Reverso 98 - Revista Wynn

7

description

 

Transcript of Reverso 98 - Revista Wynn

Page 1: Reverso 98 - Revista Wynn
Page 2: Reverso 98 - Revista Wynn

A Revista Wynn recebe este nome em homenagem à Zelda Wynn Valdes, a primeira estilista negra. Tendo sido a Zelda Wynn um marco no mundo da moda,

bem como um marco para a conquista de espaços, devido à segregação histórica da população negra e as dificuldades político sociais de se ocupar espaços de poder, é com honra e gratidão

que nomeamos este produto a partir do nome dessa mulher.A Revista Wynn objetiva romper com o apagamento, ainda hegemônico, das mulheres e homens

negras/os. Falar sobre estética afro mais do que simplesmente falar sobre moda, é também fazer política, porque traz consigo elementos que se constituem contra hegemônicos ao mesmo tempo que reivindica a visibilidade e representatividade de sujeitos historicamente silenciados. A Wynn privilegia

o recorte racial e de gênero para a elaboração de pautas e conteúdo imagético. As matérias, bem como as fotos, objetivam provocações e reflexões políticas sobre a negritude.

Editorial

Transição CapilarKarla Santana

Batons, Esmaltes e AcessóriosMariana Andrade

A beleza é para todas!Beatriz Medeiros

Blog Power: protagonismo negro e modaHelen de Souza

Turbantes: negritude não é moda!Yasmim Marinho

TrançÁfricaHelen de Souza

Negra e RockeiraAdriele Strada

SUMÁRIO

pg. 4

pg. 6

pg. 7

pg. 8

pg. 9

pg. 10

pg. 11A revista Wynn é um produto laboratorial do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da

Bahia. Esse é um produto Reverso.

Reitor da Ufrb Coordenação Editorial Edição e Editoração Gráfica Silvio Soglia Péricles Diniz Sarah Sanches Robério Marcelo Yasmim Marinho

Beatriz Medeiros Karla Santana Helen de Souza Adriele Strada Mariana Andrade Sarah Sanches Yasmim Marinho

Page 3: Reverso 98 - Revista Wynn

“Liberdade” Essa é a palavra usada por muitas pessoas quando se trata de transição capilar. Mas afinal o que realmente implica essa mudança de visual? Temos visto nos últimos três anos uma onda crescente de pessoas aceitando a textura natural dos seus cabelos. O que pode parecer mais uma tendên-cia de moda, é na verdade um processo mais profun-do e complexo de aceitação de sua etnia e suas raízes. Toda discussão acerca da transição capilar e do que ela representa, pode ser equivocadamente confun-dida com futilidade. Longe disso, a decisão de pas-sar por uma transição capilar é um processo muitas vezes demorado, que começa de dentro pra fora. É preciso trabalhar a auto estima, é preciso se amar e se aceitar, é pensar que você é seu cabelo, mas cabelo cresce e quando ele crescer estará lindo como o da-quela menina de black power que você viu na inter-net. Sim, porque às vezes precisamos de inspiração para poder começar, e geralmente a encontramos na web, pois as revistas ainda não se deram conta de que os padrões de beleza estão mudando e se diversi-ficando, afinal representatividade importa, e muito! Agora que você decidiu fazer a transição, por onde começar? Parando de alisar! Fácil né? Tal-vez para algumas pessoas sim. O que você precisa entender é que seu cabelo começará a crescer e em dois ou três meses estará com texturas diferentes: a raiz natural e o comprimento alisado. Você pode optar por continuar alisando sem processos quími-cos (chapinha e escova) ou começar a texturizá-lo para que raiz e comprimento fiquem com aparên-cias quase semelhantes. O problema de utilizar a primeira opção é o fato de que seu cabelo estará fragilizado pelos anos e mais anos de química, pois nem sempre ele crescerá imediatamente saudável, secador e chapinha são processos agressivos e mui-tas vezes modificam a estrutura do fio mesmo utili-

zando protetores térmicos. Mas se nesses primeiros meses ainda estiver difícil abandonar a dupla seca-dor e chapinha, invista em cuidados dobrados com o cabelo, hidratando e nutrindo constantemente. O processo de transição também significa dedicação. Os motivos que levam á transição são diver-sificados, vão desde corte químico a aceitação pura-mente simples de como você é. Muitas dessas pesso-as já pensaram em parar com o alisamento inúmeras vezes mas sempre pensam sobre preconceito e acei-tação da sociedade frente um tipo de beleza que não é padrão. Muitas garotas tiveram coragem de começar a transição após ver atrizes desfilando e assumindo seus cabelos naturais, esse é um raro caso onde a mí-dia ajuda na aceitação da beleza pessoal de cada um. Porém o mais importante é ver na rua essa aceitação, ver em uma realidade próxima a sua que é possível ter o cabelo natural e que ele é, sim, muito bonito.

WYNN Você utilizava alguma química antes da transição ou só escova e chapinha?

Luana Souza Uma só não, várias. Usei do hidróxi-do de sódio à amônia.

WYNN Quando e porque decidiu deixar o cabelo ao natural?

Luana Souza Na verdade, foi um processo longo. Não conhecia o termo transição, nem sabia que se tratava de uma aceitação. Que eu estava praticando um ato político, sabe?! Eu não gostava mais do meu cabelo alisado, sem contar que ele já tinha quebra-do muito. Queria conhecer a textura do meu cabelo e deixá-lo ser como ele é de verdade. Faz 3 anos, mais ou menos, que resolvi assumir meu crespo.

WYNN Como foi para você os primeiros meses da transição? Chegou a pensar em desistir?

Luana Souza Passei por umas três transições. Sem-pre tinha alguém que me colocava para baixo até me fazer desistir. Mas, fui forte!

WYNN Você ainda alisa (ou chegou a alisar) o cabelo com métodos não permanentes apenas para mudar ou prefere deixa-lo sempre ao natural?

Luana Souza Nunca, nem em sonho! A única coisa que mudo no cabelo é a cor. Fora isso, nada.

WYNN Você fez o big shop? Se fez, como foi seu processo de preparação pra ele? Foi difícil ou pra você foi tranquilo?

Luana Souza Fiz sozinha e nem tinha planejado. Lavei o cabelo, senti a necessidade de cortá-lo e o fiz. Ficou “joãozinho”. Foi meio difícil me acostu-mar, mas não demorou e eu já estava me exibindo por aí.

WYNN Sobre os cuidados com o cabelo, o que teve que fazer de diferente após a transição?

Luana Souza Descobrir os produtos que meu ca-belo precisava e investir neles. Foi a única mudança que precisei fazer. Antes era só pranchar. Agora te-nho que seguir todo um cronograma capilar, afinal de contas, o cabelo crespo é ressecado por vida e precisa de mais cuidados.

WYNN Qual foi a reação da família, amigos e na-morado com a mudança do seu cabelo?

Luana Souza A pior possível. Mas, driblei todos eles. Até porque o cabelo é meu, o corpo é meu, e quem tem que gostar sou eu.

WYNN Já sofreu algum tipo de preconceito pela mudança?

Luana Souza Sempre. O preconceito é aliado do racismo. Sempre vou ouvir que meu cabelo parece bombril, etc. Mas veja só se eu, Luana, vou ligar para os mal-amados? Não mesmo! (risos). Quando você se aceita, você aprende a resistir aos comentá-rios maldosos e acaba deixando passar despercebi-do.

WYNN Você acha que a transição ajudou a mudar algum aspecto pessoal seu? (personalidade)

Luana Souza Completamente. Hoje sou ativa e segura de mim. Antes eu era bem apagada, agora sou consciente do meu espaço na sociedade e brigo por ele se preciso for. Estar segura de si mesma lu-tando pelo seu espaço é um ato tão político quanto assumir suas raízes.

Entrevista

Por Karla Santana

Transição CapilarKarla Santana

Foto: Yasmim Marinho

04 05

Page 4: Reverso 98 - Revista Wynn

A BELEZA É PARA TODAS!Beatriz Medeiros

Os padrões de beleza são, desde sempre, bastante excludentes. O mercado tem colaborado para o apagamento de diversas mulheres - negras e gordas, principalmente -, seja na venda de produ-tos que não contemplam as especificidades dessas mulheres, seja na propaganda e na venda de pro-dutos que pretendem aproximar essas mulheres dos padrões estabelecidos, afastando-as dos seus pertencimentos. Desse modo, as mulheres negras tem encontrado dificuldades para a manutenção de suas raízes e para a valorização da sua beleza, a partir da relação com o mercado de cosméticos, salões, clínicas estéticas, entre outros segmentos. Com a emancipação das mulheres negras, a partir dos movimentos organizados e das trocas afetivas, a auto valorização de suas belezas tem en-quanto movimento político e libertação individual e coletiva alcançado cada vez mais visibilidade. O mercado tem buscado, desde então, se adaptar para atender as demandas dessas mulheres, as marcas tem se dedicado à venda de novos produtos que al-cancem essa população e investido em propaganda para o público que deseja atingir. A mulher negra e os seus cabelos crespos e cacheados tem ganha-do mais destaques nas novelas, revistas e vitrines. A beleza da pele negra pode ser valorizada também com a maquiagem, que faz parte da perso-

nalidade de uma pessoa, realçando o que a mulher tem de melhor. Por isso, sempre surge aquela duvida: “Qual é a maquiagem ideal para esse tipo de pele?” “Não tem maquiagem ideal!”, afirma o ma-quiador Tássio Santos. O segredo é acertar no tom da base, sem ficar mais claro, podendo co-lorir o rosto como quiser. Ele dá a dica de que as mulheres negras devem abusar do que quise-rem. “Dourado, pérola, bronze, verdes, azuis, ro-xos... tons que criem um contraste com a pele”. Por muito tempo as mulheres negras possuí-am certa dificuldade em se maquiar, devida a dificul-dade em encontrar produtos adequados para o seu tom de pele. Tássio afirma que “a dificuldade existia devido ao combo falta de produto e de boa orienta-ção” e percebeu que depois que o mercado investiu nesses produtos e ele iniciou as vendas das maquia-gens, muitas delas passaram a se maquiar sempre. O maquiador também dá orientações para uma boa maquiagem. “Treinando sempre, além do uso de um bom primer para fazer tudo durar mais, juntamente com a base e o correti-vo com um fundo laranja e criando contraste nos olhos, usando dourados, pérolas ou bronze, até mesmo no blush, é inegável que terá aquela ma-quiagem incrível tanto da noite quanto do dia.

Batons, Esmaltes e AcessóriosMariana Andrade

Entre os acessórios que estão em alta nessa estação, o des-taque principal são os óculos de sol mais exagerados, com armações maiores e com lente espelhadas. Podem compor dos looks mais despojados e casuais até os mais ousados e

sofisticados.

Os max colares são os queridinhos desde a última estação. A tendência primavera/verão desse ano trouxe variedades de cores que não precisam, necessariamente, combinarem, mas que conversam umas com as outras em suas tonalida-des. Você pode arriscar sem medo em peças coloridas para

deixar seu look mais alegre e com a cara da estação.

Os batons de efeito matte são de cores bem pigmentadas e com efeito fosco, dando um acabamento sequinho e dura-bilidade na cor dos lábios, trazendo aquele efeito poderoso que todo mundo adora. Esses batons estão sendo vendidos nas versões bastão e líquido e já esteve bombando nas ul-timas temporadas. Nessa estação, com as novas cores lan-çadas, os batons mattes estão fazendo sucesso, colorindo e

deixando os visuais cada mais charmosos. O laranja já pode retornar para a nécessaire, meninas/os! Para as pessoas mais discretas, o tom pode vir mais suave se aproximando do pêssego. Já as que gostam mesmo de

causar, as tonalidades vibrantes prometem melhor destaque. O item é daqueles que levantam qualquer produção do dia a

dia e já são destaques nas passarelas.

A variedade de cores está tomando conta das prateleiras em toda parte. As esmaltarias estão acompanhando a tendência dos batons, trazendo cores mais ousadas na montagem de

looks. A manicure Suely Andrade, 47, contou que agora as cores

mais vibrantes estão sendo usadas com frequência em todas as idades. “Clientes, de adolescentes à adultas, estão ousan-

do mais nos esmaltes. Renovo meu estoque de cores quentes toda quinzena”. Ela ainda disse que nos anos anteriores, nes-sa mesma época, saíram menos que este ano. Que as pessoas estão “desencanando” mais sobre padrões que antes existiam

em relação à coloração dos esmaltes, que com o passar do tempo, as pessoas estão preferindo usar cores que conver-

sem mais com seu estilo, sem medo de errar!

Foto: Adriele Strada

Foto: Mariana Andrade

Foto: Mariana Andrade

Foto: Adriele Strada

06 07

Page 5: Reverso 98 - Revista Wynn

BLOG POWER:Protagonismo negro e moda

Helen de Souza

TURBANTES:negritude não é moda!

Yasmim Marinho

O turbante, bem como qualquer outro elemento étnico, são signos da resistência de um povo. O povo negro foi, historicamente, impedido de usar as suas vestes, típicas das suas culturas e lugares de origem, de cultuar as divindades das suas religiões, de ser livre para exibir os seus cabelos naturais. Foram destituídos de liberda-de em inúmeras dimensões, através do tráfico e da escravização. A cultura negra tem sido colocada em lugar de marginalidade e tem sido sistematicamente apagada. Quando não apagada, costuma ser apropriada pelas pessoas brancas. Quando a hegemonia não consegue mais invisibilizar determinadas movimentações sociais, tende a se apropriar daquilo com o objetivo de apagar seu potencial político e de manter no apagamento as e os sujeitos que deveriam ser protagonistas.

Ser negra e negro não está na moda, e seus cabelos e símbolos de resistência tão pouco são tendências. Ser negra e negro é uma identidade política. E cabelos e elementos étnicos constituem aquilo que é ser negro. Negras e negros tem cabelos crespos, sempre tiveram e sempre terão, a despeito daquilo que o mercado tenta se apropriar para lucrar.

Além disso, assumir os cabelos crespos é um movimento de autoaceitação, de afirmação da negritude, de rompimento com o não-lugar ao qual as pessoas negras são empurradas em uma cultura eurocentrada e profundamente racista, como a brasileira. Estar com os cabelos naturais nos espaços que se ocupa, princi-palmente os espaços públicos, mas também os privados, é assumir posturas de enfrentamento ao racismo, que é institucional e generalizado. Assim, ainda que hoje os cabelos crespos, os turbantes, as tranças estejam ocupando espaço em revistas, propagandas, televisão, e outros espaços midiáticos e mercadológicos, as e os negros continuam enfrentando o racismo e a ojeriza e estranhamento diante de sua estética.

Protagonismo e resistência são palavras chaves para romper com a falácia de que turbantes são modismo e que podem ser usados por qualquer uma ou um. Isso é apagamento! Ainda que o mercado em algum mo-mento, seja pela sua dinamicidade, seja pelo movimento de criar novas necessidades de consumo, deixe de considerar os cabelos crespos e os black powers como alvo de suas produções e propagandas, mulheres e ho-mens negros continuarão a ter seus cabelos crespos, cacheados, suas tranças, seus black powers e seus dreads.

Negras e negros não estão assim por moda ou tendência, elas e eles são assim. E continuarão a existir e resistir!

HERDEIRA DA BELEZAMaquiador formado pela MakeUp Atelier Paris, o também jornalista Tássio Santos mantém um blog e canal no Youtube chamado Herdeira da Beleza, nele o Tássio que também ministra cursos de ma-

quiagem, valorizando a autoestima de mulheres negras.

http://herdeiradabeleza.com/

BELEZA INTERIORComando pela publicitária Maraisa Fidelis, o Be-leza Interior figura no cenário dos maiores blogs do Brasil. Com conteúdo variado que vai desde o

empoderamento dos cabelos crespos a resenhas de livros. A blogueira também conta com um canal

no YouTube que leva o mesmo nome.http://www.blzinterior.com.br/

MEQUETREFISMOSDos olhos expressivos e cabelos deslumbrantes” Essa é a melhor forma de descrever a jornalista Luíza Brasil, produtora de conteúdo do blog de

uma das maiores consultoras de moda do país, a Constanza Pascolato. Luíza é destaque no circui-to de moda alternativa brasileiro com o seu blog Mequetrefismos, onde aborda Afrostyle, beleza e

música negra. http://mequetrefismos.com/

MAGÁ MOURAFamosa por suas espetaculares tranças coloridas, a Magavilhas como é mais conhecida a Relações

Públicas e Cool Hunter Magá Moura, mantém um site de Life & Style onde fala sobre seus trabalhos, interesses, inspirações e claro, sobre o arco íris de

seus cabelos. http://magamoura.com/

Foto: Internet

Foto: Arquivo Pessoal

Foto: Internet Foto: Internet

Foto: Internet

08 09

Page 6: Reverso 98 - Revista Wynn

gem das pontas com água ferven-te. Não é indicado passar mais de três meses com as box braids, pois durante esse período o cabelo na-tural cresce bastante e elas come-çam a ficar com o aspecto de mal cuidado. Os cuidados com a lava-gem são poucos: É indicado lavar com o shampoo de sua preferência e aplicar tônicos para fortalecer a raiz. As box braids são bastante in-dicadas para quem está passando pela transição capilar e não quer cortar os cabelos bem curtinhos.Apesar de terem sidos populariza-dos com Bob Marley e o movimen-to Rastafári o uso dos dreadlocs é bem mais antigo, segundo estudos os povos que habitavam a região da Índia já faziam uso desse penteado por motivos religiosos e de pratici-dade. Os dreads podem ser feitos de três maneiras: O tradicional, que consiste em não lavar os cabelos com shampoos ou qualquer outra substancia que possa alisar o cabelo, esse método é pouco indicado, por-que pode trazer uma aparência de falta de higiene; Com cera de abe-lha, onde se divide o cabelo em me-chas e enrola com ajuda da cera na palma das mãos. Esse método exige manutenção constante para que os cabelos não se soltem; E o por úl-timo o mais utilizado, que é feito com agulha, esse método é mais complicado porém traz um resulta-do mais bonito. Divide-se o cabelo e penteia-se da ponta à raiz, como no processo com cera. Daí “costu-ra-se” com uma agulha de crochê.

de penteado costuma durar em torno de duas semanas a um mês e requer cuidados com a lavagem, para que as tranças não se desfaçam rapidamente.Já as tranças soltas, também conhe-cidas como box braids se populari-zou com o movimento hip hop na década de 90, elas podem ser feitas com fibras sintéticas como o jumbo e o kanekalon, lã ou linhas de cro-chê. Nessa modalidade de tranças o cabelo natural é repartido em me-chas onde o cabelo é trançado junto com o material escolhido até o com-primento desejado e finalizado com amarração feita com elastec ou sela-

Nos últimos anos o movimento tem tomado força e junto com ele a valorização da estética negra, que ainda hoje sofre com o preconceito por conta dos padrões eurocêntri-cos enraizados em nossa sociedade. Nós, mulheres, somos as que mais sofremos com esses padrões impos-tos, e acabamos recorrendo a méto-dos de alisamento que são nocivos tanto a saúde dos fios, quanto a saúde do couro cabeludo. Mas nem só de belíssimos black powers são feitas as cabeças das pretas e pre-tos, penteados como tranças nagô, tranças soltas e dreads fazem suces-so e reafirmam a nossa identidade.A tradição de trançar os cabelos foi trazida pelos escravos de di-versos países do continente afri-cano, as tranças eram bem mais que um simples adorno para as cabeças, as formas de trançar os cabelos possuíam significados: podiam indicar status social e até sinalizar que a pessoa em questão estava interessada em se casar. As técnicas usadas para fazer os pen-teados eram passadas pelas mu-lheres mais velhas que trançavam os cabelos de suas filhas e netas.As tranças nagô tem como origem a civilização Nok que vivia no norte da Nigéria a cerca de 500 a.c são as tranças feitas com o próprio cabelo junto ao couro cabeludo, a partir dela podem ser feitos desenhos e acrescentar acessórios como linhas de crochê e fibra sintética para au-mentar o comprimento ou dar um toque de cor ao penteado. Esse tipo

NEGRA & ROCKEIRAHelen de Souza

Foto: Thainá Dayube

Adriele Strada

É inegável que o rock carrega em suas raízes a música afro americana. O ritmo, a voz rouca das e dos cantores, a união com a platéia são parte da herança da música produzida pelas negras e negros america-nos que formou parte do rock. É inegável que o rock, bem com o rhythm e blyes - R&B - tem como fonte o blues americano. Embora o racismo tenha buscado apagar a importante participação da música afro ameri-cana para a formação do rock, este ritmo continua sendo curtido e valorizado por parte da população negra.

Karla Santana é uma jovem negra, universitária e assumidamente uma fã de rock. E mostra para a Wynn hoje que mesmo com o clima quente da primavera/verão é possível adaptar o look rockeiro para a estação

sem perder o estilo, combinando peças básicas, tecidos leves e apostando nos acessórios.

Aqui o look é composto por um vestido preto de algodão, um tênis all star e poucos acessórios. Mesmo sendo um look simples ele ainda possui personalidade. A estampa da mochila é de uma animação dos

anos 90 (O Estranho Natal de Jack), mas que voltou como tendência em vários acessórios.

Detalhes: Óculos com detalhe em estampa de onça (tendência nos anos 80) e Tattoo Choker, a garganti-lha que imita uma tatuagem (tendência nos anos 90) deixam o look mais despojado.

Fotos: Adriele Strada

10 11

Page 7: Reverso 98 - Revista Wynn

Assuma suas raízes!Foto: Yasmim Marinho