Projeto Mestrado Flávia Orci Fernandes
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Projeto de Dissertação de Mestrado Programa de Pós-Graduação em Lingüística da Unicamp
Orientador: Prof. Dr. Ataliba T. de Castilho Flávia Orci Fernandes – Semanticização e sintaticização das construções andar, continuar, ficar, viver + gerúndio na história do português paulista. Projeto de dissertação de Mestrado junto ao Programa de Pós-Graduação em Lingüística da Unicamp Resumo: O objetivo desta pesquisa é, num primeiro momento, traçar a diacronia das expressões formadas pelos verbos andar, continuar, ficar e viver seguidos de gerúndio, de acordo com a abordagem multissistêmica da língua. Importante nesse momento será a focalização dos processos de semanticização e de sintaticização. O primeiro diz respeito à criação, alteração e categorização dos sentidos; o segundo, à criação e às alterações que afetam principalmente os arranjos sintagmáticos e funcionais da estrutura sentencial. Num segundo momento, espera-se comparar os resultados com a hipótese de gramaticalização de tais construções sugerida a partir de resultados alcançados em pesquisa de iniciação científica, realizada com amostras de fala do PB contemporâneo.
Palavras-chave: aspecto; perífrases verbais; gramaticalização; história do português paulista.
0. Apresentação
Este projeto de pesquisa está vinculado ao “Projeto de História do Português Paulista”,
projeto temático de equipe coordenado pelo Prof. Dr. Ataliba T. de Castilho (projeto temático
de equipe financiado pela FAPESP: proc. 2006/55944-0). Meu objetivo é dar continuidade aos
projetos anteriores – “Projeto ALIP (Amostra Lingüística do Interior Paulista) – o português
falado na região de São José do Rio Preto: constituição de um banco de dados anotado para o
seu estudo”, e “Projeto ALIP (Amostra Lingüística do Interior Paulista): trabalhos de descrição,
financiados pela FAPESP e dos quais participei, entre 2006 2009, como bolsista de Capacitação
Técnica e bolsista de Iniciação Científica, tendo ingressado em 2009 no Programa de Pós-
Graduação em Linguística da Unicamp.
O projeto de pesquisa aqui proposto, a ser desenvolvido no biênio 2010-2012,
representa uma continuidade de estudos realizados em nível de Iniciação Científica, em que,
também sob os auspícios da FAPESP, foram estudadas construções com os verbos andar,
continuar, ficar e viver seguidos de gerúndio, em amostras de fala do PB contemporâneo,
variedade falada no interior paulista.1 Desta vez, pretendo examinar o tema do ponto de vista
diacrônico, incluindo-me no subprojeto “Mudança lingüística multissistêmica do português
paulista”, coordenado por meu orientador.
1. Justificativa e relevância do tema
Com a execução deste projeto, pretendemos realizar, à luz da relação entre Tradições
Discursivas (TD) e teoria multissistêmica da língua, um estudo sobre algumas perífrases que
codificam Aspecto na história do português paulista, a saber, as formadas pelos verbos andar,
continuar, ficar e viver (V1) seguidos de gerúndio (V2). Num segundo momento, pretendemos
comparar os resultados obtidos com os resultados de estudo sincrônico (PB falado do interior
paulista) realizado em nível de IC.
Sob a perspectiva da teoria multissistêmica, enfocaremos os processos de
semanticização e sintaticização nos moldes de Castilho (2007, 2009) a fim de investigar que
categorias cognitivas estão representadas nos verbos e qual a categoria gramatical de V1. Ainda,
analisaremos o grau de gramaticalidade das construções a partir dos critérios de auxiliaridade
propostos por Heine (1993). Sobre a categoria Aspecto, levantaremos os trabalhos mais
importantes na literatura lingüística em geral, principalmente Comrie (1976), Bybee (1985),
Bertinetto (1997), Squartini (1998), e, mais precisamente, paro o PB, Castilho (1968, 2002),
Travaglia (1981), Ilari & Basso (2008), entre outros.
Julgamos relevante essa pesquisa visto que estudos baseados em amostras diacrônicas
são importantes para a comprovação de hipóteses de gramaticalização levantadas em estudos
sincrônicos. Além disso, na descrição do PB, prevalecem descrições sincrônicas das noções
aspectuais expressas sobretudo por verbos (CASTILHO, 1968, 2002; TRAVAGLIA, 1981;
COSTA, 2002; ILARI & BASSO, 2008). Por se tratar de um estudo histórico, controlaremos os
1 Projeto “Construções com os verbos andar, continuar, ficar e viver seguidos de gerúndio: um estudo na interface Sociolingüística/Gramaticalização” – Bolsa FAPESP Processo nº 2008/11627-6.
dados levando em conta a teoria das tradições discursivas, visto que gêneros não documentam a
mudança com a mesma velocidade. Por fim, a teoria multissistêmica da língua pode explicar
com maior especificidade e complexidade os processos e produtos do objeto a ser investigado,
já que sua concepção de língua não hierarquiza tais processos e produtos, como intrínseco na
literatura lingüística clássica.
1.1. A problemática em torno da categoria Aspecto
A maneira como os verbos figuram estados e processos, expressando diversos conceitos
e de diferentes formas, é um dos aspectos da linguagem que sempre despertou a atenção dos
estudiosos. A falta de definição coerente sobre noções relacionadas à classe dos verbos (tempo,
aspecto, modo, modalidade, transitividade, voz, por exemplo) por parte da tradição gramatical,
por um lado, e a falta de critério para distingui-los, por outro, geraram (e ainda geram)
controvérsias no que diz respeito ao tratamento dessas diferentes noções codificadas pelos
verbos. De acordo com Castilho (1968):
A função dessas categorias é atualizar o processo virtualmente considerado, definindo-lhe a duração (aspecto), localizando-o numa data ou perspectiva (tempo), esclarecendo a interferência do sujeito falante (modo) ou o papel a ele atribuído (voz), bem como sua relação com o ouvinte e o assunto (pessoas, (...)) e quantidade dessas entidades (número). (CASTILHO, 1968, p. 14)
Especificamente sobre Aspecto, Ilari & Basso (2008) se reportam à classe da seguinte
forma:
Por definição, o aspecto não tem nada de dêitico, expressa ao contrário uma opção do falante no sentido de representar o estado de coisa expresso pelo verbo segundo uma perspectiva (na palavra aspecto está presente a raiz indo-européia spek, a mesma que encontramos em perspectiva) que permite considerá-lo em bloco, ou em parte, isto é, numa de suas fases. (ILARI & BASSO, 2008, p. 5)
Dentre as discussões relacionadas à classe, está a relação entre Aspecto, Tempo e Modo.
Embora fortemente ligada a elas, o Aspecto diferencia-se de ambas: da primeira, porque
não identifica o processo expresso num determinado momento; da segunda, porque não
remete às atitudes subjetiva ou objetiva do falante diante do processo
Outro ponto relevante nas discussões sobre a categoria é a distinção, mesmo que
sutil, entre Aspecto e Acionalidade (do alemão Aktionsart, literalmente Modo da Ação).
Essa segunda categoria, que aponta para uma grande classificação de predicados que
não envolve diretamente a gramática, é referida por Ilari & Basso (2008) da seguinte
maneira:
É ainda próprio do verbo, enquanto unidade lexical, ou do sintagma verbal, incluindo o verbo e seus complementos, atribuir (ou não) às ações que descreve uma estrutura interna constituída de “momentos” qualitativamente diferentes (...). A principal diferença entre as ações, do ponto de vista da Aktionsart, é que algumas ações têm, como parte própria e previsível, uma conclusão de um certo tipo (...), ao passo que outras ações não têm um fim previsível (...); outra diferença de Aktionsart, é que alguns verbos exprimem uma ação pontual ao passo que outros exprimem uma ação duradoura (...). (ILARI & BASSO, 2008, p. 5)
Por sua vez, Castilho (1968, 2002) não se reporta às duas categorias como distintas
no que diz respeito à metodologia de trabalho que adota. Sobre a Acionalidade ou Modo da
ação, o autor aponta:
o modo da ação representa uma compreensão lato sensu das noções aspectuais, uma vez que abrange um número ilimitado de possibilidades, englobando e ultrapassando a bipolaridade que caracteriza o aspecto (CASTILHO, 1968, p. 40).
No que toca à noção de Aspecto, afirma: “aspecto, ao contrário, é o ponto de
vista subjetivo (em relação ao modo da ação, bem entendido) do falante sobre o
desenvolvimento da ação” (CASTILHO, 1968, p. 41). Na mesma linha, Travaglia
(1981) utiliza o termo Aspecto num sentido amplo e considera 14 noções aspectuais
diferentes que podem ser tanto expressas pela morfologia quanto pela interação do
verbo com outros elementos da oração. Nesse sentido a noção de Aspecto estaria
relacionada à duração e às fases de realização, desenvolvimento e completamento da
situação, resultando de um processo morfológico e léxico-semântico.
Castilho (2002) considera três fases do estudo sobre Aspecto: (i) fase léxico-
semântica, em que os valores aspectuais ligam-se ao lexema verbal (Aktinsart); (ii) fase
semântico-sintática ou composicional, na qual se examina o Aspecto como resultado da
combinação da Aktionsart do verbo com a flexão e verbos auxiliares, os argumentos e adjuntos
adverbiais; (iii) fase discursiva, em que se analisam as condições discursivas que favorecem a
emergência de diferentes tipos de aspectos.
Por sua vez, Corôa (2005) utiliza o termo Aspecto num sentido mais estrito,
considerando aspectuais as noções de perfectividade e imperfectividade expressas apenas pela
morfologia verbal. A autora julga necessário distinguir Aspecto e Acionalidade e exclui dessa
distinção qualquer noção baseada na idéia de “duração”. Sob essa mesma égide estão os estudos
de Lopes-Rossi (1989).
Alvos de muita controvérsia, o conceito, a tipologia e os meios de expressão da
categoria aspectual ainda não estão suficientemente esclarecidos, o que requer uma série de
reflexões antes de qualquer estabelecimento dessas noções. Sem a pretensão de esgotar a
questão, isso justifica, do nosso ponto de vista, um tratamento mais detalhado em nosso
trabalho.
Na seção a seguir, fundamentamos teórica e preliminarmente nosso objeto de estudo, ao
longo do qual essas justificativas se aprofundam, tornando mais clara nossa proposta de
trabalho.
2. Fundamentação teórica
2.1. A codificação de Aspecto por meio de formas perifrásticas no PB
Aceita a noção de que o Aspecto verbal é uma propriedade da predicação e que se
resume em representar os graus do desenvolvimento do estado-de-coisas ou as fases que ele
pode compreender (CASTILHO, 2002), o Aspecto pode ser codificado por meio de diversas
combinações de recursos, uma vez que, no português, a classe não dispõe de morfologia
própria. O reconhecimento desses recursos lingüísticos remonta o próprio desenvolvimento da
aspectologia, por meio do qual é possível reconhecer três fases: a) uma “fase léxico-semântica”,
nas quais são identificadas as classes semântico-aspectuais do verbo (Aktionsart); b) uma “fase
semântico-sintática” ou “composicional”, na qual o aspecto é analisado a partir da combinação
das classes acionais com flexões e verbos auxiliares, argumentos e adjuntos adverbiais; o
aspecto passa a ser apreendido claramente como uma propriedade da predicação; c) uma “fase
discursiva”, em que são investigadas as condições discursivas que favorecem a emergência dos
aspectos indicados (CASTILHO, 2002, p.83-4). Nesta pesquisa, fundamentaremo-nos
principalmente na “fase semântico-sintática”, em que pretendemos analisar a constituição
perifrástica codificadora de aspecto a partir da investigação minuciosa dos componentes que a
constituem.
Segundo Mattos e Silva (2006), no período arcaico, o verbo andar (do latim ambitare)
já aparecia seguido de gerúndio, e que pode ocorrer semanticamente pleno, com significado
lexical etimológico de “deslocar-se com os pés”. De acordo com a autora,
Na documentação arcaica, em muitos contextos, fica-se na dúvida – e essa dúvida ocorre, em certos casos, no português contemporâneo – se nas seqüências desses verbos [ser, jazer, andar e ir] com gerúndio se tem uma locução verbal ou se se têm duas orações com um desses verbos como principal e o gerúndio como uma subordinada reduzida temporal. Na locução há uma unidade sintático-semântica entre v e V que expressa o aspecto durativo, estrutura que já existia no latim tardio (...). (MATTOS E SILVA, 2006, p. 141)
Essa observação da autora para o verbo andar é para nós motivação para verificar se o
mesmo comportamento sintático-semântico ocorre também com os verbos viver, continuar e
ficar.
Nas ocorrências abaixo,2 podemos verificar o funcionamento dos verbos como plenos
(em (a)) e também como auxiliares (em (b)). Na passagem verbo pleno > verbo auxiliar,
atentamo-nos para alguns traços que permitem a análise aspectual imperfectiva cursiva.
(01) a. ...seguimo(s) viagem aí:: passamo(s) de Barra do Garça nós andamos mais... cento e cinqüenta quilômetros... aí encontramos a cidade de Xava/ Nova Xavantina... (AC-093; RP: L. 301)
b. as polícia se fô(r) vê(r) nu/ num anda fazen(d)o muita coisa não (AC-030; RO: L. 156) (02) a. ele tava no ônibus e quando ele sentô(u)... ele sentô(u) numa coisa da/ na cade(i)ra... e sentô(u)
2 Todas as ocorrências foram coletadas no banco de dados Iboruna, composto por amostras de fala do interior paulista. Disponível em http://www.iboruna.ibilce.unesp.br
então e cont/ e continuô(u) a via::gem vindo de São José do Rio Preto pa Bady Bassit... (AC-035; NR: L. 177)
b. acho que ele tem mais de setenta anos e continua fuman(d)o fuman(d)o fuman(d)o... aí... o vô dele pegô(u) um CÂNcer na na LÍNgua na... na língua... (AC-001; NR: L. 82)
(03) a. a minha residência fica aqui no alto da Boa Vista… (AC-139; DE: L. 208) b. ele foi no orelhão… parô(u) no orelhão… fingiu que tava telefonan(d)o e ficava me olhando
(AC-066; NE: L. 15) (04) a. eu num sei se eu já vivi muito tempo... ou se o bairro cresceu muito rápido (AC-150; DE: L.
333) b. meu vizinho vive me chaman(d)o pra ajudá(r) ele com o computador (AC-010; RO: L. 339)
É interessante destacar que, do ponto de vista cognitivo, os verbos que escolhemos para
análise compreendem duas séries: verbo dinâmico de movimento (andar) e verbo estático
(continuar, ficar, viver). Na ocorrência exemplificada em (01), verifica-se que andar pode ser
utilizado em situações de movimento fictício.
Nos casos em (a), andar, continuar, ficar e viver constituem verbos plenos, em razão de
constituírem centro de uma predicação e, portanto, apresentarem estrutura argumental própria,
diferentemente dos casos em (b), em que eles funcionam em uma construção perifrástica do tipo
V1 + V2, sendo V1 verbo auxiliar e V2, verbo principal, em torno do qual a predicação se
estrutura. Nesses casos, o conteúdo semântico de V1 incide sobre a interpretação aspectual do
estado-de-coisas codificado em V2.
No que é próprio dos casos exemplares de gramaticalização, a mudança de verbo pleno
a verbo auxiliar é mediada por estágios de sobreposição de sentidos em que tanto conceitos da
forma fonte quanto da forma alvo estão disponíveis. Observe, por exemplo, as ocorrências com
andar, continuar e ficar em (5) abaixo:
(05) a. eu andava ali direto... procuran(d)o aquelas abelhinha jataí (AC-063; RO: L. 1347) b. do dia que eu casei até hoje eu continuo na minha casa e cuidan(d)o do meus filhos (AC-110;
NE: L. 81) c. a gente vai:: compra sorvete e fica na praci::nha conversan::(d)o... (AC-001; DE: L. 197)
Nestes casos, andar, continuar e ficar podem ser analisados como verbo pleno ou verbo
auxiliar. No primeiro caso, o verbo constituiria centro de uma predicação, por apresentar
estrutura argumental própria, definida pelo seu conteúdo semântico, casos em que os
enunciados são constituídos por duas orações, uma principal (com os verbos plenos andar,
continuar e ficar) e uma gerundiva. Em uma segunda leitura, é possível, por um processo de
reanálise, considerar que, no contexto linguístico, ocorre uma construção perifrástica do tipo
V1+V2, em que o conteúdo semântico de V1, predicado “auxiliar”, expressa uma noção
aspectual incidente sobre V2, predicado principal na forma de gerúndio. Ambas as leituras são
autorizadas pela insuficiente gramaticalização desses verbos enquanto auxiliares
O que pretendemos demonstrar com essas exemplificações é que há persistência de
traços semânticos das formas fontes, verbos plenos, no funcionamento das formas alvos, verbos
“auxiliares”, as quais permitem uma análise aspectual apropriada. Semanticamente, o estado-
de-coisas codificado pelos verbos plenos constitui entidade que pode ser localizada no tempo e
no espaço e, por essa razão, sujeita a certa duração (LYONS, 1977): em viver está pressuposta
um duração dada pela existência de um ser; em continuar, há duração de um estado-de-coisas
pressupostamente iniciado; em ficar a duração é verificada pela estatividade do estado-de-
coisas; e, em andar, a duração é inerente ao deslocamento no espaço.
No que se refere ao tratamento dado a esse tipo de construção, Castilho (1968, 2002)
considera a maioria das perífrases formadas por gerúndio imperfectivas cursivas. Em sua
tipologia, Castilho (1968, 2002) faz referências aos valores de duração, completamento e
iteratividade, divididos de acordo com o que ele chama de faces qualitativa e quantitativa. De
acordo com o autor, “o imperfectivo cursivo apresenta a predicação em seu pleno curso, sem
referências às fases inicial ou final” (CASTILHO, 2002, p. 97).
Travaglia (1981) considera as construções objeto deste trabalho imperfectivas cursivas,
a não ser quando conjugadas no Pretérito Perfeito e no Pretérito Mais-que-Perfeito, as quais
considera perfectivas durativas. Da tipologia estabelecida por Travaglia, chamamos atenção
para o fato de o autor conceituar a oposição perfectivo/imperfectivo como dependentes das
noções “acabado” ou “não-acabado”. Esse ponto de vista é considerado equivocado ou limitado
por alguns autores, como Costa (2002). Segundo a autora, há uma confusão estabelecida entre
referência ao ponto terminal de um fato e referência ao fato enunciado como acabado. Ainda,
para a autora os verbos andar, continuar, ficar e viver constituem perífrases de aspecto
imperfectivo cursivo quando seguidos de gerúndio, em qualquer que seja o Tempo em que V1
esteja conjugado.
A seguir, apresentaremos de que forma a perspectiva da teoria multissistêmica e da TD
podem auxiliar no entendimento do uso de perífrases verbais codificadoras de aspecto.
2.2. Teoria multissistêmica
A ciência clássica admite a gramaticalização como um processo gradual e
unidirecional, por meio do qual elementos lexicais [+ concretos] passam, ao longo do
tempo, a desempenhar funções gramaticais [+ abstratos] ou então elementos gramaticais
assumem funções ainda mais gramaticais, também [+ abstratos], numa trajetória única
que não pode ser revertida. Hopper e Traugott (1993) agrupam os itens da língua em
três categorias, a saber: categoria maior, à qual pertencem nomes e verbos plenos,
categoria mediana, que agrupa adjetivos e advérbios, e categoria menor, à qual
pertencem preposições, conjunções, auxiliares.
Tendo em vista os problemas advindos da conjugação, nos estudos sobre
gramaticalização, de uma teoria sobre a língua que focaliza os processos e outra que
focaliza os produtos, Castilho (2007, 2009) propôs a formulação de uma teoria sobre a
língua entendida como um sistema complexo e dinâmico. O autor organizou um novo
modo de encarar a mudança lingüística ao focalizar os processos e produtos lingüísticos
organizados em quatro blocos: (i) lexicalização e léxico, (ii) semanticização e
semântica, (iii) discursivização e texto, (iv) gramaticalização e gramática. Neste
trabalho abordaremos os processos referidos em (ii) e (iv).
Diferentemente do que se admite na ciência clássica, em que trajetórias lineares
e unidirecionais representam a passagem léxico > gramática, as ciências dos sistemas
complexos consideram os quatro subsistemas da língua autônomos uns em relação aos
outros, ou seja, “qualquer expressão lingüística exibe ao mesmo tempo características
lexicais, discursivas, semânticas, gramaticais” (CASTILHO, 2007, p. 18). A articulação
entre esses subsistemas, de acordo com o autor, advém do que ele chama de “princípios
sociocognitivos” de ativação, desativação e reativação de propriedades. Primeiramente,
cognitivos porque se fundamentam em categorias e subcategorias cognitivas, como
VISÃO (aspecto perfectivo/imperfectivo; fundo/figura; perspectiva estática/perspectiva
dinâmica, etc) e EVENTO (telicidade/atelicidade; semelfactividade/iteratividade;
causatividade/resultatividade; etc). Em segundo lugar, são sociais porque são baseados
numa análise continuada dos turnos conversacionais. De acordo com Castilho (2007, p.
19),
Os princípios sociocognitivos gerenciam os subsistemas lingüísticos, garantindo sua integração para os propósitos dos usos lingüísticos, para a eficácia dos atos de fala. De acordo com esse dispositivo, o falante ativa, reativa e desativa propriedades lexicais, semânticas, discursivas e gramaticais no momento da criação de seus enunciados, constituindo as expressões que pretende “pôr no ar”.
Os princípios aos quais o autor se refere são apresentados a seguir:
(1) Princípio da ativação, ou princípio da projeção pragmática: refere-se basicamente à tentativa de manter o turno conversacional a partir da previsão de movimentos verbais do interlocutor. Esse princípio, portanto, prevê a ativação de propriedades lexicais, semânticas, discursivas e gramaticais;
(2) Princípio da reativação, ou princípio da correção: partindo da correção pragmática, esse princípio faz menção ao sistema de correção conversacional na busca da eliminação de erros de planejamento;
(3) Princípio da desativação, ou princípio da elipse: esse princípio é conceituado como o abandono de propriedades que estavam sendo ativadas. Isso acontece, por exemplo, quando respondemos a uma pergunta com outra pergunta, por exemplo.
Castilho (2007, p. 21) salienta:
É importante enfatizar que esses princípios operam ao mesmo tempo, não seqüencialmente, numa forma já prevista por Lakoff (1987). Assim, a desativação
ocorre simultaneamente com a ativação, e esta com a reativação, o que compromete o princípio da unidirecionalidade se estivermos considerando os mecanismos de produção lingüística.
Em sentido estrito, a gramaticalização pressupõe um conjunto de alterações nos vários
componentes da linguagem. Heine (2003) elabora esse conjunto de alterações em termos de
quatro mecanismos que envolvem perdas e ganhos de propriedades: (i) dessemantização:
abstratização do significado; (ii) extensão ou generalização contextual: uso em novos contextos;
(iii) descategorização: mudança nas propriedades morfossintáticas; e, (iv) erosão: mudança na
substância fonética. O autor argumenta que os quatro mecanismos são interdependentes, no
sentido de que a mudança semântica precede e, em grande parte, determina as demais
alterações. Na abordagem multissistêmica, constata-se que em (i) ocorre um processo semântico
simultâneo; em (ii), um processo discursivo simultâneo e apenas em (iii) e (iv) ocorre a
gramaticalização, respectivamente, morfologização e fonologização.
No que se refere especificamente ao objeto de estudo deste projeto, um grande
número de autores, como Heine (1993) trata do processo verbo pleno > verbo auxiliar
como auxiliarização. Em “Auxiliaries: cognitive forces and grammaticalization”, Heine
(1993), após apresentar uma vasta discussão sobre o estatuto dos auxiliares, postula que
estes são derivados de expressões concretas que descrevem noções gerais como locação
(be at, live at), movimento (go, come), atividade (do, continue), etc. Esses verbos
(lexicais) são parte de conceitos mais complexos chamados esquemas de evento, e o
comportamento dos auxiliares pode somente ser considerado com referência a estes
esquemas. De acordo com o autor, um “bom auxiliar” é aquele que é usado para ter sua
situação descrita com referência ao tempo dêitico (tense), para descrever seu contorno
temporal (aspect) ou para acessar sua realidade (modality).
2.2.1. Semanticização e Sintaticização
De acordo com Castilho (2007, p. 25), “A Semanticização é o processo de
criação, alteração e categorização dos sentidos. Esse processo compreende a
semanticização léxica, a semanticização composicional e a semanticização pragmática.”
Portanto, a semanticização se refere à ativação semântica, ou seja, à criação dos
significados de que resultam as categorias semânticas, como as de VISÃO e EVENTO
já mencionadas. O efeito desse processo mais importante para este projeto é o da
auxiliarização.
A sintaticização é analisada no campo da gramaticalização, mais
especificamente à criação e às alterações que afetam a estrutura da sentença, sua
reanálise e seus arranjos sintagmáticos e funcionais (CASTILHO, 2007). Nesse campo,
então, focalizaremos na ativação de propriedades sintáticas responsáveis pelo
funcionamento dos quatro tipos de V1 quando numa relação de auxiliarização.
Na seção 4 deste relatório estão expostas as perguntas que devemos responder ao
considerar especificamente esses processos. Ainda, ressaltamos que as questões
referentes à teoria serão trabalhadas no desenvolvimento do projeto de modo a elucidar
a aplicação dessa perspectiva no objeto de estudo.
2.3. Tradições Discursivas
O conceito de Tradição Discursiva (TD) foi desenvolvido, inicialmente, no âmbito da
lingüística românica sob influência dos trabalhos de Eugênio Coseriu, e posteriormente
desenvolvido e aprimorado por Johannes Kabatek e colaboradores. Segundo Kabatek (2006), o
estatuto da mudança lingüística deve prever as relações entre Tradição Discursiva e evolução
das línguas, uma vez que as mudanças lingüísticas não acontecem em todos os tipos de texto,
mas em certas Tradições Discursivas, que são responsáveis por motivar o uso de meios
lingüísticos adequados. Segue abaixo a definição do conceito da TD de acordo com Kabatek
(2006):
Entendemos por Tradição Discursiva (TD) a repetição de um texto ou de uma forma textual ou de uma maneira particular de escrever ou falar que adquire valor de signo próprio (portanto, é significável). Pode-se formar em relação a qualquer finalidade de expressão ou qualquer elemento de conteúdo, cuja repetição estabelece uma relação de união entre atualização e tradição; qualquer relação que se pode estabelecer semioticamente entre dois elementos de tradição (atos de comunicação ou elementos referenciais) que evocam uma determinada forma textual ou determinados elementos lingüísticos (KABATEK, 2006, p. 7).
De acordo com esse ponto de vista, os estudos de mudança lingüística devem seguir
duas premissas: (a) nas investigações diacrônicas de itens da língua, além da sucessão de
evolução no tempo, convém diferenciar a diversidade textual real, a base de uma
interpretação acertada da evolução lingüística; e, (b) para a visão de conjunto da história
da língua, convém considerar um “corpus diacrônico multidimensional” que, a depender
dos objetivos da investigação, pode consistir em uma amostra de textos de uma única
TD ou em uma amostra que mistura textos de diferentes TDs.
A investigação de nosso fenômeno sob o viés das TDs requer que explicitemos
os passos metodológicos que adotaremos na composição do nosso corpus de análise. Tal
viés parece-nos importante no sentido de que o comportamento de uma dada construção
perifrástica pode ser dependente também da TD considerada na composição do corpus
adotado.
3. Objetivos
Pautando-nos na teoria da multissistêmica da língua e na perspectiva da TD, temos
como objetivo geral fazer uma análise do uso de construções perifrásticas constituídas de V1 +
V2 (V1 = andar, viver, ficar, continuar; V2 = V-ndo) que funcionam na expressão de Aspecto,
em dados dos séculos XIX, XX e XXI. Pretendemos comparar os resultados obtidos com os
resultados de estudo sincrônico (PB falado do interior paulista) realizado em nível de IC.
Para que nosso objetivo seja cumprido, temos como objetivos específicos:
• contribuir para o conhecimento da história do português paulista;
• identificar, em corpus dos sécs. XIX e XX, a mudança das construções com os verbos andar, continuar, ficar e viver seguidos de gerúndio, identificando previamente suas funções;
• analisar as construções considerando principalmente os processos de semanticização e sintaticização, além de investigar seus graus de gramaticalidade em cada século, a fim de estabelecer correlações de mudança;
• comparar os resultados do mapeamento histórico deste trabalho com resultados alcançados em pesquisa de iniciação científica, realizada com amostras de fala do PB contemporâneo sob a perspectiva da gramaticalização, recolhidas no séc. XXI (FERNANDES, 2009).
4. Metodologia
4.1. Composição do corpus
Para a execução do presente projeto, utilizaremos o corpus mínimo do projeto de
História do Português Paulista, como descrito abaixo:
(1) Linguagem dos jornais paulistas da capital e interior, sécs. XIX a XXI: (i) Anúncios: Guedes / Berlinck (Orgs. 2000). (ii) Cartas de leitores e redatores: Barbosa / Lopes (Orgs. 2002). (iii) Notícias (a levantar). (iv) Editoriais (a levantar).
(2) Cartas privadas: Simões / Kewitz (Orgs. 2006). (3) Cartas administrativas (parcialmente levantadas). (4) Língua falada:
(i) Projeto NURC: Castilho-Preti (Orgs. 1986, 1987), Preti-Urbano (Orgs. 1989). (ii) Linguagem popular: a levantar. (iii) Linguagem culta: a levantar.
Também será utilizado um corpus específico, constituído de amostras de fala do
português contemporâneo do interior paulista, proveniente do banco de dados
IBORUNA (disponível em http://www.iboruna.ibilce.unesp.br).
4.2. Quantificação e análise dos dados
Faremos uma análise quantitativa, levantando no corpus todas as ocorrências de V1
(andar, continuar, ficar e viver) + V2-ndo e as analisaremos de acordo com fatores internos a fim
de realizar uma descrição do comportamento das construções e do tipo de Aspecto expresso por
elas, utilizando o pacote estatístico GOLDVARB como simples instrumento de descoberta.
Além da descrição do Aspecto expresso pelas construções, julga-se pertinente a
identificação de parâmetros de análise (fatores) para investigar o contexto lingüístico em que as
construções ocorrem, os quais auxiliam também no entendimento da classificação aspectual. O
estudo da semanticização visa responder a seguinte questão central: que categorias cognitivas
estão representadas nos quatro verbos? Para responder a essa pergunta investigaremos em
dicionários etimológicos a evolução semântica de cada tipo de V1. Além disso, analisaremos os
tipos sêmicos de V2. Já no campo da sintaticização espera-se responder: “qual a categoria
gramatical de V1? Nesse sentido, critérios sintáticos serão empregados a fim de apurar as
características sintáticas de cada tipo de construção. Importante será o emprego, também, de
critérios de auxiliaridade, como (i) inseparabilidade na construção; (ii) detematização; (iii)
unidade semântica; (iv) incidência de circunstante temporal sobre a perífrase; (v) recursividade;
(vi) irreversibilidade; (vii) impossibilidade de desdobramento da oração para apurar se os quatro
tipos de V1 podem ser categorizados como auxiliares.
É importante ressaltar que os fatores a serem considerados serão avaliados e uma
discussão teórico-metodológica será realizada para aferir a possibilidade de aplicação ao
fenômeno estudado, uma vez que identificaremos, ao longo da pesquisa, características
que podem explicar o fenômeno estudado.
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