Práticas e Estratégias Sustentáveis para Projetos da ...
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FACULDADE MERIDIONAL - IMED
ESCOLA POLITÉCNICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ARQUITETURA E
URBANISMO
DOMINIKI ROSSI CEOLIN
Práticas e Estratégias Sustentáveis para Projetos da
Construção Civil: da Teoria à Prática
PASSO FUNDO
2021
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DOMINIKI ROSSI CEOLIN
Práticas e Estratégias Sustentáveis para Projetos da
Construção Civil: da Teoria à Prática
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em
Arquitetura e Urbanismo na Faculdade Meridional -
Imed, na área de concentração Projeto de
Arquitetura e Urbanismo, como requisito para
obtenção do grau de Mestre em Arquitetura e
Urbanismo, sob orientação do Professor Dr. Lauro
André Ribeiro.
PASSO FUNDO
2021
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CIP – Catalogação na Publicação
P852c CEOLIN, Dominiki Rossi Práticas e estratégias sustentáveis para projetos da construção civil: da
teoria à prática / Dominiki Rossi Ceolin. – 2021. 178 f., il.; 30 cm.
Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade IMED, Passo Fundo, 2021.
Orientador: Prof. Dr. Lauro André Ribeiro.
1. Arquitetura sustentável. 2. Construção civil. 3. Eco arquitetura. I. RIBEIRO, Lauro André, orientador. II. Título.
CDU: 72:502
Catalogação: Bibliotecária Angela Saadi Machado - CRB 10/1857
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a minha família, meu pai Wilson Luiz Ceolin, minha
mãe Vera Rossi Ceolin, e minha irmã Monalisa Rossi Ceolin, pelo incentivo, apoio e
confiança na minha capacidade, sem os quais o ingresso nesse mestrado não seria
possível.
Ao meu orientador, Dr. Lauro André Ribeiro, por todo apoio, paciência,
comprometimento, por todos os ensinamentos compartilhados durante todas as fases
de desenvolvimento dessa dissertação.
A todos os professores do PPGARQ da IMED que, sempre estiveram à
disposição em contribuir com seu conhecimento, e que por meio de suas disciplinas
contribuíram para o embasamento desta pesquisa.
Aos professores e alunos da graduação da IMED, os quais me ensinaram muito
durante os Programas de Aperfeiçoamento à Docência (PAD), que participei.
Ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGARQ) da
Faculdade Meridional (IMED), e todos os funcionários que ajudaram em todos os
momentos necessários.
À Ecovila Arca Verde, e ao fundador, por toda disponibilidade, pelo
fornecimento de dados que permitiram o alcance dos resultados para a conclusão
dessa dissertação.
A todos os arquitetos e urbanistas da cidade de Passo fundo, que concordaram
em participar e responder a pesquisa.
Aos meus amigos, que estiveram ao meu lado durante as fases dessa
dissertação, me dando apoio, me incentivando e tornando os dias mais leves.
Aos colegas do mestrado, que compartilharam desta experiência comigo.
Por fim, à Deus.
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RESUMO
As questões ambientais têm ganhado atenção nas discussões por todo o mundo. Com
isso, há uma busca de como aliar o desenvolvimento com a preservação da natureza
e a manutenção dos recursos naturais para as próximas gerações. A espécie humana
é a única capaz de alterar as características biológicas, física e químicas do planeta,
portanto, utilizar os recursos naturais com sabedoria, se tornou indispensável. Os
problemas ambientais, tais como a crise ambiental, o aquecimento global, a poluição,
entre outros, foram geradas a partir do crescimento populacional, do desenvolvimento
de tecnologias e o uso incompatível com o processo de regeneração da natureza.
Uma das áreas que mais provoca destruição do planeta, é a área da construção civil,
contudo, a arquitetura pode ser pensada de forma que contribua para desacelerar
esse processo. Neste contexto, essa dissertação traz o estudo de algumas
alternativas para o presente cenário, utilizando métodos e materiais na construção
que se adaptem mais harmoniosamente às condições do meio, que incentivam a
reciclagem e o respeito à natureza. Com isso essa dissertação tem como objetivo
identificar práticas e estratégias sustentáveis, visando apontar estratégias que seriam
mais exequíveis na construção, a fim de tornar os projetos mais sustentáveis no
contexto urbano. Esse estudo foi desenvolvido através de revisão bibliográfica,
estudos in loco na Ecovila, e pesquisa com especialistas da área de arquitetura. Esta
dissertação, abordará a temática da arquitetura sustentável, as principais práticas
existentes e quais dificuldades em desenvolver projetos mais sustentáveis, levando
em consideração a opinião de especialistas da área, e também como essas práticas
podem ser aplicadas. Portanto, a partir desse estudo será possível perceber quais as
técnicas que utilizam os recursos naturais mais eficientemente, e geram menor
impacto ao meio ambiente, para com isso minimizar os impactos ambientais. Como
resultado tem-se o entendimento de materiais e práticas sustentáveis, a possibilidade
de incorporação na construção, apontando as vantagens de sua utilização, as
dificuldades encontradas, para implantação em contextos urbanos.
Palavras Chaves – Desenvolvimento Sustentável, Arquitetura Sustentável, Práticas
Sustentáveis, Ecovila.
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ABSTRACT
Environmental issues have gained attention on issues around the world. With this,
there is a search for how to combine development with the preservation of nature and
the maintenance of natural resources for the next generations. The human species is
the only one capable of altering the biological, physical and chemical characteristics of
the planet, therefore, using natural resources wisely has become indispensable. The
environmental problems, such as the environmental crisis, global warming, the
superior, among others, were generated from population growth, the development of
technologies and the use incompatible with the nature regeneration process. One of
the areas that causes the most destruction on the planet, is an area of civil
construction, however, architecture can be thought of in a way that contributes to slow
down this process. In this context, this dissertation brings the study of some
alternatives for the present scenario, using methods and materials in the construction
that adapt more harmoniously to the conditions of the environment, which encourages
recycling and respect for nature. With this in mind, this dissertation aims identify
sustainable practices and strategies, simplifying the approach that would be more
feasible in construction, in order to make projects more sustainable in the urban
context. This study was developed through bibliographic review, on-site studies at
Ecovila, and research with specialists in the field of architecture. This dissertation will
address the theme of sustainable architecture, the main existing practices and what
difficulties in developing more sustainable projects, taking into account the opinion of
specialists in the area, and also how these practices can be applied. Therefore, from
the study it will be possible to understand which are the techniques that use natural
resources more efficiently, and generate less impact on the environment, in order to
minimize environmental impacts. As a result, there is an understanding of sustainable
materials and practices, a possibility of incorporation in construction, taking the
advantages of its use, as found, for implantation in urban contexts.
Keywords - Sustainable Development, Sustainable Architecture, Sustainable
Practices, Ecovillage.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Organograma de Pesquisa ..................................................................................................... 22
Figura 2: Localização Ecovila Arca Verde .............................................................................................. 26
Figura 3: Casa-mãe, em São José dos Ausente ..................................................................................... 26
Figura 4: Ecovila Arca Verde em São José dos Ausentes ....................................................................... 27
Figura 5: Ecovila Arca Verde em São Francisco de Paula ...................................................................... 27
Figura 6: Vivência com professores de Porto Alegre ........................................................................... 28
Figura 7: Sequência do Método Delphi ................................................................................................. 30
Figura 8: Pegada ecológica global em comparação com a biocapacidade global ................................. 36
Figura 9: Dia da Sobrecarga da Terra .................................................................................................... 37
Figura 10: Triple Bottom Line (Os três pilares da sustentabilidade). .................................................... 42
Figura 11: ODM E ODS ........................................................................................................................... 43
Figura 12: Esquema dos 5Ps, do Desenvolvimento Sustentável ........................................................... 45
Figura 13: Ética da Permacultura e Princípios do Design ...................................................................... 49
Figura 14: Meti School........................................................................................................................... 59
Figura 15: Munita Gonzales. ................................................................................................................. 59
Figura 16: Casa Morumbi ...................................................................................................................... 60
Figura 17: Casa Colinas .......................................................................................................................... 60
Figura 18: Regiões autônomas da GEN ................................................................................................. 67
Figura 19: Mapa das Ecovilas no Mundo .............................................................................................. 68
Figura 20: Ecovila Findhorn .................................................................................................................. 69
Figura 21: Ecovila Crystal Waters Social ................................................................................................ 70
Figura 22: Ecovila de Ithaca ................................................................................................................... 71
Figura 23: Construção em Superabode e COB ..................................................................................... 74
Figura 24: Tijolos de Adobe ................................................................................................................... 74
Figura 25: Construção em Pau-a-pique ................................................................................................. 75
Figura 26: Construção com telhado verde ............................................................................................ 75
Figura 27: Bacias de evapotranspiração ................................................................................................ 76
Figura 28: Produção Local de Alimentos ............................................................................................... 77
Figura 29: Uso de energia solar para produção de eletricidade ........................................................... 77
Figura 30: Técnicas de Compostagem ................................................................................................... 78
Figura 31: Banheiro Seco de duas câmaras ........................................................................................... 79
Figura 32: Vista aérea da Ecovila Arca Verde, com marcação das edificações .......... Erro! Indicador não
definido.
Figura 33: Vista aérea da Ecovila Arca Verde ............................................ Erro! Indicador não definido.
Figura 34: Vista aérea da Ecovila Arca Verde. ............................................ Erro! Indicador não definido.
Figura 35: Detalhes da Cozinha .................................................................. Erro! Indicador não definido.
Figura 36: Construções da Arca Verde ....................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 37: Horta .......................................................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 38: Tanque de Ferrocimento ........................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 39: Composteira com as divisões para resíduos ............................. Erro! Indicador não definido.
Figura 40: Creche/ Jardim de Infância ....................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 41: Yurts .......................................................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 42: Yurts internamente ................................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 43: Centro de Triagem ..................................................................... Erro! Indicador não definido.
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Figura 44: Chalés ........................................................................................ Erro! Indicador não definido.
Figura 45: Chalés ........................................................................................ Erro! Indicador não definido.
Figura 46: Vista dos chalés com o banheiro verde e o lago ao fundo ........ Erro! Indicador não definido.
Figura 47: Banheiro seco Externo .............................................................. Erro! Indicador não definido.
Figura 48: Banheiro seco ............................................................................ Erro! Indicador não definido.
Figura 49: Tambores de decomposição ..................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 50: Espaço de Lazer ......................................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 51: Labirinto de Meditação ............................................................. Erro! Indicador não definido.
Figura 52: Temazcal .................................................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 53: Vista para a Casa do Lago .......................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 54: Terreno onde possui Swales...................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 55: Swales no Ecocentro IPEC ......................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 56: Tiny House ................................................................................. Erro! Indicador não definido.
Figura 57: Casa do Fundador vista externa ................................................ Erro! Indicador não definido.
Figura 58: Casa Fundador ........................................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 59: Casa do Fundador ...................................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 60: Vegetação presente dentro da casa do fundador ..................... Erro! Indicador não definido.
Figura 61: Madeira do manejo de araucárias ............................................ Erro! Indicador não definido.
Figura 62: Estrutura do Yurt central vista internamente ........................... Erro! Indicador não definido.
Figura 63: Yurt Central vista interna .......................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 64: Estrutura externa ...................................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 65: Entrada da edificação existente ................................................ Erro! Indicador não definido.
Figura 66: Edificação existente estrutura vista externa ............................. Erro! Indicador não definido.
Figura 67: Edificação existente estrutura vista interna .............................. Erro! Indicador não definido.
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Conceitos de Ecovila ............................................................................................................ 51
Quadro 2: Critérios Técnicos ................................................................................................................. 57
Quadro 3: Conceitos de Ecovila ............................................................................................................ 62
Quadro 4: Esquema da evolução das Ecovilas ...................................................................................... 65
Quadro 5: Práticas encontradas nas Ecovilas estudadas ...................................................................... 72
Quadro 6: Materiais e Práticas desenvolvidas na Ecovila Arca Verde ....... Erro! Indicador não definido.
Quadro 7: Questões Práticas e Materiais Sustentáveis Utilizadas nos Projetos -n=50 .... Erro! Indicador
não definido.
Quadro 8: Questões sobre o Tema: Construção Sustentável .................... Erro! Indicador não definido.
Quadro 9: Questões sobre o Tema: Relação Clientes x Sustentabilidade – n=50 ..... Erro! Indicador não
definido.
Quadro 10: Questões sobre o Tema: Projetar e Construir de forma mais sustentável – n=50 ........ Erro!
Indicador não definido.
Quadro 11: Questões sobre o Tema: Futuro – ODS 2030 – n=50 .............. Erro! Indicador não definido.
Quadro 12: Materiais e Práticas Utilizadas em Passo Fundo ..................... Erro! Indicador não definido.
Quadro 13: Dificuldades para desenvolver projetos sustentáveis ............ Erro! Indicador não definido.
Quadro 14: Benefícios ao desenvolver projetos sustentáveis ................... Erro! Indicador não definido.
Quadro 15: Resumo de materiais estudados, visualização do que é usado na cidade e sua viabilidade
de implantação ........................................................................................... Erro! Indicador não definido.
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Gráfico referente à idade dos participantes da pesquisa – n=64 .............. Erro! Indicador não
definido.
Gráfico 2: Gráfico referente ao tempo de atuação dos participantes da pesquisa ... Erro! Indicador não
definido.
Gráfico 3: Gráfico referente ao nível de escolaridade dos participantes da pesquisa - n=64 .......... Erro!
Indicador não definido.
Gráfico 4: Gráfico referente questão 1.1 - n=50 ........................................ Erro! Indicador não definido.
Gráfico 5 Gráfico referente questão 1.2 - n=50 ......................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 6: Gráfico referente questão 1.3 - n=50 ........................................ Erro! Indicador não definido.
Gráfico 7: Gráfico referente questão 1.4 - n=50 ........................................ Erro! Indicador não definido.
Gráfico 8: Gráfico referente questão 1.5 - n=50 ........................................ Erro! Indicador não definido.
Gráfico 9: Gráfico referente questão 1.6 - n=50 ........................................ Erro! Indicador não definido.
Gráfico 10: Gráfico referente questão 1.7 ................................................. Erro! Indicador não definido.
Gráfico 11: Gráfico referente questão 1.8 ................................................. Erro! Indicador não definido.
Gráfico 12: Gráfico referente questão 1.9 ................................................. Erro! Indicador não definido.
Gráfico 13: Gráfico referente aos materiais e práticas utilizados– n=50 ... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 14: Gráfico referente aos materiais e práticas utilizados – n=50 .. Erro! Indicador não definido.
Gráfico 15: Gráfico referente aos materiais e práticas utilizados– n=50 ... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 16: Gráfico referente aos materiais e práticas utilizados– n=50 ... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 17: Gráfico referente questão 1.1 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 18: Gráfico referente questão 1.2 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 19: Gráfico referente questão 1.3 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 20: Gráfico referente questão 1.4 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 21: Gráfico referente questão 1.5 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 22: Gráfico referente questão 2.1 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 23: Gráfico referente questão 2.2 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 24: Gráfico referente questão 2.3 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 25: Gráfico referente questão 2.4 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 26: Gráfico referente questão 2.5 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 27: Gráfico referente questão 2.6 ................................................. Erro! Indicador não definido.
Gráfico 28: Gráfico referente questão 3.1 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 29: Gráfico referente questão 3.2 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 30: Gráfico referente questão 3.3 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 31: Gráfico referente questão 3.4 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 32: Gráfico referente questão 3.5 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 33: Gráfico referente questão 3.6 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 34: Gráfico referente questão 3.7 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 35: Gráfico referente questão 3.8 ................................................. Erro! Indicador não definido.
Gráfico 36: Gráfico referente questão 3.9 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 37: Gráfico referente questão 3.10 – n=50 ................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 38: Gráfico referente questão 3.11 – n=50 ................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 39: Gráfico referente questão 3.12 – n=50 ................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 40: Gráfico referente questão 3.13 – n=50 ................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 41: Gráfico referente questão 3.14 – n=50 ................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 42: Gráfico referente questão 3.15 – n=50 ................................... Erro! Indicador não definido.
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Gráfico 43: Gráfico referente questão 3.16 – n=50 ................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 44: Gráfico referente questão 3.17 – n=50 ................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 45: Gráfico referente questão 3.18 – n=50 ................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 46: Gráfico referente questão 4.1 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 47: Gráfico referente questão 4.2 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 48: Gráfico referente questão 4.3 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 49: Gráfico referente questão 4.4 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 50: Gráfico referente questão 4.5 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
Gráfico 51: Gráfico referente questão 4.6 – n=50 ..................................... Erro! Indicador não definido.
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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
AsBEA- Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
C.A.S.A. – Conselho de Assentamentos Sustentáveis da América Latina
CAU- Conselho de Arquitetura e Urbanismo
CBCS - Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
CIB - Conselho Internacional da Construção
CNV- Comunicação não violenta
CO2 – Dióxido de carbono
EPI - Equipamento de Proteção Individual
GEN - Global Ecovillage Network
GFN – Global Footprint Network
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas
IPEC - Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado
IPOEMA- Instituto de Permacultura
PMSB - Plano Municipal de Saneamento Básico
ODS- Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
ODM- Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
OMS – Organização Mundial da Saúde
ONG – Organizações Não Governamentais
ONU – Organização das Nações Unidas
RCD - Resíduos da Construção e Demolição
RS- Rio Grande do Sul
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
WWF- World Wide Fund for Nature
WWF-Brasil - Fundo Mundial para a Natureza
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Sumário
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 15
1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................................................ 20
2. FUNDAMENTAÇÃO: CONCEITOS E CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................. 34
2.1 Crise Ambiental ..................................................................................................................... 34
2.2 Impactos da Construção Civil ................................................................................................ 38
2.3 Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade ................................................................ 40
2.4 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) ............................................................... 43
2.5 Permacultura ......................................................................................................................... 46
2.6 Arquitetura Sustentável ........................................................................................................ 49
2.7 Norma de Desempenho 15.575 ............................................................................................ 56
2.8 Projetos e escritórios............................................................................................................. 58
3. ECOVILA ......................................................................................................................................... 61
3.1 Evolução das Ecovilas ............................................................................................................ 64
3.2 Redes de Apoio ...................................................................................................................... 66
3.2.1 Gaia Trust ...................................................................................................................... 66
3.2.2 GEN – Rede Global de Ecovilas ...................................................................................... 66
3.3 Ecovilas no Mundo ................................................................................................................ 67
3.3.1 Exemplos de Ecovilas ..................................................................................................... 69
3.4 Práticas Sustentáveis nas Ecovilas ........................................................................................ 71
3.4.1 Práticas Ecológicas ........................................................................................................ 73
4. RESULTADOS ...................................................................................... Erro! Indicador não definido.
4.1 Visitação Ecovila Arca Verde ...................................................... Erro! Indicador não definido.
4.2 Questionário enviado para Especialistas ................................... Erro! Indicador não definido.
4.3 Legislação de Passo Fundo ......................................................... Erro! Indicador não definido.
5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................................... Erro! Indicador não definido.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... Erro! Indicador não definido.
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 81
ANEXOS ................................................................................................................................................. 93
APÊNDICES ............................................................................................................................................ 95
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INTRODUÇÃO
No atual contexto mundial, as preocupações com as questões ambientais e
com o processo de desenvolvimento sustentável, estão cada vez mais presentes, e
essas vem ganhando força desde as últimas décadas do Sec. XX (GANHÃO, 2011).
A Revolução Industrial, foi ponto de partida para grandes mudanças no planeta, trouxe
consigo muitas melhorias, porém na busca por produtividade e crescimento, não zelou
pela qualidade do ambiente. Com isso as consequências foram a contaminação de
rios, poluição do ar, emissão de gases de efeito estufa, que conduzem para alterações
climáticas, e maior incidência de desastres naturais, vazamento de produtos químicos
nocivos e a perda de milhares de vidas (POTT, ESTRELA, 2017).
O cenário atual é reflexo de uma série de erros e decisões que foram tomadas
no passado. Nunca antes os efeitos dos padrões de consumo da civilização
produziram tamanhas consequências, afetando inclusive as gerações futuras
(TORGAL, JALALI, 2007). A crise ambiental é uma das questões fundamentais
enfrentadas pela humanidade e exige uma mudança de mentalidade, em busca de
novos valores e uma ética em que a natureza não seja vista apenas como fonte de
lucro, mas que passe, acima de tudo, a ser reconhecida como meio de sobrevivência,
para as espécies que habitam o Planeta (MARÇAL, 2005; PEREIRA e CURI, 2012).
Encontramo-nos num ponto, onde é preciso reduzir os impactos desses erros, e
trabalhar com o foco na preservação e na precaução para que as mesmas falhas não
se repitam (POTT, ESTRELA, 2017).
Foi com base no pensamento de preservação, o entendimento de que os
recursos naturais são finitos, e com a percepção de que é necessário repensar a
relação homem/natureza, que no início dos anos 70, começou a emergir uma forte
corrente em defesa da natureza, e a despontar a consciência social acerca da
fragilidade do Planeta Terra (MATEUS, 2004). Em 1972, na Conferência das Nações
Unidas que aconteceu em Estocolmo, as preocupações ambientais ganharam
repercussão internacional, porém o conceito de sustentabilidade que conhecemos
hoje, surgiu na década de 80, através da publicação do Relatório "Our Common
Future", conhecido como Relatório Brundtland, e onde pela primeira vez aparece
consignada a expressão do desenvolvimento sustentável (TORGAL, JALALI, 2007),
como aquele que possibilita satisfazer as necessidades do presente sem que
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comprometa as possibilidades das gerações futuras satisfazerem as suas
necessidades (BRUNDTLAND, 1987).
Um dos maiores desafios do desenvolvimento sustentável é o consumo de
energia, o consumo excessivo de recursos e a construção desordenada, devido ao
aumento no número de habitantes (GANHÃO, 2011). O setor da construção tem um
grande efeito sobre o ambiente, sendo assim, é possível perceber que é responsável
por consumir grande parte dos recursos naturais mundiais (LUCAS, 2011; ROCHETA,
FARINHA, 2007). O aumento da produção e utilização de materiais sintéticos e
tóxicos, a produção de resíduos ao longo do ciclo de vida do edifício, aliada a falta de
gestão, contribui significativamente para o desequilibro ambiental (CARAMELO,
2017). A partir disso é que as questões ambientais começaram a ganhar espaço na
construção, onde surge o conceito de construção sustentável, cujo princípio é gerir e
criar de forma responsável um ambiente construído saudável, levando em
consideração os princípios ecológicos e a utilização eficiente de recursos (GANHÂO,
2011).
Para se chegar a uma atividade da construção civil, que seja compatível aos
princípios sustentáveis, é preciso perceber que a construção sustentável não é um
modelo para resolver problemas pontuais, mas uma nova forma de pensar a própria
construção e tudo que a envolve (ARAÚJO, 2019). Com a evolução cientifica, tem-se
o aparecimento de novas tecnologias, apropriadas para a racionalização dos recursos
disponíveis, para melhor aproveitamento da mão de obra, e diminuição dos custos,
além do ressurgimento de tecnologias utilizadas há milhares de anos, que haviam sido
abandonadas (MATEUS, 2004). Nos últimos anos, estudos vem demonstrando que a
arquitetura vernacular deixou em seu legado aspectos em comum com os princípios
de sustentabilidade, e que este pode ser uma contribuição útil para o desenvolvimento
sustentável. No entanto é importante compatibilizar essas práticas com a realidade
atual, integrando-as com as novas tecnologias disponíveis, afim de maximizar seus
benefícios (CARAMELO, 2017).
O presente trabalho tem como tema “Práticas Construtivas de Projeto” tendo
como foco a análise de alguns materiais naturais e algumas práticas construtivas, com
o enfoque em sustentabilidade, para entender e testar suas possibilidades e barreiras
na utilização dentro das cidades, mais especificamente, na cidade de Passo Fundo,
localizada na região norte do estado do Rio Grande do Sul, a fim de termos ambientes
17
construídos mais sustentáveis. A dissertação se insere na área de concentração
“Projeto em Arquitetura e Urbanismo” por analisar e descrever ciclos de inovação, de
projetação e gestão do ambiente construído, propondo soluções aos problemas
contemporâneos, e está inserido na linha de pesquisa “Tecnologia, Projeto e Gestão
do Ambiente Construído” por estudar as teorias, métodos e técnicas e a partir propor
práticas de projeto que podem ser incorporadas na sociedade atual.
Nesta dissertação pretende-se reunir alguns exemplos de soluções
construtivas, convencionais e não convencionais, cuja implementação contribuirá para
construção de edificações mais sustentáveis. Essas práticas estudadas serão
relacionadas à gestão de materiais, com enfoque na utilização de materiais naturais,
de origem local, duráveis e não poluentes, com baixa energia incorporada.
Essas soluções serão analisadas de forma teórica a partir de referenciais
bibliográficos, estudadas in loco em uma Ecovila selecionada, e através de pesquisa
com especialistas (Arquitetos e Urbanistas) a fim de entender suas valências técnicas,
funcionais e econômicas, além de seus impactos ambientais, de modo que será
possível avaliar as potencialidades e barreiras na incorporação dessas soluções na
hora de construir na zona urbana.
Assim, a dissertação tem como objetivo geral, identificar práticas e estratégias
sustentáveis, visando apontar estratégias que seriam mais exequíveis na construção,
a fim de tornar os projetos mais sustentáveis no contexto urbano.
Os objetivos específicos são:
A. Identificar e selecionar exemplos de práticas construtivas e materiais
naturais, potencialmente sustentáveis.
B. Analisar as práticas e materiais selecionados, e com auxílio da Ecovila
verificar a aplicação nas construções.
C. Verificar a adoção de práticas sustentáveis e de materiais naturais,
dentro do processo de projeto da construção civil da cidade de Passo
Fundo, utilizadas por arquitetos e urbanistas.
D. Apontar as potencialidades e as barreiras encontradas para
incorporação dos materiais e práticas.
E. Apontar quais estratégias seriam mais adaptáveis dentro da construção
civil na busca tornar os projetos mais sustentáveis.
18
Buscar novos modos de vida e novas formas de ser e de viver, é imprescindível
para a descoberta de medidas que possam contribuir para a construção de um mundo
que proteja a natureza e todos os seres que a compõe. Com isso, a justificativa para
a realização desse estudo advém da percepção da crise ambiental em que nos
encontramos, e a consequente busca para a implementação de técnicas construtivas
que sejam capazes de mitigar os impactos que a construção civil gera no meio
ambiente. Muito dos materiais e das práticas selecionadas são conhecidas e já foram
documentadas, algumas utilizadas na arquitetura vernacular, e algumas
desenvolvidas pós revolução industrial. Porém as questões relacionadas ao
desenvolvimento dessa dissertação são vinculadas a compreender melhor essas
práticas e materiais, visualizar sua aplicação, entender o motivo de algumas serem
utilizadas no contexto urbano, e algumas não, visualizar a potencialidade de inserção
das mesmas, entender o que difere das utilizadas e não utilizadas e o motivo disso. E
através dessa percepção, poder promover a inserção do maior número de práticas e
materiais mais sustentáveis a fim de mitigar os problemas ambientais. Dessa maneira,
o estudo de caso na Ecovila tem sua importância em demonstrar que é possível um
novo mundo, com um estilo de vida que vise preservar a vida em sua complexidade.
Desta forma, a realização dessa pesquisa mostra-se relevante em virtude de
elencar novos dados e informações, através do comparativo entre ideal e real, e do
conhecimento das potencialidades e das dificuldades de implantar cada tipo de
solução sustentável, e com isso poder colaborar para que essas técnicas sejam
utilizadas com maior frequência e facilidade, incentivando assim a elaboração de
projetos que permitiram maior qualidade de vida aos usuários e menos impactos ao
meio ambiente.
A cidade de Passo Fundo, localizada na região norte do estado do Rio Grande
do Sul, foi escolhida como cenário desse estudo, pelo fato de ser uma cidade de médio
porte, ser a maior da região norte do estado e seu crescimento demográfico ter
acontecido principalmente no espaço urbano. Atualmente possui uma população
estimada de 201.767 pessoas (IBGE, 2018) e segundo o Plano Municipal de
Saneamento Básico (PMSB) a população encontra-se mais densamente concentrada
na região central, e a alta densidade habitacional dessa região (7.885 hab./ por km²)
é muito superior à taxa de densidade média da zona urbana, que é de 2.228 habitantes
por km² (GOSH, 2002, PMSB, 2014).
19
Em se tratando da estrutura, esta dissertação está dividida em 6 (seis)
capítulos, além desta introdução. O primeiro capítulo dedicado à descrição dos
procedimentos metodológicos. Nele foram apresentadas todas as etapas de pesquisa,
bem como as ferramentas elencadas para desenvolvimento das mesmas, as análises
da Ecovila que será feito o estudo in loco, e o método utilizado para desenvolvimento
da pesquisa com os especialistas referente ao âmbito do real.
No segundo capítulo é apresentado o embasamento teórico e conceitual em
relação aos temas que serão relevantes para o desenvolvimento deste estudo, bem
como um histórico de acontecimentos referentes ao tema.
No terceiro capítulo, serão apresentados os estudos referentes às Ecovilas, e
as práticas sustentáveis desenvolvidas na mesma.
No quarto capítulo serão apresentados os resultados obtidos. Nesse capítulo
está a descrição da visita in loco, que foi realizada na Ecovila Arca Verde, os
resultados da pesquisa desenvolvida com profissionais da área de arquitetura serão
apresentados e as leis e normas da cidade de Passo Fundo referentes à construção
sustentável.
No quinto capitulo está a discussão referente aos resultados obtidos. No sexto
e último capítulo a dissertação é finalizada com uma conclusão baseada nos
resultados obtidos na pesquisa, ao longo do seu desenvolvimento.
20
1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste capítulo são apresentados os métodos que foram utilizados para a
realização desta pesquisa. A presente pesquisa é de natureza qualitativa por levar em
consideração variáveis como a análise teórica de diferentes ecovilas, as práticas de
uma ecovila selecionada, e o conhecimento técnico de especialistas na área de
arquitetura e urbanismo, para assim ser possível compreender as atitudes e
motivações desses diferentes grupos, e como as técnicas utilizadas na ecovila
poderiam ser implementadas nas cidades. Desta forma, Goldenberg (2009) afirma que
a pesquisa qualitativa se propõe a compreender valores, crenças, sentimentos, que
somente pode acontecer dentro de um contexto de significado. Silveira e Córdova
(2009, p. 32) afirmam que
“Na pesquisa qualitativa, o cientista é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de
suas pesquisas. (...) A pesquisa qualitativa preocupa-se, portanto, com
aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na
compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais” (SILVEIRA e
CÓRDOVA, 2009, p. 32)
A tipologia de pesquisa é de caráter aplicada, porque a dissertação busca
encontrar formas para minimizar alguns problemas no setor da construção civil,
trazendo soluções que sejam mais sustentáveis para ambientes construídos urbanos.
Na pesquisa aplicada o foco é em torno dos problemas presentes, e seu objetivo
concentra-se na elaboração de diagnósticos, identificação de problemas e busca de
soluções (FLEURY e WERLANG, 2017).
O método base utilizado nessa pesquisa é hipotético-dedutivo, pois foi
identificado um problema, e com isso foram geradas hipóteses para a solução do
mesmo, e durante o desenvolvimento dessa pesquisa serão verificadas
continuamente essas hipóteses, que poderão ser validadas ou não e serão
apresentadas nas considerações finais.
Para se alcançar o objetivo dessa pesquisa, foram considerados 4 variáveis de
pesquisa, na esfera do ideal, serão consideradas as referências bibliográficas,
encontradas em livros, artigos, teses e dissertações a respeito do assunto; também
21
na esfera no ideal será feito o levantamento documental das normas de construção
da cidade de Passo Fundo; na esfera do real, serão considerados projetos elaborados
e executados, encontrados através de estudos de caso e levantadas in loco; e na
esfera do percebido, serão consideradas o conhecimento técnico dos especialistas e
será levantado através de entrevistas semiestruturadas.
A partir dos objetivos específicos, foi adotado um conjunto de etapas para o
desenvolvimento da dissertação, que serão eles: levantamento bibliográfico referente
à temática e ao objeto de estudo; estudo de caso (in loco); entrevista com especialistas
da área de arquitetura e urbanismo e análise e discussão dos dados obtidos;
Para poder alcançar os objetivos optou-se por uma abordagem multimétodos
de coleta de dados. Para o objetivo específico onde foram identificadas as práticas
construtivas e os materiais naturais, foi necessário um levantamento bibliográfico
geral, específico e documental (A), referente ao tema. Para analisar as técnicas foi
feito uma pesquisa in loco, onde foram feitas fotografias e entrevistas, e utilizado o
método walkthrough (B). Para verificar a adoção das práticas no processo de projeto
foi desenvolvido um questionário aplicado através do Método Delphi (C). Para apontar
as potencialidades e barreiras encontradas, foi feita a análise dos dados (D), através
das respostas obtidas no questionário aplicado. Para propor as práticas exequíveis foi
feita a sistematização e discussão (E) de todos os dados obtidos através das etapas
anteriores. Todos estes métodos serão explicados mais profundamente a seguir. Para
poder entender as etapas, e quais objetivos vão ser atingidos com cada metodologia
utilizada, foi apresentado um organograma (Figura 1), que mostra a síntese
metodológica da pesquisa para alcançar os objetivos elencados.
22
Objetivos Específicos
Figura 1: Organograma de Pesquisa
Fonte: Desenvolvido pelo autor
23
1. Referencial Bibliográfico (A)
1.1. Levantamento Bibliográfico Geral (A):
A revisão bibliográfica geral será a primeira etapa a ser realizada da pesquisa, e
tem como objetivo o levantamento de informações para poder compreender a temática
abordada, e o contexto em que está inserida. Para isso foram utilizadas palavras
chaves como, desenvolvimento sustentável, sustentabilidade, permacultura, meio
ambiente, arquitetura sustentável, crise ambiental, ecovilas. Esta etapa foi
fundamental para construir a base da dissertação e contribuir com o processo
argumentativo, para identificar os estudos já realizados na área e definir os conceitos-
chaves que foram considerados, e a partir desses conhecimentos, ser possível
aprofundar as pesquisas.
1.2. Levantamento Bibliográfico Específico (A):
Com o conhecimento base estudado, foi necessário o aprofundamento do
assunto em relação às Ecovilas, a arquitetura sustentável e as práticas desenvolvidas.
Nesse momento foram levantados dados para entender as questões históricas e
conceituais, para conhecer seus preceitos, objetivos, e conhecer algumas
comunidades já existentes.
Para o desenvolvimento das Etapas 01 (Levantamento Bibliográfico Geral) e
02 (Levantamento Bibliográfico Especifico), as pesquisas foram realizadas em
acervos físicos e digitais, visitas em banco de dados de teses e dissertações em
importantes Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu nacionais e internacionais,
revistas com artigos qualificados pelo sistema Qualis Capes, artigos de eventos
relevantes ao tema, artigos em periódicos qualificados, sites de institutos e
organizações referentes ao tema, bem como em livros de autores conceituados, como
John Elkington, David Holmgren, José Eli da Veiga, Luís Enrique Sánchez, Ignacy
Sachs, Leonardo Boff, Hans Michael Van Bellen, Bill Mollison, Enrique Leff, Giuliana
Capello, Eduardo J. Viola. Giuliana Capello, Robert Gilman, Diane Gilman, Jonathan
Dawson, Ricardo Braun, Lucy Sargisson, Declan Kennedy, Ross Jackson.
1.3. Levantamento Documental (A):
Durante essa etapa, foram levantados dados mais específicos sobre a legislação do
cenário onde está sendo desenvolvida a pesquisa, a fim de entender barreiras e
potencialidades para implantação das práticas estudadas. Para esse levantamento
24
foram utilizados documentos oficiais, mapas, leis, decretos, encontrados em arquivos
históricos, públicos e privados. As bases de dados utilizadas para levantamento dessa
etapa da pesquisa foram arquivos digitais municipais, arquivos físicos, dados de
instituições e para dados complementares relacionado ao perfil econômico e
demográfico da cidade de Passo Fundo, foi utilizado o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatísticas (IBGE). Essa etapa foi complementada com revisões bibliográficas.
2. Análise Walkthrough (B)
2.1. Levantamento in loco (estudo de caso) (B):
Essa etapa é fundamental para conhecimento de como as ecovilas construíram
suas habitações, e de como utilizam os materiais e práticas sustentáveis. Isso será
feito através do estudo in loco da Ecovila Arca Verde, pois assim será possível
conhecer de forma mais ampla uma realidade social e de vivência dos moradores de
uma ecovila. O estudo de caso se mostra um método importante para trazer para o
meio científico e para a sociedade o estudo do funcionamento de um modelo de
assentamento humano alternativo, revelando seus princípios, percepções, técnicas e
atividades cotidianas (BÔLLA, 2012). Para Goldenberg (2009), o estudo de caso é
uma análise holística, que considera a unidade social estudada como um todo, com o
objetivo de compreendê-los em seus próprios termos.
Em decorrência da situação que foi vivenciada no ano de 2020, consequência
da COVID-19, e sabendo da importância dessa etapa de trabalho, ela foi desenvolvida
primeiramente por meio de entrevista via telefone, com um dos fundadores da Ecovila,
para que fosse possível obter informações preliminares e ser marcada a data da
visitação a mesma.
A visitação aconteceu no dia treze (13) de outubro de 2020, seguindo todas as
medidas necessárias de segurança decretadas pela OMS para prevenção do
coronavirus. Essa visitação aconteceu conforme metodologia walkthrough, através de
visita guiada, onde durante o percurso foi feita uma entrevista semiestruturada
(Apêndice A) com o fundador da Ecovila. Foram feitos registros fotográficos, e foi
gravada por meio de vídeo toda a entrevista e a visitação. A mesma teve duração de
4 horas, durante o turno da manhã. Por conta da COVID-19, não foi possível fazer
entrevista com os demais moradores.
25
2.2. Método Walkthrough (B):
Percebendo a importância dessa etapa de trabalho, ela será desenvolvida
através do Método walkthrough. A análise walkthrough é um percurso dialogado,
complementado por fotos, gravação de áudio, vídeo e croquis, é um método utilizado
para avaliação do ambiente construído, e possibilita a identificação de pontos positivos
e negativos, através da combinação simultânea da observação com entrevista
(Rheingantz, et al., 2009). No caso da Ecovila Arca verde o espaço foi percorrido
como uma visita guiada feita por um dos fundadores e morador, momento este em
que foram feitos registros fotográficos, anotações, gravações de áudio e vídeo, acerca
da implantação da estrutura hoje existente, das residências, das características físico-
naturais do terreno e dos materiais e técnicas utilizados. Como consequência do
percurso ser feito com o morador, na metodologia walkthrough, além da análise das
características físicas e ambientais da construção, também é possível observar as
reações do morador em relação ao espaço percorrido.
2.3. Escolha da Ecovila (B):
A escolha da ecovila se deu a partir da busca por ecovilas brasileiras
registradas na Rede Global de Ecovilas (GEN). Com a lista das ecovilas brasileiras
cadastradas, foi realizada uma busca nos respectivos sites e materiais disponíveis.
Através dos materiais encontrados, foi estudado e escolhido critérios para seleção,
tais como a localização geográfica, sua organização nas quatro dimensões da GEN,
número de moradores, data de formação, e disponibilidade de aceitação para
voluntariados, e principalmente para participar da pesquisa. A Ecovila Arca Verde
atendeu a todos os critérios selecionados, e sendo uma das Ecovilas mais conhecidas
e com um bom material disponível e boa receptividade, ela foi a escolhida como
unidade de análise deste estudo.
2.3.1. A Ecovila Arca Verde
Como a Ecovila Arca Verde, foi o cenário de estudo in loco, foi desenvolvida
uma pesquisa inicial para conhecimento da mesma. A Figura 2 é um esquema que
mostra a localização dentro do estado do Rio Grande do Sul, da cidade de São
Francisco de Paula – RS, cidade onde a Ecovila está inserida, e o trajeto de como
chegar na ecovila.
26
Figura 2: Localização Ecovila Arca Verde
Fonte: Adaptado do Instituto Arca Verde (2019)
De acordo com o site oficial do Instituto Arca Verde (2019), é uma associação
sem fins lucrativos, sendo membro de redes como a GEN (rede global de ecovilas) e
da C.A.S.A (Conselho de Assentamentos Sustentáveis da América Latina. A ecovila
Arca Verde começou no ano de 2005, sendo que a primeira sede foi na cidade de São
José dos Ausente – RS.
A primeira edificação construída se tornou um símbolo já que foi construída a
partir de uma pipa de vinho de 100 mil litros, e transformada em casa-mãe (Figura 3).
Figura 3: Casa-mãe, em São José dos Ausente
Fonte: Instituto Arca Verde (2019)
Durante 4 anos, a Arca Verde se manteve em São José dos Ausentes (figura
4), e ali tiveram muitas atividades, experiências, vivências e transformações. Porém
27
novas necessidades se apresentaram e com isso, em meados de 2009, ocorreu uma
grande mudança no projeto. A mudança para uma nova região, mais baixa da Serra
Gaúcha, com o clima menos rigoroso e localizada mais próximo da capital. Assim
surgiu a Ecovila Arca Verde.
Figura 4: Ecovila Arca Verde em São José dos Ausentes
Fonte: Instituto Arca Verde (2019)
A nova localização é São Francisco de Paula-RS, onde um antigo “pesque e
pague” foi utilizado para dar lugar à ecovila, com aproveitamento de estruturas e
ressignificação das mesmas. A Arca Verde já possuía uma rede ao seu redor, ou seja,
haviam pessoas que já frequentavam e colaboravam com a comunidade em
Ausentes, e que posteriormente tornaram-se moradores na nova sede. Os cursos e
vivências continuam acontecendo, inclusive para que fosse possível a construção
desse novo espaço (ARCA VERDE, 2019).
Figura 5: Ecovila Arca Verde em São Francisco de Paula
Fonte: Instituto Arca Verde (2019)
Esse novo espaço da Ecovila possui 25 hectares de extensão, atualmente
possui 16 sócios-moradores, que residem e mais outras pessoas que trabalham como
voluntárias (NEVES, 2016). A ecovila Arca Verde tem como objetivo de ser um ponto
de aglutinação de talentos, atitudes, conhecimentos e emanações positivas na
28
construção e promoção da vida sustentável. E sua missão é criar um terreno fértil para
que a Natureza seja plena em sua abundância e as pessoas empoderadas em seus
dons e sua espiritualidade pessoal. Buscando aprender uns com os outros e com os
sistemas naturais, dedicam suas vidas à divulgação da permacultura e dos valores da
ecologia profunda. Agindo localmente, tem como objetivo o cuidado com a terra a
sensibilização ambiental e expansão para outras pessoas as práticas e perspectivas
que acreditam (ARCA VERDE,2019).
A infraestrutura existente da Arca Verde é bem desenvolvida, possuindo
alojamentos, galpões, refeitório, cozinha, ateliês e oficinas, estufas, espaço social e
de lazer, espaço para crianças, hortas, casas de uso particular. As edificações foram
construídas de forma ecológica, pensando na eficiência energética, utilizando
materiais naturais e locais, ou seja, seguindo os princípios da Permacultura, pois a
comunidade está unida pelo desejo de viver com a natureza, de forma sustentável,
cuidando das relações sociais (NEVES, 2016).
Algumas das práticas desenvolvidas são: atividades de manutenção da rotina
doméstica e dos espaços, refeições coletivas, agricultura sintrópica (agroflorestas),
bioconstrução, fabricação de cosméticos e produtos ecológicos para higiene, partilha,
celebrações, realização de cursos e vivências, facilitação de voluntariados, condução
de visitas guiadas, entre outras atividades (ARCA VERDE, 2019). A forma de moradia
é mista, por possuir terrenos com casas para viver individualmente, mas também
existir casa de moradia coletiva (NEVES, 2016).
Figura 6: Vivência com professores de Porto Alegre
Fonte: Instituto Arca Verde (2019)
29
3. Método Delphi (C)
3.1. Entrevista com Arquitetos e Urbanistas (C):
A pesquisa com especialistas da área de arquitetura e urbanismo foi feita
através de entrevistas, estas divididas em duas etapas, sendo a segunda etapa
desenvolvida através do método Delphi. Ela foi fundamental para que os resultados
esperados desta dissertação fossem atingidos.
Segundo Facione (1990), dentre as metodologias de pesquisa qualitativa, o
método Delphi é uma poderosa técnica de investigação, pois permite a reunião de
opiniões de especialistas, que podem estar separados geograficamente, levando a
resultados densos, sobre temáticas complexas. O método Delphi é definido como “um
método para estruturar um processo de comunicação coletiva de modo que este seja
efetivo, ao permitir a um grupo de indivíduos, como um todo, lidar com um problema
complexo” (LINSTONE e TUROFF, 2002, p. 3).
Consiste num conjunto de questionários que são respondidos, de maneira
sequencial e individualmente pelos participantes (OSBORNE et al., 2003), que é
repassado continuadas vezes, até que seja obtido um consenso nas respostas, o qual
representa uma consolidação do julgamento do grupo (ESTES e KUESPERT, 1976).
O consenso de cada afirmativa será atingido quando 2/3 dos respondentes
concordarem ou discordarem da mesma. Somente serão repassadas nos
questionários subsequentes as afirmativas que não obtiveram consenso. Por ser
repassado continuadas vezes, o processo de implementação do Delphi dá-se em
várias etapas, que são (GRISHAM, 2009; KAYO e SECURATO, 1997; LINSTONE e
TUROFF, 2002; SERRA, 2009; SILVA e TANAKA, 1999; YOUSUF, 2007):
Escolha do grupo de especialistas.
Construção do questionário 1.
Primeiro contato com os especialistas e convite para participação na pesquisa.
Envio do questionário 1.
Recebimento das respostas ao questionário 1.
Análise qualitativa e quantitativa das respostas.
Construção e envio do questionário 2 com feedback do questionário 1.
30
Recebimento das respostas ao questionário 2 e sua análise.
Envio das seguintes rodadas de questionários, se necessário, intercalando com
as respetivas análises.
Final do processo e escrita do relatório final.
Na figura 7, pode-se observar um esquema da implementação do método. É
preciso salientar, que cada etapa precisa ser cuidadosamente preparada e
implementada, e tudo deve ser registrado e descrito.
Figura 7: Sequência do Método Delphi
Fonte: Barbalho, Fernandes e Correia (2016)
Os resultados obtidos nas rondas são apresentados em gráficos, para uma melhor
análise e comparação das respostas, para obtenção do consenso desejado.
3.2. Aplicação do Método Delphi (C):
As entrevistas com os especialistas ocorreram através de perguntas fechadas,
em uma entrevista estruturada. Os questionamentos são específicos sobre o tema de
construções e práticas sustentáveis. A entrevista aconteceu de forma digital, onde foi
encaminhada por e-mail e via redes sociais (WhatsApp e Instagram) para os
arquitetos que possuem registro ativo no Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU)
ativo e que desenvolvem projetos na cidade de Passo Fundo – RS.
31
Atualmente na cidade de Passo Fundo, segundo dados do CAU/RS, existem
572 arquitetos ativos, no entanto nem todos possuem o cadastro completo dentro do
site, o que tornou mais complexo o contato com todos eles. Esse número seria
utilizado para definir o cálculo de amostragem, no entanto, em contato com os
arquitetos e com o CAU constatou-se que na cidade, grande parte dos arquitetos não
trabalham com projeto e execução de obras, mas sim com projeto de interiores ou em
outras áreas, acarretando assim com que o número de arquitetos que trabalham em
obra ficasse desconhecido por parte do Conselho, impossibilitando que o cálculo fosse
desenvolvido de maneira correta. Já que o foco da pesquisa são os arquitetos que
executam obras. Ademais, como a pesquisa com método Delphi é qualitativa, o
questionário foi encaminhado para os arquitetos ativos. Ao todo foram encaminhados
280 questionários, sendo eles 185 por e-mail, 45 por Instagram e 50 por WhatsApp.
Obtendo com isso 64 arquitetos participantes da pesquisa.
Antes de poder fazer a aplicação do questionário, primeiramente ele foi
encaminhado para professores especialistas da área, para ser validado e finalizado.
Após finalizado, foi necessário que o mesmo fosse submetido junto a Plataforma
Brasil, para ser avaliado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, e aplicado somente após
ser aprovado. Para ser avaliado no Comitê, foi necessário o encaminhamento do
Projeto de Pesquisa, do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),
(Apêndice B) Termo de Confidencialidade dos Dados (Apêndice C), o cronograma e
o questionário (Apêndice D). O TCLE é um documento fundamental para a ética em
pesquisa, sendo que nele devem estar esclarecidos todas as informações sobre a
pesquisa, como título, justificativas, objetivos, e possíveis riscos e benefícios, devendo
estar descritos em linguagem clara, ou seja, que seja entendida pelos eventuais
participantes da pesquisa, sendo essa uma fonte de esclarecimento, que permite ao
participante decidir ou não participar da pesquisa.
Após aprovado pelo Comitê, os questionários foram encaminhados para 5
arquitetos e urbanistas, para que fosse feito um teste, referente ao tempo que era
necessário para responder, posterior a isso, a pesquisa foi encaminhada para todos
os arquitetos e urbanistas selecionados. Os questionários foram aplicados de forma
on-line, criados através da ferramenta PesquisaOnline, que permitiu que as respostas
obtidas fossem automaticamente armazenadas. A primeira página do questionário era
referente ao TCLE, onde estava descrita todas as informações que o participante
32
deveria saber, para então decidir participar ou não da pesquisa. Após aceito o termo,
existe um campo onde o participante informa o e-mail caso deseja participar de
alguma outra etapa do projeto. O questionário foi desenvolvido em 2 etapas, o primeiro
é para conhecimento dos entrevistados, identificação das técnicas e materiais
sustentáveis os arquitetos entrevistados utilizam em seus projetos. A segunda etapa
desenvolvida através do método Delphi é sobre a percepção e visão de futuro em
relação a esses materiais e práticas. A primeira etapa possui um total de 14 questões,
onde em 10 foi utilizada a escala Likert, 2 questões fechadas de múltipla escolha, e 2
questões abertas. A segunda etapa foi dividida em 4 blocos, o primeiro sobre
construções sustentáveis, o segundo a relação dos clientes com a sustentabilidade, o
terceiro projetar e construir de forma mais sustentável e o quarto sobre futuro das
construções. Essa segunda etapa possui um total de 36 questões, todas utilizando a
escala Likert (discordo totalmente, discordo parcialmente, nem concordo e nem
discordo, concordo parcialmente, concordo totalmente). O modelo de questionário
aplicado nos usuários se encontra no Apêndice D.
Após o envio dos questionamentos, cada arquiteto teve um prazo de 30 dias
para responder. Com o questionário respondido em mãos, foram feitos gráficos para
poder identificar se existiu um consenso ou não entre as respostas (concordância ou
discordância de mais de 2/3 das respostas), caso ela não tivesse existido, o
questionamento seria reenviado para os mesmos especialistas, para que pudessem
reanalisar suas opiniões, e teria mais 15 dias de prazo para a devolução das mesmas.
Como o questionário possui 36 questões do método Delphi, e dentre elas somente 6
não obtiveram o consenso, o questionário não foi reenviado para os especialistas, pois
os dados obtidos com as respostas que tiveram consenso foram suficientes para a
elaboração das análises e verificação dos resultados. As análises feitas foram para
poder entender as práticas que arquitetos utilizam na hora de construir de forma
sustentável, quais as mais utilizadas, quais dessas mesmas técnicas encontramos
nas ecovilas, e quais técnicas existentes nas ecovilas não são desenvolvidas por
arquitetos e entender o porquê de não serem utilizadas, e quais as dificuldades de
utilização.
4. Sistematização e Análise dos Dados (D)
Em função da natureza da pesquisa, a análise dos dados se dará
primeiramente através da revisão de todos os dados da pesquisa bibliográfica geral,
33
específica e documental. Posteriormente feita de maneira descritiva todos os dados
coletados na visitação da Ecovila, juntamente com a narrativa do entrevistado. Para
entendimento dos resultados obtidos com a pesquisa com os arquitetos serão
elaborados gráficos. Com todos os dados já coletados e verificados serão realizadas
as análises dos níveis de concordância. Verificada as práticas encontradas na Ecovila,
será realizado o comparativo com a literatura, e com o que os Arquitetos e Urbanistas
desenvolvem na cidade de Passo Fundo. Buscando comparar o nível do ideal
encontrado na Ecovila, com o real encontrado na cidade de Passo Fundo.
5. Discussão dos Resultados (E)
Para a discussão dos resultados, foi feito um resumo geral de todos os
resultados obtidos com as etapas anteriores. Para uma melhor visualização dos dados
obtidos, foi desenvolvida uma tabela elencando todos os materiais possíveis de serem
implantados no contexto urbano, afim de que apresentar as estratégias mais viáveis
dentro da construção civil.
Limitações do Trabalho
O trabalho tem como objeto de estudo a Ecovila, visto isso foi delimitada uma
Ecovila para análise e estudo de caso. No entanto, a pesquisa com especialistas foi
desenvolvida com arquitetos e urbanistas da cidade de Passo Fundo – RS. Assim se
pode verificar que os contextos de analises são distintos, sendo um no meio Rural e
outro o contexto urbano, porém o objetivo não é comparar as situações e nem mesmo
implementar as atividades e a vida dos moradores da Ecovila dentro da cidade, mas
sim utilizar a Ecovila como meio de validar e verificar a execução e a utilização dos
materiais e das práticas estudadas no referencial bibliográfico. Também é preciso
levar em consideração o fato de algumas construções serem desenvolvidas através
da autoconstrução, sem o auxílio de especialista. No entanto a busca não é a
autoconstrução, mas sim mostrar e apresentar aos especialistas essas técnicas para
que eles com o conhecimento que possuem, possam incorporar essas práticas em
seus projetos.
34
2. FUNDAMENTAÇÃO: CONCEITOS E CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste capitulo será apresentado os principais conceitos utilizados, para o
desenvolvimento dessa dissertação. Primeiramente será abordado sobre a crise
ambiental, para poder compreender os impactos gerados pela construção civil, que
será o próximo tema. Após entendimento dos problemas, será discutido o conceito de
desenvolvimento sustentável e qual a importância das ODS, para então darmos início
ao tema que introduz as ecovilas, que é o conceito de permacultura.
2.1 Crise Ambiental
Muito tem sido discutido sobre a crise ambiental contemporânea, a preservação
do meio ambiente, e a necessidade de desenvolver projetos mais sustentáveis. Na
maioria dos casos, culpa-se a indústria, e o grau de desenvolvimento tecnológico,
contudo, a crise ambiental enfrentada atualmente, é uma crise de percepção da
civilização. Segundo Balim, Mota e Silva, (2014, p.174) “a crise ecológica do qual se
faz parte é uma crise da relação homem-natureza, da maneira como essa relação se
desenvolveu na sociedade e da falta de percepção do homem quanto ao seu lugar na
natureza”.
Durante a industrialização, o pensamento e a cultura da sociedade foram
moldados de tal modo, que toda a degradação ambiental se justificaria, através do
progresso e da produção para o desenvolvimento humano. Assim, incentivou-se a
produção e consumo em massa, e o crescimento econômico e populacional. Com
isso, o meio ambiente tornou-se um objeto, um artefato utilizado pelo homem, de
maneira irracional, buscando suprir os anseios que a sociedade cada vez mais
consumista se constituía (BALIM, MOTA e SILVA, 2014). Segundo Junges (2004, p.
70):
“É inegável que a industrialização melhorou significativamente a vida dos seres
humanos, mas provocou igualmente efeitos desastrosos, que agora ameaçam
aqueles que ela própria procurou beneficiar. As consequências negativas não
são fruto da própria ciência e técnica, mas da falta de uma cultura mais
sistêmica do ambiente e de um igualitarismo em relação aos seres viventes
presentes nas civilizações rurais. A civilização industrial provocou a
acentuação do dualismo entre o ser humano e a natureza, a exploração de
35
recursos naturais para atender às crescentes necessidades humanas, o
desenvolvimento de tecnologias com impacto sobre o ambiente, o uso e a
exploração de novas fontes de energia, o aumento exponencial da população,
o aumento da complexidade dos sistemas sociais pelo surgimento de classes
sociais e pelo desaparecimento de modos alternativos de vida devido à
massificação cultural. Tudo isso levou a um dissídio crescente entre a
sociedade humana e o meio ambiente, as divisões, discriminações e injustiças
na sociedade humana” (JUNGES, 2004, pg.70).
Segundo a WWF (2019), estudos mostram que desde o final dos anos 1970 a
demanda da população mundial por recursos naturais é maior do que a capacidade
do planeta em renová-los. A extração desmedida dos recursos naturais, e sua
utilização como um simples objeto, conduziram para o cenário de degradação que se
conhece, pois, o nível de consumo atual, leva a uma exploração acima dos limites da
terra. O aumento das catástrofes ambientais, a poluição, o aquecimento global e
mudanças climáticas, o desmatamento, a perda da biodiversidade, a escassez de
água e recursos em determinadas regiões, a proliferação de doenças, o descarte
inadequado de lixo, a crise na produção de alimentos, dentre vários outros fatores,
são reflexos da relação homem-natureza e as consequências do modelo econômico
baseado no consumo e na concentração de bens e capital (BALIM, MOTA e SILVA,
2014).
Neste contexto, os impactos ao planeta oriundos da ação humana tornam-se
insustentáveis. Para avaliar estes impactos, foi desenvolvido um método para
contabilizar esses impactos denominado de Pegada Ecológica. Desenvolvida pela
equipe de Mathis Wackernagel e William Rees, da University of British Columbia, em
1993, o método contábil da Pegada Ecológica é coordenado hoje pela Global Footprint
Network (GFN), fundada em 2003, e suas 50 organizações parcerias. A WWF (2019),
explica o conceito de pegada ecológica a seguir.
“A Pegada Ecológica é uma metodologia de contabilidade ambiental que
permite avaliar a demanda humana por recursos naturais, com a capacidade
regenerativa do planeta. Ela mede a quantidade de recursos naturais biológicos
renováveis (grãos, vegetais, carne, peixes, madeira e fibra, energia renovável
entre outros) que estamos utilizando para manter o nosso estilo de vida. O
cálculo é feito somando as áreas necessárias para fornecer os recursos
36
renováveis utilizados e para a absorção de resíduos. É utilizada uma unidade
de medida, o hectare global (gha), que é a média mundial para terras e águas
produtivas em um ano” (WWF, 2019)
Caminhamos em direção a uma deterioração da saúde ambiental irreversível,
pois a pegada ecológica da humanidade já é superior à que o planeta suporta. Em
2012, segundo a WWF-Brasil (2012), os resultados da última Pegada Ecológica
demonstram que o total disponível de área produtiva no mundo, a chamada
biocapacidade, é de 11,9 bilhões de hectares globais, o que significa que cada
habitante possui uma biocapacidade de 1,8 gha. No entanto, a média mundial,
segundo dados de 2007, a Pegada Ecológica por pessoa é de 2,7 hectares globais,
isso resulta em 18 bilhões de hectares globais, para toda a humanidade. Isso
representa uma sobrecarga ecológica de 50%, baseando-se nesses dados, a
humanidade necessita hoje de 1,6 planeta para manter seu padrão de consumo, que
significa que a terra levaria 1,5 ano para regenerar os recursos renováveis que as
pessoas utilizaram em 2007, bem como para absorver as emissões de CO2. Assim, a
biocapacidade planetária está em grande risco (Figura 8) (GLOBAL FOOTPRINT
NETWORK, 2010).
Figura 8: Pegada ecológica global em comparação com a biocapacidade global
Fonte: WWF (2010)
Usando o cálculo de pegada ecológica, A Global Footprint Network (2010)
calcula o Dia da Sobrecarga da Terra (Overshoot Day) todos os anos. Esse dia é
medido desde 1970, e a cada ano que passa, aparece no calendário cada vez mais
37
cedo, e mede quanto tempo levamos para gastar os recursos naturais que a Terra
produz em um ano. No primeiro registro, a sobrecarga foi em 19 de dezembro de 1970.
Já em 2009, esse dia foi em 8 de setembro; em 2015 foi no dia 13 de agosto; em 2018
caiu no dia 1º de agosto e em 2019 chegou no dia 29 de julho. Este dia marca o
momento em que o sistema de produção e consumo absorveu todos os insumos
naturais renováveis oferecidos pelo planeta, previstos para os 12 meses do ano. Isso
significa que a capacidade de recuperação do planeta diminui ano após ano.
No entanto, no ano de 2020, de acordo com a Global Footprint Network (2020),
o dia da sobrecarga da terra foi em 22 de agosto (Figura 9), ou seja, mais de três
semanas mais tarde do que em 2019. Há 15 anos o dia de sobrecarga da Terra não
era tão tarde, e apesar de ser um fato positivo, ele foi uma consequência ditada pela
pandemia, e não um esforço planeado pela humanidade (TRIBUNA, 2020). Com isso,
a data reflete numa redução de 9,3% da Pegada Ecológica, em comparação com o
mesmo período do ano passado. Trata-se de uma consequência direta da situação de
confinamento devido ao fato da pandemia, gerada pela COVID-19, em todo o mundo
(GFN, 2020). A projeções apontam para quase 15% de redução nas emissões de
CO2 (cerca de 60% da pegada total, como resultado da redução da exploração de
madeira e desaceleração no uso de combustíveis fosseis nos fósseis nos setores de
transporte, energia, indústria, aviação e residencial (WELLE, 2020).
Figura 9: Dia da Sobrecarga da Terra
Fonte: Global Footprint Network (2020)
38
Segundo a WWF-Brasil (2012), se diminuir as emissões de CO2 em 50%, seria
possível ganhar 93 dias ao ano, isto é, o dia de sobrecarga da terra seria atrasado até
outubro. Corroborou-se, que a crise ambiental contemporânea advém da premente e
necessária reformulação da relação entre homem e natureza, que seja, uma relação
de mútuo equilíbrio e respeito que recepcione a sua complexidade. Existe a
necessidade se restabelecer e repensar a maneira pela qual o homem se relaciona
com seu meio. Onde nessa nova visão de mundo, existe a percepção de que o ser
humano não é o centro da natureza, tendo neste contexto novos valores individuais e
sociais, mudanças na concepção de mundo, de natureza, de poder e de bem-estar,
que serão fundamentais para a superação dos problemas que foram acarretados ao
longo dos anos passados. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1996).
2.2 Impactos da Construção Civil
No final dos anos 1980, com a crescente percepção dos problemas globais, tal
como o aquecimento global, as questões ambientais passaram a ter maior visibilidade
(PINHEIRO, 2011). A partir disso, entendeu-se que os impactos de uma atividade
eram consequência de todo um processo produtivo, onde o ritmo de exploração,
degradação e destruição dos recursos naturais é mais acelerado do que a própria
capacidade da natureza se regenerar. O aumento descontrolado do consumo dos
recursos e dos materiais, está diretamente relacionado ao crescimento populacional
e ao desenvolvimento da qualidade de vida, levando assim a degradação do
ecossistema. O aumento populacional, junto do desenvolvimento da qualidade de
vida, atinge o setor da construção civil, fazendo dele um dos grandes responsáveis
pelo impacto negativo do planeta, tanto na fase de construção, quanto de utilização
dos edifícios (MATEUS, 2012).
Com isso, este subcapítulo irá debater sobre os impactos gerados pela
Construção Civil, um assunto que passa despercebido para maior parte da população.
Dentre as atividades humanas, a construção é uma das que mais causam impacto no
meio ambiente, por ser o setor responsável pela transformação do meio natural, em
meio construindo, para o desenvolvimento das mais diversas atividades humanas.
Com isso, essa cadeia produtiva se torna uma das maiores da economia, porém,
também é uma das que geram mais impactos ambientais (JOHN, 2000).
39
Esse setor é responsável por alguns impactos, esses resultantes do consumo
excessivo de água e energia, das elevadas emissões de CO2 (dióxido de carbono), da
produção de resíduos e do consumo descontrolado de recursos naturais não
renováveis, resultando na contaminação de águas, solo e ar, desaparecimento de
espécies e florestas (MATEUS, 2012). Para ter uma ideia de valores, dos recursos
naturais consumidos, John (2000) afirma que entre 14% a 50% da totalidade dos
recursos naturais extraídos são destinados à construção civil. Estima-se que os
edifícios são responsáveis por 40% do consumo de energia mundial, 40% dos
recursos minerais (pedra, areais, britas e argilas), 16% da água potável, 25% da
madeira das florestas, e 50% das emissões de CO2 (LAMBERTS, 2007; MATEUS,
2012). Além de ser a maior fonte geradora de resíduos de toda sociedade (FIERGS,
2007).
Segundo Souza et al (2004), por ser uma das grandes consumidoras dos
recursos naturais e geradora de resíduos, a indústria da construção civil tem sido o
motivo de discussões quanto à necessidade de se buscar o desenvolvimento
sustentável. O que torna essa indústria uma grande consumidora dos recursos é o
fato que o impacto causado por uma nova edificação, não acontecer apenas a partir
do canteiro de obras, mas sim, em todos os itens que compõe a cadeia produtiva da
construção como a extração de matérias-primas, produção e transporte de materiais
e componentes, projeto, execução, uso, manutenção predial, demolição e destinação
de resíduos. Durante a fase de construção por exemplo, cerca de 50% dos recursos
consumidos são extraídos da natureza, são produzidas elevadas quantidades de
resíduos, cerca de 50%, mais de 40% de energia, além de elevados quantidades de
emissões de CO2, em média 30%, esses derivados da produção, transporte e uso de
materiais, o que contribui para o efeito estufa (MATEUS, 2012).
De acordo com Yudelson (2013, p. XVII):
“Precisamos mudar a maneira de projetar e construir edificações para que
tenhamos uma chance de reduzir as emissões gerais de dióxido de carbono
em relação aos níveis de 1990 - a meta atual de Quioto.”
É possível considerar a fase de projeto o ponto de partida do ciclo de vida de
um edifício, e com isso, consequentemente espera-se que grande parte das soluções
para minimizar os impactos ambientais parta dos arquitetos responsáveis por essa
etapa. Frequentemente, matérias relativas a problemas urbanos são noticiadas, como
40
enchentes por excesso de impermeabilização do solo, ou destinação incorreta dos
resíduos da construção, que muitas vezes são depositados no leito das vias. Sabendo
desses danos, e de muitos outros, existe a importância de planejar e edificar de
maneira mais comprometida com o meio urbano, construirmos edifícios e cidades que
respeitem o meio ambiente, trabalhando a sustentabilidade em todas as etapas da
edificação, podendo trazer ganhos significativos nessa área.
Sabendo-se disso, a construção deve assim, gerir de forma racional e
equilibrada os recursos disponíveis, e deve incluir a relação do ciclo de vida dos
materiais utilizados, e avaliar os materiais selecionados com base na origem da
matéria prima, produção, distribuição, utilização e destino final, buscando em todas as
etapas o menor impacto possível que lhe será implícito (MATEUS, 2012). Desta
forma, a questão da sustentabilidade deveria ser prioridade nos projetos de
construção civil, sendo pensada para a eficiência no consumo de recursos naturais,
para minimização das emissões de CO2, para o uso de sistemas construtivos
sustentáveis, assim como materiais ecológicos, recicláveis e/ou reciclados (MATEUS,
2012). Com base nessas informações, entramos no nosso próximo tópico relacionado
ao desenvolvimento sustentável e sustentabilidade.
2.3 Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade
“O homem é a primeira espécie de ser vivo em nossa biosfera que adquiriu o
poder de destruí-la e, ao assim fazer, de liquidar a si mesmo” (Arnold Toynbee,
1987. p. 36).
O termo sustentabilidade nunca foi tão utilizado como no contexto atual. Foi no
final do século XX, que existiu um crescimento da consciência da sociedade, em
relação a degradação do meio ambiente, decorrente do processo de desenvolvimento.
Diante do ritmo cada vez mais acelerado das atividades industriais, dos avanços
tecnológicos que se intensificaram nos últimos 200 anos, grandes impactos
ambientais foram gerados. Os processos naturais de recuperação do meio ambiente
não estão sendo capazes de compensar o ritmo de extração e consumo dos recursos
pelo homem e dos resíduos gerados. No intuito de diminuir a degradação ambiental,
vários estudos e discussões vêm sendo realizados (OLIVEIRA, 2007).
41
Foi durante a Primeira Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente
Humano, realizada na cidade de Estocolmo, na Suécia, em 1972, que a ideia de
desenvolvimento sustentável começou a ser elaborada, já que essa conferência
iniciou um processo de propagação de informações para chamar a atenção das
pessoas sobre os impactos que as ações humanas estavam provocando no planeta,
como a destruição dos meios naturais e gerando graves riscos para a sobrevivência
da humanidade (MIRANDA, 2014; FACCIN, 2016).
Segundo a Declaração da Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente
(Estocolmo, 1972), parágrafo 6 (ONU, 2019).
“Chegamos a um ponto na História em que devemos moldar nossas ações em todo o
mundo, com maior atenção para as consequências ambientais. Através da ignorância
ou da indiferença podemos causar danos maciços e irreversíveis ao meio ambiente, do
qual nossa vida e bem-estar dependem. Por outro lado, através do maior conhecimento
e de ações mais sábias, podemos conquistar uma vida melhor para nós e para a
posteridade, com um meio ambiente em sintonia com as necessidades e esperanças
humanas…” (ONU, 2019).
No ano de 1983, a ONU retomou o debate das questões ambientais, e em abril
de 1987, a Comissão Brundtland, como ficou conhecida, publicou o relatório final
desses estudos, “Nosso Futuro Comum” – que traz o conceito de desenvolvimento
sustentável para o discurso público (MIRANDA, 2014; ONU, 2019).
“O desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades presentes, sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”
(ONU, 2019)
Em 1992, numa nova conferência da ONU, realizada no Rio de Janeiro – ECO
92 – foi formulada a Agenda 21. É um programa de ação baseado num documento de
40 capítulos, esse documento é o marco do conceito de desenvolvimento sustentável,
e pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção de
sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de
42
proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Dentre os objetivos pode-se
citar (BISSOLOTTI, 2004):
• Maior eficiência no uso de energia e dos recursos;
• Uso ecologicamente sustentável dos recursos naturais renováveis;
• Redução da geração de dejetos ao mínimo possível;
• Assistência para adoção de compra de insumos ecologicamente corretos;
• Fortalecimento dos valores que apoiem o consumo sustentável.
Segundo Elkington (1994), criador da ONG SustainAbility, o desenvolvimento
Sustentável proposto pelo “Relatório Brundtland” se constitui a partir de três bases
fundamentais, o “Triple Bottom Line” (a linha dos três pilares) (Figura 10). Elkington
(1994), acreditava que o desenvolvimento sustentável deveria ser “economicamente
viável”, “socialmente justo” e “ambientalmente correto”, elucidados nos chamados “3
Ps” do desenvolvimento sustentável: Profit (produto, lucro), People (pessoas), Planet
(planeta) ou pela chamada “pirâmide do desenvolvimento sustentável”, ou “pirâmide
da sustentabilidade” (ELKINGTON, 1994; BOFF, 2012; SARTORI; LATRÔNICO;
CAMPOS, 2014 apud CAMARGO 2016).
Figura 10: Triple Bottom Line (Os três pilares da sustentabilidade).
Fonte: Giovanelli (2015)
Analisando-os separadamente, tem-se: Econômico, cujo propósito é a criação
de empreendimentos viáveis, atraentes para os investidores. Nesse pilar são
analisados os temas ligados à produção, distribuição e consumo de bens e serviços e
deve-se levar em conta os outros dois aspectos. Ou seja, não adianta visar somente
43
o lucro à custa de desequilíbrios nos ecossistemas e na sociedade. Ambiental, se
refere ao capital natural, e a todas as condutas que possuam, direta ou indiretamente,
algum impacto no meio ambiente, seja a curto, médio ou longo prazos, cujo objetivo é
analisar a interação de processos com o meio ambiente sem lhe causar danos
permanentes, ou buscando minimizar ao máximo os impactos. Social, trata-se do
capital humano, pois se preocupa com o estabelecimento de ações justas para
trabalhadores, parceiros e sociedade. Vai além de benefícios e férias e deve, por
exemplo, proporcionar um ambiente de trabalho agradável, que estimule as relações
de trabalho, o desenvolvimento pessoal e coletivo, e que promova a saúde do
trabalhador (CAMARGO, 2016).
2.4 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)
A conferência RIO+20 marcou o início da mobilização pelos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável. Esses novos objetivos foram baseados nos oito
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) (ONU, 2019). Os ODM foram
estabelecidos no ano 2000 e incluem oito objetivos de combate à pobreza, que
deveriam ser finalizados até o final de 2015. Esses oito Objetivos foram o primeiro
arcabouço global de políticas para o desenvolvimento sustentável, e reconheceram a
urgência de combater a pobreza e demais privações generalizadas. A Figura 11
apresenta os primeiros 8 objetivos das ODM e os 17 das ODS.
Figura 11: ODM E ODS
Fonte: ONU (2019)
Porém, segundo as Nações Unidas, foi o ano de 2015 que representou uma
oportunidade histórica e sem precedentes, pois houve a reunião entre países e a
44
população global, para decidir sobre os novos caminhos, que seriam capazes de
melhorar a vida da população em nível global. Isso porque, em setembro desse ano,
líderes mundiais se reuniram na sede da ONU em Nova York, para elaborar um plano
de ação com o objetivo de erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que as
pessoas alcancem a paz e a prosperidade. Esse plano foi definido como Agenda 2030
para o Desenvolvimento Sustentável, que contém o conjunto de 17 (ODS), 169 metas
e 241 indicadores. A adoção da Agenda 2030 por todos os 193 Estados Membros das
Nações Unidas, representou o momento político internacional de maior
relevância para o desenvolvimento sustentável após a Conferência Rio+20.
De acordo com o Site da Agenda 2030:
“A Agenda 2030 e os ODS afirmam que para pôr o mundo em um caminho
sustentável é urgentemente necessário tomar medidas ousadas e
transformadoras. Os ODS constituem uma ambiciosa lista de tarefas para todas
as pessoas, em todas as partes, a serem cumpridas até 2030. Se cumprirmos
suas metas, seremos a primeira geração a erradicar a pobreza extrema e iremos
poupar as gerações futuras dos piores efeitos adversos da mudança do clima”
(AGENDA 2030, 2019).
No momento atual, encontramo-nos com enormes desafios para o
desenvolvimento sustentável, muitos cidadãos vivem na pobreza, há crescentes
desigualdades dentro e entre os países, enormes disparidades de oportunidades,
desigualdade de gênero, o desemprego é uma grande preocupação, ameaças globais
de saúde, desastres naturais mais intensos e frequentes, extremismo violento,
terrorismo e crises humanitárias ameaçam reverter grande parte do progresso do
desenvolvimento feito nas últimas décadas. Além dos problemas sociais, também
existem os problemas e desafios ambientais, como: o esgotamento dos recursos
naturais e os impactos negativos da degradação ambiental, a desertificação, secas, a
degradação dos solos, a escassez de água doce e a perda de biodiversidade, as
mudanças climáticas, os aumentos na temperatura global, o aumento do nível do mar
colocando em perigo zonas costeiras, a acidificação dos oceanos, entre outros
impactos. Com tudo isso, a sobrevivência de muitas sociedades, bem como dos
sistemas biológicos do planeta, está em risco (AGENDA 2030, 2019).
45
A partir do dia 1º de janeiro de 2016, os 17 Objetivos e as 169 metas entraram
em vigor, eles orientam as decisões que tomaremos ao longo dos próximos quinze
anos. Nunca antes os líderes mundiais se comprometeram a uma ação comum e um
esforço via uma agenda política tão ampla e universal, com isso é possível perceber
a ambição dessa nova Agenda Universal. Os objetivos e as metas, buscam
concretizar os direitos humanos e alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento
feminino, são integrados e indivisíveis, e equilibram as três dimensões do
desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental (ITAMARATY,
2016)
Cada país enfrenta desafios específicos em sua busca do desenvolvimento
sustentável, as metas são definidas como aspiracionais e globais, com cada governo
definindo suas próprias metas nacionais, guiados pelo nível global de ambição, mas
levando em conta as circunstâncias nacionais.
Esses 17 objetivos são uma lista de tarefas a serem cumpridas pelos governos,
pela sociedade civil, o setor privado e todos cidadãos, para um 2030 sustentável. Nos
próximos anos de implementação, os ODS e suas metas irão estimular e apoiar ações
em áreas de importância crucial para a humanidade: Pessoas, Planeta, Prosperidade,
Paz e Parcerias. A agenda está pautada nessas 5 áreas de importância e são
conhecidas como os 5Ps. A figura 12 é um esquema desenvolvido para representar
os 5Ps e seus significados, elas são diretrizes que compõem um ciclo que
fundamenta, estrutura e equilibra todos os ODS.
Figura 12: Esquema dos 5Ps, do Desenvolvimento Sustentável
Fonte: Agenda 2030 (2019)
46
A agenda 2030 traça um caminho rumo ao desenvolvimento sustentável, onde
à busca de forma coletiva pelo desenvolvimento global pode trazer ganhos para todos
os países e todas as partes do mundo.
*Todas as informações referentes às ODS, foram retiradas do Site Da ONU e do
Site da Agenda 2030 (ONU, 2019; AGENDA 2030, 2019).
2.5 Permacultura
“O formato oval, do símbolo da permacultura,
representa o ovo da vida; aquela quantidade de vida
que não pode ser criada ou destruída, mas que é
expressada e emana de todas as coisas vivas. Dentro
do ovo está enrolada a serpente do arco-íris, a
formadora da terra dos povos aborígines. No centro
está a árvore da vida, a qual expressa os padrões
gerais das formas de vida. Suas raízes estão na terra
e sua copa na chuva, na luz do sol e no vento. O
símbolo inteiro e o ciclo que representa, é dedicado à
complexidade da vida no Planeta Terra” (MOLLISON,
1998).
O conceito de Permacultura foi concebido pelo professor universitário de
psicologia ambiental Bill Mollison, junto com seu aluno e futuro parceiro David
Holmgren, durante a década de 1960, na Austrália. A inspiração nasceu devido a um
momento de crise ambiental que seu país enfrentava (NEME, 2014). “Na harmonia
entre o resgate das tradições e a inclusão da modernidade nasce a Permacultura”
(NEME, 2014, pg. 8).
A palavra permacultura tratava-se da contração em inglês de “permanent” com
“agriculture”, ou seja, “agricultura permanente” (PAMPLONA, 2016). Com o passar
dos anos, ela passou a ser compreendida como “Cultura Permanente” (HOLMGREN,
2007), por abranger conhecimentos oriundos de áreas diversas, indo muito além da
agricultura. Atualmente, a permacultura é considerada uma ciência holística, que
trabalha com o planejamento do espaço para produzir alimentos, com a compreensão
da ecologia, com a leitura da paisagem, com o bem manejar os recursos naturais, com
47
a forma de construir, de armazenar água, de gerar energia, de evitar desastres, enfim,
ela tem o intuito de planejar e criar ambientes humanos sustentáveis e produtivos em
equilíbrio e harmonia e sintonia com a natureza (NANNI et al, 2018)
A permacultura é a "integração harmoniosa entre as pessoas e a paisagem,
provendo alimento, energia, abrigo e outras necessidades, materiais ou não, de forma
sustentável" (MOLISSON, 1998, p. 5). Ou seja, é de certa forma a aplicação prática
de vários conceitos de sustentabilidade, trata-se de uma nova ciência holística e
transdisciplinar, capaz de valorizar e aproveitar os conhecimentos tradicionais, em
consonância com o conhecimento científico e com a tecnologia disponível. É uma
ciência ética, um jeito de ser, uma filosofia de vida, é se relacionar com o planeta e
com as pessoas agindo com dignidade e respeito, é ter moderação no uso dos
recursos naturais e principalmente preservá-los para a próxima geração e visa, é
claro, a nossa permanência como espécie na Terra (NEME, 2014).
De acordo com Bill Mollison, na sua obra “Introdução à Permacultura”:
“Permacultura é o planejamento e a manutenção consciente de
ecossistemas de agricultura produtivos, que tenham a diversidade, a
estabilidade e a resistência dos ecossistemas naturais. É a integração
harmoniosa das pessoas e a paisagem, provendo alimento, energia,
abrigo e outras necessidades, materiais ou não, de forma sustentável.
(MOLLISON, 1998 [1991], p.5).
Segundo Holmgren (2007), no início a permacultura teve foco principalmente
no manejo da terra e da natureza, mas posteriormente evoluiu pela aplicação de seus
princípios à integração necessária para a sustentação da humanidade, captação e
armazenamento de energia limpa e renovável, no transporte, na logística reversa, na
reciclagem, construção, água clima e solo, na compostagem de resíduos, na formação
de comunidades sustentáveis (NEME, 2014). No ano de 2007, David Holmgren
compilou seu conhecimento em Permacultura sugerindo o modelo da Flor da
Permacultura (IPOEMA, 2016). Ela possui três éticas e 12 princípios de design que
são baseados na observação da ecologia e da forma sustentável de interação,
produção e de vida das populações tradicionais com a natureza, sempre trabalhando
a favor dela e nunca contra (VENTURI e SANTOS, 2017). Estes princípios vão contra
48
os costumes de competitividade, individualismo e de dominação da natureza. São
eles:
Cuidado com o planeta
Significa estar e atuar no planeta de forma responsável, conservando a vida de
todas as espécies, do solo, do ar, da água de modo a garantir o equilíbrio dos
processos naturais, trabalhando a favor da natureza e potencializando o aumento dos
recursos que geram vida (IPOEMA, 2016).
Cuidado com as pessoas
Significa o respeito pleno ao outro, ao ser humano que habita o planeta assim
como com todas as espécies. Levar em consideração o bem-estar do indivíduo e
cultivar relações saudáveis em comunidade (IPOEMA, 2016).
Distribuição dos excedentes
Partilhar de forma justa os recursos, a produção, o tempo e a energia do ambiente
e entre as pessoas. Significa não acumular e não gerar desperdício (IPOEMA, 2016).
Além dos pincipios eticos, o planejamento permacultural também envolve 12
principios de design. Estes principios são universais, porem os métodos para alcançá-
los podem ser diversos, dependendo da situação. Os 12 princípios são (IPOEMA,
2016):
Observe e interaja;
Capte e armazene energia;
Obtenha um rendimento;
Pratique a autorregulação e aceite feedback;
Use e valorize os serviços e recursos disponíveis;
Evite o desperdício;
Projete dos padrões aos detalhes;
Integre ao invés de segregar;
Use soluções pequenas e lentas;
Use e valorize a diversidade;
49
Use os limites e valorize os elementos marginais;
Use a criatividade e responda às mudanças com criatividade.
A flor desenvolvida por Holmgren é uma ilustração muito utilizada, para representar
todos os princípios e as fases que envolvem a transformação de uma cultura para
uma cultura sustentável e permanente (Figura 13). No centro estão localizados os
princípios éticos e de design, através dos quais a jornada da Permacultura tem início.
Na periferia da flor estão as etapas necessárias para que a cultura sustentável seja
alcançada. Estas etapas estão ligadas por um caminho em espiral (IPOEMA, 2016).
No Anexo I e no Anexo II, é possível visualizar os cartazes desenvolvidos pelo
Permaculture Principles, e podem ser encontrados no site
permacultureprinciples.com.
Figura 13: Ética da Permacultura e Princípios do Design
Fonte: IPOEMA (2016)
2.6 Arquitetura Sustentável
Segundo o Conselho Internacional da Construção (CIB), o setor da construção
civil é o que mais consome recursos naturais e utiliza energia, gerando assim
consideráveis impactos ambientais. Para que seja possível modificar esse cenário, foi
desenvolvido e está sendo aplicado o conceito de arquitetura sustentável.
A arquitetura sustentável, promove alterações no entorno de forma consciente,
buscando atender as necessidades de edificação, habitação e uso do homem,
50
garantindo qualidade de vida para as gerações atuais e futuras, através da
preservação do meio ambiente e dos recursos naturais, baseia-se no desenvolvimento
de um modelo, capaz de propor soluções aos problemas ambientais da época,
utilizando de tecnologia moderna (ARAÚJO, 2006). Para entender melhor o que é
arquitetura sustentável o quadro (1) traz alguns conceitos definidos por diferentes
autores.
Autor Conceito Referência
Corbella e
Yannas (2003)
“A Arquitetura sustentável é a continuidade
mais natural da Bioclimática, considerando
também a integração do edifício à totalidade
do meio ambiente, de forma a torná-lo parte
de um conjunto maior. É a arquitetura que
quer criar prédios objetivando o aumento da
qualidade de vida do ser humano no
ambiente construído e no seu entorno,
integrando as características da vida e do
clima locais, consumindo a menor
quantidade de energia compatível com o
conforto ambiental, para legar um mundo
menos poluído para as próximas gerações. ”
(CORBELLA e
YANNAS, 2003, p.
17)
Mülfarth
(2003)
“Uma forma de promover a busca pela
igualdade social, valorização dos aspectos
culturais, maior eficiência econômica e
menor impacto ambiental nas soluções
adotadas... garantindo a competitividade do
homem e das cidades”.
(MULFATTH, 2003,
p.31).
Steele (1997) “Consiste na produção de uma edificação
que se adapte ao clima, à iluminação,
ventilação e topografia, tirando proveito das
condições naturais do lugar reduzindo o
desperdício energético”
(STEELE,1997,
p.11)
51
Ecoplano
(2006),
“A arquitetura sustentável é aquela que
considera o uso, a economia e a
racionalização/eficiência de recursos, o ciclo
de vida do empreendimento e o bem-estar
do usuário, reduzindo significativamente, ou
até eliminando, possíveis impactos
negativos causados ao meio ambiente e a
seus usuários.”
(Apud VIEIRA e
BARROS, 2009, p.
7).
Quadro 1: Conceitos de Ecovila
Fonte: Autoria Própria
Segundo Corbella e Yannas (2003), o objetivo da arquitetura sustentável é
prover um ambiente com conforto físico, sadio e agradável, que seja adaptado ao
clima local e assim minimize o consumo de energia e que gere a mínima produção de
poluição. Para tornar isso possível a Associação Brasileira dos Escritórios de
Arquitetura – AsBEA, o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável – CBCS e
outras instituições apresentam diversos princípios básicos de construção
(ARAUJO, 2006; GONÇALVES E DUARTE, 2006).
1. Análise do entorno:
Cada região possui sua peculiaridade, sendo assim, cada uma necessita de
uma técnica especifica de construção, para garantir conforto e economia. A ideia da
análise do entorno, consiste em integrar o projeto ao meio que será inserido,
respeitando o espaço urbano e valorizando as origens e cultura do local. A
harmonização acontece quando as características internas, combinam e se alinham
com os elementos externos. Portanto visa encontrar as melhores características e
soluções no próprio meio, a fim de não precisar utilizar recursos e tecnologias
desnecessárias. A circulação dos ventos, massas de ar, intensidades e direções e a
posição do sol ao longo do dia, são fatores que quando conhecidos, podem influenciar
diretamente no conforto da edificação (ARCHTRENDS, 2017), sabendo disso, esses
itens serão melhores explicados no próximo tópico.
2. Aproveitar as condições naturais locais, orientação solar e ventos:
Como citado anteriormente, utilizar bem a orientação solar e a circulação dos
ventos, traz inúmeras vantagens no conforto da edificação, e a consequente
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economia. Definir a orientação deve ser umas das principais preocupações em um
projeto, afinal ela interfere em fatores como iluminação, sombreamento e ventilação.
(MONTESANTI, 2018)
Uma questão importante de se analisar, é que há mudanças constantes do sol,
conforme a hora do dia, a estação do ano, a latitude e longitude da construção. Em
geral, no hemisfério Sul, recomenda-se que a fachada maior esteja voltada para Norte,
isso porque ela receberá mais energia solar no inverno e durante o verão a incidência
solar será mais restrita. A disposição interna dos ambientes também precisa levar em
consideração a posição solar, ambientes íntimos, como quartos e salas, devem estar
também voltados para norte, para que recebam mais calor em épocas frias. A fachada
leste, recebe maior incidência solar durante as primeiras horas do dia, já a oeste maior
incidência durante a tarde (ARCHTRENDS, 2017). Sendo assim, é notável o quando
a orientação pode interferir na construção, podendo aquecer o ambiente em locais
mais frios, ou amenizar as altas temperaturas quando posicionado onde tenha menor
incidência.
A ventilação também é uma boa aliada para diminuir as temperaturas, deve-se
saber aproveitar a direção e a ação dos ventos, e a posição de janelas e corredores,
para promover uma melhor circulação de ar. O ar quente possui um movimento natural
de ascendência, onde entra por vãos em paredes, e pode sair por aberturas no
telhado, sendo essa uma ventilação vertical. Já a ventilação horizontal e cruzada, são
as alternativas mais utilizadas, por levar o vento de uma abertura a outra e com isso
também refrescando o ambiente (ARCHTRENDS, 2017).
3. Uso sustentável do terreno:
Significa utilizar o terreno da forma mais natural possível, evitando fazer grandes
modificações, utilizando da topografia e de elementos construtivos com o mínimo
impacto (BRUNETTA e ANJOS, 2003). Sempre que possível utilizar o mínimo possível
do terreno, deixando área de solo permeável (RANGEL, 2017)
4. Planejamento detalhado e integrado:
O planejamento permite que exista um controle e uma visão real da obra, um bom
planejamento é essencial para melhorar a produtividade, reduzir atrasos, mostrar a
melhor sequência de produção (BALALRD, 1994). Possuir um projeto bem detalhado,
também permite que sejam evitados desperdícios, e a integração entre os projetos
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complementares, garantindo uma execução mais precisa e consequentemente
melhores resultados (RANGEL, 2017)
5. Atender as necessidades do usuário:
O projeto deve ser pensado, para que seja flexível e facilmente adaptável as
mudanças e as necessidades atuais e futuras do usuário (RANGEL, 2017). Deve
proporcionar um ambiente interior agradável, onde a saúde e o bem-estar sejam os
objetivos buscados na concepção projetual (SILVA e JUNIOR, 2007).
6. Uso dos materiais:
A escolha das matérias deve obedecer a alguns critérios específicos, tais como,
a origem da matéria prima, extração, processamento, gastos para transformação,
emissão de poluentes, durabilidade, qualidade, entre outros (ARAUJO, 2014).
Também é importante dar preferência para materiais que tenham alguma espécie de
certificação e Selos Verdes, pois significa que foi levando em conta aspectos
pertinentes ao seu ciclo de vida (CASAGRANDE, 2002).
Além da escolha dos materiais, também se deve evitar o desperdício, e sempre
que possível optar por especificar materiais regionais (RANGEL, 2017). A seguir será
exemplificado alguns materiais considerados sustentáveis:
Fibras vegetais
As fibras vegetais, podem substituir as fibras de vidro e sintéticas, em alguns
casos, elas possuem características físicas e mecânicas melhores do que as não
naturais. São feitas a base de plantas e vegetais como o sisal, o coco, a cana de
açúcar, a juta, o algodão entre outras. Além de poder ser utilizada para telhas,
tapumes, revestimentos acústicos e térmicos, tapetes, também pode ser adicionada
ao concreto, para agregar mais resistência (PRADO et al, 2012).
Óleos vegetais
São utilizados em produtos diversos, sendo também incorporados em produtos
para a construção civil. Hoje podemos ver tintas, vernizes, impermeabilizantes e
solventes a base desses óleos, com isso é possível descartar vários produtos
químicos que são prejudiciais à saúde. São feitos com derivados de vegetais e
sementes (PRADO et al, 2012).
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Solo Cimento
É um tipo de cimento onde a maior parte da matéria prima vem do chão.
Proveniente da mistura de solo, cimento e água, é ideal para construções de pequeno
porte, usado para pavimentação, muros, confecção de tijolos e telhas (PRADO et al,
2012).
Concreto reciclado
O concreto reciclado, tem despertado uma consciência ainda maior para o
reaproveitamento de materiais que seriam descartados, como telhas e tijolos, que
seriam descartados nos canteiros de obras e nas demolições. Ele é um material
formado por cimento, areia, água, compostos britados (brita, cascalho e ou
pedregulho) e algumas vezes possui materiais ligantes, como colas e outros aditivos
(PRADO et al, 2012).
Madeiras alternativas
A madeira sempre foi muito utilizada pelo ser humano, principalmente na
construção civil. Ela é um excelente material, porem oferece inúmeros riscos quando
extraída em larga escala, sem as devidas preocupações ambientais. Por isso, a
importância de se utilizar madeiras alternativas, que sejam de reflorestamento e
certificadas, pois essas são possíveis de comprovar de onde foram retiradas (PRADO
et al, 2012).
Adobe
O adobe é utilizado para fabricação de tijolos, pois depois de secos adquirem
alta resistência e ótimas propriedades acústicas, com isso são muito eficazes na
construção de alvenarias externas. O tijolo é feito com argila, areia, água, e em alguns
casos adicionado palha ou outras fibras, ele é bastante encontrado em regiões que
possuem solos argilosos e clima seco (PRADO et al., 2012).
7. Uso racional da energia:
É fundamental que sejam pensadas estratégias para que seja utilizado o mínimo
possível no consumo de energia, desde a construção até o uso, de maneira a não
prejudicar o conforto (RANGEL, 2017). Para isso, é possível utilizar de soluções já
citadas anteriormente como é o caso do sol, a iluminação natural, o vento e a
vegetação por exemplo. Soluções arquitetônicas também ajudam muito a reduzir o
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consumo, como a utilização de brises-soleil, venezianas, pois servem para evitar a
incidência solar direta, assim como escolher adequadamente o uso das aberturas,
pois todos esses fatores podem proporcionar um melhor conforto térmico. Outro
sistema bastante utilizado nas coberturas, são os chamados telhados verdes, pois o
uso de vegetação e plantas na cobertura, reduz o nível de absorção de calor da
edificação. Ao longo dos anos, além das estratégias naturais, muitas tecnologias têm
surgido para ajuda nesse fator, como painéis fotovoltaicos, sistema de aquecimento
solar, e sistemas de iluminação eficientes (CASAGRANDE JR, 2008).
8. Eficiência Hídrica:
A eficiência hídrica, pode surgir através do uso de sistemas de reuso, como o
aproveitamento de águas pluviais, que pode ser utilizada na limpeza, irrigação de
jardins, refrigeração, sistema de combate a incêndio e demais usos, com a
implantação de um sistema de para tratamento de efluentes – tanto para águas cinzas,
como para águas negras (RANGEL, 2017; CASAGRANDE JR, 2008).
9. Priorizar a saúde e o bem-estar dos ocupantes;
O bem-estar e a saúde está muito ligado ao conforto termo acústico, e com a
qualidade do interna do ar, pois mesmo podendo se adaptar, o corpo humano sofre
efeitos quando está desconfortável, como dores de cabeça, irritação, estresse,
dificuldade de concentração, fraqueza muscular entre outros. O conforto térmico é
relacionado a temperatura adequada do ambiente. Já o conforto acústico, representa
o nível de barulho e ruídos, que devem estar dentro do limite de (50dB). Para alcançar
o conforto termo acústico medidas como janelas e portas bem posicionadas, uso da
madeira e de tapetes, são muito utilizados (RANGEL, 2017; PLACO, 2019).
10. Uso de tecnologias inovadoras:
Há cada dia surgem novas tecnologias, e servem para auxiliar a construção
eficiente, que dever ser vista como um aliado da arquitetura sustentável, pois após
utilizar todas as estratégias passivas, é com elas que devemos contar sempre que for
viável economicamente (RANGEL, 2017).
11. Paisagismo Sustentável:
Paisagismo sustentável, é saber utilizar a natureza a favor da eficiência. Isso pode
se dar através de projetos de telhados verdes, jardins verticais, utilização de arvores
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nativas. Todos esses sistemas objetivam diminuir o consumo de energias não
renováveis e poluentes (RANGEL, 2017). A existência de áreas vegetadas,
contribuem na diminuição de alagamentos, melhoram a qualidade do ar, e contribuem
com a diminuição da temperatura, que apresentam temperaturas inferiores do que
áreas sem vegetação (SCHERRER, ALVES e REDIN, 2018).
12. Resíduos:
A sustentabilidade deve estar presente durante todas as etapas da obra, desde sua
concepção até seu descarte, por isso é importante que haja uma preocupação com
os recursos utilizados durante a construção, mas que também seja projetada de forma
duradoura, e que quando acabar seu ciclo de vida, possa ser desmontada gerando o
menor impacto possível e reaproveitando seus resíduos (RANGEL, 2017;
MONTESANTI, 2018).
13. Promover a conscientização dos envolvidos no processo
Além de pensar e projetar de forma sustentável, e importante, que todos os
envolvidos no processo estejam conscientes da situação, inclusive os usuários, pois
são eles que posteriormente vão utilizar do projeto desenvolvido, por isso é necessário
promover a educação ambiental, para que seja feito o uso consciente da edificação
(RANGEL, 2017).
14. Viabilidade Econômica:
Não basta apenas utilizar das melhores e mais novas tecnologias, é necessário
que a construção seja atraente, seja acrescido valor agregado e que comtemple a
redução dos custos, de operação e manutenção (RANGEL, 2017).
2.7 Norma de Desempenho 15.575
A NBR 15.575 é a Norma de Desempenho de Edificações Habitacionais, está
em vigor desde o ano de 2013, e é de abrangência nacional. Ela apresenta requisitos,
critérios e métodos de avaliação que uma edificação habitacional deve ter,
características indispensáveis de uma obra, com o propósito de garantir que casas e
apartamentos atendam a critérios mínimos de segurança e qualidade. A norma é
dividida em 6 partes, abordam os requisitos gerais e os principais sistemas
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construtivos de habitações, sendo estes: sistemas estruturais, sistemas de pisos
internos e externos, sistemas de vedação vertical, sistemas de coberturas e sistemas
hidrossanitários (CBIC, 2013).
A norma não especifica marcas, modelos ou referencias de produtos que
devam ser utilizadas, com isso permite que o profissional busque a alternativa que
melhor atenda suas necessidades. No entanto, ela exige que sejam demostrados o
desempenho dos materiais por meio adequado. Os níveis de desempenhos
informados na norma são: mínimo (atendimento obrigatório), intermediário e superior
(FERNANDES, SILVA, 2018). Como a norma serve para determinar condições
mínimas de habitabilidade, ela especifica alguns critérios técnicos, que são eles:
segurança, habitabilidade e sustentabilidade, condições de exposição e níveis de
desempenho (Quadro 2) (FERNANDES, SILVA, 2018; CA2, 2021).
Quadro 2: Critérios Técnicos da NBR 15.575
Fonte: Autoria própria, adaptado da norma
Os parâmetros, segurança, habitabilidade e sustentabilidade servem para
atender as exigências do usuário. As condições de exposição são agentes internos e
externos que precisam ser levados em consideração durante a concepção do projeto.
Para alcançar o desempenho é necessário a união de todos esses fatores
(FERNANDES, SILVA, 2018).
A norma representa um marco e um grande avanço no setor da construção civil
no Brasil. Ela introduziu de forma clara e objetiva questões de conforto ambiental e
Segurança Habitabilidade Sustentabilidade Condições de exposição
Segurança Estrutural
Estanqueidade Durabilidade Agentes mecânicos;
Segurança ao fogo Desempenho térmico, acústico, lumínico
Manutenibilidade Agentes eletromagnéticos;
Segurança no uso e operação
Saúde, higiene e qualidade do ar
Adequação ambiental
Agentes eletromagnéticos;
Funcionalidade e acessibilidade
Agentes químicos;
Conforto tátil, visual e antropodinâmico.
Agentes biológicos.
58
acústico, e com isso garantir maior vida útil as edificações (LIMA, 2019). Com isso,
aumentou a adoção de sistemas construtivos inovadores e tecnológicos, além da
utilização de materiais sustentáveis. Como a norma considera a melhor aplicação dos
materiais, os projetos devem optar pelo uso de materiais sustentáveis, para elevar os
padrões da construção, causando menor impacto ao meio ambiente e garantindo a
durabilidade do empreendimento (LIMA, 2019). Com isso, desde a criação da norma,
é possível a construção de edificações mais eficientes, com projetos melhores, que
associam a preocupação ambiental e a redução do impacto gerado no meio, e
consequentemente a construção de edificações mais sustentáveis.
A norma 15575 é um ponto importante para a construção de projetos
sustentáveis, sendo um influenciador e também um limitante, fazendo necessário
maiores analises dos materiais na hora da construção, para que se consiga obter o
desempenho mínimo.
2.8 Projetos e escritórios
Este capitulo tem como objetivo apresentar alguns projetos e escritórios de
arquitetura, que utilizam materiais naturais, como bambu, adobe, superadobe, taipa,
além de utilizarem técnicas como telhado verde, reaproveitamento de água, placas
solares, entre outros, em seus projetos. Dessa forma é possível analisar obras
edificadas com materiais disponíveis na localidade, que apresentam aspectos
eficientes, capazes de suprir as necessidades referentes a conforto, estética e
sustentabilidade, e que estão inseridas em contextos diversos. Foram selecionados
projetos e escritórios referência nesse segmento, relacionado a projetos
desenvolvidos com materiais locais e técnicas sustentáveis, no Brasil e no mundo,
para que possam servir como exemplo, e como base de como é possível projetar e
construir de forma mais natural e sustentável.
1. Meti School
Situada em Rudrapur – Bangladesh o projeto foi coordenado pelos arquitetos Anna
Heringer e Eike Roswag, especialistas em construção com terra. O projeto possui
325m² e utiliza métodos e materiais locais, como bambu, barro palha de arroz e corda
de juta. As paredes do edifício foram construídas com terra molhada e palha de arroz,
ou cob-walling como é conhecida a técnica. A laje da camada superior foi feita com
59
camadas de bambu e preenchidas com barro e palha de bambu. Na parte interna as
paredes foram feitas com barro e as janelas moldadas com cal (NUNES, 2016)
Figura 14: Meti School
Fonte: Nunes (2016)
2. Surtierra
O escritório Surtierra, localizado em Santiago – Chile, desde o ano de 2007,
tem como propostas a construção de seus projetos com estilo contemporâneo, onde
utilizam a terra como material para as edificações (MEURER E CARDOSO, 2017).
Um dos projetos desenvolvido em parceria com o escritório Arias Arquitectos é a casa
Munita Gonzales. Possui 275m², foi utilizada a terra como material para a edificação,
além de ter sido pensado no aspecto do conforto, aproveitando ao máximo as energias
passivas (DUARTE, 2013).
Figura 15: Munita Gonzales.
Fonte: (DUARTE, 2013).
3. Casa Morumbi
Situada em Atibaia – São Paulo, o projeto foi acompanhado por Carla Mateus,
desenvolvido no ano de 2018. As aberturas foram pensadas de acordo com as
recomendações bioclimáticas da região. Foram feitas duas lajes vegetadas, os tijolos
são modulares de solo cimento e foram utilizadas madeiras certificadas ou
reaproveitas, além de dispositivos para economizadores de água, as águas cinzas
60
são tratadas em tanques anaeróbicos e reutilizada, a água negra enviada para bacias
de evapotranspiração (DUARTE, 2013).
’
Figura 16: Casa Morumbi
Fonte: (DUARTE, 2013).
4. Taipal Escritórios
O escritório Taipal, localizado em São Paulo – Brasil, é uma empresa
especializada em construção com terra, e atua na área há mais de 15 anos. A casa
Colinas é um dos projetos executado pelo Escritório, além da terra, também foram
utilizados materiais como concreto e vidro (DUARTE, 2013).
Figura 17: Casa Colinas
Fonte: (DUARTE, 2013).
Após visualizar alguns projetos é notável que existem inúmeras possibilidades
de construções utilizando dessas técnicas, e por conta disso existem escritórios
especialistas nesse segmento, que utilizam basicamente de materiais naturais e locais
em suas obras, e que já projetam dessa maneira há vários anos.
61
3. ECOVILA
As ecovilas são consideradas comunidades intencionais, sendo assentamentos
urbanos ou rurais, projetados em conceitos como permacultura e agroecologia, onde
o objetivo é garantir sustentabilidade a longo prazo (SCHETTERT, 2016). Um dos
seus princípios fundamentais é baseado na lógica de não retirar da Terra mais do que
podemos devolver a ela. Cada ecovila possui uma forma diferente de viver, tendo seu
próprio contexto cultural e ambiental, porém, possuem em comum um estilo de vida
onde pensam em gerar o menor impacto ambiental possível. Seus moradores
entendem que todas as coisas no universo estão conectadas e que quaisquer atitudes
do ser humano, de alguma forma, geram impacto. As vivências presentes nas ecovilas
são uma alternativa de vida, onde o objetivo é configurar uma nova maneira de ver o
mundo e como habitá-lo, utilizando os recursos que a natureza oferece, sem degradá-
la. É um estilo de vida, baseado na vida comunitária, na qual se adotam práticas como
a preservação, utilização consciente do ecossistema local, sustentabilidade, entre
outros, onde prevaleça o cuidado, respeito e solidariedade não somente com a
natureza, mas também com o próximo (BÔLLA, 2012).
No website da GEN - Rede Global de Ecovilas ou "Global Ecovila Network"
(2019) existe a seguinte definição: “Uma comunidade rural ou urbana que é projetada
conscientemente através de processos participativos de propriedade local em todas
as quatro dimensões da sustentabilidade (social, cultural, ecologia e economia) para
regenerar seus ambientes sociais e naturais.” No Quadro 3 são apresentados alguns
conceitos de ecovilas.
Autor Conceito Referência
Gilman (2007) “Assentamento de escala humana
completamente caracterizada onde as
atividades humanas estão integradas ao
mundo natural de maneira não danosa e de
tal forma que deem apoio ao
desenvolvimento humano saudável e que se
possa continuar indefinidamente ao futuro.
Continuando, o autor acrescenta que, a vida
em Ecovilas não quer dizer voltar ao
passado, regredir em nível de tecnologias
para viver em comunidade, mas, quer dizer
melhorar as tecnologias utilizadas pelo
homem de forma a fazê-lo continuar
(apud FABRI 2015
p.64).
62
progredindo, porém de forma salutar tanto
para si como para a natureza”.
Soares (2002) “... uma ecovila é um assentamento
completo, de proporções humanamente
manejáveis, que integre as atividades
humanas no ambiente natural sem
degradação, e que sustente o
desenvolvimento humano saudável de forma
contínua e permanente”.
(apud BISSOLOTTI,
2004, p. 20).
Braun (2001) “As ecovilas são comunidades intencionais
baseadas num modelo ecológico que
focaliza a integração das questões culturais
e socioeconômicas como parte de um
processo de crescimento espiritual
compartilhado”.
(BRAUN, 2001, p.39)
Jackson (1998) “Ecovilas são comunidades nas quais as
pessoas se sentem responsáveis por
aqueles que os rodeiam. Proporcionam um
sentido profundo de pertença a um grupo.
Elas são pequenas o suficiente para que
todos se sintam capacitados, vistos e
ouvidos. As pessoas são, então, capazes de
participar na tomada de decisões que afetam
suas próprias vidas e a da comunidade
numa base transparente”.
(JACKSON, 1998, p.
9).
Quadro 3: Conceitos de Ecovila
Fonte: Autoria Própria
Frente à realidade vigente, as ecovilas propõem um modo de vida cujos
princípios se voltam para a sustentabilidade em diversas dimensões e níveis. Apesar
de vários autores conceituarem ecovilas, todos aqui citados trazem pontos em
comum, como a presença da vida em comunidade, a preservação e respeito pela
natureza, o respeito pelo próximo. Ou seja, mesmo que cada grupo tenha suas
peculiaridades e tenha se reunido por motivos diferentes, é possível notar
características comuns. Para ser considerada uma ecovila, os hábitos dos residentes
não podem ser restritos apenas ao caráter ecológico ou ambiental, mas precisam
incorporar uma percepção mais sensível e plena do sentido do ser humano a respeito
de si mesmo e do outro, afirmando-se parte de um todo, que é a natureza. É um modo
de vida, que entende que todas as coisas estão interconectadas, e que as atitudes da
63
sociedade, de alguma forma causam impacto sobre o meio ambiente. A partir deste
modo de pensar é que as ecovilas tornam-se uma esperança para pessoas que
possuam esse tipo de visão de mundo, e buscam gerar o menor impacto possível.
Segundo Declan Kennedy, presidente da Rede Global de Ecovilas (GEN), “[...] o
modelo dos condomínios ecológicos é bastante flexível podendo ser adaptado a um
amplo leque de possibilidades, independente de país, região, clima ou ecossistema”
(FABRI 2015, p.5).
Segundo Capello (2013, p.65-66)
“[...] para se caracterizar como uma ecovila é preciso ir além de um kit de
equipamentos sustentáveis. Não se trata apenas de tomar partido de técnicas
capazes de reduzir o consumo de água e de energia em uma vizinhança, ou
de ―apenas construir de uma maneira mais amigável para o planeta. Isso tudo
é parte de algo maior que envolve de forma especial as relações humanas. Faz
toda diferença, nesse sentido, refletir sobre a maneira como essas pessoas se
constituíram como―vizinhos (CAPELLO, 2013, p. 65-66)”.
Segundo Dawson (2015), não é possível descrever um modelo que cubra todos
os casos das ecovilas, mostrando assim, o quanto são heterogêneas. No entanto,
apesar das suas pluralidades, diferenças, e a dificuldade de conceituação do
movimento, Dawson (2015, p. 34) consegue reunir cinco características que são
compartilhadas por todas as ecovilas.
1. “Primazia pela comunidade: a ecovila é, possivelmente mais do que tudo,
uma resposta a alienação e solidão provocadas pela conjuntura social
moderna. Ela vem preencher uma forte necessidade de reconexão entre os
indivíduos em uma comunidade com significado, tornando seus membros úteis
e valorizados em uma sociedade de escala humana;
2. Iniciativas cidadãs, autossuficientes; ao menos inicialmente em recursos,
inventividade e visão dos próprios membros da comunidade;
3. Busca pela retomada do controle dos seus próprios recursos e de seus
destinos;
4. Forte núcleo de valores compartilhados entre os membros – algumas
ecovilas referem-se a isto como "espiritualidade";
5. Atuação como centros de pesquisa e treinamento.
64
Para atingirem o objetivo de impactar o mínimo possível o meio ambiente,
essas comunidades se utilizam de técnicas sustentáveis, como tratamento de água, e
de rejeitos, bioconstrução, consumo consciente, utilização de materiais naturais ou
recicláveis, preferência por produtos locais, utilização de energias renováveis, decisão
por consenso, entre outros. Através da escolha por esse estilo de vida, a da adesão
dessas técnicas é que eles conseguem integrar moradia, lazer, vida social, trabalho e
educação, alcançando assim um desenvolvimento harmônico e equilibrado entre os
diversos aspectos da vida cotidiana. Mas ao escolher essa forma de viver, dando
preferência pela simplicidade e artefatos locais, não é necessário um isolamento
dessas pessoas do resto do mundo, já que a busca pela autonomia não significa que
as ecovilas têm de ser totalmente autossuficientes e isoladas do meio circundante
(GILMAN, 1991). Porém, há o esforço coletivo pela autogestão como forma de
resistência a um modo de vida alienante, intrínseco de uma cultura consumista
(SALLES, 2017).
Para poder compreender o real sentido das ecovilas, é preciso entender de
onde vieram, como surgiram e foram se desenvolvendo ao longo dos séculos, por isso
os próximos subcapítulos serão para mostrar essa evolução.
3.1 Evolução das Ecovilas
Ao longo de milhares de anos a humanidade viveu em comunidade,
aproximadamente 99% da história da espécie humana foi vivenciada em pequenos
grupos, em contato íntimo com a natureza, e desenvolvendo a diversidade cultural,
onde normalmente imperava uma estrutura social de apoio e cooperação
(BISSOLOTTI, 2004). Foi somente na era moderna que as cidades começaram a
ganhar proporções maiores (HEINBERG, 2007). O quadro 4 apresenta um esquema
que mostra as principais conquistas e fases das ecovilas. Os primeiros registros de
comunidades intencionais, se deu há 2500 anos atrás, e foram esses movimentos que
deram origem ao que hoje conhecemos como ecovila. As primeiras formas de
assentamento eram uma maneira mais efetiva de sobrevivência e satisfação de
necessidades básicas do que o nomadismo (IRRGANG 2005). A escala dos
assentamentos humanos foi se expandindo gradualmente de acordo com as
condições oferecidas pelo ambiente natural e pelos avanços tecnológicos. Durante o
65
passar dos anos, muitas comunidades se desenvolveram, e foram criadas, porém foi
entre os anos de 1960 e 1970, que as comunidades se aproximaram ainda mais do
conceito que temos hoje, pois essas comunidades começaram a pensar de forma
mais sustentável, onde as características principais dessas comunidades eram: vida
em proximidade com a natureza, em relativa harmonia com o ambiente em que
estavam inseridas, além de possuírem governança descentralizada (BISSOLOTI,
2004).
Quadro 4: Esquema da evolução das Ecovilas
Fonte: Autoria Própria
A partir do ano de 1987, muitos passos importantes foram dados, neles se
encontra a fundação da Gaia Trust nesse mesmo ano, em 1991, o termo Ecovila
passou a ser difundido e popularizado, em 1995 as ecovilas já eram conhecidas, e
ganharam uma rede responsável pelas mesmas, essa conhecida como GEN, e o
último dado mostrado no esquema foi no ano de 1998, onde foram reconhecidas e
nomeadas oficialmente pela ONU, como uma das 100 melhores práticas para o
desenvolvimento sustentável. Nos subcapítulos a seguir, será apresentada o que é a
Gaia Trust e a GEN, e qual a importância elas têm para o crescimento das ecovilas.
66
3.2 Redes de Apoio
3.2.1 Gaia Trust
A Gaia Trust é uma entidade beneficente que apoia projetos de
sustentabilidade em todo o mundo (GAIA TRUST, 2019). Esta entidade foi fundada
em 1987 na Dinamarca, e trata-se de uma organização filantrópica, criada por Hildur
e Ross Jackson, cujo objetivo era a promoção de um modo de vida mais espiritual e
sustentável, através de cursos e encontros para troca de informações e também
financiamento de iniciativas e negócios ecológicos entre comunidades diversas
(ROSA, 2014). A estratégia do Gaia Trust sempre foi dupla, pois trabalha com os
componentes yin e yang. O yin é apoiar e dar suporte ao movimento de ecovila, por
meio de doações, enquanto o yang é referente ao investimento de capital em
empresas “verdes”, que complementariam a política de doações, criando empregos e
promovendo negócios mais sustentáveis.
Entre os anos de 2003 e 2005, foi criada a GAIA Education, que é uma entidade
educacional voltada para o desenvolvimento, sistematização, aplicação e divulgação
de um currículo para o design de comunidades sustentáveis, buscando então “alguma
padronização das iniciativas que fazem uso do conceito de ecovilas” (ROSA, 2014).
Porém o maior projeto da GAIA foi a criação da GEN.
3.2.2 GEN – Rede Global de Ecovilas
“A Rede Global de Ecovilas prevê um mundo de cidadãos e comunidades
capacitados, projetando e implementando seus próprios caminhos para um futuro
sustentável e construindo pontes de esperança e solidariedade internacional” (GAIA
TRUST, 2015, s.n.). A GEN foi criada em 1995 “tendo como objetivo estreitar as
relações entre as diversas comunidades espalhadas pelo mundo, coordenar projetos,
assim como aperfeiçoar e expandir o número de assentamentos” (RAINHO, 2006). É
uma rede internacional de ecovilas divididas regiões autônomas e estão apresentadas
na figura 18 a seguir (GEN, 2019):
67
Figura 18: Regiões autônomas da GEN
Fonte: GEN (2019)
De acordo com Santos Jr (2006) a criação da rede global, foi, assim, o passo
mais importante para o movimento como um todo, no intuito de se unificar e fazer
frente, de forma mais articulada, aos novos desafios impostos pela globalização. O
objetivo principal é a troca de informações entre os projetos desenvolvimentos em
todo o mundo relacionados ao viver em harmonia com a natureza, bem como a
disseminação de informações sobre esse tema (GEN, 2019).
3.3 Ecovilas no Mundo
Não existe um levantamento preciso das ecovilas ao redor do mundo, e nem
em território brasileiro. Porém, existem algumas estimativas feitas a partir de registros
feitos pela GEN e pela FIC. Isso acontece pelo fato de não haver um programa de
certificação, e com isso cada ecovila decide como irá de identificar e se registrar
(BRITTO, 2018). No ano de 2015, foram consideradas 2.717, das quais 463 se
intitulam ecovilas, e 22 registradas no Brasil, sendo essa listagem das comunidades
inscritas no diretório online da Fellowship for Intentional Community. Já a Global
68
Ecovillage Network tem 558 ecovilas filiadas a ela, sendo 17 no Brasil. Porém,
conforme destacado por Rosa (2014), muitas ecovilas apesar de compartilharem dos
ideais e práticas disseminadas, não estão oficialmente inscritas em nenhum tipo de
organização.
De acordo com levantamento realizado pela GEN, a relação de países com
maior número de ecovilas segue a seguir (SIQUEIRA, 2015):
- Estados Unidos, 118 ecovilas;
- Austrália, 31 ecovilas;
- Canadá, 26 ecovilas;
- Brasil, Espanha e Itália, 17 ecovilas cada.
A figura 19 mostra a distribuição das Ecovilas pelo mundo, inscritas no diretório
online da Fellowship for Intentional Community.
Figura 19: Mapa das Ecovilas no Mundo
Fonte: Siqueira (2015)
De acordo com Jackson (2004), é difícil saber quais foram as primeiras ecovilas
fundadas, pois muitos dos atuais membros da Rede Mundial de Ecovilas (GEN) já
existiam antes mesmo da existência do próprio conceito de ecovila.
69
3.3.1 Exemplos de Ecovilas
Este capitulo tem como objetivo apresentar alguns modelos de Ecovilas que
são referência no mundo. Apresentando algumas das técnicas sustentáveis que
utilizam. Para que assim seja possível identificar semelhanças ou diferenças entre o
que é aplicado nas demais ecovilas e o que vai ser verificado na ecovila de estudo.
1. Ecovila Findhorn
Situada na Escócia, foi uma das primeiras Ecovilas a serem formadas, e hoje é
considerada uma das mais importantes, sendo exemplo em diversas áreas. O projeto
da Ecovila teve início nos anos 1980, quando os princípios de sustentabilidade foram
sendo inseridos na comunidade. Foi nessa época que se iniciou a produção de energia
eólica e as primeiras construções ecológicas. A ecovila usa energia solar, eólica e
madeira, possui prédios ecologicamente corretos, sendo as construções feitas a partir
de madeira reutilizada de barris de uísque das grandes destilarias escocesas.
Findhorn realiza tratamento de esgoto, cultiva cerca de 60% dos alimentos
consumidos na ecovila, conta com escolas e pequenos negócios sustentáveis que
mantêm a comunidade (FINDHORN, s.d). Também recebeu o “Best Practice
Designation” da ONU Habitat, no ano de 1998, a reconhecendo enquanto modelo de
vida sustentável (BÔLLA, 2012; JOSÉ,2014; PRADO, 2018).
Figura 20: Ecovila Findhorn
Fonte: José (2014)
2. Ecovila Crystal Waters Social
Localizada na zona rural de Brisbane – Austrália, criada em 1987. No ano de 1995,
recebeu das Nações Unidas, o Prêmio Mundial Habitat, pelo trabalho pioneiro em
demonstrar novas formas de baixo impacto para uma vida sustentável, com baixa
70
pegada ecológica (CRYSTAL WATERS, 2010). As residências na Ecovila são
ecologicamente corretas, com diferentes tecnologias de bioconstrução, em sua
maioria apresenta banheiros de compostagem, design solar e dispositivos para
economia de energia. Possui jardins, hortas e pomares altamente produtivos,
fazendas com criação de algumas espécies animais locais, que também produzem
leite, iogurte e mel (BÔLLA, 2012; JOSÉ, 2014).
Figura 21: Ecovila Crystal Waters Social
Fonte: José (2014)
3. Ecovila de Ithaca
Situada em Nova York – Estados Unidos, foi concebida em 1991. Desde sua
fundação um de seus pilares é a bioconstrução, as edificações são concebidas
buscando limitar o impacto sobre os seres humanos e o meio ambiente, utilizando
recursos renováveis, e materiais inofensivos. As casas são projetadas de forma a
utilizar a orientação adequada, possuem painéis fotovoltaicos nos telhados, e foram
feitas com diferentes técnicas de bioconstrução. Desde 2006, segue os princípios da
permacultura, onde buscam uma abordagem de colaboraram e desenvolvimento
integrado com os sistemas naturais. Muitos moradores estão certificados como
permaculturista. Segundo o website oficial, o estudante de doutorado Jesse Sherry da
Rutgers University avaliou que a pegada ecológica dos moradores da ecovila de
71
Ithaca é 70% menor do que o do estilo de vida de um americano médio (JOSÉ, 2014;
PRADO, 2018).
Figura 22: Ecovila de Ithaca
Fonte: José (2014)
3.4 Práticas Sustentáveis nas Ecovilas
Para a Rede Mundial de Ecovilas, estas comunidades sustentáveis possuem como
característica fundamental a integração de maneira holística das dimensões:
ecológica, econômica, social e cultural (GEN, 2019), pois muitas das práticas
desenvolvidas se interconectam e questionam valores socioculturais dos regimes
dominantes. Essas práticas foram sistematizadas e serão apresentadas no Quadro 5,
e posteriormente será apresentada as características e variáveis de algumas práticas.
Importante ressaltar que muitas variáveis estão ligadas com o conceito de
permacultura, por ser um dos conceitos base da formação das ecovilas.
Dimensões Práticas
Práticas Ecológicas Bioconstrução
Consumo Consciente
Coleta de Água
Tratamento de Água
Tratamento de Rejeitos
Materiais Naturais
Produtos Locais
Energias Renováveis
Reciclagem/ Reutilização
Reciclagem/ Reutilização
Coleta, compostagem
Áreas de Preservação
72
Alimentos Orgânicos
Tecnologias adequadas
Negócios verdes
Restauração Ecológica
Práticas Sociais
Liderança Democrática
Comunicação
Saúde e Educação
Coesão Social
Resolução de conflitos
Articulações externas
Cozinha comunitária
Articulações externas
Ajuda mutua
Abraçar diversidade
Práticas Econômicas Economia Local
Moedas comunitárias
Sistema de Troca
Partilha dos excedentes
Cooperativa
Banco solidário
Postos de Trabalho
Prestação de serviços locais
Práticas Culturais Rituais e Celebrações
Espaço cerimonial
Reconectar-se com a Natureza
Atividades Artísticas e Culturais
Visão Holística do mundo
Celebração da vida
Resistencia a globalização
Quadro 5: Práticas encontradas nas Ecovilas estudadas
Fonte: Adaptado de (todos os autores citados abaixo)
Esse quadro foi baseado na pesquisa feita nas ecovilas selecionadas e com
base em autores como: JACKSON e SVESSON (2002), BISSOLOTTI (2004), JORGE
(2008), BONFIM (2010), MATHEUS e SILVA (2013), JOSÉ (2014), FABRI (2015),
além das informações obtidas no site da GAIA EDUCATION (2012) e da GEN (2019).
73
3.4.1 Práticas Ecológicas
“A dimensão ecológica se refere ao respeito aos ciclos naturais que todas as
atividades humanas precisam ter” (BÔLLA, 2012, p. 89). Nessa dimensão, as pessoas
conseguem experimentar sua ligação pessoal com a Terra, pois existe uma interação
diária com o solo, a água, vento, plantas e animais. Busca solucionar as necessidades
diárias como comida, roupa, moradia, respeitando os ciclos da natureza (FABRI,
2015).
Tecnologias Adequadas/ Bioconstrução
O conceito de Bioconstrução engloba diversas técnicas da
arquitetura vernacular mundial, com isso se dá preferência por materiais do local,
como a terra, diminuindo gastos com fabricação e transporte, esses materiais são
acessíveis, baratos e produzem construções com durabilidade e conforto, além de
diminuir consideravelmente o impacto ambiental (SOARES, 1998). As técnicas de
bioconstrução promovem a autonomia dos indivíduos na construção de suas casas,
além de estimularem as relações sociais por meio de mutirões e trocas de informações
(PROMPT e BORELLA, 2010). Por isso, a união dos moradores é uma das
características mais importantes da Bioconstrução, que além de ajudar na redução de
custos com a mão de obra, a atividade agrega conhecimento e integra a comunidade.
Algumas técnicas utilizadas são pau-a-pique, Adobe, Super-Adobe, Cob,
Solocimento, Ferrosolocimento, Palha, Fardo Palha e Bambu (IPOEMA, 2016).
A construção com adobe é feita com terra crua, em forma de tijolos de barros
secos ao sol, e assentados com terra ou cimento (BEE, 2015; PROMPT, 2008). Já o
superadobe, trabalha com a terra crua ensacada, ou seja, enchem sacos de ráfia com
terra, e formam fileiras, que posteriormente são pilas para compactar a estrutura
(PROMPT, 2008; ZHAO, LU, e JIANG, 2015). O hiperadobe é a uma variação da
técnica do superadobe, onde a diferenciação ocorre no uso dos sacos, que nesse
caso é de raschel (sacos para frutas em malha de polietileno de alta densidade)
(PROMPT e BORELLA, 2010). E a construção com cob, consiste em misturar terra,
areia, palha e água, a mistura é feita com os pés, até obter uma mistura plástica. Com
essa mistura é feito bolas para moldar a casa, criando paredes grossas (BEE 2015;
PROMPT 2008). Pau a Pique, consiste em uma trama de galhos ou bambus, que
depois é barreada com uma massa de terra (PROMPT 2008).
74
Na bioconstrução, a técnica de telhado verde é bastante utilizada, que são
telhados cobertos por gramíneas e/ou plantas de pequeno porte e ajudam a manter o
clima interno da residência, já que as plantas absorvem a luz solar e retém a água da
chuva por mais tempo (OLIVEIRA e PASQUALETTO, 2008). Também é utilizado o
banheiro seco, que nada mais é do que um banheiro que não utiliza água sendo que
os rejeitos do processo podem ser utilizados para fertilização do solo. Esse sistema
funciona despejando serragem no vaso após o uso, que serve para acelerar a
compostagem e evitar o mau cheiro. As câmaras também contam com um duto de
saída do ar para afastar os odores. No caso da urina, o tratamento é feito por bacias
de evapotranspiração, que utiliza plantas semiaquáticas para absorver nutrientes e
promover a evaporação do líquido (PENSAMENTO VERDE, 2013).
Figura 23: Construção em Superabode e COB
Fonte: Ugreen (2019)
Figura 24: Tijolos de Adobe
Fonte: Vivadecora (2019)
75
Figura 25: Construção em Pau-a-pique
Fonte: Ugreen (2019)
Figura 26: Construção com telhado verde
Fonte: Vivadecora (2019)
Coleta de Água e Tratamento de água e rejeitos
As técnicas para aumentar a absorção de água devem respeitar alguns
princípios: impedir o escoamento superficial de água no terreno; aproveitar a água que
passa pela sua propriedade de várias formas; diminuir a velocidade com que a água
atravessa sua propriedade; reciclar água o tanto quanto for possível; trabalhar o
excesso de água o mais próximo possível da origem do problema (MAGRINI, 2009).
As águas servidas são classificadas em dois grupos: as águas cinzas, que são
aquelas originadas em tanques, pias e chuveiros, apresentando contaminantes
químicos, sólidos em suspensão, óleos e graxas, e podem ser tratas por meio das
camas de tratamento e dos ecossistemas vivos, para serem reutilizadas. Já as águas
negras são as geradas nos vasos sanitários com contaminação fecal, que
normalmente são tratadas através do círculo das bananeiras sendo retornado para o
meio ambiente de forma limpa (ERCOLE, 2003). O círculo das bananeiras, também é
conhecido como bacia de evapotranspiração (BET). Nesse sistema, a água negra é
76
decomposta por bactérias e depois sobe, passando por camadas de brita, areia e solo,
até atingir as raízes das bananeiras que são plantadas em cima. A evapotranspiração
é realizada pelas bananeiras, que consomem os nutrientes em seu processo de
crescimento (VIEIRA, 2001).
Figura 27: Bacias de evapotranspiração
Fonte: Tonetti et al (2018)
Produtos Locais / Alimentos Orgânicos
Os alimentos são produzidos e cultivados no local, por isso são alimentos
orgânicos, utilizando uma agricultura biodinâmica. A agricultura biodinâmica é
considerada uma forma de produção orgânica, porem seu diferencial está no uso de
preparados biodinâmicos e de um calendário próprio de plantio, poda, raleio e colheita,
baseado na posição dos astros (PENTEADO, 2001). Com isso usam técnicas de
77
cultivo de alimentos, que mantém as estruturas do solo, sem alterar suas propriedades
ou necessitar do uso de produtos químicos e sementes transgênicas, entre as técnicas
estão: cultivo rotativo de alimentos, compostagem, controle biológico de pragas, uso
de esterco animal e adubos naturais (NOGUEIRA, 2018). A relocalização também é
uma prática comum, isto é, valorizar os atores locais e regionais
(empresas/comunidades/grupos), reduzindo assim a distância entre a produção e
consumo, e consequentemente o uso de meios de transportes (PRADO, 2018).
Figura 28: Produção Local de Alimentos
Fonte: Prompt (2008)
Energias Renováveis
Utilização de energias que sejam descentralizadas, e renováveis, como painéis
de geração de energia elétrica, eólica, aquecimento solar e biodigestores (BÔLLA,
2012), como painéis fotovoltaicos, que convertem a luz do sol em energia elétrica, e
os painéis solares para aquecimento de água, que são placas de metal ou PVC que
captam a luz do sol, para aquecer a água (ROYSEN, 2018).
Figura 29: Uso de energia solar para produção de eletricidade
Fonte: Prompt (2008)
78
Reciclagem/ Reutilização/ Coleta/ Compostagem
Nas ecovilas os resíduos orgânicos (sobras de alimentos, casca de frutas,
verduras e legumes, etc.) são compostados, ou seja, através do processo de
decomposição controlada da matéria orgânica, é obtido um produto final rico e cuja
utilização no solo não oferece riscos ao meio ambiente (VALENTE et al, 2009). Os
Biodigestores promovem a decomposição anaeróbica da matéria orgânica por
bactérias, eliminando os elementos patogênicos existentes nas fezes e/ou na matéria
orgânica. Esse sistema permite o uso para a produção de biogás ou para tratamento
do esgoto sem contaminação das águas subterrâneas e com geração de adubo
orgânico (NOVAES, 2002).
Figura 30: Técnicas de Compostagem
Fonte: Peixoto (2019)
Banheiro Seco
É um tipo de sanitário que possibilita a compostagem dos rejeitos e não utiliza
água para a descarga. Para isso é utilizada serragem, que irá cobrir as fezes e iniciar
o processo de compostagem, onde será transformado o excremento em terra fértil
(CAPELLO, 2013; FERREIRA-NETO, 2017). As fezes humanas também são
colocadas em composteiras separadas daquelas de produção de alimentos orgânicos
(BÔLLA, 2012).
79
Figura 31: Banheiro Seco de duas câmaras
Fonte: Prompt (2008)
É fundamental entender que cada ecovila poderá ter alguma das dimensões
mais desenvolvida do que a outra, porém precisa que todas existam para que se
configure uma ecovila. Santos Jr. (2006, p.14) afirma que “a ecovila ideal não existe.
Como também, por viverem em fundamentos tênues de sonhos, nelas há lugar para
adversidade, para erros e conflitos. […]”
Após anos de degradação, torna-se necessária a construção de sistemas
regenerativos, que façam emergir uma nova cultura, novas práticas, valores e uma
nova ética no cuidado com a vida. A Comissão de Cidades e Mudanças Climáticas do
World Future Council e HafenCity University Hamburg (HCU) publicou um relatório,
em 2010, intitulado Regenerative Cities, onde evidencia-se a necessidade da criação
de cidades regenerativas ao invés de apenas sustentáveis. Com isso é possível citar
o exemplo das Ecovilas, enquanto comunidades que se dedicam a criar modelos
regenerativos. (TRAINER, 2000; 2002).
Autores como Raskin (2002) e Beck (1992), além do documento da Agenda 21,
revelam a importância dos movimentos sociais, enquanto iniciadores de uma
transformação culturas em direção a sustentabilidade, sendo vistos como movimentos
de revitalização, e experimentos sociais de um futuro sustentável (SCHEHR, 1997;
KUNZE, 2012).
80
No entanto vale ressaltar que a Ecovila ideal não existe, são projetos em
construção, distintos entre si (JACKSON, 2004), que estão construindo de forma
efetiva na transição para o modo de vida sustentável e regenerativo. Seus princípios
e práticas vêm sendo replicados em contextos urbanos e rurais, nos mais diversos
países, na busca por melhorar a qualidade de vida (DAWSON, 2006).
O vilarejo de Pescomaggiore, na Itália, usou o exemplo das Ecovilas na sua
reconstrução pós desastre ambiental. O vilarejo foi gravemente abalado por um
terremoto em 2009, e foi reconstruído nos moldes das ecovilas, utilizando materiais
locais e tecnologias apropriadas. (FOIS, FORINO, 2014).
O movimento das Ecovilas, emerge como uma resposta ao problema de como
mover a sociedade em direção a um modelo de vida sustentável (KIRBY, 2004). O
foco inicial era criar práticas sustentáveis locais em nível individual e comunitário, no
entanto cada vez mais se expressa globalmente. Sendo uma das suas principais
contribuições o poder do exemplo (LITFIN, 2009).
81
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93
ANEXOS
Anexo I – A Flor da Permacultura
94
Anexo II – Éticas e Princípios da Permacultura
95
APÊNDICES Apêndice A
Entrevista Arca Verde
1. Como começou a Ecovila?
2. Quem foram os fundadores?
3. Como ela foi construída?
4. Quantos moradores atualmente?
5. Existiu um arquiteto, ou um profissional responsável pela construção?
6. Qual a primeira habitação construída? E qual material foi utilizado?
7. Quais as técnicas mais utilizadas na construção dos espaços?
8. Quais os materiais mais utilizados na construção dos espaços? Algum motivo para utiliza-los?
9. Quais práticas são desenvolvidas na Ecovila?
10. Construções verdes - Existem quantas destas construções entre casas e espaços coletivos?
11. Energias renováveis - Quais os sistemas e quais os tipos de fontes de energia utilizadas?
12. Coleta de água e tratamento de efluentes. - Quantos sistemas instalados e quais os tipos?
13. Reciclagem / reutilização. - Como é desenvolvida? Depósito? Usina de reciclagem?
14. Coleta, compostagem e destinação correta do Lixo não compostável. - Como funciona a separação, e sistemas de compostagem?
15. Área de preservação permanente. - Está de acordo com a lei ambiental atual?
16. Alimentos orgânicos. - Quantas hortas, pomares em funcionamento, quais os tipos de plantio? Como se dá a circulação de alimentos orgânicos?
17. Restauração ecológica. - Como é desenvolvida? Através de cursos, consultorias e atividades práticas?
18. Negócios verdes. - Qual o tipo existente e quantos estão em funcionamento?
19.Tecnologias adequadas. - Quais os tipos e quantas encontram-se em funcionamento?
20. Utilizam algum desses materiais ou técnicas?
Adobe
Super-adobe
Madeira de demolição
Madeira de reflorestamento
Madeira certificada
Solo cimento
Ferrocimento
Concreto reciclado
Palha
Bambu
Taipa
Telhas de tetrapack
Telhado verde
Banheiro Seco
Parede Verde
Placas fotovoltaicas
Cisterna
Composteira
96
Apêndice B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, (nome do sujeito da pesquisa, nacionalidade, idade, estado civil, profissão,
endereço)___________________________________________________________
___ portador do RG nº______________ estou sendo convidado a participar de um
estudo denominado Potencialidades e Entraves de Práticas Sustentáveis no Processo
de Projeto na Construção Civil, cujo objetivo é identificar as potencialidades e entraves
dos materiais e práticas selecionadas, traçando estratégias afim de que possam ser
inseridas no contexto das cidades, tornando os projetos mais sustentáveis.
A minha participação no referido estudo será no sentido de responder ao
questionário que receberá através do seu e-mail. Sendo desconhecido qualquer risco
ou prejuízos por participar do estudo. Você será informado de todos os resultados
obtidos, independentemente do fato de estes poderem mudar seu consentimento em
participar da pesquisa. Você não terá quaisquer benefícios ou direitos financeiros
sobre os eventuais resultados decorrentes da pesquisa. Este estudo é importante
porque seus resultados fornecerão informações para compreender a atual situação
da construção civil na cidade, e como os projetos são desenvolvidos e executados, e
assim poder encontrar estratégias e novos métodos para o desenvolvimento dos
mesmos, para que aconteçam de forma mais sustentável.
Estou ciente de que minha privacidade será respeitada, ou seja, meu nome ou
qualquer outro dado ou elemento que possa, de qualquer forma, me identificar, será
mantido em sigilo. Também fui informado de que posso me recusar a participar do
estudo, ou retirar meu consentimento a qualquer momento, sem precisar justificar, e,
se desejar sair da pesquisa, não sofrerei qualquer prejuízo à assistência que venho
recebendo. Foi esclarecido ainda que, por ser uma participação voluntária e sem
interesse financeiro, assim, não tendo direito a nenhuma remuneração. O (a) Sr (a)
poderá solicitar informações durante todas as fases do projeto, inclusive após a
publicação dos dados obtidos a partir desta.
A coleta de dados será realizada por Dominiki Rossi Ceolin, mestranda do
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanos do Instituto Meridional - IMED
e orientado pelo Professor Dr. Lauro André Ribeiro. Os pesquisadores estarão a sua
97
disposição para qualquer esclarecimento que considere necessário em qualquer
etapa da pesquisa, assim poderei manter contato com os pesquisadores envolvidos
no referido projeto, através do telefone (54) 991703732. É assegurada a assistência
durante toda pesquisa, bem como me é garantido o livre acesso a todas as
informações e esclarecimentos adicionais sobre o estudo e suas consequências,
enfim, tudo o que eu queira saber antes, durante e depois da minha participação.
Enfim, tendo sido orientado quanto ao teor do aqui mencionado e
compreendido a natureza e objetivo do já referido estudo, manifesto meu livre
consentimento em participar, estando totalmente ciente de que não há nenhum valor
econômico, a receber ou a pagar, por minha participação. De igual maneira, caso
ocorra algum dano decorrente da minha participação no estudo, serei devidamente
indenizado, conforme determina a lei.
Em caso de reclamação ou qualquer tipo de denúncia sobre este estudo devo
ligar para o CEP IMED (54)3045-6100 ou mandar um e-mail para [email protected].
Passo Fundo ____, de____________ 2020.
_________________________________________
Nome e assinatura do sujeito da pesquisa
_________________________________________
Nome e assinatura do pesquisador responsável
Dominiki Rossi Ceolin – 01633354008
98
Apêndice C
TERMO CONFIDENCIALIDADE DOS DADOS
Eu, Dominiki Rossi Ceolin, declaro que todos os pesquisadores envolvidos no projeto
intitulado Potencialidades e Entraves de Práticas Sustentáveis no Processo de Projeto
na Construção Civil realizaram a leitura e estão cientes do conteúdo da Resolução
CNS nº 466/12 e suas complementares. Comprometo-me a: somente iniciar o estudo
após a aprovação pelo CEP-IMED e, se for o caso, pela Comissão Nacional de Ética
em Pesquisa (CONEP); zelar pela privacidade e pelo sigilo das informações que serão
obtidas e utilizadas para o desenvolvimento do estudo; utilizar os materiais e as
informações obtidas no desenvolvimento deste estudo apenas para atingir o objetivo
proposto no mesmo e não utilizá-los para outros estudos, sem o devido consentimento
dos participantes. Declaro, ainda, que não há conflitos de interesses entre o/a (os/as)
pesquisador/a(es/as) e participantes da pesquisa.
_________________________________
Assinatura do Pesquisador Responsável
Passo Fundo, ____de __________ de 2020
99
Apêndice D
QUESTIONÁRIO
Potencialidades e Entraves de Práticas Sustentáveis no Processo de Projeto na Construção
Civil
Avaliação quanto à utilização de práticas e materiais sustentáveis por Arquitetos e
Urbanistas
Eu, Dominiki Rossi Ceolin, mestranda do Programa de Pós‐Graduação Stricto sensu em
Arquitetura e Urbanismo da IMED, Campus Passo Fundo ‐ RS, convido a participar da
pesquisa científica intitulada “Potencialidades e Entraves de Práticas Sustentáveis no
Processo de Projeto na Construção Civil”, sob orientação do Prof. Dr. Lauro André Ribeiro. O
objetivo desta pesquisa é identificar as potencialidades e entraves dos materiais e
práticas selecionadas, traçando estratégias a fim de que possam ser inseridas no
contexto das cidades, tornando-as mais sustentáveis. Não há respostas certas ou
erradas para as questões, portanto, pede‐se para que sejam respondidas com o máximo de
rigor e sinceridade. Será mantida a confidencialidade e sigilo de qualquer informação que
possa identificar o respondente. Todos os dados serão utilizados exclusivamente para fins
acadêmicos.
Aceito participar da pesquisa: ( ) SIM ( ) NÃO
Se desejar participar de outras fases do presente estudo e receber os resultados da pesquisa,
favor informar o seu e-mail.
E-mail: _________________________________
IDADE:
( )20 a 25 anos ( ) 26 a 35 anos ( ) 36 a 45 anos ( ) 46 a 50 anos ( )
Mais de 50 anos
TEMPO DE ATUAÇÃO NA ÁREA:
( ) Menos de 5 anos ( ) 5 a 10 anos ( ) 11 a 15 anos ( ) 16 a 20 anos
( ) Mais de 20 anos
TRABALHO COM PROJETOS (residenciais, comerciais..)
__________________________________
NIVEL DE ESCOLARIDADE:
( ) Graduação ( )Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado ( ) Pós doutorado
CIDADE DE RESIDÊNCIA:
___________________________________
100
O questionário a seguir foi elaborado em duas etapas. A primeira etapa é para identificação
das técnicas e materiais sustentáveis os arquitetos entrevistados utilizam em seus projetos.
A segunda etapa será sobre a percepção e visão de futuro em relação a esses materiais e
práticas (adobe, madeira, concreto reciclado, telhado verde, composteira, placas solares,
entre outros). Utilize a escala indicada e responda com “X” a sua resposta para cada questão.
1 Práticas e Materiais Sustentáveis Utilizadas nos Projetos
Questões
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co
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en
te
Dis
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en
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To
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en
te
1.1 Analiso o entorno e aproveito as condições
naturais locais, orientação solar e ventos,
utilizando de técnicas bioclimáticas.
1.2 Uso o terreno de forma a movimentar o
mínimo de terra o possível, utilizando sua
topografia.
1.3 Proponho técnicas para coletar águas
pluviais ou reaproveitamento de água.
1.4 Proponho técnicas visando racionalizar o uso
de energia, como usar de energias
renováveis.
1.5 Utilizo o programa de etiquetagem de
energia, o Procel Edifica.
1.6 Proponho utilizar normas de desempenho
térmico (NBR 15220) e desempenho geral
(NBR 15575).
1.7 Proponho técnicas para reduzir o desperdício
de materiais tanto na projetação quanto na
execução da obra, como modulação,
flexibilização, materiais reutilizáveis e ACV.
1.8 Uso tecnologias, como softwares, lâmpadas
econômicas, automação.
1.9 Faço o planejamento detalhado e integrado
do projeto, para que sejam evitados
desperdícios.
Marque os itens abaixo conforme a utilização em seus projetos
1.10 Material/ Técnica Nunca
Utilizo
Poucas
Vezes
Às vezes sim,
às vezes não
Na maioria
das vezes
Sempre
Utilizo
Adobe
Super-adobe
Madeira de demolição
Madeira de reflorestamento
101
Madeira certificada
Solo cimento
Ferrocimento
Concreto reciclado
Palha
Bambu
Taipa
Telhas de tetrapack
Telhado verde
Banheiro Seco
Parede Verde
Placas fotovoltaicas
Cisterna
Composteira
Nas questões 1.11 e 1.12 pode-se marcar mais de uma opção.
1.11 Para aquelas que marcou que nunca utilizou, quais as razões para isso?
( ) fator econômico ( ) difícil instalação ( ) questão cultural ( ) necessidade de mão de
obra especifica
( ) Outros ______________
1.12 Para aquelas que marcou que sempre ou na maioria das vezes utiliza, poderia apontar
quais as vantagens em construir com esses materiais e técnicas?
( ) economia ( ) durabilidade ( ) fácil instalação ( ) mão de obro de fácil acesso
( ) Outros _______________
1.13 Teria interesse em utilizar alguma dessas técnicas ou materiais?
( ) SIM ( ) NÃO.
Se SIM, quais e por quê?
1.14 Se sua resposta anterior for não, quais os motivos de não possuir interesse em utilizar?
102
Esta etapa será sobre a sua percepção e visão de futuro em relação à construção sustentável.
1 Tema: Construção Sustentável
Questões
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Dis
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1.1 As preocupações com as questões ambientais e com o desenvolvimento sustentável estão cada vez mais presentes no processo de projeto dentro da construção civil.
1.2 A crise ambiental é consequência do uso
excessivo de recursos e da construção sem
planejamento.
1.3 O setor da construção tem um grande efeito sobre o ambiente, sendo assim, é possível perceber que o setor da construção é responsável por consumir grande parte dos recursos naturais mundiais.
1.4 Encontramo-nos num ponto onde é preciso
reduzir os impactos e trabalhar com o foco na
preservação do meio ambiente.
1.5 A construção sustentável não é um modelo
para resolver problemas pontuais, mas uma
nova forma de pensar a própria construção e
tudo que a envolve.
2 Tema: Relação Clientes x Sustentabilidade
Questões
Dis
co
rdo
To
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te
Dis
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te
Co
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ord
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To
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en
te
2.1 A maior parte dos meus clientes sabe o que é
arquitetura sustentável.
2.2 A maior parte dos meus clientes busca por
projetos que utilizem arquitetura sustentável.
2.3 Alguns clientes procuraram o escritório por
saber que propõem-se técnicas sustentáveis.
103
2.4 A maior parte dos clientes entende que a
arquitetura sustentável pode contribuir para
sua qualidade de vida.
2.5 A maior parte dos clientes considera caro a
utilização de técnicas sustentáveis.
2.6 A maior parte dos clientes preferem o uso de
técnicas convencionais.
3 Tema: Projetar e Construir de forma mais sustentável
Questões
Dis
co
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To
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te
Dis
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Parc
ialm
en
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Nem
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co
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Co
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Parc
ialm
en
te
Co
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ord
o
To
talm
en
te
3.1 Projetar de maneira sustentável requer mais
esforço do que fazer projetos tradicionais.
3.2 Projetar de maneira sustentável requer maior
tempo gasto com o projeto
3.3 Projetar de maneira sustentável necessita
coordenação e alinhamento entre todas as
partes para assegurar o cumprimento das
diretrizes.
3.4 Para projetar de maneira sustentável é
preciso um especialista da área para guiar o
processo.
3.5 Projetar de maneira sustentável possui um
custo mais elevado do que projetos
tradicionais.
3.6 Projetar de maneira sustentável é mais difícil
pois a legislação impõe algumas barreiras
(ex. leis, plano diretor, etc.).
3.7 Projetar de maneira sustentável é mais difícil
por conta dos materiais utilizados.
3.8 Projetar com materiais alternativos não
permite que o projeto fique esteticamente
agradável.
3.9 Para construir de maneira sustentável o
canteiro de obras deve ser adequado e deve
existir o acompanhamento de obra.
3.10 Os materiais de construção sustentáveis são
normalmente mais caros.
3.11 Existem poucos fornecedores de materiais de
construção sustentáveis no mercado.
3.12 A utilização de materiais naturais, como terra,
madeira, entre outros, podem colaborar com
o conforto térmico das edificações.
104
3.13 A utilização de técnicas sustentáveis traz
benefícios financeiros a longo prazo.
3.14 A utilização do telhado verde pode trazer
vantagens para a construção, tais como:
melhorar o isolamento térmico e acústico,
reduz o consumo de energia, e ajuda na
diminuição da temperatura interna.
3.15 A utilização de cisternas é uma boa
alternativa para economia de água.
3.16 A utilização de placas fotovoltaicas é uma boa
alternativa para economizar energia.
3.17 A utilização de energia solar é uma boa
alternativa aquecimento de água.
3.18 A utilização de composteira é uma boa
alternativa para redução de resíduos.
4 Tema: Futuro – ODS 2030
Levando em consideração as ODS, desenvolvidas pelas Agenda 2030, tem-se o tema futuro.
Questões
Dis
co
rdo
To
talm
en
te
Dis
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Co
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Co
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ord
o
To
talm
en
te
4.1 Até 2030, as construções sustentáveis
estarão mais presentes e acessíveis na
construção civil.
4.2 Até 2030, a utilização de materiais
alternativos para construção civil será mais
natural.
4.3 Até 2030, a utilização de práticas
sustentáveis na construção civil será mais
natural.
4.4 Até 2030, seremos obrigados através da
legislação a realizar construções mais
sustentáveis.
4.5 Até 2030, seremos obrigados através do
mercado a realizar construções mais
sustentáveis.
4.6 Até 2030 a população vai entender a relação
entre edifícios sustentáveis e qualidade de
vida.
4.7 Até 2030 teremos cidades mais inteligentes e
sustentáveis.