Quem foi Edgar Cayce?
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Quem foi Edgar Cayce – Página 1
Quem foi Edgar Cayce?
A cada ano, milhares de pessoas, no mundo inteiro, descobrem a vida e a obra de um homem
que foi semelhante a tantos outros em muitos sentidos: esposo amoroso, pai de dois filhos,
fotógrafo apaixonado, catequista fervoroso e um aficcionado por jardinagem; mas que se
destacou por seu talento psíquico, um dos mais vastos e confiáveis de todos os tempos. Este
homem se chamava Edgar Cayce.
Durante quarenta e três anos, efetuou “leituras” num estado de sono auto-hipnótico,
com a finalidade de ajudar as pessoas. Deitava-se em um sofá, cruzava as mãos sobre o
plexo solar e entrava em transe. Então, bastava indicar-lhe o nome de alguma pessoa e o
lugar em que esta se achava, onde quer que fosse, para que pudesse falar dela e responder às
perguntas que se lhe fizessem acerca da mesma. Cayce geralmente dissertava com sua voz
habitual; uma estenografa anotava o que se dizia na sessão, datilografava em seguida,
enviava o original ao interessado e arquivava uma cópia.
Hoje em dia, a A.R.E. (Association for Research and Enlightenment, Inc.) 1[1],
associação criada por Edgar Cayce em 1931 em Virginia Beach, Virginia, coloca à disposição do
público, em sua biblioteca,as 14.306 leituras realizadas por Cayce, às quais se agregaram os
testemunhos, comentários e acompanhamentos. Essas leituras representam o maior conjunto
conhecido de documentos psíquicos oriundos de uma mesma fonte. A A.R.E., que só tinha
algumas centenas de membros quando Cayce faleceu em 1945, é atualmente uma organização
de envergadura mundial. Permite que muitas pessoas transformem suas existências graças à
obra deste homem simples que manifestou excepcionais faculdades psíquicas.
Edgar Cayce nasceu perto de Hopkinsville, no Estado de Kentucky, em 18 de março de
1877. Sendo o mais velho de cinco filhos, foi criado com suas quatro irmãs no ambiente da
vida rural do fim do século XIX, rodeado de seus avós, tios e primos, que residiam nos
arredores. Dizia brincar com pequenos companheiros invisíveis, que foram desaparecendo à
medida que crescia. Naquela época, grande parte do país experimentava um renascimento
religioso cujo fervor podia explicar, ao menos parcialmente, a profunda atração de Edgar pela
Bíblia e seu sonho de chegar a ser um médico missionário. Nessa idade, ninguém teria
suspeitado que esse sonho se concretizaria de modo singular.
Aos seis ou sete anos, contou a seus pais que tinha visões sobrenaturais e que falava
com seu falecido avô, mas não foi levado muito a sério, pois achavam que se tratava de frutos
de uma imaginação demasiado fértil. Edgar refugiava-se na leitura da Bíblia, o que lhe dava
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tanta satisfação que resolveu ler as Sagradas Escrituras do inicio ao fim uma vez para cada
ano de sua vida. As historias e os personagens bíblicos ocuparam assim um lugar privilegiado
em sua existência. Aos treze anos, teve uma experiência que o marcou para sempre: a
aparição de um ser angelical, uma bela dama, que lhe perguntou o que ele mais desejava.
Edgar respondeu que desejava ajudar os outros, em particular as crianças doentes.
Logo em seguida percebeu que lhe era possível memorizar seus livros escolares
dormindo um pouco sobre os mesmos, uma capacidade que já não podia ser atribuída a uma
imaginação excessiva. Sem os ter lido previamente, era capaz de dormir sobre livros ou
documentos de qualquer tamanho ou grau de complexidade e, ao despertar, podia descrever
com exatidão o seu conteúdo. Esta habilidade o ajudou nos seus estudos, mas foi aos poucos
se desvanecendo. A fim de ajudar os pais economicamente, Edgar abandonou a escola aos
dezesseis anos e começou a trabalhar com um tio na fazenda de sua avó.
No ano seguinte, a família se instalou em Hopkinsville. Edgar encontrou emprego em
uma livraria. Alguns meses mais tarde, conheceu Gertrude Evans, por quem se apaixonou.
Em 14 de março de 1897, quatro dias antes de completar vinte anos, se comprometeu com
ela. Ambos decidiram casar-se quando ele tivesse os recursos necessários para comprar uma
casa.
Edgar perdeu seu emprego em junho de 1898 e passou a ser vendedor de uma grande
loja. Em breve mudou-se para Louisville, uma cidade comercial de Kentucky onde havia
conseguido um emprego melhor remunerado em uma importante livraria. No Natal de 1899,
voltou a Hopkinsville e se associou a seu pai, Leslie Cayce, que na época era agente de
seguros. Edgar começou a viajar de cidade em cidade, vendendo seguros e livros. Em 1900,
aos vinte e três anos, quando sua situação econômica já lhe permitia vislumbrar um
casamento próximo, perdeu a voz depois de haver tomado um sedativo. No principio não se
inquietou, acreditando que o problema seria passageiro. Como persistiu, consultou médicos e
especialistas, que não conseguiram curá-lo. Incapaz de expressar-se mais alto que um
murmúrio, demitiu-se do emprego e procurou outro que não lhe exigisse falar muito.
Em Hopkinsville lhe ofereceram um trabalho perfeito para a sua situação, aprendiz de
fotógrafo. E, mesmo que seu problema fosse incurável, estaria perto de Gertrude e de sua
família. Frequentemente lamentava não haver podido continuar estudando para ser médico ou
pregador. Confortava-se lendo a Bíblia e se alegrava com a expectativa de casar-se e de ter
filhos.
Naquela época, o hipnotismo e os espetáculos teatrais eram muito populares. Um
hipnotizador ambulante que se fazia chamar “Hart”, “o rei da risada” chegou ao teatro de
Hopkinsville com seu programa de comédia e hipnotismo. Hart fazia sucesso e era muito
conhecido. Ao inteirar-se do problema de Edgar, aceitou tentar curá-lo. Na primeira sessão,
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Hart o hipnotizou e lhe sugeriu que iria recuperar a voz. Para assombro dos presentes, Edgar
respondeu com um tom de voz normal às perguntas que lhe fizeram. Porém, sua mente não
aceitou a sugestão pós-hipnótica de continuar falando claramente depois da sessão. Hart
repetiu a tentativa em várias ocasiões, obtendo sempre o mesmo resultado: adormecido,
Edgar se expressava perfeitamente; desperto, voltava ao murmúrio anterior. Os jornais locais
publicaram a noticia, e quando Hart foi embora da cidade, muita gente ficou convencida de
que o hipnotismo era de alguma forma, a solução para o problema de Cayce.
Sabendo que certos pacientes sob hipnose mostravam faculdades de vidência, um
especialista de Nova York, interessado no caso, aconselhou que se repetisse a experiência,
mas, desta vez, pedindo a Edgar que comentasse seu próprio problema, ao invés de apenas
sugerir-lhe que recuperasse a voz. Seus pais se opuseram porque ele se havia debilitado
fisicamente desde o inicio das sessões com Hart, como se estas lhe tivessem tirado energia do
corpo. Gertrude não interveio, deixando que seu noivo escolhesse por si só, já que Edgar
gostava de fotografia e que, de um modo ou de outro, poderiam levar uma vida feliz juntos.
Cayce decidiu submeter-se a uma última tentativa sob a supervisão de um autodidata
local, Al Layne, que praticava a hipnose e fazia cursos de osteopatia por correspondência.
Resolveu também entrar num estado similar ao que lhe permitia memorizar seus livros de
escola na sua adolescência. Quando estava adormecido, Layne lhe perguntou qual era a causa
de seu problema e a maneira de curá-lo. Cayce respondeu! Definiu o problema como um
transtorno psicológico que produzia um efeito físico e recomendou que, enquanto estava
inconsciente, fosse sugerido que intensificasse a circulação sanguínea nas áreas afetadas.
Layne respeitou as instruções. Pôde-se observar como a parte superior do peito e a garganta
de Edgar ficaram de cor escarlate e quentes ao tato. Edgar permaneceu uns vinte minutos
assim, em silencio; logo pediu que, antes de despertar, lhe dessem a ordem de regularizar a
circulação sanguínea. Layne seguiu estas indicações e, desperto Cayce se expressou
perfeitamente, curado da doença que já durava um ano. Assim, nesta data, 31 de março de
1901, Edgar Cayce fez sua primeira leitura psíquica.
Tanto ele como seus pais e Gertrude se regozijaram com este desenlace inesperado.
Agora, sua meta era estabelecer-se no ramo da fotografia e se casar. Cayce não deu muita
importância ao seu dom extraordinário, mas Layne ficou impressionado com o fenômeno que
presenciou. Há muitos anos Layne sofria de problemas gástricos que os médicos não
conseguiam curar, e lhe ocorreu solicitar uma “leitura” a esse respeito. Estava seguro de que
seus conhecimentos médicos lhe fariam identificar qualquer sugestão terapêutica mencionada
por Cayce que pudesse ser prejudicial. Apesar de seu ceticismo, Cayce concordou, pois se
sentia em divida com Layne por ele ter lhe ajudado a recuperar a voz. A leitura se realizou de
forma análoga à anterior. Adormecido, Edgar descreveu a afecção em detalhe e recomendou
certas ervas medicinais, um regime alimentar e exercícios físicos. Em uma semana, Layne
melhorou tanto que ficou ainda mais entusiasmado com a faculdade de Cayce.
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Edgar relutou em prosseguir, porque não entendia o fenômeno nem conhecia nada de
medicina. Seu maior desejo continuava a ser apenas casar-se, ter filhos e levar uma vida
tranqüila. Porém Layne lhe repetia que seu talento era benéfico, e ele tinha a
responsabilidade moral de usá-lo para o bem da humanidade. Finalmente, depois de muito
dialogar em família, orar e examinar a Bíblia, Edgar decidiu continuar, colocando duas
condições: se algum de seus conselhos resultasse perigoso, as leituras seriam imediatamente
interrompidas; queria também que as pessoas envolvidas se lembrassem que ele era apenas
um fotógrafo.
Uma das primeiras leituras foi para uma menina de cinco anos de idade chamada Aime
Dietrich, gravemente enferma desde os três anos de idade. Como seqüela de uma gripe, seu
cérebro havia cessado de se desenvolver e convulsões freqüentes sacudiam seu pequeno
corpo. Apesar das consultas a eminentes médicos e especialistas, suas condições só
pioravam.
Layne conduziu a leitura e anotou o que Cayce disse durante o transe. Cayce disse que
o problema havia surgido, na verdade, alguns dias antes da menina se resfriar, quando ela
havia lesionado a coluna vertebral ao descer de uma carruagem (acidente confirmado pela
mãe); os germens da gripe haviam se alojado na parte traumatizada da medula, provocando
as convulsões. Edgar recomendou que Layne fizesse determinadas manipulações osteopáticas.
Em uma leitura de controle, indicou que as manipulações não tinham sido feitas da forma
correta, e deu novas instruções. Depois de várias tentativas, atingiu-se o objetivo. Em
poucos dias, Aime chamou pelo nome uma boneca com a qual brincava antes de ficar doente.
Em seguida reconheceu outros objetos e também a seus pais. As convulsões desapareceram
por completo. Em menos de três meses, a menina estava absolutamente normal e
transbordava de saúde.
Ainda que Cayce se alegrasse por poder ter sido útil, continuava sonhando em ter uma
existência tranqüila. No entanto, o entusiasmo de seu pai, de Layne, e de outras pessoas,
como os pais de Aime, tornava cada vez mais difícil concretizar seu desejo. Assim, Edgar
continuou dando leituras gratuitas sob a supervisão de Layne. Logo descobriram que bastava
a Edgar saber o nome e a localização de uma pessoa para descrever seu estado de saúde,
diagnosticar seus males, prescrever um tratamento e responder às perguntas que fossem
feitas. Embora as leituras o perturbassem, pois raras vezes compreendia seu significado ao ler
as notas de Layne, nunca se esquecia de agradecer a Deus quando essa faculdade lhe permitia
socorrer alguém.
Naquela época, Edgar residia em Bowling Green, a cerca de cem quilômetros de
Hopkinsville, e trabalhava em uma livraria. Layne ia vê-lo todos os domingos a fim de obter
leituras para seus pacientes. Em 17 de junho de 1903, depois de um noivado de mais de seis
anos, Gertrude Evans e Edgar Cayce finalmente se casaram. Edgar não se acostumava com as
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leituras, mas sua vida estava indo bem: tinha uma esposa amada, uma casa, um emprego
bem remunerado, e dava aulas de catecismo. Um ano mais tarde, montou um estúdio
fotográfico com um sócio.
Graças a Cayce, Layne viu sua reputação e sua clientela crescer tanto que resolveu
tornar-se um osteopata profissional. Saiu de Hopkinsville e se matriculou numa escola de
osteopatia ao sul de Kentucky. Edgar se enganava ao pensar que isto poria fim às leituras.
Na verdade, havia despertado a curiosidade de um grupo de médicos locais que, num incidente
lamentável, fizeram com ele vários testes, alguns deles prejudiciais à sua saúde, destinados a
explorar a natureza e origem de seus poderes psíquicos.
Cayce dedicava a maior parte de seu tempo à fotografia, área na qual se destacava, e
seu estúdio prosperava. Mas de repente se endividou quando um incêndio destruiu uma
importante coleção de aquarelas e de reproduções que mantinha em consignação. Nove
meses mais tarde, em mais um golpe do destino, outro incêndio devastou o estúdio, que foi
reaberto duas semanas mais tarde, sendo que Cayce assumiu sozinho todas as perdas porque
seu sócio desistiu do negócio. Gertrude retornou a Hopkinsville com Hugh Lynn, seu primeiro
filho, nascido em 16 de março de 1907. Edgar permaneceu em Bowling Green até cobrir seu
déficit. Saiu de lá em agosto de 1909, arruinado, e procurou emprego no Estado de Alabama,
onde os fotógrafos eram escassos.
No Natal visitou a família. Seu pai o apresentou ao doutor Wesley Ketchum,
homeopata recém estabelecido na cidade. Este que soubera das leituras através de um dos
pacientes de Layne, pediu que Edgar lhe fizesse uma demonstração. Sabendo que tinha uma
apendicite, já diagnosticada, queria saber se Edgar seria capaz de detectá-la. Cayce acusou
um problema muito diferente de uma apendicite e propôs um tratamento simples. A fim de
ridicularizá-lo, Ketchum consultou um outro médico, que confirmou as declarações de Edgar.
Assim, Ketchum acabou convencido da autenticidade das leituras.
O doutor Ketchum começou a recorrer às faculdades de Cayce para resolver seus casos
mais delicados. Em 1910, enviou um informe para a ‘Sociedade Americana de Investigações
Clínicas’, no qual qualificou Cayce como um prodígio da medicina. O resultado foi que em 9 de
outubro, o jornal ‘The New York Times’ publicou uma grande reportagem intitulada: “Um
homem inculto se torna médico sob hipnose”. Esta reportagem gerou uma grande quantidade
de solicitações para leituras provenientes de todo o pais, e assim o doutor Wesley Ketchum,
Edgar Cayce, Leslie Cayce e Albert Noe, um hoteleiro de posses, fundaram a ‘Psychic Reading
Corporation’ (Sociedade de Leituras Psíquicas). Edgar regressou a Hopkinsville, aonde instalou
um estúdio fotográfico, o ‘Estúdio de Arte Cayce’. Diariamente, em suas horas livres, realizava
leituras psíquicas sobre problemas médicos. Não obstante, era muito mais feliz em suas
atividades como fotógrafo, e somente um ano depois mudaria de atitude a respeito das
leituras.
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Em certa ocasião, um rico empreiteiro chamado George Dalton fraturou a perna e a
rótula em um acidente de trabalho. Vários médicos lhe disseram que ele não voltaria a
caminhar normalmente devido à gravidade dos danos na rótula. Não satisfeito com o
diagnóstico, Dalton consultou o doutor Ketchum. Em uma leitura, Edgar aconselhou que a
rótula fosse recomposta com o uso de metal. Tal procedimento era desconhecido na época,
mas o doutor Ketchum, confiando em Cayce, fez a operação cirúrgica. Em alguns meses,
Dalton caminhava como se não tivesse sofrido o acidente.
Gertrude e Edgar tiveram um segundo filho em março de 1911, Milton Porter. Poucos
dias mais tarde o bebê apresentou um quadro de tosse compulsiva e colite. Apesar da
intervenção de diversos médicos, sua saúde piorou. Os médicos perderam toda a esperança
de salvá-lo. Cayce, então, fez uma leitura. Disse que Milton Porter já estava demasiado
enfermo e que era tarde demais. O neném morreu antes de completar dois meses.
Cayce e sua esposa entraram em profunda depressão. Ele se culpava de não haver
pensado nas leituras desde o principio. Isto talvez tivesse salvado a vida do bebê; mas agora
nunca saberia. Gertrude, por sua vez, contraiu uma pleurisia que ficou aguda com o passar
dos meses e a obrigou a ficar de cama.
No fim do verão, o médico de Gertrude fez novo diagnóstico e informou a Edgar que ela
tinha tuberculose e estava morrendo. Um especialista confirmou a terrível realidade e todos,
exceto seu marido, se resignaram com sua morte iminente. Edgar recorreu a uma leitura, que
deu esperanças, e recomendou que Gertrude tomasse um determinado preparado
farmacêutico e descongestionasse os pulmões inalando os vapores emanados de um pequeno
barril de madeira parcialmente cheio de conhaque de maçã. Os médicos acharam que o
remédio seria inútil, mas Ketchum o receitou. Em dois dias, a febre havia baixado e Gertrude
se sentia mais forte. Seu estado continuou melhorando e, em novembro, até os médicos se
mostraram otimistas. Em Janeiro de 1912, Gertrude estava quase totalmente restabelecida de
sua doença.
Nesse mesmo ano, um médico da Universidade de Harvard, o doutor Hugo
Münsterberg, chegou a Hopkinsville para pesquisar sobre o talento psíquico de Cayce. Tinha a
firme intenção de destruir sua reputação provando que era apenas um charlatão. Quando
partiu, estava convencido da legitimidade e eficácia das leituras. Encorajou Edgar a continuar
exercendo seus dons tão fora do comum e que socorriam tantas pessoas.
Cayce terminou sua sociedade com Ketchum e Noe, e foi trabalhar como fotógrafo em
Selma, Alabama. No ano seguinte, comprou o estúdio do qual era gerente, e mandou buscar
Gertrude e Hugh Lynn. Ali, pôde escapar de sua notoriedade cada vez maior e reiniciar uma
vida tranqüila em família. Nesta época, seu filho teve os olhos severamente queimados
quando estava brincando no estúdio com pólvora de magnésio antigamente usada para “flash”.
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Os médicos afirmaram que o menino não recuperaria a visão e se pronunciaram a favor da
retirada de um dos olhos. Dando uma leitura para o caso, Cayce assegurou que Hugh Lynn
não havia perdido a visão; deveria permanecer em um quarto escuro durante duas semanas,
mantendo constantemente sobre os olhos, uma compressa impregnada de uma solução
receitada pelos doutores, à qual mandou agregar outro ingrediente. Não houve intervenção
cirúrgica, e quando tiraram as compressas, o menino enxergava! Os jornais locais publicaram
o fato, de modo que Cayce voltou a ser famoso e recomeçou a ditar leituras além de se ocupar
do estúdio fotográfico. Como em todas as outras cidades aonde havia vivido, participava das
atividades da paróquia e ensinava catecismo. Em 9 de fevereiro de 1918, Gertrude e Edgar
tiveram outro filho, Edgar Evans.
Com o número crescente de solicitações para leituras, surgiu uma dificuldade: muita
gente não encontrava médicos dispostos a observar as instruções de um homem que nem
sequer conheciam e que diagnosticava, em transe, as enfermidades de pacientes que
frequentemente jamais havia visto. Cayce começou a pensar num hospital no qual médicos,
enfermeiros e terapeutas aplicariam os tratamentos mencionados nas leituras.
O sonho de fundar um hospital o levou a associar-se com algumas pessoas que
buscavam petróleo no Texas. Edgar viajou para lá para realizar leituras sobre possíveis locais
para perfuração. Construiu-se uma torre e se perfurou um poço, mas nunca se alcançou o
objetivo por causa de múltiplos obstáculos que surgiram ao longo da empreitada. Ressaltando
que as informações oriundas das leituras não deviam ser utilizadas com fins de lucro pessoal,
as leituras disseram que alguns dos sócios de Cayce não compartilhavam de seus sonhos de
criar um hospital e só queriam enriquecer.
Depois desta tentativa decepcionante que durou quatro anos, Edgar retornou a Selma.
Retomou a vida no ponto em que a havia deixado, com sua esposa, seus dois filhos, seu
trabalho e sua função na Igreja. Suas aulas de catecismo se tornaram as mais populares da
região, graças à capacidade que tinha de dar vida aos personagens e aos relatos bíblicos. Em
setembro de 1923, contratou Gladys Davis como secretária para que transcrevesse tudo o que
era dito nas leituras que, naquele tempo, eram conduzidas por Gertrude.
Até essa época, a informação psíquica comunicada por Cayce tratava exclusivamente de
medicina. Aí surgiu Arthur Lammers, um impressor da cidade de Dayton, Ohio, apaixonado
por filosofia e metafísica, que pediu uma leitura sobre seu horóscopo. 2[2] Na parte final da
leitura, Edgar disse que Lammers havia sido monge no passado, introduzindo assim a hipótese
da reencarnação e abrindo a porta a novas perspectivas.
Esta leitura representou um dilema para Cayce: ele não duvidava da utilidade e da
exatidão das leituras em matéria de saúde; mas tal referencia direta à reencarnação lhe
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parecia opor-se aos princípios cristãos tradicionais. Rezou a respeito, consultou seu ser
interior, efetuou leituras, e releu a Bíblia toda, acabando por admitir essa idéia. Desta
maneira, foi adquirindo uma sublime visão da unidade entre as grandes religiões do mundo,
centrada no cristianismo.
Edgar Cayce descobriu que o conceito de reencarnação se baseia nas seguintes noções
filosóficas: a vida é eterna e tem um propósito; tudo que existe emana de Deus e forma parte
de Deus; como almas, somos filhos do Criador e, portanto, iguais; recebemos o livre arbítrio e,
um dia, escolheremos o caminho do altruísmo. Cayce se deu conta de que a reencarnação,
compatível com qualquer religião, concordava com seu próprio entendimento dos
ensinamentos de Cristo.
A partir deste momento, Edgar começou a fazer leituras, não apenas sobre o corpo
físico, mas também sobre a mente e a alma, mencionando as vidas anteriores das pessoas que
o consultavam e as repercussões de tais experiências prévias nas suas encarnações atuais.
Estas dissertações foram denominadas “leituras de vida”. Com o tempo, a informação
transmitida se diversificou e abarcou uma ampla gama de assuntos. Entre outros, abordou
preceitos mentais e espirituais, pontos de vista inéditos concernentes à psicologia e à
parapsicologia, conselhos para melhorar nossas relações pessoais, a historia da Criação, as
civilizações desaparecidas e uma descrição fascinante da vida de Jesus.
Sendo cada vez mais solicitado, Cayce abandonou seu estúdio fotográfico a fim de
dedicar-se plenamente às leituras e de buscar apoio financeiro para a edificação do hospital.
Começou a aceitar doações, embora nunca tenha se negado a ajudar aqueles que não podiam
pagar. Devido ao indiscutível beneficio das leituras, varias pessoas se ofereceram para
patrocinar o hospital com ele tanto sonhava. No entanto, um grupo queria construí-lo em
Chicago, outro em Dayton, enquanto que as leituras especificavam Virginia Beach ou seus
arredores. Finalmente, Morton Blumenthal, agente de cambio na bolsa de valores de Nova
York, concordou em financiar o projeto no lugar indicado.
Em setembro de 1925, a família Cayce e Gladys Davis se mudaram para Virginia Beach,
Virginia. Em 1927, se fundou uma organização, a ‘Association of National Investigators, Inc.’
(Associação de Investigadores Nacionais), para analisar e experimentar a informação contida
nas leituras. Seu lema era: “Manifestemos nosso amor por Deus e pela humanidade.” Um ano
depois, em 11 de novembro de 1928, inauguraram o Hospital Edgar Cayce. Os pacientes
chegavam de todo o país, desejosos de conseguir leituras e de ser atendidos por uma equipe
competente. Nas leituras, Cayce diagnosticava as enfermidades e prescrevia diversos métodos
de tratamento, desde uma modificação do regime alimentício até uma intervenção cirúrgica.
Não favorecia nenhum ramo da medicina, mas os recomendava todos, selecionando em cada
caso os mais adequados.
Quem foi Edgar Cayce – Página 9
Em outubro de 1929, teve inicio a grande crise econômica. Apesar disto, inaugurou-se
em 1930, com orientação humanística, a ‘Atlantic University’ (Universidade Atlântica). O
hospital funcionou até fevereiro de 1931, quando teve de fechar e a organização dissolveu-se,
por falta de recursos financeiros. A universidade conseguiu sobreviver até o Natal.
Em junho do mesmo ano, se criou a A.R.E., ‘Association for Research and
Enlightenment, Inc.’ (Associação para Pesquisa e Iluminação), com o objetivo de estudar e de
difundir as leituras de Cayce. A Associação se concentrou essencialmente na medicina
holística e na cura espiritual; na reencarnação; nos sonhos e sua interpretação; nos
fenômenos psíquicos; no poder da mente; na oração e meditação e nos princípios filosóficos e
espirituais.
Numerosas pessoas que queriam desenvolver sua percepção extra-sensorial se
dirigiram a Edgar Cayce. Ele geralmente respondia dizendo que antes deveriam esforçar-se
para elevar seu nível de consciência, uma vez que o psíquico provém da alma. Ele assegurava
que se cultivassem valores espirituais, suas faculdades psíquicas se acentuariam de maneira
natural, segundo suas necessidades e os motivos de sua presente encarnação. Cayce lhes
explicava que, ao incorporar os preceitos das leituras em suas crenças religiosas ou filosóficas,
e colocá-los em prática, deveriam obter resultados proveitosos; do contrario, seria melhor que
deixassem de lado a informação das leituras e se esquecessem delas.
Com os anos, as aptidões psíquicas de Cayce se ampliaram. Em uma oportunidade,
saiu correndo da casa onde estava, totalmente angustiado porque acabava de ver que três
soldados jovens, em quem estava pensando, não regressariam da guerra. Também, percebia
as auras, definidas como o campo de energia luminosa existente ao redor das cosas vivas.
Através das mesmas, percebia o estado físico e emocional das pessoas.
À medida que crescia sua reputação, mais céticos chegavam a Virginia Beach com o
único propósito de acusá-lo de fraude. Cedo ou tarde, todos se convenciam de sua sinceridade
e da autenticidade de sua obra, e muitos lhe solicitavam leituras. Um deles o escritor Thomas
Sugrue, católico fervoroso que tinha vindo com a intenção de por em evidencia o que
considerava uma impostura, terminou escrevendo a biografia de Cayce: “There is a River”
(“Existe um rio”), publicada em 1943 enquanto Cayce ainda era vivo. De modo similar, a
revista ‘Coronet’, sumamente popular naquela época, divulgou as conclusões de sua pesquisa
em um artigo intitulado: “O homem milagroso de Virginia Beach”. Esta reportagem fez com
que Cayce se tornasse mais famoso que nunca.
Em plena segunda guerra mundial, Edgar Cayce recebia uma volumosa correspondência
pedindo sua ajuda. Aumentou o número de leituras diárias para seis, ignorando suas leituras
pessoais que o exortavam a realizar um máximo de duas por dia. Eram tantas as solicitações
que era preciso esperar dois anos até obter uma leitura.
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Na primavera de 1944, Edgar começou a debilitar-se. Ainda que as leituras lhe
aconselhassem repouso, ele se sentia obrigado a continuar atendendo aos pedidos de ajuda.
Finalmente, foi vencido pelo esgotamento e, ditou sua ultima leitura para si mesmo em
setembro de 1944, 43 anos depois da primeira, ocorrida em 1901. Essa leitura lhe
recomendava suspender suas atividades; quando Gertrude perguntou por quanto tempo, a
resposta foi: “Até que se recupere, ou morra.” Quase em seguida sofreu um ataque de
apoplexia e ficou parcialmente paralisado. No fim do ano seus amigos temiam o pior. Edgar
lhes disse que ficaria “curado” depois do ano novo, mas eles entenderam que isto era, na
realidade, um anuncio de sua morte, a qual de fato ocorreu em 3 de janeiro de 1945. Até
então ninguém havia percebido que Gertrude, em seu generoso afã de ocultar seus próprios
problemas, estava seriamente enferma. Ela expirou três meses depois, no domingo de
Páscoa.
~
Enquanto os filhos de Cayce combatiam na guerra, Gladys Davis se dedicou a arquivar,
classificar e catalogar a informação das leituras que ela mesma havia, em grande parte,
anotado e datilografado com esforço e paciência. Concluiu o projeto em 1971, um quarto de
século depois de seu inicio! No curso de seu trabalho, pode apreciar a amplitude e a
diversidade dos temas mencionados nas leituras. Estas cobrem cerca de dez mil assuntos
diferentes e respondem a quase todas as perguntas imagináveis no tempo de Cayce. Além de
assumir essa considerável tarefa, Gladys foi secretaria das organizações vinculadas à obra de
Cayce, até sua morte em 1986 aos oitenta e um anos.
Por sua parte, Hugh Lynn Cayce fez da A.R.E. a sua carreira. Despertou o interesse de
muitos nos conceitos holísticos das leituras e no trabalho da Associação. Quando faleceu, em
1982, o numero total de membros da A.R.E. havia aumentado de algumas centenas para
dezenas de milhares. Atualmente inúmeras pessoas no mundo se beneficiam do legado de
Edgar Cayce sobre saúde, reencarnação, sonhos, percepção extra-sensorial, meditação,
crescimento espiritual, estudo comparativo das religiões, existência após a morte, astrologia,
profecias, problemas mundiais, e mais.
De onde provinha o saber comunicado nas leituras? Em geral, Cayce o adquiria de duas
maneiras distintas: entrando em contacto com o subconsciente de quem solicitava as leituras;
e recorrendo aos “registros akáshicos”, que ele chamava também de “o livro da memória de
Deus”, arquivos completos de todas as almas desde sua criação, inscritos nas coordenadas do
espaço-tempo. Tendo acesso às fontes universais de conhecimento, Cayce era capaz de
dissertar acerca de qualquer assunto.
Hoje em dia, várias organizações utilizam os dados psíquicos transmitidos por Edgar
Cayce em transe. A A.R.E., ‘Association for Research and Enlightenment, Inc.’
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(Associação para Pesquisa e Iluminação), é uma associação de envergadura mundial que
segue examinando e documentando os preceitos das leituras. Divulga os mesmos por meio de
publicações, conferencias e reuniões, assim como de atividades educativas, culturais e sociais
para adultos e jovens. ‘Edgar Cayce Foundation’ (Fundação Edgar Cayce) é uma
organização autônoma legalmente responsável pelas leituras. Compara as noções
transmitidas por Cayce com as procedentes de outras tendências. ‘Atlantic University’
(Universidade Atlântica), que havia fechado suas portas em 1931, as abriu de novo em 1985;
oferece um programa de mestrado em estudos trans-pessoais. ‘Cayce-Reilly School of
Massotherapy’ (Escola de Massoterapia Cayce-Reilly) forma massagistas e terapeutas
segundo os fundamentos holísticos das leituras. ‘A.R.E. Health Services Department’
(Departamento de Serviços de Saúde da A.R.E.) usa estes conceitos em suas terapias naturais.
‘Health and Rejuvenation Research Center’ (Centro de Pesquisas sobre a Saúde e o
Rejuvenescimento) atende a pacientes e aprofunda os assuntos médicos abordados por Cayce,
levando em conta os avanços da medicina moderna.
A existência de todas estas organizações atesta que a informação psíquica contida nas
leituras de Edgar Cayce, fotógrafo do principio do século XX, oriundo do campo, passou com
sucesso no teste da intensa investigação a que foi submetida durante tantos anos.
Saúde e medicina holística
As leituras de Edgar Cayce contêm inumeráveis conselhos práticos sobre a maneira de se obter
e manter uma boa saúde. A própria natureza de grande parte destas noções revela que Cayce
tinha idéias de vanguarda. Suas sugestões para a recuperação e para a conservação da saúde,
assim como para o equilíbrio do estilo de vida, apóiam-se em princípios tais como: dieta
apropriada, exercício físico, controle das atitudes e das emoções, relaxamento e tempo livre,
purificação interna e externa do corpo. Segundo Cayce, o segredo de uma boa saúde reside
muito mais no cuidado correto do corpo e na medicina preventiva que no tratamento das
doenças depois que elas aparecem, ou seja, "mais vale prevenir que remediar". No mundo
ocidental, Cayce foi um dos precursores de uma alimentação à base de frutas, verduras,
pescado, aves e água em quantidade suficiente para a depuração dos órgãos internos. Convém
notar que ele fez estas recomendações, e outras similares, em uma época em que a maioria
da população dos Estados Unidos consumia principalmente carne vermelha e hidratos de
carbono.
Os preceitos de Cayce sobre a saúde e a arte de manter-se em forma não se limitam a uma
dieta adequada e à prática regular de exercício. Há dezenas de anos, Cayce já insistia sobre o
papel da mente no equilíbrio físico e no bem estar das pessoas. A ciência médica reconhece
hoje em dia que os pensamentos positivos aceleram os processos de cura. Tanto Cayce como
Quem foi Edgar Cayce – Página 12
a medicina moderna afirmam que o humor e a alegria contribuem para restaurar a saúde,
enquanto que contrariedades, tensões e atitudes negativas, como raivas constantes,
conscientes ou inconscientes, favorecem as doenças.
Inclusive pessoas que criticam outros aspectos da obra de Cayce concordam que suas
recomendações ligadas à saúde são básicas para a manutenção da boa forma física. Estes
conselhos cobrem uma ampla gama de assuntos, desde verrugas a hemorróidas, acne,
deficiências vitamínicas, fraturas, longevidade, artrite, problemas infantis, parto, câncer,
epilepsia, psoríase e transtornos mentais. Na verdade, Cayce mencionou nas leituras
praticamente todas as principais doenças da primeira metade do século XX. É interessante
constatar que muitos tratamentos que Cayce prescreveu na época para casos isolados
permanecem valendo e podem ser generalizados. Citemos a psoríase e o escleroderma: Cayce
propunha alimentos específicos, manipulações vertebrais e outros remédios naturais. Nos
últimos anos, centenas de pessoas afetadas por estas doenças obtiveram melhoras ao aplicar
tais recomendações.
As leituras de Cayce, anotadas entre 1901 e 1944, se adiantaram à sua época ao mencionar a
influência das atitudes e das emoções sobre a saúde; a medicina das energias; a importância
da oração; a cura espiritual. Além disso, anunciaram muitos descobrimentos vindouros na
maneira de abordar as questões de saúde. Por exemplo, Cayce declarou em 1927: "Chegará o
dia em que se diagnosticarão as enfermidades a partir de uma só gota de sangue." Isto é, de
fato, muito comum na atualidade.
A saúde integral, segundo Cayce, corresponde à harmonização dos três componentes básicos
do ser humano: físico, mental e espiritual. Deve-se considerar o ser humano em sua
totalidade, corpo, mente e alma, e não se limitar a tratar as doenças. Por esta razão,
freqüentemente é dito que a medicina holística contemporânea teve sua origem nas leituras
psíquicas de Edgar Cayce.
Fosse para um problema de saúde ou para qualquer outro assunto, as leituras ocorriam, de
modo geral, da seguinte forma: Edgar Cayce deitava-se num sofá e entrava num transe auto-
hipnótico. Sua secretária, Gladys Davis, ficava sentada a seu lado, pronta para estenografar o
que se diria durante a sessão. Quando Cayce "adormecia", a pessoa que conduzia a leitura,
usualmente sua esposa Gertrude, fazia a sugestão apropriada para obter a informação
desejada. Para as "leituras físicas", Gertrude dizia:
Você estará na presença do corpo de __________ [nome do interessado], que se encontra
neste momento em __________ [nome da cidade e endereço]. Percorrerá o corpo com
cuidado e o examinará em detalhe. Falando claramente, em um ritmo normal, descreverá os
estados patológicos existentes e determinará suas causas; indicará a forma de melhorá-los e
de aliviar o corpo. Também responderá às perguntas que se façam."
Quem foi Edgar Cayce – Página 13
Cayce confirmava: "Sim, encontramo-nos na presença do corpo." Se já houvesse dado,
mesmo que trinta anos antes, uma ou mais leituras para o paciente em questão, dizia: "Já
estudamos este caso", e retomava de onde havia parado, independente do tempo transcorrido.
Normalmente, dissertava com sua voz habitual e se referia à pessoa como se ela estivesse ali,
embora em muitas oportunidades a pessoa estivesse a milhares de quilômetros de distância.
Cayce estabelecia um diagnóstico detalhado, mencionando todos os dados úteis sobre a
circulação sanguínea, o sistema nervoso e os órgãos envolvidos. A seguir dava instruções
sobre como aliviar os males e, para terminar, respondia às perguntas. Se uma pessoa
estivesse assistindo à sua própria leitura, bastaria formular mentalmente uma pergunta para
que Cayce a respondesse.
Das numerosas leituras relativas aos princípios curativos e à medicina holística, pode-se
deduzir que os fundamentos de uma boa saúde podem ser resumidos na sigla "C.A.R.E." : -
circulação, assimilação, relaxamento, eliminação. O papel de cada uma destas funções é o
seguinte:
Em primeiro lugar, a circulação. A mesma é primordial nos mecanismos de
regeneração do corpo. Portanto, sua estimulação mediante exercícios físicos, massagens, ou
manipulações terapêuticas como as que se levam a cabo na quiroprática e na osteopatia,
reforçam consideravelmente os processos naturais de cura.
Em segundo lugar, a assimilação. Esta representa a maneira pela qual o corpo digere o
alimento e distribui os nutrientes. Por um lado, a assimilação depende do regime alimentício:
segundo as leituras, este deveria consistir em vinte por cento de alimentos "ácidos" (ou seja,
que acidificam o organismo), e oitenta por cento de alimentos "alcalinos". Deve-se ingerir um
litro e meio a dois litros de água por dia. Por outro lado, a assimilação depende do modo de
preparar e de combinar os alimentos. Por exemplo, as leituras recomendam o consumo regular
de cereais e de cítricos, mas nunca numa mesma refeição, por causa de sua incompatibilidade
durante a digestão.
Em terceiro lugar, o relaxamento. Não apenas bastante sono, mas também tempo livre e
recreio. Cayce afirmou em uma leitura:
"Estes transtornos resultam do que se poderia chamar de desequilíbrios ocupacionais: pouco
tempo ao sol e pouco trabalho físico; demasiado trabalho intelectual, enquanto devem ser
mantidas as justas relações entre a alma, a mente e o corpo. Quem não reserva em sua vida
um lugar para o lazer e não harmoniza cada aspecto de seu ser, engana-se a si mesmo. Cedo
ou tarde, sofrerá as conseqüências."
Quem foi Edgar Cayce – Página 14
Leitura [3352-1]
Em quarto lugar, a eliminação. É indispensável que o corpo expulse suas toxinas e purifique
seus órgãos internos para funcionar normalmente. Uma alimentação adequada, muita água
por via oral, movimentos respiratórios, exercício físico (caminhar, por exemplo), banhos de
vapor, enemas, asseguram bons mecanismos de eliminação. Cayce insistia na importância de
evacuar o intestino todos os dias.
O equilíbrio entre a circulação, a assimilação, o relaxamento e a eliminação resulta em cura,
saúde e longevidade.
Embora certas recuperações tenham sido espetaculares devemos ressaltar que as leituras de
Cayce nunca indicaram fórmulas ou remédios milagrosos. Normalmente sugeriam um
conjunto de terapias que envolviam o organismo inteiro, assim como os diferentes aspectos do
ser. Apesar de seus poderes psíquicos, Cayce não era curador. Pelo contrário, graças aos
conselhos sobre saúde integral transmitidos pelas leituras, ensinava às pessoas a conduta
apropriada para melhorar seu estado físico ou curar suas doenças.
Seguir os tratamentos e as recomendações das leituras às vezes exigia grandes
esforços e muita constância. Aos que recorriam a ele para a cura de doenças, Cayce
freqüentemente perguntava por que desejavam curar-se. Em outras palavras, o paciente que,
desde o momento em que se sente bem, volta ao estilo de vida que provocou sua doença, se
nega a encarar as causas profundas de seus males. Ao ignorar a lição oferecida, corre o risco
de expor-se a um problema maior no futuro.
Livros recomendados:
"Edgar Cayce: Suas curas naturais" ("The Edgar Cayce Handbook for Health Through
Drugless Therapy") - Harold Reilly and Ruth Hagy Brod
"As Chaves da Saude" ("Keys to Health") - Dr. Eric Mein
"Os Remédios de Edgar Cayce" ("The Edgar Cayce Remedies") - Dr. William McGarey
"Milagres de cura" ("Healing Miracles") - Dr. William McGarey
Quem foi Edgar Cayce – Página 15
Quem foi Edgar Cayce – Página 16
Reencarnação e Karma
Edgar Cayce fez sua primeira leitura em 1901, sobre um problema de saúde, para si
mesmo. Muitas outras se seguiram, mas o conceito de reencarnação não apareceu
até 1923, numa sessão dada para Arthur Lammers, um impressor de Dayton, Ohio.
Convém mencionar que uma leitura havia abordado a questão doze anos antes; mas
essa primeira alusão foi ignorada durante muito tempo, pois naquela época, ninguém
no grupo de Cayce conhecia este conceito. A reencarnação acabou sendo o assunto
de quase duas mil leituras psíquicas, chamadas "leituras de vida". Constitui o
segundo maior tema mencionado por Cayce em transe.
Em essência, o que é a reencarnação? É a crença de que cada um de nós
passa por vidas sucessivas, com o propósito de crescer em espírito e de recobrar a
plena consciência de nossa natureza divina. O ponto de vista de Cayce exclui a
metempsicosis ou transmigração das almas, segundo a qual os humanos podem
reencarnar em forma animal. Por outro lado, provê uma base filosófica para o
passado, colocando ênfase especial na maneira como devemos encarar nossa
existência atual: devemos viver o momento presente, procurando nos desenvolver
espiritualmente e ajudar-nos uns aos outros. As leituras ensinam que nossas
escolhas e atos passados nos trouxeram ao ponto em que nos encontramos. Não
tem muita importância quem fomos, ou o que fizemos no passado, mas sim como
reagimos frente às oportunidades e aos desafios que surgem neste instante, aonde
quer que nos encontremos. De fato, nossas escolhas e condutas a cada momento,
definidas por nosso livre arbítrio, são as que realmente importam. A perspectiva de
Cayce, não é nada fatalista, e abre horizontes quase ilimitados.
Nas leituras, Cayce falou também sobre o risco de se ter um conceito
incorreto sobre a reencarnação. Disse que certas teorias dão uma compreensão
errônea do seu verdadeiro significado. Dentre estas, todas as que não reconhecem o
livre arbítrio criam o que chamou de "um monstro kármico", quer dizer, uma noção
filosoficamente errada, que não leva em conta os fatos autênticos, nem a estreita
conexão existente entre karma, livre arbítrio, destino e graça. Ainda hoje em dia,
muita gente interpreta de maneira equivocada, a reencarnação como uma seqüência
inevitável de experiências e relacionamentos imposta a nós pelo nosso karma. Se
assim fosse, nossas decisões anteriores nos obrigariam a seguir uma trajetória
marcada por acontecimentos específicos, e nosso futuro já estaria definido. Esta
visão difere totalmente da de Cayce, pois as leituras destacam que o passado nos
proporciona apenas uma conjuntura possível, ou provável. Mostram que, longe de
sermos meros espectadores, desempenhamos um papel dinâmico no desenrolar de
nossa existência.
Quem foi Edgar Cayce – Página 17
A palavra "karma" é um termo sânscrito que significa "ação".
Freqüentemente se dá a ela o sentido de "causa e efeito". As leituras concordam
com esta idéia, mas acrescentam a noção filosófica inédita e exclusiva de que o
karma pode ser definido simplesmente como uma memória. Portanto, não se trata
de uma "dívida" que temos de pagar conforme algum critério universal, nem de uma
série de experiências determinadas por nossas prévias ações, boas ou más. O karma
é apenas uma memória, uma fonte de informação que inclui elementos 'positivos' e
outros aparentemente 'negativos', e na qual o subconsciente busca os dados que
utiliza no presente. Isto explica, por exemplo, as afinidades ou as animosidades
espontâneas que sentimos por certas pessoas. Ainda que essa memória
subconsciente se reflita em nossa fisionomia e influa em nossos pensamentos,
reações e decisões, sempre podemos recorrer ao livre arbítrio para orientar nossa
vida.
As leituras de Cayce mencionam que quando falecemos, não reencarnamos de
imediato. O que chamamos subconsciente no plano físico vem a ser nosso
consciente no outro plano. A alma recapitula tudo o que viveu e escolhe, entre as
lições que deve aprender, as que se sente capaz de assumir no momento, a fim de
seguir sua evolução. Então aguarda o momento propício para renascer na Terra.
Normalmente, escolhe um lugar já conhecido. Em cada nova vida, opta por um
corpo masculino ou feminino, segundo o objetivo de sua encarnação. Ademais,
seleciona o âmbito e as condições (pais, família, lugar, época, etc.) que melhor lhe
permitam aperfeiçoar-se e aprender suas lições. Suas experiências dependerão da
forma com que empregue seu livre arbítrio dentro desse contexto. Podemos
considerar nossas tribulações como obstáculos e transtornos ou, ao contrário,
transformá-las em situações benéficas, em oportunidades para elevar nosso nível de
consciência. O processo de reencarnação continua até que consigamos personificar o
amor universal no mundo e expressar nossa essência divina em todos os aspectos da
vida terrestre.
Convém notar que talentos e qualidades nunca se perdem, de modo que as
qualidades cultivadas em cada encarnação se somam e podem ser usadas no futuro.
Por exemplo, o dom das crianças prodígios é o ressurgimento de um talento
exercitado em uma ou várias existências prévias. Um excelente professor de
literatura poderia ter sido um escritor ou historiador em vidas anteriores. Nossas
aptidões costumam se manifestar em função das metas de nossa encarnação atual.
As leituras revelam que o karma não existe entre indivíduos, mas unicamente
entre uma pessoa e ela mesma. Em outras palavras, "cada um de nós está sempre
Quem foi Edgar Cayce – Página 18
se encontrando consigo mesmo"3[1]. Como conseqüência, o curso de nossa vida se
baseia nas decisões que vamos tomando para reagir a uma conjuntura que nós
mesmos criamos. Em geral, temos a chance de resolver nossos próprios problemas
kármicos através de interações com os demais mas, todos temos a tendência de, ao
invés de assumir a plena responsabilidade por nossos fracassos e decepções , colocar
a culpa nos outros como se eles fossem a real causa de nossos problemas.
Assim sendo, apesar de nosso karma ser essencialmente nosso, nos sentimos
constantemente atraídos pelos indivíduos e grupos que nos oferecem as condições e
ocasiões favoráveis para trabalhá-lo. De maneira similar, os outros se aproximam de
nós em sua jornada individual levados por suas memórias kármicas. Portanto,
nossas relações com os demais nos permitem encontrar-nos conosco mesmos e ter
as experiências que nos ensinam e nos ajudam a avançar no caminho espiritual. É
interessante notar que a maneira como cada indivíduo decide "encontrar-se consigo
mesmo", fazendo as escolhas, uma de cada vez, é que irá, essencialmente,
determinar a vida que ele vai experimentar. Com freqüência, episódios vividos em
grupo reaparecem em encarnações posteriores, como vínculos familiares,
profissionais, culturais ou étnicos. As leituras dizem que nunca nos encontramos
com alguém acidentalmente, porque coincidências não existem. Do mesmo modo,
só sentimos uma profunda simpatia ou antipatia por alguém desconhecido, se já
tivermos encontrado essa pessoa antes.
Devemos ficar atentos às conseqüências de nossas decisões e atitudes, uma
vez que colheremos inevitavelmente o que semeamos. A Bíblia diz: "Tudo o que um
homem semear, ele também colherá." 1[2] Os adeptos da reencarnação afirmam:
"Atraímos o que é semelhante a nós." Isto implica que, algum dia, teremos
experiências análogas às que nossas escolhas produziram na vida de outros.
Divergindo das doutrinas fatalistas que dizem que nosso destino já está
determinado, a teoria de Cayce afirma que somos donos de nosso próprio destino.
De fato, podemos controlar nossos pensamentos, palavras e atos, e escolher nosso
comportamento ante as circunstâncias que nós mesmos criamos.
Compreendamos que tudo que acontece em nossa existência é fruto de nossa própria
criação, e que nossas tribulações sempre contribuem para nosso desenvolvimento
quando as consideramos como oportunidades de corrigir os erros do passado, ou de
adquirir sabedoria e entendimento.
Quem foi Edgar Cayce – Página 19
Descobrir o porquê de nos encontrarmos em uma ou outra situação não é
fundamental, mais importante é como nos dispomos a lidar com elas, pois de nossas
reações, nascerão nossas experiências futuras. Assim, duas pessoas poderiam
adotar atitudes completamente diferentes em casos semelhantes, com relação, por
exemplo, à perda de um emprego. Enquanto uma poderá ficar angustiada e amarga,
a outra verá uma ocasião inesperada para reconstruir sua vida e para dedicar-se a
alguma atividade pela qual tem paixão há muito tempo.
A reencarnação é um conceito que tem presença nas grandes religiões do
mundo e não se limita às filosofias orientais. Estimula a tolerância e a compaixão,
responde a muitas perguntas e dá sentido até aos menores aspectos da existência.
Alguns a consideram sensata, outros a acham controversa. Os adeptos sérios desse
conceito sabem que todos nós experimentamos vários ambientes, condições e
circunstâncias no transcurso de nossas vidas sucessivas. Eles usam o conceito da
reencarnação, não para viver no passado, ou para orgulhar-se de, talvez, ter sido
uma pessoa muito importante anteriormente, mas sim para crescer em espírito e
contribuir para a melhoria do mundo em que vivemos. Cayce ilustra essa idéia na
seguinte leitura:
"Descubra porque você está buscando essa informação. Se é para saber que você
viveu, morreu, e foi enterrado perto da cerejeira no fundo do jardim, isto não o fará
um melhor vizinho, cidadão ou pai! Por outro lado, se é para saber que você disse
palavras pelas quais se sentiu culpado e, que agora pode redimir-se atuando de
maneira justa, então sim, vale a pena!"
Leitura [5753-2]
Livros recomendados:
"Muitas moradas" ("Many Mansions") - Gina Cerminara (Editora Pensamento)
"Reencarnação: Reivindicando seu passado, Criando seu futuro" (Reincarnation
Claiming Your Past, Creating Your Future") - Lynn Sparrow (Editora Pensamento)
Sonhos e sua interpretação
Ainda que muita gente não costume se lembrar de seus sonhos, todo mundo sonha!
No início do século XX, enquanto Sigmund Freud e seus colaboradores, como Carl
Jung, demonstravam a importância dos sonhos na psicanálise, Edgar Cayce
Quem foi Edgar Cayce – Página 20
formulava um método simples que permitia entendê-los de maneira prática e utilizá-
los construtivamente na vida diária. As centenas de leituras de Cayce que se
referem aos sonhos e sua interpretação revelam que sabemos, no nível
subconsciente, muitissimo mais do que pensamos, sobre nosso corpo, nossa
personalidade, nossa individualidade e nosso meio ambiente. 1[1]
Ao sonhar, temos acesso a diferentes níveis de nosso subconsciente (ou
inconsciente). Lá estão armazenadas as memórias de todos os nossos sucessos,
desejos e esperanças, assim como as recordações de nossas experiências anteriores.
O subconsciente também possui abundantes recursos dos quais, frequentemente,
nem sequer suspeitamos; é extremamente hábil para resolver problemas, responder
a perguntas, facilitar exames de consciência e despertar faculdades psíquicas. Por
isso, os sonhos podem nos dar indicações sobre as causas de nossas enfermidades,
sobre como viver em harmonia com nossos semelhantes, sobre pensamentos ou
emoções que nos perturbam, e muito mais. Em resumo, os sonhos nos ajudam a ter
um maior conhecimento de nós mesmos nos planos físico, mental e espiritual.
Carl Jung, psiquiatra suíço contemporâneo de Edgar Cayce, demonstrou que existe
no inconsciente um nível profundo, que chamou de "inconsciente coletivo", que é
proveniente de uma autêntica realidade espiritual que não foi reconhecida por Freud.
Neste nível podemos nos comunicar uns com os outros através de símbolos
universais ou arquétipos, ou seja, imagens que tem o mesmo sentido para todos.
Assim, um gato grande ou um leão representam força e vitalidade; os pássaros
correspondem a vários aspectos do amor ou de compaixão; a água caracteriza o
Espírito; um ancião ou um ancestral personificam nosso ser superior ou nossa
sabedoria interior. Isso explica por que, através de seus símbolos ou temas
universais, numerosos contos e mitos de diferentes culturas se assemelham.
Às vezes podemos associar as imagens de nossos sonhos a arquétipos, mas isso nem
sempre funciona, de modo que as melhores interpretações se fazem analisando o
que cada símbolo evoca para cada sonhador. Por exemplo, um rifle significará
provavelmente coisas muito distintas para um armeiro e para uma vítima de guerra.
Ao contrário do que em geral pensamos, não existem sonhos "maus", pois todos,
inclusive os pesadelos, contêm mensagens destinadas a ajudar-nos (possível exceção
para um pesadelo causado por uma indigestão). Sonhar com catástrofes é uma
maneira de aliviar nossas tensões emocionais, e pode nos encorajar a tomar certas
decisões como: mudar nossa dieta, nosso estilo de vida ou nossas atitudes. Se
Quem foi Edgar Cayce – Página 21
déssemos a eles a importância que merecem, nossos sonhos se converteriam em
uma fonte inigualável de ensinamentos e de inspiração.
A alguém que havia sonhado com um homem uniformizado, sem cabeça, Cayce disse
em uma leitura que, no lugar de "perder a cabeça" teimando em executar seu
trabalho com perfeição até os mínimos detalhes, mais valia que se deixasse guiar
pelo Espírito. A outro que sonhou que um histérico corria pelas ruas gritando e
aparentando pânico, Cayce o aconselhou que dominasse seu mau gênio. Uma
mulher se viu em sonhos falando com uma amiga que usava uma bonita dentadura
postiça sendo que a metade dos dentes, em forma intercalada, parecia de ouro puro.
Cayce explicou que os dentes de ouro, símbolos das verdades espirituais que ela
mesma mencionava com tanta freqüência, eram falsos porque ela não colocava em
prática o que apregoava. A uma senhora que havia sonhado que sua falecida mãe
estava viva e feliz, Cayce disse que isso era verdade, pois: "a morte não é uma
realidade, mas apenas uma transição do mundo físico ao plano espiritual." 1[2]
Alguns sonhos são bem literais. Por exemplo, um sonho no qual comemos uma
salada pode ser um estímulo para que passemos a consumir mais verduras cruas.
Também acontece de sonharmos com uma pessoa que não vemos há muito tempo, e
logo após a encontramos de novo ou recebemos notícias dela.
No entanto, a maioria dos sonhos é simbólica. Lugares desconhecidos ou casas
fechadas, freqüentemente se referem a aspectos de nós mesmos que não temos
explorado ou que nos negamos a considerar, um automóvel normalmente representa
nosso corpo e pode indicar que devemos modificar certos hábitos ou cuidar de nossa
saúde.
Os sonhos de nascimentos ou de mortes são ainda mais simbólicos. Correspondem
freqüentemente a novas situações, a mudanças ou à abolição de velhos hábitos. Um
sonho no qual alguém vai ter um filho, ou cuida de uma criança pequena que não
existe na realidade, é prenúncio de um novo começo na vida ou de uma idéia que
está por aparecer. Um sonho fúnebre freqüentemente indica a morte de algum
aspecto de nossa personalidade. Por exemplo, se uma pessoa sonha que assiste aos
funerais do sacerdote de sua paróquia, isto pode indicar uma desatenção com o lado
espiritual que está sendo deixado "descansar em paz".
Os sonhos que dão conselhos ou emitem opiniões se referem a sistemas de valores,
regras ou ideais que adotamos. Ao sonhar, fazemos uma comparação, ou
Quem foi Edgar Cayce – Página 22
"correlação" como costumava dizer Cayce, entre nossas ações recentes e nossos
critérios pessoais. Citemos o caso de uma mulher a quem se havia recomendado,
em vão, que evitasse comer chocolate por razões de saúde. Uma noite, sonhou que
estava contrabandeando chocolate pela fronteira mexicana, sinal óbvio que havia em
sua vida algo proibido.
Estudos científicos mostraram que todos nós sonhamos. A fim de aproveitar nossos
sonhos, temos que colocar um caderno ou um bloco de apontamentos na mesa de
cabeceira. Se dormirmos tempo suficiente, convencidos de que vamos nos recordar
de nossos sonhos, e fizermos o esforço de escrever no momento de despertar, tudo o
que nos vier à mente, mesmo que seja apenas uma vaga impressão ou sensação,
deveremos começar a lembrar de nossos sonhos.
Já que a mesma imagem pode ter significados diferentes para diferentes indivíduos,
a análise de um sonho é, de modo geral, uma coisa pessoal. Portanto, o melhor
modo de interpretar os símbolos é estabelecer a conexão entre eles e os
acontecimentos de nossa vida.
Segue-se um método simples para trabalhar com os sonhos que pode ser empregado
com sucesso até por novatos.
Anotemos nossos sonhos todos os dias.
Lembremos que nossas impressões e nossos sentimentos sobre um sonho são
essenciais para podermos analisá-lo em profundidade, e que, quase sempre, existem
várias interpretações possíveis, de acordo com o nível de consciência ou de
conhecimento em que nos encontremos
Tenhamos em mente que os personagens de nossos sonhos correspondem,
usualmente, a diferentes aspectos de nossas personalidades ou de nossas
individualidades. Reparemos em nossos estados de ânimo, expressões, conversas e
atitudes no sonho, e comparemos com nossos pensamentos, palavras e atos na vida
desperta.
Estejamos atentos aos símbolos, aos personagens e às emoções que aparecem
repetidamente em nossos sonhos, registrando-os em um "dicionário de sonhos"
pessoal, especificando que importância eles tem para nós.
Não esqueçamos que nossos sonhos podem ser de grande utilidade, mesmo que não
os entendamos de imediato. A chave do sucesso está na assiduidade e na
perseverança.
Quem foi Edgar Cayce – Página 23
Essencialmente, os sonhos nos fazem perceber o que acontece conosco e ao nosso
redor, através da correlação que fazem entre nosso comportamento habitual e os
valores que constituem nosso ideal. Nos alertam para necessidades do corpo, nos
revelam nossos desejos ocultos e nos permitem levar uma existência mais positiva.
Também nos ajudam a tomar decisões e podem indicar-nos como melhorar nossas
relações com uma pessoa, mesmo que, conscientemente, já tenhamos feito todo o
possível.
Em resumo, quando definimos objetivos precisos e atuamos diligentemente para
alcançá-los, os sonhos aclaram e orientam nossa vida. Trabalhar com nossos sonhos
é análogo a conversar com um confidente, que conhece tudo sobre nós e está
sempre disposto a falar sobre nossos problemas e preocupações. Na maior parte do
tempo, esse confidente se limita a nos escutar; mas, muitas vezes, isto é suficiente
para fazer surgir respostas que se encontravam ocultas em nosso interior.
As leituras nos encorajam a prestar atenção aos nossos sonhos. Edgar Cayce disse
que não acontece nada importante conosco que não tenhamos sonhado antes. Ele
afirmou: "Os sonhos são uma manifestação do subconsciente. Tudo o que chega a
ser realidade aparece primeiro em sonhos."
Percepção extra-sensorial e fenômenos psíquicos
A história de Edgar Cayce está cheia de exemplos de percepção extra-sensorial e de
fenômenos psíquicos. Seu dom é classificado como percepção extra-sensorial, pois
lhe permitia conhecer noções e fatos aos quais nunca tinha tido acesso, e ver gente,
lugares e eventos que não se encontravam dentro de seu campo visual normal. Em
transe, Cayce podia dissertar sobre qualquer assunto, responder a qualquer
pergunta, descrever qualquer cena, e falar sobre tudo que dizia respeito a uma
pessoa: sua saúde, suas emoções, suas qualidades, seu meio ambiente, sua vida
atual, suas encarnações passadas.
Uma vez que existem vários tipos de faculdades paranormais, os especialistas
dividiram o tema 'percepção extra-sensorial' em diversas categorias, com o propósito
de definir melhor os fenômenos envolvidos.
De modo geral, a percepção extra-sensorial se refere à capacidade de receber ou de
enviar informação por meios outros que não os cinco sentidos. Em outras palavras,
se trata da possibilidade de entrar em contato com alguém ou alguma coisa sem
utilizar nem os olhos, nem os ouvidos, nem o tato, nem o olfato nem o paladar.
Quem foi Edgar Cayce – Página 24
Segundo as leituras de Edgar Cayce, essas são qualidades que todos podemos
cultivar e utilizar, porque já existem, latentes, em nossa alma.
Uma primeira categoria de percepção extra-sensorial é a telepatia que requer que
sintonizemos com a mente de outra pessoa. Estando no estado de Kentucky, Cayce
deu uma leitura para um advogado que estava em Nova York. 1[1] Cayce o viu
fumar um cigarro, o ouviu assobiar certa melodia e assistiu seu encontro com um
cliente; também o viu ler três cartas e falar por telefone. Esses fatos foram todos
verificados mais tarde. Outro exemplo de telepatia é quando pensamos
repentinamente em alguém de quem não temos notícias há muito tempo e logo em
seguida, essa pessoa entra em contato ou aparece.
Uma outra categoria de percepção extra-sensorial é a clarividência, definida como a
capacidade de se ter acesso a um conhecimento que não se possui. Assim, podemos
pegar algumas cartas, embaralhá-las e tentar dizer quais são ou, pelo menos,
determinar suas cores. Para que mostremos faculdades de clarividência, o número
de respostas corretas deve ser maior que o definido pelo cálculo de probabilidades.
O resultado não tem de ser cem por cento exato, mas superar de maneira
significativa e consistente a expectativa matemática.
Se pedirmos a alguém que olhe cada carta e se concentre nela antes de
adivinharmos, trata-se de telepatia.
A fim de ilustrar a diferença entre telepatia e clarividência, consideremos uma leitura
feita em Virginia Beach para um garoto de doze anos que estava num hospital no
Estado de Ohio. 1[2] Cayce disse que o garoto tinha febre e mencionou sua
temperatura. Um médico, posteriormente, confirmou esta informação. Como a
temperatura ainda não havia sido tomada esse foi um caso de clarividência e não de
telepatia.
Uma terceira classe de percepção extra-sensorial é a premonição, ou seja a
capacidade de ver eventos com antecipação, ou seja, de fazer predições. Um
exemplo disso é a impressão de "déjà-vu". Algumas vezes temos a sensação de já
termos vivido anteriormente a situação pela qual estamos passando. Assim,
podemos entrar em um lugar desconhecido e percebermos que é muito familiar; ou
conversar com um amigo e nos darmos conta de que sabemos de antemão o que ele
vai dizer. As leituras de Cayce dizem que, uma explicação para este fenômeno é
que, freqüentemente, nossos sonhos nos deixam entrever os acontecimentos
Quem foi Edgar Cayce – Página 25
vindouros. Ainda que tenhamos esquecido esses sonhos premonitórios, podemos
reviver certos episódios dos mesmos em forma de sensações de "déjà-vu".
A premonição é freqüente na obra de Edgar Cayce. Um dia, ao terminar uma leitura
para um menino que estava em Nova York, 1[3] Cayce começou, espontaneamente,
uma outra sobre os problemas de saúde de uma mulher do Missouri que já havia
recorrido a ele em várias ocasiões. Depois de haver enviado a esta senhora o texto
da leitura, 1[4] Cayce recebeu uma carta, solicitando uma leitura, cuja data era
posterior à data da leitura.
Quando efetuava leituras para crianças, era normal Cayce falar sobre seus talentos
ocultos, antecipar seu modo de ser ou de agir como adultos e, às vezes, indicar
decisões que tomariam na vida pessoal e profissional. Em 1929, Cayce previu a
queda da Bolsa de Valores de Nova York mais de seis meses antes que isso
ocorresse. 1[5] Também previu a declaração da Segunda Guerra Mundial; e sabia
que morreria enquanto seus filhos estivessem combatendo no exterior.
Embora tenha sido classificado por alguns como "profeta", Cayce nunca teve essa
pretensão. Na verdade, chegou a se descrever em uma leitura como "um servidor
humilde, fraco e sem mérito". 1[6] Fez poucas predições ligadas a eventos
mundiais, essencialmente porque tais prognósticos estão sujeitos a inúmeros fatores
e influências externos. Por exemplo, quando um vidente tenta "prever" o futuro,
tudo que ele pode fazer é prever um futuro baseado nos acontecimentos atuais. Se
os eventos continuarem a fluir seguindo o mesmo curso, se as atitudes e estilos de
vida das pessoas, e se as condições mundiais continuarem as mesmas, aí sim os
videntes podem acertar sobre qual será o resultado.
O ser humano pode, a qualquer momento, empregar seu livre arbítrio para
transformar sua própria existência. Se suficientes pessoas se corrigem, o curso dos
acontecimentos históricos se modifica e as predições se fazem menos exatas. A
Bíblia relata como o profeta Jonas foi enviado à corrupta cidade de Nínive a fim de
anunciar sua destruição e exortá-la ao arrependimento. Os habitantes acreditaram
na advertência de Jonas, abandonaram suas más condutas e, por isso, a cidade não
foi destruída. 1[7]
Quem foi Edgar Cayce – Página 26
Por isso, as profecias e as informações obtidas por premonição dependem de muito
mais elementos que a telepatia e a clarividência.
Uma quarta categoria de percepção extra-sensorial é a retrocognição, ou a
capacidade de ver eventos passados. Quando Cayce realizava uma "leitura de vida",
geralmente lhe davam a data e o lugar de nascimento da pessoa. Começava por
retroceder no tempo até o nascimento da pessoa enumerando, às vezes, alguns fatos
importantes de sua presente encarnação. Por exemplo, em uma leitura ditada em
1938 Cayce comentou: "1936 - ano agitado; de 1935 a 1932 - período de distúrbios;
de 1931 a 1926 - pouca paz..." 1[8] Em outra ocasião, Cayce recebeu dados
incorretos sobre uma jovem de dezoito anos de idade. Voltando no tempo até
chegar ao seu nascimento, exclamou: "Nós não a encontramos aqui!" Depois de
uma pequena pausa, acrescentou: "Sim, temos os registros aqui (parece que o lugar
e a data estão errados)". Verificou-se posteriormente que a pessoa havia, na
verdade, nascido em 23 de Janeiro (um dia mais cedo) e em Nova York e não na
cidade de Cleveland, Ohio, como disseram a Cayce. 4[9]
Mais de onze anos antes do descobrimento, ocorrido em 1947, dos Manuscritos do
Mar Morto, as leituras mencionaram uma seita judia sobre a qual os eruditos
conheciam muito pouco naquela época: os Essênios. Cayce deu muitos detalhes
sobre sua maneira de viver e de trabalhar. Entre outras coisas, disse que tanto os
homens como as mulheres eram admitidos em sua comunidade. Isto ia contra as
convicções dos especialistas, que acreditavam que os Essênios formavam uma ordem
monástica composta unicamente por homens. Não obstante, escavações
arqueológicas efetuadas em Qumrān, perto do local onde foram encontrados os
manuscritos evidenciaram em 1951, seis anos depois da morte de Cayce que,
realmente, homens e mulheres integravam a sociedade essênia.
Acabamos de citar alguns casos de percepção extra-sensorial que aparecem nas
leituras de Edgar Cayce. Elas dizem que as faculdades psíquicas constituem
qualidades da alma; logo são inerentes à natureza humana e existem em todas as
pessoas. Uma vez que "o psíquico provem da alma" 1[10], podemos, com bastante
facilidade, ter experiências paranormais recorrendo a diversos métodos ou a
estímulos externos. No entanto, as leituras advertem que as experiências que não
se apóiam em um ideal elevado são freqüentemente enganosas e, podem ser
perigosas, e que o desenvolvimento de nossas aptidões extra-sensoriais não deve ser
Quem foi Edgar Cayce – Página 27
um fim em si, mas um meio de crescer espiritualmente, de conhecer melhor a nós
mesmos e de ajudar o próximo.
Muita gente acha os fenômenos psíquicos estranhos, insólitos, e até assustadores.
Segundo as leituras, eles são tão naturais quanto se ter uma inspiração ou um
pressentimento. E é bom lembramos de que, só porque alguma informação é
'psíquica' não quer dizer que seja completamente exata. Atribuindo-lhe o mesmo
crédito que damos a nossos amigos ou a nossos sentidos corporais, podemos utilizá-
la para adquirir novas noções, ampliar nosso entendimento ou tomar decisões.
Tendo tudo isso em vista, aceitemos nosso sexto sentido, a intuição. Devemos
considerá-la um atributo normal de nosso ser e tentar conseguir que se converta em
um fiel aliado na nossa vida, e em uma inestimável ferramenta a serviço do bem.
Livros recomendados:
"Despertando seus Poderes Psíquicos" ("Awakening Your Psychic Powers") - Henry
Reed - Editora Pensamento
"Edgar Cayce - Canalizando seu Eu Superior" ("Edgar Cayce on Channeling Your
Higher Self") - Henry Reed
Crescimento espiritual, Oração e Meditação
Um dos temas fundamentais das leituras se refere à nossa relação com as Forças
Criadoras. Por esta razão, durante onze anos, de 1931 a 1942, Edgar Cayce ditou
uma série de cento e trinta leituras a um grupo de pessoas interessadas nas leis
espirituais (o Grupo de Estudo n.o 1). No início, alguns membros do grupo só
queriam aprender a desenvolver seus poderes psíquicos. Cayce lhes disse que a
grande meta era o progresso espiritual e lhes explicou que, segundo suas
necessidades pessoais e os objetivos de suas presentes encarnações, suas faculdades
extra-sensoriais resultariam da perseverança em estudar e colocar em prática os
princípios universais.
A informação compilada pelo Grupo de Estudo n.o 1 a partir dessa série de leituras
deu origem ao livro "À Procura de Deus", no qual são expostos conceitos espirituais
aplicáveis à vida cotidiana. Seu objetivo é nos despertar para a verdade, nos fazer
entender nossa autêntica natureza divina e nos conduzir até a Luz, nos revelando o
propósito da existência e nos ajudando a cumprir nossa missão na Terra, nos dar
Quem foi Edgar Cayce – Página 28
paz, esperança e a sublime felicidade de nos sentirmos em harmonia com o Criador e
com nossos semelhantes. Mostrando-nos que formamos parte de Deus e somos
unos com ele, "À Procura de Deus" nos encoraja a contribuir para a edificação de um
mundo melhor e a convertermo-nos em nobres instrumentos da vontade do Senhor,
em puras expressões do amor universal. Os preceitos que oferecem têm sido
acolhidos por pessoas de todas as tendências religiosas. Continuam inspirando e
transformando inúmeras pessoas, permitindo-lhes elevar seus níveis de consciência
através da oração, da meditação, da cooperação, da fé, da paciência e do altruísmo.
Hoje em dia, existem no mundo muitos 'Grupos de Estudo' - nome genérico dos
grupos de discussão que se reúnem semanalmente para aprofundar os temas
abordados nas leituras de Edgar Cayce.
Segundo Cayce, somos seres espirituais atualmente encarnados na Terra. De fato, o
homem não é um corpo físico dotado de uma alma, mas uma alma que se encontra
na matéria a fim de aprender com suas experiências e de poder retornar à Fonte
Suprema. Na Bíblia também, vemos que o ser espiritual (Gênesis 1) foi criado antes
do ser físico (Gênesis 2). Uma vez que compreender e manifestar nossa verdadeira
relação com Deus e com a Criação constitui a finalidade de nossa presença na Terra,
deveríamos meditar regularmente. Notemos que Cayce já mencionava e
recomendava a meditação em 1921, quando a maioria das pessoas do mundo
ocidental nem sequer sabia o que era isso. Começou-se a falar mais sobre o assunto
nos anos 70, ainda que para muitos continue sendo, até hoje, uma noção estranha,
mais associada às religiões orientais. Desde então, abundantes investigações clínicas
têm demonstrado sua influência positiva sobre a saúde e o bem estar em geral.
Numerosos médicos a reconhecem agora como uma maneira eficaz de reduzir a
hipertensão arterial, de diminuir o estresse e de obter mais serenidade.
Meditar consiste em aquietar o corpo e a mente, e em parar de prestar atenção ao
mundo exterior, a fim de que possamos nos unir a Deus no silêncio de nosso
santuário interior. A meditação atua favoravelmente no plano físico, relaxando o
corpo; no plano mental, acalmando os pensamentos e as ansiedades; e no plano
espiritual, renovando a energia vital e estimulando nossos atributos divinos. Isto nos
permite levar uma existência mais útil, melhorar as relações com as pessoas que nos
rodeiam e enfrentar com ânimo renovado as dificuldades que se apresentam. Ao
dedicar a cada dia alguns momentos para liberar a mente das múltiplas
preocupações que a assaltam, vamos recobrando a plena consciência de nossa
essência divina. Podemos dizer que orar é dirigir-nos a Deus e falar com ele,
enquanto que meditar significa escutar a Deus, deixando-nos instruir e guiar pela
parte de nosso ser que se acha em constante comunhão com o Infinito.
Quem foi Edgar Cayce – Página 29
Aplicando algumas regras simples, a meditação está ao alcance de todos, e
mesmo os principiantes percebem os efeitos benéficos de um período de silêncio
motivado por um ideal elevado.
A primeira etapa requer que se adote uma posição confortável; por exemplo,
sentados em uma cadeira, com as costas retas, os pés apoiados no chão, os olhos
fechados e as mãos apoiadas no colo ou ao lado do corpo. Começar a relaxar com
respirações lentas e profundas -inspirar fundo e reter um pouco o ar nos pulmões
antes de expirar. Ao mesmo tempo, ir examinando com a mente as tensões
existentes no corpo, e sucessivamente eliminá-las usando a imaginação ou
massageando as zonas correspondentes com a ponta dos dedos.
A segunda etapa consiste em concentrar-se em um pensamento pacífico e inspirador,
que chamaremos de "afirmação": por exemplo, "a paz me envolve e reina em mim",
"estou em um estado de relaxamento total", um versículo da bíblia, ou um aforismo
espiritual como "Deus é Amor". Convém impedir que a mente vagueie ou se
concentre em coisas da vida diária. Depois de refletir sobre a mensagem da
afirmação, analisando cada palavra com cuidado, é necessário impregnar-se de seu
significado. De fato, as impressões experimentadas no ser interior impactam muito
mais que as palavras em si. Assim, não basta repetir "Deus é Amor", pois é o
sentimento que acompanha esta afirmativa que lhe dá sua força e sua amplitude.
A terceira etapa é a meditação em si. Consiste em permanecer em silêncio,
submergido nos sentimentos produzidos pela afirmação. Quando a mente se
desviar, é indispensável voltar a concentrar-se, primeiro no sentido das palavras da
afirmação e, em seguida, nos sentimentos que estas suscitam. Não desanime se a
mente divagar: conseguir fixar a atenção num só pensamento exige tempo. A
principio, faça períodos de silêncio de uns cinco minutos, e vá aumentando até
chegar, com o tempo a quinze ou vinte minutos.
Na quarta etapa devemos enviar bons pensamentos, ou orações, para outras
pessoas, antes de concluir a sessão de meditação. Por exemplo, no caso de se haver
escolhido o amor como tema central, dirigir este sentimento para os seres queridos e
para quem quer que você saiba que está necessitando.
Praticada cotidianamente, a meditação fica cada vez mais fácil, e a quietude que
emana desses momentos de concentração silenciosa e de recolhimento se reflete em
todos os aspectos da vida.
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Discordando dos que sustentam que a mente deve ficar inativa, porque se
deixa distrair e altera o processo de meditação, Cayce declara nas leituras que o
poder criativo da mente pode ser utilizado de maneira adequada para se alcançar
um alto grau de harmonização com a Fonte Universal.
Meditar regularmente propicia curas no nível físico, mental e espiritual.
Graças às afirmações construtivas que empregamos e ao ideal que mantemos
durante a meditação, nossas tendências negativas desaparecem, sendo substituídas
por atitudes mais positivas.
De modo geral, desperdiçamos horas em ocupações que não nos trazem
nenhum beneficio, enquanto que alguns minutos diários reservados à oração e à
meditação podem nos proporcionar mais paz, alegria e plenitude que qualquer outra
atividade. Busquemos primeiro o Reino dos Céus, que está dentro de nós. A palavra
e as promessas divinas são eternas: invoquemos ao Senhor, sabendo que somos o
templo do Deus vivo, que o Todo Poderoso reside em nosso Santuário Interior. 1[1]
No silêncio da meditação, uma vez relaxado o corpo, serenada a mente e esquecidas
as preocupações, nos abrimos à nossa natureza espiritual e nos unimos à Força
Criadora.
As leituras de Edgar Cayce dizem que todos devemos meditar, pois a
comunhão com Deus é primordial. Com efeito, a alma, nosso ser superior, não está
feliz senão com o Divino e aspira a morar no seio do Criador. A meditação assídua
nos ajuda a compreender e a manifestar nossa relação íntima com o Senhor, a
aplicar os princípios universais na vida diária, a distinguir a onipresença de Deus, e a
prepararmo-nos para que a transição que chamamos morte constitua um passo
adicional para o entendimento cada vez mais perfeito do Pai. 1[2]
Livros recomendados:
"À Procura de Deus", (Editora Pensamento);
"Edgar Cayce: Doze Lições de Espiritualidade" ("Twelve Lessons in Personal
Spirituality") - Kevin Todeschi
"A Missão da Alma" ("Soul Purpose") - Mark Thurston
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Livros sobre Edgar Cayce em Português
EDITORA PENSAMENTO
SONHOS
Respostas desta Noite para as Duvidas de Amanhã - Mark Thurston
O CRESCIMENTO ATRAVÉS DA CRISE PESSOAL
Harmon Bro e Junes Bro
REENCARNAÇÃO
Reinvindicando o seu Passado, Criando o seu Futuro - Lynn Sparrow
DESPERTANDO SEUS PODERES PSÍQUICOS
Henry Reed
AS VIDAS DO MESTRE JESUS
Glenn Sanderfur
ASTROLOGIA E AS LEITURAS DE EDGAR CAYCE
Margaret Gammon
A HIERARQUIA ANGÉLICA E O KARMA PLANETÁRIO - Robert J. Grant
EDITORA ROCA
O LIVRO DE EDGAR CAYCE
Mark Thurston e Christopher Frazel