Revista do Meio Ambiente 09

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Edição 09 da Revista do Meio Ambiente

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Editorial

Por Vilmar SidneiDemamam Berna*

ue valor tem ummico-leão ou umecossistema inteiropara uma jovem mãe

que não tem o que fazer paraalimentar os próprios filhos, oupara alguém que não conseguese libertar das drogas, ou vivena solidão, ou não consegue serfeliz? Pessoas infelizes, solitári-as, exploradas, humilhadas ten-dem a não conseguir estendero olhar além de sua própriamiséria pessoal. Como serãocapazes então de sensibiliza-rem-se com a superexploraçãodo Planeta, a poluição e destrui-ção do meio ambiente, a extin-ção de espécies da fauna e daflora, se elas próprias se sentemameaçadas de extinção? Segun-do a OMS – OrganizaçãoMundial de Saúde, 19% de to-das as mortes no Brasil poderi-am ser evitadas. 84% da popu-lação reside nas cidades onde apoluição do ar urbano mata12,9 mil pessoas/ ano. 22% daspessoas vivem abaixo da linhada pobreza, a deficiência deágua tratada e de redes de es-goto tira a vida de 15 mil bra-sileiros/ano. No mundo a situ-ação é pior. Cerca de 13 mi-lhões de mortes poderiam serevitadas por medidas que tor-nassem o meio-ambiente maissaudável, disse a OMC. Quan-tas vezes ouvimos alguns dize-rem que as lutas ambientais nãosão para países pobres ou emdesenvolvimento, mas apenaspara países r icos, quejá resolveram a maior parte deseus problemas. Revelam umavisão romântica da natureza,como se a espécie humana nãofizesse parte dela.

Por outro lado, só serão ca-pazes de se dedicar às lutas so-cioambientais pessoas ricas, sau-dáveis, amadas e felizes? Emmais de duas décadas de mili-tância convivi com parceiros ecompanheiros e companheirasde luta muitos já idosos, outrosportadores de doenças graves,ou desempregados, ou pobres,

Qmas que sempre encontraram -e ainda encontram – dentro desi a força e a capacidade de con-tinuar lutando por causas cole-tivas, como as ambientais. Quemistérios movem o espírito hu-mano que faz as pessoas supe-rarem condições existenciais in-justas e mesmo a se superaremem capacidades e talento parase dedicar a lutas como as am-bientais, sem expectativa de al-gum ganho financeiro ou van-tagem de qualquer natureza? Eem boa parte dos casos sequercontarão com o conforto davitória, pois geralmente se lutacontra interesses econômicos epolíticos poderosos! Muito me-nos devem contar com o reco-nhecimento da sociedade cujaopinião pode ser manipuladapor pessoas inescrupulosas e ga-nanciosas que colocam os am-bientalistas contra a população,como se estes fossem inimigosdo progresso, do emprego. Oque faz pessoas comuns se trans-formarem em guerreiros incan-sáveis na luta pela defesa domeio ambiente, muitas vezes ti-rando energia da própria sobre-vivência pessoal ou de sua fa-mília? O que faz essas pessoasmesmo ameaçadas de mortecontinuarem lutando pelo di-reito de todos, a ponto de per-derem a própria vida, assassi-nados, como Chico Mendes,Dionísio, no Tinguá (RJ), Pau-lo Vinhas, no Espírito Santo, etantos outros mártires da causaambiental no Brasil? O que fazuma pessoa como o Francelmoatear fogo no próprio corpo,em praça pública, numa tenta-tiva de proteger o Pantanalameaçado por usineiros de ál-cool e outros projetos preda-tórios?

Da mesma maneira, e poroutro lado, o que existe no es-pírito dessa grande maioria depessoas que, mesmo conscien-tes e sabedoras da gravidade dosproblemas ambientais, ou dador de semelhantes, escolhemficar indiferentes, escolhem não

lutar, escolhem usar a inteli-gência para encontrar descul-pas para não fazer nada, em vezde arranjar um jeito de fazeralguma coisa?

O nome seria amor? Exis-tem pessoas que amam demais,a ponto de entregarem seu ta-lento, seu tempo e até mesmosua vida pelo outro em suaacepção mais ampla, a pontode incluir não só nosso seme-lhante, mas as plantas, os ani-mais, o planeta inteiro? Exis-tem pessoas incapazes de amar,de serem solidárias com o ou-tro, que vêem apenas a si pró-prias e aos seus interesses? OPapa disse certa vez que o ca-pitalismo falhou com a huma-nidade em não acabar com apobreza, ao se transformarnuma ferramenta eficaz deacumular riquezas, mas não dedistribuir estas riquezas. Nestesentido, creio que cabe tambémdizer que as religiões falharamao não conseguirem que as pes-soas priorizassem em suas es-colhas a solidariedade em vezda competividade, do indivi-dualismo, da ganância; o culti-vo do ser, da espiritualidade,em vez do ter, do materialis-mo, raízes do estilo de vidahumana sobre o Planeta e queestá levando ao rápido esgota-mento dos ecossistemas, à de-gradação e à poluição.

Normalmente, diante dagrandeza e da enormidade dosproblemas ambientais, as pes-soas costumam imaginar que asaída está no progresso da ci-ência e da tecnologia, como sea ciência fosse neutra e nãofosse a responsável, por exem-plo, pelas bombas atômicas oupela tecnologia suja que quei-ma combustíveis fósseis. Algunspreferem acreditar no senso desobrevivência da humanidadee na tomada de consciência daopinião pública, mas esquecemque a maioria também erra,como no caso da crucificaçãode Jesus Cristo, ou na eleiçãode Hitler. Outros preferem

apostar no surgimento de no-vos políticos, mais conscientese comprometidos com os in-teresses do povo e não dos seuspróprios. O que há de comumem pessoas que pensam assimé que o mundo melhor queimaginam, começa no outro,depende do cientista, do ins-tinto de sobrevivência ou dospolíticos. Esquecem que omundo melhor que queremosdepende de todos, claro, mascomeça em nós, pr incipal-mente.

De nada adianta uma novaciência ambiental e novas tec-nologias limpas se continuar-mos usando o Planeta e o pró-ximo como se fossem descar-táveis. A reciclagem das lati-nhas de alumínio no Brasil,por exemplo, não serviu paradiminuir a produção de alu-mínio e assim poupar o Pla-neta. Ao contrário, serviu paraque a indústria do alumíniopudesse lucrar mais vendendoa produção excedente paraoutros países que preferem nãodestruir e poluir o solo com aexploração da bauxita, nemarcar com a construção denovas fontes geradoras deenergia para produzir alumí-nio.

Creio que é no espírito hu-mano que vamos encontrar asverdadeiras causas – e as solu-ções - para nossos problemas,pois a destruição e poluiçãoambiental são efeitos de umestilo de vida egoísta, ganan-cioso, indiferente com a dor eo sofrimento alheios.

Meu abraço fraterno e eco-lógico a todos,

Vilmar Sidnei Dema-mam Berna - Prêmio Glo-bal 500 da ONU Para oMeio Ambiente

Meio ambiente eespiritualidade

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FUNDADORVilmar Sidnei Demamam Berna - Prê-mio Global 500 da ONU Para o MeioAmbiente

CONSELHO EDITORIALAmyra El Khalili , André Trigueiro, Aris-tides Arthur Soffiati, David Man WaiZee, Flávio Lemos de Souza. RicardoHarduim, Rogério RuschellPROGRAMAÇÃO VISUALLeonardo Ciannella - VX STUDIO Solu-ções Criativas - [email protected] Maia Araújo - leandromaiaa-raujo @hotmail.com - Tel.: (021) 9606-2126CORRESPONDENTES• Juliana Radler (Internacional) - (21)2210-2192 - [email protected]

Expediente

• Silvia Pereira - (21) 2253-6682 / 8820-6682 / 9293-1884 - [email protected]• JC Moreira - (24) [email protected]

Fórum de Debates da REBIAREBIA NACIONAL - [email protected] CENTRO-OESTE - [email protected] -Moderador: Eric FischerREBIA NORDESTE - [email protected] - Mode-radora: Liliana PeixinhoREBIA NORTE - [email protected] ; Mode-rador: Evandro FerreiraREBIA SUDESTE - [email protected] - Mode-radores: Juliano Raramilho

REBIA SUL - [email protected] Moderadores: Pau-lo Pizzi* Os artigos assinados não traduzem ne-cessariamente a opinião da Revista.

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A Revista do Meio Ambiente é uma pu-blicação da REBIA - REDE BRASILEIRADE INFORMAÇÃO AMBIENTAL -WWW.REBIA.ORG.BR - Organização daSociedade Civil - O S C , sem fins lucra-

tivos, CNPJ: 05.291.019/0001-58Inscrição estadual e municipal: isentas- sede à Trav. Gonçalo Ferreira,777 - Casarão da Ponta da Ilha, BairroJurujuba , Niteró , RJ - Brasil - Telefax:(21) 2610-2272 / Presidente do conse-lho diretor: Sérgio Ricardo F e r r e i ra H a r d u i m , b i ó l o g o e EducadorAmbiental editada em parceria com aASSOCIAÇÃO ECOLÓGICA PIRA-TINGAÚNA - Organização da Socie-dade Civil de Interesse Público - OS-CIP, (Proc. nº 08015.000703/2003-31 -Secretaria Nacional de Justiça, 10 demarço de 2003, Diário Oficial da Uniãode 17/ 03/ 2003 / Utilidade PúblicaMunicipal ( LEI 3.283 de 04 de marçode 2002) / CNPJ: 03.744.280/0001-30 /Rua Maria Luiza Gonzaga, nº 217 - nobairro Ano Bom - Barra Mansa, RJ CEP:23.323.300

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Ecologia Interior

xatamente no pri-meiro dia do inver-no, quando já co-

meça a esfriar e quase todasas folhas que deviam cair jácaíram como as do meu péde caqui, floresceu comple-tamente a cerejeira japonesaem frente à minha janela. Háuma semana percebi que bro-tos estavam irrompendo, de-pois se desenvolveram comuma cor arroxeada e de re-pente, numa manhã, estavamquase todos abertos. Pela tar-de do mesmo dia, 21 de ju-nho, início do inverno, seabriram totalmente.

Para mim que procuro lersinais nas coisas, pois elas têmsempre um outro lado e o in-visível é parte do visível, foiuma revelação. Estou aqui es-crevendo sobre a nova mo-ralidade que urge viver nomeio do aquecimento globaljá iniciado. Digo que se que-remos salvar a biosfera e pre-servar nossa Casa Comum,habitável para toda a comu-nidade de vida, temos queresgatar, antes de qualqueroutra medida, a dimensão docoração e a razão sensível. Senão sentirmos a Terra comonossa Grande Mãe que de-vemos cuidar como filhos efilhas bons e responsáveis se-rão insuficientes as necessá-rias iniciativas técnicas quetomarão as grandes empresas,os governos, outras institui-ções e as pessoas. Nascemosda generosidade do cosmose da Terra que nos providen-ciaram as condições essenci-ais para a vida e sua evoluçãoe será a mesma generosidadea nossa contrapartida.

Esta florada da cerejeira ja-ponesa que ocorre uma úni-ca vez ao ano, é um aceno quea própria Terra gratuitamen-te nos dá. Ela nos está dizen-do: “mesmo que caiam todas

E a Terra sorriuE

Leonardo Boff, Teólogo*

as folhas, mesmo que os ga-lhos pareçam ressequidosdurante quase todo o ano,mesmo que impere a dúvidase morreu ou ainda está viva,de repente, eu ouso revelaro mistério que escondo: acapacidade de regeneração ea vontade de sorrir gaiamen-te, de irradiar beleza e pro-vocar êxtase”.

Algo semelhante deveocorrer com a crise ecológi-ca e com as ameaças que pe-sam sobre o destino futuro dabiosfera e da vida humana.Estimo que não se trata deuma tragédia cujo fim seriafunesto mas de uma crisecujo termo é um novo esta-do de saúde e de consciên-cia, mais vigoroso e mais alto.Logicamente, depende denós transformarmos ossintomas de tragédiaem sinais de cri-se acr isoladora(*). E o fare-mos, pois oinstinto bá-sico, já oreconhe-cia Freud,não é o demorte, maso de vida,m e s m oque passan-do pela mor-te. A vida quehá 3,8 bilhõesde anos irrompeuna Terra, passou pormuitas dizimações.Elas nunca foram termi-nais. Foram crises que cri-aram oportunidades para aemergência de formas maiscomplexas de vida. A vida échamada para mais vida. Estaé a seta da evolução e a dinâ-mica do universo.

As flores da cerejeira japo-nesa significam o sorriso ra-diante da Terra quando me-

nos se esperava dela. Pois oinverno é tempo de recolhi-mento e de retirada susten-tável para recobrar forças vi-tais que depois irromperãovitoriosas e deslumbrantes. AMãe Terra nos quer transmi-tir uma mensagem: “apesarde todas as agressões que so-fro, da respiração ofeganteque tenho devido às conta-minações atmosféricas, nãoobstante o sangue de meucorpo contaminado e osmeus pés chagados por causade venenos, ainda assim te-nho energia vital escondida;

ela não é infinita, mas é sufi-cientemente poderosa pararesistir, para se regenerar epara voltar a sorrir. Apenasdêem-me, por piedade filial,um pouco de tempo paradescansar e um gesto de amore de cuidado para me forta-lecer”.

(*) Acrisoladora está ligada à cri-se cuja raiz é crisol, elemento quepurifica o ouro das gangas. Emsanscrito kri ou kir donde vemcrise significa purificar, acrisolar,limpar.

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Efeito estufa esegurança nacional

O

OPINIÃO

Da enorme quanti-dade de documentos so-bre o efeito estufa queestão circulando pelo

mundo afora, existe um particu-larmente interessante, porque édiferente. Não aporta dados novossobre o fenômeno, mas ressalta,com precisão militar, algumas dassuas conseqüências para a socieda-de. Com efeito, um grupo de ofi-ciais norte-americanos aposenta-dos, da mais alta patente e comhistórias de vida notáveis, nessedocumento correlacionam as im-plicações das mudanças climáticasprevistas com os riscos, muitosdeles inéditos, que agora ameaçama segurança dos EUA. A América

Por Marc Dourojeanni*

Latina é frequentementemencionada no relatório, maso importante é que os riscosque prevêem para os EUAtêm grandes probabilidadesde afetar igualmente a Amé-rica do Sul.

Trata-se do relatório “Na-tional security and the thre-at of climate change” (“Se-gurança nacional e mudan-ças climáticas”) preparadopelo Military AdvisoryBoard (Grupo Assessor Mili-tar) da CNA Corporation,um conhecido grupo de re-flexão dos EUA. Os milita-res que compõem o grupoincluem personagens do ca-

libre do Vice Almirante RichardH. Truly, que foi Administradorda NASA e, ademais, recebeusuporte técnico das maioreseminências de áreas científicasdo país.

Evidentemente o relatóriodiscute os riscos e alternativaspara a segurança dos EUA e fazas recomendações que melhorconvém a esse país. Mas é pro-vavelmente o melhor e maistransparente relato das ameaçasque as sociedades de qualquerpaís do mundo deverão enfren-tar em breve e, entre linhas, asque por conta do processo po-dem se derivar da atitude dasgrandes potências com relaçãoa outros países.

Merece ser lido com cuida-do, em especial por políticos epor responsáveis das forças ar-madas da América Latina.

Segundo o documento, nadano cenário geopolítico mundi-

al ficará no curso previsto atéagora, se as previsões sobre im-pacto da mudança do clima sematerializarem.

O resumo do relatório indi-ca quatro conclusões gerais:

• a mudança climática espe-rada é uma ameaça muito sériapara os EUA;

• ela atuará como multipli-cadora da instabilidade nas re-giões mais voláteis do mundo;

• aumentará as tensões, inclu-sive em áreas atualmente está-veis como a União Européia ea América Latina e;

• a mudança climática, a criseenergética e a segurança naci-onal são temas interdependen-tes que devem ser abordados emconjunto.

O relatório faz cinco reco-mendações ao governo:

(i) integrar plenamente o

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OPINIÃO

tema da mudança climática nasestratégias de segurança e de-fesa nacional;

(ii) os EUA devem exercerum rol bem mais forte que oatual, nos planos nacional e in-ternacional, para ajudar a mi-nimizar a mudança climáticanos aspectos que mais podeminfluir na segurança e estabili-dade;

(iii) os EUA devem cooperarcom países menos desenvolvi-dos para ajudar-lhes a dispor decapacidade para manejar amudança climática;

(iv) o Departamento da De-fesa deve promover, através dosetor privado, as melhorias tec-nológicas que aumentarão opoder combativo das forças ar-madas por meio da maior efi-ciência energética e;

(v) o Departamento da De-fesa deve avaliar a situação dasinstalações militares frente aosriscos decorrentes da mudançaclimática.

As mudanças climáticas im-pactarão diretamente na dispo-nibilidade de água, na produ-ção de alimentos e na saúde. Eprovocarão consideráveis perdasde terra por alagamento nasáreas costeiras, que são as maispovoadas. Alguns países e regi-ões terão muita água doce eoutros, pelo contrário, a cadadia terão menos. O incremen-to da violência dos fenômenosclimáticos impactará mais nainfra-estrutura, superando a ca-pacidade dos governos de pres-tar assistência e recuperá-la, dis-seminando insatisfação popular,como aconteceu até nos EUAcom o furacão Katr ina. Osenormes câmbios previsíveis nacapacidade de cada país paraproduzir alimentos que, por ra-zões naturais e sócio-econômi-cas, afetarão mais aos menosdesenvolvidos, provocarão novosprocessos migratórios em pro-cura de recursos, ou aumentaráos atuais. A maior incidência deenfermidades, agora sob relati-vo controle, exacerbará os pro-cessos migratórios e disseminaráos problemas sanitários.

Assim, governos que atual-mente parecem estáveis pode-rão perder o controle, ocasio-

nando o aumento da delinqüên-cia, do extremismo e de outroselementos da instabilidade. Abrecha entre ricos e pobres, paraenfrentar os novos problemas,será muito maior e as tensõessociais aumentarão inevitavel-mente. Todas essas situações, se-gundo o relatório, serão terre-no fértil para mudanças políti-cas drásticas, revoluções e novasditaduras e, especialmente, serãofavoráveis para o terrorismo emtodas as suas modalidades, espe-cialmente a internacional.

A América do Sul, no docu-mento, merece menos atençãoque a África, Ásia e o OrienteMédio, embora não deixe de sercitada. A perda drástica, já evi-dente, das geleiras andinas tro-picais é mencionada comoexemplo de uma tragédia anun-ciada para a populosa costa doPeru, que depende exclusiva-mente dessa fonte para a agri-cultura, geração de energia econsumo urbano. Lima, umacidade de uns sete milhões dehabitantes, localiza-se em umdeserto absoluto e muito maisda metade dessa populaçãomora diretamente sobre a areiadas colinas dos arredores, ondea água já é fator limitante. Eles,quase todos migrantes da déca-da do terror imposto pelo Sen-dero Luminoso, são os mais po-bres. Mais ainda, muitas das ci-dades da costa peruana, comoCallao, na Grande Lima, têmextensas áreas pouco acima donível do mar.

Uma subida do mar de pou-cos centímetros pode multipli-car a intensidade de fenômenoscomuns, como ressacas e, claro,deslocar outra porção da popu-lação. Fácil é imaginar as con-vulsões sociais que essa cidadesofrerá quando a escassez deágua e os impactos costeirosforem mais agudos. Os habitan-tes dos vales andinos padecerãodo mesmo problema de escas-sez de água, mas, o mais grave,é que o futuro da agriculturanesse país, irrigada quase na suatotalidade, também é uma in-cógnita. O problema mencio-nado para o Peru afetará tam-bém partes do Equador, Bolí-via e Venezuela.

O Brasil, no relatório, apa-

rece sob uma ótica mais otimista,embora muito do que ele con-clui se aplica igualmente a estepaís como, por exemplo, o in-cremento de migrações indese-jadas de países vizinhos. O re-latório menciona o poder de-sestabilizante do impacto dasinundações e dos fenômenosmeteorológicos, como tormen-tas e ciclones no litoral e o in-cremento do impacto das secasno Nordeste ou, possivelmente,na Amazônia. Em um parágra-fo menciona a incapacidade deo governo brasileiro para con-trolar o crime organizado (oPrimeiro Comando da Capital)no Rio de Janeiro como umexemplo de problemas que po-derão proliferar e acar retarmudanças sociais importantes.

O relatório não tem preocu-pação ambiental. Não abunda emdados, nem oferece dados novose nem menciona, por exemplo,os riscos de perda da biodiversi-dade e as implicações econômi-cas. Sobre o último, apenas men-ciona que a economia de todosos países e do mundo vai sofrergrandes modificações.

O relatório só é uma apro-ximação geo-estratégica do quese espera aos EUA no futuromediato e uma invocação paraque o governo e os militarestomem medidas urgentes. Porisso é um enfoque original e,como mencionado antes, outratarefa que dele deriva dele é dese ler entre linhas o que a Amé-rica Latina pode esperar dosEUA se as previsões das mudan-ças climáticas se cumprirem.

De uma parte, é provável que

seja possível obter mais apoiodos EUA e dos países ricos paraamenizar o efeito estufa ou suasconseqüências. Também, é de sesupor que virá mais apoio paraque os governos dos países daregião não percam o controle,ou seja, que mantenham a “es-tabilidade” social, que o relató-rio menciona com tanta fre-qüência e como tão desejável.De outra, é evidente que a par-tir do momento em que os EUAconsiderarem os acontecimentosem um país qualquer como riscosério, eles se reservam o direitode intervir da forma que os mes-mos julguem adequada. Isso, defato, não é novidade, mas agoraadquire um novo perfil e suas pro-babilidades aumentam muito.

Por tudo isso, analisar cuida-dosamente essa problemática e,assim mesmo, levar mais a sérioo que acontecerá em termos deconvulsões sociais em cada paísda região, é uma tarefa tão ur-gente por aqui como nos EUA.

* Foi professor e decano daFaculdade Florestal da Univer-sidade Nacional Agrár ia deLima, Peru e Diretor Geral Flo-restal desse país. Atualmente éPresidente da Fundação ProNa-turaleza.

Fonte: http://ar ruda.r i t s .org .br/oeco/serv le t/n e w s t o r m . n s . p r e s entation.NavigationServlet?publicationCode=6&pageCode=80&textCode=21928&date=cu r r e n t D a t e & c ontentType=html

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Esquema de comércio decarbono freqüentementenão é tão verde

U

CLIMA

Por Fiona Harvey eStephen Fidler*, deLondres - FinancialTimes (26/04)

Empresas e indivíduoscom pressa em setornarem verdes têm gastomilhões em projetos de“crédito de carbono” queproduzem pouco ounenhum benefícioambiental.

ma investigação do “Fi-nancial Times” desco-briu grandes falhas nosnovos mercados para

gases responsáveis pelo efeito es-tufa, sugerindo que as organiza-ções estão pagando por reduçõesde emissões que não estão ocor-rendo. Enquanto isso, outros es-tão obtendo grandes lucros como comércio de carbono com gas-tos muito pequenos e, em algunscasos, limpezas que teriam feitode qualquer forma.

O crescente peso das políticasambientais provocou uma “corri-da ao ouro verde”, que assiste auma expansão dramática no nú-mero de empresas que oferecemtanto para companhias quanto in-divíduos a chance de se torna-rem “neutros em carbono”, com-pensando seu própr io uso deenergia com a compra de crédi-tos de carbono que cancelam suacontribuição ao aquecimentoglobal.

O desabrochante mercado re-

gulado para créditos de carbonodeverá mais que dobrar de tama-nho até 2010, para US$ 68,2 bi-lhões, enquanto o setor voluntá-rio não regulado deverá aumen-tar para US$ 4 bilhões no mesmoperíodo.

A investigação do FT encon-trou:

• Muitos casos de pessoas e or-ganizações comprando créditossem valor que não produzem ne-nhuma redução de emissões decarbono.

• Indústrias lucrando apesar defazerem muito pouco - ou ga-nhando créditos de carbono combase em ganhos de eficiência comos quais já se beneficiaram subs-tancialmente.

• Corretores fornecendo ser-viços de valor questionável ousem valor.

• Uma escassez de verificação,o que dificulta para os compra-dores avaliarem o verdadeiro va-lor dos créditos de carbono.

• Empresas e indivíduos estãoarcando com a despesa da com-pra privada de permissões de car-bono da União Européia, quedespencaram de valor por nãoresultarem em redução de emis-sões.

Francis Sullivan, consultor demeio ambiente do HSBC, o mai-or banco do Reino Unido quese tornou neutro em carbono em

2005, disse que encontrou “sériaspreocupações de credibilidade”no mercado de compensaçãoapós avaliá-lo por vários meses. “Apolícia, o esquadrão antifraude eos órgãos reguladores precisamavaliar isto. Caso contrário, as pes-soas perderão sua confiança nele”,ele disse.

Tais preocupações levaram obanco a ignorar o mercado e fi-nanciar diretamente seus própri-os projetos de redução de car-bono. Algumas empresas estão sebeneficiando em pedirem aosconsumidores “verdes” que pa-guem pela limpeza de sua pró-pria poluição. Por exemplo, a in-dústria química DuPont convidaos consumidores a pagarem US$4 para a eliminação de uma tone-lada de dióxido de carbono desua fábrica em Kentucky, queproduz um potente gás respon-sável pelo efeito estufa chamadoHFC-23. Mas o equipamentonecessário para reduzir tais gasesé relativamente barato. A DuPontse recusou a comentar a se recu-sou a detalhar seus lucros com oprojeto, dizendo que está em umestágio inicial e portanto é muitocedo para discuti-lo.

O FT também encontrouexemplos de empresas que se es-tabeleceram como compensado-ras de carbono sem terem idéiade como os mercados operam.

Em resposta às perguntas do FTsobre suas fontes de créditos decarbono, uma empresa, acarbonvoucher.com, disse não re-ceber pagamentos pelas compen-sações.

A Blue Source, uma empresade compensação americana, con-vida os consumidores a compen-sarem as emissões de carbono in-vestindo em maior recuperaçãode petróleo, que injeta dióxidode carbono em poços esgotadospara extrair o petróleo restante.Mas a Blue Source disse que de-vido ao alto preço do petróleo,este processo freqüentemente élucrativo por si só, o que significaque os operadores estão ganhan-do uma receita extra com a ven-da de “créditos de carbono” paraenterrarem o carbono.

Não há nada ilegal nestas prá-ticas. Mas algumas empresas queestão compensando suas emissõesevitam tais projetos porque osconsumidores podem considerá-los controversos.

A BP disse que não compracréditos resultantes de melhoriasem eficiência industrial ou damaioria dos projetos de energiarenovável em países desenvolvidos.

*Com reportagem adicional deRebecca Bream com tradução deGeorge El Khouri Andolfato.

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Deter o desmatamento éessencial para evitar oaquecimento global

A

Florestas

s queimadas de áreasflorestais são a segun-da maior fonte deemissões de gases do

efeito estufa, tornando o com-bate ao desmatamento a formamais fácil e barata de mitigar aação do aquecimento global, se-gundo afirma um relatório pu-blicado em maio, pela ONG Glo-bal Canopy Programme. Segun-do o relatório, as queimadas pro-venientes dos desmatamentos res-pondem por 18% a 25% das emis-sões globais de gases do efeitoestufa, atrás somente das emissõesprovocadas pelo uso de energia.Os setores de transportes e in-dústrias correspondem a 14%cada. Em comparação, a organi-zação estima as emissões decor-rentes das viagens aéreas, em 2%a 3% do total.

Para o fundador da ONG, An-

drew Mitchell, “as florestas preci-sam ter prioridade nos esforçospara mitigar as missões globais por-que a captura de carbono ou atecnologia nuclear levarão déca-das para ter qualquer impacto sig-nificativo em reduzir as emissões,enquanto podemos combater odesmatamento já, sem a necessi-dade de inventar nada novo ou deinfra-estrutura cara”, diz ele nacarta de apresentação do relatório.

Os cientistas alegam que um diade desmatamento equivale à “pe-gada de carbono” de oito milhõesde pessoas voando de avião paraNova York. A maneira mais rápidae mais barata de reduzir estas emis-sões é mitigar a destruição em pa-íses como Brasil, Indonésia e Con-go, entre outros. Segundo o rela-tório, o Brasil é o quarto maioremissor de gases do efeito estufapor conta do desmatamento.

De acordo com as últimas es-tatísticas (de 2003), 2 bilhões detoneladas de CO2 provenientesdo desflorestamento entram naatmosfera todos os anos. Essa des-truição totaliza 50 milhões deacres – ou uma área do tamanhoda Inglaterra, Gales e Escócia der-rubada anualmente. Calcula-seque manter a “floresta de pé” éconter 1(um) trilhão de toneladade carbono – o dobro do que jáse tem na atmosfera.

A conservação de florestas nãoestá incluída no Protocolo deKyoto, nem figura no mercado decarbono, apontado em maio peloPainel Intergovernamental deMudanças Climáticas como amelhor saída para o aquecimentoglobal. Os relatórios Stern (divul-gado em outubro de 2006) eMcKinsey (publicado em janeirode 2007) concordam que as flo-

restas oferecem “a maior oportu-nidade singular para reduções lu-crativas e imediatas das emissõesde carbono”.

A organização argumenta queuma das melhores formas de com-bater o desmatamento seria o es-tabelecimento de um mercadoglobal de carbono, para que ospaíses com mais emissões pudes-sem pagar pela conservação deáreas em outros países. O relató-rio estima em US$ 10 bilhões aoano o ganho potencial que a pre-servação dessas áreas atualmentequeimadas poderia trazer ao Bra-sil. Para a ONG, o Brasil já temhoje leis adequadas para a preser-vação das florestas, mas não exis-te vontade política nem recursospara implementá-las.

Fonte: Informativo Mater Na-tura Nº 46

Reflorestamento Solidário comEspécies da Mata Atlântica em Niterói

Campanha da Fraternidade de 2007

A Arquidiocese de Niterói e aSMARH-Secretaria de MeioAmbiente e Recursos Hídricos doMunicípio de Niterói, iniciaramo Projeto de ReflorestamentoSolidário com Espécies da MataAtlântica em 23 de junho de 2007,na Igreja Santo Expedito, com apresença do Arcebispo Metropo-litano de Niterói, Dom Frei Ala-no Maria Pena e do Prefeito doMunicípio de Niterói, Prof. Go-dofredo Pinto.

O projeto é uma parceria en-tre a Arquidiocese de Niterói e aSMARH Secretaria de MeioAmbiente e Recursos Hídricos doMunicípio de Niterói para o re-florestamento com espécies daMata Atlântica no entorno de al-gumas Igrejas Católica no Muni-cípio de Niterói no intuito derecuperar áreas degradadas per-tencentes à administração do Vi-cariato Episcopal Niterói Nortee Vicariato Episcopal da RegiãoOceânica, com a participação dascomunidades locais.

A necessidade surgiu através daCampanha da Fraternidade de

2007 que é um convite para quese conheça, se aprecie e se res-peite toda a vida que a Amazôniaguarda: seu povo, sua biodiversi-dade, sua beleza. É um convitepara que tomemos consciência dadestruição que está sendo opera-da e conheçamos todo o sofri-mento e a resistência da popula-ção amazônica que persiste emdefender sua cultura, sua organi-zação e sua maneira de convivercom a natureza.

Na parceria, a SMARH cedeuà equipe técnica, mudas, insumose equipamentos. Colaboram co-nosco a CLIN e Secretaria Mu-nicipal de Educação. Ao todo se-rão usados 2.500 kg de adubo e50 kg de formicida. A área total aser reflorestada é de 20.000 m2,com o plantio de 5.000 mudas.

As Comunidades envolvidasserão: Igreja de Santo Expedito -Fonseca (23/06); Paróquia de SãoSebastião - Itaipu (30/06); Morrodo Serrão (07/07); Parque Muni-cipal das Águas Luiz Eduardo Tra-vassos (14/07); Igreja Nossa Senho-ra de Fátima - Fátima (14/07);

São Gonçalo (21/07); e IgrejaNossa Senhora da Esperança -Atalaia (28/07).

A coordenação do projeto éda Comissão Arquidiocesana daCampanha da Fraternidade 2007,tendo a frente o Vigário Geral daArquidiocese de Niterói, Mons.Valdir Mesquita.

Mais informações: Cúria Ar-quidiocesana - (21) 2610-2200 -ramal 217 (Sr. Cláudio) ou Secre-taria de Meio Ambiente e Re-cursos Hídricos de Niterói - Tel.:(21) 2613-2283 (Prof. Jefferson daSilveira Martins).

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EnergiaLixo & Reciclagem

A farra dos sacos plásticos

ACreio que um dos

primeiros presentesque recebi de meussogros em Viena foram

2 bolsas de algodão para ir ao su-permercado. Depois compreendi.

Os supermercados, farmácias eboa parte do comércio varejistaembalam em saquinhos tudo oque passa pela caixa registradora.Não importa o tamanho do pro-duto que se tenha à mão, aguardea sua vez porque ele será embala-do num saquinho plástico. O pioré que isso já foi incorporado nanossa rotina como algo normal,como se o destino de cada pro-duto comprado fosse mesmo umsaco plástico... Nossa dependên-cia é tamanha que quando ele nãoestá disponível costumamos reagircom reclamações indignadas.Quem recusa a embalagem de plás-tico é considerado, no mínimo,exótico.

Outro dia fui comprar lâminasde barbear numa farmácia e medeparei com uma situação curio-sa: a caixinha com as lâminas cabiaperfeitamente na minha pochete.Meu plano era levar para casa as-sim mesmo. Mas num gesto auto-mático, a funcionária registrou acompra e enfiou rapidamente amísera caixinha num saco onde ca-beriam seguramente outras dez.Pelas razões que explicarei abaixo,recusei gentilmente a embalagem.

A plasticomania vem tomandoconta do planeta desde que o in-glês Alexander Parkes inventou oprimeiro plástico, em 1862. O novomaterial sintético reduziu os cus-tos dos comerciantes e incremen-tou a sanha consumista da civili-zação moderna. Mas os estragoscausados pelo derrame indiscrimi-nado de plásticos na natureza tor-nou o consumidor um colabora-dor passivo de um desastre ambi-ental de grandes proporções. Fei-tos de resinas sintéticas originadasdo petróleo, esses sacos não sãobiodegradáveis e levam séculospara se decompor na natureza.

Usando a linguagem dos cien-tistas, esses saquinhos são feitos decadeias moleculares inquebráveis,e é impossível definir com preci-são quanto tempo levam para de-saparecer no meio natural.

No caso específico das sacolasde supermercado, por exemplo, a

Por André Trigueiro*

Sacola de pano comprada pelo Vilmar Berna pelo equivalente a R$5,00 num supermercado na Alemanha onde as sacolas plásticasforam abolidas.

matéria-prima é o plástico-filme,produzido a partir de uma resinachamada polietileno de baixa den-sidade (PEBD).

No Brasil são produzidas 210mil toneladas anuais de plástico-filme, que já representa 9,7% detodo o lixo do país. Abandonadosem vazadouros, esses sacos plásti-cos impedem a passagem da água,retardando a decomposição dosmateriais biodegradáveis, e dificul-tam a compactação dos detritos.

Essa realidade que tanto preo-cupa os ambientalistas no Brasil, jájustificou mudanças importantesna legislação - e na cultura - devários países europeus. Na Alema-nha, por exemplo, a plasticomaniadeu lugar à sacolamania (cada umlevando sua própria sacola). Quemnão anda com sua própria sacola atiracolo para levar as compras éobrigado a pagar uma taxa extrapelo uso de sacos plásticos. O pre-ço é salgado: o equivalente a ses-senta centavos a unidade.

A guerra contra os sacos plásti-cos ganhou força em 1991, quan-do foi aprovada uma lei que obri-ga os produtores e distribuidoresde embalagens a aceitar de volta ea reciclar seus produtos após o uso.E o que fizeram os empresários?Repassaram imediatamente os cus-tos para o consumidor. Além deantiecológico, ficou bem mais carousar sacos plásticos na Alemanha.

Na Irlanda, desde 1997 paga-seum imposto de nove centavos delibra irlandesa por cada saco plás-tico. A criação da taxa fez multi-plicar o número de irlandeses indoàs compras com suas próprias sa-colas de pano, de palha, e mochi-las.

Em toda a Grã-Bretanha a redede supermercados CO-OP mo-bilizou a atenção dos consumido-res com uma campanha original eecológica: todas as lojas da redeterão seus produtos embalados emsacos plásticos 100% biodegradá-veis. Até dezembro deste ano, pelomenos 2/3 de todos os saquinhosusados na rede serão feitos de ummaterial que, segundo testes emlaboratório, se decompõe dezoitomeses depois de descartado. Comum detalhe interessante: se poracaso não houver contato com aágua, o plástico se dissolve assimmesmo, porque serve de alimen-

to para microorganismos encon-trados na natureza.

Não há desculpas para nós bra-sileiros não estarmos igualmentepreocupados com a multiplicaçãoindiscriminada de sacos plásticosna natureza. O país que sediou aRio-92 (Conferência Mundial daONU sobre Desenvolvimento eMeio Ambiente), e que tem umadas legislações ambientais maisavançadas do planeta, ainda nãoacordou para o problema do des-carte de embalagens em geral, edos sacos plásticos em particular.A única iniciativa de regulamen-tar o que hoje acontece de formaaleatória e caótica foi rechaçadapelo Congresso na legislatura pas-sada. O então deputado EmersonKapaz foi o relator da comissão cri-ada para elaborar a “Política Naci-onal de Resíduos Sólidos”. Entreoutros objetivos, o projeto apre-sentava propostas para a destina-ção inteligente dos resíduos, a re-dução do volume de lixo no Bra-sil, e definia regras claras para queprodutores e comerciantes assu-missem novas responsabilidades emrelação aos resíduos que descar-tam na natureza, assumindo o ônus

pela coleta e processamento demateriais que degradam o meioambiente e a qualidade de vida.

O projeto elaborado pela co-missão não chegou a ser votado.Não se sabe quando será. Sabe-seapenas que não está na pauta doCongresso... Omissão grave dosnossos parlamentares que não podeser atribuída ao mero esquecimen-to.

Há um lobby poderoso noCongresso trabalhando no senti-do de esvaziar esse conjunto depropostas que atinge determina-dos setores da indústria e do co-mércio.

É preciso declarar guerra con-tra a plasticomania e se rebelarcontra a ausência de uma legisla-ção específica para a gestão dosresíduos sólidos.

Há muitos interesses em jogo.Qual é o seu?

Vamos fazer a nossa parte: mu-dar nossa conduta e repassar amensagem deste texto.

* André Trigueiro é pós-gra-duado em meio ambiente, jorna-lista, redator e apresentador de jor-nal da TV Globo)

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2007 - JULHO - EDIÇÃO 009 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 9

Bom Exemplo

Plástico ecologicamentecorreto

A

Por Jaime SantorsulaMartins*

A tecnologia ficacada vez mais avança-da quando se refereaos diversos setores in-

dustriais - tudo em prol da co-modidade do ser humano. Umagrande representação deste bene-fício é o plástico. Você já imagi-nou como seria o mundo mo-derno sem ele? Com diversas clas-sificações (duro, mole, resistente,quebradiço, flutua, afunda, colo-rido) é possível fazer embalagens(imagine quantos produtos sãoenvasados por potes plásticos), ob-jetos e até artefatos cirúrgicos,entre tantos outros produtos quefacilitam o nosso dia-a-dia.

Mas, como grande parte doavanço tecnológico provém datransformação de matérias-primas(ou seja, produtos extraídos dire-tamente da natureza), é certo queesse pro-gresso não é nem umpouco benéfico ao meio ambi-ente, o que não é segredo paraninguém. O material plástico sem-pre foi uma das grandes brigas dosambientalistas. Trata-se de um pro-duto considerado recente na his-tória da humanidade.As primei-ras pesquisas com o material fo-ram feitas em 1862 por Alexan-der Parkes, que descobriu umasubstância orgânica derivada dacelulose, a que se deu o nomede “parkesina” (em referência aoseu descobridor). Esse material,quando aquecido, podia ser mol-dado e, depois de resfr iado,conser-vava a forma com quehavia sido tratabalhado.

Os ambientalistas implicamcom o material por uma simplesrazão: a sua difícil degradação.Hoje, estima-se que o plásticodemore mais de 100 anos para sedecompor.

UsabilidadeQuem não se lembra de quan-

do as embalagens de supermer-cados e lojas eram feitas de pape-lão? Como a resistência do pro-duto era baixa, as sacolas plásticasforam tomando o lugar devido àflexibilidade, leveza e resistênciado material. No entanto, as pes-soas nem imaginam aonde a mai-oria destes sacos plásticos vai pa-rar quando não mais tiver utilida-de. A maioria vai parar em matas,rios, ruas e praias, o que gera umenorme dano ao meio ambiente.

Porém, de acordo com a má-xima postulada por Lavoisier, paida química moderna (“na natu-reza, nada se cria, nada se perde,tudo se transforma”), foi criada atecnologia dos plásticos oxi-bio-degradáveis. O produto é fabri-cado por uma empresa britânica,onde o produto mais procuradodenomi-na-se D2W (degradávelem água), e está sendo utilizadona fabricação de sacolas plásticas,sacos de lixo, frascos, tampas, po-tes e outros produtos. No Brasil,esta tecnologia chegou no fim de2003.

A descoberta deste materialnão é recente. Os estu-dos sobreo plástico ecologicamente corre-to começaram na década de 70,mas apenas em 2001 é que se con-seguiu recursos tecnológicos quepossibilitassem a fabricação emescala do produto e com preçocompetitivo.”

Comparativamente, não existediferença entre o plástico oxi-bi-odegradável e o não-degradável.Resistência, transparência, propri-edade de impressão e permeabi-lidade são idênticas nos dois pro-dutos. Até quando o assunto éreciclagem, a situação não é dife-rente. Os produtos fabricadoscom o plásti-co oxi-biodegradá-vel podem ser reciclados, basta,durante o processo de transfor-mação, interromper o efeito dedegradação e, na fabricação donovo plástico adicionar o ativodegradável. Em razão do aditivoque proporciona a sua degrada-ção, o plástico terá uma vida útil(tempo que pode ser utilizado

sem se estragar) em condiçõesnormais de armazenamento. Apóseste prazo, o produto contendoo aditivo começará o processo dedegradação, como explica o dire-tor comercial da RES Brasil, Ni-valdo Bósio.”O prazo de vida útildo produto é de aproximadamen-te 18 meses em ambiente normal.Depois do prazo de ‘validade’, oproduto passará pelo processo dedegradação (ação do tempo) ebiodegradação, caso seja expostoà luz solar, umidade excessiva,contato com microorga-nismos.Assim, a vida útil é diminuída”,diz.

Num prazo de um ano e meio,o plástico ecologicamente corre-to pode estar degradado total-mente, mas, segundo Nivaldo, esseprocesso pode, em alguns casos,ser acelerado. “Em aterros sanitá-rios, por exemplo, onde as con-dições são extremas (calor, con-tato com microorganismos, umi-dade) temos notícia de que sacosde lixo e de supermercados tive-ram o início da degradação 40 diasapós o descarte”, afirmou. “Apósum pe-ríodo de vida útil propor-cionado pela tecnologia, inicia-sea biodegradação pela quebra dascadeias moleculares de carbonoe hidrogênio do plástico, fazen-do com que essas cadeias se trans-formem em cadeias cada vez me-nores. As cadeias com tamanhobastante reduzido permitem que

microorganismos possam se ‘ali-mentar’, gerando vapor de água,gás carbônico e biomassa (que éenergia)”, completa Bósio.

Em razão dos benefícios am-bientais, empre-sas com respon-sabilidade socioambiental estãoadotando o produto. No Paraná,a Associação Comercial e Indus-trial de Maringá (ACIM) tomouconhecimento dos oxi-biodegra-dáveis em 2005 através da ONGFunverde.

Por mais que o plástico bio-degradável não seja uma soluçãofinal para o problema ambientalenfrentado por causa do grandevolume de lixo plástico produzi-do, ele é resultado de um avançotecnológico e contribui para a di-minuição dos efeitos nocivos ànatureza causados pelo plásticoque não se decompõe. Mas é cer-to que isso não é o suficiente.Este material, mesmo sendo de-gradável, não deve ser jogado emrios, ruas e praias; e a populaçãotem que fazer a sua parte. En-quanto a educação ambiental nãose propagar a todos os níveis po-pulacionais de uma cidade, esta-do ou país, de nada valerão osavanços tecnológicos desenvolvi-dos em benefício do meio ambi-ente.

Fonte: Revista Qualitá Socio-ambiental

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COLUNA DO JC

anuário ANÁLISE -GESTÃO AMBIEN-TAL resulta de umapesquisa que consumiu

sete meses de trabalho para averi-guar o que se está fazendo no Brasilem termos de práticas ado-tadaspelo setor produtivo no Brasil paraconsumir menos recursos naturaiscomo insumo e produzir menosresíduos. Os números obtidos reve-lam o maior levantamento sobre ges-tão ambiental já realizado pela im-prensa brasileira e se baseiam nas res-postas recebidas de mais de 500 das1.000 maiores empresas do Brasil, 13dos 30 maiores bancos, mais de 300de 1 000 ONGs ambientais e 142dos 280 procu-radores e promoto-res de meio ambiente contatados.

O retrato colhido é, pode-seadiantar, extremamente animador.Todos, absolutamente todos osagentes - em-presas, bancos, ONGse integrantes do Ministério Público- estão preocupados em fazer seu tra-balho da melhor maneira possível. Evi-dentemente, quando ONGs e pro-curadores declaram fazer o melhortra-balho possível, empresas e bancospodem ficar de cabelo em pé.

Na opinião de procuradores eONGs, as empresas fazem um tra-balho que deixa a desejar. O levan-tamento realizado pela Análise Edi-torial sugere que a afirmação podee merece ser revista. “Há empresasdando duro para se adequar o quan-to an-tes ao conceito da sustenta-bilidade”, afir-ma Silvana Quaglio,diretora de conteúdo da AnáliseEditorial, que concebeu ecoor-denou a produção deste anu-ário. No total, a equipe de jornalis-tas da Análise disparou quase 20 000telefonemas. “Preparar este anuáriofoi desafiador do começo ao fim,mas valeu a pena”, diz a jornalistaInaiê Sanchez, editora do anuário.

A lista de informa-ções positivassobre as práticas ambien-tais das gran-des empresas em atividade no Brasilé animadora.

- 44% das empresas entrevistadassó contratam fornecedores queempregam procedimentos de ges-tão ambiental;

- 47% utilizam fontes renováveisde energia;

- 49% pesquisam tecnologia parare-duzir as emissões atmosféricas;

- 53% possuem ISO 14001;- 59% possuem programas de

plantio de árvores;- 61 % têm meta de redução do

consu-mo de água e energia elétri-

O maior inventário sobre gestãoambiental já feito no Brasil

www.analise.com

ca;- 81 % declaram no organogra-

ma a quem cabe a responsabilidadesobre ges-tão ambiental;

- 85% praticam a coleta seletivade lixo.

Segundo o questionário respon-dido por 527 entre as 1.000 maioresempresas do país, nenhuma empre-sa tem o direito de ter um compro-misso maior do que aquele firmadocom o lucro e com a geração deretorno aos acionistas. Empresa quenão produz lucro, e portanto não ésustentável do ponto de vista finan-ceiro, jamais poderá atingir a susten-tabilidade.

O levantamento mostra que asempresas estão preocupadas com otema da gestão ambiental. Mais pre-ocupadas do que organizadas paraenfrentá-lo como se deve - mas pre-ocupadas. De acordo com o resulta-do da pesquisa, 88% das companhiasentrevistadas declaram possuir umapolítica ambiental definida. Desse uni-verso das empresas que possuem umapolítica ambiental, seis de cada dez de-claram que a política ambiental estáintegrada às demais áreas da empresa.

Dizer que possui uma políticaambiental é resposta vaga. De for-ma que é preciso avaliar o que issosignifica na prática. Pode ser desdemolhar uma plantinha na janela dochefe até a adoção de normas eprocedimentos para os processos deprodução da companhia, para a con-tratação de fornecedores e para orelacionamento com os clientes. Porisso se qualificou a preocupaçãocom base em uma série de práticasrelacionadas em 51 perguntas. Aqualidade dessa política começa aficar mais clara quando se constatana pesquisa que mais de 80% dasempresas entrevistadas informamque “os impactos ambientais dosprocessos, atividades e serviços daempresa são conhecidos” pela ad-ministração. Melhora quando seconstata que mais de 70% das em-presas implementam “programas degestão voltados à melhoria de obje-tivos e metas ambientais”. Melhoraainda mais ao ver que mais de 60%das empresas trabalham com metade redução de consumo de água e44% “exigem que seus fornecedo-res comprovem a adoção de proce-dimentos de gestão ambiental paracontratá-Ios”. Sete em cada dez en-trevistados do setor industrial divul-gam as ações que adotam em ges-tão ambiental.

A leitura das respostas mostra que

os empresários perceberam que ges-tão ambiental não é uma onda. Poressa razão, dão mostras de que nãoestão brincando em serviço. Nempoderia ser diferente. O peso doitem “meio ambiente” no custo deprodução é significativo. De acordocom a pesquisa, um quarto dos no-vos empreendimentos tocados pelascompanhias gasta entre 10% e 20%do total investido para deixá-los ade-quados do ponto de vista ambiental.

Existem duas discussões separa-das envolvendo o meio ambiente emuita gente, até mesmo do meioempresarial, acaba confundindo umacom a outra. Uma delas é a preser-vação ambiental, um trabalho filan-trópico que se faz por meio de fun-dações. Cuidar da preservação nãoé tarefa natural das companhias. Cabeàs empresas tratar de outro tema, queé impedir que seus processos pro-dutivos consumam mais recursosnaturais do que o necessário, pro-duzam mais subprodutos do que onecessário ou não lidem com os ris-cos ambientais potenciais da sua ope-ração da maneira adequada. Preo-cupar-se com a gestão ambiental nãoquer dizer limitar-se aos muros dafábrica. Longe disso. A capacidadede a empresa adotar procedimen-

tos de gestão ambiental com im-pacto para fora da organização égrande. Segundo o levantamento, asempresas estão atualizadas na discus-são ambiental, preocupadas em bus-car saídas energéticas novas, pela bi-omassa, energia solar ou energia eó-lica. Demonstram, também, preocu-pação em reduzir todos os tipos deemissão, inclusive ruídos e vibrações.Preocupam-se em conscientizar ospúblicos com os quais se relacio-nam. Quase 60% das indústrias, maisexpostas aos riscos ambientais doque o segmento de serviço ou co-mércio mantêm políticas de comu-nicação específica para escolas. Equase metade faz o mesmo para ascomunidades vizinhas. Praticamen-te 80% das indústrias brasileiras dãotreinamento em gestão ambientalpara os terceirizados que lhe pres-tam serviço.

* JC Moreira é correspondenteda Revista do Meio Ambiente, se-diado em Barra Mansa (RJ), é pre-sidente do Conselho Deliberativoda REBIA – Rede Brasileira deInformação Ambiental e presiden-te do Sindicato dos Jornalistas Pro-fissionais do Sul Fluminense. Con-tatos: (024) 9812-2272 jcmorei-ra1 @uol.com.br

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2007 - JULHO - EDIÇÃO 009 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 11

COLUNA DO JC

Empresas brasileiras têmdificuldade para obterlicenciamento ambiental, diz CNI

demora na análise deprocessos de licencia-mento e os custos ele-vados para cumprir

as obrigações exigidas são os prin-cipais fatores que dificultam a vidadas empresas na hora de conseguirum licenciamento ambiental. A constatação está na pesquisa Son-dagem Especial sobre Meio Ambi-ente divulgada pela ConfederaçãoNacional da Indústria (CNI) emSão Paulo.

De acordo com os dados dapesquisa 79% das empresas que fi-zeram algum tipo de licencia-mento, afirma enfrentar proble-mas no processo de requerimen-to de licenças. O índice é 5,7%maior que o registrado em 2005,quando foi realizada a última pesquisa. Entre os setores quemais registraram problemas está o de Álcool em que 100% das empresas assinalaram a alternati-va, seguido de Refino de Petró-leo, com 90,9% e Minerais Não-Metálicos que registrou 90,1%.

Entre os principais problemasque provocam a dificuldade de li-beração do licenciamento ambi-ental, a demora na avaliação dosprocessos aparece em primeiro lugar e foi assinalada por 66,9% das empresas. Os custos necessári-os para cumprir as exigências foram assinalados por 52% dos en-

trevistados, seguida pela dificul-dade de identificar e atendercritérios, assinalada por 42,6% dasempresas. De acordo com a Son-dagem, 85,1% das empresas afir-maram ter se relacionado com ór-gãos ambientais e desse total, 68,8%assinalaram ter tido problemas comos mesmos.

A pesquisa mostra ainda queneste ano 75,5% das empresas ado-taram, no planejamento, a inclu-são de procedimentos gerenciaisassociados à gestão ambiental. Emcomparação com 2005, o índicecresceu 4,5%. Há dois anos o per-centual de empresas que investi-

am em gestão ambiental era de73,9%. O maior percentual de in-vestimentos foi realizado pelas em-presas de Refino de Petróleo, 100%, Química e Indústria Extra-tiva com 84,1% e Limpeza e Perfu-maria com 82,9%.

Entre as empresas pesqui-sadas, 79,1% afirmaram que re-alizaram investimentos, no ano pas-sado, voltados à proteção do meioambiente. Em 2005 o percentualde empresas que disponibilizaramrecursos foi de 76,5%. A maior par-te dessas empresas, 58%, aplicou até3% do faturamento, 33,6% investi-ram de 3% a 11% e 8,4% mais de

11%. Para este ano 52% das empre-sas entrevistadas assinalaram que pre-tendem investir até 3% do fatura-mento na preservação ambiental.

A Sondagem Especial sobreMeio Ambiente foi realizada entre30 de março e 20 de abril com 818pequenas empresas, 438 médiasempresas e 235 empresas de gran-de porte. Essa foi à terceira son-dagem realizada pela CNI para ava-liar o processo de licenciamentoambiental no país.

Fonte: Agência CNI - http://www.agenciacni.org.br

De acordo com a pesquisa, 71% das empresas não lançam o pas-sivo ambiental no balanço publi-cado. Fazê-lo é uma medida deboa governança corporativa e detransparência.

Por se tratar de um tema novono meio empresarial, deve-se re-conhecer que as empresas fize-ram muito até aqui. Pelo menos éo que depreende com uma lei-tura mais atenta das respostas da-das ao questionário. Há, no en-tanto, muito a fazer. E um dostemas mais delicados a ser enfren-tados é o dos passivos ambientais.Oriundo da contabilidade, o pas-sivo ambiental é uma conta queninguém sabe fazer direito, mas amaior parte dos empresários temmedo de mandar fazer porquesabe o que vai acontecer. Surgiráum numerão vermelho na tela do

Tema delicado: passivo ambientalcomputador. A identificação dopassivo ambiental já não é maisum capricho empresarial. O in-dicador tem sido muito utilizadoem avaliações para negociaçõesde empresas. A responsabilidadee a obrigação da restauração domeio ambiente na área do em-preendimento podem recair so-bre os novos proprietários - as-sim como o passivo trabalhista eo passivo tributário. Num futuronão tão distante, conforme o ta-manho do passivo ambiental, aempresa poderá vir a ter dificul-dades até mesmo para contrairempréstimo bancário. Por en-quanto, o passivo ambiental nãoprecisa estar vinculado aos balan-ços patrimoniais, podendo fazerparte de um relatório específicoque discrimine as ações e os es-forços desenvolvidos para a solu-

ção dos danos ambientais. Empre-sas do mundo todo têm feito isso.Pois quando o assunto é o passi-vo ambiental, as empresas aindatêm uma lição de casa a realizar.

A atuação das ONGs deMeio Ambiente

Além de analisar o trabalho degestão ambiental das empresas edos bancos, anuário analisou tam-bém cerca de 300 ONGs - orga-nizações não-governamentais comatuação em meio ambiente queresponderam ao questionário:

- 58% das ONGs declaram teratuação urbana;

- Ainda que a grande discussãoam-biental mundial envolvendo oBrasil esteja na Amazônia, 74% dosprojetos lista dos pelas ONGs pes-quisadas se concentram na MataAtlântica. A Amazônia é alvo de

apenas 16% dos projetos.- Quando se compara o nú-

mero de projetos destinados à fau-na e à flora com o número de pro-jetos voltados para populações in-dígenas, chega-se a uma propor-ção de 7 para 1. Ou seja, para cadaprojeto destinado aos índios bra-sileiros há 7 voltados para animaise plantas.

- 62% das entidades acham otrabalho das empresas na áreaambiental insatisfatório. Quandose tira da conta o conjunto deONGs que não opinaram a res-peito, a taxa de crítica às empre-sas chega a 73%.

- Quase metade das ONGs res-ponderam envolver-se em algumtipo de publicação ligada ao temade sua atuação. Mas apenas umquarto delas se envolve em publi-cação de natureza científica.

Fonte: Gestão Ambiental – www.análise.comA

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Zonas de Risco

uidados e provi-dências que empresasdevem tomar para re-cuperar e preservar

o meio ambiente foram debatidosno seminário sobre ‘Remediaçãode Áreas Impactadas’, promovidopela Firjan, em 28/06. O eventocontou com o apoio e participa-ção de profissionais da Haztec,empresa especializada em solu-ções integradas em sustentabili-dade.

Segundo os promotores doevento, a remediação de áreasimpactadas se torna necessária apartir da constatação da presençade poluentes no solo e águassubterrâneas. Esse seminário foiuma excelente oportunidade dedebate entre o poder público,representado pela Secretaria doAmbiente do Estado do Rio deJaneiro e pela Feema, empresasprivadas, que têm casos de sucesso

Seminário na FIRJANdebate remediação de áreascontaminadas

C

Existem, no Estado do Rio de Janeiro,centenas de áreas contaminadas por pro-dutos químicos de longa persistência nomeio ambiente e alto risco à saúde huma-na. São antigas instalações industriais, ater-ros de resíduos tóxicos e depósitos irregu-lares ou inadequados para conter a polui-ção. Todos, impróprios para moradia ou usoagrícola e comercial. A Rede Brasileira de

REBIA lança serviço gratuito para divulgaçãodas zonas de risco no Estado do Rio de Janeiro

Informação Ambiental – REBIA, atravésdo seu Portal do Meio Ambiente, e acredi-tando no direito de saber da população, reu-niu na página www.portaldomeioambiente.org.br/areaderisco/rj/ as áreas contamina-das de que tem notícia e abre espaço paradenúncias e para a defesa das empresas einstituições envolvidas nos casos noticia-dos.

ou problemas a solucionar, e em-presas que têm a tecnologia apro-priada e disponível para aplicar.

Julius Stepansky, diretor deoperações, e Claudia Ohnuma,gerente de projetos, ambos daHaztec, falaram sobre exemplos detecnologias utilizadas para a recu-peração destas áreas. Julius e Cláu-dia têm ampla experiência na re-alização de projetos extremamen-te complexos no Brasil, alcançan-do total sucesso no atendimentoaos objetivos das empresas comer-ciais e industriais que necessitamdestes serviços.

A abertura do seminário con-tou com a participação da Dire-toria de Inovação e Meio Ambi-ente do Sistema Firjan, Secretariade Meio Ambiente do Estado edos presidentes daSynthesis Empreendimentos e daHaztec. A Petróleo Ipiranga tam-bém participou do evento pales-

trando sobre um estudo de casode sucesso onde foram aplicadasdiferentes técnicas de remediação.

O evento contou com a pre-sença especial de Stephen Ro-sansky, do Battelle Memorial Ins-titute, empresa parceira da Haztecespecializada em pesquisa na áreade ciência e tecnologia, de Ohio,Estados Unidos. Ele falou sobrea tecnologia de encapsulamentoe dragagem de sedimentos, extre-mamente recente nos EstadosUnidos e inovadora no Brasil.

Haztec, empresa-símbolo

das excelências ecológicasA Haztec Tecnologia e Plane-

jamento Ambiental foi fundadaem 1999 e é hoje uma das maisatuantes prestadoras de serviçosna área ambiental, dando comple-to apoio às demandas das indús-trias químicas e petroquímicas.Em 2003 o controle acionário da

Haztec foi adquirido pelo grupoSynthesis. Com isso a empresapassou a contar com o benefíciode compartilhar da experiência deoutras empresas do grupo, a Con-fidere (Incorporadora) e a Fugro/OceansatPeg (Empresa de servi-ços offshore) que é fruto de umaJoint Venture entre o Grupo Syn-thesis e a Fugro. Em 2005 a em-presa adquiriu o controle acio-nário da Techno Layer, empresaespecializada na instalação de re-vestimentos internos de tanquesque criam interstícios passíveis demonitoramento. Em 2006 foi cri-ada a SES Haztec Serviços deResposta a Emergências AS, umaempresa resultante da Joint Ven-ture formada pela Seacor Envi-ronmental Services inc. (SES), lí-der mundial na provisão de servi-ços de resposta à emergênciasambientais e industriais e a Ha-ztec.

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Ecologia Humana

Estimativa da OrganizaçãoMundial da Saúde é de que18% das mortes no paíspoderiam ser evitadas commedidas ambientais (comomelhor acesso a água eesgoto). No mundo, 13milhões morrem por anoem razão de problemasdesse tipo

‘Doenças ambientais’ matam233 mil por ano no Brasil

Éimportante que seavalie o peso dasdoenças causadas eque resultam de

ambientes pouco saudáveis.Esta informação é primordi-al para que os países possamescolher as intervençõesapropriadas”, diz SusanneWeber-Mosdorf, diretora daOMS. Aproximadamente 233mil pessoas morrem anual-mente no Brasil devido à ex-posição a fatores de risco am-biental - como poluição, águanão tratada e conseqüênciasoutras de grandes estruturasurbanas”, declarou nestaquarta-feira a OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS).

Isto significa que 19% detodas as mortes no país po-deriam ser evitadas, se fossemadotadas políticas públicaseficientes, de acordo com osdados do primeiro levanta-mento deste tipo feito pela

Por BBC Londres

entidade sediada em Gene-bra. Falta de higiene, sanea-mento básico e poluição doar matam 32 mil brasileiros /ano, indicaram os dados. Apesquisa levou em conside-ração as condições enfrenta-das pelo brasileiro no seu dia-a-dia. Num país onde o per-centual de 84% da populaçãoreside nas cidades, a poluiçãodo ar urbano mata 12,9 milpessoas/ ano. Com 22% daspessoas vivendo abaixo da li-nha da pobreza, a deficiênciade água tratada e de redes deesgoto tira a vida de 15 milbrasileiros/ano.

A OMS afirma que 4,1 milmortes/ano poder iam serevitadas se 13% dos lares bra-sileiros, que hoje utilizamcarvão ou madeira para cozi-nhar, substituíssem essescombustíveis por alternativasconsideradas limpas, como ogás encanado. “Estas estima-tivas por país, configuram oprimeiro passo para ajudargovernantes quanto às prio-ridades para ação preventiva,nas áreas de saúde e meioambiente”, disse a diretora-geral assistente de Desenvol-vimento Sustentável daOMS, Susanne Weber-Mos-dorf. “É importante que sejaquantificado o peso das do-

enças causadas por ambien-tes pouco saudáveis. Esta in-formação é a chave para aju-dar um país a escolher as in-tervenções apropriadas, dis-se ela.

Situação mundialMundialmente, cerca de

13 milhões de mortes pode-riam ser evitadas por medi-das que tornassem o meio-ambiente mais saudável, dis-se a OMC. A pesquisa anali-sou condições como polui-ção e saneamento, ambientede trabalho, exposição ao ba-rulho, métodos agrícolas e deconstruções urbanas, mudan-ças ambientais causadas pelaação humana, entre outrosfatores.

Fatores ambientais associ-ados a processos naturais quenão podem ser facilmentemodificados, como o cursode rios ou o regime pluvio-métrico, foram descartadosnesta pesquisa. Diarréia, ma-lária e infecções respiratóriasestão entre as causas mais co-muns, das denominadas“mortes ambientais” nomundo. Mas, para os padrõesmundiais, a situação brasilei-ra não preocupa a OMS.

Uma das cientistas respon-sáveis pelo estudo, Annette

Prouss-Üstün, explicou queno panorama global, o Brasilse distingue por casos deasma e de doenças neuropsi-quiátricas, como depressão,insônia e estresse em relaçãoao trabalho. “ Mas estresse notrabalho não quer dizer quea pessoa tenha acúmulo deatribuições. Pode significarque esteja desempregada, ouque não esteja exercendo ocontrole sobre suas própriastarefas, ou ainda, que traba-lhe em ambiente precário”,exemplificou ela. “Já a insô-nia pode estar ligada à polui-ção sonora, e outras doençasneuropsiquiátricas, à exposi-ção a pesticidas”. De acordocom a OMC, 24% das doen-ças, no mundo, estão relacio-nadas ao ambiente onde aspessoas vivem.

Colaborou na tradução:Cylene A S Dantas da Gama- [email protected]

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De Olho no Governo

Cedae a maior empresapública do Rio de Janeiro

R

Por Silvia Pereira *

REBIA: Como osenhor encontroua Cedae?

Wagner Victer:A Cedae era uma empresaque foi desestruturada ao lon-go dos últimos tr inta anos.Uma empresa com um papeleconômico e social muitoimportante no Rio de Janei-ro.

Como a sua administra-ção está conseguindo ti-rar a Cedae do vermelho?

Estamos reconst ruindouma empresa voltada para ofuturo, não nos prendemos aopassado, o passado serve sópara aprendermos com os er-ros e não repeti-los. Progres-sivamente estamos reestrutu-rando a Cedae através de umplanejamento estratégico, fei-to em parceria com a Funda-ção Getúlio Vargas. Com aimplantação de mais de 100projetos estratégicos que es-tão sendo desenvolvidos emparalelo, faz com que a em-presa tenha aumentado a ren-tabilidade tremendamente ereduzido muito seus custos,que tem resultados muito im-portantes em diversas ações,inclusive algumas ações am-

Um bilhão de dólares! Éeste o orçamento previstopara a Cedae este ano, oque a coloca como amaior empresa pública dogoverno do Estado do Riode Janeiro. Em entrevista àRevista do Meio Ambiente,o presidente da Cedae,Wagner Victer, quedurante oito anos foi oSecretário de Minas eEnergia Indústria Naval ePetróleo do Governo doEstado, fez um balanço dasações da companhia eexplicou como estáalcançando mês a mês umfaturamento recorde de10% a 15% sobre opraticado anteriormentepela empresa.

bientais.Quais são essas ações?Retomamos o PDBG -

Programa de Despoluição daBaía de Guanabara, mas hojecom uma nova estratégia. Emvez de ter dezenas de frentesde obras simultâneas e nãoterminar nenhuma estamosconcentrando esforço paraterminar a estação de Trata-mento de Esgotos de Alegria,no Caju, e que fazia parte deum verdadeiro monumentode obras paradas. Até o finaldo ano que vem estaremoscom ela finalizada, não só oprimário como o secundário,processando algo em torno detrês metros cúbicos litros porsegundo, que é a produçãomédia de esgoto da rede co-letora.

Em relação ao PAC,como a Cedae foi con-templada?

A Cedae nunca tinha con-seguido dinheiro do Gover-no Federal. Nós apresentamosprojeto recorde e negociamospor quatro meses com o Mi-nistério das Cidades e tive-mos a liberação agora de maisde um bilhão de reais emobras que serão licitadas nos

próximos meses, algumas de-las de cunho ambiental, como,por exemplo, a estação de es-goto de São Gonçalo, que éum projeto muito importan-te, e uma série de outros pro-jetos na Baixada Fluminense.O Guandu é dos projetos quetambém foi aprovado peloPAC e que será financiadopela Caixa Econômica Fede-ral, onde será aplicado parae levar sua capacidade deoferta de água aumentada em30%.

E o prometido Projetodo Emissário da Barra,será finalizado?

O projeto do Emissário daBarra, que ninguém acredi-tava mais na sua execução,conseguimos colocar em fun-cionamento. Começamos pro-gressivamente a retirar os es-gotos que são lançados nas la-goas de Jacarepaguá e Barrada Tijuca, fato este que é osonho de toda a região, espe-cialmente dos ambientalistas.Muitos não acreditaram queo Emissário já estaria prontoantes do Pan. Pois é isso mes-mo, o Emissário da Barra jáestá pronto e funcionando.Agora estamos fazendo as ele-

vatórias de Marapendi paraaté janeiro do ano que vempossamos tirar os esgotos demais 50 metros de compri-mento de condomínios daBarra e lançar no Emissárioem alto mar.

Qual a qualidade daágua fornecida pela Ce-dae que o carioca e o flu-minense bebem hoje?

Posso afirmar que é a me-lhor do mundo, e não seriaexagero afirmar que a água doEstado do Rio de Janeiro émelhor até que a água mine-ral. Nós temos um padrão deágua muito melhor e superiordo que a maioria dos paíseseuropeus. Não se tem conhe-cimento de doenças transmi-tidas pelo consumo de água daCedae. Por isso a qualidade daágua da Cedae é reconheci-damente como ponto um deexcelência da empresa.

Mais informações: AS-SESSORIA DE COMUNI-CAÇÃO SOCIAL DA CE-DAE – (021) 2516-1729 /2223-1843 [email protected] - site:www. cedae.rj.gov.br

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Ministério Públicodo Paraná e o Ins-tituto de Geraçãode Tecnologias do

Conhecimento ( IGETE-CON) apresentaram duranteo 9o Simpósio Internacionalda Água (9º Cannes WaterSymposium), em Cannes, aspropostas da RIGCA - RedeInternacional de Gestão deConflitos Ambientais. A redefoi lançada oficialmente noevento, realizado entre 26 e28 de junho, como nova pro-posta de governança globalpara a área ambiental.

A RIGCA é um projeto doprofessor Harrysson Luiz daSilva, pós-doutor em ergono-mia cognitiva, diretor-pre-sidente do IGETECON, e dapromotora de Justiça LucianaRibeiro Lepri Moreira, coor-denadora executiva das Pro-motorias por Bacia Hidrográ-fica do Ministério Público doParaná, pré-aprovado pelaUNESCO do Brasil como cá-tedra, ou seja, espaço de dis-cussão dentro da UNESCOpara produção de conhecimen-to, orientação e intervenção. Jáfazem parte da RIGCA, alémdo MP-PR, o Ministério deEcologia de Missiones (Argen-tina), Governo da Província deMissiones, Itaipu Binacional,Ministério Público do Para-guai, Ministério do Meio Am-biente do Paraguai, Progra-ma “Paraguay Biodiversida-de”, Secretaria de Meio Am-biente do Estado do Paraná,e o Programa Paraná Biodi-versidade.

Água

Iniciativa brasileira éreconhecida internacionalmente

O

Projeto da RedeInternacional de Gestão deConflitos Ambientais, quecomeçou depois da criaçãodas Promotorias de Justiçapor Bacia Hidrográfica, noMinistério Público do Paraná,é premiado na França e jádespertou interesse depaíses da Europa, Ásia eÁfrica

A estrutura da Rede Inter-nacional de Gestão de Con-flitos Ambientais, que já nas-ce como mecanismo supra-nacional que deve facilitar asrelações e o estabelecimentode acordos entre os diversospaíses na área ambiental, pre-vê a implantação de 35 sub-projetos e sete atividades ope-racionais orientadas para in-tegração de sete áreas de co-nhecimento, que têm impli-cação direta com as questõesambientais que se desdobra-rão até 2022.

A RIGCA terá a coorde-nação internacional a cargodo profes sor Har r ys son(IGETECON - UFSC), dapromotora de Justiça Lucia-na Lepri (MP-PR - Londri-na) e da professora Roseli Isa-bel Ribeiro (IGETECON deMinas Gerais).

Novos parceiros - Setepaíses já aderiram à RIGCA,após a apresentação da pro-posta da no evento interna-cional. Assinaram os Acordosde Cooperação, que serão en-viados à UNESCO, o Minis-tério de Ecologia de Missio-nes (Argentina) e o Governoda Província de Missiones,que na prática já participa-vam das atividades da Rede,o Ministério do Meio Ambi-ente do Líbano, a Empresa deCaptação de Recursos Mille-niun Enterprises (França), aUniversidade Federal de San-ta Catar ina, a Universidadede Nice Sophia Antipolis(França), a Universidade deLa Sagesse (PUC do Líbano),a Univer s idade de NotreDame, o Instituto de CiênciaSocial e Desarollo Sostenibleda Argentina, a Faculdade deCiências Exactas, Químicas eNaturales da UniversidadeNacional de Missiones, e aFaculdade de Ciências Fores-tales da Universidade Nacio-nal de Missiones. Ainda estãoaguardando a análise da do-

cumentação para ingresso naRIGCA, a PUC do Paraná ea Universidade de La Repu-blica del Uruguay.

Durante o simpósio, outrasinstituições manifestaram in-teresse na integração dessaRede, tais como a CátedraUNESCO sobre MovimentosInterculturais, a Universida-de de Cooperação Internaci-onal na Costa Rica, o Conse-lho Mundial da Água, o Ins-titut for Environment andHumam Securities da Uni-versidade das Nações Unidasna Alemanha, a Universidadde la República del Uruguaye a Universidade de Batna, naArgélia.

O próximo passo será pro-mover uma reunião para cri-ação de um fundo de aval en-tre as instituições, a fim degarantir a captação de recur-sos para os projetos entre ospaíses.

Prêmio – Durante o 9o

Simpósio Internacional daÁgua, o MP-PR e institui-ções e órgãos parceiros - en-tidades brasileiras, paraguaiase argentinas - obtiveram o re-conhecimento internacionalpela montagem do Grupo deGestão Compartilhada porBacia Hidrográf ica (GE-COMBAH), que faz parte daRIGCA, recebendo o prêmio“Lumiéres de l’Eau”, na cate-goria “Água e Direito”. OMinistério Público foi repre-sentado no evento pelo pro-curador de Justiça Saint-Cla-ir Honorato Santos, coorde-nador geral das Promotoriaspor Bacia Hidrográfica doMP-PR. O prêmio foi entre-gue após análise de um júri in-ternacional composto por au-toridades de vários países daComunidade Européia.

O Grupo de Gestão Com-partilhada por Bacia Hidro-gráfica desenvolve trabalho naAmérica do Sul, envolvendoinstituições do Paraná, Para-

guai e da província de Missi-ones, na Argentina. O GE-COMBAH foi criado em ou-tubro de 2006, a partir de con-tatos iniciados

pela promotora de JustiçaLuciana Ribeiro Lepri Mo-reira. Ela buscou, com a for-mação do Grupo, estender àtríplice fronteira a proposta degestão por bacia hidrográficaque já havia sido implantadano Paraná pelo Ministér ioPúblico estadual e pelo Gover-no do Estado.

A idéia surgiu a partir dotrabalho de mestrado realiza-do pela promotora no cursode Engenharia de Produção/Gestão Ambiental, tendo oprofessor doutor Harrysson L.da Silva como orientador, de1998 a 2000. No trabalho,Luciana Lepri propôs a cria-ção dentro dos MinistériosPúblicos de Promotorias porBacia Hidrográfica, que per-mitiriam uma nova forma degestão, agilizando e uniformi-zando os procedimentos dospromotores de Justiça na áreaambiental, respeitadas as ca-racterísticas de cada bacia hi-drográfica. A proposta foiaceita pelo MP-PR, que criou12 promotorias por bacia hi-drográfica em 2005. O Esta-do do Paraná, então, seguiu omodelo e também dividiu aatuação da Secretaria de Es-tado de Meio Ambiente, e detodos os órgãos ambientais su-bordinados a ela, em doze re-giões hidrográficas, que cor-respondem às áreas de abran-gência das Promotorias.

Agora, o projeto se estende,com a parceria de órgãos doParaguai e Argentina, para aBacia do Prata, buscando umapolítica de gestão das águasnacionais e transnacionais.

Mais informações: Jaqueli-ne Conte/ Patrícia Ribas (41)3250-4229 / 4228

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Fauna

Projeto cria estratégias paraproteção do peixe Mero

Proteger uma espécieem extinção e toda abiodiversidade envol-vida é o objetivo do

projeto “Meros - estratégias paraa conservação de ambientes cos-teiros e marinhos do Brasil” co-meça oficialmente suas ativida-des neste semestre.

O Mero, Epinephelus itajara,conhecido como o “senhor daspedras” ou “gigante do mar” éuma espécie de peixe de grandeporte, da família Serranidae, amesma da Garoupa e do Badejo.Além de ambientes costeiros emarinhos do Brasil, o peixe é en-contrado em águas tropicais esubtropicais oceano Atlântico -por todo Golfo do México eCaribe, do Pacífico do Golfo daCalifórnia (EUA) até o Peru.

É um peixe que figura no ima-ginário popular como “históriade pescador”: pode atingir trêsmetros de comprimento, pesarmais de 400 quilos e viver 40anos. Mas a caça indiscriminada,justamente pelo seu alto valor demercado, escassez de habitat epoluição do ambiente marinho,vem resultando em sérias perdaspopulacionais. Além disso, o bi-ólogo e coordenador do proje-to no Estado de São Paulo, Clo-doaldo Gazzetta, destaca que osMeros são altamente vulneráveis,porque começam a se reprodu-zir tardiamente, depois dos seteanos.Somado a isso, o habito deformação de agregados reprodu-tivos, quando vários indivíduosse reúnem para acasalamento, fa-cilita a caça predatória e o desa-parecimento da espécie naquelaregião.

Estes fatores aliados a falta deinformações consistentes sobresua biologia, foram decisivos parainclusão do Mero na lista ver-melha das espécies ameaçadas deextinção da IUCN (Internacio-nal Union for Conservation Na-ture) como espécie Criticamen-te Ameaçada. Recentemente, o

A espécie que chega apesar quase meia tonelada,será o símbolo dapreservação dosambientes marinhos emquatro Estados do país

Ibama definiu a espécie comosobre-explotada, devido a sua altalongevidade, maturação tardia ealto valor comercial.

Justamente para procurar co-nhecer e proteger a espécie éque começou a trajetória de umgrupo de ambientalistas e pes-quisadores de quatro pontos di-ferentes do país – São Paulo,Bahia, Pernambuco e Santa Ca-tarina.

Em 2001, foi lançada a primei-ra iniciativa para preservação daespécie, o projeto “Meros do Bra-sil”, uma parceria da Univali (Uni-versidade do Vale do Itajaí) e aONG de Proteção a Vida Mari-nha – Vidamar, que mobilizouesforços na proteção e conserva-ção do peixe, em Santa Catarina.

Depois disso, o responsável téc-nico e coordenador do projetono Estado de Santa Catarina,Mauricio Hostim, explica queoutras iniciativas independentessurgiram na busca de informaçõespara preservação do peixe e paraa criação de um plano de mane-jo nacional, que reduzisse e con-trolasse a pressão pesqueira man-tendo um estoque populacionalsustentável. Na mesma linha, tam-

bém se juntaram às iniciativas oIrcos (Instituto Recifes Costeiros),em Pernambuco, a Ecomar (As-sociação de Estudos Costeiros eMarinhos dos Abrolhos), na Bahia,e o Instituto Ambiental Vidágua,em São Paulo.

Os esforços isolados, que co-meçaram há pelo menos seis anos,resultaram na edição, pelo Ibama(Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Na-turais Renováveis), da portaria121 de 20 de setembro de 2002,que proibiu a pesca e comercia-lização do Mero por um perío-do de cinco anos, em todo oterr itório brasileiro. Gazzettalembra que com isso, o Mero setornou o primeiro peixe mari-nho da história do Brasil a rece-ber um mecanismo legal de pro-teção. O fato proporcionou aospesquisadores mais tempo para adivulgação e coleta de informa-ções sobre a biologia da espécie,locais de agregação, reprodução,alimentação e padrões de migra-ção.

O projeto vem ganhando maisadeptos a cada dia, contandocom apoio de instituições gover-namentais e não governamentais,

como a Universidade Federal dePernambuco, Cepene/Ibama(Centros de Pesquisa e ExtensãoPesqueira das Regiões Nordes-te), Movimento Cultural Artema-nha, Cepsul/Ibama (Centros dePesquisa e Extensão Pesqueira dasregiões Sudeste e Sul), Cepnor/Ibama (Centros de Pesquisa eExtensão Pesqueira das regiõesNorte) Parque Nacional Mari-nho dos Abrolhos e ONG-Ig-nis.

As ações serão realizadas, si-multaneamente, nos quatro Es-tados de abrangência, durantedois anos, e seu produto finalserá a criação de uma rede naci-onal de conservação dos Merose a elaboração de um plano deação e conservação da espécieque terá como embasamento asinformações agregadas e a defi-nição de políticas específicas paraa preservação do peixe e, conse-qüentemente, de seu habitat.

Mais Informações: KatariniMiguel - Assessoria de Comuni-cação Projeto Meros do Brasil(0xx14) 8117-3448 katar [email protected] / www.vidagua.org.br

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Fauna & Animais

IBGE apresenta mapa dos animaisem risco de extinção no Brasil

OInstituto Brasileiro deGeografia e Estatística(IBGE) lançou em ju-nho o Mapa de Fauna

Ameaçada de Extinção: Mamíferos,Répteis e Anfíbios. O mapa, na es-cala 1:5.000.000, é baseado na maisrecente lista nacional da faunaameaçada de extinção, divulgadaem maio de 2003 pelo InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente edos Recursos Naturais Renová-veis (Ibama). Esta lista reúne aotodo 394 espécies e subespécies(não incluídos os peixes e inver-tebrados aquáticos), em cincocategorias de ameaça, em ordemcrescente de risco: espécie vul-nerável a extinção, em perigo deextinção, criticamente em perigode extinção, extinta na natureza(encontrada somente em cativei-ro) e extinta.

Segundo o mapa do IBGE, das105 espécies e subespécies sobameaça no Brasil, 69 são mamífe-ros, 20 são répteis e 16 são anfíbi-os. Além da distribuição geográ-fica por estado e das categoriasde ameaça, o mapa mostra os no-mes científicos e populares dosanimais e a divisão do País em seisbiomas (Amazônia, Caatinga, Cer-rado, Mata Atlântica, Pampa e Pan-tanal). Em 2006, o IBGE divul-gou o mapa de aves ameaçadas.Neste ano, deverá publicar ummapa contendo 130 espécies esubespécies de insetos e demaisinvertebrados terrestres. Em 2008,será a vez dos peixes e invertebra-dos aquáticos.

Comparativamente, na lista doIbama de 1989 haviam 220 espé-cies sob ameaça de extinção, o quesignifica um aumento de cerca de80% sobre a atual lista de 2003. Ototal de mamíferos, répteis e an-fíbios ameaçados era de 77 em1989 e em 2003 subiu para 105. Acomparação das duas listas mos-tra que, apesar do aumento, 27espécies de mamíferos (oito de-las macacos) saíram da lista deameaçados.

O trabalho do IBGE mostraque o litoral concentra a maiorparte das 105 espécies de mamí-feros, répteis e anfíbios sob ame-aça de extinção no país. A Re-gião Sudeste é a mais afetada e,conseqüentemente, o bioma maisatingido é a mata atlântica. O Rio

de Janeiro concentra o maiornúmero: 39 das 105 ameaçadas.Depois, vêm São Paulo (38), Mi-nas Gerais (37), Espírito Santo (29),Rio Grande do Sul (26), Paraná(20), Santa Catarina (18) e Distri-to Federal (12). Os Estados commenor número de espécies ame-açadas são da Região Norte: Ro-raima (8) Rondônia (10) e Ama-pá (10).

A única espécie extinta detec-tada no mapa é a Phrynomedusafimbriata, popularmente conheci-da apenas como perereca, queantes era encontrada em Parana-piacaba, subdistrito da cidade deSanto André, no ABC Paulista,região da serra do Mar. O animal,considerado endêmico, não figu-rava entre os ameaçados na listade 1989 do Ibama.

Três répteis específicos de ilhasde São Paulo estão criticamenteem perigo de extinção -quando apopulação cai 90% em dez anos,ou quando a população é estima-da em menos de 50 indivíduosadultos: as cobras dormideira-da-queimada-grande e a jararaca-ilhoa,endêmicas da ilha da QueimadaGrande; e a jararaca-de-alcatrazes,da ilha de Alcatraz. “A hipótesemais provável é que seja por causada caça predatória”, disse o coor-denador de Recursos Naturais eEstatísticas Ambientais do IBGE,Celso José Monteiro Filho.

As espécies animais brasileirassão um valioso recurso e umimenso patrimônio natural, cul-tural e econômico para o país.Mas tanto a devastação da cober-tura vegetal quanto as formas deextrativismo têm contribuídoconsideravelmente para sua dizi-mação, o que significa perda debiodiversidade. O desaparecimen-to dos habitats naturais é um dosprincipais fatores que aceleram oprocesso de extinção dos animais,ao lado de outros como a caçapredatória e a poluição.

No mundo, número deespécies extintas atinge ní-veis alarmantes

O número de espécies decla-radas oficialmente extintas che-gou a 27 nos últimos 20 anos, pro-va de que o ritmo atual de perdada biodiversidade é de cem a milvezes maior do que a própria se-

leção natural. Os dados alarman-tes foram divulgados no Dia daBiodiversidade - 22 de maio -,pela suíça Anabelle Cuttellod, daUICN - União Internacional paraa Conservação da Natureza, e pelacolombiana Margarita Astrálaga,diretora do Centro de Coopera-ção do Mediterrâneo da UICNna Espanha.

As espécies oficialmente extin-tas desde o início dos trabalhosda UICN, há 40 anos, chegam a784, número que, segundo espe-cialistas, deve ser acrescido de 65outras espécies, que só conse-guem sobreviver em cativeiro ouem cultivos.

Cutellod e Astrálaga destaca-ram que a lista de risco da UICNsobre espécies ameaçadas em2006 - a última elaborada - de-termina que, das 40.177 espé-cies avaliadas no mundo, 16.119estão incluídas em alguma dasquatro fases (status) de perigo. Naprática, estão ameaçados 12% dasespécies das aves; 23% das de ma-míferos; 52% das de insetos; 32%das de anfíbios; 51% das de rép-teis; 25% das de coníferas e 20%das de tubarões e raias.

Astrálaga afirmou que apesarde ter estudado apenas 60% dosvertebrados, 40% das plantas equase 1% dos fungos e liquensdo planeta, pôde-se constatar umaumento exponencial no núme-ro de espécies extintas, fato atri-buído à ação do homem. “Nãoestamos falando de hipóteses oude possibilidades, como algunsapontam sobre a mudança climá-tica. Estamos falando da realida-de”, afirmou.

Cuttellod disse que o aumen-to das espécies marinhas ameaça-das de extinção no Mediterrâneo,especialmente os cetáceos e ostubarões, indica que esta zona,“uma das que apresentam maiorbiodiversidade no mundo”, sofreuma situação “mais grave” do queem outros mares, pela poluição ea destruição de ecossistemas cau-sadas pelo homem.

A especialista acrescentou que64% dos anfíbios mediterrâneossão endêmicos e que, dentre eles,25% estão ameaçados, “o que evi-dencia um grave perigo de perdade biodiversidade em nível pla-netário”. No caso da Europa, a

UICN compila “um número alar-mante de espécies ameaçadas” jáque se encontram em risco deextinção 42% dos mamíferos; 5%das aves; 45% das borboletas; 30%dos anfíbios e 52% dos peixes deágua doce.

A UICN, criada em 1948, atuaem mais de 100 países e contacom uma rede de mais de 10 milespecialistas. Há 40 anos a organi-zação vem trabalhando na elabo-ração de listas de espécies oficial-mente extintas ou em risco deextinção. Segundo Astrálaga, estaslistas são “um indicador bastanteobjetivo do êxito ou do fracasso”do compromisso internacional,assumido por muitos países, paraconter a extinção de animais eplantas até 2010.

Fonte: Informativo Mater Na-tura Nº 46

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REBIA NORDESTE

Evento Insustentável emCopacabana

L

Por Liliana Peixinho *

á dentro, champa-nhe, boa comida etietagem, com ascelebr idades. Lá

fora, na lama, driblando umamultidão cega aos objetivosteóricos do evento, catado-res limpando a sujeira de to-neladas e toneladas de lixo,formadas por sacos plásticoslogotipados com a marcaLive Earth, (Terra Viva), co-pos e garrafas descartáveis,panfletos informativos e umagama de resíduos formadospelo consumo insustentável,numa demonstração clara dafalta de coerência e sensatez,na prática, de uma proposta,teórica, com abordagem namudança climática. As arei-as, o calçadão, a ciclovia e re-dondezas de Copacabana, noRio de Janeiro, não estavampreparadas para receber tantasujeira, num dia só. Ambi-entalmente o público não sesensibilizou. E quem levoua sério, saiu indignado.

A proposta do ex- vicepresidente dos EUA, e ati-vista verde, Al Gore, queteve apoio da Academia do

Decepção ambiental noLive Earth

Oscar no filme “Uma verda-de inconveniente” e agorareuniu celebr idades comoMadonna, Red Hot ChiliPeppers, Metálica, Foo Fi-ghters, Rappa, Lenny Kra-vitz, Xuxa, Jorge Ben Jorentre outros, com apoio degrandes empresas comoMSN, Phillips, Smart e Itaú,entre outros, parece aindanão ser positiva no desafiode agregar valor cultural,através de grandes nomes damúsica, nas sér ias questõesambientais, em pauta.

Entrevistas feitas com pes-soas que tiveram acesso aosespaços vip da mega estru-tura montada em Copacaba-na, no Rio, e também às queficaram de fora do espaço deconvidados e as que lutavam,corpo a corpo, por centíme-tros de visão dos artistas, fi-caram decepcionadas com oresultado do evento. “Issoaqui é uma palhaçada”, dis-se um biólogo que estavacom sua esposa, saindo doespaço vip, com as camisetasde acesso ao espaço nas mãospara dar aos “meninos” quecatavam o lixo, numa de-monstração de indignaçãocom o que viram lá dentro.

Não entendi nada!! Se aproposta é a construção denovas práticas para ações sus-tentáveis, por que contrata-ram pessoas para distribuirsacos plásticos, incentivarama venda de produtos em em-balagens descartáveis e nemse preocuparam em ocuparos espaços, entre um show eoutro, que foram imensos,para divulgar informaçõesque pudessem sensibilizar ascercas de 400 mil pessoasque lá estiveram?

Em Londres, muitas pes-soas questionaram se o en-volvimento dos artistas temmesmo um compromissocom o meio ambiente ou seé apenas marketing. A im-prensa dos Estados Unidose da Grâ-Bretanha critica-ram as pegadas de carbonode diversos ar tistas. NoNews of the World, tablóidede alta venda na Gra-Breta-nha, Madonna foi citadacomo uma “catástrofe damudança climática”, compegadas de carbono anuaisestimadas em 100 vezes maisdo que a média britânica, re-sultado da ostentação de ummodo de vida que incluinove casas, frota de carros,

jato particular e uma mon-tagem insustentável de tur-nês como a “Confessions”.

Na Alemanha, os propó-sitos políticos dos shows fo-ram mais sérios, pois direci-onaram a pressionar lideran-ças para a assinatura de umnovo tratado até 2009, comredução das emissões depoluição pró- aquecimentoglobal, de 90 % nos paísesricos, e em mais da metade,no mundo inteiro, até 2050.Esta pressão está em pauta.

No Brasil, em Copacabana,o Live Earth deve ter sido omais sujo evento de todos osrealizados na semana passada,nos diversos países. Os resul-tados, observados logo após oshow, demonstraram públicocom perfis entre descrentes, ali-enados, indignados, descuida-dos, divertidos e os alheios aosapelos da Mãe Terra.

Liliana Peixinho –Jor-nalista, Coordenadora doMovimento Voluntár ioAMA - Amigos do MeioAmbiente - Viajou porconta própria para cobriro evento, no Rio de Ja-neiro. l i l [email protected]

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o dia 7 de julho a praiade Copacabana abri-gou um dos palcos doLive Earth. O festival,

que aconteceu simultaneamenteem Londres (Inglaterra), Xangai(China), Johannesburgo (Áfricado Sul), Sydney (Austrália), Ham-burgo (Alemanha), Tóquio (Ja-pão), Istambul (Turquia) e NovaYork (EUA) teve por objetivo des-pertar uma consciência globalsobre a crise climática.

Esta não foi a primeira açãoambiental que acontece em Co-pacabana. Os novos quiosques dapraia já realizam, constantemente,pequenos atos que podem fazeruma grande diferença. No qui-osque Choppinho, próximo àRua Siqueira Campos, a preocu-pação é com o consumo de água.“Tentamos, ao máximo, não des-perdiçar água, que é um bem va-liosíssimo que corremos o riscode perder”, afirmou a sócia doestabelecimento, Carla Lopes. To-dos os funcionários são orienta-dos a usar a água com responsa-bilidade.

Além disso, os novos quiosquescontribuem para a reciclagem dolixo da praia. Eles dispõem de li-xeiras subterrâneas que permitema coleta seletiva. Hoje, os resídu-os produzidos são separados emquatro recipientes, de acordocom o tipo de material: plástico,

Educação Ambiental

Unidos pela consciênciaambiental

N

Quiosqueiros promovemações que preservam omeio ambiente

metal, papel e vidro. Esses mate-riais caem direto em contêineres,localizados no subsolo, e depoissão recolhidos. “Dessa forma,colaboramos um pouquinho paramanter a praia limpa e o meioambiente protegido”, contou asócia do Siri Mole, Maíra Rangel.

ÓleoDesde o início da revitalização

dos quiosques, a Orla Rio temdesenvolvido ações que preser-vam o meio ambiente. Esse mês,começou a ser feita a coleta doóleo de cozinha utilizado em to-dos os quiosques. A expectativaé que sejam recolhidos, inicial-mente, entre 5 e 10 mil litros deóleo por mês, o que diminuiriao entupimento da tubulação ea contaminação de rios e mares.Uma das principais alternativaspara evitar esses problemas é areutilização do resíduo que, alémde reduzir o impacto ambien-tal, representa uma boa fonte derenda. Cada quiosqueiro recebe-rá R$ 0,50 por litro de óleo re-colhido.

VegetaçãoO projeto paisagístico, desen-

volvido pelo escritório BurleMarx & Cia, em parceria com oescritório de arquitetura Índio daCosta, manteve os coqueiros quejá existiam na praia, concentran-do-os em grupos. No total, serãoplantados 490 novos coqueiros e75 transplantados. A opção pornão plantar vegetação que propi-

cie sombra se justifica porque asáreas sombreadas contribuempara a proliferação de bactérias naareia. Assim, garante-se a saúde dosusuários dos quiosques e banhis-tas. Os arbustos foram excluídospara evitar que eles servissem desanitário, o que degradaria as con-dições de higiene da praia.

Live EarthO festival teve a duração de

24 horas e foi transmitido ao vivoem 120 países, sendo assistido pormais de 2 bilhões de pessoas. Oshow no Rio de Janeiro será oúnico da série gratuito e ao ar li-

vre. As principais atrações inter-nacionais do palco de Copaca-bana foram Alanis Morissette,Lenny Kravitz, Pharrell Williamse a banda Good Charlotte. Entreos shows nacionais, participaramIvete Sangalo, O Rappa, MarceloD2, Seu Jorge e Xuxa. Os fundoslevantados com o festival serãousados para criar uma fundaçãopara o combate à mudança cli-mática liderada pela Alliance forClimate Protection (Aliança paraa Proteção do Clima), que é che-fiada pelo ativista ambiental e ex-vice-presidente norte-americanoAl Gore.

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Denúncia

Abrolhos desprotegida

Na semana posterior àscomemorações domeio ambiente, a 7ª

Vara da Justiça Federal em Bra-sília resolveu anular a portaria39/2006 do Ibama, que estabe-lece a Zona de Amortecimento(ZA) do Parque Nacional Ma-rinho dos Abrolhos. A decisãofoi motivada por ações da pre-feitura de Nova Viçosa (BA) ede Caravelas (BA), que atual-mente movem diversos proces-sos contra as medidas de con-servação na região, como a cri-ação da Reserva Extrativista doCassurubá. Com a decisão, pu-blicada no dia 14 de junho,Abrolhos perde a sua zona deproteção, ficando vulnerável aatividades potencialmente cau-sadoras de impacto ambiental.

A ZA foi estabelecida em 18de maio de 2006, com a finali-dade de garantir a proteção dosecossistemas da região de Abro-lhos, essenciais ao turismo eco-lógico e à pesca artesanal, quegarantem o sustento de aproxi-

Ação na justiça provoca aanulação da Zona deAmortecimento do Parquede Abrolhos colocando emrisco a região com a maiorbiodiversidade marinha doAtlântico Sul

madamente 100 mil pessoas. Amedida prevê restrições a em-preendimentos e ações que pos-sam causar prejuízos ao meioambiente no entorno do par-que, como a exploração de pe-tróleo e gás natural.

Para os limites da Zona deAmortecimento também foramconsiderados outros fatores,como a interdependência entreecossistemas, razão pela qual aZA abrange os manguezais daregião, considerados berçáriosda vida marinha do Parque.Isso gerou oposições de algunssetores, como os empresários dacarcinicultura, que pretendiamimplantar mega-fazendas decriação de camarão na regiãocoberta pela Zona.

Para Guilherme F. Dutra,Diretor do Programa Marinhoda Conservação Internacional,esta oposição reflete um gran-de desconhecimento sobre ofuncionamento dos ambientesmarinhos: “o mar é um ambi-ente muito dinâmico devido afatores como a influência decorrentes e ventos, a existênciade organismos que realizamseus ciclos de vida em áreas ex-tensas e a interdependência comecossistemas costeiros”. Inúme-ras espécies de peixes do Par-que completam seu ciclo de vidaem manguezais e áreas maisprofundas. “Por isso, os 95.000km2 da ZA, que parecem exa-gerados para os padrões terres-tres, são apenas razoáveis paraos padrões marinhos”, comple-menta.

Apesar disso, a ZA sofre opo-sições desde sua criação. Emmaio do ano passado, o senador

João Batista Motta (PSDB/ES)elaborou o Projeto de DecretoLegislativo 328/06, que tambémpede a anulação da zona de pro-teção do Parque. O projeto con-tou com as assinaturas dos se-nadores Antônio Carlos Maga-lhães (PFL/BA), César Borges(PFL/BA), Magno Malta (PL/ES), Rodolpho Tourinho (PFL/BA) e Marcos Guerra (PSDB/ES).

Em matéria da revista CartaCapital, o Senador Motta foiacusado de agir em interessepróprio. Na ocasião, foi prova-do que ele e mais quatro fami-liares são sócios da Cooperati-va de Criadores de Camarão doExtremo Sul da Bahia (Coo-pex), grupo que pretende ins-talar uma mega-fazenda de ca-marões nos manguezais e res-tingas do Complexo dos Abro-lhos. Com a portaria, além daslicenças ambientais estaduais, ainstalação do projeto passou adepender também da avaliaçãodo Ibama. O polêmico empre-endimento seria beneficiadocom a queda da ZA.

Marcello Lourenço, chefe doParque Nacional Marinho dosAbrolhos, avalia a anulação daZA como um grande retroces-so nas políticas sócio-ambien-tais da região dos Abrolhos. Se-gundo Lourenço, os limites dazona foram estabelecidos apósanos de pesquisas e trabalhostécnicos de modelagem da dis-persão de óleo em cenários dederramamento, simulados emfunção dos ventos e correntespredominantes na região. Alémdisso, desde 2004 o assunto édebatido com representantesdos governos federal, estadual emunicipais, colônias de pesca,

setor de turismo, organizaçõesnão-governamentais e pesqui-sadores, no Conselho Consulti-vo do Parque Nacional. “É im-portante observar que a deci-são judicial questiona o instru-mento legal que criou a zonade amortecimento – Portariado IBAMA – concluindo que oinstrumento jurídico adequadoé um Decreto Presidencial ouuma Resolução do CONAMA.Não há questionamentos sobreo mérito técnico da zona deamortecimento nem sobre seuslimites. Assim, trata-se apenas deuma questão administrativa: seas zonas de amortecimento de-vem ser criadas por Decreto ouResolução, isso precisa ser cor-rigido rápido, para evitar que,com a ausência da proteção daZA, se facilite a instalação deempreendimentos de alto im-pacto ambiental”.

A anulação da zona de pro-teção de Abrolhos é mais umamedida que se soma a um pa-norama de decisões equivoca-das sobre questões ambientais.Segundo Mário Mantovani, daFundação SOS Mata Atlântica,“este realmente tem sido umano de perdas para o meio am-biente. Não tivemos criação denenhuma UC no dia do meioambiente, apesar de haveremsete processos prontos para se-rem assinados pelo Presidente,só na região costeira e de MataAtlântica da Bahia. Agora hámais uma agressão ao meioambiente, com a derrubada dazona que protege a área com amaior biodiversidade marinhada parte sul do Oceânico Atlân-tico. Está aberta a temporada decaça aos Parques”.

Os ambientalistas esperam

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que o governo federal se posi-cione e re-institua a Zona deAmortecimento de Abrolhosatravés de um instrumento le-gal cabível – o fundamental égarantir a proteção da região.Esperam, ainda, que as unida-des de conservação propostaspara o sul da Bahia sejam de-cretadas logo pelo presidente darepública, em especial a Reser-va Extrativista do Cassurubá,que está no centro dos conflitosque levaram à derrubada da ZA.

Para saber mais• Zona de Amortecimen-

to - Segundo a lei 9.985/00,que regulamenta o Sistema Na-cional de Unidades de Conser-vação (SNUC), a zona de amor-tecimento abrange “o entornode uma unidade de conserva-ção, onde as atividades huma-nas estão sujeitas a normas e res-trições específicas, com o pro-pósito de minimizar os impac-tos negativos sobre a unidade”.

• Abrolhos - Com cerca de56.000 km2 na costa sul daBahia, a região dos Abrolhoscompreende um mosaico deambientes marinhos e costeirosmargeados por remanescentesde Mata Atlântica, incluindo re-cifes de coral, fundos de algas,

manguezais, praias erestingas. Lá podem serencontradas várias espécies en-dêmicas (que só existem na re-gião), incluindo o coral-cére-bro, crustáceos e moluscos, alémde tartarugas e mamíferos ma-rinhos ameaçados, como as ba-leias jubarte. A região tem amaior biodiversidade registra-da no Atlântico Sul e foi decla-rada, em 2002, área de Extre-ma Importância Biológica peloMinistério do Meio Ambiente.O primeiro Parque NacionalMarinho do Brasil foi criadojustamente nessa região, em1983, ao largo das ilhas quecompõem o Arquipélago dosAbrolhos, onde se encontramalgumas das mais importantescolônias de aves marinhas dopaís.

• ZA de Abrolhos - AZona de Amortecimento doParque Nacional Marinho dosAbrolhos vem sendo discutidapela sociedade civil e órgãosgovernamentais desde 2003,quando a Agência Nacional doPetróleo (ANP) ofereceu gran-des áreas para a exploração dehidrocarbonetos na região. Nes-se período, foram produzidosestudos que indicaram áreasecologicamente sensíveis. Estes

estudos envolveram especialistasde universidades brasileiras, doIBAMA e de organizações não-governamentais. Além dos ce-nários de derramamento deóleo resultantes das simulações,foram considerados para a pro-posição dos limites da ZA: ascaracterísticas biológicas (evi-dências de conectividade bioló-gica, abrangência dos principaishabitats) e oceanográficas (geo-morfologia e sistemas de corren-tes) da Região dos Abrolhos; afacilidade de reconhecimento doslimites marinhos propostos; ecaracterísticas sócio-econômicasda área, como a dinâmica dapesca e do turismo.

• Coalizão SOS Abrolhos- é uma rede de organizaçõesdo Terceiro Setor mobilizadaspara proteger a região com amaior biodiversidade marinharegistrada no Atlântico Sul. ACoalizão SOS Abrolhos surgiuem 2003, ano em que conquis-tou uma vitória inédita para aconservação, ao impedir a ex-ploração de petróleo e gás natu-ral naquela área. Atualmente aCoalizão está à frente da Cam-panha “SOS Abrolhos: Pescado-res e Manguezais Ameaçados”.A Coalizão é formada pela Redede ONGs da Mata Atlântica;

Fundação SOS Mata Atlântica;Conservação Internacional (CI-Brasil); Instituto Terramar; Gru-po Ambientalista da Bahia –Gambá; Instituto Baleia Jubarte;Environmental Justice Founda-tion – EJF; Patrulha Ecológica;Associação de Estudos Costeirose Marinhos de Abrolhos - ECO-MAR; Núcleo de Estudos emManguezais da UERJ; Movi-mento Cultural Arte Manha;Centro de Defesa dos DireitosHumanos de Teixeira de Freitas;Mangrove Action Project –MAP; Coalizão Internacional daVida Silvestre - IWC/BRASIL; Aquasis – Associaçãode Pesquisa e Preservação deEcossistemas Aquáticos; AgênciaBrasileira de GerenciamentoCosteiro; Centro de Estudos ePesquisas para o Desenvolvimen-to do Extremo Sul da Bahia – CEPEDES; PANGEA - Cen-tro de Estudos Sócio Ambien-tais, Instituto BiomaBrasil e As-sociação Flora Brasil.

Colaboração enviada por AnaLigia Scachetti - Gerente deComunicação da FundaçãoSOS Mata Atlântica - (11)3055-7881 / 7888 [email protected]

Denúncia

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Artigo

O Brasil não precisa deusinas nucleares

Segundo previsão doPlano Nacional deEnergia 2030 – PNE20030 (Estratégia

para a Expansão da Oferta),divulgado pela Empresa de Pes-quisa Energética –EPE, o Bra-sil deverá construir mais quatrousinas nucleares até 2030, duasdas novas unidades nuclearescom potência de 1 mil MWcada poderão ser construídas naregião Nordeste e as outras duasno Sudeste (também com 1 milMW cada). Além de Angra 3,que já está incluída no PlanoDecenal de Expansão de Ener-gia Elétrica (PDEE) 2006-2015divulgado pelo governo no iní-cio deste ano.

Paralisadas há 20 anos, asobras da usina nuclear de An-gra 3 (1.350 MW), segundoprevê um dos anexos do PAC(Programa de Aceleração doCrescimento), deverão ser re-tomadas em julho, e estima paraagosto de 2013 a entrada deoperação da terceira usina ter-monuclear brasileira, com in-vestimentos da ordem de R$ 7bilhões.

A elaboração destes planos deexpansão da oferta energéticasofre de um erro de origem: aausência da sociedade no deba-te da questão energética, e suaefetiva participação no proces-so decisório. A ampliação doespaço de debate é fundamen-tal para tornar politicamentesustentável o processo de deci-são. O debate energético nãopode permanecer confinado nasmesas e gabinetes de “experts”,hábeis na manipulação de nú-meros e unidades (Watts, Jou-les, Btu´s, ....), que buscam naepistemologia das ciências a le-gitimação das decisões que afe-tam toda a sociedade.

O Brasil não tem necessida-de de construir mais usinas nu-cleares para atingir a meta doPAC de aumentar a oferta deenergia elétrica. Estas decisõesreferentes à construção de usi-nas de geração de eletricidade

Por Heitor ScalambriniCosta*

têm sido expostas diante de umsuposto aumento dos riscos dedéficit de energia, alimentadaspela síndrome do apagão.

Fonte de energia elétr icaambientalmente incorreta porcausa dos riscos de acidentes epela produção de resíduos ra-dioativos, o uso da nucleoele-tricidade pelo Brasil é estrate-gicamente incorreto, e deveriaser definitivamente descartada.Parece-me mais inteligente bus-car formas de aumentar a efi-ciência e a conservação deenergia, e de encontrar na di-versidade das fontes renováveisas múltiplas saídas para os pro-blemas energéticos do país.

O Brasil tem hoje aproxima-damente 70 usinas hidrelétricascom mais de 20 anos de cons-trução, que poderiam sofreruma repotenciação (troca deequipamentos, por ex. substitui-ção do rotor do gerador, oumodernização de componentese sistemas). Se isso fosse feito,mais ou menos 60% da meta doPAC já seria contemplada. Ocusto é bem menor comparadoà construção de novas usinas,que absorvem a maior parte dosinvestimentos somente em obrascivis. Os 40% restantes da metado PAC poderiam ser obtidossem nenhuma nova obra civil.Bastaria que se investisse na re-dução das perdas do setor elé-trico nacional, que hoje, desdea transmissão até chegar ao do-micílio ou ao eventual consu-midor industrial, são da ordemde 15%. Se houvesse um esfor-ço para que o desperdício fossereduzido para 10%, isso já se-ria suficiente para fechar a con-ta. Esses 5% de ganho, que nãoé muito, permitem atingir ameta do PAC. O sistema brasi-leiro hoje tem cerca 97 milmegawatts aproximadamentede potencia instalada.

Os processos de repotencia-ção proporcionar iam quase8.000 megawatts, e a reduçãodo desperdício, mais 4.850 me-gawatts. Mas isso tem de ser

bem planejado, porque implicadesligar as usinas para que asmáquinas mais potentes possamser instaladas. Esse processo derepotenciação não ocorreu atéhoje no país por causa da cul-tura das megaobras. Parece queos governos preferem construí-rem grandes usinas, porque elasacabam dando mais visibilida-de, rendendo votos para a pró-xima eleição.

O argumento sobre o temorde um apagão energético nofinal da década, é uma das prin-cipais preocupações daquelesque defendem a construção dausina nuclear de Angra III. La-mentavelmente a opção nucle-ar é a opção preferencial, emdetrimento da busca pela efici-ência energética e adoção dematrizes energéticas renováveis,como o uso da biomassa (pro-duzida a partir da queima deresíduos agrícolas ou outro ma-terial orgânico), da energia eó-lica, da energia solar e da pro-dução de biocombustíveis semaumento do desmatamento.

O PDEE, que tem poucoapreço pela busca da eficiênciaenergética e do uso racional deenergia, foi elaborado para be-neficiar as indústrias do setoreletro-intensivo, como as em-presas produtoras de ferro, ce-lulose e alumínio primário, quesão grandes consumidoras (edesperdiçadoras) de energia,concentrando em três mega-projetos (as usinas hidrelétricasde Jirau e Santo Antonio - noRio Madeira, em Rondônia, ade Belo Monte, no rio Xingu,no Pará e a usina nuclear deAngra 3) que causarão grandesimpactos sociais e ambientais etêm uma chance razoável de darerrado.

O governo não dá muitaimportância à adoção de novasmatrizes de energia renovávelno país. As energias renováveissão relegadas no PDEE, enquan-to deveriam ser encaradas comoa grande solução para a ques-tão energética. O Brasil, já é

capaz de produzir em quanti-dade energia solar térmica, so-lar fotovoltaica, eólica ou bio-massa, entre outras, e só não ofaz por falta de vontade políti-ca do governo. O governo se-gue desconsiderando essa ten-dência internacional apesar dopaís possuir potencial para su-prir totalmente a demanda na-cional atual e também para for-necer eletricidade a locais re-motos que não a possuem ou queutilizam outras fontes como ageração a diesel ou a gás.

Ao desprezar as fontes reno-váveis, o país acaba deixandode economizar energia. Essasfontes poderiam também resol-ver problemas atuais do setor,como o pico de consumo cau-sado por chuveiros elétricos eque pode ser reduzido utilizan-do a energia solar térmica,beneficiando a todos, inclusi-ve às concessionárias. Assim ademanda poderia ser mais ba-lanceada e o fator de carga ele-vado.

Como podemos observar, atemática da oferta da energiatraz questões de ordem políticadecorrente da forma como asdiferentes opções energéticassão impostas a sociedade. O tra-tamento da questão energéticaem nosso país continua a reve-lar a prevalência da visão libe-ral-mercantilista, que concebeo setor energético como umcampo de relações de troca demercadorias, com vistas à am-pliação da acumulação de ca-pital.

* Professor da UniversidadeFederal de Pernambuco [email protected]

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Energia I

ONGs reagem contra aaprovação da Usina Nuclearde Angra 3

As organizações da so-ciedade civil têmacompanhado ativa-mente todo este pro-

cesso, elaborando propostas eexercendo pressão sobre os go-vernantes para que não esmore-çam os esforços globais e nacio-nais para o desenvolvimento depolíticas energéticas sustentáveiscapazes de mitigar as causas dasmudanças climáticas e ao mes-mo tempo, sejam capazes de pro-mover a universalização e a se-gurança energética e reduzir osimpactos sobre o ambiente e apopulação, associados às formastradicionais de geração de ener-gia, expandindo a oferta das no-vas fontes renováveis. O nossoobjetivo é preparar o terreno paraa expansão global das energias re-nováveis, montando uma estra-tégia ampla para um futuro ener-gético altamente eficiente e sus-tentável. O lançamento do PRO-INFA – Programa de Incentivoàs Fontes Alternativas de EnergiaRenovável, em março de 2004pelo Governo Federal, é um pri-meiro passo para a adequação damatriz energética do país, cujasustentabilidade depende tambémdo enfrentamento de outras ques-tões como eficiência no uso etransmissão de energia, conser-vação energética, descentraliza-ção e mudança nos padrões deconsumo.

Nossa meta é um mundo ondenão haja mais pobreza, onde aigualdade de sexo seja lei, ondetodas as pessoas tenham acesso aserviços de energia, com custoacessível e sem danos ambientais.Reconhecemos como fundamen-tal a sustentabilidade energéticas,a participação cidadã e a apro-priação do conhecimento e dopoder de decisão pelas comuni-dades afetadas ou beneficiadas nasdecisões políticas, quanto ao usodos recursos energéticos em ní-vel regional e local.

Os Governos devem a curtoprazo:

1 – Promover campanhas pú-blicas, elaboradas em conjunto

com a sociedade civil, para a efi-ciência energética e a mudançade padrões e parâmetros de con-sumo;

2 – Implementar medidas paradiminuir as perdas técnicas na ge-ração, na transmissão e na distri-buição de energia;

3 – Adotar medidas para re-potenciação das hidrelétricas semaumentar as áreas inundadas;

4 – Não autorizar empreen-dimentos que representem im-pactos ambientais, sociais, cultu-rais e econômicos negativos, taiscomo barragens, usinas nuclea-res e termelétricas a carvão mi-neral e aqueles que causam gran-des movimentações de combus-tíveis fósseis em áreas sensíveis;

5 – Recompor o ConselhoNacional de Políticas Energéti-cas – CNPE para garantir a par-ticipação, de forma paritária, dasociedade civil.

Os Governos devem a médioe longo prazo:

1 – Transformar o sistema glo-bal de energia, atualmente depen-dente de combustíveis fósseis,grandes hidroelétricas, usinas nu-cleares, para um sistema que sejacalcado em energias renováveis euso eficiente de energia;

2 – Interromper os recursos fi-nanceiros para fontes de energiafóssil, nuclear e grandes hidroe-létricas, substituindo e investindoem energia renováveis e em usoracional;

As novas fontes de energias re-nováveis estão disponíveis portodo planeta e não causarão guer-ras por recursos e nem exigirãoequipamentos bélicos e de defesapara protegê-las. Com essas pre-missas e um amplo diálogo nadefesa do nosso planeta, temos acerteza de estarmos contribuin-do de maneira inteligente parareparar os erros e equívocos quemarcarão a nossa sociedade no usoe ocupação do solo até o presen-te momento.

Com base no exposto, vimos pormeio deste Manifesto, solicitar que:

1 – O órgão público respon-sável pelo monitoramento ambi-

ental e pelo licenciamento daoperação das usinas nuclearesAngra 1 e 2, é o IBAMA. Asusinas já operam há mais de duasdécadas, sob fiscalização da CNENe da própria empresa Eletronu-clear. A nossa solicitação ao IBA-MA é: Que o IBAMA informe asociedade como um todo e aopróprio Governo Federal, se todasua estrutura física existente na Ge-rência da Baía da Ilha Grande, ésuficiente para que haja o cum-primento da sua responsabilidadesocioambiental no procedimentode licenciamento nas fases de im-plantação e operação da UsinaNuclear de Angra III ?

2 – Toda atividade humana so-bre os recursos naturais provocamalgum tipo de impacto direto ouindireto. A geração de energiaatravés da fissão nuclear em todasua cadeia produtiva, oferece ris-co tanto a saúde humana quantoao meio ambiente. Para que umaUsina Nuclear funcione adequa-damente é necessário que sejaimplantado um sistema de segu-rança eficiente. Assim, acredita-se que para duas Usinas, o mon-tante de infra-estrutura dupliquee para três, triplique, mesmo queseja informado pela Eletronucle-ar que a segurança do sistema éinabalável, sendo o risco de umacidente nuclear uma situaçãoremota, dado o grau de investi-mento em segurança. No entan-to, viveremos eternamente o ris-co de acidente, pois a atividadeque está implantada em nossa ci-dade, pouco nos nutre de infor-mações seguras. A pergunta doISABI ao Governo Federal se faznecessária pelo fato de que ativi-dade exige um planejamento ade-quado, mesmo que seja remota aprobabilidade de ocorrência: OGoverno Federal tem conheci-mento da logística necessária emfunção da geografia da região sulfluminense do Estado do Rio deJaneiro, caso ocorra um sinistroque envolva a única alternativaexistente e planejada para umapossível evacuação de todos osseres da região?

3 – A geração de energia atra-vés da fissão nuclear em toda suacadeia produtiva, produz uma sé-rie de rejeitos nocivos aos seresvivos. Os rejeitos de baixa, mé-dia e alta radioatividade possu-em um amplo controle dos ór-gãos de fiscalização. A produçãodestes rejeitos enquanto as usinasestiverem em funcionamento,será uma realidade permanentee conseqüentemente, dever-se-ámanter uma rotina na procura denovos locais para o armazena-mento dos rejeitos. A pergunta doISABI ao Governo Federal se faznecessária pelo fato a seguir:Onde ficarão todos os rejeitos dasusinas em definitivo? Quais oscritérios que deverão ser utiliza-dos? Há controle social neste pro-cedimento?

4 – O investimento financei-ro para arcar com a tecnologianuclear é de cifra incalculável. Épreciso um suporte financeiro quegaranta o máximo de segurançae o bom funcionamento das usi-nas. Tudo deve estar contabiliza-do no planejamento financeiro,os riscos, o descomissionamento,o destino dos rejeitos de baixa,média e alta radioatividades, oplano de emergência, a capaci-tação profissional, os passivos so-cioambientais, as compensaçõesambientais e financeiras etc. Apergunta do ISABI ao GovernoFederal se faz necessária pelo fatoa seguir: A empresa Eletronucle-ar dá lucro aos cofres público dogoverno? De onde será tirado odinheiro pra pagar as dividas exis-tentes? Quem vai pagar a contada continuação desta aventura deorigem militar?

Assinam: ISABI – Instituto So-cioambiental da Baía da IlhaGrande; APEDEMA-RJ – As-sembléia Permanente de Entida-de de Defesa do Meio Ambientedo Estado do Rio de Janeiro eFBOMS – Fórum Brasileiro deONG’s e Movimento Sociaispara o Desenvolvimento Susten-tável. - GTE – Grupo de Traba-lho de Energia

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Consumo Sustentável

Morador ecológico podeeconomizar R$ 250 mensais

A

Por Marcos Crivelaro*

adoção de atitudesecológicas, além deajudar a conservar onosso maior lar, o pla-

neta Terra, também permite umaeconomia aproximada de R$ 250no orçamento doméstico mensal.Esse valor é maior do que muitosauxílios sociais existentes. É pos-sível, portanto, concluir que o mo-rador que ajuda a Natureza ga-nha uma “bolsa-ecologia”.

Assumindo que o morador nãoexecute reformas na moradia eapenas adote novas práticas na uti-lização da energia elétrica e noconsumo de água, já é possíveltotalizar um valor acima de R$100 (moradia de 4 a 5 pessoas).O plantio de horta caseira e a con-fecção de receitas culinárias queutilizem cascas e/ou talos de fru-tas, legumes e verduras permitemuma economia mensal superior aR$ 70. E muitas pessoas desco-nhecem, mas é possível fabricarprodutos de limpeza do lar utili-zando sabão de coco, limão, vi-nagre, bicarbonato de sódio e es-sências de ervas aromáticas (eco-nomia de mais R$ 80).

No caso da energia elétrica, oselo Procel é um prêmio que es-timula os fabricantes de eletro-domésticos a produzirem equi-pamentos cada vez mais eficien-tes e econômicos. Na hora dacompra, procure esse selo. Na co-zinha, o fogão, o microondas, o

freezer, a geladeira, a lavadorade louça, a torneira elé-

trica e o exaustorpodem tota-

l i z a r

3.000 watts, representando 50% doconsumo mensal. Na lavanderia, alavadora e a secadora de roupas eo ferro elétrico respondem por15% do consumo mensal. O custodo aquecimento da água e da ilu-minação pode representar de 15 a25% da conta de energia elétrica.A TV é responsável por cerca de5% a 15% do consumo total.

Abaixo estão listados os “vilões”da conta de eletricidade e possíveisatitudes para economizar:

a) Chuveiro elétrico – suapotência nominal típica pode atin-gir 6.500 watts. Prefira chuveiroscom potência inferior a 4.000watts. Feche o registro enquantose ensaboa. Sempre que possívelutilize o chuveiro com a chave naposição “Verão”. Limpe periodi-camente os orifícios de saída deágua do chuveiro.

b) Ferro elétrico – habitue-se a acumular a maior quantidadepossível de roupas, para passar deuma só vez. No caso de ferro elé-trico automático, use a tempera-tura indicada para cada tipo de te-cido. Deixe o ferro desligado quan-do não estiver em uso. Reserve al-gumas roupas leves para serem pas-sadas nos últimos dez minutos nofinal da operação, com o ferro des-ligado, pois ele ainda estará quente(exemplos: roupas de nylon e lin-geries).

c) Refrigerador – evite abrira porta repetidas vezes e deixe osalimentos quentes esfriarem até atemperatura ambiente antes de se-rem colocados na geladeira. Eviteforrar as prateleiras da geladeira edo freezer com plásticos, tábuas,vidros ou quaisquer outros mate-riais para não dificultar a circula-

ção interna do ar frio. Re-gule a temperatura in-

terna através dotermostato.

Con-

serve limpa a parte traseira e nãoa utilize para secar panos ou rou-pas.

d) Lava-louças – máquinasmodernas oferecem a opção deusar calor e um ventilador parasecar os pratos. O calor é forneci-do por uma resistência no fundodo aparelho. Caso não precise dasecagem instantânea, desligue essafunção.

e) Microondas – acostume-se a usá-lo só em caso de necessi-dade. Use corretamente o temposugerido para aquecer a comida.

f) Torneira elétrica – eviteligá-la no verão quando a água,em geral, é mais quente. Ensaboetodas as louças para depois enxa-guar de uma só vez.

g) Fogão – é necessária mui-to menos energia elétrica e gáspara ligar o fogão uma só vez ecozinhar uma grande quantidadede alimentos do que utilizá-lo vá-rias vezes para cozinhar porçõesmenores.

h) Lava-roupas: uma cargagrande de roupas, ao contrário devárias cargas pequenas, usará me-nos eletricidade para acionar omotor da máquina. Utilize a do-sagem correta de sabão indicadapelo fabricante, evitando repetiroperações de enxágüe. Lavadorasde abertura frontal gastam menoságua que as de abertura superior.

i) Aquecedor de água –ajustar a temperatura do aquece-dor na faixa dos 55º C gera umaeconomia de 5%.

j) Ar condicionado – umaeconomia de 15% pode ser obti-da mantendo as portas e janelasfechadas para garantir uma veda-ção eficiente do ambiente, toman-do cuidado na regulagem da tem-peratura do ambiente e realizan-do manutenção periódica dos fil-tros.

k) Iluminação: a iluminaçãodeve ser adequada a cada tipo de

ambiente. Prefira as lâmpadasfluorescentes compactas

ou circulares para os lo-cais que fiquem com as

luzes acesas mais de 4horas/dia, pois são as mais

eficientes que existem parailuminação residencial e,

além de reduzirem o consumo,duram até dez vezes mais que aslâmpadas incandescentes. Limperegularmente luminárias e aran-delas para ter um bom nível deiluminação. Armários e despensassão também bons candidatos paraos sensores de movimento (eco-nomia de 1 a 3% no seu gasto).Luz solar: as clarabóias costuma-vam ser o único caminho de en-trada da luz solar. Mas, agora, no-vos produtos no mercado como“tubos de luz” oferecem a um customais baixo uma iluminação equi-valente ao produzido por umalâmpada de 100 W. Luzes exter-nas de baixa voltagem: o jardimpode ser iluminado à noite utili-zando sistemas de iluminação debaixa voltagem (12 V), o que fazcom que a instalação seja segurapara crianças ou animais de esti-mação. Energia solar: lumináriasde jardim movidas a energia solarsão equipadas com um pequenopainel solar, bateria recarregávele uma lâmpada dentro. Aquece-dor solar caseiro: o consumo deenergia elétrica é reduzido em40% com o uso de aquecedoressolares de baixo custo (cerca deR$ 110). Cada metro quadradode coletor solar permite econo-mizar anualmente 55 kg de gás,66 litros de diesel e 215 kg de le-nha. Stand-by (energia em estadode espera): esse é o termo usadopara a eletricidade usada em dis-positivos mesmo quando estão des-ligados. Representam 5% do con-sumo de potência elétrica. Umaboa solução para lidar com essasperdas é ligar vários deles num fil-tro de linha que tenha um botãoliga-desliga.

l) Televisão – é um eletrodo-méstico muito utilizado (em mé-dia de 5 horas por dia). Desligueo aparelho quando ninguém esti-ver assistindo e programe a horade desligar para evitar dormir como aparelho ligado.

*Marcos Crivelaro é profes-sor PhD da FIAP – Faculdade deInformática e Administração Pau-lista e da Faculdade Módulo, es-pecialista em matemática finan-ceira e consultor em finanças.

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Denúncia

Na rota do tráficoU

Por Luísa [email protected]

ma das agressões am-bientais mais severas éa captura de espéci-mes em áreas naturais,

praticada para alimentar o tráficode seres vivos. Esse intenso ata-que à biodiversidade é praticadode forma compulsória nos bio-mas brasileiros. E com o objetivode conhece melhor a situaçãopara poder combater esse tipo decrime nasceu o projeto Diagnós-tico do Tráfico de Animais Silves-tres nos Corredores Central eSerra do Mar da Mata Atlântica ea Implicação dessa Atividade paraa Conservação do Bioma.

Idealizada pela Rede Nacio-nal de Combate ao Tráfico de Ani-mais Silvestres (Renctas), com pa-trocínio do Critical EcosystemPartnership Fund (CEPF) e apoioda Aliança para a Conservação daMata Atlântica, a iniciativa preten-de colher informações detalha-das sobre o tráfico de animais sil-vestres nos municípios localizadosna áreas de abrangência dos Cor-redores de Biodiversidade Cen-tral e da Serra do Mar da MataAtlântica.

De acordo com dados do pro-jeto, calcula-se que, do volumetotal de animais envolvidos no trá-fico, cerca de 60% sejam comer-cializados no país e o restante édestinado ao mercado internaci-onal. Ainda segundo o documen-to, a situação brasileira, no quetange à conservação da biodiver-sidade, é considerada uma dasmais graves e desafiadoras nomundo. Isso ocorre porque osbiomas brasileiros têm perdido acobertura da vegetação nativa deforma drástica em função do des-matamento.

Os números são alarmantes:em termos da fauna total de ver-tebrados da Mata Atlântica, entre6 e 8% dela está ameaçada de ex-tinção. O documento alerta paraa possibilidade de essas estatísti-cas serem ainda mais preocupan-tes, pois sabe-se muito poucosobre aspectos biológicos e eco-lógicos de muitas espécies de ver-tebrados. Para Ângela Branco,coordenadora do projeto, o queficou claro com o levantamentofoi a falta de informação com quetrabalham o Ibama e outros ór-

gãos de conservação.Ela explica que, além do diag-

nóstico do tráfico de animais nes-sa região, foi criada uma ferramentapara gerenciar um banco de da-dos que pode ser acessado pororganizações autorizadas. “Essa fer-ramenta é indispensável, porquenão há como combater uma ativi-dade criminosa sem informação.Um serviço de inteligência é ne-cessário para buscar o início da ca-deia do tráfico. Para que o crimeseja reprimido, é preciso um tra-balho integrado entre as políciasrodoviária, civil e militar”, afirma.

Para Ângela, essa ferramentadeve ser administrada pelo Ibama.“Fizemos um projeto-piloto e es-peramos que o órgão abrace essaidéia e a aplique em biomas detodo o país”, diz a coordenadora.Segundo ela, apesar da dificulda-de para colher informações nosórgãos oficiais, os workshops reali-zados com representantes do Iba-ma, polícias, Ministério Público eONGs foram muito bem recebi-dos. “Muitas vezes, as pessoas doMinistério Público não conheci-am quem era o responsável no

Ibama, e vice-versa”, conta.Um das questões que chamam

a atenção no levantamento é arelação entre pobreza e tráfico deanimais. “Acreditamos que é umaquestão relacionada à educação.Não há como provar essa relação,pois há cidades muito pobres ondeo tráfico não é praticado. Não hádados suficientes, mas subenten-de-se que as pessoas mais pobrestiram animais da natureza por nãoterem como obter uma rendacomplementar”, avalia Ângela.

Segundo a coordenadora, aconstrução da ferramenta foi umpasso importantíssimo para o com-bate ao tráfico e para a formula-ção de um diagnóstico mais pre-ciso no futuro. “Para quem traba-lha com fiscalização, é importan-te para saber se uma determinadaespécie está em extinção ou nãonaquela área. Para estudantes, tam-bém pode ser de grande valia paratrabalhos escolares. É uma ferra-menta que ajuda a conhecer me-lhor a grande diversidade da fau-na brasileira.

Fonte: http://rets.rits.org.br

Reprodução da Ferramenta de PesquisaRota do tráfico | www.diagnostico.org.br

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Amazônia I

C

ONG britânica pedepatrocínio para ‘proteger’Amazônia

Por Iracema Sodré, deLondres

A recém-lançadaorganização não-governamental britânicaCool Earth comemorou oDia do Meio Ambiente, em5 de junho, com umacampanha que incentiva aspessoas a patrocinarem apreservação de terrenosna Floresta Amazônicapara ajudar a combater oaquecimento global.

ontribuintes po-dem acompanharlote pela Internet

Os pedidos de pa-trocínio foram anunciados nosite da instituição com valoresque vão de 35 a 50 libras (apro-ximadamente R$ 133 a R$ 190reais) por meio acre (cerca de2 mil metros quadrados ou umquarto de um campo de fute-bol) de floresta no Brasil ou noEquador.

O site promete que, depoisde feita a transação, o terreno aser protegido poderá ser acom-panhado constantemente pormeio de mapas virtuais feitoscom imagens de satélites.

Aos doadores também sãoprometidos boletins informati-vos de guardas ambientais locais,empregados pela organização,sobre a preservação da área.

“Se um milhão de pessoas fi-zerem isso (patrocinarem umacre de floresta), haverá umenorme impacto no combate ao

aquecimento global, protegen-do florestas ameaçadas e os ani-mais selvagens que lá vivem, ecriando empregos sustentáveispara as comunidades locais”, dizuma declaração emitida pelaCool Earth.

Projeto ambiciosoOs detalhes do projeto podem

ser vistos no site da ONG, queexplica que a Cool Earth “com-prará ou arrendará terras de pro-prietários locais - tanto privadosquanto governamentais” paracriar áreas de preservação. AONG também dá os nomes dasáreas em que vai focar a iniciati-va: Teles Pires, Ataninga, Madei-ra, Atauara e Awacachi.

O plano, ainda de acordo como site, é que estas propriedadessejam passadas a fundações lo-cais, em nome dos moradores daregião. A Cool Earth arrendariaas terras por dez anos ou mais edepois deste período o local setornaria uma reserva.

Quando as áreas compradasjá são classificadas como reser-vas ambientais, mas não há re-cursos para mantê-las, o dinhei-ro das doações seria usado paraa administração das terras pelaCool Earth pelo período míni-mo de dez anos.

A iniciativa foi lançada peloparlamentar trabalhista FrankField e o milionário sueco Jo-han Eliasch, que causou polê-mica em 2005, quando com-prou um terreno de 160 mil

hectares na Floresta Amazônicade uma madeireira americana.

Não está claro no site, e a as-sessoria de empresa da organi-zação não soube esclarecer,quanto dos recursos arrecadadosirão para a preservação de árease quanto para a compra de no-vas terras. Também não está cla-ro se a área comprada por Eli-asch fará parte do projeto.

PolêmicasDesde que anunciou a com-

pra dos 160 mil hectares de flo-resta, o milionário tem atraídoatenção e polêmica.

Depois do anúncio, o Incra(Instituto nacional de Coloni-zação e Reforma Agrária) afir-mou que estava investigandoirregularidades na proprieda-de das terras compradas – par-te da propriedade teria títulosirregulares e parte estaria emlitígio na Justiça.

Críticos afirmaram ainda queas pessoas que vivem na regiãoficaram sem emprego e que oempresário estava praticando“colonialismo verde”.

Em conversa com a BBCBrasil Eliasch se defendeu.

“Isso não é ‘colonialismo ver-de’ porque não queremos ame-açar a soberania do país, nemprejudicar comunidades locais.Estamos trabalhando com osmoradores e cooperando comos governos locais”, disse.

“Ninguém sugeriu que secompre a floresta. Esse é terri-

tório brasileiro e os outros paí-ses não devem se envolver. Es-tamos falando de desenvolveresquemas de compra e arren-damento em que, de fato, o restodo mundo pague pelos ‘servi-ços ambientais’ providos pelafloresta”, afirmou.

“Trabalhar com as popula-ções nativas, fazendo com queelas se sintam donas da floresta,é muito mais eficiente que ape-nas empregar guardas para evi-tar o desflorestamento”, defen-deu Eliasch.

A organização diz que, acada ano, a destruição de flo-restas tropicais em todo o mun-do gera 6 bilhões de toneladasde CO2, mais que todo o gáscarbônico produzido nos Esta-dos Unidos.

“Todos nós sabemos do aque-cimento global, mas a maioriadas pessoas se sente impotentepara lidar com algo numa es-cala tão grande. Esta é a opor-tunidade ideal para que cada umde nós tenha um papel impor-tante em mudar o mundo”, dizo parlamentar Frank Field.

Depois dos projetos-pilotono Brasil e no Equador, a CoolEarth pretende criar iniciativassemelhantes na África e na Ásia.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/s t o r y/2007/06/070605_amazonialotes_is.shtml

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Amazônia II

Para especialistas, comprarterra na Amazônia ‘éingenuidade’

Denize Bacoccina, deBrasília

Organizaçõesambientalistas quetrabalham na regiãoamazônica criticam aproposta da Cool Earth decomprar terras na região,pela dificuldade em seestabelecer a propriedadelegítima de muitos dessesterrenos.

mazônia vive caosfundiário, segundoambientalista

Eles chegam a clas-sificar a proposta de ingênua edizem que a melhor maneira deuma organização estrangeiraajudar a preservar a floresta é sealiar ao governo para colocar emprática os vários projetos de “re-servas de papel” que já existemna região e precisam de recur-sos para ser efetivados.

“Há uma falsa impressão deque não se pode confiar no go-verno, mas na verdade uma áreaprivada pode dar uma instabili-dade maior”, diz o supervisor deConservação da WWF, ClaudioMaretti.

O ambientalista Paulo Ada-rio, coordenador da campanhaAmazônia do Greenpeace, con-sidera a medida “ingênua, em-bora bem intencionada”.

“É uma visão de pessoas bemintencionadas, mas que desco-nhecem a complexidade e difi-culdade do local”, afirmou Ada-rio, que vive em Manaus, onde

fica o escritório regional doGreenpeace que cuida da Ama-zônia.

GrilagemEle diz que o processo de gri-

lagem de terras públicas na re-gião foi tão intenso que hoje emdia é muito difícil conseguirgrandes extensões de terras comdocumentação legal.

“Não existem grandes áreasde terra à venda com documen-tação razoável. A questão da pro-priedade de terras na Amazôniaé um pesadelo”, afirmou.

“A compra de áreas privadaspode alimentar a indústria dagrilagem e levar a mais desma-tamento”, diz Maretti.

Além disso, o endurecimentoda legislação tornou mais difícila regularização de terras de ori-gem duvidosa e impede a vendade terras em áreas de floresta.Segundo Adario, do Greenpea-ce, apenas 23% da área total daAmazônia são de propriedadeprivada regularizada, e 18% dototal já foram desmatados.

Outros 41% são terras públi-cas com destinação já definida,como reservas indígenas e assen-tamentos. “Os 37% restantes sãoterras públicas que estão sendodisputadas”, diz Adario.

O ambientalista Marcio San-tilli, coordenador da campanha‘Y Ikatu Xingu do Instituto So-cioambiental, também conside-ra o método inadequado e temeque a compra de terras, mesmo

para preservação, pode aumen-tar ainda mais a grilagem na re-gião.

“Existe um caos fundiárionesta região, e isso só vai colo-car dinheiro na mãos dos grilei-ros”, afirmou.

Santilli diz que a proteçãoambiental por meio da comprade terras enfraquece o idéia queeles consideram mais correta, deregularização das terras públi-cas através de instrumentos comoáres de proteção e reservas ex-trativistas.

Neste caso, pessoas que são daregião podem continuar viven-do no local e explorar economi-camente a floresta – por exem-plo, com a colheita de castanhas– mas não podem desmatar, nãotêm títulos de propriedade eportanto não podem comerci-alizar as terras.

“Já temos instrumentos legaispara lidar com isso. A privatiza-ção seria um capitalismo selva-gem”, afirmou.

A melhor maneira de ajudara preservar a floresta, na avalia-ção do Greenpeace, é se aliar aogoverno brasileiro na vigilânciade áreas que já foram destinadasa projetos de conservação, masque não saíram do papel por faltade recursos.

Marcio Santilli, do InstitutoSocioambiental, também defen-de a atuação das ONGs estran-geiras em cooperação com ogoverno brasileiro. “Vale mais a

pena investir nisso, num jogocasado com o Poder Público, doque tentar áreas privadas”, dizele.

Essas áreas protegidas estão,por exemplo, na divisa entre osEstados de Mato Grosso e Ama-zonas, e ao longo da Rodovia BR163, que liga Cuiabá a Santarém.

Estima-se que 80% das áreasdesmatadas estejam numa faixade 100 quilômetros ao longo dasrodovias que cortam a região.

A WWF participa junto como governo brasileiro, o governoalemão e o Banco Mundial deum fundo para a conservação deuma área que nos próximos seisanos deve chegar a 50 milhõesde hectares, o equivalente a 12%do território amazônico. “Oque nós dizemos é: se você queproteger, compre virtualmenteuma área, ajudando com estefundo”, afirmou Maretti.

Este fundo já tem US$ 50milhões e a meta é chegar a US$400 milhões em dez anos. Osrecursos devem ser usados paraprojetos de manejo florestal quealém de conservar a floresta tam-bém oferecem uma alterantivade trabalho e renda para a po-pulação que vive na floresta –cerca de 22 milhões de pessoas.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/06/070605_amazonialotes_is.shtml

A

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Ecoleitura

P

Dicionário de TermosAmbientais

Antônio Leal, carioca nascidoem 03/10/1970 na Zona Oestedo Rio, formado em Administra-ção de Empresas com especiali-zação em Gestão Ambiental, édesenhista projetista na LIGHT,empresa de energia elétrica doEstado do Rio de Janeiro, ondetambém participa de trabalhosligados ao meio ambiente comoauditorias e coleta seletiva. Maisdo que objeto de trabalho, omeio ambiente, para ele, é umatemática de vida.

Sobre o autor

ublicações como aatual são importantesno esclarecimentodas variadíssimas ter-

minologias utilizadas na vastaárea ambiental, bem como paraseu uso verbal e/ou escrito defato expressem os objetivos dequem as utiliza e que, depen-dendo das circunstâncias envol-vidas, sua indevida utilizaçãopode causar de meros constran-gimentos a expressivos impac-tos ambientais. É uma publica-ção importante para todos aque-les que se interessam de fato coma vida e qualidade da mesma emnosso planeta.” - Mário Mos-catelli - Biólogo, Professor Ti-tular de Gerenciamento deEcossistemas do Centro Uni-versitário da Cidade - RJ.

O “Dicionário de TermosAmbientais” constitui-se numaeficiente ferramenta para todosaqueles que atuam na área am-biental, pois é um dicionário quecolecionou os termos mais usa-dos em jornais e revistas espe-cializadas em meio ambiente.”- Antonio Carlos Gusmão -Consultor e Ambientalista

Alguns termos na letra A

ADICIONALlDADE -termo utilizado em projetos quevisam a redução das emissões degases do efeito estufa, mediantea conservação das florestas. Aadicionalidade está diretamen-te relacionada com a li-nha debase. ela é a diferença entre asemissões de uma determinadalinha de produção industrialcom combustível fóssil, por essamesma produção usan-do nocaso o combustível de naturezarenovável.

AGENDA 21 - documentoaprovado pela comuni-dade in-ternacional, durante a Rio-92que contém compromissos paramudança do plano dedesenvol-vimento no século XXI.

AGENDA 21 GLOBAL -documento aprovado em 1992,durante a conferência das-Na-

ções Unidas para o Meio Am-biente e o Desenvolvimento -Rio-92, con-tendo compro-missos para mudança do padrãode de-senvolvimento global.

AGENDA 21 LOCAL -processo participativo multise-torial de construção de um pro-grama de ação estratégico di-rigido às questões prioritáriaspara o desenvolvimento susten-tável local. Como tal, deveaglutinar os vários grupos so-ciais na sua confecção.

AGROTÓXICO - produ-tos com a finalidade de alte-rara composição da fauna ou daflora que seja consi-derada no-civa para as atividades produ-tivas à saúde do homem ou dosanimais domésticos, exemplo:inseticidas, herbicidas, fungici-das, germicidas, etc.

AMAZÔNIA LEGAL - aAmazônia Legal foi criada porLei 1.806. de 6/01/1953. Nessaépoca, o Estado de Mato Grossotinha apenas a porção locali-zada a 16 graus de latitudenorte incluída na AmazôniaLegal. Posterior-mente, esseEstado foi totalmente incluídona Amazônia Legal através daLei Complementar n° 31 de11/10/1977. Hoje, com ex-tensão aproximada de 5 mi-lhões de quilômetros quadra-dos (53% do território brasi-leiro) totaliza 762 municípiose engloba os Estados da regiãoNorte do País (Acre, Amapá,Amazonas, Pará, Rondônia,Roraima e Tocantins, MatoGrosso, parte do Maranhão (a44 graus de longitude Oeste) euma pequena porção de Goiás(acima de 13 graus de latitudesul).

AMBIENTALISTA - ter-mo criado para traduzir enviro-mentalist surgido na última dé-cada para nomear a pessoa in-teressada ou preocupada com osproblemas ambientais e a qua-lidade do meio ambiente ouengajada em movimentos dedefesa do meio ambiente. Tam-bém usado para designar o es-

pecialista em ecologia humana.AMBIENTE - conceito

que engloba todo um conjun-tode fatores físicos, sociais, cultu-rais, econômicos e estéticos queafetam os indivíduos e as co-munidades e determinam a suaforma, caráter, relacionamentoe sobrevivência. Tais fatoresabrangem a qualidade da águae do ar, controle de erosão, pe-rigos naturais, planejamentourbanístico, desenvolvimentoparcelar, proteção da vida ani-mal e vegetal, congestionamentourbano, aglomeração populaci-onal excessiva, desloca-ção erecolocação resultante de umaação pública ou privada ou dedesastre natural, poluição sono-ra, po-luição urbana, infraçõesà lei e abandono de edifícios,crescimento urbano desordena-do, política de cresci-mentourbano, preservação dos recur-sos culturais, arquitetura paisa-gística urbana, qualidade domeio construído, impacto doambiente nas pessoas eativi-dades. O ambiente podeser considerado como parte detudo o que gera benefícios ealguns danos de valor inestimá-vel para as comunidades, a parde bens e ser-viços disponibili-zados pelo poder de compra,habitação, infra-estruturas,transportes e outras pessoas.

ANTRÓPICO - relativo àhumanidade, à sociedadehu-mana, à ação do homem.

Termo de cr iação recenteem-pregado por alguns autorespara qualificar um dos setoresdo meio ambiente. O meio an-trópico compreende os fa-torespolíticos, éticos e sociais: um dossubsistemas do sistema ambien-tal. O subsistema antrópico.

ANTROPOCENTRIS-MO - doutrina que consideraa espécie humana o centro douniverso fazendo com que to-das as questões incluindo a ad-ministração ambiental, sejamequacionadas em função doatendimento exclusivo dos va-lores humanos.

APICUM - termo usadopara os terrenos de brejo nazona costeira. Corresponde al-gumas vezes às zonas marginaisde lagunas costeiras parcial-mente colmatadas que sofreminundações produzidas pelasmarés. O apicum também ocor-re em manguezais que se carac-terizam pela ausência ou redu-ção de vegetação em função daalta salinidade.

Mais informações: Otaci-lio C. França - Letras e MagiaEditora - [email protected] / www.letrasemagia.com.br

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