PROPRIEDADES ENERGÉTICAS DA BIOMASSA E DO CARVÃO VEGETAL...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE AGRONOMIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA PROPRIEDADES ENERGÉTICAS DA BIOMASSA E DO CARVÃO VEGETAL DE ESPÉCIES DE BAMBU E CLONES DE EUCALIPTO MACKSUEL FERNANDES DA SILVA Orientador Prof. Dr. Carlos Roberto Sette Jr. Fevereiro - 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE AGRONOMIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

PROPRIEDADES ENERGÉTICAS DA BIOMASSA E DO

CARVÃO VEGETAL DE ESPÉCIES DE BAMBU E CLONES

DE EUCALIPTO

MACKSUEL FERNANDES DA SILVA

Orientador Prof. Dr. Carlos Roberto Sette Jr.

Fevereiro - 2016

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TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESES

E

DISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG

Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal

de Goiás (UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD/UFG), regulamentada pela Resolução CEPEC nº

832/2007, sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica

brasileira, a partir desta data.

1. Identificação do material bibliográfico: [ x ] Dissertação [ ] Tese

2. Identificação da Tese ou Dissertação

Nome completo do autor: Macksuel Fernandes da Silva

Título do trabalho: Propriedades energéticas da biomassa e do carvão vegetal de espécies de bambu e clones de eucalipto.

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Havendo concordância com a disponibilização eletrônica, torna-se imprescindível o envio do(s) arquivo(s) em formato digital PDF da tese ou dissertação.

________________________________________ Data: 26 / 09 / 2016 Assinatura do (a) autor (a) ²

1 Neste caso o documento será embargado por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste

prazo suscita justificativa junto à coordenação do curso. Os dados do documento não serão disponibilizados durante o período de embargo. ²A assinatura deve ser escaneada.

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MACKSUEL FERNANDES DA SILVA

PROPRIEDADES ENERGÉTICAS DA BIOMASSA E DO

CARVÃO VEGETAL DE ESPÉCIES DE BAMBU E

CLONES DE EUCALIPTO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Agronomia, da Universidade

Federal de Goiás, como requisito parcial à

obtenção do título de Mestre em Agronomia.

Área de concentração: Produção Vegetal.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Sette Jr.

Goiânia, GO – Brasil 2016

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação na (CIP)

(GPT/BC/UFG)

Permitida a reprodução total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor

Silva, Macksuel Fernandes da Propriedades energéticas da biomassa e do carvão vegetal de

espécies de bambu e clones de eucalipto [manuscrito] / Macksuel Fernandes da Silva. 2016.

liv, 69 f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Sette Jr. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás,

Escola de Agronomia (EA), Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Goiânia, 2016.

Bibliografia. Inclui gráficos, tabelas, lista de figuras e lista de tabelas.

1. Potencial energético. 2. Madeira. 3. Colmos. I. Sette Jr.,

Carlos Roberto, orient. II. Título.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me iluminar e sempre estar comigo em momentos importantes e

difíceis;

A minha família, pelo carinho, valores transmitidos e sempre me incentivar a

crescer. Vocês são o melhor da minha vida;

Ao meu amigo, chefe e orientador Carlos Roberto Sette Jr., por compartilhar

tanto conhecimento, sempre me incentivando a ser um profissional e pessoa melhor. Muito

obrigado pelo apoio e paciência;

Ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia (PPGA) e a Escola de

Agronomia da Universidade Federal de Goiás – UFG por todo suporte;

Às estagiárias e agora mestrandas Deborah Rodrigues de Souza Santos e Myla

Medeiros Fortes, pelo apoio para a realização desse trabalho;

A toda equipe do Laboratório de Qualidade da Madeira e Bioenergia da

Universidade Federal de Goiás, obrigado pelo suporte, por me motivar e tornar meu

trabalho tão gratificante;

Ao Prof. Dr. Fábio Minoru Yamaji, da Universidade Federal de São Carlos

(UFSCAR), pela contribuição nesse trabalho;

A todos os colegas do Setor de Engenharia Florestal da Escola de Agronomia

da Universidade Federal de Goiás;

A todos meus amigos, sem citar nomes, pois felizmente são muitos, que me

proporcionam tantas alegrias, muito obrigado pelas risadas e incentivo;

E a todas as pessoas que de alguma forma participaram deste trabalho e

contribuíram para minha formação,muito obrigado!

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL......................................................................... 11

2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................ 13

2.1 USO DA BIOMASSA COMO FONTE ENERGÉTICA........................... 13

2.2 ASPECTOS GERAIS DO BAMBU.......................................................... 15 2.3 ASPECTOS GERAIS DO EUCALIPTO................................................... 18

2.4 CARVÃO VEGETAL................................................................................ 20 2.4.1 Fatores de influência na qualidade do carvão vegetal........................... 20

2.5 PROPRIEDADES DA BIOMASSA E DO CARVÃO VEGETAL........... 22 2.5.1 Densidade básica....................................................................................... 22

2.5.2 Poder calorífico superior ......................................................................... 23 2.5.3 Teor de cinzas, materiais voláteis e carbono fixo................................... 24

2.5.4 Rendimento gravimétrico......................................................................... 25

2.6 REFERÊNCIAS.......................................................................................... 26

3

CARACTERISTICAS ENERGÉTICAS DA MADEIRA E DO

CARVÃO VEGETAL DE DOIS HÍBRIDOS CLONAIS DE

Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla..............................................

35

3.1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 36

3.2 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................ 37 3.2.1 Seleção das árvores, corte e preparo de amostras................................. 37

3.2.2 Caracterização da madeira e do carvão vegetal.................................... 39 3.2.3 Análise estatística dos dados.................................................................... 41

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................ 41 3.3.1 Características da madeira e do carvão vegetal: efeito dos clones...... 41

3.3.2 Características da madeira e do carvão vegetal: efeito da posição

longitudinal................................................................................................ 44

3.3.3 Correlação entre as propriedades da madeira e do carvão vegetal..... 48 3.4 CONCLUSÃO............................................................................................ 50

3.5 REFERÊNCIAS......................................................................................... 50

4 POTENCIAL DE ESPÉCIES DE BAMBU COMO FONTE

ENERGÉTICA ALTERNATIVA........................................................... 54

4.1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 55

4.2 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................ 56 4.2.1 Seleção, preparo e carbonização das amostras...................................... 56

4.2.2 Caracterização energética da biomassa e do carvão vegetal................ 59 4.2.3 Análise estatística dos dados.................................................................... 61

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................ 61 4.3.1 Caracterização energética da biomassa.................................................. 61

4.3.2 Caracterização energética do carvão vegetal......................................... 63 4.4 CONCLUSÕES.......................................................................................... 66

4.5 REFERÊNCIAS ........................................................................................ 67

5 CONCLUSÕES GERAIS........................................................................ 69

6 RECOMENDAÇÕES............................................................................... 69

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 Características da madeira e do carvão dos clones de eucalipto..............................................................................................

40

Tabela 3.2 Correlação entre as propriedades da madeira e do carvão vegetal.............................................................................................

46

Tabela 4.1 Análise imediata e poder calorífico superior do carvão de bambu e de eucalipto.........................................................................................

59

Tabela 4.2 Densidade básica e densidade energética do carvão de bambu e de eucalipto.............................................................................................

61

Tabela 4.3 Análise imediata e poder calorífico superior do carvão de bambu e de eucalipto.....................................................................................

62

Tabela 4.4 Densidade básica e densidade energética do carvão de bambu e de eucalipto..............................................................................................

63

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 Localização do município de Nerópolis, região central do estado de Goiás....................................................................................................

36

Figura 3.2 Discos de madeira coletados em diferentes posições longitudinais (0, 3, 6, 9, 12 e 15 m)...........................................................................

37

Figura 3.3 Processo de análise química: Amostras inseridas na mufla (A); Pesagem final do material (B).............................................................

38

Figura 3.4

Variação da densidade básica, poder calorífico e densidade energética nas diferentes posições longitudinais dos clones GG100 e

I144......................................................................................................

44

Figura 3.5

Variação do rendimento gravimétrico, teores de carbono, voláteis e

cinzas nas diferentes posições longitudinais dos clone GG100 e I144......................................................................................................

45

Figura 4.1 Localização do município de Goiânia, região central do estado de Goiás.......................................................................................................

55

Figura 4.2

Segmentos de Bambusa vulgaris e Bambusa tuldoides com dois cm de comprimento (A); Discos de Eucalyptus grandis x Eucalyptus

urophylla cortados em cunhas (B).......................................................

55

Figura 4.3

Amostras de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla (A);

Triturador (B); Material após a trituração (C); Moinho de facas do tipo willey (D); Material após a moagem (E)......................................

56

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RESUMO GERAL

SILVA, M. F. Propriedades energéticas da biomassa e do carvão vegetal de espécies

de bambu e clones de eucalipto. 2016. 69 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia:

Produção Vegetal) - Escola de Agronomia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2016.1

As fontes energéticas de origem agroflorestal são uma excelente alternativa por serem

renováveis e por apresentarem grande potencial para a produção de carvão vegetal. O objetivo desse trabalho foi avaliar o potencial energético da biomassa de bambu e de

híbridos clonais de eucalipto como fonte de energia através da avaliação das características da biomassa e do carvão vegetal. Colmos maduros de Bambusa tuldoides, Bambusa

vulgaris var. vittata e Dendrocalamus asper e discos de madeira em diferentes posições longitudinais (0, 3, 6, 9, 12 e 15m) de árvores dos híbridos clonais de Eucalyptus grandis x

Eucalyptus urophylla (GG100 e I144) com sete anos de idade foram coletados de plantações na região central do Estado de Goiás. A biomassa das espécies foi caracterizada

(densidade básica, química imediata, poder calorífico superior e densidade energética) e foi produzido carvão vegetal com taxa de aquecimento de aproximadamente 1,67ºC.min

-1,

temperatura final de 450ºC, permanecendo estabilizado na temperatura final por um período de 30 minutos para posterior caracterização (densidade básica, análise imediata,

poder calorífico, densidade energética e rendimento gravimétrico). As espécies de bambu apresentaram características energéticas similares ou superiores em relação ao híbrido de

Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla, exceto para os teores de materiais voláteis e de cinzas, indicando o potencial das espécies Bambusa vulgaris vitatta, Dendrocalamus asper

e Bambusa tuldoides para o uso como fonte de energia. A densidade básica e energética da madeira e do carvão vegetal sofreram efeito de clone, sendo maiores no GG100 em relação

ao I144. As características energéticas da madeira e do carvão vegetal dos clones de eucalipto foram influenciadas pela posição longitudinal no tronco das árvores, exceto para

a densidade básica e para o rendimento gravimétrico. Correlações positivas foram detectadas entre: (i) densidade básica e rendimento gravimétrico; (ii) densidade energética,

densidade básica e poder calorífico; (iii) teor de carbono fixo e rendimento gravimétrico; (iv) densidade energética e poder calorífico da madeira com as do carvão vegetal e (v) teor

de carbono fixo com o poder calorífico do carvão e negativas entre (i) o teor de materiais voláteis do carvão vegetal com o poder calorífico; (ii) o teor de carbono fixo na madeira e

no carvão vegetal com os materiais voláteis e com as cinzas.

Palavras-chave: Potencial energético, madeira, colmos

_________________________________________ 1 Orientador: Profº. Dr. Carlos Roberto Sette Jr. EA-UFG.

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GENERAL ABSTRACT

SILVA, M. F. Energy properties of biomass and charcoal bamboo species and

eucalyptus clones. 2016. 69 f. Dissertation (Master in Agronomy: Plant Production) -

Escola de Agronomia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2016.1.

Energy sources from agroforestry origin are an excellent alternative for be renewable and

present great potential to charcoal production. The aim of this study was to evaluate the energy potential of biomass of bamboo and eucalyptus clonal hybrids as energy source

through the evaluation of the characteristics of biomass and charcoal making. Culms mature of Bambusa tuldoides, Bambusa vulgaris var. vittata and Dendrocalamus asper and

wooden clubs in different longitudinal positions (0, 3, 6, 9, 12 and 15 m) trees of hybrid clone of Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla (GG100 and I144) with seven years

were collected from plantations in the center region State of Goiás. The biomass of the species has been characterized (basic density, chemical immediate, gross calorific value

and energy density) and was produced charcoal with heating rate of Approximate 1,67°C min

-1, temperature 450°C final, remaining stable in temperature for last hum period 30

minutes later paragraph characterization (basic density, immediate analysis, calorific value, energy density and gravimetric income). Bamboo’s species had features energy similar or

superiors in relation to Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla hybrid, accept to levels of volatile materials and ash, indicating the potential species Bambusa vulgaris vitatta,

Dendrocalamus asper and Bambusa tuldoides for use as energy source. The basic density and energy from wood and charcoal suffered to clone effect, and larger in GG100 in

relation by I144. Energy characteristics as wood and charcoal of eucalyptus clones influenced for the longitudinal position there is no trunk of trees except for a basic density

and for the gravimetric yield. Positive correlations were detected between: (i) basic density and gravimetric income; (ii) energy density, basic density and calorific value; (iii) carbon

content and gravimetric fixed income; (iv) energy density and calorific value of wood with charcoal making and (v) fixed carbon content to the calorific value of coal and negative

between (i) content of volatile materials of heat charcoal with power; (ii) fixed carbon content in the wood and charcoal with any volatiles and as ashes.

Key-words: Energy potential, wood, culm.

___________________________________________ 1Adviser: Profº. Dr. Carlos Roberto Sette Jr. EA-UFG.

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1 INTRODUÇÃO GERAL

A biomassa é uma das fontes de energia renovável com maior potencial de

desenvolvimento nos próximos anos, sendo apontada como uma das principais opções para

diversificar a matriz energética e reduzir a dependência dos combustíveis fósseis (ANEEL,

2016). O aproveitamento energético e racional da biomassa tende a promover o

desenvolvimento de regiões menos favorecidas economicamente, por meio da criação de

empregos e da geração de receita, reduzindo o problema do êxodo rural e a dependência

externa de energia (Lybeer, 2006) e tem grande importância ambiental pela possibilidade

de redução do uso de combustíveis fósseis que contribui para a redução da emissão de

Gases do Efeito Estufa e consequentemente para a mitigação do aquecimento global. O

Brasil apresenta grande potencial para utilização de matrizes energéticas renováveis (Costa

& Prates, 2005) na posição de um dos maiores produtores agrícolas e florestais do mundo

(Dias et al., 2012).

As plantações florestais, além de fornecerem matéria-prima para os diversos

usos industriais e domésticos, cumprem diversas funções ambientais e sociais,

desempenham um papel importante no desenvolvimento sustentável e contribuem com a

conservação das florestas nativas. Considerando que a madeira é um dos materiais mais

usados pelo homem e com o aumento da procura de matéria-prima para os diversos

setores, as espécies de rápido crescimento vêm ganhando um papel importante para o

suprimento de madeira, tendo em vista os altos índices de desmatamento a nível mundial

(FAO, 2009).

Atualmente, as espécies do genêro Eucalyptus são as mais utilizadas para a

produção de carvão vegetal, suas características de rápido crescimento e densidade

consideráveis garantem um carvão facilmente renovável e de boa qualidade (Santos, 2010).

As áreas de florestas de Eucalyptus ocupam 5,4 milhões hectares no Brasil; já no Estado de

Goiás estas ocupam 121 mil hectares (IBÁ, 2015).

Da mesma forma, espécies de bambus apresentam elevada taxa de crescimento

e produção acelerada de biomassa (Scurlock et al., 2000). No entanto, o pouco

conhecimento científico sobre as espécies de bambu, especialmente no que se refere à

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possibilidade de sua utilização como fonte de energia, tem restringindo o pleno

desenvolvimento da cultura nesta área (Truong, 2014).

O aumento do conhecimento e da pesquisa sobre alguns aspectos das espécies

de bambu tem tido um impacto econômico significativo, originando novos usos industriais

para a espécie (Li, 2004), tendo sido instituída a Política Nacional de Incentivo ao Manejo

Sustentado e ao Cultivo do Bambu (PNMCB), através da Lei 12.484 de 2011 (Brasil,

2011), que tem como objetivo principal promover o desenvolvimento da cultura do bambu

no Brasil. O carvão vegetal é formado a partir do processo de carbonização ou pirólise

lenta da madeira que consiste no seu aquecimento, a temperaturas entre 350°C e 500°C, na

presença controlada de oxigênio, promovendo modificações dos seus componentes

químicos, cujo objetivo é aumentar o teor de carbono na massa resultante do processo

(Carneiro et al., 2011).

O Brasil é o responsável por 40% da produção mundial industrial de carvão

vegetal, sendo o maior produtor do mundo, cujo seus principais consumidores são os

setores de ferro-gusa, aço e ferro-liga (ABRAF, 2013). O crescimento da ordem de 61,4%

entre 2009 e 2012 no consumo de carvão vegetal de florestas plantadas no Brasil decorreu

de vários fatores, dentre os quais pode-se destacar as exigências e a pressão constante dos

grandes consumidores nacionais e internacionais de ferro-gusa para redução ou até

eliminação da utilização de carvão de áreas nativas, aliado às exigências ambientais

nacionais, cada vez mais intensas, por meio de leis e regulamentos (Penteado, 2013).

As características do carvão vegetal são dependentes da qualidade da madeira

utilizada para a sua produção e de outros fatores (Oliveira et al., 2010; Melo et al., 2012).

Consequentemente, a posição de amostragem no tronco das árvores, no sentido

longitudinal e radial pode influenciar na qualidade do carvão vegetal (Arantes et al., 2013;

Buttini et al., 2013; Silva et al., 2015).

Diante do exposto os objetivos deste trabalho foram avaliar as características

da biomassa e do carvão vegetal das espécies Bambusa tuldoides, Bambusa vulgaris vittata

e Dendrocalamus asper e dois híbridos clonais de Eucalyptus grandis x Eucalyptus

urophylla (GG100 e I144).

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 USO DA BIOMASSA COMO FONTE ENERGÉTICA

Biomassa é caracterizada como o conjunto de recursos biologicamente

renováveis, originados de material vegetal, sendo uma forma de energia solar armazenada,

isto é, as árvores usam a luz solar, na fotossíntese, para converter CO2 e H2O em produtos

de alto teor energético, que são os carboidratos e oxigênio. Sendo susceptível a

transformação em energia útil, tal como o calor, a eletricidade e a força motriz (MMA,

2015). Segundo Cortez et al. (2009), as principais biomassas utilizadas no Brasil são:

resíduos agrícolas, resíduos sólidos urbanos, resíduos industriais, resíduos animais e

resíduos florestais.

O Brasil apresenta grande potencial para utilização de matrizes energéticas

renováveis, sobretudo energia produzida a partir de água e da biomassa (Costa & Prates,

2005) na posição de um dos maiores produtores agrícolas e florestais do mundo, o país

pode aproveitar melhor a grande quantidade de biomassa produzida (Dias et al., 2012),

aumentando a sua participação na matriz energética nacional que hoje representa apenas

27,5% (MME, 2014).

Os produtos oriundos da floresta movimentam as exportações brasileiras,

geram energia primária, além de possuir grande importância social, pois gera milhares de

empregos diretos e indiretos, e trazem qualidade de vida à população pelos benefícios

ambientais que proporcionam (EMBRAPA, 2000). Segundo a Associação Brasileira de

Florestas (2013), no ano de 2012, a cadeia produtiva do setor florestal contribuiu para a

geração de 4,4 milhões de empregos no Brasil.

Os resíduos vegetais são normalmente descartados em forma de matéria

orgânica ou queimados diretamente para a sua eliminação, o que acarreta um aumento

considerável na poluição ambiental, além de representar perdas de matéria-prima e energia

(Vale & Gentil, 2008). Assim, segundo Moreira (2011), a biomassa florestal apresenta um

grande potencial para geração de energia, com vantagens para a redução da emissão de

gases do efeito estufa.

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A geração de energia por madeira é bastante vantajosa, pois economiza outras

fontes de energia. Contudo, a madeira utilizada para este fim não deve possuir nenhum

elemento químico adicional, caso contrário pode emitir poluentes causando danos

ambientais (Lima & Silva, 2005).

2.2 ASPECTOS GERAIS DO BAMBU

Segundo o sistema de classificação do botânico alemão Adolf Engler, o bambu

pertence à divisão das Angiospermae e faz parte do grupo das monocotiledôneas, subgrupo

das Gramineae (Ostapiv, 2007). As espécies exóticas, introduzidas no Brasil, por

intermédio dos imigrantes, são, na sua maioria, provenientes do continente asiático, tais

como: Bambusa vulgaris (Sul da China), Bambusa tuldoides (Sul Asiático) e

Dendrocalamus asper (Índia, Tailândia e Vietnã) (Azzini et al., 1997).

O bambu compreende cerca de 1200 espécies em cerca de 90 gêneros,

distribuindo-se naturalmente em zonas tropicais, subtropicais e temperadas, sendo

comumente encontrado na África, Ásia e América do Sul e Central (Lobovikov et al.,

2007). A maior abundância dessa gramínea está no continente Asiático, principalmente na

Índia, China, Japão e Coréia (Lybeer, 2006). Dentre os países das Américas, o Brasil é o

que apresenta a maior diversidade, com 34 gêneros e cerca de 250 espécies nativas,

representando 16,6% de todas as espécies de bambus do mundo, das quais cerca de 160 são

endêmicas (Filgueiras, 2012). A planta de bambu é formada pelos sistemas subterrâneos de

rizomas e raízes, e parte aérea de colmos, galhos e folhas, apresentando flores ou frutos,

por sua vez, ou os dois, simultaneamente. Os colmos são formados por uma série alternada

de nós e entrenós, na maioria ocos e constituídos por fibras e vasos, diferindo-se, segundo

a espécie, em comprimento, espessura da parede, diâmetro, espaçamento de nós e

resistência, onde com o crescimento do bambu, cada novo nó interno é envolvido por uma

folha caulinar protetora denominada bainha (Ghavami & Marinho, 2005).

O bambu possui um acelerado crescimento, onde algumas espécies destacam-

se por apresentarem as maiores taxas de crescimento dentre os vegetais de porte arbóreo,

além de elevada capacidade de ocupação de solos marginais e erodidos, visto que por se

tratar de uma gramínea, o bambu é pouco exigente em relação ao solo e clima, sendo

também bastante resistente à altitude e temperatura, podendo ocupar terras marginais, não

sustentáveis para a agricultura ou floresta (Oliveira, 2006). A planta de bambu é

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extremamente diversificada, que se adapta facilmente a diferentes condições climáticas e

de solo, oferecendo muitas vantagens econômicas, tais como: rápido crescimento,

perenidade, facilidade de estabelecimento, manutenção e colheita; e o seu peso

relativamente leve, devido aos caules ocos, representam uma vantagem em relação à

madeira, favorecendo uma colheita e transporte facilitados, não exigindo técnicas

complexas para o seu estabelecimento (Lobovikov, 2007).

O bambu é comumente utilizado como alimento humano e animal, biomassa

energética para energia renovável e energia limpa, material de construção civil e matéria-

prima industrial para vários setores, como o de cosmética, medicina, celulose e papel,

compósitos de madeira, além de também ser identificado como elemento de conservação e

recuperação ambiental, principalmente no controle da erosão. O bambu é um material

ecológico, leve, resistente, versátil e com excelentes características físicas, químicas e

mecânicas, que lhe possibilitam diversas aplicações ao natural ou processadas, podendo

este ser utilizado como substituto agronômico em áreas marginais visando otimizar

produções que recebem mais atenção do mercado externo, substituindo a madeira em

diversos aspectos (Remade, 2009).

No Brasil, em contrapartida aos países orientais que há décadas produzem e

conhecem as propriedades do carvão de bambu, ainda são poucas as iniciativas no país,

apesar de muitas pesquisas já terem sido desenvolvidas para produção de carvão como

biomassa (Presznhuk, 2004). Este é um setor em potencial no país, o qual se deve investir

mais em pesquisas aplicadas para incorporar o uso de carvão de bambu em nossa cultura

(Manhães, 2008). Apesar da importância do bambu em todo o mundo, as estatísticas

globais sobre seus recursos, produção e comércio continuam bastante escassos e

inconsistentes. A falta de dados abrangentes confiáveis sobre os recursos de bambu e

utilização impede o seu desenvolvimento sustentável e limita seu potencial para o mercado

(Lobovikov, 2007).

No Brasil, dentre as espécies comerciais introduzidas destaca-se Bambusa

vulgaris, utilizada nos programas de reflorestamento principalmente no nordeste do país

(Tomazello Filho & Azzini, 1987). No Nordeste brasileiro são cultivados quarenta mil

hectares de Bambusa vulgaris para a produção de pasta celulósica, cuja capacidade

instalada é de 72.000 toneladas/ano (INBAR, 2015). É uma espécie de bambu

entoucerante, de médio porte, com a média de 15-25 m de altura dos colmos, diâmetro dos

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colmos de 6-15 cm com espessura da parede que pode variar de 7-15 mm (Pereira &

Beraldo, 2008).

A espécie Bambusa tuldoides possui colmos de paredes grossas em relação ao

seu diâmetro, dando ao mesmo uma resistência mecânica alta (Teixeira, 2006). O diâmetro

varia de 3 a 8 cm e sua altura de 8 a 12 m. Tem cor verde escura e apresenta uma notável

linearidade em seus colmos. É bastante empregada no Vietnã para produção de móveis. No

Brasil, é conhecida em algumas regiões como bambu crioulo e é uma das espécies

preferidas como tutor no cultivo de tomate (Silva, 2005). É uma espécie entouceirante cujo

colmo é reto e de cor escura. Este bambu resiste muito bem às geadas. Originário da China

e bastante comum no Brasil. Forma moitas e não se alastra. Apresenta bons resultados em

paisagismo e cercas vivas (Greco, 2011).

Entre as espécies de bambu com grande potencial em razão de seu rápido

crescimento e expressiva biomassa, pode-se citar o bambu-gigante (Dendrocalamus asper

(Schult. & Schult. f.) Backer ex K. Heyne) (Pereira & Beraldo, 2008). A espécie se destaca

pela excelente qualidade e resistência de sua “madeira”. É uma espécie originada no

Sudeste da Ásia, introduzida e cultivada em vários países tropicais (Montiel & Sanchez,

2006). Seus colmos são altamente prezados como material de construção devido a sua

parede espessa, e ainda, o broto dessa espécie é considerada uma das melhores para

alimentação (Dransfield, 1980). É um bambu de porte gigante, que apresenta colmos de 15

a 20 metros de altura, comprimentos dos entrenós de 30 a 50 cm e diâmetro dos colmos

entre 6 e 12 centímetros (Shirasuna, 2012).

A sociedade tem buscado cada vez mais pensar em formas alternativas de tratar

o meio ambiente, procurando materiais que sejam menos poluentes e degradantes, de baixo

custo e fácil manuseio. Sob essa ótica, algumas alternativas vêm sendo propagadas, como a

utilização do bambu, recurso natural renovável, que confere um grande potencial para o

desenvolvimento de projetos economicamente, socialmente e ambientalmente sustentáveis

(Lopes, 2008). Com relação às políticas governamentais no Brasil, em 08 de setembro de

2011 foi sancionada a Lei nº 12.484/2011, instituidora da Política Nacional de Incentivo ao

Manejo Sustentável e ao Cultivo do Bambu - PNMCB, com o objetivo de incentivar o

desenvolvimento da cultura do bambu no país, por meio de ações governamentais e de

empreendimentos privados, com vista a valorização do bambu como produto sustentável e

de grande capacidade para suprir necessidades ecológicas, econômicas, sociais e culturais,

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tendo como diretriz o desenvolvimento tecnológico do manejo sustentado do bambu, do

seu cultivo e de suas aplicações (PNMCB, 2011).

O bambu apresenta-se como um significativo recurso natural renovável, sendo

fonte de matéria-prima para usos industriais, rurais e domésticos, abrangendo as áreas da

agricultura, arquitetura, arte e cultura, culinária, artesanato, móveis, papel, transporte,

medicina e, combustão e bioenergia, isso demonstra a imensa gama de possibilidades e a

versatilidade do bambu, podendo ser substituto ou complemento de inúmeros bens de

consumo, que por características próprias possam não ser renováveis ou que ainda tenham

um custo social e ambiental muito alto para sua extração (Ribeiro, 2005).

O bambu apresenta características vantajosas em relação a algumas espécies

madeireiras no que se refere à captura e fixação de carbono atmosférico, visto este ser uma

planta gramínea classificada como C4, isto é, de alta absorção de carbono, e devido ao seu

rápido crescimento (Delgado, 2011). Neste sentido, considerando como um dos atuais

desafios ambientais da sociedade moderna, a redução dos níveis de carbono pela sua

fixação nos colmos de bambu pode ser uma medida eficaz na mitigação/redução dos

efeitos do aquecimento global.

A facilidade de manejo, a necessidade de área relativamente pequena para o

cultivo e a facilidade de treinamento da mão-de-obra, representam outras vantagens das

espécies de bambu (Dantas et al., 2005). O bambu tolera além de solos ácido com baixa

fertilidade, longos períodos de seca, sobrevive em associação com floresta e pode ser

usado na recuperação de áreas degradadas (Delgado, 2011). De acordo com Ribeiro

(2005), o bambu desempenha importante papel como aliado na recuperação de áreas

degradadas devido ao seu rápido crescimento e sua estrutura diferenciada, atuando como

um recurso renovável na produção agro-florestal.

Em particular para o Brasil, país que ocupa posição de destaque no setor de

energia a partir da biomassa, o bambu poderá ser uma importante alternativa como fonte de

matéria-prima renovável (Guarnetti, 2013). O bambu tem grande potencial para se tornar

uma opção alternativa para produção de carvão vegetal devido a suas semelhanças com

madeiras comumente utilizadas para esse fim (Brito et al., 1987). Neste cenário de

utilização da biomassa na geração de energia, as espécies de bambu se destacam pela

possibilidade da utilização dos seus colmos para geração de energia.

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2.3 ASPECTOS GERAIS DO EUCALIPTO

O Eucalyptus é um gênero importante no fornecimento de matéria-prima para

diversas finalidades industriais e suas espécies são as principais utilizadas para o

fornecimento de biomassa para geração de energia (Cortez et al., 2009). Em função de sua

grande plasticidade ambiental, altos índices de produtividade e características energéticas

(densidade da madeira e poder calorífico), o gênero Eucalyptus é o mais utilizado para a

implantação de florestas para fins energéticos (Santos, 2010).

Institutos e escolas de Engenharia Florestal vêm aprimorando as pesquisas de

melhoramento genético, manejo do solo e nutrição de plantas para elevar as

potencialidades do gênero Eucalyptus, visando maior produtividade, melhores

características da madeira, plasticidade quanto a adaptação aos diferentes sítios florestais e

exigências edafoclimáticas (Pereira et al., 2000; Botrel et al., 2010). Segundo o Ibá (2015),

as áreas de florestas plantadas no Brasil atingiram 5,6 milhões de hectares em 2014. As

principais espécies do gênero plantadas para produção de florestas energéticas são E.

grandis, E. urophylla, E. camaldulensis, E. cloeziana, E. pellita, E. saligna e Corymbia

citriodora (Pinheiro, et al., 2005; Frederico, 2009; Andrade, 2009; Oliveira et al., 2010).

Há grande variabilidade intra e interespecífica para as espécies de Eucalyptus,

principalmente em características como produção de biomassa, taxa de crescimento,

resistência a geadas e déficit hídrico. Uma forma de manter as características favoráveis,

evitando a variabilidade encontrada em árvores obtidas a partir de sementes, é recorrer à

propagação vegetativa (Higashi et al., 2004). Atualmente, os clones com maior destaque

são os híbridos de E. urophylla (I 220), E. urophylla x E. grandis (I 042), E. urophylla x E.

grandis (I144), E. urophylla (I 224), E. urophylla x E. grandis (GG100) e E. urophylla x

E. camaldulensis (VM1) (Fernandes, 2013) (ABRAF, 2013).

O Eucalyptus urophylla em relação à maioria das espécies de eucalipto é o que

apresenta maior estabilidade genética em todas as áreas que foi testado (Moura, 2004).

Consequentemente, grande parte das empresas produtoras e consumidoras de carvão

vegetal, utilizam esses materiais devido a inexistência de clones com melhores

características que atendam as necessidades específicas para a produção de carvão vegetal

(Castro, 2011).

Dessa forma, para melhor utilização das espécies ou clones visando à produção

de energia é importante que se avaliem algumas propriedades da madeira, a fim de se obter

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uma melhor matéria-prima para essa finalidade. Contudo, a qualidade da madeira para a

utilização energética pode ser influenciada pela idade do material e pelas diferenças entre

espécies e clones (Neves et al., 2013).

A preferência por este gênero está associada à possibilidade de obtenção de

vários produtos, à elevada taxa de crescimento e facilidade de rebrotação e às variações na

densidade da copa, o que facilita a disponibilidade de radiação solar incidente no sub-

bosque, viabilizando o estabelecimento das espécies forrageiras e, consequentemente, a

sustentabilidade do sistema (Oliveira et al., 2007). Também em razão de sua excelente

produção volumétrica e da boa qualidade da madeira, resultante do intenso melhoramento

genético realizado com a espécie e do manejo adequado dos povoamentos (Goulart et al.,

2003).

Visando fins energéticos, o melhoramento enfatiza as madeiras de eucalipto

que têm elevado potencial produtivo, alta densidade e alto teor de lignina, pois o

rendimento na produção de carvão é maximizado com o uso da madeira mais densa, de

maior poder calorífico, e constituição química adequada, resultante em carvão de melhor

qualidade (Paludzysyn Filho, 2008).

2.4 CARVÃO VEGETAL

Existe uma ampla e consistente demanda mundial pela madeira como

combustível sólido, que traz uma série de implicações de ordem ambiental, social,

tecnológica e econômica. O Brasil tem a maior produção/consumo mundial de carvão

vegetal de madeira, destinado principalmente ao atendimento de uma importante parcela

da sua produção industrial siderúrgica (Santos et al, 2011). O consumo de madeira para

energia é um dos mais significativos do mundo, situando-se entre 123 a 150 milhões de

metros cúbicos. Cerca de 70% da madeira usada no Brasil tem destinação energética, o que

representa o maior volume de madeira vinculada a determinado uso no país (Serviço

Florestal Brasileiro, 2009).

Durante o processo de carbonização da madeira, o carvão é apenas uma fração

dos produtos que podem ser obtidos, sendo que se utilizados os sistemas apropriados para a

coleta, também podem ser aproveitados os condensados pirolenhosos (líquido pirolenhoso)

e os gases não-condensáveis (Couto et al., 2004).

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De acordo com Lobovikov et al. (2007), existem três razões principais que

contribuem para o sucesso de carvão de bambu no comércio internacional: o bambu cresce

mais rápido e tem uma rotação mais curto em comparação com espécies arbóreas; as

propriedades de valor calórico e de absorção de carvão de bambu são semelhantes ou

melhores do que as de carvão vegetal de madeira; é mais barato e mais fácil de produzir.

2.4.1 Fatores de influência na qualidade do carvão vegetal

O funcionamento do processo de carbonização está intimamente relacionado à

composição química de três componentes da madeira: a celulose, as hemiceluloses e a

lignina, além de sofrer influência das suas características físicas e anatômicas. O primeiro

componente que a se degradar são as hemiceluloses, na temperatura de 200°C a 260°C;

seguidas da celulose (240°C a 350°C) e da lignina, cuja degradação inicia-se a 150°C e se

mantém até 500°C (Andrade, 2004).

A resistência dos constituintes químicos da madeira está intimamente

relacionada às suas respectivas estruturas: quanto mais complexas, mais rígida e mais

condensada for a estrutura, mais estável, do ponto de vista térmico, será o componente

químico correspondente (Andrade, 2004). Neste sentido, para a produção de carvão

vegetal, a madeira deve conter maior teor de lignina e menor teor de holoceluloses, bem

como maior densidade. Portanto, a produção de carvão vegetal depende de sua constituição

química, teores de celulose, hemiceluloses, lignina, extrativos e substâncias minerais que

variam entre as espécies (Santos et al., 2011). Sendo assim, na produção de carvão vegetal,

espécies com teores de lignina significativamente mais elevados permitirão maior

quantidade de carbono no carvão vegetal, o que irá contribuir com o poder calorífico do

produto final (Couto et al., 2004).

Os principais fatores que afetam o rendimento e as propriedades físicas e

químicas do carvão obtido são: o tipo de forno, densidade da madeira que lhe deu origem,

dimensão das peças, temperatura final de carbonização, velocidade de aquecimento,

pressão e fluxos de gases (Carneiro, 2013). Para o funcionamento do processo de

carbonização a madeira precisa primeiramente passar pela secagem, pois despende uma

grande quantidade de energia, esta fornecida por parte da queima da lenha dentro do forno,

ou da câmara de combustão externa, a depender do modelo do forno, sendo que quanto

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mais úmida a madeira maior será a energia necessária para secá-la, o que torna a umidade

um fator importante que deve ser observado no processo de carbonização (Cotta, 1996).

A capacidade de produção da carvoaria é afetada pela densidade da madeira,

pois para um determinado volume de forno a utilização de madeira mais densa resulta em

maior produção em peso, e, além disso, madeira mais densa produz carvão com densidade

mais elevada, com vantagens para alguns de seus usos (Oliveira et al., 1982; Brito, 1993).

Apesar das propriedades da madeira exercerem influência sobre a qualidade do

carvão vegetal em aspectos como porosidade, composição química, densidade, poder

calorífico, entre outros, muitas vezes elas não são consideradas na determinação da idade

de corte e na seleção de materiais para o melhoramento genético (Vieira et al., 2013).

Dessa forma, Alencar (2002) verificou que a densidade da madeira de híbrido E. grandis x

E. urophylla nas idades de um a sete anos, também é influenciada pela idade.

Um dos parâmetros analisados no processo de carbonização é o rendimento

gravimétrico em carvão vegetal o qual apresenta correlação negativa com o teor de

holocelulose e correlação positiva com o teor de lignina total, teor de extrativos e com a

massa específica básica da madeira (Protásio et al., 2012).

De acordo com Santos (2010), a espessura de parede das fibras influencia

diretamente a densidade e indiretamente na conversão da madeira em carvão, pois, fibras

de parede celular espessas apresentam maior volume de biomassa para sustentar a

degradação térmica da madeira. Além da espessura, a densidade da madeira depende da

proporção. Neste sentido, a lignina é um dos componentes da madeira de fundamental

importância na produção do de carvão vegetal uma vez que o composto que mais contribui

para a formação do resíduo carbonífero, bem como pela formação do alcatrão insolúvel

(Oliveira et al., 1982).

A densidade básica pode variar de acordo com a posição na árvore, tanto no

sentido radial quanto no longitudinal. De maneira geral a densidade tende a decrescer da

base para o topo, sendo que em alguns casos tende a ser crescente a partir do nível do

DAP, podendo ainda, apresentar valores alternados com a tendência decrescente e

crescente (Barrichelo et al., 1983). Existem variações na densidade ao longo do fuste das

árvores. Sendo assim, a posição de amostragem no tronco, no sentido longitudinal e radial,

podem influenciar nas características e qualidade do carvão vegetal (Arantes et al., 2013).

Os efeitos da posição longitudinal no carvão vegetal foram avaliados por

Arantes et al. (2013) que determinaram a variabilidade existente nas características do

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carvão vegetal do clone Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla aos 6 anos. A

amostragem consistiu na retirada de discos a 2%, 10%, 30% e 70% da altura comercial,

além de um a 1,30m do solo (DAP). Verificou-se diferenças significativas no rendimento

gravimétrico e no teor de cinzas. Os teores de materiais voláteis e carbono fixo não foram

influenciados pela variação longitudinal do fuste.

Buttini et al. (2013) testaram amostras de Eucalyptus benthamii com sete anos

em diferentes posições ao longo do tronco (0%, 50% e 100% da altura comercial).

Determinou-se o rendimento gravimétrico do carvão vegetal e análise imediata (teor de

materiais voláteis, cinzas e carbono fixo). O carvão apresentou diferenças significativas

apenas para o rendimento do carvão, onde o melhor rendimento foi a 100% da altura

comercial, seguido da região da base (0%) e menor rendimento na posição 50% do tronco.

Para os teores de materiais voláteis, carbono fixo e cinzas, além do poder calorífico

superior, não houve diferenças significativas entre as posições do tronco.

2.5 PROPRIEDADES DA BIOMASSA E DO CARVÃO VEGETAL

2.5.1 Densidade básica

Embora a madeira possa ter diversas destinações, cada uma exigindo

propriedades específicas, o carvão vegetal requer como característica fundamental a

densidade da madeira. A densidade é uma das mais importantes características para

identificar espécies produtoras de carvão de boa qualidade. Propriedade física esta obtida a

partir da relação entre massa absolutamente seca da madeira e o volume saturado, sendo

expressa em g cm-³ ou kg m

-³ (Santos, 2010).

A densidade básica é considerada um parâmetro de maior importância para a

determinação da qualidade da madeira, podendo variar entre espécies, entre árvores de

uma mesma espécie e dentro de uma mesma árvore em função, principalmente, do ciclo de

vida da árvore e das condições edafoclimáticas do povoamento (Vital et al., 1984).

Kollmann et al. (1975) relataram que, quanto mais velha é a árvore, maior é a

sua densidade. Segundo esses autores, tal fato se deve ao espessamento das paredes

celulares dos elementos estruturais e também de acordo com Raad (2004) é influenciada

pela quantidade de vasos e de parênquima, dimensão da fibra, da espécie e das condições

ambientais. De acordo com Brito (1993), quanto maior a densidade básica da madeira,

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maior será a produção em massa em carvão vegetal, para um determinado volume de

madeira enfornada. Além disso, maior densidade da madeira resultará em maior densidade

de carvão vegetal resultando maior resistência mecânica deste.

O uso de madeiras de maiores densidades, para fins energéticos, apresenta as

vantagens como: menor área de estocagem e manuseio da madeira; maior rendimento

energético no transporte e maior rendimento das caldeiras para queima direta da madeira

(Pereira et al., 2000). De modo geral, recomenda-se o uso de madeiras com densidade

básica superior a 500 kg m-³, pois a partir da carbonização, geralmente, para as

temperaturas finais de processo normalmente utilizada (450˚C) tem-se uma perda de massa

de 60%, e sendo a densidade uma relação entre massa e volume, obtém-se uma madeira

com densidade de 500 kg m-3

, um carvão com densidade aparente de 200 kg mdc-1

(Carneiro et al., 2011).

Em estudo realizado por Brito (1987), os valores de densidade básica dos

colmos das espécies/variedades de bambu se mostraram superiores aos apresentados pela

madeira de eucalipto. Essa superioridade foi, na média, de 41,70% sendo que

especificamente os maiores valores foram encontrados para o B. vulgaris var. vittata e D.

giganteus.

2.5.2 Poder calorífico superior

O poder calorífico superior pode ser definido como a quantidade de calor

liberada na combustão completa de uma unidade de massa de carvão vegetal, expressa em

Kcal kg-1

para combustíveis sólidos e líquidos e Kcal m-3

para combustíveis gasosos, sendo

esta propriedade de grande importância, principalmente quando se pensa na utilização do

carvão vegetal como fonte de energia em substituição aos combustíveis derivados do

petróleo (CETEC, 1982).

Moreira (2012) e Varanda & Caraschi (2009), estudaram as propriedades

energéticas de Bambusa vulgaris e encontraram valores médios de poder calorífico

superior de 18244 Kj kg-1

e 19050 Kj kg-1

, respectivamente, para a biomassa. Esses

resultados corroboram com as informações apresentadas por Manhães (2008) que afirma

que o poder calorífico do bambu é igual ou superior às espécies comumente usadas para a

obtenção de carvão, como o Pinus sp e o Eucalyptus sp, e a sua alta capacidade de

renovação caracteriza esta planta como uma importante fonte renovável de energia.

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Quanto maior o teor de umidade, menor é o poder calorífico, fato que se

explica tendo em vista que a madeira com maior teor de umidade necessitará de maior

quantidade de calor para evaporação de sua água (Oliveira et al., 1982).

Santos et al. (2011) avaliaram o poder calorífico em quatro materiais genéticos

híbridos de Eucalyptus, sendo três de E. urophylla x E. grandis e um E. camaldulensis x E.

grandis, todos com 10 anos de idade. O poder calorífico superior do carvão mostrou que o

efeito de material genético foi significativo com os valores observados variando entre

8.210 e 8.515 Kcal Kg-1

. Frederico (2009) encontrou valores para essa propriedade entre

8.129 e 8.389 Kcal Kg-1

, sob as mesmas condições de carbonização para diferentes

espécies de Eucalyptus.

2.5.3 Teor de cinzas, materiais voláteis e carbono fixo

O conteúdo de cinzas resultante do processo de carbonização é usualmente

pequeno, podendo incluir cálcio, potássio, magnésio e traços de outros. Esta composição

química das cinzas pode ser afetada principalmente pela disponibilidade de minerais no

solo, sendo que quanto maior a proporção de materiais minerais na madeira, maior será a

percentagem de cinzas no carvão, fato este pouco desejável, principalmente quando alguns

dos componentes são prejudiciais para fins siderúrgicos (Andrade, 1993).

O teor de cinzas, encontrado por Brito (1987) foi de 3,5% para a Bambusa

vulgaris, 5,1% para B. vulgaris var.vittata, 3% para B. tuldoides 5,0% para D. giganteus e

de 12,3% para Guada angustifólia, à uma temperatura final de carbonização de 550ºC. Os

valores de teor de cinzas para todas as espécies de bambu foram superiores ao obtidos pelo

mesmo autor para o carvão de Eucalyptus urophylla, de 0,5%. Segundo Barcellos (2002), o

baixo teor de cinzas é um importante referencial para quando se utiliza o carvão para a

produção de ligas metálicas.

Buttini et al. (2013) avaliaram o teor de cinzas em Eucalyptus benthamii em

três posições da altura do fuste (0%, 50% e 100%), encontrando valores muito próximos

(1,45; 1,45 e 1,39%, respectivamente), não detectando diferenças significativas entre as

diferentes posições do fuste. Assis et al. (2012) encontraram uma média de 0,90% no teor

de cinzas quando avaliaram híbridos clonas de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla,

De acordo com Carmo (1988), o teor de materiais voláteis é influenciado pela

temperatura de carbonização, taxa de aquecimento e composição química da madeira,

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25

sendo a temperatura o principal parâmetro que regula os teores de materiais voláteis e

carbono fixo do carvão. Com o aumento da temperatura, a madeira passa a sofrer

transformações através da eliminação maciça de produtos voláteis, e uma crescente

concentração de material mais resistente à ação do calor (carbono fixo) no produto sólido

residual (Brito, 1992).

O aumento do teor de carbono fixo do carvão vegetal com o aumento da

temperatura final de carbonização é acompanhado pela redução concomitante do teor de

materiais voláteis, rendimento e perda de resistência do mesmo, em que a composição dos

gases gerados na carbonização depende sensivelmente da temperatura interna (Carneiro et.

al., 2013). Arantes et al. (2013), avaliaram o hibrido clonal Eucalyptus grandis x

Eucalyptus urophylla aos 6 anos de idade e encontraram a média de 26,99% para o teor de

materiais voláteis e 72,84% para o teor de carbono fixo.

Arruda et al. (2013) avaliando híbridos de Eucalyptus grandis x Eucalyptus

urophylla em diferente posições longitudinais (0%, 25%, 50%, 75% e 100%) não

encontraram diferenças significativas para o carbono fixo (média de 75%) e para o teor de

materiais volateis (21%). Costa (2004) encontrou para a espécie Bambusa vulgaris valor

médio de 29,33% de teor de materiais voláteis, e de 34,43% para o Eucalyptus saligna em

temperatura de tratamento de 400ºC.

2.5.4 Rendimento gravimétrico

O rendimento gravimétrico é uma importante característica quando se pretende

indicar um material potencial para a produção de carvão, pois este parâmetro envolve,

simultaneamente, características de produtividade e de qualidade relacionadas ao carvão

vegetal (Andrade, 1993). Costa (2004) comparou o rendimento gravimétrico de

Eucalyptus urophylla (29,6%) com Bambusa vulgaris (28,5%) e Bambusa tuldoides

(28,4%), verificando pouca variação na porcentagem de rendimentos entre as espécies.

Segundo Brito & Barrichelo (1980), o rendimento em carvão vegetal

apresenta-se entre 25 e 35% em média, com base na madeira seca. Botrel et al. (2007),

estudando a qualidade do carvão de nove clones de híbridos de Eucalyptus sp., com a

mesma idade e condições de processo, encontraram valores médios para o rendimento

gravimétrico equivalentes a 25,97%.

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Kumar et al. (2010), em estudo das propriedades do carvão de bambu sob

diferentes temperaturas de carbonização, encontraram valor médio de rendimento

gravimétrico de 35,9% para D. brandissi, 34,8% para D. stockssi, 35% para D. strictus e

35,3% para B. bambos, na temperatura final de 400 °C. Para a temperatura final de 500 °C

os valores foram de 32,8% para D. brandissi, 31,8% para D. stockssi, 34,1% para D.

strictus e 32,1% para B. bambos.

Costa (2005) obteve rendimento em carvão de 32,54% para a espécie Bambusa

vulgaris, sob a temperatura máxima média de carbonização de 400ºC. À medida que a

temperatura, no trabalho desenvolvido, aumentou de 600ºC a 800ºC, foram encontrados

rendimentos inferiores em carvão de 25,3% e 23,02%, respectivamente.

Vale ressaltar que a lignina é um componente desejável na conversão da

madeira em carvão e seu teor é um parâmetro importante. Isso porque, espera-se que

quanto maior a proporção de lignina total, maior será a conversão em carvão vegetal em

função da maior resistência à degradação térmica, promovida pela presença de estruturas

mais condensadas (Santos et al., 2011).

2.6 REFERÊNCIAS

ABRAF. Anuário estatístico da ABRAF: ano base 2012 /ABRAF. – Brasília, 2013. 6 p.

ALENCAR, G. S. B. Estudo da qualidade da madeira para produção de polpa

celulósica relacionada à precocidade na seleção de um Híbrido Eucalyptus grandis x

Eucalyptus urophylla. 2002. 73 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais)–Escola

Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2002.

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3. CARACTERÍSTICAS ENERGÉTICAS DA MADEIRA E DO CARVÃO

VEGETAL DE DOIS HÍBRIDOS CLONAIS DE Eucalyptus grandis x Eucalyptus

urophylla

Resumo

Os objetivos desse trabalho foram avaliar as características da madeira e do carvão vegetal de dois clones de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla e verificar o efeito da posição

longitudinal de amostragem no tronco. Árvores dos clones I144 e GG100, com sete anos de idade, foram cortadas e retirados os discos de madeira em diferentes posições

longitudinais (0, 3, 6, 9, 12 e 15 m). A madeira dos clones foi caracterizada (densidade básica, análise imediata, poder calorífico superior e densidade energética) e produzido

carvão vegetal com taxa de aquecimento de aproximadamente 1,67ºC.min-1

, temperatura final de 450ºC, permanecendo estabilizado na temperatura final por um período de 30

minutos para posterior caracterização (densidade básica, análise imediata, poder calorífico, densidade energética e rendimento gravimétrico). As variáveis densidade básica e

energética da madeira e do carvão vegetal tiveram efeito de clone, sendo maiores no GG100 em relação ao I144. As características energéticas da madeira e do carvão vegeta l

foram influenciadas pela posição longitudinal no tronco das árvores, exceto para a densidade básica e para o rendimento gravimétrico. Correlações positivas e negativas

foram detectadas para as variáveis energéticas na madeira e no carvão vegetal.

Palavras-chave: GG100, I144, posição longitudinal

ABSTRACT

WOOD AND CHARCOAL ENERGY CHARACTERISTICS OF TWO HYBRID

Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla CLONES

This study had as objectives to analyse the characteristics from wood and charcoal in two Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla hybrids and to verify the influence of

longitudinal position along stem. Trees from GG100 and I144 clones at seven years were felled and wood disks were removed in different longitudinal positions (0, 3, 6, 9, 12 and

15 m). Wood was characterized (basic density, higher heating value and energy density) and charcoal was produced at a heating rate of 1,67ºC/min. and at a final temperature of

450ºC, remaining stable at final temperature for 30 minutes for further characterization (gravimetric yield, apparent relative density, energy density, higher heating value). The

variables basic density and energy density from wood and charcoal suffered clone effects,

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being higher in GG100 when compared to I144. Wood and charcoal energy characteristics

were influenced by longitudinal position along tree’s stem, except for basic density and gravimetric yield. Positive and negative correlations were detected for energy variables.

Key-words: GG100, I144, longitudinal position

3.1 INTRODUÇÃO

Dentre as possibilidades de utilização da madeira como combustível sólido,

destaca-se o carvão vegetal formado a partir do processo de carbonização ou pirólise lenta

da madeira que consiste no seu aquecimento, a temperaturas superiores a 350°C e

inferiores a 500°C, na presença controlada de oxigênio, promovendo modificações dos

seus componentes químicos e com objetivo de aumentar o teor de carbono na massa

resultante do processo (Carneiro et al., 2011). O Brasil é responsável por mais de 40% da

produção mundial industrial de carvão vegetal, produzindo 5,3 milhões de toneladas em

2014, com 81% de participação de madeira oriunda de árvores plantadas, principalmente

de eucalipto (IBÁ, 2015).

Os plantios de eucalipto ocupam 5,6 milhões de hectares da área de árvores

plantada no país (IBÁ, 2015). Esta significativa área com plantações demonstra a

importância das florestas plantadas de eucalipto para suprir a demanda das indústrias

nacionais e internacionais por produtos madeireiros, incluindo o carvão vegetal. As

espécies do gênero Eucalyptus spp. são as principais espécies para o fornecimento de

biomassa para geração de energia (Cortez et al., 2009), com destaque para os clones I144

(E. grandisx E. urophylla), GG 100 (E. grandisx E. urophylla), AEC 1528 (E. grandis x E.

urophylla), AEC 224 (E. urophylla) e AEC 042 (E. urophylla) (ABRAF, 2013), que

apresentam altas produtividades e características da madeira adequadas para a produção de

carvão vegetal.

As características do carvão vegetal são dependentes, entre outros fatores, da

qualidade da madeira, determinada principalmente por suas propriedades como densidade

básica, umidade e composição química utilizada para a sua produção (Oliveira et al.,

2010; Melo et al., 2012) e da posição de amostragem no tronco das árvores, no sentido

longitudinal e radial (Arantes et al., 2013; Buttini et al., 2013).

Madeiras que são destinadas à produção de energia devem apresentar elevados

valores de densidade básica, baixo teor de minerais e altos teores de lignina, além de fibras

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37

com parede celular mais espessa e de menor largura, garantindo assim alta qualidade e

elevado rendimento dos carvões produzidos (Trugilho et al., 1997; Trugilho, 2009; Neves

et al., 2011). Os efeitos do material genético e da posição de amostragem no tronco de

clones de eucaliptos nas características da madeira e do carvão vegetal foram observados

por diversos autores como Trugilho et al. (2005), Silva et al. (2005), Santos et al. (2011),

Arantes et al. (2013), Arruda et al. (2013) e Buttini et al. (2013).

Os objetivos deste trabalho foram avaliar e comparar as características da

madeira e do carvão vegetal de dois híbridos clonais de Eucalyptus grandis x Eucalyptus

urophylla, verificar o efeito da posição longitudinal de amostragem no tronco das árvores

no carvão vegetal e as correlações entre a madeira e carvão vegetal.

3.2 MATERIAL E MÉTODOS

3.2.1. Seleção das árvores, corte e preparo de amostras

Para a avaliação das características da madeira e do carvão vegetal do eucalipto

foram selecionadas, de forma aleatória, dez árvores com sete anos de idade dos clones

GG100 e I144 (Eucalytus grandis x Eucalyptus urophylla), popularmente conhecido como

E. urograndis, sendo cinco árvores de cada clone. O plantio florestal está localizado no

município de Nerópolis, região central do Estado de Goiás (Figura 3.1), altitude de 832 m

e coordenadas geográficas de (16° 24’ 21” S e 49° 13’ 08”), que se caracteriza por clima

tropical, classificado como Aw segundo Köppen & Geiger (1928) , com temperatura média

de 23°C e pluviosidade média anual de 1432 mm.

A amostragem consistiu na retirada de dois discos de madeira, de cinco cm de

espessura cada, por posição longitudinal (0, 3, 6, 9, 12 e 15 m da altura comercial), (Figura

3.2) sendo um disco utilizado para a caracterização da madeira e outro para a produção e

caracterização do carvão vegetal.

Para a caracterização da madeira, os discos coletados em diferentes posições

longitudinais foram segmentados em cunhas e utilizadas (i) duas opostas para a

determinação da densidade básica e (ii) duas opostas transformadas em serragem

utilizando-se um moinho de facas do tipo Willey e submetidas a uma separação mecânica

no agitador orbital de peneiras com batidas intermitentes, para a seleção da fração retida na

peneira com malha de 60 mesh.

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38

1

Figura 3.1. Localização do município de Nerópolis, região central do estado de Goiás.

Para a produção e caracterização do carvão vegetal, foram utilizados os discos

remanescentes coletados em diferentes posições longitudinais do tronco das árvores sendo,

da mesma forma, segmentados em cunhas, previamente secos em estufa a 103°C e

carbonizadas em forno mufla da marca Linn Elektro Therm, com dimensões de 60 x 60 x

70 cm e equipado com um sistema de controle de temperatura e tempo, com taxa de

aquecimento de aproximadamente 1,67ºC.min-1

e temperatura final de 450ºC

permanecendo estabilizado na temperatura final por um período de trinta minutos (Soares,

2011; Assis et al., 2012; Arantes et al., 2013).

Após a carbonização do material, foi determinado o rendimento gravimétrico

em carvão que pode ser definido como sendo o rendimento em carvão ao final do processo

de carbonização considerando a matéria prima como referência para o cálculo, sendo

utilizada a equação 1:

G [( C)

S]*100

em que:

RG = Rendimento Gravimétrico em %; PBS = Peso seco (Kg);

PC = Peso em carvão (Kg).

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39

Figura 3.2. Discos de madeira coletados em diferentes posições longitudinais (0, 3, 6, 9,

12 e 15m).

3.2.2. Caracterização da madeira e do carvão vegetal

As análises descritas a seguir foram realizadas tanto na madeira como no

carvão vegetal. Os procedimentos para a análise imediata baseou-se na norma ABNT

NBR 8112 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT, 1983)

determinando-se o teor de materiais voláteis, cinzas e carbono fixo.

Para a determinação do teor de materiais voláteis, foram adotados os seguintes

passos: (i) foi recolhido o material retido na peneira de 60 mesh (ii) o material foi seco em

estufa por duas horas; (iii) pesado 1,0 g do material seco; (iv) o material foi inserido em

cadinho de porcelana com tampa, previamente seco e tarado; (v) o forno mufla foi

aquecido previamente com uma rampa e um patamar a 950 ±10°C e colocado o cadinho

com o material, tampado sobre a porta da mufla aquecida durante três minutos (Figura

3.3); (vi) o cadinho foi inserido no interior da mufla com a porta fechada, deixando-o por

10 minutos; (vii) a amostra foi retirada da mufla e pesada. O teor de material volátil foi

calculado de acordo com a equação 2:

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40

V inicial- final

amostra*100

em que:

MV: Teor de materiais voláteis do carvão vegetal (%); M inicial: Massa inicial do cadinho + amostra (g);

M final: Massa final do cadinho + amostra (g); M amostra: amostra inicial (g).

Figura 3.3. Processo de análise química: Amostras inseridas na mufla (A); Pesagem final

do material (B).

Para a determinação do teor de cinzas foram adotados os seguintes passos: (i)

pesado 1,0 g de material retido na peneira de 60 mesh; (ii) o material foi seco em estufa

por duas horas; (iii) a amostra foi inserida em um cadinho de porcelana sem a tampa,

previamente seco e tarado; (iv) o forno mufla foi aquecido previamente com uma rampa e

um patamar a 600±10°C e colocado o cadinho com a mostra dentro da mufla de porta

fechada e mantido por um período de cinco horas até a completa calcinação; (v) a amostra

foi retirada da mufla e pesada. Utilizou-se a equação 3 para este cálculo:

C final- cadinho

amostra*100

em que:

CZ: Teor de cinzas no carvão, em %; M final: Massa final do cadinho + amostra (g);

M cadinho: Massa do cadinho (g); M amostra: amostra inicial (g).

B A

2

3

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41

O teor de carbono fixo é uma medida indireta e foi calculado através da

equação 4:

CF 100-(C + V)

em que:

CF = Teor de Carbono Fixo em %;

CZ = Teor de Cinzas em %; MV = Teor de Materiais Voláteis em %.

O poder calorífico superior foi determinado por meio de uma bomba

calorimétrica marca IKA WORKS, modelo C-200, conforme a Norma ABNT NBR 8633

(ABNT, 1984). A densidade energética é uma medida calculada através dos valores do

poder calorifico e da densidade básica da madeira, conforme demonstrado na equação 5:

DE CS*D

em que:

DE = Densidade energética expressa em Mj m-3

;

(fator de conversão de Kj para Mj); PCS = Poder calorífico superior expresso em Kj kg

-3;

DB = Densidade aparente expressa em Gcal m-3

.

3.2.3 Análise estatística dos dados

Na análise estatística dos resultados foi utilizado o delineamento inteiramente

casualizado e aplicado o programa JMP (SAS INSTITUTE, 1997), sendo aferidos os

“outliers”, distribuição dos dados e heterogeneidade da variância. Para os resultados

utilizou-se a análise de variância (ANOVA) verificando o efeito do clone e da posição

longitudinal a 5% de probabilidade. Determinou-se a associação entre as características da

madeira e do carvão vegetal através das correlações de Pearson.

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.3.1 Características da madeira e do carvão vegetal: efeito dos clones

4

5

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42

Os resultados médios das características da madeira e do carvão vegetal dos

clones de E. urograndis são apresentados na Tabelas 3.1.

Tabela 3.1 Características da madeira e do carvão dos clones de eucalipto

Material Clone DB (g.cm-3)

PCS (kcal.kg-1)

DE (Gcal.m-3)

TC (%)

TCZ (%)

TMV (%)

RG (%)

Madeira GG100 0,50 a (0,01) 4727,10 a (155,35) 2,37 a (0,10) 16,62 a (1,13) 0,20 a (0,05) 83,19 a (1,09) -

I144 0,44 b (0,01) 4733,60 a (115,94) 2,09 b (0,10) 16,69 a (0,85) 0,13 a (0,04) 83,18 a (0,87) -

Carvão

Vegetal

GG100 0,37 a (0,02) 6730,50 a (176,77) 2,48 a (0,07) 69,49 a (2,34) 1,00 a (0,27) 29,50 a (2,10) 30,99 a (4,70)

I144 0,33 b (0,01) 6891,10 a (197,31) 2,27 b (0,09) 72,43 a (4,02) 0,62 a (0,18) 26,95 a (4,10) 30,12 a (2,90)

DB=Densidade básica; PCS=Poder calorífico superior; DE=Densidade energética; TC=Teor de carbono fixo; TCZ=Teor de cinzas; TMV=Teor de materiais voláteis;RG=Rendimento Gravimétrico. Médias seguidas de desvio padrão. Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de significância pelo Teste F.

A densidade básica da madeira e do carvão vegetal apresentou diferença

significativa entre os clones, com valores superiores observados no GG100. Os valores

médios obtidos tanto para a madeira (0,44-0,50 g.cm-3

) como para o carvão vegetal (0,33-

0,37 g.cm-3

) estão de acordo com os mencionados na literatura por Botrel et al. (2007),

Santos et al. (2011), Neves et al. (2011) e Carneiro et al. (2014). A densidade básica da

madeira está diretamente relacionada com a produção de energia, ou seja, quanto maior a

densidade, maior a quantidade de energia estocada por metro cúbico (Kumar et al., 2011).

Portanto, essa característica é muito importante para a escolha de espécies para queima

direta da madeira, uma vez que densidade da madeira mais elevada resulta em maiores

densidades e resistência do carvão.

O poder calorífico superior obtido para a madeira (4727,10 kcal.kg-1

) e no

carvão vegetal (6730,50 kcal.kg-1

) do GG100 foi estatisticamente igual aos observados

para a madeira (4733,60 kcal.kg-1

) e para o carvão vegetal (6891,10 kcal.kg-1

) do I144. O

incremento do poder calorífico superior da madeira para o carvão vegetal foi na ordem de

40%. Neves et al. (2011) e Carneiro et al. (2014) relatam que o poder calorífico da madeira

e do carvão vegetal de eucalipto encontram-se próximos de 4600 e 7000 Kcal.kg-1

,

respectivamente, corroborando os resultados obtidos neste trabalho, sendo o parâmetro

para expressar a capacidade de geração de energia em substituição aos combustíveis

derivados do petróleo.

Para a densidade energética da madeira e do carvão vegetal foi verificado

efeito significativo do clone, com maiores valores observados para o GG100 (2,37 e 2,48

Gcal.m-3

, respectivamente) em comparação ao I144 (2,09 e 2,27 Gcal.m-3

,

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43

respectivamente). Protásio et al. (2013 e 2014), em trabalhos com clones de Eucalyptus,

observaram resultados similares aos obtidos neste estudo, tanto para a madeira como para

o carvão vegetal. A densidade energética é um importante parâmetro para combustíveis

sólidos, pois, avalia a quantidade de energia armazenada em um determinado volume de

material. No caso do carvão vegetal, os valores de densidade energética são superiores aos

da biomassa em função do aumento do poder calorífico no material pirolisado, apesar da

redução da densidade nos carvões. A baixa densidade energética da biomassa em relação

ao petróleo e o carvão mineral, implica em altos custo de transporte e armazenamento

(Couto et al. 2004) e nesse sentido, a pirólise é fundamental para o aumento do uso da

biomassa como fonte energética.

A densidade básica e a densidade energética na madeira do clone I144 foram

inferiores estatisticamente ao clone GG100, indicando a necessidade do melhoramento

genético deste clone de eucalipto para o uso bioenergético da madeira, conforme apontado

por Protásio et al. (2014).

A análise de variância para os teores de carbono fixo, cinzas e materiais

voláteis na madeira indicou não haver diferença significativa entre os clones GG100

(16,62; 0,20 e 83,19%) e I144 (16,69; 0,13 e 83,18%). Os valores obtidos neste estudo

estão de acordo com os observados em diferentes clones de Eucalyptus sp. por Santos et al.

(2011), Protásio et al. (2013), Arantes et al. (2013) e Soares et al. (2011).

A análise imediata do carvão vegetal indicou, da mesma forma, efeito não

significativo do clone, apesar de terem sido observados maiores valores de carbono fixo

(72,43%) e menores valores de cinzas (0,62%) e materiais voláteis (26,95%) no clone I144

em relação ao GG 100 (69,49; 1,00 e 29,50%, respectivamente). O efeito não significativo

dos clones observados para os parâmetros da análise imediata, tanto para a madeira quanto

para o carvão vegetal, indicam que estes teores são influenciados pela temperatura e pela

taxa de aquecimento do processo de carbonização, conforme indicado na literatura por

Botrel et al. (2007) e Arantes et al. (2013). Cabe ressaltar a necessidade da determinação

dos teores de lignina, holocelulose e extrativos na madeira dos clones estudados visando

explicar melhor o comportamento dos teores de carbono fixo, materiais voláteis e cinzas.

Trugilho et al. (2001), Arantes et al. (2013) e Arruda (2013) encontraram

valores médios semelhantes no carbono fixo (73 a 77%) e materiais voláteis (18 a 24%)

avaliando o carvão de clones de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla. Soares (2011)

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44

e Santos et al. (2011) encontraram baixos teores de cinzas (0,33 a 1,53%) quando

avaliaram diferentes clones e espécies de Eucalyptus sp.

Combustíveis com alto índice de carbono fixo apresentam queima mais lenta,

implicando maior tempo de residência nos aparelhos de queima (Oliveira et al., 2010) e é

um dos mais importantes indicadores de qualidade do carvão vegetal como termorredutor

na siderurgia, contribuindo para o aumento na produtividade dos altos-fornos (Carneiro et

al., 2014). Por outro lado, elevados teores de cinzas podem causar danos nas estruturas dos

fornos e comprometer a qualidade do ferro-gusa, com consequente formação de trincas e

fissuras (Neves et al., 2011; Carneiro et al., 2014).

O rendimento gravimétrico do carvão vegetal não apresentou diferença

significativa entre os clones GG100 (31%) e I144 (30%). Conforme mencionado

anteriormente, além da taxa de aquecimento e da temperatura final de carbonização, o

rendimento gravimétrico e as demais características energéticas são influenciadas pela

composição química da biomassa sendo recomendável determiná-las para uma melhor

explicação do comportamento dos clones. Assis et al. (2012) encontraram uma média de

rendimento de 31,6% avaliando o carvão vegetal de clone de Eucalyptus grandis x

Eucalyptus urophylla. Segundo Neves et al. (2011) considerando-se os aspectos

produtivos, geralmente, é desejável obter elevado rendimento gravimétrico em carvão

vegetal, devido ao maior aproveitamento da madeira nos fornos de carbonização e,

consequentemente, maior produção de energia.

3.3.2 Características da madeira e do carvão vegetal: efeito da posição longitudinal

Os resultados médios da variação longitudinal das características da madeira e

do carvão vegetal dos clones de E. urograndis são apresentados nas Figuras 3.4 e 3.5. A

partir destes resultados foi possível definir alguns modelos de variação longitudinal

similares para as características da madeira e do carvão vegetal nos dois clones estudados.

A densidade básica não apresentou diferenças significativas para as posições

longitudinais, tendo sido verificado um modelo de variação comum para os dois clones,

com valores similares da base (0,49-0,44 g cm-3

para a madeira; 0,36 - 0,35 g cm-3

para o

carvão vegetal), até a extremidade do tronco (0,51 - 0,45 g cm-3

para a madeira e 0,40-

0,36 g cm-3

, para o carvão vegetal). Dados semelhantes foram observados em diversos

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45

estudos com clones de Eucalyptus sp. como os de Roque & Ledezma, (2003), Arruda et al.

(2013) e Buttini et al. (2013).

Para o poder calorífico superior foi observado efeito significativo da posição

longitudinal na madeira e no carvão vegetal do GG100 e I144 (Figura 3.4 C-D), com um

modelo de variação comum para os dois clones, caracterizados por valores de (4.732-4.737

kcal kg-1

) na base, seguido de redução para (4.552-4675 kcal kg-1

) na porção intermediária

do tronco e aumento em direção ao topo (4.974-4819 kcal kg-1

), tendência também

observada por Quinhones (2011) para a madeira de clones de eucalipto.

Conforme apontado por Cunha et al. (1989) o poder calorífico é influenciado

pela constituição química da madeira, principalmente pelos teores de lignina e de

extrativos, tendo sido observado por Silva et al. (2005) e Sette Jr et al. (2014) uma

tendência de crescimento destes teores na madeira em relação a posição ao longo do tronco

de Eucalyptus sp. no sentido base–topo, fator que pode justificar o efeito significativo da

posição longitudinal e o comportamento observados neste estudo mas que no entanto, não

foram avaliados.

A densidade energética da madeira e do carvão apresentou diferença

significativa entre as posições longitudinais em ambos os clones (GG100 e I144). O efeito

da posição longitudinal na densidade energética observada neste estudo está relacionado ao

efeito significativo observado para o poder calorífico tanto para a madeira quanto para o

carvão vegetal, uma vez que não foram detectadas significância para a densidade básica

(Figura 3.4 A-B). Este comportamento é o mesmo observado por Quinhones (2011) para a

madeira de clones de eucalipto com sete anos e o oposto do verificado por Silva et. al

(2015) para a madeira de Eucalyptus benthamii com cinco anos e que também não

verificaram efeito da posição longitudinal no poder calorífico, explicando a diferença do

resultado obtido neste estudo.

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46

Figura 3.4 Variação da densidade básica (A-B), poder calorífico (C-D) e densidade energética (E-F) nas diferentes posições longitudinais dos clones GG100 e

I144. NS

Não significativo;** significativo a 5% de probabilidade.

0,3

0,4

0,5

0,6

0 3 6 9 12 15

Den

sid

ad

e b

ásic

a d

o c

arv

ão

(g.c

m-3

)

Posição longitudinal (metros)

NS

6200,0

6400,0

6600,0

6800,0

7000,0

7200,0

7400,0

7600,0

0 3 6 9 12 15

Po

der

calo

rífi

co

do

carv

ão

(K

cal.

kg

-1)

Posição longitudinal (metros)

**

0,3

0,4

0,5

0,6

0 3 6 9 12 15

Den

sid

ad

e b

ásic

a d

a m

ad

eir

a (

g.c

m-3

)

Posição longitudinal (metros)

GG100

I144

NS

4400,0

4600,0

4800,0

5000,0

5200,0

0 3 6 9 12 15

Po

der

calo

rífi

co

da m

ad

eir

a (

Kcal.

kg

-1)

Posição longitudinal (metros)

**

2,0

2,2

2,4

2,6

2,8

3,0

0 3 6 9 12 15

Den

sid

ad

e e

nerg

éti

ca d

a m

ad

eir

a (

g.c

m-3

)

Posição longitudinal (m)

**

2,0

2,2

2,4

2,6

2,8

3,0

0 3 6 9 12 15

Den

sid

ad

e e

nerg

éti

ca

do

carv

ão

(g.c

m-3

)

Posição longitudinal (m)

**

A

D C

B

E F

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47

Figura 3.5 Variação do rendimento gravimétrico (A), teores de carbono (B-C), voláteis (D-E) e cinzas (F-G) nas diferentes posições longitudinais dos clone GG100

e I144. NS

Não significativo; * significativo a 5% de probabilidade.

O rendimento gravimétrico não foi afetado pela posição de amostragem do

tronco nas árvores de eucalipto, tendo sido encontrados modelos de variação longitudinais

diferentes para os clones, (i) GG100: redução dos valores de 31-32% da base (0-3 m) para

29% no topo (15m da altura) e (ii) I144: aumento dos valores de 28,6-29% das posições 0-

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

0 3 6 9 12 15

Teor

de

cinz

as d

o ca

rvão

(%

)

Posição longitudinal (m)

*

60,0

65,0

70,0

75,0

80,0

85,0

0 3 6 9 12 15

Teor

de

carb

ono

do c

arvã

o (%

)

Posição longitudinal (m)

*

18,0

20,0

22,0

24,0

26,0

28,0

30,0

32,0

34,0

36,0

0 3 6 9 12 15

Teor

de

volá

teis

do

carv

ão (

%)

Posição longitudinal (m)

*

28,0

29,0

30,0

31,0

32,0

33,0

0 3 6 9 12 15

Ren

dim

ento

em

car

vão

(%)

Posição longitudinal (m)

GG100 I144

NS

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

0 3 6 9 12 15

Teor

de

cinz

as d

a m

adei

ra (

%)

Posição longitudinal (m)

*

14,0

15,0

16,0

17,0

18,0

19,0

20,0

0 3 6 9 12 15

Teor

de

carb

ono

da m

adei

ra (

%)

Posição longitudinal (m)

*

81,0

81,5

82,0

82,5

83,0

83,5

84,0

84,5

85,0

0 3 6 9 12 15

Teor

de

volá

teis

da

mad

eira

(%

)

Posição longitudinal (m)

*

A

C B

F

E

G

D

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3 metros para 31% na posição 15 m. Vieira et al. (2013) também verificou em seus

trabalhos com Eucalyptus sp. que não existe diferença entre os rendimentos gravimétricos

em carvão quando avaliadas diferentes posições longitudinais.

O efeito das posições longitudinais foi significativo para as três variáveis da

análise imediata (teor de cinzas, teor de matérias voláteis e teor de carbono fixo), para a

madeira e para o carvão vegetal, em ambos os clones sem, no entanto, terem sido

observados modelos de variação longitudinais para a madeira e para o carvão vegetal nos

dois clones estudados, exceto para o carbono fixo no carvão vegetal (Figura 3.5 E).

Arantes et al. (2013) também verificaram diferenças no teor de carbono fixo e teor de

cinzas em seu estudo que avaliou quatro diferentes posições longitudinais (2%,10%, 30% e

70% da altura comercial) no fuste de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla.

3.3.3 Correlação entre as propriedades da madeira e do carvão vegetal

As correlações entre as propriedades da madeira e do carvão vegetal estão

apresentadas na Tabela 3.2.

Tabela 3.2 Correlação entre as propriedades da madeira e do carvão vegetal.

DBc=Densidade básica do carvão; DBm=Densidade básica da madeira; RGc=Rendimento Gravimétrico do carvão;DEc=Densidade energética do carvão; PCSc=Poder calorífico superior do carvão; DEm=Densidade Energética da madeira; PCSm=Poder Calorífico Superior da madeira; TCZc=Teor de cinzas do carvão.TMVc=Teor de materiais voláteis do carvão; TCc=Teor de carbono fixo do carvão; TCZm=Teor de cinzas da madeira.TMVm=Teor de materiais voláteis da madeira; TCFm=Teor de carbono fixo da madeira; valores destacados em negrito = significativos a 5% de probabilidade.

DBc DBm RGc DEc PCSc DEm PCSm TCZc TMVc TCFc TCZm TMVm TCFm

DBc 1,00

DBm 0,75 1,00

RGc 0,65 0,78 1,00

DEc 0,91 0,39 0,02 1,00

PCSc 0,35 -0,18 -0,21 0,71 1,00

DEm 0,26 0,95 0,31 0,66 0,02 1,00

PCSm 0,41 0,06 0,16 0,29 0,67 0,69 1,00

TCZc -0,22 0,28 0,03 -0,36 -0,44 0,08 -0,60 1,00

TMVc -0,11 0,25 -0,05 -0,42 -0,77 0,17 -0,24 0,35 1,00

TCFc 0,14 -0,28 0,03 0,45 0,79 -0,17 0,33 -0,60 -0,99 1,00

TCZm 0,40 0,37 0,21 0,36 0,05 0,30 0,21 0,40 0,01 -0,03 1,00

TMVm 0,00 0,07 0,41 0,01 0,01 0,06 -0,03 0,17 0,07 -0,60 -0,02 1,00

TCFm -0,12 -0,21 0,67 -0,11 -0,02 -0,20 0,02 -0,16 -0,06 0,09 -0,75 -0,82 1,00

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Observa-se uma correlação positiva (0,75) entre a densidade básica da madeira

e do carvão vegetal e entre estas e o rendimento gravimétrico em carvão vegetal (0,78 e

0,65, respectivamente), indicando que quanto maior for a densidade da madeira maior será

a massa de carvão por unidade de volume (Tabela 3.2). Observações semelhantes foram

relatadas por Protásio et al. (2012), em que o rendimento gravimétrico do carvão vegetal

está relacionado positivamente com a densidade básica da madeira.

Não houve correlação entre o rendimento em carvão e a densidade básica da

madeira no estudo feito por Vale et al. (2001). A correlação entre a densidade básica da

madeira e o rendimento em carvão é apresentada em vários trabalhos com comportamentos

diferenciados, podendo ou não ter efeito. Esse comportamento pode estar associado as

variações no teor de lignina na madeira com a idade da árvore e posições ao longo do

tronco (Sette Jr et al. 2014).

A densidade energética da madeira e do carvão vegetal foram diretamente

proporcionais e correlacionadas com as densidades básicas da madeira (0,95) e do carvão

(0,91), respectivamente, e com o poder calorífico (0,69 para a madeira e 0,71 para o

carvão, respectivamente) ou seja, quanto maiores forem estas variáveis, maior será a

quantidade de energia armazenada em um determinado volume de material. Este

comportamento foi também observado em Eucalyptus benthamii por Silva et al. (2015).

Correlações positivas foram também observadas entre a densidade energética e o poder

calorífico da madeira com as respectivas variáveis após o processo de pirólise (0,66 e 0,66,

respectivamente) e entre o teor de carbono fixo com o poder calorífico superior do carvão

vegetal (0,79).

O teor de materiais voláteis do carvão vegetal apresentou correlação negativa

com o poder calorífico (-0,77). O teor de carbono fixo na madeira e no carvão vegetal

apresentaram correlações negativas com os materiais voláteis (-0,99 para o carvão e -0,82

para a madeira) e com as cinzas (-0,60 para o carvão e -0,75 para a madeira) e positivas

com o rendimento gravimétrico em carvão vegetal (0,67).

Os teores de carbono fixo, materiais voláteis e cinzas tanto da madeira como

do carvão vegetal se mostraram inversamente proporcionais, conforme também

mencionado por Protásio et al. (2012) e Brand (2013). Observa-se ainda que o teor de

carbono fixo na madeira se correlacionou positivamente com o rendimento gravimétrico

em carvão vegetal (0,67). Reis et al. (2012) também apontaram uma correlação positiva

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(0,77) entre o rendimento em carvão vegetal e o rendimento em carbono fixo para madeira

clonal de Eucalyptus urophylla, com sete anos de idade.

O poder calorífico apresentou uma alta correlação negativa com os materiais

voláteis (-0,77) e positiva com o teor de carbono fixo do carvão vegetal (0,79),

comportamento também verificado por outros autores (Silva et al., 2015; Protásio et al.,

2013 e Vale et al., 2001).

3.4 CONCLUSÕES

- A densidade básica e energética da madeira e do carvão vegetal tiveram efeito

de clone, sendo maiores no GG100 indicando o seu potencial energético em relação ao

I144. As demais variáveis energéticas não foram influenciadas pelo material genético;

- As características energéticas da madeira e do carvão vegetal foram

influenciadas pela posição longitudinal no tronco das árvores, exceto para a densidade

básica e para o rendimento gravimétrico;

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4. POTENCIAL DE ESPÉCIES DE BAMBU COMO FONTE ENERGÉTICA ALTERNATIVA

Resumo

O objetivo do estudo foi avaliar as características da biomassa e do carvão vegetal das espécies Bambusa tuldoides, Bambusa vulgaris var. vittata e Dendrocalamus asper

visando determinar o seu potencial para o uso energético. Para fins comparativos, foram utilizadas árvores do híbrido GG100 (Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla) com seis

anos. A biomassa das espécies foi caracterizada (densidade básica, análise imediata, poder calorífico superior e densidade energética) e foi produzido carvão vegetal nas condições de temperatura inicial de 30ºC e temperatura final de 450ºC, com uma taxa de aquecimento de

1,67ºC.min1 para posterior caracterização. As espécies de bambu apresentaram

características energéticas similares ou superiores em relação ao híbrido de eucalipto,

exceto para os teores de materiais voláteis e de cinzas, indicando o seu potencial para o uso como fonte de energia.

Palavras-chave: bioenergia, carbonização, Eucalipto

ABSTRACT

POTENTIAL OF SPECIES OF BAMBOO AS AN ALTERNATIVE ENERGY

SOURCE

The objective of this study was to evaluate the characteristics of biomass and charcoal of Bambusa tuldoides, Bambusa vulgaris var. vittata and Dendrocalamus asper in order to

investigate its potential for energy use. For comparative purposes, was used trees of Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla hybrids with six years. The biomass was

characterized (basic density, proximate analysis, high heating value and energy density). As the charcoal after being produced in the initial temperature conditions of 30°C and final

temperature of 450°C with a heating rate of 1.67ºC/min for later characterization. The bamboo species showed similar or superior energy characteristics in relation to the

eucalyptus hybrid, except for the volatiles and ash content. The species of Bamboo has energy characteristics that indicate their potential for use as an energy source.

Keywords: bioenergy, carbonization, Eucalyptus

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55

4.1 INTRODUÇÃO

O setor energético brasileiro é largamente baseado no uso de fontes renováveis,

sendo a hidráulica a principal fonte de geração de energia elétrica, embora tenha

apresentado uma redução de 4,5% de 2013 para 2014 (MME, 2015). Apesar da

característica renovável, a geração de energia a partir dos recursos hídricos é vulnerável,

especialmente em períodos prolongados de estiagem, podendo provocar apagões e forçar

medidas públicas de economia de energia.

Os cenários atuais e futuros dos efeitos das mudanças climáticas globais

preveem alterações nos regimes hídricos em várias regiões do Brasil (Nobre et al., 2007),

podendo provocar impactos na geração de energia hidroelétrica. Neste cenário, a busca por

fontes de geração de energia renovável alternativas à geração hidroelétrica torna-se

fundamental e a bioenergia está se tornando cada vez mais importante, tanto para a geração

de eletricidade como para a produção de biocombustíveis a partir da biomassa (Schaeffer

et al., 2008).

O Brasil possui excelentes condições edafoclimáticas e territoriais para a

ampliação da participação da biomassa agrícola e florestal nas suas matrizes energéticas,

sendo a madeira e as culturas agrícolas, como a cana de açúcar, as principais fontes

energéticas de biomassa usadas atualmente no Brasil (Soares et al., 2015). Contudo, outras

fontes de biomassa alternativas com potencial para geração de energia, tais como os

resíduos agrícolas-florestais e as gramíneas, têm sido utilizadas e são foco de estudos na

substituição dos combustíveis fósseis e do gás natural. Dentre estes combustíveis

alternativos estão os bambus de espécies lenhosas, cuja elevada taxa de crescimento e

produção acelerada de biomassa os colocam em posição de destaque (Scurlock et al.,

2000).

Nos últimos anos, o aumento do conhecimento e da pesquisa sobre alguns

aspectos das espécies de bambu tem tido um impacto econômico significativo, originando

novos usos industriais, tais como painéis estruturais e produção de papel e celulose. No

entanto, o pouco conhecimento científico sobre as espécies de bambu, especialmente no

que se refere à possibilidade de sua utilização como fonte de energia, tem restringindo o

pleno desenvolvimento da cultura nesta área. A energia da biomassa de bambu tem grande

potencial, uma vez que pode ser processada de várias maneiras (conversão térmica ou

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56

bioquímica) para produzir diferentes produtos energéticos (carvão, gás e biocombustíveis),

que podem substituir os produtos proveninetes dos combustíveis fósseis (Truong, 2014).

Neste sentido, ações e projetos de pesquisa que tenham por objetivo avaliar as

características energéticas de diferentes espécies de bambu são fundamentais para o

desenvolvimento desta importante área. Uma das recentes ações governamentais nesta área

foi a instituição da Política Nacional de Incentivo ao Manejo Sustentado e ao Cultivo do

Bambu (PNMCB), Lei 12.484 de 2011 (Brasil, 2011), que tem como objetivo principal o

desenvolvimento da cultura do bambu no Brasil, colocando esta cultura como fundamental

para o desenvolvimento econômico e social do país.

Os trabalhos científicos que avaliaram a produção de carvão vegetal a partir da

biomassa de espécies de bambu e suas características energéticas (Brito et al. 1987; Costa,

2004; Varanda et al., 2010; Moreira, 2012) são escassos (Scurlock et al., 2000), sendo

essencial o desenvolvimento de novos projetos de pesquisa face a crescente demanda por

energia renovável alternativa e sustentável. O objetivo do trabalho foi avaliar as

características energéticas da biomassa e do carvão vegetal de espécies de bambu

comparada ao eucalipto, visando determinar o seu potencial para o uso energético.

4.2 MATERIAL E MÉTODOS

4.2.1 Seleção, preparo e carbonização das amostras

Foram selecionados e coletados colmos maduros em área de touceiras das

espécies Bambusa vulgaris Schard. ex J.C. Wendl. var. vulgaris, Dendrocalamus asper

(Schult. &Schult.) Backer ex. K. Heyneke Bambusa tuldoides Munro localizadas em

Goiânia na Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás, região central do

Estado de Goiás (Figura 4.1).

Para cada uma das espécies foram escolhidos e cortados, aleatoriamente, dez

colmos maduros em touceiras diferentes. Lopez (2003) indicou os seguintes procedimentos

para se determinar o grau de maturação dos colmos de bambu: posição do colmo na moita

(colmos maduros encontram-se mais ao centro), dureza (colmos imaturos apresentam

menor dureza) e cor (colmos imaturos apresentam cor mais acentuada, sendo geralmente

manchados).

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57

Figura 4.1. Localização do município de Goiânia, região central do estado de Goiás.

Para fins comparativos, foram selecionadas dez árvores do híbrido GG100

(Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla) com seis anos, de uma plantação florestal

localizada no município de Nerópolis-GO (Figura 4.1), e cortados discos de cinco cm de

espessura na altura do DAP (1,3 m).

Dos colmos de bambu selecionados foram cortados segmentos da região

intermediária (aproximadamente cinco metros de altura) e entre os nós, na forma de

secções circulares com dois cm de espessura e dos discos de eucalipto cortadas duas

cunhas opostas (Figura 4.2).

Figura 4.2. Segmentos de Bambusa vulgaris e Bambusa tuldoides com dois cm de comprimento (A); Discos de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla

cortados em cunhas (B).

Do total de amostras de cada espécie estudada, (i) dez foram utilizadas para

caracterização da biomassa sendo transformadas em serragem (Figura 4.3) utilizando-se

A B

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um moinho de facas do tipo Willey e submetidas a uma separação mecânica no agitador

orbital de peneiras com batidas intermitentes, para a seleção da malha de 60 mesh e (ii) dez

para a produção e caracterização do carvão vegetal, sendo previamente secas em estufa a

103°C e carbonizadas em forno mufla da marca Linn Elektro Therm, com dimensões de 60

x 60 x 70 cm e equipado com um sistema de controle de temperatura e tempo, com

temperatura final de 450ºC, a uma taxa de aquecimento de 1,67ºC.min-1

, permanecendo

estabilizado na temperatura final por um período de 30 minutos (Assis et al., 2012; Arantes

et al., 2013; Soares et al., 2015).

Figura 4.3. Amostras de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla (A); Triturador (B);

Material após a trituração (C); Moinho de facas do tipo willey (D); Material

após a moagem (E).

Após a carbonização do material, foi determinado o rendimento gravimétrico

em carvão que pode ser definido como sendo o rendimento em carvão ao final do processo

de carbonização considerando a matéria prima como referência para o cálculo, sendo

utilizada a equação 1:

A B

C D E

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59

G [( S- C)

S]*10

em que: RG = Rendimento Gravimétrico em %;

PBS = Peso seco (Kg); PC = Peso em carvão (Kg).

4.2.2 Caracterização energética da biomassa e do carvão vegetal

As análises descritas a seguir foram realizadas tanto na madeira como no

carvão vegetal. Os procedimentos para a análise imediata baseou-se na norma ABNT NBR

8112 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT, 1983)

determinando-se o teor de materiais voláteis, cinzas e carbono fixo.

Para a determinação do teor de materiais voláteis, foram adotados os seguintes

passos: (i) foi recolhido o material retido na peneira de 60 mesh (ii) o material foi seco em

estufa por 2 horas; (iii) pesado 1,0 g do material seco; (iv) o material foi inserido em

cadinho de porcelana com tampa, previamente seco e tarado; (v) o forno mufla foi

aquecido previamente com uma rampa e um patamar a 950 ±10°C e colocado o cadinho

com o material, tampado sobre a porta da mufla aquecida durante 3 minutos; (vi) o cadinho

foi inserido no interior da mufla com a porta fechada, deixando-o por 10 minutos; (vii) a

amostra foi retirada da mufla e pesada. O teor de material volátil foi calculado de acordo

com a equação 2:

V incial- final

amostra*100

em que:

MV= Teor de materiais voláteis do carvão vegetal (%);

M inicial= Massa inicial do cadinho + amostra (g); M final= Massa final do cadinho + amostra (g);

M amostra= amostra inicial (g).

Para a determinação do teor de cinzas foram adotados os seguintes passos: (i)

pesado 1,0 g de material retido na peneira de 60 mesh; (ii) o material foi seco em estufa

por 2 horas; (iii) a amostra foi inserida em um cadinho de porcelana sem a tampa,

1

2

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60

previamente seco e tarado; (iv) o forno mufla foi aquecido previamente com uma rampa e

um patamar a 600±10°C e colocado o cadinho com a mostra dentro da mufla de porta

fechada e mantido por um período de cinco horas até a completa calcinação; (v) a amostra

foi retirada da mufla e pesada. O teor de cinzas foi calculado através da equação 3:

C final- cadinho

amostra*100

em que:

CZ= Teor de cinzas no carvão, em %; M final= Massa final do cadinho + amostra (g);

M cadinho= Massa do cadinho (g); M amostra= Amostra inicial (g).

O teor de carbono fixo é uma medida indireta e foi calculado através da

equação 4:

CF 100-(C + V)

em que:

CF = Teor de Carbono Fixo em %;

CZ = Teor de Cinzas em %; MV = Teor de Materiais Voláteis em %.

O poder calorífico superior foi determinado por meio de uma bomba

calorimétrica marca IKA WORKS, modelo C-200, conforme a Norma ABNT NBR 8633

(ABNT, 1984) e a densidade básica foi determinada de acordo com o método hidrostático,

por meio de imersão em água (Figura 3.4), conforme descrito na norma ABNT NBR

11941 (ABNT, 2003) e a densidade energética foi calculada a partir do produto entre o

valor do poder calorífico superior e a densidade básica, conforme a equação 5.

DE CS*D

em que:

DE = Densidade energética expressa em Mj m-3

;

(fator de conversão de Kj para Mj); PCS = poder calorífico superior expresso em Kj kg

-3;

DB = Densidade aparente expressa em Gcal m-3

.

4

3

5

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61

4.2.3 Análise estatística dos dados

Na análise estatística dos resultados foi utilizado o delineamento inteiramente

casualizado com quatro tratamentos (espécies) e aplicado o programa JMP (SAS

INSTITUTE, 1997), sendo aferidos os “outliers” e heterogeneidade da variância. ara os

resultados utilizou-se a análise de variância (ANOVA) verificando o efeito da espécie,

sendo aplicado o teste de Tukey, ajustado a 5% de probabilidade.

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.3.1 Caracterização energética da biomassa

Os resultados da análise química imediata e do poder calorífico superior da

biomassa são apresentados na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 Análise imediata e poder calorífico superior da biomassa de bambu e de eucalipto

Espécie Carbono Fixo

(%) Teor de

Voláteis (%) Teor de

Cinzas (%) Poder Calorífico

(Kcal kg-1

)

Bambusa tuldoides 21,8 b (0,6) 75,2 a (0,7) 3,0 a (0,1) 4515,1 a (38,1)

Bambusa vulgaris 22,8 ab (0,3) 74,7 a (0,3) 2,5 ab (0,2) 4662,9 a (45,2)

Dendrocalamus asper 23,0 a (0,4) 75,0 a (0,2) 2,1 b (0,3) 4526,2 a (29,7)

Eucalyptus urograndis 17,5 c (0,2) 82,2 b (0,5) 0,3 c (0,1) 4657,6 a (41,2)

Médias seguidas de desvio padrão. Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo

Teste de Tukey a 5% de significância.

Os teores médios de carbono fixo, relacionados ao processo de liberação de

energia para a combustão, foram de 21,8% para B. tuldoides, 22,8% para B. vulgaris var.

vittata e 23,0 para D. asper, sendo estes superiores estatisticamente ao encontrado para o

E. urograndis de 17,5%. Combustíveis com alto índice de carbono fixo apresentam queima

mais lenta, implicando maior tempo de residência nos aparelhos de queima, em

comparação com outros que tenham menor teor de carbono fixo (Oliveira et al., 2010), o

que indica, por meio dos resultados obtidos, uma vantagem para variedades de bambu em

comparação à madeira de eucalipto.

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62

Os teores de cinzas foram estatisticamente superiores na biomassa das espécies

de bambu, com 3,0, 2,5 e 2,1% para B. tuldoides, B. vulgaris vittata e D. asper,

respectivamente, se comparados ao teor de cinza médio na biomassa do E. urograndis

(0,3%) e estão de acordo com os teores apresentados por Liu et al. (2014). Brito et al.

(1987) encontraram um teor de cinzas sete vezes maior para o Bambusa vulgaris em

relação ao E. urophylla.

De acordo com Tamolang et. al (1979), os elevados teores de cinzas das

espécies de bambus se dão pelos altos teores de sílica presentes na composição química

dos colmos. Em função da grande quantidade de cinzas encontradas na biomassa das

espécies de bambu faz-se necessário a utilização de caldeiras com grelhas rotativas, uma

vez que o teor de cinzas é um parâmetro com relevância no design da caldeira e na

operação da sua limpeza, pois a combustão de biomassa com elevados teores de cinza

necessitará de um processo da sua remoção mais regular e eficaz, em função da sua

abrasividade que pode causar corrosão nos elementos metálicos dos fornos (Liu et al.,

2014; Carneiro, 2013).

Os teores médios de materiais voláteis foram de 75,2% para B. tuldoides,

74,7% para B. vulgaris var. vittata, 75,0% para D. asper e 82,2% para o E. urograndis

(estatisticamente superior), estando estes valores dentro da faixa esperada de 65 a 85%

(Arantes et al., 2013). O teor de materiais voláteis está relacionado à queima no processo

da carbonização, sendo esta mais rápida quanto maior o teor de voláteis. Scurlock et al.

(2000), em estudo com variedades de bambu do gênero Phyllostachys, encontraram valores

médios de 73,7% e 16,7% para P. nigra, 70,5% e 15,7% para P. bambusoides e 72,2% e

16,3% para P. bissetii, para teor de voláteis e carbono fixo, respectivamente.

Quanto ao poder calorífico superior, os valores médios observados variaram

entre 4515,1 a 4662,9 Kcal kg-1

e de acordo com a análise de variância, não se observa

diferença significativa entre as espécies. Ueda (1981) considerando a utilização de colmos

de bambu para energia como muito importante, cita valores de poder calorífico de 4.500-

5.400 Kcal kg-1

. Sendo assim, a biomassa das espécies de bambu estudadas, apresenta

valores satisfatórios de poder calorífico superior e semelhantes aos da madeira.

Em relação à densidade básica da biomassa (Tabela 4.2), verifica-se que os

valores médios de B. vulgaris var. vittata (0,46 g cm-³) foram semelhantes aos encontrados

para a madeira de eucalipto (0,48 g cm-³), tendo sido observados valores médios

estatisticamente inferior e superior para os colmos de B. tuldoides (0,42 g cm-³) e D. asper

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63

(0,60 g cm-³), respectivamente. A alta densidade observada para o D. asper constitui uma

vantagem para esta espécie, uma vez que para um mesmo volume de madeira pode-se

obter maior rendimento gravimétrico em carvão vegetal se a densidade dos materiais

utilizados for mais alta (Oliveira et al., 2010).

A densidade energética, que é o produto entre a densidade básica e o poder

calorífico, foi estatisticamente superior nos colmos de D. asper em função da alta

densidade básica observada para esta espécie de bambu, uma vez que o poder calorífico

não diferiu entre as espécies estudadas (Tabela 4.1).

Tabela 4.2. Densidade básica e densidade energética da biomassa de bambu e de eucalipto

Espécie Densidade Básica (g cm-³) Densidade energética (Gcal m

-³)

Bambusa tuldoides 0,42c (0,1) 1,96 c (0,1)

Bambusa vulgaris 0,46 b (0,1) 2,16 b (0,1)

Dendrocalamus asper 0,60 a (0,1) 2,80 a (0,2)

Eucalyptus urograndis 0,48 b (0,1) 2,17 b (0,1)

Médias seguidas de desvio padrão. Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo

Teste de Tukey a 5% de significância.

4.3.2 Caracterização energética do carvão vegetal

Os resultados da análise química imediata e o valor médio do poder calorífico

superior do carvão vegetal são apresentados na Tabela 4.3. Os teores médios de carbono

fixo das espécies de bambu foram de 72,3% para B. tuldoides, 73,4% para B. vulgaris var.

vitatta e de 71,5% para D. asper, em temperatura final de 450ºC e sua manutenção por 30

minutos.

Brito et al. (1987) encontraram valores médios de carbono fixo superiores para

as espécies B. tuldoides e B. vulgaris var. vittata, de respectivamente 90,4% e 84,2%,

possivelmente em decorrência da maior temperatura de carbonização utilizada em seu

estudo (550ºC). De acordo com Carneiro et al. (2013), os teores de carbono fixo no carvão

são sensivelmente influenciados pela temperatura final do sistema de conversão.

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64

Tabela 4.3. Análise imediata e poder calorífico superior do carvão de bambu e de

eucalipto.

Espécie Carbono Fixo

(%) Teor de

Voláteis (%) Teor de

Cinzas (%) Poder Calorífico

Kcal kg-1

Bambusa tuldoides 72,3 ab (0,4) 21,7 a (0,3) 6,1 a (0,3) 6752,1 a (47,2)

Bambusa vulgaris 73,4 b (1,8) 23,6 a (1,7) 3,0 b (0,2) 6776,7 a (62,6)

Dendrocalamus asper 71,5 ab (0,5) 26,5 b (0,3) 1,9 b (0,8) 6640,5 a (58,1)

Eucalyptus urograndis 70,4 a (0,2) 29,1 c (0,2) 0,4 c (0,3) 6669,9 a (41,9)

Médias seguidas de desvio padrão. Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo

Teste de Tukey a 5% de significância.

Os teores médios de carbono fixo das espécies de bambu foram de 72,3% para

B. tuldoides, 73,4% para B. vulgaris var. vitatta e de 71,5% para D. asper, em temperatura

final de 450ºC e sua manutenção por 30 minutos. Brito et al. (1987) encontrou valores

médios de carbono fixo superiores para as espécies B. tuldoides e B. vulgaris var. vittata,

de respectivamente 90,4% e 84,2%, possivelmente em decorrência da maior temperatura

de carbonização utilizada em seu estudo (550ºC). De acordo com Carneiro et al. (2013), os

teores de carbono fixo no carvão são sensivelmente influenciados pela temperatura final do

sistema de conversão.

Para o E. urograndis, o teor de carbono fixo médio foi de 70,4%, valor similar

aos encontrados para B. tuldoides e D. asper, e inferior ao encontrado para o B. vulgaris

var. vittata, que obteve o maior valor entre as espécies. Arantes et al. (2013), encontrou

valor de carbono fixo de 72,8% para o mesmo clone e com a mesma temperatura final de

carbonização. O carbono fixo é um dos mais importantes indicadores de qualidade do

carvão vegetal como termorredutor na siderurgia, contribuindo para o aumento na

produtividade dos altos-fornos (Carneiro et al., 2013).

Em relação aos teores de voláteis, tem-se que os valores médios encontrados

para as espécies de bambu foram significativamente inferiores ao encontrado para o

eucalipto. De acordo com Santos (2010), embora maiores teores de voláteis impliquem em

menores teores de carbono fixo, essa propriedade também está relacionada à estabilidade

da chama e a velocidade do processo de combustão. Dessa forma, os menores teores de

voláteis para as espécies de bambu em relação ao eucalipto não representaram uma

vantagem uma vez que não se relacionaram a maiores valores de carbono fixo, com

exceção da espécie B. vulgaris var. vittata, mas se relacionam a elevada porcentagem de

teor de cinzas para as três variedades de bambu, sendo estes valores significativamente

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65

superiores ao encontrado para o carvão de eucalipto, com o maior valor para a espécie

B.tuldoides (6,09%).

A presença de cinzas compromete a qualidade do carvão vegetal,

principalmente quanto ao seu uso na siderurgia, uma vez que causa desgaste no alto forno

e pode comprometer a qualidade do ferro-gusa, com consequente formação de trincas e

fissuras (Neves et al., 2011; Carneiro et al., 2013).

Quanto ao poder calorífico superior, os valores médios observados para o B.

tuldoides, B. vulgaris var. vittata, D. Asper e E. urograndis foram de 6752,1; 6776,7;

6640,5 e 6669,9 Kcal kg-1

, respectivamente, sem diferença estatística. Santos (2010) e

Soares et al., (2015) relatam que o poder calorífico do carvão vegetal encontra-se próximo

de 7.000 Kcal kg-1

, corroborando os resultados obtidos neste trabalho, sendo o parâmetro

para expressar a capacidade de geração de energia em substituição aos combustíveis

derivados do petróleo. O incremento dos valores de poder calorífico no carvão vegetal em

relação à biomassa (4515,1 a 4662,9 Kcal kg-1

) foi na ordem de 44%.

Tabela 4.4. Densidade básica e densidade energética do carvão de bambu e de eucalipto

Espécie Densidade Básica Densidade energética Rendimento em

(g cm-³) (Gcal m

-³) carvão (%)

Bambusa tuldoides 0,32 a (0,1) 2,16 a (0,2) 34,1 a (1,0)

Bambusa vulgaris 0,34 a (0,1) 2,30 a (0,2) 34,7a (0,7)

Dendrocalamus asper 0,48 b (0,2) 3,19 b (0,3) 36,9 b (1,1)

Eucalyptus urograndis 0,36 a (0,1) 2,40 a (0,2) 30,8 c (1,0)

Médias seguidas de desvio padrão. Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de significância.

A densidade básica do carvão de D. asper (0,48 g cm-³), foi superior as demais

espécies estudadas (0,32 a 0,36 g cm-³), em função da maior densidade observada nos

colmos desta espécie (Tabela 4.4). Segundo Botrel et al. (2007), materiais de densidades

mais elevadas produzem carvão com maior densidade aparente, o que pode ser constatado

neste trabalho.

Os valores de densidade energética encontrados para o carvão vegetal de B.

tuldoides; B. vulgaris var. vittata, D. Asper e E. urograndis foram de 2,16; 2,30; 3,19 e

2,40 Gcal m-³, respectivamente, sendo estatisticamente superior para a espécie D. asper em

função da elevada densidade observada no carvão. A densidade energética é um importante

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parâmetro para combustíveis sólidos, pois, avalia a quantidade de energia armazenada em

um determinado volume de material. No caso do carvão vegetal, os valores de densidade

energética são superiores aos da biomassa (Tabela 4.2) em função do aumento do poder

calorífico no material, apesar da redução da densidade nos carvões.

De acordo com os resultados obtidos e apresentados na Tabela 4.4, o valor

médio do rendimento gravimétrico foi de 36,9% para D. asper, 34,7% para B. vulgaris var.

vittata, 34,1 % para B. tuldoides e 30,8% para E. urograndis, a uma temperatura final de

450ºC e a uma taxa de aquecimento de 1,67°C/min. O rendimento em carvão para B.

vulgaris var. vittata foi superior ao encontrado por Brito et al. (1987), que obteve um valor

de 29,1% para a mesma espécie, porém em uma temperatura máxima média de 550ºC e o

do E. urograndis similar ao observado por Assis et al., (2012) nas mesmas condições de

carbonização (31,6%).

As espécies de bambu apresentaram rendimentos em carvão superiores ao da

madeira de eucalipto, nas mesmas condições de carbonização. Além da taxa de

aquecimento e da temperatura final de carbonização, o rendimento gravimétrico e as

demais características energéticas são influenciadas pela composição química da biomassa.

Neste sentido, recomenda-se a realização da determinação dos teores de lignina e de

holocelulose para uma melhor explicação do comportamento das espécies de bambu em

relação ao eucalipto.

4.4 CONCLUSÕES

- As espécies de bambu apresentaram características energéticas similares ou

superiores em relação ao híbrido GG100 (Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla),

exceto para os teores de materiais voláteis e de cinzas.

- As espécies Bambusa vulgaris var. vitatta, Dendrocalamus asper e Bambusa

tuldoides apresentaram características energéticas que indicam o seu potencial para o uso

como fonte de energia.

- A espécie Dendrocalamus asper apresentou características superiores em

relação as outras duas espécies de bambu, sendo indicada para a produção de carvão

vegetal.

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67

4.5 REFERÊNCIAS

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8633: Carvão vegetal -

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5. CONCLUSÕES GERAIS

As espécies de bambu apresentaram características energéticas similares ou

superiores em relação ao híbrido de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla, exceto

para os teores de materiais voláteis e de cinzas, indicando o potencial das espécies

Bambusa vulgaris var. vitatta, Dendrocalamus asper e Bambusa tuldoides para o uso como

fonte de energia.

A densidade básica e energética da madeira e do carvão vegetal sofreram efeito

de clone, sendo maiores no GG100 em relação ao I144. As características energéticas da

madeira e do carvão vegetal nos clones de eucalipto foram influenciadas pela posição

longitudinal no tronco das árvores, exceto para a densidade básica e para o rendimento

gravimétrico.

6. RECOMENDAÇÕES

Visando uma melhor explicação dos resultados obtidos neste trabalho,

recomenda-se realizar a (i) caracterização química da biomassa e do carvão vegetal, por

meio da determinação dos teores de lignina, holocelulose e extrativos, para uma melhor

explicação do comportamento das espécies de bambu em relação ao eucalipto; (ii)

avaliação de outras espécies de bambu com potencial energético, principalmente as

nativas; (iii) caracterização de outros híbridos clonais de eucalipto para a produção de

energia; (iv) avaliar diferentes formas de adubação nas espécies de bambu, visando

verificar a influência da adubação nos teores de cinzas; (v) estimar o crescimento e ganho

de massa das espécies bambu para assim, definir a viabilidade de produção de carvão

vegetal.