pior destino.

“O que se acordou na COP 17 de Durban, em 2011, é um regime de laissez faire até 2020, quando só existirão compromissos voluntá-rios em matéria de redução de emissões, es-creveram no jornal Bangkok Post integrantes do Focus on the Global South, grupo de estudo com sede na capital tailandesa. “A tragédia é que esses compromissos representarão ape-nas 13% da redução de emissões de gases-es-tufa em relação aos níveis de 1990”, disseram Pablo Solon e Walden Bello, diretor-executivo e cofundador, respectivamente, do Focus on the Global South. “Isso levará a um aumento da temperatura global de, pelo menos, entre quatro e seis graus neste século”, destacaram.

Os Estados Unidos, o país que mais contami-na, se mantiveram intransigentes na primeira etapa do Protocolo de Kyoto ao se negar a as-sinar o objetivo de reduzir em 5% as emissões contaminantes. Agora mostra seu poder para arrasar as expectativas que tinham as nações em desenvolvimento para a segunda fase do tratado. “O governo dos Estados Unidos se opõe a uma estrutura vertical no segundo pe-ríodo de compromissos do Protocolo de Kyo-to”, apontou Meena Raman, assessora legal da Rede do Terceiro Mundo, grupo com sede em Penang, na Malásia. “Washington prefere um sistema de compromissos voluntários para re-duzir as emissões, que não se baseia em fatos científicos nem na igualdade”, ressaltou.

Mesmo se em Doha se sair do ponto morto sobre o futuro do Protocolo de Kyoto, os cená-rios para os próximos anos não permitem mui-to otimismo para as pessoas mais prejudica-das pelos desastres climáticos, as mais pobres. “Mesmo alcançando um segundo período de compromissos, o futuro é sombrio, pois os ob-jetivos da primeira etapa não foram cumpri-dos”, afirmou Dorothy-Grace Guerrero, coor-denadora do programa de clima e justiça am-biental no Focus on the Global South. “A Ao-sis apresentou dados na mesa de negociações para a sobrevivência dos pequenos Estados insulares diante da elevação do nível do mar”, disse Guerrero à IPS. “Querem que os países do Anexo 1 reduzam suas emissões em 50% com relação aos níveis de 1990 para o segundo perí-odo de compromissos”, ressaltou. Fonte: Envolverde/IPS

código florestal

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dos demais seres vivos

O Centro de Resiliência de Estocolmo (Stockholm Resilience Centre), formado por 28 cientistas, dividiu a crise ambiental em dez problemas a serem solucionados – um deles, apenas, se trata do aquecimento global. O objetivo foi ampliar o debate, tirando do foco as mudanças climáticas, consideradas por muitos fora do alcance e das responsabilidades humanas.

O grupo também desenvolveu o conceito de “espaço seguro de manobra”, ou espaço seguro de ação, para que a humanidade solucione as crises ambientais divididas em dez grandes tópicos, sendo que em três deles, já teríamos rompi-do o espaço de manobra, ou seja, não há mais como reverter os processos de perda. São eles o estoque de biodiversidade e o ciclo de nitrogênio (sua acele-ração em rios tem resultado na eutrofização, ou morte de plantas e animais). O processo de mudanças climáticas, defendido pelo grupo como de responsa-bilidade humana, está próximo de perder qualquer possibilidade de reversão.

Os outros sete grandes tópicos da crise global são: a depressão da cama-da de ozônio; escassez progressiva de água doce; acidificação dos oceanos (redução do pH); uso indevido do solo; produção de poeira excessiva na at-mosfera; poluição do solo (aumento de circulação de produtos químicos) e aumento do ciclo de fósforo.

O professor e pesquisador da Universidade Federal Fluminense (UFF), Arthur Soffiati, que acompanha os estudos do Centro de Resiliência desde 2009, confirma que abordar a crise ambiental, colocando no centro das dis-cussões a responsabilidade humana sobre o aquecimento do planeta, não tem dado resultados a ponto de alterar a relação que temos com a natureza, fruto da visão de que os recursos naturais e os demais seres vivos existem para servir e são ilimitados ou substituíveis graças às evoluções tecnológicas.

Soffiati estuda a relação entre a humanidade e o meio ambiente há 35 anos, e entende que a única forma de existir uma reação coletiva capaz de reverter à crise ambiental em curso “é politizar a discussão, conscientizar as pessoas de que os seres vivos têm direitos”, de existirem e de se reproduzirem no seu habi-tat natural. “Enquanto não houver entendimento acerca dos limites do plane-ta, é inútil pensar em justiça social e desenvolvimento econômico”, completa.

o direito de existir

O real desafioMudar a relação entre a humanidade e o

meio ambiente requer superar uma concep-ção de mais de quinhentos anos, ou desde que o sistema econômico desenvolvido na Europa Ocidental, por volta do século XV, foi fortaleci-do e levado para as demais culturas humanas, pondera Soffiati.

“Quem poderia imaginar que as sociedades e as culturas japonesa e chinesa, que tiveram relações equilibradas com a natureza, com al-guns casos de transgressão, acabassem acei-tando a concepção ocidental, de que o mundo é uma coisa que pode ser manipulada, apro-veitada e que não tem limites, nem para a ex-tração, nem para receber os dejetos do proces-so produtivo?”, questiona.

A economia de mercado (ocidental) transfor-mou a concepção de bens de uso em bens de consumo, que gerou o ‘consumismo’, significa-do para ‘consumo exagerado’, ou seja, aquisi-ção de objetos supérfluos.

O professor entende, também, que usar como exemplo a relação que muitas comuni-dades indígenas têm de equilíbrio com a na-tureza não será suficiente para que a huma-nidade encontre a saída para a atual crise do meio ambiente.

“Para começar não temos mais florestas para atender todas as pessoas. E, segundo, a atual organização de nossas cidades é muito mais complexa, então precisamos lançar mão de tecnologias e novos conhecimentos para en-contrar saídas”. Soffiati prevê que seja preciso convencer as pessoas e os governos de que os sistemas ambientais e seres vivos são deten-tores de direitos.

Para tanto, é importante que as pessoas co-muns deem um salto de consciência no sentido de formar um elo entre os problemas ambien-tais que já enfrentam nas cidades (enchentes, falta de qualidade do ar, alto custo de vida), com o problema da superexploração e uso dos recursos naturais. Ainda assim, a crise alcançou um patamar em que os esforços individuais não proporcionarão mudanças suficientes, ou seja, “apenas as ações em nível mundial trarão os resultados que precisamos”, conclui. Fonte: advivo.com.br/blog/luisnassif/o-direito-de-existir-dos-demais-seres-vivos

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Com apenas três votos contrários, a Medida Provisória do Código Florestal, peça faltante no quebra-cabeças da nova legislação, foi aprovada em 26 de setembro, no plenário do Senado Federal. O resultado é a liberação de ainda mais áreas de floresta para novos desmatamentos e anistia a criminosos ambientais

Em nome do que chamaram de “um acordo possível” para evitar uma dita “inseguran-ça jurídica” no campo, o governo curvou-se aos anseios da bancada ruralista, deixando de ouvir os alertas dos cientistas e da socie-dade civil. O texto, profundamente modifi-cado pelos parlamentares, permite que novos desmatamentos surjam e que os velhos des-matadores sejam perdoados.

“O governo lavou as mãos e deixou o circo pe-gar fogo. E pegou. O resultado é um Código Flo-restal fraco, que não protege nossas matas e, em nome de pequenos agricultores, beneficia grandes desmatadores. Aqueles que saqueiam nosso patrimônio ambiental e destroem flo-restas apostando na impunidade hoje estão felizes”, afirmou Márcio Astrini, coordenador da Campanha Amazônia do Greenpeace.

“Há algumas semanas, a presidente Dilma escreveu um bilhete à nação, dizendo que não concordava com o texto que foi aprova-do. Agora ela precisa fazer valer sua palavra e vetar essa MP que saiu do Congresso”, com-pletou Astrini.

Em uma curta sessão plenária, por pouco a MP não obteve aprovação unânime. Dos 61 senadores presentes, apenas Randolfe Rodri-gues (PSOL-AP), Roberto Requião (PMDB-PR) e Lindbergh Farias (PT-RJ) declararam sua posi-ção contrária ao tratoraço ruralista.

Randolfe Rodrigues foi enfático ao mostrar que muitas das mudanças feitas no texto que veio da presidente Dilma irão piorar a situa-ção florestal do país. O Senador lembrou que “as APP’s (Áreas de Preservação Permanente) são responsáveis pela manutenção da saúde de nossos rios e nascentes. Essa matéria é um desastre para o meio ambiente.”

A MP segue agora para a sanção presiden-cial. A presidente Dilma Rousseff se disse contrária ao acordo feito entre os parlamen-tares para que fosse realizada a votação da matéria antes que perdesse sua validade, em 8 de outubro. No entanto, não houve qual-

fim das florestasCongresso sentencia

Durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, o Conselhão, em 30 de agosto, a presidente Dilma Rousseff foi flagrada pela Valor Econômico com um bilhete em mãos, no qual questionava as ministras Izabella Teixeira (Meio Ambiente) e Ideli Salvatti (Secretaria de Relações Institucionais). A presidente queria saber por que ela não sabia “de nada” sobre o acordo para aprovar a MP. Pressionadas, as ministras desmentiram a participação nas negociações e chegaram a mencionar um possível veto.

quer esforço da parte do Planalto para reverter o quadro de destruição de uma das legislações mais importantes do Brasil.

“Nem mesmo os últimos dados de desmatamento, que apontam um cres-cimento de mais de 200% em relação ao mesmo período do ano anterior, foram suficientes para frear a sanha ruralista sobre nossas florestas. O ca-minho agora é aprovar a lei do Desmatamento Zero no Brasil. A proposta de lei de iniciativa popular é uma alternativa aos cidadãos que não concordam com a posição daqueles que deveriam os representar no Congresso Nacio-nal”, concluiu Márcio Astrini.. Fonte: Greenpeace - veiculação no IHU (www.ihu.unisinos.br)

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Uma lista suja é uma das formas criadas pelo Ministério do Meio Am-biente para combater a devastação na Amazônia. Criada em 2008, ela denuncia os municípios campeões do desmatamento. De tempos em tempos, o órgão inclui novos municípios, a partir de dados coletados pelo satélite. Estar na lista cria uma série de problemas para a economia local e para a produção agropecuária. Sair dela não é nada fácil.

As reservas indígenas em território Caiapó são as únicas áreas intac-tas em São Felix do Xingu, município com 84 mil quilômetros quadrados. É quase o dobro do estado do Rio de Janeiro. O desmatamento é proporcio-nal ao tamanho. A cobertura vegetal desapareceu em mais de 20% da área. Há quatro anos, São Felix do Xingu tenta sair da incômoda posição de pri-meiro do ranking entre os maiores desmatadores da Amazônia brasileira. Ao todo, são 47 municípios de seis estados. O primeiro passo é traçar o mapa das propriedades e fazer o Cadastro Ambiental Rural (CAR).

Nada é perto em São Felix do Xingu. Para fazer o cadastramento ambiental no extremo sul do município, por exemplo, partindo da cidade, os técnicos pre-cisam viajar 920 quilômetros em estrada cheia de buraco e com muita poeira. Os técnicos do cadastramento passam dias inteiros em cima da moto, sofren-do para chegar ao destino. O produtor rural Antônio Chaves, dono de cem hec-tares, vive da pecuária leiteira, da criação de porcos e galinhas. Ele chegou de Minas Gerais há 34 anos como operário de uma empreiteira. Na época, a orien-tação do próprio governo era desmatar. “Quem desmatasse mais, tinha. Se fos-se hoje, eu fazia diferente. Eu era mais fácil preservar o mato do que fazer pasto. Eu, pra mim, tinha mais lucro. Eu acredito que tinha”, diz.

O produtor fi cou apenas com 20% de reserva legal, muito abaixo do que a lei exige para a Amazônia. Ele terá que refl orestar pelo menos 30 hecta-res e quer começar logo, com a ajuda do técnico do CAR. Mas nem todos os fazendeiros abrem as porteiras para o cadastramento ambiental.

Em 2008, em São Felix do Xingu foram der-rubados mais de 700 quilômetros quadrados de fl oresta. Nos anos seguintes, houve queda dos números. Em 2009, passaram para 442 km². Em 2010, foram para 354 km². No últi-mo levantamento, em 2011, fi caram e 140 km². Apesar da redução, o número ainda está 3 ½ vezes acima do máximo permitido, de 40 km².

Segundo o secretário municipal do Meio Ambiente, Luiz Alberto Araújo, são as grandes fazendas de pecuárias que mais desmatam. O gado é o principal negócio da região. O re-banho, que passa de dois milhões de cabeças, é o maior do Brasil. A lista suja, do Ministério do Meio Ambiente, não pune diretamente os municípios, mas os prejuízos para as prefeitu-ras são incalculáveis, porque os donos das ter-ras, os produtores rurais, arcam com todas as consequências. Eles não podem tomar dinheiro em banco nem vender a produção. Até o gado está proibido de deixar a fazenda.

O produtor rural Pedro Vieira até consegue vender os bois. Ele já fez o cadastro ambiental,

Lista suja denuncia municípios campeões de

1- Machadinho d’Oeste, RO2 - Pimenta Bueno, RO3 - Porto Velho, RO4 - Nova Mamoré, RO5 - Lábrea, AM6 - Mucajaí, RR7 - Altamira, PA8 - Brasil Novo, PA9 - Cumaru do Norte, PA10 - Dom Eliseu, PA11 - Itupiranga, PA12 - Marabá, PA13 - Novo Progresso, PA14 - Novo Repartimento, PA15 - Pacajá, PA16 - Paragominas, PA17 - Rondon do Pará, PA18 - Santa Maria das

Barreiras, PA19 - Santana do Araguaia, PA20 - São Félix do Xingú, PA21 - Tailândia, PA22 - Ulianópolis, PA

23 - Amarante do Maranhão, MA

24 - Alta Floresta, MT25 - Aripuanã, MT26 - Brasnorte, MT27 - Colniza, MT28 - Confresa, MT29 - Cotriguaçú, MT30 - Feliz Natal, MT31 - Gaúcha do Norte, MT32 - Juara, MT33 - Juína, MT34 - Marcelândia, MT35 - Nova Bandeirantes, MT36 - Nova Ubiratã, MT37 - Paranaíta, MT38 - Peixoto de Azevedo, MT39 - Porto dos Gaúchos, MT40 - Querência, MT41 - São Félix do

Araguaia, MT42 - Vila Rica, MT43 - Nova Maringá, MT

Municípios incluídos nas Portarias 28/2008 MMA e 102/2009

Amazônia LegalMunicípios prioritários para a prevencão e combate ao dematamentoFonte: cptrondonia.blogspot.com.br/

Limite EstadualMunicípios Portaria 28/2008 (36)Municípios Portaria 102/2009 (7)

Lista de Municípios Prioritários da Amazônia:http://www.mma.gov.br/images/arquivos/fl orestas/controle_e_prevencao/lista_prioritarios_pdf.pdf

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Floresta Faz a Diferença lança campanha “Não vote em quem votou contra as florestas”

A iniciativa popular alerta a sociedade e a opinião pública sobre os parlamentares que votaram a favor de mudanças no Código Flo-restal que é alvo de crítica inclusive da comu-nidade científica representada pela Acade-mia Brasileira de Ciências (ABC) e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Um mapa do Brasil com a lista dos 83 candi-datos que participaram da votação do Código Florestal já está acessível no site www.flores-tafazadiferenca.org.br. O internauta pode cli-car em seu Estado e ver, em sua cidade, quando for o caso, todos os concorrentes, com fotos, le-gendas dos partidos e histórico de votação: re-cebem o cartão vermelho, amarelo e verde, con-forme seu posicionamento nas votações. A lista serve como um guia ao eleitor na escolha dos prefeitos. A campanha conta com a força da di-vulgação nas redes sociais e, portanto, será di-vulgada também no www.facebook.com/flo-restafazadiferenca e no twitter @florestafaz.

A iniciativa é uma alternativa para os brasilei-ros que acreditam ser fundamental preservar o meio ambiente. Com criatividade, o movimen-to trabalhou nos layouts de folders, cartazes, cartões e camisas, cujo download pode ser feito no site do Floresta Faz a Diferença.

“Ainda há esperança para as florestas após o desmonte do Código Florestal e é nosso com-promisso mostrar aos políticos que a socieda-de está de olho no trabalho feito no Congresso e nos municípios”, declarou Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica.

À frente da campanha contra a alteração do Código Florestal, o Floresta Faz a Diferença apoiou o Comitê em Defesa das Florestas na mo-bilização #VetaTudoDilma, que pediu o veto to-tal da presidente Dilma Rousseff ao projeto do novo Código Florestal. Mais de 200 organizações da sociedade civil de todo o Brasil lideraram esse ato junto a personalidades nacionais.

Em seguida, a ação foi levada para a Rio+20 com o mote #OJogonãoAcabou, explicitando que, após o veto parcial da presidente Dilma Rousseff, o projeto voltou ao Congresso. E, agora, às vés-peras das eleições 2012, o Floresta Faz a Diferen-ça volta repaginado e com fôlego renovado para cobrar o voto consciente dos eleitores. Fonte: blogs.diariodonordeste.com.br

vote!NãoLista suja denuncia municípios campeões de

mas não pode precisar do banco. “Hoje, nós não consegue nenhum benefí-cio bancário como empréstimo, custeio, compra de máquina ou beneficio ne-nhum. Eu, hoje, se eu quiser pagar os meus funcionários eu tenho que vender uma carreta de vaca, uma carretinha de boi para poder pagar os funcionários no fim do mês”, diz.

Rebanho embargado no pasto, dívidas na praça e cheque sem fundo. Para complicar a situação, o pecuarista Francisco da Costa foi multado pelo Ibama por um desmatamento recente. Assim, a cidade do boi vai pisando no freio. O comércio é obrigado a vender fiado. Nem a pequena loja de roupas escapa da crise. O faturamento da comerciante Zilda Nunes caiu pela metade.

O município de Anapu, no centro do Pará, acabou de entrar na lista dos grandes desmatadores. No ano passado, o lugar perdeu 225 quilômetros quadrados, mais de 20 mil hectares de floresta, quase o triplo que em 2010. A maior parte da derrubada se concentra em terras da reforma agrária. Duas mil famílias vivem em lotes distribuídos pelo Incra. No assenta-mento Grotão da Onça fica uma área queimada recentemente. Por lei, até os assentamentos da reforma agrária são obrigados a preservar 80% da floresta como reserva legal. Mas não é o que ocorre em Anapu. Muitos colonos já derrubaram quase tudo pra vender a madeira.

O cenário sombrio é no lote de 150 hectares ocupados pelo agricultor Luzivaldo Santos. Oficialmente ele não é dono. Ele comprou de um segun-do ocupante, que não conheceu. Sem fiscalização, a área de reserva legal só encolhe. Santos podia derrubar 30 hectares, mas 45 hectares já tombaram e ele se prepara para desmatar mais um pedaço. “Eu vendo a árvore por R$ 40. O metro cúbico da árvore é vendido por cerca de R$ 1 mil a R$ 1,2 mil”, diz.

É esse mesmo o preço da madeira nas serrarias de Anapu. Em uma árvore que custa R$ 40, o madeireiro tem mais de mil reais de lucro. A equipe de reportagem tentou visitar algumas serrarias, mas os donos nem quiseram receber a reportagem. A propriedade embargada pelo Ibama em 2008 con-tinua funcionando ilegalmente com outro nome.

No interior do Pará há muitos casos de violência contra quem tenta defender a floresta. Uma religiosa foi morta em uma emboscada. O crime repercutiu no mundo inteiro. A missionária americana Dorothy Stang trabalhava na região para que a convivência entre os assentamentos da reforma agrária e a floresta fosse pacífica. A ideia era fazer com todos os agricultores pudessem produzir agricultura e até extrair madeira de forma sustentável. Ela foi assassinada no assentamento Esperança em fevereiro de 2005. No período de sete anos o mu-nicípio já perdeu mais de 600 km², uma área quase do tamanho de Salvador, na Bahia. O Incra funciona em uma casa que até pouco tempo era uma boa-te. O chefe do escritório diz que sabe das invasões e dos desmatamentos, mas não dá conta de três municípios, 12 mil lotes e apenas seis servidores.

A reforma agrária ocupa 70% do território do município de Anapu e há der-rubada em todos os assentamentos. Hoje, nos seis assentamentos há quase tudo por fazer. Em nenhum deles tem água potável ou luz elétrica. Apenas em um deles há escola e posto de saúde. É uma situação de extrema pobreza que induz à devastação. Na Amazônia paraense, a floresta agoniza em pequenas e grandes propriedades. Tudo vira cinza e pasto. É um cemitério de cumarus, ipês, jatobás, castanheiras, sumaúmas, mognos, andirobas e angelins. Fonte: Globo Natureza, com informações do Globo Rural

Lista foi criada para combater a devastação na Amazônia. Estar na listagem prejudica a economia local e a produção agropecuária

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transGênicos e aGrotóxicosO transgênico testado foi o milho NK603, to-lerante à aplicação do herbicida Roundup (característica presente em mais de 80% dos transgênicos alimentícios plantados no mundo), e o agrotóxico avaliado foi o próprio Roundup, o herbicida mais utilizado no pla-neta – ambos de propriedade da Monsanto. O milho em questão foi autorizado no Brasil em 2008 e está amplamente disseminado nas lavouras e alimentos industrializados, e o Roundup é também largamente utilizado em lavouras brasileiras, sobretudo as transgênicas.

O estudo foi realizado ao longo de 2 anos com 200 ratos de laboratório, nos quais foram ava-liados mais de 100 parâmetros. Eles foram ali-mentados de três maneiras distintas: apenas com milho NK603, com milho NK603 tratado com Roundup e com milho não modificado geneticamente tratado com Roundup. As do-ses de milho transgênico (a partir de 11%) e de glifosato (0,1 ppb na água) utilizadas na dieta dos animais foram equivalentes àquelas a que está exposta a população norte-americana em sua alimentação cotidiana.

Os resultados revelam uma mortalidade mais alta e frequente quando se consome esses dois produtos, com efeitos hormonais não lineares e relacionados ao sexo. As fêmeas desenvolve-ram numerosos e significantes tumores ma-mários, além de problemas hipofisários e re-nais. Os machos morreram, em sua maioria, de graves deficiências crônicas hepato-renais.

O estudo, realizado pela equipe do professor Gilles-Eric Séralini, da Universidade de Caen, na França, foi publicado em 19/9 em uma das mais importantes revistas científicas interna-cionais de toxicologia alimentar, a Food and Chemical Toxicology.

Segundo reportagem da AFP, Séralini afir-mou que “O primeiro rato macho alimentado com OGM morreu um ano antes do rato indi-cador (que não se alimentou com OGM), en-quanto a primeira fêmea, oito meses antes. No 17º mês foram observados cinco vezes mais machos mortos alimentados com 11% de milho (OGM)”, explica o cientista. Os tumores apare-cem nos machos até 600 dias antes de surgi-rem nos ratos indicadores (na pele e nos rins). No caso das fêmeas (tumores nas glândulas mamárias), aparecem, em média, 94 dias an-tes naquelas alimentadas com transgênicos.

Pela primeira vez na história foi realizado um estudo completo e de longo prazo para avaliar o efeito que um transgênico e um agrotóxico podem provocar sobre a saúde pública. Os resultados são alarmantes

Estudo mostra os males causados por meio ambiente e saúde

O artigo da Food and Chemical Toxicology mostra imagens de ratos com tumores maiores do que bolas de pingue-pongue. As fotos também podem ser vistas em algumas das reportagens citadas ao final deste texto.

Séralini também explicou à AFP que “Com uma pequena dose de Roundup, que corresponde à quantidade que se pode encontrar na Bretanha (norte da França) durante a época em que se espalha este produto, são observados 2,5 vezes mais tumores mamários do que é normal”.

De acordo com Séralini, os efeitos do milho NK603 só haviam sido analisa-dos até agora em períodos de até três meses. No Brasil, a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) autoriza o plantio, a comercialização e o consumo de produtos transgênicos com base em estudos de curto prazo, apresentados pelas próprias empresas demandantes do registro.

O pesquisador informou ainda que esta é a primeira vez que o herbicida Roundup foi analisado em longo prazo. Até agora, somente seu princípio ati-vo (sem seus coadjuvantes) havia sido analisado durante mais de seis meses.

Um dado importante sobre esse estudo é que os pesquisadores trabalha-ram quase que na clandestinidade. Temendo a reação das empresas multina-cionais sementeiras, suas mensagens eram criptografadas e não se falava ao telefone sobre o assunto. As sementes de milho, que são patenteadas, foram adquiridas através de uma escola agrícola canadense, plantadas, e o milho colhido foi então “importado” pelo porto francês de Le Havre para a fabrica-ção dos croquetes que seriam servidos aos ratos.

A história e os resultados desse experimento foram descritos em um livro, de autoria do próprio Séralini, que será publicado na França em 26 de setem-bro sob o título Tous Cobayes! (Todos Cobaias!). Simultaneamente, será lança-do um documentário, adaptado a partir do livro e dirigido por Jean-Paul Jaud.

Esse estudo coloca um fim à dúvida sobre os riscos que os alimentos trans-gênicos representam para a saúde da população e revela, de forma chocan-te, a frouxidão das agências sanitárias e de biossegurança em várias partes do mundo responsáveis pela avaliação e autorização desses produtos. Fonte: Jornal dos Amigos/Jornal Valor

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As águas subterrâneas são um recurso importante para a vida. Elas fornecem água para bilhões de pessoas, desempenham um papel es-sencial na agricultura irrigada e influenciam a saúde de muitos ecos-sistemas. Porém, avaliações em escalas regionais e globais alertam para o seu esgotamento. Em um artigo publicado em agosto desse ano na re-vista Nature, pesquisadores do Departamento de Engenharia Civil da Uni-versidade McGill, no Canadá, defendem o conceito de “pegada de água subterrânea”, uma adaptação do conceito de “pegada ecológica”, como uma forma de preservar tais recursos.

Segundo os autores, ainda não está claro qual a taxa mundial de esgo-tamento de águas subterrâneas em relação à taxa de renovação natural e ao fornecimento necessário para manter os ecossistemas. No entanto, eles são claros em dizer que os seres humanos estão “superexplorando as águas subterrâneas em muitos aquíferos grandes que são fundamentais para a agricultura, especialmente na Ásia e América do Norte”.

O estudo, cujo título é Water balance of global aquifers revealed by groun-dwater footprint, estima que o tamanho da “pegada de água subterrânea” global (ou seja, o uso mundial de água subterrânea) é 3,5 vezes maior que a área atual de aquíferos, e que cerca de 1,7 bilhão de pessoas vivem em áreas onde os recursos de água subterrânea e/ou ecossistemas dependen-tes de águas subterrâneas estão ameaçados.

O estudo ainda mostra que 80% dos aquíferos têm uma “pegada de água subterrânea” que é menor do que a sua área, ou seja, estão sendo pouco explorados, enquanto os outros 20% são superexplorados.

“A pegada de água subterrânea é a primeira ferramenta adequada para avaliar consistentemente o uso, a renovação e os ecossistemas de águas subterrâneas. Ela pode ser combinada com o conceito de pegada de água e o cálculo da água virtual, e ser utilizada para avaliar o potencial para aumentar os rendimentos agrícolas com água subterrânea renovável. O método poderia ser modificado para avaliar outros recursos com taxas de renovação que são lentas e espacialmente heterogêneos, como a pesca, áreas florestais ou solo”, afirma a equipe no artigo.

A região, que desempenha um papel im-portante na conservação da biodiversida-de, sofre com os resíduos de pesticidas no leito de rios, córregos, fundo de cachoei-ras e lagoas no curso das águas. A reporta-gem é do Portal Ciclo Vivo.

A situação foi detectada por pesquisado-res da Universidade Federal do Mato Gros-so e da Embrapa Pantanal. Isso porque o Mato Grosso é o maior produtor de grãos do país e ao mesmo tempo em que produz em larga escala, o Estado aumenta a quan-tidade de venenos para conter as pragas.

O MT também lidera o consumo nacional de pesticidas, sendo o Brasil o país que mais usa agrotóxicos no mundo. Para se ter uma ideia, só na safra 2010/2011 foram utilizados 936 mil toneladas de agrotóxicos em plan-tações nacionais. A situação é preocupante para os órgãos de saúde e alimentação.

“Veneno, como o próprio nome diz, é feito para matar. A linha entre matar a erva dani-nha e a saúde das pessoas é tênue. O cresci-mento do uso de agrotóxico é muito maior do que imaginávamos e o país não pode abrir mão do direito de restringir o uso ou banir” afirmou José Agenor Álvares, diretor de controle e monitoramento sanitário da Anvisa, ao Globo.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), desde 2008, tenta normatizar o uso de agrotóxico no país. Cinco produtos já foram tirados de circulação, mesmo as-sim alguns deles continuam a ser usados de forma ilegal.

Apesar de serem minoria no mercado, os produtos biológicos, que são menos agres-sivos à saúde humana, são incentivados pelo Ministério da Agricultura. De 1.537 marcas de produtos químicos, apenas 72 se enquadram na classificação dos menos prejudiciais à saúde humana. Fonte: portal Ciclo Vivo

pantanal

subterrânea

O Pantanal Mato-grossense está cada dia mais prejudicado devido ao uso de agrotóxicos nas lavouras

O uso mundial de água subterrânea é 3,5 vezes maior que a área atual de aquíferos

Agrotóxicos estão contaminando rios do

Pegada de água

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A Fundação Centro Brasileiro de Proteção e Pesquisa das Tartarugas Marinhas – Pró-Tamar esclarece que foi indeferido pelo juiz Paulo Ri-cardo de Souza Cruz o pedido liminar de indisponibilidade de bens, fei-to pela Advocacia Geral da União (AGU), sob o fundamento de que o ór-gão não apresentou ter havido dano causado ao erário nem o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito da fundação. Além disso, o juiz sustentou o indeferimento tendo em vista a possibilidade de gerar prejuízo às atividades da Pró-Tamar.

A Pró-Tamar, na defesa prévia da Ação Civil Pública proposta pela AGU, comprovou que exerce atividades de assistência social, sendo reconheci-das pelo Conselho Municipal de Assistência Social (CMA), e que adquiriu de forma lícita o Certifi cado de Entidade Benefi cente de Assistência Social (Ce-bas), em 2007, emitido pelo Conselho Social de Assistência Social (CNAS). Ressalta-se ainda que, embora tenha obtido a certifi cação, a fundação ja-mais usufruiu de benefícios previdenciários.

A Pró-Tamar afi rma que não houve alterações extemporâneas dos requisi-tos legais na obtenção do Cebas, envolvendo o funcionamento e as demons-trações contábeis. Houve a reclassifi cação de dados contábeis a fi m de de-monstrar, em detalhes e máxima transparência, a aplicação das verbas nos serviços de assistência social prestados pela fundação. Além disto, o Estatuto Social foi alterado para se adequar ao Código Civil de 2002 (Lei Nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002) e às exigências do registro no conselho (CNAS).

Foi comprovado no processo de obtenção do Cebas que não houve lobby pela Pró-Tamar junto aos membros e analistas do CNAS. Constatou-se que no processo de obtenção do Cebas foram contratadas empresas especiali-zadas que existiam no mercado e que funcionavam regularmente, em ra-zão de experiência e especialidade para explicitar as ações socioassisten-ciais promovidas pela instituição. Não houve má fé ou dolo por parte da Pró-Tamar e nenhum prejuízo aos cofres públicos, não havendo que se falar em improbidade administrativa.

Sobre a Fundação Pró-TamarA Fundação Pró-Tamar é uma entidade de

direito privado, constituída em 1988 para apoiar as atividades desenvolvidas desde 1980 pelo Projeto Tamar, ao longo do litoral brasileiro. Sua missão é desenvolver ações de conservação e pesquisa das tartarugas marinhas, promovendo a mudança no com-portamento da sociedade, buscando livrá-las da ameaça de extinção.

As equipes de trabalho atuam através de 23 bases distribuídas em áreas costeiras e oce-ânicas de nove estados da federação: Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Pau-lo e Santa Catarina.

Nestas regiões são realizadas ações de pro-teção, manejo e pesquisa das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Bra-sil, além de atividades socioassistencias in-tegradas que visam o envolvimento comuni-tário, através da geração de novas oportuni-dades de renda, da educação ambiental e da valorização da cultura local. Fonte: Papel Social

Comentários do jornalista Lúcio Lambranho sobre a nota do Tamar (A reportagem mantém todas as informações publicadas): O processo envolvendo o Tamar tem como base conversas telefônicas gravadas com autorização da Justiça e documentos apreendidos na Operação Fariseu, investigação iniciada em 2005 por Polícia Federal, Ministério Público Federal e Receita Federal.A apuração levou à prisão os dois consultores contratados pela Fundação Pró-Tamar. Ambos, que segundo o Tamar faziam parte de empresa especializada, são acusados, inclusive em outros processos, de integrar uma organização criminosa que praticou corrupção ativa e passiva, advocacia administrativa, formação de quadrilha e improbidade administrativa no Conselho Nacional de Assistência Social. Sobre o indeferimento do pedido liminar, a própria reportagem avisa sobre a decisão do magistrado. Diz o juiz: “A União não tem interesse em requerer a medida, uma vez que ela própria é que concedeu o Cebas à ré e se agora o entende indevido, deve exercer o poder de autotutela, anulando o certifi cado, exercendo o poder que lhe é reconhecido”.A informação de que a entidade ainda não se benefi ciou do certifi cado também consta na matéria. O Tamar não se benefi ciou somente porque a Receita Federal identifi cou o problema em sua investigação.

proJeto tamarenvia carta de esclarecimento

A Fundação Pró-Tamar enviou uma nota de esclarecimento sobre os fatos veiculados nas reportagens que citaram fraudes e irregularidades no processo de concessão do título de entidade de assistência social. Leia aqui o posicionamento do Tamar e os comentários do jornalista Lúcio Lambranho, autor da reportagem

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Leia a reportagem de Lúcio Lambranho em: http://papelsocial.com.br/2012/04/10/triste-fraude-projeto-tamar/

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Discussões do 1º Encontro Preparatório para o Fórum Mundial de Ciência 2013

é peça-chave para o desenvolvimento sustentávelciênciaPara que o desenvolvimento global seja pos-sível, a ciência e os cientistas precisam atin-gir um grau maior de influência em todo o mundo, afirmou Michael Clegg, presidente da Rede Interamericana das Academias de Ciência (Ianas, na sigla em inglês), durante a abertura do 1º Encontro Preparatório para o Fó-rum Mundial de Ciência 2013, realizado na sede da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) entre 29 e 31 de agosto.

A humanidade, afirmou Clegg, enfrentará grandes desafios no século 21, como mudanças climáticas, doenças emergentes, crescimento populacional e as consequentes dificuldades no abastecimento de alimentos, água e energia.

“É crucial ouvir a voz da ciência ao tratar de problemas mundiais, pois esse é o meio mais bem-sucedido de criação do conhecimento e lida exclusivamente com argumentos basea-dos em evidências”, disse.

Embora muitos problemas sejam globais, de acordo com Clegg, a adoção de soluções deve ocorrer no âmbito nacional e, portanto, as academias de ciência locais cumprem um papel importante. “São instituições livres de interferência política, com credibilidade para informar o público e os tomadores de decisão sobre problemas iminentes e poten-ciais soluções”, avaliou.

Clegg propôs a adoção de uma agenda co-mum para as academias de ciência, que inclui itens como fornecer conselhos sobre ciência e tecnologia para os governantes, encorajar no-vos centros de excelência nas áreas de interes-se das nações e promover a evolução dos pro-gramas educacionais.

Também estiveram presentes na cerimônia de abertura do encontro Marco Antonio Raupp, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), e Helena Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A Fapesp foi representada por Celso Lafer, presidente, José Arana Varela, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo, e Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico.

O Fórum Mundial da Ciência 2013 ocorrerá no Rio de Janeiro, com organi-zação da Academia de Ciências da Hungria, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Inter-national Council for Science (ICSU), a Academy of Sciences for the Develo-ping World (TWAS), a European Academies Science Advisory Council (EA-SAC), a American Association for the Advancement of Science (AAAS) e a ABC. O Fórum tem a missão de promover o debate entre comunidade cien-tífica e sociedade. “A realização do Fórum Mundial da Ciência no Brasil em 2013 dará grande visibilidade à ciência brasileira. É um indício de que con-quistamos legitimidade e uma forte presença internacional”, disse Palis.

Nader destacou o trabalho de todas as academias de ciência da América Latina para que o fórum seja realizado fora da Hungria pela primeira vez. “Como esse evento é voltado a uma plateia mais restrita, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação resolveu organizar encontros preparatórios para fazer a discussão sobre a ciência reverberar pelo país”, disse.

Além de São Paulo, serão realizados ao longo do ano encontros em Belo Horizonte, Salvador, Recife, Manaus, Porto Alegre e Brasília. Ao fim do de-bate nacional, as proposições e principais conclusões sobre o papel da ci-ência no desenvolvimento global serão consolidadas em um documento que será divulgado antes da reunião internacional no Rio de Janeiro em novembro de 2013.

Evolução da ciência brasileiraBrito Cruz ressaltou a satisfação da Fapesp em dar início às discussões

sobre o Fórum Mundial da Ciência no Brasil. “A escolha do país vem em re-conhecimento de nossa evolução no que diz respeito à ciência e tecnologia, notável nos últimos anos. Uma das mudanças importantes tem sido o au-mento do papel das empresas na atividade científica”, ressaltou.

O crescimento da produção brasileira no setor também foi destacado pelo ministro Raupp. Segundo ele, os gastos do país com pesquisa e de-senvolvimento cresceram 85% nos últimos dez anos, embora ainda este-jam aquém do ideal.

O número de grupos de pesquisa registrados no Conselho Nacional de De-senvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), disse o ministro, saltou de 12 mil em 2000 para mais de 27 mil em 2012 – aumento de 134%. O número de artigos publicados em revistas internacionais passou de 3,5 mil em 1990 (0,63% da produção científica mundial) para 32,1 mil em 2009 (2,69% da produção mundial).

De acordo com Raupp, a expectativa é que o Fórum Mundial contribua para acelerar a corrida do país em direção ao desenvolvimento sustenta-do. “O Brasil está rumando para a nova economia, cujos pré-requisitos são competitividade e sustentabilidade, que só se alcança com o uso intensivo do conhecimento científico e tecnológico.” Fonte: Diário do Nordeste

É crucial ouvir a voz da ciência ao tratar de problemas mundiais, pois esse é o meio mais bem-sucedido de criação do conhecimento e lida exclusivamente com argumentos baseados em evidências.(Michael Clegg, presidente da Rede Interamericana das Academias de Ciência – Ianas)

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A máfia doartigo

O mercado se baseia no peso do lixo. Cobra-se pela tonelada de resíduo transportada de caminhão (as empresas do setor são remune-radas com base em estimativas de carga nem sempre precisas) e pela tonelada de resíduo que dá entrada em aterros sanitários (onde balanças rodoviárias deveriam aferir o peso e cobrar pelo descarte). Para cada tipo de re-síduo há um valor específico, dependendo da periculosidade da carga. O custo da tonelada de resíduos industriais perigosos,por exemplo, pode chegar a mil reais, enquanto o lixo domi-ciliar flutua numa faixa de quarenta reais.

Não é difícil imaginar porque a maioria dos prefeitos no Brasil – sem o amparo de uma boa assessoria técnica – ainda destinem seus resí-duos em vazadouros clandestinos. Invariavel-mente eles herdam o problema de seus ante-cessores, temem os custos inerentes a desti-nação correta dos resíduos, e mantém a rotina criminosa de descartar o lixo em lugar impró-prio alugando o serviço de uma empresa de transportes pelo preço médio de cinco reais a tonelada. Há também a presunção de que cui-dar bem do lixo não dá voto, além do risco de não conseguir resolver o problema até o fim do mandato. Em resumo: melhor deixar tudo como está, ainda que uma nova Lei Federal – a Política Nacional de Resíduos Sólidos – estabe-leça o prazo limite de 2014 para a existência de lixões em território nacional.

É preciso deixar claro que todas as ações em favor da destinação inteli-gente dos resíduos (reciclagem do lixo seco, compostagem do lixo úmido, reaproveitamento de entulho, produção de energia, etc.) encontra forte re-sistência de prefeitos mal informados, incompetentes ou que agem de má fé por obterem alguma recompensa ilícita despejando o lixo em vazadouros. Estes encontram o apoio de empresários que se locupletam das estimativas grosseiras – invariavelmente arredondadas para cima – do peso de lixo que levarão em seus caminhões sabe lá Deus pra onde.

Ainda que o município disponha de um aterro sanitário – ou tenha a op-ção de descartar o lixo num depósito credenciado no município vizinho - pode-se coletar o material e evitar a cobrança feita pelo aterro (os recursos ajudam a cobrir os custos do tratamento dos gases e do chorume, além do manejo adequado dos resíduos) despejando em outro lugar qualquer onde ninguém flagre o lançamento e nem cobre por isso. A situação é particu-larmente grave quando se trata dos “Resíduos Classe 1”, também chamados de resíduos perigosos, por terem as seguintes características definidas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) : “inflamabilidade, corro-sividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade”. Lixo hospitalar e resí-duos industriais, por exemplo, se enquadram nessa categoria.

Por razões óbvias, tanto o transporte quanto a destinação final desse lixo perigoso determinam cuidados especiais e custos elevados, razão pela qual a tentação de não seguir a risca o que determina a lei para economizar uns trocados é gigantesca. Como o Brasil é um país continental, há muitas rotas de fuga para despejar esses resíduos em lugares inadequados, com enor-mes riscos à saúde humana e ao meio ambiente. É expressiva a quanti-dade de áreas contaminadas nas cercanias das zonas industrias do Brasil. A Rede Latino Americana de Prevenção e Gestão de Sítios Contamina-dos (Relasc) disponibiliza farto material a respeito no site da entidade www.relasc.org. Apenas no Estado de São Paulo existem 2272 áreas com-provadamente contaminadas.

Esse problema não seria tão preocupante se houvesse vontade política para fiscalizar caminhões e carretas e cobrar dos respectivos motoristas o “manifesto de resíduos”, uma declaração exigida por lei que especifica ori-gem, destino e classificação do lixo transportado. Cabe aos órgãos ambien-tais estaduais a devida fiscalização desses materiais. Mas, aqui entre nós, alguém parece preocupado com isso? E os seus candidatos a prefeito e a ve-reador? Qual a posição deles sobre tudo isso? Em tempo de eleições munici-pais, convém prestar atenção de que lado eles estão. Esse é o tipo de assunto sobre o qual não dá para ficar em cima do muro. Quem está a favor da máfia do lixo, está contra você e a sua cidade. Fonte: G1

Lixo é assunto de prefeito. É dele a responsabilidade pelo sistema de coleta, transporte e destinação final dos resíduos. Invariavelmente os prefeitos recorrem a serviços terceirizados para cumprir essas funções. Editais mal formulados de licitação, falta de transparência e fiscalização deficiente compõem o cenário que tornou o lixo – não apenas no Brasil mas em boa parte do mundo – um chamariz de corruptos

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diante das crises globais

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Não há mais dia em que não estejam na comunicação notícias, análises, debates sobre as várias crises em que estamos mergulhados – da água, das mudanças climáticas, da desertificação, da perda da biodiversidade, do consumo excessivo no mundo, já além da capacidade de reposição do planeta –, agravadas pela perspectiva de que mais 2 bilhões de pesso-as venham somar-se aos 7 bilhões de atuais viventes, 1 bilhão dos quais passa fome e mais de 2 bilhões vivem abaixo da linha da pobreza.

Como sair desse quadro dramático, quando as únicas instituições univer-sais de que dispomos – como a Organização das Nações Unidas (ONU) – se veem paralisadas diante da falta de consenso entre os países e as pessoas, que impede a tomada de decisões globais? Que fazer, se conflitos armados continuam a eclodir e podem ampliar-se? E que atitudes adotar diante de ameaças novas, como a da guerra cibernética?

A política, a ciência, a economia não vêm obtendo êxito com muitas das respostas a questões dessa natureza que vêm propondo em muitos luga-res, muitos fóruns de discussões. Mesmo quando ocorre uma aprovação em princípio, a prática não consegue avançar, dadas as contradições e divergên-cias entre países, blocos, instituições, governos, etc., cada um deles tentando fazer prevalecer os seus interesses específicos, isolados. Seria interessante ouvir outras propostas. Por exemplo, a palavra das religiões, os caminhos que propõem, eventuais êxitos que tenham conseguido aqui e ali, neste ou naquele terreno – já que em seu dia a dia cuidam de questões éticas, morais, posturas baseadas em princípios religiosos.

Por isso mesmo, convidado, há poucos dias o autor desta linha participou na capital paulista, na Aliança Cultural Brasil-Japão, e com a participação de filósofo, psicólogos e de professores também do Japão, de Taiwan e do Ha-vaí, de um “Fórum sobre Humanismo”, em que a pergunta central era esta: “Qual é a verdadeira natureza do ser humano?”. As razões das crises globais de hoje e os caminhos para enfrentá-las estiveram no centro das discussões.

Um dos pontos de partida foi a afirmação de que na base dos conflitos está a “dificuldade de conviver com o diferente”, ao lado do pensamento de que “a ciência é a certeza que move o mundo” – pois, ao mesmo tempo que ofe-rece soluções brilhantes para problemas em tantas áreas, é capaz de criar tecnologias complicadoras da vida, estimuladoras do consumo supérfluo, quando não gera catástrofes com bombas nucleares e outras armas de des-truição em massa. São alguns dos caminhos que, paralelamente, criam difi-culdades de conviver com o próximo e, ao mesmo tempo, a arrogância, a cer-teza de que a engenharia genética, por exemplo, será capaz de tudo resolver, como observou um dos mestres participantes.

A prática religiosa, foi dito, precisa levar as pessoas a se perguntarem se o ser humano é superior a outras espécies; precisa inflá-lo de coragem para o diálogo; colocar perguntas óbvias, como a de que não é possível fazer a guerra em nome da paz, atropelando outros seres; meditar sobre questões decisivas a respeito do convívio com a natureza, as espécies, os hábitats - e deixar de se ver como o centro de tudo, tendo o ego como a razão central do universo. “Só quando começamos a nos comparar com o que está fora de nós – deixando de olhar apenas para nós mesmos – conseguimos abrir ca-minhos para a harmonia (...). Todo mundo tem sabedoria (...). Mas se pensar-

mos que só a ciência é a verdade e o princípio é o eu, pode-se caminhar em direções perigosas”, ponderou um dos palestrantes.

Parece óbvio que todos esses pontos de parti-da precisam estar sobre a mesa, numa hora de tantas crises de gravidade extrema. Mas como fazê-los prevalecer sem a imposição de leis, po-líticas, etc.? Que fazer quando, mesmo no auge de campanhas eleitorais, como agora, os temas acabam minimizados ou obscurecidos pelos próprios candidatos, temerosos de que o con-fronto com pensamento diferente os leve a perder votos? É imperioso que as próprias reli-giões tragam a público as discussões, manifes-tem suas posições a respeito do que estamos vivendo. Para que a sociedade se mova e obri-gue governantes a agir.

Para ficar em apenas um dos temas mencio-nados no início deste artigo, não é possível es-perar que só em 2015, como está acertado na Convenção do Clima, os países-membros che-guem a um compromisso para entrar em vigor apenas em 2020 e leve à redução de emissões que contribuem para desastres climáticos. Os desastres já estão aí, a elevação da tempera-tura da Terra, também. Da mesma forma que outros problemas: a umidade do ar, cuja queda a apenas 10% obrigou à decretação do estado de emergência na capital paulista em 21/8; as emissões de gases em áreas urbanas do Brasil, que representam 23% do total na América La-tina (Estado, 22/8); ilhas de calor que já afetam cidades médias paulistas, segundo a Universi-dade Estadual Paulista (Folha de S.Paulo, 2/8); o número de dias com temperaturas acima de 30 graus Celsius, que aumentou 34% em 50 anos.

Um dos principais especialistas em clima e assessor do governo britânico, Bob Watson, afirma (BBC News, 23/8) que está fora de pos-sibilidade, marcada por otimismo excessivo, a visão de que a temperatura terrestre subirá so-mente até 2 graus em meados do século; a seu ver, ela pode subir até 5 graus. A própria ONU, a Organização Meteorológica Mundial, a Con-venção de Combate à Desertificação pedem urgência a todos os países nos esforços para enfrentar a temporada de secas extremas no Hemisfério Norte, que poderá levar à perda de 35% na safra de soja, agravando ainda mais a fome no mundo.

Não há um segundo a perder nas emergên-cias que já estão diante de nós. E é preciso que todas as instâncias – a religiosa incluída – es-tejam empenhadas em mudanças de paradig-mas que nos levem a soluções verdadeiras. Pode parecer patético enveredar por aí. Mas essa é a tarefa inescapável das atuais gerações. Fonte: O Estado de S.Paulo

Qual é a verdadeira natureza do ser humano?

as reliGiões

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PROGRAMA RECLAMAR ADIANTA

RÁDIO BANDEIRANTESAM 1360 (RJ) COM ÁTILA NUNES FILHO

Permitir que dezenas de ouvintes diaria-mente entrem no ar para reclamar, protes-tar, denunciar, sem censura. Essa é a fórmu-la do sucesso de audiência do Programa Reclamar Adianta que vai ao ar de segun-da à sexta feira pela Rádio Bandeirantes AM 1360 (RJ). Na verdade, esse sucesso é um re-sultado, e não o objetivo. O objetivo sempre foi - e é - de dar voz aos cidadãos que não tem acesso aos veículos de comunicação para externar seus pontos de vista.

Todas as reclamações dirigidas à empresas ou às autoridades, recebem nossa atenção – de forma personalizada – que não se encer-ra quando acaba o programa ao meio dia. A partir desse instante começa o atendi-mento fora do ar. O monitoramento dessas reclamações pela nossa equipe continua no restante do dia, às vezes, do resto da sema-na, até a se alcançar a solução.

O alcance dos assuntos foi ampliado, esten-do-se às reclamações dos ouvintes em rela-ção aos órgãos do governo federal, gover-nos estaduais e prefeituras.

Dezenas de profissionais trabalham hoje in-teiramente dedicados à milhares de ouvin-tes que acompanham o programa ao vivo pela Rádio Bandeirantes ou pela internet, com o fundamental apoio do serviço de in-teresse público Em Defesa do Consumidor (www.emdefesadoconsumidor.com.br).

A central telefônica, criada para atender durante as duas horas de programa, hoje funciona 24 horas por dia.

As três dezenas de profissionais que atuam no Programa Reclamar Adianta preparam-se para ampliar o atendimento nacionalmente.

Tudo isso se deve, contudo, aos milhares de ouvintes que sintonizam a Rádio Bandeiran-tes AM 1360 do Rio de Janeiro, de segunda à sexta-feira, das 10h ao meio dia.

Obrigado a todos.

E guarde o número de telefone de nossa Cen-tral de Atendimento: (021) 3282-5588. Se pre-ferir, nos mande um e-mail. O atendimento é 100% gratuito e personalizado.

A equipe doPrograma Reclamar Adianta

PROGRAMA RECLAMAR ADIANTARÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, entre 10h e meio dia,Acesse pela internet: www.reclamaradianta.com.br

Central telefônica 24h: (021) 3282-5588twitter: @defesaconsumowww.emdefesadoconsumidor.com.br

PROGRAMA PAPO MADURORÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, ao meio dia,Acesse pela internet: www.papomaduro.com.br

Central telefônica 24h: (021) 3282-5144

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Advocacia Rogerio Alvaro Serra de CastroTel. (21) 2531.1005 | Tel/Fax. (21) 2531.2949

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CUPOM DO ASSINANTESIM, quero ser assinante-colaborador da Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental, uma organização sem fins lucrativos, assegurando meu livre acesso ao conteúdo do PORTAL DO MEIO AMBIENTE (www.portaldomeioambiente.org.br) e o recebimento da versão impressa e gratuita da REVISTA DO MEIO AMBIENTE sempre que for editada. Declaro concordar com o pagamento de R$ 100,00 (cem reais) referentes às despesas de manuseio e de postagem de 12 (doze) edições impressas, que receberei uma a uma, independente do tempo que dure. Farei o pagamento através de depósito bancário na Caixa Econômica Federal, Agência 3092 OP 003, C/C 627-5, em favor da PRIMA – MATA ATLÂNTICA E SUSTENTABILIDADE – CNPJ nº 06.034.803/0001-43, parceira da Rebia neste projeto pela democratização da informação socioambiental no Brasil. Após o pagamento, informarei pelo e-mail [email protected] a data, hora e valor do depósito e os dados completos (nome completo, endereço completo) a fim de receber meus exemplares.

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Revista do Meio AmbienteRedação: Trav. Gonçalo

Ferreira, 777 Casarão da Ponta da Ilha,

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Telefax: (21) 2610-2272ano VII • ed 51 • setembro 2012 ISSN 2236-1014