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qualidade de ameixas 'laetitia'
Transcript of qualidade de ameixas 'laetitia'
ANGÉLICA SCHMITZ HEINZEN
QUALIDADE DE AMEIXAS ‘LAETITIA’
FRIGOCONSERVADAS E SUBMETIDAS AO ESTRESSE
INICIAL POR BAIXO OXIGÊNIO, TRATAMENTO TÉRMICO
E VAPOR DE ETANOL
LAGES - SC
2016
Dissertação apresentada ao Centro de
Ciências Agroveterinárias da Universidade
do Estado de Santa Catarina, como
requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Produção Vegetal.
Orientador: Prof. Dr. Cristiano André
Steffens
Schmitz Heinzen, Angélica
Qualidade de ameixas ‘Laetitia’
frigoconservadas e submetidas ao estresse inicial
por baixo oxigênio, tratamento térmico e vapor de
etanol / Angélica Schmitz Heinzen. – 2016.
126 p.: il.; 21 cm
Orientador: Cristiano André Steffens
Bibliografia: p. 110-126
Dissertação (mestrado) – Universidade do
Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências
Agroveterinárias, Programa de Pós-Graduação em
Produção Vegetal, Lages, 2016.
1. Prunus salicina L. 2. Pós colheita. 3. Escurecimento da polpa. 4. Estresse oxidativo. I.
Heinzen, Angélica Schmitz. II. Steffens,
Cristiano André. III. Universidade do Estado de
Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em
Produção Vegetal. IV. Qualidade de ameixas
‘Laetitia’ frigoconservadas e submetidas ao
estresse inicial por baixo oxigênio, tratamento
térmico e vapor de etanol
.
Ficha catalográfica elaborada pelo aluno.
ANGELICA SCHMITZ HEINZEN
QUALIDADE DE AMEIXAS ‘LAETITIA’
FRIGOCONSERVADAS E SUBMETIDAS AO ESTRESSE
INICIAL POR BAIXO OXIGÊNIO, TRATAMENTO TÉRMICO
E VAPOR DE ETANOL
Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Produção Vegetal do Programa de Pós-graduação em Ciências
Agrárias do Centro de Ciências Agroveterinárias da Universidade do
Estado de Santa Catarina.
Banca Examinadora:
Orientador:________________________________________
Prof. Dr. Cristiano André Steffens
Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC
Membro:
Dra. Aquidauana Miqueloto
Fundação Universidade do Tocantins (Unitins)
Membro:___________________________________________
Dra. Ana Paula Pereira Schunemann
Universidade do Estado de Santa Catarina
Centro de Ciências Agroveterinárias – CAV/ UDESC
Lages, 28 de julho de 2016
AGRADECIMENTOS
A Deus pela vida e por me guiar no caminho do conhecimento;
Aos meus pais, Luiz e Zélia, e minha irmã Priscila, que sempre
me incentivaram estudar e nunca desistir dos meus objetivos;
Ao meu Orientador, Professor Dr. Cristiano André Steffens, pela
orientação, dedicação, incentivo, disposição, paciência,
confiança e por partilhar seu tempo e sabedoria;
A empresa Schio e ao produtor Leandro Schmitz pela concessão
dos frutos para realização do projeto;
Aos colegas do laboratório, bolsistas e colegas de mestrado e
doutorado, pela amizade e contribuição para a realização das
análises deste trabalho;
Aos amigos, que perto ou longe, sempre incentivaram com uma
palavra amiga.
À Universidade do Estado de Santa Catarina pelo ensino,
oportunidade e assistência necessária para a realização deste
trabalho;
Aos professores do Centro de Ciência Agroveterinárias –
CAV/UDESC pela dedicação na transferência de conhecimento;
À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior) pelo apoio financeiro;
MUITO OBRIGADA!
RESUMO
HEINZEN, Angélica Schmitz. Qualidade de ameixas
‘Laetitia’ frigoconservadas e submetidas ao estresse inicial
por baixo oxigênio, tratamento térmico e vapor de etanol.
2016, 66 f. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal – Área
de Fisiologia Pós-Colheita) -Universidade do Estado de Santa
Catarina. Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal,
Lages, 2016.
Ameixas ‘Laetitia’ desenvolvem escurecimento de polpa
durante o armazenamento refrigerado e a severidade do distúrbio
está associada a fatores como ponto de colheita, tempo de
armazenamento, estresse oxidativo, entre outros. A ocorrência
deste distúrbio e o rápido amadurecimento dos frutos durante o
armazenamento caracterizam os principais desafios para a pós-
colheita de ameixas. Tratamentos como o estresse inicial por
baixo oxigênio (ILOS), tratamento térmico e o etanol podem ser
alternativas para o controle do escurecimento de polpa e retardo
do amadurecimento dos frutos. O objetivo deste trabalho foi
avaliar o efeito do estresse por baixo oxigênio, do tratamento
térmico e da aplicação de vapor de etanol sobre o
amadurecimento e o escurecimento de polpa em ameixas
‘Laetitia’ armazenadas sob refrigeração, bem como sobre o
estresse oxidativo no tecido da polpa dos frutos. Os frutos foram
provenientes de pomares comerciais situados nos municípios de
Urubici, SC, nas safras 2014/15 e 2015/16, e Vacaria, RS, na
safra de 2014/15. No experimento 1, os tratamentos avaliados
foram controle, aplicação de vapor de etanol (0,15%),
tratamento térmico (37ºC/24 h), tratamento térmico (40ºC/6 h),
tratamento térmico (37°C/24 h) + vapor de etanol (0,15%) e
tratamento térmico (40ºC/6 h) + vapor de etanol (0,15%). Para o
experimento 2, os tratamentos avaliados foram manutenção dos
frutos em condições ambiente por 48 horas (20±5ºC/UR de
63±2%) e cinco períodos de ILOS (1,0 kPa O2) (0, 12, 24, 48,
72 horas) em condições ambiente. Cada tratamento foi composto
de quatro repetições e unidade experimental constituída de 20
frutos. Os frutos foram armazenados (1±0,2°C e 92±2% de UR)
durante 35 dias. No experimento 1 o tratamento térmico, em
ambas as temperaturas, resultou em menor incidência de
escurecimento de polpa. A combinação de tratamento térmico
40°C por 6 horas mais aplicação de vapor de etanol reduziu a
taxa de produção de etileno, a severidade do escurecimento de
polpa e a concentração de compostos fenólicos e atividade
antioxidante e manteve maior firmeza da polpa e atividade da
POD e SOD. No experimento 2 os frutos dos tratamentos com
ILOS, safra 2014/15, apresentaram menor taxas de produção de
etileno e respiratória e menor incidência de escurecimento da
polpa, bem como maior atividade da enzima SOD. Os frutos
com cor da epiderme menos vermelha e maior força para
compressão do fruto e firmeza de polpa foram observados em
ILOS por 48 e 72 horas. Menor quantidade de H2O2, e maior
atividade da SOD foram obtidos nos tratamentos com ILOS por
12 e 24 horas. Em frutos da safra 2015/16, o tratamento com
ILOS por 12 horas proporcionou maior força para compressão
do fruto e firmeza de polpa e menor taxa de produção de etileno,
incidência de escurecimento da polpa, peroxidação de lipídios e
atividade da POD e SOD.
Palavras-chave: Prunus salicina L. Pós-colheita.
Escurecimento da polpa. Estresse oxidativo.
ABSTRACT
HEINZEN, Angélica Schmitz. Quality of ‘Laetitia’ plums cold
stored and submitted to initial low oxygen stress, heat
treatment and ethanol vapor. 2016. 126 f. Master
(Dissertation in Vegetable Production – Area: Biology and Post-
Harvest) – University of de Santa Catarina State. Graduate
Program in Vegetable Production, Lages, 2016.
‘Laetitia’ plums develop internal browning during cold storage.
The severity of this disorder is associated with factors such as
harvest time, storage time, and oxidative stress. The occurrence
of this disorder and rapid ripening of fruits during storage are the
main challenges after harvesting plums. Methods such as initial
low oxygen stress (ILOS) and heat treatments and ethanol vapor
application can be alternatives for controlling internal browning
and delaying ripening of fruits. The aim of this study was to
evaluate the effect of ILOS, heat treatments and ethanol vapor
application on both ripening of fruits and internal browning in
‘Laetitia’ plums cold stored, as well as on the oxidative stress on
fruit pulp tissues. The fruits used in the experiments were from
commercial orchards located in the municipalities of Urubici,
Santa Catarina, 2014/15 and 2015/16 seasons and Vacaria, Rio
Grande do Sul, 2014/15. In experiment 1, the following
treatments were evaluated: control, ethanol vapor application
(0.15%), heat treatment (37ºC/24 h), heat treatment (40ºC/6 h),
heat treatment (37°C/24 h) + ethanol vapor application (0.15%),
and heat treatment (40ºC/6 h) + ethanol vapor application
(0.15%). In experiment 2, the following treatments were
evaluated: maintenance of the fruits for 48 h under
environmental conditions (20°C ± 5°C/63% ± 2% RH), and five
periods of ILOS (1.0 kPa O2) (0, 12, 24, 48, and 72 h) under
environmental conditions. Each treatment was performed four
times, and an experimental unit comprised 20 fruits. Fruits were
stored (1±0.2°C e 92±2% de RH) during 35 days. In experiment
1, heat treatment at both temperatures resulted in a lower
incidence of internal browning. The combination of heat
treatment at 40°C for 6 h plus ethanol vapor application reduced
the ethylene production rate, severity of internal browning,
concentration of phenolic compounds, and antioxidant activity.
It also maintained greater flesh firmness and POD and SOD
activities. In experiment 2, fruits from the treatments with ILOS,
at 2014/15, showed lower ethylene production and respiratory
rates, less internal browning, as well as greater SOD enzyme
activity. Fruits that presented a reddish epidermis color and had
a greater fruit compression force and flesh firmness during the
48 and 72 h of ILOS treatment. ILOS treatment for 12 and 24 h
led to decreased H2O2 production and greater SOD activity. In
fruits from 2015/16, ILOS treatment for 12 h provided greater
fruit compression force and flesh firmness and lower ethylene
production rate, with less internal browning, lipid peroxidation,
and POD and SOD activities.
Key words: Prunus salicina L.. Postharvest. Internal browning.
Oxidative stress.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Aspecto externo do fruto da cultivar Laetitia.
Urubici, SC, janeiro/2015.................................36
Figura 2 - Modelo esquemático conceitual proposto para
explicar o papel da peroxidação lipídica em danos
pelo frio e outros distúrbios de membrana de
tecido vegetal....................................................38
Figura 3 - Sintoma de fitotoxidez observada em ameixas
‘Laetitia’ colhidas em Urubici, SC, safra
2014/15, submetidas ao tratamento térmico a
37°C durante 24 horas simultaneamente à
exposição ao vapor de etanol (0,15%) e
armazenados por 35 dias a 1±0,2°C e 92±2% de
UR....................................................................54
Figura 4 - Escurecimento da polpa em ameixa ‘Laetitia’
armazenadas sob refrigeração (1±0,2°C e 92±2%
de UR) durante 35 dias seguidos por mais três
dias em condições ambiente (20±5°C e 63±2% de
UR). Fruto proveniente da safra 2014/15 do
município de Vacaria, RS.................................56
Tabela 5 - Na figura estão representados os tratamentos do
experimento 1, sendo estes: T1- controle; T2 -
etanol na concentração (0,15%); T3 - tratamento
térmico á 37°C no período de 24 horas; T4 -
tratamento térmico á 40°C no período de seis
horas; T5 - tratamento térmico á 37°C no período
de 24 horas simultaneamente a exposição dos
frutos ao etanol durante 24 horas na concentração
de 0,15%; T6 - tratamento térmico á 40°C no
período de seis horas e simultaneamente a
exposição dos frutos ao etanol durante 24 horas
na concentração 0,15%.....................................66
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Taxas de produção de etileno e respiratória de
ameixas ‘Laetitia’ colhidas em Urubici,
SC,submetidas a diferentes tratamentos pós
colheita e armazenadas sob refrigeração
(temperatura de 1±0,2°C e 92±2% de UR) durante
35 dias seguidos de três dias em condições
ambiente (temperatura 20±5°C e 63±2% de
UR)....................................................................59
Tabela 2 - Cor da casca (h°) na região mais e menos
vermelha em ameixas ‘Laetitia’ submetidas a
diferentes tratamentos pós-colheita e
armazenadas sob refrigeração (temperatura de
1±0,2°C e 92±2% de UR) durante 35 dias
seguidos de três dias em condições ambiente
(temperatura de 20±5°C e 63±2% de UR).........61
Tabela 3 - Forças para ruptura de casca (N), força para
Forças para ruptura de casca (N), penetração da
polpa (N) e compressão do fruto (N) e firmeza de
polpa (N) em ameixas ‘Laetitia’ submetidas a
diferentes tratamentos pós-colheita e
armazenadas sob refrigeração (temperatura
de1±0,2°C e 92±2% de UR) durante 35 dias
seguidos de três dias em condições ambiente
(temperatura de 20±5°C e 63±2% de UR).........63
Tabela 4 - Incidência (%) e severidade (L) de escurecimento
em ameixas ‘Laetitia’ submetidas a diferentes
tratamentos pós-colheita e armazenadas sob
refrigeração (temperatura de 1±0,2°C e 92±2% de
UR) durante 35 dias seguidos por mais três dias
em condições ambiente (temperatura de 20±5°C e
63±2% de UR)...................................................68
Tabela 5 - Valores de peroxidação de lipídios (MDA; nmol g-
1 MF), conteúdo de compostos fenólicos totais
(CFT; mg EAG.100 g-1) e atividade antioxidante
total (AAT; quantificada pelos métodos DPPH e
ABTS, expressa em μg de equivalente Trolox.g-1
de massa fresca), em ameixas ‘Laetitia’ submetidas
a diferentes tratamentos pós-colheita e
armazenadas sob refrigeração (temperatura de
1±0,2°C e 92±2% de UR) durante 35 dias seguidos
de três dias em condições ambiente (temperatura
20±5°C e 63±2% de UR)....................................71
Tabela 6 - Atividade das enzimas peroxidase (POD; μmo-
1min-1mgl proteína) superóxido dismutase (SOD;
μmo-1min-1mgl proteína) e peroxido de hidrogênio
(H2O2; µmol g-1), em ameixas ‘Laetitia’
submetidas a diferentes tratamentos pós-colheita
e armazenadas sob refrigeração (temperatura de
1±0,2°C e temperatura de 92±2% de UR) durante
35 dias seguidos de três dias em condições
ambiente (temperatura de 20±5°C e 63±2% de
UR)....................................................................75
Tabela 7 - Taxas de produção de etileno e respiratória após
35 dias de armazenamento e mais três dias em
condições ambiente em ameixas ‘Laetitia’
submetidas a diferentes períodos de estresse
inicial por baixo O2 (ILOS; 1,0 kPa de O2) em
condições ambiente (temperatura de 20±5°C e
63±2% de UR) e após armazenadas sob
refrigeração (temperatura de 1±0,2°C e 92±2%
de UR) em atmosfera normal............................90
Tabela 8 – Cor da casca (h°) na região mais e menos
vermelha após 35 dias de armazenamento e mais
três dias em condições ambiente em ameixas
‘Laetitia’ submetidas a diferentes períodos de
estresse inicial por baixo O2 (ILOS; 1,0 kPa de
O2) em condições ambiente (temperatura de
20±5°C e 63±2% de UR) e após armazenadas sob
refrigeração (temperatura de 1±0,2°C e 92±2%
de UR) em atmosfera normal............................93
Tabela 9 - Força de compressão do fruto (N) e firmeza de
polpa (N) após 35 dias de armazenamento e mais
três dias em condições ambiente em ameixas
‘Laetitia’ submetidas a diferentes períodos de
estresse inicial por baixo O2 (ILOS; 1,0 kPa de
O2) em condições ambiente (temperatura de
20±5°C e 63±2% de UR) e após armazenadas sob
refrigeração (temperatura de 1±0,2°C e 92±2% de
UR) em atmosfera normal.................................95
Tabela 10 - Sólidos solúveis (°Brix) e acidez titulável (%)
após 35 dias de armazenamento e mais três dias
em condições ambiente em ameixas ‘Laetitia’
submetidas a diferentes períodos de estresse
inicial por baixo O2 (ILOS; 1,0 kPa de O2) em
condições ambiente (temperatura de 20±5°C e
63±2% de UR) e após armazenadas sob
refrigeração (temperatura de 1±0,2°C e 92±2% de
UR) em atmosfera normal.................................97
Tabela 11 - Incidência de escurecimento de polpa (%) e
peróxido de hidrogênio (µmol g -1) após 35 dias
de armazenamento e mais três dias em condições
ambiente em ameixas ‘Laetitia’ submetidas a
diferentes períodos de estresse inicial por baixo
O2 (ILOS; 1,0 kPa de O2) em condições ambiente
(temperatura de 20±5°C e 63±2% de UR) e após
armazenadas sob refrigeração (temperatura de
1±0,2°C e 92±2% de UR) em atmosfera
normal...............................................................99
Tabela 12 - Atividade das enzimas peroxidase (POD; μmo-
1min-1mgl proteína) superóxido dismutase (SOD;
μmo-1min-1mgl proteína) após 35 dias de
armazenamento e mais três dias em condições
ambiente em ameixas ‘Laetitia’ submetidas a
diferentes períodos de estresse inicial por baixo
O2 (ILOS; 1,0 kPa de O2) em condições ambiente
(temperatura de 20±5°C e 63±2% de UR) e após
armazenadas sob refrigeração (temperatura de
1±0,2°C e 92±2% de UR) em atmosfera
normal.............................................................101
Tabela 13 - Valores de peroxidação de lipídios (TBARS;
nmol g-1) compostos fenólicos totais (CFT; mg
EAG.100 g-1) e atividade antioxidante total
(AAT; quantificada pelos métodos DPPH e
ABTS, expressa em μg de equivalente Trolox.g-1
de massa fresca), após 35 dias de armazenamento
e mais três dias em condições ambiente em
ameixas ‘Laetitia’ submetidas a diferentes
períodos de estresse inicial por baixo O2 (ILOS;
1,0 kPa de O2) em condições ambiente
(temperatura de 20±5°C e 63±2% de UR) e após
armazenadas sob refrigeração (temperatura de
1±0,2°C e 92±2% de UR) em atmosfera
normal.............................................................105
LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS
AAT Atividade antioxidante total
ABTS 2,2-azinobis-3-etilbenzotiazolin-6-ácido sulfônico
AC Atmosfera controlada
ACC Ácido 1- aminociclopropano-1-carboxílico
ADH Álcool desidrogenase
APX Enzima peroxidase do ascorbato
AR Armazenamento refrigerado
AT Acidez titulável
°Brix Graus Brix
CAT Enzima catalase
°C Graus celsius
CFT Compostos fenólicos totais
CO2 Gás carbônico
DPPH 2,2-difenil-1-picril hidrazil
EROs Espécies reativas de oxigênio
g Gramas
HCl Ácido clorídrico
H2O2 Peróxido de hidrogênio
HPSs Heat shock prot (proteínas de choque térmico)
h°
h
Ângulo ‘hue’
Horas
ICV Índice de cor vermelha
ILOS Estresse inicial por baixo oxigênio
kg Quilograma
kPa Quilo Pascal
mm Milímetro
mg Miligrama
mL Mililitro
N Newton
ns Não significativo
O Oeste
O2 Oxigênio
O2- Radical superóxido
p Probabilidade
POD Enzima peroxidase
RS Estado do Rio Grande do Sul
S
s
Sul
Segundos
SC Estado de Santa Catarina
SS Sólidos solúveis
SOD Enzima superóxido dismutase
TBARS Ácido tiobarbitúrico
UR Umidade relativa do ar
UDESC Universidade do Estado de Santa Catarina
UV Radiação ultravioleta
µL Microlitro
λ Comprimento de onda
ƞmol Nanomolar
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO GERAL ................................................ 35
2 TRATAMENTO TÉRMICO E VAPOR DE ETANOL
RETARDAM O AMADURECIMENTO E O
ESCURECIMENTO DA POLPA EM AMEIXAS
‘LAETITIA’ ARMAZENADAS ................................... 42 2.1 RESUMO .......................................................................... 42
2.2 INTRODUÇÃO ................................................................ 43
2.3 MATERIAL E MÉTODOS .............................................. 46
2.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................... 53
2.5 CONCLUSÕES ................................................................ 76
3 ESTRESSE INICIAL POR BAIXO OXIGÊNIO REDUZ
O ESCURECIMENTO DA POLPA E RETARDA O
AMADURECIMENTO DE AMEIXAS
‘LAETITIA’.......................................................................77
3.1 RESUMO .......................................................................... 77
3.2 INTRODUÇÃO ................................................................ 78
3.3 MATERIAL E MÉTODOS .............................................. 80
3.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................... 88
3.5 CONCLUSÕES .............................................................. 108
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................... 108
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................. 110
35
1 INTRODUÇÃO GERAL
A ameixeira é uma frutífera pertencente à família das
Rosaceas do gênero Prunus, sendo originária do meio e extremo
oriente, compreendendo várias espécies. As duas espécies mais
importantes são a Prunus domestica L., conhecida como ameixa
europeia, e a Prunus salicina L., denominada ameixa asiática
(NAKASU; RASEIRA; CASTRO, 1997). A procura dos
consumidores por frutas de caroço tem aumentado ao longo dos
anos, um exemplo seria a ameixa, que representa perfeitamente
esse incremento na demanda. Esse fato reflete na expansão da
produção, principalmente por cultivares tardias, como ameixas
‘Laetitia’, com a intenção de oferecer frutos após o período de
oferta das cultivares atualmente em produção no Brasil, as quais
são menos tardias (ZANETTE; BIASI, 2004).
A ameixa da cultivar Laetitia é a mais plantada nos
estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, devido à boa
produtividade e qualidade dos frutos, e à baixa suscetibilidade a
doenças (especialmente Xantomonas) (DUCROQUET;
ANDRADE; HICKEL, 2001). Além disso, é uma cultivar de
maturação tardia, proporcionando boa remuneração ao produtor,
especialmente quando os frutos são armazenados. O fruto é
bastante atrativo (Figura 1), de tamanho médio a grande e
formato ovalado (FIORAVANÇO; NACHTIGALL;
ANDOLFATO, 2015). A coloração da epiderme é vermelho-
púrpura e da polpa é amarela (Figura 1).
36
Figura 1 - Aspecto externo do fruto da cultivar Laetitia.
Urubici, SC, janeiro/2015.
Fonte: produção do próprio autor, 2016.
O sistema de armazenamento mais utilizado atualmente
para a ameixa é o armazenamento refrigerado (AR), que consiste
somente na redução da temperatura e controle da umidade
relativa do ar do ambiente onde os frutos são armazenados. Esta
prática é a mais utilizada para conservação dos frutos, pois a
redução da temperatura é o principal fator responsável pela
manutenção da qualidade durante o armazenamento
(STEFFENS et al., 2007). Segundo Brackmann et al. (2001), sob
esse sistema, o período máximo de conservação é de 30 dias,
pois acima deste período de armazenamento pode ocorrer grande
comprometimento da qualidade. Apesar de não existir uma
recomendação sobre a melhor condição para o armazenamento
da ameixa ‘Laetitia’, sabe-se que o AR prolongado resulta em
frutos com baixa firmeza de polpa e elevada incidência de
escurecimento da polpa (ARGENTA et al., 2003, 2011; ALVES
37
et al., 2009; STEFFENS et al., 2014a, b), o que pode reduzir a
aceitabilidade pelo consumidor.
O escurecimento da polpa é um distúrbio fisiológico
causado pela exposição do fruto a baixas temperaturas (SINGH;
SHINGH; SWINNY, 2009; SINGH; SINGH, 2013b). Nas
empresas que armazenam ameixas ‘Laetitia’, os fatores
limitantes para o armazenamento são a rápida perda de firmeza
de polpa e, principalmente, o escurecimento da polpa (SINGH;
SINGH, 2013a; STANGER et al., 2014; STEFFENS et al.,
2014a, b).
As ameixas ‘Laetitia’ desenvolvem escurecimento mais
severo nos tecidos da polpa próximo ao caroço, semelhante ao
sintoma de dano por frio descrito por Crisosto et al. (2004). Os
sintomas de dano por frio em frutas de caroço (Prunus spp.)
variam em função da espécie e cultivar, e são identificados pela
perda da capacidade de amadurecer após a refrigeração e por
alterações indesejáveis da textura como polpa endurecida,
‘lanosa’, farinácea ou gelatinosa, com perda da suculência e da
aparência (polpa escurecida, avermelhada ou translúcida, e
descoloração irregular da região vermelha da epiderme)
(CRISOSTO, 2004). Tem sido proposto que o distúrbio é
decorrente de um processo oxidativo (Figura 2) relacionado à
produção de espécies reativas de oxigênio e à redução na
eficiência dos sistemas antioxidantes, com consequente danos às
membranas celulares (SINGH; SINGH, 2012; 2013a, b). Vários
são os fatores que predispõe o fruto a maior suscetibilidade ao
distúrbio, contudo a incidência e a severidade do distúrbio são
intensificados pela ação do etileno (CANDAN; GRAELL;
LARRIGAUDIÈRE, 2008; 2011). Assim, é fundamental o uso
de tecnologias pós-colheita adicionais ao AR para reduzir a
perda de firmeza de polpa dos frutos e minimizar as perdas
decorrentes do escurecimento da polpa.
38
Figura 2 - Modelo esquemático conceitual proposto para
explicar o papel da peroxidação lipídica em danos
pelo frio e outros distúrbios de membrana de tecido
vegetal.
Fonte: SHEWFELT; DEL ROSARIO (2000).
O estresse oxidativo ocorre quando a geração de espécies
reativas de oxigênio (EROS) excede a capacidade da planta para
manter a homeostase celular, ou, quando a produção de espécies
reativas de oxigênio excede a capacidade da planta para eliminá-
los (HODGES, 2003). Espécies reativas de oxigênio, tais como
superóxido (O2-), H2O2, e radical hidroxila (.OH) são
subprodutos do metabolismo celular normal (HODGES, 2003).
A produção de EROS resulta na peroxidação de lipídios da
membrana (MEAD, 1976) e inativação de enzimas (BRAWN e
FRIDOVICH, 1981). Os principais locais de produção de EROS
na célula são os cloroplastos e mitocôndrias. As enzimas
superóxido dismutase (SOD) são metaloenzimas de um grupo
que protege as células de O2- radicais por catalisar a dismutação
de O2- a O2 molecular e H2O2 (HODGES, 2003). Atividade SOD
tem sido associada a estresses fisiológicos, tais como a baixa
temperatura, luz de alta intensidade, o estresse hídrico e estresse
oxidativo (BOWLER; MONTAGU; INZE, 1992). As enzimas
39
peroxidades (PODs) têm muitos substratos que agem como
doadores de hidrogênio na presença de H2O2. Devido a ampla
especificidade de substrato e a presença de muitas isoformas,
tem sido difícil atribuir uma função específica para a isoforma
associada para um determinado compartimento ou tecido celular
(HODGES et al., 2004). As PODs estão envolvidas em muitos
processos relacionados com o crescimento, incluindo a extensão
da parede celular, lignina, biogênese e catabolismo de auxina
(HODGES et al., 2004). Além disso, eles estão envolvidos em
processos relacionados com o estresse tais como o ferimento e a
resistência a doenças (MOERSCHBACHER, 1980).
O tratamento térmico, por inibir o amadurecimento e
induzir a resistência a danos por frio e auxiliar na manutenção
da aparência externa dos frutos durante a armazenagem
(AGHDAM et al., 2013; WU et al., 2015), pode contribuir para
a redução das perdas pós-colheita e o aumento do período de
armazenamento. Estudos preliminares demonstraram que o
tratamento térmico durante 24 horas em temperaturas entre 35 e
40°C reduz a incidência do escurecimento da polpa de ameixas
‘Laetitia’. O tratamento térmico estimula os mecanismos de
defesa antes dos frutos serem submetidos ao frio, o que
estabelece uma resistência cruzada, com as respostas
decorrentes da exposição a temperaturas moderadas ou altas,
permanecendo atuantes durante a exposição a temperaturas mais
baixas (WANG; VINOCUR; ALTMAN, 2003; Kluge et al.,
2006). Os principais mecanismos de defesa envolvidos no
estabelecimento de maior resistência de frutos tratados
termicamente incluem o estímulo à biossíntese de poliaminas e
ao aumento da expressão de genes que codificam para enzimas
antioxidantes e de proteínas de choque térmico (WANG et al.,
2004).
Estudos demonstram que o vapor de etanol pode ser
adotado como tratamento complementar à refrigeração visando
à conservação da qualidade dos frutos (LICHTER; GABLER;
SMILANICK, 2006). O etanol apresenta efeito sobre diversos
40
frutos climatéricos, podendo melhorar a manutenção dos
atributos de qualidade, dependendo da espécie (PESIS, 2005).
Ritenour et al. (1997) descobriram que as respostas ao
tratamento parecem ser dependentes de fatores que
provavelmente incluem espécie, cultivar, maturidade,
concentração aplicada, modo de aplicação e duração de
exposição. Liu et al. (2012) verificaram que a aplicação pós-
colheita de etanol pode reduzir a concentração interna de etileno,
retardar a senescência de melões doces e melhorar os níveis de
compostos aromáticos voláteis, especialmente os ésteres
etílicos. Adicionalmente, tem sido sugerido que o etanol pode
regular o sistema antioxidante, resultando em um atraso na
senescência de brócolis (HAN et al., 2006). O tratamento com
vapor de etanol apresentou resultados positivos no retardo do
amadurecimento de melão (JIN et al., 2013) e tomate
(TZORTZAKIS; ECONOMAKIS, 2007), e da senescência de
brócolis (ASODA et al., 2009; XU et al., 2012). O efeito do
vapor de etanol sobre retardo da senescência em brócolis
decorreu da supressão da síntese e resposta ao etileno (ASODA
et al., 2009). Além do retardo da senescência, o tratamento com
vapor de etanol, em brócolis, incrementou o conteúdo de
compostos fenólicos e da atividade antioxidante total, bem como
das enzimas superóxido dismutase, ascorbato peroxidase e
catalase (XU et al., 2012).
Assim como para o tratamento térmico, em trabalhos
preliminares foi observado que o etanol reduz a incidência e a
severidade do escurecimento da polpa, além de contribuir para a
manutenção da firmeza de polpa de ameixas ‘Laetitia’
armazenadas. Todavia, até o momento, se desconhece o efeito
do uso combinado do tratamento térmico e da aplicação de vapor
de etanol sobre a qualidade e a ocorrência de escurecimento de
polpa em ameixas ‘Laetitia’.
Como o etanol atua reduzindo a síntese e ação do etileno
(ASODA et al., 2009; XU et al., 2012; JIN et al., 2013), além da
aplicação de vapor de etanol, a indução da produção de etanol
41
pelo próprio fruto em condições de estresse inicial por baixo O2
(ILOS; 1 kPa) pode contribuir para o retardo do amadurecimento
dos frutos e para a redução do escurecimento de polpa em
ameixas ‘Laetitia’ armazenadas sob refrigeração. O ILOS
provoca um período de anaerobiose nos frutos, intensificando a
via fermentativa e culminando na produção de etanol, que, em
pequenas concentrações, pode ser benéfico para manutenção da
qualidade dos mesmos durante o armazenamento (BOTH et al.,
2014). De acordo com Lara et al. (2011), condições de
anaerobiose podem ocorrer naturalmente durante o
amadurecimento em partes internas da polpa dos frutos. Dessa
forma, o ILOS induz a síntese das enzimas piruvato
descarboxilase (PDC) e álcool desidrogenase (ADH), que
ajudam a destoxificar o acetaldeído, normalmente produzido
durante o amadurecimento dos frutos, formando etanol
(POLENTA; BUDDE; MURRAY, 2005).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do
tratamento térmico e da aplicação de etanol, isoladamente ou em
combinação, e do ILOS sobre o amadurecimento e o
escurecimento de polpa em ameixas ‘Laetitia’ armazenadas sob
refrigeração, bem como sobre o estresse oxidativo no tecido da
polpa dos frutos.
As hipóteses deste trabalho são: 1) A aplicação pós-
colheita de etanol e o tratamento térmico retardam o
amadurecimento e reduzem o escurecimento de polpa em
ameixas ‘Laetitia’, armazenadas sob refrigeração. 2) A
combinação da aplicação de etanol e do tratamento térmico
apresentam sinergia no retardo do amadurecimento e controle do
escurecimento de polpa em ameixas ‘Laetitia’, armazenadas sob
refrigeração. 3) O estresse inicial por baixo oxigênio retarda o
amadurecimento e reduz o desenvolvimento do escurecimento
de polpa em ameixas ‘Laetitia’ armazenadas sob refrigeração. 4)
A redução do escurecimento de polpa em ameixas ‘Laetitia’
frigoconservadas pelo tratamento térmico, aplicação de vapor de
42
etanol e pelo estresse por baixo oxigênio está relacionada ao
menor estresse oxidativo nos tecidos da polpa.
2 TRATAMENTO TÉRMICO E VAPOR DE ETANOL
RETARDAM O AMADURECIMENTO E O
ESCURECIMENTO DA POLPA EM AMEIXAS
‘LAETITIA’ ARMAZENADAS
2.1 RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito, isolado e em
combinação, do tratamento térmico e da aplicação de vapor de
etanol sobre o os atributos de qualidade e o escurecimento da
polpa em ameixas ‘Laetitia’ armazenadas sob refrigeração, bem
como sobre o estresse oxidativo no tecido da polpa dos frutos.
Os tratamentos utilizados consistiram em controle, aplicação de
vapor de etanol (0,15%), tratamento térmico (37ºC/24 h),
tratamento térmico (40ºC/6 h), tratamento térmico (37°C/24 h)
+ vapor de etanol (0,15%) e tratamento térmico (40ºC/6 h) +
vapor de etanol (0,15%). Após a aplicação dos tratamentos os
frutos foram acondicionados em atmosfera refrigerada 1 ± 0,2°C
e 92 ± 2% de UR por 35 dias. Na saída do armazenamento
seguido de mais três dias em exposição ambiente os frutos foram
avaliados quanto aos atributos físico-químicos e incidência de
podridões, incidência e severidade de escurecimento da polpa,
teor de compostos fenólicos totais (CFT), atividade antioxidante
total (AAT; pelos métodos DPPH e ABTS), atividade
enzimática da peroxidase (POD) e superóxido dismutase (SOD).
A aplicação de etanol se mostrou eficiente na redução da
severidade do escurecimento da polpa, porém o efeito não foi
recorrente entre as safras e entre frutos de municípios diferentes,
apresentou também maior firmeza de polpa em todas as safras.
De maneira geral, o tratamento térmico reduziu a incidência do
escurecimento da polpa em ameixas ‘Laetitia’. Houve efeito
sinérgico entre o tratamento térmico a 40°C por 6 horas em
43
conjunto com aplicação de vapor de etanol, reduzindo a
severidade do escurecimento da polpa, retardando o
amadurecimento e mantendo a qualidade de ameixas ‘Laetitia’.
Palavras-chave: Prunus salicina, estresse oxidativo, distúrbio
fisiológico, armazenamento refrigerado
2.2 INTRODUÇÃO
A ameixa, comparativamente a outros frutos, possui um
curto período de vida pós-colheita, mesmo em armazenamento
refrigerado, devido a rápida perda de firmeza e ao escurecimento
da polpa (ALVES et al., 2009; SINGH; SINGH, 2013a;
STANGER et al., 2014; STEFFENS et al., 2014a, b). O
escurecimento da polpa é um distúrbio fisiológico causado pela
baixa temperatura de armazenamento (SINGH; SINGH e
SWINNY, 2009). O início ou o agravamento do distúrbio tem
sido relacionado a um sistema antioxidante ineficiente no tecido
da polpa, mas a relação de causa-efeito ainda não está bem
estabelecida (SINGH; SINGH, 2013b). O estresse oxidativo tem
sido proposto ser a resposta inicial ao desenvolvimento de dano
por frio durante o armazenamento de muitos frutos (ZHAO et
al., 2009). O estresse oxidativo se desenvolve como
consequência de uma produção de espécies reativas de oxigénio
(EROS) superior a capacidade do sistema antioxidante na célula
(HODGES et al., 2004). A redução ou falha dos antioxidantes
enzimáticos e não enzimáticos em proteger contra a EROS pode
causar dano oxidativo, levando a um aumento na peroxidação
lipídica e a perda de integridade da membrana no tecido
(HODGES et al., 2004; SEVILLANO et al., 2009).
Em ameixas ‘Laetitia’ foi verificado que a presença do etileno
influencia na qualidade dos frutos, causando rápida perda de
firmeza de polpa, redução na acidez e aumento na incidência e
severidade do escurecimento da polpa (ALVES et al., 2009). Em
frutos de caroço esse escurecimento pode resultar no
44
comprometimento da permeabilidade seletiva das membranas,
levando a interação entre fenóis e oxidases de fenóis, associado
à senescência de tecidos (LURIE; CRISOSTO, 2005).
O tratamento térmico pode promover a manutenção da
integridade da membrana, melhorando a relação ácidos graxos
insaturados/acidos graxos saturados; aumento da expressão de
genes e o acúmulo de proteínas de choque térmico térmico (Heat
Shock Protein-HSP); aumento da atividade do sistema
antioxidante; aumento das vias de arginina, que levam ao
acumulo de moléculas de sinalização envolvidas pela tolerância
à refrigeração, tais como poliaminas, óxido nítrico, e prolina; e
alteração na atividade enzimática da fenilalanina amônia-liase
(PAL) e polifenol oxidase (PPO) (AGHDAM; BODBODAK,
2014). Estas respostas podem variar em função de diversos
fatores como espécie e cultivar, idade fisiológica, tempo e
temperatura de exposição. Esses tipos de tratamentos estimulam
os mecanismos de defesa antes dos frutos serem submetidos ao
frio, o que estabelece uma resistência cruzada com as respostas
decorrentes da exposição a temperaturas moderadas ou altas,
permanecendo atuante durante a exposição a temperaturas mais
baixas (KLUGE et al., 2006).
O etanol também é capaz de retardar a senescência,
devido a inibição da produção de etileno em plantas (PESIS,
2005). Asoda et al. (2009) observaram que a aplicação de etanol
exógeno inibiu a senescência de brócolis, decorrente da redução
da biossíntese de etileno e da supressão da capacidade de
resposta ao etileno. Liu et al. (2012) verificaram que a aplicação
pós-colheita de etanol pode reduzir a concentração interna de
etileno e retardar a senescência de melões, além de melhorar os
níveis de compostos aromáticos voláteis, especialmente os
ésteres etílicos. Adicionalmente, tem sido sugerido que o etanol
pode regular o sistema antioxidante, resultando em um atraso na
senescência de brócolis e aumento na atividade das enzimas
peroxidase, catalase e superóxido dismutase durante o
armazenamento (HAN et al., 2006).
45
Devido à facilidade de uso e ao baixo custo, a eficiência
da aplicação de vapor de etanol para promover ou inibir o
amadurecimento de frutos climatéricos e consequentemente a
redução de distúrbios fisiológicos depende de inúmeros fatores
que incluem espécies, cultivares, concentração do álcool, modo
de aplicação e duração do período de exposição (RITENOUR et
al., 1997). O tratamento com vapor de etanol, suprime a indução
da expressão de genes de resposta ao etileno, o que sugere que o
etanol suprime a resposta de etileno ao nível molecular. O
tratamento com etanol reduziu o acúmulo de ACC e inibiu a
atividade da enzima formadora de etileno (WU et al., 1992). A
atividade de ACC sintase e ACC oxidase são inibidos por etanol,
devido à supressão no nível de transcrição (ASODA et al.,
2009). Tratamentos com vapor de etanol suprimiram a expressão
de CM-ACO1, CM-ACO2, CM-ACO3 e CM-ACS1, CM-
ACS2, CM-ACS3 em melões durante o armazenamento (JIN et
al., 2013).
Como o etileno possui envolvimento com a manifestação
do escurecimento de polpa e o etanol reduz a síntese de etileno
(ASODA et al., 2009; JIN et al., 2013), é possível fazer uma
relação do uso do etanol como uma ferramenta para o controle
do distúrbio. Todavia, seu efeito também pode estar relacionado
a menor produção de espécies reativas de oxigênio, maior
capacidade antioxidante (enzimática e não enzimática) e/ou
estabilidade de membranas. Possivelmente, o tratamento
térmico também deve atuar sobre esse aspecto, pois em muitos
frutos ele induz a produção de proteínas que conferem proteção
das membranas ao dano por altas temperaturas, como proteínas
chaperronas, que também conferem proteção das mesmas ao
dano por baixa temperatura (estresse oxidativo).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do
tratamento térmico, da aplicação de etanol e o possível efeito
sinérgico desses dois tratamentos sobre o retardo do
amadurecimento e o escurecimento de polpa em ameixas
46
‘Laetitia’ armazenadas sob refrigeração, bem como sobre o
estresse oxidativo no tecido da polpa dos frutos.
2.3 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado com ameixas ‘Laetitia’
provenientes de um pomar comercial do município de Urubici,
SC (28° 02’ 85”S de latitude, 49° 27’ 85” O de longitude e 990
m de altitude), colhidas nas safras 2014/2015 e 2015/2016, e
provenientes de um pomar comercial do município de Vacaria,
RS (28° 31’51” S de latitude, 50°48’31” O de longitude e 970 m
de altitude), colhidas na safra 2014/2015. Os frutos foram
colhidos, e conduzidos até o laboratório para a homogeneização
das amostras experimentais e posteriormente a aplicação dos
tratamentos. Antes da homegeneização das amostras os frutos
com danos físicos, podridões, rachaduras e coloração
(totalmente vermelha ou com coloração menor que 30 % de cor
vermelha) foram eliminados.
Os tratamentos consistiram em controle (sem tratamento
pós-colheita); vapor de etanol (0,15%); tratamento térmico a
37°C durante 24 horas; tratamento térmico a 40°C durante seis
horas; tratamento térmico a 37°C durante 24 horas com
exposição dos frutos ao vapor de etanol (0,15%); e tratamento
térmico a 40°C durante seis horas com exposição dos frutos ao
vapor de etanol (0,15%).
Para a aplicação dos tratamentos térmicos os frutos
foram acondicionados em temperatura de 37 ou 40°C em
câmaras incubadora tipo B.O.D. (marca Eletrolab) por 6 ou 24
horas (h) de acordo com tratamento. Para aplicação do vapor de
etanol, os frutos de cada amostra foram pesados e
acondicionados no interior de recipientes de 4100 mL que
permitiram o fechamento hermético. O volume de etanol
líquido, necessário para atingir a concentração de 0,15% foi
adicionado em placas de Petri de 35 mL (diâmetro de 50 mm),
que foram acondicionadas no interior dos recipientes, antes do
47
fechamento dos mesmos. A relação volume de etanol/kg de fruto
média foi de 5 mL kg-1. A exposição dos frutos ao vapor de
etanol foi durante 24 horas em condições ambiente (20±5ºC e
UR de 63±2%). Após a aplicação dos tratamentos os frutos
foram armazenados durante 35 dias a 1 ± 0,2°C e 92 ± 2% de
UR.
Após o período de armazenamento seguidos de mais
três dias em exposição a condições ambiente, para simular o
período de comercialização, os frutos foram avaliados quanto
aos atributos de qualidade. Na saída do armazenamento foram
avaliados incidência de podridões, cor da epiderme e taxas
respiratória e de produção de etileno. Após os três dias em
condições ambiente os frutos foram avaliados quando a firmeza
de polpa, força para compressão do fruto, cor da epiderme, taxas
respiratória (CO2) e de produção de etileno (C2H4), acidez
titulável (AT), sólidos solúveis (SS), incidência de podridões,
incidência e severidade de escurecimento da polpa, teor de
compostos fenólicos totais (CFT) e atividade antioxidante total
(AAT; pelos métodos DPPH e ABTS), atividade enzimática da
peroxidase (POD) e superóxido dismutase (SOD), espécies
reativas de oxigênio (EROs) para peróxido de hidrogênio (H2O2)
e radical superóxido e peroxidação de lipídios. Além destas
variáveis, na safra 2014/2015 também foram realizadas as
avaliações de forças de ruptura da casca e penetração da polpa.
Atributos de Qualidade
A cor da epiderme foi avaliada em termos de valores de
ângulo ‘hue’ (hº) com o auxílio de um colorímetro Minolta®
modelo CR 400 (Konica, Tóquio, Japão). Os valores de hº
apresentam as seguintes correspondências quanto às cores da
superfície do tecido vegetal: 0º/vermelho, 90º/amarelo,
180º/verde e 270º/azul. As leituras foram realizadas em dois
pontos opostos na região equatorial dos frutos, uma na região
com maior e outra com menor cobertura da coloração vermelha
do fruto.
48
A incidência de podridões (%) foi avaliada pela
contagem dos frutos afetados com características de infecção por
patógenos.
A perda de massa (%) foi avaliada pesando cada amostra
dos frutos antes e após a saída da câmara de refrigeração, sendo
determinada pela diferença de massa entre a colheita e a saída
da câmara.
As taxas respiratórias (ƞmol CO2 kg-1 s-1) e de produção
de etileno (ƞmol etileno kg-1 s-1) foram quantificadas
acondicionando os frutos de cada amostra r em um recipiente de
4100 mL, que permite o fechamento hermético. Após 30
minutos foram retiradas três alíquotas de 1 mL de volume de
cada amostra e injetadas em um cromatógrafo a gás Varian®,
modelo CP-3800 (Palo Alto, CA, EUA) para quantificar as
concentrações de CO2 e C2H4. O cromatógrafo Varian® era
equipado com coluna Porapak N® de 3 m de comprimento (80-
100 mesh), metanador e detector de ionização de chama. As
temperaturas da coluna, detector, metanador e injetor foram de
45, 120, 300 e 110 °C, respectivamente. Os fluxos de nitrogênio,
hidrogênio e ar sintético foram de 70, 30 e 300 mL min-1,
respectivamente.
A firmeza da polpa foi determinada na região equatorial
do fruto com auxílio de um penetrômetro eletrônico (GÜSS
Manufacturing Ltd., África do Sul) equipado com uma ponteira
de 7.9 mm de diâmetro e expressa em Newton (N).
As forças para ruptura da casca, penetração da polpa e
compressão do fruto foram avaliadas com texturômetro
eletrônico TAXT-Plus® (Stable Micro Systems Ltd, Surrey,
Reino Unido). Para compressão do fruto utilizou-se uma
plataforma plana, modelo P/75, com 75 mm de diâmetro, que
exerceu uma força de compressão até uma deformação de 3 mm
na superfície do fruto. Para as forças necessárias para a ruptura
da casca e penetração da polpa utilizou-se a ponteira modelo PS2
com 2 mm de diâmetro, a qual foi introduzida na polpa a uma
49
profundidade de 10 mm. Os resultados foram expressos em
Newton (N).
Os valores de AT (% ácido cítrico) foram obtidos por
meio de uma amostra de 10 ml de suco diluída em 90 mL de
água destilada e titulada com solução de NaOH 0,1 N até pH 8,1
utilizando um titulador automático (TitroLine Easy® (Schott
Instruments, Mainz, Rheinland-Pfalz, Alemanha). Os teores de
SS (%) foram determinados com um refratômetro digital
(modelo PR201α, Atago, Tókio, Japão) com correção do efeito
da temperatura (20 °C), utilizando uma alíquota do suco obtido
para a AT.
A análise de incidência e severidade de escurecimento de
polpa foi avaliada por meio de um corte na secção transversal
dos frutos. A incidência de escurecimento da polpa foi avaliada
por meio da contagem das ameixas que apresentaram regiões
internas da polpa com qualquer tipo de escurecimento, sendo
determinada a proporção de frutos afetados (%). A severidade
do escurecimento da polpa foi determinada por meio dos valores
de ‘L’ (Lightness), com um colorímetro modelo CR 400 da
Konica Minolta®, sendo que quanto menor o valor de ‘L’, mais
escurecida estaria a polpa. Foram realizadas duas leituras por
fruto, após um corte na região mediana dos mesmos.
Compostos fenólicos totais (CFT) e Atividade Antioxidante total
(AAT)
Para a quantificação de compostos fenólicos totais (CFT)
e da atividade antioxidante total (AAT) foram obtidos extratos
da polpa de ameixa, utilizando-se uma amostra de 5 g de polpa
triturada em mixer vertical, marca Philips Walita, modelo
RI1364 (Varginha, Brasil). A amostra foi homogeneizada com
10 mL de etanol (Synth, Diadema, Brasil) acidificado (0,01% de
HCl), seguido de centrifugação a temperatura de 4 ºC por 10
minutos, a 10000 rpm em centrífuga eppendorf, modelo 5810R,
(Hamburgo, Alemanha). Após a filtragem, o sobrenadante foi
reservado para análise de CFT e AAT.
50
A determinação de CFT foi realizada empregando o
reagente Folin-Ciocalteau. A curva padrão foi obtida com ácido
gálico (BIOTEC, Pinhais, Brasil), nas concentrações de 0, 10,
30, 50, 70, 90 e 100 ppm. Para análise foram adicionados 2,5 mL
de Folin-Ciocalteau (SIGMA-ALDRICH, St. Louis, USA)
(1:3), 0,5 mL de amostra diluída (1:20) e 2,0 mL da solução de
carbonato de sódio (Vetec, Duque de Caxias, Brasil) 10%. Os
tubos foram agitados em vortex incubados por uma hora em
ausência de luz. Realizou-se a leitura no comprimento de onda
() de 765 nm em leitora de microplacas, modelo EnSpire
(PerkinElmer, USA). Os resultados foram expressos em mg de
equivalentes de ácido gálico por 100 g de massa fresca da
amostra (mg EAG.100 g-1).
A determinação da AAT foi baseada na extinção da
absorção dos radicais DPPH (2,2-difenil-1-picril hidrazil) e
ABTS (2,2-azinobis-3-etilbenzotiazolin-6-ácido sulfônico). O
método DPPH foi analisado de acordo com Vizzotto et al.
(2012). Em ambiente escuro, foram pipetados 200 µL de
amostra e misturados com 3.800 µL de radical DPPH (SIGMA-
ALDRICH, St. Louis, USA) em tubos de 15 mL com tampa. Os
tubos foram agitados e deixados para reagir por 24 horas. A
leitura foi realizada em leitora de microplacas, modelo EnSpire
(PerkinElmer, USA) a 525 nm, e os resultados expressos em μg
de equivalente Trolox.g-1 de massa fresca da amostra. O método
ABTS foi analisado conforme descrito por Rufino et al. (2007)
com adaptações. Em ambiente escuro, foram pipetados 30 µL de
amostra e misturados com 3.000 µL de radical ABTS (SIGMA-
ALDRICH, St. Louis, USA). A leitura foi realizada após reação
de 6 minutos em leitora de microplacas, modelo EnSpire
(PerkinElmer, USA) a 734 nm, e os resultados expressos em μg
de equivalente Trolox.g-1 de massa fresca da amostra.
Peroxido de Hidrigênio (H2O2)
A quantidade de peróxido de hidrogênio (H2O2) foi
determinado de acordo com o método proposto por Gay, Collins
51
e Gebicki (1999) e Hermes- Lima, Willmore Storey (1995), com
modificações. Um grama da amostra foi macerada em nitrogênio
líquido e homogeneizado em 10 ml de metanol (Vetec, Duque
de Caxias, Brasil) a 0°C, com auxílio de ultraturrax Heidolph,
modelo D-91126 (Schwabach, Alemanha). Após a completa
homogeneização as amostras foram centrifugadas a temperatura
de 4 ºC por 10 minutos, a 10000 rpm com auxílio de uma
centrífuga eppendorf, modelo 5810R, (Hamburgo, Alemanha).
Em seguida retirou-se uma alíquota de 35µL do sobrenadante,
à qual foi pipetado em um recipiente contendo 500 µL de sulfato
de amônio ferroso Fe(NH4)2(SO4)2 1 mM (Vetec, Duque de
Caxias, Brasil) e 200 µL de ácido sulfúrico H2SO4 250 mM
(MERCK, Darmstadt, Alemanha) que permaneceu em reação
por 5 minutos no escuro. Em seguida adicionou-se 100 µL de
xylenol laranja 1 mM (SIGMA-ALDRICH, St. Louis, USA) e a
mistura foi mantida no escuro por 20 minutos quando então
procedeu-se à leitura da absorbância das amostras a 560 nm em
leitora de microplacas, modelo EnSpire (PerkinElmer, USA). As
leituras foram comparadas com uma curva padrão com
concentrações conhecidas de peróxido de hidrogênio (Vetec,
Duque de Caxias, Brasil) e expressas e (µmol g-1).
Atividade enzimática: Peroxidase (POD) e Superoxido
dismutase (SOD)
A atividade da peroxidase (POD) foi determinada de
acordo com o método proposto por Kar e Mishra (1976), com
modificações. Para obtenção do extrato enzimático foi macerado
0,3 g do tecido da polpa com 3 mL do meio de extração
composto de tampão fosfato de potássio 0,1 M (Vetec, Duque
de Caxias, Brasil), pH 6,8, ácido etilenodiaminotetracético
(EDTA) 0,1 mM (Dinâmica, Diadema, Brasil), fluoreto de
fenilmetilsulfônico (PMSF) 1 mM (SIGMA, St. Louis, USA). A
atividade da peroxidase (POX) foi determinada pela adição de 600 µL
do extrato enzimático em um tampão fosfato de potássio 25 mM, pH
6,8, guaiacol 20 mM e H2O2 20 mM. O decréscimo na absorbância a
52
420 nm, na temperatura de 25 °C, foi medida durante 1 minuto da
reação com auxílio de uma leitora de microplacas modelo EnSpire
(PerkinElmer, USA) a 420 nm, durante 1 minuto.. A atividade das
POX foi determinada com base na inclinação da reta no intervalo de 0
a 1 minutos e expressa em μmol min-1mg proteína-1 uma centrífuga
eppendorf, modelo 5810R, (Hamburgo, Alemanha).
A atividade da superóxido dismutase (SOD) foi
determinada de acordo com o método proposto por Del Longo
et al. (1993), com modificações. Para obtenção no meio de
extração, o tecido vegetal foi macerado em Nitrogênio líquido,
posteriormente foi utilizado 0,3 g do tecido vegetal, e
posteriormente adicionado 3 mL do meio de extração, composto
de tampão fosfato de sódio 0,1 M (Vetec, Duque de Caxias,
Brasil), pH 6,8, ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) 0,1
mM (Dinâmica, Diadema, Brasil), fluoreto de
fenilmetilsulfônico (PMSF) 1 mM (SIGMA, St. Louis, USA).
Após a homogeneização em almoxafariz, mantido em gelo
picado, as amostras foram acondicionados em eppendorfs e
centrifugadas a temperatura de 4 ºC por 15 minutos, a 10000 rpm
com auxílio de uma centrífuga eppendorf, modelo 5810R,
(Hamburgo, Alemanha). Posteriormente retirou-se uma alíquota
de 50 µL do sobrenadante que foi adicionada a 2,95 mL do meio
de reação, composto de tampão de fosfato de sódio 50 mM
(Vetec, Duque de Caxias, Brasil), pH 7,8, metionina 13 mM
(Vetec, Duque de Caxias, Brasil), azul de p-nitro tetrazólio
(NBT) 75 µM (Vetec, Duque de Caxias, Brasil), EDTA 0,1 mM
(Dinâmica, Diadema, Brasil) e riboflavina 2 µM (Vetec, Duque
de Caxias, Brasil) que estavam acondiocionados em recipientes
de vidro recobertos com e sem papel alumínio e que em seguida
foram mantidas a exposição a luz por 10 minutos. A
quantificação da atividade enzimática foi determinada no
comprimento de onda de 560 nm com auxílio de uma leitora de
microplacas, modelo EnSpire (PerkinElmer, USA) e expressa
em expressa em μmol min-1mg proteína-1.
53
Peroxidação de Lipídeos (MDA)
A quantificação da peroxidação de lipídeos nas
membranas celulares foi realizada conforme procedimento
descrito por Heath e Packer (1968) com modificações. Para isso,
0,3 g de tecido da polpados frutos foram macerados em 2 mL de
ácido tricloroacético (TCA; 0,1%), colocados em eppendorfs e
centrifugados a 10.000 rpm C [centrífuga eppendorf, modelo
5810R, (Hamburgo, Alemanha)] por 15 minutos a 4 °. Em
seguida, foi retirada uma alíquota de 350 µL do sobrenadante e
adicionado em um tubo (eppendorf) contendo 1,5 mL de TCA
(20%) e 0,5% de ácido tiobarbitúrico (MERCK, Darmstadt,
Alemanha). As amostras foram incubadas por 25 minutos à
temperatura de 90-95 °C e, em seguida, acondicionadas em
banho de gelo para deter a reação. Após isso, as amostras foram
centrifugadas a 3.000 rpm por 10 minutos e quantificadas nos
comprimentos de onda de 400, 532 e 600 nm com auxílio de um
leitor de microplacas (modelo EnSpire, PerkinElmer, USA). A
determinação da integridade de membrana (peroxidação de
lipídeos) foi expressa em nmol g-1 MF de MDA formado.
O delineamento experimental utilizado foi o
inteiramente casualizado. Cada tratamento foi composto de
quatro repetições, sendo cada unidade experimental constituída
de 25 frutos. Os valores em % foram previamente transformados
pela fórmula arco seno [(x+0,5)/100]1/2. Os dados foram
submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo
teste de Tukey (p<0,05), com o auxílio do programa SAS (SAS
Institute, Cary, NC, EUA).
2.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na colheita os frutos os frutos de Vacaria, RS, safra
2014/15, apresentaram porcentagem de cor vermelha de 12%,
cor da casca no lado mais e menos vermelho (h°) de 36,3 e 88,99
respectivamente, e firmeza de polpa de 53,84 N. Em relação aos
frutos provenientes do município de Urubici, SC, na safra
54
2014/15 a porcentagem de cor vermelha foi de 48%, cor da casca
no lado mais e menos vermelho (h°) 38,12 e 90,15
respectivamente e firmeza de polpa 50,31 N e safra 2015/16 a
cor da casca no lado mais e menos vermelho (h°) 32,39 e 94,89
respectivamente e firmeza de polpa 48,31 N.
Os frutos submetidos ao tratamento térmico a 37°C
durante 24 horas simultaneamente à exposição ao vapor de
etanol (0,15%) a apresentaram sintoma de fitotoxidez,
caracterizado por lesões na epiderme de coloração marrom
(figura 3), com escurecimento total da polpa e escurecimento
parcial da epiderme, tanto em frutos colhidos em Vacaria, RS,
quanto em frutos colhidos em Urubici, SC, em ambas as safras.
Figura 3 – Sintoma de fitotoxidez observada em ameixas
‘Laetitia’ colhidas em Urubici, SC, safra 2014/15,
submetidas ao tratamento térmico a 37°C durante
24 horas simultaneamente à exposição ao vapor de
etanol (0,15%) e armazenados por 35 dias a
1±0,2°C e 92±2% de UR.
Fonte: Produção do próprio autor, 2016.
55
A incidência deste dano em frutos de Urubici, SC, foi de
100%, em ambas as safras (Figura 4) (dados não apresentados).
Já em frutos de Vacaria, RS, a incidência de fitotoxidez foi de
57% (dados não apresentados). É evidente que este dano foi
decorrente da combinação dos efeitos causados pelo álcool e o
tratamento térmico sobre a fluidez das membranas celulares. Em
maçãs, a aplicação de altas concentrações de acetaldeído
(VIDRIH; ZAVRTANIK; HRIBAR, 1997) e vapor de etanol
(WEBER et al., 2016) resultou, respectivamente, em
escurecimento da epiderme e polpa. A escolha de temperaturas
e tempo de tratamento adequados depende da cultivar, estádio
de maturação do fruto, tamanho do fruto, e das condições
durante a estação de crescimento (LURIE, 2008). Segundo
Valero e Serrano (2010), os danos pelo tratamento térmico
podem ser tanto externos como internos, envolvendo o
escurecimento da casca e polpa.
56
Figura 4 – Na figura estão representados os tratamentos do
experimento 1, sendo estes: T1- controle; T2 - etanol
na concentração (0,15%); T3 - tratamento térmico á
37°C no período de 24 horas; T4 - tratamento térmico
á 40°C no período de seis horas; T5 - tratamento
térmico á 37°C no período de 24 horas
simultaneamente a exposição dos frutos ao etanol
durante 24 horas na concentração de 0,15%; T6 -
tratamento térmico á 40°C no período de seis horas e
simultaneamente a exposição dos frutos ao etanol
durante 24 horas na concentração 0,15%.
Fonte: Produção do próprio autor, 2016.
Em frutos colhidos em Vacaria- RS, a perda de massa foi
superior apenas no tratamento térmico a 37°C combinado com a
57
aplicação de vapor de etanol (3,3%), em relação ao tratamento
controle (0,4%) (dados não apresentados). Em frutos de Urubici,
SC, na safra 2014/15, a perda de massa foi superior no
tratamento térmico a 37°C combinado com a aplicação de vapor
de etanol (3,1%), tratamento térmico a 40°C sem (2,3%) e com
(2,1%) a combinação com vapor de etanol, em relação ao
controle (1,4%), (dados não apresentados). Na safra 2015/16 não
houve diferença entre tratamentos para perda de massa (dados
não apresentados)
Em frutos colhidos em Urubici, SC, submetidos ao
tratamentos com vapor de etanol, excetuando o tratamento
térmico a 37°C durante 24 horas simultaneamente à exposição
ao vapor de etanol (0,15%) que foi descartado por apresentar
sintoma de fitotoxidez (Figura 3), proporcionaram menor taxa
de produção de etileno em comparação ao controle para os dois
anos de avaliação. Já para os frutos provenientes de Vacaria, RS,
não foram verificadas diferenças significativas entre os
tratamentos para a produção de etileno (dados não
apresentados). Para Bai et al. (2004), o mecanismo de ação do
etanol está relacionado a concentração endógena de acetaldeído,
que é um fator biologicamente ativo e que afeta a produção de
etileno. Em brócolis e melões foi observado que o vapor de
etanol inibiu a produção de etileno pela forte redução na
atividade das enzimas ACC sintase e ACC oxidase, devido à
redução na expressão dos genes BO-ACO1, BO-ACO2 e BO-
ACS1 em brócolis (ASODA et al., 2009), e CM-ACO1, CM-
ACO2, CM-ACO3, CM-ACS1, CM-ACS2 e CM-ACS3 em
melões (JIN et al., 2013). Na safra 2015/16, os frutos submetidos
ao tratamento térmico a 37°C por 24 horas e 40°C por 6 horas
também apresentaram menor taxa de produção de etileno em
relação ao controle (Tabela 1). Nesse ano, a menor taxa de
produção de etileno foi observada em frutos submetidos a 40°C
por 6 horas combinado com a aplicação do vapor de etanol por
24 horas, sem diferir dos frutos submetidos apenas ao tratamento
térmico a 40°C. O efeito do tratamento térmico na redução da
58
produção de etileno foi verificado em pêssegos (BUDDE et al.,
2006; VITTI et al., 2007) e Myrica rubra (LUO et al., 2009),
sendo relacionado à inibição da enzima ACC oxidase durante a
exposição dos frutos a temperaturas superiores a 35 °C (BUDDE
et al., 2006).
A taxa respiratória apresentou diferença entre o controle
e os demais tratamentos em frutos colhidos em Urubici, SC,
somente na safra 2014/15, onde o tratamento com aplicação de
vapor de etanol e vapor de etanol juntamente com tratamento
térmico a 40°C por 6 horas tiveram menor taxa respiratória, em
relação ao controle (Tabela 1). A exposição dos frutos e
hortaliças, como tomate e brócolis, aos produtos da fermentação
(etanol ou aldeído acético), em doses não tóxicas, pode diminuir
a taxa respiratória (ASODA et al., 2009). Provavelmente, a
diminuição da taxa respiratória deve-se a supressão da produção
de etileno (SUZUKI; UJI; TERAI, 2004). Nos demais
experimentos não foram observados diferenças significativas
entre tratamentos para a taxa respiratória (dados não
apresentados).
59
Tabela 1 – Taxas de produção de etileno e respiratória de
ameixas ‘Laetitia’ colhidas em Urubici, SC,
submetidas a diferentes tratamentos pós colheita e
armazenadas sob refrigeração (temperatura de
1±0,2°C e 92±2% de UR) durante 35 dias seguidos
de três dias em condições ambiente (temperatura
20±5°C e 63±2% de UR).
Tratamentos
Taxa de produção de
etileno
(ƞmol kg-1 s-1)
Taxa
respiratória
(ƞmol kg-1 s-1)
2014/15 2015/16 2014/15
Controle 0,82 a 1,51 a 252,3 a
Etanol 0,08 b 0,98 b 174,6 bc
37°C/24h 0,34 ab 0,82 bc 211,3 ab
40°C/6h 0,49 ab 0,66 cd 201,5 abc
37°C/24h + Etanol - . .
40°C/6h + Etanol 0,03 b 0,45 d 141,3 c
CV (%) 62,6 12,2 16,1
Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste
de Tukey (p<0,05). ns: não significativo (p>0,05). Etanol na concentração
de 0,15% v/v. Fonte: Produção do próprio autor, 2016.
Em relação à cor da epiderme, na saída da câmara, não
houve diferença entre o controle e os demais tratamentos, em
frutos de ambas as regiões de produção e safras avaliadas (dados
não apresentados). Todavia, após três dias de exposição dos
frutos em condição ambiente, o tratamento térmico, em ambas
as temperaturas, associado ao vapor de etanol, em frutos
colhidos em Vacaria, RS, o tratamento vapor de etanol, em
ambas as safras no município de Urubici, SC, e o tratamento
térmico a 40°C associado ao vapor de etanol, em frutos colhidos
em Urubici, SC, na safra 2014/15, mantiveram a epiderme dos
frutos menos vermelha (Tabela 2). A cor da epiderme é um
importante indicador do estádio de amadurecimento dos frutos
60
(PALAPOL et al., 2009). A menor evolução da coloração da
epiderme nas ameixas ‘Laetitia’ (maior ho da epiderme)
submetidas ao tratamento com vapor de etanol, associado ou não
ao tratamento térmico, deve estar relacionada, em parte, à menor
taxa de produção de etileno, pois a mudança na cor, durante o
amadurecimento de ameixas, é um processo dependente da ação
deste fitormônio (STANGER et al., 2014). Além disso, em
brócolis, a aplicação de vapor de etanol diminuiu a atividades de
enzimas clorofilases e Mg-dequelatase e reduziu a degradação
de clorofilas (XU et al., 2012), bem como reduziu a síntese de
etileno (ASODA et al., 2009).
61
Tabela 2 – Cor da casca (h°) na região mais e menos vermelha
em ameixas ‘Laetitia’ submetidas a diferentes
tratamentos pós-colheita e armazenadas sob
refrigeração (temperatura de 1±0,2°C e 92±2% de
UR) durante 35 dias seguidos de três dias em
condições ambiente (temperatura de 20±5°C e
63±2% de UR). hº (Região + vermelha)
Tratamento Vacaria Urubici 2014/15 2014/15 2015/16
Controle 26,2 c 10,9 b 19,6 b
Etanol 28,8 bc 24,1 a 23,5 a
37°C/24h 26,5 c 19,1 b 19,4 b
40°C/6h 26,9 c 17,8 b 21,1 ab
37°C/24h + Etanol 35,1 a . .
40°C/6h + Etanol 31,9 ab 26,4 a 20,9 ab
CV (%) 6,0 6,0 8,1
hº (Região - vermelha)
Controle 38,2 b 42,0 c 45,3ns
Etanol 46,6 b 59,4 ab 44,0
37°C/24h 44,4 b 48,9 bc 40,5
40°C/6h 44,8 b 44,1 c 42,8
37°C/24h + Etanol 66,8 a . .
40°C/6h + Etanol 57,8 a 68,8 a 46,6
CV (%) 8,8 10,0 12,6
38,2 b 42,0 c 45,3ns
Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste
de Tukey (p<0,05). ns: não significativo (p>0,05). Etanol na concentração
de 0,15% v/v. Fonte: Produção do próprio autor, 2016.
Para os atributos de textura e firmeza de polpa, os
tratamentos com a aplicação de vapor de etanol isolado ou em
associação com o tratamento térmico proporcionaram maiores
valores, em relação ao controle, para ambos locais e safras
(Tabela 3). Há divergências na literatura quanto ao efeito de
produtos alternativos sobre o amadurecimento de frutos, como
62
exemplo, foi verificado que vapor de etanol reduziu a atividade
de enzimas pectnolíticas (pectina) em goiabas e manteve a
firmeza da polpa por mais tempo, no entanto, acelerou o
amadurecimento de bananas (SIDDIQUI et al., 2005). Todavia,
em tomates e melões também foi observado retardo na redução
da firmeza de polpa em frutos submetidos ao vapor de etanol
(TZORTZAKIS; ECONOMAKIS, 2007; JIN et al., 2013). Jin et
al. (2013) atribuíram a maior firmeza de polpa em melões
tratados com vapor de etanol ao retardo da senescência. Com o
avanço do amadurecimento, os frutos vão se tornando mais
macios devido à diminuição da turgescência e à hidrólise das
substâncias pécticas que compõem a parede celular
(MALGARIM et al., 2007). Em geral, as alterações na
consistência dos frutos durante o amadurecimento resultam,
predominantemente, da desestruturação da parede celular, que
envolve a interação complexa de várias enzimas hidrolíticas
(ALI et al., 2004). O avanço no amadurecimento promove a
degradação de protopectina da lamela média e da parede celular
primária e o aumento da pectina solúvel nos tecidos da polpa do
fruto (JACOMINO et al., 2002).
Segundo Argenta et al. (2003), ameixas com firmeza de
polpa menores de 9 N são consideradas impróprias ao consumo.
A aplicação do vapor de etanol se mostrou eficiente na
manutenção da firmeza de polpa, uma vez que em todos os
tratamentos que continham aplicação de vapor de etanol,
independentemente do local de produção ou safra, a firmeza de
polpa ficou acima de 9 N, mesmo depois de três dias em
temperatura ambiente (Tabela 3). O tratamento controle
proporcionou firmeza de polpa superior 9 N apenas em frutos
colhidos em Vacaria, RS, na safra 2014/15 (Tabela 3). O
tratamento térmico, embora não tenha diferido do controle,
propiciou firmeza de polpa superior a 9 N em ameixas colhidas
em Vacaria, RS, tanto a 37 °C quanto a 40 °C, e levemente
superior em ameixas colhidas em Urubici, SC, na temperatura
63
de 37°C (10,5 N), na safra 2014/15, e a 40 °C (9,5 N), na safra
2015/16 (Tabela 3).
Tabela 3 – Forças para ruptura de casca (N), penetração da polpa
(N) e compressão do fruto (N) e firmeza de polpa (N)
em ameixas ‘Laetitia’ submetidas a diferentes
tratamentos pós-colheita e armazenadas sob
refrigeração (temperatura de1±0,2°C e 92±2% de UR)
durante 35 dias seguidos de três dias em condições
ambiente (temperatura de20±5°C e 63±2% de UR).
(Continua)
Força para ruptura da casca (N)
Tratamento Vacaria Urubici
2014/15 2014/15 2015/16 Controle 5,9 c 5,1 c . Etanol 7,9 b 8,7 b . 37°C/24h 6,1 c 5,5 c . 40°C/6h 6,5 c 5,7 c . 37°C/24h + Etanol 9,1 a . . 40°C/6h + Etanol 10,1 a 11,4 a . CV (%) 5,0 10,3 .
Força para penetração da polpa (N)
Tratamento Vacaria Urubici
2014/15 2014/15 2015/16
Controle 1,1 c 0,7 c . Etanol 1,5 b 1,3 b . 37°C/24h 1,1 c 0,8 c . 40°C/6h 0,9 c 0,7 c . 37°C/24h + Etanol 2,2 a . . 40°C/6h + Etanol 1,9 a 2,1 a . CV (%) 10,8 13,7 .
64
Tabela 3 – Forças para ruptura de casca (N), penetração da polpa
(N) e compressão do fruto (N) e firmeza de polpa (N)
em ameixas ‘Laetitia’ submetidas a diferentes
tratamentos pós-colheita e armazenadas sob
refrigeração (temperatura de1±0,2°C e 92±2% de UR)
durante 35 dias seguidos de três dias em condições
ambiente (temperatura de20±5°C e 63±2% de UR).
(Conclusão)
Força para compressão do fruto (N)
Tratamento Vacaria Urubici
2014/15 2014/15 2015/16
Controle 45,8 c 31,9 d 29,1 b Etanol 58,4 b 58,9 bc 50,1 a 37°C/24h 43,1 c 33,5 cd 30,7 b 40°C/6h 47,6 c 61,7 b 31,6 b 37°C/24h + Etanol 71,6 a . . 40°C/6h + Etanol 66,9 ab 141,6 a 47,7 a CV (%) 8,1 17,1 8,6
Firmeza (N)
Tratamento Vacaria Urubici
2014/15 2014/15 2015/16
Controle 14,5 c 7,5 b 8,6 b Etanol 22,9 b 20,2 a 15,1 a 37°C/24h 14,9 c 10,5 b 8,6 b 40°C/6h 14,3 c 8,6 b 9,5 b 37°C/24h + Etanol 33,1 a . . 40°C/6h + Etanol 29,8 a 25,1 a 15,2 a
CV (%) 8,6 20,2 15,1 Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste
de Tukey (p<0,05). ns: não significativo (p>0,05). Etanol na concentração de
0,15% v/v. Fonte: Produção do próprio autor, 2016.
Não houve diferença entre os tratamentos para os sólidos
solúveis (dados não apresentados). A acidez titulável, em
relação ao controle, foi superior nas ameixas submetidas ao
tratamento térmico a 40°C por 6 horas, em frutos colhidos em
65
Vacaria, RS, safra 2014/15, e ao tratamento térmico a 37°C por
24 horas e tratamento térmico a 40°C por 6 horas mais aplicação
de vapor de etanol, em frutos colhidos em Urubici, SC, na safra
2014/15 (dados não apresentados).
A incidência de escurecimento da polpa (Figura 5), em
frutos de Vacaria, RS, safra 2014/15, foi menor quando
submetidos ao tratamento térmico (37°C e 40°C) e ao tratamento
térmico a 40°C por 6 horas combinado com a aplicação de vapor
de etanol, e de Urubici, SC, safra 2015/16, somente nos
tratamentos térmicos (37°C e 40°C) incidência do
escurecimento da polpa foi menor, ambos em relação ao controle
(Tabela 4). O tratamento térmico vem sendo utilizado para
aumentar a resistência dos frutos à baixa temperatura e para
aumentar o benefício da refrigeração. A resposta ao estresse
térmico é caracterizada por uma larga atenuação na atividade de
transcrição e tradução, com a exceção das proteínas de choque
térmico (heat shock protein – HPSs), as quais acumulam de
forma dose-dependente e parecem responder na maior parte pela
termotolerância (QUEITSCH et al., 2000). As HSPs contribuem
para a tolerância ao estresse abiótico devido ao seu papel de
estabilização de membranas celulares (HORVÁTH et al., 2008).
As HSP’s podem auxiliar na manutenção da fluidez e
integridade das membranas celulares em frutas e legumes
submetidos ao estresse por frio (HORVÁTH et al., 2008).
Sevillano et al. (2009) relataram que o tratamento com ar quente
reduziu a injuria por frio em graviola e que este efeito ocorreu
associado à indução da expressão de genes que codificam para
HSPs. He et al. (2012) também observaram que o tratamento
com ar quente reduziu a injuria por frio em banana. Os autores
sugeriram que o tratamento com calor causou aumento da
resistência à injuria por frio por estimular a expressão de genes
que codificam para proteínas HSPs durante o armazenamento
refrigerado (AGHDAM; BODBODAK, 2014). Em contra
partida, em frutos de Vacaria, RS, o tratamento térmico a 37°C
por 24 horas combinado com a aplicação de vapor de etanol
66
aumentou a incidência de escurecimento da polpa (Tabela 4), o
que deve estar relacionado ao efeito fitotóxico do vapor de
etanol quando aplicado em alta temperatura. Já nos frutos de
Urubici, SC, submetidos o tratamento térmico a 37°C por 24
horas combinado com a aplicação de vapor de etanol, em ambas
as safras, não foi possível avaliar o escurecimento de polpa dos
frutos após três dias de exposição dos frutos em condições
ambiente, pois já na saída da câmara 100% dos frutos
apresentavam escurecimento da epiderme e da polpa (dados não
apresentados).
Figura 5 – Escurecimento de polpa em ameixa ‘Laetitia’
armazenadas sob refrigeração (temperatura
de1±0,2°C e 92±2% de UR) durante 35 dias
seguidos de três dias em condições ambiente
(temperatura de 20±5°C e 63±2% de UR). Fruto
proveniente da safra 2014/15 do município de
Vacaria, RS.
Fonte: Produção do próprio autor, 2016.
67
Em frutos de Urubici, SC, na safra 2014/15, em relação
ao controle, a aplicação de etanol isoladamente ou em conjunto
com o tratamento térmico a 40°C por 6 horas reduziu a
severidade do escurecimento da polpa (Tabela 4). Em ameixas
tem sido proposto que o escurecimento da polpa é decorrente de
um processo oxidativo relacionado à produção de espécies
reativas de oxigênio, que causam a peroxidação de lipídeos, com
consequente danos às membranas celulares (SINGH; SINGH,
2013a). Quando o fruto está sob estresse e o equilíbrio entre a
produção de EROs e a atividade antioxidante é rompido a favor
dos compostos oxidantes, ocorrem danos oxidativos nas
estruturas celulares (KIM; KWAK, 2010). As enzimas
antioxidantes estão presentes em diferentes compartimentos
celulares e contribuem para o controle das EROs em plantas, o
que confere um estado de homeostase celular (BARBOSA et al.,
2014). Além disso, o escurecimento de polpa em frutos pode ser
decorrente da redução do metabolismo energético e do conteúdo
de fosfolipídios, com consequente descompartimentalização
intracelulares (PEDRESCHI et al., 2009). Para Stanger et al.
(2014), na cultivar ‘Laetitia’, embora não tenha ocorrido
diferença entre os estádios de maturação para a incidência de
escurecimento da polpa, os frutos colhidos no estádio de
maturação 45 a 50% de cor vermelha apresentaram polpa com
coloração mais clara (indicado pelo maior valor de L) do que os
frutos colhidos nos estádios 20 a 25% de cor vermelha e 70 a
75% de cor vermelha. Estes resultados concordam com os
resultados obtidos no presente trabalho, pois os frutos colhidos
em Vacaria, RS, na safra 2014/15, foram colhidos com menos
de 25% de cor vermelha da epiderme e apresentaram a polpa
mais escura do que os frutos de Urubici, SC, na safra 2014/15.
A colheita precoce de frutos pode prejudicar a sua aparência,
pois reduz a pigmentação de cor vermelha da epiderme
(CASQUERO; GUERRA, 2009). De acordo com Nunes et al.
(2009), a cor da epiderme e da polpa são atributos importantes
68
para a qualidade de ameixas que desenvolvem pigmentação na
epiderme e na polpa.
Tabela 4 – Incidência (%) e severidade (L) de escurecimento em
ameixas ‘Laetitia’ submetidas a diferentes
tratamentos pós-colheita e armazenadas sob
refrigeração (temperatura de 1±0,2°C e 92±2% de
UR) durante 35 dias seguidos por mais três dias em
condições ambiente (temperatura de 20±5°C e
63±2% de UR). Incidência (%)
Tratamento Vacaria Urubici 2014/15 2014/15 2015/16
Controle 46,7 b 35,9ns 91,3 a
Etanol 40,8 b 37,6 91,3 a
37°C/24h 27,7 c 58,2 61,3 b
40°C/6h 21,3 c 58,8 71,3 b
37°C/24h + Etanol 72,8 a . .
40°C/6h + Etanol 28 c 36,7 89,9 a
CV (%) 18,0 16,1 12,1
Severidade (L)
Controle 41,2 abc 44,3 c 46,4ns
Etanol 42,1 ab 54,4 a 46,4
37°C/24h 42,2 ab 50,2 ab 46,4
40°C/6h 40,4 bc 46,3 bc 45,2
37°C/24h + Etanol 38,2 c . .
40°C/6h + Etanol 44,3 a 53,4 a 46,5
CV (%) 3,6 4,3 4,1
Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste
de Tukey (p<0,05). ns: não significativo (p>0,05). Etanol na concentração
de 0,15% v/v. Fonte: Produção do próprio autor, 2016.
Não foram observadas diferenças significativas para a
peroxidação de lipídios em frutos provenientes de Vacaria, RS.
Já para os frutos de Uribici, SC, as ameixas submetidas ao
tratamento térmico a 37 °C por 24 horas, na safra 2014/15, e ao
69
tratamento térmico a 40°C por 6 horas mais vapor de etanol, na
safra 2015/16, apresentaram menores valores de peroxidação de
lipídios (Tabela 5). Aghdam e Bodbodam (2014) sugeriram que
o tratamento com ar quente aumenta a manutenção da
integridade da membrana e a tolerância a injúria por frio, por
meio da diminuição significativa de fosfolipase D e atividade da
enzima lipoxigenase (LOX). Essa maior resistência pode estar
relacionada à manutenção da estrutura, à permeabilidade das
membranas e ao incremento na atividade de sistemas
antioxidantes, que auxiliam na remoção de substâncias tóxicas
acumuladas durante o período de exposição à baixa temperatura
(YAHIA et al., 2007).
O teor de compostos fenólicos totais (CFT), em frutos de
Vacaria, RS, foi menor nos tratamentos com vapor de etanol,
tratamento térmico a 37°C por 24 horas mais vapor de etanol e
tratamento térmico 40° C por 6 horas mais vapor de etanol. Em
frutos de Urubici, SC, na safra 2014/15, vapor de etanol,
tratamento térmico a 40°C por 6 horas e tratamento térmico a
40°C por 24 horas mais vapor de etanol causaram menor teor de
compostos fenólicos. O comportamento dos frutos de Urubici,
SC, na safra 2015/16 foi semelhante, onde o tratamento com
vapor de etanol e o tratamento térmico a 40°C por 6 horas mais
vapor de etanol tiveram menor teor de CFT em relação ao
controle (Tabela 5). Os compostos fenólicos são metabólitos
secundários sintetizados por plantas durante o desenvolvimento
normal, e em resposta a condições de estresse tais como
infecções, ferimentos, radiação ultravioleta (UV), entre outras.
As plantas contêm fenóis simples, ácidos fenólicos (derivados
do ácido benzóico e cinâmico), cumarinas, flavonoides,
estilbenos, taninos, lignanas e ligninas. Estes compostos
fenólicos podem atuar atraindo polinizadores, contribuindo na
pigmentação, como antioxidantes, e como agentes protetores
contra luz ultravioleta, patógenos, predadores, entre outras
funções (NACZK; SHAHIDI, 2006). O estresse causado aos
frutos, em razão do armazenamento refrigerado, pode ativar o
70
metabolismo secundário das células, que é uma das rotas
formadoras de compostos fenólicos (DING et al., 2001), o que
explica o incremento no teor de fenóis totais, presentes em frutos
de nêspera ao longo do armazenamento (EDAGI et al., 2009).
Da mesma forma pode explicar o fato de o tratamento térmico
ter sido maior em relação a tratamentos com aplicação de etanol,
para os experimentos de Vacaria, RS, safra 2014/15, e Urubici,
SC, safra 2015/16, mostrando que em tratamentos com etanol
isolado ou em conjunto com tratamento térmico, os compostos
fenólicos se mostraram menores em relação ao controle e ao
tratamento térmico, quando utilizado de forma isolada.
A atividade antioxidante total (ATT), determinada pelo
método ABTS, na safra 2014/15, não apresentou diferença entre
o controle e os demais tratamentos, em frutos de ambas as
regiões de produção (Tabela 5). Já na safra 2015/16 com frutos
provenientes de Urubici, SC, os tratamentos que tiveram menor
atividade antioxidante, pelo método ABTS, foram vapor de
etanol e tratamento térmico a 40 °C por 6 horas mais aplicação
de vapor de etanol (Tabela 5). Já pelo método DPPH, na safra
2014/15 com frutos provenientes de Vacaria, RS, a menor
atividade antioxidante foi no tratamento térmico a 40°C mais
aplicação de vapor de etanol (Tabela 5). Para os frutos
provenientes de Urubici, SC, na safra 2014/15, não houve
diferença entre o tratamento controle e os demais tratamentos.
Na safra 2015/16 o tratamento com aplicação de vapor de etanol
apresentou menor atividade antioxidante (Tabela 5). Kristl et al.
(2011) observaram que a evolução da maturação resultou em
aumento na ATT de ameixas. A redução nos CFT e AAT em
ameixas ‘Laetitia’ tratadas com vapor de etanol pode estar
relacionada ao fato deste tratamento ter reduzido a taxa de
produção de etileno e consequentemente o amadurecimento. Em
geral, ameixas tem uma atividade antioxidante mais elevada do
que as nectarinas e pêssegos (GIL et al., 2002). De acordo com
Rotili et al. (2013), a atividade antioxidante em frutos é
decorrente da ação de uma variedade de compostos que são
71
degradados ou sintetizados durante o armazenamento, em
resposta a estresses bióticos e abióticos.
Tabela 5 - Valores de peroxidação de lipídios (MDA; nmol g-1
MF), conteúdo de compostos fenólicos totais (CFT;
mg EAG.100 g-1) e atividade antioxidante total
(AAT; quantificada pelos métodos DPPH e ABTS,
expressa em μg de equivalente Trolox.g-1 de massa
fresca), em ameixas ‘Laetitia’ submetidas a
diferentes tratamentos pós-colheita e armazenadas
sob refrigeração (temperatura de1±0,2°C e 92±2%
de UR) durante 35 dias seguidos de três dias em
condições ambiente (temperatura 20±5°C e 63±2%
de UR). (Continua)
MDA
Tratamento Vacaria Urubici
2014/15 2014/15 2015/16 Controle 1,8 ns 2,1 a 5,6 a Etanol 2,3 1,9 a 5,7 a 37°C/24h 2,5 1,1 b 4,7 ab 40°C/6h 2,9 2,3 a 5,4 ab 37°C/24h + Etanol 2,7 . . 40°C/6h + Etanol 2,8 1,8 ab 4, 2 b CV (%) 29,8 19,4 12,5
CFT
Tratamento Vacaria Urubici
2014/15 2014/15 2015/16
Controle 203,3 a 168,7 a 161,6 a Etanol 134,7 c 129,1 d 122,5 b 37°C/24h 166,9 ab 161,5 ab 160,5 a 40°C/6h 181,0 ab 147,0 bc 176,1 a 37°C/24h + Etanol 124,2 c . . 40°C/6h + Etanol 134,8 c 136,7 cd 122,3 b CV (%) 8,2 4,8 9,8
72
Tabela 5 - Valores de peroxidação de lipídios (MDA; nmol g-1
MF), conteúdo de compostos fenólicos totais (CFT;
mg EAG.100 g-1) e atividade antioxidante total
(AAT; quantificada pelos métodos DPPH e ABTS,
expressa em μg de equivalente Trolox.g-1 de massa
fresca), em ameixas ‘Laetitia’ submetidas a
diferentes tratamentos pós-colheita e armazenadas
sob refrigeração (temperatura de1±0,2°C e 92±2%
de UR) durante 35 dias seguidos de três dias em
condições ambiente (temperatura 20±5°C e 63±2%
de UR). (Conclusão)
ABTS
Tratamento Vacaria Urubici
2014/15 2014/15 2015/16
Controle 9,9 ab 9,0 ab 11,8 a Etanol 8,4 b 9,3 ab 6,1 b 37°C/24h 10,7 ab 10,7 a 11,0 a 40°C/6h 10,7 ab 9,5 a 10,7 a 37°C/24h + Etanol 8,6 b . . 40°C/6h + Etanol 12,2 a 6,6 b 6,7 b CV (%) 13,2 13,5 13,6
DPPH
Tratamento Vacaria Urubici
2014/15 2014/15 2015/16
Controle 6170 a 6098 ab 3403 ab Etanol 6136,7 a 5831 b 2628 c 37°C/24h 6353,1 a 6170 a 3531 ab 40°C/6h 6335,6 a 5955 ab 3961 a 37°C/24h + Etanol 6130 a . . 40°C/6h + Etanol 4877,5 b 5876 ab 2991 bc CV (%) 3,0 2,3 8,2
Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste
de Tukey (p<0,05). ns: não significativo (p>0,05). Etanol na concentração
de 0,15% v/v. Fonte: Produção do próprio autor, 2016.
73
Em frutos de Vacaria, RS, na safra 2014/15, o tratamento
com aplicação de vapor de etanol e o tratamento com vapor de
etanol mais tratamento térmico a 37°C por 24 horas
proporcionaram maior atividade da POD (Tabela 6). Em frutos
de Urubici, SC, safra 2014/15, o tratamento térmico, em ambas
as temperaturas, e tratamento com vapor de etanol mais 40°C
por 6 horas apresentaram maior atividade da POD (Tabela 6).
No experimento realizado na safra 2015/16 os frutos submetidos
ao vapor de etanol mais tratamento térmico a 40°C apresentaram
maior atividade da POD (Tabela 6). A POD desempenha um
papel importante no crescimento das plantas, desenvolvimento,
e diferenciação, pois catalisa a oxidação de vários substratos
(por exemplo, fenóis, aminas aromáticas), utilizando H2O2.
Apresenta importantes funções fisiológicas, que incluem,
aqueles em lignificação, remoção de espécies reativas de
oxigênio altamente tóxicas, a biossíntese de etileno e da defesa
contra agentes patogénicos (FERNÁNDEZ-TRUJILLO et al.,
2003). Tem sido sugerido que o etanol pode regular o sistema
antioxidante. Em brócolis, além de retardar a senescência, o
vapor de etanol aumentou a atividade da POD (HAN et al.,
2006). A ação da catalase (CAT) e da POD destaca a diferença
básica entre as duas principais rotas metabólicas do H2O2 nas
células. A remoção de H2O2 por peroxidases requer uma
pequena molécula redutora (ou proteínas como o citocromo c ou
tioredoxina) para agir como um cofator de regeneração e não
leva à evolução de O2, porque a água é o produto da reação
(MHAMDI; NOCTOR; BAKER, 2012). A POD utiliza o H2O2
como oxidante e composto de natureza fenólica como doadores
de elétrons. Dessa forma, o H2O2 formado pela ação da SOD
também pode ser eliminado pela POD, além da CAT e POD
(LOCATO et al., 2010).
Em frutos de Vacaria, RS, safra 2014/15, a maior
atividade da SOD foi no tratamento térmico 40°C por 6 horas,
com e sem aplicação de vapor de etanol (Tabela 6). Em frutos
provenientes de Urubici, SC, em ambas as safras, os tratamentos
74
vapor de etanol e tratamento térmico na temperatura de 40°C por
6 horas mais aplicação de vapor de etanol proporcionaram maior
atividade da SOD (Tabela 6). A SOD é a primeira enzima
ativada em reações de peroxidação e a produção de H2O2 pode
servir como um mensageiro químico no caso de um eventual
estresse, antes de ser metabolizado pela CAT e POD. As SODs
são metalo-enzimas consideradas a primeira linha de defesa
contra as ROS e que catalisam a dismutação de dois radicais O2-
, gerando H2O2 e O2. Essas enzimas participam da modulação do
nível de H2O2 em cloroplastos, mitocôndrias, citosol e
peroxissomos (BHATTACHARJEE, 2010). Uma vez que
dismutam o O2-, agem indiretamente na redução do risco de
formação do OH- a partir do O2- (DINAKAR et al., 2012). Cao
et al. (2010) relataram que o tratamento com ar quente reduziu a
injuria por frio em pêssegos e incrementou a atividade de
enzimas antioxidantes (SOD, CAT, APX e glutationa redutase
(GR)) e reduziu a atividade LOX.
O conteúdo de H2O2 apresentou diferença apenas em
frutos de Vacaria, RS, safra 2014/15, onde o tratamento térmico
a 40°C por 6 horas mais aplicação de vapor de etanol resultou
em menor conteúdo em relação ao controle, porém sem diferir
dos demais tratamentos (Tabela 6). O H2O2 é considerado um
dos sinais envolvidos em morte celular programada (BEERS e
McDOWELL, 2001) e é produzido a partir de diferentes fontes
do metabolismo normal, mas, sob estresse abiótico, a sua
produção é bastante aumentada. Shao e Tu (2013) relataram que
o tratamento com ar quente atenuou o dano por frio em nesperas,
que foi associado com a diminuição do teor de lignina, que pode
ser atribuído à diminuição do acúmulo de H2O2. Shao e Tu
(2013) sugeriram que o tratamento térmico poderia diminuir a
acumulação de H2O2 pelo aumento da atividade de enzimas
antioxidantes (SOD, APX, GR e CAT), reduzindo a peroxidação
de ácidos graxos insaturados de membranas e mantendo uma
maior relação ácidos graxos insaturados/ácidos graxos
saturados.
75
Tabela 6 - Atividade das enzimas peroxidase (POD; μmo-1min-
1mgl proteína) superóxido dismutase (SOD; μmo-
1min-1mgl proteína) e peroxido de hidrogênio (H2O2;
µmol g-1), em ameixas ‘Laetitia’ submetidas a
diferentes tratamentos pós-colheita e armazenadas
sob refrigeração (temperatura de 1±0,2°C e
temperatura de 92±2% de UR) durante 35 dias
seguidos de três dias em condições ambiente
(temperatura de 20±5°C e 63±2% de UR). (Continua)
Peroxidase (POD) Tratamento Vacaria Urubici
2014/15 2014/15 2015/16
Controle 3,8 b 1,6 b 1,7 bc
Etanol 9,3 a 4,9 ab 2,4 ab
37°C/24h 6,3 ab 5,2 a 1,1 c
40°C/6h 6,7 ab 5,8 a 1,3 c
37°C/24h + Etanol 9,0 a . .
40°C/6h + Etanol 6,1 ab 5,7 a 2,8 a
CV (%) 26,5 31,5 17,0
Superóxido Dismutase (SOD) Tratamento Vacaria Urubici
2014/15 2014/15 2015/16
Controle 19,6 cd 10,4 c 5,8 c Etanol 23,7 bc 14,7 ab 12,1 a 37°C/24h 14,5 d 12,8 ab 8,3 b 40°C/6h 31,2 a 11,0 bc 8,9 b 37°C/24h + Etanol 23,4 bc . . 40°C/6h + Etanol 26,2 ab 15,5 a 13,4 a
CV (%) 9,7 13,9 8,8
76
Tabela 6 - Atividade das enzimas peroxidase (POD; μmo-1min-
1mgl proteína) superóxido dismutase (SOD; μmo-
1min-1mgl proteína) e peroxido de hidrogênio (H2O2;
µmol g-1), em ameixas ‘Laetitia’ submetidas a
diferentes tratamentos pós-colheita e armazenadas
sob refrigeração (temperatura de 1±0,2°C e
temperatura de 92±2% de UR) durante 35 dias
seguidos de três dias em condições ambiente
(temperatura de 20±5°C e 63±2% de UR).
(Conclusão)
Peroxido de Hidrogênio (H2O2) Tratamento Vacaria Urubici
2014/15 2014/15 2015/16
Controle 23,2 a 14,6ns 20,2 ns
Etanol 21,5 ab 12,0 18,2
37°C/24h 22,6 ab 14,6 19,2
40°C/6h 20,9 ab 14,5 18,1
37°C/24h + Etanol 19,3 ab . .
40°C/6h + Etanol 17,7 b 13,9 18,7
CV (%) 10,4 11,0 16,0 Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste
de Tukey (p<0,05). ns: não significativo (p>0,05). Etanol na concentração
de 0,15% v/v. Fonte: Produção do próprio autor, 2016.
2.5 CONCLUSÕES
1. A aplicação de tratamentos alternativos pós colheita, como
aplicação de etanol e tratamento térmico é eficiente no
retardo do amadurecimento de ameixas ‘Laetitia’, mas
quando esses tratamentos não são aplicados de acordo com
a concentração ideal para o fruto, pode-se ocorrer
fitotoxidez nos mesmos.
2. Houve efeito sinérgico entre o tratamento térmico a 40°C
por 6 horas em conjunto com aplicação de vapor de etanol,
de maneira geral reduzindo a severidade do escurecimento
77
da polpa, retardando o amadurecimento e mantendo a
qualidade de ameixas ‘Laetitia’. Esse efeito sinérgico se
mostrou efetivo na redução do estresse oxidativo durante o
armazenamento.
3. A aplicação de etanol se mostrou eficiente na redução da
severidade do escurecimento da polpa, porém o efeito não
foi recorrente entre as safras e entre frutos de municípios
diferentes, o que sugere que a aplicação de etanol
proporciona bons resultados na redução do distúrbio,
apresentou também maior firmeza de polpa em todas as
safras, porém, a eficácia irá depender principalmente de
fatores como ponto de maturação dos frutos e concentração
do etanol aplicado e a quantidade absorvida pelo fruto.
Enquanto que de maneira geral, o tratamento térmico
reduziu a incidência do escurecimento da polpa em ameixas
‘Laetitia’.
3 ESTRESSE INICIAL POR BAIXO OXIGÊNIO REDUZ
O ESCURECIMENTO DA POLPA E RETARDA O
AMADURECIMENTO DE AMEIXAS ‘LAETITIA’
3.1 RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes
períodos de estresse inicial por baixo oxigênio (ILOS) sobre o
amadurecimento e a incidência do escurecimento de polpa em
ameixas ‘Laetitia’ armazenadas sob refrigeração, bem como
sobre o estresse oxidativo no tecido da polpa dos frutos. Os
frutos foram provenientes de pomares comerciais situados nos
municípios de Vacaria, RS, e Urubici, SC, nas safras de 2014/15
e 2015/16, respectivamente. Os tratamentos consistiram em
controle (os frutos foram imediatamente armazenados sob
refrigeração), aplicação de estresse inicial por baixo oxigênio
(ILOS) por 12 horas, aplicação de ILOS por 24 horas, aplicação
de ILOS por 48 horas, aplicação de ILOS por 72 horas, e
78
exposição dos frutos por 48 horas em condições ambiente sem
ILOS. Na safra 2014/15, os frutos dos tratamentos com ILOS
apresentaram menores taxas de produção de etileno e
respiratória e menor incidência de escurecimento da polpa, bem
como maior atividade da enzima SOD. Os frutos com cor da
epiderme menos vermelha e maior força para compressão do
fruto e firmeza de polpa foram observados em ILOS por 48 e 72
horas. Menor quantidade de H2O2, e maior atividade da
superóxido dismutase (SOD) foram obtidos nos tratamentos
com ILOS por 12 e 24 horas. A utilização de ILOS em condições
ambiente para frutos provenientes de Vacaria, RS, safra
2014/15, manteve a qualidade dos frutos, além de reduzir a
incidência do escurecimento da polpa em todos os tratamentos
com ILOS. A exposição dos frutos ao ILOS, de maneira geral,
foi eficiente na resposta do fruto reduzindo o efeito do estresse
oxidativo. Frutos provenientes de Urubici, SC, na safra 2015/16,
submetidos ao ILOS por 12 horas, tiveram melhor resposta e se
mostrou eficaz na redução do escurecimento de polpa em
ameixas ‘Laetitia’ e no retardo do amadurecimento dos frutos.
Em relação ao estresse oxidativo o ILOS proporcionou maior
atividade das enzimas POD e SOD com ILOS por 72 horas e
menor atividade sob ILOS por 12 horas.
Palavras-chave: Prunus salicina, Estresse oxidativo, Distúrbio
fisiológico, Armazenamento refrigerado.
3.2 INTRODUÇÃO
A ameixa ‘Laetitia’ por ser uma cultivar tardia, ter boa
produção, e boa qualidade de frutos, atualmente é a cultivar mais
plantada na região Sul do Brasil (ARGENTA et al., 2011).
Contudo, apresenta quando conservada em armazenamento
refrigerado a incidência do escurecimento da polpa, distúrbio
comum em ameixas e que é causado pelo frio (SINGH; SINGH;
SWINNY, 2009; SINGH; SINGH, 2013b). Atualmente, o
79
principal sistema empregado para a conservação de ameixas é o
armazenamento refrigerado. Todavia, neste sistema de
armazenamento pode ocorrer acentuada redução da firmeza de
polpa e a manifestação do escurecimento de polpa (ALVES et
al., 2009; SINGH; SINGH, 2013a; STANGER et al., 2014;
STEFFENS et al., 2014a, b), especialmente, em períodos de
armazenamento superior a 30 dias (ARGENTA et al., 2003).
Estes problemas são intensificados pela ação do etileno
(CANDAN; GRAELL; LARRIGAUDIÈRE, 2008; 2011),
sendo primordial a redução da síntese e da ação do etileno para
manter a qualidade dos frutos.
Como o etanol atua reduzindo a síntese e ação do etileno
(ASODA et al., 2009; XU et al., 2012; JIN et al., 2013), a
indução da produção de etanol pelo próprio fruto em condições
de baixo O2 (1 a 2 kPa) pode contribuir para o retardo do
amadurecimento dos frutos e para a redução do escurecimento
da polpa em ameixas ‘Laetitia’ armazenadas sob refrigeração
O estresse por baixo oxigênio tem como resultado a
respiração anaeróbica dos frutos, que compreende a via
fermentativa, cuja função é produzir energia em pequena
quantidade, além da utilização do piruvato e do NADH oriundos
da glicólise (WEBER, 2010). Isso ocorre quando a cadeia de
transporte de elétrons e a fosforilação oxidativa estiverem
inibidas (ZABALZA et al., 2009). A síntese de etanol em
pequenas concentrações, pela via fermentativa induzida por um
curto período de anaerobiose nos frutos, pode ser benéfica para
manutenção da qualidade dos mesmos durante o armazenamento
(BOTH et al., 2014). Adicionalmente, Lieber (1988) e Burdon
et al. (1996) sugerem que curtos períodos de anaerobiose,
proporcionados por ambientes de armazenagem com baixo O2,
sejam mais eficientes no controle do amadurecimento de frutos
pela produção de etanol e acetaldeído no interior da polpa dos
frutos, enquanto que a aplicação exógena destes compostos
atinge apenas a parte externa da polpa. O desenvolvimento de
injúrias por baixo O2 é dependente do tempo de exposição à
80
condição anaeróbica (FALLIK et al., 2003). Contudo, quando se
retorna às condições aeróbicas, a maioria das plantas, quando
não extremamente injuriadas, são capazes de reciclar os
metabólitos formados, prevenindo do aparecimento de injúrias
(BOTH, 2012).
Após o período de estresse a concentração de etanol vai
diminuindo nos frutos durante o armazenamento refrigerado. De
acordo com Nanos, Romani e Kader Raseira e Castro (1992),
peras expostas a uma atmosfera com baixo oxigênio acumulam
altos níveis de etanol e acetaldeído, no entanto, esta
concentração retorna à condição normal após a exposição ao ar,
enquanto que a atividade das enzimas álcool desidrogenase
(ADH) e piruvato descarboxilase (PDC) permanecem altas.
Aparentemente a alta atividade destas enzimas, induzidas por
um tratamento de anaerobiose, produz uma espécie de “estágio
de tolerância” que ajuda a destoxificar o etanol e acetaldeído
normalmente produzidos durante o amadurecimento
(POLENTA; BUDDE; MURRAY, 2005).
A duração do estresse ao baixo oxigênio irá determinar a
síntese de metabólitos da via fermentativa, especialmente
acetaldeído e etanol, que, em excesso, podem apresentar toxidez
nos tecidos da polpa dos frutos (PESIS, 2005; WEBER et al.,
2016).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes
períodos de estresse inicial por baixo oxigênio sobre o
amadurecimento e a incidência do escurecimento de polpa em
ameixas ‘Laetitia’ armazenadas sob refrigeração, bem como
sobre o estresse oxidativo no tecido da polpa dos frutos.
3.3 MATERIAL E MÉTODOS
Para realização deste trabalho foram utilizadas ameixas
‘Laetitia’ provenientes de um pomar comercial do município de
Vacaria, RS (28° 31’51” S de latitude, 50°48’31”O de longitude
e 970 m de altitude), colhidas na safra 2014/2015, e frutos
81
provenientes do município de Urubici, SC (28° 02’ 85” S de
latitude, 49° 27’ 85” O de longitude e 990 m de altitude),
colhidos na safra 2015/2016, Após os frutos serem colhidos, os
mesmos foram levados até o laboratório para a homogeneização
das amostras experimentais e posteriormente a aplicação dos
tratamentos. Antes da homegeneização das amostras, os frutos
com danos físicos, podridões, rachaduras e coloração
(totalmente vermelha ou com coloração menor que 30 % de cor
vermelha) foram eliminados. Cada tratamento foi composto de
quatro repetições e unidade experimental constituída de 20
frutos.
Os tratamentos consistiram em controle (os frutos foram
imediatamente armazenados sob refrigeração), aplicação de
estresse inicial por baixo oxigênio (ILOS) (1,0 kPa O2) por 12
horas, aplicação de ILOS (1,0 kPa O2) por 24 horas, aplicação
de ILOS (1,0 kPa O2) por 48 horas, aplicação de ILOS (1,0 kPa
O2) por 72 horas, buscando a melhor resposta à condição de
ILOS em relação ao tempo de exposição e exposição dos frutos
por 48 horas em condições ambiente sem ILOS. Este último
tratamento foi adicionado para demonstrar que os possíveis
efeitos observados pelos tratamentos com ILOS não foram
decorrentes da manutenção dos frutos em temperatura ambiente.
Após a aplicação dos tratamentos os frutos foram armazenados
a temperatura de 1±0,2°C e 92±2% de UR, por 35 dias.
A avaliação de qualidade dos frutos foi realizada na saída
do armazenamento e seguido de mais três dias de exposição dos
frutos a condição ambiente, este para simular o período de
comercialização dos frutos. Na saída do armazenamento foram
avaliados incidência de podridões, cor da epiderme e taxas
respiratória e de produção de etileno. Após os três dias em
condição ambiente, os frutos foram avaliados quanto a firmeza
de polpa, força para compressão do fruto, cor da epiderme, taxas
respiratória e de produção de etileno, acidez titulável (AT),
sólidos solúveis (SS), incidência de podridões, incidência de
escurecimento da polpa, teor de compostos fenólicos totais
82
(CFT), atividade antioxidante total (AAT; pelos métodos DPPH
e ABTS), atividade das enzimas peroxidase (POD) e superóxido
dismutase (SOD), quantidade de peroxido de hidrogênio (H2O2)
e peroxidação de lipídios.
Atributos de qualidade
A cor da epiderme foi avaliada em termos de valores de
ângulo ‘hue’ (hº) com o auxílio de um colorímetro Minolta®
modelo CR 400 (Konica, Tóquio, Japão). Os valores de hº
apresentam as seguintes correspondências quanto às cores da
superfície do tecido vegetal: 0º/vermelho, 90º/amarelo,
180º/verde e 270º/azul. As leituras foram realizadas em dois
pontos opostos na região equatorial dos frutos, um na região
mais vermelha e outro na região menos vermelha do fruto.
As taxas respiratória (ƞmol CO2 kg-1 s-1) e de produção
de etileno (ƞmol etileno kg-1 s-1) foram quantificadas
acondicionando os frutos de cada amostra r em um recipiente de
4100 mL, que permite o fechamento hermético. Após 30
minutos foram retiradas três alíquotas de 1 mL de volume de
cada amostra e injetadas em um cromatógrafo a gás Varian®,
modelo CP-3800 (Palo Alto, CA, EUA) para quantificar as
concentrações de CO2 e C2H4. O cromatógrafo Varian® era
equipado com coluna Porapak N® de 3 m de comprimento (80-
100 mesh), metanador e detector de ionização de chama. As
temperaturas da coluna, detector, metanador e injetor foram de
45, 120, 300 e 110 °C, respectivamente. Os fluxos de nitrogênio,
hidrogênio e ar sintético foram de 70, 30 e 300 mL min-1,
respectivamente.
A firmeza da polpa foi determinada na região equatorial
do fruto, em dois pontos opostos, onde foi previamente
removida uma pequena porção da epiderme e posteriormente,
com auxílio de um penetrômetro eletrônico (GÜSS
Manufacturing Ltd., África do Sul) com ponteira de 7.9 mm de
diâmetro, determinando a firmeza de polpa que foi expressa em
Newton (N).
83
As forças de compressão do fruto foram avaliadas com
texturômetro eletrônico TAXT-Plus® (Stable Micro Systems
Ltd, Surrey, Reino Unido). Utilizou-se uma plataforma plana,
modelo P/75, com 75 mm de diâmetro, que exerceu uma força
de compressão até uma deformação de 3 mm na superfície do
fruto. Os resultados foram expressos em Newton (N).
Os valores de AT (% ácido cítrico) foram obtidos através
de uma amostra de 10 mL de suco, obtido pelo processamento
dos frutos em uma centrífuga. Essa amostra foi diluída em 90
mL de água destilada e titulada com solução de NaOH 0,1 N até
pH 8,1. Para a titulação, utilizou-se titulador automático
TitroLine Easy® (Schott Instruments, Mainz, Rheinland-Pfalz,
Alemanha). Os teores de SS (%) foram determinados em um
refratômetro digital modelo PR201α (Atago®, Tóquio, Japão),
utilizando uma alíquota do suco obtido pelo processamento dos
frutos.
A análise de incidência de escurecimento de polpa foi
avaliada por meio de um corte na secção transversal dos frutos.
A incidência de escurecimento da polpa foi avaliada por meio da
contagem das ameixas que apresentaram regiões internas da
polpa com qualquer tipo de escurecimento, sendo determinada a
proporção de frutos afetados (%).
A incidência de podridões foi avaliada na saída do
armazenamento e aos três dias em condições ambiente,
realizando a contagem total de frutos de cada unidade
experimental, e após contabilizado os frutos com podridões e
eliminando os mesmos.
A incidência de rachaduras foi avaliada na saída do
armazenamento, realizando a contagem de frutos que durante o
armazenamento apresentaram rachadura da epiderme.
Compostos Fenólicos totais (CFT) e Atividade antioxidante
total (AAT)
Para a quantificação de compostos fenólicos totais (CFT)
e da atividade antioxidante total (AAT) foram obtidos extratos
84
da polpa de ameixa, utilizando-se uma amostra de 5 g de polpa
triturada em mixer vertical, marca Philips Walita, modelo
RI1364 (Varginha, Brasil). A amostra foi homogeneizada com
10 mL de etanol (Synth, Diadema, Brasil) acidificado (0,01% de
HCl), seguido de centrifugação a temperatura de 4 ºC por 10
minutos, a 10000 rpm em centrífuga eppendorf, modelo 5810R,
(Hamburgo, Alemanha) Após a filtragem, o sobrenadante foi
reservado para análise de CFT e AAT.
A determinação de CFT foi realizada empregando o
reagente Folin-Ciocalteau. A curva padrão foi obtida com ácido
gálico (BIOTEC, Pinhais, Brasil), nas concentrações de 0, 10,
30, 50, 70, 90 e 100 ppm. Para análise foram adicionados 2,5 mL
de Folin-Ciocalteau (SIGMA-ALDRICH, St. Louis, USA)
(1:3), 0,5 mL de amostra diluída (1:20) e 2,0 mL da solução de
carbonato de sódio (Vetec, Duque de Caxias, Brasil) 10%. Os
tubos foram agitados em vortex incubados por uma hora em
ausência de luz. Realizou-se a leitura no comprimento de onda
() de 765 nm em leitora de microplacas, modelo EnSpire
(PerkinElmer, USA). Os resultados foram expressos em mg de
equivalentes de ácido gálico por 100 g de massa fresca da
amostra (mg EAG.100 g-1).
A determinação da AAT foi baseada na extinção da
absorção dos radicais DPPH (2,2-difenil-1-picril hidrazil) e
ABTS (2,2-azinobis-3-etilbenzotiazolin-6-ácido sulfônico). O
método DPPH foi analisado de acordo com Vizzotto et al.
(2012). Em ambiente escuro, foram pipetados 200 µL de
amostra e misturados com 3.800 µL de radical DPPH (SIGMA-
ALDRICH, St. Louis, USA) em tubos de 15 mL com tampa. Os
tubos foram agitados e deixados para reagir por 24 horas. A
leitura foi realizada em leitora de microplacas, modelo EnSpire
(PerkinElmer, USA) a 525 nm, e os resultados expressos em μg
de equivalente Trolox.g-1 de massa fresca da amostra. O método
ABTS foi analisado conforme descrito por Rufino et al. (2007)
com adaptações. Em ambiente escuro, foram pipetados 30 µL de
amostra e misturados com 3.000 µL de radical ABTS (SIGMA-
85
ALDRICH, St. Louis, USA). A leitura foi realizada após reação
de 6 minutos em leitora de microplacas, modelo EnSpire
(PerkinElmer, USA) a 734 nm, e os resultados expressos em μg
de equivalente Trolox.g-1 de massa fresca da amostra.
Peróxido de Hidrogênio (H2O2)
A quantidade de peróxido de hidrogênio (H2O2) foi
determinado de acordo com o método proposto por Gay, Collins
e Gebicki (1999) e Hermes- Lima, Willmore Storey (1995), com
modificações. Um grama da amostra foi macerada em nitrogênio
líquido e homogeneizado em 10 ml de metanol (Vetec, Duque
de Caxias, Brasil) a 0°C, com auxílio de ultraturrax Heidolph,
modelo D-91126 (Schwabach, Alemanha). Após a completa
homogeneização as amostras foram centrifugadas a temperatura
de 4 ºC por 10 minutos, a 10000 rpm com auxílio de uma
centrífuga eppendorf, modelo 5810R, (Hamburgo, Alemanha).
Em seguida retirou-se uma alíquota de 35µL do sobrenadante,
à qual foi pipetado em um recipiente contendo 500 µL de sulfato
de amônio ferroso Fe(NH4)2(SO4)2 1 mM (Vetec, Duque de
Caxias, Brasil) e 200 µL de ácido sulfúrico H2SO4 250 mM
(MERCK, Darmstadt, Alemanha) que permaneceu em reação
por 5 minutos no escuro. Em seguida adicionou-se 100 µL de
xylenol laranja 1 mM (SIGMA-ALDRICH, St. Louis, USA) e a
mistura foi mantida no escuro por 20 minutos quando então
procedeu-se à leitura da absorbância das amostras a 560 nm em
leitora de microplacas, modelo EnSpire (PerkinElmer, USA). As
leituras foram comparadas com uma curva padrão com
concentrações conhecidas de peróxido de hidrogênio (Vetec,
Duque de Caxias, Brasil) e expressas e (µmol g-1).
Atividade enzimática Peroxidase (POD) e Superóxido dismutase
(SOD)
A atividade da peroxidase (POD) foi determinada de
acordo com o método proposto por Kar e Mishra (1976), com
modificações. Para obtenção do extrato enzimático foi macerado
86
0,3 g do tecido da polpa com 3 mL do meio de extração
composto de tampão fosfato de potássio 0,1 M (Vetec, Duque
de Caxias, Brasil), pH 6,8, ácido etilenodiaminotetracético
(EDTA) 0,1 mM (Dinâmica, Diadema, Brasil), fluoreto de
fenilmetilsulfônico (PMSF) 1 mM (SIGMA, St. Louis, USA). A
atividade da peroxidase (POX) foi determinada pela adição de 600 µL
do extrato enzimático em um tampão fosfato de potássio 25 mM, pH
6,8, guaiacol 20 mM e H2O2 20 mM. O decréscimo na absorbância a
420 nm, na temperatura de 25 °C, foi medida durante 1 minuto da
reação com auxílio de uma leitora de microplacas modelo EnSpire
(PerkinElmer, USA) a 420 nm, durante 1 minuto.. A atividade das
POX foi determinada com base na inclinação da reta no intervalo de 0
a 1 minutos e expressa em μmol min-1mg proteína-1 uma centrífuga
eppendorf, modelo 5810R, (Hamburgo, Alemanha).
A atividade da superóxido dismutase (SOD) foi
determinada de acordo com o método proposto por Del Longo
et al. (1993), com modificações. Para obtenção no meio de
extração, o tecido vegetal foi macerado em Nitrogênio líquido,
posteriormente foi utilizado 0,3 g do tecido vegetal, e
posteriormente adicionado 3 mL do meio de extração, composto
de tampão fosfato de sódio 0,1 M (Vetec, Duque de Caxias,
Brasil), pH 6,8, ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) 0,1
mM (Dinâmica, Diadema, Brasil), fluoreto de
fenilmetilsulfônico (PMSF) 1 mM (SIGMA, St. Louis, USA).
Após a homogeneização em almoxafariz, mantido em gelo
picado, as amostras foram acondicionados em eppendorfs e
centrifugadas a temperatura de 4 ºC por 15 minutos, a 10000 rpm
com auxílio de uma centrífuga eppendorf, modelo 5810R,
(Hamburgo, Alemanha). Posteriormente retirou-se uma alíquota
de 50 µL do sobrenadante que foi adicionada a 2,95 mL do meio
de reação, composto de tampão de fosfato de sódio 50 mM
(Vetec, Duque de Caxias, Brasil), pH 7,8, metionina 13 mM
(Vetec, Duque de Caxias, Brasil), azul de p-nitro tetrazólio
(NBT) 75 µM (Vetec, Duque de Caxias, Brasil), EDTA 0,1 mM
(Dinâmica, Diadema, Brasil) e riboflavina 2 µM (Vetec, Duque
de Caxias, Brasil) que estavam acondiocionados em recipientes
87
de vidro recobertos com e sem papel alumínio e que em seguida
foram mantidas a exposição a luz por 10 minutos. A
quantificação da atividade enzimática foi determinada no
comprimento de onda de 560 nm com auxílio de uma leitora de
microplacas, modelo EnSpire (PerkinElmer, USA) e expressa
em expressa em μmol min-1mg proteína-1.
Peroxidação de Lipídeos (MDA)
A quantificação da peroxidação de lipídeos nas
membranas celulares foi realizada conforme procedimento
descrito por Heath e Packer (1968) com modificações. Para isso,
0,3 g de tecido da polpados frutos foram macerados em 2 mL de
ácido tricloroacético (TCA; 0,1%), colocados em eppendorfs e
centrifugados a 10.000 rpm C [centrífuga eppendorf, modelo
5810R, (Hamburgo, Alemanha)] por 15 minutos a 4 °. Em
seguida, foi retirada uma alíquota de 350 µL do sobrenadante e
adicionado em um tubo (eppendorf) contendo 1,5 mL de TCA
(20%) e 0,5% de ácido tiobarbitúrico (MERCK, Darmstadt,
Alemanha). As amostras foram incubadas por 25 minutos à
temperatura de 90-95 °C e, em seguida, acondicionadas em
banho de gelo para deter a reação. Após isso, as amostras foram
centrifugadas a 3.000 rpm por 10 minutos e quantificadas nos
comprimentos de onda de 400, 532 e 600 nm com auxílio de um
leitor de microplacas (modelo EnSpire, PerkinElmer, USA). A
determinação da integridade de membrana (peroxidação de
lipídeos) foi expressa em nmol g-1 MF de MDA formado.
O delineamento experimental utilizado foi o
inteiramente casualizado. Cada tratamento foi composto de
quatro repetições, sendo cada unidade experimental constituída
de 20 frutos. Os valores em % foram previamente transformados
pela fórmula arco seno [(x+0,5)/100]1/2. Os dados foram
submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo
teste de Tukey (p<0,05), com o auxílio do programa SAS (SAS
Institute, Cary, NC, EUA).
88
3.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na colheita os frutos os frutos do município de Vacaria,
RS, safra 2014/15 apresentaram portentagem de cor vermelha de
12%, cor da casca no lado mais e menos vermelho (h°) 36,3 e
88,99 respectivamente, sólidos solúveis (%) 8,96, acidez
titulável (%) 2,3 e firmeza de polpa 53,84 N. Em relação aos
frutos provenientes do município de Urubici, SC, na safra safra
2015/16 a cor da casca no lado mais e menos vermelho (h°)
32,39 e 94,89 respectivamente, sólidos solúveis (%) 10,85,
acidez titulável (%) 1,1 e firmeza de polpa 48,31 N.
Em frutos de Vacaria, RS, as taxas respiratórias e de
produção de etileno foram mais elevadas nos frutos do
tratamento controle e naqueles que ficaram expostos a condições
ambiente por 48 horas sem ILOS, antes do armazenamento
refrigerado, aos zero e três dias. (Tabela 7). O estresse inicial por
baixo O2 por 24, 48 e 72 horas reduziram a taxa de produção de
etileno e a taxa respiratória (Tabela 7). Isso pode estar ocorrendo
porque à medida em que se incrementou o tempo dos frutos
submetidos ao estresse aumentou a produção de etanol e
acetaldeído produzido pelo fruto e, dessa forma, inibindo a
produção de etileno. No experimento realizado com frutos
provenientes de Urubici, SC, os tratamentos 48 e 72 horas de
ILOS e 48 horas em condições ambiente sem ILOS, apresentou
maior taxa de produção de etileno, em relação ao controle,
enquanto que o tratamento 12 horas de ILOS apresentou a menor
taxa de produção de etileno (Tabela 7). A baixa pressão parcial
de O2 induz o metabolismo fermentativo, que produz
acetaldeído e etanol (SAQUET; STREIF, 2008). Apesar de
serem maléficos ao metabolismo da célula quando em excesso,
estes compostos em pequenas concentrações reduzem a síntese
de etileno (ASODA et al., 2009; JIN et al., 2013). Asoda et al.
(2009) observaram que a aplicação de etanol em brócolis inibiu
fortemente a produção de etileno devido a redução da atividade
das enzimas ACC sintase e ACC oxidase. A aplicação de etanol
suprimiu a expressão de genes que codificam para as enzimas
89
BO-ACO1, BO-ACO2 e BO-ACS1 em nível transcricional,
bloqueando a produção de etileno (fonte). Além disso, a
aplicação de etanol, mesmo na presença de etileno, inibiu a
expressão dos genes responsáveis pela produção do etileno.
Desta forma, a inibição da resposta fisiológica do etileno em
brócolis tratados com etanol sugere que esse composto suprime
a responsividade e a biossíntese do etileno em brócolis. Outro
possível mecanismo de ação do etanol foi proposto por Beaulieu
e Saltveit (1997). Os autores sugerem que a concentração
endógena de acetaldeído é o fator biologicamente ativo que afeta
a produção de etileno, de tal forma que se alta concentrações de
etanol e/ou longos períodos de exposição são utilizados há uma
conversão do excesso de etanol a acetaldeído. Para safra 2015/16
em Urubici, SC, a taxa de produção de etileno, aos três dias em
condições ambiente, a maior taxa de produção de etileno foi no
tratamento com ILOS por 48 horas, e a taxa respiratória, em
ambas as avaliações, não apresentaram diferenças entre os
tratamentos com ILOS e o controle.
90
Tabela 7 – Taxas de produção de etileno e respiratória após 35
dias de armazenamento e mais três dias em
condições ambiente em ameixas ‘Laetitia’
submetidas a diferentes períodos de estresse inicial
por baixo O2 (ILOS; 1,0 kPa de O2) em condições
ambiente (temperatura de 20±5°C e 63±2% de UR)
e após armazenadas sob refrigeração (temperatura
de 1±0,2°C e 92±2% de UR) em atmosfera normal.
(Continua)
2015 Vacaria-RS
Tratamento Dia 0 Dia 3
Taxa de produção de etileno
(ƞmol kg-1 s-1) Sem ILOS (controle) 0,06 a 0,20 a ILOS em condições ambiente por 12h 0,03 b 0,15 ab ILOS em condições ambiente por 24h 0,02 bc 0,15 ab ILOS em condições ambiente por 48h 0,01 c 0,09 b ILOS em condições ambiente por 72h 0,01 c 0,04 b Sem ILOS em condições ambiente por 48h 0,07 a 0,21 a CV (%) 31,02 23,11
Taxa respiratória
(ƞmol kg-1 s-1) Sem ILOS (controle) 210,9 a 219,8 a ILOS em condições ambiente por 12h 188,2 ab 194,4 ab ILOS em condições ambiente por 24h 76,2 c 179,4 bc ILOS em condições ambiente por 48h 159,9 b 158,8 c ILOS em condições ambiente por 72h 159,0 b 170,8 bc Sem ILOS em condições ambiente por 48h 206,8 a 213,2 a CV (%) 8,56 5,19
91
Tabela 7 – Taxas de produção de etileno e respiratória após 35
dias de armazenamento e mais três dias em
condições ambiente em ameixas ‘Laetitia’
submetidas a diferentes períodos de estresse inicial
por baixo O2 (ILOS; 1,0 kPa de O2) em condições
ambiente (temperatura de 20±5°C e 63±2% de UR)
e após armazenadas sob refrigeração (temperatura
de 1±0,2°C e 92±2% de UR) em atmosfera normal.
(Conclusão)
2016
Tratamentos Urubici-SC
Dia 0 Dia 3
Taxa de produção de etileno
(ƞmol kg-1 s-1) Sem ILOS (controle) 0,08 d 0,15 bc ILOS em condições ambiente por 12h 0,04 e 0,19 ab ILOS em condições ambiente por 24h 0,08 cd 0,22 ab ILOS em condições ambiente por 48h 0,10 bc 0,24 a ILOS em condições ambiente por 72h 0,13 a 0,19 ab Sem ILOS em condições ambiente por 48h 0,11 ab 0,10 c CV (%) 12,45 19,5
Taxa respiratória
(ƞmol kg-1 s-1) Sem ILOS (controle) 154,2 ns 169,1 ns ILOS em condições ambiente por 12h 152,2 165,1 ILOS em condições ambiente por 24h 149,9 145,7 ILOS em condições ambiente por 48h 150,7 146,5 ILOS em condições ambiente por 72h 144,3 160,7 Sem ILOS em condições ambiente por 48h 132,6 167,3 CV (%) 6,74 8,32
Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste
de Tukey (p<0,05). ns: não significativo (p>0,05). Fonte: Produção do
próprio autor, 2016.
A cor da epiderme em frutos colhidos em Vacaria-RS e
submetidos a ILOS por 48 e 72 h apresentou menor coloração
92
vermelha (maior valor de h°) em relação ao controle, (Tabela 8).
A manutenção da coloração da epiderme nestes tratamentos
deve estar relacionada à menor biossíntese e ação do etileno,
pois a mudança na cor durante o amadurecimento de ameixas é
um processo dependente da ação deste fitohormônio (CANDAN
et al., 2011; STANGER et al., 2014). Não houveram diferença
entre as condições de ILOS e o tratamento controle em frutos
provenientes de Urubici, SC (Tabela 8). Todavia, os frutos que
permaneceram por 48 horas em condições ambiente sem ILOS
apresentaram maior coloração da epiderme (frutos mais
vermelhos) do que os frutos controle (Tabela 8). Possivelmente,
nestes frutos, as 48 horas iniciais do armazenamento, em
condições ambiente, permitiram o avanço do amadurecimento
dos frutos, em comparação àqueles sem ILOS e imediatamente
armazenados sob refrigeração (controle) pois a redução da
temperatura é o principal fator responsável pela manutenção da
qualidade durante o armazenamento (STEFFENS et al., 2007).
93
Tabela 8 – Cor da casca (h°) na região mais e menos vermelha
após 35 dias de armazenamento e mais três dias em
condições ambiente em ameixas ‘Laetitia’
submetidas a diferentes períodos de estresse inicial
por baixo O2 (ILOS; 1,0 kPa de O2) em condições
ambiente (temperatura de 20±5°C e 63±2% de UR)
e após armazenadas sob refrigeração (temperatura
de 1±0,2°C e 92±2% de UR) em atmosfera normal.
2015 2016 Tratamento Vacaria Urubici
h°(região +vermelha)
Sem ILOS (controle) 24,0 bc 21,1 a ILOS em condições ambiente por 12h 25,9 ab 21,6 a ILOS em condições ambiente por 24h 25,3 ab 20,6 a ILOS em condições ambiente por 48h 26,8 a 19,8 ab ILOS em condições ambiente por 72h 26,1 ab 18,9 ab Sem ILOS em condições ambiente por
48h 22,5 c 16,9 b
CV (%) 3,78 7,56
h°(região – vermelha)
Sem ILOS (controle) 35,6 cd 49,7 a ILOS em condições ambiente por 12h 39,5 abc 49,9 a ILOS em condições ambiente por 24h 38,2 bc 45,4 ab ILOS em condições ambiente por 48h 44,6 a 37,6 bc ILOS em condições ambiente por 72h 43,3 ab 40,4 ab Sem ILOS em condições ambiente por
48h 31,8 d 30,0 c
CV (%) 7,06 10,7 Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste
de Tukey (p<0,05). ns: não significativo (p>0,05). Fonte: Produção do
próprio autor, 2016.
A força para compressão do fruto e a firmeza de polpa,
foram mais elevadas nos tratamentos com ILOS por 48 e 72
horas, em frutos de Vacaria, RS, e ILOS por 12 horas, em frutos
de Urubici, SC em relação aos frutos do tratamento
94
controle,(Tabela 9). Também foi observado, em maçãs ‘Red
Delicious’, que a aplicação de ILOS em pressões parciais
ultrabaixas de O2 (0,9 a 1,0 kPa) antes do armazenamento
manteve a firmeza de polpa mais elevada se comparado aos
armazenados sem ILOS (MATTÈ et al., 2005). Em ameixa
‘Laetitia’ (STEFFENS et al., 2013) e em melões (JIN et al.,
2013) a maior firmeza de polpa foi relacionada à forte redução
na biossíntese de etileno. O etileno promove a atividade de
enzimas responsáveis pelo amolecimento de ameixas (KHAN;
SINGH, 2007; CANDAN; GRAEL; LARRIGAUDIÈRE,
2011). No presente trabalho, os tratamentos que apresentaram
maiores valores de força para compressão do fruto e firmeza de
polpa também apresentaram menor taxa de produção de etileno
na saída da câmara (Tabela 7). Em frutos de Urubici, SC, o
tratamento 48 horas em condições ambiente sem ILOS
proporcionou firmeza de polpa menor do que o tratamento
controle (Tabela 9). Assim como para cor da epiderme,
possivelmente as 48 horas iniciais do armazenamento, em
condições ambiente, permitiram o avanço do amadurecimento
dos frutos, em comparação àqueles sem ILOS e imediatamente
armazenados sob refrigeração (controle).
95
Tabela 9 – Força de compressão do fruto (N) e firmeza de polpa
(N) após 35 dias de armazenamento e mais três dias
em condições ambiente em ameixas ‘Laetitia’
submetidas a diferentes períodos de estresse inicial
por baixo O2 (ILOS; 1,0 kPa de O2) em condições
ambiente (temperatura de 20±5°C e 63±2% de UR)
e após armazenadas sob refrigeração (temperatura
de 1±0,2°C e 92±2% de UR) em atmosfera normal. 2015 2016
Tratamento Vacaria Urubici
Compressão (N)
Sem ILOS (controle) 40,3b 30,7 bc
ILOS em condições ambiente por 12h 44,2 ab 36,5 a
ILOS em condições ambiente por 24h 41,3 ab 32,9 b
ILOS em condições ambiente por 48h 46,4 a 33,2 b
ILOS em condições ambiente por 72h 47,7 a 27,7 cd
Sem ILOS em condições ambiente por 48h 38,9 b 26,7 d
CV (%) 6,24 4,47
Firmeza (N)
Sem ILOS (controle) 11,5 c 9,3 b
ILOS em condições ambiente por 12h 12,9 bc 11,7 a
ILOS em condições ambiente por 24h 13,9 abc 9,0 bc
ILOS em condições ambiente por 48h 14,8 ab 8,3 bc
ILOS em condições ambiente por 72h 16,6 a 7,5 bc
Sem ILOS em condições ambiente por 48h 11,0 c 6,7 c
CV (%) 9,62 12,02 Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste
de Tukey (p<0,05). ns: não significativo (p>0,05). Fonte: Produção do
próprio autor, 2016.
Os sólidos solúveis, tanto em frutos de Vacaria, RS,
quanto de Urubici, SC, não apresentaram diferenças entre
tratamentos (Tabela 10). Polenta Budde e Murray (2005)
também não observaram efeito de diferentes concentrações de
baixo O2 sobre os teores de sólidos solúveis totais em pêssegos.
96
A acidez titulável em frutos de Urubici, SC, não
apresentou diferença entre tratamentos (Tabela 10). Em frutos
de Vacaria, RS, a acidez titulável foi maior em frutos submetidos
a baixo ILOS por 72h quando comparados aos do controle e aos
frutos expostos por 48 horas em condições ambiente sem ILOS,
(Tabela 10). Como os frutos submetidos ao ILOS por 72 horas
apresentaram menor taxa respiratória do que o controle, esses
apresentaram menor consumo de ácidos orgânicos, uma vez que
os mesmos servem como substrato ao processo respiratório. A
menor acidez titulável foi observada no tratamento exposto por
48 horas em condições ambiente sem ILOS antes do período de
armazenamento em frio (Tabela 10). Both et al. (2014) também
não observou, em maçãs ‘Royal Gala’, benefícios da aplicação
de estresse inicial por baixo oxigênio sobre a manutenção da
acidez titulável, concordando com os dados obtidos em
Urubici.SC.
97
Tabela 10 – Sólidos solúveis (°Brix) e acidez titulável (%) após
35 dias de armazenamento e mais três dias em
condições ambiente em ameixas ‘Laetitia’
submetidas a diferentes períodos de estresse inicial
por baixo O2 (ILOS; 1,0 kPa de O2) em condições
ambiente (temperatura de 20±5°C e 63±2% de UR)
e após armazenadas sob refrigeração (temperatura
de 1±0,2°C e 92±2% de UR) em atmosfera normal.
2015 2016 Tratamento Vacaria Urubici
SS (°Brix)
Sem ILOS (controle) 8,9 ns 10,4 ns ILOS em condições ambiente por 12h 9,2 10,5 ILOS em condições ambiente por 24h 8,9 10,2 ILOS em condições ambiente por 48h 8,9 10,5 ILOS em condições ambiente por 72h 9,3 10,9 Sem ILOS em condições ambiente por 48h 8,9 10,4 CV (%) 4,88 3,53
AT (%)
Sem ILOS (controle) 0,81 b 0,77 ns ILOS em condições ambiente por 12h 0,77 bc 0,83 ILOS em condições ambiente por 24h 0,82 ab 0,76 ILOS em condições ambiente por 48h 0,88 ab 0,74 ILOS em condições ambiente por 72h 0,94 a 0,67 Sem ILOS em condições ambiente por 48h 0,68 c 0,81 CV (%) 6,49 19,14
Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste
de Tukey (p<0,05). ns: não significativo (p>0,05). Fonte: Produção do
próprio autor, 2016.
A incidência de podridões não foi observada em frutos
de Urubici, SC,. Já em frutos de Vacaria, RS, a incidência foi
baixa em todos os tratamentos (<7% na saída da câmara e <11%
após três dias de exposição dos frutos em condições ambiente),
não havendo diferença entre os tratamentos avaliados (dados não
apresentados). A incidência de rachaduras apenas foi observada
98
em frutos de Vacaria, RS, nos tratamentos controle (2,5%) e
ILOS por 12 horas (0,8%) (dados não apresentados).
A incidência de escurecimento da polpa, em frutos de
Vacaria, RS, foi menor em todos os tratamentos com ILOS,
independentemente da duração do estresse (Tabela 11). Em
frutos de Urubici, SC, a incidência do distúrbio foi menor no
tratamento ILOS por 12 horas (Tabela 11). Siddiqui et al. (2005)
sugerem que frutos sob anaerobiose podem produzir etanol e
acetaldeído em concentrações que o fruto consegue utilizar esses
compostos como mecanismo de defesa ao estresse causado pelo
armazenamento refrigerado.
Nos tratamentos ILOS por 12, 24 e 48 horas, em frutos
de Vacaria, RS, e ILOS por 12, 48 e 72 horas, em frutos de
Urubici, SC, houve menor produção de espécies reativas de
oxigênio (peróxido de hidrogênio) (Tabela 11). Quando o nível
de EROS excede os mecanismos de defesa, uma célula está em
um estado de "estresse oxidativo". O aumento na produção de
EROS durante estresses ambientais pode representar uma
ameaça às células, causando a peroxidação dos lipídios, a
oxidação de proteínas, danos aos ácidos nucleicos, inibição de
enzimas e antecipação da morte celular programada (SHARMA
et al., 2012). A produção excessiva de EROS pode estar
envolvida na deterioração de membranas devido à peroxidação
lipídica e desesterificação de ácidos graxos durante o
envelhecimento do tecido (SONG et al., 2009). Tem sido
relatado que a formação de O2- e o acúmulo de H2O2 em tomate
durante o amadurecimento causou aumento da peroxidação
lipídica (JIMENEZ et al., 2002).
99
Tabela 11 – Incidência de escurecimento de polpa (%) e
peróxido de hidrogênio (µmol g -1) após 35 dias
de armazenamento e mais três dias em condições
ambiente em ameixas ‘Laetitia’ submetidas a
diferentes períodos de estresse inicial por baixo
O2 (ILOS; 1,0 kPa de O2) em condições ambiente
(temperatura de 20±5°C e 63±2% de UR) e após
armazenadas sob refrigeração (temperatura de
1±0,2°C e 92±2% de UR) em atmosfera normal.
2015 2016 Tratamento Vacaria Urubici
Incidência (%)
Sem ILOS (controle) 45,7 a 81,7 b ILOS em condições ambiente por 12h 21,6 b 59,3 c ILOS em condições ambiente por 24h 23,9 b 65,9 bc ILOS em condições ambiente por 48h 17,9 b 73,8 bc ILOS em condições ambiente por 72h 17,1 b 90,1 a Sem ILOS em condições ambiente por 48h 40,5 a 97,4 a CV (%) 12,5 10,7
H2O2
Sem ILOS (controle) 23,0 a 16,2 a ILOS em condições ambiente por 12h 20,4 b 11,6 b ILOS em condições ambiente por 24h 18,3 c 15,1 a ILOS em condições ambiente por 48h 20,2 bc 11,6 b ILOS em condições ambiente por 72h 21,2 ab 12,3 b Sem ILOS em condições ambiente por 48h 21,5 ab 12,1 b CV (%) 4,2 5,8
Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste
de Tukey (p<0,05). ns: não significativo (p>0,05). Fonte: Produção do
próprio autor, 2016.
A atividade da POD, em frutos de Vacaria, RS, foi maior
nos frutos que ficaram em condição ambiente sem ILOS por um
período de 48 horas antes do armazenamento refrigerado e sob
ILOS por 72 horas (Tabela 12). Em frutos de Urubici, SC, a
maior atividade da POD, em relação ao controle, foi no
100
tratamento com exposição ao ILOS por 72 horas (Tabela 12).
Em kiwis, o tratamento com ILOS induziu o aumento da
atividade de SOD e POD durante o armazenamento em baixa
temperatura. Altos níveis de enzimas antioxidantes estão
correlacionados com o progresso no amadurecimento do fruto,
enquanto amolecimento fruta pode ser retardada por inibição da
peroxidação lipídica (HUANG et al, 2007). A maior atividade
da POD observado nos frutos do tratamento 48 horas em
condição ambiente sem ILOS antes do armazenamento
refrigerado pode ser decorrente do estádio de amadurecimento
pouco mais avançado nestes frutos. Amora, Chevionb e Levinea
(2000) relataram que a atividade da peroxidase aumenta após
tratamento de anoxia, conforme observado em frutos submetidos
a 72 horas de ILOS.
101
Tabela 12 - Atividade das enzimas peroxidase (POD; μmo-1min-
1mgl proteína) superóxido dismutase (SOD; μmo-
1min-1mgl proteína) após 35 dias de armazenamento
e mais três dias em condições ambiente em ameixas
‘Laetitia’ submetidas a diferentes períodos de
estresse inicial por baixo O2 (ILOS; 1,0 kPa de O2)
em condições ambiente (temperatura de 20±5°C e
63±2% de UR) e após armazenadas sob refrigeração
(temperatura de 1±0,2°C e 92±2% de UR) em
atmosfera normal.
2015 2016 Tratamento Vacaria Urubici
POD
Sem ILOS (controle) 1,4 c 0,8 bc ILOS em condições ambiente por 12h 2,7 c 0,6 c ILOS em condições ambiente por 24h 3,7 bc 0,9 abc ILOS em condições ambiente por 48h 3,4 bc 1,6 ab ILOS em condições ambiente por 72h 5,9 ab 1,7 a Sem ILOS em condições ambiente por 48h 6,4 a 1,1 abc CV (%) 17,4 34,1
SOD
Sem ILOS (controle) 16,9 c 6,7,1 ab ILOS em condições ambiente por 12h 24,0 b 3,1 c ILOS em condições ambiente por 24h 27,3 ab 5,4 b ILOS em condições ambiente por 48h 31,4 a 6,1 b ILOS em condições ambiente por 72h 28,3 ab 7,9 a Sem ILOS em condições ambiente por 48h 23,9b 6,7 ab CV (%) 8,0 16,7
Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste
de Tukey (p<0,05). ns: não significativo (p>0,05). Fonte: Produção do
próprio autor, 2016.
A atividade da SOD, em frutos de Vacaria, foi maior, em
relação ao controle, em todos os tratamentos com ILOS e 48
horas em condições ambiente sem ILOS (Tabela 13). A maior
atividade foi observada nos frutos submetidos a 48 horas de
102
ILOS, porém sem diferir de 24 e 72 horas de ILOS (Tabela 13).
Em frutos de Urubici, SC, somente o tratamento submetido a 12
horas de ILOS apresentou atividade da SOD menor do que o
controle, sendo que os demais tratamentos não diferiram do
controle (Tabela 13). Condições de anoxia (exposição em
atmosfera com apenas N2 durante 4 h) manteve maior atividade
da SOD em castanhas (YOU et al., 2012). Para proteger as
células ou tecidos dos danos por EROS, tecidos vegetais
possuem sistemas de defesa antioxidante enzimático muito
eficiente, incluindo as enzimas SOD, POD, CAT, APX. A SOD
catalisa a dismutação do radical superóxido a H2O2, enquanto as
enzimas CAT, POD e APX estão envolvidas na eliminação do
H2O2 (BLOKHINA; VIROLAINEN; FAGERSTEDT, 2003).
Os compostos fenólicos totais (CFT), em frutos de
Vacaria, foram menores nos tratamentos 24, 48 e 72 horas de
ILOS e no tratamento em que permaneceu por 48 horas em
condições ambiente sem ILOS antes do armazenamento (Tabela
13). Em frutos de Urubici, SC, não houve diferença entre o
controle e os demais tratamentos (Tabela 13). A eficiência de um
antioxidante é dependente da capacidade de sequestrar os
radicais livres (SHARMA; SINGH, 2013). Os compostos
fenólicos são responsáveis pela transferência de hidrogênios que
neutralizam a ação desses radicais (BREWER, 2011). Esses
compostos são oriundos do metabolismo secundário, cuja
síntese pode ser aumentada em resposta a uma condição de
estresse. (JACQUES; ZAMBIAZI, 2011). Em frutos de Vacaria
pode ter ocorrido maior consumo de compostos fenólicos em
resposta ao estresse causado pelo ILOS nos tempos de 24, 48 e
72 horas, além do tratamento exposto em condições ambiente
antes do armazenamento.
A atividade antioxidante, pelo método DPPH, em frutos
de ambos os locais de produção, e ABTS, em frutos de Urubici,
SC, não apresentou diferenças entre tratamentos (Tabela 13).
Pelo método ABTS, em frutos de Vacaria, RS, o tratamento 72
horas de ILOS apresentou menor atividade antioxidante do que
103
o tratamento controle (Tabela 13). Para Song et al. (2009) a
inibição de maturação de kiwis armazenado a frio e o atraso de
amolecimento do fruto à temperatura ambiente com utilização
de tratamento de curto prazo de N2 está envolvido na
manutenção da integridade da membrana, a redução da
peroxidação de lipídios e aumento da capacidade antioxidante.
A peroxidação de lipídios, em frutos de Vacaria, RS, não
apresentou diferença entre tratamentos (Tabela 13). Todavia, em
frutos de Urubici, SC, o tratamento 48 horas em condições
ambiente sem ILOS antes de ser submetido ao armazenamento
refrigerado apresentou maior peroxidação lipídica do que os
tratamentos controle (imediato armazenamento sob
refrigeração) e ILOS por 12 e 24 horas (Tabela 13). O
armazenamento com pré-tratamento de N2, durante por 6 h,
atrasou significativamente o aumento do conteúdo de ácido
tiobarbitúrico (TBARS) em kiwi, o que indica que o ILOS reduz
a peroxidação lipídica e o aumento da permeabilidade de
membranas (SONG et al, 2009). Este resultado está de acordo
com a manutenção da integridade de membranas em lichia
submetida ao pré-armazenamento com anoxia (LIU et al., 2007).
O estresse oxidativo desenvolve-se como consequência da
geração de espécies reativas de oxigênio em quantidade que
excedem a capacidade do sistema antioxidante na célula
(HODGES et al., 2004). A redução ou a falha dos antioxidantes
enzimáticos e não enzimáticos para proteger contra a EROS
pode causar dano oxidativo conduzindo a um aumento da
peroxidação lipídica e a perda de integridade da membrana no
tecido (HODGES et al., 2004). Para Singh e Singh (2013b) o
aumento na atividade da enzima lipoxigenase (LOX), durante os
estágios iniciais de armazenamento, pode ser responsável pelo
aumento da concentração de substâncias reativas ao ácido
tiobarbitúrico (TBARS). A desintegração da membrana devido
a peroxidação lipídica também pode continuar, mesmo na
ausência de alta atividade LOX, pois o processo peroxidação
lipídica requer atividade da LOX apenas para a iniciação da
104
peroxidação de lipídios (SONG et al., 2009). O aumento da
concentração de TBARS, que é muitas vezes utilizada como um
biomarcador adequado para a peroxidação lipídica e danos
oxidativos, tem sido correlacionado ao estresse, refrigeração e
senescência em várias frutas, como kiwis, banana e manga
(SONG et al., 2009).
105
Tabela 13 - Valores de peroxidação de lipídios (TBARS; nmol
g-1) compostos fenólicos totais (CFT; mg EAG.100
g-1) e atividade antioxidante total (AAT;
quantificada pelos métodos DPPH e ABTS,
expressa em μg de equivalente Trolox.g-1 de massa
fresca), após 35 dias de armazenamento e mais três
dias em condições ambiente em ameixas ‘Laetitia’
submetidas a diferentes períodos de estresse inicial
por baixo O2 (ILOS; 1,0 kPa de O2) em condições
ambiente (temperatura de 20±5°C e 63±2% de UR)
e após armazenadas sob refrigeração (temperatura
de 1±0,2°C e 92±2% de UR) em atmosfera normal.
(Continua) 2015 2016
Tratamento Vacaria Urubici
MDA
Sem ILOS (controle) 2,6 ns 5,4 b
ILOS em condições ambiente por 12h 2,7 4,7 b
ILOS em condições ambiente por 24h 2,5 4,8 b
ILOS em condições ambiente por 48h 2,2 7,3 ab
ILOS em condições ambiente por 72h 2,4 5,9 ab
Sem ILOS em condições ambiente por 48h 2,7 8,7 a
CV (%) 19,67 19,9
CFT
Sem ILOS (controle) 167,6 a 233,3 ab
ILOS em condições ambiente por 12h 163,8 a 233,6 ab
ILOS em condições ambiente por 24h 139,6 b 250,6 ab
ILOS em condições ambiente por 48h 126,8 b 269, 4 a
ILOS em condições ambiente por 72h 137,9 b 211,0 b
Sem ILOS em condições ambiente por 48h 135,8 b 239,9 ab
CV (%) 167,6 a 233,3 ab
106
Tabela 13 - Valores de peroxidação de lipídios (TBARS; nmol
g-1) compostos fenólicos totais (CFT; mg EAG.100
g-1) e atividade antioxidante total (AAT;
quantificada pelos métodos DPPH e ABTS,
expressa em μg de equivalente Trolox.g-1 de massa
fresca), após 35 dias de armazenamento e mais três
dias em condições ambiente em ameixas ‘Laetitia’
submetidas a diferentes períodos de estresse inicial
por baixo O2 (ILOS; 1,0 kPa de O2) em condições
ambiente (temperatura de 20±5°C e 63±2% de UR)
e após armazenadas sob refrigeração (temperatura
de 1±0,2°C e 92±2% de UR) em atmosfera normal.
(Conclusão) DPPH
Sem ILOS (controle) 6065 ns 3643 ns
ILOS em condições ambiente por 12h 5821 4881
ILOS em condições ambiente por 24h 5748 4495
ILOS em condições ambiente por 48h 5696 4262
ILOS em condições ambiente por 72h 6013 4105
Sem ILOS em condições ambiente por 48h 6050 3753
CV (%) 3,2 12,7
ABTS
Sem ILOS (controle) 9,0 a 20,2 ns
ILOS em condições ambiente por 12h 9,3 a 17,5
ILOS em condições ambiente por 24h 8,6 a 30,4
ILOS em condições ambiente por 48h 8,4 ab 22,6
ILOS em condições ambiente por 72h 5,6 b 16,5
Sem ILOS em condições ambiente por 48h 6,5 ab 29,2
CV (%) 14,7 29,9 Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste
de Tukey (p<0,05). ns: não significativo (p>0,05). Fonte: Produção do
próprio autor, 2016.
Em Vacaria, ILOS por 24, 48 e 72 h, de maneira geral,
reduziu a taxa de produção de etileno e a taxa respiratória.
Contudo, em frutos de Urubici, o ILOS teve pouco efeito sobre
107
a taxa respiratória e a taxa de produção de etileno. Para cor da
epiderme e firmeza de polpa, o ILOS durante 48h e 72h retardou
a evolução da cor. Todavia, em frutos de Urubici o ILOS não
diferiu do controle para cor e para firmeza de polpa o ILOS por
12 h apresentou melhor resultado. Para a AT o ILOS por 72 h
manteve maior acidez titulável em frutos de Vacaria. Contudo,
para frutos de Urubici não houve efeito. O escurecimento de
polpa, em frutos de Vacaria, foi reduzido pelo ILOS,
independente dos tempos de duração avaliados, enquanto que
em frutos de Urubici apenas ILOS por 12h reduziu, mas ILOS
por 72h aumentou. Em relação ao peroxido de hidrogênio o
ILOS por 24 h em frutos de Vacaria foi obtido a menor
produção, em Urubici neste mesmo período de exposição ao
ILOS, se obteve a maior produção. A atividade da enzima SOD
de maneira geral foi maior nos frutos de Vacaria em relação aos
frutos de Urubici. Algumas diferenças ficaram evidenciadas
entre os dois experimentos, O que pode ser atribuído a esses
comportamentos distintos, os efeitos possivelmente estejam
relacionadas a local de produção diferente, ano de produção
diferente, estádio de maturação diferente, manejo do pomar
diferente, sistema de condução diferente e pelos frutos não terem
maturação similar durante as duas safras, sendo que na safra
2015/16 foi um ano atípico, em que o inverno foi menos frio que
o normal e a queda de granizo causou perdas nos dois pomares,
sendo que no pomar de Vacaria, RS, não tivemos frutos
disponíveis para realização dos experimentos.
A diferença no estádio de maturação entre os dois anos,
pode ter ocasionado comportamentos diferentes nos tratamentos
em relação ao tempo de exposição desses frutos ao estresse. O
limite mínimo de O2 pode variar em função dos diferentes frutos
e produtos hortícolas (PRANGE et al., 2005), como resultado da
região ou ano de produção (ZANELLA et al., 2005), com uso de
diferentes temperaturas de armazenamento (WRIGHT, et al.,
2010), estádio de maturação e tempo de exposição dos frutos ao
baixo O2. Durante a safra 2014/15 os valores de compressão
108
podem ter sido maiores devido á maturação dos frutos. Para
Stanger et. al. (2014) a força para compressão do fruto,
apresentou maiores valores nos frutos colhidos no estádio de
maturação 20-25% de cor vermelha. Esse fato pode estar
relacionado a maior firmeza de polpa na colheita e menor
produção de etileno em frutos, ocorrendo assim menor atividade
de enzimas responsáveis pela degradação da parede celular
(MAJUMDER; MAZUMDAR, 2002).
3.5 CONCLUSÕES
1. A utilização de ILOS em condições ambiente para frutos
provenientes do município de Vacaria, RS, safra 2015/14,
proporcionou aumento da qualidade dos frutos, além de
redução na incidência do escurecimento da polpa em todos
os tratamentos com ILOS. A exposição dos frutos ao ILOS,
de maneira geral, foi eficiente na resposta do fruto
reduzindo o efeito do estresse oxidativo.
2. Frutos provenientes do município de Urubici, SC, na safra
2015/16,submetidos a ILOS por 12 horas, tiveram melhor
resposta ao ILOS e se mostrou eficaz na redução do
escurecimento de polpa em ameixas ‘Laetitia’ e no retardo
do amadurecimento dos frutos. Em relação ao estresse
oxidativo o ILOS teve maior atividade das enzimas POD e
SOD com ILOS por 72 horas e menor atividade sob ILOS
por 12 horas.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O escurecimento de polpa em ameixas ‘Laetitia’ é o
principal distúrbio fisiológico que se desenvolve durante o
armazenamento, já que o mesmo causa perda de firmeza de
polpa, um dos principais parâmetros de qualidade exigidos pelos
consumidores dessa fruta. Além disso, o amolecimento da polpa
109
reduz o tempo de prateleira dos frutos. O apelo por tratamentos
que não façam uso de compostos químicos, faz com que cada
vez mais se busquem alternativas, que substituam, reduzam ou
eliminem o uso de tratamentos químicos que possam ter residual
nos frutos.
A utilização de vapor de etanol, tratamento térmico e
estresse por baixo oxigênio podem se mostrar eficientes no
retardo do amadurecimento dos frutos, bem como na redução do
estresse oxidativo e consequentemente no escurecimento de
polpa. Todavia, nesse tipo de tratamento é de fundamental
importância conhecer a espécie a ser utilizada, já que esse tipo
de tratamento vai causar estresse no fruto estimulando
mecanismos de defesa no mesmo, como ativação de enzimas
antioxidativas, compostos fenólicos e atividade antioxidante. Se
ultrapassar o estresse que o fruto é capaz de sofrer e reverter, o
estresse causado pode ser irreversível e dessa forma
potencializar o estresse oxidativo do fruto.
110
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