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PRODUÇÃO DE QUADRINHOS UTILIZANDO CANTIGAS MEDIEVAIS DE
AMOR E AMIGO
Verenita Maria Heckler Comin1
Martha Ribeiro Parahyba2
RESUMO
Este artigo aborda uma perspectiva de trabalho realizada durante o
desenvolvimento do projeto de intervenção pedagógica do PDE – Programa de
Desenvolvimento Educacional do Paraná, levado à prática no Colégio Estadual
Euclides da Cunha, no período de agosto a dezembro de 2011, baseada no
emprego da literatura no ensino das cantigas medievais de amor e amigo em
Quadrinho com alunos do 1º ano do Ensino Médio. O estudo do medievo literário
português, dada a sua importância, permitir ao aluno conhecer algumas das
características importantes do lirismo trovadoresco. Além disso, proporciona a
compreensão da Literatura Portuguesa, por meio das cantigas medievais e abre
espaço para a produção de Quadrinho, contribuindo assim para o entendimento das
mesmas.
Palavras-chave: Literatura; Cantigas Medievais; Quadrinhos.
ABTRACT
1 Professora da Rede Estadual de Educação do Estado do Paraná/ Matelândia, Paraná.
2 Professora Doutora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/ Foz do Iguaçu, Paraná.
The article discusses a study conducted during the development of pedagog-
ical intervention project EDP - Educational Development Program of Paraná, put into
practice in Euclides da Cunha State School, from August to December 2011, based
on the use of literature to teach medieval songs of love and friend in comics with the
students of 1st year of High School. The study of Medieval Portuguese literature, giv-
en its importance, allows the student to understand some important characteristics of
the troubadour lyric. It also provides an understanding of Portuguese literature,
through the medieval songs in addition to inspire the comics’ development contrib-
uting to the understanding of them.
1 INTRODUÇÃO
O PDE, Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná,
efetiva a oportunidade do retorno a IES (Instituição de Ensino Superior)
proporcionando aos professores subsídios teórico-metodológicos para o
desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas, que resultem em dinamizar
a prática pedagógica, e ainda abordar assuntos didático-pedagógicos. Para isso
primeiramente elaborou-se um projeto de intervenção pedagógica, o mesmo foi
colocado à prática no Colégio Estadual Euclides da Cunha, do município de
Matelândia – Pr. no período de agosto a dezembro do ano de 2011, buscando
conhecer a Literatura Portuguesa, com as cantigas de amor e amigo, através de
leitura, pesquisa, análise, comparações, reconhecer características de cada uma
para transformá-las em quadrinhos.
Mergulhar na Idade Média, reconhecer na face do outro a nossa própria face modificada, trazê-la para o nosso tempo sem deixar de respeitar a sua alteridade: eis a tarefa para a qual a leitura dos poemas medievais oferece um convite e um desafio (Vieira, 1987, p.9).
O homem de diferentes culturas, em seus primórdios, cultiva o canto,
provavelmente por associá-lo às atividades mais elementares, como ninar uma
criança ou semear um campo, ou à própria necessidade de manifestar seus
sentimentos, como na festa, na oração, no amor. A Idade Média assiste ao
nascimento da poesia portuguesa ligando-a a música, o que se explica pela
natureza da alma humana, pela necessidade de memorizar os textos a serem
transmitidos oralmente, pela sonoridade característica da poesia, o que já acontecia
na civilização grega.3
Ao propor a discussão da presença de influência do medieval, o primeiro
passo é deixar claro que as cantigas foram assim chamadas por infusão de melodia
para maior fixação de sua composição. Se há melodia, logo podemos denominá-la
composição musical, porém, para apresentar o que propomos, tratando de cantares
d'amor e d’amigo (denominação também designada a cantigas de amor e de amigo)
não nos servimos somente da questão “música” e sim a similaridade da “letra” da
“poesia” em si, das cantigas de amor e amigo e a produção de quadrinho com
algumas dessas cantigas.
A preocupação maior volta-se mais especificamente ao estudo das cantigas
literárias cultivadas durante a Idade Média em Portugal, sua contextualização
histórica e influência no desenvolvimento da língua e da literatura.
Nessa direção a seguir é apresentado o suporte teórico procurando sempre
mostrar os dos gêneros identificados por Aristóteles como manifestação literária: o
épico, o dramático e o lírico.
2 SUPORTE TEÓRICO
Moisés (1971), partindo da significação etimológica da palavra gênero do la-
tim genus, eris, “nascimento, descendência, origem; raça, tronco”, conclui que “em
Literatura, o gênero deve designar famílias de obras dotadas de atributos iguais ou
semelhantes”.
Tais modelos não são limitadores, apenas apresentam características que
norteiam a construção do texto literário, existindo em função dessa prática artística:
3 (Michelli, 2001, p.33)
Os gêneros não são espartilhos sufocantes nem moldes fixos, mas estrutu-ras que a tradução milenar ensina serem básicas para a expressão do pen-samento e de certas formas de ver a realidade circundante. Sua função é orientadora, guiadora e simplificadora. (MOISÉS, 1971. p. 38).
A primeira divisão em gêneros data da Grécia Clássica (séculos V e IV a.C.)
é feita por Aristóteles em sua Arte poética. Segundo ele, é possível identificar três
gêneros de manifestação literária: o gênero épico eram narrações de fatos grandio-
sos, centrados na figura de um herói, a palavra narrada; o gênero dramático, os tex-
tos destinados para a representação cênica, ora na forma de tragédia, ora na forma
de comédia, a palavra representada, quanto ao gênero lírico eram textos de caráter
emocional, centrados na subjetividade dos sentimentos da alma, a palavra cantada,
correspondendo cada um deles à forma de expressão de determinada experiência
humana.
Na Hélade Antiga, os poetas apresentavam suas composições com o acom-
panhamento de instrumentos musicais. A lira, um instrumento de cordas, era o pre-
ferido. Daí deriva a denominação gênero lírico, ou seja, aquele cujas composições
são apresentadas com o acompanhamento da lira.
A divisão dos gêneros tem como base a maneira como se organiza o conte-
údo por eles apresentado. Assim, assume-se que o gênero lírico trata do chamado
mundo interior, valendo-se da forma poética para fazê-lo. Em outras palavras, na
lírica, o autor escreve poemas sobre emoções, sentimentos, estados de espírito.
Pertence ao gênero lírico o poema que extravasa as emoções íntimas pela
expressão verbal rítmica e melodiosa. Essa forma literária era destinada ao canto,
acompanhada do som de uma lira, e encontrava nos sentimentos sua inspiração.
Para os antigos, o valor de uma poesia lírica estava não só na sua capacidade de
expressar emoções, mas também na possibilidade de despertá-las.
A subjetividade é a marca do lirismo. Se a poesia épica é a poesia da tercei-
ra pessoa do tempo passado, a lírica é a poesia da primeira pessoa do tempo pre-
sente. O gênero lírico é caracterizado por centrar-se na subjetividade, por esse crité-
rio se opõe ao gênero épico, centrado na objetividade. Se a poesia épica é uma nar-
rativa em que o enunciador mantém distância do fato narrado, a poesia lírica é mani-
festação do mundo interior que, para os antigos, se fazia pelo canto suave, com um
menor distanciamento entre o enunciador e o objeto cantado.
Assim, segundo o crítico Yves Stalloni a poesia retrata o cotidiano:
No sentido moderno do termo, o lirismo será definido como a expressão pessoal de uma emoção demonstrada por vias ritmadas e musicais. (...) Mas convém acrescentar a essa particularidade uma outra: o lirismo é a emanação de um eu - que o romantismo gostava de confundir com a pes-soa do poeta, mas que pode se apagar por detrás de uma de suas perso-nagens (STALLONI, 2001. p. 151).
Por isso, não podemos confundir o enunciador de um poema (o eu - poético)
com o próprio poeta (o autor). Embora possa ocorrer, nem sempre a voz do enunci-
ador mantém ponto de contato com o poeta.
Retomando ao que se refere ao estudo das cantigas literárias cultivadas du-
rante a Idade Média em Portugal, sua contextualização histórica e influência no de-
senvolvimento da língua portuguesa a poesia trovadoresca é de suma importância
justamente por documentar a história de nossa língua, os costumes da época e por
influenciar e inspirar o lirismo de poetas até hoje.
Para ter maior compreensão da dimensão desta influência é importante lem-
brar que havia dois tipos de cantigas: A cantiga lírico-amorosa, que se subdividia em
cantiga de amor e cantiga de amigo e a cantiga satírica, que podia ser de escárnio
ou de maldizer.
Todos os textos poéticos desta primeira época medieval eram acompanha-
dos por músicas e normalmente cantados em coro, daí serem chamados de canti-
gas. Isso ocasionou o aparecimento de uma verdadeira hierarquia de artistas conhe-
cidos como o trovador que era o poeta, quase sempre um nobre, que compunha
sem preocupações financeiras; o jogral, segrel ou menestrel que era um homem de
condição social inferior, que exercia sua profissão de castelo em castelo, entretendo
a alta nobreza. Além de cantar poesias escritas pelos trovadores, alguns desses ar-
tistas chegavam a compor; soldadeira ou jogralesa era a moça que dançava, canta-
va e tocava castanholas ou pandeiro.
Os trovadores eram geralmente nobres. Compunham ou, pelo menos, es-creviam as palavras para as canções que os jograis – homens do povo, mouros, judeus e alguns nobres de condição inferior – cantavam depois. Era igualmente de nobres, na sua grande maioria, o público ouvinte. Reis e outros membros da família real partilhavam este dom de composição poéti-ca: tal foi o caso de Sancho I e, especialmente, de D. Dinis, a quem se cre-ditam umas cento e trinta e nove canções (MARQUES, 1978, p. 146).
Os autores das cantigas são chamados de trovadores que eram pessoas
cultas, quase sempre nobres, contando-se entre eles alguns reis, como D. Sancho I,
D. Afonso X, de Castelae D. Dinis. As cantigas estão reunidas nos cancioneiros que
contém cantigas de 153 trovadores.
As cantigas que hoje conhecemos foram preservadas graças a sua compila-
ção em coletâneas manuscritas. Essas coletâneas passaram a ser conhecidas como
Cancioneiros e três deles “sobreviveram” até os nossos dias. O Cancioneiro da Aju-
da, que, segundo estudiosos foi copiado na corte de D. Afonso X (fins do século XIII)
e contém apenas cantigas de amor dos poetas mais antigos (não inclui, por exem-
plo, os poemas de Afonso X e de D. Dinis). O Cancioneiro da Vaticana, composição
descoberta na biblioteca do Vaticano é mais completo que o Cancioneiro da Ajuda,
pois, inclui cantigas de amor, de amigo e de escárnio e maldizer dos trovadores ga-
lego-portugueses num total de 1205 composições. O Cancioneiro da Biblioteca Na-
cional é conhecido como Colocci-Brancuti, por ter sido encontrado na biblioteca do
Conde Brancuti e por também ter sido copiado por iniciativa de Angelo Colocci. É
sem dúvida o mais completo dos cancioneiros, contendo inclusive um pequeno tra-
tado de poética trovadoresca, a Arte de trovar. Ele está na Biblioteca Nacional de
Lisboa e reúne trovadores dos reinados de Afonso III e de D. Dinis.
Herdeiros da tradição dos cantares provençais, os trovadores portugueses
não se limitaram a repetir as estruturas literárias adotadas por mestres como Ber-
nard de Ventadorn ou Guilherme IX. Suas contribuições para o desenvolvimento da
arte do trovar foram muitas.
Para Segismundo Spina, a primeira composição da literatura portuguesa é
“1198 a data presumível da mais antiga composição literária portuguesa, uma canti-
ga de amor escrita pelo trovador Paio Soares de Taveirós, dirigida a Maria Pais Ri-
beiro (a Ribeirinha), amante de D. Sancho I”.
O lirismo galego português manifestou-se tardiamente, sendo a data de
1198 considerada como marco inicial da literatura portuguesa por atribuir-se a este
ano o aparecimento da famosa Cantiga da Ribeirinha. Embora estudos recentes lan-
cem alguma dúvida sobre a questão, atribui-se a autoria dessa cantiga a Paio Soa-
res de Taveirós, que viveu em fins do século XII e começo do XIII. A mais célebre
pesquisadora da lírica trovadoresca, Carolina Michaëlis de Vasconcelos, acreditava
que Paio Soares havia mantido um romance com Maria Pais Ribeiro, amante de D.
Sancho I e conhecida como a “Ribeirinha”.
A história da Literatura Portuguesa dá-se em 1.198 (ou 1189), iniciando-se
com a cantiga de amor e escárnio denominada “A Ribeirinha”, favorita de D. Sancho
I.
De acordo com Moisés Massaud (1981, p.15), a poesia tem sua origem ain-
da obscura, baseada em quatro teses: a folclórica, a litúrgica, a arábica e a médio-
latinista.
As cantigas de amor escritas em galego-português são de inspiração pro-
vençal, que apresentam características bastante particulares, como o fato de serem
dirigidas a donzelas.
Para Massaud (1974, p.25), nas cantigas de amor, o trovador sempre decla-
ra seu amor por uma dama da corte, chamada de senhor (senhora) tratando-a de
modo respeitoso e com cortesia, reproduzindo em sua servidão amorosa, os mais
puros padrões da vassalagem feudal. O amor trovadoresco, o amor cortês, exigia
que a mulher que se cantava fosse casada, porque a donzela não tinha personalida-
de jurídica, uma vez que não possuía nem terras, nem criados, nem domínio e não
era dona, não dispunha de senhorios. O poeta não prestava serviço a uma mulher
que não seja senhor (o verbo servir é exatamente usado nessas cantigas como si-
nônimo de namorar, fazer a corte). A cantiga é varrida, de ponta a ponta, por uma
atmosfera suplicante. Os apelos do trovador, apesar de estarem colocados num pla-
no de espiritualidade, idealidade ou contemplação platônica, nascem do mais fundo
de seus sentidos, mas o impulso erótico, raiz das súplicas, purifica-se, sublima-se. O
trovador disfarça, com o véu do espiritualismo, o verdadeiro sentido das solicitações
dirigidas à amada, transformando-os num torturante sofrimento interior, resultado da
inútil súplica e da espera de um bem que nunca chega. É a coita (sofrimento) de
amor que ele confessa afinal.
Nessas cantigas, quem usa a palavra é o próprio trovador, que a dirige, com
respeito e subserviência, à dama de seus cuidados (mia senhor ou mia dona= minha
senhora), rendendo-lhe o serviço amoroso, por sua vez orientado de acordo com o
rígido código de acompanhamento ético, as regras do amor cortês (vindas da Pro-
vença).
O “amor cortês”, presente no gênero mais refinado do trovadorismo proven-çal- a chanson (canção, cantiga)-, integrou a imagem da dama no jogo inte-lectual dos poetas. A chansoné sempre uma mensagem endereçada à mu-lher amada ou um monólogo sobre o estado de espírito do trovador apaixo-nado. Trata-se invariavelmente de uma convenção amorosa. Um poeta, via de regra um “jovem”, isto é, um cavaleiro de condição humilde ou solteiro, dirige-se a uma mulher de alta linhagem, algumas vezes a esposa de sue senhor. O poeta canta o “bom amor”, que em geral é estéril, inacabado, im-possível; canta a mulher distante, a mulher inacessível e inatingível, a da-mesansmerci (dama indiferente). (MACEDO, 2002, p.75).
Segundo essas regras, o trovador teria de mencionar, comedidamente, o
seu sentimento, submetendo-se, portanto, às exigências de mesura, para não incor-
rer em (sanha) desagrado da bem-amada. Teria de ocultar o nome dela ou recorrer
a um pseudônimo, uma (senha) e prestar-lhe uma vassalagem que apresentava
quatro fases: a primeira estava ligada à condição de fenhedor, de quem se consome
em suspiros; a segunda é a de precador, de quem ousa declarar-se e pedir; enten-
dedor, condição de namorado; drut, condição de amante.
A confissão do sentimento amoroso que invade o poeta expressa-se na can-
tiga de forma crescente até atingir a última estrofe (ou cobra). A corrente emocional
movimenta-se num círculo vicioso, repetindo-se, monotonamente, e mudando ape-
nas o grau do lamento que atinge o apogeu no final da cantiga. Quando a cantiga
possui estribilho, é chamada de cantiga de refrão (por possuir um recurso típico da
poesia popular); quando não há estribilho, chama-se cantiga de maestria (por possu-
ir um esquema estrófico mais complexo).
A cantiga de amigo é escrita pelo trovador que compõe as cantigas de amor
e até mesmo as cantigas de maldizer. Esse tipo de cantiga focaliza o outro lado da
relação amorosa “o fulcro do poema é agora representado pelo sofrimento amoroso
da mulher, via de regra pertencente às camadas populares (pastoras, camponesas,
etc.)” (Moisés, 2004, p.22). Os motivos da cantiga de amigo são, portanto, as expe-
riências amorosas, idílicas ou eróticas, vividas por mulheres pertencentes, quase
sempre, à classe social modesta. O eu feminino exterioriza as suas emoções, afli-
ções, expectativas, encontros e desencontros amorosos etc. Esse tipo de canção
apresenta formas e objetivos muito peculiares. Por exemplo: a cantiga é comumente
construída em paralelismos, a saber: a unidade rítmica não é a estrofe, mas o con-
junto de estrofes ou um par de dísticos (duas estrofes de dois versos), que procura
dizer a mesma ideia. O último verso de cada estrofe é o primeiro verso da estrofe
seguinte. Paralelismo e refrão são elementos típicos da cantiga de amigo e pressu-
põe a existência de um coro. Organizadas aos pares, as estrofes sugerem a alter-
nância de dois cantores ou de dois grupos deles. A técnica de repetir o último verso
da estrofe anterior no início da estrofe seguinte parece ser a mesma da primitiva
composição improvisada dos repentistas. A cantiga de amigo pode ser reproduzida a
poucos versos se eliminarmos as repetições que a caracterizam. O processo parale-
lístico demonstra que a cantiga, como texto, estava ligada ao canto e à dança:
O processo de apresentação da cantiga de amigo evidencia um aspecto im-portante: ela era representada pelo texto, pelo canto e pela dança. O texto, portanto, não era autônomo. Pressupõe-se que esses três elementos des-sem dinamicidade à apresentação (ABDALA JR; PACHOALIN, 1990, p. 15).
As cantigas de amigo refletem o ambiente onde a mulher era vista com im-
portância social: as comunidades agrícolas. A personagem principal das cantigas de
amigo é, portanto, a mulher, dirigindo-se em confissão à mãe, às amigas, aos pássa-
ros, aos arvoredos, às fontes, às flores, aos riachos, mas quem compõe ainda é o
trovador. Ao invés do idealismo da cantiga de amor, a de amigo respira realismo em
toda a sua extensão; daí o vocábulo amigo significar namorado e amante. Essas
cantigas podem ser classificadas de acordo com o assunto e a forma. Quanto ao
assunto, classificam-se de acordo com o lugar geográfico e as circunstâncias em
que transcorrem os acontecimentos e recebem o título de cantiga de romaria, serra-
nilha, pastorela, marinha ou barcarola, bailada ou bailia, alba ou alvorada. Quanto à
forma, as cantigas de amigo podem ser: maestria, refrão, paralelística. A linguagem,
comparando-se às cantigas de amor é mais simples e menos musical, pois as canti-
gas de amigo não se ambientam em palácios e sim em lugares simples do cotidiano.
As cantigas de amigo, que se originaram na Península Ibérica como expres-
são do sentimento popular, têm como característica marcante o sentimento feminino,
ou seja, a voz é feminina, apesar de a cantiga ser escrita por um homem. O trovador
assume a voz da donzela que exprime os seus sentimentos pelo namorado. Ainda
que o eu lírico de tais composições seja feminino, elas expressam os sentimentos
amorosos dos trovadores, operando-se aí uma curiosa inversão de papéis e ima-
gens.
Para Spina (1977, p.15), nas cantigas de amigo predomina o desenvolvi-
mento da temática da saudade, sentimento de característica portuguesa. Ainda me-
rece destaque, além da novidade do eu lírico feminino, a estrutura paralelística, em
que as coplas (conjunto de duas estrofes) apresentam versos semanticamente equi-
valentes, com pouquíssimas alterações vocabulares. O cantar de amigo apresenta
alguns cenários típicos como a fonte, o bosque, a praia, através de referências às
ondas do mar ou às árvores em flor. Ainda são frequentes as referências à mãe, às
amigas, a uma dama de companhia, que atuam como testemunhas do sentimento
amoroso que a amiga dedica ao seu namorado, ou como entraves para a realização
dos encontros entre os amantes, esse é, por razões óbvias, o papel reservado à
mãe.
Spina (1977), caracteriza as cantigas de amor e de amigo como: “se os can-
tares d’amigo se caracterizam por um doce realismo, os cantares d’amor aparecem
dominados por um halo de idealismo, em que a mulher muitas vezes atinge a abs-
tração” (SPINA, 1977, p.16).
3 METODOLOGIA
O trabalho de implementação realizou-se no Colégio Estadual Euclides da
Cunha, no município de Matelândia – PR, no período de agosto a dezembro de
2011. Para a aplicação do mesmo foi escolhida uma turma de 1º Ano do Ensino
Médio do período vespertino, envolvendo 42 adolescentes entre 14 e 17 anos, de
ambos os sexos, cujo nível sócio econômico é variável e que possuem acesso à
informação. Trata-se de uma turma heterogênea oriunda de diferentes lugares do
município, incluindo-se alguns alunos residentes na zona rural.
Atendendo às exigências do programa de formação continuada elaborou-se
um projeto e material didático para o trabalho em sala de aula. Neste caso, o
material produzido foi uma unidade didática com enfoque nas cantigas medievais de
amor e amigo e a produção de quadrinhos.
Para a concretização da proposta da produção de quadrinhos com as
cantigas de amor e amigo em sala de aula, primeiramente fez-se a apresentação do
projeto e do material didático para a direção e equipe pedagógica da escola, dando
ênfase ao modo a ser realizado em sala de aula. Para isso foram previstas cinco
ações, sendo elas:
- Apresentação do projeto e do material didático à direção e equipe
pedagógica;
- Apresentação do projeto para a turma do 1º Ano do Ensino Médio do
período vespertino;
- Desenvolvimento das atividades com a classe envolvendo pesquisa, leitura
e características do tema proposto;
- Produção de quadrinhos com as cantigas de amor e amigo;
- Avaliação do resultado, verificando-se se o objetivo foi alcançado.
A primeira ação da proposta foi realizada de maneira tranquila, ou seja, com
pleno incentivo tanto da direção como da equipe pedagógica da escola, com
sugestões quanto à aplicabilidade em sala de aula. A equipe pedagógica também
acompanhou e avaliou gradativamente todas as etapas de aplicação com os alunos.
Já no que se refere à direção esta apenas tomou conhecimento do projeto, deixando
para a equipe pedagógica a participação direta em sua realização.
Na segunda ação, primeiramente os alunos foram informados sobre a
proposta de trabalho, dos propósitos do estudo e da importância do mesmo para as
práticas da aprendizagem e de que forma seria desenvolvida com a turma e as
etapas do projeto a ser desenvolvido. Prontamente a turma mostrou-se
entusiasmada e ao mesmo tempo surpresa com o assunto “produção de quadrinho
com as cantigas medievais de amor e amigo”.
Para introduzir o tema foram apresentadas algumas cantigas galego-
portuguesas, aulas expositivas, leitura de uma cantiga de amor e uma de amigo
realizando-se análises sobre as mesmas quanto à estrutura dos poemas e o
vocabulário – fazendo análise se era fácil ou difícil à compreensão dos textos.
Para a terceira ação não houve dificuldade em levar a turma ao laboratório
de informática para que os educandos pudessem pesquisar as características das
cantigas e fazer anotações buscando em vários sites de pesquisa, o que conforme
objetivado puderam perceber quais são as diferenças que existem em cada uma
delas.
Em seguida fez-se a leitura de uma cantiga de amor de D. Dinis e uma
cantiga de amigo de Martim Codax, onde cada aluno recebeu uma cópia dos textos
e em grupo fez-se a análise das características de cada uma - identificando a voz
lírica, se possui ou não refrão, qual é o desejo expresso no refrão, a quem a voz se
dirige - sempre embasados em pesquisa prévia e debates realizados em sala de
aula.
Dando sequência, os estudantes fizeram a “tradução” dos poemas,
reescrevendo-os e adaptando-os à linguagem coloquial atual, lendo e conhecendo
as cantigas medievais de amor e amigo com o auxílio de paráfrase em português
moderno.
A quarta ação foi realizada depois da análise das cantigas de amor e amigo,
fazendo comparações entre elas, onde se formou grupos de três integrantes e, cada
grupo então transformou a cantiga que recebeu – agora parafraseada - em
quadrinhos.
A última ação aconteceu por meio da apresentação e exposição dos
trabalhos, primeiramente dentro da sala de aula – para que cada grupo visse e
entendesse o trabalho dos colegas -, e posteriormente os trabalhos ficaram expostos
no saguão da escola.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O trabalho realizou-se no Colégio Estadual Euclides da Cunha, no município
de Matelândia – PR, no período de agosto a dezembro de 2011, numa turma de 1º
Ano do Ensino Médio do período vespertino, envolvendo 42 adolescentes entre 14 e
17 anos, de ambos os sexos. Com o objetivo de conhecer e analisar as cantigas
medievais de amor e amigo, transformando-as em quadrinhos.
Com a leitura da cantiga de amigo de Martim Codax, os alunos descobriram
e interessaram-se pela força expressiva da mesma, que advém daquela que pode
parecer sua característica mais ingênua: a moça tem como interlocutor as ondas do
mar. Sofrendo de saudade e de preocupação, ela cobra notícias de quem levou seu
amado – o mar. O que parece um diálogo é, na verdade, o monólogo do desespero
e tem o tom de um doloroso lamento. As repetições do paralelismo e do refrão
tornam-se a expressão de uma ideia fixa.
“Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo?
E ai Deus, se verra cedo!”4
Na leitura compartilhada da cantiga de amor de D. Dinis, acompanhando a
paráfrase e os versos correspondentes do texto original. Os alunos então puderam
observar e distinguir a maior sofisticação da cantiga de amor. Mas perceberam que
o que há de mais belo nas cantigas de amigo – a expressividade ingênua e intensa,
a emoção direta e de uma sinceridade pungente, o tom popular – desaparece e que
a principal marca de sofisticação das cantigas de amor nesta composição manifesta-
se na metalinguagem do primeiro verso.
Quer’eu em maneira de proençal
fazer agora um cantar d’amor;
e querrei muit’i loar lmia senhor
a que prez nem fremosura nom fal,
nem bondade; e mais vos direi ém:
tanto a fez Deus comprida de bem
que mais que todas las do mundo val.5
Os estudantes comentaram sobre as diferenças que as mesmas possuem
quanto a sua composição, e anotaram os resultados obtidos durante o debate,
visando não se esquecer de características fundamentais para a confecção dos
quadrinhos.
4 (Elsa Gonçalves apud Martin Codax, 1983, p. 161.)
5 (Elsa Gonçalves apud D. Dinis, 1983 p. 284.)
Para a produção dos trabalhos os grupos criaram seus próprios métodos de
confecção dos quadrinhos, escolhendo um título, planejando os diálogos que seriam
reproduzidos, os cenários das histórias e por fim colocando suas ideias no papel,
realizando assim suas leituras das cantigas medievas por meio dos desenhos sendo
que a maioria gostou da atividade. Durante o processo houve muita pesquisa, leitura
e diálogo entre os membros de cada grupo. Todos desenvolveram o trabalho com
muito empenho, alguns com mais facilidade e outros com um pouco de dificuldade,
mas todos realizaram as tarefas.
Dentre as atividades realizadas, a que os alunos mais gostaram foi a
produção - a parte prática -, pois puderam ler e colocar no papel o que
compreenderam, transformando em quadrinho o que antes era “música”.
Todos os educandos produziram quadrinhos da cantiga que lhes foi dada e
de forma maravilhosa, e relataram que aprenderam muito fazendo a transformação
do texto em quadrinho, pois para isso é exigida atenção, organização e cooperação
entre os membros do grupo.
Portanto, verificou-se que o resultado final foi satisfatório, pois os estudantes
demonstraram grande aceitação e colaboração com a proposta apresentada.
Durante todas as etapas do trabalho os educandos souberam se portar,
organizando-se e também aprendendo a dividir as tarefas quando, em grupos,
produziram os quadrinhos. Assim, os objetivos do projeto foram alcançados.
“Pode-se dizer que o único limite para seu bom aproveitamento em qualquer
sala de aula é a criatividade do professor e sua capacidade de bem utilizá-los para
atingir seus objetivos de ensino” (VERGUEIRO, 2004, p.26 In: PALHARES: 2008).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho realizou-se no Colégio Estadual Euclides da Cunha, no município
de Matelândia – PR, no período de agosto a dezembro de 2011, numa turma de 1º
Ano do Ensino Médio do período vespertino, envolvendo 42 adolescentes entre 14 e
17 anos, de ambos os sexos. Com o objetivo de conhecer, identificar e analisar as
cantigas medievais de amor e amigo, transformando-as em quadrinhos.
A realização do projeto de intervenção foi de grande importância para o
aprofundamento das experiências pedagógicas em sala de aula, pois oportunizou
contato direto com as pesquisas acadêmicas e estudos literários contribuindo, dessa
forma, como dinâmica no relacionamento professor-aluno. Reconheço que o
trabalho foi árduo no que se refere ao envolvimento com as questões teóricas,
porém foi gratificante pesquisar e socializar as leituras com os educandos, pois
muitos não tinham nem sequer conhecimento da existência do assunto. Pelo apoio
obtido da direção da escola, pela motivação, interesse e desenvolvimento dos
participantes dos trabalhos realizados, acredito que a pesquisa tenha sido relevante
para a prática de sala de aula como uma possibilidade de transformação social e
cultural, demonstrando dessa forma que teoria e prática devem estar juntas para se
obter resultados positivos.
É importante ressaltar que, a utilização dos quadrinhos em sala de aula
como recurso didático-pedagógico e, até mesmo, como metodologia de ensino, pode
ser um instrumento pedagógico viável e prático no sentido de poder levar o aluno a
uma melhor compreensão do conteúdo da disciplina apresentado durante as aulas,
sem falar que os quadrinhos também podem sensibilizar o aluno quanto a questões
ou problemas que se referem ao seu meio social, como por exemplo, a inclusão
social por meio da arte. Isto se justifica por ser uma literatura bastante acessível.
Além de uma opção de entretenimento que foi muito aceita pelos alunos o
uso de quadrinhos nas aulas ajudou, motivou e estimulou-os a desenvolverem
habilidades, além de ensinar de forma lúdica. O trabalho em sala de aula com os
quadrinhos cria uma nova etapa no relacionamento entre professor e aluno, pois
aproxima os dois de uma forma colaboracionista e ainda facilita o ensino. Os
quadrinhos – por terem como foco principal a representação gráfica de um texto -
dão uma extraordinária representação visual do conhecimento, mostram o que é
essencial, ajudam na organização narrativa da história, são de fácil memorização,
enriquecem a leitura, a escrita e o pensamento e desenvolvem conexões entre o
visual e o verbal.
Contudo, apesar de ser uma forma de arte e de comunicação popular,
utilizar os quadrinhos enquanto recurso didático-pedagógico foi de grande valia e de
enriquecimento para os alunos, que puderam conhecer e usar essa linguagem
enquanto meio de comunicação de massa e artística e, principalmente obter
conhecimento ao conteúdo relacionado às cantigas medievais que foram
trabalhados com a classe.
Durante os trabalhos realizados pode-se observar a possibilidade que a
linguagem gráfica tem de estimular os discentes durante os exercícios teóricos e
práticos, em termos de assimilar rapidamente o conteúdo apresentado.
No entanto, aluno e professor são sujeitos importantes na constante
produção de conhecimento da escola.
O homem oprimido só poderá libertar-se a partir do desenvolvimento de sua consciência e à medida que esta lhe sirva para atuar em conjunto com outros homens, transformando-se a si mesmo e transformando seu mundo até instâncias qualitativamente superiores. É preciso compartilhar o conhecimento para que exista uma relação de diálogo, verdadeiramente entre iguais, uma relação libertadora (ACEVEDO apud GOTTIEB, 1996, p.180).
Decorre, também, como sugestão para levar o aluno a ampliar seu gosto
pela leitura introduzir gradativamente a leitura de poemas em estilo trovadoresco, de
fácil compreensão como os que a autora Stella Leonardo produziu em seus livros
Amanhecência6 e Cantabile7.
Manuel Bandeira também possui alguns poemas em estilo trovadoresco:
“Cantiga”8, “Cossante”9 e “Cantar de amor”9.
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6 Rio de Janeiro: Aguilar; Brasília: INL, 1974
7 Rio de Janeiro: Orfeu, 1967.
8 Estrela da Manhã. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
9 Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
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