Relatório - Os Bastidores do Futebol Brasiliense
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SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO.................................................................................................10 2. OBJETIVOS ..........................................................................................................15 2.1 Objetivo geral ......................................................................................................15 2.2 Objetivo específico ..............................................................................................15 3. JUSTIFICATIVA ....................................................................................................16 4. MÉTODOS E TÉCNICAS PARA CONSTRUÇÃO DO LIVRO...............................17 4.1 Pesquisa bibliográfica .........................................................................................17 4.2 Entrevistas...........................................................................................................17 4.3 Observação participante......................................................................................19 5. HIPÓTESE ............................................................................................................22 6. REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................23 6.1 Políticos e futebol ................................................................................................23 6.2 A cobertura esportiva pela imprensa...................................................................25 6.2.1 O que é imparcialidade?...................................................................................27 6.3 Características da torcida do Distrito Federal......................................................29 6.3.1. Inferno Verde...................................................................................................31 6.3.2 Jovem Ense......................................................................................................32 6.4 Estruturas dos times............................................................................................34 6.4.1. Gama...............................................................................................................35 6.4.2. Brasiliense.......................................................................................................35 6.4.3. Ceilândia .........................................................................................................36 6.4.4. Paranoá...........................................................................................................37 6.4.5. Dom Pedro II ...................................................................................................38 6.4.6. CEUB ..............................................................................................................38 6.5 Estrutura dos estádios.........................................................................................40 6.5.1. Mané Garrincha...............................................................................................41 6.5.2. Bezerrão..........................................................................................................42 6.5.3. Serejão (Boca do Jacaré)................................................................................43 6.5.4. Pelezão ...........................................................................................................45 7. DIAGNÓSTICO .....................................................................................................47 7.1. Particularidades do futebol candango ................................................................47 7.2. Ministério Público ...............................................................................................48 8. CONCLUSÃO........................................................................................................51 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................53 ANEXOS ...................................................................................................................59
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1. APRESENTAÇÃO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso pretende, por meio da
elaboração de um livro, fazer um diagnóstico do futebol no Distrito Federal,
mostrando os bastidores e a influência dos políticos na estrutura administrativa dos
times.
Para isso, é importante ressaltar que esporte e política sempre estiveram
bastante vinculados não só no Brasil como em todo o mundo. O futebol é a prática
esportiva mais popular do planeta. Para se ter uma idéia de seu potencial, a FIFA
possui mais países filiados do que a própria ONU, conforme afirma David Yallop
(1998). De acordo com Yallop, a Copa do Mundo de 1998, realizada na França, teve
uma audiência acumulada de 40 bilhões de espectadores, que acompanharam as
partidas pela televisão, o que representa mais de cinco vezes a população da Terra.
Para chegar a esse valor, foram somadas as audiências de todos os jogos. Esse
número comprova a força que tem o esporte. Logo, para o autor Victor Andrade de
Melo, “o futebol é, sem sombra de dúvida, a manifestação cultural mais universal e
acessível ao público” (apud CARRANO, 2000, p.12). Outros dados também
impressionam: “a movimentação financeira do futebol em 1998 atingiu o patamar dos
255 bilhões de dólares, além de oferecer mais de 150 milhões de empregos indiretos
e diretos no mundo”. (YALLOP, 1998, p.10) O compromisso financeiro gerado com a
entrada de patrocinadores na década de 70 contribuiu para o grande comércio em
que se transformou o futebol. Sobre isso, Paulo César Carrano afirma: “o futebol não
é mais amador, mas sim, um produto.” (2000, p.108)
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Ao se fazer uma análise do desenvolvimento da modalidade no país, nota-se
uma grande influência política, principalmente após o golpe militar de 1964, quando
“a política do ‘pão e circo’ fazia uso do futebol para nos fazer esquecer as mazelas
de um regime militar de exceção que torturava jovens”. (MELO, apud CARRANO,
2000, p.23) No entanto, este envolvimento, conforme escreve David Yallop, é datado
desde a década de 30. O falecido jornalista e técnico da Seleção Brasileira, João
Saldanha, escreveu sobre a precariedade do desporto brasileiro. Sobre isso, diz:
“somos, sem dúvida alguma, o país mais atrasado em matéria de organização
esportiva que existe na face da terra”. (1963, p.151) Falecido em 1990, na Itália, foi
uma das vítimas do governo militar. Segundo Yallop (1998, p.86-88) às vésperas da
Copa do Mundo de 1970, realizada no México, João Saldanha não aceitou
intromissão na escolha do plantel do Brasil, por parte do presidente Emílio
Garrastazu Médici, e acabou sendo demitido do cargo. Isso demonstra as relações
entre os governantes e a Seleção Brasileira. Porém, com o passar dos anos, essa
relação ganhou ramificações, atingindo diversos patamares no Brasil. Políticos ou
pessoas que pretendem ingressar na vida pública passaram a investir nas equipes e
“[...] muitos políticos utilizam-se do futebol para amealhar votos, investindo em
alguns times em períodos eleitorais, deixando os à mingua, depois das eleições[...]”,
diz Jocimar Daolio (apud CARRANO, 2000, p.37).
É importante ressaltar que, atualmente, isso se tornou uma das maiores
relações de interesse presente no país – o político que aproveita do futebol para
autopromoção e o futebol que se utiliza da política para obter resultado. A
abordagem de ambas as situações e suas implicações serão analisadas no decorrer
do livro. Quando a sustentabilidade dessa relação não entra em questão, ambas as
partes podem ser beneficiadas. Como exemplo, pode-se citar o retorno recebido
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pelo presidente de honra da Associação Desportiva São Caetano, Luiz Olinto
Tortorello1, ex-prefeito da cidade de São Caetano do Sul, em São Paulo, em nome
da sua contribuição para que o time chegasse a ingressar à Série “A” do
Campeonato Brasileiro de Futebol.
De acordo com o mestre em Administração Paulo Henrique Azevêdo, que
fez uma dissertação sobre a administração dos clubes de futebol do DF, a prefeitura
Municipal de São Caetano do Sul exerceu um papel fundamental na estrutura, e no
posterior desenvolvimento do clube. A construção de toda a sede social foi
possibilitada devido a uma área concedida por comodato pela prefeitura. Além disso,
o município concede transporte, alimentação e campos de treinamento para as
categorias de base do clube (infantil e juvenil), e também colocou a disposição o
estádio municipal Anacleto Campanella.
Por vezes, a relação entre política e futebol acontece de forma ilícita. O ex-
narrador Osmar Santos chegou afirmar: “o que me deixa revoltado é o
aproveitamento político do Esporte”. (MATTIUSSI, 2004, p.166) A falta de
transparência em casos envolvendo ex-políticos e diretores de clubes, como Zezé
Perrella2, no Cruzeiro, Eurico Miranda3, no Vasco da Gama, e até mesmo o ex-
presidente Fernando Collor de Mello4, no CSA (Centro Sportivo Alagoano), que
utilizaram os times com objetivos políticos, dá margem a questionar a credibilidade
desse processo. O presidente do Vitória-BA, Paulo Carneiro, e o presidente do
Bahia, Marcelo Guimarães, que nas eleições no ano de 2002 concorreram ao cargo
1 Ex-Prefeito de São Caetano do Sul no ano (1989-1992/ 1997-2000/2001-2004). Falecido em 17 de Dezembro de 2004 2 Ex-Deputado Federal, no período de 1999 até 2002. Candidatou-se ao Senado Federal em 2002 e ficou em 4º Lugar nas eleições. 3 Ex-Deputado Federal (1999 – 2002) 4 Ex-Presidente da República (1990-1992). Sofreu impeachment no meio do seu mandado
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de deputado Estadual e não foram eleitos, também são personagens que
comprovam a relação existente entre futebol e política.
Porém, o envolvimento de políticos no futebol não é uma peculiaridade
brasileira. Para contextualizar a presença mundial de pessoas que usaram o esporte
com fins eleitorais pode-se citar o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi5. De
acordo com o autor do livro Como o futebol explica o mundo, Franklin Foer, no
transcorrer dos últimos 20 anos, o proprietário do AC Milan construiu um vasto
império, que vai desde ramo imobiliário até os meios de comunicação. O time
passou para o seu gerenciamento no ano de 1978 trazendo para o proprietário
status e lhe dando maior visibilidade de forma que em “oito anos depois de comprar
o clube, em 1986, ele fez com que o sucesso o levasse aos pináculos do poder,
tornando-se primeiro-ministro, cargo que agora ocupa pela segunda vez”. (2004,
p.152)
É possível perceber que não é exclusividade de Brasília, a honra ou o
descrédito de ter políticos envolvidos com o futebol. Mas em linhas gerais, até por
ser uma cidade nova, conseqüentemente uma praça emergente do esporte, a
Capital do País tem a peculiaridade de não ter clubes tradicionais ou até
centenários, que em locais como Rio e São Paulo, são considerados instituições
pelo que representam para o futebol, para a torcida, para a cidade e para o estado.
No DF, onde os clubes não têm grande identidade com torcedores e os dirigentes
não são antigos sócios, nota-se maior presença de políticos no meio futebolístico.
Há de se reconhecer, que em certas ocasiões, foram eles os responsáveis por
colocar o futebol candango em evidência. Outro fato importante, porém não tão
5 Primeiro-Ministro da Itália
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emblemático, que explicaria a grande participação de políticos no esporte local, seria
o fato de a cidade ser o centro do poder brasileiro, onde a política está presente.
A excelente campanha realizada pelo Brasiliense Futebol Clube de
Taguatinga na Copa do Brasil de 2002, onde conquistou o vice-campeonato, pode
ser avaliada como um marco na história do futebol do DF. O time, hoje considerado
um dos fenômenos do futebol nacional, além de ser gerenciado pelo senador
cassado Luiz Estevão, alcançou enorme popularidade em um curto espaço de
tempo. Um retorno em tão pequeno prazo, paralelo ao fato de pessoas envolvidas
no futebol também investirem na política – como é o caso do Agrício Braga, ex-
presidente da Sociedade Esportiva do Gama – levou-se ao desenvolvimento do
principal questionamento: o envolvimento político é benéfico ou prejudicial para o
futebol brasiliense? Qual a garantia desse processo?
Para esclarecer a indagação, este trabalho, baseado em uma vasta
pesquisa de campo, no qual são avaliados os elementos que compõem o cenário
esportivo local, busca um esclarecimento mais transparente sobre essa relação,
apresentando a estrutura das equipes, dos estádios e a cobertura da mídia.
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2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
O presente Trabalho de Conclusão de Curso se constitui da elaboração de
um livro sobre o futebol do Distrito Federal, que por meio de uma ampla pesquisa,
aborde a atuação de políticos locais no gerenciamento do esporte, questionando se
essa participação é benéfica ou prejudicial ao futebol como um todo, e ainda, se é
sustentável ou não.
2.2 Objetivo específico
Descobrir as características e peculiaridades do futebol brasiliense por meio
de uma análise da cobertura da imprensa, dos torcedores, dos políticos e dos
estádios. A análise destes elementos é necessária para fornecer maiores subsídios
para o completo entendimento do momento o qual o futebol do Distrito Federal
passa.
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3. JUSTIFICATIVA
O investimento político tem contribuído para uma maior visibilidade do
futebol brasiliense na mídia, proveniente de uma melhoria na qualidade do
espetáculo. Atualmente, o Distrito Federal é uma das cinco unidades da Federação
que possuem times nas três divisões (Séries “A”, “B” e “C”) do campeonato
Brasileiro. Tomando como base a idéia citada anteriormente, torna-se necessário
compreender qual o grau de sustentabilidade desse processo, questionando se o
crescimento pode ser considerado gradativo ou não. Outros aspectos a serem
abordados são as constantes ações do Ministério Público do DF sobre o repasse de
verbas aos clubes por parte do governo e ao arrendamento do estádio Serejão. As
denúncias de lavagem de dinheiro e evasão de divisas por parte dos dirigentes
acabam por contribuir para o aumento da desconfiança e a falta de credibilidade,
afugentando possíveis interessados em realizar parcerias com os clubes.
Dessa forma, a importância de se escrever um livro é dotar o público,
interessado nesse esporte, de uma publicação que analise criticamente as relações
existentes no futebol do DF, uma vez que se nota uma bibliografia escassa acerca
desse tema. Outro fator importante é saber se as relações existentes contribuem ou
prejudicam o seu desenvolvimento.
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4. MÉTODOS E TÉCNICAS PARA CONSTRUÇÃO DO LIVRO
4.1 Pesquisa bibliográfica
Para a construção do livro, foi realizada pesquisa bibliográfica, que apontou
referências tanto no campo do Jornalismo Esportivo a partir de livros como: Futebol
paixão e política, de Paulo César Carrano; Como eles roubaram o jogo, do autor
David Yallop; Como o futebol explica o mundo, de Franklin Foer, entre outras
publicações que contribuíram substancialmente com informações pertinentes. Além
disso, foi fundamental para a realização da pesquisa, entender o conceito de política
a partir da obra de Noberto Bobbio.
Devido ao fato do tema não possuir uma vasta bibliografia, uma vez que não
são encontrados nos acervos das bibliotecas livros sobre o futebol do DF, a
captação de informações ocorreu de duas formas. A primeira foi a pesquisa de
notícias nos sites dos clubes, das torcidas organizadas e dos principais jornais
brasilienses. A coleta de informações nesses locais serviu como base teórica para o
presente trabalho. Para Manzo, a bibliografia pertinente “oferece meios para definir,
resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas
onde os problemas não se cristalizaram suficientemente”. (MANZO, 1971, p.32) Já a
autora Lakatos afirma a cerca do que se pode atingir com a pesquisa bibliográfica:
a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob um novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras. (LAKATOS; MARCONI, 2001, p.183)
4.2 Entrevistas
Outra forma adotada para a captação de informações foi por meio de
entrevistas. Lakatos e Marconi (2001, p.195) definem entrevista como “um encontro
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de duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de
determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional”. A forma
de entrevista escolhida para o desenvolvimento do trabalho foi a não-estruturada.
Para o autor Izequias Estevam dos Santos (2001, p.223), a entrevista não
estruturada caracteriza-se pelo fato do entrevistado não estar obrigado a obedecer
qualquer tipo de roteiro preestabelecido, sendo que o entrevistador tem grande
liberdade para formular suas perguntas. Já o autor Ander-Egg, adiciona três
modalidades nesse tipo de entrevista. Dessas três, será utilizada somente a
entrevista focalizada, que para o autor pode ser definida como:
um roteiro de tópicos relativos ao problema que se vai estudar e o entrevistador tem liberdade de fazer as perguntas que quiser: sonda as razões e motivos, dá esclarecimentos, não obedecendo, a rigor uma estrutura formal. (ANDER-EGG, 1978, p. 110).
O autor afirma também que para a realização desta modalidade de
entrevista são necessárias habilidade e perspicácia por parte do entrevistador.
A pesquisa tem como objetivo ouvir diversos segmentos envolvidos direta ou
indiretamente com o futebol (chefes de torcidas, comentaristas, narradores,
jornalistas, presidentes de times e políticos). Dessa forma, o trabalho será
fundamentado com base nos seguintes interlocutores:
Foram ouvidos os seguintes políticos: Agrício Braga Filho, José Roberto
Arruda, Luiz Estevão, Wagner Marques e Weber Magalhães.
A crônica esportiva brasiliense é um meio de grande importância para a
compreensão da cena futebolística local, uma vez que os jornalistas fazem um
acompanhamento constante de jogos e campeonatos. Nesse segmento, foram
entrevistados: Carlos Alberto Remo, comentarista da rádio OK FM, da TV Record e
ex-técnico de algumas equipes do futebol local, Edu Carvalho, narrador da rádio OK
19
FM, Gustavo Mariani, jornalista do Jornal de Brasília especialista na história do
futebol local, Jorge Martins, presidente da Associação Brasiliense de Cronistas
Desportivos – ABCD, Roberto Naves, jornalista do Correio Braziliense, Márcio
Ferreira, narrador e radialista da Cultura Fm, Marcos Paulo Lima, jornalista do Jornal
de Brasília, Maurício Leandro, narrador da rádio Jovem Pan AM, Marcelo Agner,
editor de esportes do Jornal de Brasília, José Cruz, jornalista do Correio Braziliense,
Marta Ferreira, na época jornalista do Jornal de Brasília.
Além dos indivíduos já citados, foram entrevistados o promotor Sérgio Bruno
Cabral, o ex-administrador do Mané Garrincha, Wander Wilson Marques, o
presidente da Torcida Inferno Verde, Hamilton Tatu, o chefe da torcida Jovem Ense,
Augusto Carvalho, e o historiador José Ricardo de Almeida.
Em um primeiro momento, o trabalho foi dividido em duas partes. Na fase
inicial os cronistas esportivos foram perguntados, em sua maioria, a respeito da
estrutura do futebol candango atual. Na fase final foi dada ênfase nos políticos, que
foram confrontados com as informações colhidas pelas conversas com os cronistas
e com a pesquisa bibliográfica realizada.
A ordem de entrevistas, no entanto, não seguiu uma seqüência lógica, sendo
alcançada mediante a disponibilidade de cada entrevistado.
4.3 Observação participante
Com o intuito de analisar características que estão presentes no futebol do
DF, foram feitas observações sobre o comportamento das torcidas e da infra-
estrutura dos estádios. O processo utilizado foi a observação participante, definida
por Lakatos e Marconi (2001, p.194) como: “consiste na participação real do
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pesquisador com a comunidade ou grupo. Ele se incorpora ao grupo, confunde-se
com ele.”
Essa participação proporcionou uma visão mais apurada dos fatos, uma vez
que há um contato direto com o objeto estudado. Lakatos e Marconi citam a
importância de realizar tal procedimento. Para elas, o pesquisador “fica tão próximo
quanto um membro do grupo que está estudando e participa das atividades normais
deste.” (LAKATOS; MARCONI, 2001 p.194)
A análise das torcidas por meio de entrevistas e observação participante
artificial tornou-se necessária para entender o real motivo do comportamento dos
torcedores nos estádios do DF.
Segundo Lakatos e Marconi (2001), a observação participante pode ser
apresentada de duas formas: natural e artificial. Na natural, o observador pertence à
mesma comunidade ou grupo que investiga. Na artificial, o observador integra-se ao
grupo com a finalidade de obter informações.
A observação participante foi fundamental para vivência dos problemas
organizacionais relacionados aos estádios, como: cambistas, desorganização na
venda de ingressos, entradas fechadas, falta de informações e organização nas filas
para entrada no estádio, preços diferenciados para torcedores de times rivais.
Para fazer uma pesquisa de campo mais específica, foram ouvidas as
torcidas Inferno Verde, do Gama, e Jovem Ense, do Brasiliense. Delimitando o
campo de ação nessas duas entidades notou-se formas peculiares sobre
características da torcida do DF.
21
Foi constatado, por meio de observação, que a ida ao estádio em dia de
jogos é considerada uma forma de lazer e não uma manifestação de paixão pelo
time.
Cabe ressaltar que foram encontrados, durante a pesquisa, casos claros de
políticos que procuram autopromoção por meio do financiamento de torcidas
organizadas da cidade.
A infra-estrutura dos estádios do DF pode ser considerada apropriada
levando-se em conta apenas o campeonato local e a capacidade de lotação. No
entanto, para jogos nacionais, e no que diz respeito à organização, há falta de
adequação e violação do Estatuto do Torcedor.
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5. HIPÓTESE
A entrada de políticos no futebol do DF é vista com ressalvas pelo narrador
da rádio OK, Edu Carvalho. Para ele, “Brasília é o centro das atenções. Os políticos
se aproveitam muito do futebol. Acho que eles entram para ter benefícios e não para
ajudar o futebol”. Partindo dessa premissa, este trabalho de conclusão de curso irá
considerar que o envolvimento dos políticos no futebol também pode atender
interesses particulares, conforme afirma Jocimar Daolio (apud CARRANO, 2000,
37): “muitos políticos utilizam-se do futebol para amealhar votos, investindo em
alguns times em períodos eleitorais, deixando os à míngua depois das eleições.”
É necessário lembrar que para alguns entrevistados a entrada de políticos
só é possível devido à fragilidade existente na administração e na captação de
recursos do futebol brasiliense, como cita o ex-presidente e atual superintendente do
Gama, Wagner Marques.
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6. REFERENCIAL TEÓRICO
6.1 Políticos e futebol
Apesar de ser um verbete freqüentemente usado, o conceito de político é
abstraído de forma negativa. O político muitas vezes tem a sua imagem vinculada a
uma pessoa que usa de esperteza e astúcia em cargo público para se beneficiar. Na
definição do dicionário Houaiss, político é aquele “que exerce ou persegue influência
administrativa em nível federal, estadual, municipal.”
A palavra politicagem é definida pelo dicionário Houaiss como política de
interesses pessoais, de troca de favores ou de realizações insignificantes.
A criação da Câmara Legislativa, em 1990, de acordo com o jornalista do
Jornal de Brasília, Gustavo Mariani, estimulou o aparecimento de pessoas que se
utilizam do futebol com fins eleitorais, uma vez que ocorreram disputas políticas em
nível local, a fim de se obter uma vaga de deputado distrital, na recém-criada
Câmara. O fenômeno pode ser compreendido pelo fato de Brasília ser a sede
administrativa do país. Contudo, nos últimos anos percebesse um maior
envolvimento de políticos no futebol candango.
Para realizar a pesquisa que culminou na produção do livro, foram
abordados os seguintes políticos: Agrício Braga Filho, José Roberto Arruda, Luiz
Estevão, Sérgio Lisboa (Serjão), Wagner Marques e Weber Magalhães. Políticos
como Izalci Lucas, Paulo Octávio, e Júnior Brunelli, e ex-políticos como Tadeu Roriz
e César Lacerda, foram apenas citados no transcorrer da narrativa.
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Agrício Braga exerce o mandato de Deputado Distrital, milita no futebol há
décadas, já foi presidente do Gama e Secretário de Esporte e Lazer. O político
afirma que sua entrada na vida pública foi necessária para abrir a porta do Gama
para patrocínios, sobre isso diz: “colocaram na minha cabeça que se eu entrasse na
política poderia ter um trânsito melhor e foi o que fiz, dando certo num primeiro
momento”.
O deputado federal José Roberto Arruda, não tem um passado vinculado ao
esporte, contudo envolveu-se com a Sociedade Esportiva do Gama quando o clube
foi rebaixado no ano de 1999, devido à transferência de pontos do caso Sandro
Hiroshi6. Muitos torcedores do clube, como Hamilton Tatu, alegam que Arruda
aproveitou-se do caso para ter maior visibilidade. No entanto, o deputado afirma: “eu
nunca fui diretor de clube, nunca fui cartola e nem quero ser”, fazendo uma clara
referência de que o seu envolvimento restringe-se no caso Gama, citado acima, e na
liberação de recursos para a melhoria da modalidade.
Luiz Estevão, senador cassado em 2000, funda um mês após perder o
mandato, o Brasiliense Futebol Clube de Taguatinga. O ex-senador afirma que não
tem mais pretensões políticas, porém seu comprometimento com o time e sua ampla
biografia política o tornam personagem do livro.
Sérgio Lisboa, ex-secretário adjunto da Secretária de Esporte e Lazer,
ganhou visibilidade em 2003, sendo goleiro do time da ARUC. Já exerceu a função
de presidente do Conselho Deliberativo do Gama. Lisboa jamais possuiu um
6 Foi descoberto que o atleta do São Paulo tinha adulterado a certidão de nascimento para poder disputar torneios das categorias de base, isso fez que o STDJ – Superior Tribunal de Justiça Desportiva – retirasse os pontos conquistados pela equipe paulista e os acrescentarem aos clubes que disputaram as partidas. Esta medida prejudicou diretamente o Gama na luta para se manter na elite do futebol brasileiro, uma fez que o Botafogo foi um dos beneficiados com esses pontos.
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mandato parlamentar. Empresário e dono do Ceilândia, especula-se, que ele
pretende disputar uma vaga na Câmara Legislativa nas eleições de 2006.
Wagner Marques, dirigente do Gama, tentou ingressar na Câmara
Legislativa em 1998, por uma imposição partidária, que necessitava de um candidato
com propostas voltadas para o esporte local. Todavia, não obteve sucesso. Ex-
Secretário de Esporte e Lazer, o dirigente foi mais uma pessoa ligada ao esporte a
tentar ingressar na vida pública.
Por fim, foi entrevistado o secretário de Esporte e Lazer, Weber Magalhães,
que se candidatou a deputado federal na eleição de 2002, e afirmou que suas
pretensões políticas são a de ingressar na Câmara em 2006.
6.2 A cobertura esportiva pela imprensa
A cobertura dos jogos e do dia-a-dia dos times de futebol do Distrito Federal
passou a ter destaque no começo da década de 1990, período em que a crônica
esportiva do Distrito Federal ganhou em estrutura e em quantidade de radialistas e
jornalistas. Apesar de ganhar força a cada ano, a mídia esportiva brasiliense tem
características peculiares e ainda não pode ser comparada a de grandes centros.
Diferentemente de cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo, onde a imprensa,
principalmente no que diz respeito às rádios e programas televisivos, não é
submetida a dirigentes de futebol, Brasília ostenta políticos e dirigentes por trás de
equipes de transmissão esportiva – talvez pela falta de interesse por parte de
investidores e patrocinadores.
“Os Guerreiros de Futebol de Brasília”, a equipe de rádio comandada pelo
veterano radialista Marcelo Ramos da Rádio Capital, foram os precursores no
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quesito cobertura do futebol de Brasília. Há mais de dez anos acompanhando o
esporte local, Ramos viu outras rádios se interessarem por transmitir partidas de
times do DF. A grande quantidade de emissoras que cobrem jogos locais chega a
impressionar cronistas de outros estados. Atualmente, pelo menos cinco rádios
realizam transmissões ao vivo a partir dos estádios da capital federal.
A presença de políticos continua sendo evidente. Grande parte dos
programas de rádio e televisão veiculados na mídia local é supervisionada por
equipes de propriedade de dirigentes, como Agrício Braga Filho e Serjão
Há alguns anos, não havia mercado de trabalho para um radialista ou
jornalista que se interessava por ser setorista de esporte no DF.
Com a ascensão de clubes como o Gama e o Brasiliense, o mercado dos
cronistas esportivos, apesar de restrito, vem crescendo na capital do país. No século
XXI é uma realidade a posição de profissionais que trabalham exclusivamente
acompanhando o dia-a-dia de times do futebol local.
Para Edu Carvalho, narrador da Rádio OK, a imprensa local tem bons
profissionais. “Acredito que a nossa imprensa, hoje em dia, tem grandes
profissionais que querem realmente fazer um grande trabalho. Mas, infelizmente, fica
comprometida e faz de conta que não está sabendo das coisas”.
Ao acompanhar transmissões de partidas de futebol por rádios locais, o
ouvinte tem a oportunidade de verificar que em algumas ocasiões, os profissionais
tendem a defender interesses. Essa característica pode ser associada à visibilidade
que o futebol proporciona, algo que gera interesse nos políticos de cada vez mais se
envolverem com a cobertura jornalística do futebol brasiliense.
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Os dois principais jornais da cidade, Jornal de Brasília e o Correio
Braziliense, são exemplos de meios de comunicação que zelam pela qualidade e
informam os leitores de forma clara, não omitindo informações e nem preservando
dirigentes de críticas. O momento atual dos jornais impressos é dos melhores, e até
considerado o auge, em termos das editorias de esporte. Profissionais qualificados
integram as equipes de ambos os jornais acima citados.
6.2.1 O que é imparcialidade?
O dicionário Houaiss define imparcialidade como “caráter ou qualidade do
que é imparcial; equidade, isenção”.
Na visão do jornalista Eugênio Bucci7, o conceito imparcialidade é entendido
por independência editorial a manutenção da autonomia de um repórter para realizar
a apuração, investigação, edição e difusão de toda informação relevante ao público,
a medida que “o jornalismo cumpre uma função social antes de ser um negócio, que
a objetividade e o equilíbrio são valores que alicerçam a boa reportagem.” (BUCCI,
2001, p.30) O conceito de independência está presente em diversos códigos de
ética como o da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Nacional de
Editores de Revistas8 (ANER), que entre os princípios éticos recomendados pela
entidade destaca:
“1 - Manter a independência editorial trabalhando exclusivamente para o
leitor;
7 Presidente da Radiobrás 8 Disponível em: http://www.aner.org.br/conteudo/1/artigo1100-1.htm Acesso em: 22 set. 2005
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4 - Assegurar ao leitor as diferentes versões de um fato e as diversas
tendências de opinião da sociedade sobre esse fato.”
Os itens citados acima reforçam a idéia de que nenhum outro interesse, seja
ele político ou financeiro, deveria prejudicar essa missão. Bucci (2001, p.30)
complementa: “o jornalismo tem meios assegurados para fazer prevalecer sobre os
melindres comerciais e para dar a notícia que deve ser dada”. Contudo, apesar de
possuir mecanismo de autodefesa, alguns veículos de comunicação e alguns
jornalistas “se antecipam na servidão aos governantes” (BUCCI, 2001, p.57).
Porém, este conceito, que pode ser sinônimo de imparcialidade, no
entendimento do professor de Telejornalismo da UERJ, Antônio Brasil9, é uma meta
utópica importante para o jornalismo, pois “ela funciona como uma direção, uma
espécie de bússola profissional”. O professor reforça que tal idéia é inalcançável:
“ignorar as próprias convicções em nome do jornalismo é muito mais perigoso”. O
pensamento do professor Antônio Brasil também é compartilhado pelo jornalista
português Carlos Fino10, primeiro jornalista a noticiar o início da Guerra do Golfo.
Fino defende que não se deve exercer a neutralidade: “o jornalista tem de se
envolver emocionalmente, mas, é claro, precisa também encontrar o caminho do
equilíbrio e ouvir os dois lados.”
O professor da UERJ, André Lázaro11, acredita que a verdade jornalística
pela busca da justiça consiste em “ouvir as diferentes partes envolvidas, ser justo
com seus argumentos, mas também admitir que temos interesses”. Dessa forma,
9 Disponível em http://www2.uerj.br/~emquest/emquestao81/imparcialidade.htm Acesso em 22 de setembro de 2005 10 Disponível em http://www2.uerj.br/~emquest/emquestao81/imparcialidade.htm Acesso em 22 de setembro de 2005 11 Disponível em http://www2.uerj.br/~emquest/emquestao81/imparcialidade.htm Acesso em 22 de setembro de 2005
29
Lázaro afirma que o jornalista irá obter melhores resultados quando for justo, porque
nunca haverá neutralidade ou imparcialidade em sua cobertura.
De acordo com o código de ética da Federação Nacional dos Jornalistas12
(FENAJ).
Art. 9 - É dever do jornalista:
a) Divulgar todos os fatos que sejam de interesse público.
b) Lutar pela liberdade de pensamento e expressão.
Art. 10. O jornalista não pode:
b) Submeter-se a diretrizes contrárias à divulgação correta da informação.
c) Frustrar a manifestação de opiniões divergentes ou impedir o livre debate.
(FENAJ)
6.3 Características da torcida do Distrito Federal
De acordo com o presidente da Torcida Jovem Ense, Augusto Carvalho, o
Distrito Federal apresenta uma peculiaridade quanto ao aspecto torcida. O
fenômeno ocorre pelo fato de haver pessoas que ingressam no estádio somente
para acompanhar a partida e não para torcer pelas equipes.
Na torcida do Brasiliense, especialmente, poucos são os aficionados que
tentam incentivar a equipe, sendo apenas meros espectadores, que ficam
impassíveis no estádio.
Não se pode desconsiderar, ainda, que os dois maiores times do DF
possuem torcidas organizadas – como exemplo se pode citar a Inferno Verde, do
12 Disponível em http://www.fenaj.org.br/leis.php?id=21 Acesso em 22 de setembro de 2005
30
Gama, e a Jovem Ense, do Brasiliense –, assim como não se pode esquecer de
ressaltar que grande parte de ambas as torcidas são formadas pela classe menos
favorecida economicamente, e que são muitas as histórias de torcedores que
recebem benefícios para torcer a favor de determinado time.
A torcida de Brasília é segmentada e não atuante. A segmentação se
caracteriza pela presença de dois perfis de torcedores: os que vão aos jogos nos
finais de semana apenas como um programa de lazer e os que fazem parte das
torcidas organizadas, comparecendo às partidas uniformizados, com bandeiras,
faixas e cantando “gritos de guerra”.
Dentre os torcedores casuais, ou seja, que vão apenas em busca de um
entretenimento, nota-se a falta de apego pelo time, demonstrada principalmente pela
falta de incentivo aos jogadores e de entusiasmo.
Outro ponto característico é a grande quantidade de camisas de outros times
brasileiros nos estádios. Esse conceito é comum em cidades do norte e nordeste do
país, onde não há presença dos clubes das grandes cidades na primeira divisão
nacional, o que leva os torcedores a buscarem um time que esteja em maior
evidência.
No caso do DF, outro fator deve ser apontado para a falta de identidade. No
futebol, a identificação com as agremiações locais não é tão representativa. O fato
do esporte na cidade ser recente pode explicar a questão. Não houve grandes
clubes que conquistaram títulos nacionais importantes e ainda falta um aspecto
relevante para a identificação: a rivalidade.
31
Nas torcidas organizadas também ocorre um fenômeno particular. Apesar de
serem bancadas por políticos (o que pode ser constatado também em outros
estados), o que se ouve das torcidas são poucos aplausos e músicas de apoio, e
muitos xingamentos.
O número de pessoas que integram as torcidas é baixo. A falta de interesse
pode ser explicada pelo fato de muitos torcedores apoiarem um outro clube, de fora
do estado, o que afasta a possibilidade de integração a uma torcida organizada.
6.3.1. Inferno Verde
No dia 15 de dezembro de 1998 moradores de Samambaia, Gama e Núcleo
Bandeirante fundam Torcida Inferno Verde. A idéia, no entanto já tinha sido
estudada no ano de 1997.
A criação dessa torcida surgiu três dias antes de sua fundação “oficial”, ou
seja, no dia 12 de dezembro que foi véspera da última partida do quadrangular da
série “B”, entre Gama e Londrina. O objetivo seria o de aglutinar torcedores da
cidade do Gama, bem como de outras cidades do Entorno.
Após inúmeras discussões, os integrantes da torcida, entre eles, Hamilton
Teixeira dos Santos (Tatu), atual presidente, colocaram em votação duas propostas
de nomes (Inferno Verde e Fúria Verde). A designação Inferno Verde, uma
homenagem para uma torcida organizada do estado de Goiás, extinta em 1996, foi
escolhida pela maioria dos presentes na reunião.
32
No entanto, a estréia da Inferno Verde ocorreu fora do Estádio Walmir
Campello Bezerra, o Bezerrão. A primeira partida foi no Estádio Mané Garrincha, a
torcida já marcava sua presença pela empolgação e entusiasmo nas
arquibancadas, mesmo não tendo, inicialmente, um grande número de adeptos na
vitória que deu ao Gama o título da Série “B”. A entrada da equipe na elite do futebol
nacional, fez com que, em pouco tempo, ocorresse um grande número de filiações.
A torcida possui, segundo o seu site – torcidagama1.hpg.ig.com.br –, 12 distritos,
divididos por localização. O total é de quase 3000 filiados, sendo que deste número
cerca de 1200 possuem a carteirinha de sócios e têm desconto em materiais
esportivos e em viagens da equipe.
O presidente e fundador da torcida, Hamilton Tatu, diz que a torcida não
recebe nenhum auxílio de custo do clube. Para ele, “torcer tem um preço elevado e
esse preço é a torcida que paga”. No entanto, segundo Tatu, o senador Paulo
Octávio auxilia na confecção de camisas e em algumas passagens para o grupo ir
aos jogos. Em troca, o nome do senador está presente nas faixas da torcida.
Tatu aponta como a maior virtude da torcida gamense, o apoio ao clube: “no
meu entender o maior patrimônio que o clube tem é a sua torcida organizada. O
verdadeiro torcedor sempre irá apoiar o Gama, independente do Gama estar bem ou
mal”.
6.3.2 Jovem Ense
“El, el, el, torcida aluguel” é o canto das torcidas adversárias quando
disputam jogos contra o Brasiliense. O estigma surgiu quando os torcedores
33
passaram a ter inúmeros incentivos para freqüentar o estádio de uma equipe recém-
criada. Fundada em 23 de agosto de 2002, a Jovem Ense, surgia com o propósito
de ser uma torcida jovem que incentivasse o time do Brasiliense.
Ao contrário das torcidas de equipes com tradição, a maioria dos
espectadores, que freqüentam o Estádio Boca do Jacaré, não costuma incentivar o
time durante as partidas. Porém, um grupo de 40, 50 torcedores se distinguem do
resto do estádio. Entoando cânticos e gritos de guerra, pulando, tocando
instrumentos musicais como tambores, soltando fogos e fumaça amarela, esta
minoria empurra o time durante os noventa minutos do jogo. “Nosso pensamento é o
de vibrar durante todo o jogo”, afirmar o líder da Jovem Ense, Agusto Carvalho.
Ex-Vascaíno, Carvalho afirma que sua paixão pelo Brasiliense surgiu
quando foi assistir a um jogo do time em 2000. “Já assisti a jogos do Taguatinga, do
Gama... mudei para o Brasiliense, pois estava mais próximo”. Augusto gostaria que
as pessoas torcessem pelas equipes da cidade onde moram. A tradição, segundo
ele, é adquirida em longo prazo, com a criação da empatia pelo clube.
Um dos pré-requisitos para se filiar à torcida é gostar do time. Além disso, é
necessário comparecer aos jogos. Nenhuma forma de mensalidade é cobrada, nem
de taxa para filiação e manutenção nos quadros da torcida. Na parte administrativa,
não existe levantamento sobre a quantidade de filiadas. O dinheiro para compra de
material vem do patrocínio de algumas empresas e de um político, o deputado
distrital Júnior Brunelli, que financia o transporte para a torcida. O chefe da Jovem
Ense ainda cita que outros políticos o procuraram para estampar seus nomes nas
faixas e bandeiras. No entanto, ele desprezou o apoio por se tratar de uma prática
meramente eleitoreira e que na visão dele interferiria na relação da torcida com
34
Brunelli, que apóia a Jovem Ense desde 2002. “É uma pessoa que entrou há alguns
anos com o intuito de ajudar a torcida”.
Paralelamente aos patrocínios, percebe-se que o presidente do Brasiliense
também contribui. “No Brasil todas as torcidas são ajudadas”, com esses dizeres o
presidente da organizada, Augusto Carvalho, justifica o auxílio de Luiz Estevão a
Jovem Ense. Para ele o estigma criado pode ser explicado como inveja de torcidas
rivais com as torcidas do Brasiliense. “Se a oposição não tem uma pessoa como o
Luiz Estevão que nos ajude, eu não posso fazer nada”. Contudo, Carvalho ressalta
que o dirigente auxilia dando ingressos e, em alguns casos, financiando as viagens
para os torcedores, fato este que ocorreu na Copa do Brasil de 2002. Luiz Estevão,
no entanto, afirma que existe uma relação distante entre a diretoria do Brasiliense e
as torcidas organizadas. “O clube não deve interferir na questão da torcida. Quanto
mais distante ela estiver da direção, melhor. Dessa maneira, a torcida pode ter
autonomia para criticar a equipe”.
A situação da Jovem Ense é um pouco diferente do que ocorre com a
Inferno Verde. Os integrantes da torcida do Gama sempre se mostraram atuantes
nas questões que envolvam o time.
6.4 Estruturas dos times
Para compreender o atual momento futebolístico do DF, faz-se necessário
analisar a estrutura dos principais times. Além disso, foi realizado um resgate da
história do futebol candango, em que foi verificado que a relação de dependência
dos clubes não é uma questão recente, podendo ser notada desde o início da
criação da cidade por meio das equipes financiadas pelas construtoras e outras
35
instituições como a Associação Comercial de Brasília e o Centro de Ensino Unificado
de Brasília (CEUB). Outro fator de suma importância para a pesquisa foi descobrir
que os praticantes são trabalhadores com pouco poder aquisitivo, o que leva os
clubes aterem uma estrutura convalescida.
6.4.1. Gama
A Sociedade Esportiva do Gama foi fundada em 15 de novembro de 1975
por um grupo de desportistas. Vencedora do campeonato brasiliense de 1979, sua
realidade era de completa instabilidade financeira. O time não possuía dinheiro para
salários, comprar material esportivo e treinar.
Entretanto, com a entrada do trio de investidores composto por Wagner
Marques, Luis Rodrigues e Agrício Braga, no ano de 1992, a equipe se transforma
numa das forças do futebol local conquistando durante a década de 5 títulos
candangos, chegando inclusive a disputar o campeonato brasileiro da primeira
divisão. A ascensão pode ser explicada pela injeção de capital do trio. Os salários
passaram a ser pagos em dia, mais recursos foram captados e um centro de
treinamento foi construído para melhorar as condições físicas e técnicas dos atletas.
O fato acaba por gerar uma sensível melhoria no campeonato local. Atualmente a
equipe está na Série “B” do campeonato brasileiro.
6.4.2. Brasiliense
Fundado em 1º de agosto de 2000, um mês após a cassação do mandato de
senador de Luiz Estevão, o Brasiliense Futebol Clube de Taguatinga apresenta uma
36
trajetória marcante no cenário local e nacional. Tendo o aporte financeiro do ex-
senador, que é empresário, o time conquistou vários títulos nesses 5 anos de
existência. Em 2002, a equipe sagra-se vice-campeã da Copa do Brasil e campeã da
Série “C” do campeonato brasileiro. Bicampeã do campeonato local em 2004/2005.
Campeão da “Série B” do campeonato brasileiro em 2004. Atualmente a equipe está
na elite do futebol brasileiro, disputando a primeira divisão da competição nacional.
O grande questionamento feito em relação ao time é no caso do diretor-presidente
do time, Luiz Estevão, rever sua posição de não atuar politicamente e ingressar
novamente num cargo eletivo. Como ficaria o Brasiliense, os investimentos
continuariam sendo realizados?
6.4.3. Ceilândia
Há menos de dois anos, o Ceilândia era apenas mais um time do Distrito
Federal, que vivia na penúria financeira e não possuía estrutura para disputar
campeonatos em condição de igualdade com equipes como Gama e Brasiliense.
Antes de 2004, o time jamais tinha chegado à fase final do campeonato brasiliense.
Porém, no ano de 2004, o clube passa a ser administrado por Sérgio Lisboa
(Serjão), ex-goleiro da ARUC, ex-membro do conselho deliberativo do Gama e ex-
secretário adjunto de Esporte e Lazer, que implementa a gestão profissional no time.
Com uma folha salarial orçada em 113 mil reais e com profissionais gabaritados, o
Gato, apelido do time, conquista o vice-campeonato brasilense em 2005 e chega até
as quartas-de-final do campeonato brasileiro da Série “C”.
Serjão, como é popularmente conhecido, queixa-se da falta de apoio que o
clube recebe por parte de empresas e políticos. O fato comprova a fragilidade
37
administrativa do futebol candango, no qual as agremiações dependem da influência
e do dinheiro investido pelos seus “donos” para sobreviver, como é o caso do
Ceilândia de Sérgio Lisboa.
6.4.4. Paranoá
O time do Paranoá surgiu em meados de 2004, com o dirigente Eduardo
Pedrosa, irmão da deputada Eliana Pedrosa. Houve evolução considerável no
futebol do clube. Além dos bons patrocinadores, o time com a força política pode se
estabelecer no futebol candango, no período. Contudo, o irmão da deputada
abandonou o projeto de transformar o time em uma das forças do futebol local em
junho de 2005. O auxílio de Pedrosa girava em torno de R$ 45 mil mensais. Ele
arcava com a folha de pagamento dos atletas, transporte e viagens. A crise do
Paranoá se agravou quando a Companhia Energética de Brasília (CEB), principal
patrocinadora da equipe, ainda não liberou recursos para o pagamento de salários.
Porém, a equipe, teoricamente, não ficaria sem um mecenas. No lugar
deixado por Pedrosa iria assumir o secretário de Agricultura e deputado distrital
licenciado, Pedro Passos. Ele teria se responsabilizado por investir no clube e trazer
novos patrocínios.
Porém, durante a participação do Paranoá na Série “C” do Brasileiro de
2005, Passos não deu apoio financeiro ao clube. Em certo momento da competição,
a diretoria do Paranoá anunciou que não iria viajar ao Paraná para enfrentar o
Londrina porque não tinha condições financeiras. A equipe seguiu para disputar a
partida, depois que Weber Magalhães e o presidente da FMF, Fábio Simão, tiraram
dinheiro do próprio bolso para pagar as despesas do clube, que foi eliminado nos
pênaltis, após empatar o jogo no interior paranaense.
38
6.4.5. Dom Pedro II
O Esporte Clube Dom Pedro II é um time que se destaca no contexto que
envolve o futebol candango. Com uma baixa folha salarial, a equipe tem uma história
imersa em dificuldades que, surpreendentemente, são superadas. Tal esforço tem
impedido o desaparecimento do time. A profissionalização ocorreu em 1996, antes a
equipe disputava campeonatos amadores. Em 1998, o D.Pedro conquista o vice-
campeonato do campeonato brasiliense, a posição dá ao clube o direito de jogar, no
mesmo ano, a Série “C” do Brasileiro. Por ser uma divisão pouco prestigiada e
marcada, predominantemente, pela falta de incentivos financeiros, a direção não
consegue arcar com a folha salarial do time. A saída é pedir auxílio ao presidente do
Anapolina e deputado Pedro Canêdo, segundo informa o jornalista do Jornal de
Brasília, Gustavo Mariani, no texto “A Rota de Dom Pedro II”, em 12 de julho de
2003.
Em 2005 o clube disputou a primeira divisão do futebol local e o seu
presidente, Cléver Rafael, arcou com 25 mil reais para pagar as despesas do time,
conforme destaca a matéria do Jornal de Brasília “Seis clubes pagaram para jogar
no turno”.
6.4.6. CEUB
No ano de 1968, surgiu no futebol candango uma equipe que teve um
período de vida muito curto, criado por um grupo de universitários do Centro de
Ensino Unificado de Brasília (CEUB), o time de mesmo nome teve um grande
destaque, tanto no cenário local, como nacional. O time conquistou o Campeonato
39
Brasiliense em 1973 e, neste mesmo ano, também participou do Campeonato
Brasileiro, ocupando a 33º posição. Nos dois anos seguintes, em 1974 e 1975, o
time também disputou o Brasileiro, terminando na 37ª e 31ª colocação,
respectivamente.
O ano de 1976 foi de grande destaque para a equipe. Por ironia do destino,
também foi o ano de sua despedida. A ameaça de não ter tempo suficiente para se
realizar um campeonato brasiliense antes do prazo de indicação do vencedor para
disputar o Brasileiro fez a CBD sugerir a realização de um torneio seletivo. A
Federação acatou a idéia e realizou uma curta competição entre as quatro melhores
equipes da época. O vencedor desta competição se sagraria campeão brasiliense e,
também, seria o representante da cidade no cenário nacional. O quadrangular foi
vencido pelo Brasília causando indignação ao CEUB, que encerrou suas atividades
futebolísticas.
Mais tarde, uma questão política, não muito clara, fez o então presidente da
CBD, Heleno Nunes, tirar a vaga do time do Brasília.
A Associação Atlética Ponte Preta, de Campinas (SP), mais tarde ganhou a
vaga deixada pelo time do Distrito Federal. Segundo o Jornalista Gustavo Mariani13,
a transferência da vaga envolve um acordo político de tentativa de fortalecimento do
partido Arena, oposição do MDB no Estado, representado pelo então senador,
Orestes Quércia14.
13 Entrevista realizada no Jornal de Brasília no dia 22 de abril de 2004 14 Vereador (1964 - 1966), Deputado Estadual (1967 - 1968), Prefeito (1969 - 1972), Senador (1975 - 1983), Vice-governador (1984 – 1988). Todos os cargos públicos são por São Paulo
40
6.5 Estrutura dos estádios
A estrutura dos estádios deixa a desejar
Augusto Carvalho, Presidente da Torcida Jovem Ense
A análise dos estádios faz-se necessária, pois foi verificado no transcorrer
da pesquisa que muitos campos do Distrito Federal receberam melhorias em sua
estrutura. No entanto, não são todos os estádios que passaram por reformas, tão
pouco algum tipo de benfeitoria. Algumas reformas podem ser explicadas pela força
política de cada clube que, por meio de influência, conseguem obter benefícios no
setor. Outro fator diagnosticado no decorrer do livro são as denúncias de fraude nas
licitações para contratação de serviços de manutenção, ou no contrato de
arrendamento dos estádios.
Foram considerados quatro estádios. O Mané Garrincha, estádio que goza
de maior estrutura no DF, o Walmir Campelo Bezerra (Bezerrão), situado no Gama,
o Elmo Serejo de Farias (Serejão), na cidade de Taguatinga e o Pelezão que
durante as décadas de 60 e 70 foi o principal campo da cidade, mas está
abandonado. Outros campos da cidade como: Abadião, na Ceilândia, Adonir
Guimarães, em Planaltina, Agostinho Lima, situado em Sobradinho, Juscelino
Kubitschek, no Paranoá, Metropolitana localizado no Núcleo Bandeirante, Joaquim
Roriz (Rorizão), na Samambaia, Cave, no Guará e o Chapadinha em Brazlândia,
foram apenas citados a título de referência no transcorrer do livro.
41
6.5.1. Mané Garrincha
O maior e mais moderno estádio do DF foi inaugurado no dia 10 de março
de 1974 com uma partida entre CEUB e Corinthians, vencida pelo time paulista por 2
a 1. De acordo com o editor do caderno Torcida do Jornal de Brasília, Marcelo
Agner15, sua construção foi fruto da tendência de se construir vários estádios pelo
Brasil, na década de 70. Em pouco tempo, desbancou o estádio Pelezão, tornando-
se o principal campo da cidade.
O estádio possui uma capacidade estimada em 53 mil lugares. Entretanto, o
campo não costuma receber partidas com freqüência. Segundo o ex-administrador
do estádio, Wander Wilson Marques16, a exclusão do campo do Mané Garrincha dos
jogos, envolvendo futebol profissional, é reflexo do alto custo gerado pelo
deslocamento das equipes sediadas nas cidades-satélites, assim como das torcidas.
No ano de 2005 o estádio recebeu alguns jogos da primeira divisão do
Campeonato Brasiliense e do Campeonato Brasileiro da 1ª Divisão. Além disso, foi
realizado o jogo entre Brasil e Chile, válido pelas eliminatórias da Copa do Mundo de
2006.
Para se adequar às normas impostas pela Confederação Sul-Americana de
Futebol (Conmebol), entidade que organiza e administra os campeonatos do
continente, o estádio teria de passar por uma série de reformas para se adaptar às
normas internacionais. As obras custariam R$ 4,9 milhões para os cofres do
Governo do Distrito Federal. No entanto, devido a brigas entre poderes,
principalmente devido ao processo de licitação – que rendeu investigações do
15 Entrevista realizada no Jornal de Brasília no dia 13 maio de 2004 16 Entrevista realizada na Administração do Estádio Mané Garrincha no dia 22 de abril de 2004
42
Ministério Público, que apontaram irregularidades no edital da obra – não houve
tempo suficiente para a realização da reforma. Logo, o estádio não está adequado
ao Estatuto do Torcedor.
6.5.2. Bezerrão
No dia 9 de outubro de 1977, na data de aniversário da cidade do Gama, foi
inaugurado o estádio Valmir Campelo Bezerra, mais conhecido como Bezerrão. No
primeiro jogo realizado no local, O Gama perdeu por 3 a 1 para o Botafogo. O campo
é o local onde a Sociedade Esportiva do Gama manda a maioria dos seus jogos.
Com instalações precárias, o estádio passa no ano de 2001, por uma série de
benfeitorias a mando do então Secretário de Esporte e Lazer, Agrício Braga.
Todavia, o estádio não possui instalações dignas tanto para a imprensa quanto para
jogadores e para a torcida.
Em dezembro de 2001, o governador Joaquim Roriz anunciou um ambicioso
projeto desenvolvido pelo arquiteto paulista Ruy Ohtake, a pedido do então
deputado Federal Paulo Octávio17. A proposta, orçada em R$ 40 milhões, pretendia
fazer do estádio uma arena esportiva multiuso. A capacidade seria aumentada em
22 mil torcedores. O estádio passaria dos atuais 20 mil para 42 mil lugares. O novo
nome do Bezerrão seria Estádio Comunitário do Gama. No ano de 2003, existia até
recursos alocados (R$ 9,4 milhões em verbas federais e outros R$ 4,92 milhões dos
cofres do GDF), mas a licitação não aconteceu.
O contrato para a reforma do estádio Bezerrão foi assinado pelo governador
Joaquim Roriz, no dia 11 de agosto de 2005, pois o Tribunal de Contas do Distrito
17 Atualmente exerce o mandato de Senador da República, eleito para esse cargo em 2002
43
Federal (TCDF) concluiu que a empresa Estacon, vencedora da concorrência, não
teria atendido ao edital para a reforma. Dessa maneira, o TCDF ordenou que a
Novacap não assinasse o contrato de R$ 51 milhões enquanto a situação não fosse
regularizada. Ao contrário do projeto inicial, o Bezerrão poderá comportar depois da
reforma, 35 mil torcedores. Apesar da redução da capacidade, o custo da obra
aumentou para R$ 51,7 milhões ao Governo do Distrito Federal.
O deputado federal José Roberto Arruda18 lembra que foi o responsável pela
emenda no Congresso Nacional que garantiu o orçamento para a reforma do
estádio. Contudo, ele não poupa críticas ao projeto aprovado para a reforma. “O
projeto do Rui Ohtake não é o que eu gostaria. É desproporcional ao tamanho da
obra. Eu queria fazer o projeto do arquiteto Ariomar, ele é um arquiteto do próprio
Gama. Custaria dez vezes menos e seria muito mais útil. Esse projeto está pronto.
Foi feito de graça. Infelizmente optaram pelo outro, o que eu acho um erro”, criticou
Arruda.
Outro fator verificado na pesquisa foi à ingerência da Administração regional
do Gama em relação ao estádio, mesmo não havendo nenhum contrato de
arrendamento do estádio para o time do Gama é a direção do clube que administra o
campo e faz a cessão de uso para outros clubes.
6.5.3. Serejão (Boca do Jacaré)
No mês de abril de 1978 é inaugurado o estádio Elmo Serejo Farias, em
Taguatinga. O nome do estádio é uma homenagem ao ex-governador do Distrito
Federal. 18 Entrevista realizada no gabinete do deputado no dia 25 de outubro de 2005
44
Grandes clubes brasileiros já se apresentaram no local, que desde a década
de 1970, ficou conhecido popularmente como Serejão. No jogo de abertura, o time
juvenil do Fluminense venceu o Taguatinga Esporte Clube por 4 a 1.
O campo foi a casa da extinta equipe do Taguatinga, sendo abandonado
após desaparecimento do time, por mais de dois anos. Em certo momento, o estádio
foi ocupado por uma empresa que sorteava prêmios através da realização de jogos
de bingo. Chegou até a ser ocupado por uma feira. Até que em 2000, o empresário
Luiz Estevão o arrendou junto à Administração de Taguatinga.
O cartola investiu inicialmente cerca de R$ 600 mil na reforma do estádio,
que passa então a ser o campo de jogo do recém criado Brasiliense Futebol Clube
de Taguatinga. O estádio recebe estrutura, com área de imprensa, tribuna de honra
e cadeiras cobertas. Recebe novas arquibancadas no lado contrário às cabines de
rádio, aumentando a capacidade para 32 mil pessoas, reparos nas arquibancadas já
existentes, nos vestiários e ganha novo gramado.
Entretanto, o Ministério Público do Distrito Federal (MPDF) constatou
irregularidades no arrendamento do estádio e determinou que o contrato que o
Brasiliense mantinha com a Administração Regional de Taguatinga fosse anulado. O
promotor Sérgio Bruno19 afirma que a autorização que o governo concedeu ao clube
para tomar posse do estádio público não tem validade, pelo fato de não ter ocorrido
licitação.
Além disso, o estádio foi interditado depois que um laudo do Corpo de
Bombeiros do Distrito Federal apontou irregularidades no local. A determinação de
interditar o Serejão partiu da 17ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do DF (TJDF), 19 Entrevista realizada por telefone no dia 14 de setembro de 2005
45
depois que a Promotoria de Defesa do Consumidor do Ministério Público do DF
entrou com pedido de liminar contra o Brasiliense, solicitando a interdição do estádio
por falta de condições de segurança para o torcedor. A decisão foi tomada no dia 28
de outubro de 2005, dois dias antes da partida entre Brasiliense e Botafogo,
marcada para Taguatinga. O presidente do clube transferiu o jogo para o Mané
Garrincha.
6.5.4. Pelezão
Na segunda metade da década de 1960 foi construído o Estádio Nacional de
Brasília, conhecido por Pelezão. O começo da história do estádio foi marcado por
partidas de times locais, como construtoras e associações amadoras de cidades-
satélites, que se destacavam na época em que o futebol candango não era
profissionalizado.
Ainda na década de 60 o Pelezão recebe amistosos da Seleção Brasiliense
contra grandes equipes do futebol brasileiro, como o Santos, de Pelé; o Botafogo, de
Garrincha e o Cruzeiro, de Tostão. No último ano da carreira do craque Garrincha,
que em 1969 vestia a camisa do Flamengo, o estádio, de acordo com a matéria do
Jornal de Brasília “Poucos momentos de glória”, alcançou o maior momento
futebolístico da cidade.
Na metade da década de 80, o histórico Pelezão., com capacidade estimada
em 20 mil lugares foi desativado. Mais tarde, em 1996, a Federação Metropolitana
de Futebol vende o estádio para a Paulo Octávio Investimentos Imobiliários.
46
O promotor do Ministério Público do DF Sérgio Bruno Cabral20 afirma que a
venda do Pelezão, ocorrida em 1996, foi irregular, “eles fizeram uma troca com a
iniciativa privada. A destinação do terreno foi mudada para shopping center e os
donos são a Paulo Octávio e a Via Engenharia. Quem fez a troca foi a Federação,
que tinha o Weber à frente”, disse.
José Cruz relata que acompanhou os passos da transferência da área do
estádio (localizada em terra da União) para o setor privado. Ele afirma que a FMF,
que na época era gerenciada por Tadeu Roriz e Weber Magalhães, rateou o dinheiro
entre os clubes. “O patrimônio que eles receberam – tanto o dinheiro, como as salas
e apartamentos – não entrou no patrimônio do Brasília, do Gama, do Sobradinho ou
do Planaltina. Entrou no bolso dos dirigentes. Essa é a verdade”, garante.
Weber Magalhães explica que era vice-presidente da Federação, quando o
estádio Pelezão acumulava cerca de R$ 1 milhão em dívidas. Ele destaca que o
imóvel, pertencente à Federação, seria leiloado. Porém, depois de uma proposta da
iniciativa privada de trocar o estádio por imóveis, além de quitar as dívidas, fez a
FMF ceder, “os imóveis que pertencem à Federação continuam com a Federação.
São 10 ou 12 lojas à disposição. Alguns foram doados para clubes e os clubes
venderam”.
Atualmente, o Pelezão serve de abrigo para moradores sem-teto. Mas existe
um projeto para demolir o estádio. Porém, por enquanto, não há planos para
construir outra edificação no terreno.
20 Entrevista realizada por telefone no dia 14 de setembro de 2005
47
7. DIAGNÓSTICO
7.1. Particularidades do futebol candango
O modelo administrativo dos clubes do Distrito Federal mostra a grande
dependência existente entre os times e seus financiadores. A proximidade dos
dirigentes junto ao governo do DF facilita a articulação para a captação de recursos
e a viabilização de projetos, seja ele de ordem esportiva, como o pagamento da
folha salarial, seja ele de ordem estrutural, como a reforma dos estádios. Logo, nota-
se que para um time prosperar é necessário além de dinheiro para investimento uma
proximidade, um alinhamento, com o governo para poder usufruir de maiores
recursos, provenientes de patrocínios de empresas estatais (BRB, Caesb e CEB) ou
receber verbas por meio da Secretaria de Esporte e Lazer (SEL).
O repasse de verbas é uma constante em outros estados e municípios
brasileiros. José Roberto Arruda21 cita o apoio do então governador goiano Maguito
Vilella para o desenvolvimento do Goiás. Já Paulo Henrique Azevêdo cita em sua
tese sobre a administração dos clubes do DF o caso da prefeitura de São Caetano
do Sul que auxiliou o time da cidade A.D. São Caetano.
Outro ponto desfavorável encontrado foi à falta de apoio de grandes
empresas industriais ou comerciais que possam apoiar ou patrocinar os clubes. A
título de exemplo, pode-se citar o patrocínio do Café do Sítio na camisa da
Sociedade Esportiva do Gama. Durante anos a empresa foi uma das fontes de
receita do clube, expondo sua logomarca nas partes da frente e de trás da camisa.
21 Entrevista realizada no gabinete do deputado no dia 25 de outubro de 2005
48
A questão pode ser explicada por uma acomodação dos dirigentes na
captação de mais recursos, pois já se sabe que as agremiações recebem verbas
para a manutenção do plantel.
Autor da idéia na época a qual era secretário, o deputado distrital Agrício
Braga acreditava que o investimento causaria resultados em longo prazo para o
esporte. Ele explica que o aporte financeiro acarretaria na melhoria do espetáculo,
trazendo um maior público para os estádios e despertando o interesse de empresas.
No entanto, a idéia, pelo menos por enquanto, não trouxe o efeito esperado. “Os
dirigentes se acomodaram. Achavam que era obrigação do governo prover
recursos”, diz Agrício22.
7.2. Ministério Público
A distribuição de recursos públicos para o financiamento das práticas
desportivas profissionais é proibida de acordo com a Constituição Federal, podendo
ser realizada somente em casos específicos. Ao receberem recursos provenientes
do DF os clubes estão infringindo o art. 217:
É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais,
como direito de cada um, observados:
II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do
desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto
rendimento. (Constituição Federal, 1988)
22 Entrevista realizada na Distribuidora Jardim no dia 21 de setembro de 2005
49
Dessa maneira o repasse de dinheiro vem sendo investigado pelo Ministério
Público do DF. Na interpretação da promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio
Público e Social (Prodep), a SEL, gerenciada por Weber Magalhães, decide “ao seu
bel prazer”, quais os casos específicos cujos recursos vão ser alocados. Para poder
receber esse benefício, é indispensável que a entidade que venha a ser auxiliada
não tenha fins lucrativos. No caso do Brasiliense e Gama isso não ocorre, conforme
está citado na ação civil pública.
O Brasiliense “é uma sociedade comercial com fins lucrativos, conforme a
própria natureza jurídica da sociedade já deixa claro (Sociedade Comercial Limitada)
e está expresso na Cláusula Terceira do respectivo Contrato Social (DOC. 11).”
Já o Gama “apenas com a verba de publicidade dada pelo Banco de Brasília
– BRB, o Gama recebeu nos anos de 2003 a 2005 o valor de R$ 3.475.896,00 (três
milhões, quatrocentos e setenta e cinco mil, oitocentos e noventa e seis reais) (DOC.
13).”
Somado a isso, nota-se que não ocorre prestação de contas do dinheiro que
foi repassado aos clubes conforme destaca a referida ação.
O fato revela-se de maior gravidade quando verifica-se (fl. 35) que no
presente exercício já foi realizado um ajuste entre a FMF, a Secretaria de Fazenda e
a Secretaria de Esportes, resultando num repasse que pode chegar aos R$ 800 mil,
fl. 36, não obstante a ausência das prestações de contas referentes ao exercício de
2000, já comentada anteriormente. Sendo assim, a Secretaria de Esportes não
deveria firmar novos ajustes antes de esclarecidas todas as dúvidas quanto à boa
versação dos recursos públicos concedidos. (DOC. 16)
50
A suspensão do repasse de benefícios para a então FMF já havia sido
solicitada conforme informa o Tribunal de Contas do DF, no Processo Nº 173/02.
Cabe ressaltar que o processo também foi citado na ação civil pública.
O financiamento do futebol pelo governo pode ser amplamente questionável
quanto a utilização de recursos públicos para entidades que não prestam contas do
mesmo, não ocorrendo a transparência necessária.
51
8. CONCLUSÃO
O futebol profissional de Brasília vive um momento de transição histórico,
essencial para a definição do futuro do esporte na cidade. No contexto atual, a
evidência é dada ao Brasiliense, time que chegou a Série “B” do Campeonato
Brasileiro, ganhou o Candangão 2004 e 2005, está atualmente na Série “A” do
Brasileirão. O problema é justamente a consolidação dos recursos. Apesar da
equipe possuir boa estrutura, caso os investimentos não sejam feitos, poderá haver
um futuro incerto para clubes e profissionais que fazem parte de toda essa
organização.
O Gama mostra que essa preocupação com a estrutura se faz necessária. A
equipe que disputou a Série “A” do Campeonato Brasileiro está em franca
decadência. Caiu para a Série “C”, conseguiu voltar para a segunda divisão, mas fez
um péssimo campeonato, obtendo a permanência na Série “B” deste ano na última
rodada.
A presença dos políticos no futebol do Distrito Federal, por vezes, é
prejudicial. Mesmo com uma melhoria do espetáculo nos últimos anos, a decadência
do futebol é cada ver maior. Visões políticas, empresariais e comerciais deterioram,
cada vez mais, as estruturas do futebol. A politicagem tomou conta do esporte e
pode acabar, de forma repentina, com a paixão criada nos últimos anos. A
visibilidade na mídia de nada ajuda o futebol quando as equipes não têm liberdade
para questionar os times e o campeonato. A melhor forma seria manter a isenção
das instituições com os políticos, uma vez que os cartolas da bola continuam
mandando nos departamentos de futebol, comprando jogadores quaisquer,
52
mudando esquemas táticos, pressionando e demitindo técnicos, invadindo vestiários
e ainda coagindo jogadores.
Como essa isenção não é possível na conjuntura atual, basta esperar que os
bons momentos do futebol brasiliense se estendam o máximo possível. Caso Luiz
Estevão mantenha sua posição de não atuar politicamente, a possibilidade de haver
pelo menos um time disputando campeonatos nacionais com maior destaque é
grande.
53
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXOS
Figura 1. Capa