Ramatis 42 O Truinfo Do Mestre 2011 Jys

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Ramatís e Pai ToméO TRIUNFO DO MESTREÉ característica de Ramatís, mentor sideral que impulsiona a evolução do planeta Terra, esclarecer o que ninguém ensinou e dizer o que ninguém disse. Suas obras propõem um novo patamar evolutivo, e colocam luz nos recantos "desagradáveis" da experiência humana, mostrando o avesso e o lado oculto do óbvio. Este novo texto disseca corajosamente uma prática que ainda resta como herança dos velhos cultos da primeira infância da humanidade: os sacrifícios animais em ritos de religiosidade e trocas interesseiras com o mundo oculto.Com a precisão que lhe é peculiar, Ramatís mostra o que realmente está por trás dos bastidores desse universo sanguinolento -uma rede de dominação e usufruto de energias vitais que mantém a inferioridade planetária em alta, patrocinando obsessões, violência e desregramentos diversos. Desvenda ainda, com ineditismo, o processo psicológico pelo qual Jesus promoveu a substituição dos velhos ritos de sacrifício do Velho Testamento pela sua imolação propiciatória, anulando a suposta "necessidade" deles. Acrescenta o depoimento de um mago das sombras, comandante de uma rede de oferendas animais, que ilustra perfeitamente a matéria. E inclui uma análise das seitas neopentecostais que propõem o escambo interesseiro com a Divindade, com o sacrifício financeiro dos humanos objetivando auferir dividendos materiais.O Triunfo do Mestre é o livro que faltava para iluminar os desvãos desse universo ainda mal compreendido; imprescindível para estudiosos de todos os matizes espiritualistas.

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É característica de Ramatís, mentor sideral que impulsiona a evolução do planeta Terra, esclarecer o que ninguém ensinou e dizer o que ninguém disse. Suas obras propõem um novo patamar evolutivo, e colocam luz nos recantos "desagradáveis" da experiência humana, mostrando o avesso e o lado oculto do óbvio. Este novo texto disseca corajosamente uma prática que ainda resta como herança dos velhos cultos da primeira infância da humanidade: os sacrifícios animais em ritos de religiosidade e trocas interesseiras com o mundo oculto.

Com a precisão que lhe é peculiar, Ramatís mostra o que realmente está por trás dos bastidores desse universo sanguinolento -uma rede de dominação e usufruto de energias vitais que mantém a inferioridade planetária em alta, patrocinando obsessões, violência e desregramentos diversos. Desvenda ainda, com ineditismo, o processo psicológico pelo qual Jesus promoveu a substituição dos velhos ritos de sacrifício do Velho Testamento pela sua imolação propiciatória, anulando a suposta "necessidade" deles. Acrescenta o depoimento de um mago das sombras, comandante de uma rede de oferendas animais, que ilustra perfeitamente a matéria. E inclui uma análise das seitas neopentecostais que propõem o escambo interesseiro com a Divindade, com o sacrifício financeiro dos humanos objetivando auferir dividendos materiais.

O Triunfo do Mestre é o livro que faltava para iluminar os desvãos desse universo ainda mal compreendido; imprescindível para estudiosos de todos os matizes espiritualistas.

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Norberto Peixoto nasceu em Porto Lu-cena, estado do Rio Grande do Sul, no ano de 1963. Ainda criança, viu-se diante do mediunismo por intermédio de seus pais, ativos trabalhadores umbandistas. Sendo filho de militar, residiu no Rio de Janeiro até o final de sua adolescência, onde teve a oportunidade de ser iniciado na umbanda, já aos sete anos de idade. Aos onze, deparou-se com a mediunidade aflorada, presenciando desdobramentos astrais noturnos com clarividência. Aos vinte e oito, foi iniciado na Maçonaria, oportunidade em que teve acesso aos conhecimentos espiritualistas, ocultos e esotéricos desta rica filosofia mul-timilenar e universalista, que somente são propiciados pela frequência regular em Loja Maçónica estabelecida. Em 2000 concluiu sua educação mediúnica sob a égide kar-dequiana, e atualmente desempenha tarefas como médium trabalhador na Choupana do Caboclo Pery, em Porto Alegre, casa um-bandista em que é presidente-fundador.

Este nono livro, Mediunidade e Sacerdócio, redigido de seu próprio punho por inspiração de Ramatís e demais mentores espirituais que o acompanham, é um guia de estudos esclarecedor, principalmente para médiuns que desejam ampliar seus conhecimentos a fim de melhor praticar a caridade.

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Ramatís e Pai Tomé

O TRIUNFO DO MESTRE

Obra mediúnica psicografada por Norberto Peixoto

Auxiliando a humanidade a encontrar a Verdade.

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Ramatís

Como o interno, assim é o externo; como o grande, assim é o pequeno; como é acima, assim é embaixo: só existe uma vida e uma lei e o que atua é único. Nada é interno, nada é externo; nada é grande, nada é pequeno; nada é alto, nada é baixo na economia divina.

Axioma hermético

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OBRAS DE RAMATIS .

1. A vida no planeta Marte Hercílio Mães 1955 Ramatis Freitas Bastos 2. Mensagens do astral Hercílio Mães 1956 Ramatis Conhecimento3. A vida alem da sepultura Hercílio Mães 1957 Ramatis Conhecimento4. A sobrevivência do Espírito Hercílio Mães 1958 Ramatis Conhecimento5. Fisiologia da alma Hercílio Mães 1959 Ramatis Conhecimento6. Mediunismo Hercílio Mães 1960 Ramatis Conhecimento7. Mediunidade de cura Hercílio Mães 1963 Ramatis Conhecimento 8. O sublime peregrino Hercílio Mães 1964 Ramatis Conhecimento 9. Elucidações do além Hercílio Mães 1964 Ramatis Conhecimento 10. A missão do espiritismo Hercílio Mães 1967 Ramatis Conhecimento11. Magia da redenção Hercílio Mães 1967 Ramatis Conhecimento12. A vida humana e o espírito imortal Hercílio Mães 1970 Ramatis Conhecimento13. O evangelho a luz do cosmo Hercílio Mães 1974 Ramatis Conhecimento14. Sob a luz do espiritismo Hercílio Mães 1999 Ramatis Conhecimento

15. Mensagens do grande coração America Paoliello Marques 1962 Ramatis Conhecimento16. Brasil, terra de promissão America Paoliello Marques 1973 Ramatis Freitas Bastos 17. Jesus e a Jerusalém renovada America Paoliello Marques 1980 Ramatis Freitas Bastos 18. Evangelho, psicologia, ioga America Paoliello Marques 1985 Ramatis etc Freitas Bastos 19. Viagem em torno do Eu America Paoliello Marques 2006 Ramatis Holus

Publicações

20. Momentos de reflexão vol 1 Maria Margarida Liguori 1990 Ramatis Freitas Bastos 21. Momentos de reflexão vol 2 Maria Margarida Liguori 1993 Ramatis Freitas Bastos 22. Momentos de reflexão vol 3 Maria Margarida Liguori 1995 Ramatis Freitas Bastos 23. O homem e o planeta terra Maria Margarida Liguori 1999 Ramatis Conhecimento24. O despertar da consciência Maria Margarida Liguori 2000 Ramatis Conhecimento25. Jornada de Luz Maria Margarida Liguori 2001 Ramatis Freitas Bastos 26. Em busca da Luz Interior Maria Margarida Liguori 2001 Ramatis Conhecimento

27. Gotas de Luz Beatriz Bergamo1996 Ramatis Série Elucidações

28. As flores do oriente Marcio Godinho 2000 Ramatis Conhecimento29. O Universo Humano Marcio Godinho 2001 Ramatis Holus30. Resgate nos Umbrais Marcio Godinho 2006 Ramatis Internet31. Travessia para a Vida Marcio Godinho 2007 Ramatis Internet

32. O Astro Intruso Hur Than De Shidha 2009 Ramatis Internet

33. Chama Crística Norberto Peixoto 2000 Ramatis Conhecimento34. Samadhi Norberto Peixoto 2002 Ramatis Conhecimento35. Evolução no Planeta Azul Norberto Peixoto 2003 Ramatis Conhecimento36. Jardim Orixás Norberto Peixoto 2004 Ramatis Conhecimento37. Vozes de Aruanda Norberto Peixoto 2005 Ramatis Conhecimento38. A missão da umbanda Norberto Peixoto 2006 Ramatis Conhecimento39. Umbanda Pé no chão Norberto Peixoto 2008 Ramatis Conhecimento40. Diário Mediúnico Norberto Peixoto 2009 Ramatis Conhecimento41. Medinunidade e Sacerdócio Norberto Peixoto 2010 Ramatis Conhecimento42. O Triunfo do Mestre Norberto Peixoto 2011 Ramatis Conhecimento43. Aos Pés do Preto Velho Norberto Peixoto 2012 Ramatis Conhecimento44. Reza Forte Norberto Peixoto 2013 Ramatis Conhecimento45. Mediunidade de Terreiro Noberto Peixoto 2014 Ramatis Conhecimento

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Invocação às Falanges do Bem

Doce nome de Jesus, Doce nome de Maria, Enviai-nos vossa luz Vossa paz e harmonia!

Estrela azul de Dharma,Farol de nosso Dever! Libertai-nos do mau carma, Ensinai-nos a viver!

Ante o símbolo amado Do Triângulo e da Cruz, Vê-se o servo renovado Por Ti, ó Mestre Jesus!

Com os nossos irmãos de Marte Façamos uma oração-. Que nos ensinem a arte Da Grande Harmonização!

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Invocação às Falanges do Bem

Do ponto de Luz na mente de Deus, Flua luz às mentes dos homens, Desça luz à terra.

Do ponto de Amor no Coração de Deus, Flua amor aos corações dos homens, Volte Cristo à Terra.

Do centro onde a Vontade de Deus é conhecida, Guie o Propósito das pequenas vontades dos homens, O propósito a que os Mestres conhecem e servem.

No centro a que chamamos a raça dos homens, Cumpra-se o plano de Amor e Luz, e mure-se a porta onde mora o mal.

Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam o Plano de Deus na Terra.

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Paz, Luz e Amor

RAMATIS

Espírito responsável pela presente obra. Sua missão consiste em estimular as almas desejosas de seguirem o Mestre, auxiliando o advento da grande Era da Fraternidade que se aproxima.

(Desenho mediúnico por DINORAH S. ENÉIAS)

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RAMATIS

Uma Rápida Biografia

A ÚLTIMA ENCARNAÇÃO DE RAMATISSWAMI SRI RAMATIS

(3 partes)

Parte I

Na Indochina do século X, o amor por um tapeceiro hindu, arrebata o coração de uma vestal chinesa, que foge do templo para desposa-lo. Do entrelaçamento dessas duas almas apaixonadas nasce uma criança. Um menino, cabelos negros como ébano, pele na cor do cobre claro, olhos aveludados no tom do castanho escuro, iluminados de ternura.

O espírito que ali reencarnava, trazia gravada na memória espiritual a missão de estimular as almas desejosas de conhecer a verdade. Aquela criança cresce demonstrando inteligência fulgurante, fruto de experiências adquiridas em encarnações anteriores.

Foi instrutor em um dos muitos santuários iniciáticos na Índia. Era muito inteligente e desencarnou bastante moço. Já se havia distinguido no século IV, tendo participado do ciclo ariano, nos acontecimentos que inspiraram o famoso poema hindu "Ramaiana", (neste poema há um casal, Rama e Sita, que é símbolo iniciático de princípios masculino e feminino; unindo-se Rama e atis, Sita ao inverso, resulta Ramaatis, como realmente se pronuncia em Indochinês) Um épico que conte todas as informações dos Vedas que juntamente com os Upanishades, foram as primeiras vozes da filosofia e da religião do mundo terrestre, informa Ramatis que após certa disciplina iniciática a que se submetera na china, fundou um pequeno templo iniciático nas terras sagradas da Índia onde os antigos Mahatmas criaram um ambiente de tamanha grandeza espiritual para seu povo, que ainda hoje, nenhum estrangeiro visita aquelas terras sem de lá trazer as mais profundas impressões à cerca de sua atmosfera psíquica.

Foi adepto da tradição de Rama, naquela época, cultuando os ensinamentos do "Reino de Osiris", o Senhor da Luz, na inteligência das coisas divinas. Mais tarde, no Espaço, filiou-se definitivamente a um grupo de trabalhadores espirituais cuja insígnia, em linguagem ocidental, era conhecida sob a pitoresca denominação de "Templários das cadeias do amor". Trata-se de um agrupamento quase desconhecido nas colônias invisíveis do além, junto a região do Ocidente, onde se dedica a trabalhos profundamente ligados à psicologia Oriental.

Os que lêem as mensagens de Ramatis e estão familiarizados com o simbolismo do Oriente, bem sabe o que representa o nome "RAMA-TIS", ou "SWAMI SRI RAMA-TYS", como era conhecido nos santuários da época. É quase uma "chave", uma designação de

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hierarquia ou dinastia espiritual, que explica o emprego de certas expressões que transcendem as próprias formas objetivas. Rama o nome que se dá a própria divindade, o Criador cuja força criadora emana ; é um Mantram: os princípios masculino e feminino contidos em todas as coisas e seres. Ao pronunciarmos seu nome Ramaatis como realmente se pronuncia, saudamos o Deus que se encontra no interior de cada ser.

Parte II

O templo por ele fundado foi erguido pelas mãos de seus primeiros discípulos. Cada pedra de alvenaria recebeu o toque magnético pessoal dos futuros iniciados. Nesse templo ele procurou aplicar a seus discípulos os conhecimentos adquiridos em inúmeras vidas anteriores.

Na Atlântida foi contemporâneo do espírito que mais tarde seria conhecido como Alan Kardec e, na época, era profundamente dedicado à matemática e às chamadas ciências positivas. Posteriormente, em sua passagem pelo Egito, no templo do faraó Mernefta, filho de Ramsés, teve novo encontro com Kardec, que era, então, o sacerdote Amenófis.

No período em que se encontrava em ebulição os princípios e teses esposados por Sócrates, Platão, Diógenes e mais tarde cultuados por Antístenes, viveu este espírito na Grécia na figura de conhecido mentor helênico, pregando entre discípulos ligados por grande afinidade espiritual a imortalidade da alma, cuja purificação ocorreria através de sucessivas reencarnações. Seus ensinamentos buscavam acentuar a consciência do dever, a auto reflexão, e mostravam tendências nítidas de espiritualizar a vida. Nesse convite a espiritualização incluía-se no cultivo da música, da matemática e astronomia.

Cuidadosamente observando o deslocamento dos astros conclui que uma Ordem Superior domina o Universo. Muitas foram suas encarnações, ele próprio afirma ser um número sideral.

O templo que Ramatis fundou, foi erguido pelas mãos de seus primeiros discípulos e admiradores. Alguns deles estão atualmente reencarnados em nosso mundo, e já reconheceram o antigo mestre através desse toque misterioso, que não pode ser explicado na linguagem humana.

Embora tendo desencarnado ainda moço, Ramatis aliciou 72 discípulos que, no entanto, após o desaparecimento do mestre, não puderam manter-se a altura do padrão iniciático original.

Eram adeptos provindos de diversas correntes religiosas e espiritualistas do Egito, Índia, Grécia, China e até mesmo da Arábia. Apenas 17 conseguiram envergar a simbólica "Túnica Azul" e alcançar o último grau daquele ciclo iniciático.

Em meados da década de 50, à exceção de 26 adeptos que estavam no Espaço (desencarnados) cooperando nos trabalhos da "Fraternidade da Cruz e do Triângulo", o restante havia se disseminado pelo nosso orbe, em várias latitudes geográficas. Destes, 18 reencarnaram no Brasil, 6 nas três Américas (do Sul, Central e do Norte), e os demais se espalharam pela Europa e, principalmente, pela Ásia.

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Em virtude de estar a Europa atingindo o final de sua missão civilizadora, alguns dos discípulos lá reencarnados emigrarão para o Brasil, em cujo território - afirma Ramatis - se encarnarão os predecessores da generosa humanidade do terceiro milênio.

A Fraternidade da Cruz e do Triângulo, foi resultado da fusão no século passado, na região do Oriente, de duas importantes "Fraternidades" que operavam do Espaço em favor dos habitantes da Terra. Trata-se da "Fraternidade da Cruz", com ação no Ocidente, divulgando os ensinamentos de Jesus, e da "Fraternidade do Triângulo", ligada à tradição iniciática e espiritual do Oriente. Após a fusão destas duas Fraternidades Brancas, consolidaram-se melhor as características psicológicas e objetivo dos seus trabalhadores espirituais, alterando-se a denominação para "Fraternidade da Cruz e do Triângulo" da qual Ramatis é um dos fundadores.

Supervisiona diversas tarefas ligadas aos seus discípulos na Metrópole Astral do Grande Coração. Segundo informações de seus psicógrafos, atualmente participa de um colegiado no Astral de Marte.

Seus membros, no Espaço, usam vestes brancas, com cintos e emblemas de cor azul claro esverdeada. Sobre o peito trazem delicada corrente como que confeccionada em fina ourivesaria, na qual se ostenta um triângulo de suave lilás luminoso, emoldurando uma cruz lirial. É o símbolo que exalta, na figura da cruz alabastrina, a obra sacrificial de Jesus e, na efígie do triângulo, a mística oriental.

Asseguram-nos alguns mentores que todos os discípulos dessa Fraternidade que se encontram reencarnados na Terra são profundamente devotados às duas correntes espiritualistas: a oriental e a ocidental. Cultuam tanto os ensinamentos de Jesus, que foi o elo definitivo entre todos os instrutores terráqueos, tanto quanto os labores de Antúlio, de Hermés, de Buda, assim como os esforços de Confúcio e de Lao-Tseu. É esse um dos motivos pelos quais a maioria dos simpatizantes de Ramatis, na Terra, embora profundamente devotados à filosofia cristã, afeiçoam-se, também, com profundo respeito, à corrente espiritualista do Oriente.

Soubemos que da fusão das duas "Fraternidades" realizada no espaço, surgiram extraordinários benefícios para a Terra. Alguns mentores espirituais passaram, então, a atuar no Ocidente, incumbindo-se mesmo da orientação de certos trabalhos espíritas, no campo mediúnico, enquanto que outros instrutores ocidentais passaram a atuar na Índia, no Egito, na China e em vários agrupamentos que até agora eram exclusivamente supervisionados pela antiga Fraternidade do Triângulo.

Parte III

Os Espíritos orientais ajudam-nos em nossos trabalhos, ao mesmo tempo em que os da nossa região interpenetram os agrupamentos doutrinários do Oriente, do que resulta ampliar-se o sentimento de fraternidade entre Oriente e Ocidente, bem como aumentar-se a oportunidade de reencarnações entre espíritos amigos.

Assim processa-se um salutar intercâmbio de idéias e perfeita identificação de sentimentos no mesmo labor espiritual, embora se diferenciem os conteúdos psicológicos de cada hemisfério. Os orientais são lunares, meditativos, passivos e desinteressados geralmente

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da fenomenologia exterior; os ocidentais são dinâmicos, solarianos, objetivos e estudiosos dos aspectos transitórios da forma e do mundo dos Espíritos.

Os antigos fraternistas do "Triângulo" são exímios operadores com as "correntes terapêuticas azuis", que podem ser aplicadas como energia balsamizante aos sofrimentos psíquicos, cruciais, das vítimas de longas obsessões. As emanações do azul claro, com nuanças para o esmeralda, além do efeito balsamizante, dissociam certos estigmas "pré-reencarnatórios" e que se reproduzem periodicamente nos veículos etéricos. Ao mesmo tempo, os fraternistas da "Cruz", conforme nos informa Ramatis, preferem operar com as correntes alaranjadas, vivas e claras, por vezes mescladas do carmim puro, visto que as consideram mais positivas na ação de aliviar o sofrimento psíquico.

É de notar, entretanto, que, enquanto os técnicos ocidentais procuram eliminar de vez a dor, os terapeutas orientais, mais afeitos à crença no fatalismo cármico, da psicologia asiática, preferem exercer sobre os enfermos uma ação balsamizante, aproveitando o sofrimento para a mais breve "queima" do carma.

Eles sabem que a eliminação rápida da dor pode extinguir os efeitos, mas as causas continuam gerando novos padecimentos futuros. Preferem, então, regular o processo do sofrimento depurador, em lugar de sustá-lo provisoriamente. No primeiro caso, esgota-se o carma, embora demoradamente; no segundo, a cura é um hiato, uma prorrogação cármica.

Apesar de ainda polêmicos, os ensinamentos deste grande espírito, despertam e elevam as criaturas dispostas a evoluir espiritualmente. Ele fala corajosamente a respeito de magia negra, seres e orbes extra-terrestres, mediunismo, vegetarianismo etc. Estas obras (15 Psicografadas pelo saudoso médium paranaense Hercílio Maes (sabemos que 9 exemplares não foram encontrados depois do desencarne de Hercílio... assim, se completaria 24 obras de Ramatís) e 7 psicografadas por América Paoliello) têm esclarecido muito os espíritos ávidos pelo saber transcendental. Aqueles que já possuem características universalistas, rapidamente se sensibilizam com a retórica ramatisiana.

Para alguns iniciados, Ramatís se faz ver, trajado tal qual Mestre Indochinês do século X, da seguinte forma, um tanto exótica:

Uma capa de seda branca translúcida, até os pés, aberta nas laterais, que lhe cobre uma túnica ajustada por um cinto esmeraldino. As mangas são largas; as calças são ajustadas nos tornozelos (similar às dos esquiadores).

Os sapatos são constituídos de uma matéria similar ao cetim, de uma cor azul esverdeado, amarrados com cordões dourados, típicos dos gregos antigos.

Na cabeça um turbante que lhe cobre toda a cabeça com uma esmeralda acima da testa ornamentado por cordões finos e coloridos, que lhe caem sobre os ombros, que representam antigas insígnias de atividades iniciáticas, nas seguintes cores com os significados abaixo:

Carmim - O Raio do Amor

Amarelo - O Raio da Vontade

Verde - O Raio da Sabedoria

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Azul - O Raio da Religiosidade

Branco - O Raio da Liberdade Reencarnatória

Esta é uma característica dos antigos lemurianos e atlantes. Sobre o peito, porta uma corrente de pequenos elos dourados, sob o qual, pende um triângulo de suave lilás luminoso emoldurando uma cruz lirial. A sua fisionomia é sempre terna e austera, com traços finos, com olhos ligeiramente repuxados e tês morena.

Muitos videntes confundem Ramatís com a figura de seu tio e discípulo fiel que o acompanha no espaço; Fuh Planu, este se mostra com o dorso nu, singelo turbante, calças e sapatos como os anteriormente descritos. Espírito jovem na figura humana reencarnou-se no Brasil e viveu perto do litoral paranaense. Excelente repentista, filósofo sertanejo, verdadeiro homem de bem.

Segundo Ramatís, seus 18 remanescentes, se caracterizam por serem universalistas, anti-sectários e simpatizantes de todas as correntes filosóficas e religiosas.

Dentre estes 18 remanescentes, um já desencarnou e reencarnou novamente: Atanagildo; outro, já desencarnado, muito contribuiu para obra ramatiziana no Brasil - O Prof. Hercílio Maes, outro é Demétrius, discípulo antigo de Ramatís e Dr. Atmos, (Hindu, guia espiritual de APSA e diretor geral de todos os grupos ligados à Fraternidade da Cruz e do Triângulo) chefe espiritual da SER.

No templo que Ramatis fundou na Índia, estes discípulos desenvolveram seus conhecimentos sobre magnetismo, astrologia, clarividência, psicometria, radiestesia e assuntos quirológicos aliados à fisiologia do "duplo-etérico".

Os mais capacitados lograram êxito e poderes na esfera da fenomenologia mediúnica, dominando os fenômenos de levitação, ubiqüidade, vidência e psicografia de mensagens que os instrutores enviavam para aquele cenáculo de estudos espirituais. Mas o principal "toque pessoal" que Ramatis desenvolveu em seus discípulos, em virtude de compromisso que assumira para com a fraternidade do Triângulo, foi o pendor universalista, a vocação fraterna, crística, para com todos os esforços alheios na esfera do espiritualismo.

Ele nos adverte sempre de que os seus íntimos e verdadeiros admiradores são também incondicionalmente simpáticos a todos os trabalhos das diversas correntes religiosas do mundo. Revelam-se libertos do exclusivismo doutrinário ou de dogmatismos e devotam-se com entusiasmo a qualquer trabalho de unificação espiritual.

O que menos os preocupa são as questões doutrinárias dos homens, porque estão imensamente interessados nos postulados crísticos.

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Jesus foi o espírito eleito para sacudir o pó das superstições e esclarecer doutrinas que ainda sacrificavam animais, e até seres humanos, a um Deus cruel.

RAMATÍS, O Sublime Peregrino

O servidor do Pai, inspirado pelo Evangelho, tanto admira a urtiga que fere quanto a violeta que perfuma; tanto tolera a serpente rastejante, que atende ao sagrado direito de viver, quanto admira a andorinha que cor-ta os espaços. Sabe que Deus não cometeu distrações na contextura dos mundos; que não criou "coisas ruins ou impuras" e que não cabe ao homem o direito de criticar supostos equívocos do Pai! O bálsamo, que alivia a dor, tem o seu correspondente no ácido, que cauteriza a gangrena. Eis por que não podemos nos tingir a um sistema único de comunicações mediúnicas, de modo a vos entregarmos mensagens confeccionadas especialmente para o cabide do vosso comodismo mental. Não deveis criar a separação, exigindo preferência exclusiva para o que vos é simpático, pois, não existindo coisa alguma absolutamente impura, à medida que realmente evoluirdes, descobrireis os valores que se acham ocultos nas coisas consideradas inúteis ou daninhas.

RAMATÍS, Mensagens do Astral

Não tenhais medo! Eu venci o mundo. Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a todas as criaturas.Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos,

expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça daí. Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações.

JESUS

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Sumário

Preâmbulo de Ramatís 17

I. O sacrifício de jesus, o cordeiro de deus, para libertar a humanidade da matança animal 19

II. A prisão dos espíritos nos sacrifícios animais mantidospelas religiões 30

III. Diálogo com um príncipe das trevas 52

IV. Na busca do sagrado: do sacrifício animal à imolação corporal 57

V. O crescimento do sistema de trocas com o "reino de Deus" 64no mercado mágico religioso

VI. Os abusos espirituais e os traumas psíquicos causados 70

VII. Apometria - ferramenta do mestre para atuar nos corpos espirituais 82

VIII. A fisiologia oculta das curas de Jesus 88

IX. O triunfo do mestre - a fraternidade na coletividade crística 105

X. Anexo l - Os sacrifícios e o espiritismo 110

XI. Anexo 2 - explosão das seitas neoevangélicas 114

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Preâmbulo de Ramatís

Cumprindo nossos compromissos com os Maiorais da espiritualidade que nos autorizam os labores neste orbe, entrega-mo-vos mais esta singela obra, visando a auxiliar os cidadãos simpáticos aos nossos escritos a se libertarem de velhos hábitos que os mantém ligados ao magnetismo animalizado, que fatalmente os impulsionará ao reencarne compulsório em mundos inferiores à Terra.

Como o Velho Testamento tem servido de base para que muitos sacerdotes de hoje justifiquem a crueldade cometida com os animais através do corte sacriflcial, recomendamos a sua re-leitura à luz do Evangelho, bem como dos exemplos deixados por Jesus quando esteve entre vós, pois Ele curava sem, no entanto, nunca ter recomendado o rito de purificação que sacrifica os nossos irmãos menores.

Assim sendo, a liturgia externa das leis mosaicas, que sustentava um sistema de troca com Deus simbolizado pelo sacrifício do cordeiro, era totalmente inadequada à interiorização da mensagem de Jesus, pois além de as oferendas sangrentas não extinguirem os deslizes dos pecadores, nem promoverem a reforma íntima, a casta sacerdotal ainda exigia que fossem re-novadas continuamente com a substituição por outros animais, igualmente sacrificados, como pombos e bodes. Desse modo, acabou-se por estabelecer um sistema de escambo, baseado na mortandade desses inocentes, de tal magnitude que o próprio destino religioso da humanidade ficou comprometido.

Esse estado de inconsciência coletiva não provinha somente do judaísmo antigo. Contudo, no contexto da época de Jesus, era o que mais se sobressaía. A sacralização com mortandade de animais estava tão enraizada, que até mesmo Moisés procedeu a um rito de purificação do altar, espargindo-lhe sangue antes de colocar sobre ele a pedra dos dez mandamentos, para a primeira leitura com os hebreus. Somente um Messias salvador poderia estabelecer uma lógica irrefutável àquelas mentes ignorantes e primárias, hipnotizadas no corte ritualístico, ao colocar-se como o Cordeiro vivo de Deus. E assim, diante dos ensinamentos libertadores do Cristo, se trocaria as imolações animais externas por preceitos evangélicos.

Apesar dos protestos daqueles que não conhecem a importância vital da manutenção do éter-físico (prana ou vitalidade) do duplo-etérico e dos chacras planetários, a verdade é que a irresponsabilidade espiritual pelo derramamento de sangue animal, seja pelos sacerdotes, ou mesmo nos matadouros, frigoríficos e charqueadas, estagna a evolução coletiva; tanto faz se se trata de troca "salvacionista" com o Além, ou da destruição da natureza para a expansão da pecuária intensiva que sustenta indústrias motivadas por lucros. Ambas geram um destrutivo carma humano e planetário, tornando-se os grandes roteiristas do teatro dantesco que é a infelicidade das nações, pois enquanto o sangue de nossos irmãos menores se espalhar, os espíritos desencarnados continuarão se alimentando de tônus vital distorcido, promovendo a prática das vampirizações coletivas.

O Pai, ao criar o Universo e as criaturas para preencherem a imensidão cósmica, estabeleceu, com Seu infinito amor, que a ninguém privilegiaria, deixando as escolhas para cada filho. Por Sua imanência e impessoalidade, não diferencia ou indica eleitos, pois ama a todos igualmente, bons e maus, justos e injustos, santos e criminosos, ateus e crentes,

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independentemente de crenças ou descrenças personalísticas, tão comuns aos habitantes dos planos densos da existência. Dá o Criador a liberdade absoluta, pela concessão do livre-arbítrio, e deixa cada um escolher o caminho a seguir, obviamente arcando com as conseqüências, já que a semeadura é livre e a colheita obrigatória para a concessão do passaporte de entrada nos planos superiores da vida.

Ocorre que, de tempos em tempos, finda-se um ciclo e outro se inicia. Neste momento planetário, é chegada a hora da colheita dos resultados de vossas ações; termina o prazo de existência física para certos espíritos recalcitrantes e inicia-se outro em orbes mais atrasados, enquanto espíritos mais esclarecidos nas leis do Cristo chegam à vossa psicosfera, contribuindo decisivamente para a consolidação da fraternidade. Findo o "dia final do carma", esgota-se o direito de estada neste atual endereço para muitos espíritos.

As ondas do mar vão e vêm, vêm e vão. Assim, espíritos calcetas vão e vêm, vêm e vão, degredados de um orbe a outro, até a implantação definitiva do estado de consciência crística na Terra. Entre um movimento de fluxo e refluxo transmigratório, o planeta está sendo construído em sua cultura, psicologia, espiritualidade e geografia, tanto mais quanto mais se internalizam as verdades do Cristo.

A transição planetária se dará com o "Triunfo do Mestre", como chama ardente consolidando a vitória final do Cristo interno em cada discípulo na Terra.

Meus amados, uni-vos em nome do Cristo.É o apelo do amigo de sempre.Jesus vos abençoe!

RAMATÍS Porto Alegre, 27 de abril de 2011

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I

O sacrifício de Jesus, o Cordeiro de Deus, para libertar a humanidade da matança animal

Ele entrou de uma vez por todas no santuário, não com sangue de bodes e novilhos, mas com seu próprio sangue, depois de conseguir para nós uma libertação definitiva. Muito mais o sangue de Cristo, que, com um espírito eterno, se ofereceu a Deus como vítima sem mancha! Ele purificará das obras da morte (dos animais) a nossa consciência, para que possamos servir ao Deus vivo.

EPÍSTOLA AOS HEBREUS 9:11-14

No entanto, a cruz no centro estava vazia, porque já se havia cumprido o sacrifício do Salvador. Daquele momento em diante, ela deixava de ser instrumento de castigo in-famante do homem, para tornar-se o caminho abençoado da libertação espiritual da humanidade. Jesus, o Messias, havia triunfado sobre as trevas, nutrindo a luz do mundo através do combustível sacriflcial do seu próprio sangue!

RAMATÍS, O Sublime Peregrino

Pergunta: - Alguns simpatizantes de vossos ensinamentos estão contrariados. Eles ignoram os recentes livros, afirmando que estais misturando "alhos com bugalhos", ao asso-ciardes os ensinamentos dos orixás com os de Jesus. Outros espiritualistas que antagonizam a umbanda julgam que isso é influência do médium, notadamente umbandista. Uns tantos consideram seus escritos "perigosos" aos iniciantes e o classificam de "polemista do Além". O que tendes a dizer?

Ramatís: - Não temos o objetivo de agradar a todos. Nenhum religioso ou crente espiritualista deve nos classificar nesta ou naquela seara, pois somos livres em espírito, assim como o vento o é. Conforme diz a máxima de Jesus: "Não julgueis para não serdes julgados", seguimos resolutamente nossos compromissos à luz dos ensinamentos universais do Cristo, sem nos preocupar com as opiniões doutrinárias estandardizadas dos homens, porque sabemos que os julgamentos são temporários e mudarão com as sucessivas reencarnações. Ao sol do

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meio-dia, vossos olhos não percebem a meia-noite, do outro lado do orbe, ainda que o movimento de rotação do planeta o indique, pois vossa percepção chumbada à crosta é limitada e ilusória. Assim, a expansão da consciência e o alargamento do sentimento fraterno requer a liberdade espiritual, que somente o tempo dará aos retidos no ciclo carnal.

Quanto ao fato de meu atual sensitivo ser notadamente umbandista, temos a dizer que é da índole humana a vivência particularizada em um rito, culto, credo ou doutrina. Aquele que destaca no outro a opção religiosa demonstra contrariedade com o seu modo de pensar diferente. Fala-se muito em universalismo. Na aparência, os universalistas se dizem contrários aos postulados sectaristas e defendem a fraternidade, mas velada-mente muitos não abrem mão de seus estandartes: "Sou espírita, fulano é católico, beltrano é umbandista, sicrano é teosofista...". Enquanto os homens integrarem grupos distintos, separados por sistemas de crenças, ritos, liturgias e dogmas, e levantarem bandeiras particularizadas, estarão distantes de uma vivência plena e fraterna, como a preconizada por Jesus no código de conduta crística de seu sublime Evangelho.

Aos nossos simpatizantes e antagonistas, temos a dizer que, assim como o caldo de cana pode se transformar em açúcar, que adoça, que não se desmancha no café, os melhores amigos de ontem podem ser os piores inimigos de hoje, ou, conforme o revezamento das personagens no teatro das existências humanas, se tornarão os confrades de amanhã.

Exemplo disso são as polonesas judias, que foram as mais ferrenhas e cruéis torturadoras entre as prisioneiras dos campos de concentração nazistas, e retornaram em nova vida abandonadas em orfanatos alemães, à espera de adoção; e os africanos alforriados, feitos capatazes nas feitorias dos canaviais, que perseguiam obstinadamente os negros fujões e acabaram nascendo com paralisia infantil em núcleos de minoria étnica perseguida. Em ambos os casos, aprenderam o valor do amor e da tolerância incondicionais. Por isso, deveis libertar vosso psi-quismo diante das aceitações ou rejeições temporárias, já que, inexoravelmente, todos os viandantes deste planeta caminham para a integração amorosa e fraterna. Esta é a lei universal de equilíbrio entre as reencarnações sucessivas.

Os ensinamentos de Jesus na umbanda seguem um plano previamente traçado no Astral, desde o advento do Caboclo das Sete Encruzilhadas,1 não sendo apenas um repositório de máximas e ditames morais, nem códigos exclusivos de uma determinada religião, como desejam os crentes sectários. O Evangelho do Cristo é um tratado cósmico de libertação espiritual do homem que, como o prumo que alinha a construção, ajusta os tijolos internos da obra de Deus em Seus filhos, conforme a máxima: "Eu e o Pai somos um", adaptando-os às leis supremas do Universo, que valem para todas as religiões da Terra, independentemente de sua procedência.

(1) Foi o fundador da umbanda. Sua primeira manifestação mediúnica se deu em perfeita incorporação inconsciente, através do médium Zélio, em 15 de novembro de 1908 na cidade de Niterói - RJ. Perguntaram ao Caboclo: "O que é umbanda?". Ele respondeu: "À umbanda é a manifestação do espírito para a caridade".

Como Deus é uma Divindade Suprema, única e indivisível, os encarnados encontram sérias dificuldades de percebê-Lo em sua natureza sagrada - absoluta e intangível - nas religiões que professam. Com isso, intensifica-se o separatismo religioso, exaltando-se a intolerância aos livros santos (codificações) de fé alheia, especialmente quando se trata de aceitar Deus em outras crenças que não em suas religiões de origem, partindo-se muitas vezes para o abuso espiritual, a agressão física e lutas fratricidas.

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Assim como os gatos machos se digladiam ferozmente nos telhados, os cidadãos animalizados ainda não conseguem dominar seus instintos primários de gladiadores, mesmo em nome do Criador. Essa oposição sectária tem de ser gradativa-mente escoimada, pois as imutáveis leis divinas, irrevogáveis, ditam que o sopro criador, a luz vivificante e o impulso religioso provindos de Deus são um só, em todos os fenômenos visíveis e ocultos da vida no Cosmo, independentemente dos rótulos das religiões terrenas transitórias.

Pergunta: - Por que Jesus aceitou ser sacrificado. Ele que entrou na capital do país (Jerusalém) ovacionado como o "filho de Davi", "rei de Israel", legítimo herdeiro do trono de Salomão?

Ramatís: - Nesta despretensiosa obra, tão-somente queremos mostrar os aspectos ainda ocultos do sacrifício cósmico do Nazareno, aos 33 anos, no auge de sua capacidade mediúnica, perfeito em sua evolução física, mental, emocional e espiritual, reforçando o legado evangélico que deixou aos humanos. Nunca um homem foi tão integralmente glorioso e triunfante, ao aceitar ser derrotado e sacrificado na cruz, tendo seu corpo físico aniquilado para renascer fortalecido em espírito no reino de Deus, provando aos incrédulos iludidos a realidade da verdadeira vida.

Obviamente Jesus convivia com os sacrifícios animais, que já existiam entre os hebreus muito antes da entrega da Torah (lei recebida por Moisés no Monte Sinai), o que contrariava sua índole psicológica, que era toda amor e respeito à vida. Desde Caim e Abel, Abraão e filhos, Noé e família, todos ofereciam sacrifícios. Quando as leis dos sacrifícios foram entregues aos israelitas na Torah, o sistema preexistente de oferendas foi então regulamentado e praticado no templo de Jerusalém. Jesus sabia que somente com a chegada do Messias - ele próprio -, colocando-se como o cordeiro de Deus,2 estabelecendo as diretrizes morais crísticas do Evangelho, sendo inevitavelmente sacrificado no calvário, conseguiria deixar as sementes que mudariam o estado de consciência que imperava na época. Era uma noção hipnotizada de troca com Deus, baseada nas escrituras sagradas, que "legalizavam" o corte sacrificial para a remissão dos pecados.

(2) "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo"- João l :29 Jesus cumpriu sua missão com galhardia. Depois da célebre entrada triunfal em

Jerusalém, anulou a ilusão do poder religioso terreno transitório e incorporou soberbamente sua missão redentora. Assim como um alimento vigoroso deve ser triturado para ser metabolizado em forma protéica superior pelo corpo humano, o Mestre dos mestres caminhou resolutamente para a aniquilação física do seu veículo orgânico na cruz. A seqüência dos fatos de sua paixão e morte demonstrou a plenitude do seu sacrifício cósmico, integral, absoluto, renunciando às glórias efêmeras dos títulos sacerdotais terrenos e integrando-se à ordem universal do Cosmo, que se revela na prática incondicional do amor.

Ele deixou-se crucificar num ato sublime de amor pela humanidade. Nessa caminhada, seus piores inimigos (os chefes da sinagoga) o desafiaram com arrogância: "Se tu és o filho de Deus, desce da cruz e estaremos contigo". Então, seus companheiros no suplício pediram que provasse ser o Messias,3 dizendo: "Se tu és o Cristo, o filho de Deus, salva-te a ti e a nós também". Sabedor das verdades espirituais, teve temperança inabalável e pediu perdão ao Pai por eles. Voltaria como o Cristo ressurreto, evidenciando o seu poder pela materialização do seu perispírito e provando a existência das estrelas reluzentes das verdades do reino de Deus diante do ouro ilusório do reinado pueril da materialidade.

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(3) Pedra do Mar Morto confirma a "messianidade" de Jesus Cristo: Recentemente cientistas israelitas analisaram cuidadosamente uma laje de pedra de aproximadamente 100 centímetros de altura, que contém 87 linhas em hebraico. Ela data de alguns anos antes do nascimento de Jesus Cristo. A descoberta abalou os círculos de arqueologia bíblica hebraicos porque prova que os judeus alimentavam a expectativa de um Messias que haveria de vir e que ressuscitaria três dias depois de morto.

Para os cristãos, a pedra é mais uma confirmação da fé e das escrituras. Porém, a descoberta semeou consternação entre os judeus, pois é uma prova da verdade de que Jesus Cristo tinha tudo para ser o Messias esperado. O achado deixa em situação incômoda a Sinagoga que o crucificou e os que compartilham o deicídio. A placa foi achada perto do Mar Morto e é um raro exemplo de inscrição em tinta sobre pedra em duas colunas, como a Tora (equivalente ao Pentateuco nas escrituras hebraicas).

Para Daniel Boyarin, professor do Talmude na Universidade de Berkeley (EUA), a peça é mais uma evidência de que Jesus Cristo corresponde ao Messias tradicionalmente esperado pelos judeus. AdaYardeni e Binyamin Elitzur, especialistas israelenses em escrita hebraica, após detalhada análise, concluíram que datava do fim do primeiro século antes de Cristo. O professor de arqueologia da Universidade de Tel Aviv, Yuval Goren, fez uma análise química e acha que não se pode duvidar de sua autenticidade. Também Israel Knohl, professor de estudos bíblicos da Universidade Hebraica, defende que a pedra prova que a "a ressurreição depois de três dias é uma idéia anterior a Jesus, o que contradiz praticamente toda a atual visão acadêmica". Compreende-se a confusão e a contradição que a descoberta cria no judaísmo, dado que foram os judeus que arquitetaram o calvário de Jesus. Fonte:bttp://carissi-mos.blogspot.com/2008/07/pedra-do-mar-morto-confirma-divindade.html

Pergunta: - Por que Deus exigia sacrifícios de animais no Velho Testamento?

Ramatís: - Obviamente as exigências de sacrifícios de animais "por Deus", a fim de que os homens recebessem perdão de seus pecados (Levítico 4:35; 5:10), ocorreram porque os cidadãos da época não O compreendiam plenamente como fonte geradora de amor, justiça e bondade. As escrituras são um reflexo do inconsciente coletivo, que ditava os instintos dos indivíduos. A lei do "olho por olho, dente por dente" era apenas a institucionalização religiosa de um regramento para a contenção das comunidades cujo entendimento espiritual era por demais rudimentar, em que os cidadãos instintivamente vingativos eram capazes de atirar os filhos em fornalhas ardentes, como nos ditam os relatos bíblicos sobre os amonitas, uma etnia de Canaã.

A matéria dominava o espírito na mentalidade dos povos antigos. Os instintos animais prevaleciam, e é por isso que "precisavam" da representação de um Deus cruel, punitivo, já que não tinham um sentido moral mais apurado e O concebiam capaz de se rejubilar até com o sangue humano para aplacar Sua ira. Prevalecia a falsa crença de que aos olhos de Deus o valor do sacrifício estava diretamente ligado à vítima, à imolação animal. Tinham o Deus que mereciam e podiam compreender. As escrituras do Velho Testamento refletiam o estado de incons-ciência e ignorância espiritual que dominava as coletividades, dentro da lei cósmica "semelhante atrai e cura semelhante". A evolução dá os passos certos para não derrubar os cidadãos, assim como os bebês não andavam a cavalo antigamente e ainda hoje não pilotam vossos possantes automotores.

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Pergunta: - Simbolicamente, a assertiva bíblica "animais foram mortos por Deus para providenciar vestimentas para Adão e Eva" significa que a raça humana não se teria mantido e evoluído sem sacrificar vossos irmãos menores do orbe? Podemos ter esta interpretação?

Ramatís: - Há de considerar-se que o impedimento da permanência de Adão e Eva no "paraíso", após o pecado original e a prevalência dos instintos animais potencializados pela influência da serpente, é uma forma de pedagogia simbólica para fazer-se entender a justiça sideral, com a finalidade de educar as almas errantes que subvertem as leis divinas. Adão e Eva, espíritos "caídos", exilados de outro orbe para a Terra, refletem o exílio de milhares de espíritos rebeldes que vieram de planetas superiores à Terra em reeducação, num ambiente físico mais hostil. A maçã e a serpente simbolizam os apelos do mundo e são elementos para a vitória do eu inferior, dos vícios, da sexolatria, da cupidez, da vaidade, do orgulho e do egoísmo que comprometem os ditames superiores da vida que Deus destinou a toda a Sua Criação. Como a casa do Pai tem muitas moradas, nada mais natural que os orbes mais primá-rios servirem de localização para espíritos que necessitam de retificação, reiniciando a caminhada rumo à estação angélica, nos paraísos dos planos rarefeitos.

A palavra paraíso significa uma área com jardim murado e é descrito em remotas eras no idioma avéstico, uma das línguas mais antigas da família indo-européia, compondo os textos religiosos do zoroastrismo. Ainda temos no sânscrito (língua da índia com uso litúrgico no hinduísmo, budismo e jainismo) outra palavra símile, paradesha, que quer dizer país supremo. De conformidade com as diversas tradições orientais, paradesba é um reino espiritual em que a capital é shambhala, que significa em sânscrito um lugar iluminado de paz, felicidade e tranqüilidade. Podeis concluir que a plenitude cósmica dos planos celestiais se reflete remotamente nos orbes físicos, já que o Éden não é da matéria, muito menos de vossa Terra. É um estado de consciência crística que remete o espírito a dimensões vibrató-rias, que se pode comparar ao céu dos católicos.

Sem dúvida, as primeiras raças do planeta necessitaram sacrificar os irmãos menores para alimentar e agasalhar os corpos físicos rústicos. A Terra, ainda um planeta primário, era açoitada pelas variações climáticas e, entre gelos e degelos, os corpos humanos teriam se extinguido sem a proteína animal e as peles que os aqueciam nos invernos congelantes. Há de se compreender que o primitivismo planetário e o carnivorismo, como supridor protéico, servem de palco e moradia educativa para espíritos rebeldes, de escassas capacidades psíquicas e necessitados de corretivos à sua própria evolução. Daí as intempéries, as variações climáticas selvagens e os cataclismos geológicos.

Quanto à evolução espiritual da humanidade atual, que dá ares de civilização sustentada por tecnologia, conforto e informação que a ciência propicia, pode-se afirmar que continua matando os seus irmãos por motivos religiosos, entre acepipes, tragadas de cigarros e finos uísques. Em uma guerra santa insana, homens-bombas massacram seus semelhantes sob os rótulos transitórios de budistas, judeus, hindus, ensangüentando o solo do orbe, como há milênios, com o morticínio fratricida.

Noutro ângulo, os cidadãos atuais, civilizados e bem-vesti-dos, entre paredes climatizadas com potentes condicionadores de ar e televisores de última geração - ao contrário dos homens selvagens de outrora, em suas cavernas -, apesar da fartura de cereais, hortaliças, frutas e legumes que Deus espargiu sobre o planeta, devoram famelicamente quitutes manufaturados de fígados, rins, estômagos, tripas, asas, peles e miolos de animais inocentes

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que são massacrados aos milhões, diariamente, nos matadouros construídos com a mais engenhosa tecnologia que a inteligência humana pode desenvolver.

E Jesus continua amparando a Terra para o serviço educativo das almas, mesmo que elas ainda se tinjam de sangue, matando-se reciprocamente pelas diferenças de doutrina, diversidade racial, competições no trânsito tresloucado, tráfico de drogas ou pelo imperialismo bélico, econômico e político das nações ditas civilizadas. Resumindo nosso pensamento, para não nos tornarmos por demais repetitivos, os homens dominam uns aos outros, cegos pela ânsia de poder, e não conseguem dominar evangeli-camente os seus passos no orbe. Vosso planeta sofre um grande suplício, um verdadeiro calvário para vos abrigar.

Mas a bondade do Pai é infinitamente grande e provedora. Muitos outros orbes poderão alojar vossos espíritos, e ao que tudo indica, pela caminhada dos cidadãos até agora, serão planetas mais atrasados e inóspitos que a dadivosa e primária Terra, que se esvai paulatinamente pela ação nefasta dos seus habitantes mais evoluídos.

Pergunta: - Podeis citar algumas passagens do Velho Testamento que descrevem o sacrifício de animais, e alimentavam o inconsciente coletivo à época de Jesus?

Ramatís: - Quando Adão e Eva pecaram, ao comer a maçã, animais foram mortos por Deus para providenciar vestimentas para eles (Gênese 3:21). Como o paraíso é um estado de consciência inalcançável aos encarnados, pois o espirito que o alcança está liberto do ciclo de encarnações sucessivas e passa a habitar dimensões do plano superior, verifica-se nessa assertiva uma espécie de devaneio, ou melhor, uma projeção do inconsciente daqueles que escreveram as escrituras, já que Deus não poderia descer à crosta para sacrificar os animais.

Reforça-se a verve sacriflcial sanguinolenta dos homens de letras de antigamente quando Caim e Abel trouxeram ofertas ao Senhor. A de Caim não foi aceita porque ele trouxe frutas, enquanto que a de Abel foi aceitável porque ele trouxe "das primícias do seu rebanho e da gordura deste" (Gênese 4:4-5). Claro está que se a gordura estava sendo ofertada, o sacrifício já tinha sido consumado, deslocando-se para Deus a preferência pela segunda oferenda, que na verdade é oriunda do atavismo sacrificatório do ofertante, captado pelo escriba das escrituras.

Inexplicavelmente, Noé, após o trabalho hercúleo de juntar, alimentar e salvar os animais do dilúvio destruidor, durante quarenta dias e noites, sacrificou animais em agradecimento a Deus (Gênese 8:20-21). Sua arca deveria ser gigantesca, maior do que os vossos transatlânticos atuais, a fim de ter animais sobrando para serem sacrificados e ao mesmo tempo não comprometer a continuidade da vida de nenhuma espécie.

Deus ordenou que Abraão sacrificasse seu filho Isaque. Abraão obedeceu a Deus, mas quando estava prestes a sacrificá-lo, Deus interveio e providenciou um carneiro para morrer no lugar dele (Gênese 22:10-13). Aqui temos a manifestação de um Deus "bondoso" que opta por um carneiro ao invés do sacrifício humano. Ele mesmo "providenciando" o animal a ser imolado, o que demonstra o reflexo psíquico das mentes paralisadas no corte sacrificial, que ditavam ao Criador como Ele deveria agir em relação aos seus anseios com o sagrado.

O sistema de sacrifícios atinge seu auge com a nação de Israel, exatamente no fulcro gerador do judaísmo antigo. De acordo com Levítico 1:1-4, certos procedimentos deviam ser

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seguidos: o animal tinha de ser perfeito; a pessoa que estava oferecendo o animal devia identificar-se com ele; o próprio ofertante tinha de infligir a imolação sacrificial, a fim de ter o perdão dos pecados. Outro sacrifício no chamado "dia de expiação", descrito em Levítico 16, também exalta o perdão e a retirada dos pecados: os sacerdotes judaicos tinham de oferecer anualmente dois bodes em sacrifício; um deles era abatido como oferta pelos pecados do povo de Israel (Levítico 26:15), enquanto o outro era solto no deserto (Levítico 16:20-22). A primeira oferta, o sacrifício com derramamento de sangue, providenciava o perdão dos pecados, e o segundo retirava os pecados e os levava para longe. Obviamente, quanto mais bonitos, resistentes e saudáveis fossem os animais, melhor seriam aceitos como oferendas. O bode a ser solto, quanto mais longe fosse deixado no deserto, mais garantia se tinha de que os pecadores não voltariam a cometer os mesmos pecados. O animal era martirizado até morrer pelo calor escaldante e a aridez insuportável, expiando os pecados do povo. Assim, criou-se o aforismo popular "bode expiatório", e dessa forma era feito o perdão dos pecados à época da vinda do amoroso Jesus, o Cordeiro de Deus.

Pergunta: - Quais os motivos para Jesus ser considerado o salvador da humanidade?

Ramatís: - A resposta a esta questão redundou em um livro à parte (O Sublime Peregrino) em que aprofundamos os motivos "ocultos" da vinda e da vida de Jesus durante sua estada na Terra. Ele é considerado o salvador porque até o momento cruciante de sua morte na cruz a humanidade vibrava intensamente na animalidade instintiva da inferioridade espiritual. O corpo de Jesus sacrificado foi o condensador energético do Cristo planetário, resumindo com galhardia o tratado cósmico de libertação espiritual deixado no seu sublime Evangelho.

Para o enfoque dessa obra, é preciso sintetizar como era a cultura religiosa judaica preponderante na época de Jesus. A relação com o sagrado estava completamente banalizada pelos constantes e repetidos sacrifícios animais. Os ritos inerentes ao judaísmo antigo preceituavam um substituto sacrificial pelos pecados dos ofertantes. A liturgia externa das leis mosaicas, eivada de sacrifícios animais que sustentavam um sistema de "troca com Deus", era inadequada à interiorização do Evangelho que deveria ser deixado por Jesus.

Estabeleceu-se um aleijão teológico tal, que para ser consertado foi necessário haver um sacrifício que não "somente" cobrisse os pecados dos cidadãos, mas que "tirasse", de uma vez por todas, os pecados do mundo, e se dispensasse a humanidade de continuar derramando sangue em nome de Deus, a fim de que os homens demonstrassem sua fé. Assim, Jesus construiu uma ponte de luz definitiva entre Deus e os homens, já que o Messias cumpriu o seu papel sacrificial de levar os pecados do mundo no seu calvário. O plano de Deus de acabar com todo o sistema de sacrifícios e da satisfação diária de Sua justiça "ofendida" pelos homens (bastava ter um animal e uma faca afiada em mãos sacerdotais) acabou também com a necessidade da lei externa e ritualística de Moisés.

Logicamente Jesus, o Cordeiro de Deus, triunfou à luz da razão evangélica, diante das trevas das consciências nubladas pelo escambo fluídico sanguinolento com Deus, difundindo claridade espiritual num mundo de sombras egoísticas, através do combustível sacrificial do seu próprio sangue. Se Ele, o canal vivo do Cristo, se colocou como oferenda sacrificial a Deus, nenhum outro cordeiro do mundo se igualaria a Ele, liberando as almas arrependidas e aflitas de antanho da mortandade em troca do perdão dos seus pecados.

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Jesus foi o tabernáculo vivo no planeta que transferiu para si os pecados da humanidade, salvando-a do abismo que se avizinhava e impediria a mensagem da Boa Nova evangélica de concretizar-se nas mentes cristalizadas nos ritos sacrificiais.

Pergunta: - Parece-nos que foi uma "maldade" exigir-se o sacrifício de Jesus na cruz. Não haveria outra forma de convencer os incrédulos daquela época?

Ramatis: - O Criador não vibra em considerações perso-nalísticas. Ele atua sempre na medida exata, por meio de Suas sábias, justas e perfeitas leis cósmicas, em favor da coletividade em evolução. O calvário de Jesus e o seu sacrifício na cruz são, antes de qualquer consideração emocional terrena, a maior comprovação testemunhai histórica que a comunidade da Terra pôde receber da fé inquebrantável na existência da vida após a morte. Em nenhum momento Jesus se afligiu com a sua cruci-ficação. Ao contrário, preocupava-se com os que iam ficar e, no seu último suspiro, pediu perdão ao Pai pelos que o sacrifica ram, pois eles não sabiam o que estavam fazendo.

O desconhecimento do reino de Deus era de tal magnitude, à época, que os cidadãos entendiam que o sofrimento da criatura pudesse transferir-se para um animal sacrificado em expiação, livrando-os dos pecados do mundo, e que Deus solidarizava-se com isso. Assim, como o camaleão que muda de cor para se camuflar com o ambiente, foi necessário um mimetismo sacrificial para se transferir ao corpo de Jesus a violência e o hipnotismo mental que predominavam no escambo religioso eivado de mortandade animal. Assim, deslocou-se a fixação dos homens da liturgia sanguinolenta para o calvário do Messias e para o seu corpo físico imolado na cruz. Entretanto, até os dias de hoje ainda predomina no meio do catolicismo popular a imolação corporal como prova viva da devoção sacrificial, esquecendo-se o Evangelho do sublime peregrino em favor da rememoração do seu sofrimento e seu sangue derramado.

Em virtude de alguns leitores espiritualistas estudados estranharem as catarses geradas pela imitação do flagelo de Jesus, provocadas pelos devotos em seus próprios corpos, abordaremos este tema em capítulo à parte, aprofundando a fisiologia oculta dos processos que levaram ao deslocamento psíquico dos sacrifícios animais do passado para o presente, a imolação corporal dos crentes na sua busca pelo sagrado.

Resta dizer que está demarcado no psiquismo profundo da coletividade encarnada, infantilizada pelos dogmas e infalibilidade dos sacerdotes, o tabu de que fé inquebrantável é aquela acompanhada de dor e sofrimento autoimpostos. Estas elucidações são importantes para a compreensão de quanto ainda o sacrifício é motivo de troca pelas benesses, milagres e facilidades espirituais buscadas nas religiões neoevangélicas e nas práticas mágicas populares. Deixam a psicologia libertadora do Evangelho do Rabi da Galiléia de lado, qual barco sem leme levado pela correnteza, pois não é nada fácil interiorizar-se os ensinamentos morais do Cristo e ainda é dificílimo ao cidadão comum praticá-los, ante a afoiteza com que busca resultados espirituais mágicos e imediatos. Transcorreram 2010 anos do calvário de Jesus, mudaram os cenários, as personagens, mas o atavismo que dita o menor esforço para o alcance e adoração dos bezerros de ouro continua o mesmo.

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Pergunta: - Diante da máxima universal de que a seme-adura é livre e a colheita obrigatória, não existem pecados, apenas causas e efeitos. O fato de Jesus "liberar-nos da responsabilidade pelos nossos pecados" (atos) não nos infanti-lizou espiritualmente ao longo da história, pelos caminhos que as religiões instituídas deram ao cristianismo? O que tendes a dizer a esse respeito?

Ramatís: - Em verdade, Deus não estabelece nenhum sistema punitivo aos cidadãos em evolução. Todas as dores e sofrimentos humanos, individuais e coletivos, regem-se pela mais absoluta justiça, por mais desagradáveis e trágicas que possam ser as colheitas de cada alma.

Os seres ignorantes, ao agirem com descaso em relação à Lei Maior, ativam inconscientemente um automatismo cósmico retiflcador que reage em igual proporção, alinhando-os novamente nos trilhos de ascensão à estação angélica.

Ninguém é punido ou castigado porque "peca", já que o pecado serve tão-somente às religiões para esculpir a culpa, o medo e a dominação nos crentes. Além do mais, aquilo que não era pecado ontem é hoje, e o que é pecado na atualidade antigamente não o era. Se os costumes morais e religiosos não mudassem, conforme o contexto da época, nos dias atuais seria normal matar o inimigo e o matador ser ovacionado ao voltar para casa com o derrotado morto puxado pelos cabelos como nos ritos sagrados de algumas etnias silvícolas, em que se comia os desafetos assados. Em sentido inverso, as mulheres divorciadas da sociedade atual seriam pecadoras hereges destinadas à fogueira; não se teria liberdade de opção religiosa e os bispos e cardeais católicos continuariam ricos, tendo muitas amantes e mandando em vossos governantes. Os "pecados" mudam na linha do tempo, em concordância com os sistemas sociais, religiosos, econômicos e morais de cada época; imputa-se atitudes punitivas a um Deus que é todo amor. Virtudes e vícios são perenes e servem para o aprendizado das leis divinas, conduzindo os homens ao manejo adequado de seus mecanismos de equilíbrio.

Assim como o plantador de feijão deve regar as sementes adequadamente, sob pena de colocar excesso de água e apodrecer as raízes, ou pouca água e o solo não ficar suficientemen-te umidificado para nutrir as tenras folhas, danificando-as pelo ressecamento, o espírito eterno, enquanto não aprender a operar equilibradamente as leis cósmicas, colherá em si e para si as conseqüências boas ou ruins de sua falta de habilidade.

É certo que toda a dominação religiosa para se conduzir um rebanho subjugado infantiliza as ovelhas. O fato de muitos crentes, até os dias de hoje, considerarem que basta a confissão ao padre, o testemunho de fé positiva ao pastor no púlpito dominical, o dízimo semanal para alcançar a graça do Espírito Santo, o trabalho pago aos orixás indicado pelos búzios, o passe semanal no terreiro umbandista ou assistir à palestra com água fluída do centro espírita, para livrá-los dos seus "pecados" (a colheita pelos seus atos) demonstra um entendimento infantil das leis de Deus, tal qual a criança que, colocando a capa do Super-Homem, sai correndo, pulando a janela para voar, e se esborracha no chão.

Pergunta: - Diante dessa assertiva: "O espírito eterno enquanto não aprender a operar equilibradamente as leis cósmicas colherá em si e para si as

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conseqüências de sua falta de habilidade", pedimos maiores elucidações. Como assim, colherá em si e para si? Podeis exemplificar?

Ramatís: - Esqueceis facilmente que o tabernáculo físico é vossa igreja divina. O invólucro carnal que abriga o espírito nos interregnos reencarnatórios é como o templo religioso em que deveis ser o pastor, zelando por sua integridade para recepcionar e se relacionar com os viandantes, companheiros de jornada, que o visitam. Imaginais um local de encontro religioso sujo, escuro e mal-cheiroso? Assim fica impregnado o perispírito dos que caem nos apelos inferiores da materialidade, podendo, em certos casos, causar estigmas nos futuros corpos físicos, como acontece com os deficientes físicos e retardados mentais. O es-pírito colherá em si, nos seus corpos mediadores, no perispírito e corpo físico, o que semeou, sempre que justo for para o seu reequilíbrio perante as leis cósmicas.

Exemplificando: um senhor feudal que matava seguidamente os invasores de suas terras que tentavam roubar algum terneiro para se alimentar, quebrando-lhes as espinhas dorsais para que não pudessem mais andar, pode ter um corpo físico com sérios problemas de coluna, tendo que fazer várias cirurgias nas vértebras, tantas vezes quanto assassinou outrora, correndo o risco de ficar manco tanto tempo quanto for necessário para que possa limpar o corpo perispiritual das sujeiras que o impregnam pelos próprios atos loucos do passado.

De outra maneira, os que traíram esposas, abandonaram filhos, assassinaram inimigos, ludibriaram sócios, enganaram concorrentes, exploraram prostitutas, provocaram abortos, viciaram adolescentes, poderão abrigar pelos laços consanguíneos os desafetos de longa data, como filhos e filhas, esposos ou esposas, colhendo para si a retificação dos atos de outrora.

A harmonia cósmica se rege pelo dedo de Deus: é como um violino que está sempre afinado, e as distorções sonoras na orquestra são imediatamente corrigidas. O aforismo popular "quem com ferro fere, com ferro será ferido" é perfeita alegoria para descrever o encadeamento cármico na vida das criaturas: quem separou casais, terá de viver separado; quem abandonou será abandonado; quem roubou será roubado; enfim, quem semeou ventos colherá tempestades. A funcionalidade da Lei de Causa e Efeito ajusta perfeitamente o fato causador ao efeito gerado, em todas as localidades do Cosmo.

Pergunta: - Então a lei mosaica do "olho por olho e dente por dente" é reflexo da funcionalidade das leis cármicas e fruto do dedo de Deus?

Ramatís: - Na parábola da ovelha perdida, Jesus declara que é vontade do Pai que não se perca nenhum de seus pequeninos, referindo-se aos que ficarem para trás, perdidos do reto caminho a seguir rumo ao infinito oceano do Seu reino. Assim, o Mestre deixa claro que o Deus que Ele proclama é um Deus de amor, que preconiza a necessidade de perdão para a remissão dos pecados, sendo inconcebível a imposição de punições e castigos eternos aos Seus filhos. A parábola mostra o amor infinito do Pai para com as almas perdidas e transviadas, que não ficarão desgarradas nos labirintos das paixões inferiores. Ainda que seja imperioso para a retificação do espírito renascer na Terra manco, sem um braço, cego, mesmo debilóide, em decorrência de seus atos pretéritos, ele não ficará sem salvação como a ovelha perdida da parábola, já que o determinismo das reencarnações sucessivas conduzirá a sua embarcação nos mares revoltos da materialidade, ancorando-a no porto seguro da eterna bonança espiritual.

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Repetindo o que dissemos anteriormente, as leis vingativas do judaísmo antigo acomodavam o anseio de seres humanos raivosos, rudes, que só concebiam o mesmo pagamento de Deus aos seus inimigos, doesse a quem doesse. Não se vislumbrava o perdão das ofensas, assim como as ovelhas consideradas perdidas eram sumariamente estigmatizadas como pecadoras sem salvação. Obviamente, os homens não têm, até os dias atuais, o direito de serem justiceiros pelas suas próprias mãos, pois inevitavelmente haveria exageros, cobranças indevidas, desforras cruéis, punições torturantes, distorcendo-se o equilíbrio funcional e a impessoalidade da Lei de Ação e Reação. Acentuar-se-iam os ressentimentos e ódios entre irmãos de caminhada evolutiva, reforçando-se as obsessões ferrenhas e milenares.

Pergunta: - De vossas palavras, entendemos que se Jesus, o Messias, não tivesse se sacrificado, oferecendo-se como o Cordeiro de Deus para tirar os pecados do mundo, a luz do seu Evangelho, diante das trevas das consciências, não teria se perpetuado? É isto?

Ramatís: - Sem dúvida! Em verdade, nunca nenhum sacrifício animal foi necessário para se chegar a Deus, já que Ele é todo amor. Corrigiu-se essa distorção depois do advento de Jesus. Após o calvário, foi como se houvesse se instalado um grande incêndio nas consciências, sendo o seu feito (sangue derramado na cruz) o combustível. Isso é tão verdadeiro que o Mestre dizia, em Mateus 9:34-36:

Eu vim para pôr fogo à terra e como eu gostaria que ele já estivesse aceso! Credes que eu vim trazer paz ao mundo? Pois eu vos afirmo que não vim trazer paz, mas divisão. Porque daqui em diante uma família de cinco pessoas ficará dividida: três contra duas e duas contra três. Os pais vão ficar contra os filhos, e os filhos contra os pais. As mães vão ficar contra as filhas, e as filhas contra as mães. As sogras vão ficar contra as noras, e as noras contra as sogras.

Imaginai os cidadãos viciados nas trevas conscienciais, que imantavam as criaturas a um sistema de troca com Deus na base de sacrifícios animais para o perdão temporário dos pecados, terem a partir de então de mudar suas atitudes, diante da Boa Nova do Messias. Obviamente, após o advento do calvário de Jesus, estabeleceram-se muitas discórdias e conflitos teológicos, até a acomodação das consciências numa nova conduta diante de Deus e do sagrado.

O plano divino prevê que os homens despertem o Cristo interno e também sejam deuses, exercitando a plenitude de suas potencialidades cósmicas.

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II

A prisão dos espíritos nos sacrifícios animais mantidos pelas religiões

A Divindade não endossa o uso de sangue para fins ignóbeis; mas é a própria humanidade terrena que favorece tal acontecimento condenável, malgrado as advertências mais severas do Alto. Quantas tragédias, angústias e sofrimentos que há séculos afligem a hu-manidade, são resgates cármicos provenientes da culpa espiritual de verter o sangue do irmão menor, a serviço do vampirismo da Terra e do Espaço?

RAMATÍS, Magia de Redenção

Pergunta: - O sacrifício de animais é a mais antiga expressão de religação com o Divino, presente na maioria das civilizações da Terra, tendo sido praticado em todos os continentes. Esses rituais datam da época, segundo os mitos dos índios das Américas, em que "os deuses habitavam a Terra" e ensinaram aos humanos essa forma de conexão e culto à Divindade Suprema. Como pode Deus, que é todo amor, ser louvado e fazer-se "presente" no assassinato de animais? Isso é possível?

Ramatís: - Tendo como base vossos achados arqueológicos, podeis constatar que em praticamente todas as civilizações an-ligas das Américas, do Alasca à Patagônia, havia o costume do sacrifício animal. Foi uma constante entre os incas, maias e aste-c;is, intensificando-se a insanidade sanguinolenta nos períodos de decadência dessas civilizações, quando recorreram aos sacrifícios humanos. Aliás, a prática sacrificial aos deuses nas disputas territoriais, ou para a derrota dos inimigos, foi comum em quase todas as civilizações da Terra, notadamente entre diversas etnias silvícolas de vosso país.

A evolução das raças e das religiões se faz de acordo com a comunidade espiritual encarnada e desencarnada, nas diversas etapas históricas de formação da consciência terrícola. Obviamente Deus nunca está ausente e não depende de considerações morais personalistas de cada época do calendário humano. Cada criatura tem o Deus que merece e de acordo com o seu estágio de entendimento e abertura mental para o sagrado.

Claro está que espíritos sedentos do combustível fktídico liberado pelo sangue derramado sempre estiveram em escambo vampirizador com os habitantes do orbe, transformando-se em "deuses habitantes da crosta" pelas conexões mediúnicas que mantinham com seus médiuns, matadouros vivos do Além.

Considerai que as transmigrações espirituais planetárias não deixam nenhuma estação do Cosmo sem ocupação. Muitos espíritos vieram para a Terra degredados de outros orbes,

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uns tantos inclusive foram trazidos para cá por espaçonaves extraterrestres rarefeitas. Então, não é incomum terem recaído nos atavismos mentais que se perde na noite dos tempos. Buscando nutrir-se, reintroduziram a troca com Deus através do derramamento de sangue obtido pelos rituais. Este era o Deus que conseguiam conceber.

Infelizmente, até os dias de hoje, Jesus é sacrificado na cruz em várias liturgias de vossas diversas religiões.

Pergunta: - Em relação à vossa assertiva "Muitos espíritos vieram para a Terra degredados de outros orbes, uns tantos inclusive foram trazidos para cá por espaçonaves extraterrestres rarefeitas", podeis nos dar maiores esclarecimentos? Sempre são necessárias espaçonaves para essas transmigra-ções espirituais? Isso nos parece um tanto herético, diante dos conceitos das religiões vigentes.

Ramatís: - Quando Galileu Galilei formulou a Teoria He-liocêntrica, declarando cientificamente que o Sol era o centro do

Universo, a "santa" Inquisição afirmou que isso era teologicamen-te errado e urna heresia perante os desígnios divinos. Giordano Bruno, ao afirmar que "uma vez que a alma não pode ser encontrada sem o corpo e todavia não é corpo, pode estar neste ou naquele corpo e passar de corpo em corpo", defendendo a reencarnação, foi levado às labaredas da fogueira da Inquisição. No instante em que o fogo chamuscava-lhe a barba e seus pulmões enchiam-se de fumaça, o filósofo lamentou profundamente a ignorância dos líderes religiosos e da humanidade, e enquanto as chamas levantavam sua pele, ele manteve a consciência firme na convicção de que logo veria outros sóis e diversos mundos celestiais, ao viajar pelo "infinito".

Exercendo seu domínio sobre a alma, elevando-a a Deus, Giordano Bruno sabia que não precisava esperar o fim do veículo transitório para a sua união com o Cosmo, e que voltaria a ocupar novos corpos físicos em outras oportunidades dadas pelo Pai. Assim, pela imposição de sua vontade disciplinada, desprendeu-se do corpo físico chamuscado e voou para os paramos celestiais, como um iogue avançado que entra no êxtase provocado ou um pássaro que voa da gaiola aberta, não sentindo a dor da queima de suas carnes enrijecidas e deixando os circunstantes com suas ilusões, enquanto sentiam o odor de seus órgãos e vísceras queimados.

Nem todos são espíritos do gabarito sideral deste sábio e conseguem manejar os comandos de suas próprias naves espaciais para viajarem pelo Cosmo. A liberdade do espírito, que impulsiona os veículos da consciência a movimentarem-se em planos dimensionais em que o espaço e o tempo não são cartesia-nos iguais aos vossos, é para poucos cidadãos cósmicos. Aliás, a maioria dos habitantes do orbe terreno ainda se amedronta diante da possibilidade de realmente existir o caldeirão do inferno, esquecendo-se de que sua própria consciência determinará se irão para as fogueiras depurativas do espírito ou não. Lembrai-vos de que o espírito é como uma chama incandescente em seu fulcro mantenedor ou mônada. A maior parte dos espíritos que habitam vosso orbe, e outros igualmente atrasados, quando são transportados entre os mundos habitáveis, ficam inertes, anestesiados em seus corpos astrais, quando então são necessárias naves espaciais (astralinas), imperceptíveis ainda aos vossos sentidos densos, que atracam nos portos astrais da Terra desde remotas eras. Afinal, não eram os deuses astronautas?

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Pergunta: - O quinto mandamento da lei mosaica diz: "Não matarás". Como podem as escrituras, no Velho Testamento, conter tantos relatos de sacrifícios animais nas liturgias de intercâmbio com Deus?

Ramatís: - O quinto mandamento da lei mosaica, recebida mediunicamente no Monte Sinai, diz "Não matarás". As dez leis sagradas ditadas a Moisés podem ser resumidas em duas: "amar a Deus sobre todas as coisas" e "amar ao próximo como a nós mesmos". O princípio da religião, em sua amplitude de religa-ção com o Divino, sustenta que havendo uma transgressão a um mandamento, será infringido todo o Decalógo, porque é um conjunto orgânico e indissociável, assim como não podeis dinamitar o quinto andar de um edifício de dez andares sem comprometer a estrutura do prédio. Entretanto, a manutenção da mortandade ritual não causou maiores discussões teológicas após a recepção mediúnica de Moisés. Claro está que os sacerdotes da época temeram perder o poder do escambo com Deus e minimizaram o quinto mandamento, dizendo que os sacrifícios não o contrariavam, pelo fato de os animais terem sido criados por Deus para agasalhar e alimentar os seus filhos, conforme a Gênese.

Como o carnivorismo era a base alimentar daqueles seres, obviamente eles não contemplavam os animais como tendo alma. Logo, o sacrifício de carneiros, bodes e pombos não estava incluso no âmbito do quinto mandamento. Aliás, os sacrifícios eram permitidos nas práticas ritualísticas de oferendas, purificação, pactos, alianças, expiação, misericórdia... e mesmo nas iniciáticas (evocatória e invocatória), no interior dos templos.

Em verdade, a alimentação carnívora é reforçada no judaísmo dentro do contexto bíblico, o qual denomina o princípio espiritual que anima os animais de Nephesh. Por toda a Gênese, quando esta palavra é citada, indica a criação do reino animal, sendo assim diferenciado do princípio espiritual dos homens (Neshamati) que foi o fôlego de Deus nas narinas de Adão, como se o hálito divino fosse diferenciado ao viviücar os homens e os animais neste planeta.

Assim, para os hebreus que foram conduzidos à libertação do Egito por Moisés, os sacrifícios animais eram corriqueiros e amplamente aceitos. Eles entendiam que a morte de um animal fornecia "energia" para satisfazer Deus em suas cobranças, e redimi-los dos pecados. O segredo distorcido desse dogma está em que na morte do animal existiria a desagregação do seu espírito (Nephesh}, que não seria uma alma individualizada; ao contrário do homem, em que somente o corpo material se desagregaria e o espírito (alma) não.

Obviamente Moisés se inseria no contexto religioso da época e não teria liderança se desconsiderasse os costumes sacrificiais milenares. Além do que, era príncipe egípcio, iniciado nos mistérios de ísis por Jehtro, seu sogro e sumo-sacerdote de escolas iniciáticas. Era um mago das escolas iniciáticas dos grandes mistérios e, como tal, dominava com riqueza de detalhes toda a ritualísüca mágica, inclusive os segredos para o intercâmbio e materialização dos mortos e os fundamentos da Ousekth-kha, a sala da elevação ou ofertório, onde eram expostas as oferendas vegetais e de animais imolados feitas aos deuses no templo. Neste recinto, por meio da força vital dos animais sacrificados, os sacerdotes preparavam as aparições e as evocações dos espíritos que se dariam nas salas dos mistérios, localizadas no fundo do templo e construídas como grutas naturais.

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Hoje não se justifica sustentar os sacrifícios animais baseando-se no Velho Testamento. Se assim fosse, estaríeis andando em burricos como faziam na época hebraica de Moisés. O sagrado e o intercâmbio com o Divino são passíveis de progressividade, lei cósmica que rege os movimentos ascensionais, assim como o Alto enviou vários "profetas" ao longo dos tempos para esclarecer as verdades do reino de Deus.

Conforme já dissemos, perante às leis cósmicas universais que regem os movimentos ascensionais, quando realizais um rito, dito sagrado, e sacrificais um animal, interferis num ci-clo cósmico da natureza universal, causando um desequilíbrio, já que interrompeis artificialmente o quantum de vida que o espírito ainda teria de ocupar no vaso carnal, direito sagrado concedido pelo Pai. Mesmo o irmão menor ainda não sendo uma alma individualizada, pertence a um grupo celeste1 que se enfraquece gradativamente quanto mais mortandades houver nas suas contrapartes encarnadas.

(l) Alma-grupo.

Pela Lei de Causa e Efeito, quanto maior o entendimento da evolução espiritual pelas informações disponíveis, o que difere da compreensão dos sacerdotes de antigamente, maior é a responsabilidade de quem fere o mandamento "não matarás", que é eterno e não se vincula a uma época, como as desconexas justificativas temporais dos religiosos atuais, dependentes do corte sacriflcial, que procuram se explicar no presente como se estivessem no passado remoto.

O fato de matardes um animal não vos isenta de responsabilidades cármicas. Repetindo-nos, como já dissemos em outras vezes, o carma coletivo que rege os movimentos ascensionais não se prende às crenças humanas; trata-se de lei universal. Vós que sois homens e caminhais para a angelitude, tal qual os animais rumam para a humanização, gostaríeis de ser uma oferenda e ter vossa garganta cortada e o sangue vertido até a última gota entre ladainhas e mantras, para redimir os pecados do ofertante? Assim fazem com os animais, que rumam para a evolução. Mesmo que os irmãos menores do orbe sejam somente instintos, rege-os uma Inteligência Superior que os leva à inexorável individualização, direito cósmico sagrado que os conduz a encarnar em um corpo hominal.

Quanto maior a consciência, menor a ignorância das verdades cósmicas e mais amplos os débitos ou créditos na contabilidade sideral de cada cidadão. A finalidade superior das almas-grupos e dos animais não é deixar-se escravizar ou esquartejar pelos crentes religiosos que acabam bloqueando-lhes o direito sagrado de aquisição dos princípios rudimentares de inteligência, através da convivência pacífica e amorosa com os humanos, experiência que propicia a formação dos veículos astral e mental, a fim de virem a estagiar no ciclo encarnatório humano oportunamente.

Reforçamos o pedido de reflexão aos terrícolas que matam os animais em nome dos santos: gostaríeis que os anjos, para se tornarem arcanjos, viessem vos cortar em pedaços e "chupar" vosso sangue para se saciarem nos paramos celestiais?

Pergunta: - Podeis citar algumas passagens nas escrituras que refletiam o estado de inconsciência coletiva na época em que o Divino Mestre encarnou? Ele, Jesus, que era um instrutor sideral apoiado pelas hostes angélicas, como comportou-se diante desses diversos ritos sacriflciais? Que motivo o levou a não criticá-los abertamente?

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Ramatís: - A aplicação do sangue de Cristo para salvar vidas foi prefigurada de diversas maneiras nas escrituras hebraicas. Sendo um espírito de alta estirpe sideral, um psicólogo arguto da alma humana, Jesus sabia que somente com a chegada do Messias, ou melhor, Ele próprio se colocando como o Cordeiro de Deus, estabelecendo as diretrizes morais crísticas do Evangelho, e sendo sacrificado no calvário, conseguiria deixar as sementes que mudariam o estado de consciência do povo daquela época. Ele tinha de desviar a atenção das mentes para o sacrifício do filho de Deus, o qual, sacrificando-se pela humanidade, demonstrava que não era mais necessário imolar animais para chegar ao Pai.

Como dissemos anteriormente, era óbvio que Jesus não concordava com a matança de animais, mas "obrigava-se" a conviver com esse costume, existente entre os hebreus muito antes da entrega da Torah, o que afligia sua índole psicológica. Por isso, não se tem maiores relatos de Jesus criticando os ritos sacrificiais. Ele simplesmente não os aplicava, pois sabia que a evolução não dá saltos na escada de Jacó. Seu silêncio e exemplo de mansuetude revoltava os sacerdotes das sinagogas, que se sentiam "enciumados" dos milagres que ocorriam sem os preceitos de purificação judaicos, para espanto e ira da classe eclesiástica sedenta de manter seu poder religioso e mercantil, uma vez que os ritos eram cobrados.

As influências das escrituras no inconsciente coletivo à época de Jesus eram intensas. Por ocasião da primeira Páscoa, no Egito, o sangue exposto na parte superior das portas e nas ombreiras das casas israelitas tinha a finalidade de proteger o primogênito de ser morto pela mão do anjo de Deus (Êxodo 12:7,22,23; ICoríntios 5:7).2

(2) "Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós"-1 Coríntios, 5:7

O pacto com a Lei Divina de então estabelecia que a remoção dos pecados se daria pelo sangue de animais (Êxodo 24:5-8). Os incontáveis sacrifícios sanguinolentos, especialmente os oferecidos no Dia da Expiação dos pecados (Levítico 16: 5-10), foram o estágio anterior à verdadeira remoção dos pecados que viria por meio do sacrifício do Cristo. O poder que se entendia ter o sangue, aos olhos de Deus, aceito por Ele para fins de expiação, está ilustrado pelo derramamento de sangue ao pé dos altares com os chifres do animal imolado exposto sobre ele (Levítico 9:9; Hebreus 9:22; l Coríntios 1:18).

O sangue e o sacrifício de animais, dentro do contexto bíblico, não são ligados somente à expiação dos pecados, mas também aos ritos de purificação. O lugar simbólico de moradia de Jeová é um lugar santiflcado, um santuário. Os templos construídos mais tarde por Salomão e por Zorobadel (reconstruído e ampliado por Herodes, o Grande), chamados de miq dásh ou qó dhesh, lugares "postos à parte" ou "santos", localizavam-se no meio de um povo pecaminoso. Estes lugares tinham de ser regularmente purificados por meio da aspersão de sangue de animais sacrificados (Levítico 16:16).

O próprio pacto da lei, quando da transmissão das Tábuas, por meio de anjos para Moisés, entrou em vigor com o sacrifício de animais no Monte Sinai (Gaiatas 3:19; Hebreus 2:2; 9:16-20). Naquele evento mediúnico, Moisés respingou sobre o altar a metade dos sangue dos animais sacrificados, e então leu o livro do pacto para o povo, que concordou em ser obediente. Depois disso, ele aspergiu a outra metade do sangue sobre o livro e sobre o povo (Êxodo 24:3-8).

No meio de toda essa mortandade, cujos ritos religiosos alimentavam os espíritos sedentos desse fluido, Jesus andou serenamente, sem infligir violências físicas ou psíquicas. Não teve apegos, não esperou considerações, e nunca precisou de aplausos ou

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reconhecimentos. Espírito sideral, ensinou o amor em sua grandeza máxima. Sua temperança inabalável e mansuetude costumeira davam a força de cem leões ao Cordeiro de Deus en-carnado. Jamais tomou decisões precipitadas, e refletia em sua aura divina o fervor de sua missão terrena para a libertação da humanidade ignorante das verdades dos Céus. Eram almas iludidas por um Deus punitivo que deveria fazer-se todo amor através do seu verbo, o evangelho nascente.

Espírito generoso, voltado à natureza, amava os animais, os montes cheios de árvores, os lírios dos campos, as águas dos rios e lagos, os trigais, as videiras, as brisas frescas das manhãs que antecediam dias causticantes. Não tendo onde reclinar a cabeça, dormia sob as copas das árvores. Sob as figueiras acordava e se deleitava com o som matinal dos pássaros. Onde estivesse, levava a paz aos corações, pelo simples envolvimento de sua vibração angélica que, como um manto de fluidos balsâ-micos, espargia sobre todos e interpenetrava os circunstantes, sem a necessidade de derramar uma gota de sangue sequer para conectar-se com o Altíssimo.

Verdadeiro enviado do Alto, libertador das almas, foi luz fulgurante que iluminava a escuridão interior das criaturas desiludidas e desesperançadas pelas religiões vigentes, cansadas de terem de ofertar tudo o que possuíam a um Deus cruel, representado por sacerdotes fesceninos. Assegurou: "Eu estou no Pai e o Pai está em mim", implantando assim a mudança de paradigma para as criaturas alcançarem o reino do Céus, unificando-as ao pólo gerador e mantenedor de todo o Universo, criador de todos os seres.

Ao se colocar como o Cordeiro de Deus, sendo um com o Pai, desobrigou os crentes a sacrificar animais a Deus. Ao deixar a primeira eucaristia registrada na ceia pascal com os apóstolos, deslocou para o simbolismo do pão, como corpo, e ao vinho, como sangue, o atavismo milenar dos sacrifícios animais. Sabia que se perpetuaria pelos evos a sua crucificação em prol da libertação das almas das liturgias sacrificiais regadas a sangue derramado. Comprovou a vida eterna com sua ressurreição (seu reaparecimento pela materialização do perispírito) três dias após seu desencarne na cruz, demonstrando irrefutavelmente que não é o sangue físico que anula os pecados, mas a transformação metafísica que existe após a morte, reforçando que a fé nas verdades do reino de Deus remove as montanhas ilusórias da materialidade transitória, diante da verdade espiritual inquestionável e perene.

O triunfo do Mestre se fará neste momento de transição planetária. Sigamos resolutamente Jesus, pois Ele é a luz do mundo, o sol fulgurante que aquece as almas do frio interior, libertandoas da desilusão e da desesperança, como as trocas sacriflciais com mortandade de animais, em todas as religiões, nunca fizeram.

Pergunta: - É possível termos maiores elucidações sobre a assertiva: "O triunfo do Mestre se fará neste momento de transição planetária"?

Ramatís: - Na casa do Pai há muitas moradas. Se existem estradas que ligam vossas cidades umas às outras, e vossos aviões transitam entre as nações na face planetária, obviamente nos diversos orbes do Cosmo ocorrem movimentaçãos intensas, como se fossem rodovias movimentadas ou rotas espaciais congestionadas. As vidas nos diversos organismos planetários compõem o "corpo de Deus", e nada mais são do que recursos educativos aos cidadãos, momentaneamente impedidos de auferirem o passaporte cósmico de libertação do ciclo carnal.

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Os infinitos mundos físicos são como o esmeril do Pai a des-bastar os seus filhos em reeducação comportamental, desintegrando os resíduos das paixões inferiores e da animalidade que ainda pulsam em seus fulcros psíquicos. Assim, a Administração Sideral seguidamente está recolocando os espíritos em uma ou outra moradia no Cosmo, de acordo com o ambiente em que precisam estagiar para se melhorarem.

Neste momento, estais no alvorecer da transição planetária que conduzirá a outros orbes as consciências recalcitrantes em aceitar os ensinamentos do Evangelho de Jesus. Ao mesmo tempo, entidades com a internalização plena do Cristo, chegarão à psicosfera da Terra. O reaparecimento do Cristo está em curso, plenamente sustentado pelos Maiorais do Espaço e liderado pelo próprio Jesus. O triunfo do Mestre se dará pela vitória de todos os seus discípulos, que caminham para o amor incondicional, o que fará as individualidades reconhecerem-se fraternalmente, dispensando o senso descabido de superioridade recíproca. A presença do Cristo na aura planetária não será materializada numa individualidade. Acontecerá de maneira inevitável no despertamento do Cristo interno das criaturas encarnadas, independentemente de sua crença religiosa, fazendo arder o "amor ao próximo como a si mesmo", assim como Jesus nos ama.

Pergunta: - O Yajurveda, um dos quatro Vedas, contém grande parte da liturgia e dos rituais necessários à prática religiosa hindu, incluindo os sacrifícios animais. Textos como o Ramayana, e outros, demonstram que os sacrifícios de animais eram comuns nos rituais hindus. Não é uma ironia que, justamente na cultura que prega o vegetarianismo e a não violência, degenerações dessa ordem se manifestem?

Ramatís: - O binduísmo, por não ser uma religião "organizada" em sua formação, permitiu uma enorme diversidade de rituais. No período de 1000 a 800 a.C, passou a basear seu sistema de crenças na constante necessidade de sacrifícios (a população podia comer carne só de animais abatidos pelos sacerdotes). Observai a sabedoria oculta da natureza, e concluireis que degene-ração significa, no mais das vezes, regeneração: de milhares de tartarugas que nascem, somente uma minoria se tornará adulta; mesmo a mais capaz das águias terá filhotes que cairão do cume da montanha e serão abatidos pelo meio inóspito, eivado de predadores que precisam se alimentar para sobreviver; nenhuma lavoura está livre das pragas e a cada dia novos vírus surgem a causar danos à saúde, incentivando vossos biólogos e médicos a buscar soluções científicas para a restauração do bem-estar. A evolução não dá saltos, e a religiosidade tem uma seletividade natural entre as civilizações que abrigam espíritos egoístas e com instintos primários, como são os de vosso orbe. Entes em degene-ração pelos próprios atos, expatriados cósmicos de outros recantos siderais, são obrigados, para se regenerarem com as leis divinas, a estagiar neste planeta de provas e expiações, tal a teimosia desses espíritos, que só é vencida pelo infinito amor do Pai e de Suas muitas moradas. Nesse contexto cósmico, um orbe como o vosso, caminhando para a regeneração, serve indistintamente às leis de Deus como qualquer outro endereço sideral, independen-temente de sua escala evolutiva.

Com o passar dos anos, o sistema teológico hinduísta foi se transformando e novas concepções foram introduzidas, até que surgiu a concepção de que as almas dos animais podem evoluir à condição humana, deixando assim de serem repastos vivos para os estômagos humanos.

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Não foi só a escolástica hinduísta que teve "degenerações" diante das leis cósmicas, no decorrer dos anos. Sabeis que os sacrifícios estiveram presentes (e em alguns casos ainda estão) no seio das antigas religiões da Ásia: Confúcio descreve a existência de sacrifícios animais na China, no século VI a.C. No Islã, quando da época de peregrinação à Meca, são marcantes as liturgias de sacrifícios denominados Eid-ul-Adha, que significa "comemoração do sacrifício", cujo ritual lembra que Abraão não sacrificou Ismael, o qual, pela tradição muçulmana, não é Isaac. Quando passou pela prova de obediência a Deus, acabou oferecendo um animal surgido de repente do "éter" por uma intervenção divina. O Deus "bondoso" poupa o filho humano, dando em troca um animal de quatro patas para ser esfaqueado. Os preceitos que tratam da peregrinação religiosa à Meca estão contidos no Surata Al-Haji, capítulo do Alcorão, incentivando que os fiéis levem um cabrito, cabra ou ovelha, camelo ou vaca, para serem sacrificados.

O Deus rigoroso do Alcorão, conseqüência da percepção indisciplinada d'Ele por uma coletividade religiosa, assim como em todos os demais livros sagrados, já que nenhum compêndio religioso é unanimidade na Terra, ao menos não se beneficia da carne nem do sangue dos animais sacrificados, como outras formas teológicas de entendimento do Divino. Com "bondade", não é permitido supliciar o animal, ao contrário do bode expiatório judaico. Neste caso "benevolente", o animal deve ser abatido tendo a sua jugular cortada e o seu sangue drenado até a última gota. Vós que, para chegardes ao anjo, cortais as jugulares dos animais, gostaríeis que os animais viessem vos dilacerar as gargantas para conseguirem estagiar como humanos?

Pergunta: - Encontramos, na lei judaica, três motivos básicos para os sacrifícios - doação, substituição e louvor - que estão inseridos no Velho Testamento e servem de justificativa aos sacerdotes que sacrificam animais atualmente, para se defenderem quando são criticados. O que tendes a dizer sobre esse primitivismo selvagem existente em religiões que sacrificam animais para chegar ao sagrado?

Ramatís: - Aos olhos dos Maiorais da espiritualidade, que zelam pelos processos evolutivos reencarnatórios, não existe o julgamento estreito a estabelecer sentenças de superioridade, de pior ou melhor, de imperfeito ou perfeito, primitivo ou evoluído. Assim como o mel de uma mesma floração mantém uniformidade nos índices de concentração de glicose e frutose, cálcio, cobre, ferro, magnésio, fósforo, potássio, entre outros componentes ativos, os homens, perante o Criador, são "vistos" em igualdade de amor, qual néctar de uma mesma flor, já que no Universo nada está errado e tudo caminha para a perfeição e harmonia.

Há de se comentar que os aspectos sacrificiais envolvidos na lei judaica, antiquíssimos, também são encontrados em outras religiões, como a Yorubá, que veio da África nagô para o Brasil.

A doação exige a renúncia de algo de melhor àquele que está ofertando, muito diferente dos que doam geladeiras velhas e roupas mofadas aos centros espíritas e umbandistas. Na ótica dessas religiões antigas, os animais devem ser domesticados, sadios e ainda servirem de alimentação aos prosélitos, depois de consagrados em ritos sacrificiais propiciatórios. Por outro lado, certos de que o Deus único não necessita de oferendas votivas, cada bolsão de espíritos perdidos em religiões do passado, e ainda remanescentes na face do

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orbe, terá o tempo necessário para a mudança de consciência sem violentá-los, ainda que seja em outros planetas mais inóspitos que a Terra.

Mais grave que manter hoje os resquícios "primitivos" das religiões antigas é a situação dos matadouros, que fornecem carne de animais crescidos artificialmente, lotados de ração cheia de hormônios, a fim de satisfazer uma indústria de alimentos insaciável por lucros, destinada a matar a fome e a gu-lodice das classes abastadas, materialistas e sem religiosidade, que se fartam em finos restaurantes.

Agravam-se os desatinos com os animais quando hábitos e festas populares predominantes em alguns países e culturas os subjugam e os sacrificam em demonstrações de sadismo público, como o são as touradas, a festa do boi, os safáris e as dispensáveis caçadas para o deleite dos matadores. Em vossas nações mais ricas e evoluídas ocorrem diuturnamente as brigas de galos e cachorros, deslocando das arenas romanas para os cercados de rinhas a ânsia violenta dos homens por ver o snngue derramado.

Essa substituição é um procedimento bastante comum nas operações de magia. Muitas vezes, faz-se entrega de alimentos, cereais, frutas preparadas em pratos sagrados, como o minchá judaico, quitutes que devem ser elaborados com o sacrifício e esforço do ofertante. Dentro desse princípio de substituição, também há a oferta de bebidas, como o nesekh judeu. Esses preceitos são largamente utilizados também no hinduísmo e nos cultos da matriz africana brasileira. Claro está que a substituição é um rito que objetiva envolver quem oferta e que deve transferir para a oferenda os objetivos espirituais esperados, amparando-se em sua fé.

Os espiritualistas de grande conhecimento da atualidade podem criticar esses procedimentos como primários e atrasados, diante das revelações codificadas das doutrinas recentes, mas se esquecem que "civilizado" é o consumismo materialista de caros acessórios de peles de animais em extinção e a fome leonina por carnes nobres e raras, como por vossas baleias, capivaras, javalis e tartarugas. Paradoxalmente, esses "doutores da lei" não costumam questionar os motivos pelos quais os animais foram mortos, quando se trata do restaurante ali na esquina do bairro que faz esses raros petiscos gastronômicos, ou da vitrine que expõe um casaco de pele de raposa ou um sapato de couro de jacaré. A vaidade humana é cega para a caça clandestina e tráfico de animais exóticos, para o conflnamento de pássaros nas gaiolas domésticas e para a vil tortura a que são submetidas as espécies marinhas por vossas nações civilizadas.

Louvor é a idéia de reverência e homenagem com a finalidade de estabelecer ligação com o Divino, incentivado pelo gesto de amor e gratidão sinceros que devem brotar do cora-ção. Nessas religiosidades antigas e "primitivas", ainda existe o louvor ao sagrado. Infelizmente, a intolerância dos homens desrespeita a opção religiosa do irmão de jornada. A religião do Cristo, que veio semear amor e perdão, descaracterizou-se em muitas frentes ditas cristãs e acabou dizimando milhares de cidadãos e civilizações inteiras em vários continentes, ao longo da formação da consciência planetária. É preferível conviver harmoniosamente com adeptos de outras religiões que buscam conectar-se ao sagrado, adotando ritos diferentes e até antagônicos ao vosso modo de praticar religião, do que retornardes à tortura psicológica das fogueiras da Inquisição, incentivando uma nova caça às bruxas quando julgais como primitivismo selvagem as liturgias que amparam uma fé diferente da vossa.

Pergunta: - Percebemos em todas as vossas obras uma preocupação constante com a preservação da vida animal e com a alimentação vegetariana,

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assuntos que deveriam ser de amplo conhecimento da humanidade. Sem exigir-vos excessiva repetição, dadas vossas mensagens anteriores, pedimos outras considerações sobre estes temas.

Ramatís: - Quiséramos ter palavras para conseguir expressar o que os humanos têm feito com seus irmãos menores. Mas a limitação do vocabulário terreno nos impede de fazer-nos compreender, especialmente aos seres de elevada sensibilidade e acentuado amor pelos animais.

Através dos milênios, seja por questões amnentares, religiosas, mercantis ou devocionais, os homens vêm cometendo atrocidades contra o mundo animal que deixariam qualquer nativo "primitivo" estarrecido. Milhões de animais são retirados das matas para serem vendidos. Em seguida, são mutilados, envenenados, queimados e expostos à ação de diversos componentes químicos para testar vossos cosméticos e artigos de higiene e limpeza. Entre gôndolas perfumadas e corredores refrigerados, acondicionados nas embalagens coloridas e nos corredores com música ambiente, esconde-se o suplício de dor e sofrimento dessas pequenas almas-grupo que procuram estagiar no orbe. São despedaçados, ficam cegos, mancos, sem peles, bicos e unhas, para servirem de teste e verificarem os efeitos internos das novas substâncias pesquisadas por uma indústria esfomeada por lucros; suas entranhas são ar-rancadas, raspadas e feridas até a morte.

Em vossos rodeios modernos, por trás das apoteoses ensaiadas, escondem-se dolorosos estímulos no saco escrotal dos animais, nos momentos em que os touros bravos saem para as arenas. Pregos, pedras e outros objetos cortantes e pontiagudos, firmemente colocados sob a cela, garantem o sucesso do espetáculo. Reforçam-se as performances com as esporas afiadas aplicadas com força na região do baixo ventre do animal esbravejan-te. Dando total garantia ao espetáculo, choques elétricos podem ser aplicados nas partes sensíveis, antes da entrada para o show. Pimenta e terebenüna, associadas a outros princípios abrasivos passados no corpo do animal, garantem a satisfação dos espectadores ansiosos em seus camarotes confortáves.

Touro na arena é brincadeira de criança diante da adulta farra do boi. Conduzido do seu estábulo e solto no meio da rua, é perseguido por pessoas armadas de porretes, pedras, facas e lanças. Ferido até arrancarem seu rabo, no final do festim cruel é morto, e sua carne enrijecida pelas descargas elétrico-nervosas de pavor e medo é repartida entre os esfomeados participantes.

Vossos circos pomposos acorrentam os animais em gaiolas sujas, deixando-os ao sol em altas temperaturas. Nos seus olhos, troncos e pernas, o chicote acicata-os firmemente. Focinheiras apertadas e coleiras estranguladoras garantem o espetáculo da noite. São "treinados" com choques elétricos e chapas quentes para pisar, além de chibatadas.

Quanto ao carnivorismo, já dizia Gandhi:"A grandeza de uma nação pode ser avaliada pela forma como são tratados os animais". Sem querer ser redundante, dado que a opção pelo vegetarianismo foi abordada com profundidade em outra obra (Fisiologia da Alma), cabe-nos alguns comentários adicionais, a fim de esclarecer como os alimentos de origem animal chegam aos vossos pratos para saciar os paladares apurados. As aves ficam dias sem dormir em ambiente extremamente apertado e com luz, sem se mexerem, levadas ao desespero. Martirizadas, os seus bicos são cortados com lâmina quente, sem anestesia, para que não se ataquem uma às outras no desespero a que são submetidas e apertadas.

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Da mesma forma, os suínos são confinados em jaulas. O odor brutal de suas fezes fere suas narinas sensíveis, que não mais resfolegam na lavagem de restos de comidas humanas, que é substituída pelas rações cheias de hormônios para a engorda e crescimento descomunal. Alguns morrem imóveis pela obesidade, recusando-se a comer e a beber; outros se atacam violentamente, mutilando seus rabos, o que leva os criadores a cortarem-nos. Quanto menor o movimento, mais rápido o animal engorda e maior é o lucro.

A produção dos bifes dos tenros bezerros, tão apreciados pelas classes abastadas nos grelhados dos almoços dominicais, obriga-os, desde os primeiros instantes do nascimento, a ficar separados das mães, violentando-os no mais forte instinto natural de sobrevivência, natural aos mamíferos. Para suas carnes manterem-se tenras, vossos pecuaristas deixam-nos imobilizados a fim de não enrijecerem os músculos. Quanto mais rápido crescerem e engordarem, mais sofrem. Para suas carnes ficarem brancas, recebem dieta pobre em ferro. Muitos não resistem e morrem antes do abate. Quando chegam aos cem quilos, algo próximo aos quatro meses de suplício, são abatidos.3

(3) A indústria de produção de vitela é de uma crueldade impressionante. Para obter uma carne macia e que não se torne vermelha, os bezerrinhos recém-nascidos são apartados imediatamente das mães. Jamais irão ser amamentados, nem terão contato físico com qualquer ser de suas espécie. Para que atinjam cerca de 200 kg rapidamente (em vez dos 50 kg normais), são impedidos de se mover, em baias com cerca de 56cm x 137cm. Quando pequenos, são acorrentados pelo pescoço para evitar que se virem. Não há palha nem qualquer forro para deitarem - aliás, mal podem deitar-se -, para evitar que a comam. Sua dieta é exclusivamente de leite em pó desnatado, com vitaminas e hormônios de crescimento. Em geral, são deixados sem água, para que aumente o consumo da dieta líquida. Desenvolvem uma anemia profunda, mal conseguindo manter-se em pé. Assim se produz uma carne pálida e macia - anêmica. Para que não se agitem, muitos os deixam o tempo todo no escuro. Essas verdadeiras máquinas vivas de produção da famigerada carne de vitela vivem quatro meses nesse regime de tortura, até o abate.

As vacas leiteiras são apartadas dos filhotes e o leite é extraído com máquinas de sucção. Após um certo tempo, suas mamas inflamam, sangram e transferem resíduos de pus e sangue infectado para o leite extraído, que será pasteurizado para chegar em caixas de alumínio até vós, acondicionamento meta-lizado que demora centenas de anos para desintegrar-se junto à natureza. O gado leiteiro vive em média cinco anos em confi-namento (sem ver o Sol, sem andar, num espaço exíguo), sendo sugado pelos vampiros mecânicos inventados pelo homem, ao invés de uma existência de 25 anos, que seria o normal.

Nos grandes abatedouros modernos, centenas de milhões de frangos, carneiros, porcos, cabritos, perus, gansos, patos, bois, javalis, são diariamente mortos sem piedade, recebendo um disparo de pistola pneumática com estilete ou agulha, que recorta a medula espinhal. Nos abatedouros menores, muitos clandestinos, são sacrificados a golpes de marretas na cabeça. Após caídos, são suspensos por trás por correntes e têm suas veias carótidas cortadas. As vísceras são usadas para fazer finos patês e o sangue coletado para servir de farinha e alimentar animais. Muitos abatedouros utilizam choques elétricos, especialmente os de suínos. Os porcos ficam em jejum para "limparem" o aparelho digestivo, passam por um corredor que os afunila e os molha para, no final, receberem irmã carga elétrica mortífera na cervical. As aves também ficam de cabeça para baixo, recebem choques elétricos e são sangradas no céu da boca.

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Vosso famoso peru de Natal é engordado em criadouros de forma intensiva. São "depósitos" sem janela e mal-iluminados, a fim de reduzir a agressividade de uns com os outros. O espaço reduzido produz ferimentos nos joelhos e quadris, úlceras nos pés e bolhas nos peitos. Muitos dos perus têm os bicos arrancados com uma lâmina em brasa para reduzir os ferimentos. Os perus mais pesados são suspensos pelos pés, durantes minutos. Em seguida, recebem um banho de água eletrificada, têm suas gargantas cortadas e são mergulhados em água fervente para serem depena-dos. A maioria deles vai para a água fervente ainda vivo, com os seus duplos espirituais acoplados nos organismos físicos.

Grande tristeza é a indústria de patê áefoie-gras para satisfazer os paladares mais refinados. Os gansos são agarrados pelo pescoço e lhes inserem funis e tubos metálicos de alimentação que vão até o estômago. Impedidos de dormir, uma alavanca bombeia ração ininterruptamente, com o objetivo de engorda e aumento das vísceras, algo como se fósseis obrigados a comer 15 quilos de macarrão por dia, colocado em vossas gargantas. Nos pescoços das aves é colocado um anel elástico para não regurgitarem, garantindo o sobrepeso almejado para a lucratividade famélica da indústria. Após quatro semanas, os patos e gansos estão com os fígados inchados até doze vezes o tamanho normal. Apenas os machos são utilizados para fazer vossos deliciosos patês e ante-pastos de vísceras. As fêmeas são amontoadas em sacos e jogadas em latões de água escaldante. As que sobrevivem são mortas tendo as cabeças dilaceradas. Ao comer vossos canapés regados a champanhe, lembrai-vos desses irmãos menores do orbe. Ao remeter para vossas bocas os quitutes saborosos cobertos desses patês, lembrai-vos que o mesmo Deus que vos criou é Pai desses irmãos menores. Trata-se de uma indústria cruel, mantida para cidadãos que se dizem de fino paladar.

Infelizmente, ainda existem rituais religiosos que matam os animais. Um rito chamado Kosher é uma forma religiosa de abate utilizada por judeus e provém de épocas anteriores ao nascimento de Jesus. O boi é pendurado vivo por grilhões nas patas traseiras. Ao se debater freneticamente de terror, mugindo e babando com a língua de fora, suas pernas são quebradas e é degolado com uma faca sacerdotal, que tem essa única finalidade. Segue-se toda uma liturgia para analisar se o boi foi sacrificado com o corte adequado e se sua alma (duplo) serviu como oferenda para "Deus". Ao contrário, se for recusado pelos sacerdotes, novo boi deve ser levado ao suplício sacrificial e assim sucessivamente.4

(4) O parlamento holandês prepara-se para aprovar uma lei destinada aos matadouros religiosos, que acaba com a isenção das normas que exigem que os animais sejam"atordoados"ou anestesiados antes de serem mortos. Como as regras judaicas e muçulmanas não permitem que os animais estejam inconscientes quando são mortos, na prática a lei baniria as práticas kosher (judaica) e halal (islâmica) de morte de animais.

Os defensores (da lei) vêem a proibição como uma continuidade da tradição holandesa de liderança em ética progressista. A proposta na Holanda veio do Partido pelos Animais, única legenda do mundo baseada especificamente na defesa do direito dos animais e que tem representantes no Parlamento nacional. MarianneThieme, sua jovem e carismática líder, diz que os líderes religiosos contrários à lei tentam frear a história. "Aqui em nossa sociedade não aceitamos mais que os animais precisem sofrer", diz ela. Grupos religiosos se opuseram com freqüência n mudanças sociais progressistas", acrescentou. "Vimos a mesma coisa com os di-reitos das mulheres."

A proposta deThieme foi apoiada pelo Partido da Liberdade. O governo, do Partido Liberal, essencialmente laico, decidiu apoiar a lei. O Partido Trabalhista, de oposição, também a apoiou, favorecendo a sua ala defensora dos direitos dos animais em detrimento de seu significativo eleitorado muçulmano. Ironicamente, os principais opositores são os democrata-cristãos.

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"Compreendo que as emoções estejam lá em cima", afirmou Thieme,"porque você aicha que sua comunidade religiosa está fazendo as coisas da melhor forma pos-MVC! há milhares de anos, e é doloroso ser confrontado com fatos científicos que mostram de outra forma".

Em muitos de vossos países comem-se cães e gatos. No Vietnã, os cachorros são

retirados de gaiolas, escolhidos pelas donas de casa nas feiras. Com um pau de gancho na ponta, são espetados no pescoço e jogados vivos em água fervente. São servidos em mercados e restaurantes, acreditando-se que sua carne é afrodisíaca. Na China, existe ofondue de cachorro em que são servidos são bernardos. Essa indústria de abate canino é mais lucrativa que a de porcos, vacas ou galinhas e está crescendo assustadoramente.

Para nossas considerações não se tornarem demasiado chocantes, já que teríamos muitos outros relatos fatídicos que deixariam qualquer sacerdote religioso antigo estarrecido, ou pajé de penacho em pé, finalizemos este capítulo relembrando Jesus, o Cordeiro de Deus, que se deixou sacrificar para libertar as consciências da mortandade religiosa. Resta aos homens que ainda matam em nome do sagrado libertarem-se desse atavismo milenar, e aos tantos outros que não assassinam os animais em ritos religiosos, mas que saciam seus estômagos esfomeados com restos dos cadáveres de nossos irmãos menores, educarem-se, contribuindo para a transição planetária que se avizinha. Em breve a verdade prevalecerá e mudanças se implementarão na consciência coletiva para a inevitável sustentação equilibrada do planeta.

Pergunta: - Os judeus procedem hoje ao ritual de abate de animais para alimentação, da mesma forma respeitosa com que realizavam os sacrifícios, com rezas e uma lâmina afiada que cause morte rápida e indolor. Os religiosos da atualidade, especialmente da matriz africana, tendo como principal vertente a Yorubá, justificam os sacrifícios perante a sociedade com o Velho Testamento. Para eles, o sangue é sagrada essência de vida e mantenedor do equilíbrio entre o plano material e espiritual, energia (axé) que se transfere pelo fluido vital ri-tualizado e que teria o poder de alterar situações indesejadas. O que tendes a dizer?

Ramatís: - Nas civilizações em que ainda se perpetuam cemitérios ambulantes nos estômagos dos cidadãos, lotados de restos cadavéricos dos irmãos menores, qualquer pretensão de contrariar essas "leis" judaicas antigas, diante das práticas religiosas sanguinolentas, será utopia, assim como o gato que pula da janela para pegar o passarinho se esquece de que não tem asas e se espatifa no chão.

O sangue, veículo da vida por excelência, qual protoplas-ma divino, irradia-se pelos corpos físicos e etéricos em potentes fluidos que conheceis como ectoplasma, dispensando os cortes sacrificiais. Observai que se o sangue fosse verdadeiramente mantenedor do equilíbrio e do progresso entre os homens, diante das leis de Deus, quais seriam os motivos ocultos das nações africanas e todas as demais que tinham ritos religiosos sanguinolentos terem definhado e desaparecido ao longo da história das civilizações humanas? Se assim não fosse, os campos de batalha das guerras fratricidas seriam os locais de maior progresso de vosso orbe, e não o são.

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Pergunta: - Há fundamento nas práticas de enfeitiçamen-to, em que se sacrificam galos pretos nas encruzilhadas, cabritos e bodes nos "candomblés", ou ofertam bifes sangrentos nas portas de cemitérios?

Ramatís: - Embora essas práticas sangrentas e primitivas predominem nos "candomblés" africanos espalhados pela Europa, América Latina e Brasil, a influência da civilização e o avanço científico tende a diminuí-las ou eliminá-las futuramente. Quanto aos sacrifícios de aves e animais em semelhantes trabalhos, nem é preciso vos lembrar da importância do sangue ali vertido, fundamento principal para o intercâmbio com os espíritos subvertidos.

Pergunta: - Mas esse derramamento deliberado de sangue, através de sacrifíciospagãos e macabros, é realmente necessário para o processo de enfeitiçamento?

Ramatís: - Na realidade, trata-se de um processo detestável que se vincula a interesses e subversões abomináveis, ativado e controlado pelo mundo oculto pervertido. A vertência de sangue e os ritos de sua dinamização fluídica atendem às mais ignóbeis tarefas dos "comandos das trevas".

Os templos pagãos, com a degola e a queima de crianças e jovens, os templos judeus, com o morticínio de animais e aves, eram verdadeiras filiais de fornecimento de tônus vital cobiçado pelos espíritos subvertidos do Além-túmulo...

Enquanto existir sangue à disposição dos vampiros do Além, a obsessão, o feitiço, a tragédia, a desventura e a doença ainda serão patrimônios cármicos da humanidade terrícola.

Ademais, o incessante fornecimento de sangue....por parte dos homens, significa pródiga cooperação para o maior êxito do enfeitiçamento.

Magia de Redenção, cap. XVI,"Os Males do Vampirismo"

Pergunta: - Jesus foi o Cordeiro de Deus que nos libertou da necessidade de sacrifícios animais para a remissão de nossos pecados. Por que, então, até os dias de hoje sacrificamos Jesus, "comemos sua carne" e "bebemos seu sangue" nas missas católicas?

Ramatís: - A Igreja e os "santos" sempre ensinaram, ao longo dos tempos, que as ocorrências do Velho Testamento são prefigu-rações daquelas que aconteceriam no Novo Testamento. Podeis inferir que Deus compreende as fraquezas dos homens e ensina-lhes as verdades do Seu reino de modo gradativo e adequado às inteligências de cada época, para a formação da consciência coletiva. Para tanto, os fatos foram registrados nas escrituras, a fim de que servissem de analogia às ocorrências futuras da Boa Nova evangélica.

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A ação pacificadora de Jesus, criadora de sublime "egrégo-ra" planetária, concretizou em vosso mundo uma transfusão de luz divina que imobiliza e desmantela o reinado das sombras, oposto ao reino luminoso dos Céus. Aliás, não fosse a aura do Cristo e o contato vibratório das civilizações cristãs nascentes, renovadas pela prece e fé inquebrantável e, muitas vezes, com os sacrifícios de cristãos nas arenas romanas, fortalecendo um mesmo ideal libertador, a feitiçaria mantida pelos sacrifícios animais não se teria anulado, bloqueando o progresso moral dos cidadãos.

Em verdade, o "santo" sacrifício da missa manteve o cristianismo vivo e neutraliza, até os dias atuais, os fluidos pestilentos e malévolos liberados enormemente na aura planetária pelos nefastos sacrifícios animais e derramamento de sangue que se dá em todo o planeta e que inevitavelmente alimentam os vampiros do Além-túmulo que habitam as zonas subcrostais.

O oferecimento de pão e vinho a Deus vem desde Melquise-dec, sacerdote e rei de Salem (Gênese 14:18-20). O profeta Ma-laquias anunciava pelo seu verbo um Deus resolvido a rejeitar e abolir os sacrifícios antigos: "O meu afeto não está em vós, diz o Senhor dos exércitos; nem eu receberei algum donativo de vossa mão" (Malaquias 1:10). Trata-se de substituir os sacrifícios antigos por um novo, que deveria ser oferecido em toda a Terra: "Porque desde o nascente do Sol até o poente é o meu nome grande entre as gentes, em todo lugar se sacrifica e se oferece ao meu nome uma oblação pura" (Malaquias 1:11). A expressão "do nascente do Sol até o poente" é usada nas escrituras significando o mundo inteiro. A palavra "gentes" refere-se aos gentios, os povos que não são o israelita. Claro está que a oblação (oferenda) a que o profeta se refere não é uma mera metáfora: ela deve substituir os sacrifícios dos sacerdotes da antiga lei judaica e igualmente não se refere ao sacrifício cruento na cruz, pois este foi oferecido em um só lugar, uma única vez. Para tornar o nome do Senhor (Jesus) enaltecido e lembrado entre as gentes ignorantes das sutilezas do amor incondicional crístico, houve a necessidade de uma constante renovação incruenta, simbólica, daquele sacrifício no calvário, deslocando gradativamente e de uma forma constante, no passar dos séculos, a troca com Deus pelo morticínio e derramamento de sangue dos animais para o simbólico corpo e sangue de Jesus.

Pergunta: - O sacramento da eucaristia deveria ser momento ritual culminante na missa. Não é um ato meramente exterior que não consegue modificar os crentes interiormente?

Ramatís: - A mística da missa ainda é alimentar as almas com elementos palpáveis para que elas consigam substituir, gradativamente, as lendas e ensinamentos bíblicos que estão em seu inconsciente pelos ensinamentos transformadores de Jesus. Conforme essas pedras brutas vão sendo lapidadas, a pedreira vai se esvaziando e a montanha cármica acumulada pelo derramamento de sangue no passado diminui, assim como o número de prosé-litos católicos se reduz drasticamente em todo o planeta. Ocorre que o processo de espiritualização das criaturas do orbe não deve violentá-las em suas superstições, fanatismos religiosos e trocas com os "santos". O "corpo" e o "sangue" de Jesus, simbolicamente materializados pela consagração eucarística em pão e vinho, servem aos propósitos divinos, como um verdadeiro alimento espiritual, quando o culto da missa é conduzido a contento em seu objetivo de elevação vibratória dos presentes. Nesses momentos do embevecimento, podeis acreditar que verdadeiramente a essência do Cristo se rebaixa aos elementos materiais utilizados, que servem de condensadores energéticos - a hóstia deixa de ser mero pão de trigo e debaixo das aparências do vinho, sob o influxo mental do sacerdote no preciso momento da

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pronúncia das palavras de consagração, uma "miraculosa" conversão ocorre, um portal vibracional se abre e "anjos" enviados por Jesus espargem sobre esses elementos fluidos magnetizadores, em meio a maravilhosas luzes etéreas iridescentes. São atos litúrgicos magísticos cpie essas falanges de espíritos benfeitores operam intensivamente sobre os altares, o que vossa Igreja chama de transubstancia-ção, poder instituído pelas palavras de Jesus, verbo sagrado do Pai, celebrado na última ceia com os discípulos, em verdade a primeira eucaristia. Assim, embora tratando-se de um ato exterior aos olhos menos atentos, a missa tem o seu ápice vibratório no momento da consagração eucarística.

Paulatinamente, as forças dos encarnados presentes são renovadas sob o influxo dos desencarnados que comparecem e trabalham nas igrejas como socorristas de Maria de Nazaré. Embora se trate de cerimônia convencional repetida há milênios, não ensejando maiores conhecimentos espirituais aos homens acomodados, é extremamente válida para o objetivo de elevação, a fim de amainar os impulsos atávicos acumulados no passado remoto de troca com Deus pelos sacrifícios sanguinolentos.

Está chegando o momento final desta transição, no qual os cidadãos terrícolas terão de interiorizar e solidificar os ensinamentos do Evangelho de Jesus, libertando-se e libertando-o do seu calvário na cruz, que se repete qual filme inacabável há milênios.

Pergunta: - Não se trata de um equívoco milenar a "transubstanciação" do pão e do vinho no corpo e sangue de Jesus? Como pode ser, se Jesus disse "as palavras que vos digo são espírito e vida - a carne nada vale...fazei isto em memória de mim"?

Ramatís: - Essas palavras de Jesus se destinaram aos que entendiam por "corpo" ou "carne" uma matéria física. Todavia, Jesus não falava em"corpo"e"sangue" pertencentes à materialidade, mas sim da realidade imaterial, dos mundos suprafísicos, ou melhor, transubstanciação significando além da substância palpável.

Obviamente o corpo espiritual de Jesus é verdadeiramente alimento para as almas, e o Mestre não se referia aos envoltórios grosseiros do espírito aprisionado na materialidade (ossos, nervos, epiderme). Jesus não tem nenhum corpo astral ou pe-rispírito e ninguém pode ver ou tanger seu corpo espiritual real, muito menos analisá-lo intelectualmente, já que desde o dia de sua ascensão está nas alturas, em picos celestiais inalcançáveis às vossas percepções. Assim, a consciência e vibração de Jesus envolvem todo o planeta e o seu "sangue" (prana divino) irriga todos os seres viventes na psicosfera do orbe.

Em verdade, através de um ato de consagração, é possível alcançar-se estratos vibratórios além da matéria bruta de vosso plano físico. Simbolicamente, o vinho no cálice seria um novo dispositivo para a condensação energética do seu sangue metafísico, alimento para a fé e transformação espiritual, bengalas psicológicas para auxiliar o despertamento do Cristo interno, aproximando-o dos cidadãos perdidos em exterioridades.

Se o simples ato eucarístico de consagração dos elementos (pão e vinho), ocorrido na última ceia, tivesse levado os apóstolos a comungar integralmente com o Cristo, um deles não teria traído Jesus, outro o negado três vezes, jurando não ser seu discípulo, e todos os demais fugido covardemente, à exceção de um. Jesus sabia que a mera ingestão de símbolos materiais não espiritualiza ninguém. Todavia, são indispensáveis elementos rituais para uma

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comunidade embrutecida e incapaz de maiores abstrações. É certo que somente no dia de Pentecostes os apóstolos realmente comungaram com o Cristo, data em que não houve traição, negação ou deserção de nenhum deles. Infelizmente, o cristianismo eclesiástico que predominou ao longo dos anos contemplou Jesus na eucaristia como mártir e salvador, sem maiores esclarecimentos aos crentes. Enquanto não se realizar a união com o Cristo interno de cada criatura, sustentando um estado de consciência perene, os supostos cristãos continuarão matando Jesus na cruz, comendo sua carne e bebendo seu sangue entre traições, suicídios, mentiras e deserções no caminho "largo" da espiritualização, distantes das estreitas portas da reforma interior evangélica.

Pergunta: - Por que as regiões de conflitos religiosos, disputas de territórios em constantes guerras e carnificinas humanas, são dominados por religiões que sacrificam animais desde os tempos dos hebreus antigos, como os muçulmanos e judeus até os dias atuais?

Ramatís: - Dizem as tradições muçulmanas que fundamentam a festa do sacrifício que:

Abraão conversou com Deus em sonho, e Deus disse-lhe para sacrificar aquilo que lhe era mais precioso e amado, e para o homem era o seu filho, Isaque. Abraão contou ao seu filho a vontade de Deus e este concordou com o sacrifício. Ambos partiram para Mina, cidade perto de Meca, onde Isaque morreria. Pelo caminho, Abraão foi tentado pelo demônio, que lhe disse para desobedecer a Deus. Mas Abraão ignorou a tentação, colocou uma venda em seus olhos para não ver o que mais lhe fazia sofrer, e cortou a garganta de seu filho.Quando Abraão retirou a venda, reparou que Deus colocara ao lado do seu filho um carneiro, que foi morto em lugar de Isaque.

A escritura judaica é um pouco diversa, em Gênese, capítulo 22: "Abraão não contou nada a Isaac, colocou-o no altar do sacrifício, mas nesse momento a voz do Senhor ordenou-lhe sustar o ato e ele viu o carneiro, ao lado, para a substituição".

Os muçulmanos acreditam fielmente nisto. Celebram o Eid al-Adha (em árabe:

, que podeis traduzir como o "Festival do Sacrifício" ou a "Grande Festa", ou seja, acreditam piamente que Abraão acedeu à vontade de Deus de sacrificar o seu filho, e festejam (como se sacrificar o próprio filho fosse algo merecedor de louvores) com uma festa que pode durar até quatro dias, eivada de sacrifícios de carneiros, bodes, bois e até camelos. Em verdade, é um êxtase coletivo que alimenta os objetivos inferiores de espíritos atrasados, vivendo presos em bolsões do passado, que precisam do sangue para se nutrir. O derramamento de sangue costumeiro e os ritos religiosos para a sua dinamiza-ção fluídica respondem às nefastas intenções dos "comandos das trevas", que não aceitam a transição planetária nem a vitória de Jesus no planeta.

Infelizmente, as guerras nesses locais são uma conseqüência natural da lei universal de afinidade, pois semelhante atrai semelhante, sangue derramado atrai mais sangue a ser vertido

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no solo. Naturalmente, enquanto existir o combustível fluídico do sangue para ser usado pelo submundo astral, as tragédias, as doenças e as hecatombes geográficos se intensificarão até um expurgo final, tanto mais quanto menos deixarem de matar uns aos outros.

2. E aproximando-se, um leproso prostrou-se diante Dele dizendo: "Senhor, se quiseres podes limpar-me".

3. E estendendo a mão, Jesus tocou-o dizendo: "Quero, fica limpo!". No mesmo instante ficou limpa sua lepra.

4. Disse-lhe Jesus: "Olha, a ninguém digas, mas vai mostrar-te ao sacerdote e fazer a oferta que Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho".

MATHEUS:2-4

Pergunta: - A oferta que Moisés estabeleceu em ritual para esses casos de cura (Levítico 14:2-2) consistia em sacrifício animal: se homem rico, dê uma ovelha e dois cordeiros e, se pobre, um cordeiro e duas rolinhas. Os sacerdotes da atualidade, defensores dos sacrifícios, utilizam essa passagem do Novo Testamento de Mateus que faz referência ao rito mosaico de oferta sacriflcial, estabelecido na época, para justificarem as matanças contidas no Velho Testamento e reforçar os atuais sacrifícios em suas religiões. Então, Jesus era favorável aos sacrifícios animais?

Ramatís: - Um das narrativas evangélicas mais impressionantes é a da purificação do leproso. Observai que ele se entrega totalmente ao arbítrio superior de Jesus, demonstrando convicção íntima de que a sua "limpeza" dependia exclusivamente do julgamento e vontade do Mestre. Obviamente Jesus enxergava as almas preexistentes àquelas encarnações, não deixando-se influenciar pelas características existenciais do momento ou pelos dogmas religiosos vigentes, tanto que não seguia as prescrições legais do judaísmo, tocando os le-prosos, andando com as meretrizes e freqüentando a casa dos coletores de impostos, os publicanos.

Sendo a lepra um dos grandes males da Palestina na época, o leproso era afastado do convívio dos centros habitados e expulso pelos sacerdotes dos templos para lugares desertos, aos quais

Jesus não se recusava a ir. O leproso, não podendo entrar na cidade, aguardou Jesus na estrada e, ao se ver diante do Rabi da Galiléia, lançou seu apelo sincero de purificação, prostrando-se ao chão humildemente com o rosto em terra. Jesus era profundo psicólogo das almas, espírito de escol conhecedor das mazelas humanas e dos artifícios dos homens para obterem o poder temporal. A exclusão dos impuros baseava-se no preconceito vigente e escassos recursos da medicina para tratar a doença que chagava o corpo. O Mestre prontamente verificou, por sua apurada clarividência, tratar-se de espírito carregado de fluidos pesados e pestilentos que se exteriorizavam em seu corpo físico provindos do corpo astral. O

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apodrecimento dos tecidos que caracteriza a lepra é oriundo de mecanismo de repercussão vibratória que tem seu fulcro gerador no perispírito. Neste caso particular, o leproso já tinha, diante do sofrimento prolongado, conquistado a humildade, reconhecendo-se "imundo" e nada impunha para alcançar a sua purificação e reinserção no meio social e familiar. Tratava-se de antigo proprietário de casas de banhos romanas, assíduo explorador de prostitutas mantidas legalmente pela chancela do império para satisfazer os ávidos senadores. As messalinas de Roma eram registradas e pagadoras de impostos, vestiam-se com tecidos floridos ou transparentes e, por lei, não podiam usar a estola, vestimenta das mulheres livres, nem a cor violeta. Os cabelos deviam ser amarelos ou vermelhos, para serem identificadas e estigmatizadas por todos. O lugar mais comum de trabalho delas era sob arcos arquitetônicos, onde aguardavam os chamados para irem às casas de banho atender os clientes. Quando essas mulheres contraíam doenças venéreas, especialmente a "desconhecida" sífilis, eram excluídas da vida urbana por esse proprietário, em conluio com os senadores e generais. Muitas vieram a morrer desnutridas, loucas e cegas. Assim, pela retificação da Lei do Carma, precisou o empregador do sexo pago de outrora, agora o leproso excluído, sentir nas entranhas o retorno de seus próprios atos desumanos para sublimar o mal causado a muitas dessas meretrizes que eram mães e foram arrancadas do seio de suas famílias. Jesus, tudo vendo no plano atemporal pela sua terceira visão dilatada, voltou-se para a individualidade espiritual preexistente e verificou que já alcançara merecimento para a cura e, por misericórdia, recompôs as chagas, pústulas e tecidos decompostos da personalidade encarnada que havia esgotado o seu resgate cármico.

Mandou-o apresentar-se aos sacerdotes e cumprir o ritual mosaico, pois que sabia que a trilha de uma religião ritualis-ta era necessária para que aquele ente retomasse à sua vida em sociedade e fosse aceito novamente pelos seus amados familiares. Quando Jesus lhe pediu que guardasse segredo sobre quem o curara, demonstrou a humildade que pautava a sua conduta e preservava-o de possíveis retaliações do clero judaico, que poderia enciumar-se da cura ter sido feita por um "profeta anárquico". Obviamente Ele não era favorável ao sacrifício dos animais. Contudo, sabia que se não houvesse o ritual judaico aplicado, o leproso purificado não poderia voltar ao convívio social, tornando-se a cura um processo de aprisionamento psí-quico religioso, ao invés de libertação espiritual que havia sido conquistada por merecimento.

Claro está que não deveis seguir o sentido literal das escrituras, e procurai sempre contextualizar conforme os costumes da época. Em verdade, Jesus nunca preconizou o sacrifício de animais, embora convivesse com isso sem causar maiores males às individualidades grosseiras de então, já que o seu objetivo era deixar um legado - o Evangelho - para a humanidade, com um apelo de alcance planetário. Ademais, podemos dizer que quando Jesus teve seus apóstolos admoestados pelos fariseus, por estar reclinado à mesa em banquete com os cobradores de impostos, que eram taxados de "pecadores", ouvindo-os, disse: "Os sãos não necessitam de médico, mas sim os enfermos. Ide aprender o que significa misericórdia quero, e não sacrifício, pois não vim chamar os justos, mas sim os pecadores, ao arrependimento" (Mateus 9:10-13). A expressão "ide aprender o que significa" é fórmula rabínica utilizada em controvérsias, que reforça a opinião de Jesus de que a misericórdia vale muito mais do que qualquer sacrifício religioso. Mais tarde, dirá novamente que os "pecadores" e meretrizes conseguirão o "reino de Deus" antes dos "justos" fariseus e dos sacerdotes convencidos, pois a eles é muito mais fácil compreender a Boa-Nova por serem simples e humildes de coração, de que aos que se julgavam "virtuosos" e "conhecedores" dos rituais religiosos, quase que"donos da verdade", hipnotizados pelos ritos mosaicos sanguinolentos, eivados de vaidade e orgulho.

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Jesus nunca se prendeu às aparências das personalidades transitórias que animavam os espíritos encarnados, valendo-se de sua apurada sensibilidade para "ver" as verdadeiras individualidades presentes nas formas físicas ilusórias e o que era de seu merecimento acima de dogmas religiosos vigentes, opiniões parti-cularizadas excludentes ou preconceitos morais enraizados.

Pergunta: - Como Jesus se comportava perante os preceitos judaicos em relação ao sangue, como elemento litúrgico e usado em ritos de purificação? Ele alguma vez os seguiu?

Ramatís: - Jesus nunca seguiu os ritos judaicos nem as orientações rabínicas que classificavam o sangue como elemento sagrado ou impuro. Para o Mestre, importava a mudança interior dos que se achegavam a Ele. Certa vez, tocaram-no e disse Jesus: "Quem é que me tocou?" (Lucas 8:45). Pedro, que estava próximo ao Rabi da Galiléia, retrucou: "A multidão te aperta e te oprime e dizes: "Quem é que me tocou?". O que Pedro não entendia era que aquele toque era substancialmente diferente e especial ao Mestre. "Quem me tocou?", perguntou novamente Jesus. Nesse ínterim, os demais circunstantes, movidos pela curiosidade insensata, por superstição maliciosa e com pensamentos de baixas vibrações, "apertavam e oprimiam Jesus". Mesmo com toda a multidão que normalmente o cercava, percebeu pelos seus apurados sentidos psicoastrais uma mulher hemorrágica, com firmeza incomum e férrea determinação, que pegara5 suas vestes insistentemente, mas com delicadeza, e assim alcançou o seu amoroso coração. Ocorre que quem sofria com fluxo de sangue era considerado imundo pelos sacerdotes judaicos. Era-lhes impensável tocar ou ser tocado por uma criatura impura desse porte. A insânia preconceituosa era tanta, que até os objetos perdiam o valor se tocados por um "doente" com fluxo de sangue, já que a "impureza" física era associada à moral, e assim eram excluídos do convívio da sociedade (Levítico 15).

(5) Nota do médium - Em seu encontro com a mulher com fluxo de sangue, as vestes de Jesus eram a de um Messias, considerado um"israelita" obediente a Deus. É que no Livro de Números há uma orientação que deveria ser seguida por todo que desejasse ser santo e agradável a Deus: "e as franjas vos serão para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos do Senhor, e os cumprais" (Números 15:39). Foi exatamente na orla, parte mais significativa da roupa, que a mulher segurou. No original grego das escrituras, ela fez mais que tocar, ela agarrou, pegou. Ela agarrou o que era considerado a representação do divino, do sagrado. Talvez tenha pensado que a pureza da veste a purificasse. Há quem diga que havia um misto de superstição e fé no gesto, um equívoco desfeito por Jesus ao falar-lhe :" Filha, a tua fé te salvou, vai em paz".

"Alguém me tocou", admoestou Jesus novamente. Então, a mulher, não podendo ocultar-se, aproximou-se tremendo e prostrando-se diante d'Ele declarou-lhe, perante todo o povo, a causa por que o tocara" (Lucas 8:46). Assim, ao pegar as vestes de Jesus, a mulher discriminada pelos religiosos da época viveu um processo de cura interior que lhe teria concedido forças em meio a sua fraqueza. O "milagre" aconteceu porque sua fé, arrependimento e determinação sintonizou com a aura angélica de Jesus, independentemente de quaisquer proibições ou tabus rituais em relação ao seu estado. Os circunstantes ficaram ainda mais estupefatos quando Jesus lhe falou: "Filha, a tua fé te salvou, vai em paz", desmistificando os que pensaram que a pureza de suas vestes a tinha purificado, direcionando ao íntimo daquela criatura o mérito por sua cura, mesmo que publicamente ela tenha sido julgada pelos sacerdotes hipócritas como "imunda" e "impura", contrariando todos os dogmas, proibições e tabus rituais vigentes na época.

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Pergunta: - Se somos luz e temos em nós o Cristo interno, qual o motivo de existirem ainda tantos sacrifícios animais sustentados por sacerdotes que oficiam esses ritos de trocas com o sagrado?

Ramatis: - Os discípulos que interiorizam os ensinamentos do Evangelho, tornando perene a conduta moral crística, ampliam suas auras psíquicas e influenciam a elevação espiritual da humanidade. Mas de nada adianta servir aos homens ignorantes um alimento desconhecido, qual o brutamontes carnívoro das cavernas colocado defronte de iguarias vegetarianas. A irradiação de sua aura permanecerá turva e pegajosa, pois o recipiente tem de estar preparado para receber.

A interiorização dos valores do Evangelho vos ajudará mais do que o atendimento de vossas necessidades materiais, físicas, intelectuais e emocionais, pois é propiciatória de paz interior, tranqüilizando a alma milenar. Isso é obtido por quem conseguiu absorver em si as irradiações espirituais, como se fosse o genuíno sal da terra, colocado no alimento de acordo com a capacidade de digestão das consciências.

O próprio Jesus irradia, através de sua aura planetária, a luz cósmica benfazeja do Cristo, declarando categoricamente: "Eu sou a luz do mundo" (João 8:12). Cabe a vós serdes a luz do mundo também, desde que, como Ele, consigais vos integrar ao Cristo Cósmico, o Divino Logos. Ocorre que a maioria dos cidadãos confunde-se com a personalidade transitória, iludindo-se com um falso eu, tornando-se treva e um entrave à luz do Cristo.

Pergunta: - Jesus dizia que não veio revogar a Lei ou os profetas, mas sim completar. Então, podemos concluir que as leis mosaicas de purificação espiritual pelos sacrifícios animais também foram completadas pelo Divino Mestre?

Ramatís: - Jesus, eminente sociólogo e profundo líder espiritual, propunha-se complementar o que Moisés ensinou, assim como engenheiro que entra em um prédio inacabado não deve destruí-lo para terminar a construção. "Até que o Céu e a Terra passem", tudo terá fatalmente que evoluir, dizia o Mestre. Obviamente Jesus complementou o sentido esotérico das verdades espirituais dentro da capacidade de entendimento da época, e que devem permanecer sendo desveladas por toda a eternidade. Mas está claro que entender somente a letra das escrituras, obedecendo-as mecanicamente sem ater-se aos enigmas que ocultam seus ensinamentos, é permanecer com o véu sobre os olhos.

Sem dúvida, Jesus aperfeiçoou os ensinamentos mosaicos quando dizia: "Não matarás" e "quem matar, estará sujeito ao julgamento". O julgamento a que se referia era direcionado aos que magoavam seus irmãos, aos que odiavam, não perdoavam, recomendando a essas almas vingativas que deixassem as ofertas no altar e fossem primeiro reconciliar-se com os inimigos, pois sabia que os adversários reencarnam como parentes próximos, e que nada adiantava somente não matar.

Impõe-se até hoje o exercício do amor incondicional, para que os vossos desafetos atuais não retornem como filhos, esposo ou esposa em encarnação futura. De nada adianta sacrificar a Deus: o único meio de resgate é a dedicação ao serviço do amor ao próximo, em favor de vós mesmos. Estais num ciclo em que sereis cobrados até o último centavo. A

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inflexibilidade das leis universais não se altera por preces, devoções, oferendas e sacrifícios. A infinita misericórdia do Pai manifesta-se dando-vos eternas possibilidades de reencarnações sucessivas, até que estejais credores na balança da justiça divina.

Os sacerdotes idolatras gritavam hosanas a Moloch, enquanto uma criança gemia no momento do sacrifício que lhe era ofertado; os pequeninos eram queimados vivos para aplacar a ira dessa terrível divindade. Os próprios hebreus antigos queimaram seus filhos em volta das árvores do vale verdejante no qual mantinham o altar dos sacrifícios. Estava arraigado nos religiosos da época que era preciso colocar sacrifício nos altares, atavismo dos tempos do insaciável Moloch; daí ter o Mestre ampliado os ensinamentos de Moisés, dizendo que não bastava a oferenda no altar.

Apesar disso, a humanidade ainda hoje caminha por vales de gemidos das vítimas animais sacrificadas pelas busca insana de satisfação de seus desejos.

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III

Diálogo com um príncipe das trevas

Pergunta: - Onde me encontro e o que estou fazendo aqui?Ratar: - Não fiques assustado. Eu me chamo Ratar. Hoje és convidado e bem-vindo

aos meus domínios. Estás desdobrado e com dois amigos espirituais te conduzindo. Foste trazido aqui para que pudéssemos ter uma conversa franca, frente a frente, e depois registrares para os leitores da crosta.

Comentário: "Acordei" sentado diante de uma entidade que eu não conhecia. Tinha consciência de que estava em desdobramento astral. Sentia um pouco de medo diante do desconhecido, pois não havia sido avisado dessa entrevista. Ele estava do outro lado de uma ampla mesa, sentado em uma poltrona confortável. Sua aparência era calma e o semblante suave. Não lembrava em nada o arquétipo de uma entidade trevosa. Cabelos longos e negros, olhos amarelos, com a retina semelhante à dos gatos, pele levemente amorenada. Gesticulava vagarosamente e tinha as unhas compridas, brilhosas e um tanto pontiagudas. Educadíssimo, conversava comigo. Eu escutava seu pensamento "sonoro" em minha mente, embora não houvesse nenhum movimento em seus finos lábios. Nosso diálogo se dava numa língua antiga que não conheço, mas entendia perfeitamente, como se tivesse um tradutor dentro da cabeça. A clarividência me estava totalmente aberta: via-me como se estivesse num filme de cores intensas.

Pergunta: - Qual o motivo deste idioma diferente e por que não "falamos" português? Por favor, fale-me sobre os seus domínios, onde ficam, o que fazem...?

Ratar: - Calma, meu rapaz! Uma coisa de cada vez. És naturalmente curioso e questionador; por isso trouxeram-te aqui (riso). O idioma que reveste nossos pensamentos nesta comunicação mental é o antigo siríaco, que teve sua fase áurea entre os séculos IV e VI d.C. Nessa época, iniciou-se a tradução da Bíblia neste idioma, o que redundou posteriormente na Peshitta, a versão do livro sagrado no idioma siríaco. Escolhi este idioma para nosso diálogo, entre tantos outros que poderia eleger, e que estão em nosso inconsciente espiritual, pelo fato de ser o que mais facilita a transliteração de idéias mente a mente para o teu atual idioma, o português, fazendo com que me entendas com mais facilidade. Antes que perguntes, já te digo que o dominas, só não te lembras, pois fomos ambos, eu e tu, escribas que trabalharam no projeto gigantesco que foi a tradução da Bíblia. Não por acaso tens muita facilidade de interpretação das escrituras.

Comentário: Percebi que Ratar não queria falar de seus domínios, nesse momento de nossa conversa. Senti uma amizade milenar, entre eu e aquele vampiro do Astral inferior, pois sabia que todo o seu reino sustentava-se pelo tônus vital do sangue derramado pelos encarnados nas encruzilhadas, o que não me assustava; ao contrário, me sentia seguro estando sentado com ele. Entendi que os fortes laços de amizade de um passado remoto vinham à tona naquele momento e serviam para me deixar calmo, o que ajudaria a me manter desdobrado naquele local e serviria para que os amigos que me guiavam (Pai Quirino, no corpo astral, e

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Ramatís, no corpo mental) continuassem me sustentando vibratoriamente. Percebi que as perguntas que seriam formuladas já estavam previamente combinadas com Ratar, como se isso fosse melhor para a compreensão dos leitores. Assim, aquietei minha mente agitada e deixei-me ser conduzido.

Pergunta: - Então já estivemos juntos em nome do Cristo... O que houve que o levou a mudar de rumo na sua caminhada ascensional?

Ratar: - Finalmente estamos em união mental. Foi muito marcante para mim ter perdido um filho amado no momento mais cruel da Inquisição espanhola. Eu era um próspero negociante de especiarias do Oriente, tendo uma pequena esquadra de navios mercantes. Além disso, era venerável mestre em uma loja ocultista, um cabalista, um mago e um alquimista. Esse meu filho, um jovem de 15 anos, me foi arrebatado dos braços pela Santa Inquisição, pelo fato de ser filho de uma meretriz das índias, que me era muito cara e morava na minha mansão, sen-do-me uma espécie de governanta. Tive muitas mulheres nessa encarnação, mas a mãe de meu único filho nunca se importou. O jovem rebento não foi batizado na Igreja Católica e foi "julgado" filho de Satã, tendo sido queimado em praça pública. Fiquei completamente louco; também fui assassinado pelos inquisidores, tendo a cabeça decepada em praça pública. Ao acordar no Além, jurei com todas as forças de minha abatida alma que, a partir daquele momento, todos os meus amplos conhecimentos das artes mágicas, da teurgia, goécia, quiromancia, cabala, seriam usados em meu favor e não acreditaria mais em Jesus.

Pergunta: - O que o levou a escolher o Brasil, e quais os motivos que determinaram que viesse para cá?

Ratar: - Ao me recuperar da morte fatídica, pois fui socorrido por um grupo de espíritos cabalistas ligados à nossa loja ocultista, resolvi, após longo estudo do esquema cármico das civilizações, vir para o Brasil. Concluí que esta nação seria a mais propícia para estabelecer-se um reino de dominação pela magia dos encarnados e assim me perpetuar no Astral, sem reencarnar mais. Acompanhei um grupo de portugueses alqui-mistas que me eram afins, e que vieram para o Brasil nos idos do ano de 1700. Nesta data, já fazia mais de 200 anos que eu tinha desencarnado e estava bastante fortalecido, mas a Europa não me forneceria todo o ectoplasma animal (do sangue) de que eu precisaria para continuar fugindo ao magnetismo telúrico do orbe, que me obrigaria a reencarnar, o que estava totalmente fora dos meus planos. O Brasil foi escolhido porque eu sabia que da mistura do índio, do branco e do africano, nasceria uma nação mística e altamente encantada com a magia, os milagres dos santos e as facilidades dos deuses em troca das rezas, promessas e oferendas. Meu plano fora arquitetado para que eu viesse a ser cultuado como um deus africano na pátria verde-amarela.

Pergunta: - Qual o motivo da opção de ser cultuado como um deus africano?

Ratar: - Estudando a cosmogonia dos deuses africanos (eu mesmo já tendo sido um líder tribal na antiga nação Ketu), concluí que a amálgama da fé ancestral africana com a fé portuguesa, num país atrasado, mercantilista e colonial, seria conspurcada em sua pureza doutrinária, especialmente após a libertação dos escravos, e se criaria o ambiente necessário para um velho mago ávido de poder conseguir implantar seu reino de dominação. Os homens sedentos de intercâmbio com as sombras, a fim de obterem facilidades espirituais,

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encontrariam semelhantes com a mesma ânsia de atender pedidos oriundos de todos os recantos do país nascente.

Pergunta: - Afinal, pode descrever a sua área de domínio, ou principado de Ratar, como é conhecido nos reinos sombrios da subcrosta?

Ratar: - Minha zona de domínio está estabelecida em ampla área geográfica da cidade onde resides (Porto Alegre). Como grande centro urbano, desde o início de sua construção teve nos ritos e liturgias de adoração aos deuses africanos a quantidade suficiente de sacrifícios e derramamento de sangue nas encruzilhadas urbanas, para que aqui fixasse e expandisse meus domínios. Comando praticamente todas as principais encruzilhadas das vias públicas e portas de cemitérios, em que seguidamente são feitas as oferendas sanguinolentas. Estes locais são pontos de coleta do fluido vital etérico do sangue, que é valiosíssimo para nossa organização.

Comentário: Conforme Ratar ia "falando", eu literalmente enxergava as encruzilhadas e praças com os deuses africanos dançando, paramentados; escutava as cantigas e ladainhas dos encarnados em louvação a eles, bem como visualizava o sangue sendo derramado e como ele se espargia no éter. Esses "deuses" eram como uma espécie de campos de forças que vibravam nos locais das oferendas, e com uma enorme força centrípeta atraíam para si todo o sangue etéreo emitido no ato do corte do animal, como se fossem túneis de sucção.

Não foi necessário fazer perguntas. Ratar emitia essas imagens pelo seu dilatado poder mental e continuou falando:

- O que você está vendo são egrégoras formadas pelas mentes dos encarnados que vibram nos locais onde são feitas as oferendas. Nessa encruzilhada que está fixada na tua visão psi-coastral, toda sexta-feira, rigorosamente, são feitos despachos. Potencializamos essas imagens cultuadas, e por vezes meus asseclas comparecem vestidos de orixás africanos para se mostrarem à clarividência dos pais de santo e coletarem seus pedidos, aumentando a fé nos deuses. As egrégoras servem como "máquinas" coletoras de ectoplasma, tipos de tentáculos que são colocados numa grande "teta", chupando para o interior da crosta esses fluidos, que são armazenados por nossos técnicos. Oportunamente, são plasmados alimentos, vestuário, moradias, instrumentos, veículos, armas; enfim, tudo que se tem em uma cidade da superfície, também o temos aqui. O tônus vital do sangue é a matéria-prima com a qual confeccionamos o que precisamos para manter nossa cidadela, em correspondência com a de cima.

Comentário: Nesse momento, fiquei "revoltado" e perguntei um tanto grosseiro:

- Você não se envergonha de toda essa poluição, animais putrefatos nas praças e ruas, danificando o meio ambiente?

Ratar: - Ora, meu caro! (ele deu uma gostosa risada). Deixa de ser inocente! Perto do que vocês fazem com o planeta, somos criancinhas do jardim de infância. O que são vossos matadouros? E os milhares de animais retalhados, expostos nas prateleiras dos mercados modernos para o deleite de vossos olhos esfomeados? E vossas churrascadas de fim de semana? E o lixo que jogam em terrenos baldios? E os vossos resíduos humanos, que são jogados nos rios e mares? E os cruzeiros marítimos para vosso prazer, que despejam todos os dejetos nos oceanos? Teria tantos outros exemplos que ficaríamos aqui por uma eternidade. Aqueles que fazem os despachos nas encruzilhadas, muitas vezes o fazem por ignorância das

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leis e por uma fé cega nas divindades. Muitos ainda não têm a noção exata das conseqüências dos seus atos e são espíritos "inocentes", se comparados aos homens civilizados.

Pergunta: - Mas e a Lei de Causa e Efeito? Deve estar enredado e sendo expurgado para um orbe inferior. É isso?

Ratar: - Meu caro irmão, quem está por demais enredado são os encarnados do orbe, que estão destruindo o planeta. Claro que não sou santo! Se não estou evoluindo conforme as leis cósmicas, por outro lado também não estou involuindo por fugir delas. Digamos que eu esteja paralisado na evolução faz uns 500 anos. O que não é nada diante do espírito imortal. Nada faço para agredir o orbe, nem as criaturas que nele habitam, tampouco os animais. Simplesmente mantenho uma estrutura que funciona, de forma autônoma, mas infelizmente dependente dos encarnados. São centenas de milhares de pedidos diários, de todos os tipos de milagres e facilidades. Minha organização só faz a intermediação, a fim de que cheguem aos seus alvos, e na base dessa pirâmide espíritos ainda primários se vinculam aos encarnados em reciprocidade de interesses mundanos. Não me envolvo nessas "tricas" existenciais; preocupo-me em manter a estrutura de minha cidade.

Pergunta: - Mas afinal, até quando se manterá assim, um pária da Lei?Ratar: - Oportuna pergunta! Estava esperando por ela. Estou entediado e cansado,

por tantos anos atendendo os vivos do teu lado. Nossos estudos nos dão a certeza da vitória de Jesus. É uma questão de tempo. Haverá sérias mudanças na geografia planetária, que levarão a uma certeira mudança de consciência. O que me preserva da Lei de Reencarnação são os pontos de força mantidos pelos encarnados e o fornecimento contínuo de tônus vital. Como já tenho certeza de que isso vai se alterar com o tempo, conseguirão me prender e me expulsar para um orbe mais atrasado, possibilidade que me dá enorme pavor, pois acredito que a Terra ainda seja uma boa morada no Cosmo, se comparada com a possibilidade de exílio. Então, diante dessa situação inevitável, resolvi aceitar a proposta de Ramatís que me foi feita por um de seus enviados, para que eu reencarnasse, e entreguei a esse mentor, arquiteto cármico1, o planejamento de minha próxima vida na carne.

(l) Os leitores familiarizados com os conhecimentos esotéricos sabem o que essa denominação significa.

Pergunta: - Como será sua encarnação?Ratar: -Virei como médium e encarnarei no Planalto Central. Terei um corpo forte e

saudável. Nascerei com grande capacidade psíquica e fulgurante inteligência, em berço de famüia espírita. Ao chegar à adolescência, afluirá toda a minha potencialidade mediúnica e fundarei um centro holístico universalista de estudos espiritualistas que será o responsável por intensa divulgação dos ensinamentos do Cristo Cósmico. Será uma existência de provação, necessária, para que recomece e recompense na balança da Lei tudo que fiz contra meu espírito e à coletividade, neste último meio milênio. Terei muitos desafios e posso falhar. Por outro lado, será enorme o apoio de amigos de priscas eras. Caberá então ao meu livre-arbítrio acertar ou errar, continuar neste planeta ou ser deslocado para uma gruta qualquer em um dos milhões de orbes existentes no Cosmo, nessa minha última e definitiva oportunidade de não retroceder. Imagino-me morando em cavernas, tendo de caçar animais e devorar suas carnes, e sinto calafrios!

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Pergunta: - Sua cidadela e seus domínios serão desintegrados?Ratar: - Creio que não, pela absoluta impossibilidade de isso ser feito agora, pois os

encarnados continuarão fazendo as oferendas sanguinolentas nas encruzilhadas, independente-mente de qualquer coisa. O que já está havendo é uma disputa ferrenha para ocuparem o meu lugar, pois a toca onde o rato se esconde é muito valiosa para as mentes empedernidas no mal. Não sou melhor do que ninguém, mas creio que também não sou pior. Tenho a convicção de que o amor do Pai é imanente e está vibrando igualmente em todos. Seguirei meu caminho como dileto filho das estrelas e deixo à planilha do arquiteto cármico Ramatís e sua equipe de planejadores o traçado do pla-no de minha próxima existência.

Comentário final: Nesse momento, os olhos de Ratar não eram mais como os de um gato e suas unhas ficaram normais. Via-me transportado para um lindo jardim florido com um odor de jasmim inconfundível, muitos animais e aves silvestres. Sentado em um banco de pedra, o filho que foi morto pela Inquisição espanhola esperava o pai, vindo ao seu encontro:

- Hernán, meu pai amado, finalmente nos reencontramos depois daquela data fatídica!

Ambos se abraçaram e caíram num choro copioso. O filho estava encarnado; encontrava-se em desdobramento. É hoje um padre católico que faz um grandioso trabalho de evangelização em uma pastoral muito pobre, nos confins da floresta amazônica. Se Hernán transformou-se em Ratar, contrariando as leis cósmicas, conseguindo poder e fugindo das reencarnações, por outro lado também nunca mais conseguiu ver o filho, que seguiu sua trilha evolutiva por outros caminhos. Se não tivesse se revoltado, com certeza já o teria reencontrado no Astral ou numa outra encarnação.

Existem mecanismos das leis de Deus que fogem ao nosso entendimento. Na ambição de serem deuses, os homens se tornam onipotentes e se enganam, perdendo tempo na escala evolutiva. Pelo infinito amor do Pai, muitas oportunidades nos são dadas.

Abraçados, deixei Hernán e o filho amado, enquanto um rouxinol cantava num galho próximo. Fui adormecendo suavemente e despertei em meu quarto, com um suave cheiro de jasmim e o toque inconfundível do magnetismo peculiar de Ramatís.

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IV

Na busca do sagrado: do sacrifícioanimal à imolação corporal

Jesus não era enfermo psíquico, embora tivesse de refugiar-se amiúde no seio da mata ou das clareiras silenciosas, quando se sentia afogueado pela tensão de próprio espírito ou alvejado por fluidos perniciosos. Em verdade, havia profundo contraste entre o seu temperamento angélico, de avançado entendimento moral, ao pôr-se em choque com os interesses mesquinhos, a vulgaridade, a má-fé e a ignorância dos homens que lhe cumpria esclarecer.

RAMATÍS, O Sublime Peregrino

Pergunta: - No intercâmbio com o sagrado, o deslocamento dos sacrifícios de animais para a imolação corporal auxilia de que forma os devotos a interiorizar os ensinamentos do Evangelho de Jesus?

Ramatís: - Os diversos rituais sincréticos que sustentam a religiosidade popular estabelecem uma relação mimética em que o penitente desenvolve, através do corpo físico, uma espécie de autoflagelação na sua busca de ligação com o sagrado, tentando repetir em si mesmo o martírio e suplício de Jesus durante o calvário. A devoção sacriflcial impõe um tipo de expurgo das mazelas humanas para o alcance das graças que se está buscando semelhante a situação de um mendigo que não entra numa festa nupcial no salão paroquial da igreja do bairro se não tomar banho, pentear-se e trocar seus andrajos por roupas socialmente aceitas.

Estabelecer uma relação corporal entre fé e sacrifício transforma-se numa comunicação com o sagrado que "liberta" o ente da mortandade animal e do derramamento de sangue para Deus, com o próprio corpo servindo de ponte para o intercâmbio com Ele. É um estado de consciência paralisado na imolação que se prepara para os vôos futuros, mais altos, das diretrizes evangélicas de Jesus.

A evolução espiritual não dá saltos abruptos; no presente momento, esse homem devoto precisa do mimetismo e da catarse sacriflcial para aliviar a sua memória inconsciente da exigência milenar de infligir dor, corte sacriflcial e sofrimento à vítima ofertada, para o alcance das benesses almejadas. Dispensado o animal, a brutalidade da mente primária e instintiva do ignorante das verdades dos Céus exige a autoflagelação corporal para aliviar o seu psiquismo carregado de culpa e medo.

Tanto no ignorante preso aos ritos externos, como no homem cristificado e meditativo, está presente por igual a vibração cósmica do Cristo, do mesmo modo que a fauna microbiana que mantém o equilíbrio intestinal, tanto do ateu como do crente devoto e do ser evangelizado, tem o toque criativo de Deus. A diferença está em que o indivíduo que já O

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interiorizou não se rende à voracidade famélica dos micróbios que habitam sua flora intestinal, dispensando os restos de cadáveres como alimento em seu prato, enquanto o ateu e o devoto saciam-se com bifes acebolados mal-passados, e este último autoflagela-se para se purificar, na busca das benesses divinas.

Pergunta: - O sacrifício do corpo físico servindo para futuros vôos da alma, rumo aos ensinamentos evangélicos, não seria uma perda de tempo? Parecem-nos tão "violentas" essas procissões recheadas de autoflagelações corporais, muitas movidas por mero exibicionismo.

Ramatís: - O entendimento do "reino dos Céus", que não é nada externo e em verdade inteiramente interno a cada cidadão, naturalmente é diverso. Deveis entender que as diferenças de entendimento devem vos levar a ter mais respeito para com o próximo, dispensando-se as sentenças de superioridade e imposições de igualdades antifraternas.

Jesus, à beira do lago de Genesaré, reunia os homens e lhes falava por parábolas. Sendo enorme a multidão e multiforme a capacidade de entendimento, colhia o Mestre exemplos de situações da vida diária daqueles lavradores, donas de casas, pescadores e pequenos comerciantes, para elaborar a sua mensagem salvadora. Ademais, o Divino Psicólogo dispensava seus discípulos do jejum sabático, mas nunca considerou inferiores os que se sacrificavam passando fome, mal-humorados e azedos por um dia; somente preferia o sorriso nos semblantes, sem hipocrisias impostas por rituais externos.

A profundidade que exige o entendimento das verdades espirituais leva inexoravelmente os homens a um movimento para dentro de si mesmos. Jesus não compactuava com a hipocrisia e a dissimulação vaidosa dos sacerdotes dos templos. Por outro lado, compreendia que, para aquelas almas toscas e sedentas do reino de Deus, os ritos exteriores de purificação serviam como potentes "agulhas" que penetravam no psiquis-mo interior, liberando-as de culpas descabidas e medo de punições, o que as aliviava momentaneamente pela catarse sacri-ficial autoimposta.

Só o Evangelho interiorizado é perene na consciência. O tempo é de cada espírito, diante da eternidade do Pai, e das suas infinitas existências, nas muitas moradas cósmicas disponíveis pela benevolência do Criador.

Pergunta: - O mero pagamento de promessas, oferendas e sacrifícios conduz à evolução espiritual?

Ramatís: - Há de se considerar que as trocas simbólicas, tão comuns entre os praticantes das religiões populares, nota-damente o catolicismo e as de origem africana, são meios justos para a "materialização" da fé, ainda necessários às mentes condicionadas aos ritos exteriores e à aprovação sacerdotal, perante a culpa e medo de punição se não forem cumpridos os preceitos e obrigações.

As promessas ao "santo" ou ao orixá, pedindo-se um benefício, como o são as comidas, os membros de cera, até os rituais que envolvem o sacrifício humano na dimensão do sofrimento corporal, bem como as orações fortes e festas folclóricas para os santos e orixás, com cultos de possessão e transes coletivos, são meios de retribuição, oferendas, trocas com o "sagrado", objetivando o agradecimento para satisfazer uma fé trôpega e pouco

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interiorizada no psiquismo do crente frágil. São válidos aos "olhos" da Divindade, pois servem de experiências ao alcance psíquico dos que as realizam, do mesmo modo como não podeis exigir do analfabeto um cálculo logarítmico.

Dispensando-se as exterioridades e os elementos ritualís-ticos de cada crença pessoal, não são apelos ao Pai diferentes da prece lacrimosa do espírita, da mentalização altaneira do esotérico da Nova Era, dos mantras tibetanos ou budistas, das concentrações teosóficas ou da alegria da lavadeira em canto de louvação aos orixás à beira do rio, já que o verdadeiro Deus, que dispensa as punições e castigos, ensina que o valor está no sentimento genuíno de amor direcionado a Ele, independente da forma externa que serve de muleta às consciências.1

(1) "Eu aceito qualquer oferenda que se me faça com amor, seja uma flor, uma fruta ou apenas gotas d'água, pois não olho a oferenda, mas o coração de quem a faz" -Bhagavad Gita.

Pergunta: - Quanto à similaridade dos ritos sacriflciais católicos com as religiões da matriz africana, podeis dizer-nos algo a respeito?

Ramatís: - Como já sabeis, no Antigo Testamento a prática de oferecer sacrifícios era comum. Podemos destacar este texto do livro de Esdras: "Ofereceram, para a inauguração desta casa de Deus, cem touros, duzentos carneiros, quatrocentos cordeiros e, pelo sacrifício do pecado de todo o Israel, doze bodes, segundo o número de tribos de Israel" (Esdras 6:17). Jesus legou-nos o Novo Testamento, ampliando a lei judaica antiga, substituindo os ritos sanguinolentos pelo seu sacrifício na personalidade humana transitória, em prol da eternidade do espírito imortal.

Esse ato de amor de Jesus à humanidade e aos animais, abolindo toda a forma de mortandade, mostra-nos a sua misericórdia e o gigantesco sacrifício que se impôs para libertar aquelas consciências aprisionadas nas mortandades animais, deslocando-as para o seu próprio corpo físico, flnito e passageiro na Terra, em vez das exigências inacabáveis do clero judaico de matanças dos irmãos menores para chegar ao Pai.

Na carta de Paulo aos hebreus, temos outro texto que relata a abolição do sacrifício de animais pelo sacrifício de Jesus: "E ele entrou de uma vez por todas no santuário, não com sangue de bodes e novilhos, mas com seu próprio sangue, depois de conseguir para nós uma libertação definitiva. Muito mais o sangue de Cristo que, com um espírito eterno, se ofereceu a Deus como vítima sem mancha! Ele purificará das obras da morte (dos animais) a nossa consciência, para que possamos servir ao Deus vivo" (Hebreus 9:11-14).

Todavia, embora abolidas do contexto bíblico do Novo Testamento e não indicados por Paulo nas exortações aos cristãos de Colossas e aos hebreus, as práticas de sacrifícios animais foram substituídas pelas práticas de autoflagelação no catolicismo popular, enquanto os sacrifícios rituais aos orixás das religiões africanas no Brasil foram paradoxalmente reproduzidas com muita similaridade as descritas no Antigo Testamento, como bem vos mostram os símbolos e instrumentos musicais utilizados nos seus diversos rituais: são tambores que foram consagrados com o sangue dos sacrifícios animais e "comeram" suas vísceras oferecidas aos deuses.

Esses rituais são repetidos anualmente, renovando-se as mortandades que fornecem o sangue quente para que os sacerdotes reguem esses intrumentos ritualísticos, renovando-lhes a

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força magística. Cada culto tem seu sacriflcador, que deve conhecer todas as regras, pois cada "divindade" reclama um ritual que lhe é próprio: pescoço decepado, corpo esquartejado deste ou daquele modo, com este ou aquele instrumento. Com a oferenda de animais despedaçados, miúdos, tripas e buchada temperados de acordo com a exigência e apetite insaciável de cada entidade sobrenatural das práticas mágicas populares, busca-se com os "orixás" as benesses e favorecimentos pessoais.

Já no catolicismo popular, os ritos sacrificiais de autoflagelação não derramam sangue dos animais, mas partem do mesmo pressuposto de escambo fluídico que serve aos rituais africanistas, qual sejam atender o devoto, o médium iniciado ou o filho de "santo" em suas exigências, num sistema mercantil de "toma lá, dá cá" com um pseudo-sagrado.

Assim, os crentes do catolicismo popular matam simbolicamente o corpo de Jesus e derramam seu próprio sangue, não mais o dos animais. A moeda de troca é o corpo de Jesus e a imolação autoimposta, com objetivos semelhantes aos daqueles que trucidam os animais em louvor a "orixás" sedentos, para vampirizar os pedaços cadavéricos e o sangue derramado cheio de seiva vital. Os crentes no Jesus imolado comem sua carne e bebem seu sangue simbolicamente; já tecem ideais mais elaborados quanto às verdades ocultas da vida, mas por ora não se libertaram do atavismo mental de sacrificar.

Pergunta: - Podeis explicar-nos porque "o sangue é cheio de seiva vital", conforme dizeis?

Ramatís: - Deveis saber que o sangue, ao passar pelo coração, circula justaposto à contraparte etereoastral, em outra dimensão, no exato local onde se encontra fixada a centelha divina ou mônada. Assim, através do chacra correspondente, esse órgão capta as vibrações divinas do espírito, o seu prana ou éter específico, que é a seiva vital oriunda do Pai.

Entidades doentes ficam escravizadas à vampirização do sangue. Impedidas de reencarnar no orbe, tentam fugir do magnetismo telúrico planetário que, pouco a pouco, vai deformando seus corpos astrais. O fluido ectoplásmico que jorra ao assassi-nardes um animal serve-lhes a intentes nefastos, a fim de que consigam manter a contextura de seus corpos perispirituais.

Em verdade, o sangue é de suma importância para a vida orgânica em vosso plano. Cremos que o máximo sacrifício que um cidadão consegue realizar, que se aproxima do sacrifício do Mestre Jesus e serve para o resgate ou expiação da alma, queimando e transmutando em grande parte seus erros passados, é derramá-lo por uma causa superior, abrindo mão de sua própria vida. Isso acontecia com os mártires no início do cristianismo, os quais, ao serem trucidados pelas espadas dos gladiadores romanos nos circos de horrores, instalados para a caça e extermínio dos cristãos, gritavam: "Ave Cristo!" e deixavam a perso-nalidade humana caída no solo ensangüentado, renascendo do lado de cá vitalizados em sua individualidade imorredoura.

Pergunta: - Uma pessoa de nosso conhecimento fez uma promessa na Igreja, para São Lázaro, e também foi a um culto aos orixás e se comprometeu a fazer uma oferenda para Omulu (correspondente àquele santo, no sincretismo religioso), para que curassem sua perna de uma erisipela. Após

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ter sido curada, ela não cumpriu a promessa ao santo e não fez a oferenda ao orixá. A doença voltou com mais intensidade, agravada por feridas na forma de pústulas fétidas. Como explicar esse fenômeno?

Ramatís: - Nas curas com promessas e oferendas prometidas, a mente age com poder criador, já que "o Pai está em vós". Potentes fulcros energéticos magnéticos desestabilizam certos pontos do perispírito que, por um mecanismo natural de ressonância vibratória, causam as doenças orgânicas. Quando dinamizados pelo poder mental do ente, potencializam os processos de cura, ajudando a extirpar o nódulo vibratório em nível etérico, ou então "ressuscitam" a chaga extirpada se a mesma indução mental-magnética for utilizada no sentido contrário. Obviamente, deve o cidadão deslumbrado acreditar fielmente na punição e na retirada de uma graça divina pelo descumpri-mento do que prometeu.

Claro está que a estagnação num sistema de permutas com o Além-túmulo não significa amadurecimento espiritual nem avanço em espiritualização. Todavia, no âmbito estrito de compreensão das camadas populares, dos ignorantes das realidades energéticas do mundo oculto, excluídos da escala social, sem assistência médica, sofrendo violência social e psicológica, essa relação devocional se dá mais pela "graça" do "milagre" do que pela mera barganha com a"Divindade"- o que ocorre mais com as camadas abastadas, que procuram o sagrado para realizar seus desejos aviltantes, amparados pelo poder das moedas.

Em verdade, aos "olhos" do Grande Arquiteto do Universo, mais vale a resolução direta com os "santos", através de promessas, do que o intercâmbio com os despachantes do Além, que a tudo resolvem desde que recebam o vil metal, como acontece nas mediações simbólicas dos sacrificadores e das instituições salvacionistas. Aquele que busca o espiritual de forma direta, dispensando os "ungidos" na Terra, já demonstra lapsos de potencialidade crística. Assim, opta em trocar com os "santos" do lado de cá e não com os corretores "santificados" da Terra, mesmo que esteja despreparado para lidar consigo mesmo. Esquece-se de que é uma cédula de troca com dois lados: no primeiro, ele alcança a cura e, no segundo, a recidiva da enfermidade, dependendo exclusivamente da emissão dos seus próprios pensamentos deseducados e polarizados nos estados mentais negativos ou positivos, naturais ao psiquismo do espírito primário encarnado.

Pergunta: - Afinal, qual o motivo desses ritos sacrificiais de imolação do próprio corpo servirem de reconciliação do indivíduo consigo mesmo? A catarse é positiva para equilíbrio do psiquismo?

Ramatís: - A catarse, para alguns cidadãos, é como a palmada da vovó no netinho teimoso. A infantilidade espiritual que as religiões imprimiram por culpas e castigos compensatórios está latente no inconsciente coletivo, exigindo o flagelo autoim-posto como um descompressor do psiquismo culposo e reprimido. A relação com o sagrado mantida pelas religiões cristãs, ao longo da história, tem como máxima um Deus que necessita de sacrifícios para que o frágil crente pecaminoso seja merecedor do reino dos Céus. Até os dias atuais, mesmo nas doutrinas mais recentes ditas consoladoras, Jesus é citado como o Cordeiro sa-crificado. Assim, num mimetismo às avessas, milenar, instala-se a manifestação do desejo de sacrificar-se, impondo-se sofrimentos psíquicos, açoites, chagas e ferimentos, exatamente como aconteceu com o Divino Mestre. Desloca-se para um Jesus humano, martirizado, todas as mazelas: uma imitação apaixonada que alivia o psiquismo receoso de punição, cheio de recalques e culpas. Serve para um alívio fugaz da alma atormentada, mas é de baixa valia

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espiritual diante do sublime código moral de libertação espiritual do homem que é o Evangelho.

Assim, a repetição ritualizada dos momentos finais do calvário e crucificação de Jesus constitui uma prisão psicológica, coletiva, aguilhão à culpa, hábito cristalizado de troca com um sagrado punitivo. Os rituais exteriores são instrumentos de interiorização dos ensinamentos evangélicos e, por si, de nada servem à espiritualização do indivíduo.

Pergunta: - Desde quando se estabeleceu essa cultura do corpo físico ser impuro, causador de pecados e alvo de sacrifícios?

Ramatís: - Quando liberou seus discípulos do jejum judaico, preferindo vê-los alimentados e sorridentes, ao invés de aflitos, esfomeados e carrancudos, Jesus estabeleceu uma diretriz de equilíbrio para com o envoltório grosseiro que abriga o espírito no plano material, preferindo distanciar-se da hipocrisia e vaidade dos crentes e sacerdotes de outrora. Desde a Antigüidade, o contexto bíblico indica o corpo como causador de pecados, tido como impuro e, portanto, alvo de sacrifícios - livro do Levítico. Essa prática dos sacrifícios que envolvia o corpo era prescrita pela "lei do puro e do impuro" e a "lei da pureza estava unida à lei da santidade" (Levítico 17:26), como aspectos negativos e positivos de uma mesma exigência divina. As práticas rituais de purificação só podiam acontecer no espaço sagrado do templo, diante do sacerdote, que desempenhava o papel da divindade receptora dos sacrifícios. Antes do rito de purificação, era comum o sacrifício de um bezerro, espargindo-se seu sangue no altar2 como forma de consagração que antecedia o ritual de purificação. Os catalogados como impuros tinham o dever de se apresentarem aos sacerdotes nos templos para recuperar a sua pureza, por meio de procedimentos como: abluções, sacrifícios animais, ofertas e rezas, aplicados pelo sacerdote, já que só ele podia emitir o certificado de purificação. Se assim não fosse, o "impuro" continuaria excluído do convívio social e impedido de ser tocado, num rígido sistema de exclusão que estigmatizou milhões de espíritos, registrado nos livros akásicos da formação da consciência coletiva. No mais das vezes, as curas que Jesus realizou foram uma afronta a esse sistema distorcido e orgulhoso que estigmatizava populações diante de uma casta sacerdotal imoral, pois Ele curava sem quaisquer ritos de purificação, nunca matou um irmão menor em oferenda, agindo simplesmente com o poder do Pai que nele residia, pelo seu verbo e aura angelicais. Isso levantava a ira dos judeus ortodoxos que faziam parte do convívio da elite sacerdotal e gozavam das facilidades concedidas aos bajuladores. Esse estado de perseguição que impunha sacrifícios de purificação preponderou por milênios, mantendo uma casta de favorecidos celestiais, mercadores das graças de Deus.

(2) "Se, pois, quando apresentardes vossa oferenda diante do altar, vos lembrardes de que vosso irmão tem alguma coisa contra vós, deixai vossa oferta aos pés do altar e ide primeiro vos reconciliar com vosso irmão; só depois, voltai para oferecer vossa dádiva." (Mateus, cap. V, w. 23 e 24.) Quando diz: "Ide vos reconciliar com vosso irmão, antes de apresentar vossa oferenda diante do altar", Jesus ensina que o sacrifício mais agradável ao Senhor é o de sacrificar o nosso próprio ressentimento; que, antes de pedir perdão a Deus, é preciso que perdoemos nosso irmão; e que, se tivermos cometido alguma falta contra algum de nosso semelhante, devemos corrigi-la. Só então a oferenda será bem recebida, porque

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virá de um coração livre de qualquer sentimento mau. Jesus proferiu essa máxima em relação aos judeus, que ofereciam sacrifícios materiais. Era preciso, então, adaptar suas palavras aos costumes daquele povo. O cristão não oferece dádivas materiais porque espiritualizou o sacrifício, mas esse ensinamento de Jesus tem cada vez mais força para ele. O cristão oferece sua alma a Deus, e essa alma deve estar purificada. Ao entrar no templo do Senhor, ele deve deixar do lado de fora todo sentimento de ódio e de animosidade, todo mau pensamento contra seu irmão. Só então sua prece será levada pelos anjos aos pés do Eterno. É isso o que Jesus ensina ao proferir estas palavras: "Deixai vossa oferenda ao pé do altar, e ide primeiro vos reconciliar com vosso irmão, se quiserdes ser agradável ao Senhor". O Evangelho segundo o Espiritismo, EDITORA DO CONHECIMENTO.

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V

O crescimento do sistema de trocas com o "reino de Deus" no mercado mágico religioso

O Mestre distingue de modo sutil e, ao mesmo tempo, identifica o grau espiritual de cada tipo de criatura, conforme sua reação à semente que lhe é ofertada no ensinamento do Evangelho. Não é difícil distinguirmos o terreno árido do convencionalismo social, da pretensa cultura, da liberdade luxuriosa, ou do fanatismo religioso, porquanto muitos são escravos exclusivos das circunstân-cias de sua educação, poder, fortuna, distinção social ou primarismo anímico. Assim, certos grupos humanos re-agem negativamente à atividade semeadora do Senhor, por força de seu condicionamento educacional...

RAMATÍS, O Evangelho à Luz do Cosmo

Pergunta: - Nas últimas duas décadas houve um acirramento dos ataques das igrejas neopentecostais contra as doutrinas mediúnicas e religiões afrobrasileiras. Quais os motivos desses ataques?

Ramatís: - Os ataques são investidas públicas. Sob o ponto de vista dos atacantes, afora os pueris motivos religiosos, o que está por trás dessa violência é aumentar e manter a igreja cheia de dizimistas. O ataque se traveste de evangelização libertadora do demônio, mas na verdade faz parte de uma estratégia belicosa eivada de discriminação, preconceito e intolerância, em que se disputa o rico mercado mágico religioso.

Todas as outras religiões são perseguidas. Cabe aos "soldados de Jesus" manter a "guerra santa", dando prosseguimento à obra de Jesus Cristo de perseguição aos demônios. O panteão afrobrasileiro sofreu forte e intensa demonização em seu processo de inserção social. Os demônios estão materializados nas incorporações mediúnicas, nos despachos sanguinolentos das encruzilhadas e praças urbanas. Assim, resta aos obreiros neopentecostais destruírem as religiões mediúnicas e os cultos afrobrasileiros, que são colocados, em uma generalização discriminadora, junto com as práticas mágicas populares fetichistas, ricas de sortilégios mágicos, do mesmo modo como se faz a um pai de família desempregado, que ao roubar um cacho de banana, é preso e recolhido à cela da delegacia junto com frios criminosos assassinos.

Lembramos que o Velho Testamento é baseado na lei mosaica do "olho por olho, dente por dente". Reportemo-nos diretamente ao Evangelho de Jesus, libertador dos atavismos e das punições violentas, que diz:

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E João lhe respondeu, dizendo: "Mestre, vimos um que em teu nome expulsava demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não nos segue".

Jesus, porém, disse: "Não lho proibais, porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo falar mal de mim.

Porque quem não é contra nós, é por nós. Porquanto, qualquer que vos der a beber um copo de água em meu nome, porque sois discípulos de Cristo, em verdade vos digo que não perderá o seu galardão".

MARCOS 9:38-40

Os próprios discípulos de Jesus repreenderam uma pessoa que trabalhava em nome do Mestre porque não andava com eles... Jesus Cristo admoestou os discípulos e orientou-os a não proibir o trabalho desse indivíduo. Sabia o Mestre que as vi-deiras da Boa Nova não nasceriam só da lavra de seus apóstolos. Seus ensinamentos, libertadores em essência, eram para ser semeados por todos aqueles que se identificassem moralmente com eles, independentemente de crença ou denominação de culto terreno, tal qual semente que não escolhe o solo para nascer.

Pergunta: - Quando terminará esse ciclo de obrigações com sacrifícios de animais, por um lado, e, do outro, os dízimos e pagamentos sem fim envolvendo as benesses buscadas?

Ramatís: - Quando a consciência coletiva entender que a relação com a espiritualidade e com os espíritos, com os deuses, as divindades, os orixás, não é referendada por troca e sim por conquista individual, por merecimento. Na prática, enquanto houver a procura das populações por serviços do Além-túmulo, para saúde, trabalho, amor, etc, remunerados e sem considerar o livre-arbítrio e o merecimento dos outros, essa situação se perpetuará.

Essa busca paga pelos serviços espirituais nos terreiros, mais comum do que se imagina, é mantenedora de clãs sa-cerdotais que dão consultas, fornecem conselhos e propõem os trabalhos rituais a serem realizados por eles próprios. Formam-se comunidades de encarnados e desencarnados que administram a busca e o encontro das pessoas com ideais ime-diatistas amparados no mercantilismo religioso, o que mantém as entidades extracorpóreas chumbadas na Terra em constante alimentação fluídica, como se os espíritos tivessem de fazer refeições diárias para sobreviver.

Em si, os sacrifícios são um meio de concretização da insâ-nia na procura desmedida de realização dos desejos humanos. Não é diferente do "milagre" comprado com os dízimos, tão divulgado numa era em que reza forte deixou de ser sinônimo de oração feita com amorosidade desinteressada em singelas benze-duras de rezadeiras, e virou meio de vida no amplo mercado religioso salvacionista, que impera na mídia brasileira atualmente.

Pergunta: - A expansão do mercado religioso brasileiro, sustentado pelas facilidades dessa mídia, não deveria ter amainado os constantes ataques

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aos cultos afrobrasileiros (incluindo-se a umbanda), por parte das religiões salvacio-nistas, especialmente as neopentecostais?

Ramatís: - O crescimento dos recursos midiáticos é o meio e não o fim dessas religiões. Precisam reconhecer a existência dos espíritos, as manifestações mediúnicas, a sua influência no dia a dia dos vivos, os processos de obsessão e simbioses cons-cienciais, para depois negá-los, atacando-os. Deus escreve certo por linhas tortas, e pouco a pouco os que são atacados revêem suas práticas esdrúxulas e os atacantes ficam gradativamente sem munição, estabelecendo o fiel da balança.

Como a ideologia que os rege é salvacionista e punitiva, baseada no Velho Testamento, encontram nos cultos afrobrasileiros, e numa "umbanda" de práticas mágicas populares, os inimigos diabólicos que pretendem atacar, com o objetivo de lhes "roubar" os freqüentadores. Na verdade, oferecem em essência os mesmos serviços espirituais, só que numa forma ritual diferente e reversa, tendo em seus cultos transes de possessão, sessões de descarrego, banhos de sal grosso e arruda, sacudidas desobsessivas, fogueira da rosa ungida, unção na cabeça, pelos pastores, com óleo de oliveiras...

A desunião costumeira entre as lideranças afrobrasileiras - elas mesmas competindo entre si - na verdade se acha na mesma faixa de trabalho e disputa que a dos neopentecostais por clientes, que pagam nos terreiros pela leitura do destino através dos búzios ou pela consulta com"exu".

Na conversão ao "Espírito Santo" milagroso dos neopentecostais, os prosélitos terão de continuar pagando o dízimo e dar ofertas, quanto mais queiram receber, em proporção às graças almejadas, como acontece num leilão por finas peças de rara ourivesaria, em que quanto maior o lance, maior a chance de se apropriar do tesouro, a semelhança de um grande balcão mercantil de benesses divinas, independentemente do nome do culto ou religião terrena, formado e mantido por aglutinação de consciências que buscam externamente a salvação para os seus males com a ausência de esforços pessoais, já vez que, pagando-se, tudo é possível. Disputa-se o montante do mercado religioso como se fossem executivos de empresas. O sagrado se adapta aos planos de negócios e quanto mais cheio o barracão, terreiro ou templo, mais reconhecimento público e notoriedade o estabelecimento comercial milagroso obtém.

Pergunta: - O que o neopentecostalismo trouxe de novo?Ramatís: - O movimento pentecostal distinguiu-se pela ênfase nas curas divinas,

através da intercessão do Espírito Santo, à semelhança de sua manifestação no dia de Pentecostes, associado a uma vida ascética e sectária de seus adeptos. O acréscimo do prefixo "neo" sinaliza algumas ênfases que as igrejas recentes adotaram: afrouxamento do ascetismo, exaltação do pragmatismo na relação de troca com Deus, adoção da teologia da prosperidade e, fundamentalmente, o que as distingue dos pentecostais, o estreitamento doutrinário na batalha contra as religiões afrobrasileiras e o espiritismo, como forma de excomunhão dos males que afligem os fiéis para que consigam as curas.

Essa"demonização"já existia e era mais branda nas fases anteriores do movimento pentecostal, fazendo parte da teologia de cura divina. Na verdade, está em disputa o mercado consumidor das mediações mágicas, materializadas na experiência do transe religioso, que veio constituir a estratégia de proselitismo neopentecostal. As populações que sempre

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sustentaram os processos de trocas pagas com o Além até então tinham "exclusividade" de contato com as práticas mágicas populares através do repertório afrobrasileiro e do mediunismo com os espíritos.

No neopentecostalismo, intensificou-se radicalmente o modelo de religião que se sustenta da experiência do transe de possessão vivida no próprio corpo dos prosélitos, característica que até então era da umbanda, dos cultos afrobrasileiros e do espiritismo kardecista, como se alguém tivesse construído um muro avançando no lado do vizinho, a fim de que a laranjeira deixe cair as laranjas do seu lado.

Pergunta: - O tema central dessa batalha dos neopente-costais contra as religiões mediúnicas, afora a identificação das divindades do panteão afro com os demônios, baseia-se na libertação pelo poder do sangue de Jesus e seu sacrifício para salvar a humanidade, em oposição ao sangue das oferendas animais dos cultos afrobrasileiros e práticas mágicas populares. O que tendes a dizer?

Ramatís: - Uma característica marcante dos pentecostais, até surgir o novo movimento, era tratar as religiões mediúnicas como folclore, crendice, imaginação ou ignorância. Ao inovarem e reconhecerem a existência das divindades dos cultos afrobra-sileiros, dos guias da umbanda e mentores espíritas, enquanto entidades desencarnadas, os neopentecostais dão veracidade à mediunidade que até então negavam. Como crianças que to-mam sopa com a colher virada e se lambuzam, viraram a verdade, classificando o mediunismo numa generalização às avessas - todo o Universo se compõe de"espíritos demoníacos"e o único espírito bom é o "santo" que se manifesta nos seus cultos, como se a colher de Deus fosse torta para um só lado. Então, para justificarem a verdade de que os espíritos existem e influenciam a vida das pessoas, precisam constantemente exorcizá-los.

Visualizaram nas práticas mágicas populares e nos seus ritos distorcidos um rico manancial para ataque sistemático, como só acontece nos dias atuais nos despachos sanguinolentos das encruzilhadas urbanas, nos sacrifícios de animais às portas dos cemitérios, nas amarrações e feitiçarias diversas em nome de um falso sagrado que passa a ser demonizado e objeto de perseguição dos neopentecostais. Encontraram similitude de ritos sacriflcais contidos no Velho Testamento com os sacrifícios animais dos cultos afrobrasileiros, como o derramamento de sangue sobre a pedra (otá).

Na verdade, essas leis com sacrifícios animais foram reformuladas por Jesus, de quem disse João Batista: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (João 2:29). Referia-se ao sistema de troca com Deus que vicejava alicerçado no sacrifício de pombos, coelhos e cordeiros. Jesus trouxe para si o sacrifício, colocando-se como cordeiro, para que as populações e sacerdotes da época deixassem de lado o abominável hábito de matar um irmão menor para ofertá-lo em troca de uma graça divina. Ele, o Cordeiro, o filho de Deus, o Cristo enviado, ofertando-se conforme a tradição, fez com que perdesse o sentido matar um animal, já que Ele era a máxima oferta que o Pai poderia receber para aliviar as consciências contritas com facão na mão, a fim de matarem em nome d'Ele.

O dar e receber, sempre presente na relação com Deus no Velho Testamento, é similar ao sacrifício para renovar o axé (fluido vital) dos cultos afrobrasileiros e práticas mágicas populares que objetivam uma troca: dar a oferenda para receberem a graça dos orixás. Na

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visão teológica neopentecostal, isso é um pecado terrível, pois só o Espírito Santo deve ser cultuado e nenhum outro "deus" deve manifestar-se no corpo dos fiéis ou ser objeto de adoração, além de que o sacrifício e sangue derramado de Jesus são únicos, e substituí-los por animais para cultuar outra divindade que não seja o próprio Rabi imolado na cruz é considerado uma heresia demoníaca.

Há de reconhecer-se que os convertidos ao sistema de troca com o sagrado das igrejas neopentecostais, materializado nos dízimos, ofertas e no sangue de Jesus sacrificado, deixam de matar os animais, substituindo-os pelo corpo do Cristo na cruz; e, ao invés de cobrar como ex-sacerdotes, ou pagar como ex-contratantes de serviços mágicos, continuam a receber como pastores para intermediar com o sobrenatural, e a pagar, se adeptos em busca de milagres. Mudaram-se as vestimentas, mas o manequim do grande balcão de escambo com o sagrado continua. Faz mais de 2000 anos que Jesus é sacrificado continuamente na cruz, derramando cachoeiras de sangue pelos séculos, e os cidadãos não se modificam.

Pergunta: - Mas se os convertidos deixam de sacrificar os animais, não é uma evolução?

Ramatís: - Obviamente, os animais que deixaram de ser mortos por pessoas convertidas ao "sangue e corpo de Jesus" têm, em escala planetária, um ganho que extrapola os embates religiosos, pois a diminuição dos sacrifícios animais aumenta a quantidade de veículos para as experiências reencarnatórias necessárias à sua evolução.

Houve a troca de um elemento real (animal morto) por um simbólico (corpo e sangue de Jesus), mas o ato mental que busca no sacrifício a troca com o sagrado não se alterou, mantendo uma distorção que vem desde o tempo em que o Divino Mestre pisou na Terra. Aos poucos, vão se mudando os hábitos cristalizados, a fim de que, num segundo momento, mudem-se as consciências. As leis evolutivas universais requerem uma gradação.

É claro que a balança da justiça divina faz diferença entre o crente nos orixás, que compra os elementos a fim de ofertar ao seu "Deus" a comida votiva de conformidade com sua fé ancestral, e sabe que não adianta aumentar o número de bodes, carneiros ou aves ofertados, pois a graça continuará a mesma, e o adepto neopentecostal que, quanto mais ofertar em sacrifício, além do dízimo, mais poderá receber de um "Deus" que tem a obrigação de atender o ofertante. Nesse sentido, a pragmática teologia da prosperidade coloca "Deus" à mercê da vontade terrena, liberada de constrições culposas pelo sacrifício do Seu filho na cruz para que todos os demais cidadãos vivam em abundância e cobrem do seu "Deus" as benesses prometidas, desde que paguem em troca. Este se diferencia dos adeptos das religiões afrobrasileiras, os quais dispõem de preceitos rígidos que delimitam sua relação de fé e troca com os seus deuses, independentemente da quantidade de pagamento pecuniário.

Pergunta: - Então, ao deixarem de sacrificar os animais e reafirmarem seguidamente o sacrifício e o sangue de Jesus, não houve uma mudança de hábito positiva? Não se evoluiu?

Ramatís: - Como dissemos, o hábito mental e os atos não mudaram. Modificou-se um elemento real (animal) por um simbólico (corpo de Jesus), mas o rito de troca com o Além permaneceu em essência. Da mesma maneira que um pedregulho não rola ribanceira abaixo sem arrastar outros, essas criaturas que se convertem e deixam de matar animais em ritos

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sacrificiais acabam se libertando dos espíritos "viciados" nos fluidos etéri-cos do sangue que as acompanhavam. Nesse sentido, a primeira pedra faz rolar muitas outras.

Essas pessoas envolvidas pela retórica da intolerância religiosa acabam"escutando"a voz do Deus punitivo que as ameaça de enviá-las aos caldeirões infernais, se não se transformarem, ao invés de serem receptivas às palavras do Cordeiro contidas em seu Evangelho libertador, pois é muito mais cômodo aceitar o corpo de Jesus sacrificado no lugar do animal imolado e continuar com os mesmos atavismos mentais, do que alterar um hábito arraigado há milênios por outro de moral evangélica. As consciências cristalizadas em si mesmas e dispensadas de quaisquer esforços próprios, acomodadas nas trocas com o Espírito Santo e com os orixás, são como pássaros criados em gaiolas que desaprenderam a voar. Assim sendo, evoluiu-se ao deixar-se de matar os irmãos menores, mas o ato de abrir a porta da gaiola a um canário criado em viveiro não o ensina a voar.

Pergunta: - O que acontece com esses espíritos que são enviados aos infernos durantes os transes de possessão dos fiéis nos cultos neopentecostais?

Ramatís: - Obviamente eles não são enviados para inferno algum, já que o estado infernal de suas consciências é que os aprisiona nas labaredas internas da dor e do ranger de dentes, como conseqüência de seus desatinos. Mesmo que os pastores acreditem cegamente que o inferno existe e, ao mesmo tempo, entidades que operam na seara dessas religiões neoevangélicas também assim pensem, é como se eles estivessem dentro de um grandioso ringue de boxeadores. Dentro do espaço destinado à luta, podem enfrentar-se, mas as cordas não os deixam cair em espaços desconhecidos. Além dessas cordas de proteção, existem os espíritos caravaneiros de Maria de Nazaré que atuam em todas as religiões e levam esses espí-ritos exorcizados nos cultos de possessão neopentecostais aos entrepostos de socorro no Astral. Nessas verdadeiras estações de triagem, técnicos cármicos avaliam a situação existencial de cada um. Muitos estão sendo enviados a outros orbes por não terem mais condição de permanência na Terra. Outros ficam em tratamento, e a cada um será dada a oportunidade de retificação conforme as leis cósmicas.

Pergunta: - Fundamentalmente, o que determina o envio desses espíritos a outros orbes, e como é a geografia dessas futuras moradas?

Ramatís: - Nesse caso, trata-se de espíritos que foram chefes de legiões e que, por centenas de anos, mantiveram-se à margem das encarnações, vivendo colados à crosta em locais onde se sacrificam animais rotineiramente, com o objetivo de renovarem seus fluidos e tônus vital com o sangue derramado. Seus médiuns foram convertidos (são os chamados "ex-pais de encostos"). Fazem a ponte de ligação vibratória para que possam ser capturados e toda a organização montada. Serão transportados para fora da Terra. Estão habituados a serem cultuados como reis, rainhas, santos e deuses. Exigem boas comidas, bebidas e quitutes, e total submissão de seus "cavalos" mediúnicos. Locupletam-se com essa submissão cega e exigem constantes agrados, a fim de que não se transformem em divindades iradas, entre raios e trovões. Impõem sistemáticas obrigações, para que deixem seus repastos vivos com saúde e o mínimo de dignidade.

Por uma relação direta de afinidade, são enviados a planetas atrasados como nos idos da Terra pré-histórica. Terão de saciar a fome animalesca na dependência da mortandade animal sanguinolenta, caçando e se escondendo dos predadores em cavernas. Reiniciarão

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assim toda a evolução hominal, quantas vezes se fizerem necessárias, até que consigam exercitar o amor incondicional.

VI

Os abusos espirituais e ostraumas psíquicos causados

Sede pastores do rebanho de Deus confiado a vós; cuidai dele, não por coação, mas de coração generoso; não por torpe ganância, mas livremente; não como dominadores daqueles que vos foram confiados, mas, antes, como modelos do rebanho. Assim, quando aparecer o pastor supremo, recebereis a coroa permanente da glória.

PEDRO, 5:2-4

O conceito de que devemos "colher conforme a semea-dura" demonstra a existência de leis disciplinadoras e coordenadoras que devem proporcionar o resultado efetivo, conforme a natureza e intensidade de causa fundamental. Evidentemente, quem semeia "cactos", jamais irá colher "morangos", assim como quem movimenta uma causa funesta também há de suceder-lhe um resultado funesto.

RAMATÍS, O Evangelho à Luz do Cosmo

Pergunta: - Quais os motivos de tantos relatos de abusos espirituais, seja dos pastores evangélicos como dos "pais de santo"?

Ramatís: - Mudam o pastor e o seu cajado, mas o rebanho a ser tosquiado é o mesmo. Uma igreja ou um terreiro deveriam ser sinônimos de amparo e solidariedade. Locais que, a exemplo de hospitais de almas numa frente de guerra, teriam de oferecer enfermeiros preparados para fazer curativos, aplicar remédios, alimentar os feridos, aglutinar pessoas preparadas para confortar os aflitos, levantar os caídos, estimular os cansados e dar esperança aos desistentes do caminho.

Há de considerar-se que o crescimento intenso e rápido da população dita evangélica neopentecostal, inquestionavelmente a fatia de religiosos que mais cresceu no Brasil, fez recrudescer os ânimos no mercado mediúnico das práticas mágicas populares, disputando adeptos com os "pais de santo" que tudo fazem, e garantem resultado em sete dias por um punhado de moedas. São pastores despreparados confrontando sacerdotes imaturos, de formação obscura; perdem-se nas necessidades pessoais e consideram-se herdeiros de toda sorte de privilégios. Seguir suas pregações e trabalhos é "garantia" de sair da miséria,

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conseguir o emprego e a promoção tão esperadas, ou então curar o câncer, a paralisia e evitar a pobreza, ilusões semelhantes à água mansa na beira do rio que esconde um buraco fundo. O Espírito Santo, em concorrência com os orixás, tornou-se um excelente negócio com "Deus", além de meio de ganho. Não se aprende a servir, mas a tornar-se um atleta espiritual, uma espécie de "Frankens-tein"milagreiro, um xamã olímpico das graças divinas.

As lideranças pastorais neopentecostais apelam aos "milagres" para angariar clientes. O rebanho é guiado por líderes onipotentes, farisaicos e messiânicos que, obnublados mentalmente pela vaidade e arrogância, atribuem à falta de fé dos prosélitos a ausência de graças divinas e se colocam infalíveis diante dos dizimistas e ofertantes cobrando os milagres que não ocorreram. Em suas profundas carências como homens que deveriam ser de Deus, não percebem as próprias faltas, nem as pessoas desiludidas e amarguradas; importa não o abuso espiritual nem a opinião dos desiludidos, mas o poder e os ganhos financeiros conseguidos em nome de Deus e do Espírito Santo.

Pergunta: - Mas a "culpa"pelos abusos espirituais é só dos fiéis?Ramatís: - É claro que o culpado precisa alimentar-se do seu algoz, assim como o

corruptor vive dos corruptos. Observai que o urubu não vive sem a carne em decomposição e a minhoca respira no húmus putrefato. Essa simbiose nasce da confiança excessiva que caracteriza a fé cega dos crentes em seres humanos falíveis, a imperiosa necessidade de construção de bezerros de ouro, a idealização de um pastor de poderes sobrenaturais como mediador com o sagrado, a falta de instrução evangélica diante das más teologias e interpretações parciais equivocadas do Velho Testamento, que deixam marcas profundas em todos os envolvidos e especialmente nas ovelhas que ficarão perdidas pelo caminho. Não se come a noz, se não se quebrar a casca. Os milagres não acontecendo, é como oferecer um prato de nozes inquebráveis.

Paradoxalmente, um movimento igrejista salvador causa mais traumas que milagres. As leis de Deus não são como o mi-Iharal aberto para ataque das pragas proféticas que enviavam gafanhotos ferozes, como acontecia no Velho Testamento. Cresce o número de convertidos ao mesmo tempo em que um imenso rebanho se perde e adoece a uma velocidade exponencial. Líderes cegos e mancos estão levando crianças engatinhando despenhadeiro abaixo. As noivas que deveriam estar em intocáveis trajes de núpcias para serem tocadas pelo Espírito Santo exibem as vestes rasgadas pela vergonha e desilusão de si mesmas.

Pergunta: - É possível dar-nos elucidações sobre os abusos espirituais que acontecem no meio dos cultos mediúni-cos das práticas mágicas populares?

Ramatís: - Os abusos nos ritos mediúnicos se agravam pela ameaça de morte aos que rompem com os sacerdotes, os quais não aceitam o desligamento da corrente e a interrupção das obrigações. Verdadeiros assediadores entre os vivos, os dirigentes se colocam mais importantes do que o orixá e o santo de fé e acima dos mentores do lado de cá, considerando-se indispensáveis na condução dos contatos dos médiuns com as po-testades energéticas do Astral. Esquecem-se de que seus "filhos" são criaturas do Criador, que lhes deu o mesmo potencial divino que jaz Nele. Nesse sentido, não existe dirigente espiritual na Terra que tenha o poder de estabelecer sentenças de morte, dado que o livre-arbítrio e o conseqüente merecimento pertencem à partícula microcósmica de um macrocosmo infinito, ou seja, o

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Eterno Criador que está presente em todas as criaturas. Com esse impulso escravizante, aprisionam espíritos menos esclarecidos em seus assentamentos vibratórios e, pelo dilatado poder mental, estabelecem as obsessões nefastas, amparadas nos piores sortilégios que mentes doentias podem elaborar no campo da magia negativa.

Pergunta: - Sabe-se que toda a ênfase evangélica das igrejas está no poder do Espírito Santo e nos ensinamentos contidos nas leis mosaicas do Velho Testamento. Podeis dar-nos exemplo de abusos espirituais no Velho Testamento, comparando-os com os ensinamentos de Jesus contidos em seu Evangelho?

Ramatís: - Pululam exemplos de abuso espiritual na Bíblia. No livro de Ezequiel, Deus descreve e condena os "pastores de Israel" que cuidavam de si mesmos e não das ovelhas, desleixados que estavam com os doentes, os desgarrados e perdidos, mas que não deixavam de dominá-los com rigor e dureza (Ezequiel 34:1-10). Jesus não só reagiu contra a exploração dos fiéis (Mateus 21:12-13; Marcos 11:15-18; Lucas 19:45-47; João 2:13-16), como também contra aqueles que davam mais valor às suas próprias interpretações da Lei do que à dor e angústia humanas (Marcos 3:1-5). Em Mateus: 23, Jesus nos dá uma expressiva descrição das lideranças espirituais abusivas. Já em Gaiatas, Paulo pondera em desfavor dos que queriam impor um cristianismo legalista, distorcendo e desmerecendo a mensagem viva do Evangelho. Ainda teríamos muitos outros exemplos na Bíblia, mas se fôssemos citá-los ficaríamos por demais repetitivos.

Jesus era detentor da mais alta e soberana autoridade espiritual. Associava suas virtudes angélicas à humilde. Nunca era autoritário e arrogante para subjugar seus discípulos, e não os violentou com sua autoridade crística, para colocá-los sob o jugo de regras e regulamentos das leis judaicas antigas. Ao contrário, disse o Mestre: "Vinde a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, pois eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve" (Mateus 11:28-30). Muito menos Jesus procurou manter as aparências externas. Ele comia com publicanos e pecadores (Mateus 9:10-13). Com relação aos fariseus legalistas, aplicou as palavras de Isaías: "Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens" (Mateus 15:9). Condenou as atitudes falsas:"Ai de vós, escribas e fariseus! Hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundície! Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade" (Mateus 23:27-28).

Jesus não se mostrava infalível e superior, como os líderes abusivos de ontem e de hoje. Sua pregação era transparente ao público (João 18:19-21). Ele não tinha nada a esconder, e não só criticou os líderes religiosos por suas doutrinas e interpretações errôneas (Mateus 15:1-9; 23:1-39; etc.) quando foi criticado, não silenciou, mas forneceu respostas bíblicas e racionais às objeções que lhe eram colocadas (Lucas 5:29-35; 7:36-47; Mateus 19:3-9).

Jesus ensinava a Lei perfeita de Deus, acomodando-a diante das necessidades legítimas das pessoas, acima de regras ou regulamentos das religiões (Mateus 12:1-13; Marcos 2:23-3:5). Era um psicólogo consolador que aliviava os circunstan-tes das constrições

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culposas internas e, mesmo sabendo da imperfeição humana (I João 1:8), confortava a todos dizendo que tinham vida eterna (I João 5:10-13; João 5:24; 6:37-40; Romanos 8:1-2).

Os abusos espirituais eram comuns especialmente entre os fariseus: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!"(Mateus 23:23).

Pergunta: - Por que nem todos conseguem os milagres buscados, mesmo pagando os dízimos e "gordas" ofertas?

Ramatís: - Claro está que a divulgação de uma diminuta parcela que consegue as graças é feita nos barulhentos meios midiáticos, ao contrário da grande maioria muda, que só pagou e nada alcançou. Nesse caso, os pastores atribuem o fracasso à falta de fé dos prosélitos e se colocam como infalíveis, já que fizeram a parte deles e da igreja, como mediadora, a qual está acima de avaliações humanas.

Há de considerar-se a existência de"partículas divinas cons-cienciais" que formam espécies de supercordas1 etéreas sutilíssi-mas, diáfanas, que intermedeiam todas as dimensões vibratórias do Cosmo. É o chamado "olho de Deus", que tudo vê e mantém a organização e o equilíbrio universais. Grosseiramente, é como se, para aqueles que não adquiriram merecimento para alcançar as benesses divinas, essas supercordas não permitissem a concretização dos milagres. Momentaneamente é possível ultrapassar os limites de segurança impostos por esses aglomerados de partículas, através dos atos magísticos negativos. Por isso, muitas das graças milagrosas não são perenes, a exemplo de um elástico que se estica por certo tempo até que volte ao seu estado de repouso inicial - é a conhecida lei de retorno na magia. Essa dinâmica é exata, matemática, e mantém a harmonia universal.

Logo, mesmo com todas as correntes mentais dos trezentos pastores, esconjuros e unções, aliadas ao arsenal mágico de elementos rituais, existe uma força maior que foge à compreensão dos religiosos humanos e que é mantenedora do equilíbrio no gigantesco novelo cármico planetário, o que os cientistas começam a desvendar.

l Nota do médium - Confesso que tive dificuldade de captar a contento o pensamento de Ramatís sobre este tema: as supercordas. Como sou médium de psicogra-fia intuitivo, faltou-me o conhecimento científico para conseguir transformar em palavras o avançado conhecimento de Ramatís sobre o assunto. Então, este amigo espiritual me sugeriu que procurasse ler artigos sobre a Teoria das Supercordas. Constatei que a ciência já está muito próxima de descobrir o "dedo" de Deus que em tudo está. Essa teoria, se por um lado nos dá esperança de que nós podemos ser agentes fazedores de "milagres", também nos mostra que não é preciso que es-tejamos tão evoluídos intelectualmente para iniciar esses feitos. Podemos começar agora; basta agir com o sentimento do amor e da caridade verdadeiros e deixar por conta dos maestros da orquestra quântica celestial o vibrante toque das cordinhas.

Pergunta: - Quanto àqueles que não alcançam os milagres, mesmo pagando regiamente o dízimo e cada vez mais aumentando as ofertas no culto, como manterão a fé?

Ramatís: - Um pássaro que nunca voou, nas primeiras tentativas sentir-se-á com as asas pesadas. Os crentes que delegaram o vôo celestial aos líderes religiosos terão de

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reaprender a ter fé no sagrado que jaz neles próprios, assim como um passarinho implume que cai do ninho.

Quando recebe as bênçãos que foram buscadas (os milagres e graças), o crente exibe empáfia, elitismo e arrogância, considerando-se como ungido. Entretanto, quando o fracasso se instala, inevitavelmente naufraga a fé, já que o sistema e os líderes são "infalíveis". Os que fracassam são apontados como fracos, apóstatas, ferrenhamente descartados do sistema e cul-pados pela sua própria desgraça psíquica. A estrutura religiosa, sendo única, especial e infalível, enfatiza exageradamente os aspectos formais nas interpretações das escrituras, como acontece com o Velho Testamento, preservando seus líderes da falha e atribuindo às ovelhas deixadas pelo caminho a fraqueza espiritual e a falta de fé pelo não alcance das graças buscadas.

Pergunta: - Podeis descrever-nos pormenorizadamente os aspectos envolvidos nos abusos espirituais?

Ramatís: - Iniciou-se pela distorção das escrituras do Velho Testamento, que foram alteradas de acordo com os ventos dos interesses do clero dominador ao longo da história, assim como uma leve brisa balança o cume do bambuzal. Sempre defenderam os abusos, distorcendo o sentido bíblico para causar submissão, medo e culpa. Na atualidade, os pastores fun-damentalistas, superficiais e de baixo entendimento espiritual, interpretam como querem conteúdos manipulados do Velho Testamento, como garotos que cortam galho torto fazendo estilingues que não acertam o alvo, ao contrário dos bereanos que examinavam tudo que Paulo lhes dizia, mesmo sendo ele extremante instruído conforme a lei de Israel.

Há de se comentar que Saulo (Paulo) de Tarso, desde a mocidade, foi zeloso com as escrituras e buscou viver de acordo com a severidade da religião. Todavia, quando do seu encontro com Jesus no caminho de Damasco, teve os olhos abertos e pôde contemplar a simplicidade do Rabi da Galiléia. Igualmente, tendo sua consciência despertada para o Cristo, percebeu no íntimo do seu psiquismo disciplinado que, na verdade, servia à Lei na condução dos homens, e não a Deus. Muitos em vossos dias vivem de olhos cerrados; carregados de soflsmas, dogmas, rituais eclesiásticos, na liturgia para culto a homens, atrelados a indivíduos autoritários. Há no meio evangélico um exército infindável de"Paulos" de antes do encontro com Jesus, iludidos de estarem servindo a Deus, mas que em verdade servem a outros homens, a placas de igrejas, ou ainda tentam se servir de Deus em favor de bens materiais e prosperidade desmedida. As lideranças autocráticas (elite hierárquica baseada no conhecimento da Bíblia que cria uma casta de ungidos sectários), que pregam que discordar do líder é discordar de Deus, buscam o controle da vida dos cidadãos com intromissões em áreas particulares, sentenciando quem pode namorar quem, qual emprego aceitar, como deve ser a educação dos filhos... Com a total rejeição de discordâncias, não existindo espaço para o debate teológico, e com a interpretação dos pastores considerada infalível, gerou-se um sistema de controle em que qualquer questionamento, como por exemplo procurar entender um milagre não alcançado, gera uma saída traumática, com estigmatização do excluído como endemoniado, caracterizando uma cultura que alimenta e convive na obscuridade com os abusos espirituais.

Pergunta: - Quanto às características comuns aos abusos espirituais, a que se sobressai é o autoritarismo?

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Ramatís: - Sem dúvida, a característica mais saliente contida nos processos de abusos religiosos é a existência do líder abusivo e a ênfase exagerada em sua autoridade. Não são in-comuns os pastores se declararem ungidos e consagrados diretamente por Deus. Logo, seus liderados devem se comportar como se estivessem diante do "messias". Alimentam esse messianismo faraônico alegando que (Mateus 23:1-2) Jesus disse que "na cadeira de Moisés se assentaram os escribas e os fariseus", junto com outras citações usadas distorcidamente. O poder é institucional e alusivo ao cargo pastoral e não emana da autoridade moral. Aos que se submetem a essa falsidade, são prometidas bênçãos e graças espirituais. A doutrinação é base-ada na submissão completa, sem o direito de questionamentos, já que os pastores são infalíveis e Deus é garantia de salvação milagrosa, se houver submissão incondicional.

Pergunta: - O abuso dos fiéis é baseado num sistema religioso em que o "sagrado" é intocável, infalível. Como conciliar isso com o fato de que os líderes religiosos são humanos efalíveis?

Ramatís: - A "infalibilidade" das doutrinas religiosas da Terra tem levado, ao longo da história, a centenas de milhares de assassinatos fratricidas. Inquestionavelmente, o maior derramamento de sangue, as culpas e medos acumulados no inconsciente coletivo do orbe, vinculam-se às guerras santas e disputas religiosas. Todo sistema religioso deveria levar os ci-dadãos a uma ligação com o sagrado, reforçada na convivência fraternal, amorosa e altruística com as outras crenças.

Assim como o corredor manco não se mostra capenga enquanto a maratona não se inicia, as índoles duvidosas dos líderes religiosos são negadas e ocultadas para que sua autoridade não seja questionada. No tocante à doutrina que pregam, observam rigorosamente o texto do livro sagrado, num padrão rígido de pensamento que impõe aos seus adeptos total submissão a um padrão de comportamento espiritual cujo não cumprimento resulta em penalidades. Sendo impossível manter-se no dia a dia o que pregam as escrituras, os líderes se colocam vaidosamente como superiores aos fiéis, e ainda muito mais em relação aos seguidores de outras religiões. Observai que os abusos religiosos são, essencialmente, sustentados por interpretações literais e rígidas dos livros ditos sagrados, assim como a tabuada não pode ser alterada em vossas escolas primárias.

Infelizmente, o sagrado se transforma em algoz abusa-dor e, como mostra a memória planetária, ferrenho assassino, quando um grupo ou organização acha possuir uma relação especial, única e infalível com Deus, esquecendo-se de que a diversidade provém d'Ele, o Criador.

Para conciliar harmonicamente a ligação com o sagrado, olhai as Suas criaturas e percebereis que cada uma é única, tendo dentro de si uma igreja, templo ou sinagoga que lhe permite religar-se com o Pai. Vossas sacralidade vos é imanente e incomparável com a de outros, todas igualáveis em Deus por serem todas arquiteturas d'Ele.

Pergunta: - Qual o motivo dos segredos nas religiões e da busca do conhecimento sagrado ainda ser tão eletiva?

Ramatís: - Obviamente não jogareis uma pessoa que não sabe nadar no meio de um rio. O conhecimento das coisas sagradas que fazem parte das escolas e teologias terrenas deve

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ser alcançado de acordo com o estado de consciência e capacidade de entendimento dos neófitos.

Nas organizações abusivas, o segredo é usado porque a verdade não deve ser conhecida, para que os indivíduos "mundanos" não rejeitem o sistema religioso distorcido. Ao esconder daqueles que não são membros do clero algumas regras e métodos internos, como as metas de arrecadação e técnicas de persuasão baseadas nas pretensas punições e graças das escrituras, a fim de aumentar a arrecadação dos dízimos e ampliar o gordo ofertório, evitam o escrutínio público e a reprovação popular. Em verdade, o sigilo é sustentado para afastar a desconfiança geral dos outros, já que o sistema religioso é falso, distorcido e não resistiria a escrutínios públicos.

Pergunta: - A crença nos líderes ungidos, ao invés da fé inquebrantável em Deus e em Suas leis universais, favorece os abusos espirituais?

Ramatís: - Ungido, etimologicamente, é o significado da palavra grega Christos. Dizia-se que Jesus era o ungido do Cristo, o eleito para ser o canal mediúnico vivo do Cristo na Terra.2 Simbolicamente, após receber o batismo de João Batista à beira do Rio Jordão, o chacra coronário de Jesus vibrou em toda a sua potencialidade para torná-lo fiel mensageiro do Cristo planetário.

(2) Vide capítulo "Jesus de Nazaré e o Cristo Planetário", da obra O Sublime Peregrino, de Ramatís, EDITORA DO CONHECIMENTO.

Os líderes "ungidos" a porta-vozes do Espírito Santo, nas seitas neoevangélicas atuais, estão a léguas de distância de vibrarem na mesma freqüência crística de Jesus de Nazaré. Assim como o graveto que apodrece facilmente com a umidade do solo, a dúvida dos frágeis cidadãos em Deus faz deslocar a crença n'Ele para o líder religioso "ungido", embolorando o Cristo interno dessas criaturas pela ausência de fé em Deus. Acrescente-se a proibição a críticas que a infalibilidade da un-ção traz para o "ungido", e teremos os crentes que levantam as dúvidas estigmatizados como sendo eles o problema, ao invés das questões que levantaram!

A hierarquização do acesso ao sagrado por um grupo de homens "santos" desencoraja o pensamento livre, autônomo, sob a alegação que ele causa dúvidas e a perda da fé.

Essa cultura religiosa inquestionável leva à fé cega, à fascinação, e os adeptos, por medo de que possam estar questionando diretamente Deus (os ungidos são perfeitos!), reprimem qualquer interpretação diferente e entram num processo de in-fantilização espiritual e total dependência psicológica dos líderes religiosos, como cegos que não conseguem andar sem bengalas.

Pergunta: - Quais os efeitos mais visíveis nos que sofreram abuso espiritual?

Ramatís: - O abuso espiritual tem conseqüências psicológicas devastadoras ns vida dos cidadãos, pois depositaram um alto grau de confiança nas lideranças religiosas, que não se concretizou em milagres, apesar das expectativas e promessas. A confiança é traída pela conduta inadequada dos líderes, que se colocam como "santos" perfeitos, mas se esquecem dos calcanhares de barro do dia a dia.

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Essas pessoas sentem-se traídas, revoltam-se contra o sagrado e internamente tornam-se inseguras e incapazes de estabelecer relações recíprocas de confiança, desequilibrando-se. Os sintomas emocionais e psicológicos associados ao abuso espiritual são muito semelhantes aos daqueles que sofreram incestos, pois se cristaliza em seus psiquismos profundos uma espécie de "gatilho" mental que os paralisa perante todas as situações associadas à fonte de sua dor emocional, como nos momentos da vida que envolvam autoridade, pois suas almas feridas sentem-se como se tivessem sido violentadas pelo pai.

Naturalmente, além do medo, culpa e desilusão com relação aos líderes religiosos, as vítimas de abuso espiritual predispõem-se a não confiar mais em Deus. Fica o questionamento interno recorrente, como monoidéia auto-obsessiva culposa: "Como é que Deus pode ter permitido que isso acontecesse comigo? Tudo o que eu queria era amá-Lo e servi-Lo!".

Na maioria das vezes, esses seres desenvolvem um rancor contra si próprios, estabelecendo raízes de amargura e incredulidade com relação a tudo que seja espiritual, o que, se não for convenientemente tratado, tende a agravar-se, desestruturando completamente o psiquismo pela descrença, falta de fé na vida, negatividade e desânimo. Podem resultar psicopatologias de etiologia complexa e, por ressonância vibratória em razão de o campo emocional estar desestruturado, poderão instalar-se as mais diversas doenças. Estas, na verdade, já estariam demarcadas no corpo astral desses indivíduos em existências passadas; é como se revolvêssemos a água lodosa do fundo do poço, deixando sua superfície cristalina turva.

Pergunta: - Quais os motivos de os abusados terem sido receptivos aos abusadores, partindo do pressuposto de que somos todos filhos de um mesmo Pai e igualmente detentores das potencialidades internas do Cristo?

Ramatís: - Os crentes que foram abusados espiritualmente amaram e serviram aos homens e à igreja como mediadores com o Divino, em vez de amarem diretamente a Deus por suas próprias vivências internas. Os ingredientes que formam o bolo dos abusos espirituais começam, intencionalmente, com o autor permitindo que o crente interiorize a sua identidade como autoridade divina. A palavra do pastor é a voz de Deus e os fiéis devem ouvi-lo desta maneira. Adicione-se o desfrute das benesses pessoais do líder, na relação com o liderado - o beneficiado na lide com o pseudo-sagrado não é o orientado, mas o próprio orientador. O que deveria servir é servido, num modelo simbólico que impõe que os fiéis lavem os pés dos "representantes do Espírito Santo", ao contrário de terem seus pés lavados por estes, assim como Jesus lavou os de seus apóstolos, dissipando as energias negativas de suas almas inseguras pelos chacras dos pés, aliviando-os do medo e das constrições internas.

Sem dúvida, o tempero que apimenta o abuso espiritual é o conceito de "ungidos de Deus", contido no Velho Testamento. As lideranças evangélicas, notadamente as pentecostais e neopentecostais, são tratadas como profetas, recebendo reverências que os acompanham nos ritos das funções pastorais. Essa hierarquização, ao contrário do nivelamento defendido por Jesus, que democratizou Deus dizendo a todos: "Vós sois deuses", gera rebanhos infantilizados que dependem da igreja e do pastor para atingirem o Divino.

Não é diferente do "pai de santo" das práticas mágicas populares, que se arroga o direito único de conduzir os filhos ao orixá, tornando-se indispensável para o "santo" manifestar-se no corpo do adepto.

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A autoridade sacerdotal nos ritos, liturgias e religiões da Terra, hierarquiza e disciplina a união dos grupos para o culto, mas não diz respeito à experiência pessoal de cada um, direito cósmico inderrogável concedido por Deus.

Pergunta: - Os pentecostais e neopentecostais exaltam a interferência e manifestação do Espírito Santo na vida e nos corpos dos prosélitos conduzidos pelos pastores e não falam do Evangelho de Jesus. Quais os motivos?

Ramatís: - Pentecostes é uma palavra de origem grega que significa "quinquagésimo" (dia). Antigamente, em suas origens, o Pentecostes era uma festa agrícola judaica de oferta a Deus, celebrada no 50° dia após a Páscoa. Os melhores feixes das colheitas eram levados em oferenda, num clima de festividade inocente em que os que mais haviam colhido partilhavam com os necessitados. Posteriormente, em meados do século V a.C., a festa de Pentecostes passou a celebrar o dom da lei no Sinai, a festa da aliança entre Deus e o povo.

Cinqüenta dias após o evento da ressurreição de Jesus, o Espírito Santo se manifesta nos apóstolos e também em cerca de cento e vinte cristãos, em Jerusalém, fazendo-os falar em língua estranha. A promessa de Jesus aos seus discípulos fora: "Recebereis o poder do Espírito Santo que virá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judéia e Samaria, e até os confins da Terra" (Atos 1:8).

No dia de Pentecostes, os discípulos, estando reunidos em Jerusalém, depois das celebrações da Páscoa, ficaram inseguros e medrosos diante da perspectiva desafiadora de pregarem eles os ensinamentos do Mestre. Eis que a aura angélica de Jesus e o Espírito Santo, dom de Deus, se fizeram unos e aquele grupo de homens amedrontados e temerosos adquiriu em si, como um raio descido dos Céus, a consciência de serem uma coisa só com Jesus. Todos sentiram que o Mestre estava entre eles, mais ainda do que antes, porque na realidade Jesus não mais estava com eles, estava neles, e a tarefa da pregação evangélica seria o próprio Jesus em ação através dos passos, gestos e verbo de seus apóstolos.

Nos dias atuais, existe grande diferença na "manifestação do Espírito Santo"; não é mais o agente catalisador da essência divina que se interioriza nas consciências e concretiza-se nas ações crísticas, como outrora aconteceu com os apóstolos.

O "Espírito Santo" dos neopentecostais é um despachante que a tudo resolve com pragmatismo exacerbado. Ele dispensa as ações pessoais, cura os desenganados, arruma emprego, desamarra negócios, arranja casamento, angaria automóvel novo, manda os males para as labaredas infernais e tanto maiores serão suas benesses de prosperidade material quando maior for o dízimo dado. Claro está que sob essa prática de magia, o Evangelho de Jesus se torna amorfo, desinteressante, pois exige esforço, conduta e atos propiciatórios para que a presença crística se torne perene. Paradoxalmente, o Espírito Santo salvacionista da atualidade reconhece o sacrifício de Jesus que liberta de todos os males e dispensa os prosélitos de maiores esforços evangélicos, desde que eles não faltem às sessões e correntes salvacionistas, já que a igreja é indispensável intermediadora dele, Espírito Santo, com os fiéis. Esquecem-se de que os apóstolos tinham dentro de si a imanência de Jesus e, andarilhos, levavam a mensagem viva do Cristo a todos os lugares, sendo os corpos deles depositários do sagrado, que era livre e não estava aprisionado num templo, como acontece nos dias modernos em que se recebe o milagre sem esforço, mas se fica atado ao milagreiro.

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Pergunta: - Faz parte da natureza humana a transferência de responsabilidade espiritual. Essa consideração de certa forma iguala as religiões mediúnicas que disputam o mercado das práticas mágicas populares?

Ramatís: - Importa considerar que a magia necessariamente não é negativa, ou coisa do mal. Um centro, terreiro ou igreja cheios, dedicados ao trabalho caritativo gratuito, de-monstram sustentação e cobertura espiritual benfeitora e, por si, atraem novos crentes para seus cultos.

Consideremos que a experiência espiritual é própria de cada um e não é um direito transferível. Pode-se recusar essa vivência, mas não é possível transferir o contato com Deus para que outro tenha em si o que é de vosso direito, como fazeis com vossos despachantes rodoviários.

Vossa pátria é uma nação de cultura religiosa mística, que costuma endeusar os santos e os homens. É normal consultarem-se os espíritos e divinizar-se o médium, assim como os evangélicos egressos do catolicismo, que não têm mais os santos, projetam nos pastores a figura santiflcada.

A expansão evangélica alcançou em cheio os cultos afro-brasileiros e igualou-se a eles num mecanismo psicológico de transferência, deslocando os poderes de transe e possessão da figura do pai de santo para o pastor, dando-lhe a prerrogativa de mediação com o Além e disputa de fiéis com o "povo de santo". Ao invés de incorporar os mortos ou orixás do Além-sepultura, agora incorpora o "Espírito Santo", vestido de branco como se trajam na umbanda e nos cultos afro.

O ecumenismo que está impresso no inconsciente popular impregna a cultura religiosa, acostumada a intermediários com os mundos celestiais, favorecendo os abusos espirituais.

Relato de um caso de abuso espiritual: motivos pelos quais procurou atendimento espiritual

Tenho 19 anos. Desde meus 12 anos já passei por várias igrejas e todas trataram meu problema preconceitu-osamente. Meus pais são evangélicos metodistas, mas procuraram outras igrejas em busca de um milagre. Minhas primeiras menstruações foram muito doídas e eu costumava desmaiar. Por diversas vezes, participei de ritos de exorcismo, descarrego e de esconjuro. Diziam que eu estava endemoniada e que eu não era curada porque minha fé era fraca. Acusavam-me dizendo que eu é que não permitia o milagre e me locupletava com o "encosto". Minha caminhada foi muito difícil. Em maio de 2004 fui empurrada e caí de uma escada, fraturando

o cóccix. Infelizmente eu tive outras quedas, fraturando novamente essa parte da coluna. Já tentei me suicidar e fui abusada sexualmente pelo meu professor da academia. Não consegui contar isso a ninguém. Em março deste ano, comecei a ter piolonefrites de repetição. Fui internada num hospital e os médicos resolveram fazer uma laparoscopia a fim de verificar

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por que eu tenho dores abdominais. Depois da cirurgia, o meu diagnóstico foi endometriose e uma peritonite por sangramento. Tive de fazer vários tratamentos hormonais para resolver essa doença. Tive uma reação adversa aos medicamentos e entrei em coma. Meu intestino parou de funcionar. Tenho inchaços abdominais e muita dor. Já estive em mais de 50 médicos e já tive mais de 15 internações e até agora ninguém tem um diagnóstico definido. Tudo que se sabe é que meu intestino parou de funcionar em certas partes e só consigo que funcione com intervenção. Comecei a fazer psicoterapia e me conscientizei de que deveria me afastar de casa. A religião evangélica dos meus pais, as constantes buscas pelos milagres, a colocação do meu nome nas correntes de oração, as sessões domiciliares de libertação e descarrego estavam me exaurindo. Fui morar sozinha para não enlouquecer e me livrar dessa influência negativa em minha vida. Acredito em reen-carnação, estou estudando e me sinto melhor. Sei que o sentimento de culpa e medo de me relacionar, de me abrir, ainda se somatizam em meus intestinos. Sinto que abusaram de mim, especialmente pela arrogância dos pastores, incentivados pela teimosia do meu pai, que sempre me estigmatizou e me desmereceu. Hoje entendo que Jesus é perdão, consolo, alívio das culpas. Continuo na psicoterapia e creio que, pouco a pouco, estou con-seguindo me equilibrar.

Essa consulente foi atendida no Grupo Umbandista Triângulo da Fraternidade. O relato é verídico e consta da ficha de atendimento que é preenchida antes dos atendimentos. Como nada acontece por acaso, Ramatís nos informou, por meio da clarividência, que nossa irmã foi uma cortesã francesa, nos fins do século dezenove, proprietária de refinado cabaré freqüentado pela elite parisiense, além de ter uma beleza e sensualidade con-tagiantes. Um dos freqüentadores de sua casa era um rico comerciante, dono da melhor pista de corrida de cachorros, e também criador de cães. Nossa atendida perdeu muito dinheiro apostando nas corridas caninas e endividou-se. Então, para não pagar a alta soma, preparou uma armadilha para chantagear o credor, ameaçando-o de exposição à família, muito católica, da condição dele, seu amante e assíduo freqüentador do bordel. Isso gerou muito ódio para com ela, que acabou sendo assassinada a mando dele por esfaqueamento abdominal, ao sair de um dia vitorioso nas apostas. Hoje, essas personagens são pai e fllha: ele metodista ferrenho, ela com o estigma dos abusos sexuais de outrora irrompendo no seu corpo físico e afetando-lhe o psiquismo. Ambos foram colocados juntos para aprenderem a perdoar e amar.

As religiões foram feitas pelo Criador para nos libertar e não para serem ferramenta de aprisionamento e molestamento pessoais.3

(3)Nota do médium - Seguidamente os nossos irmãos evangélicos deixam sal grosso na porta do centro de umbanda do qual sou fundador. Eventualmente, ficam à espreita para entregar "santinhos" aos consulentes. Parece até que estão em época de eleições. Isso não nos preocupa, mas nos incomoda. O fato é que nunca vemos um confrade das religiões afrobrasileiras ou espírita nas portas das igrejas fazendo campanha para suas crenças.

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Fato grave mesmo ocorreu no dia 11 de novembro de 2010: um homem morreu e outro foi baleado depois de uma discussão por causa de religião, em Sapucaia do Sul (RS). Segundo a Polícia Civil, três membros da igreja Deus é Amor estavam em um local conhecido como Morro de Sapucaia, fazendo orações, quando viram um grupo de cinco umbandistas acendendo velas. Dois evangélicos foram em direção ao grupo para, segundo a polícia, repreendê-los. Houve forte discussão, e um dos membros da igreja acabou sendo esfaqueado no pescoço e morreu no local. Um outro foi esfaqueado no abdôme, virilha e na perna. O terceiro membro da Deus é Amor ficou à distância, vendo a confusão, de acordo com a polícia.

Essa notícia é trágica, sob todos os pontos de vista, por ter custado a vida de um ser humano. É trágica por revelar absurda intolerância religiosa. É trágica por termos chegado ao ponto de o preconceito religioso, no Brasil, do conflito físico. Não conheço detalhes do episódio, mas o desfecho é profundamente lamentável. Quem abusou de quem? Se houvesse respeito dos evangélicos pelo culto de outras religiões, provavelmente essa tragédia não teria ocorrido.

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VII

Apometria - ferramenta do Mestre para atuar nos corpos espirituais

Na época de suas pesquisas espirituais, Allan Kardec viu-se obrigado a uma descrição mais primária ou generalizada do perispírito, a fim de evitar que a doutrina espírita nascente, frágil e discutível, pudesse ser ridicularizada pela metralha sarcástica do academicis-mo materialista e combate fanático do clero, poderoso e déspota na época. Ademais, a tese de um organismo imponderável e portador de sistemas e órgãos fluídicos para-humanos, mas capaz de movimentar-se e agir no mundo celestial, seria alvo de incessante zombaria e crítica demolidora de todos os adversários da doutrina espírita...Salvo alguns iniciados e ocultistas mais ousados, ninguém poderia crer num organismo invisível e fluídico, como é o perispírito, cuja estrutura transcendental avançada faz empalidecer a usina mais complexa e poderosa do mundo material.

RAMATÍS, O Evangelho à Luz do Cosmo

Pergunta: - O espírito adoece?Ramatís: - O princípio espiritual, a mônada, centelha ou chispa divina, é perfeita

desde os primórdios de sua criação, quando se "desprendeu" do Todo cósmico, do Criador, do Pai. No início do seu processo evolutivo, não tem consciência formada nem noção da finalidade de seus propósitos perante às leis universais. O princípio espiritual caminha para a formação da consciência muito depois, quando alcança a fase hominal, após estagiar no mineral e no vegetal. Em essência, a centelha ou chispa, o fulcro mantenedor da vida do espírito, é plenamente saudável e nunca adoece, pois é "perfeita" como o Pai. Assim como o microcosmo está no macrocosmo, a gota d'água mantém todas as propriedades do oceano do qual é proveniente.

São os veículos que ainda não adquiriu (os corpos mediadores que serão formados num futuro longínquo, o chamado quaternário inferior, ou seja, o mental concreto, astral, etérico e físico) que adoecem, juntamente com o invólucro carnal. A centelha espiritual é conduzida por um "campo magnético orientador", uma espécie de princípio inteligente grupai, ou alma-grupo, que lhe permite atuar na matéria em um longo processo evolutivo, por sucessivas reencarnações.

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Pergunta: - Podeis nos dar mais elucidações sobre os atributos básicos adquiridos pelas almas-grupos no reino animal, como os homens interferem negativamente em suas evoluções e quais são as conseqüências espirituais disso?

Ramatís: - Os animais possuem uma organização mais avançada e evoluída que as pedras e as árvores, sendo almas-grupo diferentes entre si, ou tipos de colônias vibratórias correspondendo às necessidades evolutivas das diversas espécies. Portanto, os espíritos, estagiando em corpos de animais, necessitam das experiências vitais no orbe, de acordo com a posição evolutiva em que se encontram, buscando galgar os degraus rumo ao estágio hominal, do mesmo modo que os humanos vivenciam múltiplas situações que os acicatam para a formação da futura consciência angélica que permitirá o ingresso nos planos "celestiais".

Chega um momento em que as espécies animais adquirem os primeiros sinais de emotividade, num psiquismo ainda em-brutecido. A lógica sideral condiciona a aquisição de impulsos psíquicos emocionais à formação de corpos físicos afins, para abrigar os princípios espirituais reencarnantes das diversas espécies. Assim, se evidenciam nas massas nervosas cérebroencefá-licas os primeiros lapsos de formação das células orgânicas que tecerão futuramente a glândula pineal. A partir desse estágio, de animais reunidos em espécies nas almas-grupo, gradativamen-te vão desaparecendo as amarras que os ligam a seus pares e quanto mais alcançarem impulsos de emotividade, mais darão margem ao nascimento em espécies individualizadas.

Ocorre que os homens, em sua insanidade coletiva, matam diariamente milhões de vacas, porcos e aves, espécies que se encontram mais próximas do estágio evolutivo que descrevemos e que já obtiveram escassos rudimentos de emotividade, tendo capacidade de vincular-se emocionalmente ao homem em suas en-carnações. Como estão aprisionadas nas criações pecuárias intensivas, impedidas de uma experiência natural em suas curtas vidas, artificialmente manipuladas para engordarem e se reproduzirem, além de violentamente assassinadas em vossos matadouros, imprime-se no seu psiquismo nascente o medo dessas experiências e o horror da morte fatídica e cruel. Por isso, aportam ao plano astral bilhões de duplos espirituais morbidamente modificados pelas experiências terrenas aviltantes, o que mantém as almas-grupo correspondentes totalmente distorcidas, formando gigantescos condensadores energéticos de vibrações altamente deletérias e pestilentas que "emperram" a sua evolução e a encarnação de quantidades maiores de espíritos mais evoluídos no orbe.

Então, continuam encarnando hordas de espíritos rebeldes, calcetas, assassinos, déspotas, violentos, pois sobre eles se instala intenso magnetismo telúrico mantido pelo tônus vital etéreo dos milhões de litros de sangue derramados. Almas-grupo "aleijadas" flutuam adjacentes à crosta planetária, densas, escurecidas, um cenário pintado de vultos disformes em telas gigantes (egrégoras). As conseqüências são nefastas para os habitantes da crosta, pelo mecanismo natural de ressonância vibratória que incide sobre as populações que estão sob o raio de influência dessas egrégoras, intensificando-lhes no psiquismo os estados violentos das almas enfermas. Aí estão as guerras fratricidas, os assassinatos grupais, os assaltos, os acidentes de trânsito, os vícios, a cobiça ensan-decida da indústria de proteínas animais, a pobreza e a fome de muitas nações, mantendo um roteiro de tresloucado drama existencial. Este é diretamente alimentado por bilhões de bocas carnívoras, entorpecidas pelo hábito

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aviltante de comer retalhos e vísceras de animais, que escravizam as almas-grupo dos irmãos menores do orbe na vã tentativa de satisfazer o insaciável apetite.

Logo, como o que está em cima está embaixo, e o que está em baixo está em cima, repercute na existência humana terrícola o sofrimento, os lamentos e urros de pavor ecoados dos animais aprisionados artificialmente e trucidados nos matadouros, frigoríficos e charqueadas, excluídos das necessárias e naturais experiências na matéria para sua evolução. Criam-se então gigantescos campos magnéticos, massas mentais coletivas que emitem ininterruptamente vibrações de emoções aviltantes (energias destrutivas) aos habitantes dos dois planos de vida, encarnados e desencarnados. Continuando essa situação anômala, somente uma mudança geográfica no planeta fará alterarem-se as consciências, libertando-as das relações escravizadoras dos irmãos menores. Em breve, não haverá mais áreas disponíveis para criar, alimentar e matar bilhões de animais, artificialmente mantidos para saciar outros bilhões de bocas carnívoras, enquanto grande parte da população não terá o que comer, por falta de grãos que servem para produzir ração animal. Também escassearão as hortaliças e verduras, pela absoluta inexistência de terra para o plantio agrícola.

Pergunta: - Solicitamos maiores informações sobre a constituição dos corpos mediadores dos espíritos. Afinal, são eles que adoecem?

Ramatís: - Não é possível demonstrar-vos por meio destas singelas letras que dão forma aos nossos pensamentos, captados por um sensitivo intuitivo, a constituição pormenorizada de todos os elementos e esferas vibratórias que se interpenetram e atuam para envolver a centelha espiritual, sendo a camada mais externa e grosseira o vosso corpo físico. Já possuis literatura suficiente para que estudeis os corpos internos e vos conscientizeis da realidade espiritual que literalmente vos cerca. Ademais, o amigo espiritual Caboclo Pena Branca, incansável trabalhador do Cristo na Grande Fraternidade Universal, trará importantes e didáticas elucidações sobre este e outros temas, para o entendimento do maior número possível de leitores, no próximo capítulo,"A Fisiologia Oculta das Curas de Jesus".

Referindo-nos aos estratos vibratórios que adoecem, do quaternário inferior (veículos mental concreto, astral, etérico e físico), destacamos especialmente a região etérica como o grande objeto de atuação dos espíritos do lado de cá, já que é a responsável pela estrutura orgânica correspondente no corpo físico. Pelo fato de serdes encarnados e os espíritos atuarem de outro plano em vosso auxílio, os desarranjos vibratórios procedentes do corpo astral, que se aglutinam em morbos deletérios no duplo-etérico e dão margem à instalação das doenças, são alvos de nossa ação nesta esfera espiritual.

O perispírito ou corpo etereoastral, constituída de camadas adjacentes e justapostas de tipos específicos de éteres, o qual já descrevemos em outras obras (Fisiologia da Alma e Mensagens do Astral), compõe-se de uma tessitura delicada, permeando a estrutura atômica molecular e impactando na matéria do corpo físico. Pela anterioridade do perispírito, a matriz magnética "indestrutível" que acompanha o ego encarnante até a sua entrada nos planos celestiais, os fracassos morais de encarnações anteriores, demarcados na sua tessitura, geram um tipo de ressonância que repercute como doenças mais variadas na presente existência. Tudo de conformidade com a Lei de Causa e Efeito, ou cármica; é o espelho refletor da vida pregressa e atemporal do espírito imortal.

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Pergunta: - Existe uma ferramenta ou técnica com a qual possamos atuar ativamente no complexo etereoastral do bomem-espírito, em concordância com a lei cósmica?

Ramatís: - Sim. Existe uma técnica que já é razoavelmente conhecida, a chamada apometria.1 Permite a um grupo de médiuns treinados que atuem pelo desdobramento induzido nos corpos mediadores: o etérico, o astral e o mental concreto. Ou seja, assim como Jesus atuava curando no quaternário inferior.

(1) Para mais informações sobre a apometria, remetemos o leitor à trilogia Apometria e Umbanda, de nossa autoria (EDITORA DO CONHECIMENTO). Para não nos tornarmos repetitivos na presente obra, Ramatís pediu-nos para descrever os conceitos básicos e indicar essas obras.

Pergunta: - Como ocorre o desdobramento na apometria?Ramatís: - O desdobramento acontece via indução, por meio de contagens e pulsos

magnéticos, gerando o que podeis chamar de bilocação. Não há perda de consciência, catalepsia ou letargia. O grupo de medianeiros fica envolvido em uma espécie de concha astral criada pelos técnicos do lado de cá. Então, podem atuar servindo-nos como condensadores energéticos para o tratamento de espíritos encarnados ou desencarnados, já que não temos ectoplasma humano, substância que é indispensável para as cirurgias espirituais nos moldes ou duplicatas dos órgãos físicos, assim como o barro é a matéria-prima para o oleiro. A apometria em essência serve-se do desdobramento, da separação entre o vosso corpo físico e os vossos veículos astral e etérico, facilitando a atuação dos técnicos e médicos do Astral. Assim como diariamente o Sol desponta em vosso céu, o desdobramento ocorre todos os dias em vossas vidas de forma natural, e independe de fé, crença, culto, doutrina ou religião terrena. Na maioria das vezes, se dá durante o sono natural. Pode acontecer também em decorrência de choques emocionais traumáticos, ocasionando desmaios e coma, na convalescença de enfermidades graves, ou ainda em conseqüência do uso de narcóticos.

Pergunta: - Pedimos maiores elucidações sobre a atuação no complexo etereoastralpela técnica apométrica.

Ramatís: - Como a atuação no duplo etérico se sobressai em grau de importância, em nosso singelo modo de ver podeis denominar de"eteriatria"a forma de tratamento magnético que compõe a técnica de apometria e objetiva interferir nas camadas dos éteres desse corpo mediador.

Associai a energia magnética de origem animal (ectoplasma), direcionada pela aplicação da força mental, conjugado-a com as energias de alta freqüência vibratória provenientes da imensidão cósmica, movimentada pelos espíritos responsáveis do lado de cá, adequadamente enfeixada e projetada através da mente do operador encarnado sobre o consulente. Tende em mente os estados naturais da matéria: a água é líquida e tem moléculas afastadas, o que permite alta maleabilidade à sua forma. Quando congelada, solidifica-se, com as moléculas justapostas aumentando-lhe a densidade. Ao evaporar, gaseifica-se pelo afastamento das moléculas. Assim, a área visada do duplo-etérico, que é formado por camadas adjacentes e interpenetradas no perispírito, torna-se mais maleável de conformidade com a quantidade e intensidade de energia mental-magnética que lhe é projetada.

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"Eteriatria", pois, é um meio de tratamento do duplo-etérico, interferindo positivamente na sua constituição. A sua fisiologia e a interrelação com o corpo físico decorrem da interpene-tração de ambos. Os fulcros energéticos desarmônicos oriundos do perispírito pela força centrífuga que vibra num movimento de rebaixamento na direção do corpo físico, repercutem nele em forma de doenças, muitas vezes de metástases e desestrutura atômico-molecular.

Sabeis que o fulcro gerador das patologias nos encarnados, inclusive do câncer, se situa naquela zona limítrofe entre o corpo astral e o duplo-etérico. Deveis, porém, ter como foco e área de atuação do duplo-etérico. Por sua avançada fisiologia, cremos que já vos basta na presente encarnação ter este mediador como alvo de interferência anímico-mediúnica. O Divino Mestre assim procedia: fazia eclodir poderosos e balsâmicos fluidos no mundo interior dos enfermos infelizes, recompunha tecidos, refazia órgãos, levantava paralíticos. Verdadeiro médico das almas, esclarecia as mentes, instruindo-as pela força magnética de suas palavras. Mas advertimos os terrícolas: era um processo que não causava espanto aos anjos que o acompanhavam nem desvios das leis criadoras, lidando sensatamente com as forças cósmicas da física transcendental, interferindo exclusivamente nos corpos do quaternário inferior que envolvem o homem-es-pírito. Os incautos procuram rotular a apometria e seu conjunto de técnicas como um remédio milagroso, indo aonde nenhum homem jamais foi na face do orbe, em sua ânsia de reconhecimento e ganhos, e, como conseqüência, estabelecendo para si mesmos, na balança da justiça universal, um plano de vôo no qual o futuro endereço não é nada alvissareiro.

A apometria como técnica de intervenção, por meio da criação de campos de força focalizados nos órgãos etéricos,2 pela aplicação da força mental e fornecimento de energia animal, é ferramenta auxiliar que o Cristo vos enviou para ajudar-vos na evolução. Obviamente, quando socorrais desencarnados sofredores que estão em faixa de sintonia com o encarnado atendido, também atuais em seus ferimentos astrais, recompondo membros, cicatrizando feridas. Tudo sob coordenação do lado de cá.3

(2) Em verdade, o duplo-etérico é o mais qualitativo e complexo veículo de coordenação e relação dos fenômenos da vida encarnada, estando intimamente relacionado com as funções orgânicas e aspectos ligados à saúde e às doenças.

Segundo Ramatís, na obra Mensagens do Astral, o duplo-etérico "é um veículo apri-morado, cuja dinâmica é utilíssima no atual estado de consciência do homem porque, embora no mundo da matéria, ele relaciona a criatura com seus veículos superiores. Os espíritos costumam operar curas daqui, agindo exclusivamente no campo etérico; em seguida, o molde do órgão em que atuaram vai se modificando lentamente e, pela repercussão vibratória, modela-se também a sua contraparte física. Como o agente energético responsável pela patogenia do câncer provém de uma energia astral corrosiva, ele se situa basicamente no duplo-etérico, onde tem seu habitai favorável".

3 Nota do médium - Colocamos para apreciação de Ramatis algumas questões referentes ao universo da apometria, especialmente relativas à atuação dos operadores encarnados no duplo-etérico, que, de conformidade com as orientações desse mentor, são de suma importância e servem para auxiliar neste momento de transição planetária rumo ao triunfo do Mestre Jesus nas consciências. Para maior estudo e aprofundamento dos leitores interessados no tema, indicamos as obras Jardim dos Orixás e Evolução do Planeta Azul, ambos da EDITORA DO CONHECIMENTO.

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Pergunta - Solicitamos algumas breves considerações sobre a força ou poder mental do homem.

Ramatis - O homem, feito à "imagem" do Criador, possui o poder criador do Pai. Por sua essência divina imanente, tem um raio de ação criativo, todavia flnito e microcósmico, se comparado à infinita abrangência da Mente Universal que a tudo permeia. As dores, os fracassos, os sofrimentos e a maldade no mundo são unicamente frutos do uso inadequado do poder e da energia mental criativa dos homens. Assim, se Jesus afirmou: "Eu nada faço, é o Pai que faz por mim", por outro lado sentenciou: "Aquele que crê em mim, também fará as obras que eu faço, e ainda mais", indicando o seu sublime Evangelho como roteiro para as obras dos discípulos, a fim de que os pensamentos tenham seu poder criador e de realização regulado pelas leis universais. Em síntese, se ao aplicar vossa força mental seguir-des os ensinamentos de Jesus, estareis seguros diante da harmonia cósmica e angariareis créditos nas leis divinas. Do contrário, utilizareis vosso poder criador na mais nefasta magia negativa, atraindo, pelo efeito universal de retorno, sérias conseqüências a serem retificadas depois pelos mecanismos que determinam as reencarnações. O maior vitorioso não é aquele capaz de vencer mil vezes mil homens, mas aquele que é capaz de vencer a si mesmo em uma única existência, como Jesus demonstrou.

Pergunta - No atual momento existencial da humanidade, qual o tipo de obsessão que se destaca, em sua arquitetura psíquica?

Ramatis - Sem dúvida, pela atual busca desenfreada de prazeres, na ilusão de viver num mundo "epicurístico" na matéria, as influências obsessivas potencializam os deleites mundanos, estimulando e ampliando o campo sensório-cognitivo das sensações e gozos extremados, em sua urgência de plena satisfação. Enxameiam nos dois planos de existência os obsediados, de um lado, e obsessores, de outro, escravos dos vícios de tudo aquilo que dá prazer: gula, sexo, bebida, poder, beleza, dinheiro, vaidade. A etiologia das obsessões baseadas nos prazeres mundanos mantém-se pelo mecanismo de ressonância, pois o espírito desencarnado se satisfaz pelas sensações e gozos sentidos pelo corpo físico do encarnado.

Aliás, rotineiramente, os encarnados telegrafam para o lado de cá descrevendo os seus recalques, insatisfações e desejos mais ocultos, estabelecendo sintonia por afinidade com os desocupados do Além-túmulo sedentos de se "encostarem" num corpo físico. A obsessão sustenta a fascinação e leva o espírito obsessor a se "profissionalizar", cuidando com requintes de delicadeza do seu caneco, piteira, copo ou genitália vivos para os seus prazeres. O encarnado obsediado é mimado e adulado em suas mais íntimas aspirações sensórias e exigências de gozos corpóreos. Pelas facilidades da tecnologia disponível, da mídia ostensiva, dos confortos da vida moderna, aliados aos valores transitórios e fugazes de uma sociedade anestesiada pelos excessos de estímulos sensoriais, ampliam-se enormemente as obsessões coletivas arquitetadas na satisfação desregrada dos prazeres de corpos ocos e obesos, encharcados pelos mais diversos tipos de estímulos, bebidas, drogas e quitutes saborosos com os irmãos menores retalhados, que as inteligências das sombras conseguem arquitetar.

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VIII

A fisiologia oculta das curas de Jesus

Uma proposta de estudo de alçumas curas descritas no Evangelho, inspirada pelo Caboclo Pena Branca, um guerreiro de Oxalá

Na época de Jesus, os homens ainda não podiam compenetrar-se do sentido oculto de suas elucidações sobre uma vivência superior, cuja possibilidade de entendimento ultrapassava a compreensão da existência humana tão primária. O amado Mestre servia-se das imagens e das coisas que aconteciam sobre a vida cotidiana, a fim de firmar e ativar os preceitos próprios da doutrina oculta.

RAMATÍS, O Sublime Peregrino

Abordaremos as curas feitas por Jesus em sua passagem pelo plano terreno, mas antes vamos conhecer como se processa a organização energética dos corpos físico, etérico, emocional e mental, para que possamos trabalhar o autoconhecimento.

Estrutura dos corpos sutis e seu funcionamento

Corpo físico

É o corpo carnal, o corpo denso, que utilizamos para atuar no meio físico planetário. Como é constituído de matéria, temos facilidade de operar no meio físico, porque pertence à mesma dimensão eletromagnética. O que nós fazemos aos nossos corpos também fazemos ao planeta, e vice-versa.

Corpo etérico

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Também é formado de matéria, tendo uma estrutura tênue, de natureza eletromagnética. Consiste numa réplica exata do corpo físico e tem por função estabelecer a saúde automaticamente, sem interferência da consciência. Embora pareça um fantasma, o corpo etérico não é espiritual e desintegra-se 24 a 72 horas após o desencarne.

É constituído do material chamado ectoplasma (fluido fino que tem a propriedade de se condensar assim que sai do corpo do doador). Desempenha também importante função em determinados fenômenos, como os de teletransporte, dissolução de objetos, e todos os outros que exijam energias mais pesadas. É invisível em estado natural, não tem consciência apesar de ter individualidade própria, e está intimamente ligado ao corpo físico.

O corpo etérico vitaliza o corpo físico, e atua como um elo entre o corpo denso, o corpo astral e o corpo mental. Cada partícula física possui sua contraparte etérica; daí a expressão "duplo-etérico".

O campo etérico tem sido descrito como sendo "o quarto estado da matéria"(l° estado: sólido, 2° estado: líquido, 3° estado: gasoso e 4° estado: etérico, fluídico).

Cores do corpo etérico: cinza-azulado pálido ou cinza violeta, levemente luminoso e tremeluzente.

Projeção do corpo etérico: projeta-se de cinco a sete centímetros além da periferia do corpo físico.

Corpo astral, parte integrante do perispírito

Esse é o corpo mais próximo à matéria e pode ser visto pelos clarividentes. Todos os espíritos que incorporam em médiuns possuem essa estrutura corpórea sutil. Ela é, portanto, a manifestação corpórea dos espíritos que vivem na dimensão astral.

O corpo astral não tem a mesma densidade em todas as criaturas humanas. O estado de maior ou menor densidade é que diferencia os espíritos, ou seja, quando desencarnados, so-mos localizados na região ou faixa vibratória do mundo espiritual que for mais compatível com o nosso peso específico.

O espírito é a centelha divina que atua no corpo através do perispírito, como a eletricidade atua na lâmpada através do fio condutor.

O perispírito, conjunto do astral e do mental, é o corpo fluídico do corpo humano, formado de energia semicondensada, que age como intermediário entre o espírito e o corpo físico.

O corpo físico é a matéria condensada, que serve de ambiente vital para o espírito, que é o dono da casa com poderes intransferíveis de propriedade, sofrendo as influenciações exteriores.

O corpo físico, que é mantido em equilíbrio pela atuação das forças centrífugas (de dentro para fora) e centrípetas (de fora para dentro), gera em torno de si uma luz esbranquiçada resultante dessa energia da movimentação, formando a aura material do corpo,

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a qual, acrescida das vibrações dos pensamentos humanos (corpo mental) mais o duplo-etérico, mais o astral, forma a chamada aura espiritual do homem.

Portanto, a aura é todo o conjunto: corpo físico, duplo-etérico, corpo astral, corpo mental e espírito, ou melhor, o espírito encarnado.

Cores do corpo astral (aura multicolorida)

A aura humana é modificada instantaneamente pela variedade dos pensamentos emitidos, numa alternância de relâmpagos sucessivos, embora em algumas pessoas possa haver pausas mais prolongadas. Ela é multicolorida, assemelhando-se a uma nuvem oval luminosa que circunda o corpo.

Colorações do perispírito

Branco-azulado: pureza, amor e caridade.

Azul e dourado: sublimação do espírito (durante a meditação ou prece), elevação moral.

Rosa: afeição, amor, felicidade, ternura, bondade etc.

Vermelho: paixões violentas, raiva, inveja, vingança, sensualidade, melindres.

Alaranjado: ambição e orgulho.

Cinzento: depressão, tristeza, mágoas e ressentimentos.

Cinzento-claro: medo, dúvida, vacilação.

Cinzento-escuro: hipocrisia, mentira, desgosto.

Preto: maldade, ódio.

Essas variações de cores são produtos da vibração do homem, identificando-o perante os protetores espirituais. As colorações atestam o estado de ânimo e a posição evolutiva de cada um.

Obs.: Em relação ao perispírito, quanto mais a cor cinza estiver próxima do corpo físico, mais grave é o estado e grau de ansiedade, e maior o seu impacto negativo sobre a saúde.

Estrutura do corpo astral

A textura é flexível, pois ele é fluídico. O ritmo da energia é uniforme, quando a pessoa tem boa saúde.

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Projeta-se de 39 a 45 centímetros além do corpo físico.

Corpo mental

Manifestação do intelecto concreto e abstrato; sede do poder da vontade que se transforma em ação; campo do raciocínio elaborado. Encontramos aqui os poderes da mente, os fenômenos da cognição, memória e avaliação dos nossos atos. É a fonte da intelectualidade.

Seu estado de materialidade é mais sutil do que o corpo astral, e sua textura é mais fina. O campo mental interpenetra os campos astral e etérico. O funcionamento do cérebro afeta todas as partes do corpo.

Projeção do corpo mental: projeta-se cerca de 90 centímetros além da periferia do corpo físico, interpenetrando o corpo astral, o duplo-etérico e o corpo físico.

Forma-pensamento: é criada quando emitimos uma forte imagem mental, que cria vida energética independente.

Para facilitar a compreensão, podem ser divididos em dois os campos de atuação desse corpo: mental concreto e mental abstrato.

Corpo mental concreto (também chamado de mental inferior): lida com as questões diárias, as percepções mais simples e objetivas.

Essa vontade-consciência pessoal constrói as formas-pen-samento que o corpo emocional anima e leva à manifestação, mas carece de sentimento ou sensação e até de sensibilidade.

Corpo mental abstrato (corpo causai ou mental superior): aqui possuímos uma inteligência clara, capaz de lidar com todos os níveis da realidade. Elabora e estrutura princípios e idéias abstratas geradoras de novas idéias, processo responsável pelo avanço científico e tecnológico, além do embasamento filosófico. Como consciência, tem acesso a tudo o que sabemos ou somos e a tudo o que sempre existiu neste planeta. Esse corpo compreende as forças cármicas existentes por trás das ações. É o árbitro divino, o superconsciente.

Partindo do princípio de que "somos o que pensamos" e que "onde estiver o nosso pensamento para lá seremos levados", ressaltamos que, se o pensamento for de natureza elevada, os seres que se afinam com essa energia vibrarão na mesma tônica, reforçando a onda inicial e trazendo sensações de bem-estar e harmonia, que se refletirão no ambiente. O mesmo ocorre com os pensamentos de ordem negativa e de baixo nível moral, que costumamos chamar de lixo mental.

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É de suma importância compreender a necessidade de manter-se a higiene mental, o cultivo dos bons pensamentos, e a pureza de coração tão recomendada pelo Mestre Jesus. O entendimento é um ato da mente, mas compreender é uma atitude interna, profunda, de experiência. Vivemos num mundo de baixo teor vibratório, onde predominam as obsessões em suas mais variadas apresentações, interesses materiais e mesquinhos, emanações passionais e muito imediatismo, como se nada mais houvesse após a morte do corpo carnal. Ao sintonizarmos com essas freqüências vibratórias baixas, estamos perdendo a vitalidade e entrando nas zonas inferiores que implicam sofrimento, conflitos e doenças e, dentre as variadas obsessões, a auto-obsessão, em que o indivíduo fica cristalizado numa monoidéia, ou seja, na idéia fixa.

Corpo causal

É assim chamado em virtude de nele residirem todas as causas cujos efeitos se manifestam nos planos inferiores. É o receptáculo, o reservatório, onde todos os tesouros do homem se acham acumulados para a eternidade, e vai se desenvolvendo continuamente.

Corpo átmico ou espírito-essência

Constitui a essência divina em cada criatura. Somos idênticos a Deus pelo ser (essência), mas diferentes d'Ele pelo existir: Deus não existe, Deus é, eternamente presente. Por isso disse Jesus: "Vós sois deuses". Somos espíritos imortais e divinos, fortes e indestrutíveis, sempre tendentes a melhorar, a nos aperfeiçoar.

Quando se é capaz de manter a consciência nesse nível, o que é alcançado por meio da meditação num ambiente livre de toda a estimulação externa, essa experiência é chamada de samadhi (no Oriente).

Noções de saúde (harmonia da alma)

Caminhos do Senhor em nosso cérebro: intuição, amor e entendimento.

"A fé procura e o intelecto encontra" (deTrinitrate, XVII2-3). Os princípios de Hipócrates:

• Saúde: estado de equilíbrio.

• Enfermidade: os humores e as paixões.

• Cura: poder inerente à natureza. "O poder de curar-se a si mesmo".

• Terapêutica: os recursos naturais.

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Somos a mais perfeita farmácia dentro de nós mesmos."É o indivíduo que cura a si mesmo, acionando a farmácia interna". Como disse Jesus em suas curas: "A tua fé te curou. Vai e não peques mais para que não te aconteça coisa pior".

O homem vive através de três forças conjugadas: pensamento, vontade e ação.Vivemos em rede, unidos ao inconsciente coletivo. Isso é importante saber, a fim de

que possamos promover a autocura. Entendemos que a enfermidade se inicia em nossos corpos sutis e, por último, manifesta-se no corpo físico. Essas enfermidades são cristalizações, ou melhor, pontos de aglutinação dos fluidos doentios, criando a predisposição orgânica para determinadas moléstias que podem nos afetar em qualquer idade. Podemos classificar as predisposições orgânicas em quatro tipos distintos:

• Predisposição cármica - É oriunda do perispírito enfermo que, ao reencarnar, já transmite e traz ao ser, ainda na vida intrauterina, as moléstias que a matéria ou o espírito têm de sofrer para o seu aprimoramento. Existem doenças em que a cura não é para esta vida.

• Predisposição atraída - Aquela que provém de nossa vibração. Somos irradiadores e receptores de energia; isso faz parte da lei do semelhante que atrai semelhante. Esse tipo de atração gera autointoxicação: pela via fluídica o ser vai atrair para si as mesmas energias negativas que emana, sejam vibrações de raiva, de descontentamento etc. Dessa forma, podemos afirmar que não será apenas um único órgão afetado. O fígado, por exemplo, tem como somatização a raiva, mas os fluidos negativos se espalharão por outros órgãos vitais, como o coração, os pulmões e o estômago; e daí para os intestinos, aumentando o sofrimento. Os problemas de vesícula somatizam a raiva embotada, aquela que não é expressa.

• Predisposição hereditária - Participa do carma. Na verdade, os pais transmitem para os filhos muitos males, porque a carne é filha da carne. O Evangelho diz que "uma boa árvore não pode dar mau fruto", ou "pelo fruto se conhece a árvore". Nessa herança, também há causas de ordem espiritual. E se a Lei assim determina, temos nisso o benefício em nosso aprimoramento espiritual.

• Predisposição do ambiente - É o local onde fazemos a nossa morada; a casa onde residimos. Destacamos no ambiente, os locais onde mais circulamos, como a cozinha, a sala de estar e também o quarto de dormir. No ambiente, os pensamentos emanados se condensam em nuvens que se movimentam, obedecendo aos chamamentos pelas vibrações sintonizadas.

Quando a emanação é boa, com pensamentos harmônicos, a vibração do lar torna-se saudável e prazerosa, gerando bem-estar e sensação de aconchego. Caso contrário, as emanações inferiores e pesadas formarão nuvens densas, doentias e escuras, trazendo discórdias e enfermidades da mais variada ordem. Essas formas-pensamento (nuvens) não são visíveis ao olho humano, mas podem ser sentidas, tal como existe no firmamento da crosta terrestre o produto das mentalizações da humanidade, o inconsciente coletivo.

Depois das vias psíquicas, a via digestiva é por onde as enfermidades fluídicas se alojam. Os órgãos acessórios, pulmões, fígado, pâncreas e outras glândulas, na patologia

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mediúnica, não sofrem influenciação direta, porque são antes receptores de intoxicação pela via psíquica.

Não podemos nos esquecer de que, para manter o equilíbrio, necessitamos de uma boa alimentação, de exercícios físicos e também de respiração adequada, bem como algumas horas de bom sono.

Jesus disse, no capítulo VI do Evangelho, que "não são os sãos que precisam de médico" e sim os doentes da alma. "Vinde a mim todos vós que estais cansados e aflitos e eu vos aliviarei, porque meu jugo é suave e meu fardo é leve". O Divino Mestre irradiava em seus corpos sutis, nos chacras superiores, a vibração do amor incondicional, aquele amor puro que não impõe condições, que não julga, que se sustenta em sua própria emanação. Conhecia profundamente as dores da alma, abrindo os campos energéticos dos enfermos que o procuravam apenas com o seu olhar intenso e profundo, magnetizando com as suas mãos curadoras os órgãos enfermos e, principalmente, libertando as almas aprisionadas em processos mentais de desequilíbrio, obsessões, luxúria, vaidades e variadas doenças, para as quais na época não havia cura da medicina.

Ele escolheu doze discípulos para acompanhá-lo em sua jornada, a fim de que pudessem dar continuidade à obra incipiente. Como sempre fazia, antes de tomar alguma decisão importante, retirava-se para orar. Ao sair de sua prece prolongada, chamava a si, como citado em Marcos,"aqueles que Ele quis", e todos imediatamente aderiam a Ele.

A esses doze emissários, Jesus conferiu autoridade sobre espíritos atrasados (obsessores). Eram eles: Simão, a quem Jesus denominou Pedro, e André seu irmão, Tiago, filho de Zebedeu, e João seu irmão, Filipe e Bartolomeu, Tome e Mateus, o coletor de impostos, Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu, Simão, o Cananita, e Judas Iscariotes, que o entregou.

Associando a narrativa dos evangelistas sobre as curas feitas por Jesus com alguns orixás, vamos refletir sobre o cenário da época.

Apesar de todas as dificuldades, o Divino Mestre despertou em inúmeras almas curadas por Ele a centelha divina que habita em cada ser. Poucos, porém, puderam ver Nele o Cristo Cósmico; somente aqueles que Ele afirmou que "tinham olhos de ver e ouvidos de ouvir". Jesus afastou obsessores, curou doenças de pele, paralisias, doenças mentais e muitas outras moléstias que consumiam aquelas almas carentes de amor e de compreensão, que eram abandonadas à própria sorte. Consolou e não julgou prostitutas, mendigos, ladrões e toda a sorte de misérias humanas, orientando sempre para que o "orai e vigiai" e o "perdão das ofensas" fizessem parte da vida de suas vidas.

Os ensinamentos do Mestre eram música para os seus ouvidos, alento para as suas almas e esperança em dias melhores, mesmo que ainda estivesse longe a compreensão do que seria o "reino dos Céus que está dentro de vós" e "Meu reino não é deste mundo".

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Os orixás e Jesus

Oxalá

Atributos: a fortaleza, a paciência.

As vibrações dos filhos de Oxalá refletem a paz, a harmonia. A correlação é feita com o sétimo chacra (o da coroa, ou coronário). Favorece a ligação com a espiritualidade, o religar com o Cristo interno. O desenvolvimento desse chacra só é conseguido através da evolução. O pleno desenvolvimento dá a iluminação mental e o ser atinge o nível de buda, como ocorreu com Sidarta Gautama. Dessa forma, ele é representado por uma saliência no alto da cabeça, símbolo de sua iluminação através do chacra coronário.

A Igreja Católica também conhecia esse símbolo e colocava uma auréola dourada ao redor da cabeça dos seus santos, os seus iluminados.

No que se refere à saúde, sofrem de melancolia, são pouco falantes, são explosivos interiormente, sua calma é aparente. O coração e a coluna se sobrecarregam; têm dificuldade de dizer não, necessitando de momentos de isolamento para repor as energias. O sistema nervoso é delicado. Atitudes negativas diminuem sua força vital. Essa forma de negatividade bloqueia o fluxo normal da vida: é como se represasse um rio, desconsiderando o real propósito da vida (a missão). O indivíduo pode experimentar crises espirituais, como a falta de fé, a falta de coragem e a confiança em si mesmo. Mantendo esse padrão de negatividade, somatizam-se as mais variadas doenças: disfunções do sistema nervoso, paralisias, problemas genéticos, problemas ósseos, incluindo câncer nos ossos, e doenças degenerativas como a esclerose múltipla e esclerose lateral amiotrófica (ELA).

O eu profundo

1. Não se turbe o vosso coração: credes em Deus, crede também em mim.

2. Na casa de meu Pai há muitas moradas; senão, ter-vos-ia dito; vou preparar-vos o lugar.

3. E se eu for e vos preparar o lugar, de novo voltarei e vos tornarei junto a mim, para que onde esteja também vós estejais.

4. Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho.

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5. Disse-lhe Tome: "Senhor, não sabemos para onde vais; como poderemos saber o caminho?".

6. Disse-lhe Jesus: "Eu sou o caminho da verdade e da vida; ninguém vem ao Pai senão por mim".

7. Se me conhecesseis, conheceríeis também meu Pai; e agora o conheceis e o vistes",8. Disse-lhe Felipe: "Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta".

9. Disse-lhe Jesus: "Há quanto tempo estou convosco e não me conheceis, Felipe? Quem me vê, vê o Pai.Como dizes tu: mostra-nos o Pai?".

10. Não crês que estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que vos falo, não falo por mim mesmo: "O Pai que habita em mim é quem faz as obras.

11. Crede-me que eu estou no Pai e o Pai em mim; crede-me ao menos por causa das próprias obras.

12. Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará as obras que eu faço e as fará maiores que elas, porque eu vou para o Pai.

13. E tudo o que pedirdes em meu nome, isso farei, para que o Pai seja gloriflcado no Filho.

14. Se pedirdes algo em meu nome, eu o farei".

JOÃO, 14:1-14

"Não se turbe o vosso coração; sede fiéis à Divindade e ao Eu". O coração é o local onde reside a mônada, ligação direta com o eu profundo e com o Cristo interno. Ao perturbar-se, o ser perde o controle. Quando o descontrole é gerado pela dúvida, atinge o coração e tudo desmorona, porque se altera a ligação profunda. Para que não haja perturbação no coração é necessário manter firme e inalterada a união com a Divindade e com o eu profundo, que é a sintonia com o Divino. Essa é a única maneira de se evitar a perturbação espiritual, que ocorre quando uma pessoa manifesta sinais de mudança de caráter, revelando desinteresse e indiferença pelas coisas mais sérias, negativismo, impulsividade, irritabilidade e agressividade, opondo-se a tudo o que é espiritual, tendo reações coléricas contra os outros, desconfiança, obstinação, reações de frustração, egoísmo que coloca o seu ego como a coisa mais importante do mundo, além da instabilidade psicomotora e afetiva, ora amando e ora odiando as mesmas pessoas. Isso leva ao embotamento do psiquismo, advindo daí a diminuição de sua percepção, intuição e inspiração, tornando-o uma pessoa insociável.

O segredo da paz interior que defende o espírito contra qualquer ataque é a absoluta fidelidade na sintonia com o eu interno e com o Divino, de forma que nada possa abalar a segurança e confiança no Cristo interno que o dirige e cujas vibrações ele percebe em si mesmo, no âmago mais profundo do ser ("Deus está no comando onde quer que eu esteja").

Assim sendo, podem surgir dificuldades da mais variada ordem, como ataques espirituais, e a pessoa pode passar por dificuldades financeiras, abandono, perdas, doenças,

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mas continuará impassível em sua paz interior, porque nada a atinge. Seu "eu" está no Cristo e em paz ("Deixo-vos a minha paz, a minha paz vos dou").

Yemanjá

Atributos: respeito e amor. Vibração que desperta a Grande Mãe em cada um, a percepção de que somos co-criadores com o Pai. Propicia o desapego, porque cria seus filhos para que sejam cidadãos do mundo. Prosperidade e abundância em todos os sentidos, união, humanitarismo, procriação no sentido de pro-gresso-evolução. Cria os filhos dos outros como se fossem seus.

Nas questões de saúde, os filhos de Yemanjá podem apresentar distúrbios renais que acarretam prejuízos na pressão arterial; têm alergia a lugares fechados, rinite alérgica ou asma. Os pontos fracos são as glândulas suprarrenais e o aparelho reprodutor. Apresentam ansiedade, nervosismo e dores de cabeça em razão da tensão.

O desenvolvimento espiritual decorre da atenção às capacidades e às qualidades mais profundas da natureza humana, trabalhando-se para aperfeiçoá-las. O desapego é a prática de desenvolver grande força pessoal, sem a necessidade de controlar o desenrolar dos acontecimentos. O desapego não é desamor; ele liberta.

Quando há desequilíbrio, é gerado o medo de olhar para dentro de si mesmo, de suas habilidades intuitivas, o que dá origem aos bloqueios à sensibilidade interior. A recusa em aprender com as experiências da vida resulta em culpar constantemente outras pessoas por tudo o que acontece de errado em sua própria vida, e num padrão de repetição das mesmas situações de aprendizado difíceis e dolorosas. Não aprendem com os próprios erros. Na correlação com o sexto chacra (o frontal), ocorrem as disfunções neurológicas e também a cegueira, a surdez, ataques epilépticos e outras formas de disfunção emocional-mental, além da dificuldade no aprendizado.

A cura do epiléptico

14. E quando se aproximou dos discípulos, viu grande multidão ao redor deles e escribas discutindo com eles.

15. Imediatamente toda a multidão, vendo-o, surpreendeu-se e, acorrendo, saudava-o.

16. Ele lhes perguntou: "Que estais discutindo com eles?".

17. Respondendo-lhe um, dentre a multidão, disse: "Mestre, eu te trouxe meu filho que tem um espírito mudo.

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18. E este, onde quer que o apanhe, o sacode; ele espuma e range os dentes e vai definhando; roguei a teus discípulos que o expulsassem, e eles não tiveram força".

19. Respondendo, disse-lhes: "Ó geração sem fé, até quando estarei convosco? Até quando vos tolerarei? Trazei-mo".

20. E eles lho trouxeram. E vendo-o (a Jesus), logo o espírito o agitou com violência, e caindo o endemoniado no chão, contorcia-se, espumando.

21. Perguntou (Jesus) ao pai dele: "Há quanto tempo acontece-lhe isso?". Respondeu ele: "Desde a infância".

22. E muitas vezes, o lançou ora no fogo, ora na água para destruí-lo; mas, se podes alguma coisa, compadece-te de nós e ajuda-nos".

23. Disse-lhe Jesus: "Se podes crer; tudo é possível ao que crê".

24. Imediatamente o pai do menino exclamou com lágrimas: "Eu creio, Senhor!Ajuda minha incredulidade".

25. E vendo Jesus que uma multidão afluía, repreendeu o espírito, dizendo-lhe: "Espírito mudo e surdo, eu te ordeno, sai dele e nunca mais nele entres".

26. E ele, gritando e agitando-o com violência, saiu; e o menino ficou como morto, de modo que a maior parte do povo dizia: "Morreu".

27. Mas, Jesus, tomando-o pela mão, despertou-o e ele levantou-se.

MARCOS 9:14-27

O povo surpreendeu-se com a aparição repentina de Jesus, e imediatamente correu a saudá-Lo. Após cumprimentá-los, Ele dirigiu-se aos escribas ali presentes e não aos discípulos, porque estes estavam tão confusos e cabisbaixos que davam a impressão de terem sido derrotados. Na verdade, já haviam tantas vezes expulsado obsessores, sentindo-se alegres com os resultados obtidos, mas não conseguiam compreender porque dessa vez não havia surtido efeito. Logo após a primeira tentativa em vão, a dúvida instalou-se, automaticamente diminuindo-lhes a confiança e a fé a respeito de suas possibilidades. O espírito a ser tratado era surdo e, portanto, não podia ouvir as ordens verbais. Os discípulos mantiveram-se em silêncio, demonstrando respeito e confiança em Jesus, porque o Mestre era bom e sabia defendê-los e ensinar-lhes o caminho certo.

Era crença na época que a epilepsia era provocada pela incorporação de um obsessor violento. Observamos hoje em dia que existe uma pequena percentagem de casos decorrentes de lesões ou disritmia cerebral; o volume maior é a ação de obsessor violento em incorporação total, chamada possessão.

O obsessor enfrentou o Mestre, prostrou o menino em sua habitual convulsão. Sentia-se perturbado pela presença de Jesus, pelos seus poderosos fluidos. Mestre Jesus atuou sem pressa e perguntou sobre os antecedentes, a respeito do momento em que se iniciou a obsessão. O pai informou que o fato ocorria desde a infância. Humilde, reconheceu que

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acreditava nas curas de Jesus, mas, ao mesmo tempo, que sua fé não era das maiores. Ainda assim, pediu a Jesus que curasse a enfermidade de seu filho.

Lembremos que a solicitação da ajuda espiritual jamais fica sem resposta da vibração de energia superior, bastando sintonizar com ela para recebê-la, visto que está sempre irradiando e espalhando suas bênçãos em abundância.

A retirada do espírito deu-se de forma abrupta, e após gritar e convulsionar o menino, o deixou desacordado. Jesus então abaixou-se e segurando a mão do menino, o despertou, entregando-o sadio aos braços do pai.

Xangô

Atributo: sabedoria, equilíbrio cármico, entendimento da Lei de Causa e Efeito, palavras adequadas no momento certo, discernimento, justiça, habilidade oratória e domínio das multidões. No polo negativo, é a rigidez de opiniões, vitimização, palavras metálicas.

Nas questões de saúde, apresentam-se os problemas do sistema cardiovascular, do pulmão, incluindo câncer e pneumonia, bem como hérnia, hipertensão, estresse e ansiedade, além de problemas de coluna e tensão nos ombros. Correlação com o cardíaco (a glândula timo), o chacra central do nosso corpo; por isso, o amor é o centro de nossa vida. A ausência de uma base de amor sólida cria uma situação interna na qual os padrões específicos de medo, de raiva e ressentimento podem desenvolver-se no lugar do amor.

Cura no templo

1. Depois disso, havia a festa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.

2. Ora, em Jerusalém, junto à porta das ovelhas, há uma piscina, que em hebraico é chamada Bethesda ou "Casa da Misericórdia", a qual tem cinco pórticos.

3. Neste jazia grande número de enfermos, cegos, coxos, paralíticos (esperando o movimento da água,

4. Porque descia um anjo em certas épocas e agitava a água da piscina; e o primeiro que entrasse na piscina depois de a água mover-se, ficava curado de qualquer doença que tivesse).

5. Achava-se ali certo homem, que havia trinta e oito anos estava enfermo.

6. Vendo-o Jesus deitado, e tendo sabido que estava assim desde muito tempo, perguntou-lhe: "Queres ficar são?".

7. Respondeu-lhe o enfermo: "Senhor, não tenho ninguém que me ponha na piscina quando a água é movida, enquanto vou, outro desce antes de mim".

8. Disse-lhe Jesus: "Levanta-te, toma tua cama e anda".

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9. Imediatamente o homem ficou são, tomou sua cama e partiu. E aquele dia era sábado.

10. Então os judeus disseram ao que fora curado: "Hoje é sábado, e não te é lícito carregar a cama".

11. Ele respondeu-lhes: "Aquele que me curou, ele próprio me disse: toma tua cama e anda".

12. Perguntaram-lhe, então: "Quem foi o homem que te disse: toma tua cama e anda?".

13. Mas o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus se retirara, em razão de naquele lugar haver grande multidão.

14. Depois Jesus o encontrou no templo e disse-lhe: "Eis que ficaste curado; não erres mais, para que não te aconteça coisa pior".

15. E aquele homem foi dizer aos judeus que fora Jesus quem o curara.

16. Por isso os judeus perseguiram Jesus, e procuravam matá-lo, porque fazia estas coisas no sábado.

JOÃO 5:1-16

No que se refere ao movimento das águas, provavelmente era feito por comportas que, ao se abrirem, jorravam água limpa na piscina. Entre os enfermos, estava um deles deitado no chão havia 38 anos, e quando Jesus soube a quanto tempo estava assim, condoeu-se de sua situação e perguntou-lhe se queria ser curado. Apenas uma frase é dita por Jesus: "Levanta-te, toma a tua esteira e caminha". Acentua-se aí a autoridade do Mestre de resgatar o carma e também de sobrepor-se às prescrições teológicas - proibição de efetuar curas no sábado. Mais tarde, quando Jesus o reencontra no templo, recomenda-lhe que não volte a errar, para que não lhe suceda coisa pior. Aqui percebe-se o aprendizado de vigiar para não errar novamente, afastando-se do espírito, pois coisas piores poderiam lhe acontecer, em encarnações de sofrimento e dor.

Sendo assim, tudo está preparado e "o Mestre aparece quando o discípulo está pronto".

Ogum

Atributo: vontade, "caminhos abertos", manutenção da vida, o poder da vontade, o poder da fé, o ponto de partida. "É o caminho e o próprio caminhante". É a luta inicial para que haja a transformação. É a liderança, coragem e sinceridade. No pólo negativo, é a inércia, a vontade fraca, a dificuldade de dizer não, a dificuldade de perdoar.

Nas questões de saúde, refere-se às doenças do sistema nervoso, o que torna seu aparelho digestivo mais sensível (úlceras), e problemas nas articulações dos braços, pulsos e mãos, além de problemas nos intestinos, no pâncreas e fígado, incluindo-se a hepatite. Disfunções nas glândulas suprarrenais, náuseas e gripes.

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Relacionado ao terceiro chacra, o do plexo solar, é o centro da intuição que orienta a atividade diária da vida humana. Envolve o medo de assumir a responsabilidade por si mesmo, por suas necessidades, por seus compromissos, por suas finanças e por seus pensamentos, atitudes e ações pessoais. Dificuldade de libertar-se do controle da expectativa dos outros.

Cura do servo do centurião

5. Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, chegou-se a ele um centurião1 e dirigindo-se a ele, disse:

6. Senhor, meu criado jaz em casa paralítico, padecendo horrivelmente".

7. Disse-lhe Jesus: "Eu irei e o curarei".

8. Mas o centurião respondeu: "Senhor, não sou digno de que entres em minha casa; mas diz somente uma palavra e meu criado há de sarar.

9. Porque também sou homem sujeito à autoridade e tenho soldados às minhas ordens. E digo a este: "Vai lá, e ele vai; e a outro: vem cá e ele vem; e a meu servo: faze isto e ele faz".

10. Ouvindo isto, Jesus admirou-se e disse aos que o acompanhavam: "Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé;

11. E digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e se sentarão com Abraão, Isaac e Jacó no reino dos Céus;

12. E os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes".

13. Então disse Jesus ao Centurião: "Vai, e como creste te seja feito". E naquela mesma hora o criado sarou.

MATEUS 8:5-13

l Naquela época, o exército romano era dividido em legiões de 6.000 infantes e 300 cavaleiros, comandadas por seis tribunos militares. Em cada legião havia dez cortes de 600 homens e cada corte tinha três manipules de 200 homens. O manipulo constituía-se de duas centúrias; à frente de cada uma se achava um centurião. Assim sendo, o centurião era o mais subalterno de todos. (Sabedoria do Evangelho, Carlos Torres Pastorino).

O referido centurião era filiado à religião romana, já tinha alguma elevação espiritual, e compreendera que o espírito está acima de qualquer divisão de religiões humanas. Ao dizer a Jesus que falasse somente uma palavra, ele demonstrou que possuía conhecimento dos segredos da vida espiritual. Exemplificou com sua própria pessoa, sujeita à autoridade superior - que obedecia, mas ao mesmo tempo também tinha autoridade sobre seus subor-dinados e então era também imediatamente obedecido. Sabia ele que Jesus, por sua elevação

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espiritual, tinha o poder do Logos, a quem já se unira permanentemente, em contato com a Consciência Cósmica, que bastava expressar seu desejo para vê-lo satisfeito. Jesus afirmou que não era a raça ou a religião que tinha influência na conquista do "reino dos Céus", mas sim o conhecimento da verdade, que é adquirido através da elevação espiritual de cada ser. Então realizou a cura à distância, através da ligação com o Cristo Cósmico, ficando o servo bom na mesma hora.

Oxum

Atributo: amor. É o amor universal, a doação, a complacência e também intuição, fertilidade, compaixão. O amor incondicional que não julga, apenas ama, sem nada esperar. O ponto vibratório desse orixá no planeta é a cachoeira.

É a cachoeira que desce,Que lava e que levaA tristeza do fundo do ser...É a Oxum que vem e que trazA força das águas para transformar!É a cachoeira que desce, que bate, que rola na pedraPara transformar!É a Oxum que vem e que trazA força das águas para renovar!No que se refere à saúde, são comuns os distúrbios gineco-lógicos, atingindo o útero,

os ovários e as trompas. Pode haver dificuldade para engravidar, mas após tratamento pode obter êxito. Estresse emocional e depressão.

Quando entram na sintonia negativa, não esquecem as ofensas nem as traições, e agarram-se às lembranças do passado.

Cura de hemorragia

25. Ora, uma mulher que padecia havia 12 anos de um fluxo de sangue.

26. E que tinha sofrido bastante nas mãos de muitos médicos, gastando tudo o que possuía sem nada aproveitar, antes ficando cada vez pior,

27. Tendo ouvido falar a respeito de Jesus, veio por detrás, entre a multidão e tocou-lhe o manto,

28. Porque dizia: "Se eu tocar somente sua veste ficarei curada".

29. No mesmo instante, secou a fonte de sangue, e sentiu em seu corpo que estava curada de seu flagelo.

30. Conhecendo Jesus logo, por si mesmo, o poder que dele saíra, virando-se no meio da multidão perguntou: "Quem tocou meu manto?".

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31. Responderam-lhe seus discípulos: "Vês que a multidão te comprime, e perguntas quem me tocou?".

32. Mas Ele olhava ao redor para ver quem fizera isso.

33. Então a mulher, receosa e trêmula, cônscia do que nela se havia operado, veio, prostrou-se diante dele e declarou-lhe toda a verdade.

34. E Jesus disse-lhe: "Filha, a tua fé te curou; vai em paz e fica livre de teu mal".

MARCOS 5: 25-34

Após muito peregrinar em busca de auxílio médico, a mulher, que já ouvira falar do Mestre, intuíra que se apenas tocasse o seu manto ficaria curada. Ela tinha fé e isso atraiu os fluidos curativos do corpo de Jesus, como se fosse um ímã. A fé plasmou a forma mental do que era desejado; no caso, curar-se. Ela se chamava Verônica e, segundo o Evangelho de Nicodemos, foi quem enxugou o rosto de Jesus quando Ele seguia para o calvário.

Podemos entender que sua fé atraiu o magnetismo espiritual que irradiava do Cristo interno: ela desejava curar-se e o espírito lhe deu a paz desejada, esclarecendo que todo o merecimento desse encontro se dava pela sua fé.

Os médicos não tinham conseguido estancar a hemorragia, antes do final do resgate daquela alma. Nenhuma entidade, seja encarnada ou desencarnada, pode libertar quem quer que seja de seus resgates, sem que chegue a hora certa: somente a própria pessoa pode fazê-lo.

lansã

lansã é o orixá relacionado ao elemento ar; portanto, atua em tudo. É a mudança e a transgressão. Tem os seus aspectos positivos ligados à coragem, lealdade, franqueza e fluidez de raciocínio.

Jesus atuou diretamente com lansã na medida em que ia transformando as consciências através da oralidade, pois a facilidade de falar é um dos principais atributos desse orixá, e também transgredindo ao curar aos sábados, o que não era permitido. Não adotava os rituais de purificação, o que afrontava os sacerdotes.

O Mestre Nazareno, quando expulsava os demônios pelo poder do verbo sagrado de que era dotado, atuava curando os enfermos "endemoniados" pela força do elemento eólico (o ar) que deslocava os obsessores e os morbos psíquicos dos corpos etérico e astral dos obsediados, os quais eram conduzidos para outros paramos pelos socorristas dos Céus que o acompanhavam.

Como grande mago que era, Jesus tinha pleno domínio das forças e dos elementos da natureza. É emblemática, nesse sentido, a luta de seus discípulos contra forte vendaval quando faziam a travessia do Lago de Genesaré sem a presença do Mestre. Ora, vendo Jesus, da margem, a forte agitação das águas e a embarcação em apuros, resolveu ajudá-los. Entrou no lago e deslizou suavemente sobre as águas, rumo à nau que balançava, logo após ter, sob poderoso influxo mental, controlado o "ar", elemento da natureza em questão - com um

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comando verbal e um aceno de braço abrandou os ventos, que se tornaram suave brisa, e seguiu resoluto planado sobre as águas mansas aos seus pés.

O corpo físico de Jesus estava sujeito às leis comuns da natureza, mas Ele tinha o poder de sobrepujá-las todas as vezes que assim fosse necessário, pois o canal vivo do Cristo na Terra era em verdade o legislador planetário, e como tal senhor e supremo sacerdote das leis cósmicas mantenedoras da vida e do equilíbrio terrícolas.

Oxóssi

Jesus vibrou em Oxóssi no Sermão da Montanha, cujas palavras foram direcionadas à curadas almas, ao conselho dado para a evolução do ser em amor, misericórdia e perdão. Psicólogo das almas, transformou os pescadores simples em pescadores de homens, curou as enfermidades das almas aflitas que eram a causa das somatizações no corpo físico.

"Quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática, assemelha-se ao homem sábio que ediflcou a sua casa sobre a rocha; desabaram os aguaceiros, transbordaram os rios, sopra-ram os vendavais e deram de rijo contra essa casa, mas ela não caiu, porque estava ediflcada sobre a rocha", disse Ele.

"Mas quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática, este se assemelha a um homem insensato que ediflcou a sua casa sobre a areia; desabaram os aguaceiros, transbordaram os rios, sopraram os vendavais e deram de rijo contra essa casa, e ela caiu, e foi grande a sua queda".

Assim sendo, essas palavras de Jesus foram ditas tanto para sábios como para insensatos; um as põe em prática e o outro não.

O Sermão da Montanha é o mais belo documento de espiritualidade e de amor que o mundo conhece.

"Buscai em primeiro lugar, o reino de Deus, e o resto vos será dado por acréscimo".

Oxóssi é o orixá da saúde, tanto no que se refere ao físico como ao espiritual. É o perfeito equilíbrio do ser.

Pela boca entram os alimentos e saem as palavras. "A boca fala do que está cheio o coração".

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IX

O Triunfo do Mestre - a fraternidade na coletividade crística

Graças ao Evangelho de Jesus, conceituando a existência de um só Deus, magnânimo e justo, proclamou-se a igualdade absoluta entre os homens e a sua confrater-nização como filhos de um só Pai. Ainda que o Evangelho fosse apenas um arranjo fantasioso, fruto da imaginação de poetas, filósofos ou religiosos aglutinando conceitos e máximas em torno de um Jesus fictício, jamais alguém descobriria fonte de moral mais pura e reserva de en-sinamentos mais elevados para a salvação e ajuste da humanidade. Todos os esforços, atos, sonhos, ideais e in-tenções que os homens empreenderam para a conquista de virtudes sublimes ou de amorosa confraternização se encontram expressos no código superior do Evangelho.

RAMATÍS, O Sublime Peregrino

Pergunta: - Faz mais de 2000 anos do advento de Jesus e ainda estamos muito distantes de praticar e compreender seus ensinamentos. Parece-nos tempo em demasia, e por vezes ficamos desanimados em levar a Boa Nova do Evangelho. Tem "salvação" nossa coletividade?

Ramatís: - Em verdade, o Cosmo não tem pressa. Vosso tempo é uma ilusão, assim como não existem ganhadores ou perdedores na corrida rumo ao Pai e ao inexorável estado crístico de consciência. Para todos, indistintamente, existe uma localidade cósmica para abrigá-los em concordância com o peso cármico do perispírito de cada individualidade, na magnânima balança da justiça universal. Vosso atual mergulho na materialidade da encarnação nubla a compreensão do reino de Deus. Todavia, a cristiflcação do espírito não depende do tipo de moradia que o abriga, mas sim da consciência, e pode ser alcançada "imediatamente" pelos habitantes da crosta planetária. É um estado de alma, latente, que pulsa de dentro para fora, mas encontra-se momentaneamente bloqueado pelo burburi-nho exterior da existência. Lembrai-vos de que o corpo físico é uma muralha que embota o discernimento da inexistência de tempo. O triunfo da consciência que se cristifica, refletindo-se na conduta do ser, é perene, enquanto as vitórias da personalidade diante das coisas mundanas são fugazes.

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Aliás, esqueceis que com um ano de idade cronológica física vossa grande vitória foi andar; aos dois anos, era não mais precisar de fraldas; e, na vitalidade dos doze anos, ter muitos amigos; situações que se repetirão na idade avançada... aos 80 anos, caminhareis livremente se não tiverdes osteoporose e não usardes bengala; aos 85 anos, sereis felizes se não vos receitarem fraldas geriátricas, e aos 90 anos, raríssimos serão os amigos "vivos". Os ciclos das experiências se repetem indefinidamente na caminhada de todos os espíritos, quantas vezes e encarnações forem necessárias, do mesmo modo que a cada segundo no Cosmo bilhões de estrelas nascem.

O sofrimento e o êxtase da alma, seja na Terra, seja nos Céus, bem como os mundos celestes penetrando as moléculas da matéria e os planetas compondo o espaço sideral infinito, são estados mentais.

Jesus dizia: "Ide às ovelhas perdidas, pregai dizendo que está próximo o reino dos Céus". Assim falava o Mestre Nazareno, porque sabia que os estados de consciência celestiais estavam muito próximos. Em verdade, dentro de cada criatura do Pai, localizam-se os tesouros ocultos do "santo graal" perdido, o baú das jóias do Eu Crístico.

Pergunta: - Diante de vossa assertiva: "Existem localidades cósmicas para abrigar os espíritos de acordo com o pesoperispiritual específico de cada um", referente às trans-migrações de espíritos de um orbepara outro, ficamos curiosos para saber como se dão as escolhas das novas moradas (ou planetas) para os espíritos que estão sendo retirados da psicosfera terrena, Ainda nos parece uma violência o envio dessas consciências para planetas inóspitos e de geografia degradante para a sobrevivência. Podeis esclarecer-nos sobre tão polêmico tema?

Ramatís: - O Pai, ao criar o Universo e as criaturas para habitarem e preencherem a imensidão cósmica, estabeleceu, por Seu infinito amor, que a ninguém privilegiaria, deixando as escolhas para cada filho. Por Sua imanência e impessoalidade, não diferencia ou indica eleitos, pois ama fervorosamente a todos: bons e maus, justos e injustos, santos e criminosos, ateus e crentes... independentemente de crenças ou descrenças per-sonalísticas, tão comuns aos habitantes dos planos densos da existência. Dá o Criador a liberdade absoluta, pela concessão do livre-arbítrio, mas deixa a cada um escolher o caminho a seguir, obviamente arcando com as conseqüências das escolhas feitas, já que semeadura é livre e a colheita obrigatória para a concessão do passaporte de entrada aos planos superiores de vida.

Ocorre que, de tempos em tempos, finda um ciclo e outro se inicia. Neste momento planetário, é chegada a hora derradeira da colheita dos resultados de vossas ações e, em muitos casos, termina o prazo de existência física para certos espíritos recal-citrantes e inicia-se outro em orbes mais atrasados, enquanto espíritos mais esclarecidos nas leis do Cristo chegam à vossa psicosfera. Findo o "dia final do carma", esgota-se o direito de estada neste atual endereço.

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Naturalmente, há uma triagem, de acordo com a vibração do perispírito de cada um. Assim, se vosso envoltório espiritual estiver denso, como um pesado escafandro para mergulho em águas profundas, sereis transferidos para um orbe como um oceano da mesma contextura energética, para que possais mergulhar. As leis universais de afinidade em nada violentam, seja a quem for, seguindo à risca os preceitos do Mestre. Os portais de um orbe a outro se abrem ou fecham justamente para que encontreis o local digno e afim a vós pelo tempo necessário, nem mais nem menos, tal é a lei que dá a medida com a qual sois medidos.

Pergunta: - O cristianismo sofre uma proliferação acelerada de novas seitas evangélicas. Todas se consideram melhores que as outras. Cada líder defende uma supremacia do seu modelo de Jesus. Afinal, onde está o triunfo do Mestre?

Ramatís: - Foi emblemática a clarividência de Jesus ao afirmar "não é o discípulo mais que seu mestre, nem o servo mais que o seu senhor: basta ao discípulo ser como o seu mestre e ao servo como o seu senhor. Portanto, todo aquele que me aceitar diante dos homens, eu também o aceitarei diante do meu Pai que está nos Céus". Ao proferir estas sentenças (Mateus 10:24-33) como instrução aos apóstolos que seriam seus emissários na perpetuação da Boa Nova evangélica, Jesus antevia as disputas e tentativas de impor superioridade que haveria entre os futuros sacerdotes. Observai que o Mestre galileu afirma que todo aquele que o aceitar, por ele será aceito no reino de Deus.

Vai além o Divino psicólogo das almas, sentenciando: "Basta ao discípulo almejar ser igual ao mestre". Pelo seu apurado senso de justiça cósmica, fica claro que todos terão o mesmo tratamento diante das equânimes leis universais, e os rótulos religiosos colados às personalidades egoísticas de líderes nada valem. Em verdade, Jesus sabia das enormes dificuldades e obstáculos que os homens teriam para chegar até Ele - o árduo processo interior de despertamento da chama crística. É cláusula pétrea nos tribunais divinos que aquele que se diminui se exalta. Assim, todos que se sentem superiores aos outros irmãos de jornada se afastam do verdadeiro reino interno de bonança espiritual e "apagam" a bruxoleante chama do Cristo.

O triunfo do Mestre se dará dentro de cada criatura que o aceitar em igualdade de condição com o seu companheiro de jornada, vivendo fraternalmente com as diferenças, independentemente da seita, credo, religião, culto ou doutrina professada. O estado crístico de consciência é exaltado pelo amor incondicional. Toda a perseguição e as lutas inter-religiosas no planeta, pela supremacia das verdades de um livro sagrado sobre o outro, são temporárias, pois"nada há encoberto que não venha a ser descoberto". Os ritos, as liturgias, as pompas e hierarquias sacerdotais, os títulos eclesiásticos, as distinções pastorais, só servirão para ocultar a centelha crística, se não servirem para retirar o véu que encobre as potencialidades cósmicas de cada um, do seu Cristo interno. É chegada a hora de vos libertardes da escravidão às ilusões de diferentes religiões e seitas; se todas elas se igualarem umas às outras e ao Mestre, serão religadas igualmente ao Pai.

Pergunta: - Então, uma vez que somos fadados à libertação espiritual definitiva e à felicidade perene dos Céus, não há porque temermos ou nos apressarmos. É isso?

Ramatís: - Em verdade, Deus não criou uma pista de corrida cósmica para seus filhos, muito menos recursos extemporâneos de ascensão a Ele. Obviamente, os lerdos no passo não poderão atrasar os mais rápidos, pois as vias de acesso envolvem coletividades e

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não são influenciadas por opiniões particulari-zadas. Não bastando aos homens não ter "pressa", pela hipnose dos apelos sensórios da animalidade inferior, ainda expandem a agressão ao coletivo, quando sacrificam os irmãos menores do orbe nas trocas com o Além ou destroem florestas para a criação de pecuária intensiva. Milhões de bocas aguardam faméli-cas e insaciáveis os pedaços dos cadáveres animais para serem acondicionados em seus estômagos, como sepulcros, causando sérios impactos negativos para a evolução planetária.

Sem dúvida, embora as próximas décadas venham a ser de ensejo de modesta e fraterna elevação espiritual para que os anjos hibernados paulatinamente despertem nos cidadãos, se faz necessária no ambiente psicoastral da Terra a aglutinação de almas com ideais superiores e libertas das paixões inferiores. A espiritualidade superior, respeitando o ritmo de cada espírito na sua ascensão, tem em vista os propósitos maiores das coletividades, que estão destinadas a uma irrefutável cristificação e à vida em paisagens de inspiração angélica.

Pergunta: - Pedimos vossas considerações finais sobre o fundamento principal das relações humanas numa coletividade plenamente cristificada.

Ramatís: - A preocupação predominante dos seres crís-ticos não será se estão perdendo ou ganhando tempo em sua evolução espiritual, interpretação equivocada do que seja evan-gelização, decorrente do egoísmo e de uma relação funcional excessivamente racionalista com o Evangelho. A compreensão generalizada da Lei da Reencarnação será base de um código de conduta moral para a humanidade compatível com as conquistas duradouras dos espíritos, convencendo-os que não são os ouros do mundo, mas os tesouros ensinados por Jesus, o passaporte para a bonança e felicidade perene das consciências. Quando esse estado de alma se instalar coletivamente, os abomináveis sacrifícios animais para Deus, santos ou orixás, juntamente com os prazeres gustativos dos retalhos dos irmãos menores, estarão inegavelmente relegados a um plano inferior de existência que, creiam, não será em vosso orbe.

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Anexo I

Os sacrifícios e o espiritismo

O Livro dos Espíritos

Pergunta 669: - O hábito de sacrifícios animais, e até humanos, para chegar-se ao sagrado, vem da mais alta antigüidade. Como o homem pôde ser levado a acreditar que tais coisas pudessem ser agradáveis a Deus?

- Primeiramente, porque não compreendia Deus como fonte da bondade. Entre os povos primitivos, a matéria domina o espírito; eles se entregam aos instintos animais, e é por isso que são geralmente cruéis, pois o seu sentido moral ainda não se desenvolveu. Além disso, os homens primitivos deveriam acreditar, naturalmente, que uma criatura viva tinha muito mais valor aos olhos de Deus do que um morto. Foi isso que os levou a sacrificar primeiro os animais e em seguida os homens, uma vez que, seguindo sua falsa crença, pensavam que o valor do sacrifício estava diretamente ligado à importância da vítima. Na vida material, se ofereceis um presente a alguém, o escolheis de um valor tanto maior quanto quereis demonstrar à pessoa mais amizade e consideração. Devia ocorrer o mesmo com os homens ignorantes em relação a Deus.

Pergunta 669 a: - Assim, os sacrifícios de animais teriam precedido os sacrifícios humanos?

- Sim. Não há dúvida.

Pergunta 669 b: - Então, de acordo com essa explicação, os sacrifícios humanos não teriam sua origem num sentimento de crueldade?

- Não, mas numa idéia errônea de ser agradável a Deus. Vede o que ocorreu com Abraão. Depois, os homens abusaram ao sacrificar seus inimigos. Porém, Deus nunca exigiu sacrifícios de animais nem de homens. Ele não pode ser honrado com a destruição inútil de Sua própria criatura.

Pergunta 670: - Os sacrifícios humanos feitos com intenção piedosa algumas vezes puderam ser agradáveis a Deus?

- Não, nunca. Mas Deus julga a intenção. Os homens, sendo ignorantes, podiam acreditar que faziam um ato louvável ao sacrificar um de seus semelhantes. Nesse caso, Deus

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apenas levava em conta o pensamento e não o fato. Os homens, ao se melhorarem, reconheceriam seu erro e reprovariam esses sacrifícios, que não deviam alcançar compreensão no pensamento dos espíritos esclarecidos; dizemos esclarecidos porque os espíritos estavam, então, envolvidos por um véu material, mas pelo livre-arbítrio, podiam ter uma percepção de sua origem e finalidade, e muitos já compreendiam, por intuição, o mal que faziam, embora continuassem a fazê-lo para satisfazer suas paixões.

Pergunta 671: - Que devemos pensar das chamadas guerras santas? O sentimento que leva pessoas fanáticas a exterminar o máximo que puderem dos que não compartilham de suas crenças, a fim de serem agradáveis a Deus, parece ter a mesma origem que os estimulava antigamente a sacrificar os seus semelhantes,

- Eles estão envolvidos pela ação de maus espíritos e, ao guerrearem com seus semelhantes, contrariam a vontade de Deus, que diz que se deve amar o irmão como a si mesmo. Todas as religiões, todos os povos, adoraram um mesmo Deus, tenha um nome ou ou-tro. Por que fazer uma guerra de extermínio apenas pelo fato de terem religiões diferentes ou não terem ainda alcançado o progresso dos povos esclarecidos? Os povos podem ser desculpados por não acreditarem na palavra daquele que era animado pelo espírito de Deus e enviado por Ele, principalmente quando não o viram e não foram testemunhas de seus atos. Porém, como quereis que acreditem nessa palavra de paz, quando pretendeis impor essa palavra com a espada na mão? Devemos levar-lhes o esclarecimento e procurar fazer-lhes conhecer a doutrina do Salvador pela persuasão e pela doçura, não pela força e pelo sangue. Na maioria das vezes, não acreditais nas comunicações que temos com alguns mortais; como haveis de querer que estranhos acreditassem na vossa palavra, quando vossos atos desmentem a doutrina que pregais?

Pergunta 672: - A oferenda dos frutos da terra, feita a Deus, tem mais mérito aos seus olhos do que o sacrifício de animais?

- Já vos respondi ao dizer que Deus julga a intenção e que o fato tem pouca importância para Ele. Seria evidentemente mais agradável oferecer a Deus frutos da terra do que o sangue das vítimas. Como já vos dissemos e repetimos sempre, a prece dita do fundo do coração é cem vezes mais agradável a Deus do que todas as oferendas que poderíeis lhe fazer. Repito que a intenção é tudo e o fato não é nada.

Pergunta 673 - Não haveria um meio de tornar essas oferendas mais agradáveis a Deus, se aliviassem as necessidades daqueles a quem falta o necessário; e, nesse caso, o sacrifício de animais, quando feito com um objetivo útil, não se tornaria meritório?

- Deus abençoa sempre aqueles que fazem o bem; assim, aliviar os pobres e aflitos é o melhor meio de honrá-Lo. Não quero dizer, entretanto, que Deus desaprova as cerimônias que fazeis por devoção, mas há muito dinheiro que poderia ser empregado mais utilmente e não o é. Deus ama a simplicidade em todas as coisas. O homem que fundamenta sua crença nas exte-rioridades e não no coração é um espírito com vistas estreitas. Julgai se Deus deve Se importar mais com a forma do que com o conteúdo.

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Comentários

Os sacrifícios, de acordo com o texto em estudo, são uma oferta à Divindade por meio da destruição de um bem ou da imolação de uma vítima (animal ou mesmo humana). O tema do sacrifício é um dos mais importantes para definir a compreensão que a criatura tem a respeito do Criador.

Para muitos irmãos nossos, por exemplo, a epopéia de amor representada pela presença do Cristo entre nós nada mais significou que um sacrifício. Para eles, Jesus entregou-se em holocausto pela humanidade e "com o seu sangue lavou todos os nossos pecados". Ele se colocou no lugar do cordeiro que era sacrificado em oferenda à Divindade. Daí ser considerado para muitos o "cordeiro de Deus" (agnus Dei}. A missa católica nada mais é que o simbolismo do sacrifício realizado por Jesus. O altar na igreja é uma mesa especial consagrada aos sacrifícios religiosos, conforme a definição do dicionário Aurélio.

Etimologicamente, sacrifício vem das raízes latinas "s«-crum", sagrado, e "facere", fazer ou tornar-se. Sacrificar, portanto, tem o significado profundo de santiflcar, tornar sagrado. Dessa forma, devemos entender o sacrifício como a renúncia em favor de outro, a abnegação e o desprendimento, acepções também encontradas no Aurélio.

No capítulo 10, de O Evangelho Segundo o Espiritismo,(1) nos itens 7 e 8, há um trecho intitulado "O sacrifício mais agradável a Deus", de onde retiramos o seguinte: ele deve deixar do lado de fora todo sentimento de ódio e de animosidade, todo mau pensamento contra seu irmão. Só então sua prece será levada pelos anjos aos pés do Eterno.

Jesus ensina que o sacrifício mais agradável ao Senhor é o de sacrificar o nosso próprio ressentimento; que, antes de pedir perdão a Deus, é preciso que perdoemos nosso irmão; e que, se tivermos cometido alguma falta contra algum de nosso semelhante, devemos corrigi-la. Só então a oferenda será bem recebida, porque virá de um coração livre de qualquer sentimento mau. Jesus proferiu essa máxima em relação aos judeus, que ofereciam sacrifícios materiais. Era preciso, então, adaptar Suas palavras aos costumes daquele povo. O cristão não oferece dádivas materiais porque espiritualizou o sacrifício, mas esse ensinamento de Jesus tem cada vez mais força para ele. O cristão oferece sua alma a Deus, e essa alma deve estar purificada. Ao entrar no templo do Senhor,

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l O Evangelho Segundo o Espiritismo também foi editado pela EDITORA DO CONHECIMENTO e está disponível no site http://www.lojadoconhecimento.com.br

Quando entendemos o sacrifício em sua acepção mais espiritualizada, compreendemos

que devemos santiflcar todos os nossos sentimentos, pensamentos, palavras e atos; santificar no sentido de oferecer a Deus nossas realizações, das menores às maiores. Devemos agir em secreto como se estivéssemos em público (o que na verdade ocorre, já que estamos "rodeados por uma nuvem de testemunhas", nos dizeres de Paulo). Devemos sacrificar, isto é, renunciar ao orgulho, à vaidade e a todos os vícios. Devemos sacrificar uma existência estéril e torná-la útil ao próximo e a Deus.

Muita paz!

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Anexo 2

Explosão das seitas neoevangélicas

Um artigo interessante e esclarecedor dentro do contexto do Triunfo do Mestre, especialmente ao leitor que vivência somente a sua doutrina, internamente no seu centro, terreiro, igreja, ilê, choupana ou palhoça, sem olhar para os lados, é o "Explosão das Seitas Marginais à Reforma", de autoria dos reverendos Arnildo Klumb e Samuel Ferrazoli. (1)

Pode parecer descabido querer entender essa efervescência do igrejismo ou novo evangelismo, inacreditavelmente baseado no Velho Testamento e nas leis mosaicas. Contudo, saibamos que temos na atualidade uma pujança de igrejas, paradoxalmente ditas cristãs - mas nem sabem o que são o Novo Testamento e os ensinamentos morais de Jesus - e que disputam ferrenhamente suas fatias num lucrativo mercado religioso mágico brasileiro. Os meios midiáticos atuais, com a divulgação consistente, imprimem um ritmo avassalador de crescimento dessas seitas, a fim de aumentarem a captação e posterior conversão de novos crentes dizimistas e ofertantes.

A seguir transcrevemos uma pequena parte do artigo, que, ao nosso ver, trata dos temas mais relevantes:

l Fonte: http://solascriptura-tt. org/Seitas/Pentecostalismo/ExplosaoSeitas-Marginais-IURD-Etc.-KlumbEtc.htm

Da magia organizada

Embora fartos de simbolismo e pródigos em manifestações sobrenaturais, os cultos da Universal caracterizam-se pela simplicidade. Além de simples, sua liturgia é despojada, sem roteiro rigidamente preestabelecido a ser seguido. Não existe um momento certo para orar, cantar, exorcizar ou ofertar. Os pastores detêm liberdade na direção do culto. A reunião tanto pode começar com oração, cânticos, corinhos, bem como no pedido para que as pessoas se aproximem do púlpito para participar da corrente de oração do dia. O pastor é quem faz tudo: ora, canta, prega, pede ofertas. Comanda o culto do princípio ao fim. Quanto às correntes de oração, aos rituais de exorcismo e de unção e à oração com imposição de mãos, o pastor conta com o abnegado e indispensável auxílio dos obreiros. Desta forma, não é exagero afirmar que a Universal estabeleceu um sistema de magia organizado e bem elaborado. Ela institucionalizou denominacionalmente práticas e crenças mágico-religiosas de inspiração cristã. E isto deriva do fato de ela se propor, na qualidade de mediadora dos poderes divinos, a resolver todos os problemas terrenos dos fiéis. É justamente para atender eficientemente a tais

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interesses e necessidades da clientela, majoritariamente pobre e pródiga em demandar soluções mágicas, que organiza e raciocina sua oferta de serviço religiosos. Verifica-se isto, de imediato, no fato de ter rotinizado a dispensação das graças divinas e fixado um calendário de cultos e rituais para prestar atendimento especializado a problemas determinados. As segundas-feiras: oferece soluções sobrenaturais para quem deseja prosperidade; às terças: para cura física; às quintas: para problemas familiares e afetivos; às sextas: faz libertação espiritual (exorcismos); aos sábados: repete ritual para prosperidade. Os cultos de quarta e domingo são dedicados à adoração do Espírito Santo. A Universal tem hinário próprio e seus cultos são in-tercalados com corinhos avivados. Apesar disso, não há ênfase no louvor, e sim, na luta contra o diabo e a evangelização. Os neófitos são normalmente aliciados como obreiros voluntários. Estes trabalham muito e nada recebem. Aqueles que carecem de tempo para serem obreiros ou pastores são encorajados a entrar na luta contra as hostes infernais ("guerra santa"), a pregar o Evangelho, distribuindo folhetos em locais públicos, convidando amigos, parentes e vizinhos aos cultos e, sobretudo, a ofertar e ser fiel no pagamento de dízimo, colaborando para a expansão do reino de Deus na terra. A igreja exige muito de seu pastores e obreiros, pois funciona como um verdadeiro "pronto-socorro espiritual". Seus apelo às pessoas é "pare de sofrer". Assim, os pastores e obreiros têm de estar sempre de plantão. Sua membresia e clientela é formada por pessoas carentes, sofredoras e marginalizadas. Pesquisa realizada pelo ISER revela que 91% dos seus membros recebem menos de cinco salários mínimos, 85% não passaram do primário, 60% são pardos e 24% negros. Portanto, são os muito pobres e marginalizados que fazem a fortuna da Universal. A Universal prega que há esperança para todos, e que Jesus deseja libertar as pessoas do mal e conceder-lhes "vida em abundância". O reino dos Céus é aqui na Terra. Enfim, prega a Teologia da Prosperidade. Ela também não desenvolve atividades assistenciais para seus membros. Neste caso, a ação social da igreja se restringe aos de fora. No Rio, mantém dois orfanatos e dois asilos e oferece curso de alfabetização de adultos até a 4a série reconhecido pelo MEC. Em São Paulo, assumiu a direção da Sociedade Pestalozzi, que possui escolas e sustenta projetos assistenciais para crianças excepcionais. Atua em delegacias e presídios. Criou a ABC, Associação Beneficente Cristã, em 1994 para combater a fome e desbancar os projetos assistenciais da VINDE.

Da "guerra santa" contra o diabo

Esta sofre uma ênfase excessiva por parte dos neopente-costais. Devido à dificuldade de explicar a presença do mal, do pecado e do sofrimento no mundo, os neopente-costais apelam para a figura do diabo como responsável causador de tais males, entre outros. O mal não pode vir de Deus, portanto a culpa é do diabo. Mariano afirma que a banalização dos fenômenos sobrenaturais nas igrejas pentecostais ocorre porque pastores e fiéis enxergam a ação divina e demoníaca nos acontecimentos mais insignificantes do dia a dia. Para eles não há acaso. Existe um sentido para tudo e a Bíblia contém todas as respostas de que necessitam. E eles não estão nem um pouco dispostos a abrir mão do sentido que o personagem do diabo e de seu criador e oponente, Deus, são capazes de conferir à precária e sofrida vida humana.

Com a demonologização das crenças, rituais, deuses e guias dos cultos afro-brasileiros e espíritas, os pentecostais vieram travar o que a mídia brasileira denominou de "guerra santa". Foi um termo usado inadvertida e exageradamente em comparação (se é que se pode comparar) à guerra religiosa, política, econômica e territorial travada entre árabes e judeus, protestantes e católicos na Irlanda. Tal "guerra" desencadeou-se na década de 1980, porque

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até então as vertentes pentecostais precedentes não atacavam esses adversários direta, sis-temática e até fisicamente, como o faz a Igreja Universal hoje. Do conflito velado passou-se para o conflito aberto e hostil, do discurso polêmico-pacífico, para o discurso polêmico-agressivo-físico. No entanto, devido a processos e inquéritos judiciais que sofreu, a Igreja Universal do reino de Deus (!URD) têm lançado mão de uma versão mais light e menos visível desta "guerra". Mas além da IURD, participam também desta exacerbação da guerra contra o diabo igrejas do deuteropentecostalis-mo, como a Deus é Amor e a Casa da Bênção. Todavia, a exacerbada pregação da guerra espiritual distingue teologicamente, ainda que em termos de ênfase, as igrejas neopentecostais do pentecostalismo clássico e, em menor grau, do deuteropentecostalismo. Mariano relata discursos de R. R. Soares e de Edir Macedo, em que se vê que, para estes pregadores, a extensão da ação demoníaca é quase ilimitada (p. 114). Os neopentecostais crêem que o que acontece no "mundo material" decorre da guerra travada entre as forças divina e demoníaca no "mundo espiritual". E os seres humanos, para eles, estão no meio deste campo de batalha - no "mundo material", que é onde se trava esta guerra - de um ou de outro lado. Por isso, pertencendo ao lado divino, acreditam ter poder e autoridade, concedidos por Deus, para, em nome de Jesus, reverter as obras do mal. Os representantes destas (agências satânicas) são justamente os adeptos do espiritismo e dos cultos afro-brasileiros, cujo objetivo, segundo eles, é levar os seres humanos à perdição. Na guerra contra o diabo há inimigos, soldados, batalhas, luta, munição, manobras, impiedade, perigo, resistência, crimes, castigos, desafios, destruição, libertação, vitória e derrota.

Da concorrência inter-religiosa

Trata-se de uma disputa acirrada para cooptar adeptos e mantê-los num mundo onde impera o pluralismo religioso. Em seu sectarismo, os pentecostais até há pouco eram reconhecidos, e muitas vezes estigmatizados, pela veicula-ção de sua própria identidade, uma vez que a conversão pentecostal implicava mudar de comportamento, de estilo de vida, de visão de mundo e a participação preferencial da comunidade religiosa. Mas hoje isso mudou parcialmente com a mobilidade social de parte da membresia e com a irrupção do neopentecostalismo. No entanto, mesmo que tenham ficado menos sectários e menos distintos, continuam intransigentes no plano religioso. Essa intransigência discursiva vem da convicção e da certeza de serem portadores da verdade divina, constituindo a forma de auto-afirmação e de defesa da identidade religiosa. Até mesmo em outras igrejas pentecostais existem as exclusivistas que negam às outras, para retirá-las do páreo e desqualificá-las, a posse dos bens da salvação. Sendo portadores de identidades em conflito, disputam palmo a palmo o monopólio dos bens da salvação e da definição dos símbolos sagrados. Os pastores e os fiéis criticam tudo à sua volta a partir de sua interpretação bíblica. Elegem o mundanismo e as outras religiões como alvos prediletos de ataque, ou seja, canalizam sua agressividade para os de fora de seu grupo. Todo tipo de "concorrência" leva-os a se aclamarem como detentores exclusivos da verdade e virtude bíblicas que conduzem à salvação. Mas correm o risco de desencadear, senão a guerra santa, pelo menos uma perversa maré de atos de intolerância explícita, quando impõem sua verdade ou quando se dizem cumprir ordenas pretensamente divinas.

Dos objetos benzidos e correntes de oração

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É interessante notar que os neopentecostais muito se assemelham aos adversários que mais combatem. Mariano relata que Universal e Internacional da Graça distribuem aos fiéis objetos ungidos dotados de poderes mágicos ou miraculosos, ato que mais uma vez as aproxima de crenças e práticas dos cultos afro-brasileiros e do catolicismo popular.

Segundo Edir Macedo, o uso e a distribuição de objetos visa a despertar a fé das pessoas e constitui uma das técnicas de pregação empregadas por Jesus em sua passagem pela Terra. Depois de ungidos, os objetos são apresentados aos fiéis como dotados de poder para resolver problemas específicos, em rituais diversificados e inventivos, tendo por referência qualquer passagem ou personagem bíblicos. Dotados de funções e qualidades terapêuticas, servem para curar doenças, libertar de vícios, fazer prosperar, resolver problemas de emprego, afetivos e emocionais. Não apresentam caráter meramente simbólico como alegam os pastores quando inquiridos pela imprensa e por outros interlocutores. Para os fiéis, cujos poucos recursos são desembolsados em troca de bênçãos nas correntes de oração, das quais participam dias ou semanas ininterruptamente, tais objetos, pelos quais esperam ter seus pedidos atendidos, contêm uma centelha do poder divino.

Não obstante os meios pentecostais tradicionalmente se oponham ao uso de objetos sagrados (exceto a Bíblia] dotados de poder mágico e terapêutico para não sucumbirem à idolatria, Universal e Internacional, mediante o pagamento de ofertas espirituais, distribuem aos fiéis rosa, azeite do amor, perfume do amor, pó do amor, saquinho de sal, arruda, sal grosso, aliança, lenço, frasquinhos de água do Rio Jordão e de óleo do Monte das Oliveiras, nota abençoada (xerox de cédula benzida), areia da praia do Mar da Gali-léia, água fluidificada, cruz, chave, pente, sabonete. Tal como na umbanda e no catolicismo popular, recomenda-se que eles sejam ora guardados na carteira, carregados no bolso e daí por diante (MARIANO, pp. 133,134).

O discurso das igrejas Universal e Internacional da Graça é altamente repetitivo, lida com os mesmos problemas, apresenta as mesmas soluções e faz o mesmo diagnóstico de suas causas. Para tornar o culto mais atraente e menos enfadonho, algo precisa variar. O que varia são as formas dos rituais, bem como o modo de participar deles e o sacrifício (a quantia de dinheiro) exigido para o fiel habilitar-se a receber as bênçãos desejadas ou propostas. Sua capacidade de diversificar o repertório simbólico parece inesgotável. Daí encontramos corrente: de Jó, de Davi, do tapete vermelho, dos 12 apóstolos, do nome de Jesus, da mesa branca, do amor, das 91 portas; campanha do cheque da abundância, vigília da vitória sobre o diabo, semana da fé total. Estratégia para socializar e converter clientes e novatos, as correntes ou campanhas exigem a presença do fiel numa seqüência de cultos durante sete ou nove dias e até por 12 semanas consecutivas. A quebra da corrente, isto é, a ausência do fiel em algum dos cultos em que se prontificou a comparecer, impede a recepção da bênção esperada em razão da ruptura do elo que começara a se estabelecer entre ele e Deus. Atribui-se a culpa pela quebra da corrente aos demônios.

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Invocação às Falanges do Bem

Doce nome de Jesus, Doce nome de Maria, Enviai-nos vossa luz Vossa paz e harmonia!

Estrela azul de Dharma,Farol de nosso Dever! Libertai-nos do mau carma, Ensinai-nos a viver!

Ante o símbolo amado Do Triângulo e da Cruz, Vê-se o servo renovado Por Ti, ó Mestre Jesus!

Com os nossos irmãos de Marte Façamos uma oração-. Que nos ensinem a arte Da Grande Harmonização!

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Invocação às Falanges do Bem

Do ponto de Luz na mente de Deus, Flua luz às mentes dos homens, Desça luz à terra.

Do ponto de Amor no Coração de Deus, Flua amor aos corações dos homens, Volte Cristo à Terra.

Do centro onde a Vontade de Deus é conhecida, Guie o Propósito das pequenas vontades dos homens, O propósito a que os Mestres conhecem e servem.

No centro a que chamamos a raça dos homens, Cumpra-se o plano de Amor e Luz, e mure-se a porta onde mora o mal.

Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam o Plano de Deus na Terra.

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