Reforma e Contra-Reforma

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Curso de Graduação em Relações Internacionais Módulo 1A Disciplina: História Moderna das Relações Internacionais A reforma protestante e a nova Igreja Católica Fernanda Barrote Gabriela Resende Hélio Lourenço Juliana Menezes Nathália Lima

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Curso de Graduação em Relações Internacionais

Módulo 1A

Disciplina: História Moderna das Relações Internacionais

A reforma protestante e a nova Igreja Católica

Fernanda Barrote

Gabriela Resende

Hélio Lourenço

Juliana Menezes

Nathália Lima

05-04-2011

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Introdução

O conjunto de grandes mudanças nas relações de poder, que ocorreram

durante a passagem da Idade Média para a Idade Moderna, é de grande

importância para compreender as Reformas Protestantes.

No decorrer de toda a Idade Média, a Igreja Católica possuía um enorme

grau de intermédio nas questões políticas, econômicas e sociais,

principalmente devido ao grande número de terras que eram de posse da

mesma.

Por outro lado, a grande conquista de bens materiais da Igreja trouxe

também uma crise de valores e princípios. Começava-se a questionar a

hegemonia e os dogmas da Igreja, já que o comércio de relíquias sagradas, a

venda de títulos e indulgências eram algumas das negociatas praticadas pelos

representantes do clero.

O efeito das ideias do Renascimento na Europa trouxe consigo a criação

de organizações religiosas com uma variação na base da doutrina cristã, a

partir das Reformas Protestantes.

A Igreja Católica, então, estabeleceu um conjunto de medidas, a

chamada Contra-Reforma. O objetivo era atuar contra as novas doutrinas

religiosas e promover meios de reconquistar e expandir os fiéis do catolicismo.

Reformas Protestantes

Luteranismo

A reforma religiosa, ligada ao monge alemão Martinho Lutero (1483-

1546), era favorável a uma reforma moderada da Igreja.

Lutero baseava-se em dois pontos principais para construir sua doutrina:

a Salvação somente pela fé e não pelas práticas religiosas e a Inutilidade dos

Mediadores. O primeiro condenava, principalmente, a venda de indulgências

para a construção da Basílica de São Pedro e o segundo, defendia a quebra

com o papado e a confiança apenas em bispos protestantes e governantes

laios para defender as áreas Reformadas. Além destes, Martinho acreditava

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que o povo deveria ter acesso ao que era dito na Bíblia, devendo a mesma ser

traduzida e, as missas, celebradas na língua local.

Em 1517, o monge proclamou suas doutrinas, afixando-as na porta da

Igreja do Castelo de Wittenberg e rompendo com a Igreja Católica.

Repudiando as idéias de Lutero, o papa Leão X, em 1520, redigiu uma

carta ameaçando o monge de excomunhão. Foi então que, em 1521, o

imperador Carlos V convocou Lutero para um encontro chamado Dieta de

Espiro, em que seriam negadas suas idéias. Porém, durante o encontro, Lutero

somente reafirmou suas teses e foi considerado herege. Mesmo com a

oposição da Igreja, setores da nobreza alemã resolveram proteger Martinho

Lutero.

Lutero recebeu apoio e proteção de alguns setores da nobreza alemã e,

nesse período, traduziu a Bíblia do latim para o alemão e publicou a Confissão

de Augsburgo, que tinha como conteúdo as bases da doutrina luterana.

A nova religião estimulou diversas revoltas populares contra a Igreja

Católica, ocorrendo vários saques às igrejas e invasão de terras da mesma.

A assinatura da Paz de Augsburgo, em 1555, cessou os conflitos sociais

e regiosos. Nesse tratado, os príncipes alemães teriam o direito de adotar

qualquer ordem religiosa para seus reinos e súditos.

O luteranismo encontrou aceitação principalmente entre alemães e

escandinavos.

Calvinismo

A Suíça, país criado após desegregar-se do Império Romano-

Germânico, teve proximidade com o Luteranismo através do padre Ulrich

Zwinglio, que desencadeou uma série de revoltas civis, questionando o poder

vigente.

A prática do Zwinglianismo foi um início do que seria, mais tarde, criado

pelo francês João Calvino, que refugiou-se na Suiça após ser perseguido em

sua terra natal.

Calvino pretendia levar outro tipo de compreensão sobre as questões

abordadas por Martinho Lutero. O calvinismo tinha como ponto característico a

total rejeição do papado, da tradição da Igreja e de outras doutrinas.

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Apesar de ser considerada a mais radical das doutrinas da Reforma,

Calvino sabia, com suas ideias, atrair discípulos. A população de Genebra

submeteu-se à novos tipos de rotinas e disciplinas, que eram impostas pelo

Calvinismo.

Ao constituir uma nova lgreja, Calvino apresentava duas comissões: a

Venerável Companhia de Pastores e Doutores e o Consistório. A primeira, era

encarregada do magistério e a segunda, de cuidar da disciplina, aplicando

certos castigos e penas de morte se fosse necessário.

Calvino exerceu, até a sua morte, uma grande influência na Europa

Protestante, tendo sido denominado, já por seus contemporâneos, como "o

Papa protestante".

Os calvinistas se propagaram, principalmente, na metade ocidental da

cristandade, que levou as novas doutrinas para as terras recém descobertas no

oriente e no ocidente, principalmente para a América do Norte.

A "Igreja Reformada" restituiu como importante força econômica, social e

política, devido ao seu puritanismo e pelo espírito de conquista.

Anglicanismo

Aposto aos movimentos anteriores que surgiram na Europa, no século

XVI, o Anglicanismo se deu a partir de questões que envolviam alguns

assuntos convenientes à monarquia britânica.

Durante o reinado de Henrique VIII, as relações entre a monarquia e a

Igreja chegavam ao fim.

Receoso com a linha sucessória de sua dinastia, já que dos cinco filhos

que teve, apenar uma menina sobreviveu, Henrique VIII desejou casar-se

novamente, agora com Ana Bolena, à espera do nascimento de um herdeiro

homem.

Porém, o papa Clemente VII negou o pedido de anulação do casamento

do rei com Catarina de Aragão. Então, em 1534, o parlamento inglês aprovou o

Ato de Supremacia, que previa uma nova instituição religiosa e anulava os

poderes da Igreja Católica na Inglaterra.

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O Anglicanismo preservava os moldes hierárquicos e a adoração aos

santos católicos, modificando suas doutrinas e implantando alguns princípios

do Calvinismo.

As características desta nova Igreja incluía o poder do rei de nomear

cargos religiosos, sendo o representante religioso. A expropriação e a venda

dos feudos pertencentes aos indivíduos da classe eclesiástica católica

incentivaram a ampliação das atividades burguesas na Inglaterra.

Contra-Reforma

A Contra-Reforma não conseguiu, inteiramente, restaurar o poder e a

força que a Igreja Católica tinha durante o período medieval. Porém, conseguiu

conter, em partes, a expansão da religião protestante.

O movimento católico teve, como umas das primeiras decisões tomadas,

o restabelecimento do Tribunal do Santo Ofício, que atuou durante na Idade

Média com a abertura de processos de investigação a partir de denúncias

contra hereges e praticantes de bruxaria, com punições de pena de morte.

Além disso, durante o período em que papa Paulo III (1468 – 1549)

esteve no mandato, organizou-se o Concílio de Trento, importante evento da

história do catolicismo. O objetivo principal era granjear uma definição da Igreja

frente às religiões protestantes. Após debates, definiu-se a foi definida a

reafirmação dos dogmas católicos. Reprovaram a venda de indulgências e

incentivaram a criação de seminários teológicos e o celibato.

Uma das mais importantes decisões tomadas durante o Concílio de

Trento foi a criação do “Index”, obras literárias que não deveriam ser lidas pelos

católicos, como as traduções da Bíblia feita pelas religiões protestantes.

Criou-se também ordens religiosas, como a Companhia de Jesus, com o

objetivo de converter religiosamente outras culturas e povos.

Conclusão

A Reforma protestante trouxe consigo, para o século XVI, na Europa,

uma fragmentação do poder da Igreja Católica, o que foi de grande impacto

para a evolução da sociedade européia.

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Tendo como aliados o Renascimento, a invenção da imprensa e a

ascensão da burguesia, os protestantes faziam questionamentos à imposição,

aos dogmas e às práticas da Igreja Católicas, que até então eram seguidos

pelos fiéis.

Todos esses elementos, aliados a insatisfação da burguesia perante o

fato de a Igreja condenar o lucro e a acumulação de capital, algo que se

tornava impossível de ser evitado devido ao grande desenvolvimento

comercial, eclodiram a Reforma.

Esse movimento levou a Igreja a perder fiéis, além de abalar a crença

de outros. Com o objetivo de reverter essa situação e conquistar novos

adeptos, não só da Europa, mas de outras regiões, iniciou-se a Contra-

Reforma, que reafirmou os dogmas católicos, instituiu novas maneiras de

catequização e puniu aqueles que iam contra a religião.

Apesar de a Igreja Católica ter fortificado alguns de seus laços, a

Reforma Protestante trouxe à sociedade a consciência e o julgamento

individual. Com isso, houve um grande enfraquecimento político em diversas

regiões da Europa.

Ambos movimentos levaram o povo europeu a superar obstáculos à

expansão do capitalismo, na medida que novas doutrinas passaram a defender

uma vida e pensamentos diferentes para os europeus.

Além disso, houve a utilização da arte como ferramenta de persuasão da

Igreja Católica, com o intuito de impressionar fiéis, o que levou ao

desenvolvimento e aprimoramento de diversas técnicas. Também se modificou

a noção de tempo, que já tornava-se uma necessidade à burguesia.

Porém, deve-se considerar os danos causados pela Reforma e Contra-

Reforma. O desencadeamento de guerras religiosas e civis, segundo Adam

Watson, “foram a experiência mais prejudicial por que passou a civilização

européia”.

Por fim, é de grande importância compreender a Reforma Protestante e

a Contra-Reforma como marcos históricos da elevação do espírito individualista

da ruptura com a mentalidade coletivista medieval, tornando-se um

acontecimento absolutamente necessário para a formação da sociedade

moderna internacional.

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Bibliografia

MARQUES, Adhemar. Pelos Caminhos da História. Curitiba: Positivo, 2006.

WATSON, Adam. A evolução da sociedade internacional – uma análise

histórica comparativa. Brasília: Universidade de Brasília, 2004.

Brasil Escola. Disponível em <www.brasilescola.com>. Acessado em 30 de

maio de 2011.

Mundo Educação. Disponível em <www.mundoeducacao.com.br>. Acessado

em 30 de maio de 2011.