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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE AGRONOMIA JENNIFER VIEIRA PINTO PROPRIEDADES FÍSICAS, QUÍMICAS, NUTRICIONAIS E TECNOLÓGICAS DE FEIJÕES (Phaseolus vulgaris L.) DE DIFERENTES GRUPOS DE COR Goiânia 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE AGRONOMIA

JENNIFER VIEIRA PINTO

PROPRIEDADES FÍSICAS, QUÍMICAS, NUTRICIONAIS E

TECNOLÓGICAS DE FEIJÕES (Phaseolus vulgaris L.) DE

DIFERENTES GRUPOS DE COR

Goiânia

2016

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JENNIFER VIEIRA PINTO

PROPRIEDADES FÍSICAS, QUÍMICAS, NUTRICIONAIS E

TECNOLÓGICAS DE FEIJÕES (Phaseolus vulgaris L.) DE

DIFERENTES GRUPOS DE COR

Dissertação apresentada à Coordenação do Programa

de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de

Alimentos, da Escola de Agronomia, da Universidade

Federal de Goiás, como exigência para a obtenção do

título de Mestre em Ciência e Tecnologia de

Alimentos.

Orientador (a): Drª Priscila Zaczuk Bassinello.

Co-orientador (a): Drª Anna Cristina Lanna.

Co-orientador: Dr. Márcio Caliari.

Goiânia

2016

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha filha amada

Milena, ao meu marido Alessandro, à minha

adorável cachorrinha Dandarinha, à minha mãe

Magnólia, às minhas irmãs Keitelane, Kedma e

Janaína, a todos que estiveram ao meu lado nesta

jornada, e em especial, à Drª Priscila Zaczuk

Bassinello, grande incentivadora desse sonho.

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AGRADECIMENTOS

À Deus que sempre esteve ao meu lado, por ter me abençoado sempre durante esta

caminhada, me ajudando a superar todos os momentos difíceis, e que me permitiu alcançar mais

essa conquista.

À minha orientadora Drª Priscila Zaczuk Bassinello por toda a dedicação, incentivo nos

estudos, confiança depositada e paciência durante todo esse tempo, sendo fundamental para a

realização desse trabalho e acima de tudo, contribuindo para a minha formação profissional.

Sou imensamente agradecida por ter me recebido como sua orientanda, onde seus conselhos,

sua amizade e todos os nossos momentos maravilhosos serão lembrados para sempre.

À minha co-orientadora Drª Anna Cristina Lanna, da Embrapa Arroz e Feijão, pelos

seus ensinamentos, pelo apoio e pelas palavras de incentivo durante o trabalho.

Ao meu co-orientador Prof. Dr. Márcio Caliari pelo apoio e incentivo durante o trabalho

aqui realizado.

À Embrapa Arroz e Feijão, pelo apoio técnico e financeiro, disponibilidade de amostras,

infraestrutura e todo o apoio necessário para que o trabalho pudesse ser desenvolvido.

Aos funcionários e colegas do Laboratório de Grãos e Sub-produtos, da Embrapa Arroz

e Feijão, Selma, Rosângela, Mauro, Edmar, Suely e Renilda pela ajuda e ensinamentos na

realização das análises, conversas na hora do café, e por todo o apoio durante esses dois anos.

A Universidade Federal de Goiás e ao Programa de Mestrado em Ciência e Tecnologia

de Alimentos, pelo apoio técnico e financeiro, pela infraestrutura, pela oportunidade de

realização do mestrado e a todo o apoio necessário para que o trabalho pudesse ser

desenvolvido.

À agência de fomento à pesquisa, Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior (CAPES), pelo apoio técnico e financeiro durante o mestrado.

Aos professores e funcionários da Universidade Federal de Goiás, que de uma forma ou

de outra contribuíram para a realização deste trabalho, em especial ao Prof. Dr. Cláudio

Cardoso, pelos seus ensinamentos nos momentos de Estágio Docência. Obrigada pela

oportunidade concedida!

Aos professores da banca examinadora, por reservarem um pouco do seu tempo na

correção e avaliação deste trabalho.

À professora Drª Solange Guidolin Canniatti Brazaca, do Departamento de

Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz

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(ESALQ), da Universidade de São Paulo pelo auxílio e parceria nas análises de taninos e

digestibilidade protéica.

Ao Ms. Ivã Matsushige, analista do Laboratório de Análises Agroambientais, da

Embrapa Arroz e Feijão, pelo auxílio e parceria nas análises de minerais.

Ao Dr. Ronoel Luiz de Oliveira Godoy, pesquisador do Laboratório de Cromatografia

Líquida, da Embrapa Agroindústria de Alimentos, pelo auxílio e parceria nas análises de perfil

de aminoácidos.

Ao Dr. Edy Sousa de Brito, pesquisador do Laboratório Multiusuário de Química de

Produtos Naturais, da Embrapa Agroindústria Tropical, pelo auxílio e parceria nas análises

cromatográficas de compostos fenólicos – kaempferol.

Aos colegas do Laboratório de Química de Proteínas do Instituto de Ciências

Biológicas, da Universidade Federal de Goiás, Drª Karla Batista, Ms. Maurício Cruz e Profª.

Drª. Kátia Flávia Fernandes, pelo apoio nas análises de inibidores de tripsina e α-amilase.

À minha amiga e maior incentivadora desse sonho, Nathalie Alcantara Ferreira, pelos

momentos de descontração, broncas e elogios, contribuindo com seus ensinamentos e conselhos

para a minha formação profissional. Obrigada por me aturar por tanto tempo!

Às minhas amigas Amanda Cunha, Marília Pacheco, Anielle Vilane, Giselle de Oliveira,

Fernanda do Vale e Ana Paula Nobre pelos momentos de descontração, carinho, desabafo e

amizade em todos esses anos. Amo vocês!

À minha Mãe Magnólia Vieira de Sousa por acreditar em mim em todos os momentos,

pelas nossas brigas, pelas palavras de conforto e colo nos momentos difíceis, pelos momentos

de alegria, por estar ali sempre que precisei. Enfim, por tudo... Te amo demais!

Às minhas irmãs Janaína, Kedma, Keitelane e ao meu irmão Cleber pelo apoio,

compreensão e ajuda, por estarem sempre dispostos a ouvir, me incentivar e por confiarem em

mim. Amo vocês!

A toda a minha família, em especial ao meu pai Cleber dos Santos Pinto, que sempre

me ajudou financeiramente, me apoiou nas minhas decisões e me incentivou a estudar. Acima

de tudo, eu o amo muito!

Ao meu marido Alessandro Antunes de Sousa Filho pelo amor concedido nas horas em

que eu mais precisei, pelos momentos de carinho, por me incentivar a não desistir, pelas

palavras de conforto quando eu ficava desanimada, e por cuidar tão bem de mim e da nossa

filha Milena. Te amo!

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À minha filha Milena Vieira Antunes, meu melhor presente de Deus, pelos momentos

de prazer, por cada olhar de carinho, por cada sorriso sem esperar nada em troca, por me tornar

uma nova mulher e por me ensinar que eu posso sempre mais. Amo você minha pérola!

À minha adorável cachorrinha Dandarinha por ser minha companheira de todas as horas,

pelos momentos de brincadeiras, alegrias e descontração, e pelo carinho concedido quando

sempre precisei.

E a todos os demais que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste

trabalho. Vocês foram essenciais!

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“O sucesso é construído à noite!

Durante o dia você faz o que todos fazem. Não conheço ninguém que conseguiu realizar seu

sonho, sem sacrificar feriados e domingos pelo menos uma centena de vezes. Da mesma

forma, se você quiser construir uma relação amiga com seus filhos, terá que se dedicar a isso,

superar o cansaço, arrumar tempo para ficar com eles, deixar de lado o orgulho e o

comodismo. Se quiser um casamento gratificante, terá que investir tempo, energia e

sentimentos nesse objetivo. O sucesso é construído à noite! Durante o dia você faz o que

todos fazem. Mas, para obter resultado diferente da maioria, você tem que ser especial. Se

fizer igual a todo mundo, obterá os mesmos resultados. Não compare à maioria, pois

infelizmente ela não é modelo de sucesso. Se você quiser atingir uma meta especial, terá que

estudar no horário em que os outros estão tomando chope com batatas fritas. Terá de planejar,

enquanto os outros permanecem à frente da televisão. Terá de trabalhar enquanto os outros

tomam sol à beira da piscina. A realização de um sonho depende de dedicação. Há muita

gente que espera que o sonho se realize por mágica. Mas toda mágica é ilusão. A ilusão não

tira ninguém de onde está. Ilusão é combustível de perdedores. Quem quer fazer alguma

coisa, encontra um meio. Quem não quer fazer nada, encontra uma desculpa.”

Roberto Shinyashiki

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Propriedades físicas, químicas, nutricionais e tecnológicas de feijões

(Phaseolus vulgaris L.) de diferentes grupos de cor

RESUMO

Objetivou-se caracterizar propriedades físicas, químicas, tecnológicas, nutricionais e funcionais

de feijões de diferentes grupos de cor, a fim de alimentar o banco de dados da Embrapa Arroz

e Feijão, contribuindo com informações úteis à comunidade científica e indústrias de alimentos.

Feijões carioca (Pérola – “PER” e BRS Estilo – “ETL”), preto (BRS Esteio – “EST” e IPR

Uirapuru – “IPR”) e especial (BRS Agreste – “AGR” e BRS Pitanga – “PIT”) foram cultivados

em Junho (inverno/2014), em Santo Antônio de Goiás-GO, e analisados quanto à/ao: peso de

100 grãos, tamanho, esfericidade, cor, umidade, aw e densidade. Farinhas foram analisadas

quanto à/ao: granulometria, cor, índice de absorção e solubilidade em água, capacidade de

retenção de óleo, propriedades espumantes, emulsificantes, estabilizantes, propriedades de

pasta, teor de kaempferol, composição centesimal, minerais, perfil de aminoácidos,

digestibilidade proteica in vitro, e fatores antinutricionais. Grãos pretos apresentaram-se mais

leves, e carioca, mais pesados. Grãos de “PER” apresentaram maior comprimento e da cultivar

“AGR”, maior esfericidade; ”ETL” tendeu a grãos mais claros; ”PIT”, “IPR” e “EST”, mais

escuros. Farinhas de “EST” e “IPR” tiveram maior uniformidade; “ETL”, “PER” e “AGR”

apresentaram farinhas mais claras e amareladas; farinha do “IPR” apresentou maiores valores

de absorção de água; “EST”, maiores valores de absorção de óleo; a da “PIT”, melhor

solubilidade; a da “AGR”, maior formação de espuma (pH 2,5); a do “IPR”, maior viscosidade

máxima. Grãos da “PIT” apresentaram maior concentração de kaempferol; “PIT” e “PER”,

maiores teores protéicos; “EST”, mais lipídeos; e “AGR”, mais carboidratos. Todas as farinhas

tiveram altos teores de minerais. Feijões pretos apresentaram maiores teores de aminoácidos

essenciais e não essenciais, seguidos dos feijões especiais e carioca; “EST” teve o menor Escore

de Aminoácidos Essenciais (EAE) (1,20), e “ETL”, maior EAE (1,40); “EST”, menor

digestibilidade proteica; feijões carioca e especiais, maiores teores de ácido fítico; “PIT”

apresentou maior razão molar (fitato:ferro) e “AGR”, maior razão molar (fitato:zinco); “PER”,

menores teores de taninos; “IPR”, menores teores de inibidores de tripsina e “PIT”, maior

inibição de α-amilase. Os feijões especiais apresentaram ótimas características físicas,

químicas, tecnológicas, nutricionais e funcionais, podendo ser utilizados como matéria prima

na elaboração de novos produtos pela indústria alimentícia.

Palavras-chave: Feijão, Propriedades físico-químicas, Propriedades tecnológicas, Perfil

viscoamilográfico, Compostos fenólicos, Fatores antinutricionais.

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Physical, chemical, nutritional and technological properties of beans

(Phaseolus vulgaris L.) from different color groups

ABSTRACT

We aimed to characterize the physical, chemical, technological, nutritional and functional

properties of beans from different color groups in order to feed the Embrapa Rice and Beans

database, contributing with useful information to the scientific community and food industries.

Carioca (Pérola - "PER" and BRS Estilo - "ETL"), black (BRS Esteio - "EST" and IPR Uirapuru

- "IPR") and special beans (BRS Agreste - "AGR" and BRS Pitanga - "PIT") were grown in

June (winter / 2014) in Santo Antônio de Goiás -GO, and analyzed for: the 100-seed weight,

size, sphericity, color, moisture, water activity and density. Flours were analyzed for:

granulometry, color, water absorption and solubility index, oil retention capacity, foam

properties, emulsifiers, stabilizers, paste properties, kaempferol content, proximal composition,

minerals, amino acid profile, protein in vitro digestibility and anti-nutritional factors. Black

grains were lighter, and carioca, heavier. Grains of "PER" presented greater length and "AGR",

greater sphericity; "ETL" tended to lighter grains; "PIT", "IPR" and "EST", darker. Flours of

"EST" and "IPR" had greater uniformity; "ETL", "PER" and "AGR" presented lighter and more

yellow flours; the "IPR" flour showed higher values of water absorption; "EST", higher values

of oil absorption; the "PIT", better solubility; AGR, higher foaming (pH 2.5); the "IPR", the

higher maximum viscosity. Grains of "PIT" presented higher concentration of kaempferol;

"PIT" and "PER", higher protein levels; "EST" had more lipids; and "AGR", more

carbohydrates. All flours had high mineral contents. Black beans showed higher levels of

essential and non-essential amino acids, followed by special and carioca beans; "EST" had the

lowest Essential Amino Acid Score (EAS) (1.20), and "ETL", highest EAS (1.40); "EST",

lower protein digestibility; carioca and special beans, higher levels of phytic acid; "PIT" showed

higher molar ratio (phytate: iron) and "AGR", higher molar ratio (phytate: zinc); "PER", lower

tannin contents; "IPR", lower levels of trypsin inhibitors and "PIT", greater inhibition of α-

amylase. The specialty beans presented excellent physical, chemical, technological, nutritional

and functional characteristics, and can be used as ingredients of new products by the food

industry.

Keywords: Beans, Physicochemical properties, Technological properties, Viscoamylographic

profile, Phenolic compounds, Anti-nutritional Factors.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 ........................................................................................................................... 15

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15

2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................ 18

2.1 Feijão ................................................................................................................................. 18

2.2 Produção e consumo de feijão ........................................................................................... 19

2.3 Aspectos nutricionais ........................................................................................................ 21

2.4 Digestibilidade proteica in vitro ........................................................................................ 23

2.5 Compostos antinutricionais ............................................................................................... 25

2.5.1 Inibidores de proteases ................................................................................................. 26

2.5.2 Inibidores de α-amilases ............................................................................................... 27

2.5.3 Ácido fítico .................................................................................................................... 28

2.5.4 Taninos ......................................................................................................................... 30

2.6 Antioxidantes ..................................................................................................................... 32

2.6.1 Compostos fenólicos ..................................................................................................... 34

2.7 Propriedades tecnológicas ................................................................................................. 37

2.7.1 Absorção de água e óleo ............................................................................................... 38

2.7.2 Propriedades espumantes ............................................................................................. 39

2.7.3 Propriedades emulsificantes e estabilizantes ............................................................... 41

2.8 Uso e propriedades das farinhas de feijões ....................................................................... 41

3 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 44

4 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 63

4.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................................... 63

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................ 63

CAPÍTULO 2 (Artigo Científico 1) ......................................................................................... 64

Caracterização da qualidade física de feijões (Phaseolus vulgaris L.) de diferentes grupos de

cor, e as propriedades funcionais e tecnológicas de suas farinhas ........................................... 64

RESUMO ................................................................................................................................. 64

ABSTRACT ............................................................................................................................. 65

1 Introdução ............................................................................................................................ 66

2 Material e Métodos .............................................................................................................. 69

3 Resultados e Discussão ........................................................................................................ 81

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4 Conclusão ........................................................................................................................... 109

5 Referências ......................................................................................................................... 111

CAPÍTULO 3 (Artigo Científico 2) ....................................................................................... 122

Avaliação da qualidade nutricional e características antinutricionais de feijão (Phaseolus

vulgaris L.) de diferentes grupos de cor ................................................................................. 122

RESUMO.... ........................................................................................................................... 122

ABSTRACT ........................................................................................................................... 123

1 Introdução .......................................................................................................................... 124

2 Material e Métodos ............................................................................................................ 126

3 Resultados e Discussão ...................................................................................................... 136

4 Conclusão ........................................................................................................................... 156

5 Referências ......................................................................................................................... 157

CONCLUSÃO GERAL ......................................................................................................... 167

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CAPÍTULO 1

1 INTRODUÇÃO

O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.), pertencente à família Fabaceae, que

compreende as leguminosas, está entre os alimentos mais antigos, remontando aos primeiros

registros da história da humanidade (LAJOLO; GENOVESE; MENEZES, 1996). Eram

cultivados no antigo Egito e na Grécia, sendo também cultuados como símbolo da vida

(EMBRAPA, 2010).

É um produto tradicional na alimentação da população brasileira, principalmente para

as classes de baixa renda, sendo considerada cultura de grande importância econômica, social,

nutricional e funcional (RIOS; ABREU; CORRÊA, 2003; FAO, 2013). Em termos de

produção, o Brasil foi considerado, em 2015, o terceiro maior produtor mundial, respondendo

por 11% da produção, atrás de Índia (14%) e Myanmar (13%) e à frente dos Estados Unidos

(4%), da China, do México (4%) e da Tanzânia (3%), por exemplo. O Brasil é considerado o

maior produtor e consumidor mundial da espécie Phaseolus vulgares (FAO, 2015). Sua

produção, na safra 2015/2016, apresentou aumento de 2,2% em relação a anterior, na qual a

estimativa de produção para a safra 2014/2015 foi de 3,18 milhões de toneladas (CONAB,

2016).

O feijão é consumido em diversos países, sendo que o continente americano corresponde

a 43,2 % do consumo deste grão (EMBRAPA, 2010). O consumo médio de feijão no Brasil,

segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2011), é de 182,9 g/hab/dia e,

aproximadamente, 67 kg/hab/ano de feijão preparado, existindo preferências de cor e tipo de

grão, com maior consumo na zona rural do que na zona urbana (IBGE, 2011). Além disso, essa

grande variedade de cores, tamanhos e formas das sementes são consideradas características

que influenciam a preferência dos consumidores por determinada variedade (CARNEIRO et

al., 2005).

Esta leguminosa representa fonte de diversos nutrientes, devido seu alto conteúdo

proteico, elevado teor de lisina, fibra alimentar, carboidratos complexos, e a presença de

vitaminas do complexo B, sendo utilizada como alternativa em substituição a carnes e outros

alimentos proteicos (LAJOLO; GENOVESE; MENEZES, 1996; RIOS; ABREU; CORRÊA,

2003). Da mesma forma, o feijão apresenta, ainda, outros componentes que tornam seu

consumo mais vantajoso e benéfico para a saúde, como a presença de minerais, principalmente,

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ferro e zinco (USDA, 2012, GEPTS et al., 2008; ABREU, 2005), bem como a elevada

quantidade de compostos fenólicos com atividade antioxidante encontrados nos cotilédones e,

principalmente, em seus tegumentos, estando relacionados à redução do risco de

desenvolvimento de câncer, além de apresentar atividade anti-inflamatória (OOMAH; CORBE;

BALASUBRAMANIAN, 2010).

Apesar de tais vantagens, os feijões podem apresentar algumas características

indesejáveis que limitam sua aceitabilidade ou seu valor nutricional, tais como a presença de

fatores antinutricionais, e o baixo valor nutricional de suas proteínas, tendo em vista que não

possui todos os aminoácidos essenciais em quantidades significativas (RAMÍREZ-

CÁRDENAS; LEONEL; COSTA, 2008). No caso do feijão, os fatores antinutricionais – fitatos,

inibidores de protease, polifenóis (taninos) e inibidores da α-amilase – reduzem a atividade de

algumas enzimas, a ação biológica de diversos compostos químicos e a absorção de metabólitos

(BATISTA; PRUDÊNCIO; FERNANDES, 2010). Já em relação ao baixo valor nutricional de

suas proteínas, essa deficiência é suprida pela ingestão de feijão juntamente com arroz, na qual

esta mistura é considerada a principal fonte proteica da alimentação, suprindo os aminoácidos

essenciais e apresentando digestibilidade protéica ao redor de 80 % (PIRES et al., 2006).

A Embrapa Arroz e Feijão e uma extensa rede de parceiros lançam, periodicamente,

cultivares (variedades) de arroz e de feijão, oferecendo ao produtor rural brasileiro opções de

cultivo mais produtivas, com melhor qualidade de grãos para as indústrias e que apresentem

características culinárias desejadas pelos consumidores nacionais e internacionais (EMBRAPA

ARROZ E FEIJÃO, 2014). A qualidade do grão de feijão é um parâmetro de grande

importância durante a colheita e o armazenamento, pois estas etapas podem interferir em seu

valor nutricional e na aceitabilidade do produto pelo consumidor (EMBRAPA, 2003). Dessa

forma, a qualidade do grão influencia no lançamento de uma nova cultivar, onde cultivares de

boa qualidade visam melhores lucros e perspectivas para a indústria alimentícia.

Na industrialização, o feijão, a partir do recebimento, passa por operações de limpeza,

classificação, seleção e empacotamento (FAO, 2013). Segundo Ferraz (1993), o conhecimento

sobre determinadas características físicas e químicas dos grãos é de extrema importância e

necessário no processamento de alimentos, pois auxilia, principalmente, na elaboração de

projetos econômicos e eficientes, e na obtenção de grãos de qualidade. Diante do exposto, sabe-

se que estudos relacionados à composição nutricional e importantes características físicas,

químicas e tecnológicas de feijões encontram-se escassos na literatura, assim mais estudos

podem auxiliar na elaboração de novos produtos, empregando-se o feijão como matéria prima,

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tanto principal, quanto secundária, buscando sempre alternativas que correspondam às

exigências dos consumidores, bem como auxiliar na redução dos fatores antinutricionais.

Estudos sobre diferentes cultivares e grupos comerciais de feijão podem contribuir para

futuras pesquisas relacionadas aos grãos, bem como para a produção de diversos produtos

alimentícios. Dessa forma, objetiva-se com o presente trabalho caracterizar as propriedades

físicas, químicas, nutricionais e tecnológicas de feijões de diferentes grupos de cor, a fim de

incrementar e qualificar o portfólio de cultivares da Embrapa Arroz e Feijão, contribuindo com

informações úteis à comunidade científica e às indústrias de alimentos.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Feijão

O feijoeiro comum é uma planta herbácea, pertencente à família Fabaceae, que

compreende as leguminosas, sub-família Faboideae, gênero Phaseolus e espécie Phaseolus

vulgaris L. (SANTOS e GAVILANES, 2006). Trata-se da espécie mais importante, dentro das

cinco mais cultivadas do gênero, por ser a mais antiga e a mais cultivada nos cinco continentes

(CEPEF, 2001). Essa leguminosa era cultivada no antigo Egito e na Grécia, sendo também

cultuada como símbolo da vida (LAJOLO; GENOVESE; MENEZES, 1996; EMBRAPA,

2010). Teve origem na América Central e na América do Sul, de onde surgiu grande variedade

de grãos de diferentes cores, formas e tamanhos (GEPTS e DEBOUCK, 1991), sendo tais

características visuais a base para a classificação das atuais classes comerciais de feijão.

Esta planta consiste em caule; folhas que são compostas por três folíolos ovais; flores

que se reúnem em cachos e podem ser brancas, amarelas, azuis ou vermelhas, conforme a

variedade do feijão; e fruto que é denominado vagem que, quando apresenta-se madura e bem

seca abre-se, liberando os grãos de feijão (FERREIRA FILHO, 1941). O grão de feijão carioca,

que é considerado um dos tipos mais consumidos, apresenta como característica marcante o

tegumento com coloração bege e estrias marrons, hilo branco, apresentando ao redor halo de

coloração creme, sendo as sementes média de 0,9 cm de comprimento, 0,6 cm de largura, 0,5

cm de espessura e forma oblonga (ALMEIDA; LEITÃO FILHO; MIYASAKA, 1971), além de

ser compostos por cerca de 89% de cotilédone, 1% de epicótilo e 10% de tegumento (SHIGA;

CORDENUNSI; LAJOLO, 2011).

Como sua produção está muito relacionada aos fatores climáticos, os que mais

influenciam o desenvolvimento da planta são a temperatura, que é o fator mais influente por ter

participação no florescimento e na frutificação do feijoeiro; a precipitação pluvial, que é de

extrema importância 15 dias antes da floração e no estádio inicial de formação de vagens; além

da radiação solar (YAMAGUISHI, 2008).

O ciclo vegetativo dessa leguminosa varia de 75 a 110 dias, e nesse período a planta

deve ser abastecida de água e nutrientes (AIDAR e KLUTHCOUSKI, 2009). Os períodos de

semeadura-colheita do feijão apresentam variações de ano para ano, com isso, a produção do

feijão, embora distribuída ao longo do ano, necessita do armazenamento para garantir a oferta

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deste produto em todas as regiões do país, evitando a escassez na entressafra e diminuindo a

oscilação de preços no mercado (BRACKMANN et al., 2002).

O feijoeiro-comum é considerado cultura atípica, por se conseguir três safras anuais. A

safra das "águas" ou 1ª safra, plantado nas Regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e nos estados do

Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e, também nos estados de Tocantins e Rondônia, é cultivado

entre os meses de agosto a novembro; a safra da "seca" ou 2ª safra ocorre nas Regiões Sul,

Sudeste, Centro-Oeste e em único período de plantio no Norte, onde o feijão-comum é

consorciado com o milho. Essa safra é realizada entre os meses de dezembro a abril; já a safra

de 3ª época, também designada como safra irrigada, de inverno ou, simplesmente, 3ª safra,

acontece com o feijão-comum cultivado entre os meses de abril a julho, no Centro-Sul do Brasil

(EMBRAPA ARROZ E FEIJÃO, 2012).

2.2 Produção e consumo de feijão

Esta leguminosa é considerada cultura de significativa importância socioeconômica no

mundo todo (BROUGHTON et al., 2003). Muitas pessoas, principalmente nos países em

desenvolvimento, das regiões tropicais e subtropicais do planeta, dependem deste grão como

principal alimento básico (YOKOYAMA, 2014). Por outro lado, os países desenvolvidos, como

os Estados Unidos da América e Canadá, dependem de feijão, principalmente, como fonte de

renda (ELSADR, 2011).

O feijão é um produto tradicional na alimentação da população brasileira,

principalmente para as classes de baixa renda, sendo considerada cultura de grande importância

econômica, social, nutricional e funcional (RIOS; ABREU; CORRÊA, 2003; FAO, 2013). Em

termos de produção mundial, com produção média de 23,3 milhões de toneladas de feijão seco,

o Brasil foi considerado, em 2015, o terceiro maior produtor mundial, respondendo por 11% da

produção, atrás de Índia (14%) e Myanmar (13%) e à frente dos Estados Unidos (4%), da China,

do México (4%) e da Tanzânia (3%), por exemplo. O Brasil é considerado o maior produtor e

consumidor mundial da espécie Phaseolus vulgares (FAO, 2015).

No Brasil, a produção na safra 2015/2016 foi de 3,18 milhões de toneladas de feijão,

apresentando aumento de 2,2% em relação a anterior, na qual a estimativa de produção para a

safra 2014/2015 foi de 3,11 milhões de toneladas. Já em relação à área total de feijão, a safra

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2015/2016 será de 3,03 milhões de hectares, considerando redução de 0,3% em relação à safra

passada (CONAB, 2016).

O feijão constitui um dos alimentos básicos das populações de países desenvolvidos, e

uma das principais fontes de proteína na dieta alimentar de populações economicamente menos

favorecidas, sendo amplamente consumido no México, na América Central, na América do Sul

e nos países africanos. Dessa forma, assume enorme importância na alimentação humana,

fundamentalmente devido ao seu baixo custo, além de ser alimento relativamente balanceado

nutricionalmente (CARNEIRO et al., 2005; WANDER et al., 2007).

O feijão é consumido em diversos países, sendo que o continente americano corresponde

a 43,2 % do consumo (EMBRAPA, 2010). Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística (IBGE), o consumo médio atual de feijão, preparado no Brasil, é de

aproximadamente 67 kg/hab/ano, existindo preferências de cor e tipo de grão, sendo mais

consumido na zona rural do que na zona urbana. As possíveis causas desta queda no consumo

estão relacionadas com a substituição por fontes de proteína de origem animal, em consequência

do êxodo rural e das mudanças de hábitos alimentares e estilo de vida moderna, com as fortes

flutuações de oferta e preços e a demanda de tempo para o preparo do produto (IBGE, 2011).

O hábito do consumo de feijão pelas famílias brasileiras, em associação com a ampla

adaptação climática dessa cultura, faz com que o feijão esteja distribuído por todo o território.

Além disso, sua grande variedade de cores, tamanhos e formas das sementes são consideradas

as características que mais influenciam a preferência dos consumidores por determinada

variedade (CARNEIRO et al., 2005).

No mercado brasileiro existem inúmeras variedades de feijão (Phaseolus vulgaris L.),

tais como Preto, Mulatinho, Carioca, Pardo, Roxo, entre outros (CARNEIRO et al., 2005;

IBGE, 2011). Dentre essas variedades, no Brasil, o feijão preto é mais popular no Rio Grande

do Sul, em Santa Catarina, no sul e no leste do Paraná, no Rio de Janeiro, no sudeste de Minas

Gerais e no sul do Espírito Santo. No restante do país, este tipo de grão tem pouco ou quase

nenhum valor comercial ou aceitação. No entanto, embora exista preferência regional por

determinado tipo de grão, feijões do grupo carioca são os mais cultivados no Brasil,

representando 70% do consumo nacional e 53% da área cultivada (DEL PELOSO e MELO,

2005; EMBRAPA, 2003).

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2.3 Aspectos nutricionais

O feijão é importante fonte de proteínas, apresentando elevado teor de lisina, fibras

alimentares, carboidratos complexos, minerais, como cálcio e, principalmente, ferro, além de

vitaminas do complexo B (LAJOLO; GENOVESE; MENEZES, 1996; MESQUITA et al.,

2007; SILVA; ROCHA; CANNIATI-BRAZZACA, 2009). É utilizado como alternativa em

substituição a carnes e outros alimentos proteicos, tanto nos países em desenvolvimento como

nos países desenvolvidos, estando presente, diariamente, na alimentação, principalmente, na

dieta das populações mais pobres da América do Sul e da África (RIOS; ABREU; CORRÊA,

2003; LIN et al., 2008).

No Brasil, historicamente, o feijão é a principal leguminosa fornecedora de proteínas da

alimentação para grande parte da população, sendo, normalmente, derivada da ingestão de arroz

e feijão (PIRES et al., 2006). Assim, a inclusão diária de feijão na alimentação fornece 28% de

proteínas e 12% das calorias ingeridas pelo ser humano e, nesse sentido, a importância alimentar

do feijão deve-se, especialmente, ao menor custo de sua proteína em relação aos produtos de

origem animal (CUPPARI, 2005; IBGE, 2011).

Ao contrário dos grãos de cereais, o feijão apresenta teor relativamente baixo de

glutelina, e proteínas do tipo prolaminas (proteínas de baixo peso molecular, pobres em

cisteína), responsáveis pelas propriedades viscoelásticas da massa (SGARBIERI, 1996). As

principais frações existentes são de proteínas solúveis em soluções salinas (globulinas e

albuminas), que representam, em média, 75 % do total de proteínas do feijão, desprovidas de

atividade catalítica e função estrutural no tecido do cotilédone. Assim, conforme a cultivar, a

proporção entre essas duas frações pode variar expressivamente (LAJOLO; GENOVESE;

MENEZES, 1996; OOMAH et al., 2011).

O teor médio de proteína do feijão comum é de 20 a 35% de proteína, dependendo dos

tratos culturais e da cultivar, porém, o valor nutritivo da proteína não é satisfatório por

apresentar teores baixos de alguns aminoácidos essenciais limitantes (TOLEDO e

CANNIATTI-BRAZACA, 2008). O perfil de aminoácidos das proteínas do feijão comum é

caracterizado por sua deficiência em triptofano e aminoácidos sulfurados, sendo a metionina o

aminoácido mais limitante, ao passo que a lisina é o aminoácido que se encontra em maior

proporção em relação aos demais aminoácidos, quando comparados às proteínas de origem

animal (YIN et al., 2010; MOURA e CANNIATTI-BRAZACA, 2006). No entanto, a qualidade

da proteína do feijão é inferior não só pela baixa digestibilidade, quando comparados às

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proteínas de origem animal, mas também pela resistência à proteólise em virtude da natureza

das sementes e da presença de outros compostos com potencial para reduzir a

biodisponibilidade de proteínas (DURANTI, 2006).

Os feijões constituem boa fonte de fibra alimentar, especialmente fibra solúvel,

tornando-se eficaz na redução dos níveis séricos de colesterol total e, consequentemente, na

redução de doenças cardiovasculares da população em geral. Acredita-se, ainda, que as fibras

favoreçam as funções gastrointestinais, devido a sua ação física, caracterizada pela capacidade

de hidratação e de aumentar o volume e a velocidade de trânsito do bolo alimentar e fecal

(CUPPARI, 2005; RAUPP et al., 1999).

O conteúdo de carboidratos é de 60-65%, composto principalmente por amido, com

pequenas quantidades de monossacarídeos e dissacarídeos. Carboidratos na forma de fibra

compreendem 17-23% e são compostos, basicamente, por pectina, celulose e hemicelulose

(SHIGA; CORDENUNSI; LAJOLO, 2009). Muitos benefícios nutricionais são atribuídos aos

carboidratos do feijão. O amido de feijão apresenta baixo índice glicêmico por ser lentamente

digerido (WINHAM; HUTCHINS; MELDE, 2007), enquanto a fibra alimentar está associada

à saúde gastrointestinal (MARLETT; MCBURNEY; SLAVIN, 2002).

O feijão contém pouca quantidade de lipídeos, no qual a composição em ácidos graxos

é bastante variável, predominando a quantidade de ácidos graxos insaturados, que representam

cerca de 65 a 87% do total dos lipídeos do feijão. Os mais encontrados são o ácido oléico (7 a

10%), o linoléico (21 a 28%) e o α-linolênico (37 a 54%) (YAMAGUISHI, 2008; ANDERSON;

SMITH; WASHNOCK, 1999).

Esta leguminosa é fonte relativamente boa de vitaminas hidrossolúveis, como tiamina,

riboflavina, niacina e folamina, mas apresenta conteúdo pouco expressivo de vitamina A.

Adicionalmente, estes grãos são excelente fonte de minerais, apresentando teores consideráveis

de potássio (cerca de 1 %), fósforo (cerca de 0,04 %), ferro (cerca de 0,007 %), cálcio, cobre,

zinco e magnésio, mas é pobre em sódio (LAJOLO; GENOVESE; MENEZES, 1996; BEEBE;

GONZALEZ; RENGIFO, 2000; MOURA e CANNIATTI-BRAZACA, 2006). Díaz, Caldas e

Blair (2010) relataram que, por apresentar altos níveis de minerais essenciais, como ferro, zinco,

fósforo e cálcio, o feijão tem potencial para suprir a anemia causada por deficiência de ferro e

outras doenças associadas com micronutrientes que atingem pessoas em todo o mundo.

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2.4 Digestibilidade proteica in vitro

A digestão de proteínas inicia-se na boca e pode ser dividida em fases gástrica,

pancreática e intestinal, dependendo da origem das enzimas peptidases. O alimento é degradado

pela mastigação e pela mistura com a saliva e, então, engolido (OWUSU-APENTEN, 2002).

No estômago, o suco gástrico, contendo ácido clorídrico, desnatura as proteínas, tornando-a

mais suscetível à hidrólise por proteases, e a pepsina cliva essa macromolécula em grandes

peptídeos e alguns aminoácidos livres (COUTINHO; MENDES; ROGERO, 2007). Estes

produtos são, então, absorvidos no intestino delgado, mediados por enzimas provenientes do

intestino e do pâncreas, e as frações não digeridas passam a funcionar como fibra ou são

degradadas por microrganismos presentes no intestino grosso (OWUSU-APENTEN, 2002).

Segundo Mendes et al. (2007), a absorção dessas proteínas, pelas enzimas digestivas até

aminoácidos, considerada como digestibilidade proteica, é expressa em porcentagem. Assim, o

valor nutricional da proteína é determinado pela sua digestibilidade, seu conteúdo de

aminoácidos essenciais e pela disponibilidade dos mesmos (CARBONATO et al., 2000).

Estudos envolvendo digestibilidade in vivo utilizam animais com o intuito de simular o

processo digestivo que ocorre em humanos. Para isso, normalmente, são utilizados ratos ou

camundongos, que são separados em grupos de acordo com a semelhança de peso, gênero, idade

e tipo de dieta (KUBOTA et al., 2010). Por outro lado, as pesquisas que envolvem

digestibilidade in vitro, visam simular as condições existentes no trato digestivo humano ao

utilizar associações enzimáticas para determinar a taxa de hidrólise (MARUATONA; DUODU;

MINNAAR, 2010).

Esta digestibilidade proteica, por sua vez, pode ser influenciada pela presença de

compostos fenólicos, inibidores de proteína e pelo tipo de tratamento térmico (TOLEDO e

CANNIATTI-BRAZACA, 2008). A digestibilidade proteica do feijão cru está em torno de 25

a 60%, e pode ser aumentada para 65 a 85%, dependendo da variedade do feijão e do processo

de cozimento usado (BATISTA; PRUDÊNCIO; FERNANDES, 2010; KIERS; NOUT;

ROMBOUTS, 2000).

As proteínas do feijão podem ter sua digestibilidade reduzida em 40 a 70%, além de

outras leguminosas, pela ação de fatores ligados ao tegumento (taninos), aos cotilédones

(inibidores de natureza proteica, como os inibidores de proteases e lectinas, e outros como

taninos, fitatos, saponinas e alcaloides), à estrutura (compacta estrutura de suas proteínas, o que

fornece resistência à hidrólise enzimática), a outros componentes do grão tais como amido,

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fibras, minerais e outras proteínas, e ao processamento e armazenamento. Embora estes fatores

pareçam ser, geralmente, inativados durante o tratamento térmico, há relatos de atividade

residual após o processamento deste grão (PEREIRA e COSTA, 2002).

Em relação à estrutura, por exemplo, grandes quantidades de folha-β, típica nas frações

7S (faseolina) e 11S (legumina) de globulinas, podem limitar o acesso de enzimas proteolíticas.

De forma semelhante, outros constituintes presentes em proteínas, incluindo carboidratos,

podem aumentar essa resistência à hidrólise. Isso pode ser observado em albuminas, que

possuem grande quantidade de pontes dissulfeto e carboidratos em sua estrutura (MONTOYA

et al., 2010).

Quando os feijões, que são deficientes em aminoácidos sulfurados e rico em lisina, são

consumidos juntamente com cereais, que são deficientes em lisina e relativamente ricos em

aminoácidos sulfurados, obtêm-se pratos com boa qualidade proteica e alta digestibilidade

proteica, ou seja, são considerados alimentos complementares em termos proteicos. Dessa

forma, a mistura de feijão com arroz, prato mais consumido pela população brasileira, supre as

necessidades de aminoácidos essenciais e tem digestibilidade de 80% (TEBA; ASCHERI;

CARVALHO, 2009; DILIS e TRICHOPOULOU, 2009; FERREIRA; DEL PELOSO; FARIA,

2002).

Em geral, grãos crus apresentam teores maiores de compostos antinutricionais em

relação aos mesmos grãos cozidos. Assim, a desnaturação das proteínas, a qual é a perda da

forma tridimensional de uma proteína, tende a melhorar a digestibilidade, por melhorar a

flexibilidade das proteínas e facilitar o acesso das enzimas proteolíticas. No entanto, o

tratamento térmico excessivo pode causar decréscimo na digestibilidade da proteína pela

formação de ligações cruzadas (MARTÍN-CABREJAS et al., 2009).

A digestibilidade, também, pode variar conforme a cultivar, sendo a dos grãos brancos

melhor que a dos coloridos, fato associado ao teor e à natureza dos taninos dos tegumentos das

variedades coloridas. Os taninos do feijão possuem a capacidade de formar complexos com a

faseolina (7S) in vitro, basicamente, por meio de interações hidrofóbicas, produzindo

diminuição significativa na digestibilidade dessa proteína, tanto na forma nativa como na

desnaturada, mesmo em concentrações elevadas de proteases. Também observa-se correlação

negativa entre o conteúdo de taninos e a digestibilidade proteica in vivo. As hipóteses acerca de

sua ação seriam a formação de complexos com as proteínas do feijão, durante o cozimento, e/ou

com as enzimas digestivas, levando à sua inativação (MENDONÇA et al., 2003; SHAWRANG

et al., 2011). O polifenol procura regiões da proteína para se ligar, sobretudo onde haja resíduos

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prolil e aromáticos. Como resultado de interações hidrofóbicas, pontes de hidrogênio são

formadas entre os grupos hidroxila do polifenol e os grupos polares da proteína (por exemplo,

grupo amino, hidroxila e carboxila), levando à agregação e precipitação desta. A associação

depende do tamanho molecular e flexibilidade conformacional dos polifenóis, bem como da

composição de aminoácidos e estrutura das proteínas (KOSINSKA et al., 2011).

Da mesma forma, os polifenóis livres inibem várias enzimas digestivas em sistema in

vitro. Esses compostos estão envolvidos nas ligações da lignina com os carboidratos da parede

celular e essa associação reduz a digestibilidade. Há, também, o fato de os fenóis simples

precipitarem as proteínas pela formação de um revestimento hidrofóbico, semelhante à

complexação taninos-proteínas (DELFINI e CANNIATTI-BRAZACA, 2008).

2.5 Compostos antinutricionais

Apesar da boa qualidade nutricional, o feijão, assim como outras leguminosas, apresenta

alguns atributos indesejáveis como os fatores antinutricionais, que são compostos ou classes de

compostos presentes em extensa variedade de alimentos de origem vegetal que, quando

consumidos, reduzem seu valor nutritivo (BENEVIDES et al., 2011).

Os fatores antinutricionais interferem na absorção e utilização de minerais, formando

complexos que tornam as proteínas indisponíveis, interferindo na ação biológica de diversos

compostos químicos e inibindo enzimas digestivas. As substâncias antinutricionais que estão

presentes no feijão são os fitatos, os inibidores de protease, as lectinas, os polifenóis

(principalmente taninos), os inibidores enzimáticos (α-amilases), fitohemaglutininas, fatores de

flatulência (oligossacarídeos) e cianogênicos (BATISTA; PRUDÊNCIO; FERNANDES, 2010;

RAMÍREZ-CÁRDENAS; LEONEL; COSTA, 2008). Com a retirada do tegumento, acredita-

se haver aumento da digestibilidade das proteínas do feijão pela eliminação de alguns fatores

antinutricionais, como os taninos (PEREIRA e COSTA, 2002). Estudos indicam que o

tratamento térmico, dado com a finalidade de cozinhar os grãos, reduz o efeito dessas

substâncias (MAMONE et al., 2009).

Por outro lado, muitos estudos indicam, também, efeitos positivos da ingestão dessas

substâncias consideradas antinutricionais. O ácido fítico, por exemplo, quando consumido em

baixas concentrações apresentou ação protetora contra o câncer, auxiliando na prevenção de

doenças cardiovasculares (YAMAGUISHI, 2008).

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2.5.1 Inibidores de proteases

Os inibidores de proteases são substâncias de natureza proteica que interferem na ação

de enzimas no trato digestivo. As proteases são enzimas que hidrolisam as ligações peptídicas

como iniciativa para a absorção das proteínas, e essa inibição resulta numa redução da digestão

proteica (PEREIRA et al., 2009). Os inibidores proteicos são divididos em seis classes: lectina,

knotina, cereal, Kunitz, γ-puritionina e taumantina (PAULA, 2006).

O feijão pode apresentar, naturalmente, alguns compostos inibidores de proteases

digestivas humanas, como as enzimas tripsina e a quimotripsina. Estes inibidores ocorrem em

proporções significativas no feijão e contêm grande quantidade de aminoácidos sulfurados

quando comparados com outras proteínas do grão (SATHE, 2002). Embora possam ser,

provavelmente, inativados durante o tratamento térmico, a presença desses inibidores de

proteases é um dos fatores envolvidos na baixa biodisponibilidade de proteínas do feijão

(LAJOLO; GENOVESE; MENEZES, 1996; BONETT et al., 2007).

Jourdan, Noreña e Brandelli (2007) avaliaram o impacto de diferentes tratamentos

térmicos na inativação dos inibidores de tripsina para diferentes cultivares. Os feijões foram

cozidos em água a 90 °C por 15, 30 e 40 minutos. Após 15 minutos, a atividade do inibidor de

tripsina reduziu drasticamente entre 5 a 20% para as cultivares estudadas, e após 40 minutos

houve completa inativação. O estudo mostrou que a inativação dos inibidores de tripsina

ocorreu nos primeiros minutos do tratamento térmico.

Segundo Bonett et al (2007), a inativação total do inibidor de tripsina em feijões comum,

também pode ser obtida quando os grãos são embebidos com água destilada por uma noite e

submetidos à temperatura de 97 à 100ºC por 7,5 à 15 minutos. No entanto, segundo o mesmo

autor, o aquecimento realizado em autoclave, utilizando-se temperatura de 121ºC, variando de

15 minutos à uma hora, com amostras deixadas de molho ou não, não apresentaram inativação

dos inibidores de tripsina (BONETT et al., 2007).

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2.5.2 Inibidores de α-amilases

As α-amilases são enzimas largamente distribuídas na natureza, produzidas por animais,

vegetais e microrganismos com o objetivo de degradar os carboidratos para que possam ser

utilizados como fonte energética (ANTUNES, 2008; KOBLITZ, 2008). Elas catalisam a

hidrólise inicial dos polissacarídeos que possuem as ligações glicosídicas α-1,4, como, por

exemplo, o amido e o glicogênio (MARSARO JÚNIOR et al., 2005). Essas ligações

glicosídicas α-1,4, que estão presentes na região interna da cadeia de amilose e amilopectina

(formadores do amido), formam oligossacarídeos menores de várias composições, que são

carboidratos simples, podendo ser assimilados pelo organismo. Isso ocorre porque essas

enzimas têm estrutura tridimensional que pode ligar-se ao substrato e, por meio de grupos

catalíticos altamente específicos, promover a quebra do glicosídeo (PEREIRA, 2005; SALES,

2012).

Em humanos, há a produção dessas enzimas pelas glândulas salivares parótidas,

submandibulares e sublinguais, além do pâncreas. A amilase salivar inicia a degradação do

amido na boca, porém a maioria é inativada pelo pH ácido do estômago. No intestino delgado,

há a continuidade da digestão do amido pela amilase pancreática. Mais a frente, na borda

intestinal, ocorre a degradação pelas enzimas maltase, a qual quebra maltose em glicose, e

isomaltase que terminam o processo resultando em dextrinas (ANTUNES, 2008).

Com exceção de dietas esportivas, não há muitos benefícios no processo de digestão e

absorção rápida de carboidratos pelo organismo humano. Isso porque pode acarretar em cárie

dentária e taxas glicêmicas elevadas, principalmente em pessoas com diabetes (ANTUNES,

2008). Há, então, a atual preocupação em inibir a atividade dessas enzimas, sendo responsáveis

por isso, os inibidores de α-amilase.

Vários compostos orgânicos estão sendo descritos como inibidores de α-amilases, e

podem ser classificados em proteicos e não proteicos, tendo aplicação em várias áreas, entre

elas a indústria de alimentos, o controle de pragas e como terapia para algumas doenças como

o diabetes mellitus 2 (SALES, 2012). Esses inibidores de α-amilases podem ser encontrados

em cereais como o trigo, a cevada e o centeio, e em leguminosas como o feijão comum e o

feijão-de-corda, bem como em alguns vegetais (PAULA, 2006). São estáveis ao calor e ativos

contra a α-amilase, formando complexos estáveis, além de diminuem a velocidade de digestão

do amido na saliva e no intestino delgado, reduzindo, também, a liberação de glicose para o

sangue (SILVA, 2009).

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Um tipo de inibidor é a faseolamina, que é extraída do feijão comum e do feijão branco.

É uma glicoproteína que se liga à enzima α-amilase, e inibe a ingestão e a absorção de amido,

diminuindo as calorias ingeridas na alimentação, sendo utilizada como complemento na dieta

de perda de peso (MARSHALL e LAUDA, 1975; PEREIRA, 2008; PEREIRA et al., 2012). A

faseolamina tem um baixo grau de hidrolise devido à sua estrutura compacta e rígida e ao fato

de não ser muito hidrofílica (MONTOYA et al., 2010).

A inibição das enzimas α-amilases é eficaz no controle da obesidade e do diabetes

mellitus não insulinodependente, pois diminui a absorção de glicose (PEREIRA et al., 2010a).

Esta inibição induz a tolerância aos carboidratos, dá sensação de saciedade, perda de peso e

prolonga o esvaziamento gástrico (PEREIRA et al., 2010b). Para o tratamento de pacientes com

diabetes, normalmente, utiliza-se de intervenção dietética, agentes hipoglicemiantes orais e

insulinoterapia. Para aumentar as possibilidades dos diabéticos, seria importante o adicional

que retardasse a absorção da glicose por meio da inibição das enzimas como a α-amilase

(MASSARETTO, 2009).

Segundo Antunes (2008), no caso de pacientes não insulinodependentes, um inibidor da

amilase poderia influenciar a absorção de carboidratos, retardando-a, coincidindo assim com a

secreção lenta da insulina endógena, prevenindo níveis excessivos de glicose no sangue. Já em

pacientes insulinodependentes, o retardo da digestão dos carboidratos poderia reduzir os níveis

de insulina exógenos. Para diabéticos, recomenda-se quantidades de 98 a 145 g de feijão, peso

seco/dia, para melhorar o efeito metabólito e ter efeitos benéficos, em longo prazo

(BASSINELLO, 2009).

2.5.3 Ácido fítico

O ácido fítico, também conhecido como fitato, é o ácido inositol 1,2,3,4,5,6-hexafosfato

(C6H18O24P6). Os fitatos são compostos naturais, formados durante o estágio de maturação das

sementes, constituindo aproximadamente 1 a 2% do peso da semente, proporcionando, também,

a iniciação da dormência. Constitui a principal forma de armazenamento de fósforo em

sementes de cereais, e sua ação antinutricional está baseada na capacidade de formar complexos

insolúveis (potencial quelante) com minerais, como cálcio, ferro, magnésio e zinco, e com

proteínas, diminuindo a biodisponibilidade destes, inibindo enzimas proteolíticas e amilolíticas,

além de comprometer a digestibilidade das mesmas (SILVA e SILVA, 1999; MARTINEZ-

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DOMÍNGUEZ; IBÁÑEZ-GÓMEZ; RINCÓN LEÓN, 2002; RIBEIRO; IDA; OLIVEIRA,

1999; BONETT et al., 2007).

Para fins de análises, em pH baixo, o ácido fítico precipita Fe3+; em pH intermediário e

alto, ele forma complexos insolúveis com vários cátions divalentes, reduzindo a

biodisponibilidade de vários minerais; já em pH 7,4, o ácido fítico forma complexos com Cu2+,

Zn2+, Co2+, Mn2+, Fe3+, Ca2+, seguindo, preferencialmente, a respectiva ordem, e facilitando sua

determinação (SILVA e SILVA, 1999).

Na maioria das sementes de leguminosas, o fósforo fítico constitui, aproximadamente,

80 % do fósforo total (MARTINEZ-DOMÍNGUEZ; IBÁÑEZ-GÓMEZ; RINCÓN LEÓN,

2002; BASSINELLO, 2009). Esse fósforo não é considerado disponível, pois as espécies

monogástricas pouco conseguem hidrolisar essa substância no intestino delgado

(YAMAGUISHI, 2008). Lolas e Markakis (1975) estudaram 50 cultivares de feijão em relação

ao teor de ácido fítico, onde este, ou seus sais, representaram 54 a 82 % do conteúdo total de

fósforo do feijão, e seu conteúdo variou de 0,54 a 1,58 % nas cultivares avaliadas.

O ácido fítico está presente em alimentos como leguminosas e interfere, negativamente,

na biodisponibilidade de alguns minerais (DAVIDSSON et al., 2001; HURRELL et al., 2003;

TROESCH et al., 2009). Essa biodisponibilidade tem sido avaliada por meio da razão molar

entre o ácido fítico e o mineral (fitato:mineral) da dieta (SIQUEIRA; MENDES; ARRUDA,

2007; MA et al., 2005).

Hallberg, Brune e Rossander (1989) relatam que a razão molar fitato:ferro (Fe)> 1

diminui a biodisponibilidade de ferro. Já Saha, Weaver e Manson (1994) demonstraram que

dietas com razão molar fitato:ferro (Fe)>14 tem sua absorção prejudicada, comprometendo a

biodisponibilidade desses minerais em animais e humanos, e dieta com razão molar fitato:cálcio

(Ca) igual a 1,56 apresentou comprometimento na absorção do íon Ca.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), dietas com razão molar fitato:zinco

acima de 15 apresentam baixa biodisponibilidade de Zn (10% a 15%), entre 5 e 15 apresentam

média biodisponibilidade de Zn (30% a 35%) e, abaixo de 5 apresentam alta biodisponibilidade

(WHO, 1996). Assim, concentrações elevadas de ácido fítico nos grãos de feijão, podem estar

associadas a efeitos nutricionais negativos ao homem (BONETT et al., 2007).

Para a redução do teor de fitatos, alguns autores avaliaram o efeito do processamento

térmico em cinco cultivares de feijão. Verificou-se que o tratamento térmico reduziu o teor de

fitatos, principalmente naquelas que foram cozidas sem a água de maceração. A maceração dos

grãos contribuiu para a redução no conteúdo de fitatos, podendo ser explicada pela lixiviação

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dos íons fitatos na água sob a influência de um gradiente de concentração (RAMÍREZ-

CÁRDENAS; LEONEL; COSTA, 2008).

Embora o interesse nutricional na ação do fitato tenha sido, primordialmente, enfatizado

em seu efeito adverso na absorção de minerais, ocasionado pela formação de quelatos, esta

mesma habilidade tem sido estudada com relação aos efeitos benéficos para o organismo

humano, tais como sua ação antioxidante, anticarcinogênica e prevenção de cálculos renais

(BONETT et al., 2007; ALMEIDA et al., 2008; SILVA e SILVA, 1999).

Para a indústria de alimentos, alguns estudos já demonstraram que este composto é um

importante aditivo e antioxidante, com aplicações na manufatura de pães, pastas, frutas e

vegetais frescos para melhorar a qualidade nutricional, prevenindo a descoloração e

prolongando a vida de prateleira dos produtos (OATWAY; VASANTHAN; HELM, 2001;

FUKUJI et al., 2008).

2.5.4 Taninos

Os taninos são compostos flavonoides poliméricos que compõem pequena parte de um

amplo grupo de compostos fenólicos, produzidos como metabólitos secundários por plantas,

apresentando peso molecular superior a 500 e, normalmente, sendo encontrados nas

leguminosas e nos cereais (WELCH et al., 2000; DÍAZ; CALDAS; BLAIR, 2010; NOZELLA,

2006). Contêm muitos grupos hidroxila, permitindo a formação de ligações cruzadas estáveis

com íons metálicos, com outras macromoléculas, como polissacarídeos, e com as proteínas, o

que reduz sua digestibilidade, devido a inibição das enzimas digestivas, e consequente redução

do aproveitamento das proteínas pelo organismo animal, sendo considerados fatores

antinutricionais (SILVA e SILVA, 1999; BARAMPAMA e SIMARD, 1993; SCHOFIELD;

MBUGUA; PELL, 2001; BASSINELLO, 2009).

Os complexos formados entre proteínas e taninos podem ser reversíveis ou irreversíveis.

Os reversíveis ocorrem por ligações de hidrogênio, provavelmente formadas entre as hidroxilas

fenólicas dos taninos e os grupamentos amida das proteínas. Os irreversíveis ocorrem por

interações hidrofóbicas entre os núcleos aromáticos dos taninos e as cadeias laterais alifáticas

dos aminoácidos proteicos (SANTOS e MELLO, 2004).

Embora os taninos sejam, quimicamente, um grupo diversificado, eles normalmente são

divididos em taninos hidrolisáveis e taninos condensados (Figura 1). Os taninos hidrolisáveis

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são facilmente hidrolisados, química ou enzimaticamente, e podem ser quebrados em açúcares,

ácidos carboxílicos e compostos fenólicos simples; enquanto os taninos condensados são os

mais difundidos e típicos entre taninos de plantas e consistem de oligômeros dos “flavan-3-ols”

(catequinas) ou “flavan-3,4-diols” (leucoantocianidinas) (RAMÍREZ-CÁRDENAS, 2006).

Figura 1. Estrutura química de tanino hidrolisável e condensado (NOZELLA, 2001).

Em sementes de feijão, estes metabólitos encontram-se, principalmente, no tegumento

e, juntamente com as antocianinas, determinam a cor das sementes (DÍAZ; CALDAS; BLAIR,

2010). O conteúdo de taninos em feijões depende, em grande parte, da presença ou não do

tegumento e de sua coloração, pois o branco possui quantidades muito baixas, enquanto o

vermelho e o preto têm níveis significativamente maiores (PEREIRA e COSTA, 2002).

Segundo Bonett et al. (2007), nos feijões, os compostos polifenólicos são encontrados

nos tegumentos dos grãos (7,7 mg.g-1) e, em segundo lugar, nos cotilédones (0,8 mg.g-1). Em

feijões marrons, pretos, vermelhos e brancos, o teor médio de taninos é de 7,8, 6,6, 12,6 e 2,3

mg/g de equivalentes de catequina, respectivamente (LAJOLO; GENOVESE; MENEZES,

1996). Além disso, estudos relatam que, quanto menor a luminosidade do grão de feijão, menor

sua digestibilidade, pois devido os pigmentos serem, em geral, compostos fenólicos, estes

podem interagir com proteínas do feijão, interferindo na sua biodisponibilidade

(YAMAGUISHI, 2008).

Toledo e Canniatti-Brazaca (2008) avaliaram o teor de taninos em feijão carioca,

submetidos a diferentes métodos de cocção. O feijão macerado, cozido em outra água,

apresentou teores de taninos menores do que do feijão cozido na mesma água de maceração.

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Porém, o cozimento sem maceração prévia foi o mais efetivo para redução do conteúdo de

taninos, devido ao fato de ser maior o tempo de exposição das amostras ao calor para cocção.

No cozimento do feijão há diminuição de polifenóis, cerca de 20-39% dessas

substâncias são perdidas. Assim, aproximadamente 60, 67 e 37% de polifenóis totais de feijões

crus permanecem nos grãos preto, branco e vermelho, respectivamente após o cozimento

(BASSINELLO, 2009).

2.6 Antioxidantes

Os antioxidantes são substâncias ou moléculas naturais, que retardam ou previnem,

significativamente, a formação descontrolada de radicais livres e espécies reativas de oxigênio,

como a oxidação de lipídeos, principalmente os insaturados, ou de outras moléculas, ao inibir

a propagação da reação de oxidação em cadeia, sendo neutralizados por ação de outro radical,

formando produtos estáveis ou que podem ser reciclados por outro antioxidante (PASSOTTO;

PENTEADO; MANCINI-FILHO, 1998; VALKO et al., 2004). Nos sistemas biológicos, os

antioxidantes previnem ou reparam os danos causados pelas espécies reativas de oxigênio,

espécies reativas de nitrogênio, radicais derivados de tióis (RS•), espécies reativas de cloro,

espécies reativas de carbono e complexos de metais de transição, principalmente Fe, Cu, Mn e

Cr (ANDRADE et al., 2007; DEGÁSPARI e WASZCZYNSKYJ, 2004; RUDNICKI et al.,

2007; BECHARA, 2009).

Nos seres vivos, a produção de radicais livres é controlada por diversos compostos

antioxidantes, os quais podem ter origem endógena (superóxido dismutase, a catalase e a

peroxidase entre outras) ou serem provenientes da dieta alimentar, entre outras fontes. São

exemplos os tocoferóis, ácido ascórbico, polifenóis, selênio e os carotenóides (VALKO et al.,

2004). Assim, os antioxidantes evitam a formação de compostos como aldeídos, cetonas,

álcoois e hidrocarbonetos, que são potencialmente tóxicos à saúde humana (PASSOTTO;

PENTEADO; MANCINI-FILHO, 1998).

De acordo com seu modo de ação, os antioxidantes podem ser classificados em

primários e secundários. Os primários atuam interrompendo a cadeia da reação, por meio da

doação de elétrons ou hidrogênio aos radicais livres, convertendo-os em produtos

termodinamicamente estáveis e/ou reagindo com os radicais livres, formando o complexo

lipídio-antioxidante que pode reagir com outro radical livre. Os secundários atuam retardando

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a etapa de iniciação da autoxidação por diferentes mecanismos que incluem complexação de

metais, sequestro de oxigênio, decomposição de hidroperóxidos para formar espécie não-

radical, absorção da radiação ultravioleta ou desativação de oxigênio singlete (ANGELO e

JORGE, 2007).

Os antioxidantes podem ser divididos em duas classes: com atividade enzimática e sem

essa atividade. Na primeira, os compostos são capazes de bloquear o início da oxidação, ou

seja, as enzimas que removem as espécies reativas ao oxigênio; na segunda classe, os compostos

interagem com as espécies radicalares e são consumidas durante a reação. Nesta classificação,

incluem-se os antioxidantes naturais, como os compostos fenólicos e sintéticos (ANGELO e

JORGE, 2007). Estes são incluídos na categoria de interruptores de radicais livres, sendo muito

eficientes na prevenção da autoxidação. Os antioxidantes fenólicos interagem,

preferencialmente, com o radical peroxil por este ser mais prevalente na etapa da autoxidação

e por possuir menor energia do que outros radicais, fato que favorece a abstração do seu

hidrogênio (MOREIRA e MANCINI-FILHO, 2004).

A eficácia da ação antioxidante dos componentes bioativos depende de sua estrutura

química e da concentração destes fitoquímicos no alimento, cujo teor é amplamente

influenciado por fatores genéticos, condições ambientais, grau de maturação, variedade da

planta, entre outros. Além disso, o processamento dos alimentos pode afetar o teor, a atividade

e a biodisponibilidade destes compostos, uma vez que podem ser degradados ou lixiviados para

a água de cocção (NICOLI; ANESE; PARPINEL, 1999).

Diversos estudos têm demonstrado que o consumo de substâncias antioxidantes na dieta

diária pode produzir ação protetora efetiva contra os processos oxidativos que naturalmente

ocorrem no organismo. Foi descoberto que uma série de doenças entre as quais câncer,

aterosclerose, diabetes, artrite, malária, síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS),

doenças do coração, podem estar ligadas aos danos causados pela ação dos radicais livres. Estas

substâncias, também, estão ligadas com processos responsáveis pelo envelhecimento do corpo

(BRENNA e PAGLIARINI, 2001; YILDIRIM; MAVI; KARA, 2001).

Segundo Rocha-Guzmán et al. (2007a), feijões comuns apresentam atividade

antioxidante devido à presença de compostos fenólicos e flavonoides, principalmente taninos e

kaempferol. A atividade de retirada de radicais livres desses grãos é de, aproximadamente,

79,6%, estando muito próxima de algumas leguminosas africanas (OBOH et al., 2009). A

atividade antioxidante é de cerca de 5,8 a 6,4 µmol de equivalentes de Trolox.g-1 de feijão cru,

de 7,3 a 11,9 µmol de equivalentes de Trolox.g-1 de feijão cozido sem macerar, e de 4,9 a 9,4

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µmol de equivalentes de Trolox.g-1 de feijão cozido e macerado. Dessa forma, a simples cocção

sem maceração de grãos de feijão promove redução significativa da atividade antioxidante em

relação aos grãos crus e a maceração seguida de cocção contribui, ainda mais, com essa redução,

sendo significativamente inferior à dos grãos cozidos sem macerar e à dos grãos crus

(RANILLA; GENOVESE; LAJOLO, 2009).

2.6.1 Compostos fenólicos

Os compostos fenólicos são metabólitos secundários de plantas, essenciais para o seu

crescimento e reprodução, e estão geralmente envolvidos nos sistemas de defesa destas à

radiação ultravioleta e à agressão por patógenos. Os fenólicos englobam desde moléculas

simples até moléculas com alto grau de polimerização. Estão presentes nos vegetais na forma

livre ou ligados a açúcares (glicosídios) e proteínas e são incluídos na categoria de interruptores

de radicais livres, sendo muito eficientes na prevenção da autoxidação (SHAHIDI e NACZK,

1995; ISLAM et al., 2003). Quimicamente, os fenólicos são definidos como substâncias que

possuem anel aromático com um ou mais substituintes hidroxílicos, incluindo seus grupos

funcionais. Possuem estrutura variável e com isso, são multifuncionais. Existem cerca de cinco

mil fenóis, dentre eles, destacam-se os flavonoides, ácidos fenólicos, cumarinas, taninos

condensados, ligninas e tocoferóis. As classes de compostos fenólicos mais encontrados

encontram-se na Tabela 1 (ANGELO e JORGE, 2007). Esses compostos podem ser

classificados em diferentes grupos de acordo com a sua função, número de anéis fenólicos que

eles contêm e aos elementos que ligam esses anéis uns aos outros (ROBBINS e BEAN, 2004).

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Tabela 1. Classes de compostos fenólicos em plantas (ANGELO e JORGE, 2007).

Classe Estrutura

Fenólicos simples, benzoquinonas C6

Ácidos hidroxibenzóicos C6–C1

Acetofenol, ácidos fenilacéticos C6–C2

Ácidos hidroxicinâmicos, fenilpropanóides C6–C3

Nafitoquinonas C6–C4

Xantonas C6–C1–C6

Estilbenos, antoquinonas C6–C2–C6

Flavonoides, isoflavonoides C6–C3–C6

Lignanas, neolignanas (C6–C3)2

Diflavonoides (C6–C3–C6)2

Ligninas (C6–C3)n

Taninos condensados (C6–C3–C6)n

Dentre as diversas classes de substâncias antioxidantes de ocorrência natural, os

compostos fenólicos têm recebido muita atenção nos últimos anos, sobretudo por inibirem a

peroxidação lipídica, a lipoxigenase in vitro (SOUSA et al., 2007), processos aterogênicos e

câncer (SHAHIDI e WAHASUNDARA, 1992). Essa atividade antioxidante deve-se,

principalmente, às suas propriedades redutoras, as quais desempenham papel importante na

neutralização ou sequestro de radicais livres ou quelação de metais de transição, agindo tanto

na etapa de iniciação como na propagação do processo oxidativo (SOARES, 2002). Os

intermediários formados pela ação de antioxidantes fenólicos são relativamente estáveis, devido

à ressonância do anel aromático presente na estrutura dessas substâncias (ALMEIDA-DORIA

e REGITANO-D’ARCE, 2000).

Estes compostos, além de atuarem como antioxidantes, combatem os radicais livres,

pela doação de um átomo de hidrogênio de um grupo hidroxila (OH) da sua estrutura aromática,

que possui a capacidade de suportar um elétron desemparelhado, por meio do deslocamento

deste ao redor de todo o sistema de elétrons na molécula; quelando metais de transição, como

o Fe²⁺ e o Cu⁺ interrompendo a reação de propagação dos radicais livres na oxidação lipídica;

modificando o potencial redox do meio; reparando a lesão de moléculas atacadas por radicais

livres (KYUNGMI e EBELER, 2008; PODSEDEK, 2007); bloqueando a ação de enzimas

específicas que causam inflamação; modificando as rotas metabólicas das prostaglandinas

(VALKO et al., 2006); protegendo a aglomeração plaquetária e inibindo a ativação de

carcinógenos (LI et al., 2005).

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Apresentam-se amplamente distribuídos entre as distintas partes das plantas, porém sua

maior concentração está nas frutas, nas hortaliças e em seus derivados, tais como: azeite virgem

de oliva, vinho tinto, chás e etc. Nos cereais e leguminosas, no qual grãos como o feijão também

são incluidos, dentre os diversos compostos fenólicos encontrados, predominam-se os

flavonoides, ácidos fenólicos e procianidinas em concentrações consideráveis, e de diferentes

tipos (AMAROWICZ e PEGG, 2008; LI et al., 2005; SOARES, 2002).

Os compostos fenólicos mais encontrados em quantidade significativa nos tegumentos

de feijão comum, cru e cozido, em adição ao seu valor nutritivo, são os ácidos fenólicos (p-

cumárico, vanílico, caféico, ferúlico e sinápico), polifenóis (principalmente os taninos),

flavonoides (catequina, quercetina e kaempferol) e antocianidinas (delfinidina, cianidina,

perlagonidina, malvinidina e petunidina) (DELFINO e CANNIATTI-BRAZACA, 2010;

RAMÍREZ-CÁRDENAS, 2006; MADHUJITH e SHAHIDI, 2005; AMAROWICZ e PEGG,

2008; DINELLI et al., 2006; XU e CHANG, 2009). No entanto, fatores ambientais, tais como

o local de crescimento, bem como fatores genéticos (cultivares) podem influenciar no nível

destes compostos bioativos (ROCHA-GUZMÁN et al., 2007b).

Além de suas propriedades antioxidantes, sua presença contribui para a parte sensorial

dos alimentos, como a cor, o sabor e o aroma, conservando a qualidade do alimento (NACZK

e SHAHIDI, 2004). O feijão comum apresenta grande variedade de polifenóis, os quais estão

concentrados, basicamente, no tegumento dos grãos. Consequentemente, a cor do tegumento

do feijão é determinada pela presença e concentração destes compostos (APARICIO-

FERNANDEZ et al., 2005).

A quantidade e a composição dos flavonoides glicosilados (kaempferol), procianidinas

(taninos condensados) e antocianidinas determinam a cor do tegumento (BENINGER e

HOSFIELD, 2003). Grãos pigmentados como o feijão preto possuem maiores teores de

compostos fenólicos do que aquelas sementes de cor clara (ROCHA-GUZMÁN et al., 2007b).

Em feijões pretos crus, os ácidos fenólicos correspondem a, aproximadamente, 647,4 µg.g-1 de

feijão e os flavonoides a, aproximadamente, 677,4 µg.g-1 de feijão. Após o cozimento dos grãos,

esses teores são reduzidos em 17,9 a 44,5 % para ácidos fenólicos e em 12 a 65 % para

flavonoides (DÍAZ-BATALLA et al., 2006).

Estes compostos desempenham atividades anticarcinogênicas, antimutagênicas e

antioxidantes, sendo importantes na inibição de mecanismos oxidativos que podem levar ao

surgimento de doenças degenerativas (APARICIO-FERNANDEZ et al., 2005; FEREGRINO-

PÉREZ et al., 2008; MACHADO et al., 2008). Assumem, portanto, papel relevante na

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diminuição do risco de doenças cardiovasculares, diabetes, alguns tipos de câncer, Mal de

Alzheimer e Parkinson (LUJÁN et al., 2008; MOURA et al., 2005; YAMAGUISHI, 2008;

PERAZZINI et al., 2008). Há, também, forte evidência que o consumo de feijão reduz,

significativamente, a concentração de colesterol sérico no sangue, prevenindo doenças

coronarianas (ANDERSON; SMITH; WASHNOCK, 1999).

Por apresentar baixo índice glicêmico, é digerido lentamente, produzindo baixo nível de

glicose no sangue, assim, pacientes diabéticos são incentivados a consumir pelo menos meio

copo de feijão cozido diariamente (FOSTER-POWELL e BRAND-MILLER, 1995). Por razões

similares, e porque o feijão retarda a sensação de fome, prolongando a saciedade, estes podem

ser usados na dieta de pacientes obesos como auxiliar na perda ou manutenção de peso

(LETERME, 2002). Além disso, esta leguminosa é rica fonte de ácido fólico, que é

especialmente importante para as mulheres em idade fértil, devido ao fato que os baixos níveis

deste composto, durante a gravidez podem levar a defeitos do tubo neural em seus bebês

(GUPTA e GUPTA, 2004).

2.7 Propriedades tecnológicas

As propriedades tecnológicas estão intimamente relacionadas com as interações entre

as moléculas que compõem o alimento, e são afetadas pela composição (qualidade e

quantidade), estrutura e propriedades físico-químicas dessas biomoléculas (BATISTA;

PRUDÊNCIO e FERNANDES, 2010; BOYE; ZARE e PLETCH, 2010). Dentre as

propriedades tecnológicas, o conhecimento das propriedades de absorção e solubilidade de

água, capacidade de absorção de óleo, formação de espuma, propriedades emulsificantes e

estabilizantes são fundamentais quando se deseja propor a introdução de determinado composto

em formulações alimentares, uma vez que estes parâmetros afetam profundamente as

características tecnológicas do produto final (BOYE; ZARE e PLETCH, 2010).

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2.7.1 Absorção de água e óleo

A capacidade de absorção de água e/ou óleo pode ser definida como a quantidade de

água e/ou óleo que pode ser absorvida por grama de material, sendo uma propriedade

intrinsicamente relacionada com a qualidade e quantidade de proteínas e amido (BOYE; ZARE;

PLETCH, 2010). Estas propriedades de absorção dependem do peso molecular, composição,

carga líquida e características de hidrofobicidade de proteínas e carboidratos (MUNE; MINKA

e MBOME, 2014; YULIANA et al., 2014). Segundo Sathe (2002), a capacidade de absorção

de óleo de farinhas é importante para o desenvolvimento de novos produtos fritos, bem como

sua estabilidade durante o armazenamento.

A capacidade de absorção de água é importante para características de certos produtos,

tais como a umidade, a retrogradação do amido e o subsequente endurecimento do produto

(SATHE, 2002). Essa absorção de água pode depender do conteúdo de proteínas e do conteúdo

de fibras da amostra, pois a proteína intacta absorve o equivalente a seu peso em água, e quando

desnaturada, pode absorver maiores quantidades de água devido à alteração do balanço

hidrofílico-hidrofóbico. Já as fibras, possuem uma grande capacidade de união com a água e

podem ser responsáveis pela absorção de água em até um terço do peso da amostra (ALONSO

et al., 2000; SOUZA, 2011). A alta capacidade de absorção de água é desejável para o preparo

de sopas, mingaus e pudins instantâneos, produtos cárneos, pães e bolos, para os quais valores

altos de absorção de água são importantes para ajudar a manter umidade destes, permitindo a

adição de mais água à massa, melhorando suas características de manuseio (BECKER, 2010;

WANG, 2006).

A solubilidade é uma característica essencial para a utilização de um composto como

ingrediente funcional em formulações alimentícias. Por exemplo, compostos protéicos com

boas propriedades de solubilidade permitem a adição de proteínas a bebidas e garantem uma

distribuição uniforme do líquido. Além disso, a solubilidade tem um papel crítico na textura,

cor e características sensoriais, interferindo não só com o valor nutricional, mas também com

as características de aceitação do produto (KONAK, 2014; YULIANA et al., 2014). Essa

propriedade está intrinsicamente relacionada com a presença das proteínas no alimento, da

natureza química e física destas proteínas, bem como das condições do microambiente,

relacionadas com pH, temperatura, força iônica, tipo de sal e lipídeo utilizado para o preparo

de determinado produto (KONAK, 2014).

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Segundo Lopes (2010), a solubilidade de um produto depende da sua constituição

química e das interações entre os seus constituintes e a água, dependendo em grande parte das

proteínas e amido. A solubilidade das proteínas é determinada por três fatores principais: grau

de hidratação, densidade e destruição de cargas ao longo da cadeia e presença de substâncias

não protéicas como fosfatos, carboidratos e lipídeos, que podem apresentar efeito estabilizante

(ARAÚJO, 2011).

A solubilidade de uma proteína em água é afetada pelo número de interações proteína-

proteína e proteína-água existentes, pois as interações hidrofóbicas resultam na diminuição da

solubilidade, enquanto que as interações iônicas e polares permitem interações das proteínas

com as moléculas de água e, consequentemente, aumentam a solubilidade destas moléculas. Já

para o amido, a solubilidade varia conforme a razão amilose/amilopectina, sendo que quanto

maior o teor de amilose, maior a solubilidade (BORBA; SARMENTO e LEONEL, 2005). Nas

farinhas, a solubilidade em várias faixas de pH pode servir como um indicador do seu

comportamento quando forem aplicadas em sistemas alimentícios e também da magnitude da

desnaturação da proteína devido ao tratamento térmico ou químico (OKEZIE e BELLO, 1988).

2.7.2 Propriedades espumantes

As espumas de proteínas, geralmente, consistem em gotículas de gás dispersas e

envolvidas por um filme líquido fino, contendo um surfactante solúvel (proteína). A capacidade

de uma proteína formar espuma é uma propriedade funcional de interface que depende, de certo

modo, da natureza da proteína, do peso molecular, de cargas na superfície, do pH do meio, da

solubilidade da proteína, da flexibilidade da molécula, da taxa de migração da proteína para a

interface, da temperatura (desnaturação), proporção relativa das fases imiscíveis, da presença

de sais, da habilidade da proteína em formar um filme ou uma “pele” na interface, da presença

de outros constituintes nos alimentos (lipídeos e açúcares) e da concentração de proteínas

(WILDE e CLARK, 1996; SATHE, 2002).

As espumas são mais estáveis no ponto isoelétrico das proteínas, em razão da falta de

interações repulsivas (repulsão eletrostática mínima) que promovem a interação mais favorável

entre proteína-proteína, formando um filme viscoso na interface (FENNEMA, 1996). Segundo

Sathe (2002), a maioria das proteínas de feijão tem ponto isoelétrico (PI) em pH ácido, devido

a grandes quantidades de resíduos de ácido glutâmico e aspártico na composição aminoacídica.

As proteínas de feijões, albumina e globulinas, apresentam PI na faixa de ácido (geralmente

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entre 4 e 5) e são eficientemente solubilizadas em meio aquoso em pH alcalino (pH de 8,5 a 10

é geralmente eficiente). Ajustando-se o pH de soluções de proteínas solubilizadas para a faixa

de pH isoelétrico, consegue-se uma eficiente separação e concentração das principais proteínas.

Geralmente, a maioria das proteínas forma uma espuma máxima com concentração de

2 a 8 %, e a desnaturação parcial das proteínas, frequentemente proporciona uma melhoria nas

propriedades de espumabilidade, em que esta melhora é atribuída ao aumento da

hidrofobicidade na superfície. Os lipídeos, particularmente, os fosfolipídeos afetam

contrariamente a espumabilidade das proteínas, visto que desestabilizam as espumas de farinhas

(DAMODARAN, 2010).

Segundo Marquezi (2013), uma diminuição nas forças hidrofóbicas atrativas entre as

moléculas de proteína ocorre nas regiões de pH na faixa ácido e alcalino, onde as moléculas de

proteínas tornam-se positivamente e negativamente carregadas, respectivamente. Estas cargas

de mesmo sinal levam a repulsão, o que facilita a flexibilidade das moléculas de proteína e,

com isso, faz com que se difundam mais rapidamente para a interface ar-água para encapsular

partículas de ar, levando a formação de espuma (CHAU e CHEUNG, 1998).

Na região do ponto isoelétrico ou perto dela, a falta de interações repulsivas promove

interações favoráveis de proteína-proteína e a formação de uma película viscosa na interface.

Além disso, ocorre aumento de quantidade de proteína adsorvida à interface no PI devido à falta

de repulsão entre a interface e as moléculas em adsorção. Esses dois fatores aumentam tanto a

espumabilidade quanto a estabilidade da espuma (DAMODARAN, 2010).

A estabilidade de espuma se relaciona com a qualidade da proteína, sendo necessário

que se formem películas coesivas, elásticas, contínuas e impermeáveis ao ar (CHEFTEL; CUQ;

LORIENT, 1989). Isto se explica, pois, a estabilidade de espuma nem sempre se correlaciona

com a formação de espuma, devido alguns produtos apresentarem baixa estabilidade, apesar de

ter alta formação de espuma, enquanto que outros mostram a estabilidade proporcional à

formação de espuma. Dessa forma, a estabilidade de espuma se correlaciona altamente com o

grau de desnaturação da proteína (YASUMATSU, 1972).

Dessa forma, a capacidade de formação de espuma e a sua estabilidade são parâmetros

importantes tanto para o desenvolvimento de produtos quanto para a definição de processos

para novos produtos do feijão, como em produtos de forno, merengues e coberturas de bolos,

por ajudarem na incorporação de ar (MARQUEZI, 2013; JAMES e SLOAN, 1984).

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41

2.7.3 Propriedades emulsificantes e estabilizantes

Uma emulsão pode ser definida como uma mistura de dois líquidos imiscíveis, um dos

quais é disperso na forma de glóbulos no outro líquido (fase contínua) (HILL, 1996). As

propriedades emulsificantes de um alimento são determinadas pela capacidade de formação de

emulsão e pela sua estabilidade. Do ponto de vista molecular, essa propriedade reflete a

habilidade e/ou capacidade das proteínas presentes no alimento auxiliarem na formação de uma

emulsão, possuindo na mesma molécula partes hidrofílicas e hidrofóbicas, ou seja, apresentar

característica anfifílica, que irá determinar o grau de adsorção da proteína na área interfacial de

óleo e água na emulsão (MA et al., 2011). Desse modo, é de se esperar que alterações na

composição, conformação e estrutura das proteínas constituintes do alimento interfiram nessa

propriedade (BATISTA, 2014).

Segundo Villalva (2008), as propriedades emulsificantes de proteínas mais importantes

são a solubilidade e a hidrofobicidade. As propriedades emulsificantes dependem, de certo

modo, dos seguintes aspectos: peso molecular, cargas na superfície, pH do meio, flexibilidade

da molécula, taxa de migração da proteína para a interface, grau de desnaturação, proporção

relativa das fases imiscíveis, habilidade da proteína em formar um filme na interface (SATHE,

2002).

2.8 Uso e propriedades das farinhas de feijões

A farinha obtida do feijão é uma alternativa de consumo que agrega grande potencial

nutricional e funcional da leguminosa e pode ser utilizada para se obter ampla gama de produtos

(SANTOS et al., 2009). A farinha de feijão seco vem sendo utilizada como ingrediente

funcional para melhorar a qualidade nutricional de vários produtos alimentares, sendo que o

processamento melhora a qualidade nutricional do feijão pela redução do teor de fatores

antinutricionais (SIDDIQ et al., 2010). O feijão, além de ser rico em nutrientes e não ter

quantidade significativa de glúten, oferece várias oportunidades para a exploração da farinha

de feijão para uso em produtos alimentares diferentes (SIDDIQ et al., 2010). Estudos já

demonstraram, também, significativa diferença na textura de alimentos elaborados com farinha

de feijão (ANTON; FULCHER; ARNTFIELD, 2009).

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Na preparação de farinhas de feijão, o aquecimento a seco é requerido para inativar

fatores antinutricionais. Estudos demonstram que o aquecimento a seco a 150 °C, durante 20

minutos, foi eficaz na redução dos níveis de inibidores de tripsina de feijões. Entretanto, este

aquecimento pode, também, afetar as propriedades funcionais da farinha (MARUATONA;

DUODU; MINNAAR, 2010). A mistura de farinha de feijão, em produtos que contém farinha

de trigo, agrega grande valor nutricional ao produto, sendo que esta farinha contém quantidade

maior de lipídeos e fibras, além do alto valor biológico de suas proteínas. No entanto, é preciso

tomar cuidado, pois esta mistura pode afetar as propriedades viscoelásticas do produto final

(GIMÉNEZ et al., 2012).

Dzudie, Scher e Hardy (2002) avaliaram o efeito da adição de farinha de feijão em

salsichas. Os resultados mostraram que a incorporação de farinha de feijão aumentou o

rendimento das salsichas cozidas devido à diminuição da perda por cozimento. Além disso,

houve aumento da capacidade de retenção de água com a substituição. Embora a umidade e o

teor de proteína tenham sido reduzidos, a farinha de feijão pode ser um potencial extensor para

produtos cárneos.

Anton, Fulcher e Arntfield (2009) determinaram a viabilidade tecnológica da adição de

farinha de feijão vermelho ao amido de milho para a produção de salgadinhos extrusados. A

diminuição da quantidade de amido de milho e o aumento da concentração de proteínas e fibras

provenientes da farinha de feijão resultaram em produtos menos expandidos. Um aumento da

densidade e do teor de proteínas foi observado. Houve redução significativa dos fatores

antinutricionais e do potencial antioxidante, com redução de cerca de 70 % no conteúdo de

fenóis totais após a extrusão. Os autores concluíram que mais estudos e ensaios sensoriais

devem ser realizados, a fim de avaliar a aceitabilidade dos extrusados de feijão.

Massa de espaguete, contendo farinha de feijão, foi avaliada por Gallegos-Infante et al.

(2010). Os autores observaram que a adição da farinha de feijão, à massa de espaguete, diminuiu

o tempo de cozimento e a absorção de água pelo macarrão, a perda de peso após o cozimento

foi maior, no entanto, essa adição da farinha de feijão, à massa de espaguete, aumentou a

qualidade nutricional do espaguete.

Bassinello et al. (2010) desenvolveram uma pré-mistura para bolos, substituindo a

farinha de trigo, em diversas porcentagens, por diferentes proporções das farinhas de arroz e de

feijão. Bolos obtidos com 50 % de substituição de farinha de trigo por farinha de arroz e feijão,

em diferentes proporções, apresentaram propriedades tecnológicas, aceitabilidade e

estabilidade comparáveis ao da formulação padrão – somente com farinha de trigo.

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Outra alternativa para o tratamento térmico do feijão é a extrusão da farinha de feijão

crua. O processo de extrusão produz farinha com qualidade nutricional similar à farinha do grão

cru, com diminuição dos fatores antinutricionais, além do aumento das digestibilidades de

proteína e de amido (BATISTA; PRUDÊNCIO; FERNANDES, 2010; BERRIOS, 2006).

Para as características tecnológicas, o processo de extrusão causa diversas alterações,

dentre elas o aumento dos índices de absorção de água e solubilidade em água. Além disso,

diminui o pico de viscosidade e a tendência à retrogradação no perfil viscoamilográfico da

farinha de feijão. Tudo isso tende a favorecer o uso da farinha de feijão extrusada em alimentos

pré-processados como sopas, caldinhos e tortas (BATISTA; PRUDÊNCIO; FERNANDES,

2010; LOPES, 2010; SILVA et al., 2008).

Batista, Prudêncio e Fernandes (2011) analisaram a substituição da farinha de trigo por

farinha de feijão preto em pães. Verificaram que a inclusão de farinha de feijão na formulação

de pães contribuiu para o aumento do conteúdo de proteínas e fibras. O pão, com a farinha de

feijão preto, apresentou coloração escura, com aparência similar aos que contêm farinha de

trigo integral.

A busca por alternativas mais adequadas às exigências do consumidor faz com que

novos produtos com feijão sejam elaborados, agregando valor ao grão processado, oferecendo

assim, maior praticidade de consumo e produtos semiprontos (MARQUEZI, 2013). Assim, o

uso do feijão como ingrediente ou substituto de outras farinhas, apesar de bastante estudado,

apresenta aplicabilidade menor. Vale ressaltar que, no Brasil, o consumo de farinha de feijão

aumentou expressivamente com o lançamento de diversas sopas desidratadas, massas, legumes

e verduras desidratadas (CARVALHO et al., 2012; GOMES et al., 2006; LOPES, 2010).

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4 OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

Caracterizar as propriedades físicas, químicas, nutricionais e tecnológicas de feijões de

diferentes grupos de cor, a fim de alimentar o banco de dados da Embrapa Arroz e Feijão,

contribuindo com informações úteis à comunidade científica e indústrias de alimentos.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Avaliar a qualidade física de grãos de seis diferentes cultivares de feijão comum,

pertencentes aos grupos comerciais carioca, preto e especial, quanto ao peso de 100 grãos,

tamanho, cor e densidade;

- Avaliar as propriedades tecnológicas das farinhas desses feijões, tais como aspectos

de granulometria, cor, pH, acidez total titulável, atividade de água, capacidade de absorção de

água e óleo, propriedades espumantes, emulsificantes e de pasta da farinha (RVA);

- Realizar a caracterização nutricional desses feijões, avaliando-se sua composição

centesimal, teores de minerais, perfil de aminoácidos e digestibilidade proteica in vitro;

- Determinar os compostos antinutricionais desses feijões, incluindo ácido fítico,

taninos, inibidores de tripsina e inibidores de α-amilase;

- Quantificar o teor de kaempferol nesses feijões.

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CAPÍTULO 2 (Artigo Científico 1)

Caracterização da qualidade física de feijões (Phaseolus vulgaris L.) de diferentes grupos

de cor, e as propriedades funcionais e tecnológicas de suas farinhas

Jennifer Vieira Pinto1, Priscila Zaczuk Bassinello2, Marina Aparecida de Sousa Mendonça1,

Rayane de Jesus Vital3, Jordanna Peixoto Leite4, Rosângela Nunes Carvalho5, Edy Sousa de

Brito6

RESUMO

O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.), produto tradicional na alimentação da população

brasileira, é considerado uma cultura de grande importância econômica, nutricional e funcional.

Objetivou-se caracterizar a qualidade física de seis diferentes cultivares de feijões de diferentes

grupos de cor, e determinar suas propriedades funcionais e tecnológicas, a fim de alimentar o

banco de dados da Embrapa Arroz e Feijão, contribuindo com informações úteis à comunidade

científica e indústrias de alimentos. Feijões carioca, preto e especial foram cultivados em Junho

(inverno/2014), em Santo Antônio de Goiás-GO, analisados quanto à/ao: peso de 100 grãos,

tamanho, esfericidade, cor, umidade, aw e densidade. Em seguida, foram higienizados, secos e

moídos até obtenção da farinha, e analisadas quanto à/ao: granulometria, cor, índice de absorção

e solubilidade em água, capacidade de retenção de óleo, propriedades espumantes,

emulsificantes, estabilizantes, propriedades de pasta e teor de kaempferol. Grãos pretos

apresentaram-se mais leves, e carioca, mais pesados; Grãos da cultivar Pérola apresentaram

maior comprimento e da cultivar BRS Agreste, maior esfericidade; BRS Estilo com tendência

a grãos mais claros; BRS Pitanga, IPR Uirapuru e BRS Esteio, mais escuros; BRS Pitanga e

BRS Estilo, maiores teores de umidade. Farinhas das cultivares BRS Esteio e IPR Uirapuru

tiveram maior uniformidade; BRS Estilo, Pérola e Agreste apresentaram farinhas de tonalidades

mais claras e amareladas; IPR Uirapuru apresentou farinhas com maiores valores de absorção

de água; BRS Esteio, os maiores valores de absorção de óleo; BRS Pitanga, melhor

solubilidade; BRS Agreste, maior formação de espuma (pH 2,5); e IPR Uirapuru, de maior

viscosidade máxima. Grãos da BRS Pitanga apresentaram maior concentração de kaempferol.

Feijões carioca apresentaram maiores valores para peso e dimensão, indicando grãos maiores e

de maior potencial de aceitação pelos consumidores em geral, e indústrias. Farinhas de feijão

apresentaram ótimas propriedades tecnológicas e funcionais, podendo ser utilizados como

matéria prima na elaboração de novos produtos pela indústria alimentícia devido seu alto valor

agregado. Apesar da baixa produção brasileira de feijões especiais, mais estudos relacionados

aos feijões especiais são necessários para ampliar seu aproveitamento pelos programas de

melhoramento genético, indústrias de alimentos e consumidores.

Palavras-chave: Feijão especial, Qualidade de grãos, Propriedades tecnológicas, Propriedades

funcionais, Perfil viscoamilográfico, Compostos fenólicos.

1 Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos – Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia - GO –

[email protected]; [email protected]. 2 Pesquisador (a) da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás - GO – [email protected]. 3 Graduanda em Nutrição – Universidade Paulista (UNIP), Goiânia - GO – [email protected]. 4 Engenheira de Alimentos – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Mato Grosso - MT –

[email protected]. 5 Analista da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás - GO – [email protected]. 6 Pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza – CE – [email protected].

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Characterization of physical quality of beans (Phaseolus vulgaris L.) from different color

groups, and functional and technological properties of their flours

ABSTRACT

Common bean (Phaseolus vulgaris L.), a traditional product for the Brazilian population’s diet,

is considered a crop of great economical, nutritional and functional importance. The objective

of this study was to characterize the physical quality of six different bean cultivars of different

color groups and to determine their functional and technological properties in order to feed the

Embrapa Rice and Beans database, contributing with useful information to the scientific

community and food industries. Carioca, black and special beans were cultivated in June

(winter / 2014), in Santo Antônio de Goiás-GO, analyzed for: 100-seed weight, size, sphericity,

color, humidity, water activity and density. They were then sanitized, dried and milled until the

flour was obtained, and analyzed for: granulometry, color, water absorption and solubility

index, oil retention capacity, foam properties, emulsifiers, stabilizers, paste properties and

kaempferol content. Black grains were lighter, and carioca, heavier; Grains of the cultivar

Pérola presented greater length and the cultivar BRS Agreste, greater sphericity; BRS Estilo

with tendency to lighter grains; BRS Pitanga, IPR Uirapuru and BRS Esteio, darker; BRS

Pitanga and BRS Estilo, higher moisture contents. Flours of cultivars BRS Esteio and IPR

Uirapuru had greater uniformity; BRS Estilo, Pérola and Agreste presented flours with lighter

and yellowish tones; IPR Uirapuru presented flours with higher values of water absorption;

BRS Esteio, the highest values of oil absorption; BRS Pitanga, better solubility; BRS Agreste,

higher foaming (pH 2.5); and IPR Uirapuru, the highest viscosity. BRS Pitanga grains presented

higher concentration of kaempferol. Carioca beans presented higher values for weight and size,

indicating larger grains and greater potential for acceptance by consumers in general, and

industries. Bean flours presented excellent technological and functional properties, being able

to be used as raw material in the elaboration of new products by the food industry due to its

high added value. In spite of the low Brazilian production of special beans, more studies related

to special beans are necessary to increase their utilization by breeding programs, food industries

and consumers.

Keywords: Special beans, Grain quality, Technological properties, Functional properties,

Viscoamylographic profile, Phenolic compounds.

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1 Introdução

O feijão comum (Phaseolus vulgaris L) é pertencente à família Fabaceae, que

compreende as leguminosas (SANTOS e GAVILANES, 2006). Considerado um produto

tradicional na alimentação da população brasileira, principalmente para as classes de baixa

renda, é considerada cultura de grande importância econômica, social, nutricional e funcional

(RIOS; ABREU; CORRÊA, 2003; FAO, 2013).

Em termos de produção mundial, com produção média de 23,3 milhões de toneladas de

feijão seco, o Brasil foi considerado, em 2015, o terceiro maior produtor mundial, respondendo

por 11% da produção, atrás de Índia (14%) e Myanmar (13%) e à frente dos Estados Unidos

(4%), da China, do México (4%) e da Tanzânia (3%), por exemplo. O Brasil é considerado o

maior produtor e consumidor mundial da espécie Phaseolus vulgares (FAO, 2015). No Brasil,

a produção na safra 2015/2016 foi de 3,18 milhões de toneladas de feijão, apresentando

aumento de 2,2% em relação a anterior, na qual a estimativa de produção para a safra 2014/2015

foi de 3,11 milhões de toneladas. Já em relação à área total de feijão, a safra 2015/2016 será de

3,03 milhões de hectares, considerando redução de 0,3% em relação à safra passada (CONAB,

2016). O consumo médio atual de feijão preparado no Brasil é de aproximadamente 67

kg/hab/ano, existindo preferências de cor e tipo de grão, sendo mais consumido na zona rural

do que na zona urbana (IBGE, 2011).

Existem inúmeras variedades de feijão (Phaseolus vulgaris L.) no mercado brasileiro,

tais como Preto, Mulatinho, Carioca, Pardo, Roxo, entre outras (CARNEIRO et al., 2005;

IBGE, 2011). Sua grande variedade de cores, tamanhos e formas das sementes são consideradas

características que mais influenciam a preferência dos consumidores por determinada

variedade. Dentre essas variedades, no Brasil, o feijão preto é mais popular no Rio Grande do

Sul, em Santa Catarina, no sul e no leste do Paraná, no Rio de Janeiro, no sudeste de Minas

Gerais e no sul do Espírito Santo. No restante do país, este tipo de grão tem pouco ou quase

nenhum valor comercial ou aceitação. No entanto, embora exista preferência regional por

determinado tipo de grão, feijões do grupo carioca são os mais cultivados no Brasil,

representando 70% do consumo nacional e 53% da área cultivada (DEL PELOSO e MELO,

2005; EMBRAPA, 2003). Já os feijões especiais (branco, vermelho, creme e amarelo), de maior

aceitação no mercado internacional, correspondem a 3% de produção nacional de feijão, no

Brasil.

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Esta leguminosa representa fonte de diversos nutrientes, devido seu alto conteúdo

proteico, elevado teor de lisina, fibra alimentar, carboidratos complexos, minerais, como cálcio

e principalmente ferro, e a presença de vitaminas do complexo B, sendo, esta leguminosa,

utilizada como alternativa em substituição a carnes e outros alimentos proteicos (LAJOLO;

GENOVESE; MENEZES, 1996; RIOS; ABREU; CORRÊA, 2003). É considerada, no Brasil,

a principal leguminosa fornecedora de proteínas da alimentação para grande parte da população,

sendo, normalmente, derivada da ingestão de arroz e feijão (PIRES et al., 2006).

A preferência do consumidor norteia a seleção e obtenção das novas cultivares, exigindo

destas não apenas boas características agronômicas, mas também outros aspectos que agreguem

valor comercial no varejo. Dentre as características que determinam a preferência e consumo

do feijão incluem-se: a cor, o tamanho e o brilho do grão de feijão (EMBRAPA, 2010). Além

disso, características relacionadas ao peso dos grãos, teores de umidade, atividade de água,

densidade, pH e acidez total titulável podem estar ligados à qualidade dos grãos, influenciando

em diversas características físicas e, caso não apresentem bons resultados, podem não

apresentar grãos de boa produtividade. Segundo Ferraz (1993), o conhecimento sobre

determinadas características físicas dos grãos é de extrema importância e necessário no

processamento de alimentos, pois auxilia, principalmente, na elaboração de projetos

econômicos e eficientes, e na obtenção de grãos de qualidade.

As propriedades tecnológicas estão intimamente relacionadas com as interações entre

as moléculas que compõem o alimento, as quais são afetadas pela composição (qualidade e

quantidade), estrutura e propriedades físico-químicas dessas biomoléculas (BATISTA;

PRUDÊNCIO; FERNANDES, 2010; BOYE; ZARE; PLETCH, 2010). Segundo Maia (2000),

a propriedade funcional é uma propriedade tecnológica específica (capacidade de absorção de

água, capacidade de absorção de gordura etc.) que influencia a aparência física e o

comportamento de um produto alimentar, de maneira característica e que resulta da natureza

intrínseca físico-química da matéria-prima proteica.

A farinha obtida do feijão, por ser considerada alternativa de consumo que agrega

grande potencial nutricional e funcional, pode ser utilizada para se obter ampla gama de

produtos, ou como ingrediente funcional, bem como melhorar a qualidade nutricional de vários

produtos alimentares (SANTOS et al., 2009; SIDDIQ et al., 2010). As proteínas são as

responsáveis pela maioria das propriedades tecnológicas dos feijões, tais como propriedades

espumantes, emulsificantes e estabilizantes. Na absorção e solubilidade em água, capacidade

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de absorção de óleo, e propriedades de pasta da farinha, a proteína também atua, mas juntamente

com o amido dos feijões.

Além disso, esta leguminosa, apresenta ainda outros componentes que tornam seu

consumo mais vantajoso e benéfico para a saúde, como a elevada quantidade de compostos

fenólicos com atividade antioxidante encontrados em seus tegumentos, estando relacionados à

redução do risco de desenvolvimento de câncer, além de apresentar atividade anti-inflamatória

(OOMAH; CORBE; BALASUBRAMANIAN, 2010). Dentre os fenólicos presentes no feijão,

inclui-se o flavonoide kaempferol, concentrado basicamente no tegumento dos grãos, onde sua

cor determina a presença e concentração destes compostos (ROCHA-GUZMÁN et al., 2007b;

APARICIO-FERNANDEZ et al., 2005).

Sendo assim, estudos relacionados às características físicas de grãos de feijão, bem

como suas propriedades funcionais e tecnológicas das farinhas de feijão encontram-se escassos

na literatura e apresentam grande importância no processamento de alimentos, principalmente

no lançamento de uma nova cultivar, visando melhores lucros e perspectivas para a indústria

alimentícia. Mais estudos sobre diferentes cultivares e grupos comerciais de feijão podem

contribuir para futuras pesquisas relacionadas aos grãos, auxiliando na elaboração de diversos

produtos alimentícios, empregando-se o feijão como matéria prima, e buscando sempre

alternativas que correspondam às exigências dos consumidores. Portanto, objetivou-se realizar

a caracterização da qualidade física de seis diferentes cultivares de feijão, de diferentes grupos

comerciais, e à partir da obtenção de suas farinhas, determinar suas propriedades funcionais e

tecnológicas, a fim de alimentar o banco de dados da Embrapa Arroz e Feijão, além de

contribuir com informações úteis à comunidade científica e indústrias de alimentos, verificando

seu potencial de aplicação das mesmas como ingredientes em produtos alimentícios ou na

elaboração de novos produtos.

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2 Material e Métodos

Na Figura 1 está apresentado o fluxograma dos procedimentos realizados com os grãos

de feijão para realização das análises físicas e químicas, e os procedimentos para as análises

tecnológicas e funcionais, das farinhas de feijões.

Figura 1. Fluxograma dos procedimentos realizados com os grãos para realização das análises

físicas, químicas, tecnológicas e funcionais.

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2.1 Obtenção e preparo das amostras

Foram selecionados grãos de feijão (Phaseolus vulgaris L.) dos grupos comerciais

carioca, preto e especial, provenientes do Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa Arroz e

Feijão, em Santo Antônio de Goiás – GO. As cultivares selecionadas para avaliação neste

estudo foram (Figura 2): Pérola e BRS Estilo (grupo comercial carioca), IPR Uirapuru e BRS

Esteio (grupo comercial preto), e BRS Agreste e BRS Pitanga (grupo comercial especial).

Figura 2. Cultivares de feijão dos grupos comerciais carioca (BRS Estilo e Pérola), preto (BRS

Esteio e IPR Uirapuru) e especial (BRS Agreste e BRS Pitanga) que foram utilizados no

presente estudo, e cultivados na Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás – GO, 2014

(EMBRAPA, 2013; IAPAR, 2012).

O cultivo foi realizado em Junho de 2014, nos campos experimentais da Embrapa Arroz

e Feijão, na fazenda Capivara, em Santo Antônio de Goiás/GO (safra 2014), seguindo manejo

recomendado, com adubação 200 Kg/ha de nitrogênio, fósforo e potássio, nas concentrações

11:52:00, e colheita realizada entre os meses de Setembro e Outubro de 2014, onde os ciclos de

maturação foram concluídos conforme cada cultivar de feijão. O delineamento experimental foi

realizado em blocos casualizados, em parcelas com três repetições (8 linhas de 4 metros de

comprimento), sendo adequado para a produção de quantidade de grãos suficiente para atender

as demandas das atividades propostas no projeto.

Após a colheita dos grãos, o feijão passou por operações de limpeza – para a retirada de

sujidades como palha, terra, pedras e grãos danificados –, expurgo – para a eliminação de todas

as fases de vida de insetos presentes na massa de grãos –, seleção e polimento manual dos grãos

para retirada do pó. Em seguida, foram armazenados, adequadamente, em sacos de polietileno

de baixa densidade, em porções de 2 Kg por grupo comercial, em local fresco e seco, e

transportado para o Laboratório de Grãos e Sub-produtos da Embrapa Arroz e Feijão (Santo

Antônio de Goiás – GO) até utilização nas análises dos grãos, conforme ilustrado na Figura 1.

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2.2 Obtenção da farinha de feijão

Para a realização das análises de pH, acidez total titulável (ATT), umidade e atividade

de água (Aw), granulometria, cor, índice de absorção e solubilidade em água, capacidade de

retenção de óleo, propriedades espumantes, emulsificantes e estabilizantes e propriedades de

pasta (RVA), os grãos dos grupos comerciais carioca, preto e especial, separadamente, foram

higienizados com detergente neutro e água destilada, na proporção 1:5. Os grãos foram secos

em estufa a 45 °C por 5 h, para evitar possíveis interferências futuras nas análises, e após

secagem, transferidos para um moinho, tipo ciclone, para moagem dos grãos de feijão, até

obtenção da farinha. O processamento das farinhas foi realizado no Laboratório de Grãos e

Subprodutos da Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás – GO).

As análises de granulometria, cor, índice de absorção e solubilidade em água,

capacidade de retenção de óleo, propriedades espumantes, emulsificantes e estabilizantes e

propriedades de pasta (RVA) foram realizados no Laboratório de Grãos e Subprodutos da

Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás – GO); a análise de atividade de água (Aw)

foi realizada no Laboratório de Microbiologia da Escola de Agronomia, da Universidade

Federal de Goiás (Goiânia – GO); e as análises de quantificação de Kaempferol foram

realizadas no Laboratório Multiusuário de Química de Produtos Naturais, da Embrapa

Agroindústria Tropical (Fortaleza – CE).

2.3 Peso de 100 grãos

A análise de peso de cem grãos foi realizada com a contagem de cem grãos de feijão,

inteiros e uniformes, escolhidos aleatoriamente que, em seguida, foram pesados em balança

semi-analítica (BRASIL, 2009).

2.4 Tamanho dos grãos

Para a determinação do tamanho dos grãos, de cada cultivar, foram medidas as

dimensões dos eixos ortogonais referentes ao comprimento (X), largura (Y) e espessura (Z)

(Figura 3), em cinquenta grãos, escolhidos aleatoriamente, com o auxílio de um paquímetro

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digital com precisão 0,01mm. Após a determinação das medidas dos eixos ortogonais (X, Y e

Z), a esfericidade (S) foi calculada segundo a Equação 1, descrita por Mohsenin (1986).

Esfericidade =Média Geométrica das Medidas

Maior Média=

(X . Y . Z)13

X .100 (1)

em que:

S = esfericidade, %;

X = medida do maior eixo do grão, m;

Y = medida do eixo normal ao eixo X, m; e

Z = medida do eixo normal aos eixos X e Y, m.

Figura 3. Representação das dimensões comprimento (X), largura (Y) e espessura (Z) no grão

de feijão (LANNARO et al., 2011).

2.5 Cor dos grãos

Para a determinação da cor do tegumento de grãos inteiros e uniformes, os grãos foram

dispostos em uma cubeta grande de quartzo, até que seu interior fosse completamente cheio e,

em seguida, realizou-se vinte leituras por repetição, utilizando-se colorímetro de bancada por

meio da escala de cor CIE L* a* b* (CIELAB), em sistema tridimensional. O espaço de cores

desse sistema é organizado em coordenadas cartesianas, em que o eixo vertical L* indica

luminosidade (100 para branco e 0 para preto), o eixo a* representa escala do verde (-a*) ao

vermelho (+a*), e o eixo b* escala do azul (-b*) ao amarelo (+b*), sendo que os eixos a* e b*

não possuem limites numéricos. A partir dos resultados de a* e b*, foram calculados os

parâmetros de C* (croma) que varia na direção radial e representa a pureza de uma cor em

relação ao cinza, indicando a saturação da amostra e descrevendo o brilho da cor, e o ângulo

H° (Hue) (0° ≤ h* ≤ 360°), ou ângulo de tom, que varia na direção angular e representa as

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diferentes cores existentes para indicar a tonalidade das amostras (HUNTERLAB, 2008), sendo

definidos pelas equações 2 e 3, respectivamente:

C∗ = (a∗2 + b∗2)1/2 (2)

h∗ = tan−1 (b∗

a∗) (3)

2.6 Densidade dos grãos

A densidade real (ρ) dos grãos, de cada cultivar, foi determinada, em três repetições, a

partir do deslocamento de líquidos, segundo Mpotokwane et al. (2008). Utilizou-se proveta de

500 mL contendo 250 mL de água destilada, onde o peso total da proveta com a água foi

quantificado em balança semi-analítica. Nesta proveta, foi adicionado 150 g de feijão e o valor

final quantificado. A imersão dos grãos na proveta foi realizada no menor tempo possível,

evitando-se que os grãos absorvessem umidade. Dessa forma, o volume dos grãos (V) foi

calculado dividindo-se a massa de água deslocada (g) pela densidade da água (g/cm3), e por

fim, a densidade real dos grãos foi determinada pela divisão da massa dos grãos pelo volume

dos grãos medido, por meio da relação massa/volume.

2.7 pH

Os valores do potencial hidrogeniônico (pH) foram aferidos com leitura direta em

potenciômetro digital de bancada, o qual fornece a medida direta do pH de uma solução,

utilizando-se de soluções tampão padrão de pH 4,0 e 7,0 para calibração do equipamento, de

acordo com metodologia descrita por Zimmermann et al. (2009) e Reyes-Bastidas et al. (2010).

Foram diluídos 10 g de farinha de feijão, secas em estufa a 45 °C, em 50 mL de água destilada,

e, em seguida, a mistura foi homogeneizada em agitador magnético por cinco minutos e deixada

em repouso por 10 minutos para a sedimentação do material sólido. Após este período, o pH

foi determinado diretamente no líquido sobrenadante.

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2.8 Acidez Total Titulável

A acidez total titulável (ATT) foi determinada por titulação de NaOH 0,1 N em leitura

no potenciômetro digital, segundo a AOAC (2012).

2.9 Umidade

A determinação de umidade foi realizada por meio do método de secagem em estufa

com temperatura de 105ºC (AOAC, 2012). Foram pesados 5 g da amostra triturada e

homogeneizada, em triplicata, em cápsula de porcelana previamente tarada. A cápsula com a

amostra foi colocada em estufa a 105ºC por 24 horas, em seguida, transferida para dessecador

por 30 minutos, até esfriar, e pesado. O teor de umidade (%) foi obtido pela equação 4:

Teor de umidade = 100 x Nº de gramas de umidade

Nº de gramas da amostra (4)

2.10 Atividade de Água (Aw)

A determinação da atividade de água das farinhas dos grãos de cada cultivar foi realizada

em equipamento portátil AquaLab para medição da Atividade de Água, modelo CX-2-Decagon

(USA), do Laboratório de Microbiologia da Escola de Agronomia, da Universidade Federal de

Goiás. Este equipamento utiliza a técnica de determinação do ponto de orvalho em espelho

encapsulado para medir a atividade de água de um produto. Esta técnica é originária da medida

de umidade relativa aprovada pelo AOAC (Associação de Químicos Analistas). O

procedimento de análise foi realizado preenchendo 1/4 do recipiente indicado no equipamento

medidor de atividade de água, onde colocou-se, aproximadamente, um grama de amostra em

uma cápsula no aparelho, para conexão e início da leitura digital a 25 °C. Assim, quando a

tampa da câmara foi fechada, ocorreu o equilíbrio do vapor, e um feixe infravermelho foi

focado. Então, o ponto de orvalho da amostra foi determinado, onde se traduziu em atividade

de água.

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2.11 Granulometria

A classificação granulométrica foi determinada segundo Zanotto e Bellaver (1996),

onde utilizou-se equipamento agitador de peneiras com reostato ajustado em 7, peneirando-se

100 g da amostra durante 10 minutos. A análise foi realizada em triplicata e utilizando um total

de seis peneiras circulares, com abertura das malhas de 20, 28, 48, 100, 150 e 200 mesh. As

peneiras foram taradas, previamente, e pesadas após a agitação para obtenção do peso da

amostra retida em cada uma delas. Para o cálculo do modulo de finura (MF), equação 5,

utilizou-se índice de MF para cada mesh, sendo eles: 6,5,4,3,2,1, respectivamente, e o índice

zero para o fundo. Este parâmetro correlaciona-se positivamente com o aumento do tamanho

das partículas, sendo que quanto maior o MF, mais grosso o produto.

MF = (∑ % Peso . Índice MF)

100 (5)

O modulo de finura foi utilizado para calcular o diâmetro geométrico médio das

partículas (DGM), que é um parâmetro que representa o diâmetro geométrico médio das

partículas da amostra. O cálculo foi realizado conforme mostrado na equação 6, a seguir:

DGM = 0,1041 (√2)MF

mm (6)

O índice de uniformidade (IU) indica a proporção relativa entre partículas grossas,

medias e finas e é expresso por três números inteiros, cuja soma e igual à 10, e foi definido por

IU = (G/10, M/10, F/10), onde:

• G (grosso) refere-se ao produto que ficou retido nas peneiras de mesh ≤ 20, ou seja,

com diâmetro ≥ 0,84 mm.

• M (médio) refere-se ao produto que ficou retido nas peneiras de 20< mesh <48 (0,84

– 0,300 mm).

• F (fino) refere-se ao produto que passou pela peneira mesh 48 (0,300 mm).

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2.12 Cor da farinha

Para a determinação da cor da farinha, a mesma foi disposta em uma cubeta grande de

quartzo, até que seu interior fosse completamente cheio e, em seguida, realizou-se vinte leituras

por repetição, e em três repetições de cada amostra, utilizando-se colorímetro de bancada por

meio da escala de cor CIE L* a* b* (CIELAB), em um sistema tridimensional. O espaço de

cores desse sistema é organizado em coordenadas cartesianas, em que o eixo vertical L* indica

luminosidade (100 para branco e 0 para preto), o eixo a* representa escala do verde (-a*) ao

vermelho (+a*), e o eixo b* uma escala do azul (-b*) ao amarelo (+b*), sendo que os eixos a*

e b* não possuem limites numéricos. A partir dos resultados de a* e b* foram calculados os

parâmetros de C* (croma) que varia na direção radial e representa a pureza de uma cor em

relação ao cinza, indicando a saturação da amostra e descrevendo o brilho da cor, o ângulo H°

(Hue) (0° ≤ h* ≤ 360°), ou ângulo de tom, que varia na direção angular e representa as diferentes

cores existentes para indicar a tonalidade das amostras (HUNTERLAB, 2008), sendo definidos

pelas equações 2 e 3, respectivamente, citadas anteriormente.

2.13 Índice de absorção e solubilidade em água

Os índices de absorção e solubilidade em água foram determinados segundo

metodologia adaptada de Okezie e Bello (1988), onde uma suspensão com 25 mL de água

destilada e 0,5 g de farinha (base úmida) foi preparada em tubos de centrífuga com tampa. Os

tubos foram agitados por 1 minuto em vortex e, em seguida, centrifugados a 3612 g por 20

minutos em centrífuga. Para a determinação do índice de solubilidade em água (ISA), a alíquota

de 5 mL do sobrenadante foi transferida para a placa de Petri previamente tarada, e levada à

estufa de esterilização para secagem até peso constante. A solubilidade em água foi calculada

pela relação entre o peso do resíduo seco do sobrenadante (resíduo de evaporação) e o peso da

amostra, conforme a equação 7 a seguir:

ISA = (resíduo de evaporação (g))

peso da amostra (g) x 100 (7)

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Para determinar o índice de absorção de água (IAA) escorreu-se o restante do líquido

sobrenadante cuidadosamente, e o material remanescente pesado, sendo a diferença entre o peso

da amostra antes e após a absorção de água a quantidade de água absorvida. A medida do índice

de absorção de água foi calculada de acordo com a equação 8, seguinte.

IAA = água absorvida pela amostra (g)

peso da amostra (g) (8)

2.14 Capacidade de retenção de óleo da farinha

A capacidade de retenção de óleo (CRO) da farinha de feijão foi avaliada segundo a

metodologia proposta por Lin, Humbert e Sosulski (1974), com modificações. Em tubo Falcon

previamente pesado, 0,5 g de farinha de feijão foi adicionada em 3 mL de óleo de milho de

cozinha. O conteúdo foi agitado por 1 minuto e deixado em repouso por 30 minutos. Após este

período, centrifugou-se a 2000 g por 25 min e o óleo livre foi descartado. O tubo com o resíduo

foi pesado e o óleo retido após a centrifugação foi considerado e expresso em porcentagem,

conforme a equação 9, a seguir.

IAA = óleo absorvido pela amostra (g)

peso da amostra (g) x 100 (9)

2.15 Propriedades espumantes: capacidade de formação e estabilidade de espuma

As propriedades espumantes foram avaliadas segundo Siddiq et al. (2010) com

modificações. Uma porção (0,5 g) de farinha de feijão foi dispersa em 50 mL de solução tampão

de Mcllvaine (fosfato dissódico – ácido cítrico), utilizando-se os pHs 2,5; 5,6 e 8,0. A dispersão

foi agitada vigorosamente em liquidificador (Walita®) por cinco minutos e, posteriormente,

transferida para uma proveta de 50 mL. O volume da espuma formada foi registrado como

capacidade de espumar (mL/100 mL), e observações após 30 minutos foram realizadas para se

determinar a estabilidade da espuma. A estabilidade da espuma foi determinada segundo a

equação 10.

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Estabilidade da espuma = Volume da espuma após 30 minutos

Volume da espuma no tempo zero (10)

2.16 Propriedades emulsificantes e estabilizantes

As propriedades emulsificantes foram determinadas segundo Kaur e Singh (2005).

Amostras de farinha (0,35 g) foram homogeneizadas por 30 s com 5 mL de água em Vortex.

Adicionou-se óleo de milho de cozinha (2,5 mL) e a mistura, então, foi homogeneizada

novamente por mais 30 s. Em seguida, outros 2,5 mL de óleo de milho foram adicionados e a

mistura homogeneizada por mais 90 s. A mistura foi, então, centrifugada a 500 g por cinco

minutos. Calculou-se a atividade emulsificante dividindo-se o volume da camada emulsificada

pelo volume total antes da centrifugação.

A estabilidade da emulsão foi determinada, seguindo o mesmo procedimento para se

determinar a atividade emulsificante, segundo Kaur e Singh (2005). No entanto, antes de

centrifugar as amostras, elas foram submetidas a tratamento térmico de 85 °C por 15 min e

centrifugadas após o resfriamento. A estabilidade da emulsão foi expressa como a porcentagem

da atividade emulsificante restante após o aquecimento.

2.17 Propriedade de pasta da farinha (RVA)

As propriedades de pasta das farinhas de feijão foram determinadas pelo Rapid Visco

Analyser (RVA), seguindo o protocolo do equipamento, utilizando temperatura inicial e final

de 50 °C e mantendo a 95 °C por 10 minutos, simulando a cocção do feijão na forma domiciliar.

Utilizou-se uma suspensão de amostra (3,0 g em 25 mL de água destilada), tomando como base

o teor de umidade de 14%. Em seguida, a suspensão formada pelas amostras foi inicialmente

submetida a 960 rpm durante 10 segundos e depois permaneceram a 160 rpm durante as

seguintes etapas: temperatura inicial de 50 °C foi mantida durante 1min, depois aumentou-se

gradativamente por 3 min até a temperatura de 95 °C, permanecendo constante por 3 minutos.

O resfriamento foi realizado, também, gradualmente, com a diminuição da temperatura do

sistema até atingir a temperatura de 50 ºC, de forma que o tempo total da analise fosse de 13

minutos.

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Todos os valores obtidos foram expressos em centipoise (cP) e os parâmetros de

propriedade de pasta analisados foram:

a) Viscosidade de pasta inicial a frio (Vinic.): é o valor da viscosidade na temperatura

de 25°C, no início do ciclo de aquecimento.

b) Viscosidade máxima de pasta (Vmáx.): é o valor da viscosidade no ponto máximo da

curva, obtido durante o ciclo de aquecimento.

c) Viscosidade mínima de pasta a quente (Vmín.): é o menor valor de viscosidade obtido

durante o período em que a temperatura é mantida constante em 95°C.

d) Quebra de viscosidade (QV): é a diferença entre a viscosidade máxima e mínima

durante a manutenção a 95°C.

e) Viscosidade final (Vfin.): é o valor da viscosidade ao final da análise no ciclo de

resfriamento, a 25°C.

f) Tendência à retrogradação (TR): é a diferença entre a viscosidade final e o menor

valor de viscosidade durante a manutenção a 95°C.

2.18 Teor de kaempferol

A quantificação de kaempferol foi determinada segundo Lin e Harnly (2007). Os

extratos de feijão foram obtidos por meio de extração sólido-líquido, onde, primeiramente,

foram pesados 400 mg de cada amostra de grão inteiro, colocadas em tubos falcon, e em seguida

adicionados 10 mL da solução de metanol-água-ácido clorídrico (50:48:2) e colocadas em

banho ultrassônico durante 1 hora. Em seguida, esse extrato foi centrifugado a 4000 rpm, e logo

depois o sobrenadante foi retirado, o qual foi filtrado por meio de membranas de nylon com

poros de 0,45 m (Allcrom) e colocados em vials para serem analisadas por Cromatografia

Líquida de Alta Eficiência (CLAE).

Soluções padrões e amostras dos extratos do feijão foram analisadas em cromatógrafo

(Shimadzu Prominence) no Laboratório Multiusuário de Química de Produtos Naturais, da

Embrapa Agroindústria Tropical - CE, constituído de duas bombas LC-20AB, um detector

DAD (arranjo de diodos) SPD-M20A a uma faixa de comprimento de onda de 190 a 800 nm,

um detector de índice de refração (modelo RID-10A), um injetor automático (modelo SIL-

20AC) com fullloop de 100 µL e módulo de desgaseificação (DGU-20A3). As separações

foram efetuadas em coluna analítica C18 Shim-pack (4,6mm x 15 cm x 5 µm), mantidas num

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forno termostático a 30°C. Os solventes empregados apresentavam grau CLAE e constituídos

das soluções de água com ácido fórmico 0,1% e acetonitrila com ácido fórmico 0,1%. As

amostras foram adequadamente filtradas através de membranas de nylon com poros de 0,45 m

(Allcrom).

Para a realização da curva de calibração de kaempferol, soluções padrão foram

preparadas pesando-se 5 mg do padrão de kaempferol, solubilizado em metanol 100% em balão

de 5 mL, e homogeneizado perfazendo uma solução de 1000 ppm. A partir desta solução foram

feitas várias diluições até se obter as seguintes concentrações: 300, 100, 50, 10, 5 e 1 ppm, as

quais foram utilizadas para a construção da curva de calibração. A curva foi feita em CLAE, de

onde foi analisada a correlação dos valores de concentração x área, obtendo-se dela a equação

da reta e o seu respectivo coeficiente de linearidade (R2). Em seguida, os dados foram tratados

e o teor de compostos fenólicos para as amostras de feijão foram expressos em mg de

kaempferol/100 g de amostra.

2.19 Análise estatística

O experimento foi conduzido em três repetições, com delineamento em blocos

casualizados. Os dados foram submetidos à Análise de Variância (ANOVA), seguida de

comparação de médias pelo teste de Tukey, ao nível de 5 % de significância, utilizando o

programa STATISTICA (2005) versão 7.1.

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3 Resultados e Discussão

3.1 Peso de 100 grãos e dimensão dos grãos

Os valores de peso de 100 grãos, dos diferentes grupos comerciais de feijão, estão

apresentados na Tabela 1. O peso de 100 grãos variou entre 19,38 e 25,28 g para IPR Uirapuru

e Pérola, respectivamente. Observou-se diferença entre as cultivares do mesmo grupo

comercial, como as cultivares BRS Estilo e Pérola, e entre as cultivares BRS Esteio e IPR

Uirapuru, e entre grupos comerciais diferentes. Grãos do grupo comercial preto apresentou

menor peso de 100 grãos do que os grãos das cultivares de feijão carioca estudados, e carioca

com grãos mais pesados.

Tabela 1. Resultados das análises físicas de peso de 100 grãos de feijões dos diferentes grupos

comerciais provenientes de Santo Antônio de Goiás – GO, 2014.

Cultivar Peso de 100 grãos (g)

BRS Estilo 23,29b ± 0,65

Pérola 25,28a ± 0,60

BRS Agreste 20,35cd ± 0,88

BRS Pitanga 20,31cd ± 0,36

BRS Esteio 20,96c ± 2,03

IPR Uirapuru 19,38d ± 0,62

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas, não diferem significativamente entre si (p>0,05)

pelo teste Tukey.

Grãos das cultivares IPR Uirapuru, BRS Agreste e BRS Pitanga foram os que

apresentaram menor peso em relação aos demais, por outro lado, os grãos da cultivar Pérola e

BRS Estilo foram os que apresentaram grãos de maior peso, 26,4% e 16,45%, respectivamente,

acima dos apresentados pelas demais cultivares. As cultivares BRS Agreste e BRS Pitanga não

diferiram significativamente entre si, apresentando valores bem próximos. No entanto, quando

comparadas à cultivar Pérola, de maior peso, as cultivares do grupo comercial especial

apresentaram grãos 19,7 % mais leves.

Marquezi (2013) encontrou resultados similares aos encontrados neste estudo, no qual

as cultivares BRS Pitanga, BRS Estilo e Pérola, provenientes de Ponta Grossa – PR, a autora

encontrou 19,99 g, 26,47 g e 28,42 g, respectivamente, e para as cultivares BRS Pitanga, BRS

Estilo e Pérola, provenientes de Santo Antônio de Goiás – GO, a autora encontrou 20,89 g,

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26,59 g e 29,73 g, respectivamente. Da mesma forma, outros estudos encontraram resultado

similar ao encontrado neste estudo, onde alguns autores observaram variações para peso de 100

grãos de feijões frescos entre 20 e 50 g (MARTÍN-CABREJAS et al., 1997).

Em relação à dimensão dos grãos, observou-se variação do comprimento (X), largura

(Y), espessura (Z) e esfericidade (S) em função das diferentes cultivares utilizadas. Os valores

referentes à dimensão dos grãos, dos diferentes grupos comerciais, estão apresentados na Tabela

2. Pérola, BRS Estilo e BRS Agreste apresentaram maiores valores, respectivamente, para

comprimento, e as demais cultivares apresentaram valores 5% menores. Pérola apresentou

maiores valores para largura, comparada com as demais cultivares, e a BRS Pitanga foi

considerada 1,17 vezes menor que Pérola, não diferindo significativamente entre si,

apresentando valores bem próximos. BRS Agreste apresentou menor valor de espessura,

observando-se valores próximos aos obtidos para as demais cultivares, no entanto, BRS Pitanga

apresentou maior espessura.

Tabela 2. Resultados das análises físicas de dimensão dos grãos de feijões dos diferentes grupos

comerciais provenientes de Santo Antônio de Goiás – GO, 2014.

Cultivar

Dimensão dos Grãos

Comprimento

(mm)

Largura

(mm)

Espessura

(mm)

Esfericidade

(%S)

BRS Estilo 10,04b ± 0,14 6,82c ± 0,09 4,88ab ± 0,10 69,15b ± 0,82

Pérola 10,59a ± 0,14 7,21a ± 0,10 4,97a ± 0,08 68,37b ± 0,78

BRS Agreste 9,99b ± 0,15 6,78cd ± 0,15 4,46c ± 0,11 67,17c ± 0,50

BRS Pitanga 9,37d ± 0,12 6,14b ± 0,05 5,02a ± 0,06 70,60a ± 0,84

BRS Esteio 9,55cd ±0,09 6,74cd ± 0,12 4,81b ± 0,11 70,85a ± 0,62

IPR Uirapuru 9,65c ± 0,14 6,65d ± 0,07 4,53c ± 0,13 68,62b ± 0,94

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas, não diferem significativamente entre si (p>0,05)

pelo teste Tukey.

Verifica-se que os grãos de feijão apresentam variações desuniformes das suas

dimensões características, como observado por diversos autores, em que para a maioria dos

produtos biológicos que, durante a secagem, contraem-se, irregularmente, nas diversas direções

como observado por diversos pesquisadores (FORTES e OKOS, 1980; KALEEMULLAH e

GUNASEKAR, 2002; CORRÊA et al., 2002). Segundo Santos et al. (2013), em estudo

realizado em grãos de feijão-caupi, verificaram-se que o tamanho e o volume dos grãos

aumentam proporcionalmente ao teor de umidade, visto que quanto mais água maior o tamanho

da semente.

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Os valores apresentados para o critério de esfericidade dos grãos ficaram entre 67,17%

e 70,85%, para BRS Agreste e BRS Esteio, respectivamente. As cultivares BRS Estilo, Pérola

e IPR Uirapuru não diferiram significativamente entre si. Já as cultivares BRS Pitanga e BRS

Esteio apresentaram maiores valores de esfericidade, comparadas com as demais cultivares.

Souza et al. (2012) encontraram resultados similares aos encontrados neste estudo, em que para

a cultivar BRS Estilo, os autores encontraram esfericidade de 67,58 %, também proveniente de

Santo Antônio de Goiás – GO, sendo esse valor considerado 2,27 % abaixo do encontrado no

presente estudo.

Dessa forma, é possível perceber que o consumidor é quem determina a escolha do

tamanho dos grãos, definindo as exigências de mercado. Até meados de 1998, o tamanho de

grão considerado como padrão era o da cultivar 'Carioca' ou 'Carioquinha', que apresentava

tamanho médio de grãos; já após 1998, o tamanho de grão considerado como padrão, passou a

ser a cultivar 'Pérola'. As empresas passaram a aliar as "marcas do produto" ao tipo de grão,

juntamente com a coloração clara de grão, e o consumidor passou a associar grãos maiores a

um melhor rendimento de panela, constituindo-se em maior expansão dos grãos após o

cozimento. No entanto, não é somente o tamanho do grão que determina o sucesso de uma

cultivar, mas também as demais características, como a cor, o tempo de cozimento, a

porcentagem de grãos inteiros após o cozimento, o brilho dos grãos, a produtividade e a

resistência da cultivar a fatores bióticos e abióticos (CARBONELL et al., 2010).

3.2 Cor dos grãos

A cor dos grãos de feijão é um importante parâmetro de qualidade, pois define a

preferência do consumidor, sendo utilizado como índice de qualidade para os alimentos in

natura ou processados e, também, na avaliação de mudanças na qualidade em consequência do

processamento e armazenamento dos produtos (EMBRAPA, 2010; GIESE, 2000).

Características como a cor, o tamanho e o brilho do grão de feijão, podem determinar o seu

consumo. Em alguns casos, há preferência por grãos menores e opacos e, em outros casos, são

desejáveis os grãos maiores que apresentam brilho. A preferência do consumidor norteia a

seleção e obtenção das novas cultivares, exigindo destas não apenas boas características

agronômicas, mas também aspectos de cor que agreguem valor comercial no varejo

(EMBRAPA, 2010).

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Em relação à coloração instrumental dos grãos, observou-se variação nos valores de

luminosidade (L*), cromaticidade a* e b*, onde as cultivares diferiram significativamente entre

si. Da mesma forma, também, houve diferença significativa para os valores de Croma (C*),

Hue (H°) e ∆E, onde os valores encontram-se na Tabela 3.

Tabela 3. Resultados das análises físicas de cor instrumental dos feijões de diferentes grupos

comerciais provenientes de Santo Antônio de Goiás – GO, 2014.

Cultivar Cor Instrumental

L* a* b* Croma C* Hue H°

BRS Estilo 49,60b ± 1,86 9,09b ± 1,25 18,06a ± 1,66 20,23a ± 2,04 0,47bc ± 0,02

Pérola 50,08b ± 0,17 9,01b ± 0,20 18,09a ± 0,36 20,21a ± 0,40 0,46bc ± 0,00

BRS Agreste 55,90a ± 0,75 10,55b ± 0,49 18,80a ± 1,32 21,56a ± 1,39 0,51b ± 0,01

BRS Pitanga 27,73c ± 0,97 15,51ª ± 0,18 5,46b ± 0,79 16,45b ± 0,15 1,23a ± 0,05

BRS Esteio 17,46d ± 0,92 0,20c ± 0,10 0,79c ± 0,54 0,82c ± 0,54 0,30cd ± 0,13

IPR Uirapuru 18,24d ±1,27 0,31c ± 0,21 1,22c ± 0,54 1,26c ± 0,58 0,23d ± 0,06

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas, não diferem significativamente entre si (p>0,05)

pelo teste Tukey.

No presente trabalho, o parâmetro L* dos grãos, das cultivares BRS Agreste, Pérola e

BRS Estilo variou entre 49,60 e 55,90, apresentando maior tendência para grãos de cores mais

claras, e para BRS Pitanga, BRS Uirapuru e BRS Esteio, variou entre 27,73 e 17,46 (mais

escuros). Os valores de L* para os grãos da cultivar BRS Estilo (49,60) obtidos neste trabalho

apresentaram-se próximos aos obtidos por Marquezi (2013) para a mesma cultivar, que foram

de 43,23 e 57,44, quando produzidos em Ponta Grossa, PR e Santo Antônio de Goiás, GO,

respectivamente. Outro estudo, também, realizado com a cultivar BRS Estilo apresentou 53,53

de L*, valor 7,92 % acima do apresentado no presente trabalho (GANASCINI et al., 2014).

Segundo Ribeiro, Storck e Poersch (2008), a luminosidade (L*) na indústria é adotada

como informação importante no momento da classificação de lotes de feijão, e grãos de feijão

do grupo comercial carioca, com luminosidade próximo a 55,00 estão associados a grãos recém-

colhidos e de rápido cozimento, obtendo melhor qualidade. Da mesma forma, segundo os

mesmos autores, em feijões pretos, a claridade desejada é baixa, menor que 22,00, o que

representa um feijão de boa qualidade, sem grãos arroxeados e de bom cozimento. Sendo assim,

os cultivares BRS Estilo, Pérola e BRS Agreste apresentaram resultados de L* muito próximos

a 55,00, o que sugere boa qualidade do grão. Já os grãos do grupo comercial preto (BRS Esteio

e IPR Uirapuru), apresentaram valores bem abaixo de 22,00, confirmando também sua boa

qualidade, em relação à luminosidade (L*).

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Para os valores de cromaticidade a*, as cultivares BRS Esteio e IPR Uirapuru

apresentaram menores valores, com tendência a grãos mais avermelhados, e maiores valores

para BRS Pitanga e BRS Agreste, obtendo grãos mais alaranjados. Os valores obtidos no

presente estudo, ao avaliar o parâmetro a*, para a cultivar BRS Estilo (9,09) encontram-se

próximos aos encontrados por Marquezi (2013), da cultivar BRS Estilo, a qual obteve 11,70,

quando produzido em Ponta Grossa e 10,45, quando produzido em Santo Antônio de Goiás,

que não diferiram entre si. Da mesma forma, Siqueira et al. (2014) obtiveram os valores de

cromaticidade a* de 8,20 e 11,30, para a cultivar BRS Estilo, no início e no final do

armazenamento de cinco meses, respectivamente, bem como Ganascini et al. (2014)

encontraram para cromaticidade a* 6,31, estando este valor 1,44 vezes abaixo do encontrado

no presente trabalho.

Quanto aos valores de cromaticidade b*, as cultivares Pérola, BRS Estilo e BRS Agreste

apresentaram valores semelhantes, com tendência a grãos de cor marrom mais claro, diferindo

das demais, cujos grãos tenderam ao amarelo. A cultivar BRS Esteio apresentou menor valor

para o parâmetro b*, seguido da cultivar IPR Uirapuru e BRS Pitanga. O valor obtido no

presente estudo para a cultivar BRS Estilo foi de 18,06 estando abaixo aos encontrados por

Marquezi (2013), que obteve valores superiores de cromaticidade b* para a cultivar BRS Estilo,

variando de 19,40 a 21,52, quando produzidos em Ponta Grossa, PR e Santo Antônio de Goiás,

GO, respectivamente, e acima do encontrado por Ganascini et al. (2014), que foi de 11,05 para

a mesma cultivar.

O atributo de cor Croma (C*) das cultivares Pérola, BRS Estilo e BRS Agreste não

diferiram significativamente entre si, variando entre 20,21 e 21,56. Já as demais cultivares

apresentaram diferença estatística, onde as cultivares do grupo comercial preto apresentaram

os menores valores, entre 0,82 e 1,26, estando, aproximadamente, 95% abaixo dos apresentados

pelas cultivares de maior valor. A cultivar BRS Pitanga foi a única que apresentou valores

intermediários, comparados com as demais. Ganascini et al. (2014) encontraram valores de

Croma (C*) entre 12,34 e 12,89 para feijões do grupo comercial carioca, em que para a cultivar

BRS Estilo, os autores obtiveram 12,89 C*, estando 36,28% menor do que o apresentado no

presente trabalho (20,23 C*) para a mesma cultivar.

Para os atributos de ângulo de coloração (Hue°), os valores variaram entre 0,23 e 1,23

Hº, apresentando diferença estatística entre as amostras. As cultivares do grupo comercial

carioca apresentaram valores próximos, não havendo diferença estatística entre elas. A cultivar

BRS Pitanga foi a que apresentou maior valor para este atributo. Segundo Ganascini et al.

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(2014), valores de Hue (H°) entre 19,76 e 34,16 foram verificados para feijões do grupo

comercial carioca, onde para a cultivar BRS Estilo, os autores encontraram 30,97 Hº, estando

98,5 % maior do que o apresentado no presente trabalho (0,47 Hº) para a mesma cultivar. Dessa

forma, os valores apresentados para o atributo de ângulo de coloração foram baixos, quando

comparados com outros trabalhos realizados com o mesmo produto.

3.3 Densidade, pH e acidez total titulável

A densidade é uma propriedade física que, quando relacionada ao feijão, pode indicar a

capacidade de hidratação do grão. Uma maior densidade indica menor capacidade de hidratação

dos grãos, o que pode levar a uma menor maciez do feijão (COELHO et al., 2007). As

densidades apresentadas pelas cultivares não diferiram significativamente entre si,

apresentando-se todas com o mesmo valor, com exceção das cultivares Pérola e BRS Estilo, as

quais apresentaram densidade 0,95% menor que as demais cultivares (Tabela 4).

Dessa forma, a densidade dos feijões utilizados no presente trabalho está de acordo com

resultados encontrados pelos autores Silva; Rocha; Canniatti-Brazaca (2009) e Lanaro et al.

(2011), que determinaram a densidade de diferentes variedades de feijão, obtendo valores de

1,11 a 1,19 g.mL-1 , e de 1,05 a 1,19 g.mL-1, todos bem próximos aos determinados neste estudo.

Segundo Xavier (2013), em estudo realizado com três cultivares de feijão, a cultivar Jalo do

grupo especial, apresentaram 1,12 g.mL-1, Cavalo (carioca) 1,20 g.mL-1 e Uirapuru (preto) 1,09

g.mL-1, respectivamente. Já Coelho et al. (2007) obtiveram valores superiores (1,24 a 1,27

g.mL-1) para algumas variedades de feijão, valores estes que podem comprometer a qualidade

do produto, podendo apresentar menor capacidade de hidratação dos grãos.

Tabela 4. Resultados das análises físicas de densidade, pH e acidez total titulável dos feijões

de diferentes grupos comerciais provenientes de Santo Antônio de Goiás – GO, 2014.

Cultivar Densidade (g/mL) pH da farinha Acidez Total Titulável (g.100g-1)

BRS Estilo 1,25b ± 0,01 6,21a ± 0,03 11,55c ± 0,23

Pérola 1,25b ± 0,00 6,15ab ± 0,03 13,26b ± 0,13

BRS Agreste 1,31a ± 0,00 6,06bc ± 0,17 12,20c ± 0,77

BRS Pitanga 1,31a ± 0,01 5,97cd ± 0,11 14,30a ± 0,93

BRS Esteio 1,31a ± 0,01 6,03bc ± 0,13 13,24b ± 0,86

IPR Uirapuru 1,31a ± 0,00 5,84d ± 0,02 13,75ab ± 0,37

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas, não diferem significativamente entre si (p>0,05)

pelo teste Tukey.

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O pH determinado nas farinhas de feijão manteve-se próximo ao pH neutro, com

exceção da cultivar IPR Uirapuru, a qual apresentou menor valor de pH (Tabela 4). Houve

diferença significativa entre as farinhas de feijão, onde a cultivar BRS Estilo apresentou maior

valor de pH, quando comparada com as demais. As cultivares IPR Uirapuru e BRS Pitanga

foram as que apresentaram menores valores de pH, estando 5,95 % e 3,86% abaixo, quando

comparadas com a BRS Estilo, de maior valor. BRS Agreste e BRS Esteio não diferiram

significativamente entre si (p>0,05).

Valores similares foram encontrados por Xavier (2013), onde em seu estudo a autora

avaliou a cultivar IPR Uirapuru e encontrou valores de pH 6,58 e 6,92 em grãos de feijão e em

farinhas de feijão, respectivamente. Em estudo realizado com feijão comum preto, proveniente

da região de Mafra – Santa Catarina, Ribeiro, Prudencio-Ferreira e Miyagui (2005), verificaram

pH de 6,47 para o feijão comum preto, onde segundo eles, pH próximo a 6,4 favorece a

desnaturação proteica e a degradação, eliminação e dissolução da pectina durante o cozimento.

Como consequência, ocorre a separação das células, e os grânulos de amido são gelatinizados,

tornando os grãos de feijão mais macios. No entanto, se o grão de feijão for envelhecido ou

armazenado inadequadamente, o pH torna-se ácido, próximo de 5,5, as proteínas são

desnaturadas ainda durante a estocagem, e durante o cozimento ocorre a coagulação,

restringindo a gelatinização do amido e tornando os grãos endurecidos (RIBEIRO,

PRUDENCIO-FERREIRA; MIYAGUI, 2005).

As farinhas de feijão apresentaram teores de acidez variando de 11,55 a 14,30 g.100g-1,

onde os valores encontram-se na Tabela 4. Os teores de acidez apresentados pelas cultivares

diferiram estatisticamente, com exceção das cultivares Pérola e BRS Esteio, as quais

apresentaram acidez 7,3 % menores que a apresentada para a cultivar BRS Pitanga, de maior

valor. A cultivar BRS Estilo apresentou menor valor de acidez, no entanto, quando se compara

com os valores de pH, esta cultivar apresenta maiores valores de pH. Segundo Xavier (2013),

a acidez total titulável para a farinha de feijão Uirapuru foi maior (8,76 g.100g-1) em relação a

farinha de feijão Jalo (7,45 g.100g-1) e Cavalo (7,38 g.100g-1). A acidez e o pH são fatores

inversamente proporcionais, e esta diferença foi significativa, em que o autor pode verificar

isso ao avaliar o pH desta farinha, encontrando menores valores (6,92 g.100g-1).

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3.4 Umidade e atividade de água (Aw)

Os valores encontrados para as análises de umidade e atividade de água das farinhas

estão apresentados na Tabela 5.

Tabela 5. Resultados das análises físicas de umidade e atividade de água (Aw) das farinhas dos

feijões de diferentes grupos comerciais provenientes de Santo Antônio de Goiás – GO, 2014.

Cultivar Umidade da farinha (%) Aw da farinha

BRS Estilo 7,15ab ± 0,41 0,43bc ± 0,01

Pérola 6,99abc ± 0,21 0,44abc ± 0,00

BRS Agreste 6,91abc ± 0,22 0,45ab ± 0,03

BRS Pitanga 7,34ª ± 0,16 0,42c ± 0,01

BRS Esteio 6,88ac ± 0,44 0,46a ± 0,04

IPR Uirapuru 6,58c ± 0,41 0,44abc ± 0,01

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas, não diferem significativamente entre si (p>0,05)

pelo teste Tukey; Aw – Atividade de água.

As cultivares BRS Pitanga e BRS Estilo apresentaram grãos 4,3% mais úmidos que os

demais, com exceção da IPR Uirapuru, de menor umidade (6,5%). Houve diferença

significativa entre as farinhas de feijão para o atributo de umidade, onde os teores variaram de

6,58 a 7,34%. Todas as cultivares apresentaram teores de umidade abaixo de 15%, valor

máximo preconizado pela legislação para farinhas, o que é favorável ao aumento da estabilidade

ao longo do armazenamento (BRASIL, 2005).

Marquezi (2013) que avaliou o teor de umidade de diversas cultivares de feijão, para as

cultivares BRS Pitanga, BRS Estilo e Pérola, também avaliados no presente estudo, encontrou

11,88, 10,46 e 11,43% em farinhas de feijão, respectivamente, de umidade para as cultivares

provenientes de Ponta Grossa – PR. Já para as cultivares provenientes de Santo Antônio de

Goiás – GO, Marquezi et al. (2016) encontrou 8,60, 10,53 e 9,65%, respectivamente, de

umidade para as cultivares BRS Pitanga, BRS Estilo e Pérola. Conforme dados referentes à

Tabela de Composição de Alimentos – TACO, avaliados em diversos grupos comerciais, os

valores encontrados foram 14%, 14,9%, 15% e 12,6% para feijão carioca, feijão preto, feijão

rajado e feijão roxo, respectivamente (NEPA, 2011). Esses valores, quando comparado com os

encontrados neste estudo para o grupo comercial carioca, são considerados altos, tendo em vista

que os encontrados ficaram entre 6,99 e 7,15%.

Para as diferentes cultivares de feijão foram obtidos valores próximos de atividade de

água. Os valores referentes aos teores de atividade de água dos grãos, para os diferentes grupos

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comerciais, estão apresentados na Tabela 5. Os teores de água resultaram em atividade de água

entre 0,45 a 0,41, havendo diferença estatística entre as cultivares. A cultivar que apresentou

maior valor de atividade de água foi a BRS Esteio, sendo 8,7 % maior quando comparada com

a cultivar BRS Pitanga. Valores semelhantes foram encontrados por Xavier (2013), onde a

autora encontrou para a cultivar IPR Uirapuru valores de atividade de água de 0,542 e 0,527

para feijões e farinha de feijão, respectivamente, provenientes de Pato Branco – PR.

Segundo Kowalski et al. (2001), a proliferação microbiana inicia-se em valores a partir

de 0,650 e valores maiores que 0,780 representam um ambiente propício ao desenvolvimento

de fungos. Sendo assim, todas as cultivares de feijão analisadas demonstraram valores abaixo

do risco de desenvolvimento de microrganismos deste tipo.

Alguns fatores que podem ter auxiliado no controle dos teores de atividade de água é a

temperatura, visto que os feijões foram armazenados em local seco e fresco e sob temperatura

ambiente (25 ºC), além da temperatura e/ ou tempo de secagem utilizados para a obtenção das

farinhas de feijão. Segundo Rigueira, Lacerda Filho e Volk (2009), a temperatura de

armazenamento do feijão é um fator essencial para garantir a sua qualidade, pois ela controla a

taxa de Aw, sendo que em temperaturas baixas, a atividade metabólica do produto diminui,

mesmo que a umidade seja grande, o que inibe o crescimento de microrganismos e de inseto-

praga.

3.5 Granulometria

Segundo Zanotto e Bellaver (1996), a granulometria é um procedimento utilizado para

caracterizar o tamanho das partículas que consiste no peneiramento de uma amostra do

ingrediente, gerando informações que possibilitem as determinações do Módulo de Finura

(MF), do Índice de Uniformidade (IU) e do Diâmetro Geométrico Médio (DGM) das partículas.

Assim, após realização das análises de granulometria, os resultados encontrados constam da

Tabela 6.

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Tabela 6. Granulometria das farinhas de feijão de diferentes grupos comerciais provenientes

de Santo Antônio de Goiás – GO, 2014.

Cultivar Peso Retido (%)

>20 20-28 28-48 48-100 100-150

BRS Estilo 0,47bc ± 0,06 0,58c ± 0,10 31,34c ± 4,94 38,10ab ± 4,31 23,92a ± 3,27

Pérola 0,44c ± 0,13 0,63bc ± 0,24 27,83cd ± 7,10 37,38ab ± 4,05 22,93a ± 2,92

BRS Agreste 0,65ab ± 0,09 1,07ab ± 0,47 23,95cd ± 2,84 34,24bc ± 5,14 21,75a ± 4,17

BRS Pitanga 0,86a ± 0,30 1,32a ± 0,51 22,60d ± 1,77 30,97c ± 3,36 23,80a ± 4,05

BRS Esteio 0,51bc ± 0,09 0,59c ± 0,12 57,32a ± 4,30 37,41ab ± 3,39 3,54c ± 2,30

IPR Uirapuru 0,64bc ± 0,09 0,79bc ± 0,27 41,89b ± 10,86 39,99a ± 2,22 12,16b ± 6,86

Cultivar Peso Retido (%)

MF DGM IU

150-200 <200 G M F

BRS Estilo 5,12cd ± 5,96 0,66bc ± 1,08 2,98bc ± 0,20 0,29bc ± 0,02 0 3 7

Pérola 9,24bc ± 5,84 1,60abc ± 1,60 2,84cd ± 0,24 0,28cd ± 0,02 0 3 7

BRS Agreste 13,91ab ± 5,97 4,48a ± 5,00 2,65d ± 0,25 0,26d ± 0,02 0 2 7

BRS Pitanga 16,64a ± 4,70 3,84ab ± 3,11 2,59d ± 0,15 0,26d ± 0,01 0 2 8

BRS Esteio 0,54d ± 0,35 0,24c ± 0,11 3,55a ± 0,06 0,36a ± 0,01 0 6 4

IPR Uirapuru 4,40cd ± 2,26 0,62bc ± 0,27 3,24b ± 0,22 0,32b ± 0,03 0 4 6

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas, não diferem significativamente entre si (p>0,05)

pelo teste Tukey. MF – Módulo de finura; DGM – Diâmetro geométrico médio das partículas;

IU – Índice de uniformidade; G – Grosso; M – Médio; F – Fino.

Conforme a classificação granulométrica, em relação a todas as cultivares avaliadas, as

peneiras que obtiveram maior percentual de peso retido de partículas das farinhas de feijão

foram as peneiras com abertura de malhas de 50 mesh, 100 mesh e 150 mesh correspondendo

às aberturas de malhas de 0,30 mm, 0,15 mm e de 0,104 mm, respectivamente. Com base nessas

peneiras de maior percentual de retenção, essa classificação correspondeu a 98,7% para a

cultivar BRS Esteio e 94,04% para a IPR Uirapuru, 93,36% para a BRS Estilo, 88,14% para a

Pérola, 79,94% para a BRS Agreste e 77,37% para a BRS Pitanga. O percentual de retenção

apresentou diferença estatística entre as farinhas, onde a peneira com abertura de malha de 20

mesh, correspondendo à abertura de malha de 0,833 mm, apresentou a menor retenção de

farinhas.

Xavier (2013) avaliou a granulometria de três farinhas de feijão, onde apresentaram o

maior percentual de retenção de suas partículas nas peneiras de aberturas entre 0,25 a 1,00 mm.

A farinha de feijão de grãos da cultivar BRS Uirapuru apresentou maior uniformidade, ficando

70 % retida na peneira de 0,25 a 1,00 mm. Froes (2012) determinou a granulometria de farinha

de feijão e encontrou o maior percentual de partículas retidas no mesmo tamanho do encontrado

no presente estudo. Bassinello et al. (2012) desenvolveram farinhas de arroz e de feijão, sendo

que para a farinha de feijão encontraram o mesmo resultado, a maior parte das partículas

ficaram retidas nas bandejas de 0,25 a 1,00 mm.

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A característica granulométrica da matéria-prima processada constitui aspecto

importante na formulação de massas alimentícias e produtos de panificação, pois uma

distribuição adequada de partículas permite maior uniformidade do produto final. Uma maior

uniformidade da granulometria permite a elaboração de um produto final de melhor qualidade

sensorial, principalmente, textura, sabor e aspecto visual, pois o alimento absorve água de forma

homogênea, resultando no cozimento uniforme da massa (CANELLA-RAWLS, 2006; SILVA

et al., 2009).

Em relação ao módulo de finura, as cultivares apresentaram valores que variaram de

2,59 a 3,55. Esses valores apresentaram diferença estatística, com exceção das cultivares BRS

Agreste e BRS Pitanga, que apresentaram valores bem próximos. Quando comparado com os

valores encontrados por Froes (2012), para farinha de feijão, a autora encontrou 2,73 de módulo

de finura. Este valor está dentro do encontrado no presente estudo, estando apenas 23,1% abaixo

do valor encontrado para a cultivar BRS Esteio, de maior valor. Já o diâmetro geométrico médio

das partículas ficou entre 0,26 a 0,36, apresentando diferença estatística entre as cultivares

avaliadas. Da mesma forma, Froes (2012) encontrou o valor de 0,69 para o diâmetro geométrico

médio das partículas, para farinha de feijão. Segundo Pyler (1988), farinha que apresenta

granulometria extremamente fina necessariamente não significa qualidade, pois altos

percentuais de partículas finas podem prejudicar a estrutura interna de produtos panificáveis,

que poderão apresentar alta umidade e gomosidade.

O índice de uniformidade encontrado para as farinhas apresentou maior número de

partículas finas, estando, segundo classificação de Zanotto e Bellaver (1996), menor que 0,60

mm. Essa mesma característica foi encontrada por Froes (2012), onde a autora encontrou para

farinha de feijão o índice 8 para partículas finas.

Essa uniformidade das partículas pela granulometria, além de apresentar variação entre

os genótipos, visto que cada genótipo apresenta características específicas provenientes do seu

cultivo e diferença genética, também, está relacionada com a uniformidade das mesmas, pois

esta se baseia no princípio da difusividade da água, segundo o qual as partículas de menor

tamanho serão as que mais rapidamente absorverão água, quando comparadas com as demais.

Assim, caso o tamanho das partículas da matéria-prima variar de forma significativa, o produto

final poderá conter partículas indesejáveis com diferentes graus de cocção, resultando na

diminuição da qualidade, tanto na aparência quanto na palatabilidade do produto final

(CARVALHO et al., 2012). Da mesma forma, a falta de uniformidade no tamanho das

partículas de uma farinha pode afetar consideravelmente a textura e a aparência de uma

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formulação alimentícia. Se a farinha é uniforme, o alimento absorve água uniformemente e o

cozimento da massa também é uniforme. Portanto, é desejável que as partículas de uma farinha

tenham a maior uniformidade possível (CARVALHO et al., 2012; FROES, 2012).

3.6 Cor da Farinha

Segundo Huchtings (1997), a aparência de um alimento concorre, grandemente, para

sua aceitabilidade, razão pela qual a cor é uma das propriedades sensoriais mais importantes

dos alimentos, tanto naturais quanto processados, e muitas vezes, a cor e o sabor estão

diretamente relacionados. Conforme a Figura 4, é possível observar, visualmente, a diferença

na coloração das farinhas de feijão.

Figura 4. Farinha de feijão dos grupos comerciais carioca (BRS Estilo e Pérola), preto (BRS

Esteio e IPR Uirapuru) e especial (BRS Agreste e BRS Pitanga) que foram utilizados no

presente estudo, e cultivados na Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás – GO, 2014.

Observou-se que as farinhas das cultivares BRS Estilo, Pérola e BRS Agreste

apresentaram-se na cor bege claro; a cultivar BRS Pitanga apresentaram-se na cor bege com

pontos rosa claro, proveniente de seu tegumento na cor lilás/rosa, e para as cultivares BRS

Esteio e IPR Uirapuru apresentaram-se na cor cinza claro com pontos preto, provenientes de

seu tegumento na cor preta. Sendo assim, os parâmetros relacionados à coloração instrumental

das farinhas de feijão estão apresentados na Tabela 7.

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Tabela 7. Cor instrumental das farinhas de feijão de diferentes grupos comerciais provenientes

de Santo Antônio de Goiás – GO, 2014.

Cultivar Cor Instrumental

L* a* b* Croma C* Hue H°

BRS Estilo 85,54a ± 1,37 1,37b ± 0,05 7,98b ± 0,30 8,09b ± 0,32 0,17bc ± 0,01

Pérola 85,69a ± 1,18 1,18b ± 0,06 8,20b ± 0,26 8,28b ± 0,19 0,14c ± 0,00

BRS Agreste 85,44a ± 2,16 2,16a ± 0,09 9,11a ± 0,30 9,36a ± 0,17 0,23a ± 0,00

BRS Pitanga 83,69b ± 1,35 1,35b ± 0,13 7,26c ± 0,51 7,38c ± 0,17 0,18b ± 0,01

BRS Esteio 78,57d ± 0,59 0,59c ± 0,03 5,76d ± 0,63 5,79d ± 0,17 0,10d ± 0,01

IPR Uirapuru 80,22c ± 0,43 0,43c ± 0,04 5,44d ± 0,58 5,46d ± 0,09 0,08d ± 0,01

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas, não diferem significativamente entre si (p>0,05)

pelo teste Tukey.

Em relação à coloração instrumental das farinhas, observou-se variação nos valores de

luminosidade (L*) de 78,57 a 85,69, onde as cultivares diferiram significativamente entre si,

com exceção das cultivares BRS Estilo, Pérola e BRS Agreste, as quais apresentaram maiores

valores de luminosidade (L*), apresentando farinhas com tonalidades mais claras, comparadas

com as demais cultivares. A cultivar BRS Esteio apresentou menor valor para luminosidade,

onde sua farinha apresentou tonalidade mais escura.

Valores similares de luminosidade L* foram encontrados por Xavier (2013) em farinhas

de feijão, onde a autora encontrou para três cultivares (Jalo, Cavalo e Uirapuru) luminosidade

L* variando de 71,01 a 75,83, indicando apresentar tonalidades mais claras. A farinha de feijão

Cavalo (71,01) demonstrou diferença estatística, sugerindo apresentar coloração levemente

mais escura que a farinha de feijão Jalo (74,00) e a farinha de feijão Uirapuru (75,83). Quando

comparadas aos grãos de feijão, as três farinhas demonstraram diferença estatística. Segundo a

autora, este fato é devido a coloração do tegumento dos grãos que quando moídos, estes, por

ter pouca quantidade nos grãos, quando comparado com a quantidade de cotilédone, não

apresenta tanta influência na medida de coloração.

Siddiq et al. (2010) encontraram para o parâmetro L* o valor de 50,47 analisando farinha

de feijão, no entanto, estes valores estão abaixo dos encontrados neste estudo. Já segundo

Gomes et al. (2015), o valor de luminosidade L* para farinha de feijão crua foi de 84,61, maior

que o encontrado para farinha de feijão extrusada (80,58), indicando uma redução na

luminosidade a partir do processo de extrusão. Quando se compara a farinha de feijão à farinha

de trigo, os valores de L* deste estudo são inferiores ao constatado por Ortolan (2006) (94,9 a

97,5).

Para os valores de cromaticidade a*, as farinhas de feijão das cultivares BRS Estilo,

Pérola e BRS Pitanga não apresentaram diferença estatística entre si. Para cromaticidade a*, a

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cultivar BRS Agreste apresentou maiores valores, com tendência a farinhas mais avermelhadas,

e as cultivares BRS Esteio e IPR Uirapuru menores valores, com tendência a farinhas mais

esverdeadas.

De acordo com os valores obtidos no presente estudo, o parâmetro de cromaticidade a*

aproxima-se daqueles encontrados por Gomes et al. (2015) para farinha de feijão crua (1,27) e

maiores valores de a* para farinha de feijão extrusada (2,19). Por outro lado, Xavier (2013)

encontrou valores abaixo dos encontrados no presente trabalho, para farinhas de três cultivares

de feijão, obtendo -3,06 (Uirapuru) e -0,46 (Jalo) de cromaticidade a*, indicando farinhas com

tendência mais esverdeadas e 0,47 (Cavalo), farinhas com tendência mais avermelhadas.

Quanto aos valores de cromaticidade b*, quando comparados com as demais cultivares,

a farinha de feijão da cultivar BRS Agreste apresentou maiores valores, com tendência a

farinhas mais amareladas. As cultivares BRS Estilo e Pérola não diferiram significativamente

entre si, apresentando valores 12,4 e 9,98 %, respectivamente, abaixo do apresentado pela

cultivar BRS Agreste. Por outro lado, as cultivares do grupo comercial preto (BRS Esteio e IPR

Uirapuru) apresentaram os menores valores para o parâmetro de cor b*, com tendência a

farinhas mais azuladas. Segundo Gomes et al. (2015), o valor de cromaticidade b* para farinha

de feijão crua foi de 8,09, menor do que o encontrado para farinha de feijão extrusada (10,64),

no mesmo trabalho, e maior do que o encontrado no presente estudo.

Quando se compara a farinha de feijão à farinha de trigo, os valores encontrados neste

estudo, para cromaticidade b* estão dentro dos valores constatados por Ortolan (2006), que

ficaram entre 1,6 a 7,7, indicando ser uma farinha mais escura. Segundo o mesmo autor, quanto

mais escura a farinha, melhor sua qualidade nutricional, podendo ser consequência da menor

perda de nutrientes durante o processo de beneficiamento, ou mesmo pela maior presença de

pigmentos, como os carotenoides, no caso da farinha de trigo.

As farinhas de feijão das cultivares do grupo comercial preto, BRS Esteio e IPR

Uirapuru, apresentaram valores de Croma (C*) 11,53 e 13,56 % abaixo do apresentado pela

BRS Agreste, cultivar de maior valor. Esta cultivar apresentou diferença estatística, quando

comparada com as demais cultivares, representando tom de cor mais perceptível ao olho

humano. Valores intermediários foram encontrados pelas cultivares do grupo comercial

carioca, Pérola e BRS Estilo, onde estas não diferiram significativamente entre si. Froes (2012)

avaliou valores de croma (C*) em farinhas de feijão crua (8,20) e farinhas de feijão extrusada

(10,64), onde os valores para farinha de feijão extrusada não apresentaram diferença

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significativa quando comparados com os valores encontrados, pelos mesmos autores, para

farinha de trigo (10,51).

Para os atributos de ângulo de coloração (Hue°), os valores variaram entre 0,08 e 0,23

Hº, apresentando diferença estatística entre as amostras. As cultivares do grupo comercial preto

apresentaram os menores valores quando comparados com as demais cultivares, não havendo

diferença estatística entre elas. A cultivar BRS Agreste foi a que apresentou maior valor para

este atributo. Froes (2012) avaliou o ângulo de coloração (Hue°) em farinhas de feijão crua

(1.42) e farinhas de feijão extrusada (1,37). Segundo a autora, os valores encontrados para

ângulo de coloração (Hue°), para essas farinhas, apresentaram-se estatisticamente diferentes

quando comparados com os valores encontrados, pelo mesmo autor, para farinha de trigo (1,50).

Dessa forma, os valores encontrados na literatura estão acima dos encontrados para as farinhas

de feijão avaliadas neste estudo, possuindo pouca diferença em sua coloração, em relação à cor

cinza.

3.7 Índice de absorção e solubilidade em água, e capacidade de retenção de óleo

A capacidade de absorção e solubilidade em água e absorção de óleo nas farinhas de

feijão de diferentes grupos comerciais foram estudadas, e os resultados encontrados estão

apresentados na Tabela 8.

Tabela 8. Valores de absorção e solubilidade em água, e absorção de óleo das farinhas de feijão

de diferentes grupos comerciais provenientes de Santo Antônio de Goiás – GO, 2014.

Cultivar Absorção de água

(ml/g)

Solubilidade em água

(%)

Absorção de óleo

(%)

BRS Estilo 2,96de ± 0,05 32,54b ± 0,47 54,43c ± 3,37

Pérola 2,93e ± 0,07 32,54b ± 0,75 58,84bc ± 2,59

BRS Agreste 3,28c ± 0,10 31,90b ± 0,58 62,45a ± 2,45

BRS Pitanga 3,11d ± 0,17 34,82a ± 1,01 56,19c ± 0,75

BRS Esteio 3,45b ± 0,04 26,40c ± 0,70 64,44ab ± 3,13

IPR Uirapuru 3,93a ± 0,03 27,12c ± 0,16 62,98ab ± 2,03

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas, não diferem significativamente entre si (p>0,05)

pelo teste Tukey.

A capacidade de absorção de água das farinhas de feijão variou de 2,93 a 3,93 ml/g.

Todas as cultivares apresentaram diferença estatística, no entanto, as cultivares Pérola e BRS

Estilo não diferiram estatisticamente entre si, apresentando valores bem próximos. A farinha da

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cultivar IPR Uirapuru apresentou maiores valores de absorção de água. Marquezi (2013)

avaliou a absorção de água nas farinhas de feijão das cultivares BRS Pitanga (123,36 %), BRS

Estilo (131,60 %) e Pérola (138,0 %) provenientes de Ponta Grossa – PR e das cultivares BRS

Pitanga (143,46 %), BRS Estilo (145,83 %) e Pérola (170,06 %) provenientes de Santo Antônio

de Goiás – GO. Siddiq et al. (2010) relataram que a absorção de água em farinhas de diferentes

cultivares de feijão variou de 223 a 265 %. Os resultados encontrados por esses autores foram

maiores do que os apresentados na Tabela 8, no entanto, sabe-se que esses valores podem variar

de acordo com a cultivar e o local de plantio.

Segundo Sathe (2002), a capacidade de absorção de água é importante para

características de certos produtos, tais como a umidade, a retrogradação do amido e o

subsequente endurecimento do produto. Essa absorção de água pode depender do conteúdo de

proteínas e do conteúdo de fibras da amostra. A proteína intacta absorve o equivalente a seu

peso em água, e quando desnaturada, pode absorver maiores quantidades de água devido à

alteração do balanço hidrofílico-hidrofóbico. Já as fibras, possuem grande capacidade de união

com a água e podem ser responsáveis pela absorção de água em até um terço do peso da amostra

(ALONSO et al., 2000; SOUZA, 2011).

Batista (2014) avaliou a absorção de água em feijões comum e caupi endurecidos, e

encontrou 4,22 e 3,56 g.g-1. Esses valores são maiores do que os encontrados no presente

trabalho, evidenciando que o processo de endurecimento dos grãos pode influenciar na absorção

de água. Dzudie, Scher e Hardy (2002), avaliando o efeito da adição da farinha de feijão em

salsichas de carne, observaram que, quanto maior era adição da farinha de feijão às salsichas,

maior era a capacidade que elas tinham de reter água quando comparadas ao controle. Além

disso, houve aumento do rendimento das salsichas cozidas devido à diminuição da perda de

sólidos pelo cozimento.

A alta capacidade de absorção de água é desejável para o preparo de sopas, mingaus e

pudins instantâneos, produtos cárneos, pães e bolos, para os quais valores altos de absorção de

água são importantes para ajudar a manter umidade destes, permitindo a adição de mais água à

massa, melhorando suas características de manuseio (BECKER, 2010; WANG et al., 2006).

Segundo Lopes (2010), a solubilidade de um produto depende da sua constituição

química e das interações entre os seus constituintes e a água, dependendo em grande parte das

proteínas e amido. A solubilidade das proteínas é determinada por três fatores principais: grau

de hidratação, densidade e destruição de cargas ao longo da cadeia e presença de substâncias

não protéicas como fosfatos, carboidratos e lipídeos, que podem apresentar efeito estabilizante

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(ARAÚJO, 2011). A solubilidade de uma proteína em água é afetada pelo número de interações

proteína-proteína e proteína-água existentes, pois as interações hidrofóbicas resultam na

diminuição da solubilidade, enquanto que as interações iônicas e polares permitem interações

das proteínas com as moléculas de água e, consequentemente, aumentam a solubilidade destas

moléculas. Já para o amido, a solubilidade varia conforme a razão amilose/amilopectina, sendo

que quanto maior o teor de amilose, maior a solubilidade (BORBA; SARMENTO e LEONEL,

2005).

Nas farinhas, a solubilidade em várias faixas de pH pode servir como um indicador do

seu comportamento quando forem aplicadas em sistemas alimentícios e também da magnitude

da desnaturação da proteína devido ao tratamento térmico ou químico (OKEZIE e BELLO,

1988). Neste estudo, as farinhas de feijão apresentaram solubilidade entre 26,40 % para a

cultivar BRS Esteio, de menor valor, e 34,82 % para a cultivar BRS Pitanga, de maior valor

(Tabela 8). As cultivares com valores intermediários, BRS Estilo, Pérola e BRS Agreste, não

diferiram estatisticamente entre si, apresentando-se com valores próximos. Gomes et al. (2015)

avaliaram a solubilidade em farinha de feijão cru, e encontraram 37,46 % de solubilidade, cujo

valor está de acordo com o relatado por Lopes (2010), em que o autor encontrou 33% de

solubilidade em água para farinha de feijão crua.

Em relação à capacidade de absorção de óleo nas farinhas de feijão, estas apresentaram

altos teores de absorção, onde seus valores variaram entre 54,43 e 64,44 %. Maiores valores de

absorção de óleo foram encontrados por Marquezi (2013), onde a autora encontrou valores entre

86,38 e 98,24 para cultivares provenientes de Ponta Grossa – PR e valores entre 84,72 e 97,92

% para cultivares provenientes de Santo Antônio de Goiás – GO.

Sathe e Salunkhe (1981) encontraram 1,55 g.g-1 de absorção de óleo em farinha de feijão

cru, do grupo comercial carioca, e 1,26 g.g-1 de absorção de óleo em feijões processados por

extrusão. Batista (2014) encontrou 5,63 g.g-1 de absorção de óleo para feijão comum e 5,72 g.g-

1 para feijões caupi endurecidos. Segundo Sathe (2002), a capacidade de absorção de óleo de

farinhas é importante para o desenvolvimento de novos produtos fritos, bem como sua

estabilidade durante o armazenamento. Siddiq et al. (2010) relataram que a capacidade de

absorção de óleo em farinhas de diferentes cultivares de feijão variou de 123 a 152 %. Os

resultados encontrados por esses autores foram maiores do que os apresentados na Tabela 8,

sendo que esses valores podem variar de acordo com a cultivar e o local de plantio.

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3.8 Propriedades espumantes

A capacidade de formação de espuma, bem como a estabilidade das farinhas de feijão

nos diferentes pHs, constam na Tabela 9.

Tabela 9. Valores da capacidade de formação e estabilidade da espuma nos pHs 2,5; 5,6 e 8,0

das farinhas de feijão de diferentes grupos comerciais provenientes de Santo Antônio de Goiás

– GO, 2014.

Cultivar Capacidade de formação de espuma (%)

pH 2,5 pH 5,6 pH 8,0

BRS Estilo 36,67b ± 1,53 26,67bc ± 0,58 27,00c ± 1,73

Pérola 36,00b ± 2,00 28,00bc ± 3,46 25,00c ± 1,00

BRS Agreste 53,33a ± 5,77 30,33ab ± 2,08 30,67b ± 0,58

BRS Pitanga 41,67b ± 5,51 35,00a ± 1,73 33,33ab ± 1,53

BRS Esteio 26,67c ± 2,08 26,00bc ± 3,61 33,67a ± 1,15

IPR Uirapuru 37,67b ± 2,08 25,00c ± 1,73 33,33ab ± 1,53

Cultivar Estabilidade da espuma (%)

pH 2,5 pH 5,6 pH 8,0

BRS Estilo 71,33ab ± 3,25 94,96a ± 2,06 94,02ab ± 3,69

Pérola 69,50b ± 3,40 93,11a ± 2,99 96,05a ± 0,19

BRS Agreste 64,56b ± 7,68 92,57a ± 6,67 91,38ab ± 1,88

BRS Pitanga 67,64b ± 6,18 93,27a ± 4,71 96,01a ± 1,81

BRS Esteio 78,78a ± 1,66 92,06a ± 10,35 90,12ab ± 1,97

IPR Uirapuru 78,71a ± 1,15 96,03a ± 3,87 89,00b ± 1,81

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas, não diferem significativamente entre si (p>0,05)

pelo teste Tukey.

Observou-se que houve maior percentual de formação de espuma para as cultivares BRS

Agreste, BRS Pitanga e IPR Uirapuru, quando a espuma foi formada em pH 2,5. Neste mesmo

pH, as cultivares BRS Estilo, Pérola, BRS Pitanga e IPR Uirapuru não apresentaram diferença

estatística, apresentando valores altos, quando comparados com os encontrados para as espumas

formadas em pH 5,6 e 8,0. Quando o valor do pH esteve próximo ao valor do ponto isoelétrico

de suas proteínas, em pH 5,6, houve maior formação de espuma para as cultivares BRS Pitanga

e BRS Agreste, no entanto, estas cultivares apresentaram maior percentual para o pH 2,5. Já

para a cultivar BRS Esteio, a formação de espuma foi maior em pH 8,0 e menor em pH 5,6.

Marquezi (2013), avaliando a formação de espuma em farinhas de feijão, provenientes de Ponta

Grossa – PR, encontrou maior formação de espuma para as cultivares BRS Estilo e Pérola em

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pH 8,0, já a cultivar BRS Pitanga, apresentou maior em pH 5,6, proveniente de Santo Antônio

de Goiás - GO.

Segundo Marquezi (2013), uma diminuição nas forças hidrofóbicas atrativas entre as

moléculas de proteína ocorre nas regiões de pH na faixa ácido e alcalino, onde as moléculas de

proteínas tornam-se positivamente e negativamente carregadas, respectivamente. Estas cargas

de mesmo sinal levam a repulsão, o que facilita a flexibilidade das moléculas de proteína e,

com isso, faz com que se difundam mais rapidamente para a interface ar-água para encapsular

partículas de ar, levando a formação de espuma (CHAU e CHEUNG, 1998).

Gomes et al. (2006) avaliaram a capacidade de formação de espuma em farinha de

feijão, do grupo comercial carioca utilizando cinco tratamentos, sendo um controle (farinha de

feijão crua). Os autores verificaram que as farinhas de feijão utilizadas no estudo apresentaram

baixo índice de capacidade de formação de espuma, já a farinha de feijão crua, utilizada como

controle, apresentou, aproximadamente, 9,8 % de capacidade de formação de espuma. Segundo

Sathe e Salunkhe (1981), as albuminas mostraram maior capacidade de formar espuma,

enquanto a dos isolados proteicos foi a mais baixa entre as amostras estudadas. A capacidade

das proteínas do feijão Great Northern formarem espuma é também dependente da

concentração, atingindo um máximo em 10% (p/v). Esses valores são inferiores aos encontrados

por Donadel e Prudencio-Ferreira (1999), para feijões comuns (19,33%) e armazenados a 41

°C durante 20, 30 e 40 dias, que apresentaram respectivamente: 24,40%, 25,66% e 19,83% de

aumento de volume, após a formação de espuma.

De acordo com os resultados encontrados no presente trabalho, as farinhas de feijão

também apresentaram ótimo percentual de estabilidade de espuma (Tabela 9). Em geral, as

espumas foram mais estáveis em pH 5,6 não apresentando diferença estatística entre as

amostras. Os maiores percentuais de estabilidade de espuma encontrados neste estudo foram

em pH 5,6 para as cultivares BRS Estilo, BRS Agreste, BRS Esteio e IPR Uirapuru, e em pH

8,0 para as cultivares Pérola e BRS Pitanga. Já em pH 2,5, mais ácido, onde o valor do pH

estava próximo ao valor do ponto isoelétrico de suas proteínas, os valores encontrados foram,

aproximadamente, 23,3% e 22,6% menores, quando comparados com os encontrados para o

pH 5,6 e 8,0. Na região do ponto isoelétrico ou perto dela, a falta de interações repulsivas

promove interações favoráveis de proteína-proteína e a formação de uma película viscosa na

interface. Além disso, ocorre aumento de quantidade de proteína adsorvida à interface no PI

devido à falta de repulsão entre a interface e as moléculas em adsorção. Esses dois fatores

aumentam tanto a espumabilidade quanto a estabilidade da espuma (DAMODARAN, 2010).

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Adebowale e Lawal (2003), estudando a capacidade de formação de espuma de

concentrados proteicos de feijão mucana (Mucana pruriens), encontraram maior formação de

espuma no pH 10,0 (134%), seguido do pH 4,0 (35%) e do pH 2,0, no qual, após 8 horas, a

estabilidade da espuma foi maior no pH 4 (próxima a região do ponto isoelétrico). Já Akintayo,

Oshodi e Esuoso (1999), observaram maior formação de espuma nos pHs ácido e alcalino para

o feijão guandu (Cajanus cajan), sendo menor na região isoelétrica (entre pH 4 e 6), onde a

estabilidade da espuma também foi maior nos extremos de pH.

A estabilidade de espuma relaciona-se com a qualidade da proteína, sendo necessário

que se formem películas coesivas, elásticas, contínuas e impermeáveis ao ar (CHEFTEL; CUQ;

LORIENT, 1989). Isto se explica, pois a estabilidade de espuma nem sempre se correlaciona

com a formação de espuma, devido alguns produtos apresentarem baixa estabilidade, apesar de

ter alta formação de espuma, enquanto que outros mostram a estabilidade proporcional à

formação de espuma. Dessa forma, a estabilidade de espuma está diretamente relacionada com

o grau de desnaturação da proteína (YASUMATSU, 1972).

A maior parte das globulinas de feijões comuns secos não apresenta alta capacidade de

formação de espuma ou estabilidade de espuma, quando comparadas com diversas proteínas

animais, como a do ovo e do leite, e isto se deve, em parte, ao fato de que as proteínas de

armazenamento de feijões secos apresentam uma estrutura rígida e compacta (SATHE, 2002).

Assim, a formação de espuma e a estabilidade de espuma são importantes em produtos de forno,

merengues e coberturas de bolos, por ajudarem na incorporação de ar (JAMES e SLOAN,

1984).

3.9 Propriedades emulsificantes e estabilizantes

Os valores encontrados para a capacidade emulsificante e a estabilidade da emulsão nas

farinhas de feijão de diferentes grupos comerciais constam da Tabela 10.

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Tabela 10. Valores da capacidade emulsificante e estabilidade da emulsão das farinhas de feijão

de diferentes grupos comerciais provenientes de Santo Antônio de Goiás – GO, 2014.

Cultivar Capacidade Emulsificante (%) Estabilidade da Emulsão (%)

BRS Estilo 51,62b ± 0,09 54,64bc ± 1,73

Pérola 51,53b ± 2,83 58,10ab ± 3,73

BRS Agreste 51,32b ± 1,21 54,35bc ± 1,39

BRS Pitanga 50,31b ± 1,23 49,70c ± 4,12

BRS Esteio 55,16a ± 0,28 59,57ab ± 0,82

IPR Uirapuru 53,27ab ± 2,27 63,48a ± 1,11

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas, não diferem significativamente entre si (p>0,05)

pelo teste Tukey.

A capacidade emulsificante variou de 55,16 a 51,32 %, onde a cultivar BRS Agreste

apresentou menores valores de capacidade emulsificante, quando comparada com as demais

cultivares. As cultivares BRS Esteio e IPR Uirapuru apresentaram maiores valores para

capacidade emulsificante, não apresentando diferença estatística entre si. Esses valores estão

abaixo dos encontrados por Marquezi (2013), que avaliou a capacidade emulsificante em

farinhas de feijão, de diferentes grupos comerciais, obtendo valores que variaram entre 68,28 e

76,09 %, onde as cultivares BRS Pitanga (68,28%), BRS Estilo (71,74 %) e Pérola (72,92 %),

provenientes de Ponta Grossa – PR, diferiram significativamente entre si. Já as cultivares BRS

Pitanga (71,56 %), BRS Estilo (73,32 %) e Pérola (72,69 %), provenientes de Santo Antônio

de Goiás – GO, não apresentaram diferença estatística. Valores similares foram encontrados

por Donadel e Prudêncio-Ferreira (1999), que avaliaram as propriedades funcionais de feijões

novos e de feijões comuns envelhecidos, armazenados a 41 °C, durante 20, 30 e 40 dias, e

encontraram valores de 71,08; 60,42; 66,50 e 60,36 (g de óleo emulsificado/g), respectivamente

para a capacidade emulsificante, no entanto, sabe-se que esses valores podem variar de acordo

com a cultivar e o local de plantio.

Cheftel et al. (1985) sugeriram a existência de correlação positiva entre as propriedades

de emulsificação e solubilidade das proteínas. Entretanto, as propriedades emulsificantes não

podem ser atribuídas somente às proteínas dispersíveis, pois outros componentes das farinhas

como proteínas insolúveis e carboidratos, podem influenciar a emulsificação. A maior parte das

globulinas de feijões comuns secos não apresenta alta capacidade de formação de espuma,

quando comparadas com diversas proteínas animais, como a do ovo e do leite, e isto se deve,

em parte, ao fato de que as proteínas de armazenamento de feijões secos apresentam estrutura

rígida e compacta (SATHE, 2002).

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102

Quanto à estabilidade da emulsão, os resultados encontrados apresentaram diferença

estatística, variando entre 49,70 e 63,48 %, onde a cultivar IPR Uirapuru apresentou maior

estabilidade da emulsão, quando comparada com as demais cultivares. As cultivares BRS

Agreste e BRS Pitanga apresentaram valores próximos e abaixo dos demais, não diferindo

estatisticamente entre si. As cultivares Pérola, BRS Esteio e IPR Uirapuru apresentaram

maiores valores de estabilidade da emulsão. Sathe et al. (1982) sugeriram que alta estabilidade

de emulsão, encontrada em feijões winged, é devido à estrutura globular nativa da maioria de

suas proteínas.

Marquezi (2013) avaliou a estabilidade da emulsão em farinhas de feijão, de diferentes

grupos comerciais, e encontrou valores que variaram entre 68,87 e 83,369 %, onde as cultivares

BRS Pitanga (69,61 %), BRS Estilo (72,91 %) e Pérola (77,29 %), provenientes de Ponta Grossa

– PR, os quais diferiram significativamente entre si. Já as cultivares BRS Pitanga (77,48 %),

BRS Estilo (73,09 %) e Pérola (80,07 %), provenientes de Santo Antônio de Goiás – GO, não

apresentaram diferença estatística.

Siddiq et al. (2010), avaliando as características físicas e funcionais de farinhas de feijão

vermelho e preto, observaram valores de capacidade emulsificante de 45,6 a 60,5 % para as

quatro cultivares estudadas. Da mesma forma, a estabilidade da emulsão para as mesmas

cultivares, variou de 48,2 a 62,3 %. Sendo assim, comparando os valores encontrados no

presente trabalho, os valores encontrados por esses autores apresentam-se próximos ao

encontrados neste trabalho.

Quanto à estabilidade de emulsão, em seus estudos, Sathe e Salunkhe (1982) sugeriram

que a alta estabilidade de emulsão das farinhas de feijão era devido à natureza globular de suas

proteínas. Já em outro estudo, Sathe e Salunkhe (1981) observaram que as albuminas foram

melhores emulsificantes que as globulinas, visto que as albuminas registraram os maiores

valores de estabilidade de emulsão (5 mL de separação de fase depois de 780 horas, a 21 °C).

Dessa forma, observou-se que não apenas a quantidade de proteína influencia na estabilidade

de espuma da farinha, mas também, a natureza da proteína envolvida no produto.

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103

3.10 Propriedade de pasta da farinha (RVA)

A viscosidade é uma das propriedades mais importantes de misturas instantâneas. A

curva de viscosidade representa o comportamento durante o aquecimento e permite avaliar as

características da pasta formada, devido às modificações estruturais das moléculas de amido, e

de outros componentes e, também, a tendência à retrogradação durante o resfriamento

(LUSTOSA e LEONEL, 2010).

Os resultados obtidos para as propriedades de pasta das farinhas de feijão estão

apresentados na Tabela 11. Estas apresentaram perfis viscoamilográficos similares (Figura 5),

possuindo aumento da viscosidade com a temperatura, e não havendo queda da viscosidade

após o retorno aos 50 °C. Todas as amostras não exibiram redução da viscosidade durante o

período de aquecimento a 95 °C, o que segundo Marquezi (2013) revela que os grânulos de

amido gelatinizaram e os demais compostos do feijão, tais como proteínas e fibras, podem ter

contribuído para a estabilidade da pasta. Perfis similares foram observados para feijão comum

proveniente do Canadá (CHUNG et al., 2008) e farinha de feijão mungo e fava (LIU et al.,

2006).

Tabela 11. Propriedades viscoamilográficas da farinha de feijão de diferentes grupos

comerciais provenientes de Santo Antônio de Goiás – GO, obtidas através de viscoamilogramas

construídos no RVA, 2014.

Cultivar Viscosidade

Máxima (cP)

Viscosidade

Final (cP)

Tendência à

Retrogradação (cP)

Tempo de

Pico (min)

BRS Estilo 392,9b ± 37,9 775,0ab ± 30,6 382,1ab ± 11,8 7,0a ± 0,0

Pérola 315,8bc ± 55,9 610,9c ± 67,0 293,7cd ± 25,8 7,0a ± 0,0

BRS Agreste 270,2c ± 66,7 572,4c ± 83,8 300,4cd ± 23,3 7,0a ± 0,0

BRS Pitanga 136,4d ± 43,9 401,6d ± 98,3 264,8d ± 58,6 6,7a ± 0,5

BRS Esteio 299,8c ± 65,9 725,7b ± 92,5 424,1a ± 32,7 7,0a ± 0,0

IPR Uirapuru 494,1a ± 96,8 846,0a ± 89,4 350,3bc ± 73,3 7,0a ± 0,1

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas, não diferem significativamente entre si (p>0,05)

pelo teste Tukey.

De acordo com os resultados obtidos para as propriedades viscoamilográficas das

farinhas de feijão (Figura 4), observou-se baixa viscosidade inicial para todas as misturas.

Segundo Menegassi et al. (2007), a viscosidade inicial a 25°C ou viscosidade de pasta a frio

indica a capacidade das farinhas em absorver água em temperatura ambiente e formar pasta, gel

ou líquido viscoso. Esses valores de viscosidade inicial elevam-se com a prévia gelatinização

da amostra e decrescem em condições severas de processamento em razão da despolimerização

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do amido com a cocção. Marquezi et al. (2016), também avaliando farinhas de feijão, obtiveram

altos valores de viscosidade inicial à 95°C para as cultivares do grupo comercial carioca BRS

Estilo (505,33 cP) e Pérola (365,67 cP), provenientes de Santo Antônio de Goiás – GO, e

menores valores para a cultivar do grupo comercial especial BRS Pitanga (82,50 cP). Já para

as cultivares provenientes de Ponta Grossa – PR, Marquezi (2013) também obteve altos valores

de viscosidade inicial à 95°C para as cultivares do grupo comercial carioca BRS Estilo (249,50

cP) e Pérola (193,33 cP), no entanto, menores que os apresentados pelas cultivares provenientes

de Santo Antônio de Goiás – GO.

Figura 5. Viscoamilograma das farinhas de feijão de diferentes grupos comerciais provenientes

de Santo Antônio de Goiás – GO, 2014.

A farinha de feijão da cultivar IPR Uirapuru apresentou maior viscosidade máxima,

quando comparada com as demais farinhas de feijão avaliadas no presente estudo, onde sua

viscosidade máxima foi 20,48, 36,08 e 39,32%, respectivamente, maior que os valores

apresentados pelas cultivares BRS Estilo e Pérola, do grupo comercial carioca, e BRS Esteio,

do grupo comercial preto. Por outro lado, a cultivar BRS Pitanga apresentou viscosidade

máxima 3,6 vezes menor, quando comparado com a viscosidade máxima apresentada para a

farinha de feijão da cultivar IPR Uirapuru. Valores similares a esta cultivar foram obtidos por

Gomes et al. (2015) para farinha de feijão crua, onde os autores obtiveram viscosidade máxima

de 415,3 cP.

Segundo Clerici e El-Dash (2008), o pico de viscosidade, considerada viscosidade a

quente, está diretamente relacionada com o nível de degradação sofrido pelo grânulo de amido,

pois quando a estrutura do grânulo é destruída, ele perde sua capacidade de inchar quando

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aquecido em água e, consequentemente, apresenta baixa viscosidade a quente. Esta viscosidade,

no ciclo de aquecimento, indica o quão elevado ou baixo pode ser a viscosidade de uma amostra

que, por sua vez, depende da estrutura granular do amido, da sua proporção de amilose e

amilopectina e das prováveis combinações que podem ser feitas com outros ingredientes

(MOURA, 2012). Segundo Silva et al. (2008), quando as farinhas forem destinadas à

formulação de sopas, caldos, tortas ou outros alimentos, por exemplo, em que é preciso a

conservação da baixa viscosidade em temperaturas acima da temperatura ambiente, a

viscosidade máxima é um parâmetro importante a ser avaliado.

Silveira et al. (1981), avaliando a viscosidade de misturas de farinhas de arroz e soja,

observaram que o aumento da soja nas misturas diminui o teor de amido e, com isso, a

viscosidade. Da mesma forma, Maia et al. (1999), analisando a viscosidade de pasta em

viscoamilógrafo Brabender de mingaus desidratados de arroz e soja, observaram que, com o

aumento das proporções de soja (0 a 50%), houve aumento na temperatura de viscosidade

máxima e diminuição na viscosidade máxima, resultado também observado por Borges et al.

(1998) em misturas de canjiquinha e soja. Outro fator importante é a diminuição da água

disponível para a gelatinização do amido e sua interação com a proteína, pois El-Saied et al.

(1979) o conteúdo de proteína é negativamente correlacionado com a viscosidade máxima, pois

a proteína pode atuar como barreira física para o intumescimento do amido.

Moura (2012), estudando o efeito da extrusão em farinha mista de feijão, arroz e milho

no comportamento de pasta, observou maior valor de viscosidade durante aquecimento a 95°C

para um tratamento de extrusão elaborado com 140 °C, 160 rpm e 24 % de umidade, obtendo

valor de 260,50 cP. Este valor é próximo ao encontrado neste estudo para a farinha de feijão da

cultivar BRS Agreste (270,2 cP). De acordo com este mesmo autor, amido que não sofre

processo de extrusão tão severo, seja por auxílio de uma elevada umidade, ou de uma baixa

temperatura associada com uma baixa rotação do parafuso, pode manter parte de sua estrutura

amilácea, apresentando até mesmo um pico de viscosidade máxima, que pode representar um

amido não gelatinizado, ou parcialmente gelatinizado.

O pico de viscosidade refere-se à máxima viscosidade após o início do aquecimento e

antes do início do resfriamento da suspensão no viscoamilógrafo. Este parâmetro mede a

resistência do grânulo de amido ao colapso resultante da temperatura e do atrito mecânico.

Assim, durante o ciclo de aquecimento até 95 °C, ocorre o intumescimento, e a gelatinização

dos grânulos de amido, além da absorção máxima de água pelos mesmos atingindo o pico

máximo de viscosidade nesta etapa (LUSTOSA e LEONEL, 2010; LUSTOSA et al., 2009).

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Altos valores de viscosidade final, também, foram obtidos para as diferentes cultivares

de feijão apresentadas neste estudo, onde as cultivares IPR Uirapuru e BRS Estilo obtiveram os

maiores valores, não diferindo significativamente entre si. Por outro lado, a cultivar BRS

Pitanga, apresentou valor de viscosidade final, aproximadamente, 2,10 e 1,92 vezes menor do

que os apresentados pelas cultivares IPR Uirapuru e BRS Estilo. Valores similares de

viscosidade final foram obtidos por Gomes et al. (2015) para farinha de feijão crua de 885,7 cP,

estando próximo ao obtido neste estudo para a farinha de feijão da cultivar IPR Uirapuru, de

846,0 cP, e maiores ao obtido para farinha de feijão crua (479,0 cP) por Lopes (2010). Segundo

Marquezi et al. (2016), que avaliaram a viscosidade final à 95°C de farinhas de feijão, também

obtiveram altos valores para as cultivares do grupo comercial carioca BRS Estilo (863,67 cP) e

Pérola (817,33 cP), provenientes de Santo Antônio de Goiás – GO, e menores valores para a

cultivar do grupo comercial especial BRS Pitanga (134,00 cP). Já para as cultivares

provenientes de Ponta Grossa – PR, Marquezi (2013) também obteve altos valores de

viscosidade final à 95°C para as cultivares do grupo comercial carioca BRS Estilo (587,50 cP)

e Pérola (487,67 cP), no entanto, menores que os apresentados pelas cultivares provenientes de

Santo Antônio de Goiás – GO. Essa diferença encontrada nos valores de viscosidade final para

as farinhas de feijão pode ser devida a diferença de variedades dos grãos de feijões utilizados,

bem como do teor de amilose presente nos grãos.

Após o aquecimento, gelatinização e resfriamento do amido, uma das características de

reconhecida importância na área de alimentação, principalmente em relação à textura do

produto, é o processo de retrogradacão do amido, fenômeno que ocorre devido ao efeito da

recristalização das moléculas de amilose e amilopectina, resultando na reorganização da

estrutura molecular, formando precipitados e/ou géis e, consequentemente, aumento da

viscosidade final durante o processo de resfriamento pela formação de novas ligações de

hidrogênio (GUTKOSKI, 2000; SILVA et al., 2008).

Em relação à tendência à retrogradação, os valores encontrados neste estudo variaram

de 264,8 a 424,1 cP, apresentando diferença significativa entre as amostras. As cultivares com

maiores tendências à retrogradação foram BRS Esteio e BRS Estilo, não apresentando diferença

significativa entre as amostras. Lopes (2010), avaliando a tendência à retrogradação em farinha

de feijão crua, obteve valor similar (263,0 cP) ao encontrado para a cultivar BRS Pitanga,

avaliada neste estudo (264,8 cP), e Froes (2012) encontrou, também para farinha crua de feijão

carioca, 496,3 cP de tendência à retrogradação, estando este valor próximo ao encontrado para

a cultivar BRS Esteio (424,1 cP).

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Marquezi (2013) avaliando farinhas de feijão de diferentes grupos comerciais,

encontrou 282,00, 603,50 e 388,33 cP para tendência à retrogradação para as cultivares BRS

Pitanga, BRS Estilo e Pérola, respectivamente, provenientes de Ponta Grossa – PR. Já Marquezi

et al. (2016) também avaliando farinhas de feijão, encontraram 221,50, 588,00 e 479,33 cP para

tendência à retrogradação para as cultivares BRS Pitanga, BRS Estilo e Pérola,

respectivamente, provenientes de Santo Antônio de Goiás – GO. Segundo estes autores, quando

ocorre alta viscosidade e baixa tendência a endurecer pela retrogradação, essas farinhas

poderiam ser utilizadas para incrementar sopas cremosas e molhos, além de serem utilizadas

para elaboração de pães e pudins.

3.11 Teor de kaempferol

Os resultados obtidos das concentrações de kaempferol das amostras de feijão são

expressos em mg de kaempferol/100 g de amostra, e são apresentados na Tabela 12.

Tabela 12. Resultados da quantificação de kaempferol nas farinhas de feijão dos diferentes

grupos comerciais provenientes de Santo Antônio de Goiás – GO, 2014.

Cultivar Kaempferol-3-O-glicosídeo (mg/100g)

BRS Estilo 95,67a ± 7,57

Pérola 87,67a ± 17,64

BRS Agreste n.d.

BRS Pitanga 104,00a ± 2,65

BRS Esteio n.d.

IPR Uirapuru 51,00b ± 4,00

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas, não diferem significativamente entre si

(p>0,05) pelo teste Tukey. n.d. = Não detectado.

Com base nos resultados obtidos, verificou-se que não houve diferença estatística entre

as cultivares BRS Estilo, Pérola e BRS Pitanga, sendo que estas cultivares apresentaram os

maiores valores de concentração de kaempferol, e a cultivar IPR Uirapuru apresentou menor

valor de concentração de kaempferol. Nas cultivares BRS Agreste e BRS Esteio, do grupo

comercial preto, não foi possível detectar teores de kaempferol. No entanto, de acordo com

Rocha-Guzmán et al. (2007b), grãos pigmentados como o feijão preto, possuem maiores teores

de compostos fenólicos do que grãos de cor clara.

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Segundo Díaz-Batalla et al. (2006), em feijões pretos crus, os ácidos fenólicos

correspondem a aproximadamente 647,4 µg.g-1 de feijão e os flavonoides a aproximadamente

677,4 µg.g-1 de feijão, já após o cozimento dos grãos, esses teores são reduzidos em 17,9 a 44,5

% para ácidos fenólicos e em 12 a 65 % para flavonoides. Entre os flavonóis identificados por

Perazzini et al. (2008), o kaempferol foi identificado em variedades locais de feijões “Regina”

em uma concentração próxima de 5 mg/kg (4,878 ± 0,466 mg/kg). Da mesma forma, os autores

Romani et al. (2004) e Aparicio-Fernadéz et al. (2005), detectaram a presença de kaempferol

em diferentes variedades de feijão comum, em que seus maiores teores foram derivados de

glicosídeos.

A concentração de kaempferol em grãos de feijões é muito variável, tendo sido

encontrados traços (<0,2 mg/kg) em uma variedade Toscana (ROMANI et al., 2004) a 209,4

mg/kg em variedades Mexicanas (DÍAZ-BATALLA et al., 2006). Em estudo de 62 tipos de

feijões mexicanos, um dos principais flavonoides analisados foi o kaempferol, e verificou-se

que a variação nos teores de polifenóis eram mais relacionados com o genótipo do que com a

cor dos tegumentos dos grãos (ESPINOSA-ALONSO et al., 2006).

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4 Conclusão

Para as condições do presente estudo, observou-se grande diferença entre as cultivares

do mesmo grupo comercial.

Grãos do grupo comercial preto apresentaram-se mais leves, e os do grupo comercial

carioca, mais pesados e de maior dimensão, indicando grãos com maior potencial de aceitação

pelos consumidores em geral, e indústrias.

As farinhas de feijão do grupo comercial carioca apresentaram-se com tonalidades mais

claras, e com tendência a mais amareladas. Já as farinhas de feijão do grupo comercial preto

apresentaram maior percentual de peso retido de partículas nas peneiras, caracterizando maior

uniformidade no produto final, tornando este aspecto importantíssimo na utilização em

formulações de massas alimentícias e produtos de panificação; ótimos valores em relação à

propriedade de absorção de água e na conservação da viscosidade em temperaturas acima da

ambiente, sendo desejável para o preparo de sopas, mingaus e pudins instantâneos, produtos

cárneos, pães e bolos; ótima aplicabilidade no desenvolvimento de novos produtos fritos, bem

como auxilia na sua estabilidade durante o armazenamento; e maiores valores para capacidade

emulsificante e estabilidade da emulsão, auxiliando na melhora e manutenção da textura de

alguns produtos.

Em relação às características de solubilidade, a farinha de feijão da cultivar BRS

Pitanga, de tipo especial, apresentou ótima aplicabilidade em formulações alimentícias,

especialmente na textura, cor e características sensoriais; além de apresentar maiores teores de

kaempferol, evidenciando a presença de compostos antioxidantes que podem auxiliar na

prevenção de diversas doenças.

No geral, as espumas formadas pelas farinhas de feijão apresentaram-se mais estáveis

em pH 5,6, apresentando melhor aplicabilidade em produtos de forno, merengues e coberturas

de bolos, por ajudarem na incorporação de ar. Quanto às propriedades de pasta da farinha, todas

as amostras não exibiram redução da viscosidade durante o período de aquecimento a 95 °C,

revelando que os grânulos de amido gelatinizaram e os demais compostos do feijão, tais como

proteínas e fibras, podem ter contribuído para a estabilidade da pasta. Além disso, as diferentes

cultivares apresentaram-se dentro dos parâmetros adequados à conservação dos grãos por

apresentarem baixos valores de atividade de água, demonstrando boa qualidade.

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Quanto aos feijões especiais, apesar de apresentarem baixa produção no Brasil, estes

grãos alternativos apresentaram ótimas características físicas, e mais estudos sobre os mesmos

são necessários para ampliar o potencial de aproveitamento desses feijões pelos programas de

melhoramento genético, indústrias de alimentos e consumidores, além de contribuírem para a

agregação de valor à cadeia produtiva do feijoeiro por meio da diversificação de mercado.

Sendo assim, nas condições do presente estudo, as farinhas de feijão de diferentes grupos

apresentaram propriedades bem interessantes, do ponto de vista físico, químico, tecnológico e

funcional, bem como, cada qual apresentou potencial de aplicação na elaboração de produtos

diversos pela indústria de alimentos, dado seu alto valor agregado.

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CAPÍTULO 3 (Artigo Científico 2)

Avaliação da qualidade nutricional e características antinutricionais de feijão

(Phaseolus vulgaris L.) de diferentes grupos de cor

Jennifer Vieira Pinto1, Priscila Zaczuk Bassinello2, Marina Aparecida de Sousa Mendonça1,

Rayane de Jesus Vital3, Rosângela Nunes Carvalho4, Solange Guidolin Canniatti Brazaca5

RESUMO

O feijão comum assume enorme importância na alimentação humana, apresentando alto

conteúdo proteico e de lisina, fibra alimentar, carboidratos complexos, vitaminas do complexo

B, minerais (ferro e zinco) e compostos fenólicos com atividade antioxidante, podendo

apresentar algumas características indesejáveis que limitam sua aceitabilidade ou seu valor

nutricional (presença de fatores antinutricionais e o baixo valor nutricional de suas proteínas).

Objetivou-se realizar a caracterização de compostos nutricionais e antinutricionais de seis

cultivares de feijões de diferentes grupos de cor, a fim de compor o portfólio de cultivares da

Embrapa Arroz e Feijão, contribuindo com informações úteis à comunidade científica, ao

consumidor e às indústrias de alimentos. Feijões dos grupos comerciais carioca, preto e especial

foram cultivados em Junho (inverno/2014), em Santo Antônio de Goiás-GO, higienizados,

secos e moídos até obtenção das farinhas. Estas foram analisadas quanto à: composição

centesimal, minerais, perfil de aminoácidos, digestibilidade proteica in vitro e fatores

antinutricionais. Farinhas de feijão BRS Pitanga e Pérola apresentaram maiores valores de

proteínas; BRS Esteio, menor digestibilidade proteica; BRS Esteio, maior teor de lipídeos; BRS

Agreste, maior teor de carboidratos; BRS Estilo, maior teor de fibras alimentares. As farinhas,

em geral, apresentaram altos teores de minerais (N, K, P, Mg, Ca, Fe, Zn, Mn e Cu). BRS

Pitanga apresentou-se com maior razão molar (fitato:ferro), e BRS Agreste, maior razão molar

(fitato:zinco). Farinhas de feijões pretos, os maiores teores de aminoácidos essenciais e não

essenciais, sendo que BRS Esteio obteve menor Escore de Aminoácidos Essenciais (1,20), e

BRS Estilo, maior escore (1,40). Farinhas de feijão carioca apresentaram maiores teores de

ácido fítico. Taninos foram observados em menores teores nas farinhas de feijão de Pérola e

maiores teores nos feijões pretos. Inibidores de tripsina foram menores nas farinhas IPR

Uirapuru; maior inibição de α-amilase ocorreu para BRS Pitanga. Dessa forma, as farinhas de

feijão apresentaram bom valor nutricional, podendo ser utilizadas para enriquecer a dieta da

população em geral, especialmente de grupos específicos, como vegetarianos que precisam

ingerir fontes proteicas de origem vegetal de melhor qualidade.

Palavras-chave: Feijão especial, Valor Nutricional, Minerais, Perfil de Aminoácidos,

Digestibilidade Proteica in vitro, Fatores Antinutricionais.

1 Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos – Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia - GO –

[email protected]; [email protected]. 2 Pesquisador (a) da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás - GO – [email protected]. 3 Graduanda em Nutrição – Universidade Paulista (UNIP), Goiânia - GO – [email protected]. 4 Analista da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás - GO – [email protected]. 5 Professor (a) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), Piracicaba - SP – [email protected].

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Evaluation of nutritional quality and antinutritional characteristics (Phaseolus vulgaris

L.) of different bean color groups

ABSTRACT

The common bean is extremely important in human diet, presenting high protein and lysine

content, dietary fiber, complex carbohydrates, B vitamins, minerals (iron and zinc) and phenolic

compounds with antioxidant activity, and may present some undesirable characteristics that

limit its acceptability or nutritional value (presence of antinutritional factors and the low

nutritional value of their proteins). The objective is to characterize the nutritional and anti-

nutritional compounds of six different color groups of bean cultivars in order to compose the

portfolio of varieties of Embrapa Rice and Beans, contributing with useful information to the

scientific community, consumer and food industries. Beans from the commercial carioca, black

and special groups were cultivated in June (winter / 2014), in Santo Antônio de Goiás-GO,

sanitized, dried and ground until the flour was obtained. These were analyzed for: proximal

composition, minerals, amino acid profile, protein in vitro digestibility and antinutritional

factors. BRS Pitanga and Pérola bean flours presented higher values of proteins; BRS Esteio,

lower protein digestibility; BRS Esteio, higher lipid content; BRS Agreste, higher carbohydrate

content; BRS Estilo, higher content of dietary fiber. Flours, in general, presented high levels of

minerals (N, K, P, Mg, Ca, Fe, Zn, Mn and Cu). BRS Pitanga presented with higher molar ratio

(phytate: iron), and BRS Agreste, higher molar ratio (phytate: zinc). Black bean flours, the

highest levels of essential and non-essential amino acids, and BRS Esteio obtained lower

Essential Amino Acid Score (1.20), and BRS Estilo, highest score (1.40). Carioca beans had

higher levels of phytic acid. Tannins were observed in lower levels for Perola flours and in

higher levels for black beans. Trypsin inhibitors were lower in IPR Uirapuru flours; Greater

inhibition of α-amylase occurred for BRS Pitanga. Thus, bean flours presented good nutritional

value and can be used to enrich the diet of the general population, especially of specific groups,

such as vegetarians who need to ingest protein sources of better vegetable origin.

Keywords: Especial beans, Nutritional value, Minerals, Amino acid profile, In vitro protein

digestibility, Anti-nutritional factors.

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1 Introdução

O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) constitui um dos alimentos básicos das

populações de países desenvolvidos, e uma das principais fontes de proteína na dieta alimentar

de populações economicamente menos favorecidas. Assume enorme importância na

alimentação humana, fundamentalmente devido ao seu baixo custo, além de ser um alimento

relativamente balanceado nutricionalmente (CARNEIRO et al., 2005; WANDER et al., 2007).

No Brasil, existem inúmeras variedades de feijão, tais como Preto, Mulatinho, Carioca,

Pardo, Roxo, entre outras (CARNEIRO et al., 2005; IBGE, 2011). Dentre essas variedades, o

feijão preto é mais popular no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no sul e no leste do

Paraná, no Rio de Janeiro, no sudeste de Minas Gerais e no sul do Espírito Santo. No entanto,

embora exista preferência regional por determinado tipo de grão, feijões do grupo carioca são

os mais cultivados no Brasil, representando 70% do consumo nacional e 53% da área cultivada

(DEL PELOSO e MELO, 2005; EMBRAPA, 2003).

Esta leguminosa representa fonte de diversos nutrientes, devido seu alto conteúdo

proteico, elevado teor de lisina, fibra alimentar, carboidratos complexos, e a presença de

vitaminas do complexo B, sendo, esta leguminosa, utilizada como alternativa em substituição

a carnes e outros alimentos proteicos (LAJOLO; GENOVESE; MENEZES, 1996; RIOS;

ABREU; CORRÊA, 2003). Da mesma forma, o feijão apresenta, ainda, outros componentes

que tornam seu consumo mais vantajoso e benéfico para a saúde, como a presença de minerais,

principalmente ferro e zinco (USDA, 2012, GEPTS et al., 2008; ABREU, 2005), bem como a

elevada quantidade de compostos fenólicos com atividade antioxidante encontrados em seus

tegumentos, estando relacionados à redução do risco de desenvolvimento de câncer, além de

apresentar atividade anti-inflamatória (OOMAH; CORBE; BALASUBRAMANIAN, 2010).

Apesar de tais vantagens, os feijões podem apresentar algumas características

indesejáveis que limitam sua aceitabilidade ou seu valor nutricional, tais como a presença de

fatores antinutricionais, e o baixo valor nutricional de suas proteínas, tendo em vista que não

possui todos os aminoácidos essenciais em quantidades significativas (RAMÍREZ-

CÁRDENAS; LEONEL; COSTA, 2008). No caso do feijão, os fatores antinutricionais – fitatos,

inibidores de protease, polifenóis (taninos), e inibidores da α-amilase – reduzem a atividade de

algumas enzimas, a ação biológica de diversos compostos químicos e a absorção de metabólitos

(BATISTA; PRUDÊNCIO; FERNANDES, 2010). Já em relação ao baixo valor nutricional de

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suas proteínas, essa deficiência, atualmente, é suprida pela ingestão de feijão juntamente com

arroz, onde esta mistura é considerada a principal fonte proteica da alimentação, suprindo os

aminoácidos essenciais e apresentando digestibilidade proteica ao redor de 80 % (PIRES et al.,

2006).

Sendo assim, considerando que mais estudos referentes à caracterização nutricional e

antinutricional podem contribuir para futuras pesquisas relacionadas aos grãos, na redução de

diversas características indesejáveis, bem como na produção de diversos produtos alimentícios,

objetivou-se realizar a caracterização de compostos nutricionais e antinutricionais de seis

cultivares de feijões de diferentes grupos de cor, a fim de compor o portfólio de cultivares da

Embrapa Arroz e Feijão, contribuindo com informações úteis à comunidade científica, ao

consumidor e às indústrias de alimentos.

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2 Material e Métodos

Na Figura 1 está apresentado o fluxograma dos procedimentos realizados com os grãos

para realização das análises nutricionais e antinutricionais.

Figura 1. Fluxograma dos procedimentos realizados com os grãos para realização das análises

nutricionais e antinutricionais.

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2.1 Obtenção e preparo das amostras

Foram selecionados grãos de feijão (Phaseolus Vulgaris L.) dos grupos comerciais

carioca, preto e especial, provenientes do Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa Arroz e

Feijão, em Santo Antônio de Goiás – GO. As cultivares selecionadas para avaliação neste

estudo foram (Figura 2): Pérola e BRS Estilo (grupo comercial carioca), IPR Uirapuru e BRS

Esteio (grupo comercial preto), e BRS Agreste e BRS Pitanga (grupo comercial especial).

Figura 2. Cultivares de feijão dos grupos comerciais carioca (BRS Estilo e Pérola), preto (BRS

Esteio e IPR Uirapuru) e especial (BRS Agreste e BRS Pitanga) que foram utilizados no

presente estudo, e cultivados na Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás – GO, 2014

(EMBRAPA, 2013; IAPAR, 2012).

O cultivo foi realizado em Junho de 2014, nos campos experimentais da Embrapa Arroz

e Feijão, na fazenda Capivara, em Santo Antônio de Goiás/GO (safra 2014), seguindo manejo

recomendado, com adubação 200 Kg/ha de nitrogênio, fósforo e potássio, nas concentrações

11:52:00, e colheita realizada entre os meses de Setembro e Outubro de 2014, onde os ciclos de

maturação foram concluídos conforme cada cultivar de feijão. O delineamento experimental foi

realizado em blocos casualizados, em parcelas com três repetições (8 linhas de 4 metros de

comprimento), sendo adequado para a produção de quantidade de grãos suficiente para atender

as demandas das atividades propostas no projeto.

Após a colheita dos grãos, o feijão passou por operações de limpeza – para a retirada de

sujidades como bagaço, palha, terra, pedras e grãos danificados –, expurgo – para a eliminação

de insetos e carunchos dos grãos –, seleção e polimento para retirada do pó. Em seguida, foram

armazenados, adequadamente, em sacos de polietileno de baixa densidade, em porções de 2 Kg

por grupo comercial, em local fresco e seco, e transportados para o Laboratório de Grãos e

Subprodutos da Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás – GO) até utilização nas

análises, conforme ilustrado na Figura 1.

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2.2 Obtenção da farinha de feijão

Para a obtenção da farinha de feijão, os grãos dos grupos comerciais carioca, preto e

especial, separadamente, foram higienizados com detergente neutro e água destilada, em

proporção 1:5. Os grãos foram secos em estufa a 45 °C por 5 h, para evitar possíveis

interferências futuras nas análises e, após secagem, transferidos para o moinho, tipo ciclone,

para moagem dos grãos de feijão, até obtenção da farinha. O processamento das farinhas e as

análises de composição nutricional foram realizados no Laboratório de Grãos e Subprodutos;

as análises de minerais foram realizadas no Laboratório de Análises Agroambientais, ambos da

Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás – GO; as análises referentes ao perfil de

aminoácidos foram realizadas no Laboratório de Cromatografia Líquida da Embrapa

Agroindústria de Alimentos em Rio de Janeiro – RJ; análises de digestibilidade proteica in vitro

e taninos foram realizadas no Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Escola

Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ, da Universidade de São Paulo – USP,

em Piracicaba – SP, e as análises de inibidores de tripsina e α-amilase foram realizadas no

Laboratório de Química de Proteínas do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade

Federal de Goiás, em Goiânia – GO.

2.3 Composição Centesimal

a) Umidade

A determinação de umidade foi realizada por meio do método de secagem em estufa

com temperatura de 105ºC (AOAC, 2012). Foram pesados 5g da amostra triturada e

homogeneizada, em triplicata, em cápsula de porcelana previamente tarada. A cápsula com a

amostra foi colocada em estufa a 105ºC por 24 horas, em seguida, transferida para dessecador

por 30 minutos, até esfriar e, em seguida, pesada. O teor de umidade (%) foi obtido pela equação

1:

Teor de umidade = 100 x Nº de gramas de umidade

Nº de gramas da amostra (1)

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b) Cinzas

As cinzas foram determinadas por meio da incineração da amostra em mufla à

temperatura de 550ºC, e os resultados obtidos em porcentagem (AOAC, 2012). Amostras de 3g

foram pesadas, em triplicata, em cadinho previamente tarado. As amostras foram carbonizadas

em forno mufla a 250°C por 4 horas, posteriormente, incineradas por 12 horas a 550ºC e, ao

final, os cadinhos com amostra incinerada colocados em dessecador, para esfriar, por 30min e,

em seguida, pesados. O teor de cinzas (%) foi obtido pela equação 2, seguinte:

Teor de cinzas = 100 x Nº de gramas de cinzas

Nº de gramas da amostra (2)

c) Proteínas Totais

A determinação de proteínas foi realizada pelo método de Kjeldahl, o qual baseia-se na

destruição da matéria orgânica seguida de destilação, sendo o nitrogênio dosado por volumetria.

O fator 6,25 foi utilizado para converter o teor de nitrogênio total em proteína (AOAC, 2012).

A digestão de 0,5 mg de amostra foi realizada a 350ºC, durante 4 horas, e 30 minutos em volume

de 5 mL de ácido sulfúrico concentrado e mistura catalítica. Em seguida, as amostras foram

destiladas e tituladas para determinação de nitrogênio e posterior cálculo do conteúdo de

proteínas, utilizando a equação 3, apresentada a seguir:

Teor de proteínas =(Vol Ác. Sulf) – (Vol Hid. Sód) x 0,14 x fator de conversão (6,25)

Peso da Amostra (3)

d) Lipídeos Totais

Os lipídeos (correspondentes à fração de extrato etéreo) foram obtidos em extrator

intermitente de Soxhlet, utilizando-se Éter de Petróleo P.A. como solvente (AOAC, 2012). Para

extração, três gramas das amostras foram adicionados a 150 mL de éter de petróleo e mantidos

durante seis horas a 60 ºC e, após uma hora em estufa a 105 º C, o peso do resíduo foi utilizado

para determinar o teor de lipídeos (%) pela equação 4:

Teor de lipídeos = 100 x Nº de gramas de lipídeos

Nº de gramas da amostra (4)

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e) Fibra Alimentar Total

A determinação de fibra alimentar total foi realizada a partir do tratamento da amostra

com solução tampão fosfato na faixa de temperatura entre 95-100°C, em que os carboidratos

solúveis foram solubilizados. A amostra foi tratada com α-amilase, a fim de promover a

gelatinização do amido, seguida da adição da enzima protease para desnaturação das proteínas

presentes e o tratamento foi finalizado com enzima amiloglucosidase para remoção do amido.

Com este processo obteve-se uma mistura de fibra solúvel na fase aquosa e fibra insolúvel

precipitada, totalizando a fibra alimentar total. Realizou-se a filtração em cadinho de vidro

sinterizado tarado, e o cadinho seco em estufa, pesado e logo em seguida colocado em mufla

para determinação de cinza. O filtrado foi tratado com solução de álcool etílico a 95%, com a

finalidade de precipitar a fibra solúvel. A fibra precipitada foi filtrada em cadinho de vidro

sintetizado tarado, e o cadinho seco em estufa, pesado e logo depois colocado em mufla para

determinação de cinza. Por fim, o teor de fibra alimentar total foi calculado tomando-se o

resíduo total obtido e diminuindo-se do somatório do valor de proteína mais cinzas (FREITAS

et al., 2008).

f) Carboidratos Totais

O teor de carboidratos foi determinado por diferença, subtraindo-se de cem os valores

obtidos de umidade, cinzas, proteínas e lipídeos, em acordo com o estipulado na Resolução

RDC nº 360 de 2003 que trata sobre rotulagem de alimentos (BRASIL, 2003).

g) Valor Energético Total (VET)

O valor energético total foi estimado, utilizando-se os fatores de conversão de

ATWATER: 4 kcal.g‾¹ para proteínas, 4 kcal g‾¹ para carboidratos e 9 kcal.g‾¹ para lipídeos

(MERRIL e WATT, 1973).

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2.4 Minerais

As amostras foram avaliadas quanto ao teor dos minerais, segundo a metodologia

descrita por Miyazawa et al. (1999), que consiste na digestão nitroperclórica com a solução de

HNO3:HCIO4. Para a obtenção das amostras, estas foram moídas em moinho de bolas,

separadamente, para evitar contaminação por ferro. Em seguida, um grama de amostra foi

pesado e serão adicionados 10 mL de solução nitroperclórica 4:1 v/v destes ácidos

concentrados. As amostras foram colocadas em bloco digestor com aquecimento e exaustão,

sendo mantidas nesta condição até a formação de uma solução límpida. Após a digestão, o

material foi transferido para balões volumétricos de 25 mL e o volume completado com água

deionizada. Os elementos fósforo, cálcio, magnésio, cobre, manganês, zinco e ferro, foram

determinados por espectrofotometria de absorção atômica, em espectrofotômetro e o elemento

potássio, determinado por espectrofotometria de chama, em fotômetro de chama. Os teores dos

minerais foram calculados, utilizando-se curva padrão com concentração conhecida para cada

elemento analisado. Após a realização das análises, os dados foram corrigidos para base seca.

2.5 Perfil de aminoácido

Para a determinação do perfil de aminoácidos, as amostras foram submetidas à hidrólise

ácida de proteínas e peptídios com solução aquosa de ácido clorídrico 6N (ponto de ebulição

constante), contendo 0,01% de fenol (m/v), por 22 horas a 110 ºC. As amostras hidrolisadas

foram secas em evaporador rotatório, centrifugadas a 2655 g e ressuspendidas em 1,0mL de

água Milli-Q. Alíquotas de 50μL do sobrenadante foram transferidas para outro tubo de ensaio,

secas e submetidas à reação de derivação em pré-coluna dos aminoácidos livres com

fenilisotiocianato (PITC). A separação dos derivativos feniltiocarbamil-aminoácidos (PTC-aa)

foi realizada em coluna de fase reversa C18 (Pico-Tag, Waters, 3,9 x 150 mm) com monitoração

em comprimento de onda em 254nm. A quantificação da amostra foi baseada na área de cada

pico de aminoácido, tomando-se como referência a área do pico do padrão de aminoácidos com

concentração conhecida, sendo que o padrão foi derivado nas mesmas condições que as

amostras (BIDLINGMEYER; COHEN; TRAVIN, 1984).

A partir dos resultados destas análises foi estimado o escore de aminoácidos essenciais

(EAE), de acordo com o padrão preconizado pela Organização Mundial de Saúde, denominado

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padrão WHO/FAO/UNU (WHO, 2007). O EAE corresponde à proporção do aminoácido mais

limitante (primeiro limitante) do alimento-teste em relação ao padrão de aminoácidos essenciais

de crianças pré-escolares de 1 a 2 anos de idade usadas como padrão de referência, e foi

calculado conforme equação 5, a seguir:

EAE = mg do aminoácido limitante em 1g da proteína teste

mg do mesmo aminoácido em 1g do padrão de necessidade x 100 (5)

2.6 Digestibilidade protéica in vitro

A digestibilidade de proteínas foi realizada segundo metodologia proposta por Akeson

e Stahmann (1964), com modificações. Antes do início da análise, as amostras passaram por

cocção durante 10 minutos a 121 °C, com maceração prévia de 12 horas com água na proporção

de 1:3 para a maceração e 1:2 para cocção, havendo troca de água antes da cocção. Para a

análise foi colocada amostra fresca com solução ácida de pepsina e deixado por 3 horas em

banho-maria sob agitação a 37 ºC. Após este tempo, a solução foi neutralizada com NaOH 0,1N,

seguida da adição de solução de pancreatina, e mais 24 horas em banho-maria sob agitação nas

mesmas condições. Posteriormente, foram retirados 2 mL da mistura, transferidos para tubos

de centrífuga (15 mL), adicionado 10 mL de ácido pícrico 1%, centrifugados a 4.000 rpm por

30 minutos e retirado o sobrenadante para a digestão protéica pelo método micro Kjeldhal. Para

realização do branco, foram seguidos os mesmos procedimentos, porém com ausência de

amostra. Para obtenção da digestibilidade, realizou-se o cálculo com base na porcentagem de

proteína medida por Kjeldahl, a média obtida a partir da digestibilidade (%) e subtraindo o valor

do branco. Os resultados foram expressos em porcentagem.

2.7 Compostos antinutricionais

a) Ácido fítico

Para a determinação do conteúdo de ácido fítico foram pesados 1 g de amostra, sendo

todas dissolvidas em 50 mL de solução HCl 0,2 N, e mantidas em Shaker por duas horas a 150

rpm. Após filtragem desta solução em papel filtro, com poro de 14 a 18 µm, foi adicionado 1

mL de solução férrica a 0,5 mL de cada extrato obtido, sendo mantidos em banho-maria por 30

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minutos com água em ebulição. Posteriormente, foram centrifugadas a 2447 g a 25 ºC, durante

30 minutos. Em seguida, misturou-se 1,5 mL de solução de biripidina a 1,0 mL do sobrenadante

para posterior leitura em espectrofotômetro. As alterações na absorbância foram analisadas pela

quantidade de ferro livre complexado com a solução de biripidina, a partir do comprimento de

onda a 519 nm e comparadas com curva padrão de ácido fítico, obtida a partir da escala de

concentração que irá variar de 3 a 30 µg/mL (HAUG e LANTZSCH, 1983). Para a

biodisponibilidade do Fe e Zn foi utilizada a razão molar ácido fítico versus elemento (AF: Fe

e AF: Zn), onde essa biodisponibilidade foi determinada por meio das razões molares entre o

ácido fítico e os minerais das farinhas, tendo como critério o valor crítico, descrito na literatura

para essas razões (SAHA; WEAVER; MASON, 1994; WHO, 1996).

b) Taninos

O teor de taninos foi determinado segundo a metodologia descrita por Price e Hagerman

(1980), com alterações. Antes do preparo do extrato, as amostras passaram por cocção durante

10 minutos a 121 °C, com maceração prévia de 12 horas com água na proporção de 1:3 para a

maceração e 1:2 para cocção, havendo troca de água antes da cocção. Os extratos foram

preparados com as amostras dissolvidas em metanol. A seguir, foram agitados por 20 minutos

em mesa agitadora e centrifugados durante 20 minutos a 4.000 rpm. O sobrenadante foi

transferido para balão volumétrico de 10 mL e acertado o volume com metanol. Adicionou-se

1 mL do extrato em tubos de ensaio, seguido de 5 mL de mistura de vanilina 1:1, cobertos com

papel alumínio e levados em banho-maria com agitação por 20 minutos a 30 ºC. Após este

período, foram submetidos a leitura em espectrofotômetro de absorbância a 500 nm

(Espectrofotômetro marca Shimadzu UV-1800). O branco foi determinado com 1 mL de

metanol e 5 mL de HCL 4%. Os resultados foram expressos em mg de catequina.100 g-1 de

amostra. A mistura de vanilina foi preparada com vanilina 1% e HCL 8% ambas diluídas em

metanol. Para elaboração da curva, utilizou-se solução padrão de 50 mg de catequina em 50 mL

de metanol, onde esta foi elaborada com as concentrações 0,0; 0,2; 0,4; 0,6; 0,8; 1,0 µM de

catequina. Realizou-se diluições da solução padrão de catequina e metanol, seguida de 5 mL de

mistura de vanilina. As amostras foram submetidas às mesmas condições do método, com

leitura em absorbância a 500 nm.

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c) Inibidor de tripsina

O ensaio de inibição foi realizado de acordo com metodologia descrita por Kunitz e

modificada por Arnon (1970), onde para os testes de inibição de tripsina, extratos a 1% (p/v)

das farinhas foram preparados em tampão fosfato de sódio 0,1 mol L-1 pH 7,6, sob agitação a

4ºC por 30 minutos, seguido de centrifugação por 10 min a 4000 g. O ensaio foi realizado,

adicionando-se 500 μL de extrato, 400 μL de tampão fosfato de sódio 0,1 mol L-1 pH 7,6 e 100

μL de solução de tripsina 0,5 mg mL-1 em tampão fosfato de sódio 0,1 mol L-1 pH 7,6 em tubo

de ensaio. A solução foi incubada por 10 min a 37ºC, seguida por adição de 1 mL de solução

de caseína 1% (p/v) em hidróxido de sódio 0,1 mol L-1 pH 7,6. Após a adição da caseína, a

mistura reagiu por mais 10 min. A reação foi paralisada com a adição de 3 mL de TCA 10%

(v/v) e os tubos foram deixados em repouso por 30 min a temperatura ambiente. Alíquotas de

cada tubo foram transferidas para eppendorfs de 1,5 mL e centrifugados por 10 min a 4000 g.

Após centrifugação, a leitura da absorbância foi realizada em comprimento de onda de 280 nm

utilizando cubeta de quartzo.

Uma unidade de inibição de tripsina (UIT) foi definida como sendo a alteração de 0,1

na absorbância a 280 nm. A unidade de inibição é determinada pela diferença entre a atividade

observada se a presença de inibidores e aquela observada após a adição de extrato contendo

inibidores. Os resultados foram expressos como unidades inibitórias de tripsina (UIT) por

grama de amostra, sendo uma unidade inibitória responsável pela inibição de uma unidade de

tripsina.

d) Inibidor da α-amilase

A determinação da atividade do inibidor da α-amilase foi realizada, utilizando a

metodologia proposta por Deshpande et al. (1982). Para se determinar a atividade do inibidor

da α-amilase, inicialmente, foi necessário o conhecimento da atividade desta enzima.

Ensaio da atividade da α-amilase: Uma alíquota de 0,5 mL de suspensão de amido 1 %

em tampão fosfato de sódio 0,2 mol.L-1 (pH 7,0) foram adicionados a 0,25 mL de solução de

enzima α-amilase de Aspergillus oryzae. Ao final de três minutos, a reação foi finalizada com

a adição de 2 mL do ácido dinitrosalicílico e aquecido em água em ebulição por 10 minutos. O

tubo, então, foi resfriado em água corrente e o volume completado com água destilada para 13

mL. A absorbância foi lida em espectrofotômetro a 540 nm contra um branco. Os açúcares

redutores liberados foram expressos em maltose. Uma unidade de atividade enzimática é

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definida como aquela que libera do amido solúvel, um micromol de grupos redutores

(calculados como maltose) por minuto, a 37 °C e pH 7,0, nas condições especificadas.

Ensaio do inibidor de α-amilase: O ensaio para o inibidor de α-amilase foi realizado a

partir da extração de 1 g da amostra com 10 mL de água destilada por 12 h a 4 °C e centrifugação

a 3000 x g por 20 minutos. O sobrenadante foi avaliado para a atividade inibitória da α-amilase.

A 0,25 mL do sobrenadante, foram adicionados 0,25 mL de solução de enzima α-amilase e o

tubo incubado por 15 minutos a 37 °C. A esta mistura, foram adicionados 0,5 mL de solução

de amido 1 % previamente incubado a 37 °C. Ao final de três minutos, a reação foi finalizada

com a adição de 2 mL do ácido dinitrosalicílico e aquecido em água em ebulição por 10

minutos. O tubo, então, foi resfriado em água corrente e o volume completado com água

destilada para 13 mL. A absorbância foi lida em espectrofotômetro a 540 nm contra um branco.

Uma unidade do inibidor de α-amilase (UIA) foi definida como a quantidade de inibidor que

inibe uma unidade de α-amilase.

2.8 Análise estatística

O experimento foi conduzido em três repetições, com delineamento em blocos

casualizados. Os dados foram submetidos à Análise de Variância (ANOVA), seguida de

comparação de médias pelo teste de Tukey, ao nível de 5 % de significância, utilizando o

programa STATISTICA (2005) versão 7.1.

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3 Resultados e Discussão

3.1 Composição Centesimal

Os teores encontrados para a composição centesimal das farinhas de feijão dos

diferentes grupos comerciais estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Composição centesimal (base seca) das farinhas de feijão (g.100g-1) dos diferentes

grupos comerciais provenientes de Santo Antônio de Goiás – GO, 2014.

Cultivar Umidade Proteínas Lipídeos Cinzas Carboidratos

BRS Estilo 6,95a ± 0,36 19,45c ± 0,86 1,51c ± 0,09 4,39a ± 0,09 56,38c ± 0,92

Pérola 6,84ab ± 0,30 21,48ab ± 0,25 1,35cd ± 0,08 4,48a ± 0,05 57,37bc ± 0,57

BRS Agreste 6,75ab ± 0,25 20,43bc ± 1,10 1,22de ± 0,11 4,67a ± 0,21 63,85a ± 1,44

BRS Pitanga 7,02a ± 0,26 22,10a ± 0,72 1,07e ± 0,09 4,50a ± 0,22 58,25bc ± 1,39

BRS Esteio 6,37b ± 0,51 19,77c ± 1,12 2,31a ± 0,11 4,45a ± 0,09 60,01b ± 1,25

IPR Uirapuru 6,31b ± 0,49 19,91c ± 0,77 1,82b ± 0,26 4,48a ± 0,22 60,29b ± 0,83

Cultivar Fibra Alimentar Valor Energético

(kcal) Total Solúvel Insolúvel

BRS Estilo 18,27a ± 1,21 5,14a ± 0,59 13,13a ± 1,01 316,88e ± 5,41

Pérola 15,33b ± 0,26 5,30a ± 0,33 10,04a ± 0,33 327,52d ± 1,20

BRS Agreste 9,83d ± 0,13 1,35c ± 0,22 8,48c ± 0,81 348,08a ± 1,21

BRS Pitanga 14,08bc ± 0,46 3,64b ± 0,36 10,45b ± 0,46 331,06cd ± 2,37

BRS Esteio 13,46c ± 0,05 3,24b ± 0,33 10,21b ± 0,31 339,93b ± 0,45

IPR Uirapuru 13,51c ± 0,42 3,40b ± 0,36 10,11b ± 0,43 337,15bc ± 2,23

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas, não diferem significativamente entre si (p>0,05)

pelo teste Tukey.

As cultivares BRS Pitanga e BRS Estilo apresentaram os maiores teores de umidade,

não apresentando diferença estatística quando comparadas com as demais. Os teores de

umidade variaram entre 7,02 a 6,31 g.100g-1, sendo estes valores considerados baixos quando

comparados com os encontrados por USDA (2016), 11,33 g.100g-1 de umidade em feijões

carioca cru e 11,02 g.100g-1 para feijões cru, do grupo comercial preto. As cultivares do grupo

comercial preto, BRS Esteio e IPR Uirapuru, apresentaram os menores valores de umidade, e

junto às cultivares Pérola e BRS Agreste, não apresentaram diferença estatística.

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Silva, Rocha e Canniatti-Brazaca (2009) avaliaram a umidade de feijões de diferentes

grupos comerciais, e encontraram 9,15, 5,81 e 8,08 para as cultivares BRS Pontal (Carioca),

BRS Supremo (Preto) e WAF 75 (Branco), respectivamente. Segundo os autores,

provavelmente, a cultivar BRS Supremo, que obteve menor teor de umidade, ficou mais tempo

em processo de secagem ou foi colhido com teor de umidade menor, quando comparada as

outras duas, o que pode ter ocorrido com as farinhas de feijão avaliadas neste estudo. Ramírez-

Cárdenas, Leonel e Costa (2008), estudando cinco cultivares de feijão (Ouro Branco, Diamante

Negro, BRS Radiante, Pérola e Talismã), encontraram teores de umidade variarando de 10,69

a 15,38%; já Gomes et al. (2006), encontraram 17,60% de teores de umidade em farinha de

feijão cru.

Os teores de proteínas encontrados para as diferentes farinhas de feijão variaram entre

19,77 a 22,10 g.100g-1 (Tabela 1). Os menores valores encontrados foram para as farinhas de

feijão da cultivar do grupo comercial carioca, BRS Estilo, e das cultivares do grupo comercial

preto, BRS Esteio e IPR Uirapuru, onde estas cultivares não apresentaram diferença estatística

entre as amostras, apresentando valores próximos. Por outro lado, as farinhas das cultivares

BRS Pitanga e Pérola apresentaram os maiores valores de proteínas. Valores similares foram

encontrados por Esteves (2000), onde o autor encontrou teores de proteínas no feijão que

variaram de 22 a 26%. No estudo realizado por Brigide e Canniatti-Brazaca (2006), os autores

encontraram para feijão carioca cru, em base seca, 27,4%. De acordo com USDA (2016), o

valor de proteínas para feijões carioca crus é de 21,42 g.100g-1 e para feijões crus, do grupo

comercial preto, 21,60 g.100g-1, onde estes valores estão dentro do encontrado neste estudo.

Teores de proteína, ainda mais altos, foram encontrados por Pujolà, Farreras e Casañas (2007),

variando de 23,4 a 32 % para nove cultivares provenientes da Índia.

Segundo Gomes et al. (2006), avaliando a composição centesimal de farinha de feijão

cru, os autores encontraram 23,18% de proteínas. Resultados similares foram encontrados por

Saha et al. (2009), onde trinta e cinco diferentes genótipos de Phaseolus vulgaris L. foram

estudados e o teor de proteína variou de 18,66 a 26,17 %. Da mesma forma, as cultivares BRS

Embaixador, BRS Pitanga, BRS Estilo, Pérola, BRS Campeiro e BRS Esplendor, avaliadas

quanto ao teor de proteína, apresentam 19%, 21,5%, 23%, 22%, 22,8% e 18%, respectivamente

(CARNEIRO et al, 2003; RAVA et al., 2004; DEL PELOSO et al., 2008; COSTA et al., 2009;

MELO et al, 2009). Sendo assim, a Resolução RDC nº 269, de 22 de setembro de 2005

(BRASIL, 2005), que trata do “Regulamento técnico sobre a ingestão diária recomendada (IDR)

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de proteína, vitaminas e minerais”, recomenda que a ingestão diária de proteínas estimada para

crianças (4 a 6 anos) seja de 19 g.dia–1 e, para adultos, 50 g.dia–1.

Para os teores de lipídeos, a farinha da cultivar BRS Esteio, do grupo comercial preto,

apresentou maior teor, com diferença estatística entre as amostras avaliadas (Tabela 1). Os

valores estiveram próximos aos encontrados por Ramírez-Cárdenas, Leonel e Costa (2008), que

estudaram cinco cultivares de feijão (Ouro Branco, Diamante Negro, BRS Radiante, Pérola e

Talismã), e os resultados variaram de 1,27 a 1,94%, respectivamente. De acordo com USDA

(2016), o valor de lipídeos para feijões carioca crus é de 1,23 g.100g-1 e para feijões crus, do

grupo comercial preto, 1,42 g.100g-1, onde estes valores estão próximos aos encontrados neste

estudo. Já Gomes et al. (2006), avaliando os teores de lipídeos em farinha de feijão cru,

encontraram 0,82% de lipídeos, considerado baixo quando comparado aos valores encontrados

neste estudo. Froes (2012), ao avaliar teores de lipídeos em farinha de feijão crua e farinha de

feijão extrusada, encontrou resultados semelhantes aos descritos na literatura, que variam de

0,98 a 1,35 g.100g-1 para a farinha de feijão crua e de 0,52 a 1,25 g.100g-1 para a farinha de

feijão extrusada, havendo diferença significativa entre elas.

Em relação aos teores de cinzas, encontrados para as farinhas de feijão, todas as farinhas

não apresentaram diferença significativa. Esses teores variaram entre 4,39 e 4,67%, onde a

farinha de feijão da cultivar BRS Agreste apresentou os maiores teores de cinzas, quando

comparada com as demais (Tabela 1). Ramírez-Cárdenas, Leonel e Costa (2008), ao avaliarem

os teores de cinzas em cinco cultivares de feijão (Ouro Branco, Diamante Negro, BRS Radiante,

Pérola e Talismã), obtiveram resultados variando de 3,36 a 4,22%, próximos aos valores

encontrados neste estudo. Da mesma forma, Gomes et al. (2006), avaliando a composição

centesimal de farinha de feijão cru, encontraram 3,23% de cinzas.

De acordo com USDA (2016), o valor de carboidratos para feijões carioca crus é de

62,55 g.100g-1 e para feijões crus, do grupo comercial preto, 62,36 g.100g-1. Estes valores são

considerados altos, quando se comparam aos encontrados neste estudo, os quais variaram de

56,38 g.100g-1 para a farinha da cultivar BRS Estilo a 63,85 g.100g-1 para a farinha da cultivar

BRS Agreste (Tabela 1). Esta farinha de feijão apresentou diferença estatística, quando

comparada com as demais farinhas de feijão. Na avaliação da composição centesimal de farinha

de feijão cru, Gomes et al. (2006) encontraram 72,75% de carboidratos, juntamente com os

teores de fibras. Marquezi (2013), avaliando o teor de carboidratos em farinhas de feijão,

encontrou 48,90; 46,30 e 37,60 g.100g-1 para as cultivares BRS Estilo, Pérola e BRS Pitanga,

respectivamente, provenientes de Ponta Grossa – PR. Já para as farinhas de feijão provenientes

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de Santo Antônio de Goiás – GO, a autora encontrou 50,66; 46,04 e 20,27 g.100g-1 de

carboidratos para as mesmas cultivares, e quando se comparam estes valores com os

encontrados neste trabalho, estes foram considerados superiores.

O conteúdo encontrado de fibra alimentar total para as farinhas de feijão teve variação

de 9,83 a 18,27 g.100g-1, para as farinhas das cultivares BRS Agreste e BRS Estilo,

respectivamente (Tabela 1). As fibras solúveis, responsáveis pelo aumento da viscosidade do

conteúdo gastrointestinal, das farinhas de feijão carioca, BRS Estilo e Pérola, não apresentaram

diferença estatística, quando comparadas com as demais farinhas. Já as fibras insolúveis,

responsáveis por diminuirem o tempo de trânsito intestinal, aumentarem o peso das fezes,

tornarem mais lenta a absorção da glicose e retardarem a digestão do amido, nas farinhas de

feijão variaram de 8,48 a 13,13 g.100g-1. Valores similares foram encontrados por Marquezi

(2013), avaliando a composição nutricional em farinhas de feijão, em que a autora encontrou

teores de fibras alimentares solúveis entre 0,51 a 4,84 g.100g-1 e fibras insolúveis entre 14,36 a

19,35 g.100g-1 para as cultivares provenientes de Santo Antônio de Goiás – GO.

O valor de fibras alimentares para feijões carioca e preto é de 15,5 g.100g-1 (USDA,

2016). Estes valores foram similares aos encontrados neste estudo, com exceção da farinha de

feijão da cultivar BRS Agreste, apresentando-se valor 36,6% menor. Dessa forma, tendo em

vista que o consumo de feijão como fonte de fibra produz maior saciedade, maior sensação de

plenitude intestinal, e níveis elevados de colecistocinina, relacionada com reduções dos níveis

de glicose plasmática e insulina em pacientes diabéticos (BOURDON et al., 2001), o consumo

das farinhas de feijão apresenta inúmeros benefícios à saúde, incluindo a redução do risco de

doença coronariana, diabetes, obesidade e alguns tipos de câncer.

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3.2 Minerais

A composição dos minerais presentes nas farinhas de feijão dos diferentes grupos

comerciais está apresentada na Tabela 2.

Tabela 2. Composição mineral (base seca) das farinhas de feijão dos diferentes grupos

comerciais provenientes de Santo Antônio de Goiás – GO, 2014.

Cultivar

N total

(Kjeldahl)

(g/kg)

P total

(g/kg) K total (g/kg)

Ca total

(g/kg)

Mg total

(g/kg)

BRS Estilo 28,42a ± 0,99 4,65a ± 0,13 8,14a ± 0,59 1,19a ± 0,05 1,43b ± 0,09

Pérola 32,60a ± 1,21 4,73a ± 0,09 10,00a ± 0,06 1,02ab ± 0,15 1,71a ± 0,04

BRS Agreste 30,37a ± 2,45 4,63a ± 0,27 9,18a ± 0,84 0,84b ± 0,11 1,40b ± 0,03

BRS Pitanga 32,81a ± 3,30 4,85a ± 0,24 8,92a ± 0,83 1,10ab ± 0,03 1,52b ± 0,04

BRS Esteio 30,11a ± 0,45 4,59a ± 0,10 8,72a ± 0,70 0,95ab ± 0,03 1,45b ± 0,03

IPR Uirapuru 29,78a ± 1,86 4,84a ± 0,31 9,07a ± 0,72 1,24a ± 0,20 1,51b ± 0,09

Cultivar Cu total (mg/kg) Fe total (mg/kg) Mn total

(mg/kg)

Zn total

(mg/kg)

BRS Estilo 9,86a ± 0,93 63,71a ± 2,78 10,38a ± 0,65 33,77a ± 2,21

Pérola 9,96a ± 0,08 52,22b ± 0,93 11,22a ± 0,87 33,18a ± 0,29

BRS Agreste 9,06a ± 0,83 51,47b ± 5,28 9,77a ± 1,41 29,00b ± 1,43

BRS Pitanga 8,76a ± 0,37 48,12bc ± 3,39 10,91a ± 0,57 33,42a ± 1,27

BRS Esteio 9,20a ± 0,54 42,25c ± 0,72 10,38a ± 0,75 33,53a ± 0,38

IPR Uirapuru 9,17a ± 0,58 52,33b ± 2,52 10,39a ± 1,25 32,98a ± 1,03

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas, não diferem significativamente entre si (p>0,05)

pelo teste Tukey.

Com relação à composição mineral das farinhas de feijão, estas foram constituídas em

maior parte por nitrogênio, potássio, fósforo, magnésio, cálcio, ferro, zinco, manganês e cobre,

respectivamente, onde este mineral não apresentou diferença estatística para nenhuma das

farinhas de feijão. De acordo com USDA (2016), os valores de minerais para feijões carioca

crus são de 800-1000 mg.100g-1 para potássio, 460 mg.100g-1 para fósforo, 140-170 mg.100g-

1 para magnéso, 85-120 mg.100g-1 para cálcio, 4,8-6,3 mg.100g-1 para ferro, e 2,9-3,3 mg.100g-

1 para zinco. Já para feijões crus, do grupo comercial preto, são de 1483 mg.100g-1, para

potássio, 352 mg.100g-1 para fósforo, 171 mg.100g-1 para magnésio, 123 mg.100g-1 para cálcio,

5,0 mg.100g-1 para ferro, e 23,65 mg.100g-1 para zinco. Estes valores são considerados altos,

quando se comparam aos encontrados neste estudo.

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Oliveira (1996), avaliando a composição de 12 farinhas de feijão, encontrou teor de

cálcio, variando de 124 a 192 mg/100g, e teor de magnésio entre 114 e 144 mg/100g. Segundo

Chiaradia e Gomes (1997), o teor de ferro em feijões cozidos situa-se entre 2,88 e 7,93 mg/100g.

Lopez e Willians (1988) encontraram teores de cálcio em feijões kidney, variando entre 33,6

mg/100g para feijões enlatados e até 94,3 mg/100g em feijões secos, e magnésio variando de

27,1 a 142 mg/100g. Já segundo Gomes et al. (2006), avaliando a composição mineral em

farinha de feijão cru, encontraram 3,47 mg/100g de sódio, 1,09 g/100g de potássio, 73,7

mg/100g de cálcio, 0,191 g/100g de magnésio, 8,99 mg/100g de ferro e 2,23 mg/100g de zinco.

Os feijões acumulam diferentes proporções de ferro, zinco e manganês no tegumento,

no embrião e nos cotilédones. As maiores quantidades destes minerais são armazenadas nos

cotilédones de grãos maduros (CVITANICH et al., 2011). As concentrações de minerais

dependem da variedade analisada e das condições ambientais durante o cultivo (OECD, 2015).

Em relação aos minerais de maior ocorrência nos feijões, são encontrados 0,09 a 4,25 g/kg para

cálcio, 1,0 a 3,26 g/kg para magnésio, 2,30 8,42 g/kg de fósforo e 13,0 24,9 g/kg para potássio,

além disso, uma variação considerável nos minerais de menor ocorrência também foi observado

por Dwivedi et al. (2012).

Froes (2012), avaliando a composição mineral em farinha de feijão carioca crua,

encontrou 75,08; 12,74 e 2,47 mg.100g-1 de teores de cálcio, ferro e zinco, respectivamente, em

farinhas de feijões carioca, considerados baixos teores quando comparados com os encontrados

neste estudo. No entanto, apesar das farinhas apresentarem altos teores de minerais, a

biodisponibilidade destes deve ser considerada, visto que em vegetais a biodisponibilidade é

menor do que em alimentos de origem animal. Os fatores que podem influenciar essa baixa

biodisponibilidade são a digestibilidade do alimento, a forma química do mineral, a presença

de quelantes e as condições do processamento, podendo, dessa forma, alterar a quantidade, a

forma química ou a associação do mineral com outros componentes presentes (LAJOLO;

GENOVESE; MENEZES, 1996).

3.3 Perfil de aminoácidos

O feijão é uma das principais fontes de proteína e um dos alimentos mais importantes

para a população brasileira. Apresenta contribuição proteica média de 28% e possui, em sua

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constituição, todos os aminoácidos essenciais (PIRES et al., 2006; BATISTA; PRUDÊNCIO;

FERNANDES, 2010).

Segundo Batista, Prudêncio e Fernandes (2010), o perfil de aminoácidos das proteínas

do feijão comum é caracterizado por sua deficiência em triptofano e aminoácidos sulfurados –

metionina e cisteína –, sendo a metionina, o aminoácido mais limitante. A lisina é o aminoácido

que se encontra em maior proporção nos feijões, em relação aos demais aminoácidos, e a

presença deste aminoácido nos grãos melhora a qualidade das proteínas dos cereais da refeição,

principalmente, o arroz, reconhecidamente deficientes nesse aminoácido (COELHO, 1991). O

arroz é deficiente em lisina e relativamente rico em aminoácidos sulfurados e, assim,

juntamente com o feijão, são considerados alimentos complementares em termos proteicos. A

mistura de feijão com arroz supre as necessidades de aminoácidos essenciais e apresenta

digestibilidade de 80% (TEBA; ASCHERI; CARVALHO, 2009).

A qualidade da proteína de um alimento pode ser estimada pela sua digestibilidade e

pelo seu perfil de aminoácidos essenciais (WHO, 2007). A digestibilidade protéica do feijão

cru está em torno de 25 a 60%, e pode ser aumentada para 65 a 85%, dependendo da variedade

do feijão e do processo de cozimento usado (KIERS; NOUT; ROMBOUTS, 2000). Com

relação ao perfil de aminoácidos essenciais, os grãos de feijão são constituídos em maior parte

por leucina, seguido por lisina, fenilalanina, valina, isoleucina, treonina, histidina e metionina

(RIBEIRO et al., 2007). Sendo assim, os resultados obtidos da composição de aminoácidos

essenciais e não essenciais das farinhas de feijão das diferentes cultivares analisadas constam

das Tabelas 3 e 4, respectivamente.

Neste estudo, os aminoácidos essenciais encontrados para as farinhas de feijão foram

constituídos em maior parte por leucina, seguido por lisina, fenilalanina, treonina, valina,

isoleucina, tirosina, histidina, metionina, triptofano e cisteína. Os teores de aminoácidos

essenciais encontrados nas farinhas de feijão do presente estudo foram superiores aos

encontrados por Froes (2012), onde a autora encontrou 18,00; 41,11; 32,26; 80,52; 106,89;

101,60; 58,85 e 44,40 mg.g-1 de proteína para os aminoácidos metionina-cisteína, isoleucina,

histidina, leucina, fenilalanina-tirosina, lisina, valina e treonina, respectivamente.

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Tabela 3. Composição de aminoácidos essenciais (mg.g-1 de proteína) das farinhas de feijão dos diferentes grupos comerciais provenientes de

Santo Antônio de Goiás – GO, 2014.

Aminoácidos

essenciais

Cultivar Padrão

FAO/WHO/UNU1 BRS Estilo Pérola BRS Agreste BRS Pitanga BRS Esteio IPR Uirapuru

Triptofano 19,83ab ± 0,02 17,00bc ± 0,03 22,33a ± 0,02 15,33cd ± 0,02 13,50d ± 0,01 14,50cd ± 0,01 7,4

Histidina 42,83ab ± 0,02 44,67ab ± 0,06 41,33b ± 0,04 45,67ab ± 0,06 49,00ab ± 0,05 51,50a ± 0,08 18,0

Valina 78,83b ± 0,06 85,00b ± 0,05 83,00b ± 0,06 83,50b ± 0,12 87,83b ± 0,09 102,50a ± 0,06 42,0

Lisina 103,17b ± 0,06 109,83b ± 0,07 106,67b ± 0,08 103,83b ± 0,11 114,17ab ± 0,15 130,00a ± 0,14 52,0

Isoleucina 66,33b ± 0,05 70,00b ± 0,04 69,50b ± 0,05 68,83b ± 0,10 73,67ab ± 0,08 101,33a ± 0,37 31,0

Leucina 137,83b ± 0,10 145,67b ± 0,09 144,00b ± 0,11 141,33b ± 0,15 152,33b ± 0,16 177,17a ± 0,10 63,0

Fenil-Tir2 161,34b ± 0,09 169,17b ± 0,06 166,50b ± 1,3 163,50b ± 0,16 172,83b ± 0,18 204,00a ± 0,14 46,0

Fenilalanina 99,17b ± 0,09 104,67b ± 0,06 103,67b ± 0,08 101,50b ± 0,10 107,50b ± 0,11 127,17a ± 0,09 -

Tirosina 62,17b ± 0,04 64,50b ± 004 62,83b ± 0,05 62,00b ± 0,06 65,33b ± 0,07 76,83a ± 0,05 -

Met-Cist2 36,49a ± 0,06 35,13a ± 0,10 31,72a ± 0,06 34,05a ± 0,05 31,24a ± 0,04 32,67a ± 0,04 26,0

Metionina 29,57a ± 0,05 28,03a ± 0,08 25,70a ± 0,05 27,22a ± 0,04 24,72a ± 0,03 25,67a ± 0,04 -

Cisteína 6,92a ± 0,01 7,10a ± 0,02 6,02a ± 0,01 6,83a ± 0,01 6,52a ± 0,01 7,00a ± 0,00 -

Treonina 79,67b ± 0,04 86,33b ± 0,05 86,00b ± 0,06 88,00b ± 0,09 87,83b ± 0,10 105,67a ± 0,08 27,0

TOTAL 726,32 762,8 751,05 744,04 782,40 919,34 312,40

EAE (%) 1,40 1,35 1,22 1,31 1,20 1,26

*Médias seguidas de mesma letra nas linhas, não diferem significativamente entre si (p>0,05) pelo teste Tukey; 1Padrão FAO/WHO/UNU para crianças pré-escolares de 1 a 2 anos de idade (WHO, 2007); 2Normalmente, os aminoácidos Fenil-Tir = fenilalanina e tirosina (aminoácidos aromáticos), assim como os aminoácidos Met-Cist = metionina e

cisteína (aminoácidos sulfurados), são determinados juntos, no entanto, nas farinhas de feijão, estes foram determinados separadamente; 3EAE – Escore de aminoácidos essenciais: proporção de metionina + cisteína (aminoácidos limitantes da farinha de feijão) em relação às

necessidades de crianças pré-escolares de 1 a 2 anos de idade;

Valores sombreados correspondem aos aminoácidos que, em geral, se encontram limitante na farinha, para crianças em idade escolar;

Dados não encontrados na literatura (-);

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Tabela 4. Composição de aminoácidos não essenciais (mg.g-1 de proteína) das farinhas de feijão dos diferentes grupos comerciais provenientes de

Santo Antônio de Goiás – GO, 2014.

Aminoácidos não-essenciais Cultivar

BRS Estilo Pérola BRS Agreste BRS Pitanga BRS Esteio IPR Uirapuru

Aspartato ou Ácido Aspártico 190,00b ± 0,06 201,00b ± 0,11 204,50b ± 0,17 205,17b ± 0,21 215,67ab ± 0,29 245,17a ± 0,22

Serina 105,50b ± 0,06 109,67b ± 0,09 110,67b ± 0,09 111,00b ± 0,10 121,33ab ± 0,13 135,33a ± 0,12

Glutamato ou Ácido Glutâmico 250,67bc ± 0,09 260,50bc ± 0,18 247,83c ± 0,21 244,33c ± 0,26 291,00ab ± 0,34 326,00a ± 0,28

Glicina ou Glicocola 77,00b ± 0,8 77,50b ± 0,10 76,00b ± 0,05 75,67b ± 0,09 80,67ab ± 0,09 95,33a ± 0,09

Arginina 119,17b ± 0,10 132,50ab ± 0,12 120,33b ± 0,11 132,50ab ±0,09 128,67ab ± 0,15 148,83a ± 0,17

Prolina 70,83b ± 0,08 74,00b ± 0,06 70,67b ± 0,05 69,33b ± 0,07 80,17ab ± 0,12 89,50a ± 0,07

Alanina 68,67b ± 0,03 67,83b ± 0,06 68,83b ± 0,04 64,83b ± 0,07 73,17ab ± 0,10 81,33a ± 0,07

TOTAL 881,84 923,10 898,83 902,83 990,68 1121,49

*Médias seguidas de mesma letra nas linhas, não diferem significativamente entre si (p>0,05) pelo teste Tukey

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As farinhas dos feijões pretos (BRS Esteio e IPR Uirapuru) apresentaram maiores teores

de aminoácidos essenciais, seguidos dos feijões especiais (BRS Agreste e BRS Pitanga), e de

menores teores, os feijões carioca (BRS Estilo e Pérola). Não houve diferença estatística para

os teores de Metionina, variando de 24,72 a 29,57 mg.g-1 de proteína para as farinhas das

cultivares BRS Esteio e BRS Estilo, e Cisteína, variando de 6,02 a 7,10 mg.g-1 de proteína para

as farinhas das cultivares BRS Agreste e Pérola. Segundo Ribeiro et al. (2007), essa composição

é muito semelhante à observada em cultivares de feijão produzidas em outros países e nas

cultivares que já são comercializadas no Brasil.

Segundo Pires et al. (2006), a composição de aminoácidos de uma proteína, determinada

por análise química, é comparada com a de um padrão de aminoácido referência. Sendo assim,

as farinhas de feijão avaliadas, apresentaram concentrações de aminoácidos essenciais acima

do padrão FAO/WHO/UNU de necessidade para crianças pré-escolares de 1 a 2 anos de idade

(WHO, 2007), como demonstrado na Tabela 3, destacando-se o baixo teor de metionina e

cisteína, aminoácidos limitantes da proteína do feijão. Em todas as farinhas, o aminoácido

essencial leucina apresentou maior teor, variando de 137,83 a 177,17 mg.g-1 de proteína, para

a cultivar BRS Estilo e IPR Uirapuru, onde esta apresentou diferença estatística, quando

comparada com as demais cultivares.

Carvalho et al. (2012), avaliando farinhas de quirera de arroz e de bandinha de feijão,

encontraram o aminoácido lisina 2,6 vezes maior na farinha de bandinha de feijão, do que o

encontrado na farinha de quirera de arroz. Já para o aminoácido metionina, observou-se o

inverso, cujo conteúdo, na farinha de quirera de arroz, foi 2,7 vezes maior do que o encontrado

na farinha de bandinha de feijão, comprovando que o feijão pode ser considerado complementar

ao arroz, pois é deficiente em lisina e relativamente rico em aminoácidos sulfurados. Da mesma

forma, Cintra et al. (2007), estudando os aminoácidos limitantes em uma dieta à base de arroz

e feijão, observaram a treonina (85,27%) e os aminoácidos sulfurados (92%) como limitantes

primário e secundário, respectivamente.

O Escore de Aminoácidos Essenciais (EAE) estabelece uma relação entre o teor de cada

aminoácido indispensável da proteína teste com o aminoácido correspondente de um padrão ou

uma proteína tomada como referência o padrão FAO/WHO/UNU (2007) (Tabela 3). Segundo

Balbi et al. (2013), o aminoácido que apresenta o menor EAE é considerado limitante e uma

proteína que apresenta escore superior a 1,0 para todos os aminoácidos é considerada de alto

valor nutricional. De acordo com Pires et al. (2006), o EAE para feijão de boa qualidade é 1,50;

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1,12; 1,19; 1,63; 0,80; 1.79 e 1,17 para os aminoácidos essenciais Histidina, Isoleucina, Lisina,

Metionina-Cisteína, Fenilalanina-Tirosina, Treonina, Triptofano e Valina, respectivamente.

O EAE encontrado para os aminoácidos limitantes das farinhas de feijão do presente

estudo variou de 1,20, para a farinha de feijão da cultivar BRS Esteio, a 1,40 para a farinha de

feijão da cultivar BRS Estilo. Froes (2012), em seu estudo, encontrou como aminoácido mais

limitante os aminoácidos sulfurados metionina-cisteína, com EAE de 0,75. Isso indica que,

comparando-se os valores obtidos com os valores de referência, as farinhas de feijão do presente

estudo possuem ótima composição de aminoácidos essenciais, consideradas de alta qualidade,

capazes de suprir grande parte das necessidades de escolares e de adultos.

Quanto aos aminoácidos não-essenciais – aqueles que o organismo pode sintetizar em

quantidades suficientes –, os grãos de feijão das cultivares em cultivo no Brasil são constituídos,

em ordem decrescente por: ácido glutâmico, ácido aspártico, arginina, serina, alanina, glicina,

tirosina, prolina e cisteína (RIBEIRO et al., 2007). Já os encontrados neste trabalho, para as

farinhas de feijão, foram constituídos em ordem decrescente por ácido glutâmico, ácido

aspártico, arginina, serina, glicina, prolina e analina (Tabela 4). Da mesma forma que os

aminoácidos essenciais, os aminoácidos das farinhas dos feijões pretos (BRS Esteio e IPR

Uirapuru) apresentaram maiores teores, seguidos dos feijões especiais (BRS Agreste e BRS

Pitanga), e de menores teores, os feijões carioca (BRS Estilo e Pérola). Portanto, essas farinhas

podem ser utilizadas para enriquecer a dieta da população em geral, e especialmente de grupos

específicos, como os vegetarianos que precisam ingerir fontes protéicas de origem vegetal de

melhor qualidade.

3.4 Digestibilidade protéica in vitro

A digestibilidade corresponde à quantidade de proteína de determinado alimento que é

realmente absorvida e utilizada pelo organismo. Seu valor baseia-se na razão entre a quantidade

de proteína ingerida e a quantidade excretada da mesma proteína (BALBI et al., 2013). Segundo

Alves, Rocha e Gomes (2008), a digestibilidade é a medida da porcentagem das proteínas que

são hidrolisadas pelas enzimas digestivas e absorvidas pelo organismo na forma de aminoácidos

ou de qualquer outro composto nitrogenado, pois quando certas ligações peptídicas não são

hidrolisadas no processo digestivo, parte da proteína é excretada nas fezes ou transformada em

produtos do metabolismo pelos microorganismos do intestino grosso.

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O estudo da digestibilidade da proteína é imprescindível para avaliar a qualidade

protéica de um alimento, visto que para uma proteína ser considerada de boa qualidade ela deve

ser bem absorvida, ou seja, ter boa digestibilidade, além de suprir as necessidades de

aminoácidos essenciais (WHO, 2007). Dessa forma, os valores de digestibilidade protéica in

vitro encontrados para as farinhas de feijão e os grãos, dos diferentes grupos comerciais, estão

apresentados na Tabela 5.

Tabela 5. Conteúdo de digestibilidade protéica in vitro das farinhas de grãos crus e de grãos

cozidos dos diferentes grupos comerciais de feijão, provenientes de Santo Antônio de Goiás –

GO, 2014.

Cultivar Digestibilidade protéica (%)

Farinha de grãos crus Farinha de grãos cozidos

BRS Estilo 83,91a ± 0,34 89,32a ± 0,53

Pérola 84,30a ± 0,22 90,48a ± 0,49

BRS Agreste 84,21a ± 0,14 90,31a ± 0,31

BRS Pitanga 83,82a ± 0,31 89,97a ± 0,35

BRS Esteio 81,02b ± 0,24 88,99a ± 0,59

IPR Uirapuru 84,10a ± 0,10 90,14a ± 0,28

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas, não diferem significativamente entre si (p>0,05)

pelo teste Tukey.

As farinhas de feijão apresentaram digestibilidade protéica, variando entre 81,02 a

84,30%, não apresentando diferença estatística entre as amostras, com exceção da farinha de

feijão da cultivar BRS Esteio, apresentando valor 3,6% abaixo dos demais. Já para os grãos de

feijão após cocção, estes apresentaram teores de digestibilidade protéica, variando de 88,99 a

90,48%, não apresentando diferença estatística entre as amostras. Segundo Pires et al. (2006),

a principal fonte proteica da alimentação, no Brasil, é derivada da ingestão de arroz e feijão,

onde esta mistura supre os aminoácidos essenciais e tem digestibilidade ao redor de 80 %. Isso

indica que as farinhas avaliadas neste estudo, bem como dos grãos após cocção, apresentaram

alto teor de digestibilidade, pois de acordo com Alves, Rocha e Gomes (2008), a digestibilidade

das proteínas do feijão corresponde à 60 %.

Apesar de ser boa fonte proteica, as proteínas do feijão possuem baixo valor biológico

se comparado ao leite ou à carne. A baixa digestibilidade das proteínas e o reduzido teor e

biodisponibilidade de aminoácidos sulfurados são responsáveis por esse baixo valor biológico

(LAJOLO; GENOVESE; MENEZES, 1996). Além disso, a digestibilidade pode ser

influenciada, também, por vários compostos inibidores de enzimas digestivas, hemaglutininas

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e polifenóis, entre outros, e quando certas ligações peptídicas não são hidrolisadas no processo

digestivo, parte da proteína é excretada nas fezes ou transformada em produtos do metabolismo

pelos microrganismos do intestino grosso (SGARBIERI, 1996).

Para Sgarbieri (1996), a desnaturação da proteína no processo melhora a digestibilidade

por facilitar a ação proteolítica das enzimas digestivas. Para Nunes e Baptista (2001), o processo

térmico excessivo pode causar decréscimo na digestibilidade da proteína devido à formação de

ligações cruzadas, o que não foi o que ocorreu neste estudo, pois a farinha de grãos de feijão

após cocção apresentaram valores maiores quando comparados aos apresentados para as

farinhas de grãos de feijão cru. Toledo e Canniatti-Brazaca (2008) avaliaram a digestibilidade

das proteínas do feijão carioca submetido à cocção em panela aberta, panela de pressão e micro-

ondas, com e sem maceração e cozido ou não na água de maceração, encontrando valores que

variaram de 69,33%, para o feijão cozido em panela de pressão sem aproveitamento da água de

maceração, a 82,59% para o feijão cozido em panela aberta sem ser realizada a maceração.

Além do tratamento térmico, outro fator que influencia na digestibilidade de proteínas

é a presença de taninos. Os taninos possuem tendência em formar complexos com proteínas,

resultando na baixa digestibilidade das proteínas de leguminosas, inibição do crescimento e

aumento da excreção de nitrogênio total em animais (DESHPANDE; CHERYAN;

SALUNKHE, 1986). Batista, Prudêncio e Fernandes (2010) avaliaram a digestibilidade in vitro

de proteínas de farinha de feijão extrusada. Os valores da digestibilidade de proteínas da farinha

extrusada foram, significativamente, mais elevados do que os da farinha não extrusada. O

tratamento térmico, durante o processo de extrusão, causa inativação parcial dos inibidores de

tripsina, melhorando a digestibilidade das proteínas. Além disso, a desnaturação das proteínas

pelo processo de extrusão é capaz de expor sítios que são susceptíveis à hidrólise enzimática

(RUIZ-RUIZ et al., 2008).

3.5 Compostos antinutricionais

Os compostos antinutricionais limitam a qualidade nutricional no feijão, uma vez que

reduzem a atividade de algumas enzimas, a ação biológica de certos compostos químicos como

proteínas e carboidratos, e a absorção de metabólitos como aminoácidos, açúcares, vitaminas e

minerais. No entanto, o ácido fítico e os compostos fenólicos, quando em baixas concentrações,

apresentam também efeitos positivos sobre a saúde como ação protetora ao câncer e a prevenção

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de doenças cardiovasculares (MARTINEZ-DOMÍNGUEZ; IBÁÑEZ-GÓMEZ; RINCÓN

LEÓN, 2002).

O ácido fítico e seus sais constituem a principal forma de armazenamento de fósforo em

sementes de cereais e leguminosas e sua ação antinutricional está baseada na capacidade de

formar complexos insolúveis com minerais, proteínas, diminuindo a biodisponibilidade destes,

além de inibir enzimas proteolíticas e amilolíticas (SILVA e SILVA, 1999; MARTINEZ-

DOMÍNGUEZ; IBÁÑEZ-GÓMEZ; RINCÓN LEÓN, 2002). Os valores referentes aos

compostos antinutricionais dos diferentes grupos comerciais de feijão constam da Tabela 6.

Tabela 6. Conteúdo de ácido fítico, taninos, inibidores de tripsina e inibidores de α-amilase das

farinhas de feijão dos diferentes grupos comerciais provenientes de Santo Antônio de Goiás –

GO, 2014.

Cultivar Ácido Fítico

(%)

Taninos

(mg catequina/g)

Inibidor de

tripsina (UIT/g)

Inibidor de α-

amilase (UIA/g)

BRS Estilo 0,496a ± 0,03 6,15c ± 0,30 1361,78a ± 78,54 256,34a ± 2,01

Pérola 0,539a ± 0,01 1,03e ± 0,06 1177,78b ± 33,99 232,70a ± 16,65

BRS Agreste 0,551a ± 0,04 4,37d ± 0,38 666,67c ± 27,76 170,94b ± 13,87

BRS Pitanga 0,549a ± 0,02 6,71c ± 0,57 745,78c ± 70,93 278,95a ± 37,17

BRS Esteio 0,428b ± 0,03 11,79a ± 0,42 1387,78a ± 82,46 255,18a ± 37,41

IPR Uirapuru 0,443b ± 0,04 9,97b ± 0,43 53,33d ± 27,76 100,33c ± 13,06

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas, não diferem significativamente entre si (p>0,05)

pelo teste Tukey. UIT - Unidade Inibitória de Tripsina; UIA - Unidade Inibitória de α-Amilase.

No presente estudo, para os teores de ácido fítico nas farinhas de feijão, observaram-se

maiores valores para as cultivares do grupo comercial carioca e especial, não havendo diferença

estatística significativa, onde os feijões do grupo comercial preto apresentaram-se com os

menores valores. Os teores de ácido fítico variaram entre 0,428 a 0,551%. Quando se comparam

com outros autores, Silva et al. (2011) encontraram teor de fitatos de 0,564% em grãos de feijão

da cultivar Uirapuru, acondicionadas em sacos de papel, secas em estufa a 30 °C, por 72 horas,

e padronizadas para 12% de umidade, realizadas na pós colheita, em grãos crus, próximo do

resultado da presente pesquisa (0,443%).

Marquezi (2013) avaliou diferentes cultivares de feijão, provenientes de Ponta Grossa –

PR e de Santo Antônio de Goiás – GO e o conteúdo de ácido fítico variou de 7,17 a 10,41 mg/g

e não apresentou diferenças significativas para as cultivares provenientes da cidade de Ponta

Grossa. Observaram-se valores elevados de ácido fítico para as cultivares provenientes de Santo

Antônio de Goiás, com exceção da BRS Embaixador, que não diferiu estatisticamente das

cultivares de Ponta Grossa.

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Na maioria das sementes de leguminosas, o fósforo fítico constitui aproximadamente 80

% do fósforo total (MARTINEZ-DOMÍNGUEZ; IBÁÑEZ-GÓMEZ; RINCÓN LEÓN, 2002).

Lolas e Markakis (1975) estudaram 50 cultivares de feijão em relação ao teor de ácido fítico. O

ácido fítico, ou seus sais, representaram 54 a 82 % do conteúdo total de fósforo do feijão, e seu

conteúdo variou de 0,54 a 1,58 % nas cultivares avaliadas.

Calheiros e Canniatti-Brazaca (2011) elaboraram formulados para alimentação enteral

de idosos, à base de feijão, e encontraram teores entre 0,315 e 0,426%, demonstrando que

alimentos, como o feijão, apresentam quantidades consideráveis de ácido fítico, pois outros

formulados, que não tiveram feijão na elaboração, apresentaram teores mais baixos entre 0,1 e

0,3%. Deshpande et al. (1982) encontraram valores para o ácido fítico superiores aos

apresentados na Tabela 6. Para dez cultivares estudadas, o teor de ácido fítico variou de 11,6 a

29,3 mg/g quando os grãos eram analisados inteiros. Para os grãos sem o tegumento, o teor

variou de 16,3 a 36,1 mg/g, mostrando que o conteúdo de ácido fítico concentra-se no

cotilédone.

Da mesma forma, a quantidade encontrada por Martini (2002) foi de 0,01%, Moura e

Canniatti-Brazazaca (2006) encontraram 8,83 mg.100g-1, enquanto Guzmán-Maldonado;

Acosta-Gallego e Paredes-Lopez (2000) verificaram para o feijão cozido a variação de 0,01 a

0,0183% para espécies de feijões selvagens; e de 0,0073 a 0,0108%, para os feijões comuns. Já

em feijões comuns armazenados por 150 dias, os autores encontraram teores entre 1917

mg.100g-1, para o tempo 0, e 1560 mg.100g-1, no tempo de 150 dias de armazenamento, onde

verificaram a redução do teor de fitatos em maiores tempos de armazenamento.

Ramírez-Cárdenas, Leonel e Costa (2008) avaliaram o efeito do processamento

doméstico sobre os fatores antinutricionais em cinco cultivares de feijão. Em todas as cultivares,

houve redução no teor de fitatos, principalmente naquelas que foram cozidas sem a água de

maceração. A maceração dos grãos contribuiu para a redução no conteúdo de fitatos, podendo

ser explicada pela lixiviação dos íons fitatos na água sob a influência de um gradiente de

concentração.

O ácido fítico possui a capacidade de formar complexos insolúveis com minerais,

interferindo negativamente em sua biodisponibilidade (DAVIDSSON et al., 2001; HURRELL

et al., 2003; TROESCH et al., 2009). Essa biodisponibilidade tem sido avaliada por meio da

razão molar entre o ácido fítico e o mineral (fitato:mineral) da dieta (SIQUEIRA; MENDES;

ARRUDA, 2007; MA et al., 2005). No que se refere à biodisponibilidade de minerais e sua

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razão molar (fitato:mineral), os valores encontrados para as farinhas de feijão, das diferentes

cultivares, estão presentes na Tabela 7.

Tabela 7. Resultados de quantificação de ácido fítico, minerais (ferro e zinco), e razão molar

(Fitato:Ferro e Fitato:Zinco) das farinhas de feijão dos diferentes grupos comerciais

provenientes de Santo Antônio de Goiás – GO, 2014.

Cultivares Ácido Fítico

(%)

Fe total

(mg/kg)

Zn total

(mg/kg)

Razão molar

AF:Fe

Razão molar

AF:Zn

BRS Estilo 0,496a ± 0,03 63,71a ± 2,78 33,77a ± 2,21 6,61bc ± 0,62 14,57bc ± 0,77

Pérola 0,539a ± 0,01 52,22b ± 0,93 33,18a ± 0,29 8,74abc ± 0,16 16,10ab ± 0,27

BRS Agreste 0,551a ± 0,04 51,47b ± 5,28 29,00b ± 1,43 9,16ab ± 1,49 16,27a ± 0,80

BRS Pitanga 0,549a ± 0,02 48,12bc ± 3,39 33,42a ± 1,27 9,69a ± 0,85 18,88ab ± 2,01

BRS Esteio 0,428b ± 0,03 42,25c ± 0,72 33,53a ± 0,38 8,57abc ± 0,64 12,63c ± 0,86

IPR Uirapuru 0,443b ± 0,04 52,33b ± 2,52 32,98a ± 1,03 7,16bc ± 0,80 13,31bc ± 1,56

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas, não diferem significativamente entre si (p>0,05)

pelo teste Tukey.

A farinha de feijão da cultivar BRS Pitanga apresentou-se com valor maior para a razão

molar (fitato:ferro), sendo 46,54% maior do que a razão molar apresentada para a BRS Estilo.

Traçando um paralelo entre as cultivares que apresentaram menor média, no que se diz respeito

a razão molar, as farinhas de feijão das cultivares BRS Estilo e IPR Uirapuru foram as que

apresentaram menores valores para razão molar, quando comparadas com as demais. As demais

cultivares não apresentaram diferença significativa para a razão molar (fitato:ferro), exceto para

BRS Agreste que se assemelhou a BRS Pitanga, diferindo-se apenas em 5,8% para a cultivar

BRS Pitanga, de maior média.

Verificou-se que a biodisponibilidade de ferro era inversamente proporcional à sua

razão molar (fitato:ferro). Além disso, neste estudo, as razões molares encontradas foram

inferiores a valores críticos para o mineral Fe (AF:Fe >14). Segundo Hallberg, Brune e

Rossander et al. (1989), a razão molar fitato:ferro (Fe) >1 diminui a biodisponibilidade de ferro.

Já Saha, Weaver e Manson (1994) demonstraram que dietas com razão molar fitato:ferro (Fe)

>14 tem sua absorção prejudicada, comprometendo a biodisponibilidade desses minerais em

animais e humanos, e dieta com razão molar fitato:cálcio (Ca) igual a 1,56 apresentou

comprometimento na absorção do íon Ca.

Em relação a razão molar (fitato:zinco), as farinhas de feijão das cultivares BRS Agreste

e BRS Pitanga, grupo comercial especial, e a Pérola, grupo comercial carioca, apresentaram-se

com maiores valores, não apresentando diferença estatística quando comparadas com as demais

cultivares. As farinhas das cultivares do grupo comercial preto, BRS Esteio e IPR Uirapuru,

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apresentaram menores valores para razão molar (fitato:zinco). Os valores para razão molar

(fitato:zinco) ficaram entre 12,63 a 18,88. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),

dietas com razão molar fitato:zinco acima de 15 apresentam baixa biodisponibilidade de Zn

(10% a 15%), entre 5 e 15 apresentam média biodisponibilidade de Zn (30% a 35%) e, abaixo

de 5 apresentam alta biodisponibilidade (WHO, 1996). Dessa forma, de acordo com os valores

encontrados, as farinhas de feijão das cultivares BRS Agreste e BRS Pitanga apresentaram

baixa biodisponibilidade de zinco. Da mesma forma, as demais farinhas, BRS Estilo, BRS

Esteio e IPR Uirapuru, apresentaram média biodisponibilidade de Zn. Assim, concentrações

elevadas de ácido fítico nos grãos de feijão, podem estar associadas a efeitos nutricionais

negativos ao homem (BONETT et al., 2007).

Os taninos, considerados como metabólitos secundários, em grãos de feijão encontram-

se principalmente no tegumento e, juntamente com as antocianinas, determinam a cor,

tonalidade e intensidade das sementes (DÍAZ; CALDAS; BLAIR, 2010). Seu conteúdo em

feijões depende, em grande parte, da presença ou não do tegumento e de sua coloração, pois o

branco possui quantidades muito baixas, enquanto o vermelho e o preto têm níveis

significativamente maiores (PEREIRA e COSTA, 2002). Os valores referentes aos teores de

taninos estão descritos na Tabela 6.

Segundo os dados encontrados nas análises, as farinhas de feijão da cultivar Pérola

apresentaram o menor teor de tanino quando comparadas aos demais valores encontrados. As

médias encontradas diferiram significativamente entre si, em que as cultivares não

apresentaram valores próximos, com exceção das cultivares BRS Pitanga e BRS Estilo que

apresentaram teor médio de tanino com, aproximadamente, 6 mg.g-1 equivalentes de catequina.

Maiores valores foram encontrados para as cultivares do grupo comercial preto, BRS Esteio e

IPR Uirapuru. Em geral, os teores de taninos encontrados no presente trabalho ficaram entre

1,03 mg e 11,79 mg.g-1 equivalentes de catequina.

Marquezi (2013) avaliou diferentes cultivares de feijão provenientes de Ponta Grossa –

PR e de Santo Antônio de Goiás – GO e o conteúdo de taninos em suas amostras variou de

10,39 a 45,52 mg de catequina/g. Em seu estudo foi possível observar que, para um mesmo

grupo de cor, apenas no grupo preto, ambas as cultivares provenientes de Ponta Grossa e Santo

Antônio de Goiás, não apresentaram diferenças significativas, e a cultivar BRS Pitanga

procedente de Santo Antônio de Goiás foi a que apresentou o maior conteúdo de taninos (45,52

mg de catequina/g).

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Devido a seus efeitos adversos na cor, sabor e qualidade nutricional, os taninos de

leguminosas e cereais tem recebido considerável atenção. O aproveitamento de proteínas em

animais e humanos é afetado pela presença de taninos no tegumento dos feijões, cujo teor pode

variar de 0 a 2%, segundo a espécie e a coloração da semente (BONETT et al., 2007). Em

feijões, os taninos estão concentrados, primeiramente, no tegumento da semente, com

qualidades baixas ou insignificantes e, em segundo lugar, nos cotilédones. Os genótipos de

feijões coloridos são mencionados com frequência como maiores limitantes do valor nutritivo

de leguminosas (SILVA e SILVA, 1999).

Em estudos com animais alimentados com dietas ricas em taninos, verificou-se a

redução no consumo de alimentos e um baixo quociente de eficiência protéica (DESHPANDE,

1992). Observou-se, também, baixo aproveitamento de nutrientes em feijões marrons, pretos,

vermelhos e brancos, com teor médio de taninos de 7,8 mg, 6,6 mg, 12,6 e 2,3 mg.g-1

equivalentes de catequina, respectivamente (BRESSANI; ELIAS; BRAHAM, 1993). Segundo

Del Pino (1992), os taninos em feijão, concentram-se nos tegumentos (7,7 mg.g-1), enquanto

nos cotilédones a sua concentração é de apenas 0,8 mg.g-1.

Helbig (2000) encontrou valores próximos (13,78 e 18,75 mg/g) para taninos – porém

inferiores se comparados a algumas cultivares – quando trabalhou com dois lotes da cultivar

IAC-Carioca. No entanto, quando comparado com as cultivares do grupo carioca estudadas

neste trabalho, observa-se que BRS Estilo e Pérola possuem teores de taninos menores que os

estudados pelo autor. O autor, também, verificou que o processo de cozimento, com ou sem a

água de maceração, promoveu acentuada redução dos mesmos.

Toledo e Canniatti-Brazaca (2008) avaliaram o teor de taninos em feijão carioca

submetidos a diferentes métodos de cocção. O feijão macerado, cozido em outra água,

apresentou teores de taninos menores do que do feijão cozido na mesma água de maceração.

Porém, o cozimento sem maceração prévia foi o mais efetivo para redução do conteúdo de

taninos, devido ao fato de ser maior o tempo de exposição das amostras ao calor para cocção.

A presença de inibidores de proteases é um dos fatores envolvidos na baixa

biodisponibilidade de proteínas do feijão. Estes inibidores são substâncias de natureza proteica

que interferem na ação de enzimas no trato digestivo, e essa inibição resulta numa redução da

digestão proteica (LAJOLO; GENOVESE; MENEZES, 1996; PEREIRA et al., 2009). As

enzimas mais encontradas em feijões são a tripsina e a quimotripsina (SATHE, 2002).

No que se refere à presença dos inibidores de protease, observou-se a presença dos

inibidores de tripsina nas diferentes cultivares de feijão, variando de 53,33 a 1387,78 UIT.g-1

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(Tabela 6). A cultivar IPR Uirapuru foi a que apresentou menor teor de tripsina, correspondendo

a, aproximadamente, 3,9% dos teores apresentados pelas cultivares BRS Estilo e BRS Esteio,

de maiores valores. As cultivares BRS Agreste e BRS Pitanga não diferindo estatisticamente

entre si, apresentando valores bem próximos. Já para a cultivar Pérola, considerada como

cultivar padrão, seus teores ficaram 14,3% abaixo dos apresentados pelas cultivares BRS Estilo

e Esteio.

Segundo Marquezi (2013), em seus estudos realizados com feijões de diferentes grupos

comerciais, o teor de inibidor de tripsina variou de 327,04 a 1247,67 UIT.g-1. Observou-se que

as cultivares procedentes de Ponta Grossa apresentaram valores mais elevados quando

comparadas às cultivares de Santo Antônio de Goiás. Para as cultivares BRS Pitanga, BRS

Estilo e Pérola, procedentes de Santo Antônio de Goiás – GO, os teores de inibidores de tripsina

foram 487,33, 327, 04 e 436,49 UIT.g-1, respectivamente, estando menores que as encontradas

no presente estudo.

Batista, Prudêncio e Fernandes (2010), estudando o processo de extrusão em feijões

com o defeito “hard-to-cook”, encontraram valores para o teor de inibidor de tripsina, de 4,64

e 4,61 UIT.mg-1 (4640 e 4610 UIT.g-1) para os feijões BRS Pontal (carioca) e BRS Grafite

(preto), e quando as farinhas foram submetidas ao processo de extrusão, o inibidor de tripsina

reduziu sua atividade, obtendo valores de 1,36 e 1,41 UIT.mg-1 (1360 e 1410 UIT.g-1),

respectivamente.

Como forma de inativação desses inibidores, esta foi avaliada em diferentes cultivares

em feijões cozidos, em água a 90 °C por 15, 30 e 40 minutos. Após15 minutos, a atividade do

inibidor de tripsina reduziu drasticamente entre 5 a 20 % para as cultivares estudadas, e após

40 minutos houve completa inativação. O estudo mostrou que a inativação dos inibidores de

tripsina ocorre nos primeiros minutos do tratamento térmico (JOURDAN; NOREÑA;

BRANDELLI, 2007).

As α-amilases são enzimas largamente distribuídas na natureza, produzidas por animais,

vegetais e microrganismos com o objetivo de degradar os carboidratos para que possam ser

utilizados como fonte energética (ANTUNES, 2008; KOBLITZ, 2008). Elas catalisam a

hidrólise inicial dos polissacarídeos que possuem as ligações glicosídicas α-1,4, como por

exemplo, o amido e o glicogênio (MARSARO JÚNIOR et al., 2005). Essas ligações

glicosídicas α-1,4 que estão presentes na região interna da cadeia de amilose e amilopectina

(formadores do amido), formam oligossacarídeos menores de várias composições, que são

carboidratos simples, podendo ser assimilados pelo organismo. Isso ocorre porque essas

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enzimas têm estrutura tridimensional que pode se ligar ao substrato, e através de grupos

catalíticos altamente específicos, promovem a quebra do glicosídeo (PEREIRA, 2005; SALES,

2012).

Os teores de inibidores de α-amilase avaliados neste estudo variaram de 100,33 a 278,95

UIA.g-1, estando próximos aos encontrados por Marquezi (2013), a qual encontrou valores de

inibição, para feijões de diferentes grupos comerciais, variando de 60,79 a 231,06 UIA.g-1.

Segundo a autora, dentre estes valores, os menores e os maiores valores apresentados foram

observados nas cultivares provenientes de Santo Antônio de Goiás.

Observou-se que os maiores valores de inibição de α-amilase foram para as cultivares

BRS Pitanga, BRS Estilo, BRS Esteio e Pérola, estando entre 278,95 e 232,70 UIA.g-1, não

apresentando diferença estatística entre essas amostras. No entanto, as demais amostras BRS

Agreste e IPR Uirapuru, que apresentaram menores valores de inibição, diferiram

significativamente entre si. Quando se comparam os teores apresentados para as cultivares BRS

Pitanga e BRS Estilo, 278,95 e 256,34 UIA.g-1, estes valores estão próximos aos encontrados

por Marquezi (2013), onde em seu estudo, para estas mesmas cultivares e de mesma

procedência, encontrou 213,92 e 231,06 UIA.g-1, respectivamente, estando estes valores,

relativamente 23,32% e 9,9% abaixo dos teores encontrados no presente estudo. Essas

diferenças encontradas podem ser relacionadas com a variabilidade genética, a diferença do

local de plantio, o clima da região em que essas cultivares foram cultivadas, a época da safra,

diversos fatores ambientais, bem como pelas cultivares utilizadas.

Batista, Prudêncio e Fernandes (2010), estudando o processo de extrusão em feijões

com o defeito “hard-to-cook”, encontraram valores para o teor de inibidor da α-amilase de 18,16

e 16,08 UIA/100 mg (181,6 e 160,8 UIA.g-1), para os feijões BRS Pontal (carioca) e BRS

Grafite (preto), e quando as farinhas foram submetidas ao processo de extrusão, o inibidor da

α-amilase foi completamente inativado.

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4 Conclusão

Com base nos resultados obtidos para as farinhas de feijão, as cultivares BRS Pitanga e

Pérola apresentaram os maiores valores de proteínas, estando próximos aos encontrados por

diversos autores e dentro da faixa de recomendação de ingestão diária estimada. Já para os

teores de fibras alimentares, o consumo das farinhas de feijão das cultivares BRS Agreste e

BRS Estilo apresenta inúmeros benefícios à saúde, incluindo o potencial de redução do risco

de doença coronariana, diabetes, obesidade e alguns tipos de câncer.

Com relação à composição mineral das farinhas de feijão, estas foram constituídas em

maior parte por nitrogênio, potássio, fósforo, magnésio, cálcio, ferro, zinco, manganês e cobre,

similares à literatura, no entanto, sua biodisponibilidade deve ser considerada, visto que em

vegetais a biodisponibilidade é menor do que em alimentos de origem animal.

Da mesma forma que os aminoácidos essenciais, os aminoácidos das farinhas dos feijões

pretos apresentaram maiores teores, seguidos dos feijões especiais, e de menores teores, os

feijões carioca. Estas farinhas foram consideradas de alto valor nutricional podendo ser

utilizadas para enriquecer a dieta da população em geral, e especialmente de grupos específicos,

como os vegetarianos que precisam ingerir fontes proteicas de origem vegetal de melhor

qualidade. Apesar de que um estudo sobre a digestibilidade proteica in vivo seja fundamental

para avaliar a qualidade protéica de qualquer alimento, verificou-se que as farinhas avaliadas

neste estudo, bem como os grãos após cocção apresentaram alto teor de digestibilidade, estando

acima do padrão de 60% de digestibilidade, encontrada na literatura.

Para os teores de ácido fítico nas farinhas de feijão, observaram-se maiores valores para

as cultivares do grupo comercial carioca e especial, em que altos valores estão associados a

efeitos nutricionais negativos ao homem. Da mesma forma, a presença de taninos, nos

tegumentos de feijões do grupo comercial preto, afeta o aproveitamento de proteínas em

animais e humanos.

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CONCLUSÃO GERAL

Considerando as particularidades de cada análise realizada com os feijões, bem como

com as farinhas de feijões, das diferentes cultivares estudadas, estas apresentaram ótimas

características físicas, químicas, tecnológicas, nutricionais e funcionais. As farinhas de feijão

apresentaram importantes propriedades, do ponto de vista tecnológico e nutricional, visto que

possuem, em sua composição, proteínas de alta qualidade, bem como altos teores de

aminoácidos essenciais.

Dessa forma, a utilização das farinhas de feijão pode enriquecer a dieta da população

em geral com fontes proteicas de origem vegetal de melhor qualidade, além de poderem ser

utilizadas como matéria prima na elaboração de novos produtos ou na substituição por produtos

similares pela indústria alimentícia, devido seu alto valor agregado.

Mais estudos relacionados às propriedades dos grãos de feijão carioca, preto e especial

são necessários para ampliar seu aproveitamento pelos programas de melhoramento genético,

indústrias de alimentos e consumidores, visto que informações sobre os feijões especiais são

escassas na literatura, bem como o conhecimento de suas diversas propriedades.