PROPOSTA DE CRIAÇÃO DA - tamua.files.wordpress.com · sendo as áreas muito encharcadas com...
Transcript of PROPOSTA DE CRIAÇÃO DA - tamua.files.wordpress.com · sendo as áreas muito encharcadas com...
LAUDO BIOLÓGICO
PROPOSTA DE CRIAÇÃO DA
RESERVA EXTRATIVISTA RENASCER,
PRAINHA, PA
Elildo A. R. Carvalho Jr – Biólogo
Ivo R. Ghizoni Jr – Biólogo
Ana Telma Melo – Eng. Florestal
Santarém/PA, novembro de 2006
2
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................3
2. MÉTODOS.........................................................................................3
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA.............................................................4
4. FLORA..............................................................................................5
5. FAUNA............................................................................................10
6 USO DOS RECURSOS NATURAIS ......................................................19
7. IMPACTOS......................................................................................30
9. CONCLUSÕES..................................................................................31
10. LITERATURA CITADA....................................................................32
11. ANEXOS........................................................................................34
3
1. INTRODUÇÃO
O Município de Prainha está localizado no estado do Pará, na mesorregião do
baixo Amazonas. O acesso pode ser feito por via fluvial, pelo rio Amazonas, ou
terrestre, pela rodovia PA 254, que liga Prainha a Monte Alegre. A sede municipal
(01º48'00" S, 53º28'48" W) fica ao norte do rio Amazonas, mas a maior parte dos
cerca de 13.000 km2 do território municipal está ao sul. O Município faz limites com
Almeirim ao norte, Porto de Moz a leste, Medicilândia e Uruará ao sul, e Santarém e
Monte Alegre a oeste. A população é de cerca de 30.000 habitantes, com a economia
formal baseada na agropecuária (51% do PIB) e no setor de serviços (40% do PIB).
A área proposta para a criação da Resex Renascer está localizada no município
de Prainha, ao sul do rio Amazonas. A área tem aproximadamente 400.000 ha e é
habitada por cerca de 600 famílias (aproximadamente 3000 pessoas), distribuídas em
13 comunidades nos rios Guajará, Iri, Tamataí e Uruará. O acesso a Resex é feito por
via fluvial, a partir de Prainha, mas também pode ser feito através de uma estrada
clandestina que sai de Santarém e chega até o rio Uruará. Dentro da Resex, o
transporte é feito basicamente por via fluvial ou através de ramais, mas também
existem algumas estradas clandestinas.
Este documento tem como objetivo subsidiar o processo de criação da Resex
Renascer, considerando que um dos pré-requisitos legais para a criação de Unidades
de Conservação é a realização de estudos técnicos sobre a realidade sócio-ambiental
da área pleiteada (Lei 9985/2000).
2. MÉTODOS
Este laudo foi elaborado com base em dados primários e secundários. Os dados
primários foram obtidos durante uma expedição com quinze dias de duração (29 de
junho a 13 de julho de 2006). Durante a expedição, foram realizadas amostragens de
fauna e flora em locais representativos das diferentes tipologias vegetais nas bacias
dos rios Guajará, Tamataí e Uruará, além de entrevistas estruturadas a 181 famílias de
10 comunidades. Os dados secundários foram obtidos na literatura especializada, em
relatórios técnicos não publicados e nos sítios da internet do IBGE e do Governo
Estadual do Pará. Os mapas foram produzidos pela equipe de geoprocessamento da
DISAM/Brasília e se encontram nos anexos.
4
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
O clima da região é tropical quente com curto período de estiagem (tipo Ami de
Köeppen). A temperatura média anual é de 25,6o C e a umidade relativa média é
superior a 80% durante praticamente todo o ano. A precipitação anual é de cerca de
2000 mm, sendo sazonal, com uma estação chuvosa de dezembro a junho e uma
estação seca de julho a novembro.
O relevo é relativamente plano e os níveis altimétricos são baixos, raramente
acima de três metros. No entanto, existem alguns tabuleiros com dezenas de metros
de altitude no sul da área proposta para a Resex. A geologia do Município apresenta ao
norte, áreas com exposições de rochas sedimentares de idade paleozóica constituindo
as Formações Trombetas, do Siluriano e predominantemente arenosa: Curuá, do
Devoniano Superior, predominado folhetos escuros e sultitos e Monte Alegre, arenitos
finos e médios. Ao sul a presença é da sedimentação cenozóica, constituída pelo
litotipos de Formação barreiras, de idade terciária e na parte central, os aluviões do
Quaternário Antigo e recente. Os solos predominantes são: Latossolo Amarelo
distrófico com textura média e argilosa, Concrecionário laterítico distrófico com textura
indiscriminada, e Litólico distrófico com textura indiscriminada, Glei e Aluvial eutrófico
e distrófico com textura indiscriminada, em associações.
A hidrografia é caracterizada por três afluentes do rio Amazonas: Guajará
(incluindo o rio Iri, um de seus afluentes), Tamataí e Uruará. Os rios Guajará e Uruará
servem como limites da Resex a leste e oeste, respectivamente. Ao sul, a área é
delimitada, em parte, pelo rio Furo do Jupuari.
A Resex Renascer faz limite ao leste com a Resex Verde Para Sempre, situada
no município de Porto de Moz e com área aproximada de 1.300.000 ha. A proximidade
entre as duas unidades pode formar um grande bloco contínuo de áreas protegidas,
potencializando sua eficiência na conservação da biodiversidade e na manutenção de
processos ecológicos e evolutivos em escala regional, como trânsito de animais e fluxo
gênico entre populações e subpopulações (Ayres et al. 2005).
5
4. FLORA
As seguintes fitofisionomias foram identificadas na região: Floresta de terra
firme, floresta inundável, floresta de igapó, vegetação secundária, campo de restinga,
e campo de várzea. Estas são tratadas detalhadamente a seguir:
I. Floresta de terra firme
Essa floresta nunca fica inundada, ocorrendo espécies dominantes do dossel
que produzem madeira de alto valor econômico, como a castanheira (Bertholetia
excelsa Humb. & Bonpl.), sendo esta de ocorrência abundante na região. O angelim
vermelho (Dinizia excelsa Ducke) e a muiracatiara (Astronium lecointei Ducke),
também apresentam domínio do dossel. Outras espécies incluem a maçaranduba
(Manilkara huberi (Ducke) Chevalier), maparajuba (Manilkara bidentata (A. DC.)
Chevalier), itaúba (Mezilauris itauba (Meisn) Taub. Ex Mez), timborana
(Pseudopiptadenia sp), acapu (Vouacapoua americana Aubl.), ipê roxo (Tabebuia
impetiginosa (Mart. Ex DC.) Standl.), ipê amarelo (Tabebuaia serratifolia (Vahl.)
Nichols.), piquiá (Caryocar villosum (Aubl.) Pers.), piquiarana (Caryocar glabrum
(Aubl.) Pers.), copaiba (Copaifera sp), ucuúba (Virola michelli Heckel), sucupira pele
de sapo (Bowdichia sp), sucupira preta (Diplotropis sp), parapará (jacaranda copaia
(Aubl) D. Don), sucuba (Hirmatanthus sucuba (Spruce ex Müll . Arg.), cedro (cedrella
odorata L.), jatobá (Hymenae courbaril L.), jutaí (Hymenae sp), cumaru (Dipteryx sp),
uxi (Endopleura uchi (Huber) Cuatrec.), bacuri (Platonia insignis Mart.), jabutirana ou
quarubarana (Erisma uncinatum Warm.), breu (Trattinnickia rhoifolia Willd.). Também
foram observadas muitas palmeiras da espécie de bacaba (Oenocarpus distichus
Mart.).
II. Floresta inundável
Essa floresta ocorre nos terrenos junto aos rios, onde se processa a deposição
natural de partículas mais grosseiras contidas em suspensão nas águas do rio
amazonas. As várzeas apresentam uma diversidade de ecossistemas interligados mas
com características próprias, mantidos em equilíbrio pelas inundações anuais
provocadas pelo Amazonas. Os diques naturais, os campos altos e baixos, os igapós,
aningais, igarapés, lagoas e lagos formam um mosaico diversificado e rico em vida. No
6
entanto, estas matas são menos ricas em espécies de árvores do que as matas de
terra firme.
A floresta de várzea é designada por alguns autores como floresta ombrófila
aluvial, e apresenta vários ecotipos dominantes, como a seringueira (Hevea sp), virola
ou ucuúba (Virola surinamensis (Rol.) Warb.), munguba (Pseudobombax munguba
(Mart. & Zucc.), açacu (Hura creptans L.), sumaúma (Ceiba pentandra L.) e jacarandá
do Pará (Dalbergia sp). Ducke & Black (1954) se referem à Sumaúma (Ceiba
pentandra) como sendo uma espécie comum e considerada a mais alta encontrada na
várzea, embora a muiratinga (Maquira sp) possa se igualar à sumaúma no que se
refere à altura. As espécies de tacacazeiro (Sterculia elata Ducke), pau mulato
(Calycophyllum spruceanum Benth.), castanha-de-macaco (Couropita subsessilis Pilg.),
paricá grande (Pithecolobium sp) e várias espécies de Ficus também alcançam grandes
alturas. As espécies de menores alturas que as citadas, embora de porte elevado,
encontradas no ecossistema da floresta higrófila de várzea são: piranheira (Piranhea
trifoliata Baill.), taperebá (Spondias mombin L.), pracaxi (Pentaclethra macroloba
(Willd.) Kuntze), macacaúba (Platymiscium sp ), andiroba (Carapa guianensis Aubl.).
Esses autores informam também que o marimari-grande (Cassia grandis L.f.) e o
tachizeiro (Triplaris surinamensis Cham.), chamam a atenção quando recobertos pela
floração que ocorre no início do período da estiagem. A munguba se destaca na
paisagem nesta época do ano (junho a agosto), pelo tamanho e cor vermelho do seu
fruto maduro. As imbaúbas (Cecropia) são vistas nos trechos que estão sendo
invadidos pela mata pioneira. Próximas às margens dos diques ou restingas, podem
ocorrer formações de oeiras (Salix humboldtiana), podendo estar associadas de
Alchornea castaneifolia e de Sapium (tartaruguinha) (Pires, 1973).
Uma espécie que pode ser considerada endêmica e a Hevea spruceana (Benth.)
Müll. Arg., conhecida como seringueira-barriguda, uma planta de baixios encharcados
cuja distribuição acompanha as matas de várzeas ou de igapó que correspondem à
planície de alagação.
III. Floresta de igapó
No sentido restrito, Moreira (1970) refere-se ao igapó aos trechos alagados de
mata, ou em termos mais geográficos, às alagações ou estagnações em ambiente
florestal, quando permanente, e em condições fisiográficas locais. Neste caso o igapó é
7
formado quando ocorrer dificuldade de escoamento da água ou deficiência de
drenagem e uma vegetação peculiar arbórea florestal. Pires (1973) define igapó como
sendo as áreas muito encharcadas com alagação permanente, águas paradas ou quase
paradas, localizadas próximas à terra firme, sendo formadas tanto por águas barrentas
quanto por águas pretas, pobre de sedimentação.
Esse pesquisador considera a vegetação de igapó muito especializada,
caracterizando a paisagem desse ecossistema pela a presença de palmeiras como açaí
(Euterpe oleracea Mart.), buriti ou miriti (Mauritia flexuosa L. F), caranã (Mauritiella
armata (Mart.) Burret), é importante ressaltar que muitas dessas palmeiras são de
grande importância econômica na região pelos diferentes produtos que delas podem
ser obtidos, os quais são destinados ao artesanato e alimentação humana. Dentre as
espécies mais observadas no igapó se incluem o fícus (Ficus sp), ucuúba (Virola
surinamensis (Rol.) Warb), açacu (Hura creptans L.), casca-seca (Licania sp) e
angelim-amargoso (Vatairea guianensis Aubl.). Outras espécies de árvores com
sapopemas de sustentação e de raízes expostas que se adaptaram às condições de
solo inundado se destacam como plantas aquáticas: Montrichardia arborescens,
Urospatha, Nymphaea, Rapatea, Eichornia etc.
IV. Vegetação secundária
Nas capoeiras se destacam várias espécies oportunistas que se desenvolvem
nas áreas abertas como roças, tais como lacre (Vismia sp), morototó (Schefflera
morototoni Aubl.), ingá (inga sp) e diversas palmeiras, também observadas em pastos,
como inajá (Maximiliana maripa Drude), curauá (Attalea spectabilis Mart.), tucumã
(Astrocarium sp), uricuri (Scheelea phalerata (Mart. Ex Spreg.), pupunha (Bactris
acanthocarpa Mart. var. Excarpa Barb. Rodr.), babaçu ( Orbignya phalerata Mart.).
V. Campo de restinga
A Vegetação consiste em várias espécies de gramínia e leguminosae como
plantas predominantes em geral campestre e pioneira, excelentes para criatório de
bovinos e bubalinos. As restingas são ecossistemas que ficam em terrenos mais altos,
pouco inundáveis e quando existe ocorrência de floresta, é freqüente a presença de
espécies que normalmente são restritas à mata de terra firme (Ducke & Black, 1954).
8
São revestidos por vegetação herbácea nativa, os capins mori (Paspalum
fasciculatum), é visto sendo o mais freqüente nas vastas áreas.
VI.Campo de várzea
Ocupam as áreas mais baixas que o campo anterior citado. Black (1950)
identificou dois tipos de vegetação aquática que ocorrem neste campo: (i) Plantas
verdadeiramente aquáticas, com mecanismo de adaptação para viverem plenamente
na água, representadas pelas espécies de aguapé e mururé; (ii) Plantas anfíbias,
representadas pelos capins, incluindo as canaranas.
Fig 1. Estrada em floresta de terra firme
onde houve extração madeireira
Fig 2. Vegetação secundária com floresta
de terra firme ao fundo
Fig 3 e 4. Floresta inundável (várzea)
9
Fig 5 e 6.Campo de várzea
Fig 7 e 8. Campo inundado com floresta de igapó ao fundo
Fig 9 e 10. Campo de várzea com macrófitas aquáticas
10
5. FAUNA
I. Peixes
Nas entrevistas, os moradores listaram 54 etnoespécies de peixes para a região
(Tabela 2, seção 6). Esta lista é parcial e viesada para as espécies passíveis de uso
pelos moradores. Uma das espécies citadas consta da lista oficial de peixes ameaçados
de extinção (jacundá, IN 05/2004 MMA), e outras seis espécies constam da lista oficial
de peixes sobreexplotados (dourada, jaraqui, jaú, piramutaba, pirarucu e tambaqui, IN
05/2004 MMA). O uso da pesca será discutido com maiores detalhes na seção
referente ao uso dos recursos.
Fig 11. Tamoatás, Hoposternum litorallis Fig 12. Arraia, Potamotrygon sp.
II. Anfíbios e Répteis
Durante a expedição foram encontradas 18 espécies de anfíbios (13 gêneros e
quatro famílias, Anexo 1) e 29 espécies de répteis (Anexo 2), sendo 12 de lagartos (11
gêneros e seis famílias), sete de serpentes (sete gêneros e três famílias), sete de
quelônios (cinco gêneros e quatro famílias) e três de jacarés (três gêneros e uma
família). A maioria das espécies foi registrada por observação direta, mas alguns
registros foram baseados em entrevistas.
Estes dados devem ser considerados preliminares, pois as amostragens foram
curtas e restritas a apenas uma época do ano, além disso, alguns ambientes foram
11
pouco amostrados. Inventários satisfatórios da herpetofauna neotropical exigem maior
esforço de amostragem, utilizando uma variedade de métodos e cobrindo diferentes
ambientes e estações do ano. Considerando os dados obtidos e a integridade
ambiental da área de estudo, é de se esperar que a diversidade da herpetofauna na
Resex seja similar ao tipicamente encontrado na Amazônia: entre 40 e 50 espécies de
anfíbios (Azevedo-Ramos e Galatti 2002), de 20 a 40 espécies de lagartos (Jorge da
Silva e Sites 1995), e entre 70 e 90 espécies de serpentes (Martins e Oliveira 1999,
Jorge da Silva e Sites 1995).
Nenhuma das espécies de anfíbios e répteis encontradas consta da lista oficial
das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção (IN 03/2003 MMA), nem é
considerada endêmica.
Fig 13. Perereca, Osteocephalus taurinus Fig 14. Rãzinha, Lisapsus laevis
Fig 15. Sapo-folha, Bufo gr. margaritipher Fig 16. Sapo-de-flecha, Dendrobates sp.
12
Fig 17. Cunarú, Phrynohyas venulosa Fig 18. Osga, Gonatodes humeralis
Fig 19. Calango-liso, Mabuya
nigropunctata
Fig 20. Osga, Thecadactylus rapicauda
Fig 21.Cabeçudo, Peltocephalus
dumerilianus
Fig 22. Jabuti, Geochelone denticulata
13
III. Aves
Durante 12 dias amostragem foram registradas cerca de 160 espécies de aves
(Anexo 4). A maioria das espécies observadas é de ambiente de várzea, onde houve o
maior esforço de campo devido à própria logística da expedição que na maioria das
vezes acabava por se deslocar nesse ambiente em barcos e voadeiras. Os ambientes
florestais foram pouco amostrados devido a esses mesmos problemas e com certeza o
número de espécies de aves teria sido maior caso houvesse maior esforço.
Dentre os vertebrados, as aves apresentam a maior riqueza de espécies.
Segundo estimativa de um trabalho em Caxiuanã (Cardoso e Neto 1997), local
próximo ao deste estudo, há estimativa de ocorrer 350 espécies de aves. Naquela
reserva os mesmos autores registraram 284 espécies. Isso indica que quase a metade
das espécies da avifauna da região foi registrada durante os 12 dias em campo.
Em campo, tanto aves florestais como de várzea foram visualizadas. Entre as
espécies florestais estão aqui representados o rapazinho-carijó Bucco tamatia (Figura
23), gavião-pedrês Buteo nitidus (Figura 24), maria-leque Onychorhynchus coronatus
(Figura 25), arapaçu-grande Nasica longirostris (Figura 26), bico-de-brasa Monasa
nigrifrons (Figura 27), arapaçu-bico-de-cunha Glyphorhynchus spirurus (Figura 28).
Dentre as espécies registradas que se destaca pela raridade e ameaça de
extinção (IN 03/2003 MMA, IUCN 2004) é a ararajuba Guarouba guarouba (Foto 31).
Esta vem a ser a ave símbolo do Brasil, segundo Sick (1997) por ser endêmica do
Brasil e apresentar o verde e amarelo de nossa bandeira. Um bando de oito indivíduos
estava se preparando para passar a noite em uma árvore seca atrás da localidade de
Monte Carmelo, Prainha, Pará. Esta espécie, ameaçada de extinção, tida como
vulnerável segundo MMA (IN 03/2003 MMA) e IUCN (2004) devido a caça
indiscriminada, normalmente através da retirada dos filhotes dos ninhos, como animal
de estimação. Sua distribuição limitada a uma faixa que vai do Maranhão ao
Amazonas, passando justamente na área da Resex Renascer torna-o vulnerável, bem
como alta cotação no mercado negro.
Além disso, outras oito espécies que ocorrem na área da Resex Renascer mas
que não foram registradas apresentam algum tipo de ameaça (IN 03/2003 MMA). São
elas o arapaçu-de-taoca Dendrocincla merula, arapaçu-canela Dendrexetastes rufigula,
14
aracari-de-pescoço-vermelho Pteroglossus bitorquatus, mutum-de-penacho Crax
fasciolata, jacamim-de-costas-verdes Psophia viridis, tiriba-pérola Pyrrhura lepida,
mãe-de-taoca-pintada Phlegopsis nigromaculata e arara-azul-grande Anodorhynchus
hyacinthinus, todas como vulneráveis ou em perigo de extinção.
Dentre as espécies de várzea registradas em campo estão aqui representadas
pela anhuma Anhima cornuta (Figura 33), viuvinha Arundinicola leucocephala (Figura
32), gavião-belo Busarellus nigricollis (Figura 34), periquito-rico Brotogeris versicolorus
(Figura 35), gavião-caboclo Heterospizias meridionalis (Figura 36), canário-da-
amazônia Sicalis columbiana (Figura 37), iratauá-grande Gymnomystax mexicanus
(Figura 38), tuim Forpus xanthopterygius (Figura 39), casaca-de-couro-da-lama
Furnarius figulus (Figura 40), gavião-caramujeiro Rosthramus sociabilis (Figura 41),
baiano Sporophila nigricollis (Figura 42), bem-te-vi-pequeno Philohydor lictor (Figura
43) e a cigana Opisthocomus hoazin (Figura 44).
Fig 23. Rapazinho-carijó Bucco tamatia Fig 24 Gavião-pedrês Buteo nitidus
15
Fig 25. Maria-leque Onychorhynchus coronatus Fig 26. Arapaçu-grande Nasica longirostris
Fig 27. Bico-de-brasa Monasa nigrifrons Fig 28. Arapaçu-bico-de-cunha Glyphorhynchus
spirurus
Fig 29 Caboclinho-lindo Sporophila minuta Fig 30. Japiim Cacicus cela
16
Fig 31. Ararajuba Guarouba guarouba Fig 32. Viuvinha Arundinicola leucocephala
Fig 33. Anhuma Anhima cornuta
Fig 34. Gavião-belo Busarellus nigricollis Fig 35. Periquito-rico Brotogeris versicolorus
17
Fig 36. Gavião-caboclo Heterospizias meridionalis Fig 37. Canário-da-amazônia Sicalis columbiana
Fig 38. Iratauá-grande Gymnomystax mexicanus Fig 39. Tuim Forpus xanthopterygius
Fig 40. Casaca-de-couro-da-lama Furnarius
figulus
Fig 41. Gavião-caramujeiro Rosthramus sociabilis
18
Fig 42. Baiano Sporophila nigricollis Figura 43. Bem-te-vi-pequeno Philohydor lictor
Fig 44. Cigana Opisthocomus hoazin
IV. Mamíferos
Durante a expedição, foram registradas 43 espécies de mamíferos, de 40
gêneros e 21 famílias (Anexo 3), incluindo cinco ungulados, 12 carnívoros, oito
primatas e nove edentados. A maioria dos registros foi baseada em entrevistas, de
forma que a lista de mamíferos foi viesada, pois existe uma tendência de a população
citar apenas as espécies passíveis de algum uso, predominando os animais de médio e
grande porte. Desta forma, estes dados são preliminares e representam apenas uma
pequena parcela da diversidade na região. A maioria das localidades Amazônicas
abriga entre 150 e 200 espécies de mamíferos (Voss e Emmons 1996).
Das espécies listadas, seis constam da lista oficial da fauna brasileira ameaçada
de extinção (IN 03/2003 MMA): tatu-canastra (Priodontes maximus), tamanduá-
bandeira (Myrmecophaga tridactyla), gato-maracajá (Leopardus wiedii), onça-pintada
(Panthera onca), ariranha (Pteronura brasiliensis) e peixe-boi (Trichechus inunguis).
19
6. USO DOS RECURSOS NATURAIS
Os moradores locais utilizam os recursos da fauna e da flora para diversos fins,
incluindo alimentação, habitação, medicina, artesanato e ornamentação. A variedade
de recursos utilizada é grande e reflete o profundo conhecimento que os moradores
possuem sobre a biodiversidade regional.
6.1. FLORA
Entre os recursos da flora utilizados estão frutos, palmitos, óleos, seivas,
madeiras, varas, palhas e cipós. Nas entrevistas, os moradores listaram
aproximadamente 40 vegetais que possuem algum uso. Esta lista certamente é
preliminar, considerando o curto período de coleta de dados. A tabela 1 lista parte das
plantas citadas pelos moradores. A maioria dos produtos é utilizada para consumo
familiar, mas alguns produtos são comercializados. Os produtos utilizados em escala
familiar incluem frutos como açaí, bacaba, uxi, piquiá, buriti, tucumã e caju; seivas
como o leite do amapá e de sucuba; óleos como os da andiroba, copaíba e
massaranduba; cipós e enviras; além de varas e folhas de palmeiras, como a palha do
curuá.
Tabela 1. Espécies vegetais utilizadas pelos moradores da Resex Renascer (n=181).
Nome científico Nome popular
Euterpe oleracea Mart Açai
Carapa guianensis Aubl. Andiroba
Oenocarpus bacaba Mart. Bacaba
Protium spp. Breu, Breu preto
Mauritia flexuosa Buriti
Anacardium spruceanum Caju
Anacardium tenuifolium Cajuí
Mauritiella armata (Mart.) Caranã
Tabebuia sp Cascas de pau d'arco
? Cascas de Quineira
Bertholletia excelsa Humb. & Bonpl. Castanha-do-Pará
Várias espécies Cipó graxame, cipó-açu, cipós
Heteropsis spp. Cipos ambé, cipó titica
Dalbergia monetaria Cipos-verônica
Copaifera sp Copaiba
Dipteryx odorata (Aubl.) Willd. Cumarú
20
Nome científico Nome popular
Xylopia sp Envira
Bauhinia guianensis Escada de jabuti
Parahancornia fasciculata Leite de Amapa
Himathantus sucuba (Spruce ex. Müll. Arg.) Leite de Sucuba
? Malva
Cássia rubrifolia Mari-mari
Byrsonima spicata (Cav.) DC. 1824 Muruci
Euterpe Patauá
Caryocar villosum (Aubl.) Pers. Piquia
Bactris pupunha Pupunha
? Saratudo
Hevea brasiliensis Seringa
? Tala de caranã
Astrocaryum vulgaris Tucumã
Astrocaryum sp Tucumã-açú
? Tucumaí
Uncaria guianensis Unha de gato
Endopleura uchi (Huber) Uxi
6.2. FAUNA
Os recursos da fauna são utilizados principalmente como fonte de alimento,
embora algumas espécies também sejam usadas para medicina e outros fins. De
acordo com as entrevistas, os moradores consomem pelo menos 84 etnoespécies de
vertebrados (peixes, répteis, mamíferos e aves), além de utilizar pelo menos 22
etnoespécies para fins medicinais.
I. Pesca
A pesca é a principal fonte de proteína para a maioria da população, sendo
praticada para subsistência e também para geração de renda. De acordo com as
entrevistas, a maioria das famílias (78%, n=141) tem pelo menos um membro que
pesca regularmente. A média de pescadores por família foi 1,8 (Fig. 45) e a freqüência
média de pescarias por semana foi 3,6 (Fig. 46). Esses dados confirmam a importância
da pesca para a sobrevivência da população local. Embora seja praticada durante todo
o ano, a pesca parece ser mais produtiva no verão, quando o nível das águas baixa,
aumentando a concentração de peixes.
21
0 1 2 3 4 5 6 7 8Pescadores por família
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Tota
l
Fig 45. Número de pescadores por família na Resex Renascer.
0 1 2 3 4 5 6 7 8Pescarias por semana
0
10
20
30
40
50
Tota
l
Fig 46. Número de pescarias por semana por família na Resex Renascer.
22
A maioria dos entrevistados (64%, n=115) afirmou ter comido pescado na
semana anterior à entrevista, mas poucos informaram quais foram as espécies
consumidas. Considerando os que informaram, os peixes mais consumidos foram:
mafurá (n=22), tucunaré (n=12), tamoatá (n=8), tambaqui (n=6) e traíra (n=6). No
entanto, os padrões de consumo de pescado são variáveis ao longo do ano, com
algumas espécies sendo mais consumidas no inverno ou no verão (Tabela 2).
Quarenta entrevistados (22%) afirmaram vender a pesca. A maioria vende os
peixes na própria região, mas 19 entrevistados (10,5%) afirmaram que também
vendem para geleiras. Na época do estudo, o pirarucu era vendido a R$ 10,00 o quilo,
o tambaqui e surubim a R$ 3,00, o tucunaré e o aruanã a R$ 1,50, e o tamoatá a R$
0,70.
Tabela 2. Peixes preferidos, mais consumidos (inverno e verão) e rejeitados pelos
moradores da área proposta para criação da Resex Renascer (n=181).
Consumo Espécie Nome popular Preferência
Inverno Verão Rejeitados
Cichlidae Acará 1 5 5 -
Cichlidae Acaratinga - - 1 -
Liposarcus pardalis Acari 25 14 43 1
Leporinus spp. Aracu - 2 1 -
Potamotrygon sp. Arraia - - - 5
Osteoglossum bicirrhosum Aruanã 7 11 8 3
Pterodoras lentiginosus Bacu - - - 5
? Baruca - 1 1 -
Uaru amphiacanthoides Bararuá 1 1 2 1
Curimatidae Branquinha 5 4 25 2
Liposarcus pardalis Bocó - 3 - -
Cichlidae Cará - 5 6 -
Cichlidae Cara-caititu 1 - - -
Heros sp. Cará-roxo 1 - 1 -
? Carará 1 - 1 -
? Carauá - - 1 -
Oxydoras niger Cuiu, Cujuba 2 - - 4
Plochilodus nigricans Curimata 43 8 23 -
Atronotus crassipinnis Carauaçu - 1 3 -
Brachyplatystoma flavicans Dourada - - 2 -
Brachyplatystoma filamentosum Filhote 1 - - -
Crenicichla spp. Jacundá 2 3 9 3
Leiarius marmoratus Jandiá - - - 8
23
Consumo Espécie Nome popular Preferência
Inverno Verão Rejeitados
Semaprochilodus spp. Jaraqui 12 - 13 -
? Jaraquirana - - 1 -
Brycon melanopterus Jatuarana 18 3 4 1
Zungaro zungaro Jau - - - 1
Hoplerythrinus unitaeniatus Jeju 1 5 1 -
? Mafurá 63 57 59 1
Hypophtalmus sp. Mapará - 1 1 -
? Miuá 1 - - -
Synbranchus marmoratus Mussum - - - 1
Mylossoma duriventre Pacu 2 9 2 -
Hydrolycus scomberoides Peixe-cachorro - - - 1
Várias famílias Peixe-liso - - - 10
Plagioscion sp. Pescada 1 1 - 1
Phractocephalus hemioliopterus Pirarara - - - 5
Arapaima gigas Pirarucu 3 - - 1
Serrasalmus sp. Piranha 2 5 2 7
Piaractus brachypomus Pirapitinga 15 11 7 2
? Pitanga - - 2 -
Electrophorus electricus Poraquê - - - 6
? Reque-reque - - - 1
Várias famílias Sarda - - 1 1
Sternopygidae Sarapó - - - 4
Ancestrorhynchus sp. Saricanga - 1 - 3
Pseudoplatystoma fasciatum Surubim 1 - 4 4
? Tamataí 1 - -
Hoposternum litorallis Tamoatá 10 23 7 -
Colossoma macropomum Tambaqui 33 52 21 -
? Tarieira 1 1 - -
Hoplias malabaricus Traíra 7 32 17 5
Cichla sp. Tucunaré 87 29 75 -
? Tui - - - 1
24
II. Caça
A caça representa uma importante fonte adicional de proteínas para a
população local. A maioria dos entrevistados (78%, n=141) afirmou possuir pelo
menos um caçador na família. O número médio de caçadores por família foi 1,4 (Fig.
47) e a freqüência média de caçadas por semana foi 2,2 (Fig. 48).
0 1 2 3 4 5Caçadores por família
0
20
40
60
80
100
120
Tota
l
Fig 47. Número de caçadores por família na Resex Renascer.
0 1 2 3 4 5 6 7 8Caçadas por semana
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Tota
l
Fig 48. Número de caçadas por semana por família na Resex Renascer.
25
O tempo de deslocamento até o local da caçada foi, em média, 5,2 horas
(amplitude = 0,25-24). Isso indica que os locais de caça estão relativamente afastados
das comunidades, provavelmente devido ao esgotamento da caça nas proximidades.
Esse fenômeno é comum (Leeuwenberg e Robinson 2000) e reforça a importância de
incluir grandes áreas florestais desabitadas nas propostas de criação de Reservas
Extrativistas, para servirem como áreas de conservação e também como fonte para
repovoamento das áreas de caça.
Aproximadamente a metade dos entrevistados (55,6%, n=100) afirmou ter
comido carne de caça na semana anterior à entrevista, mas nem todos informaram
quais foram as espécies consumidas. Considerando os que informaram, os animais
mais consumidos foram: caititu (n=33), cutia (n=25), paca (n=20), veado (n=15) e
jabuti (n=10). Os padrões de consumo da caça foram variáveis, com algumas espécies
sendo consumidas igualmente no inverno e no verão, e outras sendo mais consumidas
em uma ou outra estação (Tabela 3).
É importante ressaltar que os répteis aquáticos provavelmente não foram
citados na memória de consumo recente porque são considerados como pesca, e não
como caça pelos moradores. No entanto, nas perguntas referentes à preferência e
consumo da fauna ao longo do ano, estes foram os animais mais citados, sendo
consumidos em grande quantidade tanto no inverno como no verão (Tabela 3).
A caça foi realizada predominantemente para subsistência. Apenas vinte e
quatro entrevistados (13%) afirmaram vender caça, quase sempre na própria
comunidade. Apenas dois entrevistados afirmaram vender caça a atravessadores.
Diversos moradores informaram que dividem a caça com vizinhos, mas essa
informação não foi quantificada. Na época do estudo, o cabeçudo, o tracajá e o jacaré
eram vendidos a cerca de R$ 1,50 o quilo e a carne de caça a R$ 2,00 o quilo. Uma
anta inteira custava cerca de R$ 200,00, um veado R$ 25,00, e um pato do mato ou
marreca entre R$ 5,00 e R$ 15,00.
26
Tabela 3. Animais preferidos, mais consumidos (inverno e verão) e rejeitados pelos
moradores da área proposta para criação da Resex Renascer (n=181)
Consumo Espécie Nome popular Preferência
Inverno Verão Rejeitados
RÉPTEIS
Peltocephalus dumerilianus Cabeçudo 101 117 39 -
Podocnemis expansa Tartaruga 3 - - 1
Podocnemis unifilis Tracajá 108 42 105 1
Podocnemis sextuberculata Pitiú 8 - - -
Geochelone denticulata Jabuti 23 34 2 11
Rhinoclemmys punctularia Perema - - - 2
Chelus fimbriatus Matamatá - - - 1
Caiman crocodylus Jacaré-tinga 62 60 32 4
Melanosuchus niger Jacaré-açu - - - 2
Paleosuchus sp. Jacaré-una - - 1 -
MAMÍFEROS
Didelphis marsupialis Mucura - - - 6
Tamandua tetradactyla Mambira - - - 17
Família Dasypodidae Tatu 18 16 32 1
Bradypus variegatus Preguiça - - - 5
Ordem Primates Macaco 6 8 9 32
Nasua nasua Quati - - - 6
Eira barbara Irara - - - 2
Lutra longicaudis Lontra 1 - - -
Panthera onca Onça - - - 5
Tapirus terrestris Anta 6 5 1 6
Pecari tajacu Caititu 35 39 20 -
Tayassu pecari Queixada 29 9 11 -
Mazama sp. Veado 44 15 17 1
Trichechus inunguis Peixe-boi - - 2 3
Proechymys sp. Preá - - - 1
Hydrochaeris hydrochaeris Capivara 5 11 6 1
Agouti paca Paca 89 30 72 -
Dasyprocta sp. Cutia 37 51 34 -
AVES
Tinamus tao Azulona 19 5 4 -
Tinamus sp. Nambu 19 7 9 -
Família Podicipedidae Mergulhão 1 1 1 1
Família Ardeidae Garça - - 1 -
Ciconia maguari Maguari 2 - 3 -
Jabiru mycteria Jaburu 1 - 3 1
Amazonetta brasiliensis Marreca 29 9 25 -
Chairina moschata Pato-do-mato 72 34 26 -
Família Acciptridae Gavião - - - 2
27
Consumo Espécie Nome popular Preferência
Inverno Verão Rejeitados
Penelope sp. Jacuaçu 3 2 2 -
Penelope sp. Jacu 21 16 9 -
Pipile pipile Cujubi 8 2 1 -
Família Carcidae Mutum 25 2 4 -
Ophistocomus hoazin Cigana - - - 5
Psophia sp. Jacamim 1 - - -
Leptotila rufaxila Juruti - - 1 -
Amazona sp. Papagaio 2 5 1 1
Ara sp. Arara 13 12 2 -
Família Strigidae Coruja - - - 1
Ramphastus sp. Tucano 3 2 - -
Fig 49. Caititu, Pecari tajacu Fig 50. Jaguatirica, Felis pardalis
Fig 51 e 52. Preparação de jacaré-tinga (Caiman crocodilus) para consumo
28
III. Preferências e tabus alimentares
As Tabelas 2 e 3 apresentam a lista completa de animais preferidos e rejeitados
pela população, de acordo com as entrevistas.
Os peixes preferidos pela população foram o tucunaré, mafurá, curimatá e
tambaqui. Os peixes mais rejeitados foram o jandiá, piranha, poraquê e “peixes lisos”.
Poucos peixes foram rejeitados por mera preferência alimentar. A principal causa de
rejeição está relacionada a tabus, em especial a reima. Peixes reimosos não podem ser
consumidos por pessoas doentes, e mulheres grávidas ou menstruadas, sob o risco de
provocar ou agravar enfermidades.
Os mamíferos preferidos pela população foram paca, veado, cutia e caititu; as
aves preferidas foram o pato-do-mato e marreca; e os répteis preferidos foram o
tracajá, cabeçudo e jacaré-tinga. Os animais mais freqüentemente rejeitados foram os
macacos, mambira, quati e mucura. Os macacos são rejeitados principalmente devido
à semelhança com os humanos, já os outros animais são rejeitados devido ao sabor ou
cheiro ruim.
IV. Uso medicinal
Os moradores listaram 22 etnoespécies de animais utilizados para fins
medicinais. As banhas foram as partes mais utilizadas, embora várias outras partes
também tenham sido mencionadas (Tabela 4).
Tabela 4. Animais de uso medicinal na área proposta para a Resex Renascer.
Espécie Nome popular Parte e Uso
PEIXES
Plagioscion sp. Pescada Pedra para “dor de urina”
Serrasalmus sp. Piranha Fel para rachadura no seio e nos pés
Phractocephalus hemioliopterus Pirarara Banha para inchaço
29
Espécie Nome popular Parte e Uso
Electrophorus electricus Poraquê Banha para reumatismo
Pseudoplatystoma fasciatum Surubim Banha para reumatismo
Hoplias malabaricus Traíra Banha para dor de ouvido, dor de dente,
reumatismo, inchaço e catarata
RÉPTEIS
Caiman crocodilus Jacaré Dente, usar na cintura para evitar picada de
cobra; banha para reumatismo, inchaço,
“baque”, dor de dente, pneumonia, derrame,
colesterol
Eunectes murinus Sucuriju Banha para inchaço, “quebradura”
Geochelone denticulata Jabuti Banha para reumatismo, hérnia, inchaço, dor
nas costas
Podocnemis expansa, P. unifilis Tartaruga, tracajá Banha para inchaço, urdidura, rachadura nos
pés, espinha no rosto, limpeza de pele
MAMÍFEROS
Tamandua tetradactyla Mambira Banha para inchaço, pêlo para defumação
Dasypodidae Tatu Banha para dor de ouvido
Primates Macaco Banha para inchaço e quebradura, osso para
quebradura
Nasua nasua Quati Prego (pênis) serve como “viagra natural”
Tapirus terrestris Anta Banha para reumatismo, inchaço e dor de
garganta
Innia geoffrensis Boto Banha para ferrada de arraia e furos
Trichechus inunguis Peixe-boi Banha para dor
Agouti paca Paca Banha para picada de cobra, “fel” para malária,
dor de ouvido, hérnia, machucado, inchaço,
tirar espinho, tirar estrepe, picada de escorpião
e cobra e para tirar “panema” de cachorro.
Hydrochaeris hydrochaeris Capivara Banha para reumatismo
AVES
Ciconia maguari Maguari Banha para inchaço
Crax sp. Mutum Banha para inchaço
Caprimulgidae Bacurau Ovo, passado no corpo para a cobra não se
aproximar
30
7. IMPACTOS
A maior parte da área proposta para a Resex se encontra em bom estado de
conservação, no entanto, existem várias ameaças que podem comprometer
significativamente a integridade ambiental da área.
A maior ameaça na região é a exploração madeireira, que tem sido realizada
predominantemente de forma ilegal. Esta atividade provoca diversos impactos
ambientais e sociais, tanto diretos como indiretos, incluindo redução da biodiversidade,
alterações na estrutura e microclima da floresta, abertura de estradas que funcionam
como vetores de ocupação de áreas antes isoladas, aumento da pressão de caça em
acampamentos madeireiros, redução de estoques de plantas de importância para o
extrativismo, e expulsão de moradores tradicionais, dentre outros. Por ser realizada
predominantemente de forma ilegal, essa atividade deve ser contida,
independentemente da criação ou não da Resex, caso contrário as perdas serão
irreversíveis.
A criação extensiva de gado bubalino e bovino é outra ameaça à integridade
ambiental da região. A pecuária é inerentemente danosa ao meio ambiente, pois exige
a conversão de extensas áreas de vegetação natural em pastagens. Mesmo a criação
de búfalos em campos de várzea é impactante, pois estes animais pisoteiam e
danificam ambientes aquáticos que são importantes como abrigo e locais de
alimentação para diversas espécies da fauna, particularmente nas margens dos corpos
d´água. Para conter os impactos da pecuária, será necessário controlar sua expansão
dentro da área da Resex, já que sua erradicação é altamente improvável, uma vez que
a criação de gado em pequena escala é amplamente difundida entre a população. Já a
pecuária em grande escala deve ser proibida dentro da Resex, e é recomendável que
as áreas onde essa atividade já está bem estabelecida sejam excluídas do polígono
proposto para a Resex.
A caça e pesca são amplamente praticadas pela população e importantes para
sua sobrevivência, no entanto, se não forem praticadas em níveis sustentáveis, podem
provocar o desaparecimento local de diversas espécies animais, particularmente aves e
mamíferos de médio e grande porte (Jerozolimski e Peres 2003). Embora sejam
necessários estudos para avaliar a sustentabilidade da caça e pesca na região, existe a
possibilidade de que estas sejam sustentáveis, pois a maioria da população da Resex
31
está concentrada em várzeas muito produtivas, enquanto amplas áreas de terra firme
são pouco ocupadas. Desta forma, mesmo as espécies caçadas em níveis não
sustentáveis nas proximidades das comunidades podem sobreviver nas áreas mais
isoladas da Resex, e as espécies com maior capacidade de dispersão podem,
potencialmente, revigorar suas populações nas áreas esgotadas. Ainda assim, reforça-
se a necessidade de estudos sobre a sustentabilidade da caça na Resex Renascer.
O fogo é utilizado pelos moradores na preparação de roças. Apesar de não
terem sido encontradas evidências de incêndios florestais durante a campanha, existe
o risco de incêndios não controlados em roças se alastrarem, especialmente durante
períodos secos prolongados. O risco de incêndio pode ser potencializado pela extração
de madeira, que aumenta o ressecamento da floresta e, conseqüentemente, sua
vulnerabilidade ao fogo (Peres 1999).
8. CONCLUSÕES
As informações disponíveis indicam que a região possui grande valor para a
conservação. A biodiversidade regional é comparável à de outras localidades
amazônicas, incluindo espécies ameaçadas e de distribuição restrita. A população
residente na área depende dos recursos naturais disponíveis para sua sobrevivência. A
cobertura florestal ainda se encontra em bom estado de conservação e a área possui
potencial para a conservação socioambiental, desde que sejam contidas certas
ameaças, como a exploração madeireira e o avanço da pecuária. Desta forma, a
criação de uma Unidade de Conservação na área pode ser benéfica para a conservação
da biodiversidade e a manutenção das populações residentes.
32
9. LITERATURA CITADA
Ayres, J.M., Fonseca, G.A.B., Rylands, A.B., Queiroz, H.L., Pinto, L.P., Masterson, D., Cavalcanti, R.B. 2005.
Os corredores ecológicos das florestas tropicais do Brasil. Sociedade Civil Mamirauá, Belém, PA.
Azevedo-Ramos, C., Galatti, U. 2002. Patterns of amphibian diversity in Brazilian Amazonia: conservation
implications. Biological Conservation 103, 103-111.
Begossi, A., Silvano, R.A.M., Amaral, B.D., Oyakawa, O.T. 1999. Uses of fish and game by inhabitants of an
Extractive Reserve (Upper Juruá, Acre, Brazil). Environment, Development and Sustainability 1, 73-
93.
Brahms (Botanical research and Herbarium Manangement System). 2006. Herbário Embrapa Amazônia
Oriental, 15 e 15/08/2006.
Calouro, A.M. 1995. Caça de subsistência: sustentabilidade e padrões de uso entre seringueiros ribeirinhos e
não ribeirinhos no estado do Acre. Tese de Mestrado, Universidade de Brasília.
Camargos, J.A.A., et al. 2001. Catálogo de árvores do Brasil. Instituto Brasileiro do meio Ambiente e dos
recursos naturais e Renováveis, Laboratório de produtos Florestais. Brasília: Ed. IBAMA. 896p.
Cardoso, J. M.; Neto, D. C. P. 1997. As aves. In: Lisboa, P. L. B. (Org.). Caxiuanã. Belém: Museu Paraense
Emilio Goeldi.
Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. 2005. Listas das aves do Brasil. Versão (20/02/2005).
Disponível em http://www.ib.usp.br/cbro Acesso em: 20/02/2005.
Cunha, O.R., Nascimento, F.P. 1993. Ofídios da Amazônia: as cobras da região leste do Pará. Boletim do
Museu Paraense Emílio Goeldi 9(1), 1-191.
Falesi, I.C., Silva, B.N.R. 1999. Ecossistemas de várzeas da região do baixo Amazonas. Belém: Embrapa
Amazônia Oriental.
IBGE. 2005. Cidades@. http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php (visitado em 14/09/2006).
IUCN 2004. 2004 IUCN Red List of Threatened Species. <www.redlist.org>. Acessado em 26/08/2005.
Jerozolimski, A., Peres, C. 2003. Bringing home the biggest bacon: a cross-site analysis of the structure of
hunter-kill profiles in Neotropical Forests. Biological Conservation 111, 415-425.
Jorge da Silva, N., Sites Jr, J.W. 1995. Patterns of diversity of Neotropical squamate reptile species with
emphasis on Brazilian Amazon and the conservation potential of indigenous Reserves. Conservation
Biology 9(4), 873-901.
Leeuwenberg, F.J., Robinson, J.G. 2000. Traditional management of hunting by a Xavante community in
central Brazil: the search for sustainability. Robinson, J.G., Bennett, E.L. (Eds.). Columbia university
Press, New York. 582pp.
Lorenzi, H. et al. 2004. Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum.
416p.
Martins, E. 1993. A caça de subsistência de extrativistas na Amazônia: sustentabilidade, biodiversidade e
extinção de espécies. Tese de Mestrado, Universidade de Brasília.
Martins, M., Oliveira, M.E. 1998. Natural history of snakes in forests of the Manaus region, central Amazônia,
Brazil. Herpetological Natural History 6(2), 78-150.
Peres, C.A. 1999. Ground fires as agents of mortality in a central Amazonian forest. Journal of Tropical
Ecology 15, 535-541.
Pires, J.M., Prance, G.T. 1985. The vegetation types of the Brazilian Amazon. In: Prance, G.T. e Lovejoy,
T.E. (eds.). Amazonia key environment. London, Pergamon Press.
33
Ruiz-Pérez, M., Almeida, M., Dewi, S., Costa, E.M.L., Pantoja, M.C., Puntodewo, A., Postigo, A.A., Andrade,
A.G. 2005. Conservation and development in Amazonian extractive reserves: the case of Alto Juruá.
Ambio 34(3):218-223.
Sick, H. 1997. Ornitologia brasileira. Nova Fronteira, Rio de Janeiro.
Souza, D. 2001. All the birds of Brazil - an identification guide. Editora Dall, Feira de Santana.
Voss, S.R., Emmons, L.H. 1996. Mammalian diversity in neotropical lowland rainforests: a preliminary
assessment. Bulletim of the American Museum of Natural History 230, 3-115.
34
Anexo 1. Anfíbios registrados durante a expedição à área proposta para a Resex
Renascer. V = Visualizado; E = Entrevista.
TAXON/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR FORMA DE REGISTRO
ORDEM ANURA
Bufonidae
Bufo granulosus Sapo V
Bufo marinus Sapo-cururu V, E
Bufo gr. margaritifer Sapo-folha V
Dendrobatidae
Colostethus sp. Sapinho V
Dendrobates sp. Sapo-de-flecha V
Leptodactylidae
Adenomera andreae Rãzinha V
Eleutherodactylus sp. Rãzinha V
Leptodactylus fuscus Rã V
Leptodactylus ocellatus Gia V
Leptodactylus rhodomystax Rã V
Lithodytes lineatus Rã V
Lisapsus laevis Rã V
Hylidae
Dendropsophus minutus Perereca V
Hypsiboas cf. raniceps Perereca V
Osteocephalus taurinus Perereca V
Phrynohyas venulosa Cunarú V, E
Scinax ruber Perereca-de-banheiro V
Scinax sp. Perereca V
35
Anexo 2. Répteis registrados durante a expedição à área proposta para a Resex
Renascer. V = Visualizado; E = Entrevista.
TAXON/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR FORMA DE REGISTRO
ORDEM SQUAMATA (LAGARTOS)
Iguanidae
Iguana iguana Camaleão V, E
Polychrotidae
Anolis fuscoauratus Papa-vento V
Anolis ortonii Papa-vento V
Tropiduridae
Plica plica Lagarto V
Gekkonidae
Coleodactylus amazonicus Osga V
Gonatodes humeralis Osga V
Hemidactylus mabouia Osga V
Thecadactylus rapicauda Osga V
Teiidae
Ameiva ameiva Labigó V
Cnemidophorus sp. Violeiro V
Kentropyx calcarata Labigó V
Tupinambis teguixim Jacuraru E
Scincidae
Mabuya nigropunctata Calango-liso V
ORDEM SQUAMATA (SERPENTES)
Boidae
Boa constrictor Jibóia E
Corallus caninus Cobra-papagaio E
Eunectes murinus Sucuriju V, E
Colubridae
Chironius sp. Cobra-cipó V
Spilotes pullatus Caninana V
Viperidae
Bothrops atrox Cambéua, Cuambóia E
Lachesis muta Surucucu E
ORDEM CHELONIA
Podocnemididae
Peltocephalus dumerilianus Cabeçudo V, E
Podocnemis expansa Tartaruga E
Podocnemis unifilis Tracajá V, E
Podocnemis sextuberculata Pitiú E
36
TAXON/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR FORMA DE REGISTRO
Testudinidae
Geochelone denticulata Jabuti V, E
Geoemydidae
Rhinoclemmys punctularia Perema E
Chelidae
Chelus fimbriatus Mata-matá E
ORDEM CROCODYLIA
Alligatoridae
Caiman crocodilus Jacaré-tinga V, E
Melanosuchus niger Jacaré-açu E
Paleosuchus sp. Jacaré-una E
37
Anexo 3. Mamíferos registrados durante a expedição à área proposta para a Resex
Renascer. V = Visualizado; E = Entrevista.
TAXON/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR FORMA DE REGISTRO
ORDEM MARSUPIALIA
Didelphidae
Didelphis marsupialis Mucura E
ORDEM XENARTHRA
Myrmecophagidae
Myrmecophaga trydactyla Tamanduá-bandeira E
Tamandua tetradactyla Mambira E
Cyclopes dydactylus Tamanduaí E
Dasypodidae
Cabassous unicinctus Tatu-de-rabo-mole E
Dasypus novemcinctus
Euphractus sexcinctus Tatu-peba E (?)
Priodontes maximus Tatu-canastra E
Bradypodidae
Bradypus sp. Preguiça E
Megalonychidae
Choloepus didactylus Preguiça-real E
ORDEM CHIROPTERA
FAMÍLIA
Artibeus cf. jamaicensis Morcego V
38
TAXON/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR FORMA DE REGISTRO
RDEM PRIMATES
Callitrichidae
Callitrix argentata Macaquinho-branco V, E
Saguinus midas E
Cebidae
Saimiri sciureus Mico-de-cheiro V, E
Cebus apella Macaco-prego V, E
Callicebus moloch Zogue-zogue V, E
Atelidae
Alouatta belzebul Guariba V, E
Ateles marginatus Coamba E
Lagothrix lagotricha Macaco-aranha E
ORDEM CARNIVORA
Procyonidae
Procyon cancrivorus Mão-pelada E
Nasua nasua Quati E
Potus flavus Jupará E
Mustelidae
Galictis vittata Furão E
Eira barbara Irara E
Lontra longicaudis Lontra E
Pteronura brasiliensis Ariranha E
Felidae
Leopardus pardalis Maracajá-açu V, E
Leopardus viedii Maracajá E
Herpailurus yaguarondi Jaguarundi E
Puma concolor Suçuarana E
Panthera onca Onça E
ORDEM CETACEA
Platanistidae
Innia geoffrensis Boto-vermelho V, E
Delphinidae
Sotalia fluviatilis Tucuxi V
ORDEM PERISSODACTYLA
Tapiridae
Tapirus terrestris Anta E
ORDEM ARTIODACTYLA
Tayassuidae
Pecari tajacu Caititu E
Tayassu pecari Queixada, porção E
Cervidae
Mazama americana Veado E
Mazama gouazoubira Veado E
39
TAXON/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR FORMA DE REGISTRO
ORDEM SIRENIA
Trichechidae
Trichechus inunguis Peixe-boi E
ORDEM RODENTIA
Echymidae
Proechimys sp. Preá E
Hydrochaeridae
Hydrochaeris hydrochaeris Capivara E
Agoutidae
Agouti paca Paca E
Dasyprocta agouti Cutia E
40
Anexo 4. Aves registradas na área proposta para a Resex Renascer, Prainha, PA. Espécies observadas (V= contato visual e A= auditiva) durante campanha em campo e segundo bibliografia (B); Grau de ameaça segundo Ibama (2003): En- em perigo; Vu- vulnerável. Ambientes: floresta (F), borda de floresta (Fb), áreas alagadas (Al), beira de rios e lagos (Br), áreas abertas (Aa).
TÁXON
FAMÍLIA/ESPÉCIE/
GRAU DE AMEAÇA
NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE
REGISTRO
Tinamidae
Tinamus tao Azulona F B
Tinamus guttatus Inhambu-galinha F B
Tinamus major Inhambu-cabeça-vermelha F B
Crypturellus variegatus Macuco F B
Crypturellus strigulosus Inhambu-relógio F V
Crypturellus cinereus Inhambu-preto F B
Crypturellus undulatus Jaó F B
Anhimidae
Anhima cornuta Anhuma Br V
Anatidae
Amazonetta brasiliensis Marreca-de-pé-vermelho Al V
Dendrocygna autumnalis Asa-branca Al V
Cairina moschata Pato-do-mato Al V
Cracidae
Penelope superciliaris jacupemba F B
Pipile pipile cujubi F B
Crax fasciolata En Mutum-de-penacho F B
Mitu tuberosa Mutum-cavalo F B
Odontophoridae
Odontophorus gujanensis corcovado F B
Phalacrocoracidae
Phalacrocorax brasiliensis Biguá Br V
Anhingidae
Anhinga anhinga Biguatinga Br V
Ardeidae
Tigrisoma lineatum Socó-boi Al V
Butorides striata Socozinho Al V
Botaurus pinnatus Socó-boi-baio Al B
Cochlearius cochlearius arapapá Al B
Agamia agami Garça-da-mata Al B
Egretta thula Garça-branca-pequena Al V
Ardea alba Garça-branca-grande Al V
Ardea cocoi Garça-morena Al V
Pilherodius pileatus Garça-real Aa V
Bubulcus ibis Garça-vaqueira Aa B
Ixobrychus exilis Socoí-vermelho Al V
41
TÁXON
FAMÍLIA/ESPÉCIE/
GRAU DE AMEAÇA
NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE
REGISTRO
Nycticorax nycticorax Savacu Al B
Threskiornithidae
Theristicus caudatus Curicaca Al V
Mesembrinibis cayanensis corócoró Al B
Platalea ajaja colhereiro Al B
Cathartidae
Cathartes aura Urubu-cabeça-vermelha Aa V
Cathartes melambrotos Urubu-da-mata Aa V
Sarcoramphus papa Urubu-rei Aa B
Coragyps atratus Urubu-cabeça-preta Aa, Fb V
Pandionidae
Pandion haliaetus Águia-pescadora Br, Al V
Accipitridae
Rosthramus sociabilis Gavião-caramujeiro Al V
Rosthramus hamatus Gavião-do-igapó Al V
Leucopternis albicollis Gavião-branco F V
Buteogallus urubitinga Gavião-preto Aa V
Heterospizias meridionalis Gavião-caboclo Aa V
Busarellus nigricollis Gavião-belo Al V
Ictinia plumbea Sovi Aa V
Rupornis magnirostris Gavião-carijó Fb V
Buteo nitidus Gavião-pedrês F V
Leucopternis kuhli Gavião-vaqueiro F B
Leucopternis schistacea Gavião-azul F B
Elanoides forficatus Gavião-tesoura F B
Harpagus diodon Gavião-bombachinha F B
Leptodon cayanensis Gavião-cabeça-cinza F B
Accipiter bicolor Gavião-bombachinha-grande F B
Accipiter poliogaster Tauató-pintado F B
Morphnus guianensis Uiraçu-falso F B
Spizaetus melanoleucus Gavião-pato F B
Spizaetus tyrannus Gavião-pega-macaco F B
Spizaetus ornatus Gavião-de-penacho F B
Micrastur semitorquatus Gavião-relógio F B
Micrastur ruficollis Gavião-caburé F B
Micrastur gilvicollis Gavião-mateiro F B
Micrastur mirandollei tanatau F B
Harpia harpyja Gavião-real F B
Falconidae
Caracara plancus Caracará Aa V
Falco rufigularis Cauré Aa V
42
TÁXON
FAMÍLIA/ESPÉCIE/
GRAU DE AMEAÇA
NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE
REGISTRO
Milvago chimachima Carrapateiro Aa V
Daptrius ater Gavião-de-anta F B
Daptrius americanus gralhão F B
Falco deiroleucus Falcão-peito-vermelho F B
Falco femoralis Falcão-de-coleira F B
Aramidae
Aramus guarauna Carão Al V
Psophiidae
Psophia viridis En Jacamim-de-costa-verde F B
Rallidae
Porphyrio flavirostris Frango-d’água-pequeno Al V
Porphyrio martinica Frango-d’água-azul Al V
Aramides cajanea Três-potes Al B
Amaurolimnas concolor Saracurinha-da-mata F B
Laterallus exilis Sanã-parda Al B
Laterallus viridis Siricora-mirim Al B
Neocrex erythrops turuturu Al B
Gallinula chloropus Frango-d’água Al B
Heliornithidae
Heliornis fulica picaparra Al B
Eurypygidae
Eurypyga helias Pavãozinho-do-pará Al V
Jacanidae
Jacana jacana Jaçanã Al V
Charadriidae
Vanellus chilensis Quero-quero Aa V
Charadrius collaris Batuíra-de-coleira Aa V
Sternidae
Phaetusa simplex Trinta-réis-grande Aa V
Sterna superciliaris Trinta-réis-pequeno Aa V
Columbidae
Patagioenas cayennensis Pomba-galega F V
Patagioenas speciosa Pombão F B
Columbina talpacoti Rolinha-roxa Aa B
Patagioenas plumbea Pomba-amargosa F B
Leptotila rufaxilla Juriti-gemedeira F B
Leptotila verreauxi Juriti-pupu F B
Geotrygon montana Pariri F B
Psittacidae
Forpus xanthopterygius Tuim F, Fb V
Ara chloroptera Arara-vermelha F V
43
TÁXON
FAMÍLIA/ESPÉCIE/
GRAU DE AMEAÇA
NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE
REGISTRO
Pionus menstruus Maitaca-cabeça-azul F V
Pyrrhura lepida En Tiriba-pérola F B
Pionus fuscus Maitaca-roxa F V
Guarouba guarouba En Ararajuba F V
Amazona farinosa Papagaio-moleiro F, Fb V
Anodorhynchus hyacinthinus Vu Arara-azul-grande F B
Amazona ochrocephala Papagaio-cabeça-amarela F V
Brotogeris sanctithomae Periquito-testinha F V
Brotogeris versicolorus Periquito-rico F V
Pionites leucogaster Marianinha-cabeça-amarela Aa V
Opisthocomidae
Opisthocomus hoazin Cigana Aa V
Cuculidae
Crotophaga ani Anu-preto Aa B
Dromococcyx phasianellus Peixe-frito Fb A
Piaya minuta Papa-lagarta Aa V
Neomorphus geoffroyi Jacu-estalo F B
Tapera naevia Saci Aa B
Strigidae
Aegolius harrissii Corujinha Fb A
Megascops watsonii Corujinha-orelhuda F B
Lophostrix cristata Coruhja-de-carapuça F B
Ciccaba huhula Coruja-preta F B
Pulsatrix perspicillata Murucututu F B
Glaucidium hardyi Caburé-da-amazônia F B
Glaucidium brasilianum Caburé F B
Nyctibiidae
Nyctibius griseus Mãe-da-lua F B
Nyctibius grandis Mãe-da-lua-gigante F B
Nyctibius leucopterus Urutau-de-asa-branca F B
Caprimulgidae
Nyctiprogne leucopyga Bacurau-da-várzea Fb, F V
Chordeiles acutipennis Bacurau-de-asa-fina F B
Hydropsalis brasiliana Bacurau-tesoura F B
Hydropsalis climacocerca Acurana F B
Nyctidromus albicollis Bacurau F A
Apodidae
Chaetura cinereiventris Andorinhão-sobre-cinzento Fb, Aa B
Panyptila cayennensis Andorinhão-estofador F B
Reinarda squamata Tesourinha F V
Chaetura spinicauda Andorinhão Aa V
44
TÁXON
FAMÍLIA/ESPÉCIE/
GRAU DE AMEAÇA
NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE
REGISTRO
Chaetura chapmani Andorinhão-de-chapman Aa B
Streptoprocne zonaris Andorinhão-coleira Fb, Aa B
Trochilidae
Amazilia fimbriata Beija-flor-grande-ventre-branco Fb, Aa V
Glaucis hirsuta Balança-rabo-de-bico-torto F B
Campylopterus largipennis Asa-de-sabre F B
Anthracothorax viridigula Beija-flor-de-veste-preta Fb, Aa V
Phaetornis ruber Rabo-branco-rubro F V
Phaetornis malaris Besourão-do-bico-grande F B
Phaetornis bourcieri Rabo-branco-de-bico-preto F B
Phaetornis nattereri Besourão-sobre-amarelo F V
Thalurania glaucopis Beija-flor-de-fronte-violeta Aa B
Trogonidae
Trogon violaceus Surucuá F V
Trogon melanurus Surucuá-de-cauda-preta F B
Trogon rufus Surucuá-de-barriga-amarela F B
Trogon viridis Surucuá-grande-barriga-amarela F B
Alcedinidae
Ceryle torquatus Martim-pescador-grande Al, Br V
Chloroceryle amazona Martim-pescador-verde Al, Br V
Chloroceryle americana Martim-pescador-pequeno Al, Br V
Chloroceryle aenea Arirambinha Al, Br B
Chloroceryle inda Martim-pescador-da-mata Al, Br B
Momotidae
Momotus momota Udu-de-coroa-azul F B
Galbulidae
Brachygalba lugubris Ariramba-preta F B
Galbula galbula Ariramba-de-cauda-verde F B
Galbula cyanicollis Ariramba-da-mata F B
Galbula ruficauda Bico-de-agulha-rabo-vermelho F B
Galbula dea Ariramba-do-paraíso F B
Jacamerops aurea Ariramba-grande-da-mata-virgem F B
Bucconidae
Chelidoptera tenebrosa Urubuzinho Fb V
Monasa nigrifrons Chora-chuva-preto Fb V
Monasa morphoeus Bico-de-brasa-testa-branca F B
Notharchus tectus Macuru-pintado F V
Notharchus macrorhynchus Capitão-do-mato F B
Bucco tamatia Rapazinho-carijó F V
Bucco capensis Rapazinho-de-colar F B
Malacoptila rufa Barbudo-de-pescoço-ferrugem F B
45
TÁXON
FAMÍLIA/ESPÉCIE/
GRAU DE AMEAÇA
NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE
REGISTRO
Capitonidae
Capito niger Capitão-de-bigode-carijó F B
Ramphastidae
Pteroglossus aracari Araçari F V
Pteroglossus castanotis Aracari-castanho F B
Pteroglossus bitorquatus En Aracari-pescoço-vermelho F B
Ramphastos vitellinus Tucano-bico-preto F V
Ramphastos tucanus Tucano-grande-papo-branco F V
Orthopsittaca manilata Maracanã-cara-amarela F V
Picidae
Celeus elegans Pica-pau-chocolate F V
Celeus torquatus Pica-pau-de-coleira F B
Campephilus melanoleucus Pica-pau-de-topete-vermelho F B
Campephilus rubricollis Pica-pau-de-barriga-vermelha F B
Melanerpes cruentatus Benedito F V
Colaptes punctigula Pica-pau Aa V
Dryocopus lineatus Pica-pau-banda-branca F V
Piculus flavigula Pica-pau-bufador F B
Piculus chrysochloros Pica-pau-dourado-escuro F B
Colaptes melanochloros Pica-pau-verde-barrado F, Fb B
Picumnus aurifrons Pica-pau-anão F V
Veniliornis sp. Picapauzinho F V
Veniliornis affinis Pica-pauzinho-avermelhado F B
Veniliornis passerinus Pica-pauzinho-anão F B
Thamnophilidae
Dysithamnus mentalis Choquinha-lisa F B
Dysithamnus stictothorax Choquinha-listrada F B
Myrmeciza squamosa Papa-formiga-da-grota F B
Phlegopsis nigromaculata En Mãe-de-taoca F B
Piryglena leucoptera Papa-taoca-do-sul F B
Sakesphorus luctuosus Choca-d’água Aa V
Myrmotherula longipennis Choquinha-peito-preto F V
Myrmotherula hauxwelli Choquinha-de-garganta-clara F B
Microrhopias quixensis Papa-formiga-de-bando F V
Herpsilochmus rufimarginatus Chorozinho-asa-vermelha F B
Thamnophilus sp. Choca Fb V
Thamnophilus caesius Ipecuá F B
Thamnophilus ardesiacus Uirapuru-garganta-preta F, Fb B
Formicariidae
Formicarius colma Galinha-do-mato F B
Formicarius analis Pinto-do-mato-de-cara-preta F B
46
TÁXON
FAMÍLIA/ESPÉCIE/
GRAU DE AMEAÇA
NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE
REGISTRO
Chamaeza campanisona Tovaca-campainha F B
Hylopezus macularius Torom-carijó F B
Conopophagidae
Conopophaga peruviana Chupa-dente-de-máscara F B
Scleruridae
Geositta cunicularia Curriqueiro F B
Sclerurus mexicanus Vira-folha F B
Sclerurus rufigularis Vira-folha-de-bico-curto F B
Dendrocolaptidae
Sittasomus griseicapillus Arapaçu-grande F V
Lepidocolaptes albolineatus Arapaçu-de-listras-brancas F B
Glyphorhynchus spirurus Arapaçu-bico-de-cunha F V
Dendrocincla merula En Arapaçu-de-taoca F B
Dendrexetastes rufigula En Arapaçu-canela F B
Nasica longirostris Arapaçu-grande F V
Xiphorhynchus picus Arapaçu-rajado F V
Furnariidae
Certhiaxis cinnamomea Curutié Al V
Certhiaxis mustelina João-da-canarana Al, Br B
Furnarius figulus Casaca-de-couro-da-lama Aa V
Furnarius minor Joãozinho Br B
Berlepschia rekeri Limpa-folha-do-buriti Al B
Cranioleuca gutturata João-pintado Fb B
Synallaxis propinqua João-de-barriga-branca Br B
Synallaxis albescens Uipí Fb B
Synallaxis gujanensis João-tenenem-becuá Fb B
Synallaxis rutilans João-tenenem-castanho F B
Philydor pyrrhodes Limpa-folha-vermelho F B
Philydor erythrocercus Limpa-folha-de-sobre-ruivo F B
Philydor ruficaudatus Limpa-folha-de-cauda-ruiva F B
Xenops sp. Bico-virado F V
Xenops rutilans Bico-virado-carijó F B
Xenops minutus Bico-virado-carijó F B
Xenops milleri Bico-virado-da-copa F B
Automolus infuscatus Barranqueiro-pardo F B
Automolus ochrolaemus Barranqueiro-camurça F B
Lochmias nematura João-porca F B
Tyrannidae
Camptostoma obsoletum Risadinha Aa, Fb V
Arundinicola leucocephala Noivinha Fb V
Conopias parva Mosqueteiro-sobrancelhas-branca F, Fb B
47
TÁXON
FAMÍLIA/ESPÉCIE/
GRAU DE AMEAÇA
NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE
REGISTRO
Conopias trivirgata Bentevi-pequeno F B
Ornithion inerme Poiaieiro-de-sobrancelha F V
Elaenia flavogaster Guaracava-de-barriga-amarela Fb V
Fluvicola albiventer Lavadeira-de-cara-branca Fb V
Elaenia pelzelni Maria-da-várzea Fb V
Elaenia quiriquensis Chibum Fb B
Elaenia cristata Guaracava-topete-uniforme F B
Terenotriccus erythrurus Papa-moscas-uirapuru F B
Hemitriccus zosterops Maria-de-olho-branco F B
Hemitriccus minor Maria-sebinha F B
Myiobius barbatus Assanhadinho F B
Myiobius atricaudus Assanhadinho-cauda-preta F B
Cnemotriccus fuscatus Guaracavuçu F B
Empidonomus varius Peitica Fb V
Lathrotriccus euleri Enferrujado F V
Tolmomyias flaviventris Bico-chato F B
Tolmomyias poliocephalus Bico-chato-cabeça-cinza F B
Tolmomyias assimilis Bico-chato-de-copa F B
Ramphotrigon ruficauda Bico-chato-rabo-vermelho F B
Lophotriccus galeatus Caga-cebinho-penacho F B
Philohydor lictor Bem-te-vi-pequeno Fb V
Leptopogon amaurocephalus Cabeçudo F B
Legatus leucophaius Bemtevi-pirata F B
Todirostrum cinereum Ferreirinho Fb B
Todirostrum capitale Ferreiro F B
Todirostrum chrysocrotaphum Ferreirinha-pintado F B
Todirostrum maculatum Ferreirinho-estriado F B
Megarynchus pitangua Neinei F B
Mionectes oleagineus Supi F B
Mionectes macconnelli Abre-asa-da-mata F B
Myiozetetes cayanensis Bentevizinho-asa-ferrugínea F B
Myiodynastes maculatus Bem-te-vi-rajado Fb, F V
Myiarchus ferox Maria-cavaleira F B
Myiopagis flavivertex Guaracava-penacho-amarelo F B
Myiopagis gaimardii Maria-pechim F B
Phaeomyias murina Bagageiro F B
Zimmerius gracilipes Poiaeiro-de-pata-fina F B
Platyrinchus platyrhynchos Patinho-de-coroa-branca F B
Platyrinchus coronatus Patinho-coroa-courada F B
Myiarchus tuberculifer Irrê F V
Myiophobus fasciatus Filipe Aa B
48
TÁXON
FAMÍLIA/ESPÉCIE/
GRAU DE AMEAÇA
NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE
REGISTRO
Myiornis ecaudatus Caçula F B
Poecilotriccus andrei Maria-bonita F B
Rhynchocyclus olivaceus Bico-chato-grande F B
Todirostrum maculatum Ferreirinho-listrado F V
Onychorhynchus coronatus Maria-leque F V
Myiozetetes cayanensis Bem-te-vizinho-asa-ferrugínea Fb V
Phylloscartes ventralis Borboletinha-do-mato F
Pitangus sulphuratus Bem-te-vi Aa V
Tyranneutes stolzmanni Uirapuruzinho F B
Knipolegus orenocensis Maria-preta-ribeirinha F, Fb V
Knipolegus poecilocercus Pretinho-do-igapó F B
Empidonomus aurantioatrocristatus Peitica-chapéu-preto F B
Attila cinammomeus Tinguaçu-ferrugem Aa V
Attila bolivianus Bate-pára F B
Casiornis fusca Caneleiro-enxofre F B
Laniocera hypopyrrha Chorona-cinza F B
Rhytipterna immunda Vissiá-cantor F B
Satrapa icterophrys Suiriri-pequeno Aa V
Sirystes sibilator Assobiador Fb, F V
Tyrannus melancholicus Suiriri Aa, Fb V
Tyrannus savana Tesourinha Fb V
Tyrannus albogularis Suiriri-garganta-branca Aa V
Tyrannopsis sulphurea Suiriri-de-garganta-rajada F B
Tyrannopsis luteiventris Bemtevi-barulhento F B
Cotingidae
Lipaugus vociferans Suissa F V
Iodopleura isabellae Anambé-de-coroa F B
Xipholena lamellipennis Anambé-de-rabo-branco F B
Gymnoderys foetidus Anambé-pombo F B
Procnias alba Araponga-da-amazônia F B
Pipridae
Manacus manacus Rendeira F V
Chiroxiphia pareola Dançador F V
Piprites pileatus Caneleiro-de-chapéu-preto F B
Pipra aureola Uirapuru-vermelho F V
Pipra rubrocapilla Cabeça-encarnada F B
Pipra pipra Cabeça-branca F B
Tityridae
Tityra cayana Anambé-branco-de-rabo-preto F V
Tityra inquisitor Anambé-branco-bochecha-parda F B
Haematoderus militaris Anambé-militar F B
49
TÁXON
FAMÍLIA/ESPÉCIE/
GRAU DE AMEAÇA
NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE
REGISTRO
Pachyramphus rufus Caneleiro-cinzento F V
Pachyramphus marginatus Caneleiro-bordado F B
Pachyramphus minor Caneleiro-pequeno F B
Pachyramphus polychopterus Caneleiro-preto F V
Querula purpurata Anambé-una F B
Schiffornis turdinus Flautim F V
Vireonidae
Cyclarhis gujanensis Pitiguari Aa, Fb B
Vireo olivaceus Juruviara Fb V
Hylophilus thoracicus Verdinho-coroado Fb B
Hylophilus ochraceiceps Vite-vite-uirapuru F B
Hylophilus hypoxanthus Vite-vite-barriga-amarela F B
Hirundinidae
Pygochelidon cyanoleuca Andorinha-pequena-de-casa Aa B
Progne chalybea Andorinha-doméstica-grande Aa V
Progne tapera Andorinha-do-campo Aa B
Stelgidopteryx ruficollis Andorinha-serrador Aa B
Tachycineta albiventer Andorinha-do-rio Aa V
Alopochelidon fucata Andorinha-morena Aa B
Hirundo rustica Andorinha Aa V
Riparia riparia Andorinha Aa B
Reinarda squamata Andorinha-do-coqueiro Aa V
Troglodytidae
Troglodytes musculus Corruíra Aa V
Donacobius atricapillus Japacamim Aa VA
Cyphorhynus aradus Uirapuru-verdadeiro F B
Microcerculus marginatus Uirapuru-veado F B
Campylorhynchus turdinus Catatau Fb V
Thryothorus leucotis Garrinchão-barriga-vermelha Fb V
Turdidae
Turdus albicollis Sabiá-coleira F V
Turdus leucomelas Sabiá-barranco F V
Turdus fumigatus Sabiá-da-mata F B
Turdus nudigenis Carachué F B
Coerebidae
Coereba flaveola Cambacica Aa V
Thraupidae
Dacnis cayana Saí-azul F, Fb V
Dacnis lineata Saí F B
Habia rubica Sanhaçu-fogo F B
Hemithraupis flavicollis. Saíra-galega F B
50
TÁXON
FAMÍLIA/ESPÉCIE/
GRAU DE AMEAÇA
NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE
REGISTRO
Lamprospiza melanoleuca Pipira-de-bico-vermelho F B
Ramphocelus carbo Tié Fb B
Lanio versicolor Pipira-de-asa-branca F B
Eucometis penicillata Pipira-da-taoca F B
Tachyphonus rufus Tié-preto F V
Tachyphonus cristatus Tié-galo F B
Tachyphonus surinamus Tem-tem-de-topete-ferrugíneo F B
Tachyphonus luctuosus Tem-tem-de-dragona-branca F B
Nemosia pileata Saíra-de-chapéu-preto F, Fb B
Tangara mexicana Saíra F B
Tangara velia Saíra-diamante F B
Tangara punctata Negaça F B
Thraupis episcopus Sanhaçu-da-amazônia F V
Thraupis palmarum Sanhaçu-do-coqueiro Aa V
Emberizidae
Ammodramus humeralis Tico-tico-do-campo-verdadeiro Aa B
Sicalis columbiana Canário-da-amazônia Aa V
Habia rubica Tiê-do-mato F B
Arremon taciturnus Tico-tico-bico-preto Fb V
Sporophila minuta Caboclinho-lindo Aa, Fb V
Sporophila nigricollis Baiano Aa V
Sporophila castaneiventris Caboclinho-de-faixa Aa B
Volatinia jacarina Tisiu Aa B
Cardinalidae
Paroaria gularis Cardeal-da-amazônia Aa V
Saltator grossus Bico-encarnado F B
Saltator maximus Tempera-viola F B
Saltator coerulescens Sabiá-conga F B
Periporphyrus erythromelas Bicudo-encarnado F B
Cyanocompsa cyanoides Azulão-da-amazônia F B
Parulidae
Basileuterus culicivorus Pula-pula F B
Basileuterus leucoblepharus Pula-pula-assobiador F B
Phaeothlypis aequinoctialis Pula-pula-ribeirinho F B
Geothlypis aequinoctialis Pia-cobra Fb, Aa V
Parula pitiayumi Mariquita F B
Icteridae
Icterus cayanensis Encontro F B
Psarocolius bifasciatus Japuaçu Fb, F V
Molothrus bonariensis Vira-bosta Aa V
Cacicus cela Japiim Aa V
51
TÁXON
FAMÍLIA/ESPÉCIE/
GRAU DE AMEAÇA
NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE
REGISTRO
Cacicus haemorrhous Japira F B
Cacicus solitarius Irauna-bico-branco F B
Agelaius icterocephalus Iratauá-pequeno Aa B
Gymnomystax mexicanus Iratauá-grande Fb V
Sturnella superciliaris Polícia-inglesa Aa V
Fringillidae
Euphonia minuta Gaturamo F B
Euphonia violacea Gaturamo-verdadeiro F B
Euphonia chrysopasta Gaturamo F B
Euphonia chlorotica Fi-fi F B
Carduelis magellanica Pintassilgo Aa B