RESUMO Depois do último trem: o processo criativo de Josué...

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Depois do último trem: o processo criativo de Josué Guimarães RESUMO AUTOR PRINCIPAL: Israel Portela de Farias E-MAIL: [email protected] TRABALHO VINCULADO À BOLSA DE IC:: Não CO-AUTORES: Miguel Rettenmaier da Silva, Rosalia Passos ORIENTADOR: Miguel Rettenmaier da Silva ÁREA: Ciências Humanas, Sociais Aplicadas, Letras e Artes ÁREA DO CONHECIMENTO DO CNPQ: Linguística, Letras e Artes UNIVERSIDADE: Universidade de Passo Fundo INTRODUÇÃO: O processo criativo de um autor se orienta por ações que vão desde a leitura até a concretização das ideias. Os estudos literários interessam-se pela leitura dos autores, pelas possíveis referências que orientaram seu processo criativo. De outra parte, a escrita ficcional pode ampliar-se ao estudo de esboços, mesmo daqueles que não fazem parte do texto definitivo, e a outros códigos, na elaboração, como enunciados visuais que ora podem ser elementos no projeto ficcional, ora podem estender-se nos limites do texto literário. A pesquisa reflete sobre a construção da intriga de Depois do último trem, publicada em 1973, observando os prototextos relacionados à obra, bem como uma possível leitura anterior ao processo criativo. Nesse sentido, a obra Pedro Páramo, de Juan Rulfo, publicada em 1955, será associada à Depois do último trem a partir dos conceitos de dialogismo, e do elemento fantástico como gênero recorrente na América Latina no contexto de criação literária de Josué Guimarães. METODOLOGIA: O estudo se estabelece em uma metodologia que parte da pesquisa bibliográfica, observa os manuscritos, esboços e notas do autor que estão resguardados no ALJOG/UPF (Acervo literário de Josué Guimarães) e aprofunda-se na leitura do texto de análise, o romance Depois do último trem, para inferir textos que foram possíveis fontes para a réplica ficcional de Josué Guimarães. Com base nos estudos de Pino & Zular, sobre a escrita literária, do trabalho de Bakhtin, sobre o dialogismo, e nas considerações de Furtado, sobre a literatura fantástica, este trabalho pretendeu analisar desde o processo criativo de Josué Guimarães observando as leituras presumidas para a elaboração ficcional, até os movimentos artísticos em torno dos paratextos à obra Depois do último trem, como, por exemplo, a proposta de uma possível capa ao romance.

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Depois do último trem: o processo criativo de Josué GuimarãesRESUMO

AUTOR PRINCIPAL:Israel Portela de Farias

E-MAIL:[email protected]

TRABALHO VINCULADO À BOLSA DE IC::Não

CO-AUTORES:Miguel Rettenmaier da Silva, Rosalia Passos

ORIENTADOR:Miguel Rettenmaier da Silva

ÁREA:Ciências Humanas, Sociais Aplicadas, Letras e Artes

ÁREA DO CONHECIMENTO DO CNPQ:Linguística, Letras e Artes

UNIVERSIDADE:Universidade de Passo Fundo

INTRODUÇÃO:O processo criativo de um autor se orienta por ações que vão desde a leitura até a concretização das ideias. Os estudosliterários interessam-se pela leitura dos autores, pelas possíveis referências que orientaram seu processo criativo. De outraparte, a escrita ficcional pode ampliar-se ao estudo de esboços, mesmo daqueles que não fazem parte do texto definitivo, ea outros códigos, na elaboração, como enunciados visuais que ora podem ser elementos no projeto ficcional, ora podemestender-se nos limites do texto literário. A pesquisa reflete sobre a construção da intriga de Depois do último trem,publicada em 1973, observando os prototextos relacionados à obra, bem como uma possível leitura anterior ao processocriativo. Nesse sentido, a obra Pedro Páramo, de Juan Rulfo, publicada em 1955, será associada à Depois do último trem apartir dos conceitos de dialogismo, e do elemento fantástico como gênero recorrente na América Latina no contexto decriação literária de Josué Guimarães.

METODOLOGIA:O estudo se estabelece em uma metodologia que parte da pesquisa bibliográfica, observa os manuscritos, esboços e notasdo autor que estão resguardados no ALJOG/UPF (Acervo literário de Josué Guimarães) e aprofunda-se na leitura do textode análise, o romance Depois do último trem, para inferir textos que foram possíveis fontes para a réplica ficcional de JosuéGuimarães. Com base nos estudos de Pino & Zular, sobre a escrita literária, do trabalho de Bakhtin, sobre o dialogismo, enas considerações de Furtado, sobre a literatura fantástica, este trabalho pretendeu analisar desde o processo criativo deJosué Guimarães observando as leituras presumidas para a elaboração ficcional, até os movimentos artísticos em tornodos paratextos à obra Depois do último trem, como, por exemplo, a proposta de uma possível capa ao romance.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES:As descontinuidades contidas nos manuscritos de Josué Guimarães possibilitaram para pesquisa elementos significativossobre Depois do último trem. Através dos esboços, foi possível perceber intenção do escritor em criar uma capa para aobra. Além disso, desde os primeiros manuscritos, revelam-se as intenções de denúncia das imposições e repressõespolíticas, e os problemas sociais que envolviam a época. A obra narra à história de Eduardo e dos últimos habitantes deAbarama, cidade que está prestes a ser alagada pela barragem. Essa inundação é usada pelo autor como metáfora doprocesso de dominação política do estado burocrático-autoritário da ditadura cívico-militar. Na paisagem de um mundoprestes a terminar Eduardo vive e revive a mistura de sentimentos e delírios, pelo sobrenatural, em circunstâncias que sedão acima ou além dos limites do tempo. Na análise feita nos prototextos e no livro, percebeu-se essa intenção de denúnciado autor refletida, também, na imagem de um delator, o tio Lucas, que metaforizava um dos mais fortes ardis da repressão:a invasão à privacidade sob bases éticas ordenadoras. O moralismo de Lucas é um traço de personalidade associado aoconservadorismo político dos anos de chumbo. Para apresentar e explorar tais situações, Josué Guimarães usa o realismofantástico como ferramenta na narrativa. O elemento fantástico que aparece em Depois do último trem promove uma criticade cunho político contra o governo e o arbítrio, assim como fizeram outros escritores, a exemplo de Juan Rulfo em sua obraPedro Páramo. Ao compararmos as duas obras pode-se perceber o dialogo existente em Depois do último trem e PedroPáramo ¿ através do sobrenatural, são vozes insurgentes contra a dominação política que abateu o Brasil e a AméricaLatina a partir da segunda metade do século XX

CONCLUSÃO:No estudo,analisou-se o processo criativo de Josué Guimarães em Depois do último trem. Com isso, notou-se a intençãodo autor em delatar as opressões políticas da época,metaforizando-as em sua obra. O texto dialoga com o fantástico daliteratura latino-americana, e integra a literatura brasileira a um panorama histórico de resistência às ditaduras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

FURTADO, Filipe. A Construção do Fantástico na Narrativa. Lisboa: Livros Horizonte, 1980.

GUIMARÃES, Josué. Depois do último Trem. 10a ed. Porto Alegre: L&PM, 2007.

PINO, Claudia Amigo. ZULAR, Roberto. Escrever sobre escrever: uma introdução crítica à crítica genética. São Paulo:Martins Fontes, 2007.

RULFO, Juan. Pedro Páramo e O Planalto em Chamas. Tradução de Eliane Zagury. São Paulo: Paz

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Assinatura do aluno Assinatura do orientador