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RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL (RSE): ESTUDO A PARTIR DE EMPRESAS DO SETOR DE VAREJO DE NATAL E REGIÃO METROPOLITANA
RESUMO
O presente artigo objetiva discutir o tema da Responsabilidade Social Empresarial e analisar o comportamento de empresas do setor de varejo de Natal e Paranamirim (Região Metropolitana) em relação ao tema. A metodologia inclui uma revisão bibliográfica a partir de fontes que tratam da Responsabilidade Social, com destaque para a sua origem, conceito e desafios. Também inclui uma pesquisa empírica que busca explorar aspectos da Responsabilidade Social, a partir da dimensão ambiental, social e econômica, mensurados na forma de um Índice de Desenvolvimento Sustentável. Dentre as conclusões destaca-se o fato de que a concepção da RSE compreende que a empresa possui um novo papel dentro da sociedade, ultrapassando a esfera do mercado, pois suas ações impactam os stakeholders, ou seja, todos os atingidos por suas ações e/ou aqueles com os quais a empresa mantém algum vínculo (comunidade, fornecedores, clientes, público interno). Quanto à pesquisa primária foi possível observar que as dimensões avaliadas apresentam diferentes índices, conforme o porte e perfil da empresa. Porém, preponderam indices baixos e medianos quanto aos quesitos ambientais, sociais e/ou econômicos. Palavras-chave: Responsabilidade Social Empresarial (RSE). Indicadores de RSE. Sustentabilidade. Varejo de Natal e Região Metropolitana. INTRODUÇÃO
O tema da Responsabilidade Social Empresarial (RSE) vem ganhando
crescente espaço em função da compreensão de que as empresas devem ter um
olhar mais voltado para a sua atuação, observando também os impactos de suas
políticas e ações junto aos seus empregados, clientes, fornecedores e no território
em que estão localizadas. Tal perspectiva modifica a expectativa das empresas em
somente oferecer preços competitivos, obedecer as leis e pagar impostos.
Admitindo este perspectiva este debate se reveste de importância e
atualidade.
A mensuração da Responsabilidade Social geralmente é feita através de
indicadores que avaliam projetos e ou ações de empresas ou outros atores
enfatizando variadas dimensões que atingem o público interno ou externo das
organizações. Dentre as dimensões geralmente avaliadas destacam-se os quesitos
ambientais, sociais e econômicos (ex: Indicadores Ethos de Responsabilidade
Social, Balanço Social do Instituto Brasileiro de Análises Sociais Indicadores Sociais
nas Empresas – IBASE, Global Reporting Initiative - GRI - Iniciativa Global para a
Apresentação de Relatórios, Instituto Observatório Social - IOS).
A questão central desta pesquisa é saber qual a prática empresarial
predominante quanto ao tema da RSE, considerando as dimensões
supramencionadas.
Este artigo objetiva analisar o tema da Responsabilidade Social Empresarial
(RSE) e mensurar o comportamento de empresas privadas quanto ao tema.
A metodologia inclui uma pesquisa secundária revisando a literatura sobre a
RSE e uma pesquisa de campo nos Supermercados Extra, Supercop e Supershow,
em Natal e Parnamirim (Região Metropolitana de Natal).
O artigo contém quatro seções além desta Introdução. A seção 2 analisa
Responsabilidade Social Empresarial (RSE) resgantando a sua origem e conceito. A
seção 3 expõe as dimensões ambiental, social e econômica analisadas e os
parâmetros de mensuração sugeridos pelo Índice de Desenvolvimento Sustentável
(IDS). A seção 4 expõe e analisa os resultados da pesquisa de campo em empresas
do varejo de Natal e Região Metropolitana. A seção 5 apresenta as Considerações
Finais.
1. RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: ORIGEM E CONCEITO
A discussão sobre uma possível Responsabilidade Social Empresarial (RSE)
embora ganhe notoriedade no século XXI, nasce em fins do século XIX.
A origem da ideia de responsabilidade social da empresa remonta ao final do século XIX e início do século XX. Segundo relato de Maximiano (1997), Andrew Carnegie foi um dos pioneiros no assunto, ao conceber que o “princípio da responsabilidade social baseia-se na premissa de que as organizações são instituições sociais”, quando, em 1899, publicou nos Estados Unidos da América a obra O evangelho da riqueza, caracterizando dois princípios básicos, relativos à responsabilidade social da empresa: “caridade e stewardship”, ou seja, princípio da caridade e princípio do zelo (ALVES, 2003, p. 38)
1.
1 Carnegie Andrew, considerando um “gigante na história do capitalismo americano e, ao mesmo
tempo, “um dos primeiros e mais relevantes filantropos de todos os tempos”,“acreditava que a distribuição da riqueza por meio da filantropia asseguraria a educação dos mais pobres, combatendo uma sociedade dinástica e possibilitando o florescimento de outros Carnegie, que infundiriam sangue novo ao sistema. Ele criou milhares de bibliotecas, museus, salas de concerto e um programa de bolsas de estudo para estudantes carentes”. Também doou em vida mais de 350 milhões de dólares (REVISTA EXAME, 2006).
Segundo Alves (2003), na primeira década do século XX, autores como
Charles Eliot, em 1906; Arthur Hakley, em 1907, e John Clark, em 1916, também
oferecem contribuições ao tema. Todavia, segundo julga, o trabalho de Bowen
intitulado ‘Responsabilidades Sociais do Homem de Negócios’ (Social
Responsabilities of the Businessman), publicado em 1953 nos Estados Unidos da
América e em 1957 no Brasil, se destaca por ser uma das mais importantes
contribuições sobre a RSE no século XX, pois “demarcou o início de uma análise
mais criteriosa e profunda”. Para Bowen (1957), o empresário deve se alinhar aos
valores e necessidades pretendidos pela sociedade. (ALVES, 2003, p. 38).
Quanto à Responsabilidade Social, estas se referem às “[...]‘obrigações’ dos
homens de negócios de adotar orientações, tomar decisões e seguir linhas de ação,
que sejam compatíveis com os fins e valores de nossa sociedade”. (Bowen, 1957,
pp. 14-16 apud Alves, 2003, p. 38). Logo, observa-se a partir deste enunciado que
os objetivos dos empresários devem se alinhar aos valores e necessidades
pretendidos pela sociedade.
As visões clássicas relativas ao tema da RSE possuem originalmente forte
apelo religioso, perspectiva que se altera ao longo do tempo. Um exemplo desta
assertiva refere-se ao fato dos trabalhos de Carnegie e Bowen terem sido, ao seu
tempo, patrocinados pelo “Conselho Federal das Igrejas de Cristo daAmérica”. Desta
forma, Alves (2003, p, 38) conclui que “[...] uma primeira percepção do assunto
estava fortemente ligada ao caráter religioso da sociedadenorte-americana, portanto,
à condição estabelecida da moral social da época”.
Em termos estritamente econômicos, observa-se que o ideário de uma
Responsabilidade Social Empresarial, “de caráter filantrópico ou não, contexta um
princípio econômico hegemônico, que é o de maximização da lucratividade como
fundamento capitalista”, afirma Apolinário (2014, p. 3). A autora afirma ainda que
este princípio da maximização do lucro é bastante antigo e arraigado na ciência
econômica, uma vez que ainda no século XVIII “economistas ‘utilitaristas’ (Jean
Baptiste Say: 1767-1832; Jeremy Bentham: 1748-1832, dentre outros) anunciaram a
maximização do lucro e minimização do custo, cristalizado no cálculo do
custo/benefício, como visão de mundo”. Por fim, a autora acrescenta que “a ideia do
homem utilitarista, racional por excelência, ou simplesmente o homo economicus, ou
seja, aquele que maximiza lucros e minimiza custos, está na base, se manifesta e
ganha proeminência em variadas áreas (científica, tecnológica) ou escalas (política,
social, econômica”. Portanto, todos estes aspectos tornam ainda mais desafiante a
concepção de uma Resposabilidade Social Empresarial sob a égide do capitalismo,
conclui a autora. (APOLINÁRIO, 2013. APOLINÁRIO, 2014, sl. 3).
Passados aproximadamente 250 anos e não por acaso, em meados dos
anos 1960, o economista norte-americano Milton Friedman, um dos principais
expoentes do pensamento neoliberal do século XX, apoiado na crença de que as
forças do mercado conduziriam a economia automaticamente ao equilíbrio, e que,
portanto, promoveriam o bem estar social, questionava abertamente a validade dos
resultados de uma ação de Responsabilidade Social, por parte das empresas, que
não aquelas relacionadas exclusivamente à geração do maior lucro possível
(APOLINÁRIO, 2014, sl. 4).
De acordo com Friedman (2009):
Há poucas coisas capazes de minar tão profundamente as bases de nossa sociedade livre do que a aceitação por parte dos dirigentes das empresas de uma responsabilidade social que não a de fazer tanto dinheiro quanto possível para seus acionistas. Trata-se de uma doutrina fundamentalmente subversiva. Se homens de negócios têm outra responsabilidade social que não a de obter o máximo de lucro para seus acionistas, como poderão eles saber qual seria ela? (FRIEDMAN, 2009, p. 69)
Todavia, a despeito do debate quanto ao tema Responsabilidade Social
Empresarial, observa-se que o tema vem ganhando espaço em fóruns e debates
internacionais envolvendo nações, empresas, trabalhadores e governos,
particularmente preocupados com os impactos que as ações empresariais podem
causar nos ambientes em que se inserem, sobre a mão-de-obra ocupada, os
recursos naturais explorados, a cadeia produtiva acionada, os resíduos gerados.
No Brasil este tema ganha relevância especialmente a partir dos anos 1990,
coincidindo com a diminuição das funções do Estado na economia. Neste vácuo,
uma série de atores, ora ligada à sociedade civil organizada (Ex: Instituto Brasileiro
de Análises Sociais e Econômicas - IBASE), ora ligados ao empresariado (Ex:
Instituto ETHOS), ora ligados ao movimento sindical (Ex: Instituto Observatório
Social- IOS) passam a estimular, acompanhar e publicizar o comportamento
socioambiental de inúmeras empresas no Brasil (APOLINÁRIO, 2014).
No tocante ao conceito de Responsabilidade Social Empresarial, o Livro
Verde2 (2001, p. 4),. apresenta uma noção de RSE centrada no fato de que “as
empresas decidem, numa base voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa
e para um ambiente mais limpo”..
O Livro Verde (2001) também menciona duas dimensões formadoras da
noção de RSE, a dimensão interna (centrada na empresa) e a externa (atingindo
outros atores e áreas).
A nível da empresa, as práticas socialmente responsáveis implicam, fundamentalmente, os trabalhadores e prendem-se com questões como o investimento no capital humano, na saúde, na segurança e na gestão da mudança, enquanto as práticas ambientalmente responsáveis se relacionam sobretudo com a gestão dos recursos naturais explorados no processo de produção. Estes aspectos possibilitam a gestão da mudança e a conciliação do desenvolvimento social com uma competitividade reforçada (LIVRO VERDE, 2001, p. 8). A responsabilidade social de uma empresa ultrapassa a esfera da própria empresa e estende-se à comunidade local, envolvendo, para além dos trabalhadores e acionistas, um vasto espectro de outras partes interessadas: parceiros comerciais e fornecedores, clientes, autoridades públicas e ONG que exercem a sua atividade junto das comunidades locais ou no domínio do ambiente. Num mundo de investimentos multinacionais e de cadeias de produção globais, a responsabilidade social das empresas terá também de estender-se para além das fronteiras da Europa (LIVRO VERDE, 2001, p. 12).
Além do Livro Verde da Comissão das Comunidades Europeias, outra
importante referência no debate sobre a RSE é a Organização Internacional do
Trabalho (OIT), instituição-membro da Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo a OIT (2013):
As práticas de Responsabilidade Social Empresarial, como expressão do compromisso da empresa com a sociedade em geral e com as comunidades em que atua, abarcam um conjunto amplo de relações com os trabalhadores, os fornecedores e consumidores, as comunidades e a sociedade civil. (OIT, 2013, p. 1)
Como decorrência deste debate, acirrado inclusive pelo fenômeno da
globalização, é possível afirmar que é crescente o esforço de criação de
mecanismos de monitoramento e regulação das práticas de responsabilidade social
das empresas em todo o mundo (Apolinário, 2014). Neste sentido, merecem
destaque documentos e indicadores internacionaisque alicerçam as principais
inciativas em relação ao tema da RSE, tais como: a UN Global Compact (2000); a
Tripartite Declaration on Multinational Enterprises and Social Policy (Declaração
2 Os Livros Verdes são documentos publicados pela Comissão Europeia desde 1990. Esta Comissão é um órgão executivo que defende os interesses gerais da União Europeia em variados temas.
Tripartida sobre as Empresas Multinacionais e a Política Social, da OIT – 1998); as
Guidelines for Multinational Enterprises (Orientações para as Empresas
Multinacionais – 2000) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE); os Princípios do Equador (2002), dentre outros.
3. AS DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUA MENSURAÇÃO: ANÁLISE A PARTIR DO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (IDS)
A metodologia escolhida elege três importantes dimensões nos indicadores
de Responsabilidade Social, a saber: a dimensão econômica, social e ambiente.
Importantes atores que tratam deste no mundo e Brasil. Importantes atores que
tratam deste tema no mundo e Brasil exploram variados aspectos destas dimensões
ao discutirem a RSE (Ex: .Instituto Ethos, IBASE, IOS, GRI)
Neste estudo os parâmetros matemáticos utilizados para mensurar o
comportamento das empresas quanto ao tema foi o recomendado por Sepúlveda
(2008), denominado de Índice de Desenvolvimento Sustentável (IDS). Este índice
visa avaliar o nível de sustentabilidade de uma localidade através da classificação e
pontuação dos indicadores em uma escala graduada de cores e valores,
quantificada entre 0 e 1 em cinco níveis, como pode ser melhor compreendida pela
Figura 1.
Originalmente este método inclui, além das dimensões econômicas, sociais e
ambientes, a dimensão politico-institucional e a dimensão cultural. Para fins desta
pesquisa apenas as três primeiras dimensões foram consideradas.
FIGURA 1 - Gráfico de classificação da sustentabilidade pelo método
Os valores de cada indicador são ponderados entre eles para as três empresas
escolhidas para o estudo, aplicando-se o cálculo pela escala do método, tendo os
valores variações entre 0 e 1, considerando-se sempre o maior valor (de peso 1
quando o indicador for de caráter positivo e de peso 0 quando o indicador for de
caráter negativo) e o menor valor (de peso 0 quando o indicador possuir caráter
positivo e de peso 1 quando o indicador possuir caráter negativo), conforme pode
ser algebricamente percebido pelas equações (I) e (II) descritas abaixo.
Equação (I) – Relação POSITIVA entre variáveis;
Equação (II) – Relação NEGATIVA entre variáveis;
I = índice calculado referente a cada indicador associado dentre o grupo de empresas analisadas; X = valor numérico absoluto obtido de cada indicador associado a uma empresa; m = valor mínimo encontrado dentre os considerados para as três empresas avaliadas para cada indicador; M = valor máximo encontrado dentro os considerados para as três empresas avaliadas para cada indicador.
As três dimensões avaliadas pela metodologia IDS através dos indicadores de
sustentabilidade são: ambiental, social e econômica. Tais dimensões também estão
sempre presentes no debate sobre Responsabilidade Social.
Nesse estudo em específico, o objetivo foi avaliar o nível de sustentabilidade
nas dimensões ambiental, social e econômica em três supermercados da região
metropolitana de Natal/RN com características distintas, utilizando como
instrumento o (IDS).
Nesse método é usado o gráfico biograma, que se define como um diagrama
multidimensional. Neste estudo, entretanto, com a intenção de extrapolar a
metodologia, decidiu-se criar gráficos mais simples e compreensíveis, que mostram
claramente a situação de cada agente no universo da pesquisa.
O objetivo dessa metodologia de maneira geral é mostrar o nível de
sustentabilidade de um sistema, e para representar esses calculos são usadas cores
pré-definidas (vermelho, laranja, amarelo, azul e verde) de acordo com o valor do
IDS obtido, determinando um diagnóstico claro e direto.
Para a análise de cada dimensão foram escolhidos indicadores que, caso
não sejam bem administrados, podem gerar muitos impactos negativos. Tais
indicadores mantêm relação direta com os indicadores citados literatura revisada.
Na dimensão ambiental constam indicadores como melhoria do ambiente
urbano no seu entorno, tratamento preliminar dos efluentes e gestão sustentável dos
resíduos, programas e estratégias de gestão para mitigar os impactos ambientais de
produtos e serviços, programa interno de educação ambiental para funcionários e ou
fornecedores e materiais utilizados que são provenientes da reciclagem. Medidas
embasadas por tais indicadores ajudam na diminuição dos problemas ambientais
advindos deste segmento.
Os indicadores sociais têm ligação direta com a qualidade de vida do
trabalhador dentro da empresa como: inclusão de pessoas com deficiência no
mercado de trabalho; percentual de mulheres em cargo de chefia e estratégicos na
empresa; convênios com planos de assistência médica para funcionários;
participação dos funcionários nos lucros, metas e resultados; lesões, doenças e
abstinências relacionadas ao trabalho.Todos esses itens influenciam diretamente
nas condições físicas e psicológicas dos funcionários dentro da empresa.
Na dimensão econômica constam itens como: percentual de funcionários de
nível operacional com ganhos acima de dois salários; medidas que geram economia
no uso da água ou energia elétrica; possui certificações de qualidade (ISO e outros);
produtos de fornecedores locais e regionais em suas lojas; percentual dos lucros
para investimentos em infraestrutura e serviços oferecidos, pois essas ações
permitem que as empresas se fortaleçam economicamente no mercado e ao mesmo
tempo continuem crescendo também nas dimensões ambientais e sociais.
4. COMPORTAMENTO DAS EMPRESAS PESQUISADAS QUANTO A TEMA DA
RESPONSABILIDADE SOCIAL: PRINCIPAIS RESULTADOS
O Quadro 1 sistematiza os principais resultados coletados na pesquisa de
campo em três Supermercados de Natal e Parnamirim, quanto ao tema da
Responsabilidade Social, a partir do método IDS.
QUADRO 1: Matriz de indicadores proposto pelo método IDS aplicado em
supermercados de Natal e Parnamirim (2015)
DIMENSÕES INDICADORES EMPRESAS
Classificação do Indicador SUPERCOP SUPER SHOW
EXTRA HIPERMERCADO
AMBIENTAL
1.Políticas para melhoria do ambiente urbano no seu entorno
NÃO c/ projeto
2
(0)
NÃO c/ projeto
2
(0)
SIM
4
(1) POSITIVO
2. Tratamento preliminar de efluentes e gestão sustentável de resíduos
NÃO e NÃO
0 (0)
NÃO e SIM
2 (0,5)
SIM e SIM
4 (1)
POSITIVO
3. Programas e estratégias de gestão para mitigar os impactos ambientais de produtos e serviços.
SIM
1 (1)
SIM
1 (1)
SIM
1 (1)
POSITIVO
4.Programa interno de educação ambiental para funcionários e/ ou fornecedores.
NÃO
0
(0)
NÃO
0 (0)
SIM
1 (1)
POSITIVO
5. Materiais utilizados que são provenientes de reciclagaem.
SIM – 1 item (sacolas
oxibiodegradá
veis)2(0)
SIM – 2 itens (sacolas e caixas
papelão)4 (1)
SIM – 1 item (sacolas
oxibiodegradáveis)
2(0)
POSITIVO
IDS³ DA DIMENSÃO AMBIENTAL 0,200
CRÍTICO 0,500
INSTÁVEL 0,800
ESTÁVEL
SOCIAL
1. Inclusão de pessoas com deficiências no mercado de trabalho
NÃO (0)
SIM (1)
SIM (1)
POSITIVO
2. Percentual de mulheres em cargos de chefia e estratégicos na empresa
20% MULHERES
0 (0)
40% MULHERES
2 (1)
48% MULHERES
2 (1)
POSITIVO
3. Convênios com planos de assistência médica para funcionários.
SIM (só ADM)
2 (0)
SIM (só ADM)
2 (0)
SIM
4 (1)
POSITIVO
4. Participação nos lucros, metas e resultados.
NÃO e NÃO 0
(0)
NÃOe SIM 2
(0,5)
SIM e SIM 4
(1) POSITIVO
5. Lesões, doenças e abstinência relacionadas ao trabalho.
NÃO
(1) NÃO
(1) NÃO
(1) NEGATIVO
IDS³ DA DIMENSÃO SOCIAL 0,200
CRÍTICO 0,700
ESTÁVEL 1,000
ÓTIMO
ECONÔMICA
1. Percentual de funcionários de nível operacional com ganhos acima de dois salários.
10%
(0) 20%
(1) 20%
(1) POSITIVO
2. Medidas que geram economia no uso da água e energia.
SIM (lâmpadas LED e poço artesiano)
4 (1)
SIM (Lâmpadas LED e iluminação
natural)
2 (0)
SIM (lâmpadas LED e iluminação
natural)
2 (0)
POSITIVO
3. Possui certificações de qualidade (ISO e outros)
NÃO
(0)
NÃO (em processo de certificação -
PAS)
(1)
NÃO
(0) POSITIVO
4. Produtos de fornecedores locais e regionais em suas lojas.
SIM (30%)
2 (1)
SIM (25%)
2 (1)
SIM (10%)
1 (0)
POSITIVO
5. Percentual dos lucros para investimento em infra-estrutura e serviços oferecidos.
40% (1)
20%
(0) 20%
(0) POSITIVO
IDS³ DA DIMENSÃO ECONÔMICA 0,600
ESTÁVEL 0,600
ESTÁVEL 0,400
INSTÁVEL
IDS³ INTEGRADO 0,333
CRÍTICO 0,600
ESTÁVEL 0,733
ESTÁVEL
O Quadro 1 e o Gráfico 1 mostram que nas dimensões ambiental e social, os
supermercados Supercop e Supershow, apesar de não apresentarem um resultado
satisfatório em comparação ao Hipermercado Extra, demonstram várias ações
positivas que ajudam mitigar impactos tanto no ambiente interno quanto externo
das empresas. Já na dimensão econômica, o Hipermercado Extra obteve uma
avaliação não favorável, precisamente nos itens 3, 4 e 5 do Quadro acima. Avalia-se
que isto provavelmente ocorra em razão do Hipermercado Extra ser de grande porte
e, em consequência disso, parte significativa de suas compras ser feita a partir de
fornecedores globais e/ou nacionais; suas decisões de investimentos geralmente
são definidas pela hierarquia da empresa, e não localmente; e, a não certificação
ISO é uma surpresa, dado o porte e importância da empresa no mercado nacional
de varejo.
Na dimensão ambiental notou-se que o supermercado Supercoop apresenta
uma avaliação CRÍTICA segundo a metodologia aplicada. A empresa afirma estar
em crescimento, mesmo em cenário de crise econômica, porém concentrando
esforços e investimentos em sua estrutura física, o que acaba por gerar um
desequilíbrio nas dimensões Ambiental e Social.
Os outros dois supermercados avaliados, em ordem crescente de acordo
com o porte da empresa (Extra e Supershow), apresentam resultados mais
satisfatórios na dimensão ambiental. Acredita-se que as exigências legais, bem
como uma fiscalização e controle atuante nessas empresas, acaba levando a um
cenário mais positivo em relação aos aspectos ambientais.
Avaliando a dimensão social foi possível perceber claramente que o nível de
responsabilidade social do Hipermercado Extra se revela claramente elevado. Tal
constatação se relaciona com o porte natural da empresa, sendo um dos motivos
prováveis de sua expansão e situação atual no mercado.
GRÁFICO 1: Dimensão ambiental, social e econômica e o IDS integrado em
supermercados de Natal e Parnamirim (2015)
Observa-se ainda que o supermercado Supershow apresenta um nível
bastante satisfatório na avaliação da dimensão social, justificado provavelmente pelo
seu plano estratégico focado nas questões sociais, uma vez que a criação da
empresa data de anos mais recentes. O supermercado Supercoop por sua vez não
apresentou um nível satisfatório de sustentabilidade em âmbito social, devido ao seu
nível de investimento na área, o porte da empresa e seu estágio atual de
desenvolvimento de modo geral, que não permitem um olhar mais direcionado às
questões sociais.
Na avaliação da dimensão econômica pelo método IDS houve uma curiosa
constatação: o supermercado que apresentou pior resultado em termos de
sustentabilidade foi o de maior porte, o Hipermercado Extra. Isso se deve por um
lado pela escolha dos indicadores e por outro pelo nível de demandas de
investimento que uma empresa desse porte apresenta como desafio para os
gestores. Os outros dois supermercados apresentaram uma condição ESTÁVEL na
avaliação pelo método, o que mostra suas boas condições de viabilidade econômica
no atual cenário.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo teve como objetivo analisar a Responsabilidade Social
Empresarial (RSE) e mensurar o comportamento de empresas privadas quanto ao
tema.
A revisão bibliográfica confirmou a importância do tema da RSE e apontou
desafios à sua real incorporação por parte das empresas, em função da
predominância da busca do lucro a qualquer custo. Todavia, também ressaltou que
na atualidade e conforme afirma Apolinário (2014, sl. 14) de forma crescente “as
empresas passam a ser questionadas quanto à retribuição”, em função “da utilização
dos recursos da sociedade, bem como, diante do impacto ambiental (interno e
externo) que cada atividade produz”.
A pesquisa de campo e sua exposição na forma de índice indica que, dentre
as empresas pesquisas, o Hipermercado Extra apresenta os melhores resultados,
seguido do Supershow e Supercop. O estudo reconhece o esforço das empresas no
compromisso de melhorar as suas ações e processos rumo à procedimentos mais
responsáveis e/ou sustentáveis. Contudo, indica que apenas uma dimensão (a
social) apresentou o resultado ‘ótimo’ e exclusivamente no Supermercado Extra.
Todas as demais se mantiveram nas faixas medianas e inferiores
Por fim, através do presente estudo foi possível avaliar quali-
quantitativamente as condições ambientais, sociais e econômicas de empresas do
mesmo ramo, apresentando perfis bem distintos, com o auxílio do método proposto.
Acredita-se que pesquisas futuras certamente também contribuirão para aclarar os
desafios e oportunidades do tema da Responsabilidade Social Empresarial.
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