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RELATO DE EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS DURANTE O ESTÁGIO
SUPERVISIONADO EM ENSINO DE MATEMÁTICA (ARACAJU–SERGIPE)
Quelen dos Santos Cruz1
Eloar Barreto Feitoza Sá2
GT 8 – Espaços Educativos, Currículo e Formação Docente (Saberes e Práticas)
RESUMO O presente trabalho foi desenvolvido baseado nas experiências vivenciadas na nossa primeira inserção como professoras de Matemática em uma turma da 1ª série do ensino médio do Colégio Estadual
Professor João Costa em Aracaju – SE. E tem como objetivo relatar à inserção, o planejamento, as observações e a regência realizada como estagiárias. O entendimento de estágio supervisionado foi
definido a partir de autores como Santos (2005), Lopes, Traldi e Ferreira (2015). Na UFS3 foram
realizadas leituras, reflexões e discussões sobre a influência do estágio na vida acadêmica do licenciando em Matemática, além de micro aulas como uma forma de treinar e aprimorar
metodologias a serem aplicadas durante o exercício da docência. Por meio desse Estágio, adquirimos a
noção de que é necessário estar preparado para as mais diversas perguntas; ter em mente que preparar a aula é fundamental; saber planejar o tempo de forma que não fique exíguo para o professor. Palavras-chave: Estágio. Experiência Docente. Ensino de Matemática.
ABSTRACT
This paper was developed based on aspects experienced in a 1st year High School class during the
third supervised internship discipline at Colégio Estadual Professor João Costa in Aracaju-Se. It has
as aim to portray the insertion, planning, observations and teaching practice while being Math trainees. The understanding of supervised internship was defined from authors like Santos (2005),
Lopes, Traldi and Ferreira (2015). In UFS readings, reflections and discussions were done about the
influence exercised by this kind of internship in the future Math teacher‟s academic life, in addition to micro-lessons as a way to train and improve methodologies that are supposed to be applied during
the teaching practice. By means of this internship we acquired the notion that it is necessary to be
prepared to all sort of questions; besides that getting in mind the importance of preparing lessons;
organizing the class time in order to offer better possibilities to our teaching.
Keywords: Internship. Teaching experience. Math teaching.
1 Graduanda de Matemática Licenciatura, da Universidade Federal de Sergipe, Bolsista do PIBID. E-mail: <[email protected]> 2 Formação em Psicologia pela Universidade Federal de Sergipe, com especialização em Gestão de Recursos
Humanos pela UNINTER. Atualmente, graduanda de Matemática Licenciatura, da Universidade Federal de
Sergipe. E-mail: <[email protected]> 3 Universidade Federal de Sergipe
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INTRODUÇÃO
Por meio do presente trabalho é apresentado um relato das experiências
vivenciadas na nossa primeira inserção como professoras de Matemática em uma turma da 1ª
série do ensino médio do Colégio Estadual Professor João Costa em Aracaju – SE. Tais
experiências fazem parte da Atividade de Estágio Supervisionado em Ensino de Matemática
III da Universidade Federal de Sergipe. Desse modo, tem-se como objetivo relatar à inserção,
o planejamento, as observações e a regência realizada como estagiárias.
A atividade de Estágio é um momento fundamental para os alunos do Curso de
Licenciatura Plena em Matemática, por meio da aproximação com o ambiente escolar, pois
visa a preparação para o efetivo exercício da profissão docente. Por meio dessa disciplina os
futuros docentes têm o contato com a realidade da sala de aula. De acordo com Santos (2005):
[...] o Estágio Supervisionado Curricular, juntamente com as disciplinas
teóricas desenvolvidas na licenciatura, é um espaço de construções significativas no processo de formação de professores, contribuindo com o
fazer profissional do futuro professor. O estágio deve ser visto como uma oportunidade de formação contínua da prática pedagógica.
Dessa forma, o estágio é o momento em que somos inseridos por um período
determinado no futuro campo de trabalho sob a perspectiva de docente, para o caso das
licenciaturas. É quando experimentamos práticas da profissão e é neste aspecto, que está
concentrada a sua importância. Segundo Lopes, Traldi e Ferreira (2015, p.7):
Nesse sentido, [o estágio supervisionado] pode potencializar diversas
aprendizagens docentes, ao propiciar aos futuros professores o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e reflexões necessários para
a prática profissional.
A prática supervisionada é necessária para a formação dos futuros professores.
Por meio dessa prática, os estagiários podem tomar consciência das teorias estudadas,
sabendo que, em hipótese alguma, essas teorias que estão relacionadas ao saber, serão
suficientes para o pleno exercício à docência.
Também é necessário o auxílio do professor/supervisor pedagógico4 juntamente
com o professor/supervisor técnico5, no direcionamento do trabalho a ser desenvolvido no
período do estágio pelos futuros docentes. Conforme afirma Pimenta (1999):
4 Professor orientador do Estágio Supervisionado 5 Professor regente da turma
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É imprescindível, assim, a imersão nos contextos reais de ensino, para
vivenciar a prática docente mediada por professores já habilitados, no caso, os orientadores dentro das universidades em parceria com os professores que
já atuam nas salas de aula, essa é a maneira mais efetiva de proporcionar aos
estagiários um contato com o ambiente em que irão atuar.
Entretanto, não basta apenas que os estagiários realizem as observações e as
regências, é fundamental que eles também busquem momentos de reflexão dos dilemas
encontrados na sala de aula e das experiências que foram vivenciadas durante o período do
estágio. Segundo Pereira e Baptista (2009), a partir dessa reflexão, os futuros professores
serão capazes de avaliar a sua própria prática, diagnosticar suas principais limitações e
encontrar soluções para resolver problemas.
Desse modo, para a concretização deste trabalho, foi realizada uma análise do
relatório do Estágio Supervisionado em Ensino de Matemática III e extraído do mesmo as
experiências relevantes para a reflexão da prática docente.
DESCRIÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO
O Colégio Professor João Costa, localizado na avenida Augusto Franco s/n, bairro
Getúlio Vargas, em Aracaju, foi fundado em 1970 a partir do decreto de criação número 157 –
Lei n 307/70, sendo denominado Colégio Estadual Presidente Costa e Silva até 2016, quando
houve alteração de seu nome a partir de decreto assinado pelo governador do Estado de
Sergipe para mudança de nomes de escolas que homenageavam ex-presidentes da ditadura. O
decreto assinado decorreu de orientação presente no Relatório Final da Comissão Nacional da
Verdade6.
Quando o Colégio foi informado sobre a mudança, o nome inicialmente sugerido
foi de um político. No entanto, não houve boa aceitação ocorrendo, por parte da equipe
pedagógica e professores da instituição, a sugestão de homenagear o professor sergipano João
Costa substituindo o nome Colégio Presidente Costa e Silva por Colégio Professor João
Costa. Mantendo-se, assim, o codinome “Costão” (denominação popular/informal) inalterado.
6Mais informações a respeitos podem ser obtidas em:
http://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2016/01/governador-assina-decreto-que-muda-nome-de-escolas-publicas.html (acessado em: 25/02/2017).
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Atualmente o Colégio possui 22 salas de aula e 1753 alunos matriculados7 (173
no fundamental maior, 250 no ensino médio convencional e 1330 no ensino médio inovador).
Além disso, possui uma diretoria, um mini auditório e dois banheiros no primeiro andar. No
térreo, possui uma secretaria, dois arquivos uma sala de coordenação pedagógica com
aparelhos de som, Datashow e impressoras, uma sala de professores, um almoxarifado, uma
sala de rádio, uma sala do comitê pedagógico, um laboratório de informática, uma sala de
vídeo com televisor, aparelho de DVD, caixa amplificadora e retroprojetor, biblioteca com
acervo de onze mil títulos, laboratório científico de química e biologia e outro de física e
matemática, mini auditório, uma cozinha, um refeitório, sete banheiros (dois para alunos e
demais funcionários), uma sala de Arte e uma cantina. Na área externa ficam uma quadra
poliesportiva, salas de educação física e sala de dança e dois sanitários. A quadra, segundo
consta no PPP do Colégio encontra-se interditada por questões estruturais.
A equipe diretiva do Colégio é composta por 1 diretora, 3 coordenadores e 1
secretária. O Comitê Pedagógico possui ao todo 10 funcionários. Além disso, o Colégio
dispõe de 124 professores, 7 agentes administrativos e 9 funcionários como pessoal de apoio.
PLANEJAMENTO E OBSERVAÇÕES
A atividade Estágio Supervisionado em Ensino de Matemática III tem uma carga
horária de 150 horas, sendo estas divididas em aulas presenciais na Universidade Federal de
Sergipe sob a orientação do professor/supervisor pedagógico e em atividades na escola como
planejamento, observações de aula e regências. Na sala de aula da universidade foram
realizadas leituras, reflexões e discussões sobre as influências do estágio na vida acadêmica
do licenciando em Matemática. No decorrer do estágio algumas ações foram desenvolvidas no
colégio como observações de aula e regências na sala de aula da 1ª série “A”, turma a qual
fomos designadas.
Antes de serem iniciadas as observações, elaboramos um plano de aula, assim que
a professora da turma informou que o conteúdo seria Matemática Financeira e que
iniciaríamos a regência a partir de Juros Simples. Após essa elaboração, apresentamos uma
micro aula para a turma de estágio, como uma forma de treinar e aprimorar metodologias a
serem aplicadas durante o exercício da docência, sendo sugeridas pela turma algumas
7 Informações obtidas em: http://www.seed.se.gov.br
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mudanças no planejamento. As mesmas não serão abordadas nesse trabalho pelo fato de não
haver um detalhamento do respectivo plano.
Para o planejamento tomamos como base o livro didático8 que a
professora/supervisora técnica nos cedeu. Através dele, fizemos um cronograma inicial, mas
devido alguns imprevistos, algumas alterações foram necessárias. Também foi utilizado
outros livros didáticos que continha o conteúdo Matemática Financeira, retirando problemas
para as atividades não tradicionais (jogos com os conteúdos juros simples e juros compostos,
servindo para a fixação dos conteúdos) e a lista de exercícios. Para a elaboração de alguns
planos, não houve um encontro físico entre nós, sendo elaborados por meio de comunicação
virtual, mas sempre buscamos o melhor entendimento para os alunos. Já os planos de
atividades não tradicionais, foram adaptações de jogos que envolvem outros conteúdos, mas
confeccionados por nós mesmas.
Para dar início às atividades de estágio realizamos as observações. Vale ressaltar
que foram as nossas primeiras observações, já que tratava de nosso primeiro estágio9. Durante
as aulas de observações, frequentavam em média de vinte alunos e percebemos que os eless
estavam sempre separados em grupos (alguns sentados na frente um do lado do outro, outros
no fundo, outros nos cantos). Na primeira observação a professora iniciou o conteúdo
Porcentagem, com alguns exemplos e passou uma lista de exercícios, valendo nota, que
corrigiu, no segundo dia de observação, junto com seus alunos, pedindo-lhes para lhe entregar
após a correção. A professora sempre demonstrou dominar o conteúdo, interagindo com seus
alunos lhes fazendo alguns questionamentos, e alguns alunos respondiam a esses
questionamentos, muitas vezes fazendo o cálculo mentalmente. Em alguns momentos a
professora interrompia a aula, pois muitas vezes as conversas entre os alunos atrapalhavam o
desenvolvimento da aula.
Esse período de observação foi importante para nós, pois nos proporcionou
momentos de convivência com a rotina da sala de aula, dando para conhecer (em partes) o
comportamento dos alunos e a metodologia que a professora regente da turma utilizava.
8 Os livros didáticos citados nesse trabalho encontram-se nas referências. 9 Solicitamos quebra de pré-requisito para a atividade de Estágio Supervisionado em Ensino de Matemática III.
Dessa forma realizamos este estágio concomitantemente com o Estágio Supervisionado em Ensino de Matemática I.
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REGÊNCIA E DIFICULDADES ENCONTRADAS NO ESTÁGIO
Após as observações, iniciamos a regência. Devido as alterações no cronograma,
o planejamento de duas aulas (Denominações dos Termos Importantes da Matemática
Financeira e Juros Simples) acabou se tornando uma. Pretendíamos iniciar com uma dinâmica
com o objetivo de interagir com os alunos, mas não foi possível por conta do tempo.
Entramos na sala e a professora nos apresentou e nos deu total autonomia, pedindo que os
alunos acompanhassem a aula com atenção, pois ela ficaria observando e nós além de
ministrarmos as próximas aulas até o fim da unidade, também aplicaríamos a prova
correspondente. Buscamos seguir o planejamento e interagir bastante com os alunos. Os
alunos acompanhavam, tomavam nota do que estava sendo escrito no quadro e respondiam as
breves perguntas que fizemos. No fundo da sala, alguns alunos não pareciam muito
interessados em fazer o mesmo. Inclusive, um deles pediu para se retirar por cerca de 10
minutos para resolver com outra professora sua situação quanto à recuperação que teria que
fazer de outra matéria. Outra aluna que estava próxima à professora, chamou uma de nós e
perguntou qual era o conteúdo da aula que estávamos iniciando e quando foi informada de
que primeiramente eram termos que seriam importantes para começarmos a ver juros simples
e compostos, ela disse conhecer o assunto, mas não lembrar direito. Disse que sabia apenas
que juros simples eram melhores de se calcular que o composto e por isso não gostava muito
dos compostos.
Tínhamos planejado convidar um aluno ao quadro, mas depois notamos que o
melhor era todos nos ajudarem a identificar os dados do problema proposto nessa primeira
aula. Ficamos entusiasmadas ao notar alunos que ficavam calados na aula da professora,
responderam os nossos questionamentos. Foi importante para nós vermos os alunos
participando da aula. Os alunos pediam permissão para sair da sala como no caso em que
alguns precisaram sair antes do término da aula devido ao horário do ônibus. Quando tocou o
sinal, um dos alunos levantou discretamente o braço direito e o movimentou como se
estivesse vibrando com o fim da aula. Ele fez esse gesto olhando para a professora que estava
no lado oposto da sala em relação ao local onde ele estava. Como estávamos quase chegando
à fórmula de juros simples, pedimos mais cinco minutos para apresentar-lhe a fórmula.
Avisamos no final da aula que na próxima aula retomaríamos essas fórmulas e faríamos uma
atividade valendo nota. Pedimos para que os que ficaram até o fim da aula avisarem aos
demais.
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Ao final, a sensação foi de que foi uma aula muito acelerada, sendo que tínhamos
a preocupação de cumprir o cronograma que já havia sido alterado duas vezes. Apesar de não
termos finalizado, faltando apenas um exemplo proposto, saímos satisfeitas pela participação
dos alunos durante a aula.
Na segunda regência, retomamos o final da aula anterior concluindo o que havia
ficado pendente (um exemplo para explicar a diferença entre juro comercial e juro exato).
Como nesse dia teríamos dois horários, planejamos uma atividade não tradicional (jogo
Verdadeiro ou Falso) envolvendo resolução de problemas e uma aula sobre juros compostos.
Após a conclusão da aula anterior, explicamos como funcionaria a atividade sobre juros
simples seguindo o planejamento. Solicitamos que formassem duplas, em seguida
construímos no quadro branco uma tabela e fomos preenchendo com as iniciais das duplas e
um trio, pois um aluno chegou após o início da aula.
Avisamos que eles teriam um tempo de três minutos após a entrega dos problemas
de cada rodada para concluir a resolução dos dois problemas e podermos solicitar que
levantassem as placas. Quando íamos de dupla em dupla, percebíamos que eles estavam se
atrapalhando tanto em identificar os dados dos problemas quanto em realizar operações após a
substituição das variáveis nas fórmulas. Escrevemos as três fórmulas no quadro. Mesmo
assim eles tinham dificuldade até de transformar a taxa da forma percentual em decimal.
Fomos novamente ao quadro para relembrar como a professora regente havia ensinado.
Continuamos indo de mesa em mesa e questionando se de fato estava correto ou
pedir para eles identificarem primeiro quais os dados que havia nas questões e o que estava
sendo pedido. Percebemos que eles tinham dificuldades em multiplicar como por exemplo:
1000x (1+0,1i). E também tinham dificuldade em resolver, como por exemplo: 2000 = 1000
+ 100 i.
A professora nos avisou que o sinal estava prestes a tocar e eles teriam um
intervalo de quinze minutos. Falamos para eles levantarem a primeira placa e depois do
intervalo eles voltariam para a segunda rodada e eles preferiram continuar. A professora então
combinou de liberar quinze minutos antes de terminar a aula. Mesmo com as nossas
intervenções apenas quatro duplas (das nove) conseguiram acertar a primeira rodada.
Na segunda rodada eles também sentiram muita dificuldade, mais especificamente
para perceber o termo dobro como sendo um dos dados tendo ainda acreditado que esse termo
se referia ao capital. Além disso, surgiram dúvidas com as operações básicas como na
primeira rodada se fizeram presentes e todos ficaram nos chamando de minuto a minuto. As
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duplas estavam envolvidas com a atividade e ficaram calculando até que, foi interrompido
devido o sinal de fim de aula. Logo após, solicitamos que levantassem as placas que cada
dupla selecionou e marcamos as pontuações na tabela construída no quadro. Dessa vez todas
as duplas levantaram a placa corretamente. Ao fim, recolhemos as folhas com as soluções
para corrigirmos, com o intuito de pontuar as duplas que responderam e levantaram as placas
corretamente.
Após a aula, não esperávamos que eles tivessem tanta dificuldade. Acreditávamos
que eles haviam entendido o conteúdo, visto que na aula anterior eles interagiram. Assim,
para as próximas aulas buscamos novas alternativas para que mais alunos participassem da
aula, a exemplo perguntando a alunos específicos.
No primeiro dia de nossa regência, nós havíamos decidido que iríamos ministrar
as aulas juntas. Mas, após conversarmos entre nós e com outras duplas para sabermos das
experiências em sala de aula, pois esse foi o nosso primeiro estágio, decidimos que ficaria
melhor tanto para a gente, quanto para a aprendizagem dos alunos, que cada uma ficaria
responsável por ministrar cada aula tradicional e no dia de aula não tradicional ambas seriam
responsáveis.
Assim, na regência após a aula não tradicional apenas uma ministrou a aula
referente a juros compostos, enquanto a outra observava como os alunos estavam se
comportando. Nesta aula nosso professor/supervisor pedagógico estava presente. Antes de a
aula ser iniciada a professora da turma o apresentou. Os alunos sorriram bastante
direcionando os olhares para nós duas ao saberem que aquele era o nosso professor.
Aquela que ficou encarregada de observar o comportamento dos alunos, durante a
aula, solicitava aos alunos que estavam dispersos para ficarem atentos de forma a não
interromper o andamento da aula. Faltando pouco mais de cinco minutos para o término da
aula, uma das alunas disse “já vai tocar” em tom de brincadeira. Mas estávamos
acompanhando o horário e a aula foi concluída no tempo.
Contudo, a aula saiu como o planejado, sempre questionando e indagando os
alunos para eles participarem, porém percebemos que eles dizem que entendem o que é
explicado, mas na hora da atividade alguns ficam perdidos.
Para as próximas regências, planejamos que as duas aulas seriam de atividade
sobre juros compostos, ao percebemos a necessidade de eles praticarem o conteúdo, havendo
mais uma alteração no cronograma. Explicamos a atividade de juros compostos (jogo Trilha
dos Juros Compostos) e pedimos que eles formassem grupos de seis e se subdividissem em
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grupos de três. Teve um grupo que inicialmente havia cinco alunos, mas depois um acabou
saindo da sala, ficando apenas quatro pessoas no grupo. Alguns alunos criaram resistência,
uns por não querer deslocar-se para outro lugar, outros por dizer que a atividade seria chata.
Quando estávamos organizando a sala, uma aluna, que já não havia participado da atividade
da semana anterior, comunicou que não queria participar dessa atividade pois estava faltando
apenas um ponto para passar nessa disciplina. Tentamos convencê-la a participar
argumentando que seria importante para o aprendizado dela, mas não podíamos obrigá-la.
Sendo assim, ela se retirou da sala, e retornou em outro momento, mas ficou sentada apenas
lendo algo não referente a disciplina de Matemática.
Foram formados três grupos e tínhamos que ficar revezando entre os grupos para
observar se estavam respondendo corretamente e conferir as respostas. Percebemos que
alguns alunos não estavam tendo dificuldades para resolver, enquanto outros apresentavam
muita dificuldade. Questionamos em alguns momentos se as passagens da solução eram
daquele jeito mesmo, esperando que eles percebessem onde estavam sendo equivocados.
Semelhante a atividade anterior eles preferiram continuar a atividade, sem sair
para o intervalo. Um grupo terminou a trilha primeiro. Perguntamos se eles não queriam
revanche para começar a jogar novamente e eles disseram que não. Já os outros dois grupos,
só quiseram terminar quando chegassem ao final da trilha. Como o outro horário não tinha
aula, ficamos aguardando o último grupo terminar.
Após o término do jogo, eles nos informaram que tinham gostado dessa atividade.
Mas alguns se chatearam por não poderem ajudar os demais membros do seu grupo na
resolução do problema selecionado dizendo que dessa forma não estavam sendo um grupo e
esclarecemos que não podiam auxiliarem os demais visto que era um jogo, loho havia
competição. Uma das alunas também se irritou por não ter acertado as questões selecionadas
por seu grupo. A mesma tentou resolver mesmo que fosse questão para outro membro do
grupo, mas sem quebrar a regra do jogo. Apenas por ter interesse em tentar também. Outro
aluno ficou frequentemente dizendo que estava com fome. Mas manteve-se no jogo até o
final.
Novamente pensávamos que eles não teriam tanta dificuldade em resolver os
problemas. Dessa vez, percebemos que eles estavam conseguindo identificar os dados da
questão e que a dificuldade maior estava em desenvolver a conta. Quando víamos que eles
estavam errando a conta, questionávamos se eles tinham certeza se estavam fazendo de uma
forma correta.
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Após a aula da semana anterior, a professora disse que poderíamos apenas nos
concentrar em revisão. Mas apesar de sabermos que já tínhamos dado os conteúdos da prova
(porcentagem – ministrado pela professora regente, juros simples e juros compostos),
dissemos que pretendíamos prosseguir com uma aula relacionando juros simples e juros
compostos com funções: função afim e função exponencial, conforme posto no livro sugerido
pela professora regente da turma. Reservamos a aula posterior, com duas horas/aula para a
realização da revisão. A professora não se opôs e assim fizemos. Dessa forma, enquanto uma
ministrava a aula, a outra ficava observando a turma, analogamente a aula anterior.
Nesta aula, tivemos novamente a presença de nosso professor/supervisor
pedagógico. Nos primeiros minutos, os alunos estavam um pouco dispersos, pois uma aluna
estava distribuindo uma atividade que outro professor havia pedido. Dessa forma a atenção
inicialmente estava voltada para atividade entregue. Contudo, enquanto isso ocorria,
iniciamos a aula escrevendo um problema no quadro conforme plano de aula. Ao iniciar a
explicação do conteúdo programado, eles começaram a interagir conforme planejamos.
Antes de sair, nosso professor/supervisor pedagógico pediu que a aquela que
estava ministrando aula fosse informada sobre um pequeno equívoco ao mencionar a função
polinomial do primeiro e do segundo grau sem o termo polinomial, embora fosse de seu
conhecimento que a denominação requeria tal termo. Provavelmente essa omissão tenha sido
por nervosismo. Percebemos que alguns alunos não estavam copiando o que estava escrito no
quadro, e quando perguntado por aquela que observava o comportamento da turma sobre o
porquê de não está copiando, respondeu que depois pegaria o caderno do colega.
A aula seguiu conforme o planejado, ou seja, buscamos a participação dos alunos,
fazendo questionamentos e indagações. Entregamos uma lista de exercícios com seis questões
e pedimos que respondessem para que na próxima aula corrigíssemos. Como alguns alunos
faltaram, entregamos aos amigos e pedimos a alguns alunos que entregassem a estes. Após o
término da aula, a professora nos informou que já havia elaborado a prova por solicitação da
secretaria.
No último dia de regência, como havíamos entregado uma lista de exercícios,
perguntamos se eles tinham conseguido responder. Para nossa surpresa, quase ninguém havia
tentado responder. Dissemos que não tinha problema e que todos nós iríamos responder
juntos. Perguntamos se alguém queria resolver a primeira questão no quadro, e depois de
alguma resistência, um aluno se prontificou a respondê-la. Pedimos que ele lesse a questão e
que os outros o ajudassem na resolução. Alguns ajudaram, outros ficaram calados.
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Para a segunda questão, ninguém se prontificou a responder, pois era uma questão
que solicitava o cálculo do tempo que seria necessário para que um certo Capital triplicasse o
seu valor, mas na questão não dava nem o Capital e nem o Montante, informando apenas que
o valor aplicado teria que ser triplicado. Assim explicamos que nesse caso eles poderiam
utilizar qualquer valor para o capital, desde que o valor para o montante fosse o triplo.
Perguntamos qual valor iríamos utilizar e decidimos que faríamos para o capital de
R$1.000,00. Assim, resolvemos com a ajuda deles.
Para as outras questões, outros alunos mesmo com alguma resistência acabaram
indo ao quadro. Após a terceira questão, eles saíram para o intervalo. Durante o intervalo, um
jovem se aproximou de uma de nós e perguntou se poderia pegar o caderno para tirar uma
dúvida. Ainda que não reconhecesse sua fisionomia e acreditando ser um aluno que poderia
ter faltado às aulas anteriores, a resposta foi positiva. Contudo, quando ele apresentou o
caderno, sua dúvida era sobre combinação (sobre anagramas). Ou seja, tratava-se de um aluno
da segunda série do ensino médio. Na tentativa de ajuda-lo ainda no intervalo e diante de sua
dificuldade em entender, informamos de que poderíamos retomar após a aula, pois já
estávamos retornando à aula. Mesmo não sendo um aluno da turma, vimos a necessidade de
ajuda-lo, pois faz parte de nossa futura profissão.
Demos continuidade à resolução dos problemas da lista. Na última questão que
era para calcular a taxa, eles sentiram dificuldade para entender e perguntaram à professora se
iria „cair‟ esse tipo de questão na prova. Anotamos no quadro todas as fórmulas que tínhamos
utilizado durante as aulas ressaltando a importância de estarem cientes delas. Após a
resolução da lista, anotamos no quadro três questões sobre porcentagem para que eles
pudessem relembrar esse assunto.
Na primeira questão uma aluna perguntou se dava tal valor, como a resposta
estava correta, convidamo-la ao quadro, mas como ela não quis ir, questionamos como tinha
resolvido e fomos anotando no quadro. Ela tinha feito por regra de três, depois explicamos
mais duas formas de responder. Na segunda questão eles tiveram um pouco de dificuldade em
interpretar a questão para aplicar a regra de três e também em entender sobre aumento e
desconto. A última questão trata de aumento, e eles também tiveram dificuldade para
entender. Portanto, explicamos novamente a questão, com o intuito de minimizar tais
dificuldades.
Após isso, por ser nosso último dia, preparamos uma dinâmica que consistia em
entregar um presente para alguém da turma. Só que tinha um bilhete no presente, no qual
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pedia que o entregasse a pessoa que tivesse aquela característica, por exemplo: timidez,
liderança, inteligência... E assim sucessivamente, até a última pessoa que seria a da paz. Essa
última pessoa teria que dividir o presente, que no nosso caso foi um chocolate, a todos da
turma. Distribuímos uma caixa contendo uma serenata de amor a todos os alunos na sala.
Agradecemos e nos despedimos.
Ao final de todas as aulas a nossa maior preocupação era saber se eles realmente
estavam entendendo e compreendendo o conteúdo. Pois não bastava participar durante a aula
expositiva, visto que na hora de praticar por meio das atividades não tradicionais, eles sentiam
dificuldades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Estágio Supervisionado em Ensino de Matemática III é uma atividade obrigatória do
currículo do Curso de Licenciatura em Matemática que busca proporcionar aos licenciandos
oportunidades para relacionar a teoria com a prática inserida na realidade do cotidiano
escolar. O estágio nos proporcionou a oportunidade de observar as aulas e as metodologias
utilizadas naquela sala de aula, bem como, ministrar aulas. Enfim, ter contato com a realidade
docente no Colégio Estadual Professor João Costa, na disciplina de Matemática na 1ª série do
ensino médio.
Devido as greves tanto da rede Estadual de Ensino da cidade de Aracaju quanto das
Universidades Federais promoveram, de certa forma, uma incompatibilidade entre calendários
escolares e acadêmico. Isto refletiu diretamente no andamento do Estágio Supervisionado em
Ensino de Matemática III. Assim, a impressão inicial foi de que tudo (procura por escola,
preparação e entrega de ofício, planejamento, etc.) estava acontecendo muito rápido. Dessa
forma, a sensação inicial que tivemos foi de falta de preparação, especialmente pelo fato de
que seria nossa primeira experiência como estagiárias, seja para observar, seja para reger.
Durante os planejamentos, houve dificuldades em relação a estarmos juntas em alguns
momentos, o que não nos impediu de mantermos uma comunicação frequente em prol de um
melhor resultado.
Devido a nossa inexperiência, acreditamos inicialmente que não haveria problema em
ministrarmos as aulas juntas. Mas, após o primeiro dia de regência, percebemos que o mais
viável seria cada uma ficar responsável por ministrar aula individualmente, ao passo que à
outra caberia observar a turma. Ressaltamos que as aulas não tradicionais foram ministradas
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por ambas.
Em relação a execução de atividades não tradicionais, havíamos superestimado a
turma, pois durante as aulas de conteúdo, os alunos demonstravam fácil entendimento,
conseguindo fazer cálculo mental e tecendo comentários em sala de aula do tipo “se colocar
numa planilha fica fácil”, “com uma calculadora dá para calcular rapidinho”, além do fato de
estarem do terceiro e último ano do Ensino Médio. Entretanto, nos surpreendemos já na
primeira atividade ao verificarmos que não sabiam identificar e relacionar dados bem como
realizar operações básicas.
Por meio do Estágio Supervisionado III, adquirimos a noção de que é necessário ter
paciência; estar preparado para as mais diversas perguntas, mas sabendo reconhecer que não
domina todas as respostas; ter em mente que preparar a aula é fundamental e o plano b,
indispensável; saber planejar o tempo de forma que não fique exíguo e extenuante para o
professor no que se refere à transição de uma aula para a outra em turmas distintas.
Em linhas gerais, reconhecemos a importância do estágio para nossa formação e de
sua realização com a presença do professor/supervisor pedagógico e técnico, não apenas como
avaliadores do processo, mas como suporte nos servindo de base e espelho para nossa
formação docente. Assim, com a realização desse estágio, adquirimos um pouco o
aprendizado referente à prática docente, pois durante esse momento foi possível perceber
todos os aspectos implícitos em uma sala de aula e na função de educador.
REFERÊNCIAS
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