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Carol Silva & Betina Bonilauri
Copyright © Unicef 2016
Editorial
TÍTULO ORIGINALUnfairy Tales
ADAPTAÇÃO E DIAGRAMAÇÃOCarol Silva e Betina Bonilauri
Algumas histórias não foram feitas para crianças. E a crise dos refugiados é uma delas, embora muitas crianças e adolescentes precisem mudar drasticamente suas vidas graças à guerra na Síria. Além de perder familiares e amigos, os pequenos são obrigados a se mudar para campos de refugiados onde não conhecem ninguém e muitas vezes possuem dificuldades de adaptação.
Unfairy Tales (“Contos que Não São de Fadas”, em tradução livre) é, originalmente, uma série de vídeos criada pela Unicef para conscientizar as pessoas a respeito da crise vivida pelos refugiados sírios
Um mundo pacífico e próspero é aquele no qual as pessoas podem se sentir seguras e
protegidas em suas casas, com suas famílias e em suas comunidades. É um mundo no
qual elas podem se sentir confiantes em seu país, com sua cultura e na família das
nações e dos povos do nosso planeta.
Às vezes, por razões econômicas ou outras razões pessoais, as pessoas optam por
deixar as suas casas e começar uma nova vida em um novo local. Para melhor ou pior,
essas decisões são tomadas por uma questão de escolha consciente.
Quando catástrofes naturais acontecem, casas são destruídas, deslocando
comunidades inteiras. Quando a guerra ou a agitação civil devastam uma
comunidade, pessoas são deslocadas à força para proteger a vida e a integridade física.
Elas têm apenas duas opções: a morte por privação, assaltos ou genocídios, ou a vida
no exílio.
A crise dos refugiados
Com conflitos e crises provocando um recorde de deslocamento ao redor do mundo, o
reassentamento tem se tornado uma parte cada vez mais importante dos esforços da
Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) para encontrar soluções e buscar
responsabilidades compartilhadas mais justas para os refugiados.
De acordo com o relatório “Projeções do ACNUR para a Necessidade de
Reassentamento Global 2017”, mais de 1 milhão de refugiados foram encaminhados
pela agência para mais de 30 países de reassentamento na última década, sendo que o
número de pessoas que necessita ser reassentada ultrapassa, e muito, as
oportunidades existentes.
Uma pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, revela que no
mundo quase 87 milhões de crianças de até sete anos não conhecem nada além de
conflitos. O levantamento avaliou menores que vivem em dezenas de países,
incluindo Afeganistão, Colômbia, Iraque, Síria, Mali, Sudão do Sul e em regiões da
Índia e da Tailândia.
Com o intuito de evidenciar e conscientizar sobre a situação dessas crianças e do
impacto que essa realidade moldam suas perspectivas, a Unicef lançou três filmes de
animação que contam histórias reais de crianças fugindo de conflitos e explicam o
horror que as colocou nesta situação.
A série "Contos que Não São de Fadas", em tradução livre, faz parte da iniciativa
#actofhumanity, ou "ato de humanidade". A campanha enfatiza que crianças são
crianças, não importa de onde venham, e que cada uma delas tem direitos e merece
uma chance justa.
Malak Barco
e o
Era muito grande quando eu vi pela primeira
vez, eu fiquei com muito medo. Assim que se
moveu, a água começou a entrar no barco e
nós fomos atingidos por ela.
Eu estava com muito, muito, muito frio.
Depois que eu fiquei com frio, eu estava com
muito, muito, muito medo. Parecia que eu e
minha mãe poderíamos nos afogar, que o
barco poderia afundar.
Eu tinha um monte de amigos,
agora não há mais ninguém.
TravesseiroIvine e o
Estávamos com muito medo, escondidos na
sala de estar. As ruas estavam cobertas de
sangue. Nós tivemos que entrar em barcos
infláveis, estávamos com medo de nos afogar.
As pessoas gritavam e choravam. Tivemos
que andar tanto. Nós íamos para a cama
com fome, acordávamos com fome.
Tivemos que dormir no deserto.
Eu tinha pesadelos com aquelas cenas, e
chorava. Eu acordava e meu travesseiro
estava encharcado com as minhas
lágrimas. Me sinto tão triste, por que a
vida é tão difícil?
CaminhadaMustafa
vai para uma
Nós estávamos sempre com medo. Sempre
houve guerra aonde vivemos. Homens eram
levados contra as suas vontades. Eles fizeram
meus irmãos irem a força com eles. Nós
ficaríamos sem dinheiro, nem nada.
Vivíamos bem uns com os outros, mas agora
está tudo destruído. Cada um de nós em um
lugar diferente. Eu tinha alguns brinquedos
que amava muito e eu adoraria poder
levá-los comigo. Eles falaram que iríamos
caminhar muito.
Fiquei cansado e os deixei pelo caminho. Eu
fico pensando sobre o que está acontecendo
com a gente. Vamos morrer? Deus me livre!
Aqui eu não entendo a língua, nem nada.
Sinto saudade dos meus amigos, mas o que
posso fazer? O que eu poderia fazer com meus
amigos? Não tenho mais nenhum.