Publico 20052013
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PAULO PIMENTA
FC Porto confi rma tri no último passo Destaque, 3 a 10
O novo patriarca, D. Manuel Clemente, pede aos governantes que sejam mais solidários p16
Águas de Portugal, onde fora detectado contrato polémico, saiu subitamente da lista, entrando a CP p20
Governo desfasado da capacidade de resistência do povo
AdP saiu da lista dos swaps dias antes do anúncio público
CONSELHO DE ESTADOCAVACO QUER DISCUTIR O PÓS-TROIKA, MAS PODERÁ HAVER MAIS TROIKA NO PÓS-TROIKA Portugal, 12/13
Hezbollah apoia Assad em batalha vital para rebeldes sírios p24/25SEG 20 MAI 2013EDIÇÃO LISBOA
Ano XXIV | n.º 8440 | 1,10€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho, Miguel Gaspar | Directora executiva Online: Simone Duarte | Directora de Arte: Sónia Matos
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des sírios p2
CONCAVO PÓHAVPÓS
PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | DESTAQUE | 3
Dois erros depois, a festa do 27.º título do FC PortoOs “dragões” sagraram-se campeões com uma vitória, por 2-0, em Paços de Ferreira. Lucho e Jackson marcaram
Não houve muito FC Porto,
o Paços de Ferreira foi uma
réplica gasta do que mostrou
durante toda a época, o
futebol das duas equipas
alternou, quase sempre,
entre o soporífero e o deprimente,
mas quando o árbitro Hugo Miguel
apitou pela última vez, tudo isso já
tinha deixado de interessar e era
passado. Vítor Pereira já estava aos
saltos, os Super Dragões já tinham
esticado uma faixa a dizer “campeões
nacionais” e o tricampeonato estava
garantido pelo FC Porto. Para a
história, fi ca o resultado: 2-0, golos de
Lucho e Jackson. O 79.º campeonato
nacional é “azul e branco”.
Quando, no próximo sábado, Pinto
da Costa for reconduzido para um
13.º mandato como presidente do
FC Porto, terá no currículo 20 títu-
los de campeão nacional. O primeiro,
desde que foi eleito como 33.º presi-
dente portista, a 17 de Abril de 1982,
foi conquistado na época de 1984-85,
com oito pontos de vantagem sobre
o Sporting. Curiosamente, fazendo a
média dos pontos de avanço sobre o
vice-campeão no fi nal dos 19 campe-
onatos conquistados pelo FC Porto
até ontem, o resultado obtido são
esses mesmos oito pontos. Ou seja,
desde que Pinto da Costa é líder dos
“dragões”, os adeptos “azuis e bran-
cos” habituaram-se a festejar títulos
com antecedência, sem emoções
fortes ou apertos de última hora. A
história da conquista do 27.º campe-
onato nacional do FC Porto foi dife-
rente. Desta vez, foi preciso sofrer
até ao minuto 23 da última jornada.
No longo reinado de 31 anos de
Pinto da Costa, ontem foi a terceira
vez que os portistas chegaram aos
últimos 90 minutos com necessida-
de de vencerem para garantirem o
título. Nas duas anteriores, em 1985-
86 e 2006-07, o FC Porto, apesar de
uns ligeiros sustos, não fraquejou na
“hora H”, mas, em ambas ocasiões,
a partida decisiva foi em casa, frente
ao último classifi cado da prova (Sp.
Covilhã e Desp. Aves, respectivamen-
te). Desta vez, não houve “lanterna
vermelha” pela frente nem o con-
forto de ser anfi trião. Para conquis-
tarem um campeonato que, há um
par de semanas, quase nenhum por-
tista acreditava ser possível vencer,
os “dragões” tinham que superar a
equipa-sensação da prova.
Numa partida em que apenas jo-
gava para um resultado — a vitória
—, o FC Porto teria de ser autoritário
e atacar a baliza de Cássio desde o
apito inicial de Hugo Miguel. Sobre
isso, nenhum portista tinha qualquer
dúvida. Mas e o Paços de Ferreira?
Com que atitude iria surgir em cam-
po? Apesar da confi ança inabalável
em Lucho, Moutinho, James e Jack-
I LIGA 2012-13
O FC Porto deu o 20º título de campeão nacional a Pinto da Costa
David Andrade
ra a marca de grande penalidade.
A existir falta, seria fora da área,
mas o defesa pacense foi expulso e
Lucho não desperdiçou a benesse.
Com um duplo erro (de Luiz Carlos
e Hugo Miguel), os portistas passa-
vam para a frente, o Paços fi cava em
inferioridade numérica e as dúvidas
acabavam: a festa do 27.º título do FC
Porto, o 20.º de Pinto da Costa, segun-
do de Vítor Pereira, podia começar.
Seguiram-se 70 minutos dignos
de um jogo de pré-época, mas hou-
ve tempo para Miguel Nunes festejar
mais dois golos: aos 43’, quando o
Moreirense marcou na Luz e aos 51’,
quando Jackson fez o 26.º golo no
campeonato. Depois, foi a festa “azul
e branca” no relvado, a entrega da
taça e Vítor Pereira. Quando todos os
jogadores portistas já tinham recolhi-
do aos balneários, o treinador conti-
nuava junto às bancadas, a agradecer
aos adeptos. “Obrigado por tudo, Ví-
tor”, atirou um, com a camisola de
Lucho vestida, entre sorrisos.
Paços de Ferreira 0
FC Porto 2Lucho 23’ (g.p.), Jackson 52’
Estádio Capital do Móvel, P. Ferreira.Espectadores cerca de 5000
Paços de Ferreira Cássio, Toni, Tiago Valente, Ricardo a22’, Diogo Figueiras, André Leão a77’, Luiz Carlos, Manuel José (Christian, 46’), Vítor (Hurtado, 74’), Josué e Jaime Poulsen (Javier Cohène, 24’). Treinador Paulo Fonseca
FC Porto Helton, Danilo a17’aa56’, Otamendi, Mangala, Alex Sandro, Defour (Castro, 77’), Lucho González, João Moutinho, James Rodríguez (Kelvin, 81’), Varela (Liedson, 89’) e Jackson Martínez. Treinador Vítor Pereira
Árbitro Hugo Miguel (AF Lisboa)
PAULO PIMENTA
son, Miguel Nunes, de cachecol azul
e branco no pescoço, roía as unhas
enquanto assistia à chegada do auto-
carro da equipa da casa, hora e meia
antes do início da partida e, entre
dentes, dizia para o lado: “E se eles
se venderam ao Benfi ca?”
E Miguel Nunes, já dentro do está-
dio, onde os portistas venciam por
larga maioria, não deve ter gostado
nada do que viu nos primeiros 20
minutos. Ao contrário do que era ex-
pectável, os jogadores do FC Porto
estavam amorfos, quase inofensivos,
e os do Paços, mesmo sem incomo-
dar Helton, pareciam ter a lição bem
estudada, amarrando as peças-chave
“azuis e brancas”. Mas o nervosismo
daquele espectador e restantes por-
tistas terminou no minuto 23, quan-
do, em apenas uma jogada, dois er-
ros resolveram todos os problemas
do FC Porto: um atraso disparatado
do pacense Luiz Carlos isolou James,
o colombiano, com Ricardo por per-
to, caiu e Hugo Miguel apontou pa-
4 | DESTAQUE | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013
I LIGA 2012-13
Não podia ser um bom
augúrio. Antes do início
do jogo, no voo habitual
da águia Vitória, algo a
assustou e ela não fez
a descida habitual na
direcção do seu tratador. O Benfi ca
precisava de tudo, de si próprio, de
um Paços de Ferreira inspirado, de
um FC Porto desinspirado e de todos
os bons presságios para conseguir
chegar ao 33.º título de campeão
da sua história. Os “encarnados”
cumpriram o seu papel e venceram
o Moreirense por 3-1, mas tudo o
resto falhou e foram os portistas a
chegar ao tricampeonato com um
O desalento dos jogadores do Benfica, apesar do triunfo sobre o Moreirense
Marco Vaza
Nenhuma festa na Luz. Nem do Benfi ca, nem do Moreirense
“Encarnados” vencem Moreirense por 3-1, um resultado que não foi sufi ciente para chegar ao título e que atirou a formação minhota para a II Liga
FRANCISCO LEONG/AFP
triunfo na Mata Real, por 2-0. Se a
vitória pouco signifi cado teve para o
Benfi ca, atirou a formação orientada
por Augusto Inácio para a II Liga.
As contas do Benfi ca eram fáceis
de fazer. Tinha de ganhar, nenhum
outro resultado interessava, porque
perderia sempre no desempate pon-
tual com os portistas, e esperar que
o Paços conseguisse roubar pontos
ao FC Porto. Só esta combinação
resultava para o Benfi ca corrigir os
estragos feitos nas duas jornadas an-
teriores, em que transformara uma
vantagem de quatro pontos numa
desvantagem de um. E, de alguma
forma, recuperar algum moral per-
dido depois do desaire em Ames-
terdão na fi nal da Liga Europa com
o Chelsea.
Frente a uma equipa que lutava
pela sobrevivência (e que, apesar de
tudo, dependia apenas de si), Jorge
Jesus optou por deixar Gaitán no
banco, apostando em Ola John de
início, no lado esquerdo do ataque.
O Benfi ca entrou dominador, mas
sem aquela faísca que tantas vezes
mostrou, de ataque continuado,
esmagador e com propensão para
marcar cedo. Mas o golo tardava em
acontecer. Onde o marcador funcio-
nou foi na Mata Real e para o lado
errado das aspirações benfi quistas.
Lucho marcava para o FC Porto e co-
locava o título na rota do Dragão.
Alguém terá dado a informação
a Jorge Jesus a partir do banco, mas
o técnico benfi quista manteve-se
impassível, a olhar para o relva-
do. A equipa é que deve ter senti-
do a reacção do estádio (estiveram
51.349 espectadores na Luz) e o chip
da motivação mudou. O domínio
continuou, mas foi o Moreirense a
marcar. Tudo começou num erro
de Jardel, que obrigou a uma falta
de Luisão sobre Ghilas. Os visitantes
marcaram o livre de imediato e o
franco-argelino chegou à área, fez
o cruzamento e Vinicius, sem mar-
cação, faz o 1-0 aos 43’.
Ainda antes do intervalo, o Benfi -
ca voltou a estar perto do golo, com
Lima a atirar ao poste depois de um
primeiro remate de Jardel, a mais fl a-
grante de uma série de oportunida-
des “encarnadas” na primeira parte.
Para o segundo tempo, Jorge Jesus fez
entrar Gaitán para o lugar do inefi -
caz Ola John e os efeitos foram quase
imediatos. Foi do argentino que saiu
o cruzamento, aos 49’, para o cabe-
ceamento certeiro de Cardozo.
Logo a seguir ao empate na Luz, o
marcador voltou a funcionar na Mata
Real ( Jackson fez o 2-0 para o FC Por-
to) e as esperanças benfi quistas fi ca-
ram reduzidas a quase nada. A única
equipa para quem o resultado seria
importante era o Moreirense, que,
depois de uma boa primeira parte,
estava cada vez mais enfi ado na sua
área. O Benfi ca intensifi cou a pressão
e, após várias oportunidades perdi-
das, chegou ao triunfo aos 80’, com
Lima a fazer o 2-1, que nada fez pelas
contas do título e que encaminhava
o Moreirense para a II Liga.
Quando o FC Porto já celebrava na
Mata Real, o Benfi ca ainda fez o 3-1,
com um penálti convertido por Li-
ma, após Paulinho (que foi expulso)
ter cortado a bola com o braço em
cima da linha. Fim de campeonato
na Luz e ninguém festejou, nem o
Moreirense (despromovido, enquan-
to o seu treinador passa a homem
forte de futebol do Sporting), nem o
Benfi ca, que celebrou apenas mais
uma vitória, com muito pouco sal.
Resta a Taça de Portugal.
Benfica 3Cardozo 50’, Lima 80’, Lima (g.p.) 90’+3’
Moreirense 1Vinicius 43’
Positivo/Negativo
Jogo no Estádio da Luz, em Lisboa.
Assistência 51.549 espectadores
Benfica Artur, Maxi Pereira, Luisão, Jardel, André Almeida, Salvio, Enzo Pérez (Urreta, 76’), Matic a89’, Ola John (Nico Gaitán, 46’), Lima e Cardozo a26’ (André Gomes, 86’). Treinador Jorge Jesus.
Moreirense Ricardo Ribeiro, Paulinho a90’+1’, Aníbal Capela (Rafael Lopes, 90’), Diego Gaúcho a60’, Florent, Vinicius, Filipe Gonçalves (Tales, 79’), Pintassilgo (Kinkela, 81’), Fábio Espinho, Pablo Oliveira e Ghilas. Treinador Augusto Inácio.
Árbitro Marco Ferreira (Madeira)
Gaitán A sua entrada revolucionou o jogo do Benfica. Bem melhor que o ineficaz Ola John, fez a assistência para o primeiro golo e participou na jogada do segundo.
Lima Mais dois golos para o brasileiro. Também falhou algumas oportunidades, mas, se não fosse ele, o Benfica talvez não tivesse ganho.
Ola John Muito apagado, nunca fez a diferença no flanco esquerdo.
2.ª parte do MoreirenseRecuou demasiado cedo e entregou o jogo ao adversário.
6 | DESTAQUE | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013
I LIGA 2012-13
Estava-se a 17 de Março de 2013.
Quatro dias depois de uma do-
lorosa derrota em Málaga, que
custou ao FC Porto a elimina-
ção da Liga dos Campeões, os
portistas empatam na Madeira,
frente ao Marítimo, a um golo. Com
sete jornadas por disputar, os “azuis e
brancos” fi cam a quatro pontos de um
fulgurante Benfi ca que, nesse fi m-de-
semana, passeia em Guimarães (4-0)
e fi cam a depender de terceiros para
chegarem ao “tri”.
Vítor Pereira, que nunca teve
bom ambiente no Estádio do Dra-
gão, passa, a partir dessa altura, a
ser tão elogiado nas ruas portuenses
como é Vítor Gaspar pelos utentes
de qualquer Repartição de Finan-
ças ou Pedro Mota Soares numa fi la
de espera num Centro de Emprego.
Para piorar ainda mais a vida ao
rotas, uma bofetada de luva branca
em muita boa gente.
No reinado de 730 dias como
treinador do FC Porto, Vítor Perei-
ra recebeu inúmeros comentários
desfavoráveis. Muitos justifi cados.
A qualidade do futebol apresentado
pelos “azuis e brancos” em alguns
jogos foi medíocre, as eliminações
na Taça de Portugal, em Coimbra
e Braga, foram difíceis de digerir, a
fase de grupos na Liga dos Campe-
David Andrade
Vítor Pereira, o mal-amado que dá títulos
O treinador não goza de grande popularidade entre muitos adeptos portistas, apesar de ter apenas uma só derrota em duas épocas no cargo
treinador espinhense, cerca de um
mês depois, o FC Porto perde a fi nal
da Taça da Liga e a comitiva “azul e
branca” é recebida no Dragão com
insultos por meia centena de adep-
tos. Bombardeado por críticas que
caem de todos os lados, o futuro de
Vítor Pereira de dragão ao peito pare-
ce traçado e ninguém arrisca apostar
um cêntimo na renovação de con-
trato do treinador no fi nal da época.
Porém, as notícias sobre a “morte”
do técnico, que conquistou ontem o
terceiro título no FC Porto (dois como
treinador principal e um no papel de
braço-direito de André Villas-Boas),
foram manifestamente exageradas.
O mais provável é que Vítor Perei-
ra tenha mesmo feito em Paços de
Ferreira o último jogo como líder da
equipa “azul e branca”, mas é ine-
gável que se o contrato do treinador
não for renovado, Vítor Pereira sai-
rá de cabeça bem erguida após dar,
com a conquista deste título sem der-
O FC Porto fez o xeque-mate ao Benfica nos confrontos directos. Na época passada, na Luz; este ano, no Dragão
Helton 30 jogos (30 como titular); 14 golos sofridos Perdeu
apenas 20 minutos da Liga, quando saiu, por precaução, na segunda parte da vitória fácil em casa frente ao Marítimo.
Fabiano 1 jogo (0); 0 golos sofridos Apenas 20 minutos em campo, por causa da tal pequena lesão de Helton com o Marítimo. Jogou mais na Taça da Liga e na Taça de Portugal.
Danilo 28 jogos (28); 2 golos Depois de uma primeira metade
de época discreta, subiu de nível na segunda, acabando por ser importante no apoio a um ataque que teve dificuldade em criar perigo através dos extremos. Fez três assistências para golo na Liga, todas para Jackson.
Miguel Lopes 2 jogos (2); 1 goloPerdeu o lugar para Danilo. Mais utilizado em Alvalade do que no Dragão, foi importante no empate em Vila do Conde, com um golo e uma assistência.
Alex Sandro 25 jogos (24); 1 goloFoi o melhor lateral dos “azuis e brancos” e um dos melhores da equipa durante a época. Resolveu com calma e técnica a maioria
dos problemas que teve de solucionar.
Quiñones 1 jogo (1) Face aos castigos de Alex Sandro e Mangala, o lateral-esquerdo colombiano teve de jogar contra o Rio Ave e cumpriu.
Maicon 15 jogos (12); 2 golosTeve uma época marcada pelas lesões e não jogou tanto como na anterior. Foi titular nas primeiras oito jornadas, mas a lesão frente ao Marítimo retirou-lhe a vantagem sobre os concorrentes na posição de central.
Mangala 23 jogos (22); 4 golos Foi a época de afirmação
deste central poderoso, que também foi usado como defesa-esquerdo. Destacou-se ainda na outra
ponta do campo, criando perigo nos lances de bola parada. Somou quatro golos na I Liga, o que fez dele o quarto melhor marcador do FC Porto na prova.
Otamendi 29 jogos (29) Apenas ausente num jogo da Liga, foi um dos pilares da defesa menos batida da competição.
Rolando 1 jogo (0) É um dos
melhores centrais portugueses, mas jogou apenas oito minutos para ajudar a segurar a vantagem sobre o Estoril antes de ser cedido ao Nápoles.
Abdoulaye Ba 6 jogos (2) As circunstâncias (pouca utilização de Rolando e lesão de Maicon) fizeram-no ser mais utilizado do que se previa na Liga. Cumpriu.
Fernando 24 jogos (23); 1 golo Voltou a realizar uma grande temporada, conseguindo acrescentar uma dimensão mais ofensiva ao seu jogo.
Castro 17 jogos (0); 1 golo Presente em mais de metade dos
Os jogadores do título
PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | DESTAQUE | 7
FOTOS: PAULO PIMENTA
ões na primeira época fez lembrar
os tempos de Co Adriaanse e do FC
Artmedia. No entanto, no mais im-
portante, no título mais cobiçado
por qualquer adepto de um clube
português, Vítor Pereira esteve ir-
repreensível a nível de resultados.
Os números não mentem. Nos 60
jogos que o FC Porto disputou nas
duas últimas épocas na I Liga, com
Vítor Pereira como treinador, apenas
uma vez foi derrotado: em Barcelos,
a 22 de Janeiro de 2012. Com uma
percentagem de vitórias a rondar os
80%, os “azuis e brancos” foram nos
últimos dois anos, no campeonato,
de uma fi abilidade merecedora de
fortes elogios. Da boca dos detrac-
tores do (ainda) treinador portista,
é comum ouvir-se que “no FC Porto
qualquer um é campeão”. São dados
com exemplo outros técnicos, ale-
gadamente pouco qualifi cados, que
também conquistaram o “bi” como
portistas. No entanto, ao contrário do
que tantas vezes aconteceu no pas-
sado, desta vez ninguém pode dizer
que o FC Porto é campeão por falta
de comparência da concorrência.
Na época passada, mas principal-
mente nesta, Vítor Pereira teve que
lutar contra um Benfi ca competen-
te. Com um plantel vasto e de mui-
ta qualidade do meio-campo para a
frente, e um treinador cuja qualida-
de está acima de qualquer suspeita,
os “encarnados” pareceram sempre
estar mais bem colocados para che-
garem ao título. Mas na “hora H”,
foi sempre Vítor Pereira o último a
rir, mesmo não tendo as mesmas ar-
mas do adversário. Tanto este ano,
como em 2012, o FC Porto fez o xe-
que-mate ao Benfi ca nos confrontos
directos. Na época passada, na Luz;
este ano, no Dragão. E essa medalha,
tão desejada por qualquer portista,
ninguém pode tirar a Vítor Pereira:
para o campeonato, nunca perdeu
frente ao grande rival.
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jogos da Liga, mas sempre como suplente. Jogou para merecer mais oportunidades.
Defour 25 jogos (14); 2 golos Foi o canivete-suíço de Vítor Pereira: utilizado em seis dos 11 lugares diferentes da táctica habitual do treinador, que aprecia a sua multifuncionalidade.
João Moutinho 27 jogos (27); 1 golo Voltou a ultrapassar a barreira dos 40 jogos na soma de todas as competições. Raramente jogou mal e foi o portista com mais assistências na Liga (11).
Lucho González 29 jogos (29); 6 golos Já não tem o motor de
outros tempos, mas continua a ser importante e o melhor amuleto dos portistas: foi campeão em todas as épocas – esta é a sexta – no clube.
Tozé 1 jogo (0) Vítor Pereira recorreu ao médio-ofensivo para tentar — sem efeito — alterar o resultado no encontro em casa com o Olhanense (1-1).
Izmailov 13 jogos (6); 1 golo Foi uma das mudanças mais discutidas no mercado de Inverno. Estreou-se a marcar no segundo jogo em que vestiu a camisola portista, mas não segurou a titularidade e os seus minutos foram caindo.
Investiram em dois tratores e
dois reboques e fizeram-se à
estrada. Como já eram conhe-
cidos no meio não tiveram di-
ficuldade em arranjar negócio.
“Fomos logo subcontratados
por uma empresa que já nos
conhecia e que faz um milhão
de cargas por ano.
O destino é sempre a Inglater-
ra. Transportam produtos rela-
cionados com o setor automó-
vel, ferro e pedra. No regresso
para Portugal raramente vol-
tam vazios, transportando so-
bretudo ferro.
Passam as semanas mas o
percurso é sempre o mesmo:
Vilar Formoso, Salamanca,
Irún, Bordéus, Rouen e Dieppe
ou Le Havre. Depois, são mais
seis horas de ferry até Ingla-
terra. Este é o principal destino
dos Transportes “Os Rolas”,
um negócio de pai e filho que,
depois de terem ficado desem-
pregados, resolveram avançar
com o seu projeto. Escolheram
o que melhor sabem fazer:
transportes internacionais.
Tudo começou há cerca de
dois anos. A empresa de trans-
portes para onde trabalhavam
fechou e os dois começaram a
pensar em lançar um negócio
próprio. Experiência e contac-
tos já tinham, faltava o passo
final: a constituição da empre-
sa. Isso aconteceu no final de
maio de 2012, depois de terem
concluído “que tinham as con-
dições mínimas e clientes para
iniciar o negócio”, afirma o fi-
lho, Micael.
Os Rolas nunca tinham estado
juntos num negócio mas o fi-
lho há muito que acalentava o
sonho de trabalhar por conta
própria. O fim de atividade da
empresa onde trabalhavam
foi o “empurrão”.
Outro empurrão decisivo foi o do microcrédito. Clientes do Banco Espírito Santo (BES), Jorge e Micael Rola ouviram falar aos balcões do banco da possibilidade de recorrerem ao microcrédito. Contraíram um empréstimo de 10000 eu-ros que foram investidos na compra dos reboques. Foi um dinheiro que “facilitou o negó-
cio”, diz Micael.
O balanço é positivo, apesar
do preço elevado dos combus-
tíveis, que tem sido um trans-
torno. Mas “com orientação
temos conseguido alcançar os
nossos objetivos”, diz o filho. A
ambição é “crescer” para au-
mentar a frota de camiões e o
volume de negócios.
Desde Maio deste ano que Micael e Jorge Rola se lançaram por conta própria num
negócio que conhecem como a palma das suas mãos: os transportes de longo curso.
Micael Rola faz-se à estrada todas as semanas. Destino: Inglaterra.
Para mais informações consulte www.bes.pt/microcredito ou siga-nos no Facebook
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8 | DESTAQUE | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013
Kelvin 8 jogos (1); 3 golos Apesar de ter sido titular apenas uma vez, teve impacto enorme na decisão do campeonato: fez os golos decisivos para o FC Porto vencer em casa o Sporting de Braga e, no “jogo do título”, o Benfica.
Iturbe 1 jogo (0) O argentino continua a não ser opção no Dragão. Apenas somou cerca de 30 minutos em campo na goleada ao Beira-Mar, quando o jogo já estava resolvido (3-0). Terminou a época no seu país, no River Plate.
Varela 25 jogos (19); 4 golos Não conseguiu um desempenho semelhante ao que teve nas
duas primeiras épocas no FC Porto, mas voltou a ter peso nas escolhas do treinador. Apontou quatro golos, o mais
importante no Estoril.
Atsu 17 jogos (9); 1 golo A temporada do extremo ganês chegou a prometer ser mais produtiva para a equipa do que realmente foi. Começou bem a época, mas esteve menos presente na parte final. Inaugurou o marcador no triunfo em Aveiro (0-2). Esteve ausente em Janeiro e Fevereiro, a disputar a CAN.
Sebá 4 jogos (0) Suplente utilizado em quatro rondas seguidas, o brasileiro da equipa B participou com uma assistência na goleada ao Gil Vicente (5-0).
James Rodríguez 24 jogos (19); 10 golos Terminou a época como o
segundo melhor marcador dos “dragões”, com dez golos, e também foi importante na hora de assistir os colegas.
Hulk 3 jogos (3); 2 golos O brasileiro fez falta ao FC Porto, mas não nas três primeiras
jornadas, pois só partiu depois para São Petersburgo. Marcou dois golos, um deles essencial para o triunfo sobre o Olhanense.
Kléber 5 jogos (0) Utilização muito limitada — e sempre a partir do banco — antes do empréstimo ao Palmeiras, a meio da época.
Liedson 6 jogos (0) Participou no lance que deu o triunfo à sua equipa sobre o Benfica, mas foi muito pouco usado para um jogador com o seu historial no campeonato e para as expectativas que os adeptos portistas criaram depois de ser anunciada a sua contratação. Manuel Assunção
Os jogadores do título
I LIGA 2012-13
O FC Porto não teve nenhum
totalista no campeonato,
mas Jackson Martínez foi
o que esteve mais perto e
esse estatuto corresponde
ao peso que teve no 27.º tí-
tulo do clube. O ponta-de-lança foi o
jogador mais importante da equipa
e, por isso, quase não saiu de campo
ao longo do campeonato, do qual se
sagrou melhor marcador.
Foi com golos — e foram 26 em 30
jogos só nesta prova, corresponden-
tes a 37% do total da equipa — que
o avançado desfez as dúvidas que
a sua contratação possa ter gerado.
Colombiano tal como Falcao, logo
foram feitas as comparações com
El Tigre, que tem um historial difí-
cil de igualar no Dragão. Jackson,
apesar de relativamente desconhe-
cido, tornou-se também no ponta-
de-lança mais caro da história do FC
Porto, que o comprou ao Jaguares,
do México, por 9,6 milhões de euros
(8,9 milhões pelo passe mais 750 mil
euros em encargos adicionais), e na
transferência mais alta do futebol
mexicano, superando os cerca de
Manuel Assunção
Jackson desfez desconfi anças
O avançado colombiano chegou ao Dragão esta temporada e rapidamente se impôs. Termina o campeonato como o goleador da I Liga e uma das revelações da prova
7,5 milhões que Sevilha e Manches-
ter United pagaram por Aquivaldo
Mosquera (em 2007) e Chicharito
(em 2010), respectivamente. Até a
sua idade quando chegou ao Dragão
foi motivo de discussão, pois aos 25
anos não estava no início de carreira
e a sua rentabilização futura poderia
ser mais difícil.
Mas Jackson rapidamente acabou
com as questões acerca da sua qua-
lidade e utilidade. “Quero escrever a
minha própria história no FC Porto”,
repetiu nos dias seguintes à ofi cia-
lização do negócio. A adaptação ao
futebol europeu foi rápida e a prova
foi o golo que valeu aos “dragões” o
primeiro troféu ofi cial da temporada,
a Supertaça, contra a Académica, na
sua estreia ofi cial em Portugal. E os
golos continuaram a surgir no cam-
peonato, ao ponto de se ter colocado
a um nível análogo ao dos melhores
goleadores da prova nos anos mais
recentes. O sul-americano obteve
uma média de 0,83 golos por jogo, re-
gisto semelhante aos de Cardozo (26
golos e média de 0,90) e Falcao (25;
0,89) em 2009-10, de Hulk (23; 0,88)
em 2010-11, de Lisandro (24; 0,89)
em 2007-08 e do colega de equipa
Liedson (25; 0,81) em 2004-05.
A apresentação a sério de Jackson
no futebol português aconteceu no
início da Liga, quando facturou em
sete jornadas seguidas (entre a 2.ª e
a 8.ª), uma sequência que na histó-
ria moderna do FC Porto só é menos
longa do que as obtidas no seu tempo
por Pena (9), Jardel (9) e Fernando
Gomes (14). Mas o colombiano, que
não foi opção na Taça de Portugal,
marcou igualmente nas outras provas
em que foi usado e, por isso, atingiu a
barreira dos 30 golos numa tempora-
da, um feito que nos últimos 25 anos
só Domingos, Jardel, Falcao e Hulk
tinham alcançado no FC Porto.
Os pontos baixos na sua época —
além do facto de nem sempre con-
seguir ser bem servido pela equipa
— acabaram por ser as três grandes
penalidades falhadas no intervalo de
seis jornadas, que ajudaram a colo-
car em causa a revalidação do título.
Dois desses erros custaram quatro
pontos à equipa, nos empates a um
com Olhanense e Marítimo.
A carreira profi ssional de Jackson
começou no Independiente Medellín,
clube em que chegou a ser contesta-
do pelo adeptos, mas do qual saiu
como ídolo depois da sua responsa-
bilidade (melhor marcador da prova,
com 18 golos) no título de campeão
em 2009. Depois chegou a ser dada
como certa a sua transferência para o
Ulsan Hyundai, da Coreia do Sul, mas
o acordo caiu e acabou por rumar ao
Jaguares, no México, onde o FC Porto
o foi buscar. Tal como Wason Rente-
ria, outro avançado colombiano que
já representou os “dragões”, Jackson
nasceu em Quibdó, mas no seu caso
já poucos duvidam que o FC Porto
acertou em cheio.
Depois de uma primeira
jornada em que Benfi ca e
FC Porto empataram (os
portistas no terreno do Gil
Vicente, os benfi quistas na
recepção ao Sp. Braga), os
dois rivais ocuparam os lugares ci-
meiros da classifi cação logo à terceira
jornada e nunca mais os largaram.
O Benfi ca foi o primeiro a escorre-
gar. À quarta ronda, um empate em
Coimbra (2-2), frente à Académica,
deixou as “águias” com dois pontos
de atraso. Só que a diferença foi re-
cuperada logo na jornada seguinte
quando os portistas tropeçaram no
terreno do Rio Ave (2-2).
Lisboetas e portuenses mantive-
ram-se lado a lado até se encontra-
rem, na Luz, à 14.ª jornada. Um due-
lo que deixou tudo na mesma. Aos
golos de Mangala e Jackson Martínez
responderam Matic e Gaitán.
Só à passagem da jornada 18 é que
as coisas voltam a poder alterar-se.
O Benfi ca não vai além de um em-
pate (2-2) no terreno do Nacional.
Uma partida em que termina com
apenas nove jogadores em campo
(expulsão, nos minutos fi nais, de Car-
dozo e Matic). Mas o FC Porto não
foi capaz de aproveitar o deslize do
rival, pois fi cou-se por uma igualdade
caseira com o Olhanense (1-1).
Foi preciso o Sporting entrar em
cena, à 21.ª jornada, para FC Porto
e Benfi ca deixarem de estar empata-
dos. Em Alvalade, os “azuis e bran-
cos” fi caram-se pelo nulo e viram os
“encarnados” escaparem, após bate-
rem o Beira-Mar, em Aveiro (1-0).
O cenário piorou ainda mais pa-
ra o FC Porto duas rondas depois.
O empate na Madeira, frente ao Ma-
rítimo (1-1) conjugado com o triunfo
do Benfi ca em Guimarães sobre o Vi-
tória (4-0), colocou o avanço benfi -
quista em quatro pontos. Parecia que
os “encarnados” tinham embalado
para o título. Até que surgiu o empate
caseiro com o Estoril (1-1) e a derrota
no Dragão (2-1), com aquele golo de
Kelvin a 30 segundos dos 90’. Estava
consumada a reviravolta no topo que
a última jornada não alterou.
30 jogos sem perder e o golo de Kelvin
Jorge Miguel Matias
Jackson Martínez
PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | DESTAQUE | 9
Palmarés1934-35 FC Porto1935-36 Benfica1936-37 Benfica1937-38 Benfica1938-39 FC Porto1939-40 FC Porto1940-41 Sporting1941-42 Benfica1942-43 Benfica1943-44 Sporting1944-45 Benfica1945-46 Belenenses1946-47 Sporting1947-48 Sporting1948-49 Sporting1949-50 Benfica1950-51 Sporting1951-52 Sporting1952-53 Sporting1953-54 Sporting1954-55 Benfica1955-56 FC Porto1956-57 Benfica1957-58 Sporting1958-59 FC Porto1959-60 Benfica1960-61 Benfica1961-62 Sporting1962-63 Benfica1963-64 Benfica1964-65 Benfica1965-66 Sporting1966-67 Benfica1967-68 Benfica1968-69 Benfica1969-70 Sporting1970-71 Benfica1971-72 Benfica1972-73 Benfica1973-74 Sporting1974-75 Benfica1975-76 Benfica1976-77 Benfica
1977-78 FC Porto1978-79 FC Porto1979-80 Sporting1980-81 Benfica1981-82 Sporting1982-83 Benfica1983-84 Benfica1984-85 FC Porto1985-86 FC Porto1986-87 Benfica1987-88 FC Porto1988-89 Benfica1989-90 FC Porto1990-91 Benfica1991-92 FC Porto1992-93 FC Porto1993-94 Benfica1994-95 FC Porto1995-96 FC Porto1996-97 FC Porto1997-98 FC Porto1998-99 FC Porto1999-00 Sporting2000-01 Boavista2001-02 Sporting2002-03 FC Porto2003-04 FC Porto2004-05 Benfica2005-06 FC Porto2006-07 FC Porto2007-08 FC Porto2008-09 FC Porto2009-10 Benfica2010-11 FC Porto2011-12 FC Porto2012-13 FC Porto
TotalBenfica 32FC Porto 27Sporting 18Belenenses 1Boavista 1
Os estados de espírito de Vítor
Pereira e Jorge Jesus eram
logicamente distintos ao iní-
cio da noite de ontem: um
tinha acabado de ganhar ao
Paços de Ferreira, equipa-
sensação da I Liga, garantindo as-
sim o bicampeonato. O outro bateu
o Moreirense, condenando a equi-
pa minhota à despromoção — mas o
triunfo de nada valeu, e pela segunda
temporada seguida viu o campeonato
fugir nas derradeiras jornadas.
Vítor Pereira disse o que lhe ia na
alma assim que chegou à sala de im-
prensa, no fi nal do jogo. “Vou falar
muito pouco, a vontade que tenho
é de falar pouco”, confessou o téc-
nico, admitindo que o que mais lhe
apetecia era “sentir aquele ventinho
nos Aliados”. “Não sinto necessidade
Jorge Jesus diz que o campeão é justo, mas não dá os parabéns
coisas porque isto nos dá muito
mais experiência”, vincou o técni-
co. E acrescentou, em tom de desa-
fi o: “Não vou desvalorizar o que o
nosso rival fez, porque ganhou uma
competição importante. Mas o Ben-
fi ca fez uma temporada brilhan-
te e tenho de a valorizar
também, uma tempora-
da que pode terminar
com conquista da Taça
de Portugal.”
Jesus não quis des-
vendar qualquer
detalhe sobre a
sua continuida-
de no Benfica.
“Se eu fi car no
Tiago PimentelBenfi ca, o presidente já falou comigo,
será sempre dois anos. Os benfi quis-
tas sabem que o Benfi ca tem vindo
a recuperar muito da diferença que
havia para o nosso rival. Hoje o nosso
rival não ganha o campeonato com
dez ou 15 pontos de avanço. A pou-
co e pouco estamos a fazer uma
grande equipa, a cada ano mais
forte”, frisou.
Para já, no entanto, a prio-
ridade passa por vencer
a Taça de Portugal, do-
mingo: “É o segundo
troféu mais impor-
tante. É para os
adeptos, que
merecem.”
passo para a frente dizer que pas-
sou a ser sério. Para mim os vence-
dores são justos, e é assim que os
benfi quistas sempre estiveram. Não
vamos mudar a nossa identidade.
Quem ganha é um justo vencedor”,
disse o técnico.
Sem nunca dar abertamen-
te os parabéns ao FC Porto,
Jorge Jesus preferiu sublinhar
o percurso dos “encarnados”
na temporada 2012-13. “Que-
ro realçar o que o Benfi ca fez
até ao momento. Tomara
eu que para ano pudesse
dizer a mesma coisa. De
certeza que podemos
conquistar muito mais
PUBLICIDADE
nenhuma de falar de mim, mas de
falar dos meus jogadores, da minha
grande equipa e do privilégio que é
trabalhar com eles”, respondeu Vítor
Pereira, quando questionado sobre o
facto de ser um dos três treinadores
que chegaram ao fi nal do campeo-
nato sem derrotas. “O que vos digo
é que somos campeões, e com todo
o mérito”, acrescentou.
“Nos momentos cruciais, tal co-
mo no ano passado, fomos decisi-
vos. Ganhou a melhor equipa”, ti-
nha afi rmado Vítor Pereira na fl ash
interview com a SportTV, logo após
o fi nal do encontro. “Quando disse
‘sujinho’, referi-me a um jogo, falei
porque tinha de falar. Cresci [como
treinador] neste campeonato, no
anterior e crescerei nos próximos”,
vincou Vítor Pereira. “O campeonato
foi competitivo em todas as frentes.
Com pouco dinheiro relativamente
a outros campeonatos proporcioná-
mos grandes espectáculos. Temos de
valorizar a qualidade que temos, em
vez de fazermos sempre o papel dos
coitadinhos”, concluiu.
Liedson destoaMas se o tom das declarações de Vítor
Pereira foi marcado pela serenidade,
nem todos no FC Porto alinharam
por essa medida. Liedson — que até
fez a assistência para o golo de Kelvin
que deu aos “dragões” a vitória (2-1)
sobre o Benfi ca, mas somou poucos
minutos de utilização — destacou-se
por aquilo que disse após o jogo em
Paços de Ferreira. “Estou muito feliz
com esse título, mas gostava que ti-
vesse sido de outra forma. Gostava de
ter tido mais oportunidades, mas não
deixaram”, disse o avançado interna-
cional português. “Arrependido [de
vir para o FC Porto] não estou, mas
vim com o pensamento de participar
mais. O treinador não deixou, mas
não estou chateado. Não me deixa-
ram”, prosseguiu Liedson. Adiantou
que o seu futuro passa pelo regresso
ao Brasil: “Vou voltar ao Flamengo,
tenho contrato até ao fi nal do ano.
Depois logo se vê.”
“Época brilhante”Na Luz, Jorge Jesus era um homem
conformado com o título do FC Por-
to. Mas nem por isso deixou de atirar
uma alfi netada a Vítor Pereira: “Não
vou dizer que o campeonato não é
sério quando vou atrás, e quando
14Número de golos sofridos pelo FC Porto no campeonato, o valor mais baixo das últimas cinco épocas (em 2007-08 sofreu 13).
0Número de derrotas sofridas pelos “dragões” nos 30 jogos realizados na I Liga, tal como aconteceu em 2010-11.
7Melhor sequência de vitórias do campeão na prova. Aconteceu duas vezes: entre as jornadas 6 e 13 e entre a 24.ª e a 30.ª ronda.
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10 | DESTAQUE | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013
I LIGA 2012-13
Joana celebrou, o namorado sofreu (por sms)
Um no Porto, outro em Lisboa, passaram o jogo a trocar mensagens. “Parabéns, este campeonato devia ter sido nosso, mas vocês também fi zeram por isso”, rematou o namorado de Joana Carvalho
Joana Carvalho, em baixo, foi para um bar ver o jogo. No intervalo, o namorado benfiquista em Lisboa quis saber tudo sobre o golo
Joana Carvalho preparou-se
para a festa. Vestiu umas
calças de ganga azul e
uma camisola de malha
da mesma cor e calçou
umas botas óptimas para
começar a noite aos saltos na
Avenida dos Aliados. “Allez, Porto,
allez!”
Àquela hora, o Porto parecia
uma cidade fantasma, mas tudo
podia mudar. A alegria explode
na Avenida dos Aliados sempre
que o FC Porto ganha um título.
E a engenheira civil, de 35 anos,
posicionou-se na rua paralela, a do
Almada, num dos mais ecléticos
bares da cidade, o Baixaria.
“Já estamos a guardar lugar na
primeira fi la”, dizia.
O namorado, benfi quista, rumara
ao Estádio da Luz. Fora ver o
Benfi ca jogar contra o Moreirense.
E ela, que gosta de ver jogos em
casa, achara que, desta vez, não
devia enchê-la de fervorosos
portistas. À pinha estava o bar com
caixas de fruta a fazer de bancos
e um ecrã gigante numa parede a
exibir o confronto entre o Paços de
Ferreira e o FC Porto.
Ela foi a primeira a celebrar.
Aos 23 minutos, um golo de Lucho
González na transformação de uma
Reportagem Ana Cristina Pereira
grande penalidade. O namorado
pediu-lhe confi rmação por SMS. E
ela explicou-lhe que fora um lance
entre James Rodríguez e Ricardo.
Quando Vinícius marcou, ela
agitou o cachecol do Moreirense,
que trouxera de casa, mas não lhe
mandou um SMS. “Não vou fazer
qualquer comentário. Respeito a
dor dele.”
À volta dela, cantoria. Muitos
quiseram tirar fotografi as com o
cachecol, menos por simpatia à
equipa de Moreira de Cónegos
do que por antipatia ao seu
adversário. Um deles, Paulo Pinto,
levantava-o o mais que podia. O
gestor de mercados, de 44 anos,
usava a sua camisola da sorte:
a que comprara a 21 de Maio de
2003, na fi nal da Taça UEFA, que
o FC Porto fora ganhar a Sevilha,
estava a mulher grávida do único
fi lho de ambos.
Não se considera anti-
benfi quista, nem qualifi ca o
namorado anti-portista, Joana. Nas
últimas semanas, mesmo assim,
não discutiram o assunto lá em
casa. Ela não suporta as piadas
dele sobre a legitimidade das
vitórias do clube das Antas. “Se
ganharmos, vou fazer o telefonema
da praxe, mas não vou provocar
muito. Se perdermos, também
posso telefonar. “Felizmente, ele
não vem para casa, fi ca em Lisboa
até segunda”, brincava.
Ele ligou-lhe no intervalo.
Queria saber tudo sobre o golo.
“Ele ia a correr, estava isolado.
Houve um pequeno toque, mas
na linha. Ele desequilibrou-se.
Foi por trás. Caiu dentro da
área”, explicava ela. “Como está
o ambiente por aí?”, perguntava-
lhe. “O que interessa é que um de
nós vai fi car feliz hoje”, concluía.
A sala já parecia convencida
da vitória. O FC Porto tinha um
golo de vantagem e o Paços de
Ferreira menos um jogador.
Paulo Pinto ainda não queria
celebrar, dizia ter aprendido “a
lição” com os benfi quistas, mas
sentia-se tranquilo. “Isto assim
tem mais piada”, dizia Joana.
“Estamos habituados a não ter
concorrência.”
Alegria quando, aos 52 minutos,
Jackson Martínez ampliou
a vantagem. “Porto! Porto!
Porto!” Ela ria. “Acho que somos
campeões.” A voz dela era abafada
pela festa à volta. “Viva o Porto
Olé!” Cardozo e Lima deram a
vitória ao Benfi ca, o namorado de
Joana deu-lhe notícia disso, mas tal
não impediu a festa do FC Porto.
“Campeões, campeões, nós somos
campeões”. A sala ainda se unia
num grito quando Joana recebeu
o último SMS: “Parabéns, este
campeonato devia ter sido nosso,
mas vocês também fi zeram por
isso.”
NFACTOS/PEDRO GRANADEIRO
NFACTOS/PEDRO GRANADEIRO
PAULO PIMENTA
12 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013
Cavaco quer discutir o pós-troika sem assumir crise política e o ano que falta
A intenção do Presidente da Repú-
blica é olhar para a frente, muito lá
para a frente. Para daqui a um ano,
quando a troika deixar formalmente
Portugal. Cavaco Silva reúne-se hoje
com os seus conselheiros de Estado
para discutir o futuro da economia
nacional quando o país já não esti-
ver sob assistência fi nanceira. Mas
provavelmente esse será um olhar
demasiado para a frente. Porque o
pós-troika também passa pelo facto
de saber se o actual Governo e as su-
as políticas se – e como – aguentam
até lá.
Não será de estranhar, portan-
to, que boa parte dos conselheiros
queiram abordar a situação presen-
te, prevendo-se que o Presidente
da República difi cilmente consiga
orientar toda a reunião sem se falar
no longo caminho que será preciso
percorrer até a troika ir embora, em
Junho de 2014, e nas metas orçamen-
tais apertadas que deixa para anos
posteriores. Precisamente oito me-
ses depois do último Conselho de
Estado, Pedro Passos Coelho volta
a entrar em Belém com um Gover-
no debilitado. Mais ainda do que
em Setembro passado – e na altura
o primeiro-ministro deixou cair em
Belém as mudanças na Taxa Social
Única para patrões e empregados e
comprometeu-se perante o Conselho
a dominar a sua equipa, garantindo
estarem “ultrapassadas as difi culda-
des que poderiam afectar a solidez
da coligação partidária que apoia o
Governo”. Hoje, Passos pode voltar
a prometer o mesmo, mas será em
vão: Portas não está no Conselho de
Estado e duvida-se que assumisse tal
compromisso.
Solidez foi palavra que, porém,
nunca mais se pôde aplicar à coli-
gação. Nas últimas duas semanas a
novela do apoio-discordância-recusa
do CDS às alterações ao cálculo para
as pensões já em vigor veio alargar
o fosso entre Pedro Passos Coelho e
Paulo Portas e teve ainda a desvan-
tagem de ser representada na praça
pública. A que se soma, pelo lado do
PSD, um desconforto entre as bases
e as estruturas dirigentes e governa-
tivas do partido, notório na ausência
da maior parte das distritais do almo-
ço de aniversário.
O Presidente também não é total-
mente alheio ao cenário difícil do
Governo: foi o motor para os pedi-
dos de fi scalização do Orçamento ao
Tribunal Constitucional, o que obri-
gou Passos Coelho a arranjar 1300
milhões de euros adicionais. Na úl-
tima semana, Cavaco Silva juntou-se
às vozes críticas da criação de uma
taxa sobre as pensões: “Este grupo
[reformados e pensionistas] tem si-
do duramente atingido nos últimos
tempos e há limites de dignidade que
não podem ser ultrapassados.”
Por outro lado, ao querer debater
já o pós-troika com os seus conse-
lheiros, o Presidente mostra algu-
ma abertura e validade às reivindi-
cações do PS, cujo líder tem repeti-
do à exaustão a necessidade de criar
políticas de incentivo e crescimento
da economia. Não é de estranhar que
Seguro volte esta tarde a enumerar
propostas socialistas para a reindus-
trialização e revitalização da econo-
mia. Ou o tema da crise de regime.
Dossiers europeusA reunião do Conselho de Estado
que decorre esta tarde no Palácio
de Belém tem uma novidade. Pela
primeira vez, o Presidente da Repú-
blica enviou aos seus 19 conselheiros
documentação prévia ao encontro.
Foi o próprio Cavaco Silva que, na
semana passada, no Porto, revelou
este facto.
Os documentos enviados são, se-
gundo o PÚBLICO apurou, textos
sobre a situação na União Europeia
que o Presidente considerou de in-
teresse distribuir aos conselheiros
para abordar o tema que vai estar
em cima da mesa: “Perspectivas da
economia portuguesa no pós-troika,
no quadro de uma união económica
e monetária efectiva e aprofundada”.
É um dossier com documentação
sobre questões europeias que está
disponível no site da Comissão Euro-
peia. “Considerei que era importante
ouvir a refl exão dos conselheiros de
Estado sobre matérias de relevância
Cavaco Silva reuniu o Conselho de Estado há oito meses
Conselho de Estado reúne-se incompleto para analisar as perspectivas da economia quando o país se libertar da troika. Mas os conselheiros deverão querer debater o presente e pensionistas
Presidência Maria Lopes
clara em Portugal à medida que se
aproxima o fi m do programa de assis-
tência fi nanceira, mas também para
obter indicações para a posição por-
tuguesa a ser defendida pelo Gover-
no português no Conselho Europeu
do mês de Junho”, disse o Presidente,
justifi cando a convocação da reunião
– que fora anunciada dez dias antes
pelo conselheiro Luís Marques Men-
des, na SIC. Cavaco também visita as
instituições europeias em Bruxelas e
Estrasburgo dentro de um mês.
Outro facto novo é o da ausência
do presidente do governo regional
dos Açores na primeira reunião do
Conselho de Estado em que devia
participar desde que tomou posse
em Novembro passado. Vasco Cor-
deiro preferiu participar na sessão
solene do Dia da Região Autónoma
Seguro já fala em “crise de regime”
No sábado à noite, em Mangualde, António José Seguro alertou para a “crise de regime” que Portugal
poderá vir a enfrentar. “Estamos metidos numa grave crise. Numa crise social, numa crise económica, numa crise política, e estas três crises somadas podem dar origem a uma crise de regime”, disse. Para o líder socialista, “hoje já há muita gente que vive desiludida com a política” e que não acredita que ela lhe resolva os problemas. Por isso, sustentou, cabe ao PS
a dupla responsabilidade de “renovar a confiança dessas pessoas nas instituições democráticas do nosso país e, fundamentalmente, de dar respostas aos problemas dos portugueses”. O líder socialista voltou a afirmar que o país não conseguirá sair da crise se “se continuar a aplicar medidas de austeridade que, julgam, reduz a despesa, mas que apenas criam uma espiral recessiva”. E ontem acusou o Governo de não saber aproveitar as propostas do PS. (ver página 17) S.R.
PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | PORTUGAL | 13
dos Açores, na Assembleia Legisla-
tiva regional, na cidade da Horta,
marcada para esta segunda-feira ao
fi m da manhã.
À margem deste facto novo, a reu-
nião vai decorrer nos moldes habitu-
ais. O Presidente da República abre
com a introdução do tema. Depois,
os conselheiros, por ordem institu-
cional – presidente da Assembleia
da República, primeiro-ministro,
presidente do Tribunal Constitucio-
nal, provedor de Justiça, presidentes
dos governos regionais, os nomea-
dos pelo PR e os indicados pelo Par-
lamento –, ou por ordem de inscrição
pronunciam-se. Estas intervenções,
entre dez a 20 minutos, podem ser
seguidas por um segundo turno ou
réplicas. Alguns dos conselheiros lê-
em um discurso previamente escrito,
outros completam a sua intervenção
com apontamentos da reunião. Ter-
minada a fase de audição, o Presi-
dente da República faz a conclusão
da reunião. Depois é discutido e
aprovado o comunicado fi nal a ser
divulgado ao país.
Normalmente, o guião não se des-
via muito desta estrutura – o que
pode acontecer é os conselheiros se
mostrarem mais ou menos interve-
nientes. Em Setembro, por exemplo,
o encontro demorou oito horas. Pa-
ra o jardim em frente ao Palácio de
Belém, tal como há oito meses, está
hoje marcada uma concentração pe-
lo movimento Que se lixe a troika. O
“Conselho do Povo”, como foi deno-
minado, vai pedir ao Presidente que
demita o Governo e o fi m da austeri-
dade. com Nuno Ribeiro
NUNO FERREIRA SANTOS
O cenário pós-troika não deverá re-
servar boas notícias para os portu-
gueses. Vários economistas ouvidos
pelo PÚBLICO admitem que o país
vai ter difi culdades em regressar ple-
namente aos mercados a partir de
2014 e que, em face disso, deverá
precisar de novo apoio fi nanceiro,
nos mesmos moldes da troika, ou
ligeiramente diferentes, através de
uma ajuda directa da União Euro-
peia/Banco Central Europeu (BCE).
Para os economistas contactados,
os actuais indicadores económicos
do país são muito negativos e as pers-
pectivas futuras sombrias, daí que o
país terá que continuar a ser apoiado
fi nanceiramente, a ter regras e metas
apertadas. A vigilância externa vai
continuar.
João Duque, presidente do ISEG,
reage com alguma ironia à pergunta
do PÚBLICO sobre o que pode ser o
pós-troika, afi rmando que “o melhor
é irmos todos a Fátima para ver se
mantemos a troika por cá”. Susten-
ta que, com a troika, “o dinheiro é
muito mais barato e vai aparecendo”.
“Não estou a ver qual é a alternativa.
Deixarem-nos na mão do mercado é
arrancarem-nos a pele”, defende o
economista.
Apesar de admitir que a economia
europeia está doente e que não está
a ser capaz de puxar pela economia
nacional, e que com base nos últimos
indicadores económicos o país não
consegue pedir dinheiro directamen-
te nos mercados, João Duque ainda
admite que o cenário possa melhorar
se a União Europeia mudar de estra-
tégia e começar a tomar “medidas
de fundo, como a compra de dívida
dos Estados”.
João Loureiro, economista da
Faculdade de Economia do Porto,
também admite que “não é absolu-
tamente claro que Portugal consiga
fi nanciar-se nos mercados, como es-
tava planeado”. Admite que as alte-
rações ao programa de ajustamento
mostram que as coisas não estão a
correr tão bem como o esperado e
diz que não o surpreende que “a liga-
ção à troika tenha de se prolongar”.
Defende que há sinais positivos do
lado da evolução das taxas de juro
Cenário económico pós-troika deverá implicar mais troika
da dívida portuguesa, mas admite
que “é tempo do Governo colocar
o crescimento no centro das preo-
cupações”.
Manuel Caldeira Cabral, da Univer-
sidade do Minho, admite como muito
provável um novo resgate, “que po-
derá ser encapotado ou menos for-
mal, com o envolvimento do BCE”.
Nesse resgate, “Portugal poderá ser
menos pressionado, mas terá de
cumprir metas e será vigiado”, de-
fende. Considerando que “a estra-
tégia da União Europeia (UE), sob
liderança alemã, apenas conseguiu
arrastar a Europa para um segundo
pico de recessão”, Manuel Caldeira
Cabral defende que Portugal aban-
done “a posição passiva e seguidista
que tem assumido face às políticas
europeias”.
Apesar de reconhecer que não há
margem para políticas expansionis-
tas, o economista defende que Por-
tugal deve “moderar a austeridade”,
de forma a estabilizar a economia no
curto prazo, o que terá efeitos positi-
vos ao nível do investimento nacional
e estrangeiro.
Ricardo Cabral também defende
que “não nos livramos da troika tão
cedo”. O economista da Universida-
de da Madeira destaca que a descida
dos juros da dívida portuguesa não
deve ser sobrevalorizada, porque
dois terços dos 200 mil milhões de
euros de dívida portuguesa estão no
sector ofi cial (FMI, BCE e UE) e que
no mercado está apenas um terço, do
qual boa parte está ainda em mãos de
bancos nacionais. Também não há
emissões regulares a médio e longo
prazo. Ou seja, “as taxas actuais es-
tão deturpadas, porque o mercado
não está a funcionar em condições
normais”, defende.
João Duque sustenta que com a troika o dinheiro vai aparecendo
O QUE ELES DIZEM
Eu gostaria mais de discutir a situação do país do que a situação da troika, mas não sou responsável. A coligação está em perigo e Portas continua a ser chantageadoMário SoaresEx-Presidente da República
A escolha do Presidente é desdramatizar o Conselho de Estado. Não discutir o presente para não piorar a situaçãoMarcelo Rebelo de SousaEx-presidente do PSD
Com a marcação do Conselho de Estado, acho que [Cavaco] faz uma ponte com o PS, porque o pós-troika já vai ser com outro GovernoMarques MendesEx-presidente do PSD
É uma visão [de Vítor Gaspar] maniqueísta, simplista, de que só há uma receita para a austeridade. Querer aplicar o mesmo modelo em circunstâncias diferentes está a falhar
Bagão FélixEx-ministro das Finanças
Economia Rosa Soares
Falta de crescimento da economia portuguesa deverá comprometer o regresso de Portugal aos mercados financeiros
14 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013
António Cluny, 57 anos, é
procurador-geral adjunto no
Tribunal de Contas e há dois anos
preside à associação Magistrados
Europeus para a Democracia
e as Liberdades (MEDEL), um
organismo fundado em 1985 e
que actualmente reúne cerca
de 20 associações profi ssionais
de juízes e procuradores. Esta
quinta-feira, dia em que se
contabilizam 21 anos sobre a
morte do juiz italiano Giovanni
Falcone, assassinado pelo seu
papel em processos ligados à
mafi a siciliana, a MEDEL discute
em Bruxelas a necessidade da
União Europeia (UE) defi nir
regras claras que garantam
a independência do poder
judicial. Apesar de quase todas as
constituições europeia preverem
essas garantias, a prática, diz
Cluny, mostra que países como
a Alemanha e a França têm
modelos que não garantem a
independência do poder judicial
face aos respectivos governos.
Actualmente quais são as
principais preocupações da
MEDEL?
Lutar por defender a nível
europeu princípios que
permitam que o poder judicial
se desenvolva de forma
independente face aos poderes
públicos e aos poderes fácticos,
como o poder económico e
o mediático. Quase todas as
constituições dos países europeus
falam na independência do
poder judicial e algumas falam
na independência do juiz. Umas
falam da autonomia do Ministério
Público, outras não. Em termos
teóricos, todas consagram
regras mínimas em termos de
independência. Na prática o
funcionamento dos diversos
sistemas não é todo igual.
Alguns muito diferentes, como
na Alemanha?
A Alemanha tem uma tradição
muito governamentalizada. Nem
o Ministério Público é autónomo,
nem há um órgão independente
de gestão da magistratura
judicial. Não gostamos de falar
em autogoverno porque parece
que defendemos que só os
magistrados se devem governar
a si mesmos. Não defendemos
isso, mas um governo próprio,
específi co da magistratura. Com
pessoas vindas da sociedade
política, da sociedade civil,
que ajudem a governar a
magistratura de uma forma
distinta do poder executivo, do
poder parlamentar e dos poderes
fácticos. De maneira que não haja
interferências e que exercam
um controlo efectivo sobre as
magistraturas.
Mas a realidade é bem
diferente...
O que nos parece realmente
estranho é que enquanto se
criaram critérios para aferir a
independência do poder judicial,
que comportam a existência de
conselhos, em países que querem
aderir à UE, há países fundadores
da União que não seguem esses
mesmos critérios.
Por exemplo, a Alemanha.
Embora se garanta a
independência constitucional
dos juízes, toda a gestão da
sua carreira é feita através dos
governo dos estados federados
e e do estado federal. Não há
mecanismos que garantam a
independência. O Ministério
Público também depende
directamente do ministro. Não é
um orgão autónomo como é em
Portugal, em Itália, na Espanha,
na Bélgica...O Conselho da
Europa tem vindo a acompanhar
a questão da independência do
poder judicial com resoluções
em que aponta claramente para
a necessidade de uma autonomia
do Ministério Público. E
relativamente à gestão dos juízes
para a criação de um conselho
superior e para a própria
composição desse conselho.
A Alemanha já foi visada numa
dessas resoluções.
Foi. E a França está com
um problema gravíssimo. O
Ministério Público francês é
entendido como autoridade
judiciária, com poderes
processuais penais, sem que o
Tribunal Europeu dos Direitos
do Homem lhe reconheça essa
qualidade, porque ele depende
directamente do ministro da
Justiça. E isso levou o tribunal
europeu a anular decisões. Ora
é a altura da Europa refl ectir
muito claramente sobre a criação
de standards mínimos, que
se traduzam em mecanismos
mínimos que garantam essa
independência.
Qual é o objectivo da iniciativa
de 23 de Maio?
A ideia surgiu de um conjunto
de situações mais graves que
a simples detecção destas
incongruências. De situações
concretas muito complicadas
como são os casos da Hungria, da
Roménia e da Sérvia.
As crises vireram pôr mais em
evidência estes problemas.
Sim, o problema que hoje existe
em todo o mundo e na Europa
em particular é o desfalecimento
das leis democráticas aprovadas
pelos parlamento ou dos
próprios tratados internacionais
em favor do poder fáctico dos
grandes grupos económicos. A
situação portuguesa é exemplo
disso. Temos uma Constituição,
temos leis, e há quem queira
interpretar a nossa Constituição à
luz da realidade troikista. O que o
a troika diz terá para muita gente
muito mais valor do que a própria
Constituição. Isto cria situações
de pressão muito grande sobre
os órgãos jurisdicionais que
António Cluny O magistrado fala do seu envolvimento com um movimento de magistrados europeus, o MEDEL, e defende que a justiça portuguesa aguenta melhor a comparação com outros países da União Europeia do que se possa pensar
“Há quem queira interpretar a nossa Constituição à luz da troika”
“Na prática, o funcionamento dos diversos sistemas não é todo igual [Na Europa, em termos de independência]”
EntrevistaMariana Oliveira TextoDaniel Rocha Fotografia
PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | PORTUGAL | 15
têm que julgar situações cada
vez mais complexas. Tudo isto
se traduz num conjunto de
problemas jurídicos, de direitos
fundamentais, que é necessário
salvaguardar sob pena de
cairmos na selva. Há aqui todo
um retrocesso civilizacional
que se traduz em confl itos que a
Justiça tem que regular o melhor
possível. E só pode fazê-lo se
puder actuar com independência.
Os magistrados estão
preparados para estes
desafi os?
Do ponto de vista técnico, os
magistrados e os estudantes de
Direito estão hoje muito mais
bem preparados do que no meu
tempo. A questão pode colocar-se
do ponto de vista do tempo que
tiveram ou não tiveram para se
prepararem enquanto cidadãos.
Em termos de vivência social. O
ensino universitário e depois no
Centro de Estudos Judiciários é
de tal maneira absorvente que
há o risco de muitos magistrados
verem os problemas só através
de uma folha de papel A4 ou de
um ecrã de um computador. Por
vezes em nome da celeridade, da
efi cácia e da efi ciência a redução
desse tempo que é necessário ao
contacto com o cidadão e com o
a realidade envolvente.
Há uns anos exigia-se uma
idade mínima para entrar
na magistratura. Faz sentido
repor a regra?
Isso permitiu que muitos
dos melhores candidatos à
magistratura acabassem por
encontrar colocações, onde se
ganha muito melhor. Hoje nos
grandes escritórios de advogados,
embora só para uma minoria,
é fácil encontrar remunerações
muito mais apetecíveis.
Mas a magistratura ainda
oferece a estabilidade e
“[Em Portugal] não sabemos fazer uma gestão correcta dos serviços”
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Linguagem de magistrados
“Grande parte da ineficiência do sistema resulta de gramáticas próprias”
Os profissionais estão preparados para a revolução do mapa judiciário?
Por exemplo, o Ministério Público, em conjunto com as autarquias onde fecham tribunais, podia continuar a oferecer apoio jurídico às populações. Mantendo um dia ou dois de atendimento ao público. Os magistrados deslocavam-se, por exemplo, a uma sala da autarquia para receber o cidadão. E davam uma dinâmica nova a este atendimento. Esse serviço é pouco conhecido do grande público?Na província as pessoas acorriam com grande regularidade ao atendimento. Há assuntos que se resolvem ali ou se encaminham
para a entidade competente. Esse atendimento tem a grande virtualidade de impedir que se acumulem coisas em tribunal. E é fundamental a ligação entre magistrado e cidadão. Isso leva-nos ao problema de preparação dos magistrados... Quando nasceu o Centro de Estudos Judiciários tinha a função imediata de criar o maior número de magistrados num mínimo de tempo. E conseguiu-o. O problema está em saber se entretanto evoluiu. Defendo o reforço de um tronco comum entre as carreiras judiciais. Um dos problemas da separação das carreiras é que a formação em laboratório afasta as pessoas. Criam-se culturas próprias e desenvolvem-se gramáticas e linguagens
que não se reconhecem umas nas outras. Grande parte da ineficiência do sistema resulta do desenvolvimento destas gramáticas.Isso transporta-nos para discursos como o do bastonário dos Advogados...Não quero falar do senhor bastonário. De facto, tem uma técnica muito própria que posso retratar com um poema do António Aleixo: “Para a mentira ser fecunda e atingir profundidade, deve trazer à mistura qualquer coisa de verdade”. Não quero dizer que minta. Mas pega num episódio que muitas vezes é verdadeiro e a partir daí generaliza uma situação que já não o é. Acaba por denegrir de tal maneira o sistema judiciário que denigre a própria
no início salário-base
relativamente alto.
É verdade, mas também
é verdade que as grandes
sociedades de advogados
conseguem oferecer melhores
condições remuneratórias
que o Estado. E perspectivas
de progressão na carreira.
As magistraturas estão
absolutamente bloqueadas.
O contacto com diferentes
problemas da Justiça na
Europa dá-lhe uma outra
forma de olhar para a
realidade portuguesa?
Apesar de todos os defeitos
apontados, temos um
sistema de conselho superior
relativamente equilibrado quer
na sua composição, quer nos
poderes que têm quer na forma
como actuam do ponto de
vista disciplinar e na avaliação
dos magistrados. Ainda não
vi lá fora nenhum sistema que
seja tão isento na notação dos
magistrados. Nesse aspecto tem
sido muitas vezes estudado e
até copiado. Mas não basta ter
conselhos superiores. Há países
onde foram instituídos conselhos
superiores, mas em que a
própria dinâmica interior desses
conselhos ou a própria realidade
social desses países acabou por
produzir orgãos oligárquicos
que passaram a reproduzir a
gestão de grupos de interesses,
alguns internos. Por isso a nossa
preocupação não passa apenas
pela independência face aos
poderes externos. Em Espanha
continua a haver um problema
grave com o conselho superior
do poder judicial, que é muito
partidarizada.
Vê Portugal melhor ou
pior depois de ter tido essa
experiência da MEDEL?
Do ponto de vista da capacidade
de intervenção dos conselhos
estamos muito acima da maioria
dos países. E temos a felicidade
de os próprios magistrados
acreditarem, no geral, no
sistema que os rege. Não
desconfi am dele.
O que temos de pior em
comparação com essa
realidade?
Não sabemos fazer uma gestão
correcta dos serviços. Mas para
termos essa cultura por um
lado temos de ter confi ança no
sistema. Temos de melhorar
as regras, organizar melhor as
procuradorias, especializá-las.
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16 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013
FERNANDO VELUDO/NFACTOS
Novo patriarca de Lisboa garante que não deixará de lançar alertas por ter chegado ao topo da hierarquia
O recém-nomeado patriarca de Lis-
boa, D. Manuel Clemente, afi rmou
ontem que há um “desfasamento en-
tre a capacidade de resistir da popu-
lação” e as propostas apresentadas
pelos governantes, que devem ter
um papel mais “solidário” e “peda-
gógico” junto da sociedade.
O ainda bispo do Porto, que pre-
sidiu à eucaristia do Domingo de
Pentecostes na Sé do Porto, diz que
deixa a diocese com a “consciência
do que a crise representa na vida
das pessoas e de que vale a pena
resistir à crise”. No fi nal da mis-
sa, Manuel Clemente passou pelos
claustros da sé, onde foi aplaudido
pelas dezenas de seminaristas que
participaram na celebração e por
alguns grupos de jovens que visi-
tavam a catedral. Antes de sair da
igreja deu uma conferência de im-
prensa no auditório da diocese, sem
fugir a qualquer pergunta. Entrou
descontraído e bem-disposto e, no
fi nal, deixou um “voltem sempre”.
Um dia depois de ter sido anuncia-
do ofi cialmente que irá suceder a
D. José Policarpo no Patriarcado de
Lisboa, garantiu estar sereno: “Com
o tempo vamos ganhando calma”,
respondeu quando lhe perguntaram
como se sentia.
Na diocese do Porto desde 2007,
D. Manuel Clemente admite que é
com “muita pena” que deixa a re-
gião. “Tenho muita pena de aban-
donar a diocese do Porto, compos-
ta por gente muito participativa e
muito directa”. Dos seis anos aqui
passados diz que leva consigo “his-
tórias de resistência” de uma zona
que continua a ser muito afectada
pela crise, nomeadamente pelo de-
semprego. “É notável o esforço de
alguns empresários para não fecha-
rem as portas. Têm consciência de
que se fechassem não estavam a pôr
em causa só as suas famílias, mas
muitas outras”, conta, sublinhan-
do que encontrou pessoas que lhe
mostraram “como resistir criativa-
mente à crise”. D. Manuel Clemente
considera que existe “uma disponi-
bilidade grande por parte de muita
gente [para encontrar soluções] que
não é sufi cientemente respondida
Propostas dos governantes estão desfasadas da capacidade de resistência da população, diz bispo
pelos decisores nacionais e interna-
cionais”. Por isso pede aos gover-
nantes para assumirem um papel
mais “solidário” e “pedagógico”.
Coordenadora de um grupo de jo-
vens católicos no Instituto de Ciên-
cias Biomédicas Abel Salazar, Maria
Lopes Cardoso foi das que aplaudiu
ontem o futuro patriarca de Lisboa.
Mesmo assim reconheceu que a es-
colha lhe deixa um travo amargo.
“Vai fazer muita falta ao Porto. É
uma pessoa encantadora, que chega
muito às pessoas e é muito próximo
dos jovens”, resume a estudante.
Questionado sobre se será uma
voz incómoda para o poder quando,
a partir do dia 7 de Julho, assumir a
direcção do Patriarcado de Lisboa,
garante que não deixará de alertar
para os problemas dos portugueses.
A proximidade do poder vai fazer
com que a sua voz seja mais ouvi-
da? “Não sei, isso é uma profecia.
Mas não deixarei de fazer alertas”,
respondeu. Mesmo assim, insistiu
em que gosta de analisar os assun-
tos com a profundidade que estes
merecem, sem se fi xar em slogans.
“Não esperem de mim afi rmações
muito genéricas, abstractas, quer de
louvor quer de crítica”, resumiu.
Sobre um dos assuntos que mais
tem suscitado críticas à Igreja Católi-
ca, os abusos sexuais de sacerdotes
sobre menores, D. Manuel Clemente
mostrou-se cauteloso. O bispo recu-
sou pronunciar-se sobre casos em
concreto. “São casos que, assim que
aparecem — e felizmente não apa-
recem em catadupa, e esperemos
que não apareçam mesmo —, têm
que ser verifi cados e analisados quer
dentro da Igreja quer na ordem civil.
IgrejaMariana Oliveira
D. Manuel Clemente pediu ontem aos governantes para assumirem um papel mais solidário e pedagógico junto da sociedade
E nós, como cidadãos e como pes-
soas da Igreja, temos de respeitar o
que está previsto e andar com esses
casos para a frente”, afi rmou.
O prelado defendeu que, até por
respeito para com as vítimas, o as-
sunto merece uma “intervenção da
Igreja mediaticamente distante”,
devendo ser “acompanhado caso a
caso”. D. Manuel Clemente sublinha
que esta é uma realidade humana
que envolve pessoas: as vítimas, mas
também os agressores, que nalguns
casos começaram como agredidos.
“São casos sensíveis que, por vezes,
levam uma vida inteira a resolver”,
observou. “Facilmente se fazem
juízos e isso pode danifi car muito
o futuro da vida, mesmo quando a
pessoa se recupera. Temos de ter
muito cuidado”.
Até ao fi nal de Junho, D. Manuel
Clemente fi cará pelo Porto, pelo me-
nos fi sicamente. “Não garanto que
a cabeça esteja só aqui”, afi rmou,
confessando que quando assumiu o
cargo de bispo do Porto houve uma
“grande interrupção no acompa-
nhamento das coisas em Lisboa”,
circunscrição religiosa de que já foi
bispo auxiliar. Recordou, contudo,
que até aos 58 anos viveu na capi-
tal, conhecendo bem a cidade e a
região do Oeste, já que nasceu em
Torres Vedras.
Novo patriarca de Lisboa não se furtou a falar sobre abusos sexuais de padres sobre menores: “Se aparecerem têm de ser analisados quer no seio da Igreja quer na ordem civil. Temos que respeitar o que está previsto e andar com esses casos para a frente”
Há igrejas portuguesas roubadas em
plena luz do dia por falsos turistas
com mochilas e templos rurais ar-
rombados pela calada da noite. São
espoliados de sinos, caixas de esmo-
las, custódias, santinhos, cálices, cru-
cifi xos e às vezes até da água benta.
Os objectos mais furtados dos
templos religiosos são imagens de
santas, sinos, alfaias religiosas em
prata e ouro — como os cálices —,
pinturas amovíveis, crucifi xos, co-
roas de santos e terços, relata o co-
ordenador na Polícia Judiciária do
combate à criminalidade contra bens
culturais e obras de arte, João Olivei-
ra. Os azulejos são outros objectos
de cobiça dos amigos do alheio.
A crise económica fez aumentar o
roubo de arte sacra nas igrejas por-
tuguesas para venda no estrangeiro
a preços de saldo, explica o investi-
gador. Neste contexto de crise, co-
leccionadores, antiquários e outros
conhecedores de arte sacra sabem
das difi culdades dos portugueses e
percebem que podem fazer “aquisi-
ções de peças de valor cultural por
um valor pecuniário muito mais
baixo do que em tempos ditos nor-
mais”. O encerramento das igrejas
meses a fi o e a diminuição de fi éis
potenciam os roubos.
A nível nacional, há registos na Ju-
diciária de 85 furtos entre o princípio
do ano passado e o fi m do primeiro
trimestre de 2013. Trinta destes rou-
bos registaram-se na área de jurisdi-
ção da directoria da Polícia Judiciária
de Lisboa e Vale do Tejo, que é aquela
que, a nível nacional, mais ocorrên-
cias deste género regista. No entanto,
se se contabilizar apenas o primeiro
trimestre deste ano é a directoria do
Norte da Judiciária que lidera, ainda
que por pouco, o número de furtos
de arte sacra: houve 30 roubos em
locais de culto entre Janeiro e Mar-
ço. A GNR já registou, este ano, 33
assaltos a igrejas só no distrito de Bra-
gança, quase o triplo das ocorrências
verifi cadas no período homólogo de
2012. Os roubos de arte sacra fora dos
templos religiosos também não são
despiciendos, avisa João Oliveira: par-
ticulares, museus, coleccionadores e
antiquários são igualmente vítimas
do fenómeno. Lusa
Templos órfãos de sinos e até de água benta
Roubos
Falsos turistas usam mochilas para levar tudo o que apanham à mão de semear. Encerramento de igrejas potencia furtos
PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | PORTUGAL | 17
António José Seguro, disse ontem,
em Leiria, que “o Governo nem se-
quer é competente para aproveitar
as propostas do PS” para “dinami-
zar a economia e ajudar a criar em-
prego”. O secretário-geral do PS fa-
lava na sessão de encerramento do
fórum municipal da concelhia do
partido, onde se comprometeu a
“revisitar a organização adminis-
trativa do território”.
Num distrito conhecido pela sua
dinâmica empresarial, António José
Seguro enumerou “quatro propos-
tas concretas” que “não dependem
dos parceiros europeus, não depen-
dem da troika e só dependem da
vontade política do Governo de
Portugal”. “O problema é que nós
não temos governo, temos um go-
verno completamente desorienta-
do que nem sequer é competente
para aproveitar estas propostas do
partido socialista”, frisou.
Adiantando que os socialistas
não tencionavam cobrar “direitos
de autor” das suas ideiais e realçan-
do que estava a falar de medidas
que “são boas para o país, são boas
para as empresas, são boas para o
emprego”.
Propostas que passam por trans-
formar as dívidas das empresas ao
Estado em capital social das mes-
mas, a atribuição de benefícios
fi scais aos sócios que reforcem as
suas participações nas sociedades,
e às empresas que aplicam os seus
lucros no reinvestimento, bem co-
mo, a criação de uma conta corren-
te entre as empresas e o Estado. Até
porque “não faz sentido o Estado
fi nanciar-se à custa das empresas”,
disse.
Na opinião do líder nacional do
PS, “cada vez que uma empresa vai
à falência” a receita do Estado “di-
Seguro acusa Passos de não aproveitar propostas do PS
minui”, originando “um aumento
do défi ce”. Ainda segundo António
José Seguro, é essencial “dar um
pouco mais de rendimento às pes-
soas” para que “tenham dinheiro
para consumir”. Contudo, “o Go-
verno não tem sensibilidade social
nenhuma”, realçou.
Seguro frisou que estas eram al-
gumas das medidas que o Gover-
no deveria adoptar, “sem gastar di-
nheiro” de forma a promover uma
agenda de crescimento económico
e a defesa dos postos de trabalho.
“Só neste últimos dois anos deste
Governo, Portugal perdeu 458 mil
postos de trabalho”, destacou o so-
cialista, reiterando a constatação
de que “a cada dia que passa o país
está a fi car mais pobre, com menos
empresas, menos economia e me-
nos empregos”.
No início da sua intervenção, o
secretário-geral do PS deixou uma
“promessa e um compromisso”.
“Quando for primeiro-ministro
quero revisitar essa organização ad-
ministrativa do território” e “fazer
as modifi cações e alterações com
o único objectivo de servir as po-
pulações”, reafi rmou. O socialista
defendeu “não ter sentido nenhum
negar às pessoas a única ligação
que têm com o Estado”.
O apoio de Jorge CoelhoUm dia antes, em Mangualde, Jorge
Coelho compareceu na iniciativa
socialista para dar o seu aval ao
recém-eleito secretário-geral do PS.
O ex-ministro de António Gu-
terres mostrou-se convicto de que
António José Seguro está pronto
para ser primeiro-ministro de Por-
tugal. O histórico do PS apelou a
que Seguro lidere um movimento
de mudança para que rapidamente
inverta o cenário da “destruição”
para onde caminha o país.
“Tens capacidade para ser pri-
meiro-ministro e ganhar”, susten-
tou durante a apresentação do
candidato à Câmara de Mangual-
de (Viseu).
“O país não pode continuar a ser
governado como está. Não pode
continuar a ver todos os dias a vida
dos portugueses a piorar. Portugal
tem condições se soubermos mudar
de política, se soubermos mudar de
protagonistas”, sublinhou.
Em vésperas de um Conselho
de Estado e no dia em que Seguro
afi rmou que o Governo “nem pa-
ra cair é competente”, Jorge Coe-
lho deixou a responsabilidade ao
secretário-geral do PS de liderar o
“movimento de mudança”.
Partidos Orlando Cardoso e Sandra Rodrigues
Líder socialista quer “dar mais dinheiro às pessoas” para que estas possam consumir e assim relançar a economia
Socialista disse que o seu partido não cobra direitos de autor das propostas que apresentou para a economia
Breves
Saúde
350 milhões de pessoas sofrem de depressãoAs doenças mentais e neurológicas afectam cerca de 700 milhões de pessoas no mundo, a maioria das quais não está a tratar-se. A Organização Mundial de Saúde diz que este tipo de patologias já constituem um terço das doenças não transmissíveis e 13% do total de todas as doenças do mundo. Segundo as estimativas, cerca de 350 milhões de pessoas sofrem de depressão e 90 milhões de desordens relacionadas com dependência de substâncias.
Uma aparente tentativa de assalto
em Tarrytown, nos EUA, acabou da
pior forma para Andrea Rebello: a
jovem portuguesa de 21 anos foi
atingida na cabeça por uma bala
disparada pela polícia, que tentava
travar um homem que lhe invadiu
a casa.
Dalton Smith foi o homem que en-
trou em casa de Andrea na madru-
gada de sexta-feira, perto das 2h20,
vestido de preto e com uma máscara
de esqui. A jovem vivia com a irmã
gémea, Jessica, que estava em casa
Estudante portuguesa morta pela polícia nos EUA alvo de homenagem
com o namorado e uma amiga. O
invasor aproveitou a porta aberta
deixada por um deles para ir buscar
as chaves do carro. Quando os agen-
tes chegaram ao local, a maior parte
das pessoas que se encontravam na
residência já tinha conseguido esca-
par. Andrea, não: a jovem tinha sido
feita refém. Smith tinha Andrea cola-
da ao corpo, usando-a como escudo
humano, e apontava-lhe uma arma
à cabeça. O detective John Azzata
contou, numa conferência de im-
prensa, que quando se sentiu cerca-
do, depois de tentar escapar pelas
traseiras, Smith virou a arma para
um dos agentes. O polícia disparou
oito tiros. Sete atingiram o suspeito.
O outro atingiu Andrea na cabeça. A
jovem ainda foi socorrida com vida,
mas acabou por morrer no hospital.
Andrea frequentava um mestrado
de Relações Públicas na Universida-
de de Hofstra, que lhe prestou ho-
menagem neste fi m-de-semana.
CrimeHugo Torres
Assaltante fez da jovem refém. Quando os agentes balearam o homem acabaram por atingir Andrea Rebello, de 21 anos
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18 | LOCAL | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013
NUNO ALEXANDRE MENDES
“Assumo que o IHRU é dos piores senhorios que o país tem”
O presidente do Instituto da Habita-
ção e da Reabilitação Urbana (IHRU),
Vítor Reis, afi rma que o instituto que
dirige é “dos piores senhorios que o
país tem”. E a todos os níveis. “Aban-
donou os bairros, não os fi scalizou,
não actualizou as rendas, não fez
obra e não desempenhou aquela que
é a sua obrigação principal em ter-
mos sociais, tendo centenas de fogos
vagos em todo o país”, assume.
A admissão surge na mesma sema-
na em que a Câmara do Porto apro-
vou, por unanimidade, uma moção
da CDU apelando ao investimento do
IHRU na requalifi cação dos seus bair-
ros e a um período de ajustamento
das novas rendas “mais distendido”.
Vítor Reis assume que o IHRU é
“um péssimo senhorio”, mas não
aceita a moção aprovada pelo exe-
cutivo municipal liderado por Rui
Rio — que tem mantido um aceso di-
ferendo com o instituto por causa da
Sociedade de Reabilitação Urbana
— e diz que ela assenta num “equí-
voco”. Porque há bairros do IHRU na
cidade que já estão a sofrer uma “re-
abilitação integral” (Contumil e Leo-
nardo Coimbra) e porque o Bairro de
S. Tomé, referido na moção, não per-
tence, integralmente, ao instituto.
“Temos oito bairros na cidade, mas
só cinco é que são completamente
nossos. Nos outros três há fracções
vendidas aos moradores, o que quer
dizer que nós somos condóminos,
como os restantes proprietários, e
um destes bairros é o de S. Tomé,
onde somos donos de 51% das casas.
No bairro de Pereiró já só temos 31%
das casas e no Viso 64%”, diz.
O responsável do IHRU argumen-
ta, por isso, que a obrigação de fazer
um plano de obras nestes três bair-
ros é “do condomínio”, assumindo
o IHRU a parte da despesa que lhe
couber: “As partes comuns não são
nossas, mas temos vindo a substituir
os condomínios quando há proble-
mas graves, como infi ltrações ou re-
parações de elevadores.”
Quanto à dilatação do prazo para
a aplicação da renda apoiada, Vítor
Reis garante que não o fará, apesar
da forte contestação que o aumento
de rendas tem tido, em bairros como
o Nossa Senhora da Conceição, em
Guimarães (com subidas de 6000%),
ou o dos Lóios, em Lisboa. O res-
ponsável do IHRU considera que os
três anos de ajustamento, aplicados
nos casos em que o aumento é supe-
rior ao dobro da renda actual, são
sufi cientes. Admite que precisa do
dinheiro e que as rendas próximas
dos 400 euros podem ser uma forma
de pressão para levar alguns mora-
dores a sair.
“Em Guimarães as rendas não
eram actualizadas há 34 anos, nos
Lóios, em Lisboa, há 25 e em alguns
bairros do Porto há mais de 30 anos.
À custa disto, e dos 15% de inquili-
nos que, simplesmente, não pagam
rendas, temos um enorme défi ce de
receitas. Elas não cobrem os custos.
Em Guimarães, onde a renda máxi-
ma rondará os 349 euros, dizem
que há ao lado um bairro de luxo
com rendas mais baixas. Pois bem,
mudem-se, porque a seguir vamos
atribuir as casas vagas a pessoas que
realmente precisam”, argumenta o
presidente do IHRU.
Vítor Reis garante que “os anos de
abandono” do parque habitacional
do IHRU, que abrange 12 mil fogos,
levaram a que, por exemplo, “30 a
40%” dos actuais arrendatários não
sejam aqueles com quem foi, efecti-
vamente, feito contrato. Mas garante
que não pretende despejar os actuais
inquilinos, avançando antes para um
período de “regularização” destes
casos. Para reverter o cenário actual
precisa, garante, de “quatro anos”.
Primeiro, para fazer o levanta-
mento da real situação dos bairros
— quem são os inquilinos, quais os
seus rendimentos e as necessidades
de reparação das casas —, o que de-
verá fi car concluído até ao fi nal do
primeiro semestre do próximo ano.
Depois, para avançar com as reabi-
litações exigidas pelos moradores.
Só daqui a quatro anos, e graças ao
aumento das rendas, é que Vítor Reis
acredita que conseguirá “libertar” os
cinco milhões de euros anuais de que
precisa — para pagar um empréstimo
contraído junto do Banco Europeu
de Investimento e para fazer as gran-
des e pequenas reabilitações de que
os bairros precisam.
Vítor Reis não se despede sem es-
quecer Rui Rio: “Em Gaia, onde tam-
bém temos obra, não nos cobraram
taxas para a colocação de andaimes.
A Câmara do Porto é a única do país
que nos cobra taxas e ainda aprova
moções contra nós.”
“Caves” do Bairro de Contumil onde viviam 21 famílias serão transformadas em 14 habitações a sério
Presidente do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana diz que parque habitacional do Estado estava ao abandono e não recua nos prazos de aplicação das novas rendas, contestadas em vários municípios
Habitação socialPatrícia Carvalho
A mesa tem uma toalha, as camas possuem colchões e cobertores. Há um fogão na cozinha e um sofá na sala.
Mas tudo, literalmente tudo, está coberto por uma alta camada de excrementos de pombo. E por pombos, vivos ou mortos. O IHRU ainda não sabe há quanto tempo o 3.º esquerdo do bloco 50 do Bairro de Santiago, em Aveiro, está abandonado, porque a renda mensal, de cinco euros, estava em dia, mas as queixas dos vizinhos já datam de Setembro de 2008. “Isto é o expoente do que o IHRU não pode ser. É chocante”, refere Vítor Reis. As imagens foram
recolhidas pelo próprio IHRU (e cedidas ao PÚBLICO), no dia em que, “cometendo uma ilegalidade”, os técnicos do instituto arrombaram a porta do apartamento e entraram, finalmente, na casa. O contrato de arrendamento foi cancelado em Março, mas o IHRU ainda anda à procura dos inquilinos que, tendo abandonado a casa, continuaram a pagar, por transferência bancária, a renda. “Como presidente do IHRU só posso ter vergonha disto. Isto é uma casa de habitação do Estado. O que mais irei encontrar?”, acrescenta. Um outro caso que, para Vítor Reis,
é o símbolo do que tem de mudar no instituto aconteceu em Barcelos. “Pedi que me trouxessem a lista dos maiores devedores e apareceu-me uma casa com 200 meses de renda em dívida. Ou seja, dez anos em que ninguém fez nada. Eu pedi para accionarem o contacto e qual não é a nossa surpresa quando descobrimos que nos estávamos a preparar para despejar um morto. O inquilino tinha morrido e a casa estava abandonada. Este abandono tem precisamente a ver com o péssimo senhorio que nós somos. E isto tem de mudar”, diz o presidente do IHRU.
Casa em Aveiro, abandonada aos pombos, tinha a renda em dia
PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | LOCAL | 19
Breve
Torres Vedras
Torres Vedras produz mais de metade da energia que consome O concelho de Torres Vedras, onde vivem 80 mil pessoas, produz mais de metade da electricidade que consome e pode tornar-se auto-sustentável em 2015, devido à existência de fontes de energia renováveis. Dados da Direcção-Geral de Energia e Geologia, disponibilizados à Lusa pela câmara municipal, revelam que as várias fontes renováveis no concelho já contribuem com a produção de 250 gigawatts (GW) para as necessidades anuais de consumo, que são de 336 GW.
Os municípios algarvios foram obri-
gados, por lei, a alienar a participa-
ção que detinham na agência de de-
senvolvimento regional Globalgarve,
cuja actividade principal é a prestação
de serviços informáticos às câmaras.
A empresa, de capitais maiorita-
riamente públicos, possui uma rede
de fi bra óptica com mais de 200 qui-
lómetros, subaproveitada, e corre o
risco de passar à história como mais
um investimento falhado, no valor de
dez milhões de euros. Os novos cor-
pos sociais eleitos na semana passa-
Globalgarve – agência de desenvolvimento regional do Algarve está à beira da falência
Manuel Alpalhão foi agora reeleito
presidente da administração da em-
presa, em representação do accionis-
ta BES. Mas avisa que só toma posse
com o compromisso dos municípios,
“por escrito, de que pagam tudo o
que devem [252 mil euros] até fi nal
do ano, e metade ainda em Maio”.
Lei dita saída às câmarasNo último ano e meio, a Globalgar-
ve foi liderada por Macário Correia,
presidente da Câmara de Faro, que
não conseguiu evitar que a empresa
fi casse à beira da falência. Na última
assembleia geral, o autarca evocou o
novo regime jurídico da actividade
empresarial local e das participações
em empresas mistas para justifi car a
alienação do capital social das autar-
quias. Segundo a Lei n.º 50/2012, o
facto de a Globalgarve acumular pre-
juízos há três anos consecutivos inibe
os municípios de a integrarem. “Im-
porta salvaguardar e rentabilizar o in-
da só tomarão posse “se houver um
compromisso formal, e por escrito”
das câmaras de que pagam o que de-
vem e continuam como clientes.
Do conjunto de mais de 50 agên-
cias de desenvolvimento regional e
local que existiam em Portugal, resta
cerca de uma dezena com sustenta-
bilidade fi nanceira. O caso da Global-
garve refl ecte o que se passa noutras
regiões. A empresa tem uma dívida
de 800 mil euros, sendo que 90%
da facturação (400 mil euros/ano)
depende das câmaras. A quebra das
receitas autárquicas levou os muni-
cípios a falharem nos pagamentos à
empresa de que são accionistas.
Por isso, no Verão de 2011, recorda
o então administrador Manuel Alpa-
lhão, “em situação de desespero”, foi
tomada uma atitude drástica: “um
apagão”. Durante algumas horas fo-
ram desligados os sites dos municí-
pios. Foi o bastante para se recupera-
rem 130 mil euros em três dias.
AutarquiasIdálio Revez
Administração eleita só toma posse com compromisso “escrito” dos municípios accionistas de que pagam o que devem
vestimento público”, disse Macário,
advertindo que tal só será possível
“se as câmaras se comprometerem a
pagar em Maio, com as verbas do IMI,
pelo menos metade dos valores da di-
vida, e o restante até fi nal do ano”.
Já os accionistas privados subli-
nham que empresa só terá futuro se
as câmaras se mantiverem clientes,
por mais três anos. Assim, Manuel
Alpalhão, que liderou a Globalgarve
entre 2006 e 2012, aceita regressar.
Macário está confi ante: “As coisas
vão no bom caminho, muitas das
câmaras já estão a pagar”.
Uma das propostas para rentabili-
zar a rede de fi bra óptica, instalada
nas 16 câmaras da região, passa por
um projecto de facturação electróni-
ca para os municípios. O projecto ar-
rancou, com apoios comunitários de
500 mil euros, mas parou por falta
de fi nanciamento. E a empresa con-
tratada para o desenvolver reclama
o pagamento de 104 mil euros.
20 | ECONOMIA | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013
AdP retirada da lista dos swaps tóxicos pouco antes do anúncio do Governo
O grupo de empresas classifi cadas
como “explosivas” pela Agência de
Gestão da Tesouraria e da Dívida
Pública (IGCP), por terem subscrito
swaps que não serviam apenas pa-
ra fi xar a taxa de juro e que acumu-
lavam elevadas perdas potenciais,
sofreu uma alteração repentina nos
dias que antecederam o primeiro
anúncio público do Governo sobre
as negociações com os bancos que
comercializaram estes produtos.
A Águas de Portugal (AdP), empre-
sa onde o organismo presidido por
João Moreira Rato tinha detectado
um contrato problemático vendido
pelo BNP Paribas, desapareceu subi-
tamente da lista, dando lugar à CP.
Esta mudança ocorreu num curto
espaço de tempo. Três dias antes da
conferência de imprensa do executivo,
a 26 de Abril, a empresa ainda consta-
va nas listagens validadas pelo IGCP
como tendo celebrado um swap que
gerou preocupações. O instrumento
em causa tinha sido vendido pelo BNP
Paribas e não passou na avaliação que
o organismo fez aos contratos activos
em 15 empresas públicas.
O produto, que acumula uma per-
da potencial de cerca de 30 milhões
de euros (o que corresponde a pra-
ticamente 50% do risco de prejuízo
da totalidade dos swaps subscritos
pela AdP, no valor de 59,7 milhões),
falhou na análise ao day1 pv (rácio
que mede o custo imediato destes
instrumentos logo no primeiro dia de
existência). Este foi um dos critérios
tidos em conta na matriz da audito-
ria do IGCP, que incluiu ainda na sua
análise outros dois factores para de-
terminar a toxicidade dos contratos:
complexidade e alavancagem.
O facto de o produto comercializa-
do pelo BNP Paribas não ter passado
na avaliação fez com que a equipa
de Moreira Rato inscrevesse a AdP
na lista de empresas com contratos
problemáticos. Um grupo que abran-
gia ainda a Metro de Lisboa, a Metro
do Porto, a Carris, a SCTP e a Egrep,
gestora das reservas nacionais de
produtos petrolíferos, como o PÚ-
BLICO noticiou a 24 de Abril.
Foi essa notícia que desencadeou
uma troca de informações entre a ad-
ministração da AdP, presidida por
Afonso Lobato de Faria, e as suas
tutelas: a sectorial (o Ministério da
Agricultura, Mar, Ambiente e Orde-
namento do Território) e a fi nanceira
(o Ministério das Finanças). Esclare-
cimentos prestados pela equipa de
gestão sobre o swap comercializado
pelo BNP Paribas fi zeram com que o
produto acabasse por deixar de es-
tar englobado na lista de produtos
problemáticos, como viria depois a
confi rmar-se no dia do anúncio do
Governo.
No fi nal da conferência de impren-
sa de 26 de Abril, protagonizada pelo
presidente do IGCP e pela secretária
de Estado do Tesouro (Maria Luís Al-
buquerque), foi entregue um docu-
mento aos jornalistas, onde já não
constava a referência à empresa na
lista de entidades com swaps especu-
lativos. Em vez da AdP, que passou a
constar no grupo de empresas com
“um padrão aceitável de utilização
de derivados”, como se lia na nota
distribuída no fi nal do anúncio, sur-
giu o nome da CP.
A troca também se deveu ao facto
de ter sido analisado em maior de-
talhe um swap subscrito pela trans-
portadora ferroviária e que tinha si-
do igualmente comercializado pelo
BNP Paribas. No caso deste produto,
o IGCP terá detectado no decorrer da
auditoria níveis de complexidade e
de toxicidade elevados, mas não o
sufi ciente para o classifi car como es-
peculativo, numa primeira fase.
Apesar da insistência, os envol-
vidos neste processo têm preferido
manter-se em silêncio sobre o caso
da AdP. Questionados pelo PÚBLICO
sobre as razões que levaram à inclu-
são e posterior exclusão da AdP, a
empresa e o Ministério da Agricultu-
ra remeteram esclarecimentos para
o Ministério das Finanças. Já a tutela
de Vítor Gaspar não respondeu até
ao fecho desta edição. Também não
há, por enquanto, mais nenhuma
conferência de imprensa agendada
pelo Governo para abordar o caso
dos contratos swap. Mas esta questão
poderá vir a ser levantada na comis- A 23 de Abril, antes da conferência de imprensa, a AdP estava na lista do IGCP, liderado por Moreira Rato
MIGUEL MANSO
Auditoria do IGCP tinha detectado contrato problemático vendido pelo BNP Paribas, mas o nome da Águas de Portugal acabou por desaparecer dias antes da divulgação pública da lista das empresas
Empresas públicasRaquel Almeida Correia
PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | ECONOMIA | 21
são de inquérito parlamentar que já
foi aprovada no Parlamento, mas que
não tem ainda data para arrancar.
Espera-se que seja feito um novo
balanço público das negociações com
os oito bancos estrangeiros que ven-
deram produtos especulativos. No
primeiro anúncio de 26 de Abril, o
executivo informou que tinha chega-
do a acordo com três instituições fi -
nanceiras (Barclays, Nomura e Credit
Suisse) para a liquidação de 14 swaps
considerados tóxicos, o que permitiu
uma redução das perdas potenciais
com estes produtos em 400 milhões
de euros, de um bolo total de 2600
milhões.
Também nessa altura, o Gover-
no anunciou que iria avançar com
acções judiciais contra o Santander
e o JP Morgan, os bancos responsá-
veis pela comercialização de instru-
mentos com maior risco de prejuízo
(1700 milhões). Porém, e apesar de
as duas instituições terem decidido
processar já as empresas para faze-
rem valer os seus direitos, foram já
reatadas as negociações com o banco
norte-americano.
Nos últimos dias, têm sido dados
avanços importantes nas conversa-
ções com as restantes três institui-
ções fi nanceiras: Deutsche Bank,
BNP Paribas e Goldman Sachs. Numa
audição no Parlamento na semana
passada, o presidente do IGCP afi r-
mou aos deputados que os 14 contra-
tos tóxicos denunciados subiram já
para 23. Outros 13 swaps tradicionais
também foram liquidados. João Mo-
reira Rato disse ainda que o encerra-
mento destas transacções permitiu
cortar as perdas potenciais em 718
milhões de euros (513 milhões com
descontos no risco de prejuízo e 205
milhões relativos a juros).
O presidente do Bundesbank, Jens
Weidmann, tem sido crítico do BCE,
e ontem voltou ao ataque, susten-
tando que a política monetária se-
guida é contraproducente quando
se pretende resolver o problema
da dívida pública que afecta mui-
tos dos Estados-membros. “Temo
que o bom comportamento dos
mercados fi nanceiros, com desta-
que para a baixa do nível dos juros
da dívida pública [faça com que] se
combata as causas da crise com me-
nos pressão”, afi rmou o responsável
do banco central alemão em entre-
vista publicada ontem no Bild am
Sonntag, citado pelo El País.
O certo é que, desde o momen-
to em o presidente do BCE, Mario
Draghi, assumiu que tudo faria para
preservar a moeda única, incluindo
um programa de compra ilimitada
de dívida soberana no mercado se-
cundário (e ao qual Portugal pre-
tende aderir), os juros cobrados
pelos investidores nas transacções
de dívida têm vindo a descer, o que
facilita o fi nanciamento do Estado
(e das empresas).
De acordo com uma análise do
BPI emitida na sexta-feira, o mer-
cado de dívida dos países periféri-
cos “tem vindo a mostrar-se menos
turbulento e mais procurado pelos
investidores, numa lógica de ren-
tabilidade e de diversifi cação de
activos”.
No caso das obrigações do te-
souro a 10 anos, a taxa implícita da
Grécia situa-se nos 8,15% (contra os
28,1% de há um ano), valor que no
caso português desce para 5,2% (era
11,1%). Já Espanha e Irlanda estão
nos 4,21% e 3,43%, respectivamente
(contra 6,2%, e 7,3%). E, se isso não
agrada a Weidmann, por receios no
ritmo de aplicação de medidas, o
mesmo se passa com o corte da taxa
directora decidida pelo BCE, que
desceu de 0,75% para 0,5%.
Na lista de críticas, sobrou ainda
espaço para visar a França: o país
tem uma responsabilidade acres-
cida pelo seu peso na Europa, pelo
que, diz Weidmann, tem de “levar
a sério” a redução do défi ce para
menos de 3% do PIB.
Bundesbank ataca política seguida pelo BCE
Crise do euro Luís Villalobos
Jens Weidmann diz que a descida das taxas de juro da dívida pública afasta pressão para resolver as causas da crise
Breves
União Europeia
Inquérito
Reino Unido
Eurodeputados debatem evasão e fraude fiscal
Cipriotas querem permanência na moeda única
Mervyn King aconselha sucessor a mudar de estilo
Os eurodeputados vão debater esta terça-feira com o presidente da Comissão, José Manuel Barroso, os assuntos na agenda da cimeira europeia de 22 de Maio, como a luta contra a evasão e fraude fiscais e a melhoria da cobrança de impostos. Um relatório que vai ser votado no mesmo dia diz que se deve reduzir para metade o diferencial de tributação até 2020. Na UE, a fuga aos impostos ascende a um bilião de euros por ano.
A maioria dos cipriotas defende a permanência do país na zona euro e o acordo alcançado pelo Governo com a troika, apesar dos ajustes de austeridade a que estão sujeitos. Segundo um inquérito levado a cabo pela LS Prime Market Research & Consulting, difundido pela imprensa local, 69,2% são defensores da permanência no euro e só dois em cada dez (20,1%) consideram melhor que Chipre se desvincule.
O governador do Banco de Inglaterra afirmou ontem que a maior ameaça à recuperação da economia britânica é a manutenção do estado de fraqueza da zona euro. Mervyn King, que sairá do cargo no final de Junho, alertou ainda o seu sucessor, o canadiano Mark Carney, a não trazer consigo o hábito de revelar durante quanto tempo é que as taxas de juros irão permanecer baixas.
Após a divulgação dos dados
referentes ao desempenho das
economias da zona euro no
segundo trimestre de 2013, na
semana que hoje se inicia serão
conhecidos os indicadores de
actividade (índices PMI) e índice
IFO de sentimento empresarial na
Alemanha para o mês de Maio.
Na passada semana, de acordo
com os dados divulgados, durante
o primeiro trimestre, registou-
se uma contracção trimestral
de 0,2% do PIB (versus previsão
de -0,1%); evidenciou-se uma
desaceleração da recessão
económica no início deste ano
para o conjunto dos Dezassete,
com a França a entrar em
recessão técnica (-0,2% no
trimestre); Itália (-0,5%) e Portugal
(-0,3%) mantiveram-se em
recessão (-0,3%). Já a Alemanha
evoluiu em terreno positivo, ainda
que a um ritmo muito débil (0,1%).
Não obstante estes últimos registos
ao longo do primeiro trimestre, os
indicadores que serão conhecidos
esta semana poderão apontar para
uma estabilização da actividade
e de melhoria do sentimento
dos agentes económicos, não
sendo ainda claro se a zona
euro, ao longo deste segundo
trimestre, conseguirá regressar
a terreno positivo. Assim, os
indicadores PMI que antecipam
o desempenho da actividade
industrial e do sector dos serviços
na zona euro, bem como o índice
compósito para o conjunto da
actividade, a serem divulgados na
quinta-feira, deverão apresentar
uma ligeira melhoria no mês de
Maio, embora abaixo do patamar
dos 50 pontos (contracção da
actividade). Já para a Alemanha,
para além de, na sexta-feira, ser
conhecida a decomposição das
várias rubricas da despesa do PIB
referente ao primeiro trimestre,
as melhores perspectivas para a
economia alemã deverão, ainda
que marginalmente, refl ectir-
se na melhoria do sentimento
económico e empresarial, com
os índices PMI e IFO, relativos
também a Maio, a serem
conhecidos na quinta e sexta-
feira, respectivamente. França
deverá acompanhar a tendência
e registar também uma ligeira
melhoria dos seus índices de
actividade.
Nos Estados Unidos, no início
do 2º trimestre, os indicadores
divulgados têm sugerido uma
desaceleração da actividade.
Na passada semana, ao nível
da actividade industrial, foram
conhecidos os registos para a
produção industrial de Abril
(recuo mensal de 0,5%) e o
sentimento dos empresários
de Nova Iorque e de Filadélfi a
durante o mês de Maio que, em
ambas as regiões, apontaram para
uma deterioração do sentimento
económico. No entanto, em
sentido contrário, importa
salientar as melhores perspectivas
para a evolução do consumo
das famílias, como demonstra
o crescimento mensal de 0,1%
das vendas a retalho em Abril
e a subida do índice que mede
a confi ança dos consumidores
apurado pela Universidade de
Michigan.
Na próxima semana, para
perceber a evolução da economia
norte-americana já ao longo do
segundo trimestre deste ano,
serão importantes os anúncios
de dados referentes à evolução
do mercado imobiliário durante
Abril. Assim, fi caremos a
conhecer a evolução das vendas
de habitações existentes (quarta-
feira), bem como das vendas de
novas habitações (quinta-feira). É
também importante referir que
serão divulgadas as encomendas
de bens duradouros (sexta-feira),
um bom indicador avançado do
investimento nesta economia.
Indicadores de sentimento económico e empresarial na mira dos investidores
Pré-abertura João Pereira Miguel
ES Research BES
Os indicadores poderão apontar para uma estabilização da actividade e de melhoria do sentimento dos agentes económicos, não sendo ainda claro se a zona euro, ao longo deste segundo trimestre, regressará a terreno positivo
30O produto inicialmente identificado como tóxico na Águas de Portugal acumulava uma perda potencial de cerca de 30 milhões de euros
718é o valor, em milhões de euros (513 milhões com descontos no risco de prejuízo e 205 milhões relativos a juros), que o Governo afirma já ter cortado em perdas potenciais com swaps
22 | ECONOMIA | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013
Aos 37 anos Ranjit de Sousa é
vice-presidente executivo para
Europa e Médio Oriente da Lee
Hecht Harrison-DBM (LHH-DBM),
uma multinacional de recursos
humanos que é líder global em
serviços de outplacement, os
programas de apoio à busca de
emprego ou transição de carreira
pagos pelas empresas e destinados
aos seus trabalhadores. Desde que
estalou a crise e o desemprego
cresceu na Europa, um serviço que
até há pouco tempo era destinado
apenas a gestores de topo passou
a abranger todos os trabalhadores.
Obrigatório em Espanha, França
ou Bélgica, o outplacement já
não é uma moda apenas para
multinacionais.
O que é que mudou no negócio
do outplacement desde a crise
mundial?
Houve grandes mudanças. As
empresas estão pressionadas
pelos custos e, sobretudo,
as multinacionais procuram
consolidar-se. Há mais operações
entre geografi as e regiões. Se
olharmos para a nossa base de
clientes, cresceu muito mais a
nível global nos últimos anos e a
relevância de dar serviços além-
fronteiras também subiu de forma
signifi cativa. Além disso, as taxas
de desemprego cresceram para
níveis nunca antes vistos desde
1970 em alguns países e isso criou
desafi os ao nosso trabalho de
ajudar as pessoas a encontrar um
novo emprego. Dependendo da
educação, idade, localização, a
taxa de desemprego varia. E olhar
para as capacidades que temos e
que podem ser “transferidas” para
outras funções é essencial para
aumentar as probabilidades de
encontrar trabalho.
Quem é que consegue encontrar
emprego mais facilmente?
Uma pessoa com uma carreira
feita na área da engenharia
com 35 ou 38 anos, que vive
numa área metropolitana,
independentemente do país, tem
mais probabilidades de encontrar
um emprego do que alguém com
48 anos, que é trabalhador fabril,
trabalhou toda a vida na mesma
empresa e mora numa zona rural.
O aumento de desemprego
benefi ciou o vosso negócio?
Têm mais clientes?
O aumento da taxa de desemprego
signifi ca mais despedimentos
e, por isso, mais procura de
serviços de transição de carreira.
Por um lado, as empresas estão
a alargar estes programas a mais
trabalhadores. Historicamente
era um serviço dado a directores e
gestores de topo. Agora é acessível
a todos os trabalhadores em casos
de reestruturação. Para nós, esta
realidade teve impacto na medida
em que temos de saber onde é que
estão os empregos. É mais difícil
encontrar trabalho. Mas a verdade
é que apenas um pequeno número
de empresas oferece outplacement
em países onde esta actividade
não está regulamentada, como
Portugal ou Holanda. E apenas
uma minoria de trabalhadores
têm este serviço. Isso dá-lhes
uma vantagem. Sabemos que,
em média, as pessoas que fazem
um programa de outplacement
encontram emprego 50% mais
depressa do que quem não tem
apoio.
O tipo de empresas que recorre
a este serviço também mudou?
Tornou-se numa ferramenta mais
comum de recursos humanos.
Em Portugal, há uma década
eram apenas multinacionais
norte-americanas que ofereciam
o serviço aos seus trabalhadores.
Hoje já há grandes empresas
nacionais com essa oferta.
Também já não é algo exclusivo de
grandes empresas. As pequenas e
médias também recorrem.
Como é que se encontra
trabalho em países como
Portugal, Espanha e Grécia com
taxas de desemprego recorde?
Há uma coisa que é universal e
independente do país: entre 75%
a 90% das pessoas encontram
trabalho através da sua rede
de contactos. Os consultores
desempenham aqui um papel
essencial porque têm a sua própria
rede de contactos com a qual
podem apoiar os candidatos.
Por outro lado, quem está nos
programas de outplacement
também pode oferecer a sua
rede de contactos aos outros
candidatos. Os consultores têm
ainda ligação a recrutadores e a
directores de recursos humanos
que têm acesso directo aos
currículos dos nossos candidatos.
Acontece proporem empregos
que, muitas vezes, nem sequer são
divulgados. Por último, também
estamos muito atentos às ofertas
que há na Internet. Mas na maior
parte dos países os anúncios online
de emprego só representam entre
5 a 15% dos empregos disponíveis.
A crise não veio alterar essa
tendência? A rede de contactos
continua a ser a melhor forma
de encontrar emprego?
Sim. A forma como fazemos
networking mudou. A tecnologia é
uma das grandes tendências, a par
da globalização, da pressão sobre
os custos e o aumento da taxa
de desemprego de que falava há
pouco. Hoje não basta ter apenas
um currículo em papel, é preciso
ter um perfi l online e o CV tem de
estar alinhado com esse perfi l. O
Linkedin é uma rede importante
para estabelecer contactos. Há
uma série de novos instrumentos.
Encontrar emprego hoje
implica estar disposto a sair do
país de origem?
Se formos mais fl exíveis, temos
mais oportunidades. Se me
perguntar como maximizar a
probabilidade de encontrar um
novo emprego, diria que há vários
factores. É preciso ter capacidades
Ranjit de Sousa O responsável pelo negócio europeu da Lee Hecht Harrison DMB, especialista em outplacement, diz que os anúncios de emprego na Internet são apenas 5 a 15% do total
Com ou sem crise, maioria encontra trabalho através da rede de contactos
Entrevista Ana Rute Silva TextoBruno Castanheira fotografia
PUBLICIDADE
PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | ECONOMIA | 23
que se possam transferir [para
outras funções] e identifi cá-las.
É provável que um comercial de
uma empresa farmacêutica não
consiga arranjar emprego na
mesma área e com o mesmo cargo.
Tem de ser capaz de trabalhar
noutra função e indústria. Além
disso, terá de ter fl exibilidade para
trabalhar noutro país. Mas não é
só uma questão de querer, é uma
questão de poder. Pode ter fi lhos
na escola ou a família pode não
conseguir deslocar-se e, por isso, é
complicado afi rmar que é preciso
estar disposto a sair do país para
ter trabalho.
Em que áreas há mais ofertas de
emprego?
verdes. Também há oportunidades
na indústria. Os fabricantes de
automóveis ainda estão a recrutar.
E quem não tem qualifi cações?
Consegue emprego no comércio
ou em call centers?
Vindo de uma carreira na indústria,
talvez. Quanto aos call centers, se
olharmos para a realidade europeia
vemos que não estão a crescer.
Na Irlanda, onde há muitos, estão
a diminuir e a deslocalizar para
o Norte de África ou Filipinas.
Contudo, a questão fundamental
é que o número de empregos na
indústria na Europa está a descer.
Irá aumentar? Muitas empresas
norte-americanas deixaram de
produzir na China para regressarem
aos EUA e a primeira reacção foi
pensar que haveria novos postos
de trabalho. Mas a verdade é que
estas fábricas são supermodernas e
altamente automatizadas, logo, não
está a haver a criação de emprego
que se esperava.
Quem regressa ao mercado de
trabalho tem de estar disposto a
receber um salário mais baixo?
Sem dúvida. Pego no exemplo da
Irlanda que está agora a recuperar
depois de, à semelhança de
Portugal, ter adoptado medidas
de austeridade. As pessoas
tiveram de aceitar salários mais
baixos e empregos em posições
abaixo da que desempenhavam
até aqui. Num exemplo extremo,
um director de uma instituição
fi nanceira passou a motorista de
táxi. Houve pessoas que tiveram
de fazer duros cortes e assumo
que algo semelhante esteja a
acontecer em países como Portugal
e Espanha. Falava há pouco da
fl exibilidade e ser fl exível também
implica aceitar receber menos.
A percentagem de pessoas
que está a criar a sua própria
empresa como alternativa ao
desemprego está a aumentar?
Numa situação mais difícil, há
pessoas que estão dispostas
a correr o risco e a fazer algo
completamente diferente,
independentemente do percurso
de carreira. Temos o caso de um
cliente que tinha uma fábrica
de alumínios que encerrou e
muitos dos trabalhadores criaram
empresas na área do comércio
e serviços. Em alguns sectores
isso sucede, independentemente
da situação económica. Nos
serviços fi nanceiros, são muito
poucas as pessoas que se tornam
empreendedoras. Já na indústria
farmacêutica é o oposto. Há muitos
exemplos de clientes em que 20
a 25% dos trabalhadores querem
avançar com a sua empresa.
Está a dizer que essa tendência
tem mais a ver com o sector
onde a pessoa trabalhou do
que com o país onde vive ou
questões culturais?
Sim, penso que tem muito a ver
com isso. Em França há mais
aversão ao risco, no Reino Unido
não. Mas penso que apesar das
diferenças culturais, a indústria
onde se trabalha tem maior
infl uência na decisão. As empresas
têm de apoiar estes programas de
criação de empresas pelos seus
trabalhadores. Podem fazê-lo
através de fi nanciamento, dando
infra-estruturas ou ajudando-os
a contactar com investidores ou
capital de risco.
Em termos globais, qual é a
percentagem de pessoas que
criam empresas depois de
serem despedidas?
Não sei o número certo, mas a
percentagem é bastante baixa e
rondará entre os 5 e os 10%. No
máximo haverá pessoas do sector
das telecomunicações e tecnologias
onde a percentagem é de 15 a 20%,
tal como das farmacêuticas.
Quantas pessoas na Europa
fi zeram outplacement em 2012?
Mais de 100 mil. A nível global
apoiamos todos os anos 300 mil
pessoas.
Uma vez mais, depende do país.
Há algumas grandes tendências e
algumas estão relacionadas com
o contexto económico. As ofertas
de emprego na banca reduziram.
Não só pela crise, mas também
pelo facto de os bancos estarem
a automatizar processos e isso
signifi ca que a longo prazo haverá
menos postos de trabalho neste
sector. As vendas das grandes
farmacêuticas estão a cair e, por
isso, a força comercial também.
Do lado oposto, há indústrias que
estão a crescer massivamente: tudo
o que tenha a ver com tecnologia
de saúde, cuidados de saúde
(serviços de apoio aos hospitais),
tecnologias verdes, empregos
Análise nacional do outplacement
Em 2012, 171 gestores de topo em Portugal concluíram o seu processo de outplacement na Lee
Hecht Harrison DBM, que nasceu da fusão entre a Lee Hecht Harrison e a DBM em 2011. É a maior empresa de serviços de transição de carreira no mundo, com 15% de quota de mercado, e pertence à Adecco, grupo de recursos humanos com mais de 31 mil trabalhadores em 60 países.
Em média, os executivos portugueses demoraram 6,9 meses a regressarem ao mercado de trabalho depois de terem sido dispensados. O tempo aumenta para quem tem mais de 40 anos (7,5 meses) e diminui para os gestores com menos de 40 (5,7 meses). Estes trabalhadores estavam há 13 anos na empresa, com uma remuneração base média de mais de 4400 euros por mês. Saíram essencialmente por motivos de “reorganização” (71%). A grande maioria era do sector farmacêutico e de saúde (30%), seguido do ramo alimentar, banca e seguros, telecomunicações ou grande consumo. A rede de contactos foi usada com sucesso para procurar emprego: 56% foram recolocados graças aos seus conhecimentos. Do total, 34% decidiram criar o seu negócio.
A fl exibilidade gera oportunidades, e “ser fl exível implica aceitar receber menos”
24 | MUNDO | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013
Apoiadas pelo Hezbollah, forças de Assad entram em bastião dos rebeldes
O Exército sírio, com o apoio do He-
zbollah libanês, entrou ontem em
Qusair, bastião rebelde que é vital
para garantir a ligação de Damasco
ao litoral, incluindo à base russa ins-
talada no porto de Tartus. A ofensiva
contra a cidade, próxima da fronteira
com o Líbano, acontece um dia de-
pois de o Presidente Bashar al-Assad
ter reafi rmado que não abandonará
o poder e faz aumentar o cepticismo
sobre a conferência de paz acordada
entre Rússia e os Estados Unidos.
Há semanas que as tropas sírias,
apoiadas por milícias leais a Assad
e pelos guerrilheiros do movimento
xiita libanês, cercam a cidade, e logo
às primeiras horas do dia surgiram
indícios de que o assalto fi nal estava
em marcha. “O Exército está a dispa-
rar com tanques e artilharia a partir
do Norte e do Leste, enquanto o Hez-
bollah ataca de sul e de oeste”, disse
à Reuters Hadi Abdullah, um activista
local, contando que, ao início da ma-
nhã, a aviação de Assad bombardeou
intensamente a cidade.
O director do Observatório Sírio
dos Direitos Humanos, organização
que recolhe informações a partir de
activistas e médicos no terreno, con-
fi rmou à AFP que “o assalto tinha co-
meçado” e havia “combates encarni-
çados entre os rebeldes e o Exército
nas entradas da cidade”. Rami Abdel
Rahman disse ter informações de que
o Hezbollah desempenha “um papel
central” na ofensiva, que, segundo
fontes no local, provocou pelo me-
nos 40 mortos, entre combatentes e
civis apanhados nas explosões.
Horas depois, a televisão estatal
noticiou que o Exército tinha sob
controlo a praça central e os edifí-
cios vizinhos, “incluindo a câmara
onde os soldados hastearam a ban-
deira síria”. A estação adiantou que
“70 terroristas” (o termo do regime
para os combatentes da oposição)
tinham sido mortos. Contactado pela
AP, Hadi Abdullah negou que o cen-
tro da cidade estivesse em poder do
Exército e disse que o edifício da câ-
mara foi destruído há meses.
Perder Qusair seria um duro golpe
para os rebeldes, que fi cariam priva-
dos do seu principal ponto de acesso
ao Líbano (fonte de abastecimento,
mas também porta de entrada para
centenas de sunitas que se juntaram
à oposição síria). “Se o Exército con-
quista a cidade, é toda a província de
Homs que caiu nas mãos do regime”,
avisou Abdel Rahman.
Para o regime, recuperar a cidade
perdida há mais de um ano signifi ca-
ria desimpedir o acesso de Damasco
ao porto mediterrânico de Tartus, e
garantir ligação directa entre o vale
de Bekaa, bastião do Hezbollah no
Norte do Líbano, e o “país alauita”, a
região costeira onde Assad nasceu e
a minoria religiosa no poder é maio-
ritária. Prémios tão apetecidos que
explicam a intensidade da ofensiva e
o envolvimento directo do Hezbollah
na frente de combate.
Um novo impulsoA confi rmar-se, a perda de Qusair
será o último revés para os rebeldes
face a forças governamentais que,
“animadas pelo apoio aparentemen-
te incondicional da Rússia, Irão e do
Hezbollah, tiveram nas últimas se-
manas um novo impulso”, escrevia
ontem o correspondente da BBC no
Líbano, Jim Muir.
Da Rússia chegaram nos últimos
dias novos mísseis e também a pro-
messa, noticiada pelo jornal Wall
Street Journal, de reforçar com 12 na-
vios o dispositivo de dissuasão naval
na base de Tartus. Mas igualmente
importante para Damasco tem sido
o pouco apetite manifestado pelos
países ocidentais num envolvimento
directo no confl ito. Ontem, o jornal
New York Times noticiou que, num
recente encontro com políticos li-
baneses, Assad disse acreditar que
os Estados Unidos aceitarão que ele
continue no poder, se concluírem
que é o único com condições para
vencer a guerra e derrotar os jihadis-
tas que ganham força entre os grupos
da oposição. As ofensivas em curso
na região de Homs, explicou, visam
precisamente chegar às negociações
de paz em posição de força.
O Presidente sírio repetiu a pose
de desafi o na entrevista dada neste
Tropas do regime de Assad em Qusair, uma porta vital para garantir a ligação de Damasco ao litoral
Apoio dos aliados dá novo impulso ao regime de Damasco. Presidente sírio diz acreditar que Washington aceitará que continue no poder, se demonstrar no terreno a sua superioridade
Guerra na SíriaAna Fonseca Pereira
Quem controla o petróleo são os guerrilheiros islamistas
Problemas da decisão da UE de levantar embargo a favor da oposição
São os grupos jihadistas que combatem na Síria que podem vir a beneficiar da decisão da União Europeia
de levantar o embargo contra o petróleo proveniente das regiões controladas pelos rebeldes. Se as tribos sunitas tinham assumido o controlo dos poços de petróleo de Deir Ezzor, na ausência do regime de Assad, agora quem manda são os guerrilheiros da Jabhat al-Nusra, associada ao ramo iraquiano da Al-Qaeda, o Estado Islâmico do Iraque. Aliás, os campos de petróleo sírios ficam nas três províncias mais próximas do Iraque — Hasakeh, Deir Ezzour e Raqqa. Nas zonas petrolíferas onde hoje há refinarias ao ar
livre (na foto), sob o controlo dos rebeldes da Frente Al-Nusra, produz-se petróleo de baixa qualidade, mas suficiente para os gastos quotidianos, que estes combatentes islâmicos vendem para obter dinheiro para financiar a luta. Mas em algumas áreas, a Nusra fez acordos com o regime de Assad para poder transferir o crude através das
frentes de combate e alcançar a costa do Mediterrâneo, diz o Guardian.
A oposição moderada não tem hipóteses de entrar nesta corrida. “Quem conseguir deitar a mão ao petróleo, à água, ou à agricultura agarra a Síria pela garganta. E neste momento, é a Frente Al-Nusra”, comentou ao Guardian Joshua Landis, um especialista na região da Universidade do Oklahoma (EUA). A decisão da UE de 22 de Abril sobre o petróleo — que ainda não entrou em vigor — “apressou as coisas”. Num remate irónico, afirma: “A conclusão lógica desta loucura é que a Europa está a financiar a Al-Qaeda.” Clara Barata
PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | MUNDO | 25
fi m-de-semana ao jornal argentino
Clarín, na qual não só admite a inten-
ção de se candidatar às presidenciais
de 2014, como diz estar convencido
que a conferência internacional não
trará a paz. “Não acredito realmen-
te que os países ocidentais queiram
uma solução para a Síria”, disse, acu-
sando-os de estarem mais interessa-
dos em “apoiar os terroristas”.
A oposição síria, que insiste no
afastamento de Assad como condi-
ção para negociar, ainda não decidiu
se aceita o convite para a conferên-
cia. Mas a Coligação Nacional Síria,
que encabeça a oposição, avisou on-
tem que a nova ofensiva e o silêncio
do Ocidente “arriscam retirar todo
o sentido a qualquer conferência e
a qualquer esforço de paz”.
De Israel veio, entretanto, um avi-
so. Apesar das críticas russas e dos
alertas dos EUA, o primeiro-ministro,
Benjamin Netanyahu, avisou que não
hesitará em agir para evitar que o He-
zbollah se apodere de armas sofi sti-
cadas, dando a entender que pode
ordenar novo ataque contra a Síria.
JOSEPH EID/AFP
Protestos contra a fraude eleitoral em Carachi
Imran Khan, a antiga estrela de crí-
quete paquistanesa, acusou o partido
que há décadas domina a política em
Carachi pelo assassínio de uma das
vice-presidentes do seu partido. Zo-
hra Hussein foi morta sábado à porta
de casa, na véspera de parte dos elei-
tores da principal metrópole do país
votarem de novo para as legislativas,
na sequência das fraudes detectadas
na votação da semana passada.
Hussein foi morta por três homens
armados que a atacaram quando saía
de casa, atingindo-a com dois tiros.
“Ela pensava que lhe queriam rou-
bar a mala e por isso entregou-a, mas
eles mataram-na”, contou à AFP um
dirigente local do Movimento para a
Justiça (PTI). A polícia está ainda a
investigar se se tratou de um assalto
ou se o propósito dos atacantes era
mesmo matar a dirigente política.
O ataque ocorreu numa zona re-
sidencial reservada, a mesma onde
morava a ex-primeira-ministra pa-
quistanesa Benazir Bhutto, assassi-
nada em 2007 após regressar ao país
para concorrer às eleições presiden-
ciais. Ninguém reivindicou o homi-
cídio e dos atacantes sabe-se apenas
que abandonaram o local de moto.
Khan, ainda na cama do hospital
por causa de fracturas sofridas numa
queda durante um comício, acusou
no Twitter o Movimento Muttahida
Quami (MQM) de ser “directamente
responsável pelo homicídio”. Re-
corda que o líder da formação, Altaf
Dirigente do partido de Khan assassinada em Carachi
Hussein, “ameaçou abertamente
os membros e dirigentes do PTI em
mensagens públicas”.
O MQM, um partido secular que
tem o seu principal apoio entre a
população que migrou do estado
indiano de Sindh para o Paquistão
no momento da partição da colónia
britânica da Índia e a independência
das duas nações, em 1947, domina
a política em Carachi desde a déca-
da de 1980, recorda a BBC. Os seus
adversários acusam-no de governar
pelo terror e de se manter no poder
através de fraudes eleitorais, acusa-
ções repetidas durante as legislativas
do fi m-de-semana passado.
O partido de Khan liderou os pro-
testos, que levaram a comissão elei-
toral a anular a votação em 43 das
250 mesas de voto na cidade, que on-
tem foram a votos. Altaf Hussein, que
vive desde 1991 exilado em Londres,
alegando que a sua vida corre perigo
no Paquistão, rejeitou as acusações.
Mas, num discurso transmitido pela
rádio no início da semana passada
terá ameaçado activistas e dirigentes
do PTI. A polícia londrina confi rmou
ter aberto um inquérito para apurar
se Altaf Hussein violou as condições
de asilo, mas Khan diz que o Governo
britânico deve também responder
por ter ignorado os seus alertas.
O MQM decidiu boicotar a repeti-
ção do escrutínio, abrindo caminho
a que o PTI consiga eleger deputados
por aquela que é a capital comercial
do Paquistão.
Qualquer que seja o desfecho, não
deverá alterar os resultados das le-
gislativas, ganhas pelo ex-primeiro-
ministro Nawaz Sharif. O Partido do
Povo, da dinastia Bhutto, após cinco
anos no Governo, corre ainda o risco
de ser remetido para o terceiro pos-
to, se o PTI conseguir arrecadar boa
parte dos votos em Carachi.
ZOHRA BENSEMRA/REUTERS
Paquistão
Ex-estrela do críquete acusa rival do crime, no dia em que se repetiu a votação em alguns locais da cidade, devido a fraude
Marcada pela experiência do Afega-
nistão, cujos veteranos semearam o
terror no reino após terem regressa-
do dos combates ao lado dos taliban,
a Arábia Saudita tenta estancar o fl u-
xo de jovens jihadistas que se juntam
à luta na Síria. Várias centenas, ou
mesmo alguns milhares de sauditas,
estarão a combater ao lado dos rebel-
des sírios na nova “terra da jihad”.
Nas redes sociais sucedem-se as
referências a sauditas transforma-
dos em “mártires”. Na quinta-feira,
o Observatório Sírio para os Direi-
tos Humanos avançou que o homem
que aparece num vídeo onde vários
apoiantes do regime de Bashar al-
Assad são executados é um saudita
que integra a Frente al-Nusra.
O fenómeno levou o rei Abdullah,
habitualmente parco em declarações,
a avisar sem se referir directamente
à Síria: “[Cuidado com] aqueles que
enganam os nossos fi lhos, alguns dos
quais foram mortos e outros presos.”
“Infelizmente há pessoas que enga-
nam os nossos jovens e devem ser
punidas com a pena de prisão ou
ainda mais”, disse o rei saudita.
O mufti — a mais alta autoridade
religiosa do reino — também falou no
mês passado contra a “jihad nos pa-
íses afectados (...), sobretudo numa
situação caótica, com uma prolifera-
ção de organizações armadas”. “Isto
não é a jihad, porque a jihad deve ter
o consentimento dos governantes”,
sublinhou.
Em Junho de 2012, o Grande Con-
selho dos Ulema, a mais alta autori-
dade religiosa do reino, emitiu uma
fatwa (decreto religioso) contra a
jihad na Síria sem a autorização das
autoridades. Mas os anteriores apelos
no mesmo sentido não dissuadiram
os sauditas de lutarem no Iraque em
2003. Um responsável iraquiano, que
pediu anonimato, diz que “centenas
de sauditas combateram no Iraque”
após a queda de Saddam Hussein.
“Hoje em dia, a questão repete-se
em relação à Síria: o poder e as au-
toridades religiosas desencorajam
os candidatos à jihad”, diz Stéphane
Lacroix, investigador do Instituto de
Estudos Políticos de Paris. Tudo por-
que o reino continua a pagar o preço
da partida de milhares de jovens para
o Afeganistão na década de 1980, in-
cluindo Osama Bin Laden.
Arábia Saudita tenta dissuadir jihadistas de irem para a Síria
“A partir de meados da década de
1980, o Governo da Arábia Saudita
apoiou a partida para o Afeganis-
tão de jovens sauditas que queriam
lutar contra os soviéticos”, lembra
Lacroix, especialista em islamismo
saudita. “Um certo número desses
‘afegãos árabes’ estiveram mais tarde
envolvidos em actos de violência na
Arábia Saudita, no seio da Al-Qaeda”,
que reivindicou vários ataques no rei-
no entre 2003 e 2006.
A mobilização para a jihad através
das redes sociais assenta na defesa
dos sunitas face ao regime de Bashar
al-Assad, que pertence à minoria
alauita, um ramo do xiismo.
Os responsáveis sauditas tentam
minimizar a amplitude do fenóme-
no. “Acho que o número de sauditas
que combatem na Síria não é subs-
tancial”, afi rmou o porta-voz do Mi-
nistério do Interior saudita, Mansour
al-Turki. Um outro responsável do
ministério, Said al-Bichi, garantiu
que os seus serviços tentam dissuadir
os candidatos à jihad na Síria. “Por
vezes, os pais entram em contacto
connosco para nos dizerem que os
fi lhos querem ir para a Síria e o nosso
conselho é que não os deixem ir”,
acrescentou o general.
As autoridades do país tentam
também controlar as doações à opo-
sição síria. “Na verdade, o poder não
consegue controlar as redes de fi nan-
ciamento privadas, e é através delas
que passa parte dos fundos que bene-
fi ciam os grupos salafi stas na Síria”,
frisa Stephane Lacroix.
Sauditas combatem na Síria
26 | MUNDO | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013
Construir a Estrela da Morte e mudar o gosto do tofu? A Casa Branca responde
ALEX WONG/AFP
O site das petições foi criado pela Administração Obama para promover a transparência
Há pouco tempo, num país não mui-
to distante, um Governo viu-se obri-
gado a explicar a um cidadão que
seria pouco razoável construir uma
Estrela da Morte, a estação espacial
que simboliza o poderio do Império
Galáctico na Guerra das Estrelas. Pa-
ra além dos custos fi nanceiros, que
rebentariam com o défi ce público,
“a Administração não concorda com
a destruição de planetas”, argumen-
tou Paul Shawcross, responsável pe-
lo orçamento da Casa Branca para a
ciência e exploração do espaço.
A resposta da Administração Oba-
ma foi publicada em Janeiro no si-
te We the People, uma plataforma
de petições que oferece “a todos os
americanos uma forma de envolver
o seu Governo nos temas que mais os
preocupam”, e que obriga a uma res-
posta ofi cial a partir de um número
de assinaturas pré-estabelecido. E o
que mais preocupava um cidadão da
cidade de Longmont, no estado do
Colorado, era a vulnerabilidade da
segurança nacional dos EUA e a lenta
criação de postos de trabalho. Por
isso, ele e outras 34.434 pessoas pe-
diram a Obama que se concentrasse
nos planos para a construção de uma
base espacial esférica de pelo menos
uns 160 quilómetros de diâmetro e
um superlaser capaz de reduzir a cin-
zas um planeta inteiro.
As regras eram claras: como a pe-
tição recebeu mais de 25.000 assi-
naturas em menos de um mês, tinha
direito a resposta por parte da Ad-
ministração. Coincidência ou não,
apenas quatro dias depois de Wa-
shington ter respondido à ironia com
ironia, o número de assinaturas para
que uma petição seja avaliada subiu
de 25.000 para 100.000. Quando o
site foi lançado, em Setembro de
2011, bastavam 5000 para que a Casa
Branca fosse obrigada a debruçar-se
sobre um assunto.
E há temas para todos os gostos.
Nas últimas semanas, o We the Peo-
ple tem sido invadido com petições
de cidadãos chineses, e algumas não
fi cam atrás da Estrela da Morte em
grandiosidade humorística. “Pe-
dimos que o Governo dos Estados
Unidos estabeleça que o sabor ofi cial
do tofu seja doce, com a adição de
açúcar granulado, açúcar não refi na-
já foi assinada por mais de 146.000
pessoas.
A mistura de petições sérias com
referências à Guerra das Estrelas e à
culinária leva os criadores do site a
questionarem a sua utilidade.
Em Janeiro, após a resposta da Ca-
sa Branca sobre a proposta de cons-
trução da Estrela da Morte, a revista
Mother Jones fazia eco da frustração
de um funcionário da Administração
que trabalhou no projecto: “Se me
tivessem dito há um ano e meio que
a Casa Branca iria dedicar tempo a
escrever sobre como o Lord Vader
poderia resolver os nossos proble-
mas económicos, eu ter-me-ia des-
feito em gargalhadas.” A sensação
na Casa Branca é que se criou um
monstro: “Por vezes, dou comigo a
pensar ‘Meu Deus, o que é que nós
fi zemos?’”
O Presidente Barack Obama ex-
plica as razões na página de entrada
do e outros adoçantes”. Esta petição
tinha ontem 2560 assinaturas, por
isso, para se fi car a saber a posição da
Casa Branca sobre o sabor do tofu, é
preciso o apoio de mais 97.440 até ao
próximo dia 6 de Junho. (Esta é uma
altura tão boa como outra qualquer
para lembrar o endereço do site: ht-
tp://petitions.whitehouse.gov).
Mas a atenção dos cidadãos chi-
neses foi chamada por uma petição
que nada tem de humorístico — o en-
venenamento da estudante universi-
tária Zhu Lin, em 1995, um caso que
fi cou por resolver e que continua a
ser discutido na China. A principal
suspeita, Sun Wei, colega de quar-
to de Zhu, chegou a ser interrogada
pela polícia, mas terá escapado para
os EUA com a ajuda da infl uência da
família. O autor da petição pretende
que as autoridades norte-america-
nas deportem Sun e já conquistou
o direito a uma resposta — a petição
do site: “A minha Administração está
decidida a criar um nível de abertu-
ra sem precedentes na governação.
Trabalharemos em conjunto para
garantir a confi ança pública e para
estabelecer um sistema de transpa-
rência, de participação pública e de
colaboração.”
Para John Wonderlich, da Sunlight
Foundation, que se dedica ao refor-
ço da transparência no governo dos
EUA, o resultado é positivo: “Acho
que é uma experiência com valor,
mesmo com as petições menos sé-
rias. Não está a mudar a forma como
poder funcona, mas não signifi ca que
não seja importante”, cita a Mother
Jones. “Está a criar muito entusias-
mo e atenção. Haverá muitas pessoas
que só ouviram falar do site por causa
da petição da Estrela da Morte. Se isso
faz com que elas fi quem a conhecer
melhor o funcionamento da Casa
Branca, isso é bom”, conclui.
O site de petições We the People foi criado para “estabelecer um sistema de transparência, de participação pública e de colaboração”. Um ano e meio depois, há quem se pergunte se valeu mesmo a pena
EUAAlexandre Martins
100mil assinaturas em 30 dias é o mínimo necessário para que uma petição seja avaliada e mereça uma reacção oficial por parte da Casa Branca
807assinaturas por hora chegam ao site We the People, segundo números de Janeiro de 2013. A petição mais participada recebeu 318.283 assinaturas
PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | 27
David Cameron “abriu uma caixa de
Pandora política e parece estar a per-
der o controlo do seu partido”, ao ter
tornado claro que “se opõe aos ter-
mos actuais de permanência do Reino
Unido na União Europeia”, escreveu
num artigo de opinião publicado on-
tem Geoff rey Howe, ex-ministro das
Finanças e ex-vice-primeiro-ministro
de Margaret Thatcher.
O discurso que Howe fez quando
se demitiu do Governo em 1990, por
causa das políticas de Thatcher em
relação à União Europeia, é consi-
derado como a faísca que desenca-
deou a cadeia de acontecimentos
que levou ao fi m do longo mandato
de Thatcher. As suas palavras no se-
manário Observer têm, por isso, uma
ressonância especial, num momento
em que o primeiro-ministro conser-
vador está, claramente, aprisiona-
do pela ala mais eurocéptica do seu
partido, que clama pela realização
de um referendo sobre a perma-
nência do país na União, enquanto
o partido de protesto UKIP (Partido
da Independência do Reino Unido),
que pede o mesmo, atinge 19% de
intenções de voto.
Do lado dos trabalhistas, Peter
Mandelson, ex-ministro e conselhei-
ro próximo de Tony Blair e Gordon
Brown, usou uma comparação tele-
visiva. “O partido do isolamento do
Reino Unido [o UKIP] e os conserva-
dores, que são os seus companheiros
de viagem, estão a criar uma espécie
de esquema de extorsão ao estilo dos
Sopranos dentro do Partido Conser-
vador”, afi rmou na BBC. “Estão a
dizer: ‘Façam o que nós queremos,
dêem-nos o que estamos a exigir, ou
deitamos fogo à vossa casa.’”
A crise entre os elementos mais à
direita do Partido Conservador e a
liderança do primeiro-ministro David
Cameron promete continuar — não
só por causa da Europa, mas agora
também por causa do casamento gay,
que hoje voltará ao Parlamento. Uma
petição de 34 dirigentes locais tories
foi ontem entregue em Downing Stre-
et, alertando contra a “crise do con-
servadorismo” e os “três temas que
estão a destruir o partido: a Europa, o
casamento entre pessoas do mesmo
sexo e o desprezo pelos militantes”.
Cameron acusado de ceder a chantagens
Reino Unido
Demissão de Geoffrey Howe acelerou queda de Thatcher. Agora ex-ministro avisa para risco de recuo face aos eurocépticos
Apoiantes do Ansar a-Sharia defendem a aplicação da lei islâmica
As ruas da cidade tunisina de Kai-
rouan foram palco de confrontos
entre apoiantes do movimento ra-
dical islâmico Ansar al-Sharia e a
polícia. O Governo tunisino, lidera-
do pelo partido islamista modera-
do Ennahda, proibiu a realização do
congresso anual do grupo salafi sta
naquela cidade do centro do país, o
que motivou os protestos de milha-
res de pessoas, que se espalharam
também ao distrito de Ettadamen,
na capital, Tunes.
O Ansar al-Sharia é o grupo mais
radical a surgir na Tunísia após a
queda do ditador Ben Ali, em 2011.
Tem ligações à rede terrorista Al Qa-
eda e exige a entrada em vigor da lei
islâmica no país.
Na sexta-feira, o ministro do In-
terior, Lotfi Ben Jeddou, anunciou
que o Governo tinha proibido a
realização do congresso anual do
movimento, que estava marcado
para ontem, em Kairouan. “Deci-
dimos proibir esta reunião porque
seria uma violação da lei e porque
representaria uma ameaça à ordem
pública”, disse o ministro, numa de-
claração citada pela Al-Jazira. O res-
ponsável garantiu que “todos os que
desafi arem a autoridade do Estado e
as suas instituições, e que incitarem
à violência e ao ódio, vão ter de assu-
mir toda a responsabilidade”.
Em Kairouan, os apoiantes do mo-
Confrontos na Tunísia entre salafistas e polícia
vimento salafi sta atiraram pedras
à polícia, que respondeu com gás
lacrimogéneo, segundo o relato da
agência Reuters. “A lei do tirano
deve cair”, gritavam os apoiantes
do movimento enquanto lançavam
pedras em direcção da polícia anti-
motim, ateavam fogo a automóveis
e substituíam a bandeira da Tuní-
sia por uma bandeira negra da rede
terrorista Al-Qaeda. A agência Reu-
ters avançou que a polícia deteve o
porta-voz do grupo radical islâmico,
Saifeddine Rais.
A organização norte-americana
SITE Intelligence Group, que moni-
toriza declarações de movimentos
jihadistas, anunciou ontem que a Al-
Qaeda no Magrebe Islâmico encora-
jou os islamistas radicais tunisinos a
continuarem “no bom caminho” e a
terem cuidado com “as provocações
do Governo”.
O líder do Ansar al-Sharia da Tu-
nísia, Saif Allah Bin Hussein — tam-
bém conhecido como Abu Iyadh
—, foi combatente da Al-Qaeda no
Afeganistão. Detido na Turquia em
2003, esteve preso na Tunísia até
2011, tendo sido libertado após a re-
volta que depôs o antigo ditador Ben
Ali. O seu paradeiro é desconhecido
e está a ser procurado pela polícia
por ter alegadamente comandado
o ataque contra a embaixada dos
Estados Unidos em Tunes, no dia
14 de Setembro do ano passado, no
auge dos protestos contra o fi lme
Inocência dos Muçulmanos. No ata-
que morreram quatro pessoas e 46
fi caram feridas.
O partido Ennahda, no poder, tem
afi rmado que o Ansar al-Sharia re-
presenta um perigo para a seguran-
ça do país, mas a oposição acusa-o
de fechar os olhos ao crescimento
dos grupos radicais na Tunísia.
ANIS MILI/REUTERS
IslamistasAlexandre Martins
Governo proibiu realização do congresso do grupo Ansar al-Sharia e os seus apoiantes responderam nas ruas com violência
extern
SÉRIE ESPECIALEXPORTAÇÕESAumentar as exportações ajuda a economia portuguesa a crescer. É mesmo assim? E como? Em que sectores? Estamos a mudar? Que obstáculos uma empresa enfrenta até conseguir chegar ao mercado externo? O que falta aos nossos exportadores? São algumas das perguntas para as quais o Público procura respostas, numa série especial.
COM O APOIO DO:
15 MAIO » 30 JUNHOJornal e site: publico.pt/exportacoes
PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | CIÊNCIA | 29
Planta carnívora aquática não precisa de “lixo” no seu ADN para nada
Uma equipa internacional sequenciou o mais pequeno genoma vegetal de sempre e chegou a uma inesperada conclusão sobre sequências que não codifi cam genes, presentes no ADN de muitas espécies vivas
ENRIQUE IBARRA-LACLETTE, CLAUDIA ANAHÍ PÉREZ-TORRES E PAULINA LOZANO-SOTOMAYOR
Em cima, uma das pequenas mas vorazes vesículas da Utricularia gibba; em baixo, uma das suas flores a sobressair da água
No ADN humano, os genes propria-
mente ditos — ou seja, as sequências
que codifi cam proteínas — represen-
tam uma ínfi ma fracção da totalidade
do genoma, de cerca de 2%. O res-
to, conhecido como “ADN-lixo” ou
junk-DNA (quase 98% do total!) não
codifi ca nada. E há muito que os es-
pecialistas se perguntam para que
serve ao certo.
A ideia actualmente mais aceite é
que esse ADN não codifi cante — res-
mas de sequências genéticas duplica-
das ou invertidas que se encontram
inseridas entre os genes — são, apesar
de tudo, indispensáveis à construção
de organismos multicelulares com-
plexos. Mas resultados publicados
há dias na edição online da revista
Nature vêm agora contradizer esta
teoria.
As equipas de Luis Herrera-Es-
trella, do Laboratório Nacional de
Genómica para a Biodiversidade (Mé-
xico), e de Victor Albert, da Univer-
sidade de Buff alo (EUA), juntamente
com colegas de várias outras univer-
sidades de ambos esses países e ain-
da da China, Singapura, Espanha e
Alemanha, sequenciaram o ADN de
uma planta aquática carnívora cha-
mada Utricularia gibba e mostraram
que 97% do seu genoma é composto
por genes que codifi cam proteínas.
Ou seja, a proporção genes/lixo no
património genético desta planta é
precisamente o inverso da que se ve-
rifi ca em plantas como o milho ou o
tabaco, por exemplo.
“A grande história aqui é que
apenas 3% do material genético da
planta é ADN-lixo”, diz Albert em co-
municado da sua universidade. “De
alguma maneira, esta planta conse-
guiu expurgar a maior parte daquilo
que compõe o genoma das plantas.
Portanto, eis uma planta multicelu-
lar, em perfeito estado de funciona-
mento — com muitos tipos de células,
de órgãos, de tecidos diferentes, com
fl ores —, que não precisou de lixo ge-
nético para nada”.
A Utricularia gibba, que existe em
Portugal, é de facto uma planta com-
plexa. De aspecto frágil, de caule fi no
e alongado, dá umas bonitas fl ores
amarelas que parecem orquídeas e
que sobressaem inocentemente da
água. Mas na realidade, é uma vo-
acumulam lixo genético por isso lhes
conferir um qualquer benefício. O
que acontece, segundo eles, é que
há espécies com uma tendência para
acumular lixo e outras para apagá-lo
— e que o facto de o fazerem (ou não)
se deve em grande parte à pressão
que a selecção natural exerce e não
necessariamente a uma função cru-
cial desse ADN.
Seja como for, o certo é que a Utri-
cularia gibba não parece precisar de
ADN-lixo para nada. O seu genoma
é feito de uma cadeia de apenas 80
milhões de pares de bases (as ba-
ses são os “tijolos de construção”,
as letras A, C, G e T do alfabeto do
ADN), enquanto o de outras plantas
suas “primas” em termos evolutivos,
como a vinha ou o tomate, contêm
muitos mais: 490 e 780 milhões de
pares de bases, respectivamente. Já
agora, o nosso ADN é uma gigantesca
cadeia de três mil milhões de pares
de bases com muito ADN-lixo pelo
meio, mas o número total de genes
da Utricularia gibba — 28.500 — não
é muito diferente do número de ge-
nes humanos... Claramente, o enig-
ma em torno da eventual função do
ADN-lixo não acaba aqui.
E o que é ainda mais surpreen-
dente, dado o reduzido tamanho
do genoma da Utricularia gibba em
relação ao de outras plantas, dizem
os cientistas, é que esse genoma so-
freu três duplicações completas ao
longo da sua história (que começou
quando a linhagem da planta diver-
giu da do tomate). Por três vezes, os
descendentes da espécie herdaram
duas cópias completas do genoma
dos seus progenitores!
Daí que os autores concluam que
a Utricularia gibba tem eliminado ac-
tivamente o ADN supérfl uo ao longo
das gerações. “Esta história, surpre-
endentemente rica em duplicações,
aliada à pequenez actual do genoma
da Utricularia gibba”, diz Herrera-
Estrella, “é mais uma prova de que
a planta tem sido prolífi ca em apagar
o ADN não essencial, mantendo ao
mesmo tempo um conjunto funcio-
nal de genes semelhantes aos de ou-
tras espécies vegetais.”
GenéticaAna Gerschenfeld
uma pressão negativa no interior das
vesículas, faz com que elas se com-
portem como verdadeiros aspirado-
res, sugando, através da sua abertura
milimétrica — e em apenas um milis-
segundo —, os pequenos crustáceos
e as larvas de insectos que dela se
aproximam incautos. Os sucos con-
tidos nos utrículos encarregam-se de
digerir as presas em poucas horas.
Teoria posta em causa
Quanto à possível função do ADN-
lixo, uma série de artigos recentes no
âmbito do projecto ENCODE (Enci-
clopédia de Elementos de ADN) for-
necia um início de explicação, suge-
rindo que grande parte desse ADN
desempenha um papel na regulação
da actividade dos genes e na sua con-
versão para ARN, molécula seme-
lhante ao ADN que é utilizada pela
maquinaria celular para converter a
informação dos genes em proteínas
(ver Vem aí uma nova era da genética,
PÚBLICO de 06/09/2012).
Mas Herrera-Estrella e colegas ar-
gumentam que os organismos não
raz carnívora que desenvolveu um
sistema particularmente astuto para
arranjar sustento, apesar da escassez
de nutrientes presentes nas lagoas ou
pântanos onde vive.
Tudo graças a uma peculiar ar-
madilha anatómica, constituída por
uma série de pequenas vesículas
(ou utrículos, daí o seu nome), bem
agarradas às folhas e dissimuladas
debaixo da água. A planta, ao criar
30 | CULTURA | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013
Os Coen a dobrar em Cannes: como eles são e como eles eram
É um dos melhores fi lmes de Joel e
Ethan Coen em três décadas, só que
não é um fi lme dos irmãos Coen. É a
segunda longa-metragem de Jeremy
Saulnier, nome que há pouco tempo
foi avistado pelos que frequentaram
as sessões do IndieLisboa e viram I
Used to be Darker, de Matthew Por-
terfi eld. Saulnier tem sido o direc-
tor de fotografi a deste realizador de
Baltimore.
Jeremy Saulnier chega à Quinze-
na dos Realizadores, secção alter-
nativa do Festival de Cannes, com
Blue Ruin, segunda longa depois de
Murder Party (2007). E com uma
anunciada intenção de reformu-
lar o género “fi lme de vingança”.
A “garganta” de Jeremy explica-
se com a necessidade que teve de
propagandear as suas ambições em
plataformas de crowdfunding, onde
arranjou 37 mil dólares para ajudar
a fi nanciar Blue Ruin. Um fi lme que
evoca o início dos Coen, é verdade,
concretamente Blood Simple (1984),
e essa vontade de habitar a paranóia
com sentido de humor e de seguir
um fi lão negro americano.
Há uma componente de exercício
de estilo, de manipular as expectati-
vas — e violentar de forma infantil a
tolerância do espectador em relação
ao gore. Mas nesta história de um ho-
meless que recebe a notícia de que o
assassino dos pais vai sair da prisão
e começa a engendrar a vingança
não há só esperteza saloia. Sendo,
é certo, uma forma ambígua de falar
do acesso dos americanos às armas
(“Pessoalmente, adoro atirar. Mas é
preciso rendermo-nos à evidência:
os americanos não sabem utilizar
correctamente nem as armas nem
seus revólveres. Mais vale que lhos
tirem, isso é verdade”, disse o reali-
zador), é sobretudo uma meditação
melancólica e triste sobre a obsessão
e a perda.
Decisiva é a personagem principal
e a forma como o anúncio da liber-
tação do assassino dos pais funciona
como uma espécie de fl ashback de si
próprio: o sem-abrigo sai das ruas e
regressa aos locais e pessoas do seu
passado, fi cando o espectador a vis-
lumbrar o que teria sido essa vida
anterior. O que é surpreendente na
personagem é que a fi gura que nos
surge, depois de apagados os adere-
Blue Ruin, de Jeremy Saulnier, conta a história de um homeless que fi ca a saber que o assassino dos pais vai sair da prisão e começa a planear a vingança. Um falso Coen, melhor que o dos originais — Inside Llewyn Davis
Festival de cinemaVasco Câmara, em Cannes
DR
Macon Blair é o sem-abrigo que sai das ruas e regressa aos locais e pessoas do seu passado. Tudo por causa de uma vingança
ços, é alguém socialmente inepto,
refém da infância (os traços físicos
do actor Macon Blair, uma certa as-
sexualidade, ajudam). É essa fi gura
que vai vingar o resultado de uma
inimizade entre duas famílias e, li-
teralmente, acabar com ela.
Depois de tudo terminar, mas antes
do fi m do fi lme, Jeremy Saulnier faz-
nos regressar aos objectos atirados,
espetados e disparados durante a vin-
gança, resgatando Blue Ruin ao exer-
cício, suspendendo-o na gravidade.
Jogo de máscarasE por falar neles: no mesmo dia hou-
ve mesmo um fi lme dos irmãos Co-
en, Inside Llewyn Davis, a sua oitava
participação na competição de um
festival que deu a Palma de Ouro, em
1991, a Barton Fink. O projecto, a evo-
cação das dark ages da cena folk em
Greenwich Village no fi nal dos anos
1950, antes de Bob Dylan, antes dos
ícones, um mundo ainda dos que de-
sistiram, parece à partida estranho
aos Coen, mesmo se há muito eles
alternam a relevância com a excentri-
cidade inconsequente. Mas começa a
perceber-se que não é propriamente
um retrato, muito menos afectuoso,
de um mundo, e que é, como noutros
fi lmes da dupla, o retrato da obsessão
de uma personagem, Llewyn Davis
(interpretação já celebrada de Oscar
Isaac, actor de origem guatemalte-
ca), que é uma construção a partir
de uma fi gura real da era pré-Dylan,
Dave van Ronk.
Tudo o que gira à volta de Llewyn
Davis pode bem ser a distorção de
um obsessivo. O que faz com que
os Coen não resistam a usar Carey
Mulligan, Justin Timberlake ou John
Goodman, que interpretam perso-
nagens com quem Davis se cruza,
para um habitual e meticuloso jogo
de aparições e máscaras.
A coisa é bem feita, humor incluí-
do, o fi lme, provavelmente o melhor
dos cineastas desde Este País Não É
para Velhos, faz pausas para se ouvir
a música e até para se rir com a músi-
ca, o que parece mais pretendido pe-
los Coen — há momentos que na ses-
são de imprensa arrancaram palmas
aos espectadores. Mas fi ca-se com a
sensação de que o compromisso dos
cineastas é, não com uma história
ou com um grupo de personagens,
mas com a engenharia do argumen-
to, com o polimento das peças do seu
dispositivo, que até inclui um gato
chamado Ulisses.
No início do festival, na conferên-
cia de imprensa do júri, um jorna-
lista holandês perguntou a Steven
Spielberg se ele tinha ouvido falar
do seu compatriota Alex van War-
merdam, que tem Borgman em
competição. Era uma pergunta cí-
nica, porque quereria demonstrar
que os jurados ao não conhecerem
o trabalho dos concorrentes não se-
rão as pessoas mais indicadas para
julgarem. Spielberg, que não conhe-
ce o trabalho de Van Warmerdam,
respondeu bem: “Tornamo-nos
familiares com [o trabalho de um
realizador], se o fi lme nos levar a
ter consciência da existência desse
realizador.”
Seria caso para perguntar agora ao
jornalista o que é que Borgman traz
para tornar Spielberg consciente da
existência do seu realizador. Que põe
em marcha um assalto a uma famí-
lia da burguesia com ares de grande
senhor, cheio de si (é ele que diz que
o seu é um “fi lme forte”), quando,
afi nal, ao fi m de dez minutos se sa-
be o que vai acontecer e como tudo
vai acabar. Estará Alex van Warmer-
dam familiarizado com o cinema de
Michael Haneke, terá visto Teorema,
de Pasolini?
PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | CULTURA | 31
Maestro Peter RundelApesar de longo e de uma heteroge-
neidade que poderia não favorecer
a fruição de cada uma das obras, o
programa que o Remix Ensemble
apresentou no último concerto de-
nota algumas opções inteligentes.
Como encaixar uma peça tão
afastada dos clássicos do séc. XX (e
de um consagrado que continua a
criar no séc. XXI) como You Should
Be Blind to Watch TV (2013), do mui-
to jovem português Igor C. Silva
(1989)? A solução foi cumprir logo
no início do espectáculo a tarefa da
estreia dessa encomenda da Sonae.
E o Remix fê-lo com toda a energia
que se pode arrancar de um agrupa-
mento que já deu muitas provas de
extraordinária versatilidade.
Com efeitos imediatos, alguma
homorritmia, uma certa quadra-
tura e um carácter bastante ligeiro
(apesar da predominância de sons
pesadamente graves), You Should
Be Blind to Watch TV (2013), para
agrupamento e electrónica, suge-
re directamente um resultado de
maior honestidade, um largo passo
em frente na produção que a Casa
da Música (CdM) tem apresentado
do mesmo compositor. Se, por um
lado, esta ideia de evolução pode pa-
recer justifi car o investimento que a
CdM tem feito em compositores em
formação, também poderá levar-nos
a questionar se não haverá outras
soluções mais adequadas ao cresci-
mento dos jovens compositores que
não passem por fazê-los irreparavel-
mente “brincar em público aos pro-
fi ssionais”, num ingrato confronto
demasiado precoce com o grande
repertório.
Inequívoca e superlativa impôs-se
a Serenata nº 2, de Bruno Maderna
(1920-1973), cuja delicada poesia
o Remix bem soube exponenciar
criando a sedutora interpelação
que antecedeu a interpretação de
um outro grande clássico, porven-
tura mais celebrado.
A Suite op. 29 (1925-26), de Ar-
nold Schönberg (1874-1951), é uma
Estreias incomparáveis
das primeiras obras dodecafónicas,
com aquele traço marcante do rigor
associado às formas clássicas. So-
mos tentados a centrar elogios na
irrepreensível prestação do pianista
Jonathan Ayerst, simultaneamente
enérgica e etérea, mas é inegável o
óptimo equilíbrio que Peter Rundel
conseguiu entre os diversos instru-
mentos, todos eles num elevadíssi-
mo nível de execução.
A segunda parte iniciou-se com
outra solução inteligente. Evitando
agora o caminho das longuíssimas
mudanças de palco e conferindo um
elemento de interesse extra que be-
nefi ciou a música de Giacinto Scelsi
(1905-1988), os intérpretes de Okana-
gon (1968), para harpa, contrabaixo
e tam-tam, foram colocados no coro,
atrás de uma escura cortina transpa-
rente. Este singelo elemento seria o
bastante para que o mais irrequieto
dos ouvintes se mostrasse paciente-
mente expectante em relação à mú-
sica algo atemporal de Scelsi.
Por fi m, mais um investimento
seguro da CdM seria dado a conhe-
cer com a estreia nacional de Finis
Terrae (2012), obra para seis vozes e
agrupamento instrumental de Brian
Ferneyhough (n. 1943), resultante
de uma encomenda conjunta com
o Festival d’Automne à Paris, o En-
semble musikFabrik e a Kunststif-
tung NRW, com a editora Peters a
esquecer-se de referir na partitura
a participação da CdM.
Estreada em Paris, em Novembro
passado, pelo mesmo agrupamento
vocal que a interpretou no Porto —
nessa altura acompanhado pelo gru-
po musikFabrik e sob a direcção de
Emilio Pomàrico —, Finis Terrae tem
inscrita a solidez do trabalho de Fer-
neyhough, mas sugere um conjunto
de alusões à tradição ocidental, do
Renascimento à voz amplifi cada de
um Luciano Berio.
Crítica de Música
Remix EnsembleExaudi Vocal Ensemble
Peter Rundel, direcção
Obras de Igor Silva, Maderna,
Schönberg, Scelsi e Ferneyhough
Porto, Casa da Música (Sala Suggia)
Sábado, 18 de Maio, 21h00
Meia Sala
Diana Ferreira
mmmMM
Breves
Animação
Óbito
Filme de Regina Pessoa premiado no Festival de Badajoz
Morreu o realizador russo Alexeï Balabanov
Uma semana após ter sido distinguido como a melhor curta-metragem no Festival de São Francisco, nos Estados Unidos, o último filme de animação de Regina Pessoa, Kali, o Pequeno Vampiro (2012), arrecadou este fim-de-semana dois novos prémios. Desta vez aconteceu no 19º Festival Ibérico de Cinema de Badajoz, no qual foi duplamente distinguido com o prémio para a melhor banda sonora (da banda suíça The Young Gods) e com uma menção especial do júri. Kali, o Pequeno Vampiro, que relata a história de um rapaz diferente dos outros que sonha com encontrar o seu lugar no mundo, completa uma trilogia, que Regina Pessoa iniciou com A Noite (1999) e continuou com História Trágica com Final Feliz (2005).
Alexeï Balabanov, realizador russo de filmes de culto sobre a violência das últimas décadas na Rússia, nomeadamente com Cargo 200 (2007), sobre o Afeganistão, A Guerra (2002), sobre a Tchetchénia, e Irmão (1997), sobre a criminalidade, morreu no sábado perto da sua cidade natal, São Petersburgo, aos 54 anos, vítima de doença não especificada. “Os filmes de Alexeï Balabanov [1959-2013] são um retrato colectivo do nosso país no momento mais dramático da sua história. Eu gostava muito do trabalho dele”, escreveu o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, no Facebook, citado pela AFP. Já o jornal Kommersant considerou a morte do realizador “uma enorme tragédia para o cinema russo”.
Rithy Panh vai à procura da sua infância, que o regime dos khmers vermelhos eliminou
Esta criança que se diz viva e que
conta é ele, Rithy Panh, cineasta
cambojano, aos 50 anos procurado
pela sua infância.
O que fazer, quando a infância foi
eliminada pela sociedade perfeita
que os khmers vermelhos quiseram
construir entre 1975 e 1979, destruin-
do a emoção, a doçura e o humano,
enviando os dois milhões de habitan-
tes de uma cidade, Phnom Penh, pa-
ra o campo para serem transforma-
dos em homens de metal, ou fazendo
de uma panela de cozinha um crime
individualista?
Que fazer quando a imagem que
falta – a infância, os tempos antigos
de Phnom Penh, o odor a caramelo
e peixe no mercado – não cessa de
vir ao nosso encontro?
Que fazer quando a imagem do
extermínio está em falta? Mas o que
fazer quando revelar a imagem da
morte – como falar do pai, que dei-
xou de se alimentar porque não quis
mais comer insectos e répteis como
os animais — pode signifi car transpor
uma fronteira para o obsceno?
Rithy Panh ouviu o apelo e sentiu
a inquietação a que cineastas como
Marcel Ophuls ou Claude Lanzmann
têm ouvido e respondido, no caso
dos dois últimos, e cada um à sua
maneira, a propósito do Holocausto:
qual a responsabilidade pelo traba-
lho da memória em relação ao hor-
ror e qual a responsabilidade que
um cineasta deve ter ao revelar essa
imagem de uma experiência limite?
Ophuls e Lanzmann têm fi lmes nesta
edição do Festival de Cannes em que
continuam as suas interrogações, Un
Voyageur e Le Dernier des Injustes,
respectivamente. Rithy Panh vem
colocar-se entre eles com L’Image
Manquante (Un Certain Regard).
A posição do cambojano, o autor
de documentários como S21, La ma-
chine de mort Khmère rouge (2003)
ou Duch, le Maître des forges de l’enfer
(2012), começa por ser no essencial
a posição de Ophuls e Lanzmann: há
coisas que ninguém deve ver porque
isso signifi ca fi car demasiado perto
da morte. Mas se alguém viu deve
contar. Como? Suspendendo a obs-
cenidade e a irrelevância. O que Pa-
nh conclui é que essa imagem não
será nunca encontrada e que deverá
continuar perdida. Mas o cinema, e
L’Image Manquante, pode mostrar
essa demanda.
À necessidade, comoventíssima,
do cineasta em receber os seus mor-
tos, em falar deles para lhes restituir
a humanidade e talvez falar com eles,
L’Image Manquante alia uma distân-
cia protectora e veemente: recria
com bonecos de argila quadros do
quotidiano feliz de Phnom Penh e
da caminhada para a aniquilação
empreendida pelo regime khmer.
Não para substituir o vazio — por
exemplo, da ausência de imagens
do êxodo dos habitantes de Phnom
Penh para os campos. Mas para evi-
denciar que uma perda nunca será
substituída. Esta criança que se diz
viva e que conta em L’Image Man-
quante é ele, Rithy Panh, cineasta
cambojano, aos 50 anos procurado
pela sua infância.
DR
Filme recria com bonecos de argila o dia-a-dia feliz de Phnom Penh
32 PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013CLASSIFICADOS Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30De seg a sex das 09H às 19HSábado 11H às 17H
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Anúncio - Consulta PúblicaAvaliação de Impacte Ambiental
Projecto: Conjunto Turístico São Lourenço do BarrocalProponente: São Lourenço do Barrocal) - Investimentos Turísticos e
Imobiliários, S.A.Licenciador: Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz
O projecto acima mencionado está sujeito a um procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental, conforme estabelecido no Despacho 12777/2012, publicado no Diário da República n.º 189, 2.ª Série, de 8 de Setembro de 2012.Este projecto localiza-se na freguesia de Monsaraz, pertencente ao concelho de Reguengos de Monsaraz.Nos termos e para efeitos do preceituado nos n.ºs 1 e 2 do art.º 14.º e nos art.ºs22.º, 23.º, 24.º, 25.º e 26.º do Decreto-Lei n.º 69/2000, de 3 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 197/2005, de 8 de Novembro, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, enquanto Autoridade de Avaliação de Impacte Ambiental, informa que o Estudo de Impacte Ambiental, incluindo o Resumo Não Técnico, se encontra disponível para Consulta Pública, durante 20 dias úteis, de 21 de Maio a 18 de ]unho de 2013, nos seguintes locais:
Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do AlentejoAv.ª Eng.º Arantes e Oliveira, n.º 193, 7004-514 ÉvoraAgência Portuguesa do AmbienteRua da Murgueira, 9/9A - Zambujal, 2611-865 AmadoraCâmara Municipal de Reguengos de MonsarazAvenida da Liberdade, Apartado 6, 7201-970 Reguengos de Monsaraz
O Resumo Não Técnico pode ainda ser consultado na Junta de Freguesia de Monsaraz, Concelho de Reguengos de Monsaraz, encontrando-se também disponível na Internet (www.ccdr-a.gov.pt).No âmbito do processo de Consulta Pública, serão consideradas e apreciadas todas as opiniões e sugestões apresentadas por escrito, desde que relacionadas especifi camente com o projecto em avaliação. Essas exposições deverão ser dirigidas ao Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo até à data do termo da Consulta Pública.O licenciamento do projecto só poderá ser concedido após Declaração de Impacte Ambiental Favorável ou Condicionalmente Favorável, emitida pelo Senhor Secretário de Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território, ou decorrido o prazo para a sua emissão.A Declaração de Impacte Ambiental deverá ser emitida até 2/7/2013.Évora, 14 de Maio de 2013
O Presidente - António Costa Dieb
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,DO MAR, DO AMBIENTEE DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
Cascais
Tabacaria Papelaria
Cidadela, Lda.
Av. 25 de Abril, 528
2750-511
Tel. 214 844 415
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33PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 CLASSIFICADOS
A CREDITAL, LDA.R. Guilhermina Suggia, n.º 8-A Lisboa
Dia 11 de Junho de 2013, das 9.30 horas às 13.00 horas e das 14.00 horas às 17.00 horas, venda em leilão de todos os objetos que garantam empréstimos e que à data tenham juros vencidos e não pagos há mais de 3 meses. Artigo 19.º do DL n.º 365/99.
Exposição a partir das 7.30 horas às 9.30 horas.R. Morais Soares, n.º 82 - A/B - Lisboa
ALVES & CARREIRAR. da Graça, n.º 32 - Lisboa
Dia 11 de Junho de 2013, das 9.30 horas às 13.00 horas e das 14.00 horas às 17.00 horas, venda em leilão de todos os objetos que garantam empréstimos e que à data tenham juros vencidos e não pagos há mais de 3 meses. Artigo 19.º do DL n.º 365/99.
Exposição a partir das 7.30 horas às 9.30 horas.R. Morais Soares, n.º 82 - A/B - Lisboa
CIFRÃOBURGOAv. 25 de Abril, n.º 15-C - Mafra
Dia 11 de Junho de 2013, das 9.30 horas às 13.00 horas e das 14.00 horas às 17.00 horas, venda em leilão de todos os objetos que garantam empréstimos e que à data tenham juros vencidos e não pagos há mais de 3 meses. Artigo 19.º do DL n.º 365/99.
Exposição a partir das 7.30 horas às 9.30 horas.R. Morais Soares, n.º 82 - A/B - Lisboa
COMPANHIA AUXILIAR DE CRÉDITO AGRÍCOLO-INDUSTRIAL, S.A.
R. José da Costa Pedreira, n.º 1, Letra A - LisboaDia 11 de Junho de 2013, das 9.30 horas às 13.00 horas e das 14.00 horas às 17.00 horas, venda em leilão de todos os objetos que garantam empréstimos e que à data tenham juros vencidos e não pagos há mais de 3 meses. Artigo 19.º do DL n.º 365/99.
Exposição a partir das 7.30 horas às 9.30 horas.R. Morais Soares, n.º 82 - A/B - Lisboa
EDITALHASTA PÚBLICA: CONTRATO DE CONCESSÃO DE USO PRIVATIVO DO DOMÍNIO PÚBLICO COM A INSTALAÇÃO DE UM EQUIPAMENTO
AMOVÍVEL PARA O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE DE BEBIDAS(BAR/ESPLANADA) NO PARQUE DO MANUEL S. PINTO NA
FREGUESIA DE FORNOS, CONCELHO DE SANTA MARIA DA FEIRACelestino Augusto Soares Portela, Vereador da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira:Torna público que no próximo dia 30 de Maio de 2013, na Sala Anexa ao Gabinete da Presidência do Município de Santa Maria da Feira, terá lugar pelas 11.00 horas a hasta pública com vista à adjudicação do contrato de Concessão de uso privativo com a instalação de um equipamento amovível para o exercício da atividade de bebida (bar/esplanada) no Parque do Manuel S. Pinto, na freguesia de Fornos, concelho de Santa Maria da Feira.A praça será dirigida pela comissão nomeada em Reunião Ordinária da Câmara Mu-nicipal datada de 13 de Maio de 2013 e composta por três membros, o Presidente da mesma, o Vereador Dr. Celestino Portela, os Vogais, Dr.ª Ana Santos e Dr.ª Graça San-tos, e os respetivos Suplentes, o Vereador Dr. Emídio Sousa e Dr.ª Sónia Azevedo.Procedimento - Licitação por apresentação de propostas: As propostas poderão ser apresentadas até às 16.00 horas do dia útil imediatamente anterior à data da realização da hasta pública, no serviço de atendimento deste Muni-cípio, em invólucro fechado, identifi cando-se no exterior do mesmo o proponente e a identifi cação da hasta pública, que por sua vez é encerrado num segundo sobrescrito dirigido ao Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira;Condições:• Terreno do Parque com a área de 3229 m2 (que faz parte do prédio omisso na matriz
predial e descrito na competente conservatória sob o n.º 382/ de Fornos) - local de instalação do equipamento amovível e respetiva esplanada: 20m2 (estrutura amoví-vel) + 20m2 (esplanada);
Preço-base:• A base de licitação, para o preço a pagar mensalmente pelo adjudicatário pela
concessão de uso privativo do domínio público com a instalação/exploração de um equipamento amovível para o exercício da atividade de bebida (bar/esplanada) no Parque do Manuel S. Pinto - Freguesia de Fornos, é fi xado pela Câmara Municipal em € 150 (cento e cinquenta euros), tendo como referência o valor da taxa aplicável à licença de exploração do domínio público, multiplicado pela área a ocupar com a estrutura amovível e respetiva esplanada, como base de licitação, arredondado por excesso às centenas de euros.
O mínimo de cada lanço é fi xado em 50,00 €.Intervenientes:• Todos os interessados podem licitar, quer tenham apresentado proposta ou não;• A praça inicia-se com a abertura das propostas recebidas, se existirem, havendo
lugar a licitação a partir do valor da proposta mais elevada, ou, se não existirem, a partir do valor-base da licitação;
• Podem intervir na praça, os interessados, ou seus representantes devidamente iden-tifi cados, e no caso de pessoas coletivas, habilitados com poderes bastantes para arrematar, independentemente da apresentação de proposta em sobrescrito fecha-do.
Adjudicação e pagamento do preço:• A licitação termina quando o Presidente tiver anunciado por três vezes o lanço mais
elevado e este não for coberto;• Terminados os procedimentos enumerados, o contrato de concessão de uso priva-
tivo de exploração é adjudicado pela Comissão, constituída pela Câmara Municipal em reunião ordinária de 13 de Maio de 2013, a quem tiver oferecido o preço mais elevado;
• Pode não haver lugar à adjudicação quando haja fundados indícios de conluio entre os proponentes ou qualquer outra causa justifi cativa;
• No fi nal da praça será elaborado o respetivo auto de arrematação que deve ser assinado pelos membros da Comissão e pelo adjudicatário;
• Com o auto de arrematação o adjudicatário pagará ao concedente:a) A quantia de __euros, a título de adiantamento, e de valor correspondente ao preço fi xado para um dos meses;b) Na data da assinatura do contrato, a realizar no prazo máximo de 30 dias a contar da data da adjudicação, pagará o valor de __euros, correspondente ao preço fi xado para o primeiro mês da concessão.
• O atraso de qualquer pagamento vencerá juros de mora, à taxa legal em vigor.• Ultrapassados os prazos sem que se concretizem todos os encargos em atraso
(prestação e juros), considera-se que houve desistência do candidato e, por tal facto operar-se-á a caducidade da adjudicação com perda das quantias já pagas pelo adjudicatário;
• As condições da concessão de uso privativo do domínio público com a instalação, exploração de um equipamento amovível para o exercício da atividade de bebida (bar/esplanada) no Parque do Manuel S. Pinto - Freguesia de Fornos, estão fi xadas no Caderno de Encargos que se encontra anexo ao processo;
• O processo encontra-se disponível para consulta, no GAJ - Gabinete de Apoio Ju-rídico, todos os dias úteis durante as horas de expediente, ou seja das 09h00 às 17h00.
Paços do Município, 15 de Maio de 2013
O VereadorCelestino Augusto Soares Portela, Dr.
EDITALHASTA PÚBLICA: CONTRATO DE CONCESSÃO DE USO PRIVATIVO DO DOMÍNIO PÚBLICO COM A INSTALAÇÃO DE UM EQUIPAMENTO
AMOVÍVEL PARA O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE DE BEBIDAS(BAR/ESPLANADA) NO PARQUE DO MONTE DO COTEIRO NA
FREGUESIA DE MOZELOS, CONCELHO DE SANTA MARIA DA FEIRA
Celestino Augusto Soares Portela, Vereador da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira:Torna público que no próximo dia 30 de Maio de 2013, na Sala Anexa ao Gabinete da Presidência do Município de Santa Maria da Feira, terá lugar pelas 10.00 horas a hasta pública com vista à adjudicação do contrato de Concessão de uso privativo com a instalação de um equipamento amovível para o exercício da atividade de bebida (bar/esplanada) no parque do Monte do Coteiro na freguesia de Mozelos, concelho de Santa Maria da Feira.A praça será dirigida pela comissão nomeada em Reunião Ordinária da Câmara Municipal datada de 13 de Maio de 2013 e composta por três membros, o Presi-dente da mesma, o Vereador Dr. Celestino Portela, os Vgais, Dr.ª Ana Santos e Dr.ª Graça Santos, e os respetivos Suplentes, o Vereador Dr. Emídio Sousa e Dr.ª Sónia Azevedo.Procedimento - Licitação por apresentação de propostas:As propostas poderão ser apresentadas até às 16.00 horas do dia útil imediatamente anterior à data da realização da hasta pública, no serviço de atendimento deste Mu-nicípio, em invólucro fechado, identifi cando-se no exterior do mesmo o proponente e a identifi cação da hasta pública que por sua vez é encerrado num segundo sobres-crito dirigido ao Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira:Condições:• Terreno do Parque com a área de 834 m2 (que faz parte do prédio inscrito na ma-
triz predial rústico de Mozelos sob o artigo 761 e descrito na competente conser-vatória sob o n.º 240/) - local de instalação do equipamento amovível e respetiva esplanada: 50m2 (estrutura amovível) + (50m2 esplanada);
Preço-base:• A base de licitação, para o preço a pagar mensalmente pelo adjudicatário pela
concessão de uso privativo do domínio público com a instalação/exploração de um equipamento amovível para o exercício da atividade de bebida (bar/esplana-da) no parque do Monte do Coteiro na freguesia de Mozelos, é fi xado pela Câmara Municipal em € 250 (duzentos e cinquenta euros), tendo como referência o valor da taxa aplicável à licença de exploração do domínio público multiplicado pela área a ocupar com a estrutura amovível e respetiva esplanada, como base de licitação arredondado por excesso às centenas de euros.
O valor minimo de cada lanço é fi xado em 50,00 €.Intervenientes:• Todos os interessados podem licitar, quer tenham apresentado proposta ou não;• A praça inicia-se com a abertura das propostas recebidas, se existirem, havendo
lugar a licitação a partir do valor da proposta mais elevada, ou, se não existirem, a partir do valor-base da licitação;
• Podem intervir na praça, os interessados, ou seus representantes devidamente identifi cados, e no caso de pessoas coletivas, habilitados com poderes bastantes para arrematar, independentemente da apresentação de proposta em sobrescrito fechado.
Adjudicação e pagamento do preço:• A licitação termina quando o Presidente tiver anunciado por três vezes o lanço
mais elevado e este não for coberto;• Terminados os procedimentos enumerados, o contrato de concessão de uso pri-
vativo de exploração é adjudicado pela Comissão, constituída pela Câmara Muni-cipal em reunião ordinária de 13 de Maio de 2013, a quem tiver oferecido o preço mais elevado;
• Pode não haver lugar à adjudicação quando haja fundados indícios de conluio entre os proponentes ou qualquer outra causa justifi cativa;
• No fi nal da praça será elaborado o respetivo auto de arrematação que deve ser assinado pelos membros da Comissão e pelo adjudicatário;
• Com o auto de arrematação o adjudicatário pagará ao concedente:a) A quantia de __euros, a título de adiantamento, e de valor correspondente ao preço fi xado para um dos meses;b) Na data da assinatura do contrato, a realizar no prazo máximo de 30 dias a con-tar da data da adjudicação, pagará o valor de __euros, correspondente ao preço fi xado para o primeiro mês da concessão.
• O atraso de qualquer pagamento vencerá juros de mora, à taxa legal em vigor;• Ultrapassados os prazos sem que se concretizem todos os encargos em atraso
(prestação e juros), considera-se que houve desistência do candidato e, por tal facto operar-se-á a caducidade da adjudicação com perda das quantias já pagas pelo adjudicatário;
• As condições da Concessão de uso privativo com a instalação de um equipamento amovível para o exercício da atividade de bebida (bar/esplanada) no parque do Monte do Coteiro na freguesia de Mozelos, concelho de Santa Maria da Feira, estão fi xadas no Caderno de Encar-gos, que se encontra anexo ao processo;
• O processo encontra-se dis-ponível para consulta, no GAJ - Gabinete de Apoio Jurídico, todos os dias úteis durante as horas de expediente, ou seja das 09h00 às 17h00.
Paços do Município, 15 de Maio de 2013
O VereadorCelestino Augusto Soares Portela, Dr.
TRIBUNAL DE FAMÍLIA E MENORES E DE
COMARCA DO SEIXAL1.º Juízo Cível
Processo n.º 2199/13.7TBSXL
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Público do SeixalRequerido: Valdemar Pereira GonçalvesFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição/Inabilitação em que é requerido Valdemar Pereira Gonçalves, com residência em domicílio: Rua João Palma Ferreira, Lote 474, Pinhal Con-de Cunha - Foros de Amora, 2845 Amora, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psiquíca.N/Referência: 10413990Seixal, 13-05-2013
A Juíza de DireitoDr.ª Francisca Martins Preto
A Ofi cial de JustiçaAna Paula Carreiro
Público, 20/05/2013
COMARCA DA GRANDE LISBOA - NOROESTE
Sintra - Juízo Família e Menores 4.ª Secção
Processo n.º 278/08.1TBMFR-D
ANÚNCIOAlteração da Regulação das Res-ponsabilidades ParentaisRequerente: Ana Raquel Rosa da Silva Pinto de AmaralRequerido: Pedro Manuel Iniguez Freire Pinto de AmaralNos autos acima identifi cados, cor-rem éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publica-ção do anúncio, citando o reque-rido Pedro Manuel Iniguez Freire Pinto de Amaral, BI - 115311580, domicílio: Rua de Timor, n.º 10 - 2.º Esq.º, 1685-488 Caneças, com última residência conhecida na morada indicada para no prazo de 10 dias, decorrido que seja o dos éditos alegar o que tiver por con-veniente, nos termos do disposto no art.º 182.º, n.º 3 da OTM, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Terminando o prazo em dia que os tribunais estiverem encerrados, transfere-se o seu termo para o pri-meiro dia útil seguinte.Fica advertido de que não é obri-gatória a constituição de man-datário judicial, salvo na fase de recurso.N/Referência: 22028798Sintra, 10-05-2013
O Juiz de DireitoDr. Rogério PereiraA Ofi cial de Justiça
Maria Adélia Rodrigues MacelaPúblico, 20/05/2013 - 1.ª Pub.
TRIBUNALDO TRABALHO DO
BARREIROSecção Única
Processo n.º 3/13.5TTBRR
ANÚNCIOAção de Processo ComumAutora: Maria de Lurdes Pinto GomesRéu: Iguana - Actividades Hotelei-ras, Lda.Nos autos acima identifi cados, cor-rem éditos citando o(a) ré(u) Iguana - Actividades Hoteleiras, Lda., com última residência conhecida em do-micílio Rua Cintura Porto de Lisboa, Armazém H, Nave C, 1350-372 Lis-boa, para comparecer pessoalmen-te neste Tribunal no dia 27-06-2013, às 14.00 horas, a fi m de se proceder a audiência do partes.Fica ainda advertido de que, em caso de justifi cada impossibilidade de comparência, se deve fazer re-presentar por mandatário judicial com poderes de representação e os especiais para confessar, desistir ou transigir, fi cando sueito às sanções previstas no CPC para a ligância de má fé (art.º 456.º CPC), se faltar in-justifi cadamente à audiência.Fica ainda advertido de que é obri-gatória a constituição de mandatá-rio judicial.O duplicado da petição inicial encontra-se nesta secretaria à dis-posição do citandoN/Referência: 1156251Barreiro, 16-05-2013
A Juíza de DireitoDr.ª Anabela Gomes Marques
A Ofi cial de JustiçaNoélia da Silva M. Cabrita
Público, 20/05/2013 - 1.ª Pub.
TRIBUNAL DE FAMÍLIAE MENORES E DE
COMARCA DO BARREIROFamília e Menores
Processo n.º 2061/12.9TBBRR
ANÚNCIODivórcio sem consentimento do outro CônjugeAutora: Maria Gorete Resendes de Sousa CâmaraRéu: Nelson Filipe Carreiro de Sousa CâmaraNos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, con-tados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o ré Nelson Filipe Car-reiro de Sousa Câmara, com última residência conhecida em domicílio: Rua João do Rego de Cima, n.º 145 - 9500-204 Ponta Delgada, para no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, que-rendo, a presente acção, com a indicação de que a falta de contestação não importa a con-fi ssão dos factos articulados pelo(s) autor(es), tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Fica advertido de que é obriga-tória a constituição de manda-tário judicial.N/Referência: 5945480Barreiro, 13-05-2013
O Juiz de DireitoDr. Pedro RobertoFernandes Nunes
A Ofi cial de JustiçaMaria da Graça Dias
Público, 20/05/2013 - 1.ª Pub.
INSTITUTO POLITÉCNICODE BRAGANÇA
ANÚNCIOAvisam-se os interessados que se encontra aberto Proce-dimento Concursal Comum, para a constituição de rela-ção jurídica de emprego público por tempo indetermina-do tendo em vista a ocupação de 1 posto de trabalho do mapa de pessoal do IPB, para a carreira e categoria de Assistente Técnico, pelo aviso abaixo discriminado, publi-cado em Diário da República, n.º 95, II Série, de 17 de maio de 2013, cujo prazo para candidatura termina no dia 31 de maio de 2013.Aviso n.º 6492/2013 - Instituto Politécnico de Bragança
A Administradora do I.P.B.Dra. Elisabete Vicente M. Madeira Camelo
Amadora
34 | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013
SAIR
CINEMALisboa CinemaCity Campo PequenoCentro Lazer Campo Pequeno. T. 217981420A Música Que Nunca Acabou M12. Sala 1 - 13h20, 15h25, 17h30, 19h35, 21h45, 23h50; Gladiadores M6. Sala 2 - 13h25 (V.P.); O Grande Gatsby M12. Sala 2 - 15h30, 18h25, 21h20, 00h15; Assalto à Casa Branca M12. Sala 3 - 13h20, 15h35, 21h35, 24h; O Grande Gatsby M12. Sala 3 - 17h50; Incompatíveis e Não Só... M12. Sala 4 - 13h35, 00h30; O Grande Gatsby M12. Sala 4 - 16h, 18h50, 21h40 (3D); Incompatíveis e Não Só... M12. Sala 5 - 15h40, 17h45, 21h50; O Grande Dia M12. Sala 5 - 13h35, 19h50, 23h45; Esquecido Sala 6 - 21h30; Gladiadores M6. Sala 6 - 16h05 (V.P./3D); Assalto à Casa Branca M12. Sala 6 - 18h30; O Grande Gatsby M12. Sala 6 - 13h15, 00h10 (3D); Os Amantes Passageiros M16. Sala 7 - 19h40; Homem de Ferro 3 M12. Sala 7 - 13h10, 15h50, 23h55; Transe M16. Sala 7 - 21h55; Esquecido Sala 8 - 00h05; Nome de Código Paulette M12. Sala 8 - 13h55; Gladiadores M6. Sala 8 - 15h45 (V.P.); Homem de Ferro 3 M12. Sala 8 - 17h55, 21h25 CinemaCity Classic AlvaladeAvª de Roma, nº 100, Lisboa . T. 218413045República di Mininus M12. Sala 1 - 13h20, 15h10, 16h45, 18h20, 19h55, 21h45; Os Amantes Passageiros M16. Sala 2 - 13h25; Além de Ti M12. Sala 2 - 19h55; O Grande Gatsby M12. Sala 2 - 13h, 15h50, 18h40, 21h30; Não Sala 3 - 17h35, 19h40; O Capital M12. Sala 3 - 15h15, 19h50, 22h; Comboio Nocturno Para Lisboa M12. Sala 4 - 17h30; A Essência do Amor M12. Sala 4 - 13h10, 15h20, 21h55 Cinemateca PortuguesaR. Barata Salgueiro, 39 . T. 213596200O Raio Verde M12. Sala Félix Ribeiro - 21h30; Um Verão em Okinawa Sala Félix Ribeiro - 15h30; O Mistério do Templo de Ouro Sala Félix Ribeiro - 19h; Bleak Moments M12. Sala Luís de Pina - 22h; Vidas Nocturnas M12. Sala Luís de Pina - 19h30 Medeia Fonte NovaEst. Benfica, 503. T. 217145088Assalto à Casa Branca M12. Sala 1 - 14h10, 16h30, 19h, 21h30; O Grande Dia M12. Sala 2 - 14h20; Só Precisamos de Amor M12. Sala 2 - 16h45, 19h15, 21h45; O Grande Gatsby M12. Sala 3 - 14h30 (V.Port.), 18h30, 21h30 (V.Port.) Medeia KingAv. Frei Miguel Contreiras, 52A. T. 218480808Photo M12. Sala 1 - 13h45, 15h45, 17h45, 19h45, 21h45, 00h15; Os Nossos Filhos M12. Sala 2 - 13h20, 15h30, 17h40, 19h50, 22h, 00h30; Os Amantes Passageiros M16. Sala 3 - 13h30, 15h20, 17h30, 19h30, 21h30, 24h Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223O Grande Gatsby M12. Sala 4 - Cine Teatro - 13h, 16h, 19h, 22h; A Essência do Amor M12. Sala 1 - 14h30, 17h, 19h30, 21h45; Não Sala 2 - 14h, 16h30, 21h30; Viagem de Finalistas M16. Sala 2 - 19h15; O Grande Gatsby M12. Sala 3 - 15h15, 18h15, 21h15 (3D) NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362Decameron M16. Sala 1 - 18h30; Fausto M12. Sala 1 - 15h30; A Rapariga de Parte Nenhuma M12. Sala 1 - 21h30 UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221Os Amantes Passageiros M16. Sala 1 - 19h15; Viagem de Finalistas M16. Sala 1 - 14h10, 16h35, 21h50, 00h10; Só Precisamos de Amor M12. Sala 2 - 14h10, 16h50, 19h20, 22h, 00h30; Regra de
Silêncio M12. Sala 3 - 14h, 16h35, 21h45, 00h20; Gladiadores M6. Sala 3 - 14h15 (V.P.); Transe M16. Sala 3 - 19h10; Homem de Ferro 3 M12. Sala 4 - 14h, 16h35, 19h15, 21h50; A Noite dos Mortos-Vivos M18. Sala 4 - 00h30; O Grande Dia M12. Sala 5 - 14h15, 16h45, 19h05, 21h40, 23h55; Assalto à Casa Branca M12. Sala 6 - 14h05, 16h40, 19h15, 21h55, 00h30; Esquecido Sala 7 - 16h20, 23h45; Nome de Código Paulette M12. Sala 7 - 14h15, 19h10, 21h30; Não Sala 8 - 16h45, 22h, 00h30; É o Amor M16. Sala 8 - 14h, 19h10; O Grande Gatsby M12. Sala 9 - 14h, 17h, 21h15, 00h15 (2D); O Guarda M12. Sala 10 - 14h05, 16h50, 19h15, 21h55, 00h20; O Capital M12. Sala 11 - 14h15, 16h45, 19h15, 21h45, 00h20; O Grande Gatsby M12. Sala 12 - 15h15, 18h15, 21h30, 00h25 (3D); A Essência do Amor M12. Sala 13 - 14h05, 16h30, 19h, 21h40, 00h10; Lawrence da Arábia M12. Sala 14 - 15h, 21h ZON Lusomundo AlvaláxiaEstádio José Alvalade, Campo Grande. T. 16996Homem de Ferro 3 M12. 15h45, 18h40, 21h35; Aprovado M12. 16h20, 19h, 21h30; Nome de Código Paulette M12. 15h20, 17h30, 21h50; Assalto à Casa Branca M12. 16h50, 21h; O Grande Gatsby M12. 16h40, 21h20; Esquecido 15h50, 21h35; O Grande Gatsby M12. 18h30; A Sangue Frio M16. 16h30, 18h50, 21h40; A Noite dos Mortos-Vivos M18. 15h30, 18h, 22h; Incompatíveis e Não Só... M12. 21h45; Gladiadores M6. 16h10, 18h20 (V.Port.); Viagem de Finalistas M16. 16h, 18h45, 21h15; Os Croods M6. 15h40, 18h10 (V.Port.); O Grande Dia M12. 21h10; Transe M16. 16h25, 19h, 21h25 ZON Lusomundo AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996República di Mininus M12. 13h, 15h10, 17h30, 19h30, 21h50, 00h20; Nome de Código Paulette M12. 13h30, 15h40, 18h, 21h15, 23h30; A Essência do Amor M12. 13h10, 16h, 18h40, 21h30, 00h15; O Grande Dia M12. 13h50, 16h30, 19h, 21h35, 23h55; Renoir M12. 13h15, 15h30, 18h10, 21h05, 23h35; O Capital M12. 13h30, 16h10, 21h20, 00h05; O Grande Gatsby M12. 13h45, 17h, 21h, 24h; Só Precisamos de Amor M12. 18h45 ZON Lusomundo ColomboAv. Lusíada. T. 16996Viagem de Finalistas M16. 12h55, 15h35, 21h45, 00h15; Assalto à Casa Branca M12. 12h45, 15h30, 18h15, 21h15, 24h; O Grande Gatsby M12. 18h; A Sangue Frio M16. 13h10, 15h50, 18h25, 21h25, 23h50; O Outro Lado do Coração M12. 13h15, 16h, 18h20, 21h10, 23h35; O Grande Gatsby M12. 13h30, 16h40 (2D), 21h, 00h10 (3D); Incompatíveis e Não Só... M12. 17h50; Homem de Ferro 3 M12. 12h40, 15h40, 18h35, 21h30, 00h25; O Grande Dia M12. 13h, 15h25, 21h20, 23h45 ZON Lusomundo Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996Homem de Ferro 3 M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h20, 00h10; A Essência do Amor M12. 13h20, 16h10, 18h50, 21h50, 00h20; Aprovado M12. 13h, 15h20, 18h, 21h, 23h40; Gladiadores M6. 13h30, 16h (V.Port.); O Grande Dia M12. 18h10, 23h50; Assalto à Casa Branca M12. 13h10, 15h50, 18h40, 21h10, 24h; O Grande Gatsby M12. 12h40, 15h30, 18h20, 21h30, 00h30 (3D)
Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030O Grande Gatsby M12. VIP Light - 13h15, 16h, 18h50, 21h40, 23h40 (3D); O Capital M12. VIP 1 - 13h20; O Grande Gatsby M12. VIP 1 - 15h30, 17h35, 18h25, 21h20, 00h15; Gladiadores M6. Sala 2 -
O Grande GatsbyDe Baz Luhrmann. Com Leonardo DiCaprio, Carey Mulligan, Tobey Maguire. EUA. 2013. 143m. Drama, Romance. M12. No início dos anos 1920, numa
profusão de luxo, álcool e dinheiro,
uma fi gura misteriosa instala-se
em Long Island, EUA. Quem é esta
personagem sedutora, cujas festas
na mansão privada em West Egg
atraem a alta sociedade de toda a
região? Os mais variados rumores
sobre a origem da sua fortuna
circulam. Será ele um espião ou
um lord inglês? Um herói de guerra
ou um exibicionista? Mais tarde,
a verdade será revelada e, para
surpresa de todos, tudo se resume
a uma trágica - e obsessiva - história
de amor.
O Outro Lado do CoraçãoDe John Cameron Mitchell. Com Nicole Kidman, Aaron Eckhart, EUA. 2010. 91m. Drama. M12. Há oito meses, Becca e Howie eram
um casal feliz e cheio de planos para
o futuro. Hoje, devido ao trágico
acidente que causou a morte ao
seu fi lho pequeno, cada um deles
tenta, à sua maneira, lidar com a
dor da perda e com o sentimento
de impotência face ao sucedido.
Mas, apesar de se esforçarem por
reencontrar a normalidade das suas
vidas, ambos estão conscientes
dessa impossibilidade.
O GuardaCom John Michael McDonagh, Ronan Collins, Brendan Gleeson, Don Cheadle. IRL. 2011. 96m. Drama, Animação. M12. Galway, Irlanda. Possuidor de
uma personalidade confl ituosa
e de moral duvidosa, o detective
Gerry Boyle tem em mãos
um importante caso de
tráfi co de drogas. Mais
interessado num modo
de vida libertino do que
na resolução daquele
caso, é apanhado de
surpresa quando é
confrontado
com o seu
novo
parceiro: Wendell Everett,
um agente do FBI que chega
directamente dos EUA para o
ajudar na investigação. Apesar de
muito relutante em fazer parceria
com um “gringo“ em quem não
deposita a mínima confi ança,
Boyle é obrigado a encontrar uma
maneira de conciliar as diferenças
para, em tempo recorde, resolver
aquele caso de uma vez por todas.
República di MininusDe Flora Gomes. POR. 2010. 78m. Drama. M12. Num país sem nome, algures no
continente africano, as crianças
foram abandonadas à sua sorte.
Por causa disso, uniram-se,
criando uma república com vista
à sobrevivência de todos. Nesse
lugar, união, respeito e harmonia
são deveres inestimáveis. Só
serão postos em causa com
o surgimento de cinco novas
crianças. Trazem consigo marcas
de um passado difícil e, para
poderem adaptar-se àquele
mundo, terão de passar uma
prova imposta por todos os
outros: ou se aceitam como um
grupo, ou terão de partir.
A Música Que Nunca AcabouDe Jim Kohlberg. Com Jim Kohlberg, J.K. Simmons, Cara Seymour. EAU. 2011. 105m. Drama. M12. Em pequeno, Gabriel sempre
teve uma ligação especial com
Henry, o seu pai. Porém, à medida
que foi crescendo, foram-se
afastando até quase deixarem de
conseguir comunicar. Quando é
diagnosticado a Gabriel um tumor
cerebral que requer uma cirurgia
de alto risco, toda a família se une
para o ajudar a ultrapassar aquele
momento. Porém, apesar
do sucesso da operação,
fi cam a saber que a parte
cerebral responsável pelas
memórias foi afectada. E
então que Henry recorre
a uma terapeuta musical
que, através de um método
incomum, tem conseguido
recuperar a memória a
vários dos seus pacientes.
Assim, usando um novo
processo de comunicação
a partir dos gostos
musicais de ambos, pai e
fi lho recriam a relação há
muito perdida...
A Sangue FrioDe Stefan Ruzowitzky. Com Eric Bana, Olivia Wilde. EUA. 2012. 95m. Drama, Thriller. M16. Os irmãos Addison e Liza
encontram-se em fuga após um
assalto mal sucedido. Quando
ele, durante uma perseguição
sob um violento nevão, atinge
mortalmente um polícia, os dois
resolvem separar-se e seguir em
direcção à fonteira com o Canadá.
No percurso, enquanto Addison
segue o seu caminho deixando
atrás de si um rasto de destruição,
Liza aceita boleia de Jay, que
regressa a casa com o intuito de
passar o Dia de Acção de Graças
com os pais. É junto desta família
que os dois se vão reunir, num
terrível confronto que vai pôr em
causa a força da sua ligação.
AprovadoDe Paul Weitz. Com Tina Fey, Paul Rudd, Ann Harada. EUA. 2013. 107m. Comédia Romântica. M12. Portia Nathan é responsável pelas
admissões dos alunos a bolsas
universitárias na Universidade
de Princeton. A sua vida fi ca
virada do avesso quando, numa
visita a um liceu alternativo,
reencontra um antigo colega que
se convenceu que um dos seus
estudantes mais brilhantes é o
fi lho que ela deu para adopção
quando era muito jovem. O rapaz
prepara-se para se candidatar a
Princeton. Portia, que agora se vê
obrigada a examinar as qualidades
do seu próprio fi lho, vai ter de
reavaliar não apenas a sua vida
profi ssional como também todo o
seu percurso pessoal.
Os Nossos FilhosDe Joachim Lafosse . Com Niels Arestrup, Tahar Rahim, Émilie Dequenne. SUI/BEL/FRA/LUX. 2012. 111m. Drama. M12. Murielle e Mounir são jovens e
apaixonados. Após o casamento,
aceitam viver em casa de um
benfeitor que sempre ajudou
Mounir e que ele considera um
segundo pai. Porém, com o passar
do tempo, o que seria uma situação
provisória acaba por se prolongar
indefi nidamente. Sentindo-se cada
vez mais distante do marido e mais
presa a uma situação que nunca
desejou, Murielle perde o controlo
da sua vida, seguindo em direcção a
uma tragédia que ninguém poderia
prever...
Em [email protected]@publico.pt
República di Mininus
um importante caso de
tráfi co de drogas. Mais
interessado num modo
de vida libertino do que
na resolução daquele
caso, é apanhado de
surpresa quando é
confrontado
com o seu
novo
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PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | 35
Lisboa recebe a 9.ª edição da iniciativa gastronómica. Até 26 de Maio, mais de 70 restaurantes de topo propõem menus a 20€, que incluem entrada, prato principal e sobremesa. O lema mantém-se: cozinha de excelência a preços acessíveis, promovendo estilos de vida saudáveis através de uma ementa inspirada na
dieta mediterrânica. Organizada pela Sabor do Ano, interliga a gastronomia com a solidariedade: por cada menu servido, 1€ reverte para as instituições Abraço e Movimento Mulheres de Vermelho. As reservas são feitas exclusivamente pelo Guia BestTables. A lista de restaurantes aderentes está disponível em www.restaurantweek.pt.
Lisboa Restaurant WeekNUNO FERREIRA SANTOS
13h20, 15h20, 19h45 (V.Port./2D), 17h55 (V.Port./3D); A Essência do Amor M12. Sala 3 - 13h10, 15h25, 18h30, 21h30; A Noite dos Mortos-Vivos M18. Sala 3 - 23h45; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. Sala 4 - 16h10, 19h50; O Grande Dia M12. Sala 4 - 14h10, 16h05, 18h, 21h50, 00h30; Homem de Ferro 3 M12. Sala 5 - 13h30, 15h50, 17h55, 21h25, 00h05; Esquecido Sala 6 - 17h25, 21h45; Transe M16. Sala 6 - 00h20; Assalto à Casa Branca M12. Sala 7 - 13h35, 15h55, 18h40, 21h30, 00h05; A Sangue Frio M16. Sala 8 - 13h40, 15h35, 17h30, 19h25, 21h35, 24h; Viagem de Finalistas M16. Sala 9 - 15h55, 22h, 23h55; Beat Girl M12. Sala 10 - 13h35, 15h45, 20h, 21h55, 23h50 UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1, Venteira. T. 707232221Os Croods M6. Sala 1 - 14h, 16h35 (V.P.); Fogo Contra Fogo M12. Sala 1 - 19h05, 21h40; O Grande Gatsby M12. Sala 2 - 15h, 21h15 (3D), 18h15 (2D); Nome de Código Paulette M12. Sala 3 - 19h15, 21h25; Gladiadores M6. Sala 3 - 13h45 (V.P./2D), 16h15 (V.P./3D); O Grande Dia M12. Sala 4 - 14h05, 16h40, 19h05, 21h35; Só Precisamos de Amor M12. Sala 5 - 14h15, 16h50, 19h20, 21h45; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. Sala 6 - 14h20, 16h45, 21h50; A Noite dos Mortos-Vivos M18. Sala 6 - 19h20; Esquecido Sala 7 - 14h, 16h35, 19h10, 21h45; O Guarda M12. Sala 8 - 13h50, 16h30, 19h, 21h30; Assalto à Casa Branca M12. Sala 9 - 13h55, 16h25, 19h10, 21h50; Homem de Ferro 3 M12. Sala 10 - 13h45, 16h20, 19h, 21h40; República di Mininus M12. Sala 11 - 14h10, 16h40, 19h5, 21h30
Barreiro Castello Lopes - Fórum BarreiroCampo das Cordoarias. T. 760789789O Grande Gatsby M12. Sala 1 - 15h30 (2D), 18h30, 21h30 (3D); Homem de Ferro 3 M12. Sala 2 - 15h10 (2D), 18h10, 21h10 (3D); O Grande Dia M12. Sala 3 - 15h40, 18h40, 21h40; Assalto à Casa Branca M12. Sala 4 - 15h20, 18h20, 21h20
Cascais ZON Lusomundo CascaiShoppingCascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996Incompatíveis e Não Só... M12. 18h40; Homem de Ferro 3 M12. 12h30, 15h30, 18h30, 21h20, 00h10; A Essência do Amor M12. 13h10, 16h, 21h05, 23h30; Aprovado M12. 12h50, 15h40, 18h20, 21h15, 24h; Assalto à Casa Branca M12. 12h40, 15h20, 18h10, 21h30, 00h05; Nome de Código Paulette M12. 17h50, 21h40, 23h40; Gladiadores M6. 13h20, 15h50 (V.Port.); O Grande Dia M12. 13h, 15h10, 18h, 21h50, 23h50; O Grande Gatsby M12. 13h30, 17h30, 21h, 00h20 (3D)
Caldas da Rainha Vivacine - Caldas da RainhaC.C. Vivaci. T. 262840197Assalto à Casa Branca M12. Sala 1 - 15h30, 18h20, 21h20; A Noite dos Mortos-Vivos M18. Sala 2 - 15h20, 18h, 21h30; O Grande Gatsby M12. Sala 3 - 15h10, 18h15, 21h15; Homem de Ferro 3 M12. Sala 4 - 15h25, 18h15, 21h10; Nome de Código Paulette M12. Sala 5 - 15h20, 18h25, 21h35
Carcavelos Atlântida-CineR. Dr. Manuel Arriaga, C. Com. Carcavelos (Junto à Estação de CP). T. 214565653
O Grande Gatsby M12. Sala 1 - 15h30, 21h30; A Essência do Amor M12. Sala 2 - 21h45; Renoir M12. Sala 2 - 15h45
Sintra CinemaCity Beloura ShoppingEstrada Nacional nº 9 - Quinta Beloura. T. 219247643A Música Que Nunca Acabou M12. Sala 1 - 15h25, 17h35, 19h40, 21h45; Fogo Contra Fogo M12. Sala 2 - 22h05; O Grande Gatsby M12. Sala 2 - 15h30, 17h20, 18h25, 21h20; O Grande Dia M12. Sala 3 - 22h; O Grande Gatsby M12. Sala 3 - 16h, 18h50, 21h40 (3D); As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 4 - 16h20 (V.Port.); Nome de Código Paulette M12. Sala 4 - 20h10; Gladiadores M6. Sala 4 - 15h20 (V.Port.); Homem de Ferro 3 M12. Sala 4 - 18h45; Homem de Ferro 3 M12. Sala 5 - 15h45, 19h10, 21h25; Assalto à Casa Branca M12. Sala 6 - 15h25, 17h40, 21h30; Taxi Driver M16. Sala 7 - 19h55; O Capital M12. Sala 7 - 16h15, 18h30, 21h50 Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789Assalto à Casa Branca M12. Sala 1 - 15h50, 18h40, 21h10; Homem de Ferro 3 M12. Sala 2 - 15h40, 18h30, 21h30 (3D); O Grande Dia M12. Sala 3 - 15h20, 18h45, 21h40; O Grande Gatsby M12. Sala 4 - 15h30 (2D), 18h20, 21h20 (3D); Viagem de Finalistas M16. Sala 5 - 16h05, 18h50, 21h; A Noite dos Mortos-Vivos M18. Sala 6 - 16h10, 19h, 22h; A Sangue Frio M16. Sala 7 - 13h40, 16h, 18h10, 21h50
Leiria CinemaCity LeiriaRua Dr. Virgílio Vieira Cunha. T. 244845071O Grande Gatsby M12. Sala 1 - 15h30, 18h25, 21h20 (3D); Esquecido Sala 2 - 21h45; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. Sala 2 - 19h45; Homem de Ferro 3 M12. Sala 3 - 16h, 18h50, 21h30; O Grande Gatsby M12. Sala 4 - 15h30, 18h25, 21h20; Os Croods M6. Sala 5 - 16h15 (V.Port.); O Grande Dia M12. Sala 5 - 18h20, 22h; A Noite dos Mortos-Vivos M18. Sala 5 - 20h10; Taxi Driver M16. Sala 6 - 21h35; O Grande Dia M12. Sala 6 - 15h45; O Grande Gatsby M12. Sala 6 - 17h35; Gladiadores M6. Sala 7 - 15h35, 17h40 (V.Port.); Assalto à Casa Branca M12. Sala 7 - 16h10, 18h45, 21h50
Odivelas ZON Lusomundo Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996Homem de Ferro 3 M12. 15h30, 18h20, 21h10; Assalto à Casa Branca M12. 15h40, 18h30, 21h15; Nome de Código Paulette M12. 16h, 18h40, 21h30; Gladiadores M6. 15h50, 18h10 (V.Port.); O Grande Dia M12. 21h20; O Grande Gatsby M12. 15h, 18h (2D), 21h (3D)
Oeiras ZON Lusomundo Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996Nome de Código Paulette M12. 18h, 21h10, 23h55; Gladiadores M6. 13h05, 15h25 (V.Port.); Homem de Ferro 3 M12. 12h40, 15h30, 18h25, 21h30, 00h25; O Grande Dia M12. 13h15, 16h, 21h40, 24h; O Grande Gatsby M12. 14h, 17h30 (2D), 21h, 00h10 (3D); A Sangue Frio M16. 13h10, 15h45, 18h10, 21h50, 00h15; A Essência do Amor M12. 13h, 15h50, 21h45, 00h20; O Grande Gatsby M12. 18h40; Só Precisamos de Amor M12. 18h50
Miraflores
ZON Lusomundo Dolce Vita MirafloresC. C. Dolce Vita - Av. Túlipas. T. 707 CINEMANome de Código Paulette M12. 21h; Gladiadores M6. 15h30, 18h (V.P.); Homem de Ferro 3 M12. 15h10, 18h10, 21h10; Assalto à Casa Branca M12. 15h20, 18h20, 21h20; O Grande Gatsby M12. 15h, 18h30, 22h
Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220O Grande Gatsby M12. Sala 1 - 12h40, 15h35 (2D), 18h30, 21h30 (3D); Assalto à Casa Branca M12. Sala 2 - 12h50, 15h30, 18h20, 21h10; Homem de Ferro 3 M12. Sala 3 - 13h, 15h50 (2D), 18h40, 21h20 (3D)
Torres Vedras ZON Lusomundo Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996Nome de Código Paulette M12. 15h15, 17h20, 19h30, 21h50; Gladiadores M6. 16h15, 19h (V.P.); Homem de Ferro 3 M12. 15h30, 18h20, 21h10; O Grande Dia M12. 21h40; Assalto à Casa Branca M12. 15h45, 18h40, 21h25; O Grande Gatsby M12. 17h (2D), 21h (3D)
Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789Dou-lhes Um Ano M12. Sala 1 - 16h10, 18h50; Nómada M12. Sala 1 - 21h; G. I. Joe Retaliação M12. Sala 2 - 15h50, 18h35, 21h10; O Grande Gatsby M12. Sala 3 - 15h30 (2D), 18h25, 21h20(3D); Homem de Ferro 3 M12. Sala 4 - 15h40, 18h30, 21h25 (3D); O Grande Dia M12. Sala 5 - 15h05, 17h10, 19h15, 21h40; Assalto à Casa Branca M12. Sala 6 - 16h, 18h40, 21h30
Setúbal Auditório CharlotAvenida Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446A Criança M12. Sala 1 - 21h30 ZON Lusomundo Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de Mourelos. T. 16996Incompatíveis e Não Só... M12. 18h45; Esquecido 12h30, 15h25, 18h15, 21h15, 00h10; Nome de Código Paulette M12.
12h50, 15h05, 17h50, 21h05, 23h20; Homem de Ferro 3 M12. 12h40, 15h35, 18h30, 21h30, 00h25; O Grande Dia M12. 13h10, 15h25, 17h55, 21h40, 23h50; Fogo Contra Fogo M12. 13h20, 15h55, 21h05, 23h35; Assalto à Casa Branca M12. 12h35, 15h20, 18h05, 21h20, 24h; O Grande Gatsby M12. 13h30, 16h40 (2D), 21h, 00h10 (3D); Aprovado M12. 12h50, 15h55, 18h40, 21h10, 23h40; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. 13h40, 16h15, 18h55, 21h45, 23h55; A Sangue Frio M16. 13h, 16h10, 18h50, 21h55, 00h25; Viagem de Finalistas M16. 13h15, 15h40, 21h40, 24h; A Noite dos Mortos-Vivos M18. 13h35, 15h55, 18h20, 21h, 23h30; Só Precisamos de Amor M12. 12h55, 16h, 18h40, 21h25, 00h15; O Grande Gatsby M12. 18h30; Gladiadores M6. 13h25, 15h45, 18h05 (V.Port.); O Capital M12. 21h20, 00h05 ZON Lusomundo Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996Assalto à Casa Branca M12. 15h50, 18h40, 21h20; O Grande Gatsby M12. 16h30 (2D), 20h50 (3D); Aprovado M12. 15h40, 18h10, 21h30; Esquecido 20h45; Nome de Código Paulette M12. 16h, 18h, 21h10; Gladiadores M6. 16h10, 18h30 (V.P.); Homem de Ferro 3 M12. 15h30, 18h20, 21h
Tomar Cine-Teatro Paraíso - TomarRua Infantaria, 15. T. 249329190G. I. Joe Retaliação M12. Sala 1 - 21h30; Aguenta-te aos 40 M12. Sala 1 - 21h30
Olhão Algarcine - Cinemas de OlhãoC.C. Ria Shopping. T. 289703332O Grande Gatsby M12. Sala 2 - 15h20, 18h20, 21h30; O Expatriado M12. Sala 3 - 15h15, 18h15, 21h15
Portimão Algarcine - Cinemas de PortimãoAv. Miguel Bombarda. T. 282411888Assalto à Casa Branca M12. Sala 1 - 15h, 17h15, 19h20, 21h30; Gladiadores M6. Sala 2 - 14h (V.Port.); O Grande Gatsby M12. Sala 2 - 15h45, 18h15, 21h45
Tavira Zon Lusomundo TaviraC. Com. Gran-Plaza, R. Almirante Cândido dos Reis. T. 16996
Nome de Código Paulette M12. 15h20, 17h25, 19h30, 21h35; Homem de Ferro 3 M12. 15h35, 18h20, 21h10; A Noite dos Mortos-Vivos M18. 15h15, 17h30, 19h40, 21h45; Assalto à Casa Branca M12. 15h30, 18h10, 21h15; O Grande Gatsby M12. 15h40, 18h35 (2D), 21h30 (3D)
TEATROLisboaCentro Cultural de BelémPraça do Império. T. 213612400 Frágil Enc. Carla Maciel, Mónica Garnel. De 20/5 a 2/6. 2ª a 6ª às 10h30 (para escolas, excepto dia 27). Sáb e Dom às 11h30 (Espaço Fábrica das Artes). Dos 0 aos 5 anos. Cinema São JorgeAvenida da Liberdade, 175. T. 213103400 Vamos lá então perceber as mulheres. Só um bocadinho... Enc. Sofia Bernardo. Com Marta Gautier. De 6/5 a 29/7. 2ª às 21h30. Largo do Chiado Arthur, The Drunk Puppet Com Cillian Rogers. De 17/5 a 20/5. 6ª, Sáb e 2ª às 18h (FIMFA Lx13). Duração: 20m. Teatro BocageR. Manuel Soares Guedes, 13A. T. 214788120 País da Música Enc. Mónica Sousa. De 20/5 a 24/5. 2ª a 6ª às 10h30 (escolas). Dia 26/5 às 16h. M/6. Duração: 50m. Teatro do BairroR. Luz Soriano, 63 (Bairro Alto). T. 213473358 LX Comedy Club Com Luís Franco Bastos, Ricardo Vilão, Rui Sinel de Cordes, Salvador Martinha. De 13/5 a 29/7. 2ª às 21h30. Stand-up comedy. M/16. Duração: 75m. Teatro RápidoRua Serpa Pinto, 14. T. 213479138 A-Bor-Todas! Enc. Alberto Sogorb Jover. De 2/5 a 31/5. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h20, 18h50, 19h20, 19h50 e 20h25 (na Sala 4). M/12. Duração: 15m. Debaixo de Água Enc. Eduardo Frazão. De 2/5 a 31/5. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h, 18h30, 19h, 19h30 e 20h (na Sala 1). M/16. Duração: 15m. Gisberta Enc. Eduardo Gaspar. Com Rita Ribeiro. De 2/5 a 31/5. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h15, 18h45, 19h15, 19h45 e 20h15 (na Sala 3). M/12. Duração: 15m. Nana (Canção de Embalar) Enc. Silvina Pereira. De 2/5 a 31/5. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h05, 18h35, 19h05, 19h35 e 20h05 (Sala 2). M/12. Duração: 15m.
EXPOSIÇÕESLisboaBES Arte & FinançaPça Marquês de Pombal, 3-B. T. 213508975 BES Revelação 2012 De Diana Carvalho, Joana Escoval, Tiago Casanova, Mariana Calé + Francisco Queimadela. De 19/4 a 31/5. 2ª a 6ª das 09h às 19h. Fotografia. Biblioteca Nacional de PortugalCampo Grande, 83. T. 217982000 Dos Céus ao Universo De 2/5 a 26/7. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental. Carlos Carvalho - Arte ContemporâneaR. Joly Braga Santos, Lote F - r/c. T. 217261831 Levantamento do Palácio da Rosa, Lisboa De Alberto Mallaguerra, Eurico Lino do Vale, João Favila Menezes. De 11/5 a 22/6. 2ª a 6ª das 10h às 19h30. Sáb das 12h às 19h30.Caroline Pagès GalleryR. Ten. Ferreira Durão, 12 - 1Dto. T. 213873376 Pulsar De Jesus Alberto Benitez. De 18/4 a 15/6. 2ª a Sáb das 15h às 18h.
AS ESTRELAS DO PÚBLICO
JorgeMourinha
Luís M. Oliveira
Vasco Câmara
É o Amor mmmmm mmmmm mmmmm
A Essência do Amor mmmmm mmmmm mmmmm
O Grande Gatsby mmmmm mmmmm mmmmm
Lawrence da Arábia mmmmm mmmmm mmmmm
Não mmmmm mmmmm mmmmm
Os Nossos Filhos – mmmmm mmmmm
O Outro Lado do Coração mmmmm – –Photo mmmmm mmmmm –A República di Mininus mmmmm – –Viagem de Finalistas mmmmm mmmmm mmmmm
a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente
36 | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013
SAIRCarpe Diem Arte e PesquisaR. de O Século, 79. T. 211924175 Colectiva De Gabriela Albergaria, Irit Batsry, João Pedro Vale + Nuno Alexandre Ferreira, Nelson Leirner, Valter Ventura, Alex Gabassi. De 9/3 a 25/5. Todos os dias.Casa da Achada - Centro Mário DionísioR. da Achada, 11 r/c. T. 218877090 José Júlio De 25/4 a 19/8. 2ª das 15h às 20h. Sáb e Dom das 11h às 18h.Casa da América LatinaAvenida 24 de Julho, 118B. O Lugar das Cores De Flávio Caporali, Inês Correia, Jorge Costa, Jorge Filipe Teixeira, Judith Klein, Rita Portugal Lima, Saíra Fátima Kleinhans Inoue. De 10/4 a 28/6. Todos os dias das 09h30 às 13h e das 14h às 18h30.Casa-Museu da Fundação António Medeiros e AlmeidaRua Rosa Araújo, 41. T. 213547892 Peças com história... A partir de 25/3. 2ª a 6ª das 13h às 17h30. Sáb das 10h às 17h30.Fundação José SaramagoRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 José Saramago: a Semente e os Frutos A partir de 13/6. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 10h às 14h. Documental, Biográfico, Outros. Fundação Mário SoaresR. S. Bento, 160. T. 213964179 Millôr De 9/4 a 31/5. 2ª a 6ª das 14h30 às 19h30. Desenho. Galeria 36Rua S. Filipe Nery, 36. T. 918972966 Quadricula Versátil De Pedro Noronha. De 18/4 a 25/5. 2ª a Sáb das 16h às 19h30. Pintura. Galeria António Prates - Arte ContemporâneaRua Alexandre Herculano, 39A. T. 213571167 Intervenção De Telmo Alcobia. De 10/5 a 8/6. 2ª a 6ª das 11h às 20h. Sáb das 15h às 20h. Telmo Alcobia De 10/5 a 8/6. 2ª a 6ª das 11h às 20h. Sáb das 15h às 20h. Pintura. Galeria de Arte UrbanaCalçada da Glória. T. 213227000 Almada por Se7e De Fidel Évora, João Samina, Mário Belém, Miguel Januário, Pantónio, Pedro Batista, Tamara Alves. De 7/4 a 30/9. Todos os dias (24h).Galeria Luís Serpa - ProjectosRua Tenente Raúl Cascais, 1B. T. 213977794 Apanhar Cogumelos é uma Atitude Perigosa #2 De Matt Franks, Gerard Hemsworth, Paula Soares, João Teixeira da Motta, Susanne
Palácio Nacional da AjudaLargo da Ajuda. T. 213637095 Joana Vasconcelos - Palácio Nacional da Ajuda De 22/3 a 25/8. 2ª, 3ª, 5ª, 6ª e Dom das 10h às 19h. Sáb das 10h às 21h.Perve Galeria de AlfamaRua Escolas Gerais, 17/19/23. T. 218822607 Eros. Exposição de Arte Erótica. Colecção Dr. Jorge Rocha Mendes De 16/5 a 22/6. 2ª a Sáb das 14h às 20h.Teatro Nacional de São CarlosLargo de São Carlos, 17. T. 213253045 Colectiva De Ana Rito, Helena Ferreira/Susana Rocha, Luísa Paiva Sequeira, Madre Barreira de Sousa. De 14/5 a 26/5. 2ª a 6ª das 13h às 19h.
Caldas da RainhaMuseu Barata Feyo R. Dr. Ilídio Amado. T. 262840540 Paisagens com Retrato e Natureza Morta De Albuquerque Mendes. De 15/5 a 30/6. 2ª, 4ª, 5ª e 6ª das 09h às 12h30 e das 14h às 17h30. Sáb e Dom das 10h às 13h e das 15h às 18h.
CascaisCasa das Histórias - Paula RegoAvenida da República, 300. T. 214826970 As Óperas e a Colecção da Casa das Histórias Paula Rego De Paula Rego. De 17/5 a 29/9. Todos os dias das 10h às 19h.
Linda a VelhaGaleria de Arte da Fundação Marquês de PombalAvenida Tomás Ribeiro, 18. T. 214158160 UrbanizArte De Eduarda Andrino. De 9/5 a 31/5. 2ª a 6ª das 14h30 às 17h30. Sáb das 15h às 18h.
Estoril
Galeria de Arte do Casino do EstorilPç. José Teodoro dos Santos. T. 214667700 Uma Lisboa Inacabada De Paulo Ossião. De 11/5 a 12/6. Todos os dias das 15h às 00h.
MoraFluviário de MoraParque Ecológico do Gameiro. T. 266448130 Biodiversidade dos Rios Portugueses A partir de 22/3. Todos os dias das 10h às 19h. Biotério Todos os dias das 10h às 19h.
Vila Nova da BarquinhaCentro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo (CIAAR)Largo do Chafariz. Dimensões do Passado - Homenagem a José da Silva Gomes De 3/4 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h às 12h30 e das 14h às 17h30.Vila Nova da Barquinha Parque de Escultura Contemporânea Almourol De Joana Vasconcelos, José Pedro Croft, Rui Chafes, Zulmiro Carvalho, Xana, entre outros. A partir de 6/7. Todos os dias. Escultura.
MÚSICALisboaPalácio FozPç. dos Restauradores. T. 213221200 Ronaldo Rolim Dia 20/5 às 18h.
PERFORMANCELisboaCulturgestRua Arco do Cego - CGD. T. 217905155 Peixe Lua Com Carla Galvão, Fernando Mota. De 18/5 a 26/5. 2ª a 6ª às 10h e 11h (para grupos, necessária marcação prévia).
SAIRThemlitz, João Vilhena. De 14/5 a 21/6. 2ª a 6ª das 15h às 19h. Pintura, Outros. Galeria MillenniumRua Augusta. Baixa em Tempo Real De 2/2 a 24/5. 2ª a Sáb das 10h às 13h e das 14h às 17h.Grémio LiterárioR. Ivens 37. Rui Chafes | Rui Macedo De 9/5 a 31/5. 2ª a 6ª das 10h às 20h. Escultura, Pintura. Institut Français du PortugalAv. Luís Bivar, 91. T. 213111400 Alexandra Nobre | Paulo Lourenço | Rui Serra De 10/5 a 20/5. 2ª a 6ª das 08h30 às 21h. Sáb das 08h30 às 13h.Instituto CamõesRua Rodrigues Sampaio, 113. T. 213109100 Por entre as fontes De 2/5 a 7/6. 2ª a 6ª das 09h30 às 13h30 e das 14h30 às 18h30. Lagartagis - BorboletárioR. Escola Politécnica, 54-56. T. 210443510 Lagartagis - Exposição de Borboletas Vivas Todos os dias das 10h às 17h. Lisboa Story Centre Terreiro do Paço. T. 916440827 Memórias da Cidade A partir de 11/9. Todos os dias das 10h às 20h (últ. admissão às 19h).Museu Arqueológico do CarmoLargo do Carmo. T. 213478629 Rui Chafes | Elsa Bruxelas | Lara Roseiro De 9/5 a 31/5. 2ª a Sáb das 10h às 18h.Museu da CervejaTerreiro do Paço. T. 210987656 Contos Murais De Júlio Pomar. A partir de 3/4. Todos os dias das 12h às 23h.Museu de Artes Decorativas PortuguesasLargo das Portas do Sol, 2 (Palácio Azurara). T. 218814600 i em pessoa De Teresa Gonçalves Lobo. De 13/3 a 24/6. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 17h.Museu das ComunicaçõesRua do Instituto Industrial, 16. T. 213935000 Casa do Futuro A partir de 1/3. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb às 16h. Mala Posta A partir de 1/12. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 14h às 18h. Obras da Colecção de Arte Contemporânea Portugal Telecom De Paula Rego, Ana Hatherly, Ângelo de Sousa, António Palolo, Alberto Carneiro, Álvaro Lapa, Eduardo Batarda, Michael Biberstein, entre outros. De 17/5 a 25/7. 2ª a 6ª das 10h às 18h (última 5ª do mês até às 22h, com entrada livre das 18h às 22h). Sáb das 14h às 18h. Vencer a Distância
- Cinco Séculos de Comunicações em Portugal A partir de 2/5. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 14h às 18h. Exposição permanente. Museu do CombatenteForte do Bom Sucesso. T. 213017225 A História da Aviação Militar A partir de 16/10. Todos os dias das 10h às 17h. Cruzeiro Seixas e Hélio Cunha De 4/5 a 30/6. Todos os dias das 10h às 17h. Engenharia e Tecnologia Militar na Antiguidade: Catapultas e Máquinas de Cerco De 1/3 a 30/1. Todos os dias das 10h às 18h. Guerra do Ultramar - 50 anos depois A partir de 11/2. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb, Dom e feriados das 10h às 17h. O Combatente Português do Século XX Todos os dias das 10h às 17h.Museu do OrienteAv. Brasília. T. 213585200 Cartazes de Propaganda Chinesa - A Arte ao Serviço da Política De 25/1 a 27/10. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (entrada gratuita a partir das 18h). Macau. Memórias a Tinta-da-China De Charles Chauderlot. De 1/2 a 30/6. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (entrada gratuita a partir das 18h).Oceanário de LisboaDoca dos Olivais. T. 218917002 Tartarugas Marinhas. A Viagem A partir de 7/4. Todos os dias das 10h às 19h.Paços do ConcelhoPraça do Município. Freguesias de Lisboa - Passado e Futuro De Daniel Rodrigues. De 13/5 a 30/9. 2ª a Sáb das 10h às 20h. Fotografia. Padrão dos DescobrimentosAv. Brasília . T. 213031950 Fotógrafos do Mundo Português 1940 De Mário e Horácio Novais, Eduardo Portugal, Paulo Guedes, Kurt Pinto, António Passaporte, Ferreira da Cunha, Abreu Nunes, Casimiro Vinagre, entre outros. De 24/2 a 26/5. Todos os dias das 10h às 19h.
As Óperas e a Colecção da Casa das Histórias Paula Rego
CARLOS POMBO
FARMÁCIAS
LisboaServiço PermanenteDalva (Saldanha) - Av. Duque D’Avila, 125 - Tel. 213545225 Europa (Sapadores -) - Av. General Roçadas, 27 A - Tel. 218143880 Galeno (Campo Pequeno - Av. de Roma) - Av. Oscar Monteiro Torres, 38 - A - Tel. 217974920 Martins (Estrela) - Calçada da Estrela, 165-167 - Tel. 213960823 São Tomé (Lumiar) - Estrada do Desvio, Lt 12 - C - Tel. 217590704 Simão (Olivais) - Rua Cidade Cabinda, 16 A - Tel. 218510581
Outras LocalidadesServiço PermanenteAbrantes - Mota Ferraz Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Santos Pinto Alcácer do Sal - Misericórdia Alcanena - Ramalho Alcobaça - Belo Marques, Alves (Benedita), Nova (Benedita) Alcochete - Nunes, Póvoas (Samouco) Alenquer - Cuco, Matos Coelho Aljustrel - Dias Almada - Ramaldinho, Vale Fetal, Magalhães Herd., Central - Trafaria (Trafaria) Almeirim - Correia de Oliveira Almodôvar - Aurea
Alpiarça - Aguiar Alter do Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama, Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Carmele, Central, Vaz Martins Ansião - Teixeira Botelho, Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Vieira Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Central, Miranda Barrancos - Barranquense Barreiro - Mascarenhas Neto Batalha - Moreira Padrão, Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Fonseca Belmonte - Costa, Central (Caria) Benavente - Batista, Central (Samora Correia) Bombarral - Franca Borba - Central Cadaval - Misericórdia, Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)), Luso (Fev,Abr,Jun) (Vilar Cadaval (Fev,Abr,Jun)) Caldas da Rainha - Rainha Campo Maior - Central Cartaxo - Correia dos Santos Cascais - de São Gonçalo (Carcavelos), D’Aldeia, São João (Estoril) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira)
Castelo Branco - Rodrigues dos Santos (Sarzedas) Castelo de Vide - Freixedas Castro Verde - Alentejana Chamusca - Pinto Rodrigues (Parreira) Constância - Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Higiene Covilhã - São João Crato - Saramago Pais Cuba - Da Misericórdia Elvas - Lux Entroncamento - António Lucas Estremoz - Costa Évora - Motta Faro - Alexandre Ferreira do Alentejo - Salgado Ferreira do Zêzere - Soeiro Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda), Vidigal Fronteira - Costa Coelho Fundão - Vitória Gavião - Gavionense, Pimentel Golegã - Oliveira Freire Grândola - Pablo Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova), Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Freitas (Zebreira) Lagoa - José Maceta Lagos - A Lacobrigense Leiria - Lis (Gandara dos Olivais) Loulé - Nobre Passos (Almancil), Pinto, Algarve (Quarteira) Loures - Alto da Eira, Das Colinas, Das Olaias, Paula de Campos (Portela) Lourinhã - Correia Mendes (Moita dos Ferreiros), Leal (Rio Tinto) Mação - Saldanha Mafra - Barros (Igreja Nova), Afonso de Medeiros
(Milharado) Marinha Grande - Central Marvão - Roque Pinto Mértola - Nova de Mértola Moita - Teixeira (Baixa da Banheira) Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Misericórdia Montijo - São Pedro Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura - Faria Mourão - Central Nazaré - Sousa, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Seabra Odemira - Confiança Odivelas - Silva Monteiro (Ponte da Bica/Odivelas) Oeiras - Central, Combatentes, Mourão Vaz Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - da Ria Ourém - Iriense, Verdasca Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense Palmela - Coelho Marques Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Cunha Gil Peniche - Higiénica Pombal - Torres e Correia Lda. Ponte de Sor - Varela Dias Portalegre - Chambel Suc. Portel - Misericordia Portimão - Moderna Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda, Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Redondo - Xavier da Cunha Reguengos de Monsaraz -
Moderna Rio Maior - Almeida Salvaterra de Magos - Carvalho Santarém - Francisco Viegas Sucrs Santiago do Cacém - Corte Real São Brás de Alportel - São Brás Sardoal - Passarinho Seixal - Nobre Guerreiro (Amora) Serpa - Central Sertã - Patricio, Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - Bio-Latina, da Cotovia, Lopes Setúbal - Alice, Isabel Silves - Guerreiro Sines - Monteiro Telhada (Porto Covo), Central Sintra - Clotilde Dias, Cristina, Portela, De Colares (Colares), André (Queluz), Viva (Rio de Mouro) Sobral Monte Agraço - Moderna Sousel - Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Montepio Artistico Tavirense Tomar - Misericórdia Torres Novas - Nicolau Torres Vedras - Quintela Vendas Novas - Santos Monteiro Viana do Alentejo - Viana Vidigueira - Costa Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Botto e Sousa, Estevão (Brejo), Higiénica (Póvoa de Santa Iria), Higiene Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) Vila Real de Santo António - Carrilho Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Torrinha
PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | 37
FICAROs mais vistos da TVSexta-feira, 18
FONTE: CAEM
TVITVITVISICSIC
14,413,412,1
10,710,0
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23,322,5
RTP1
2:
SICTVI
Cabo 32,0
Big Brother Vip: DiárioDestinos CruzadosJornal das 8Gosto Disto!Jornal da Noite
12,4%%2,0
18,123,6
33,3
CINEMA Dick e Jane — Ladrões sem Jeito [Fun with Dick and Jane]AXN White, 21h50Os anos duros de trabalho de
Dick ( Jim Carrey) são fi nalmente
recompensados quando é
promovido. Mas apenas um dia
depois a empresa em que trabalha
entra em colapso fi nanceiro. Dick,
que nunca pensou em poupar
a pensar que um dia poderiam
chegar dias menos afortunados,
vê então, juntamente com a
mulher, Jane (Téa Leoni), a sua
qualidade de vida a eclipsar-se.
Farto de jogar segundo as regras
e não desistindo do seu sonho
americano, Dick resolve então
tentar jogadas menos legais...
Planos Ocultos [Best Laid Plans]FOX Movies, 20h28A história de um casal que se
envolve em problemas quando
tenta encontrar uma maneira
fácil de ganhar dinheiro. Nick
(Alessandro Nivola) e Lissa (Reese
Witherspoon) conhecem-se num
bar em Tropico. Nick está com
Bryce ( Josh Brolin), um velho
amigo que voltou à cidade.
Nick resolve ir para casa. Mais
tarde Bryce telefona em pânico
a Nick e pede-lhe que vá até à
casa dele. Quando Nick lá chega
depara-se com um ambiente
de total insanidade: depois de
Bryce ter levado Lissa para casa,
ela acusou-o de violação e ele
amarrou-a. Mas nem tudo é o
que parece e o enredo do fi lme
de Mike Barker vai apresentando
algumas surpresas.
Coriolano [Coriolanus]TVC1, 23h30A coragem do general Caius
Martius “Coriolano” é lendária e
o seu nome respeitado por todos
os cidadãos de Roma. Porém,
durante a sua candidatura a
cônsul, é desacreditado perante
o eleitorado. E assim, contra
todas as previsões, acaba vencido.
Enfurecido, desmente e denigre
o próprio senado, acabando por
perder a cidadania romana e ser
exilado. Agora, tornado apátrida,
procura vingança. Com um plano
em mente, faz uma proposta a
Tullus Aufi dius, o maior inimigo
de Roma: juntar estratégias e
arrasar defi nitivamente a nação
que o viu nascer. Realizado por
Ralph Fiennes.
DOCUMENTÁRIOS
Negócio FechadoDiscovery, 20h05Depois de uma estranha caixa
cheia de bonecas de voodoo
chegar à galeria, Paul e a sua
equipa fazem uma lista das dez
peças mais estranhas com que já
tiveram contacto.
Operações OcultasOdisseia, 22h03Um percurso pelas unidades de
elite, algumas mundialmente
conhecidas e outras
preferencialmente desconhecidas.
Num itinerário sobre o seu
funcionamento interno, caso
dos SEAL norte-americanos, dos
Alpha Group russos ou dos Gatos
Pretos indianos, são revividos
certos atentados, tais como os
ataques organizados a Bombaim,
os reféns do Teatro Dubrovka
em Moscovo ou a caça a Osama
Bin Laden, em que estas forças
especiais aparecem em último
recurso, quando já não há mais
alternativas e com a possibilidade
de graves consequências políticas.
MAGAZINE
A Química das CoisasSIC K, 17h00Uma produção nacional,
concretizada pela empresa
Science Offi ce Portugal e pela
Universidade de Aveiro. Com
apresentação de Cláudia Semedo,
a série compreende 13 breves
episódios, nos quais se pretende
desvendar o misticismo negativo
da química, mostrando que é
uma constante presença no nosso
quotidiano, e revelar como os
desenvolvimentos recentes desta
ciência contribuem para o bem-
-estar da sociedade.
INFANTIL
Art AttackDisney, 11h15 e 11h40Salvador Nery continua a
conduzir as crianças e os pais
numa viagem pela criatividade,
dando simples instruções passo
a passo de como criar peças
de arte recorrendo a objectos
caseiros do dia-a-dia. De segunda
a sexta.
SIC, 2.15 O Encantador de Cães
RTP16.30 Bom Dia Portugal 10.00 Praça da Alegria 13.00 Jornal da Tarde - Directo 14.15 Windeck - O Preço da Ambição 15.00 Éramos Seis 15.45 Portugal no Coração 18.00 Portugal em Directo 19.00 O Preço Certo 19.45 Direito de Antena 20.00 Telejornal - Inclui 360º - Directo 21.00 Termómetro Político 21.30 AntiCrise 22.15 Bem-vindos a Beirais 22.45 Prós e Contras 0.15 5 Para a Meia-Noite 1.15 Nikita 02.00 Californication 2.30 Vidas em Jogo
RTP27.00 Zig Zag 13.00 National Geographic 14.00 Sociedade Civil 15.30 Iniciativa 15.34 Janela Indiscreta com Mário Augusto 16.03 RTP Premium 17.00 Zig Zag 18.00 A Fé dos Homens 18.35 Viagem ao Centro da Minha Terra 19.19 Iniciativa 19.22 Eurodeputados 20.00 Zig Zag 21.00 National Geographic 21.53 A Hora da Sorte 21.59 24 Horas - Sumário - Directo 22.35 Cinco Noites, Cinco Filmes - Chicago 0.00 24 Horas - Directo 1.00 U24 1.30 Escola das Artes da Universidade Católica do Porto - Não Linear 2.00 Euronews
SIC7.00 Edição da Manhã 8.45 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.10 Querida Júlia 13.00 Primeiro Jornal - Directo 14.40 Vingança 15.45 Boa Tarde 18.30 Cheias de Charme 20.00 Jornal da Noite - Directo 21.30 Dancin’Days 22.30 Avenida Brasil 23.35 Páginas da Vida 0.40 Mentes Criminosas 1.20 C.S.I Miami 2.15 O Encantador de Cães 3.00 Podia Acabar o Mundo
TVI 6.30 Diário da Manhã 10.00 Você na TV! - Directo 13.00 Jornal da Uma - Directo 14.30 Ninguém como Tu 16.00 A Tarde É Sua - Directo 18.00 Doce Fugitiva 19.00 Doida por Ti 20.00 Jornal das 8 - Directo 21.30 Big Brother Vip - Diário 22.15 Destinos Cruzados 23.15 Mundo ao Contrário 00.15 Big Brother Vip - Extra 02.00 Eureka 03.45 Deixa-me Amar
TVC1 11.35 Underworld: O Despertar 13.05 Justiça para Natalee Holloway 14.30 Florbela 16.25 Fastest - Guerreiros da Pista 18.15 Underworld: O Despertar 19.40 Imortais 21.30 Prometheus 23.30 Coriolano 1.30 Imortais
FOX MOVIES11.00 Tempestade 13.06 Ensaio sobre a Cegueira 15.04 Os Outros 16.46 Os Filhos do Homem 18.33 Nove 20.28 Planos Ocultos 22.00 Armadilha em Banguecoque 23.39 Alien - O Regresso 1.26 Alta Fidelidade
HOLLYWOOD11.50 O Menino de Cabul 14.00 Armadilha em Alto Mar 15.35 As Amigas do Meu Namorado 17.20 Cavalgada para a Morte 19.05 Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban 21.30 O Santo 23.35 Anaconda 1.10 Gritos 2
AXN18.56 O Mentalista 19.46 Era Uma Vez 20.36 Castle 21.30 Mentes Criminosas 22.26 Hannibal 23.20 C.S.I. Nova Iorque 0.15 Hannibal 1.10 Medium 1.58 Londres Distrito Criminal
AXN BLACK14.45 Filme: 13 Fantasmas 16.16 Torchwood 17.10 Boardwalk Empire 18.11 Chuck 18.58 Torchwood 19.52 Sobrenatural 20.38 Roma Criminal 21.35 Sem Escrúpulos 22.34 Filme: El Mariachi 23.59 Sem Escrúpulos 0.58 Sobrenatural 1.44 Filme: El Mariachi
AXN WHITE15.15 Melissa e Joey 15.59 Filme: Basta 17.52 Lotação Esgotada 18.39 Gossip Girl 19.26 Las Vegas 20.12 Melissa e Joey 21.00 Era Uma Vez 21.50 Filme: Dick e Jane - Ladrões sem Jeito 23.20 Era Uma Vez 0.10 Mágoas de Grandeza 1.00 Melissa e Joey
FOX 14.35 Os Simpson 15.20 Foi Assim Que Aconteceu 16.10 Ossos 17.40 Lei & Ordem 18.25 Lei & Ordem: Intenções Criminosas 19.40 Family Guy 20.00 Os Simpson 20.50 Foi Assim Que Aconteceu 21.20 Casos Arquivados 22.20 Touch 23.05 Jo 0.00 Touch 0.55 Spartacus: os Deuses da Arena
FOX LIFE 14.56 Tudo Acaba Bem 15.43 Masterchef USA 16.25 No Meio do Nada 16.50 Uma Família Muito Moderna 17.34 Tudo Acaba Bem 18.17 90210 19.01 Masterchef USA 20.31 O Sexo e a Cidade 21.25 The Good Wife 22.17 American Idol 23.00 O Sexo e
a Cidade 23.55 Masterchef USA 0.42 Medium 1.30 Scandal
DISNEY15.20 Casper – o Fantasminha 15.45 Rekkit Rabbit 16.10 Timon e Pumba 17.00 Phineas e Ferb 17.50 Monster High 17.53 Shake It Up 18.15 A.N.T. Farm – Escola de Talentos 18.40 Professor Young 19.05 A Minha Banda 19.30 Boa Sorte, Charlie! 19.55 Austin & Ally 20.20 Jessie 20.45 Phineas e Ferb 21.00 Hannah Montana
DISCOVERY18.20 O Segredo das Coisas 19.10 Máquinas Gigantes: Ski Dubai 20.05 Negócio Fechado: As Peças Mais Estranhas 21.00 Duo de Sobreviventes 22.00 Criaturas Estranhas com Dominic Monaghan 22.55 O Grande Azul 23.45 Fanáticos por Armas 0.35 Negócio Fechado
HISTÓRIA 16.00 O Preço da História: As Apostas do Oeste 16.25 O Preço da História: da Selva Amazónica 16.50 Misteriosos Naufrágios: O SS Leopoldville 17.45 Monstros Lendários: Cães Selvagens 18.35 Caçadores do Pântano: Isto É Pessoal 19.25 O Preço da História: As Apostas do Oeste 19.50 O Preço da História: da Selva Amazónica 20.15 O Preço da História: O Chapéu de John Wayne 20.40 O Preço da História: As Fotos da NASA 21.05 O Universo: Como se Formou o Sistema Solar 22.00 10 Coisas Que Não Sabia: Benjamin Franklin 22.25 10 Coisas Que Não Sabia: Abraham Lincoln 22.50 Mistérios Enterrados: Segredos Maias 23.40 Os homens Que Construíram a América: O Início de Uma Nova Guerra 0.30 O Preço da História: O Chapéu de John Wayne
ODISSEIA15.47 Órbita, a Viagem da Terra 16.36 Madagáscar: Mundos Perdidos 17.28 Código Jurássico 18.20 Ligação Selvagem: Uma Construção Natural 19.17 Rotas Míticas IV: Cuba, uma Viagem ao País do Bloqueio 20.10 Os Demolidores: Ep.2 21.00 1000 Formas de Morrer II 22.03 Operações Ocultas: Noite de Terror 22.53 Combates Corpo a Corpo: Operações Especiais da Polícia 23.21 Combates Corpo a Corpo: O Exército Russo na Tchetchénia 23.48 1000 Formas de Morrer II
38 | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013
JOGOSCRUZADAS 8440
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Madeira
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Viana do Castelo
Braga4º 20º
Porto5º 17º
Vila Real4º 17º
6º 18º
Bragança5º 16º
Guarda2º 12º
Penha Douradas0º 9º
Viseu3º 16º
Aveiro6º 18º
Coimbra5º 18º
Leiria5º 18º
Santarém6º 20 º
Portalegre4º 17º
Lisboa8º 19º
Setúbal6º 21º Évora
5º 16º
Beja5º 19º
Castelo Branco5º 18º
Sines8º 17º
Sagres11º 16º
Faro11º 19º
Corvo
Graciosa
FaialPico
S. Jorge
S. Miguel
Porto Santo
Sta Maria
14º 19º
13º 19º
Flores
Terceira13º 19º
15º 21º
16º 22º
13º 19º
16º
15º
06h21
Cheia
20h46
05h2525 Mai.
0,5-1m
1-2m
17º
1-2m
21º0,5-1m
19º1,5-2m
11h54 2,800h11* 2,9
05h37 1,217h59 1,2
11h30 2,823h47 3.0
05h12 1,317h34 1,4
11h30 2,823h47 3.0
05h12 1,317h34 1,4
11h35 2,723h56 2,9
05h08 1,217h31 1,2
1,5-2m
1,5-2m
1-2m
12º
16º
15º
Horizontais 1. O qual. Ler por sílabas. 2. Luz da Lua. Lista. 3. Época. A face interna e côncava da mão. 4. Bom ca-çador de ratos (falando-se do gato ou cão). O tio dos americanos. 5. Que tem muito peso (fem.). 6. Planície à beira de um rio. Marido da tia. Quilolitro (abrev.). 7. Atmosfera. Esposa do filho. Jibóia. 8. Bolsa usada pelas senhoras. Sufixo (agente). 9. Casualidade. Que é de bron-ze. 10. Causa dor. Conjunto dos ramos e folhas das árvores. 11. Queima. O natural ou habitante da Malásia.
Verticais: 1. A pessoa ou as pessoas que. Grande vala. 2. Dirigir-se. Tira do ves-tido ou da calça, que rodeia a cinta. 3. Segurar-se com as gavinhas. Em maior quantidade. 4. Somente. 5. Estado de equilíbrio e completo bem-estar físi-co, mental e social. Perfume. 6. Seguir até. Molusco bivalve que pode produ-zir pérolas. Antes do meio-dia (abrev.). 7. Capital de Cabo Verde. Ave corredo-ra sul-americana. 8. Altar. República Dominicana (domínio de Internet). Verbal. 9. Saquinho onde se traz o di-nheiro. Desavença. 10. Pedaço de ma-deira ou metal entre a sola e a palmilha de um sapato. Abreviatura de knock-out. Regra. 11. Espaçosas. Contracção dos pronomes “me” e “o”. Depois do problema resolvido encon-tre o provérbio nele inscrito (7 pala-vras).
Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Atado. Autor. 2. Pise. Enduro. 3. Ama. Isto. Fr. 4. Girante. VÃ. 5. An. Chispa. 6. Graal. Ruga. 7. Loro. Ar. 8. Apupa. Ictio. 9. Mona. Toural. 10. Apitei. Rodo. 11. Sarou. Ramo.Verticais: 1. Apaga. Damas. 2. Timing. Popa. 3. Asar. Reunir. 4. De. Aca. Pato. 5. Inhala. Eu. 6. Estilo. Ti. 7. Antes. Rio. 8. Udo. PROCURA. 9. Tu. Vau. Trom. 10. Orfã. Gaiado. 11. Ror. Parolo.Título da Obra: Vã Procura.
Oeste Norte Este Sul 1♠X XX passo 3♠passo 4♠ Todos passam
Leilão: Equipas ou partida livre.Carteio: Saída: A♥. Depois de encaixar o Ás e o Rei de copas, Oeste joga o 2 de paus pa-ra o Ás do morto. Qual o seu plano de jogo?
Solução: A Dama de copas permitir-nos-á baldar um dos ouros perdentes da nossa mão. O outro ouro poderá ser cortado no morto. Não haverá qualquer problema no carteio, a não ser que os trunfos se apre-sentem 4-0, situação em que podemos perder duas vazas a trunfo. Jogar já uma espada para o 9, procurando abarcar desde logo a hipótese de Este ter os quatro trun-fos que faltam, não é uma solução prática. Correríamos o risco de perder para uma fi-gura singleton em Oeste e, mais tarde, um recorte de Este na terceira volta de ouros.Existe uma outra forma de lidar com essa possibilidade, e bem mais segura que aque-la. Esta linha de jogo envolve uma redução de trunfo, e dado que não existem muitas entradas no morto o melhor a fazer é come-çar desde já a cortar um pau na mão. Se tem consideração pelas cartas pequenas, não desperdice o 3 de espadas da sua mão, po-derá vir a ser útil mais tarde. A jogada corre-ta é cortar o pau com o 6 de espadas. De se-guida, o Ás de espadas para perceber o que se passa em trunfo.
Dador: SulVul: NS
Problema 4868 Dificuldade: fácil
Problema 4869 Dificuldade: médio
Solução do problema 4866
Solução do problema 4867
NORTE♠ 1054♥ Q74♦ K7♣ AJ753
SUL♠ AK9763♥ J5♦ A952♣ 9
OESTE♠ -♥ AK108♦ QJ863♣ K1042
ESTE♠ QJ82♥ 9632♦ 104♣ Q86
João Fanha/Luís A.Teixeira ([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
Se todos assistirem, tudo muito simples, batemos também o Rei de trunfo, vamos ao morto no Rei de ouros, tiramos a Dama de copas no qual baldamos um ouros, ouro para o Ás e ouro cortado. A defesa só terá direito a uma vaza de trunfo (se os trunfos estiverem 3-1).Se Oeste não assistir, jogamos um ouro para o Rei, baldamos um ouro na Dama de copas e cortamos outro pau, com 7 desta vez. Continuamos com o Ás de ouros e ouro que cortamos com o 10 de trunfo. Se Este assistir, podemos agora garantir o contrato jogando uma qualquer carta do morto e, assim que Este intercalar uma das suas figu-ras de trunfo, jogamos o 3 para o deixar em mão e forçado a jogar trunfo para os nossos Rei e 9 da mão, a passagem dá-nos as dez vazas.A questão de preservar o 3 de trunfo torna-se relevante quando Este tiver apenas du-as cartas de ouros, como é o caso de hoje. Depois de Este recortar com o Valete de trunfo, sobre o 10 do morto, estará reduzido a Q8 de trunfo e uma outra carta, que deve-rá ser uma copa. Mais uma vez, uma volta a trunfo permite-nos fazer as restantes vazas depois da passagem. E, se Este resolver vol-tar a carta que lhe sobra, uma copa, estare-mos na posição de atribuir o justo valor a es-sa carta fantástica: o 3 de espadas! Jogamos o 3 da mão e recortamos com o 5 do morto! Na altura certa a mão está no morto para capturar os restantes trunfos de Este.
Oeste Norte Este Sul 1ST 2♠?O que marca com a seguinte mão?♠83 ♥J1085 ♦KJ72 ♣K32
Resposta: Com mais algum jogo sabería-mos o que fazer, mas desta vez a mão não é suficientemente boa para forçar a parti-da. A solução passa pelo uso do dobre ne-gativo, uma ferramenta extremamente útil para complementar o Lebenshol. O dobre, nestas circunstâncias, promete uma mão com cerca de 8-9 pontos e, uma distribui-ção tendencialmente tricolor (curto no nai-pe de intervenção). O parceiro irá decidir o contrato final. A boa voz: dobre.
MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt
40 | DESPORTO | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013
Oito minutos bastaram para o Sporting afundar de vez o Beira-Mar
Para o Sporting, era a honra que es-
tava em causa. Para o Beira-Mar, a
continuidade na II Liga. E aqueles
oito minutos, entre os 22’ e os 29’,
ajudaram a inclinar a balança a fa-
vor dos visitantes. A 17.ª derrota dos
aveirenses (1-4) neste campeonato
foi a que ofi cializou a descida de di-
visão e foi também uma espécie de
resumo da matéria dada, fechando
uma temporada em que a equipa an-
dou sempre à procura da máscara
de oxigénio.
A história do jogo conta-se prati-
camente em três lances, todos eles
dentro da casa dos 20 minutos. Aos
22’, Nuno Lopes carrega Carrillo na
área e Adrien mostra como se mar-
ca uma grande penalidade; aos 28’,
Miguel Lopes desce pela direita, des-
cobre Wolfswinkel no lado contrá-
rio e o holandês, com frieza e classe,
domina e dispara com efi cácia; aos
29’, o ponta-de-lança surge isolado,
tira Rui Rego do caminho e atira sem
oposição para a baliza.
Ainda Costinha, sentado no ban-
co, repunha as peças no tabuleiro
após o 0-2 e já o Beira-Mar elevava
para três o número de golos sofridos.
Um golpe demasiado profundo nas
aspirações de uma equipa que pre-
cisava desesperadamente de vencer
(e de uma conjugação favorável de
resultados noutros dois estádios) pa-
ra começar a pensar em 2013-14 ao
mais alto nível.
Ao intervalo, três mexidas de uma
assentada na equipa da casa. Entram
Tonel, Dias e Abel Camará, saem Nu-
no Lopes, Fleurival e Serginho. Em
clara desvantagem no marcador,
frente a um Sporting que havia feito
três golos em quatro remates à bali-
za, o Beira-Mar tentava reeguer-se.
Aos 69’, Ruben Ribeiro deu um ar
da sua graça, com um remate colo-
cado depois de uma falha de marca-
ção dos centrais leoninos. Mas o 1-3
estava longe de se aproximar sequer
das necessidades pontuais dos avei-
renses e, apesar de uma maior pres-
são, o Sporting foi sacudindo sempre
com relativa facilidade os solavancos
atacantes do adversário.
No contra-ataque, os “leões” nem
sempre tiveram discernimento para
explorar os espaços proporcionados
pelo forcing aurinegro, mas o 1-4 che-
gou mesmo, aos 89’, pelos pés de
Adrien (o único médio da equipa a
fazer dois golos num jogo da Liga es-
ta época), com um remate colocado
já dentro da área.
Era a despedida da equipa (e de
Jesualdo Ferreira, que ontem tor-
nou ofi cial a saída do clube) com a
maior goleada da época, que atirou
o Beira-Mar para II Liga com a defesa
mais batida da prova (55 golos), lado
a lado com a do V. Setúbal.
Crónica de jogoNuno Sousa
Os “leões” alcançaram, em Aveiro, a maior goleada da época na I Liga, com golos de Wolfswinkel e Adrien, no último jogo de Jesualdo Ferreira como técnico “leonino”. A equipa da casa não evitou a despromoção
O holandês Van Wolfswinkel marcou dois golos no seu último jogo ao serviço do Sporting
FRANCISCO LEONG/AFP
REACÇÕES
“Não fizemos nada do que trabalhámos na primeira parte. A descida não se deve apenas a este jogo”
“A primeira parte foi magnífica, na segunda não fomos tão eficazes, mas ganhámos o jogo com toda a justiça”
CostinhaBeira-Mar
Jesualdo FerreiraSporting
Beira-Mar 1Rúben Ribeiro 69’
Sporting 4Adrien 22’ (g.p.), 89’, Van Wolfswinkel 28’, 29’
Positivo/Negativo
Estádio Municipal de AveiroEspectadores cerca de 10.000
Beira-Mar Rui Rego, Nuno Lopes a20’ (Tonel, 46’), Hugo, Bura a90+1’, Hélder Lopes, Fleurival (Dias, 46’), Dani Abalo, Rúben Ribeiro a49’, Balboa, Serginho (Abel Camará, 46’) e Yazalde. Treinador Costinha
Sporting Rui Patrício, Miguel Lopes, Boulahrouz, Rojo a47’ Joãozinho, Rinaudo, Adrien, André Martins (Ricardo Esgaio, 59’), Carrillo (Schaars, 72’), Bruma (Nil Plange, 90+1’) e Ricky Van Wolkswinkel. Treinador Jesualdo Ferreira
Árbitro Duarte Gomes (AF Lisboa)
AdrienNão é todos os dias que um médio faz dois golos num só jogo e ontem Adrien fez por merecê-los. Teve critério com a bola nos pés e soube pressionar o adversário sempre que era preciso recuperá-la.
Wolfswinkel Despediu-se dos adeptos da melhor forma, antes da nova aventura que terá pela frente no Norwich. O holandês fechou o campeonato com 12 golos, justamente um terço do total alcançado pela equipa em toda a temporada.
Rúben RibeiroTem velocidade, visão de jogo e técnica q.b. O golo foi apenas um pormenor num jogo em que não teve hipóteses de fazer mais.
Defesa do Beira-MarO erro de Nuno Lopes no lance da grande penalidade e os da dupla de centrais nos dois golos seguintes deitaram tudo a perder demasiado cedo.
PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | DESPORTO | 41
Outros jogos
O Olhanense precisava de vencer para se manter na I Liga e depois logo veria o que lhe acontecia, dependendo dos restantes resultados. Só que os algarvios não cumpriram sequer a sua parte e a despromoção tornou-se inevitável.
Nenhuma das equipas tinha algo a ganhar ou a perder, tirando a sua posição final na classificação. O triunfo acabou por cair para os homens da casa, num jogo em que não foram mostrados cartões.
Olhanense 0
Marítimo 0
Jogo no Estádio José Arcanjo, em Olhão.
Assistência 3352 espectadores
Olhanense Rafael Bracalli, Luís Filipe, André Micael, Fernando Alexandre, Jander, Lucas (Leandro, 75’), Nuno Piloto, Ivanildo (Djalmir, 75’), Rui Duarte, Targino a59’ (Abdi, 59’) e Evandro Brandão a71’. Treinador Bruno Saraiva.
Marítimo Salin, Briguel, Márcio Rozário, Igor Rossi, Rúben Ferreira, Marakis, Artur a45’ (Luís Olim, 80’), Sami a16’, Danilo Dias (Fidélis, 65’), Suk e Heldon (Rúben Brígido, 56’ a70’). Treinador Pedro Martins.
Árbitro Rui Costa (Porto)
Nacional 2Candeias 42’, Keita 65’
Académica 1Edinho (g.p.) 48’
Jogo no Estádio da Madeira, na Choupana.
Assistência Cerca de 1200 espectadores
Nacional Gottardi, Nuno Campos (João Aurélio, 57’), Miguel Rodrigues, Mexer, Marçal, Aly Ghazal (Revson, 28’), Claudemir, Jota, Candeias (Mateus, 72’), Keita e Mário Rondon. Treinador Manuel Machado.
Académica Ricardo, João Dias, Flávio, Halliche, H. Cabral, B. China, Marcos Paulo, Rodrigo Galo (Amessan, 67’), Marinho (Cissé, 76’), Edinho e Wilson Eduardo. Treinador Sérgio Conceição.
Árbitro João Ferreira (Setúbal)
Há um ano, o Estoril-Praia comemo-
rava o regresso ao grupo das melho-
res equipas portuguesas. Ontem, fez
a festa do acesso à Liga Europa, um
feito inédito na história do clube e
que fi cou garantido com a vitória
sobre o Gil Vicente (que, apesar de
derrotado, conseguiu escapar à des-
promoção).
Se um empate e o ponto corres-
pondente chegavam para pagar o
bilhete do sonho europeu, as contas
pareceram complicar-se após o 1-0
a favor da equipa de Barcelos, ca-
rimbado por Sandro Cunha, aos 25
minutos. Em Guimarães, o Rio Ave
colocava-se em vantagem e acentua-
va a pressão. O resultado em Barce-
los manteve-se até aos 55 minutos,
momento em que o Estoril equili-
brou o marcador com um cabece-
amento do defesa Steven Vitória.
Pouco tempo depois, o Estoril,
que vinha embalado por um em-
pate na Luz e pela vitória frente ao
Beira-Mar, numa época que fi cará
para a história do clube, acabou
por se adiantar no marcador atra-
vés de uma grande penalidade (67’)
após falta de Murta sobre Luís Leal.
Steven Vitória bisou e o Gil Vicente
viu-se reduzido a dez jogadores, por
expulsão de Murta. A partir daqui
tudo foi mais fácil, e a equipa co-
mandada por Marco Silva acabou
mesmo por dilatar a vantagem para
1-3 após um golo de Luís Leal (74’),
com o avançado a fi xar o Estoril no
quinto lugar da classifi cação.
Estoril segura o seu lugar na Liga Europa
Futebol
Gil Vicente 1Sandro 26’
Estoril 3Steven Vitória 55’, Steven Vitória 66’ (g.p.), Gerso 73’
Jogo no Estádio Cidade de Barcelos, em Barcelos.
Assistência 7485 espectadores
Gil Vicente Murta a65’, Éder, Sandro, Halisson, Luís Martins, André Cunha, João Vilela a70’, Tiero a29’ (Adriano Facchini, 65’), Brito (Valdinho, 84’), Hugo Vieira a72’ e Luís Carlos (Yero, 59’). Treinador Paulo Alves.
Estoril Vagner a26’, Anderson Luís, Yohan Tavares, Steven Vitória, Jeff erson, Gonçalo Santos, Diogo Amado, Carlos Eduardo (João Coimbra, 76’), Gerso (Diego, 83’), Luís Leal (Tony Tayler, 85’) e Licá. Treinador Marco Silva.
Árbitro Pedro Proença (Lisboa)
Rui Vitória termina o campeonato com uma derrota em casa
Bastou um golo de Braga para dar
ontem ao Rio Ave a vitória, em Gui-
marães, e a sexta posição na I Liga,
enquanto os minhotos somaram
a segunda derrota consecutiva na
prova. Os vitorianos entraram na
última jornada do campeonato em
quinto lugar, mas acabaram na no-
na posição.
O grande remate do experiente
médio dos vila-condenses, já na se-
gunda parte, foi o melhor que se viu
Rio Ave fez o que tinha a fazer, mas isso não chegou
numa partida globalmente fraca, em
que foi notório que a cabeça dos vi-
maranenses já está no Estádio Nacio-
nal, onde, daqui a uma semana, vai
disputar a fi nal da Taça de Portugal
com o Benfi ca.
Já a equipa de Nuno Espírito San-
to ainda tinha uma ténue esperança
de, muitos anos depois, regressar às
competições europeias, onde o Vi-
tória já tinha presença assegurada
via Taça de Portugal. Só que o Esto-
ril-Praia venceu o Gil Vicente (3-1) e
“destruiu-a”.
O ritmo da partida e a qualidade
do jogo foi quase sempre baixo, so-
bretudo na primeira parte.
Destaque para um bom cabece-
amento de Soudani, após canto de
Tiago Rodrigues, mas a bola saiu à
fi gura de Oblak (14).
A melhor oportunidade nos pri-
meiros 45 minutos pertenceu ao Rio
Ave, com Marcelo, sem qualquer
oposição, a cabecear ao lado, após
livre de Edimar (17’).
Aos 27’, Wires quase traía o seu
guarda-redes, mas Oblak fez uma
excelente defesa.
O Rio Ave marcou o seu golo bem
cedo na segunda parte (51’): Diego
trabalhou bem sobre a direita, cen-
trou atrasado e Braga, vindo de trás,
rematou cruzado, com muita força e
sem hipóteses para Douglas.
O Vitória tentou reagir, mas de
forma muito desgarrada e foram os
forasteiros a estar mais perto do go-
lo depois de uma grande jogada de
Hassan, que passou por vários ad-
versários, mas em frente a Douglas
rematou por cima (57’).
A turma de Rui Vitória ainda dis-
pôs de algumas boas chances para
empatar, mas André teve má ponta-
ria e Oblak fez uma grande defesa a
cabeceamento de El Adoua (77).
LUIS NEVES/AFP
Futebol
Os vila-condenses precisavam de ganhar em Guimarães para ir à Europa e esperar por uma ajuda do Estoril, que não chegou
V. Guimarães 0
Rio Ave 1Braga 51’
Jogo no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães.
Assistência 16.430 espectadores
V. Guimarães Douglas, Kanu (João Ribeiro, 61’), Paulo Oliveira, El Adoua, Addy (Hernâni, 86’), Leonel Olímpio (Barrientos, 74’), André, Tiago Rodrigues, Ricardo, Soudani a33’ e Amidó Baldé. Treinador Rui Vitória.
Rio Ave Oblak, Lionn, Marcelo, Rodriguez, Edimar, Wires a90’+3’, Tarantini, Diego a48’ (Filipe Augusto, 65’), Braga (Del Valle, 80’ a87’), Ukra e Hassan (André Villas Boas, 82’). Treinador Nuno Espírito Santo.
Árbitro Bruno Paixão (Setúbal)
CLASSIFICAÇÃO
Jornada 30V. Guimarães-Rio Ave 0-1Olhanense-Marítimo 0-0Beira-Mar-Sporting 1-4Gil Vicente-Estoril 1-3P. Ferreira-FC Porto 0-2Nacional-Académica 2-1V. Setúbal-Sp. Braga 0-1Benfica-Moreirense 3-1
J V E D M-S PFC Porto 30 24 6 0 70-14 78Benfica 30 24 5 1 77-20 77P. Ferreira 30 14 12 4 42-29 54Sp. Braga 30 16 4 10 60-44 52Estoril 30 13 6 11 47-37 45Rio Ave 30 12 6 12 35-42 42Sporting 30 11 9 10 36-36 42Nacional 30 11 7 12 45-51 40V. Guimarães 30 11 7 12 36-47 40Marítimo 30 9 11 10 34-45 38Académica 30 6 10 14 33-45 28V. Setúbal 30 7 5 18 30-55 26Gil Vicente 30 6 7 17 31-54 25Olhanense 30 5 10 15 26-42 25Moreirense 30 5 9 16 30-51 24Beira-Mar 30 5 8 17 35-55 23
I LIGA
II LIGA
MELHORES MARCADORESI Liga26 golos Jackson Martínez (FC Porto) 20 golos Lima (Benfica) 17 golos Cardozo (Benfica)
II Liga24 golos Joeano (Arouca) 17 golos Ricardo Esgaio (Sporting B), Miguel Rosa (Benfica B), Rabiola (Sp. Braga B)
sa p. Braga B)
Jornada 42V. Guimarães B-Oliveirense 1-0Penafiel-Sporting B 2-1Leixões-Sp. Covilhã 0-1Portimonense-Atlético 2-1Desp. Aves-Marítimo B 0-2Tondela-Arouca 4-2União Madeira-Trofense 5-3Belenenses-Freamunde 2-1Naval-FC Porto B 0-0Benfica B-Santa Clara 2-2Feirense-Sp. Braga B 3-0
J V E D M-S PBelenenses 42 29 7 6 75-41 94Arouca 42 21 10 11 65-48 73Leixões 42 18 14 10 49-36 68Sporting B 42 17 15 10 62-47 66Desp. Aves 42 16 17 9 47-42 65Portimonense 42 17 13 12 61-50 64Benfica B 42 15 17 10 71-54 62Oliveirense 42 16 12 14 52-49 60Penafiel 42 16 12 14 48-44 60Tondela 42 16 11 15 55-60 59Santa Clara 42 15 14 13 55-48 59U. Madeira 42 13 17 12 47-46 56Feirense 42 15 11 16 61-59 56FC Porto B 42 13 15 14 49-49 54Marítimo B 42 14 7 21 40-46 49Sp. Braga B 42 12 13 17 39-51 47Naval 42 13 18 11 51-50 45Atlético 42 12 8 22 45-63 44Trofense 42 9 13 20 41-60 40Sp. Covilhã 42 7 17 18 37-52 38V. Guimarães B 42 7 15 20 30-56 36Freamunde 42 7 12 23 46-75 33
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42 | DESPORTO | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013
Alex Ferguson no seu último jogo como treinador
Uma carreira de quase 27 anos no
comando de um clube como o Man-
chester United não podia acabar de
qualquer forma. E o 1500.º e último
jogo de Alex Ferguson enquanto trei-
nador dos red devils foi, a todos os tí-
tulos, memorável. O terreno do West
Bromwich foi o palco de uma partida
alucinante, na qual foram apontados
dez golos e que terminou com um
empate. “5-5... que resultado louco.
Sejamos honestos, o chefe jamais se
despediria com um aborrecido 0-0!”,
escreveu o defesa Rio Ferdinand na
rede social Twitter.
Ferdinand foi um dos ícones do
Manchester United que não fez parte
do “onze” inicial, assim como Giggs,
Scholes ou Vidic. Mas, mesmo assim,
os red devils já venciam por 3-0 aos
30 minutos. Porém, os baggies ainda
reduziram a desvantagem antes do
intervalo. O West Bromwich tornou a
marcar no início do segundo tempo,
mas Robin van Persie e “Chicharito”
Hernández deixaram o marcador em
5-2.
Vitória por goleada na despedida
de sir Alex Ferguson? Não, porque o
West Bromwich não baixou os braços:
Lukaku (dois golos) e Mulumbu res-
tabeleceram a igualdade no marca-
dor. O veterano técnico escocês não
se despediu com uma vitória, mas o
espectáculo foi inesquecível. E valeu
um recorde histórico ao United: há
Uma despedida memorável para Alex Ferguson
quase 29 anos que um encontro do
primeiro escalão do futebol inglês
não terminava com empate 5-5.
O dia também foi de despedida
para Jamie Carragher, que ajudou o
Liverpool a bater o QPR por 1-0. E
a carreira de Michael Owen, que na
presente temporada representou o
Stoke City, terminou após 150 golos
na Premier League.
Tottenham na Liga EuropaNa luta pelos lugares que dão acesso
à Liga dos Campeões, o Tottenham
de André Villas-Boas fi cou a perder
para Chelsea e Arsenal e vai ter de
contentar-se com a Liga Europa. Os
spurs receberam e venceram o Sun-
derland por 1-0, com golo de Gareth
Bale nos derradeiros minutos da par-
tida. O Tottenham somou 72 pontos e
terminou a Premier League no quin-
to lugar, atrás de Arsenal (73 pontos)
e Chelsea (75).
Depois de, a meio da semana, ter
batido o Benfi ca na fi nal da Liga Eu-
ropa (2-1, em Amesterdão), o Chel-
sea ganhou ao Everton pelo mesmo
resultado e segurou o terceiro lugar.
No quarto posto fi cou o Arsenal, que
venceu o Newcastle por 1-0.
Ainda em Inglaterra, o Yeovil To-
wn ganhou ao Brentford por 2-1 em
Wembley, na fi nal do play-off de su-
bida da League 1, e pela primeira vez
vai disputar o Championship, o se-
gundo escalão do futebol inglês. Há
tão-só dez anos o Yeovil jogava na
Conference (quinto escalão).
O Deportivo ganhou ao Espanyol
por 2-0, com golos dos portugueses
Bruno Gama e Nélson Oliveira — este
mandou calar os próprios adeptos,
um gesto que caiu mal na Corunha.
Hélder Postiga marcou pelo Sarago-
ça, mas os aragoneses perderam em
casa com o Athletic Bilbau (1-2).
ADRIAN DENNIS/AFP
FutebolTiago Pimentel
O 1500.º e último encontro do técnico no comando do Manchester United terminou com dez golos e um empate no marcador
O Sporting de Braga encerrou o cam-
peonato com um triunfo (1-0) na visi-
ta ao Vitória de Setúbal. O resultado
não mudou nada na classifi cação das
duas equipas: os minhotos já sabiam
que fi cavam no quarto lugar, enquan-
to os sadinos mantiveram o 12.º pos-
to na tabela, apesar da derrota. Os
mais directos adversários na luta pela
permanência não venceram e, assim,
a equipa de José Mota conseguiu a
manutenção.
A equipa sadina mandou na par-
tida nos minutos iniciais, mas seria
o Sporting de Braga a adiantar-se no
marcador. Aos 32’, na sequência de
uma jogada de Rúben Amorim, Zé
Luís fez o remate que deu a vitória
aos bracarenses. O Vitória de Setúbal
reagiu de imediato, e com perigo: Ve-
nâncio, de cabeça, acertou no poste
da baliza do Sp. Braga. Ainda antes
do intervalo, Pedro Santos proporcio-
nou uma boa defesa ao guarda-redes
Cristiano.
Na segunda parte o Vitória de Se-
túbal continuou à procura do golo,
mas sem sucesso. Um dos melhores
lances surgiu aos 77’, com Venâncio
a corresponder, de cabeça, a um cru-
zamento de José Pedro. A equipa de
José Peseiro responderia logo no mi-
nuto seguinte, com Hélder Barbosa a
rematar rasteiro, mas fraco, permitin-
do a defesa do guarda-redes sadino.
“Foi uma vitória difícil, com algu-
ma felicidade”, admitiu José Peseiro.
“Quisemos manter o profi ssionalismo
por nós e pela competição”, acres-
centou. PÚBLICO/Lusa
Zé Luís deu a vitória ao Sp. Braga em Setúbal
Futebol
V. Setúbal 0
Sp. Braga 1Zé Luís 32’
Jogo no Estádio do Bonfim, em Setúbal.
Assistência cerca de 3000 espectadores
V. Setúbal Kieszek, Pedro Queirós, Venâncio, Jorge Luiz, Kiko, Ney a90’+2’, Paulo Tavares (José Pedro, 71’), Bruno Gallo (Jorginho, 54’), Pedro Santos, Miguel Pedro e Bruninho (Ricardo Horta, 65’). Treinador José Mota.
Sp. Braga Cristiano, Leandro Salino, Paulo Vinicius, Aderlan Santos, Elderson, Mauro a57’, Ruben Micael (Hugo Viana, 77’), João Pedro (Custódio, 67’), Rúben Amorim, Zé Luís e Hélder Barbosa (Mossoró, 82’). Treinador José Peseiro.
Árbitro Artur Soares Dias (Porto)
如果你的未来之梦与中国相连?
E se o seu futuro passar pela China?
PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | DESPORTO | 43
O domínio de Rafael Nadal no ATP
World Tour desde que regressou
ao circuito, em Fevereiro, resume-
se a duas estatísticas: o espanhol
conquistou no Internazionali BNL
D’Italia o sexto torneio da época e
só perdeu dois dos 38 encontros que
realizou. Foi também o seu sétimo
título em Roma e o 24.º da categoria
Masters 1000, o que lhe vai permitir
chegar a Roland Garros no quarto
lugar do ranking, evitando encon-
trar um dos outros top 4 antes das
meias-fi nais.
“É um dia importante e muito fe-
liz, depois de um último ano difícil.
É muito emocionante ganhar um tor-
neio com uma longa história como
o de Roma. Valorizo este momento
mais do que nunca, porque sei onde
estava há uns meses”, frisou Nadal,
depois de vulgarizar Roger Federer
em 69 minutos: 6-1, 6-3. O suíço quis
entrar super-agressivo mas só acu-
mulou erros e ao fi m de 15, entregou
o set inicial. No segundo set e após
uma série de nove jogos para o es-
panhol, Federer reduziu para 1-3,
mas o balanço entre winners e erros
não forçados continuou negativo e
Nadal serviu para fechar o encontro
a 5-1. Surpreendentemente, o núme-
ro três do ranking fez um break em
branco, mas acabou por ceder com
32 erros, quatro vezes mais do que
os de Nadal.
Antes, Serena Williams dominou
Victoria Azarenka, como atestam
os parciais de 6-1, 6-3. A líder do
ranking concluiu o torneio com
apenas 14 jogos cedidos nos cinco
encontros — o recorde, em Roma,
pertence a Gabriela Sabatini (13).
Sempre apoiada no forte serviço
(leva já 227 este ano), Serena somou
no derradeiro encontro em Roma 41
winners contra 12 de Azarenka.
Com esta vitória, Serena elevou pa-
ra 24 o número de encontros ganhos
e para quatro os torneios conquis-
tados consecutivamente (recorde
pessoal), o que faz dela a principla
favorita para Roland Garros, onde,
em 2012, foi eliminada na ronda inau-
gural. “Este ano estou mais cautelosa
e quero trabalhar forte e estar focada
em cada ponto que jogar”, adiantou
Serena. Por cá, Frederico Silva, de 18
anos, obteve ontem o primeiro título
no circuito profi ssional, ao derrotar o
espanhol Ivan Arenas-Gualda (549.º
ATP), por 6-4, 7-6 (7/5), na fi nal do
future Ô Hotels & Resorts Termas de
Monfortinho.
O império de Nadal estendeu-se a Roma
Ténis Pedro Keul
Breves
Basquetebol
Ciclismo
Benfica volta a bater a Académica e ficaa um triunfo do título
Visconti vence nos Alpes e Nibali segura camisola rosa
O Benfica venceu ontem a Académica por 94-62, no segundo jogo da final do play-off da Liga de basquetebol, no pavilhão da Luz, e está agora a um triunfo de revalidar o título. Ao contrário da partida da véspera, que terminou com uma vitória das “águias” por uns tangenciais 69-67, o segundo jogo da final foi bem mais desequilibrado. Muito por culpa do acerto do Benfica nos ressaltos e da inspiração de Lace Dunn na altura de lançar ao cesto: o norte-americano foi o MVP da partida, com 31 pontos, 7 ressaltos e duas assistências. Ao intervalo, o Benfica já vencia por 43-23, vantagem que ampliaria para 94-62 no final. O próximo embate entre as duas equipas, que pode já decidir o título, está marcado para 25 de Maio, em Coimbra.
O italiano Giovanni Visconti (Movistar) venceu ontem a 15.ª etapa da Volta à Itália, na qual o compatriota Vincenzo Nibali (Astana Pro Team) manteve a liderança e a distância para o segundo classificado, o australiano Cadel Evans. Visconti percorreu os 149kms da subida aos Alpes franceses em 4h40m48s, seguindo-se o trio formado pelo colombiano Carlos Gomez e os polacos Przemyslaw Niemiec e Rafal Majka, a 42s. Nibali mantém a camisola rosa, após ter sido 7.º na etapa, a 54s de Visconti, o mesmo tempo do segundo na geral, Cadel Evans, foi o 8.º da etapa. Tiago Machado e Bruno Pires foram os melhores portugueses, em 58.º e 59.º respectivamente, a 9m53s de Nibali. Na geral, Machado é o melhor português (32.º, a 37m de Nibali).
Dani Pedrosa venceu o seu segundo GP da temporada
E, à quarta corrida do Mundial, o
campeonato conheceu os primei-
ros repetentes. Dani Pedrosa, em
MotoGP, e Maverick Viñales, em
Moto3, venceram o Grande Prémio
de França nas respectivas categorias
e foram os primeiros pilotos a somar
dois triunfos na presente temporada.
Numa jornada marcada pelas condi-
ções húmidas do circuito de Le Mans,
o português Miguel Oliveira saiu da
primeira linha da grelha de partida
mas não chegou a terminar a corrida
porque se despistou.
As condições do circuito ditaram
um desfecho precoce para a corrida
do português, que só completou qua-
tro voltas. “Estava a levar a cabo uma
corrida isenta de erros, mas a curva 2
estava bastante fria e foi crucial para
perder a frente”, disse Oliveira, em
declarações reproduzidas pela sua
assessoria de imprensa. “Saio de Le
Mans com um sentimento misto. In-
satisfeito por não terminar a corrida,
como queria, e satisfeito por sentir
que demos um passo em frente na
evolução da moto”.
“A equipa, obviamente, não está
satisfeita com o resultado do fi m-de-
semana, primeiro pela lesão do meu
companheiro de equipa Efrén Váz-
quez e depois porque não merecia
terminar a jornada com uma queda”,
concluiu Miguel Oliveira, cujo pensa-
mento já está na corrida de Mugello,
em Itália, que se disputa dentro de
duas semanas. O primeiro lugar no
Pedrosa e Viñales são os primeiros repetentes
pódio da categoria coube a Maverick
Viñales, que tinha começado a corri-
da na pole position e venceu o segun-
do Grande Prémio seguido.
Em MotoGP, Dani Pedrosa estreou-
se a ganhar no circuito de Le Mans en-
quanto piloto da categoria principal,
oferecendo a terceira vitória da tempo-
rada à Honda. Pedrosa ultrapassou o
compatriota e companheiro de equipa
Marc Márquez na liderança do Mun-
dial de pilotos. “Foi uma corrida muito
boa para mim. Perdi algumas posições
no início, mas consegui recuperar”,
resumiu o piloto espanhol.
BENOIT TESSIER/REUTERS
MotociclismoTiago Pimentel
Português Miguel Oliveira teve corrida azarada em Moto3: despistou-se e desistiu após completar quatro voltas
CLASSIFICAÇÕES
GP de FrançaMotoGP1.º Dani Pedrosa (Honda) 49m17,707s2.º Cal Crutchlow (Yamaha) a 4,863s3.º Marc Márquez (Honda) a 6,949sMundial pilotos1.º Dani Pedrosa (Honda) 83 pontos2.º Marc Márquez (Honda) 773.º Jorge Lorenzo (Yamaha) 66Moto21.º Scott Redding (Kalex) 36m43,583s2.º Mika Kallio (Kalex) a 1,090s3.º Xavier Simeon (Kalex) a 1,234sMundial pilotos1.º Scott Redding (Kalex) 76 pontos2.º Esteve Rabat (Kalex) 523.º Mika Kallio (Kalex) 47Moto31.º Maverick Viñales (KTM) 42m05,448s2.º Álex Rins (KTM) a 1,264s3.º Luis Salom (KTM) a 1,387s(...)Miguel Oliveira (Mahindra) não terminouMundial pilotos1.º Maverick Viñales (KTM) 90 pontos2.º Luis Salom (KTM) 773.º Álex Rins (KTM) 61(...)10.º Miguel Oliveira (Mahindra) 20
Peter Uihlein já tinha demonstrado
ser um amador fora-de-série (ven-
ceu o US Amateur de 2010) e ago-
ra prova que também tem enorme
potencial como profi ssional. Filho
do CEO da Acushnet (que detém as
famosas marcas de tacos Titleist e sa-
patos Footjoy), o norte-americano
conquistou o seu primeiro título no
European Tour ao vencer ontem o
21.º Open da Madeira. Filipe Lima foi
o melhor português, no nono lugar,
e o campeão de 2012, o também luso
Ricardo Santos, acabou em 19.º.
Iniciando a última volta ao cam-
po do Santo da Serra, no concelho
de Machico, empatado no segundo
lugar com o escocês Craig Lee, a
uma pancadas do líder chileno Ma-
rk Tullo, Uihlein concluiu-a com 68
pancadas para vencer com duas à
melhor sobre Tullo (71) o dinamar-
quês Morten Madsen (67), que po-
deria ter forçado o play-off não fosse
o duplo bogey com que encerrou a
prestação. Craig Lee (71) foi quarto
a três shots do primeiro.
“Estou muito feliz por ter vencido,
tanto mais que joguei muito bem nos
últimos nove buracos, quando mais
importava”, disse Uihlein, que tota-
lizou 15 abaixo do par 72 e levou para
casa um prémio de 100 mil euros.
Conquistou também o cartão para
competir no European Tour nos pró-
ximos 18 meses e um lugar no impor-
tante BMW PGA Championship, na
próxima semana.
Filipe Lima, membro do Challenge
Tour, acabaria por descer três posi-
ções numa volta fi nal de 70 — para
um total de 8 abaixo — que o desi-
ludiu. Se tivesse conseguido fi car
no top 5 voltaria aos grandes palcos
europeus, com o acesso ao Nordea
Masters do European Tour, na Sué-
cia que se disputa no fi nal do mês.
“Não vou dizer que não foi uma boa
semana, mas esperava mais. Falhei 13
ou 14 putts hoje e isso faz a diferença
para quem quer chegar aos primei-
ros lugares”, disse.
Ricardo Santos, 24.º no ranking
europeu, fez uma digna defesa do tí-
tulo: começou em 118.º e acabou no
top 20, fechando com uma segunda
ronda consecutiva de 69 pancadas.
Uihlein, de bom amador a profissional prometedor
GolfeRodrigo Cordoeiro
Jovem norte-americano de 23 anos sucedeu ao português Ricardo Santos na lista dos vencedores do Open da Madeira
44 | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013
ESPAÇOPÚBLICO
EDITORIAL
A ilusão de um Conselho de Estado
Paulo Portas vai ser o grande ausente
da reunião, hoje, do Conselho de
Estado, na qual as fracturas dentro
da coligação vão ser um tema central.
Evidentemente, o tema do dia são as
estratégias para o pós-troika. E, ao escolher
este tema, o Presidente quis pôr um ponto
fi nal na crise da “TSU dos pensionistas”.
Depois de ter tido um papel decisivo para
evitar a ruptura na coligação, Cavaco acha
que já não está refém de Passos Coelho nem
do Governo. E quer, com este Conselho de
Estado, recuperar o espaço de manobra
que perdera após a votação do Tribunal
Constitucional. Para voltar ao centro do
espaço político, o Presidente precisa de
assumir o vértice de uma estratégia que se
prolonga pela próxima legislatura: o pós-
É impossível separar a discussão sobre o o pós-troika dos desentendimentos na coligação
troika. É uma forma de poder vir a dizer,
para os livros de História, que a crise foi
superada graças a ele e não aos primeiros-
ministros que, de Sócrates a Passos Coelho,
não o quiseram ouvir. Nessa estratégia terá
de caber o líder da oposição que poderá
vir a ser o próximo primeiro-ministro. E
ainda o presidente da Comissão Europeia,
Durão Barroso, que também reivindicou
para si os louros de se ter evitado a crise
no Governo. E que precisa de apresentar
aos portugueses a narrativa do homem que
salvou o país em Bruxelas para manter em
aberto a possibilidade de uma candidatura
presidencial em 2016. Por isso Barroso não
gostou das críticas de Berlim à acção da
Comissão nos países sob assistência, que
põem em causa essa narrativa.
O Presidente gostaria, portanto, de ter o
apoio dos conselheiros para uma estratégia
para o pós-troika que o actual primeiro-
-ministro e o seu putativo sucessor aceitem.
Se as opiniões dos conselheiros valessem
votos, Passos Coelho sairia em mau estado da
reunião, pelo menos a julgar pelas posições
públicas que são conhecidas de muitos deles,
nomeadamente dos que estão no centro-
direita. Mas não é de estratégias para este
Governo que se vai falar.
Só que esse pós-troika não existirá, se este
Governo não se aguentar, por causa das
contradições internas ou do seu crescente
isolamento no país. Por isso não é possível
separar o pós-troika da crise actual. Nem
o regresso aos mercados, se vier a ser bem
sucedido (e que muito provavelmente ainda
precisará de um programa de apoio de
outro tipo), signifi cará o fi m do problema.
A recessão e o desemprego vão continuar.
As reformas fundamentais que terão de ser
executadas são as que estão a ser decididas
agora, por este Governo e pela troika. E não
parece que esse processo esteja a correr
exactamente da melhor forma. Temos um
programa de cortes na despesa pública
(alguns dos quais são reprovados por
Cavaco), não uma reforma do Estado. E uma
situação social que se agrava de dia para
dia. O país precisa de uma estratégia para
o pós-troika e o Presidente cumpre o seu
papel ao introduzir esta questão na agenda.
Mas não é possível alimentar a ilusão de que
a discussão sobre o futuro pode ser feita
ignorando o presente.
Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores
CARTAS À DIRECTORA
Futebolisticamente
Sofremos uma invasão nestes dias.
O país parou. O Benfi ca foi a uma
fi nal europeia. Tornamos a nascer
das cinzas de Fénix. Cavaco fala
nos milagres de Nossa Senhora
de Fátima a respeito da sétima
avaliação da troika (a importância
duma primeira-dama!...) e diz que
seria bom que o Benfi ca ganhasse
a Taça. Não diz o caneco por que
não fi ca bem a um Presidente da
República e caneco só o FCP é
que o levanta. O Benfi ca perdeu o
jogo, mas teve uma vitória moral.
Centenas de adeptos esperaram
a equipa até de madrugada para
a incentivar a continuar. As
incessantes montagens televisivas
mostram tudo: a dor e o desespero,
a alegria e a esperança. Os
comentadores especializados
conseguem comentar o que toda
a gente comenta: o Benfi ca foi
superior, o Benfi ca não teve sorte.
As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar
e eventualmente reduzir os textos
não solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: [email protected]
Contactos do provedor do Leitor
Email: [email protected]
Telefone: 210 111 000
Portugal parou. Existe, por aqui,
um qualquer e desalentado cheiro
a mofo.
Não vi nem ouvi, no entanto,
ninguém a falar, racionalmente, do
jogo. Se o fi zesse, teria de alertar
para as falhas ofensivas do Benfi ca
(não conseguiu marcar quando
teve oportunidade para isso) e
para os vazios defensivos (deixar
um jogador ir ao encontro da bola
que ia planando, caprichosa, sobre
a área do Benfi ca, nos últimos
segundos do jogo, ou deixar um
jogador isolar-se perante um passe
com a mão do guarda-redes), na
sorte que o Benfi ca teve com a bola
no poste (a oitava na sua escalada
até à fi nal!) e na não expulsão de
um defesa (o capitão) quando o
avançado do Chelsea se isolava
perante o guarda-redes.
Preferem, antes, colocar o
enfoque nas opiniões dos jogadores
que transitaram do Benfi ca para
o Chelsea, os quais, obviamente,
constroem a narrativa que mais
lhes convém.
J. Ricardo, Torre de Moncorvo
E por que não?
As ideias que vão surgindo
propondo o recurso à
retroactividade para socorrer
as condições fi nanceiras actuais
e supostamente as futuras, não
sendo surreais provocam, no
mínimo, arrepios com associação
de náuseas. Como pode alguém,
fazendo parte de um país
europeu, propor às pessoas para
dispensarem parte dos seus
proventos; as pessoas que viveram
um percurso de trabalho, estando
agora numa fase diferente, sem
trabalho ordinário, mas com tarefas
mais próprias e dependendo
dos recursos dos contratos
estabelecidos com as leis de uma
sociedade de direitos e obrigações
pré-estabelecidas. Uma grande
parte dos que são agora chamados
a contribuir para um suposto
equilíbrio fi nanceiro do país são
fi lhos dos que foram espoliados não
só dos seus direitos básicos para
uma vida digna, como do acesso ao
que verdadeiramente produziram
ou ajudaram a produzir. Esses
mesmos, que de forma ingénua
acreditaram nas propostas de
líderes de uma sociedade plena de
direitos e obrigações, facilmente
compreenderam que os seus
fi lhos, os netos dos espoliados, só
podiam aspirar algum conforto
fora da terra onde nasceram. Os
pais já morreram, os fi lhos foram-
se desta terra, nós fi camos e não
queremos morrer acabrunhados
e sós. Temos de vir para as ruas e
praças da nossa terra e, quando
de lá sairmos, teremos de certeza
a garantia que outras gentes, mais
próximas, dirigirão os nossos
destinos.
Gens Ramos, Porto
PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | 45
Um avanço civilizacional?
Na sexta-feira passada, a
Assembleia da República
aprovou por escassa
margem legislação que
permite a chamada “co-
adopção de crianças”
por casais homossexuais,
(tendo simultaneamente
rejeitado projectos para a
chamada “adopção plena”).
Este resultado foi classifi cado como
“avanço civilizacional” por alguns dos
seus defensores. Não creio que seja claro,
todavia, de que avanço se trata.
A defesa da medida funda-se basicamente
no argumento da não discriminação.
Recusar a adopção por homossexuais seria
uma discriminação e a discriminação é um
abuso que não deve ser tolerado.
O argumento é válido, se disser respeito a
discriminações arbitrárias. Mas nem todas
as discriminações são arbitrárias. Se um
anúncio de emprego pedir economistas, ele
está a discriminar contra todos os que não
são economistas. Um campeonato de ténis
para pares mistos está a discriminar contra
os pares não mistos. A idade mínima para
votar, ou para conduzir, ou para consumir
álcool está a discriminar contra todos os
que têm idade inferior a esse mínimo.
Estes são apenas alguns exemplos de
discriminações legais que são em regra
aceites consensualmente. Isso deve-se a que
a discriminação em causa tem relevância
funcional, isto é, assenta num requisito
discriminatório que é julgado relevante
para a função pretendida.
Por este motivo, não basta dizer que uma
dada regra é discriminatória para poder
concluir que ela é injusta. É preciso saber
se a discriminação tem ou não relevância
funcional.
No caso da adopção, a função pretendida
é bastante clara. Trata-se de proporcionar
um ambiente familiar saudável à criança
ou crianças adoptadas. Idealmente, o
juízo sobre essa matéria deveria competir
ao interessado, isto é, à criança. No
entanto, devido a uma discriminação que
aceitamos como funcionalmente relevante,
consideramos que essas escolhas não podem
ser feitas por menores, sobretudo crianças.
É por isso que o legislador fi ca, então,
com a pesada responsabilidade de decidir
se casais homossexuais podem ou não,
em regra, garantir um ambiente familiar
saudável para as crianças, comparável, em
regra, ao dos casais heterossexuais.
Não creio que esta pergunta possa
ser respondida com segurança. Temos
experiência milenar de famílias
heterossexuais com fi lhos, mas não temos
experiências representativas comparáveis
de famílias homossexuais com crianças.
Não podemos por isso comparar dados
empíricos com relevância comparável.
Perante esta ignorância fundamental,
temos de escolher uma presunção,
não uma certeza. A presunção que tem
prevalecido até agora é semelhante à
presunção de inocência. Quando alguém é
acusado, presumimos que é inocente, até
ser provado culpado. Em caso de dúvida,
preferimos considerá-lo inocente — não
porque saibamos que é inocente, mas
apenas porque não sabemos se é culpado.
O caso da adopção é muito semelhante.
Nós na verdade não sabemos, nem
devemos fi ngir que sabemos, que os
casais homossexuais serão prejudiciais
às crianças. O que sabemos é que não
sabemos. Não sabemos se, em regra, o
ambiente familiar proporcionado por
casais homossexuais será ou não favorável
às crianças.
Em rigor, haveria uma forma de tirar a
limpo esta dúvida: fazer experiências com
números alargados de crianças adoptadas
por casais homossexuais e comparar os
resultados com crianças adoptadas por
casais heterossexuais. Mas existe um
escrúpulo moral, ou civilizacional, que
não nos permite: esse escrúpulo proíbe-
nos de fazer experiências com menores.
Teremos, por isso, de continuar a viver
com a ignorância acerca do impacto de
ambientes familiares homossexuais na
educação dos menores.
É daqui — e não de uma alegada
discriminação homofóbica — que resulta a
norma legal tradicional que veda a adopção
por casais homossexuais. Não havendo
certezas sobre o impacto dos casais
homossexuais na educação de menores, é
necessário adoptar
uma presunção.
Dado que a
relevância funcional
da adopção reside
em proporcionar
o melhor possível
para a criança,
optamos pela
presunção prudente
de proteger a
criança de uma
solução cujos
resultados não
conhecemos.
Ao alterar esta
presunção, como
foi parcialmente
decidido na
passada sexta-feira,
nós estamos na
verdade, embora
provavelmente sem
plena consciência
disso, a alterar a
presunção favorável
à criança. Estamos
a dizer que, na
dúvida, preferimos
que a presunção favoreça a escolha dos
adultos que querem adoptar, em vez de
proteger a criança que vai ser adoptada.
Não estou seguro de que esta mudança de
presunção corresponda efectivamente a um
avanço civilizacional.
Professor universitário, IEP-UCP e Colégio da Europa, Varsóvia. Escreve à segunda-feira
Estamos a dizer que, na dúvida, preferimos que a presunção favoreça a escolha dos adultos que querem adoptar, em vez de proteger a criança que vai ser adoptada
João Carlos EspadaCartas de Varsóvia
Lição de humildade
Como judeu que sou tenho
orgulho em elogiar os católicos
portugueses, que não só são
como estão cada vez melhores.
Quando a Maria João e eu
estávamos a atravessar os piores
bocados foram muitos padres
e bispos que nos escreveram,
animando-nos e falando menos
do Deus que nos une do que das
orações e esperanças que juntam os seres
humanos que estão bem aos que passam
mal. Escreveram sem sugerir resposta.
Até essa liberdade me deram. Respondo-
lhes hoje, obliquamente. Foi graças ao D.
António Ribeiro, por intercessão da minha
mãe, que as minhas fi lhas, por vontades
próprias, foram baptizadas com 12 anos.
Devemos-lhe também uma das poucas
grandes traduções da Bíblia: uma das duas
em língua portuguesa. A outra, posterior,
foi de Joaquim Carreira das Neves, outro
grande padre, teólogo e ser humano.
No PÚBLICO de anteontem a capa
anunciava, com uma fotografi a certa, que
“D. Manuel Clemente, bispo do Porto, é
hoje anunciado como o novo patriarca
de Lisboa”. Deixou-me uma impressão
de felicidade, a aliança de coração e de
inteligência que tem Manuel Clemente.
Mas o que mais me comoveu foi uma
citação, na página 13, do bom do D. José
Policarpo (o cardeal-patriarca de Lisboa
até ontem), uma pessoa com sensibilidade,
coragem, generosidade e clareza. Disse
ele, caracteristicamente: “[A] mudança da
pessoa é um pormenor. Se vier outro, no
dia seguinte [à minha saída] continua onde
eu estava.” Sim. É mesmo assim: como
deveria ser. Ainda bem.
Miguel Esteves CardosoAinda ontem
BARTOON LUÍS AFONSO
46 | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013
O que deve a oposição responsável fazer? Preparar-se. Salvar o que resta do Estado, da administração, do brio dos portugueses
Trabalhos de casa
Com o Governo parado e o país
à espera da próxima vaga de
más notícias, mais austeridade
para tapar os buracos da
austeridade anterior, devemos
começar a pensar no dia de
amanhã. O Governo pode levar
meses ou semanas a cair e há
que saber por onde começar
a reconstrução anímica e
material do país. O que proponho não
é identifi car mais áreas de “poupança”,
nem mais receita a sugar de indefesos
cidadãos, nem massajar as contas públicas,
nem almofadar as idas ao mercado. O
que necessitamos é de saber onde e como
investir, como produzir mais e como
exportar mais. Quando o Governo perdeu
a iniciativa, dividido, a viajar como em fi m
de mandato, quando vemos a oposição
em permanente guerra de palavras com o
Governo e o Presidente a saudar os poderes
do Além mesmo que com pretensa ironia,
estamos perto da mudança.
Razões não faltam para começarmos a
olhar para o futuro próximo. Em notável
artigo da semana passada, o economista
Manuel Caldeira Cabral chama a nossa
atenção para os 229 mil postos de trabalho
perdidos num ano, para os 130 mil
portugueses que saíram do país em 2012,
para a boa inversão da tendência, em 2010
e 2011, de maior descida do gasto público
que do privado, para se observar agora,
em 2012 e 2013, maior queda no emprego
nos sectores transaccionáveis que nos não
transaccionáveis. Lembra que a quebra
das exportações no mês de Março levou
o reequilíbrio externo a ser conseguido,
enganador sinal de equilíbrio, quase só pela
redução das importações, consequência do
arrefecimento da procura. E assinala que,
ao contrário do que aconteceu em 2010 e
2011, em 2012 e provavelmente em 2013,
a quebra do consumo privado foi ou será
superior à quebra do gasto público.
Investimento, produção e exportação são
três palavras-chave a considerar.
Certamente o investimento directo
estrangeiro continuará arredio, enquanto
a confi ança não regressar. E ter ido aos
mercados em condições melhores que nas
anteriores emissões é um factor positivo,
apesar de investidores institucionais
continuarem ao largo. Certamente que
o registo de saldo primário positivo no
gasto público é sinal de emagrecimento
saudável. Mas quem, no seu juízo perfeito,
que não por razões especulativas, pode
interessar-se por investir em Portugal?
País com desemprego acima dos 18%,
emigração em massa de jovens, um
mercado interno em diminuição, um
sistema fi scal ultrapesado, uma justiça
ausente, embargante, entediante e
irreformável e uma administração pública
maltratada e decapitada, um país que
exporta essencialmente para economias em
arrefecimento, com o povo em profunda
depressão social.
O Governo continua embrulhado na
ilusão de um banco de investimento
para PME, mas em vez de o exigir nas
negociações com a UE limita-se a acolher,
passivamente, promessas de uma Comissão
Europeia que perdeu, ela própria, a sua
carta de missão,
recebendo
críticas duras dos
seus “donos”,
logo depois
diplomaticamente
negadas. Alguns
referem que os
instrumentos
de crédito para
a economia das
PME existem e
funcionam. Se assim
é, então usem-nos.
A produção
para exportação
talvez seja a que
mais activa se
encontra, por
mérito próprio. Sem
crédito na origem,
com obstáculos
no destino e pagamentos quase sempre
relapsos, sobrevive não por milagre, mas
por vantagem competitiva. É quem mais
necessita do carinho público, dispensando
a retórica? Vivendo em permanente stress,
compreende-se que a maior parte da sua
inovação seja interna, que não lhe sobre
o dinheiro para pagar licenciados, quanto
mais mestres e doutores. Mesmo assim faz
milagres.
Com um ministério da Economia
mordido por predadores oportunistas,
sem força política para mais que piedosas
intenções, sem ideias sólidas, oscilando
entre ambientalistas e desenvolvimentistas,
o país está sem projecto. Atónitos,
assistimos à apresentação, como novos,
de projectos anteriores, como o comboio
de alta velocidade entre Lisboa e Madrid,
que este Governo havia paralisado dois
O que necessitamos é de saber onde e como investir, como produzir mais e como exportar mais
anos, por sectarismo e ignorância. A
sucção fi scal retirou-nos energias, o pavor
da sobrevivência económica na velhice
abalou a confi ança das classes médias,
o desencanto instalou-se. Surgiu agora
nova previsão de quebra do produto no
primeiro trimestre, em -3,9%, em meses
homólogos. O Governo nem reagiu. Os
seus defensores perderam a voz. Alguns,
mais corajosos, começam a atrever-se a
assinalar os erros na governação. Como
Miguel Frasquilho, que alertou para o
“perigoso círculo vicioso que tem de ser
refreado para não provocar danos sociais
tais que coloquem em causa a democracia
europeia — e portanto, o próprio projecto
europeu”. É neste contexto delido que o
Governo não encontra melhor linha política
que cortar mais 4,5 milhares de milhões nos
gastos públicos. E não acompanho os que
vêem nesta nova punção uma conspiração
para derrubar o que resta do modelo social
europeu. Não, mesmo que em tempos o
tivesse pretendido, não é agora, acossado
de todos os lados, que o Governo teria força
para mais uma patifaria. E certamente só
apressaria o seu fi m.
O que deve a oposição responsável
fazer? Preparar-se. Preparar alternativas
ao marasmo do passado e à destruição
mais recente, dupla tarefa. Salvar o que
resta do Estado, da administração, do brio
dos portugueses, da sua energia criadora,
do seu espírito inovador e também da sua
capacidade de recuperação. Um pouco
de aventura também não fará mal. É
importante começar um diálogo com o
país sobre os grandes temas que granjeiem
investimento, aumentem a produção e
alarguem a exportação.
Deputado do PS ao Parlamento Europeu.Escreve à segunda-feira
ENRIC VIVES-RUBIO
António Correia de CamposTerra e Lua
Bem prega frei Tomás
As economias da zona euro registaram,
neste primeiro trimestre, forte
contracção económica. O PIB da
zona euro contraiu-se 0,2% e no
conjunto dos países da UE 0,1%. Ou
-0,1% e -0,7% respectivamente, quando
comparamos com o 1° trimestre de 2012. A
recessão prossegue. Desde o 3° trimestre de
2011, já lá vão seis trimestres consecutivos,
que o crescimento económico na UE é
negativo. Desde a criação do euro, este
é o período mais longo de contracção da
actividade económica na Europa.
A recessão não só atinge as economias
do Sul, como alastra agora à Holanda, Fin-
lândia e França. Nestes primeiros meses
do ano, a Alemanha apenas cresceu 0,1%.
Se as políticas económicas não infl ectirem
signifi cativamente, a UE estará condenada
à recessão e ao desemprego. Nunca como
hoje, em tempos de paz, se viveram, na Eu-
ropa, semelhantes perdas de rendimento.
De pouco têm servido as advertências do
próprio FMI. Sair da crise é uma emergên-
cia. Esta parece ser agora a preocupação
dominante dos altos dirigentes e respon-
sáveis da Europa.
Paradoxalmente, persiste a indefi nição
na política orçamental interna da UE. O
reinício das negociações do Quadro Fi-
nanceiro Plurianual, 2014-2020 (QFP),
decorre sob a condicionalidade das pro-
postas para os orçamentos rectifi cativos
de 2013. Primeiro, para evitar quaisquer
novas transferências de pagamentos de
2013 para o próximo QFP; segundo, pa-
ra fi nanciar a entrada da Croácia e para
cobrir todos os compromissos de 2012,
ainda por pagar. As divergências persis-
tem. O Conselho submeteu à aprovação do
Ecofi n uma primeira proposta de 7,3 mil
milhões de euros, menos 3,9 mil milhões
que os 11,2 mil milhões propostos pela Co-
missão e indispensáveis, no mínimo, para
alcançar um compromisso entre Conselho
e Parlamento. Espera-se que, ultrapassa-
do o impasse, o orçamento não agrave os
efeitos recessivos e possa proporcionar
crescimento e emprego, eliminando o
desnível entre a orientação política e os
meios orçamentais. Se não, é como pre-
ga Frei Tomás: “Faz o que eu digo, não
olhes para o que eu faço.” João Ferreira
da Cruz, economista
PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | 47
DR
Taur Matan Ruak, perfil e visão de um herói da resistência
Após a invasão de Timor-
Leste pela Indonésia, em
Dezembro de 1975, Portugal
apoiou a resistência timorense
e desempenhou um papel
importante na obtenção da
restauração da independência
de Timor-Leste, em 20 de Maio
de 2002. Esse facto, a par das
importantes ligações históricas
e culturais existentes, criou laços estreitos
no relacionamento entre os dois países.
Ao evocar a personalidade do actual
Presidente de Timor-Leste e o seu
contributo na transição bem sucedida
nas Forças de Defesa de Timor-Leste
(Falintil-FDTL) teremos de regressar ao
seu passado de sacrifício e luta contra um
invasor impiedoso. Representa os que
sucumbiram e aqueles que sobreviveram no
longo combate por um país independente,
livre e com futuro. Muitos podem
testemunhar o seu percurso. Desde logo a
comunidade internacional, testemunhando
as transformações pacífi cas em que
ajudou o seu país a atingir a liberdade e a
democracia, constituindo Timor-Leste um
exemplo de sucesso. Como comandante
das Falintil-FDTL a acção desenvolvida
foi determinante para a construção do
regime democrático, desenvolvimento do
país e defesa da soberania nacional. O seu
historial é elucidativo.
O Presidente de Timor-Leste foi o último
comandante das Forças Armadas para a
Libertação e Independência de Timor-Leste
(Falintil), tendo sido promovido a brigadeiro-
general e nomeado comandante das Falintil-
FDTL. Pela primeira vez na história das
Nações Unidas, esta organização confi rmou,
em 20 de Agosto de 2000, a patente de
general a um combatente da libertação.
José Maria de Vasconcelos — general Taur
Matan Ruak que, na tradução em português,
signifi ca “dois olhos muito atentos”) —
despiu a farda para se entregar ao exercício
da política. Depois de se demitir de
comandante das Falintil-FDTL candidatou-se
às eleições presidenciais de 2012, que venceu
à segunda volta com 61,23% dos votos,
apoiado pelo partido do primeiro-ministro,
Xanana Gusmão (Congresso Nacional de
Reconstrução de Timor-Leste).
Taur Matan Ruak tem referido como
principais prioridades do seu mandato a
segurança e o bem-estar dos timorenses.
Tem um modelo claro de desenvolvimento
para Timor-Leste no qual a formação de
recursos humanos e a construção das
infra-estruturas são prioritários para o
crescimento económico, melhoria das
condições sociais e erradicação da pobreza.
O Presidente pretende construir uma
nação sustentável e interligada, alicerçada
num quadro institucional de segurança
com forte cooperação internacional,
regional e nacional (entre as F-FDTL e
as forças de segurança). Em simultâneo,
quer combater a excessiva dependência
externa provocada pelos rendimentos da
exploração petrolífera, diversifi cando a
economia e incrementando a formação de
quadros nas diversas instituições críticas,
designadamente o sector da Justiça, Saúde,
Educação, a Administração Pública e as
Forças de Segurança e Defesa.
Para melhor se entender a dimensão do
Homem e do político, relevam-se alguns
dos aspectos daquele que é considerado um
herói do passado e um líder do futuro.
De origens humildes, Taur Matan Ruak
abdicou dos seus anos de juventude e
viveu no mato, em grutas. “Esteve de
pé no topo da montanha, carregando a
bandeira da liberdade” (Ramos Horta, 2012),
enfrentando inúmeros riscos. É um homem
inteligente, com apurada visão estratégica,
com espírito de lealdade, sentido de justiça e
capacidade de liderança, respeitado não só
pela hierarquia da luta armada e das demais
frentes de luta (diplomática e clandestina),
como também
pela comunidade
internacional.
Tem igualmente
revelado grande
tolerância e
capacidade de
gerar consensos.
Sabe defender as
suas ideias com
convicção, sendo
reconhecido por ser
conciso e fi rme na
decisão. A seguinte
frase proferida em
Junho de 2006, no
âmbito da análise da
crise, é ilustrativa
do que atrás foi
descrito: “Não vale
a pena afrontar nem
confrontar. Temos
que contornar para não nos desviarmos dos
nossos objectivos. Ser inteligentes e fazer
a estratégia de aproximação sem deixar de
infl uenciar as nossas decisões.”
Nos momentos difíceis com que se viu
confrontado — desde os tempos da guerrilha
até à resolução da crise político-militar de
2006 e à construção do regime democrático
—, evidenciou grande sentido de Estado
colocando os interesses nacionais acima de
outros, sendo um defensor intransigente da
independência e soberania nacionais.
O general Ruak demonstrou por factos,
aos órgãos de soberania, bem como à
Comissão Especial de Inquérito da ONU,
que a crise de 2006 teve origem numa
estratégia cuidadosamente arquitectada e
multifacetada.
O objectivo principal dessa estratégia
O actual Presidente de Timor-Leste é um homem de convicções, princípios e valores
passava pela divisão da sociedade
timorense — criação do pretexto
“Loromonu vs Lorosae” (Oeste-Leste) e
da promoção de confl itos entre as forças
de segurança e defesa —, impedindo o
normal funcionamento das instituições
para descredibilizar o Estado de direito
e interromper o processo político em
curso. Só assim foi possível promover a
desestabilização política, militar, social
e cultural, através de acções de carácter
subversivo identifi cadas a partir do fi nal
de 2004.
A sua postura nestes momentos de
crise garantiu a integridade nacional
do país, face a outros interesses. Será,
provavelmente, o líder timorense que,
pelo seu carisma e credibilidade interna,
poderá concretizar a transição geracional –
essencial à consolidação da democracia e do
desenvolvimento de Timor-Leste –, tal como
conseguiu na transição bem sucedida que
conduziu nas F-FDTL.
Transformou uma força de guerrilha numa
força militar convencional, ao serviço da
sociedade e subordinada ao poder político
constitucional. As F-FDTL já atingiram níveis
de credibilidade que permitiram iniciar a sua
participação em operações de apoio à paz e
humanitárias sob a égide da ONU.
Nessa transformação foi determinante
a visão estratégica do general Taur Matan
Ruak, com a implementação do novo
paradigma das F-FDTL, através do Plano
de Desenvolvimento das F-FDTL (PDF 2011-
2017). Este importante instrumento de
gestão estratégica — homologado ao nível
político — está alinhado com os objectivos do
Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED
2011-2030), aprovado pelo Parlamento.
Em síntese, podemos afi rmar que
o general Taur Matan Ruak como
comandante militar pensou, combateu,
defi niu estratégias, escreveu, discutiu,
organizou e mobilizou o povo timorense
em torno da defesa intransigente dos
interesses e da soberania nacional. É
um homem de convicções, princípios e
valores, cuja liderança e compreensão têm
contribuído, inegavelmente, para superar
divisões ideológicas internas, ambições e
estratégias, consolidando o processo de
reconciliação e coesão nacional decisivo
para o futuro de Timor-Leste.
Capitão-de-fragata SEF (reserva)
Tribuna Timor-LesteJosé Manuel Neto Simões
Uma Europa da Justiça
É hoje um facto incontestado
que nos tempos sombrios
que pairam sobre a Europa a
solidez do direito europeu e o
papel que a jurisprudência do
tribunal da União tem vindo
a ter na defesa dos direitos
dos cidadãos europeus são
ainda a última esperança para
a construção de uma Europa
solidária e assente em princípios comuns.
Veja-se, por exemplo, a decisão recente
do tribunal da União que “validou” a
jurisprudência dos tribunais espanhóis
que impediram a aplicação de leis que
levavam ao despejo imediato de cidadãos
com dívidas hipotecárias.
É por isso que a aplicação de um
mesmo direito em todos os Estados, por
juízes independentes, cumprindo as leis
nacionais, os tratados europeus e a Carta
Europeia dos Direitos Fundamentais,
assume, nos tempos de crise global, um
papel fundamental.
A existência de
normas mínimas
comuns em
todos os Estados
que garantam a
independência
dos juízes e a
autonomia do
Ministério Publico
é uma garantia dos
cidadãos europeus.
Só assim terão a
certeza de ter, em todo o espaço da União,
tribunais independentes que apliquem um
direito que já é hoje comum e efectivamente
igual para todos. Não basta a proclamação
formal do princípio da independência do
poder judicial – é necessário que existam
regras comuns que a tornem efetiva.
Coincidindo com o aniversário do
assassinato do juiz italiano Giovanni
Falcone, a MEDEL (Magistrados Europeus
para a Democracia e as Liberdades) celebra
no próximo dia 23 de Maio, em toda a
Europa, o Dia da Independência da Justiça.
Num tempo em que as dúvidas sobre a
credibilidade de um discurso económico
são cada vez maiores, é tempo de
reconhecer que o direito e a justiça são
ainda a esperança de que há uma Europa
de direitos para todos os cidadãos que vale
a pena defender.
É esse o desafi o que propomos aos
cidadãos europeus.
Presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP); representante da ASJP junto da MEDEL
Tribuna Direito e cidadaniaJosé Mouraz Lopes e Filipe César Marques
Por uma Europa da Justiça ao serviço dos cidadãos
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ESCRITO NA PEDRA
“No final de contas, o valor de um Estado é o valor dos indivíduos que o compõem” John Stuart Mill (1806-1873), filósofo e economista inglês
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SEG 20 MAI 2013
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Dirigido à participação cívica, We the People tem petições inúteis p26
Equipa internacional chega a inesperada conclusão, resultados na Nature p29
Entrevista a Ranjit de Sousa: anúncios de emprego na Internet são só 5% a 15% p22
O site de petições que quer Obama a definir sabor de tofu
Para que serve o “ADN-lixo” que nada codifica?
Maioria encontra trabalho através da rede de contactos
Joker
0 8 2 8 5 2 5
SOBE E DESCE
Vítor Pereira
Continua a pagar o preço de ser visto como um ex-número 2 de André Villas
Boas. Vítor Pereira é o exemplo perfeito de um treinador mal amado e sem carisma que apresenta resultados. Conquistou o seu segundo título sem perder um único jogo e foi um justo vencedor de uma época disputadíssima. Se sair, é Pinto da Costa quem lhe fica a dever uma. Escusava era de ter dado por perdida e suja uma Liga que acabaria por ganhar. (Págs. 3 a 10)
António José Seguro
No dia seguinte à eleição dos órgãos dirigentes do partido, que consagram
a estratégia de unidade interna do partido, António José Seguro marcou a reunião do Conselho
de Estado de hoje ao afirmar que o país está à beira de uma “crise de regime”. Com o partido unido, e face
aos desentendimentos dentro da coligação, Seguro aproveita para dizer que a sua posição está reforçada no momento em que o Presidente quer discutir o pós-troika, enquanto o Governo está fragilizado (Pág. 17)
D. Manuel Clemente
Na sua primeira intervenção pública após ter sido conhecida
a sua designação para o cargo de patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente deu sinais de que continuará a ter uma postura activa face à crise. O ainda bispo do Porto, que critica a austeridade, disse que continuará a dar os seus alertas e apelou aos governantes para que sejam mais solidários e pedagógicos. (Pág. 16)
Jorge Jesus
Podia ter ganho tudo e já perdeu quase tudo. Poderá ser acusado de
não ter sabido escolher o que queria ganhar e de ter esticado a equipa ao ponto de esta ter ficado sem fôlego nos momentos decisivos. Mas o treinador temperamental que é Jorge Jesus nunca abdicou do espectáculo, das boas exibições... E da ambição de tentar ganhar tudo. Ficará para a história por ter caído de joelhos no Dragão, como um herói de uma tragédia. Imperdoável é que não tenha sido capaz de dar os parabéns ao vencedor. (Págs. 3 a 10)
CONSOANTE MUDA
E porém mexe
Não têm faltado ocasiões
para deplorar o estado do
sistema político-partidário
e a pressão negativa
que ele exerce sobre
as potencialidades da
democracia portuguesa. Por isso,
quando há ocasião para louvar,
aproveite-se.
A semana passada aconteceu
uma coisa preciosa. Uma decisão
justa foi tomada na Assembleia da
República, aprovando um projeto
de lei que visava possibilitar que
“quando duas pessoas do mesmo
sexo sejam casadas ou vivam em
união de facto, exercendo um
deles responsabilidades parentais
em relação a um menor, por via
da fi liação ou adoção, pode o
cônjuge ou o unido de facto co-
adotar o referido menor”.
É uma decisão justa porque
permite ao Estado reconhecer
laços de família que já existem
entre as pessoas, evitando assim
padecimento desnecessário
e gratuito por parte de fi lhos,
pais naturais e os seus cônjuges,
com quem já partilham a vida
e responsabilidades parentais.
Acautela-se também os interesses
do fi lho, no caso de morte do
pai ou mãe natural. No caso
Rui Tavares
de casais de pessoas de sexos
diferentes essa possibilidade já
existia na lei, pelo que a proposta
aprovada também elimina uma
discriminação injustifi cada.
Uma decisão boa, portanto,
porque é a lei que deve servir
as pessoas, respeitando as
relações de familiaridade e
interdependência que elas
já têm, e não as pessoas que
devem servir de instrumentos
às teimosias da lei. Nada a
acrescentar.
Ou melhor: uma coisa a
acrescentar. Pois naquela votação
não foi só interessante “o quê”
mas também “o como”. A
proposta de lei, que tinha como
primeira signatária a deputada do
PS Isabel Moreira, foi aprovada
por 99 votos a favor, 94 contra, e
nove abstenções.
Os maiores grupos
parlamentares, do PSD e do PS,
bem como o do CDS, “deram”
liberdade de voto aos seus
deputados — o que signifi ca que
houve deputados do PS a votar
contra, ao invés da maioria da
bancada, e vice-versa na bancada
do PSD, com alguns deputados
a votar a favor. No CDS houve
algumas abstenções. O PCP
mudou o seu sentido de voto em
relação a uma votação idêntica
no passado recente. No BE e
nos Verdes, que apresentaram
projetos legalizando a adoção em
geral para casais do mesmo sexo,
não era de esperar que houvesse
diferenças entre os deputados do
grupo parlamentar.
O resultado foi uma surpresa.
Sou de opinião que o mero
facto de assim ter sido valoriza
a democracia representativa e o
parlamentarismo.
Faz uma diferença signifi cativa
que o resultado fi nal de um
processo legislativo não seja
completamente previsível só pela
contagem de cabeças nos grupos
parlamentares.
É bom que em Portugal possa
ter acontecido ganhar uma
proposta de esquerda numa
legislatura em que há maioria
absoluta de direita. Um dia talvez
venha a suceder o contrário,
e talvez eu não goste tanto
do resultado, mas gostarei do
processo. Porque ele dignifi ca o
trabalho dos deputados e leva os
cidadãos a estarem mais atentos
ao que se passa no Parlamento.
Também aqui é importante
que a política se adeque aos
tempos. Não são os partidos
que “dão” liberdade de voto aos
deputados. São os deputados que
têm esse dever constitucional e
a obrigação de dar um cunho de
independência e autonomia ao
trabalho que fazem.
Se as estruturas partidárias
aprenderem, de uma forma geral,
a não impedir esse processo e
até a promovê-lo, estarão a dar
razões para que os cidadãos se
reconciliem com a democracia
representativa.
Historiador e eurodeputado