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cadernos pagu (36), janeiro-junho de 2011:25-46.
Reflexões e problemas da “transmissão”
intergeracional no feminismo brasileiro*
Eliane Gonçalves**
Joana Plaza Pinto***
Resumo
Este artigo parte de uma observação situada do presente e de
algumas indagações acerca das possibilidades e limites da
transmissão de um ideário – princípios, valores, metodologias,
saberes, etc. – através do tempo. O feminismo, enquanto um
movimento político coletivo, cujas demandas por reconhecimento
e legitimação pressupõem estratégias de formação contínuas,
enfrenta, de tempos em tempos, impasses que estão relacionados
à sua existência no presente e continuidade no futuro. O artigo
pretende problematizar conceitos e questões em torno do
“envelhecimento” das gerações que deram sustentação à política
feminista a partir da redemocratização, no Brasil, ao final dos anos
1970, constituindo, no País, o legado da chamada “segunda
onda”. Nossa perspectiva busca interrogar sobre os processos de
mudança social, contingentes e necessários a uma política de
“transmissão” e formação de novas gerações.
Palavras-chave: Transmissão Intergeracional, Movimento
Feminista, Mulheres, Brasil.
* Recebido para publicação em janeiro de 2011, aceito em março de 2011.
** Professora da Faculdade de Ciências Sociais/UFG e pesquisadora do SER-
TÃO Núcleo de Estudos e Pesquisas em gênero e sexualidade/UFG. Co-
fundadora e colaboradora permanente do Grupo Transas do Corpo.
*** Professora da Faculdade de Letras da UFG. Colaboradora do Grupo Transas
do Corpo desde 1993. [email protected]
“transmissão” intergeracional no feminismo brasileiro
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Reflections and Problems of Intergenerational “Transmission”
in Brazilian Feminism
Abstract
This article is based on an observation of the present and on some
questions about the possibilities and limits of the transmission of a
set of ideas – principles, values, methodologies, knowledge etc. –
over time. Feminism, as a political and collective movement,
which demands recognition and legitimacy, presumes strategies of
permanent formation, and is confronted from time to time, with
struggles that are related to its existence in the present and to its
continuity in the future. The article aims at questioning concepts
about the aging of the generations who gave support to feminist
politics during the Brazilian re-democratization process in the late
1970s, which constituted itself the heritage of the so called “second
wave”. Our perspective aims to interrogate processes of social
change, understood as contingent and also necessary, to a politics
of intergenerational transmission.
Key Words: Intergenerational Transmission, Feminist Movement,
Women, Brazil.
Eliane Gonçalves e Joana Plaza Pinto
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Apresentação
Cada mês do século XX contou tanto para a formação das
mulheres quanto todos os séculos anteriores deste milênio.
Fúlvia Rosemberg (1993)
Este artigo parte de uma observação situada do presente e
de algumas indagações acerca das possibilidades e limites da
transmissão de um ideário – princípios, valores, metodologias,
saberes, etc. – através do tempo. O feminismo, enquanto um
movimento político coletivo, cujas demandas por reconhecimento
e legitimação pressupõem estratégias de formação contínuas,
enfrenta, de tempos em tempos, impasses que estão relacionados
à sua existência no presente e continuidade no futuro.
O artigo pretende problematizar conceitos e questões em
torno do “envelhecimento” das gerações que deram sustentação à
política feminista a partir da redemocratização, no Brasil, ao final
dos anos 1970, constituindo, no País, o legado da chamada
“segunda onda”. A perspectiva adotada busca interrogar sobre os
processos de mudança social, contingentes e necessários a uma
política de “transmissão” e formação de novas gerações como o
pontuam Aikau, Erickson e Pierce (2007), e, de certo modo,
também Jean Pierre Terrail (2009). Aikau, Erickson e Pierce (2007)
argumentam que é a complexidade das diferentes experiências
locais que multiplicam os feminismos no espaço e no tempo, que
produzem vozes feministas numa articulação entre as experiências,
relações sociais, subjetividade e identidade coletiva. No contexto
dessa multiplicidade interseccionada por diferentes marcadores
identitários, tempos e espaços, a noção de “transmissão
intergeracional” oferece, a princípio, mais desafios que soluções,
dado o seu uso corrente em temáticas associadas à psicologia,
biologia e sucessão familiar, muito atado à noção de idade e de
herança. Nós o utilizaremos enquanto não dispusermos de uma
ferramenta conceitual mais apropriada, se é que ela existe. Talvez
“transmissão” intergeracional no feminismo brasileiro
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precise mesmo ser inventada. Vale dizer, ainda, que somos, antes
de tudo, estudiosas e ativistas feministas, enfrentando o problema
da passagem do tempo e do esvaziamento do “ninho” de nossas
organizações e grupos, despertas pela urgência de transformar
nossa própria inquietação em objeto de investigação. A questão
geracional nem sempre foi uma obviedade e por sua
complexidade, requer um fôlego teórico que, todavia, não é
possível neste artigo de caráter exploratório.1
Essa dimensão do feminismo, que podemos assinalar como
“geracional”, tem sido provocada no interior do movimento pela
intervenção de alguns segmentos jovens que reivindicam voz e
presença nos espaços constituídos. No entanto, o fato de se
insinuar uma nova força política denominada “jovens feministas”
não é suficiente para compreender se, e como, o movimento
feminista brasileiro está sendo bem sucedido em sua ambição de
continuidade, se é que se pode pensar a importância, para
qualquer movimento social, de se ter estratégias de “transmissão”
de seu ideário, incluindo-se suas formas de ação ou metodologias.
Tendo em conta que esta tarefa não se realiza espontaneamente,
mas nos processos de socialização,
faz-se necessário, então, um trabalho sistemático de
socialização que garanta, de uma geração a outra, a
preparação dos “cidadãos requeridos” para configurações
sociais específicas. Portanto, essa perspectiva atribuiu um
papel de destaque, no interior das relações intergeracionais,
para a dimensão educativa ou socializadora (Tomizaki,
2010:322).
Cabe ressaltar que, atualmente, no Brasil, os estudos
feministas que incorporam a categoria geração o fazem,
sobretudo, em sua articulação com gênero e outros marcadores de
1 Para explorar tentativas de recuperação histórica do feminismo brasileiro, cf.
Soares (1994); Sarti (2004); Pinto (2003; 2010); Manini (1995/96); Pedro
(2006); dentre outras.
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diferença e, nesse sentido, podemos vislumbrar, correndo sempre
o risco da imprecisão, três eixos predominantes - os que se voltam
para o tema do envelhecimento e as discussões sobre o curso da
vida, eixo no qual se destacam várias produções já consolidadas
de Guita Grin Debert, Alda Brito da Mota e Myrian Lins de Barros;
estudos mais recentes que focalizam a juventude ou o
protagonismo jovem, tais como as dissertações de Júlia Zanetti
(2009) e Érica Isabel Melo (2008) e os que analisam a transmissão
intergeracional do ponto de vista do legado do feminismo, seja
analisando a sucessão das gerações na família ou biografias
individuais (Machado e Lins de Barros, 2009; Machado, 2002), seja
interrogando sobre o impacto do feminismo nas gerações
presentes e o futuro do movimento (Moraes, 2003; Rago, 1996).
Contribuições oriundas da reflexão das próprias protagonistas do
movimento de “jovens feministas” começam a despontar em
matérias jornalísticas, blogs e livros como os de Fernanda Papa e
Raquel Souza (2009).
Compreender este cenário requer conhecer algumas
características do feminismo enquanto um movimento político
coletivo, internacional, não unívoco e multifacetado, e elaborar
perguntas capazes de nortear uma análise do contexto brasileiro.
Das muitas e valiosas definições do feminismo presentes na
sua volumosa produção, seguimos a Dominique Fougeryrollas-
Schwebel (2002), que afirma que a luta feminista se apóia no
reconhecimento de que as mulheres são oprimidas específica e
sistematicamente e que essa opressão não está inscrita na
natureza, colocando a possibilidade política de sua transformação.
Ou, ainda, nas palavras de Mary Dietz:
O Feminismo é um movimento político e social, local e
global, historicamente constituído com uma proposta
emancipatória e um conteúdo normativo. Ele afirma um
sujeito (mulheres), identifica um problema (a sujeição e
objetificação das mulheres através de relações marcadas
pelo gênero), e expressa vários objetivos (...) em nome de
princípios específicos: igualdade, direitos, liberdade,
“transmissão” intergeracional no feminismo brasileiro
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autonomia, dignidade, auto-realização, reconhecimento,
respeito, justiça (Dietz, 2003:399).
Nas periodizações mais frequentes, o feminismo costuma ser
dividido em três ondas ou “gerações”. A primeira onda, que vai
do final do século XIX ao fim da Segunda Guerra Mundial,
quando o movimento experimenta um refluxo após as conquistas
do direito ao voto em diversos países, inclusive o Brasil2
, entre
outras conquistas no campo legal. A segunda onda se inicia no
final dos anos 1960, no rol dos movimentos de contracultura,
quando, de fato, se produz uma tentativa de teorizar a opressão
da mulher (Pinto, 2003; Rupp, 2002; Gonçalves, 2007). A partir dos
anos 1980, emergem as teorias críticas à segunda onda e a
categoria unificadora “mulher” perde terreno para a categoria
gênero, demarcando fronteiras de classe, raça, sexualidade e
localidade (Piscitelli, 2002; Simpson, 2005). Esta última fase
constituiria uma imprecisa “terceira onda”, que oscila desde a
emergência das teorias de gênero, para algumas, ao chamado
“pós-feminismo”, para outras.
Apesar de ser uma periodização artificial, de certo modo
linear, ela é recorrentemente reproduzida em publicações
feministas. Clare Hemmings (2009) e Joana Maria Pedro (2006),
entre outras, criticam o caráter reprodutivista comum nas
publicações feministas sobre tais periodizações.3
Hemmings (2009)
oferece um útil contraponto ao caráter “etnocêntrico” anglo-
americano presente em narrativas como estas. Para a autora, é
como se o feminismo radical dos anos 1970 ignorasse a
diversidade no movimento e somente as teóricas feministas pós-
estruturalistas a tivessem denunciado. Jane Gallop (1997) enfatiza
que parte dessa crítica das teóricas feministas pós-estruturalistas
2 No Brasil, o refluxo ocorre um pouco antes, com o início da ditadura de
Getúlio Vargas em 1937 (Pinto, 2003 e 2010).
3 Para uma reconstituição das “ondas” no Brasil com ênfase na literatura
feminista, ver Constância Lima Duarte (2003).
Eliane Gonçalves e Joana Plaza Pinto
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aos “fetiches essencialistas” da categoria “mulher” de suas
predecessoras obscurece os contextos e, portanto, os momentos
históricos, essencializando a categoria “feminista dos anos 1970”:
“Não somente „mulher‟ não é um universal atemporal, mas nem
as feministas o são: não podemos ser eternamente atualizadas”
(Gallop, 1997:17). Como aponta a autora, as críticas devem levar
em conta “os diferentes momentos de linguagem” a que cada
época oferece ao feminismo.
Assim, percebemos que a periodização em ondas, como
qualquer outra, é problemática e remete a tensões e relações de
poder. Aikau, Erickson e Pierce (2007) oferecem uma adoção
crítica desta divisão. As autoras colocam perguntas fundamentais:
são as famosas ondas suficientes para explicar as diferenças de
tempo no feminismo do século XX? Como entender as
aproximações e divergências entre grupos que experimentaram
diferentes contextos históricos ainda que os mesmos lugares
geopolíticos? Elas argumentam que o binarismo entre a segunda e
terceira ondas na historiografia feminista obscurece a
multiplicidade de distintas gerações feministas em várias
disciplinas e instituições em momentos históricos distintos. O
mesmo pensamento feminista tem uma distribuição desigual em
diferentes espaços. Explicitamente contra metáforas familiares
para descrever o relacionamento de transmissão geracional, as
autoras preferem tomar a metáfora das ondas a sério, pois esta
metáfora oferece fluidez e movimento para as análises, ampliando
o senso de transmissão fixo. Essas ideias ajudam a adicionar nova
perspectiva e admitir as heranças múltiplas feministas em disputa.
Como dito anteriormente, já há algum tempo os
movimentos feministas vêm incorporando a geração como
marcador socialmente relevante, tanto para problematizar o
envelhecimento quanto o rejuvenescimento. De um lado, esta
problematização se dá no terreno acadêmico, na formulação de
análises que levam em conta a marca da geração nas análises
sobre fenômenos diversos – transição demográfica, novas formas
e modos de vida, sexualidades etc. – e de outro, ela se dá no
“transmissão” intergeracional no feminismo brasileiro
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terreno da prática política ou da militância, na emergência de
agentes que reivindicam espaço próprio e voz no interior do
movimento feminista. Esta perspectiva é retomada adiante. Antes,
porém, é necessário recuperar brevemente algumas contribuições
da chamada "segunda onda" para a prática feminista que teve
incidência no Brasil.
O feminismo da segunda onda se popularizou pela
estratégia dos grupos de reflexão (consciousness raising groups)
cuja característica mais marcante é a ausência de uma estrutura
hierárquica ou mesmo formal que invista de especial autoridade
ou legitimidade qualquer de suas integrantes. Partindo da
proposta de formação coletiva caracterizada pela horizontalidade,
as feministas, sobretudo dos EUA, inspiraram outros grupos e
organizações em várias partes do mundo ocidental, incluindo a
América Latina e o Brasil. Dando ampla centralidade às
discussões consideradas privadas, mulheres (descritas geralmente
como brancas, intelectualizadas, de classe média) inventaram
slogans ao mesmo tempo inovadores e desestabilizadores da
ordem. Muitas de suas questões remetiam a situações que as
outras formas de organização política não enfrentavam.
Assumindo que esta metodologia possuía um potencial
transformador e não apenas terapêutico como diziam seus críticos
(Grant, 1993), essas feministas da segunda onda produziram
conceitos e formas coletivas de organização baseadas na noção de
sororidade ou irmandade feminina (Hooks, 1995).
Através de seus slogans - “nosso corpo nos pertence”, “o
pessoal é político” –, enfatizando que a opressão das mulheres é
decorrente de sistemas múltiplos de dominação masculina, o
ideário feminista foi se disseminando, sobretudo nas camadas
médias intelectualizadas, entre as feministas brasileiras,
fornecendo sua metodologia (Alves e Pitangui, 1981; Franchetto et
alii, 1981; Gonçalves, 1999 e 2007). No bojo das teorizações e do
desenvolvimento de uma metodologia de ação, é possível
vislumbrar aproximações e distanciamentos entre as “correntes”
Eliane Gonçalves e Joana Plaza Pinto
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do feminismo4
no que se refere às estratégias em termos de
alianças políticas para conduzir à mudança social, à localização do
“inimigo comum”, às palavras de ordem e às formas de
organização (Chinchilla, 1982), estabelecendo prioridade para os
espaços institucionais formais (no governo, nas universidades) ou
nos grupos informais, marcando sua autonomia.
Diferentemente de outros espaços de organização nos
movimentos sociais, o movimento feminista privilegiou uma
metodologia que considera a distribuição horizontal de saber e
poder entre suas integrantes. Taciana Gouveia observa, a respeito
da experiência de transmissão geracional no SOS Corpo – Instituto
Feminista para a Democracia (uma das mais antigas organizações
feministas brasileiras, ainda atuante) –, que essa distribuição
horizontal é fundamental para a transmissão:
os princípios da horizontalidade, igualdade e autonomia
que orientam a prática feminista fazem com que cada
reunião interna, encontros, seminários, atos públicos, ações
de articulação política sejam espaços de imensa e intensa
transmissão geracional (Gouveia, 2001:277).
Isso é válido não apenas para as organizações estruturadas,
como também para os espaços de decisão do movimento (fóruns
e encontros). Assim, rompendo com as formas tradicionais de
organização verticalizada, o feminismo se constrói com base na
participação efetiva de suas militantes. No Brasil, até os anos 1990,
o principal espaço para o debate coletivo eram os encontros
feministas nacionais (anuais e, depois, bienais) e latinoamericanos
(bienais). Posteriormente, tomaram forma as redes e fóruns locais
e regionais, fortalecendo a organização política e dando maior
efetividade às campanhas e agendas do movimento. O feminismo
se capilariza em diversos formatos e tendências, ampliando
consideravelmente a participação de mulheres de classes
4 Estamos nos referindo aqui à clássica divisão entre feministas liberais, radicais,
marxistas/socialistas, característica de narrativas sobre a segunda onda.
“transmissão” intergeracional no feminismo brasileiro
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populares que preferem a alcunha "movimento de mulheres" a
movimento feminista (Alvarez, 2004; Soares, 1994).
As redes e fóruns que emergem no Brasil, sobretudo a partir
dos anos 20005
, vinculadas explicitamente a um marcador de
identidade política – raça, geração, sexualidade e classe – ou
pretendendo realizar na prática a articulação desses marcadores,
ao mesmo tempo em que parecem confirmar certa desilusão com
a fictícia identidade ou irmandade que ligava as mulheres por uma
mesma opressão, plasmada no ideário feminista dos anos 1970,
não a rejeitam. Isso pode sugerir que um princípio amplo de
“igualdade na diferença” tende a dar sustentação às lutas práticas
em favor das mulheres. Como novas organizações no movimento,
muitas não dispõem de estrutura formal e se abrigam virtual e
fisicamente em espaços já consolidados por outras organizações,
oferecendo de imediato um vislumbre sobre acesso desigual a
recursos. Ou, quem sabe, o uso compartilhado de espaços tanto
físicos quanto virtuais (os sítios na Internet) possa refletir uma
estratégia em tempos de escassez de recursos para todas as
organizações feministas ao redor do mundo (Awid, 2007).
Outra face igualmente importante do feminismo brasileiro se
constrói na academia, muitas vezes de forma híbrida, com ativistas
que principiaram nos coletivos informais dos anos 1970 e
seguiram carreiras profissionais nas universidades, sendo pioneiras
na constituição de núcleos de estudos e pesquisas em anos
subsequentes, além de destacado papel na docência (Corrêa,
2001). Judith Stacey (2000:1190) considera o feminismo
acadêmico “esta criança muito desejada e nutrida do ativismo
popular da „segunda onda‟”. Seria interessante indagar se, e
5 Além dos fóruns locais e regionais presentes praticamente em todos os estados
brasileiros e da Articulação de Mulheres Brasileiras, criada em 1994, algumas
redes feministas que articulam raça, geração, classe e orientação sexual foram
criadas a partir de 2000: Articulação de mulheres negras brasileiras (2000), Liga
brasileira de lésbicas (2000), Marcha mundial de mulheres (2000), Articulação
brasileira de jovens feministas (2004), Articulação de negras jovens feministas
(2009).
Eliane Gonçalves e Joana Plaza Pinto
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como, ensino, pesquisa e extensão – o tripé acadêmico clássico –
se constituem em espaços ou estratégias privilegiadas de
transmissão intergeracional no feminismo brasileiro.
Gênero, geração, política feminista
Cresce, na atualidade, sobretudo nos grandes centros
urbanos de países do Norte, uma tendência a considerar o
feminismo como um movimento “datado” cujas premissas não
seriam mais relevantes, deixando a cargo das novas gerações a
redefinição de seus marcos teóricos de referência, situando-o na
contemporaneidade como “pós- feminismo” (Macrobbie, 2006). O
sufixo “pós” englobaria, no caso, tanto a negação quanto sua
superação, dando a entender que o ideário feminista não
encontraria mais lugar nas gerações do presente. Afirmação
facilmente contestável a partir de contextos particulares nos quais
as desigualdades se sobrepõem (Gonçalves, 2007; Knudsen, 2010).
Sintetizando e enfatizando esta posição sobre a persistência das
desigualdades de gênero e a consequente relevância do
feminismo, em entrevista a Patricia Kudsen (2010:162), Judith
Butler afirma:
Suponho que, para algumas pessoas muito estabelecidas e
economicamente seguras, o feminismo já não é tão forte, já
não é mais um atrativo, porque elas podem muito bem ser
mulheres que hoje ocupam postos de poder e privilégio, ou
de segurança econômica, mas isso, com certeza, não é
verdade globalmente. Se a gente olha para diferentes níveis
de pobreza, diferentes níveis de escolaridade, vê que o
sofrimento das mulheres é incomensurável.
No Brasil, essa discussão emerge com força no senso
comum, facilmente localizável em matérias jornalísticas de ampla
circulação. É necessário, ainda, enfatizar que a “morte do
feminismo” (Hawkessworh, 2006) é decretada por homens e
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mulheres – e por razões distintas – que, no presente, encontraram
os caminhos abertos por aquelas que de forma mais ou menos
solitária enfrentaram a constituição de um movimento.
As jovens feministas brasileiras, de acordo com as recentes
pesquisas com alguns segmentos (Zanetti, 2009, Melo, 2008), não
recusam os princípios ou bandeiras feministas em si – até porque
muitas delas ainda nem foram conquistadas, como é o caso do
direito ao aborto legal e seguro –, mas recusam certa forma de
organização política, pouco sensível à mudança geracional.
A Articulação Brasileira de Jovens Feministas, marcando
uma crítica à dominância das mulheres “adultas” no movimento,
se define como uma rede
constituída por mulheres jovens independentes, de
organizações e movimentos: negras, lésbicas, indígenas,
quilombolas, rurais, da periferia, sindicalistas e de
populações tradicionais e provenientes de diferentes regiões
do Brasil. Tem um caráter democrático, suprapartidário,
anti-capitalista, anti-racista, anti-patriarcal, anti-lesbofóbico,
não sexista, não adultocêntrica, não confessional, não
hierárquico e não governamental.6
É interessante que essa clivagem de geração se dê no
interior do movimento feminista, justamente por se mostrar
historicamente preocupado com as exclusões. Alda Brito da Mota
afirma que o feminismo colocou pioneiramente a relação
problemática entre gênero e classe e em suas reescritas críticas
colocou a necessidade de articulação entre categorias de
diferença, mostrando mais uma vez a importância de se pensar
em mulheres como uma categoria plural. Para a autora, o
feminismo
vem fazendo isto segundo condições presentes na sucessão
do tempo social, em trajetórias teóricas que derivam da
6 Disponível em http://jovensfeministasdesp.blogspot.com [acesso em
23/02/2011].
Eliane Gonçalves e Joana Plaza Pinto
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dinâmica da sociedade, e que têm revertido em reflexão e
ação sobre a própria trajetória do Movimento, que se veio
rendendo às evidências do que o mantém coeso e do que
tende a segmentá-lo, e pelo menos as discute” (Brito da
Mota, 2000:s/p.).
Como salienta Celiberti (2009:153),
as relações entre adultos e jovens sempre pressupõem certo
grau de conflito, mas o conflito não é, de modo algum, o
lugar indesejável que nos ensinaram; ao contrário, é um
espaço de trocas, de renovação do olhar, de reformulações
e revisões.
Nem sempre, todavia, essa retroalimentação, essa possibilidade de
produzir a crítica e se deixar afetar pela crítica do outro
corresponde às práticas correntes. Olhar as relações
intergeracionais do ponto de vista das continuidades e
descontinuidades de um movimento – suas crises, avanços e
superações - permite compreender como as subjetividades em um
campo de ação são permanentemente construídas. A preocupação
é bem caracterizada pela autora:
O feminismo abriu a possibilidade de que nós, mulheres,
construamo-nos como sujeitos políticos, construtoras de
nossa própria trajetória e, dessa perspectiva, abriu também
o campo para a diversidade e a pluralidade. Contudo, a
gestão dessas diversidades, muitas vezes, colocou o
movimento como um elemento paralisante, ou ao menos
infecundo, no sentido de motivar o debate de ideias, a
confrontação intelectual, o enriquecimento teórico e
político. Ao discutir com uma jovem, corro o risco de ser
acusada de adultocêntrica; se uma jovem discorda de mim,
talvez não consiga me separar do todo e coloque todas as
“velhas” feministas no mesmo saco. Então, aqueles
caminhos, que abrimos e que representaram rupturas
epistemológicas significativas, voltam a fechar-se em nossa
“transmissão” intergeracional no feminismo brasileiro
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prática política. A diversidade não é o espaço despolitizado
para que cada um seja como quiser neste mundo
consumista e mercantilista. Mas também não é a caça às
bruxas do politicamente correto. Reconhecer a
singularidade de cada uma – jovem, negra, lésbica,
trabalhadora rural, operária e todas as infinitas
combinações possíveis entre qualquer uma destas
categorias nômades – significa, para mim, saber que cada
uma vai me desafiar a olhar por um ângulo que eu não
vejo e que, ao considerar esse ponto de vista, mudo
totalmente a minha perspectiva. Mas é claro que também
espero e desejo reciprocidade nesse intercâmbio (Celiberti,
2009:153).
Para algumas jovens feministas o problema que se coloca é
de assimetria, de acesso diferenciado a poder, de falta de
legitimação de suas falas. Inspirada em Pierre Bourdieu, Zaneti
traduz bem a questão da assimetria em termos de poder e capital
simbólico, no confronto entre as gerações de feministas, confronto
que se expressa pelo sentido de “herdeiras” de um legado,
condição que se alteraria apenas em face da ausência das
“feministas históricas” (Zaneti, 2009:40), ou seja, sua morte ou
afastamento definitivo.
Esta mesma compreensão encontra-se na dissertação de
Érica Melo (2008) que, apoiada no texto clássico da sociologia de
Karl Mannhein, compreende que a geração está inserida na
dinâmica da transmissão do acervo cultural, ou seja:
a herança e a criação cultural está sujeita ao surgimento de
novos participantes e desaparecimento de antigos. A
geração ainda está ligada ao ritmo de mudança social e é
nesse ponto que se encontra a importância da juventude,
pois o estilo geracional é engendrado nessa fase. É nesse
momento que as pessoas refletem e questionam as
informações recebidas, que os problemas se localizam num
“presente” e são experimentados enquanto tais (Melo,
2008:73).
Eliane Gonçalves e Joana Plaza Pinto
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Formulamos esta discussão para os movimentos feministas,
mas ela se aplica a qualquer movimento social contemporâneo.
Referindo-se ao Partido dos Trabalhadores, Fernanda Estima
(2010) afirma que a geração jovem que deseja ser protagonista
agora estava na infância ou nem havia nascido nos anos 1980 e
suas aspirações certamente diferem dos sonhos e aspirações de
seus “pais”.
Drica Madeira, ligada ao Partido Comunista do Brasil, no
Rio de Janeiro, referindo-se especificamente ao feminismo numa
entrevista, denuncia o envelhecimento ou enrijecimento do
movimento, tomando por base não apenas o quesito geracional,
mas também, ideológico e metodológico:
Em minha opinião, no Brasil existe um vácuo geracional
entre as feministas e como conseqüência um vazio temporal
nas suas formulações. Vai desde as áreas de concentração
de estudo até o que deve ou não ser incorporado
teoricamente ou mesmo conceitualmente às nossas
concepções. Do ponto de vista da prática política então, é
uma distância enorme. Os velhos modelos ainda
hegemônicos afastam as novas gerações de mulheres, o
movimento embrutecido e burocratizado não deita raízes na
vida real das brasileiras, não interessa mais (Madeira,
2010:2).
É difícil caracterizar essa parcela do movimento em termos
apenas etários uma vez que a idade máxima oscila em torno dos
25-30 anos e não é um medidor “sensível”, já que muitas
lideranças permanecem nas articulações mesmo depois de
completarem os 30 anos. Ao que parece, a formação de uma
vertente jovem no feminismo advém mais de reformulações
dentro do próprio feminismo, com a problematização da categoria
unificadora “mulher”, do que por novas demandas resultantes de
novas relações marcadas por gênero e geração. A agenda política
feminista, afinal, não mudou tanto nos últimos 20 ou 30 anos –
salário igual para trabalho igual, maternidade voluntária, acesso à
“transmissão” intergeracional no feminismo brasileiro
40
saúde sexual e reprodutiva, incluindo aborto legal, seguro e
gratuito, combate à violência contra a mulher, autonomia sexual e
controle sobre o próprio corpo, para mencionar apenas alguns
itens. Então, o que se coloca, ao que parece, é, de um lado, a
relação marcada pelo silenciamento ou invisibilização de alguns
sujeitos do feminismo e, dentre estes, as jovens; e, de outro lado, a
hegemonia de sujeitos adultos, as “feministas históricas”, às vezes
apresentadas de forma caricata como “fósseis”, “dinossauras”,
“pré-históricas”.7
A ênfase concedida à emergência de um debate geracional
no interior do feminismo brasileiro não pretende reificar a questão
da idade, porque processos de “transmissão” ultrapassam o
enfoque intergeracional apenas enquanto “sucessão”. Gouveia
(2001:277) aponta esta contradição ao confrontar a ideia de que
“transmissão geracional é um processo [que] geralmente está
associado à questão da ocupação de lugares de poder”, e propõe
que vejamos a transmissão geracional como operando “na
formação e na construção do conhecimento, mesmo que de um
modo informal ou sem estratégias e objetivos muito claros”.
Recusando a polaridade simples entre a cultura e a natureza do
par idade/geração, Brito da Mota (2000:s/p) alerta:
Na discussão mais recente sobre categorias relacionais e
construções culturais, quando se vai até as idades, tem-se
sugerido a equivalência do par de conceitos idade/geração
com outros pares já mais trabalhados teoricamente: geração
estaria para idade como gênero está para sexo e etnia para
raça. Isto é, ter-se-ia uma elaboração de ordem cultural ou
simbólica sobre o seu correspondente par biológico. Reluto,
diante desse dualismo tão simples. O “biológico” idade,
referente ao tempo “natural”, não é também de inscrição
tão subjetiva nos indivíduos e nos grupos, no seu
7 Rose Marie Muraro prefere se autodefinir como “pré-arcaica”. Cf.: Folha de S.
Paulo, Cotidiano, 08 mar. 2011. Entrevista a Eleonora de Lucena.
Eliane Gonçalves e Joana Plaza Pinto
41
desconstruir-se/(re) construir-se anual, ao sabor das
representações culturais de cada grupo?
Para o feminismo, é necessária essa diferenciação, de que
geração não se confunde com idade, pois, se pensarmos em
termos de socialização, é fácil chegar à conclusão de que muitas
mulheres se tornam feministas ou adquirem uma consciência
feminista depois de experimentar várias situações no curso da
vida: casamento, maternidade, sexualidade, trabalho formal etc.,
todas elas referidas necessariamente a uma condição de classe, a
um pertencimento étnico e racial, a uma orientação sexual, a uma
determinada localidade e assim por diante. Assim, se a
transmissão intergeracional é “uma via de mão dupla, onde as
diferentes temporalidades interagem continuamente” (Gouveia,
2001:276), pensar a transmissão intergeracional no feminismo
brasileiro nos remete necessariamente à questão: num tempo de
ativismo historicamente determinado, todas nós fomos ou nos
sentimos jovens? A resposta implicaria pensar a pergunta
relacionalmente, revendo percursos, revisitando memórias. Talvez
seja preciso pensar no que o feminismo brasileiro “envelheceu” e
o quanto de sua agenda carece de renovação, tendo tanto o que
dizer como o que ouvir das diferentes “idades”. Eis aí um bom
propósito para começar a investigar a problemática de uma
perspectiva “de dentro”, situada e interessada.
Cremos que essas reflexões iniciais de agora para frente só
poderiam ser ampliadas mediante um cuidadoso trabalho
empírico, no qual aportes de sujeitos mais e menos jovens do
feminismo brasileiro permitissem o cruzamento necessário para
uma análise de suas narrativas. Estaríamos vendo nascer uma
“quarta onda” (Matos, 2010)? No que ela se fundamenta? Que
relações e alianças ela estabelece? Caso fosse assim caracterizada,
seria possível retratá-la, no futuro, tal como hoje olhamos as fotos
de arquivo das feministas sufragistas ou as “radicais” de final dos
anos 1960?
“transmissão” intergeracional no feminismo brasileiro
42
De nossa parte, esperamos contribuir, através da pesquisa
“Estratégias de transmissão intergeracional no feminismo
brasileiro”, com análises que devem necessariamente ter em conta
nossa experiência no movimento – a criação do Grupo Transas do
Corpo8
há 24 anos – e nossos esforços também na academia.
Por fim, em todo caso, conhecer, nos limites daquilo que
estamos tratando aqui, remete àquilo que está publicado e, para o
mundo acadêmico, publicado em revistas especializadas. Não
podemos ignorar a distância que separa jovens feministas –
brancas, negras, lésbicas, índias... – mesmo letradas, de suas
“irmãs” adultas versadas nas linguagens das publicações oficiais.
Daí a razão pela qual, em um artigo introdutório como este,
nossas citações denunciam nosso próprio “adultocentrismo” de
linhagem academicista.
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