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PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Título: DESAFIOS PEDAGÓGICOS CONTEMPORÂNEOS: DIVERSIDADES OU
ADVERSIDADES EM SALA DE AULA
Autor Rossana Matte Pimentel
Escola de Atuação Colégio Estadual Antonio Lacerda Braga
Município da escola Colombo
Núcleo Regional de Educação Área Norte
Orientador Professora Lennita Oliveira Ruggi
Instituição de Ensino Superior Universidade Federal do Paraná
Disciplina/Área (entrada no PDE) Pedagoga
Produção Didático-pedagógica Caderno Pedagógico
Público Alvo
Professores e pedagogos
Localização
Colégio Estadual Antonio Lacerda Braga, Rua Abel
Scuissiato, 140, bairro Alto Maracanã. Colombo – PR
Apresentação:
A indisciplina é um dos problemas que tem
preocupado muito a direção, pedagogos e
professores, pelos inúmeros desafios que vem
apresentando. Inicialmente os estudos foram
focados na indisciplina escolar, considerando-se que
esta é uma problemática que interfere diretamente
no aproveitamento dos estudantes, bem como
produz efeitos negativos em relação aos docentes.
Conforme o tema foi aprofundando, observou-se que
este mau aproveitamento escolar tem sido resultado
não só da indisciplina, mas também de uma série de
outros fatores, como: diversidades e adversidades
em sala de aula; desinteresse do aluno;
relacionamento professor-aluno; postura do
professor em sala de aula; conteúdos sem relação
com a realidade do estudante; falta de convicção da
proposta do professor; metodologias inadequadas.
Diante dessas questões, o tema central foi
redimensionado. Ao longo da jornada foram
construídos textos para assessorar o professor na
tarefa de reflexão e discussão de aspectos do
cotidiano da prática pedagógica, como uma proposta
de revisão de conceitos sobre os novos papéis dos
educadores frente a essa questão. Na construção do
caderno pedagógico esses textos foram acrescidos
de atividades que promovam essa prática e
provoquem um novo olhar sobre as diversidades e
adversidades do cotidiano escolar. Serão
disponibilizados aos participantes estudos de textos
teóricos, debates, análise de trechos de filmes,
reflexões acerca de experiências do cotidiano à luz
de referenciais teóricos, estudos orientados,
produções coletivas, trocas de experiências, análise
sobre os dados da pesquisa de campo, dinâmicas
pertinentes ao tema abordado.
Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Mudanças, diversidade, aprendizagem, metodologia,
indisciplina.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ – SEED
SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLITICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
CADERNO PEDAGÓGICO
ROSSANA MATTE PIMENTEL
ORIENTADORA - LENNITA OLIVEIRA RUGGI - UFPR
PDE
2010/2011
CADERNO PEDAGÓGICO
Dados de identificação
Professora PDE: Rossana Matte Pimentel
Área PDE: Pedagogia
NRE: Área Norte
Professor Orientador IES: Lennita Oliveira Ruggi
IES vinculada: UFPR
Escola de Implementação: Colégio Estadual Antônio Lacerda Braga -
Colombo/PR
Público objeto da intervenção: Professores e Pedagogos
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Sumário:
APRESENTAÇÃO ................................................................................... 06
INTRODUÇÃO........................................................................................... 08
UNIDADE 1
REALIDADE EDUCACIONAL................................................................... 10
1.1 Democratização e crise educacional ............................................. 20
1.2 Resgate do professor como transformador da realidade................ 23
UNIDADE 2
INDISCIPLINA E O DESINTERESSE ESCOLAR ..................................... 28
UNIDADE 3
O PAPEL DO PROFESSOR E O DESAFIO DO TRABALHO
PEDAGÓGICO........................................................................................... 46
UNIDADE 4
CONHECIMENTO X PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS X
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA EM SALA DE AULA........................... 58
4.1 – Busca de uma nova prática Pedagógica........................................ 67
4.2 – O Desafio de Educar pela Pesquisa.............................................. 70
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 76
REFERÊNCIAS............................................................................................ 77
APÊNDICE 1................................................................................................ 80
Questionário aplicado aos professores
APÊNDICE 2................................................................................................ 83
Questionário aplicado aos alunos do Ensino Médio
APÊNDICE 3................................................................................................ 87
Avaliação da Produção Didática
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Apresentação
Prezados professores e professoras
Este Caderno Pedagógico é uma produção resultante dos estudos
realizados no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, que é uma
ação intencional voltada para a melhoria da qualidade de ensino.
No Colégio Estadual Antônio Lacerda Braga, a indisciplina é um dos
problemas que tem preocupado muito a direção, a equipe pedagógica e os
professores, pelos inúmeros desafios que vem apresentando para seu
enfrentamento. Portanto, Inicialmente os estudos foram focados na
indisciplina escolar, considerando-se que esta é uma problemática que
interfere diretamente no aproveitamento dos estudantes, bem como produz
efeitos negativos em relação aos docentes.
Porém, conforme o tema foi se aprofundando, observou-se que este
mau aproveitamento escolar tem sido resultado não só da indisciplina, mas
também de uma série de outros fatores, como: diversidades e adversidades
em sala de aula; desinteresse do aluno; relacionamento professor-aluno;
postura do professor em sala de aula; conteúdos sem relação com a
realidade do estudante; falta de convicção da proposta do professor;
metodologias inadequadas.
Diante dessas questões, o tema central foi redimensionado e passou
a ser: “Desafios pedagógicos contemporâneos: diversidades ou adversidades
em sala de aula‖. Ao longo da jornada foram construídos textos para
assessorar o professor na tarefa de reflexão e discussão de aspectos do
cotidiano da prática pedagógica, como uma proposta de revisão de conceitos
sobre os novos papéis dos educadores frente a essa questão, não
pretendendo estabelecer culpabilidades, mas ajudar o professor a ―refletir
sobre a sua própria ação. Na construção do caderno pedagógico esses textos
foram acrescidos de atividades que promovam essa prática e provoquem um
novo olhar sobre as diversidades e adversidades do cotidiano escolar.
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O caderno está organizado em quatro unidades, sendo elas:
1 – Realidade Educacional.
1.1 - Democratização e crise educacional.
2.2 - Resgate do professor como transformador da Realidade.
2 – A indisciplina e o desinteresse escolar.
3 – O papel de professor e o desafio do trabalho pedagógico.
4 – Conhecimento x Procedimentos metodológicos x Aprendizagem
significativa em sala de aula.
4.1- Busca de uma nova prática Pedagógica.
4.2- Desafios de educar pela pesquisa.
Serão formados grupos de trabalho para debater e refletir sobre as
políticas educacionais e a diversidade referente aos diferentes sujeitos
presentes nas escolas públicas; novas formas de reduzir e prevenir a
indisciplina na sala de aula, a postura e autoridade do professor; estratégias
didáticas nos métodos de ensino utilizados em sala de aula; levando o
professor a repensar o cotidiano pedagógico, na busca de uma prática
inovadora e criativa, que possibilite contextos mais significativos de
aprendizagem. Serão disponibilizados aos participantes estudos de textos
teóricos, debates, análise de trechos de filmes, reflexões acerca de
experiências do cotidiano à luz de referenciais teóricos, estudos orientados,
produções coletivas, trocas de experiências, dinâmicas pertinentes ao tema
abordado e análise sobre os dados da pesquisa de campo com alunos do
Ensino Médio e professores, com enfoque no 1º ano.
Bem-vindo a esta jornada.
Boa reflexão a todos!
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Introdução
O aprendizado se dá quando compartilhamos experiências e isso só é possível num ambiente democrático, onde não haja barreiras ao intercâmbio de idéias. John Dewey
Embora sempre tenham existido mudanças na história da
humanidade, elas nunca aconteceram com o volume e a rapidez de hoje,
contribuindo para isso vários fatores como as alterações econômicas,
tecnológicas, sociais, culturais, legais, políticas, demográficas e ecológicas,
que atuam de maneira conjugada e sistêmica em um campo dinâmico de
forças. Elas afetam praticamente todos os segmentos da sociedade, no
tocante à maneira de pensar e atuar dos indivíduos.
Todos almejam uma mudança pedagógica que abandone uma
educação baseada totalmente na transmissão da informação, em favor de
ambientes de aprendizagem nos quais o aluno poderá realizar atividades e
construir o seu próprio conhecimento. Tal mudança poderá repercutir em
modificações nas instituições de ensino, tanto na sua organização, como na
sala de aula, no papel do professor e dos alunos, assim como na relação com
o conhecimento. As circunstâncias dos ajustes para se adequar aos novos
tempos indicam uma polêmica em relação ao que e quanto deve ser mudado,
com uma concepção que oscila entre o ensino conservador e a
aprendizagem mais liberal.
As aulas sem aprofundamento, sem renovação metodológica, sem
articulação interdisciplinar, sem clareza dos objetivos e sem conteúdos
relacionados com as necessidades do aluno podem ser o resultado da falta
de convicção da proposta do professor, gerando um acúmulo de dificuldades
e podendo até criar uma desordem generalizada em sala de aula.
Sob esta ótica, para o aprimoramento do profissional da educação é
fundamental fomentar reflexões que partam de suas práticas pedagógicas no
próprio cotidiano escolar:
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Como enfrentar os desafios atuais em sala de aula?
Se os alunos mudaram poderemos continuar sendo os mesmos
professores?1
Como motivar os alunos para encontrar sentido nos estudos?
Em que medida e/ou sentido os conhecimentos trabalhados em sala
de aula tem contribuído para que os alunos adquiriam uma
compreensão significativa da realidade?
Diante disso, propõem-se aqui olhares sensíveis, voltados às
diversidades e adversidades em sala de aula, buscando significados para o
exercício de sua prática.
1 Inspirada na obra do Miguel Arroyo, 2004, p.171.
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UNIDADE 1
REALIDADE
EDUCACIONAL
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Objetivo:
Refletir sobre as políticas educacionais e a diversidade referente aos
diferentes sujeitos presentes nas escolas públicas da Rede Estadual
de Educação do Paraná.
Refletir sobre as consequências do processo de democratização do
ensino e, quais as posturas e práticas didáticas pedagógicas
possíveis diante da realidade educacional atual.
Conteúdos:
Diversidade dentro da escola.
Políticas educacionais (IDEB e SAEB).
Democratização do ensino.
Recursos:
Texto
Data Show
Video
Tempo de duração:
A Unidade é composta por dois módulos de 2h30min cada um.
Encaminhamento metodológico:
Exposição oral das etapas do projeto de Intervenção pedagógica;
Apresentação, utilizando Power Point, de informações referentes aos
índices medidos pelo IDEB e SAEB e aos sujeitos da diversidade
que formam a SEED-PARANÁ; 2
Reflexão, discussão e registro em grupo sobre as políticas
educacionais e a diversidade referente aos diferentes sujeitos
presentes nas escolas públicas do Paraná, com conclusão em
plenária;
Leitura do texto: Democratização e crise educacional: Resgate do
professor como transformador da Realidade;
Reflexão, discussão e registro em grupo sobre o texto
democratização e crise educacional com conclusão em plenária;
2 Apresentação adaptada do curso ‖Currículo e Diversidade‖ - Professor Dr. Wagner Roberto do
Amaral / UFPR – jun. 2011.
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Reflexão sobre o desconforto das mudanças numa dinâmica de
grupo;
Ilustração com o vídeo ―O Segredo dos Vencedores‖ para finalização.
Para ler, observar e refletir:
HISTORICO *Em 1988, o MEC institui o SAEP – Sistema de Avaliação da educação Primaria: instrumento que pudesse medir a eficácia das medidas adotadas com o Projeto Edurural (financiado com recursos voltados para as escolas da área rural do Nordeste brasileiro).
*Em 2005 a avaliação, paralelamente à avaliação do SAEB, direcionada para 4ª e 8ª series do Ensino Fundamental, passa a ser realizada uma outra avaliação a Prova Brasil, que permite divulgar os resultados por municípios e por escolas.
*Ainda em 1988 o SAEP passa a chamar-se SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica), com o objetivo de obter subsídios para o direcionamento das políticas publicas.
PDE O Governo Federal, por meio do Ministério da Educação (MEC), lançou em 2007 – o Plano Desenvolvimento da Educação (PDE).
*A partir de 1992 a avaliação ficou por conta do INEPE (Instituto Nacional de Estudos de Pesquisas Educacionais – ―Anísio Teixeira‖). *Desde 1993 a cada dois anos,ocorre nova avaliação.
*Objetivo: Melhorar substancialmente a educação oferecida às nossas crianças, jovens e adultos.
*A partir de 1995 passou-se a avaliar por amostragem representativa, alunos das 4ª e 8ª series da educação fundamental e no 3º ano do Ensino Médio. Os resultados destes vem sendo divulgados por rede de ensino com agregação nacional, regional e estadual, não por escolas e municípios.
Criar condições para cada brasileiro tenha a uma educação de qualidade e seja capaz de atuar critica e reflexivamente no contexto em que se insere, como cidadão consciente de seu papel num mundo cada vez mais globalizado.
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O PDE organiza-se em torno de quatro eixos: educação básica, educação superior, educação profissional e alfabetização. *PDE – dispõe de um instrumento denominado IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.
*Os resultados do SAEB e da Prova Brasil 2005/2007, mostram com mais clareza e objetividade, o desempenho dos alunos da educação básica. *O objetivo é envolver docentes, gestores e demais profissionais da educação para o alcance das metas propostas pelo IDEB.
IDEB *O IDEB é o termômetro da qualidade da educação básica em todos os estados e municípios e escolas do Brasil, para identificar onde estão às maiores fragilidades no desempenho escolar e que, necessitam maior atenção, apoio financeiro e de gestão. É divulgado a nível nacional. Qualquer cidadão tem acesso aos resultados de sua escola, cidade ou estado.
O IDEB combina dois indicadores:
Fluxo escolar (repetência). +
Desempenho dos estudantes (Prova Brasil).
*Em relação à avaliação da educação básica brasileira, evidenciou-se a necessidade de se aprender e analisar toda diversidade e especialidades das escolas brasileiras.
. A Prova Brasil e o SAEB *São dois exames complementares que compõe o Sistema de Avaliação da Educação Básica, utilizam os mesmos procedimentos.
*Em razão disso foi criada a avaliação denominada Prova Brasil que possibilita retratar a realidade de cada escola, em cada município.
O SAEB permite produzir resultados médios de desempenho conforme os extratos amostrais, promover estudos que investiguem a eficiência dos sistemas e redes de ensino por meio aplicação de questionário.
*A Prova Brasil avalia competências construídas e habilidades desenvolvidas e detectam dificuldades de aprendizagem.
-A avaliação da Prova Brasil é realizada a cada dois anos, avalia as habilidades de língua Portuguesa (leitura) e em Matemática (resolução de problemas). È aplicada somente à alunos de 4ª serie/ 5º ano e 8ª serie/ 9º ano da rede publica de ensino.
CRITICAS -Como qualquer política pública, a Prova Brasil tem recebido criticas: A medida das competências leitora e matemática obtida com a Prova Brasil captam apenas os aspectos superficiais dessas competências. Os resultados da Prova Brasil não devem ser usados para comparar escolas que recebem alunos muito diferentes. Esse tipo de comparação não é um uso
adequado dos resultados.
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•As Políticas Educacionais precisam lidar com todas as
questões sociais e direitos adquiridos, conseqüentes da
diversidade populacional de nosso país.
•A Conferência Nacional de Educação (CONAE), realizada em
2010, esclarece, através DOCUMENTO DA I CONAE :
o Ao analisar cada um dos
componentes desse eixo
tem-se uma noção do contexto
de desigualdade historicamente
construído no País, representando
um desafio.
POLÍTICAS EDUCACIONAIS
DOCUMENTO DA I CONAE - 2010
Eles dizem respeito aos sujeitos sociais concretos e não
somente às temáticas sociais. São homens e mulheres com
diferentes orientações sexuais, negros/as, brancos/as,
indígenas, pessoas com deficiência, superdotação, crianças,
adolescentes e jovens em situação de risco, trabalhadores e
trabalhadoras.
São esses sujeitos que, articulados em lutas sociais,
movimentos sociais, sindicatos etc. politizam o seu lugar na
sociedade e denunciam o trato desigual que historicamente
lhes têm sido reservado. Desvelam contextos de dominação,
injustiça, discriminação e desigualdade, sobretudo na
educação. Nesse sentido, contribuem para a sua
politização.
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O DEPARTAMENTO DA DIVERSIDADE DA SEED-PARANÁ
Coordenação da educação do campo:- Acampados e assentados da reforma agrária;- Jovens, adultos e idosos não alfabetizados.- assalariados rurais temporários(bóias- frias).
Coordenação de educação escolar indígena:- Comunidades faxinalenses.
Núcleo da educação das relações étnico-raciais e afrodescendência:- Populações negras,- Populações remanescentes de quilombos.
Núcleo de gênero e diversidade sexual:- gays, lésbicas, travestis e transexuais
COMO REPRESENTAMOS OS DIFERENTES SUJEITOS
TONUCCI
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DIFERENÇA/DESIGUALDADE
TONUCCI
TONUCCI
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SOCIEDADE CLASSIFICATÓRIA QUE HIERARQUIZA
Aparência / essência (ter e ser)
Imagens, estereótipos, clichês.
Identidades – relações de poder
Repetente, defasado, lerdo, surdo-mudo, cadeirante,
manquinho, peste, índião, 5ª série F, viadinho, sapatão,
bichinha, gordinho, balofo, esqueleto, baleia, bujão, burro,
zé mané, oreia, anarfa, macaco, saci, pixaim, cabelo
bombril, tição, escravo, azulão, bicão, boião, a seca, picão,
jeca, espírito de porco, macumbeiro, bugre, baixinho, etc.
O preconceito, a distância social e as práticas discriminatórias estão presentes no ambiente escolar em todos os atores.
Dicotomia:
– As pessoas não assumem
que são preconceituosas
– Contudo, estão predispostas
a manter distância social de
outros grupos.
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De acordo com Miguel Arroyo (2006, p.54) os educandos
nunca foram esquecidos nas propostas curriculares; a
questão é com que tipo de olhar eles foram e são vistos.
Podemos ir além: com que olhar foram e são vistos os
educandos nas suas diversas identidades e diferenças? Será
que ainda continuamos discursando sobre a diversidade, mas
agindo, planejando, organizando o currículo como se os
alunos fossem um bloco homogêneo e um corpo abstrato?
Como se convivêssemos com um protótipo único de aluno?
Como se a função da escola, do trabalho docente fosse
conformar todos a esse protótipo único? Os educandos são os
sujeitos centrais da ação educativa. E foram eles, articulados
ou não em movimentos sociais, que trouxeram a luta pelo
direito à diversidade como uma indagação ao campo do
currículo. Esse é um movimento que vai além do pedagógico.
Estamos, portanto, em um campo político.
Nilma Lino Gomes, Diversidade e Currículo/MEC
ATIVIDADES
Para refletir, discutir e registrar:
1) Todas as propostas de reflexão deverão ser desenvolvidas em grupos:
Os resultados que vem sendo apresentados pelo IDEB, referentes à nossa escola: o Estão refletindo a realidade? o Tem contribuído para a melhoria do trabalho pedagógico de nossa
escola?
2) Na opinião do grupo o Plano de Metas do PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação) tem contribuído para superar a diversidade e melhorar a qualidade de ensino de nossa escola?
3) O ser humano é naturalmente seletivo, conseqüentemente a
discriminação está inerente às relações pessoais, ocorrendo cotidianamente, formando uma sociedade classificatória. Porém, nas relações sociais é proibido discriminar. Diante desta afirmação contraditória, reflitam e registrem: o Dificuldades encontradas no trabalho de docência. o Ações possíveis para minimizar as consequências dessa ‖sociedade
classificatória em sala de aula.
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4) Leiam o que afirma Maria Regina Clivati Capelo (2008, p.5-6), e
responda às suas indagações: ―Como representamos e classificamos nossos alunos? Quais são suas caras? São muitas e desiguais, mas em nossas representações aparece uma imagem – a do aluno branco que pode ser ―pobre‖, mas deve ser ―limpinho‖ e se possível deve ter uma ―cara‖ (aparência) de intelectual. [...] As marcas das diferenças estão por toda a parte assim como as desigualdades e, se assim é na sociedade mais ampla, o mesmo acontece nas escolas. Na maquinaria escolar de natureza burguesa, a hegemonia é desempenhada pelos adultos, principalmente por adultos, brancos, cristãos, [heterossexual] homens de preferência (embora o magistério seja essencialmente feminino). Então a escola é adultocentrada e como tal, os estudantes (crianças, jovens, diferentes, idosos etc.) ficam em situação de subalternidade. Como essa escola que subalterniza pode ensinar para uma sociedade democrática? Como é possível pensar em emancipação se a escola subalterniza?‖
5) Entre as características abaixo, enumerem em ordem crescente, quais
estão mais presentes em nossa realidade escolar e sugiram ações para superar os principais problemas detectados:
Adultocentrada
Homogeneizadora
Monocultural3
Branca
Negra
Européia
Heterossexual
Subalternizadora
3 O currículo, proveniente dos valores do homem branco Europeu de classe alta, tornou-se
dominante nos sistemas de educação, marginalizando outras experiências e formas de conhecimento. A educação escolar, dessa forma, encontra dificuldade para romper com essa perspectiva monocultural que impede a adoção de praticas pedagógicas que respeitem a diversidade.
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Para ler e refletir:
DEMOCRATIZAÇÃO E CRISE EDUCACIONAL: RESGATE DO PROFESSOR
COMO TRANSFORMADOR DA REALIDADE.
1.1 Democratização e crise educacional.
A partir de meados do século XX, o ensino passa por um processo de
democratização, com ampliação das vagas e multiplicação de alunos,
trazendo a necessidade de mudanças das condições escolares e
pedagógicas, com exigências culturais bastante diferenciadas. (FREDERICO
& OSAKABE, 2004).
Nesse processo de mudança e democratização criou-se um
consenso de que o avanço da escolarização contribuiria para o crescimento
econômico das nações. A ―escola‖ era boa, não pelo conhecimento que
veiculava, mas pela garantia de bons empregos e consequentemente, a
ascensão social que promovia a quem fosse portador de um diploma.
Na medida em que ocorreu esta democratização de acesso à escola,
esta passou a não responder mais ao anseio de ascensão social. Porém, as
expectativas da população não mudaram, no senso comum os valores em
relação à escola permaneceram vinculados a melhores colocações no
mercado de trabalho, acesso a camadas sociais elevadas, independente da
qualidade dos saberes que veicula.
Nesse cenário de expansão do acesso à educação formal,
intensificou-se o processo de depreciação do professor pela necessidade
premente de um recrutamento, mais amplo e menos seletivo, que atendesse
à maior demanda de alunos, o que resultou em um rebaixamento salarial e
precárias condições de trabalho e falta de políticas para formação
continuada, obrigando o professor a reformular sua vida docente. (SODRÉ,
1984). Segundo Vasconcellos:
Observamos que, paralelamente à desqualificação do professor, desenvolveu-se de forma incrível a indústria do livro didático (movimentam bilhões de dólares todos os anos); os livros vem com textos, atividades, expostas para o professor (Pasmem!!!), planejamento e agora até com avaliações...Situação a que chegamos: qualquer um pode dar aula de
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qualquer coisa. Sonho de Comênius 4 ? Não, basta ser piloto do livro didático. (VASCONCELLOS 1996, p. 45).
Desta maneira, a formação pedagógica dos docentes foi deixada em
segundo plano, e foi transferida para o livro didático a responsabilidade do
planejamento e da preparação das aulas, que passou a orientar as atividades
dos professores.
Atualmente, o conhecimento tem assumido um papel de destaque e a
valorização pelo conhecimento demanda uma nova postura dos profissionais
e, em consequência disso, ―requer o repensar dos processos educacionais,
principalmente aqueles que estão diretamente relacionados com a formação
de profissionais e com os processos de aprendizagem‖ (VALENTE, 1999, p.
29).
Qualquer pessoa ligada às práticas escolares contemporâneas, seja
como professor, aluno ou pais, consegue ter uma razoável clareza sobre a
―crise da educação‖. Há uma crise geral de projetos, de sentidos para as
coisas, em nível tanto mundial quanto nacional, tanto institucional quanto
pessoal. Na escola, de acordo com Vasconcellos (1997) ―esta crise se
manifesta de muitas formas, mas com certeza uma das mais difíceis de
enfrentar, é a absoluta falta de sentido para o estudo por parte dos alunos‖. A
pergunta ―estudar para quê‖, nunca esteve tão forte na cabeça dos alunos
como agora. A baixa qualidade de ensino e a incapacidade dos sistemas
educacionais de garantir a permanência do aluno na escola estão
evidenciados nas taxas de repetência. São relevantes o desinteresse geral
pelo trabalho escolar, a desmotivação dos alunos e professores e os
problemas de indisciplina. Segundo Arroyo:
Se nos perguntarmos o que mais preocupa os mestres, os conteúdos de sua docência? Os métodos? Não será difícil perceber que o que mais preocupa são os alunos. ―Não são mais os mesmos, não sabemos como lidar com eles‖. Se os alunos mudaram poderemos continuar sendo os mesmos professores? Estamos às voltas com os educandos, com suas condutas, seus interesses, suas culturas e valores. Sua indisciplina. Será a infância, a adolescência e a juventude e suas mudanças o pólo mais interrogante da pedagogia e da docência? Que perfis profissionais
4 Comênius : Considerado o mais avançado educador e pedagogo do século XVII, fundador da
Didática Moderna. Autor do livro ―Didática Magna‖, propôs um sistema articulado de ensino, um Método Pedagógico rápido, econômico e fácil, reconhecendo também, o igual direito de todos os homens ao saber.
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conformam? Em que mudam nossas trajetórias humanas e docentes? (ARROYO, 2004, p.171).
A cada ano que passa os professores encontram mais dificuldades
para trabalhar em sala de aula, os pais cada vez mais ausentes. A realidade
vista hoje está muito distante do ideal, a única verdade é uma escola caótica
com excesso de alunos nas salas, faltam condições de ensino, conteúdos
não motivadores, métodos antiquados, falta de incentivo salarial docentes.
Vivemos então um paradoxo, nunca se esperou tanto de um
professor e nunca se deu tão pouco a ele. Ou seja, espera-se que ele seja o
―redentor da educação‖ e ao mesmo tempo a sua remuneração e condições
de trabalho são insuficientes para satisfazer sua própria necessidade social.
Atualmente, o grande problema enfrentado pelas instituições de
ensino dá ao Brasil um lugar desfavorável quando comparado às outras
nações. Estas estatísticas ferem a figura institucional do educador brasileiro,
em meio a um crescente descrédito social, transparece a enfadonha
realidade de seu papel profissional sendo, portanto, lamentável vincular as
dificuldades educativas com a deficiência profissional do professor, posto que
o papel que a escola desempenha na sociedade, ainda não atingiu os
objetivos de transformar a realidade individual e coletiva a que se propõe,
através da apropriação por parte dos educandos, do conhecimento
fundamental acumulado pela humanidade. Concordando com esta questão,
Santomé diz:
[...] É difícil dizer que os atuais processos de ensino aprendizagem que têm lugar nas escolas sirvam para motivar o alunado para envolver-se mais ativamente em processos de transformação social... Em muito poucas situações as alunas e alunos são estimulados a examinar seus pressupostos, valores, a natureza do conhecimento com o qual se enfrentam dia a dia nas salas de aula, a ideologia que subjaz às distintas formas de construção e transmissão do conhecimento, etc. (SANTOMÉ, 1993, p.176).
Ainda o autor ressalta que a finalidade da intervenção curricular é a
de preparar os alunos para serem cidadãos ativos e críticos, membros
solidários e democráticos de uma sociedade. A ação educativa deve
desenvolver capacidades para a tomada de decisões, propiciar aos alunos e
ao próprio professorado uma reconstrução reflexiva e crítica da realidade.
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Portanto, ―é imprescindível prestar uma atenção prioritária aos conteúdos
culturais, assim como estratégias de ensino e aprendizagem e avaliação para
levar a cabo tal missão‖ (SANTOMÉ, 1993, p.160).
Diante desse quadro, é fundamental que se resgate a necessidade
social do professor, não em uma perspectiva saudosista, alienada, mas em
uma visão contemporânea.
1.2 Resgate do professor como transformador da realidade.
É necessário compreender a realidade para superá-la e não para
reforçar a cultura do professor ―vítima‖. A busca de sua dignidade, está
relacionada à convicção profunda de que o que ensina é significativo e
relevante e em querer que o estudante realmente aprenda. Não basta o aluno
ter contato com a informação, é preciso ser auxiliado na compreensão da
realidade social contraditória em que vive, buscando alternativas de superação.
Nesta perspectiva, consolida-se a absoluta necessidade do professor.
Segundo Vasconcellos (1996, p.52):
Entendemos que o que vai dar direção de superação para o professor é também o que vai dar sentido, horizonte para o aluno: a esperança de poder construir uma realidade diferente e de que a escola pode contribuir para a concretização desta sociedade mais humana. O mesmo movimento que recupera o sentido do trabalho do professor é o que dá sentido ao estudo para o aluno. Estamos no mesmo barco; daí a importância de ver o aluno um aliado e não um inimigo.
Sabemos que os limites são muitos, mas estes, ao contrário de serem
pontos de lamentações devem ser o ponto de partida para a luta e superação.
A resistência para essa transformação deve-se à sensação de impotência, de
que nada vai mudar. Isso leva a um comodismo, e logo, a um ciclo vicioso:‖está
ruim porque não muda, não muda porque está ruim‖. Como afirma
Vasconcellos :
Dessa forma, entra-se num círculo patológico, neurótico, onde o que passa a preencher e justificar a existência é a doença (sic.), e, no fundo, há um temor em procurar a cura, pois, o que será a vida sem a doença? O círculo do trabalho reativo/alienado não é, obviamente, exclusividade dos professores; todavia, no caso do professor este círculo tem uma repercussão muito maior, pelo fato da sua individualidade entrar de forma muito intensa na própria ação (...) Ao que parece, os próprios professores já estão se cansando de si
24
mesmos e de seus companheiros no que diz respeito ao mar de lamentações associado a um mais-que-perfeito imobilismo. (VASCONCELLOS, 1996, p.15)
Entendemos que a mudança não se dá de uma só vez, é construída
gradualmente e abrange vários segmentos educacionais: sala de aula, escola,
comunidade, sistema de ensino, etc.. Diante disso há a necessidade de se
estudar a própria prática: ação-reflexão-ação.
ATIVIDADES
Para discutir e registrar:
1) Referente ao 1º, 2º e 3º parágrafos do texto, sobre a ascensão social promovida pela escola, qual a opinião do grupo sobre as afirmações colocadas? Você acha que o atual desinteresse do estudante pelos estudos acadêmicos está relacionado a estas questões?
2) Segundo Vasconcellos (2003, p.18) ―Quando o educador se depara com a perspectiva de mudança, logo de partida, emerge a questão da possibilidade: Dada a realidade presente, até que ponto seria possível mudar?‖ Discuta.
3) Se os alunos mudaram poderemos continuar sendo os mesmos professores?
4) Que trajetória de aperfeiçoamento profissional e acadêmico precisamos para acompanhar os educandos em suas mudanças, suas condutas, interesses, culturas e valores?
5) Leia os textos abaixo:
É necessário compreender a realidade para superá-la e não para reforçar a cultura do professor ―vítima‖. A busca de sua dignidade, está relacionada à convicção profunda de que o que ensina é significativo e relevante e em querer que o estudante realmente aprenda. Não basta o aluno ter contato com a informação, é preciso ser auxiliado na compreensão da realidade social contraditória em que vive, buscando alternativas de superação.
Segundo Vasconcellos (1996, p. 93, destaques no original): ―Em relação à questão do ter x ser, o que muitas vezes se esquece é que para ser é preciso um mínimo ter! Estamos de acordo que o projeto de vida de um sujeito, para ser pleno não pode limitar-se ao ter; mas no caso do professor... É questão de sobrevivência com um mínimo de dignidade: poder morar, se transportar, comer, vestir, cuidar da
25
saúde, ter um pouco de lazer, ter acesso a bens culturais, até como instrumento de trabalho (livros, revistas, jornais e cursos)‖.
Responda: Que avaliação vocês fazem sobre as políticas voltadas ao
atendimento de suas necessidades educacionais e qual sua postura diante dessa realidade?
6) Leia alguns aspectos deste processo de transformação da prática educacional, reflitam e registrem suas opiniões sobre como podem auxiliá-lo em seu caminho de mudança: texto adaptado de Vasconcellos (1996, p.63 a 66).
No início da mudança, com freqüência, há um entusiasmo maior..., por haver um clima de novidade e esperança. No entanto, no decorrer do processo, corremos o risco de ver o ânimo cair... Para consolidar a caminhada, o professor precisa realimentar seus propósitos. o A mudança da prática vem aos poucos... não conseguimos mudar
de uma vez. Numa fase de mudança é normal termos práticas novas mescladas com arcaicas. A questão é saber para onde se quer ir e manter a tensão superadora;
o Ter oportunidade de refletir sobre sua prática; o Trabalho coletivo: ter oportunidade de trocar experiência, de buscar
ajuda para dificuldades, dúvidas na aplicação da proposta que vão surgindo no dia-a-dia; perceber que os problemas não são só seus.
O acumul de pequenas práticas transformadoras prepara para o salto qualitativo.
Postura do educador: o Conhecer, acolher criticamente, buscar o aprofundamento; o Postura de investigação em relação à sua disciplina; o Abertura; humildade; não querer ser o dono da verdade;
disponibilidade para aprender; o Ser observador; saber ouvir e desenvolver postura interdisciplinar; o Avaliar constantemente a prática, o erro pode estar no limite da
proposta ou na tentativa de colocar em prática. Desenvolver uma ética profissional; que a proposta fique acima dos
pequenos privilégios; Ninguém agüenta lutar por algo novo por muito tempo se não começa
a experimentar um pouco deste novo desde já, nas suas relações. Um dos fatores decisivos para o professor continuar em sua caminhada é perceber os resultados da mudança de postura: o Sentir que pode começar a mudar; o Sentir satisfação de conseguir fazer um trabalho diferente; o Sentir o reconhecimento de seu trabalho pelos alunos (e pais); o Perceber que os passos pequenos são relevantes frente ao
tamanho do inimigo.
26
Dinâmica de grupo: mudando de lugar:
Objetivo: Refletir sobre o desconforto que trazem as mudanças
Desenvolvimento: Solicitar aos participantes que levantem de suas cadeiras
e sentem-se em outro lugar.
Após estarem acomodados em sua nova cadeira solicitar a cada
participante:
o Que comente o que sentiu acerca da experiência vivenciada.
Que reflita sobre os seguintes questionamentos:
o Como estão minhas relações interpessoais?
o Na minha vida fora da escola estou fazendo o que gosto? E na escola?
o Na minha vida fora da escola estou fazendo o que não gosto? E na
escola?
o O meu estado emocional reflete em meu trabalho em sala de aula?
Ao final conversar sobre as conclusões tiradas.
Vídeo – O Segredo dos Vencedores
Por Softway – tempo de duração: 5‘24 Com imagens do filme ―Coração Valente‖, produção de Mel Gibson. URL5: http://www.youtube.com/watch?v=GE8F9C1qjU4&feature=player_embedded
5 Uniform Resource Locator , ou seja o endereço da página.
Sinopse:
Vídeo Motivacional que fala sobre vencer desafios, superar adversidades, compreender as mudanças que ocorrem no dia a dia. Fala sobre valores fundamentais, como honra, justiça, respeito. Fala sobre como enfrentar o medo do desconhecido, do novo, do diferente.
27
Aprofunde seu conhecimento:
BRASIL, Instituto Cidadania. Retratos da Juventude Brasileira: análises de
uma pesquisa nacional. Organizadores: Helena W. Abramo; Pedro Paulo
Martoni Branco. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2005. p. 87 – 127.
BRASIL, Ministério da Educação. PDE: Plano de Desenvolvimento da
Educação: Prova Brasil: Ensino Fundamental. Brasília: MEC, SEB; Inep,
2009. 193 p: Il.
BRASÍLIA, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Ensino Médio:
Ciência, Cultura e Trabalho. Organizadores: Gaudêncio Frigotto, Maria
Ciavatta. Brasília: MEC, SEMTEC, 2004. p. 11 – 111.
BUFFA, E. Educação e cidadania burguesas. In: Educação e Cidadania :
quem educa o cidadão. 8. Ed. São Paulo: Cortez, 2000. p 11 – 30.
GARCIA, R. L. A educação escolar na virada do século. In: Costa, Marisa V.
(org), Escola básica na virada do século-cultura, política e currículo,
Cortez, São Paulo, 1996. p. 145 – 168.
GOMES, N. L. Indagações sobre Currículo: diversidade e currículo.
Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.
48p.
SANTOMÉ, J. T. As culturas negadas e silenciadas no currículo. In: SILVA,
Tomaz Tadeu da, Alienígenas nas sala de aula:Uma introdução aos
estudos culturais em educação. Cuadernos de pedagogia, La Coruña,
Espanha, p. 159 - 177,1993.
TEIXEIRA, C. R.; BEZERRA, R. B.. Escola, Currículo e Cultura (s): A
construção do processo educativo na perspectiva da multiculturalidade. São
Paulo: Dialogia, 2007. v. 6. p. 55 -63.
VASCONCELLOS, C. S. Para onde vai o Professor? Resgate do Professor
como Sujeito de Transformação. São Paulo: Libertad, 1996. (Coleção
Subsídios Pedagógicos do Libertad; v.1).
28
Unidade 2
INDISCIPLINA
E O
DESINTERESSE
ESCOLAR
29
Objetivos:
Proporcionar momentos de reflexão e discussão sobre o tema
indisciplina e a forma como o professor convive com essa situação.
Debater novas formas de reduzir e prevenir a indisciplina na sala de
aula, refletindo a postura e a autoridade do professor.
Conteúdos:
Temas: autoritarismo, permissividade, desorganização, incoerência,
ensino sem sentido.
Adolescência.
Indisciplina escolar.
Formas de reduzir e prevenir a indisciplina.
Recursos:
Texto
Data Show
Video
Tempo de duração:
A Unidade é composta por dois módulos de 2h30min cada um.
Encaminhamento metodológico:
Debate em grupo, conceituando os seguintes temas: indisciplina,
autoritarismo e autoridade, permissividade, desorganização,
incoerência e estudo sem sentido na escola; em seguida cada grupo
apresentará suas conclusões sobre o tema indicado;
Dramatização em grupo sobre uma situação real de seu cotidiano
escolar que seja relacionada a autoridade, permissividade,
desorganização, incoerência, estudo sem sentido que são temas
que potencializam a indisciplina na sala de aula, com discussão
sobre as conseqüências e possíveis soluções de cada
apresentação;
Apresentação, utilizando Power Point, sobre os temas que
potencializam a indisciplina relacionando com atividade de
dramatização;
Leitura do texto: A indisciplina e o desinteresse escolar:
30
Reflexão, discussão e registro em grupo sobre o tema indisciplina e
a forma como o professor convive com essa situação, com
conclusão em plenária;
Análise e debate do regimento escolar da escola em grupo com
sugestões de possíveis alterações;
Apresentação e reflexão sobre o tema Adolescência, com o vídeo de
Içami Tiba: ―Adolescência‖, ―Educação para Adolescentes‖,
―Rebeldia e Onipotência Juvenil‖, com debate;
Apresentação, utilizando Power point sobre novas formas de reduzir
e prevenir a indisciplina na sala de aula. Após a exposição, grupos
serão formados para analisar as possibilidades e dificuldades de
colocá-las em prática;
Ilustração com o vídeo ―Crianças vêem, crianças fazem‖ para
finalização.
Atividade em grupo:
Debate, dramatização e apresentação
Cada grupo sorteará um tema determinado: indisciplina, autoritarismo e
autoridade, permissividade, desorganização, incoerência e estudo sem sentido.
1º momento: Conceituar o tema e apresentar suas conclusões para a
plenária.
2ª momento: dramatizar sobre uma situação real de seu cotidiano escolar
que seja relacionada com o tema sorteado.
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Para ler, observar e refletir:
INDISCIPLINA
Para Estrela (1992, p. 17) a indisciplina pode ser pensada
como negação da disciplina, ou como “desordem proveniente
da quebra das regras estabelecidas pelo grupo”.
De acordo com Franco (1986,p.63) “a disciplina está
indissoluvelmente ligada ao processo de transmissão e
assimilação dos conhecimentos elaborados historicamente
pela humanidade. Deixa assim de ser alguma coisa que diz
respeito somente ao aluno para transformar-se em
preocupação permanente da comunidade escolar em uma
exigência da escola”.
INDISCIPLINA
Segundo Parrat-Dayan (2008, p.19) “(...) para um professorindisciplina é não ter o caderno organizado, para outro, umaturma será caracterizada como indisciplinada se não fizersilêncio absoluto e, já para um terceiro a indisciplina atépoderá ser vista de maneira positiva, considerada sinal decriatividade e de construção de conhecimento.
Segundo Amado e Freire( 2002), a indisciplina parece ser umaresposta clara ao abandono ou inabilidade das funçõesdocentes, porque o papel do professor na ação em sala deaula complementa as expectativas dos alunos. Afinal, asatitudes dos alunos espelham, pelo menos em parte, umpouco do professor
32
INDISCIPLINA
oAtitudes – LIBERALISMO, INSEGURANÇA, OMISSÃO,
INCOERÊNCIA, AGRESSIVIDADE E AUTORITARISMO –
são referências NEGATIVAS;
oAtitudes negativas estimulam A TRANSGRESSÃO,
REBELDIA E INDISCIPLINA;
Surge por causa de alguma INSATISFAÇÃO
O QUE POTENCIALIZA A INDISCIPLINA NA ESCOLA?
I. AUTORITARISMO
II. PERMISSIVIDADE
III. DESORGANIZAÇÃO
IV. INCOERÊNCIA
V. ENSINO SEM SENTIDO
* Adaptado do curso “Projeto Não-Violência”.
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I. AUTORITARISMO?
Conceito:
Autoridade – sf. 1. Direito ou poder de fazer-se obedecer, de
dar ordens, tomar decisões, agir, etc. 2. Aquele que tem esse
direito ou poder. 3. fig. Influência, prestígio.
Autoritário – adj. relativo a autoridade; que se firma numa
autoridade forte, ditatorial; revestido de autoritarismo;
dominador; impositivo; a favor do princípio de submissão cega
à autoridade.
Max Weber (1922-1984), “a autoridade é uma qualidadederivada de legitimidade,esta por sua vez seria construídacom base na crença ou percepção de que as leis ouorientações legitimas são boas,por isso referências para aação do indivíduos ou do grupo. Por isso mesmo é que aspessoas submetidas àquela autoridade obedecem-na, nãoporque a temem,ainda que o medo possa ser um doselementos presentes, mas porque acreditam e sentem queos valores que a autoridade representa contribuem paraordenar ou organizar sua existência.”
34
II. PERMISSIVIDADE
o “É proibido dizer não” - “é proibido proibir”;
o Liberalismo desenfreado;
o Valorização das demais coisas, menos a DISCIPLINA – não às
rotinas ;
o A falta de REGRAS e LIMITES;
o Isto resulta numa completa ausência de AUTORIDADE.
III. DESORGANIZAÇÃO
o Quando o discurso da escola é pouco estruturado;
o Quando deixa a turma sem atividade;
o Quando o discurso da escola oscila entre diversos temas e
sem qualquer conexão;
o Quando não planeja a falta dos professores;
o Falta de plano de ação anual de seus segmentos, etc.
35
IV. INCOERÊNCIA
o No contexto escolar, é muito comum educadores e escolas
que teoricamente, em seu discurso e até em seu projeto
político-pedagógico assumem uma postura progressista,
portanto democrática, mas a sua prática se traduz em
posturas autoritárias,hierarquizada. Uma prática educativa
dentro de modelos rígidos, nos quais não existe lugar para
dúvida, de curiosidade, de crítica, de sugestão.
V. ENSINO SEM SENTIDO
o Quando a escola faz uso de metodologia inadequada ao
processo ensino-aprendizagem;
o Quando a escola ministra aulas monótonas que não
mobilizam os alunos para realizar atividades,
o Aulas repetitivas;
o Atividades mais ou menos dispersantes;
o Aulas descontextualizadas;
o Ausência do sentido da matéria lecionada;
o Falta de atividades extracurriculares que torna a vida escolar
desinteressante;
o Falta de vinculo afetivo entre o professor e o aluno;
o Exercício inadequado do PODER (autoridade);
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Para ler e refletir:
A INDISCIPLINA E O DESINTERESSE ESCOLAR
O desinteresse do aluno é um dos aspectos mais abordados pelos
professores quando falam dos problemas de sala de aula, segundo os
discursos recolhidos por Vasconcellos, que relatam uma série empecilhos
para conseguir mobilizar o aluno:
―Como incentivar o aluno e despertar o desejo quando há forças tão fortes que fazem o movimento contrário?‖; ―Como despertar no aluno o desejo de aprender, de conhecer?‖ Lá fora tem mais atrativos...; ―a total ausência de motivação por parte do aluno‖; ―O professor, por mais boa vontade que tenha, não consegue sensibilizar‖. (VASCONCELLOS, 2003, p.134)
Os professores consideram que os alunos deveriam vir interessados
para a sala de aula; entendem ainda que esse desinteresse, em grande
parte, é culpa dos pais. Portanto, muitos não se incluem como possível fator
de provocação de interesse, manifestando que consideram-se isentos de
responsabilidade, assumindo assim uma postura de impotência. Vasconcellos
(2003,p.135), faz o seguinte questionamento,‖ Será que é o aluno que não
quer nada ou a escola que não está conseguindo atingi-lo?‖
Todos nós sabemos que o aluno, desmotivado dentro da escola,
pode ter muita motivação fora dela. A cultura do consumismo manipula seus
hábitos e valores de vida. Além disso, fora da escola e do lar pode encontrar,
sem limites ou regras, o sexo, a amizade, os esportes,as drogas, a música e
assim por diante. Segundo Vasconcellos:
Muitos fatores podem contribuir para o aluno perder o interesse pela escola: o desmonte social, a falta de perspectiva de vida, a violência, a desestruturação familiar, etc. Mas, com certeza, a escola mesma também tem sua parcela de responsabilidade. Este é um campo difícil porque remete à nossa participação no problema; contudo, não podemos deixar de mencionar as contradições internas da instituição de ensino. Se o docente, p.ex., durante a aula, fica só reclamando, o aluno não terá vontade de ficar em classe ou de ir para escola; se o aluno encontra uma escola suja, mal cuidada, classes super lotadas, onde é apenas mais um número, como manterá viva a chama da curiosidade...? (VASCONCELLOS, 2003,p.135)
37
Diante disso, a indisciplina é uma das causas do desinteresse.do
aluno, apresentando- se de diversas formas na vida estudantil, que são
expressões da total falta de respeito com os estudos. Podemos constar que a
indisciplina é geradora de efeitos negativos em relação à socialização e
aproveitamento escolar dos alunos, bem como também produz efeitos
negativos em relação aos docentes. Mesmo que esses efeitos não sejam
imediatos e evidentes, eles não são menos nocivos. A indisciplina significa
nos dias atuais, juntamente com o insucesso escolar, os problemas mais
graves que as escolas de hoje enfrentam no Brasil.
É importante observar que, todo o desvio que o docente é levado a
fazer, contribui para a perda da eficácia, bem como da auto-estima, levando
ao estresse, a frustração e o desânimo, chegando até o ponto de desejar
abandonar a profissão. Quando o aluno quebra as normas da aula e da
escola, prejudica sensivelmente o processo pedagógico, pois afeta a
aprendizagem, tira tempo útil do professor, e obriga-o a desempenhar papéis
que ele não gostaria de desempenhar.
No meio escolar, os educadores utilizam, às vezes, o perigoso ―bom
senso‖ prático, que diz respeito á suposição de que as criança e jovens de
hoje não têm limites, não reconhecem a autoridade, não respeitam as regras,
e a responsabilidade, por isso, é um problema dos pais. Muitos vêem o
comportamento indisciplinado como uma conseqüência da modernidade, e
assim sentem saudades das práticas escolares e sociais de ontem. Já os
profissionais da educação (diretores, coordenadores, etc.) e muitos pais,
quase sempre atribuem a responsabilidade ao professor relacionando
exclusivamente à falta de autoridade do professor, de seu poder de controle e
aplicações de sanções.
Interessante ressaltar que da visão do aluno indisciplinado, os
motivos declarados costumam ser um tanto diferentes. Com bastante
freqüência direcionam as suas criticas ao sistema escolar. Citando Rego
(1996, p. 8):
[...] reclamam não somente do autoritarismo, mas também da qualidade das aulas, da organização dos horários e dos espaços, do pouco tempo de recreio, da quantidade de matérias incompreensíveis, pouco significativas e desinteressantes, da falta de clareza dos educadores, das aulas
38
monótonas, da escassez. de materiais e propostas desafiadoras, da ausência de regras claras e etc.
Estas considerações indicam as razões que levam a afirmar a
necessidade de partir de uma visão pedagógica para repensar o problema
disciplinar da aula. Através deste enfoque é transferida para o professor parte
da responsabilidade da indisciplina na sala de aula sem, no entanto, dela
desresponsabilizar o aluno, a escola, a família ou a sociedade. Este contexto
interpessoal que se estabelece entre os intervenientes de uma situação
pedagógica bem como os resultados desses contatos, a autora Estrela
descreve com maestria:
Num sentido lato, a relação pedagógica abrange todos os intervenientes diretos e indiretos do processo pedagógico: aluno-professor, professor-professor, professor-―staff‖, aluno-funcionário, professor-pais... Num sentido restrito, abrange a relação professor aluno e aluno-aluno dentro de situações pedagógicas. (ESTRELA. 1992, p. 36)
Vendo a indisciplina como uma temática fundamentalmente
pedagógica, talvez possamos compreendê-la inicialmente como um sinal, um
indício de que a intervenção docente não esta se processando a contento,
que seus resultados não se aproximam do esperado. Ela é um evento escolar
que estaria sinalizando, a quem interessar que algo, do ponto de vista
pedagógico, e mais especificamente da sala de aula, não esta se
desdobrando de acordo com as expectativas dos envolvidos.
Na relação pedagógica existe um contrato implícito - um conjunto de
regras funcionais - que precisa ser conhecido e respeitado para que a ação
possa se concretizar a contento. E é curioso constatar que os próprios alunos
têm uma clareza impressionante quanto a essas balizas contratuais no
encontro pedagógico. Sem dúvida nenhuma, eles sabem reconhecer quando
o professor está exercendo suas funções, cumprindo seu papel. O professor
competente é cioso de seus deveres, não é, em absoluto, um desconhecido
para os alunos, muito ao contrario. Estes sabem reconhecer e respeitar as
regras do jogo quando ele é bem jogado, da mesma forma de que eles
também sabem reconhecer quando o professor abandona o seu posto. Na
opinião de Marques:
39
[...] quando o professor não é competente na matéria que está a ensinar, ou quando mostra falta de entusiasmo, é mais certo estarem reunidas as condições para a generalização da indisciplina na sala de aula. O professor só consegue ser uma autoridade respeitada quando mostra um grande domínio da matéria, atua com entusiasmo e é diligente e assíduo. (MARQUES, 2001, p. 111).
Neste sentido, a indisciplina parece ser uma resposta clara ao
abandono ou inabilidade das funções docentes, porque as atitudes do
professor em sala de aula reforçam as expectativas dos alunos. Afinal, os
alunos espelham, pelo menos em parte, um pouco do professor. Enfim, a
indisciplina do aluno pode ser compreendida como uma espécie de
termômetro da própria relação do professor com seu campo de trabalho, seu
papel e suas funções. É sempre bom lembrar que um mesmo aluno
indisciplinado com um professor nem sempre é indisciplinado com os outros.
Sua indisciplina, portanto, parece ser algo que desponta e se acentua
dependendo das circunstâncias. (AMADO e FREIRE, 2002 apud OLIVEIRA,
2004).
Podemos considerar então que o sucesso do ato pedagógico tem
uma influência significativa na relação professor-aluno, tomando-se
indispensável que o professor tenha consciência da maneira pelo qual essa
relação se desenvolve, salientando-se que a aliança entre professores e
alunos é que será determinante para que a relação pedagógica seja eficaz
(CARITA e FERNANDES, 1997 apud OLIVEIRA, 2004, p. 52).
Pires (1999) comenta que sendo um grande desafio e alvo de
preocupação das escolas, da direção, dos pais e mestres, a indisciplina tem
se destacado, provavelmente pelo fato de que muitos dos professores são
profissionais que passaram da para a condição de educadores, nas
universidades, sem nenhuma pedagogia ou didática para enfrentar as
diversidades ou adversidades de uma sala de aula.
Assim, sem encarar o ―aluno-problema‖ como um desafio
pedagógico, muitos professores preferem se preocupar com a sua
sobrevivência enquanto educadores, com a visão estreita da repressão,
enquanto que o ideal seria mostrar os limites e as possibilidades, dando
chance ao amadurecimento e à criatividade.
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ATIVIDADES
Para refletir, discutir e registrar em grupo:
1) Analisem a situação apresentada por Vasconcellos, 2003: Muitos professores não se incluem como possível fator de provocação de interesse dos alunos, já que consideram que o aluno é quem não quer nada com a escola. Dentro desta perspectiva, quem é que não consegue atingir quem?
2) Qual a opinião do grupo sobre esta afirmação: a indisciplina parece ser uma resposta clara ao abandono ou inabilidade das funções docentes, porque as atitudes do professor em sala de aula reforçam as expectativas dos alunos. Afinal, os alunos espelham, pelo menos em parte, um pouco do professor.
3) Os professores têm sua ―autoridade‖ freqüentemente questionada pelos alunos em sala de aula, dificultando seu domínio sobre a turma e causando sérios danos ao processo ensino-aprendizagem. Diante desta situação, cite alguns comportamentos mais comuns no dia-a-dia em sala de aula e quais as sugestões para enfrentar os desafios e as dificuldades impostas por eles?
4) A indisciplina se manifesta em todos os segmentos da escola: aluno,
professor, escola como instituição, família: Apresentem situações que apontam a indisciplina nestes segmentos e qual a melhor forma de solucioná-los?
5) Analisem o nosso regimento escolar propondo seus pareceres nos
seguintes pontos de vista:
Direitos e deveres ;
Intenções e limitações ditadas por ele;
Atualidade: aplicam-se ao cotidiano regras que foram propostas em outro contexto de tempo e espaço?
Participação democrática em sua elaboração.
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Reflexão e debate:
Vídeo – Educação para Adolescentes
Por Içami Tiba – tempo de duração: Aprox. 30‘ Uma produção de TSP – Editorial, DC – Divulgação Cultural e Integrare Editora. – Coleção em três volumes.
Atividade com debate:
Que leitura é possível fazer a partir dos vídeos?
Sinopse:
Neste DVD, Içami Tiba fala a pais
e educadores sobre o tema. Mas
afinal o adolescente é realmente
um ―aborreceste‖? Quando
começa e termina a adolescência?
Como lidar com as mudanças de
humor e comportamento do
adolescente? Como se posicionar
diante da rebeldia da puberdade?
Como lidar com a onipotência
juvenil? Içami Tiba responde a
essas perguntas, esclarecendo o
que é adolescência e como lidar
com esse comportamento,
propondo uma mudança no
relacionamento com o
adolescente.
42
Para ler, observar e refletir:
ATITUDES PARA PREVENIR E REDUZIR A INDISCIPLINA:
ATITUDES QUE DÃO CERTO:
Conscientizar os alunos sobre direitos e deveres
constitucionais, ética e cidadania;
Estimular o estudo e debate sobre o Regimento Escolar;
Construir normas de conduta com os alunos;
Leitura, estudo e análise contextualizada do ECA;
Oportunizar momentos de vivência de cidadania no espaço
da escola, família e comunidade.
Promover palestras preventivas sobre possíveis desvios:
mentira,falsidade, desonestidade, arrogância, falta de
respeito ao próximo, falta de solidariedade, uso de drogas
lícitas ou ilícitas , gravidez na adolescência, abusos sexuais
etc...
ATITUDES QUE DÃO CERTO QUANDO PRATICADAS TAMBÉM PELO
PROFESSOR
Estabelecer vínculos
afetivos com os alunos;
Criar clima de harmonia e
respeito na sala de aula;
Dar encaminhamentos
corretos aos problemas de
indisciplina;
Respeitar os alunos e
fazer-se respeitar;
Conhecer e fazer conhecer
o Regimento escolar
43
Vivenciar a gestãodemocrática no espaçoescolar;
Tratar os alunos com justiça, sem distinção;
Interessar-se pelos alunos, enquanto pessoas;
Ouvir os alunos com paciênciae respeito;
Utilizar em suas aulas, dinâmica com metodologiainterativa;
Apresentar aulas bem planejadas que propiciem a motivação;
Assumir postura dinâmica, motivadora e corajosa;
Evitar situações constrangedoras para o aluno;
Usar de cumplicidade para resolver os problemas.
_____________________________
*Apresentação adaptada do curso Autoridade e Indisciplina com a Patrulha Escolar, 2008.
44
Atividade em grupo
Diante das sugestões apresentadas, analisem as possibilidades e dificuldades
de colocá-las em prática.
Possibilidades: Dificuldades:
Vídeo: Crianças vêem, crianças fazem
Por Childfriendly Organization, Australia, – Propaganda educacional sem fundo comercial - tempo de duração: 1‘32‖
URL: http://www.youtube.com/watch?v=wGS0kGITjv0
Sinopse:
Este vídeo deixa uma grande
lição de como as ações dos pais
podem vir a refletir no futuro de
seus filhos. Educadores façam
sua influência positiva.
REFLITAM !
45
Aprofunde seu conhecimento:
AQUINO, J. G. (org). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e
práticas . São Paulo, Summus, 1999. 148 p.
ARROYO, G. M. Imagens Quebradas: Trajetórias e tempos de alunos e
mestres. Petrópolis, RJ:Vozes, 2004. p. 65 – 67; 114-117; 122-133.
FRANCO, L. A. C. A disciplina na escola. Revista ANDE. Brasília, ano 6,
n 11. p. 62-67, 1986.
KHOURI, I. Disciplina X Antidisciplina. São Paulo: EPU, 1989. p.41-47.
PIMENTEL, R. M. Repensando Disciplina e Indisciplina sobre o ponto
de vista pedagógico. Artigo apresentado ao Curso do Mestrado em
Educação da Universidade Tuiuti do PR – PROPPE – Pró-Reitoria de Pós-
Graduação, Pesquisa e Extensão. Curitiba, 2006.
VASCONCELLOS, C. S. Os desafios da indisciplina em sala de aula e
na escola. São Paulo: Libertad, 1996. p. 227-256.
VIANNA, I.; SCHMIDT, L.M.; ABUD, M.J.M. (org). Dialogando sobre
disciplina com Paulo Freire. In: D‘ANTOLA, A. (org.). Disciplina na escola:
autoridade versus autoritarismo. São Paulo: EPU, 1989. p. 1 - 12 .
46
Unidade 3
O PAPEL DO
PROFESSOR E O
DESAFIO DO
TRABALHO
PEDAGÓGICO
47
Objetivo:
Refletir e discutir sobre as competências, didáticas e relacionais que
são exigidas do professor na atualidade.
Refletir e debater sobre as influências resultantes da conduta do
professor nas interações com o aluno e quanto isso interfere na
aprendizagem.
Refletir sobre a importância de o professor exercer a sua autoridade,
bem como ser compreendido e consequentemente reconhecido.
Conteúdos:
O papel do professor.
Construindo a Autoridade.
Relação professor-aluno.
Relações interpessoais.
Recursos:
Texto
Data Show
Vídeo
Palestra sobre Relações Interpessoais
Tempo de duração:
A Unidade é composta por dois módulos de 2h30min cada um.
Palestra sobre relações interpessoais com um profissional da área,
com 2h de apresentação.
Encaminhamento metodológico:
Apresentação ilustrativa para início do tema com o vídeo: ―Ser um
bom professor‖;
Leitura do texto: O papel do professor e o desafio do trabalho
pedagógico;
Reflexão, discussão e registro em grupo sobre o texto, com
conclusão em plenária;
Apresentação do vídeo relação professor-aluno: ―aprendendo com
os aprendizes‖, com debate;
Apresentação, utilizando Power Point, sobre a construção da
autoridade pelo professor;
48
Dramatização em grupo com registro sobre as possibilidades e
dificuldades de ter autoridade sem ser autoritário em sala de aula;
Reflexão com debate sobre a apresentação do documentário ―Quem
somos nós‖;
Apresentação e discussão dos resultados da pesquisa de campo
que foi realizada com os alunos do Ensino Médio e professores, no
Colégio Estadual Antonio Lacerda Braga;
Palestra sobre Relações interpessoais com um profissional da área.
Para refletir
Vídeo: “Ser um bom professor”
Entrevista em vídeo com filósofo brasileiro, mestre e doutor em Educação Mario Sergio Cortella – tempo de duração: 1‘49 URL: http://www.youtube.com/watch?v=dz4lMxhVTEI
Sinopse:
Dicas para ser um bom
professor: Só é um bom
ensinante aquele que é um
bom aprendente, a
importância da humildade,
a necessidade de não
estagnar, não se considerar
completo, sertir-se alguém
em construção.
49
Para ler e refletir:
O PAPEL DO PROFESSOR E O DESAFIO DO TRABALHO PEDAGÓGICO
É importante ressaltar que o mundo atualmente se apresenta de
forma peculiar em decorrência de existir uma grande variedade de atividades
que desperta e seduz o aluno. "As mudanças de comportamento e atitudes
são velozes, no entanto, o professor e sua metodologia de ensino pouco
evoluíram nos últimos séculos". (CASTANHEIRA e REHBERG, 2001 apud
OLIVEIRA, 2004, p. 23).
Silva (2001, p.24) diz que "atualmente parece não bastar aos
professores serem detentores apenas de conhecimentos científicos, tais
como ocorria no passado.‖ Vivemos momentos tensos, surpresos com as
condutas dos alunos, como também vivemos momentos de renovação
pedagógica, e de rever nossos métodos e a condição de ―aulista‖. Hoje, do
professor, é exigida uma quantidade de competências, além de didáticas,
relacionais. Não é demais ratificar que o sucesso do docente encontra-se
também ao nível da relação pedagógica que ele consegue estabelecer com
os alunos, pois é sobre ele que repousa a responsabilidade de fazer o aluno
compreender a realidade política, cultural e social, fazendo assim que se
torne capaz de participar do processo de construção da sociedade. Além do
mais é de responsabilidade do professor a organização das atividades
pedagógicas e das relações que se constroem na sala de aula. "E possível
então constatar que o clima da sala de aula é o resultado da interação
professor-aluno, sendo que os comportamentos dos alunos dependem mais
dos comportamentos do professor do que o inverso" (CARITA e
FERNANDES, 1997 apud OLIVEIRA, 2004, p. 53).
Mesmo sabendo que nem tudo depende do professor na sala de
aula, cabe a ele uma grande parte da responsabilidade, pois seu papel de
líder não pode ser substituído por ninguém. Mas não é demais afirmar que o
professor deve respeitar os alunos, levando em conta o direito de partilharem
das responsabilidades, de serem ouvidos, de manterem a sua privacidade e
de nunca incorrer em situações de vexame, injúria e de exclusão (AMADO,
1999 apud OLIVEIRA, 2004, p. 56).
50
Uma outra questão importante a ser abordada está relacionada às
perspectivas dos professores sobre os alunos, pois elas são fundamentais na
interação em sala de aula. As características sócio-culturais despertam
atitudes e julgamentos de valor nos professores apresentando
comportamentos diferenciados em relação a cada um de seus alunos, sem se
darem conta disso.
As mudanças ocorridas nestes últimos séculos, na escola, na
sociedade e nas relações, são um fato concreto. Parece difícil aos
educadores darem-se conta disto. O espírito de acusação e o saudosismo
estão muito fortes no cotidiano escolar. Agredidos descarregam suas
mágoas, suas incompreensões.
A sensação de não-poder talvez seja hoje um dos maiores obstáculos epistemológicos a serem enfrentados. É impressionante como o professor acabou assimilando a idéia de que não pode, de que a solução dos problemas é fora dele. Muitas vezes, sente-se desgastado, destruído, traído, usado, acusado, desprezado, humilhado, explorado. Neste contexto, colocar a ―culpa‖ fora dele pode ser a saída inconsciente de autoproteção, não por ser relapso, mas sim porque no fundo acha que não pode, não tem força para mudar. Quando questionado sobre os problemas, vai logo apontando: ―É a família‖, ―É o sistema‖. Ao fazer isto, esvazia sua competência profissional e existencial; perde o senso crítico, pois não consegue se situar diante do real; perde a autoridade , já que não é responsável por nada. (VASCONCELLOS, 1997, p.236)
Sobre autoridade, Sennet informa: ―A necessidade de autoridade é
fundamental. As crianças precisam de autoridade que as orientem e
tranqüilizem. Os adultos realizam uma parcela essencial de si ao serem
autoridades‖. O autor sugere refletir porque os jovens tendem a desobedecer
e a se revoltar, contra autoridade paterna, e também contra a figura que
representa autoridade em geral, dentre as quais destacamos os professores.
(SENNET, 2001 apud MORAES e PESCAROLO, ano 2008,p.10). Moraes e
Pescarolo complementam, que sendo a adolescência um período de
transformações, é necessariamente um período de questionamentos.Por
isso, as figuras de autoridade serão sempre alvos de constantes
questionamentos por parte dos jovens. Quem ocupa e representa o papel de
autoridade deve ter equilíbrio suficiente, ―fundada na certeza de que ser alvo
daquele comportamento, faz parte do processo por intermédio do qual os
51
jovens constroem sua identidade e testam a consistência da autoridade do
adulto‖. (MORAES E PESCAROLO,2008,p.12).
Fica claro que um dos maiores desafios é o resgate do professor
como sujeito de transformação: acreditar que pode, que tem um papel a
desempenhar muito importante, embora limitado. Cunha (2001,
p.69),relaciona o bom desempenho do professor ao reconhecimento deste
com o seu papel e a sua realidade. Com o objetivo de identificar
características de um bom professor, a autora numa pesquisa com alunos,
constatou que o melhor professor é aquele que: possui condições básicas de
conhecimentos acerca da matéria que leciona; habilidades para organizar as
suas aulas; mantêm relações afetivas com seus alunos; torna as aulas mais
atraentes, estimulando a participação do aluno; além de demonstrar a
capacidade de expressão, de forma que todos entendam; conduz a critica, a
curiosidade e a pesquisa, e também busca formas inovadoras de desenvolver
a aula, fazendo com que o aluno participe do ensino. Segundo Tardif (2002,
p. 140): "O professor que é capaz de se impor a partir daquilo que é como
pessoa que os alunos respeitam, e até apreciam ou amam, já venceu a mais
terrível e dolorosa experiência de seu ofício". Cabral (1987) complementa:
A conduta do professor, nas interações que realiza com o aluno ao longo deste processo, está baseado na percepção que possui sobre este relacionamento. As percepções do professor na situação de interação professor-aluno sofrem a influência dos sentimentos, sejam estes positivos ou negativos, que possui em relação aos alunos como um grupo; bem como dos estereótipos de seu meio social. Estes fatores também vão influenciar a percepção do aluno no que tange à interação professor-aluno concretizada ao longo do processo ensino-aprendizagem. (CABRAL, 1987 apud AQUINO, 1996, p.30)
O professor precisa refletir a sua prática. Pires (1999) defende a
autocrítica, pois sem uma definição clara do seu papel, o professor não
estará em condições de educar, tendo em vista que o aluno capta e explora
essa fragilidade. A falta de convicção da proposta do professor gera um
acumulo de dificuldades na sala de aula. São aulas sem aprofundamento,
sem clareza dos objetivos, sem renovação metodológica, sem articulação
interdisciplinar, sem conteúdos relacionados com as necessidades do aluno.
E conclui então que a questão central é redimensionar o problema sem focar
a disputa entre professor e aluno e sim na organização do trabalho coletivo
52
em sala de aula, a fim de que se realize a construção do conhecimento. Ao
articular a proposta, o professor se torna o coordenador do processo de
aprendizagem, devendo assumir seu papel de agente histórico de
transformação da realidade, por meio de um ensino exigente e inteligente.
Concluindo, é indispensável não perder de vista que é no cotidiano
da sala de aula e no convívio diário com professor e colegas que o aluno vai
progressivamente, exercitando hábitos, desenvolvendo atitudes, assimilando
valores. Finalmente é convivendo com pessoas, que tanto a criança como os
jovens somam conhecimentos e desenvolvem hábitos e atitudes de convívio
social, tais como a cooperação e o respeito humano.
Atividade
Para refletir, discutir e registrar em grupo:
1) Qual a opinião do grupo sobre esta afirmação: Vivemos momentos
tensos, surpresos com as condutas dos alunos, como também vivemos momentos de renovação pedagógica, e de rever nossos métodos e a condição de ―aulista‖. Hoje, do professor, é exigida uma quantidade de competências, além de didáticas, relacionais.
2) Relacionem a citação do Vasconcellos sobre a ―sensação de não-poder‖, com a prática que vocês vivenciam diariamente.
3) ―As figuras de autoridade são alvos de constantes questionamentos por parte dos jovens; que estão sempre testando a consistência dessa autoridade.‖ Diante desta constatação, como vocês professores se sentem e como agem ao enfrentarem esta situação?
4) Qual a opinião de vocês a respeito dos anseios dos alunos, tomando como referencia a pesquisa de Cunha. Vocês acham que suas práticas respondem a esses anseios?
5) A relação professor-aluno gera sentimentos positivos e negativos manifestando-se de diversas formas e em diferentes situações. Como vocês vêem esta influência no processo ensino-aprendizagem?
53
Para refletir
Vídeo: “Aprendendo com os aprendizes”
Vídeo com Gabriel Chalita – A construção de vínculos entre professores e alunos - tempo de duração: Aprox. 30‘ Coleção Cultivar – Ciranda cultural
Que leitura é possível fazer a partir do vídeo?
Para ler, observar e refletir
AUTORIDADE E RESPEITO
o Quando se perde o valor da autoridade perde-se o
poder e o respeito:
A instituição familiar ou escolar imerge em crise.
Outro assume o lugar – a INDISCIPLINA.
“Se o teu poder não mais recebe respeito, um
outro poder está a caminho.” - Lao Tsé
Sinopse:
Este vídeo trata de um dos desafios que garante o processo
pedagógico que é aprender a conviver. Sabe-se que ninguém
consegue conviver sem, primeiro, aprender a ser, ou seja, sem
antes assumir a própria individualidade. Cada ser é único, com
identidade, condições e aspirações próprias, cuja existência,
porém, não se cumpre isolada e privada do concurso da
alteridade, do diálogo com o outro. Ser é conviver. É na relação
com outros que nos afirmamos e nos realizamos.
54
O QUE FAZER PARA QUE A AUTORIDADE SEJA CONSTRUIDA E RECONHECIDA
1. Manter a assimetria moral das relações, além do nível de conhecimento.
2. Transmitir valores que dão sentido e moralidade aos conhecimentos aprendidos.
3. Ser exemplo é quesito indispensável para a constituição da autoridade legítima.
4. Ter ética: só é possível transmiti-la quem a tem.
5. Manter constante diálogo com os alunos é essencial, sem imposição.
6. Estar sempre pronto a argumentar;
7. Possibilitar o aparecimento do conflito e adotar atitudespacíficas e justas na sua resolução.
8. Ter disciplina, auto-controle, perseverança e tenacidade.9. Ser autoridade implica ser firme e coerente, não oscilar
“ao sabor da maré”.10.Compreender a educação como processo
11. Só autorizamos quem admiramos e confiamos.
12. Mestres seguros, que saibam de onde vão partir e onde vão chegar.
13. Autoridade não se transfere simplesmente.
14. A autoridade precisa ser testada.
15. Estabelecer metas a médio e longo prazo e resistir aos impulsos imediatos.
* Adaptado do curso “Projeto Não-Violência”.
55
Atividade em grupo:
Dramatização:
Representar uma situação de indisciplina dos alunos em sala de aula,
registrando as conseqüências das atitudes que vem a seguir:
1º momento: uma reação autoritária por parte do professor;
2ª momento: a mesma situação conduzida com autoridade, através de
orientação e dialogo.
Para refletir e registrar.
Vídeo: “Quem somos nós”
Título original: (What the Bleep Do We Know?) - Lançamento: 2004 (EUA) Direção: William Arntz, Betsy Chasse, Mark Vicente Atores: Marlee Matlin, Elaine Hendrix, Barry Newman, Robert Bailey Jr Duração: 109 min - Gênero: Drama
Debater como o sentimento influencia nosso entorno.
Sinopse:
Amanda (Marlee Matlin) está numa
fantástica experiência ao estilo
"Alice no País das Maravilhas"
enquanto seu monótono cotidiano
começa a se desmanchar. Esta
situação revela o incerto mundo
escondido por trás daquilo que se
costuma considerar realidade.
Amanda mergulha num turbilhão de
ocorrências caóticas que revelam
um profundo e oculto conhecimento
do real. Ela entra em crise e
questiona o sentido da existência
humana.
56
Apresentação, discussão e análise dos resultados da pesquisa de campo:
Realizado com alunos do Ensino Médio e professores através de um questionário com o intuito de pesquisar a causa do desinteresse da maioria dos alunos pelos estudos.
Palestra sobre Relações interpessoais com
um profissional da área:
A escola constitui um espaço físico onde um grande número de
pessoas com características diversas convive durante um tempo
significativo, precisando aprender a lidar com as diferenças. As
relações interpessoais na escola remete a diversos atores, cada
qual desenvolvendo um papel único.6
6 Conteúdo do curso do PDE-2011 na UFPR, Relacionamento interpessoal e Educação com a Dra.
Suzane Schmidlin, Ms Ana Paula Viezzer salvador e Dra.caroline G. de S. de Toni.
Relacionamento Interpessoal na escola: Professor – professor; Professor – aluno; Professor – equipe pedagógica; Aluno- equipe pedagógica; Professor – funcionários; Aluno – funcionários; Professor – comunidade; Alunos – comunidade.
Relações Interpessoais na escola: Exige habilidades que podem ser cultivadas e desenvolvidas; Trabalho cooperativo é mais rico e atinge melhores resultados; Propicia melhor qualidade de vida a todos os envolvidos.
57
Aprofunde seu conhecimento:
AQUINO, J. G. (org.). Autoridade e autonomia na escola: alternativas
teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1999. p. 9-29; 3-47; 71-84; 131-
153; 201-213.
AQUINO, J. G. Confrontos na sala de aula: uma leitura Institucional da
relação professor-aluno. São Paulo : Summus, 1996. p. 13-46.
ARROYO, G. M. Imagens Quebradas – trajetórias e tempos de alunos e
mestres. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004,p. 134, 135, 142-159, 383-405.
CUNHA, M. I. O bom professor e sua prática. Campinas, SP: Papirus,
1989. p. 27-33; 69-121; 123- 129; 137-151.
MORAES, P. R. B.; PESCAROLO, J. K. Quem tem medo dos jovens?
Revista Igualdade. Curitiba, v. 14, p. 21 – 46, 2008.
58
Unidade 4
CONHECIMENTO
X
PROCEDIMENTOS
METODOLÓGICOS
X
APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA
EM SALA DE AULA
59
Objetivo:
Levar o professor a repensar o cotidiano pedagógico, buscando
uma prática inovadora e criativa.
Discutir novas práticas que possibilitem contextos mais
significativos de aprendizagem.
Refletir sobre as estratégias didáticas nos métodos de ensino
utilizados pelo professor em sala de aula.
Conteúdos:
Conhecimento, metodologia, aprendizagem.
Desafio de educar pela pesquisa.
Busca de uma nova prática Pedagógica.
Recursos:
Textos
Data show
Vídeo
Música
Tempo de duração:
A Unidade é composta por dois módulos de 2h30min cada um.
Encaminhamento metodológico:
Apresentação ilustrativa para início do tema com o vídeo
―Metodologia ou tecnologia‖;
Análise, reflexão e debate da letra da música ―Estudo errado‖. Cada
participante vai apresentar os trechos da música que considera mais
relevante, relacionando com a realidade da nossa escola;
Leitura do texto: Conhecimento x Procedimento Metodológico x
Aprendizagem significativa em sala de aula;
Reflexão, discussão e registro em grupo sobre o texto, com
conclusão em plenária;
Reflexão e discussão com o vídeo ―novos paradigmas da educação‖;
60
Atividade em grupo com o texto do autor Celso Vasconcellos (2003)
- Estruturando um novo vínculo pedagógico. Cada grupo vai discutir
e apresentar em plenária uma parte do texto a ser determinada;
Oficina, cada participante vai elaborar uma aula com um conteúdo
da sua disciplina que seja significativo com a realidade do aluno,
apresentando em plenária;
Ilustração com o vídeo ―você Aprende‖ com a poesia de Willian
Shakespeare para finalização.
Vídeo de apresentação:”Vídeo metodologia ou
tecnologia”
Vídeo GTRIC – Grupo de trabalho de imagem e conhecimento – duração 3‘06 – roteiro: José Cubero Allende; Desenho/animação:Jayme Junior; Narração Cristovam Abranches – Universidade Presidente Antonio Carlos – UNIPAC.
URL: http://www.youtube.com/watch?v=IJY-NIhdw_4
Sinopse:
Este vídeo faz uma crítica
do mau uso das
tecnologias na sala de
aula. De nada adianta
dispor de um recurso, e
não utilizá-lo
adequadamente.
61
Escutar, analisar e registrar
Música Estudo Errado
Composição: Gabriel, o Pensador
Estilo: Rap, Hip Hop - Tempo: 5‘
Gravadora/selo Sony/Chaos - Ano: 1999
URL: http://www.youtube.com/watch?v=OSGQzrbaH4Y&feature=related
Letra da música:
‖EU TÔ AQUI, PRA QUÊ?
SERÁ QUE É PRA APRENDER?
OU SERÁ QUE É PRA ACEITAR, ACOMODAR E OBEDECER
A MAIORIA DAS MATÉRIAS QUE ELES DÃO EU ACHO INÚTIL
NÃO APRENDI NADA DE BOM, MAS TIREI DEZ
QUASE TUDO QUE APRENDI, AMANHÃ EU JÁ ESQUECI
DECOREI, COPIEI, MEMORIZEI, MAS NÃO ENTENDI.‖
Atividade
Cada participante deverá registrar os trechos mais relevantes da música,
discutindo com os colegas e se posicionando. Que reação a música nos
provoca e qual a relação com a realidade da escola?
Para ler e refletir
CONHECIMENTO X PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS X
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA EM SALA DE AULA
Por ser a nossa era definida como a era do conhecimento, Gadotti
(2000, p.13) observa que se for pela importância dada hoje ao conhecimento,
em todos os setores, pode-se dizer que se vive mesmo na era do
62
conhecimento, na sociedade do conhecimento, sobretudo em conseqüência
da informatização e do processo de globalização das telecomunicações a ela
associado.
O conhecimento é o grande capital da humanidade. Não é apenas o capital da transnacional que precisa dele para a inovação tecnológica. Ele é básico para a sobrevivência de todos e, por isso, não deve ser vendido ou comprado, mas sim disponibilizado a todos. (GADOTTI, 2000, p.4).
Entretanto, constata-se que o momento é de difusão de dados e de
informações, e o conhecimento está ficando de fora. Esse fenômeno é
explicado pelas novas tecnologias, que segundo Gadotti (2000), têm
processado gigantescos volumes de informações, que são armazenadas
inteligentemente e permitindo a pesquisa e o acesso de forma simplificada.
Segundo Luckesi (1994), ―na prática docente, muitas vezes se
exercita o ensino sem se perguntar o que é conhecimento, seu sentido, seu
significado‖. Para o autor, o conhecimento é adquirido pelo sujeito humano,
através de sua confrontação e compreensão inteligível da realidade.
Muitas vezes, o conhecimento significa para a escola transmissão e
retenção de informação, é confundido com o processo de decorar
informações de livros, para a seguir, repeti-la em provas escolares ou em
provas de seleção, e a realidade em si, permanece obscura e não
compreendida. Isso não é conhecimento. Isso é memorização de
informação, sem saber o que, de fato, essa informação significa.
(LUCKESI, 1994, p. 123)
Aquino (1998) ressalta que não se pode repassar as informações,
simplesmente, é preciso utilizar-se das informações de maneira
intelectualmente ativa,ensinar o que elas querem dizer, para muito além do
que elas dizem, para que se transformem em efetivo entendimento do
mundo exterior.
Gadotti (2000) lembra que a sociedade do conhecimento oferece
múltiplas possibilidades de aprendizagem, que são parcerias entre o público
e o privado (família, empresa, associações, etc.); avaliações permanentes;
debate público; autonomia da escola; generalização da inovação, trazendo
grandiosas consequências para a escola e para a educação em geral. São
elas: ensinar a pensar; saber comunicar-se; saber pesquisar; ter raciocínio
63
lógico; fazer sínteses e elaborações teóricas; saber organizar o seu próprio
trabalho; ter disciplina para o trabalho; ser independente e autônomo; saber
articular o conhecimento com a prática; ser aprendiz autônomo e à distância.
De acordo com Luckesi, ter a possibilidade de compreender a
realidade e o mundo que está a nossa volta, de uma forma mais ampla, é
interesse para cada um de nós e de cada criança e cada jovem que está na
escola. ―Para ganhar um novo sentido, o conhecimento assimilado pelo
educando deverá apresentar-se como alguma coisa significativa e
existencial‖. (LUCKESI, 1994, p.130).
Aquino (1998) ressalta que embora os meios de comunicação
possam ter como objetivo o entretenimento e o lazer, a escola, ao contrário, é
―lugar de trabalho árduo e complexo, mas nem por isso menos prazeroso...‖
Todavia, o professor não é um mero difusor de informações, e muito menos
um animador de platéia, da mesma forma que o aluno não é um espectador
ou ouvinte. ―Ele é um sujeito atuante, co-responsável pela cena educativa,
parceiro imprescindível do contrato pedagógico‖. (AQUINO, 1998, p.12).
Visando a transformação do pensamento do aluno, o trabalho escolar
muitas vezes está em oposição à realidade discente, ou seja, o mundo do
conhecimento contrapõe os saberes sistematizados àqueles pragmáticos, do
dia-a-dia, o que qualifica a escola como um lugar ultrapassado. Penin, (1990)
afirma que a sobrevalorização do conhecimento sistematizado tem hoje
pesado insistentemente sobre nossa civilização, as instituições e as fontes
divulgadoras do saber. Devido a nossa herança de sobrevalorização de saber
sistematizado, muitos professores parecem valorizar esse saber,
entendendo-o como ―científico‖, como ―verdadeiro‖, com muito pouco
questionamento, em conseqüência, não explorando os elementos
provenientes da sua vivência. O ―Acesso ao saber elaborado sem reflexão a
partir da prática torna-se mero discurso‖. (PENIN, 1990, p.9).
Na verdade a escola é um lugar em que se cultiva a relação com o
conhecimento; oportunizando o jovem a confrontar seu saber de vida
espontâneo com o saber sistematizado, de construir esquema intelectuais e
de ação para interpretar, compreender e participar intencionalmente as
relações sociais e da prática produtiva.
64
Segundo Arroyo (1987), a história da pedagogia é a história da
instrução escolar. Essas pedagogias são marcadas por um escolacentrismo7
que deve ser superado para dar condições de entender e agir
pedagogicamente na escola. A prática social é tão importante quanto o valor
do saber escolar, a constituição da escola separa teoria e prática, enfatizando
a transmissão de conteúdos.
A escola é, antes de tudo, uma experiência social e não apenas um lugar
onde cada um leva o caneco para receber sua poção de saber
sistematizado. Essa é uma visão reducionista da função da escola... A
escola é importante não tanto pelo que os alunos recebem em termos de
conteúdos verbalizados pelo mestre ou o livro, mas pela experiência que
adquirem no campo social, cultural e intelectual. (ARROYO,1987,p. 20)
De acordo com Santomé (1993), as salas de aula não podem
continuar sendo um lugar para a memorização de informações
descontextualizadas. O alunado precisa compreender bem quais são as
diferentes concepções do mundo e os principais problemas da sociedade a
que pertencem. A escola deve ser um espaço onde as novas gerações se
capacitem para adquirir e analisar criticamente o legado cultural da
sociedade. O trabalho com o conhecimento é o processo de apropriação e
construção, envolvendo conteúdo e metodologia. Conhecer é uma atividade
que exige esforço.
Vasconcelos (1996) também coloca que a metodologia não é
problema de uma escola, curso ou professor, ao contrário, é um problema
que perpassa todo sistema educacional, uma vez que é longa a tradição de
um ensino passivo, desvinculado da vida. A metodologia expositiva tem suas
raízes na concepção clássica (antiguidade) ou escolástica (Idade Média).
Na metodologia expositiva o aluno recebe tudo pronto, não problematiza, não é solicitado a fazer a relação com aquilo que já conhece ou a questionar a lógica interna do que está recebendo, e acaba se acomodando. A prática tradicional é caracterizada pelo ensino ―blá-blá-blante‖, salivante, sem sentido para o educando, meramente transmissora, passiva, a-crítica,
7 A centralidade de um determinado modelo de escola na formação cultural da sociedade
moderna possui não somente uma dimensão social de reprodução das desigualdades sócio-economico-culturais, mas uma dimensão epistemológica fundamental, que é a constituição de um discurso pedagógico que toma a escola como instituição educativa por excelência.
65
desvinculada da realidade, descontextualizada. (VASCONCELLOS, 1996, p.35).
Como o aluno não questiona o professor e o seu próprio
entendimento, não amplia nem reformula seus conhecimentos, sem
condições de conectar o que aprendeu com outras situações da vida prática.
A metodologia que predomina em sala de aula é expositiva com
apresentação sistematizada dos conteúdos, repassados de forma linear. Para
o professor com uma formação acadêmica linear e segmentada, é normal
que enfatize a postura transmissora de conhecimento, continuando a
privilegiar a memorização. Deste modo cria-se muitas vezes (não sempre),
entre professor e aluno o ―pacto da mediocridade‖: o professor finge ensinar,
e o aluno aprender; pacto este fomentado pelo governo que reclama um
maior número de aprovações.
Cabe a escola possibilitar aos alunos o domínio de instrumentos para
que os mesmos tenham condições de relacionar conhecimentos de maneira
significativa e também aplicar tais conhecimentos na construção de novas
relações sociais. Se for objetivo da escola atender as demandas da
sociedade atual, é condição impreterível que trate de questões que os alunos
se confrontem no seu dia-dia.
Para que realmente o aluno desenvolva a capacidade de relacionar
os conhecimentos de modo significativo é necessário que o mesmo esteja
disponível para a aprendizagem em um sentido mais amplo, o que em parte
está relacionado com sua história de êxitos e fracassos escolares que vão
determinar o grau de motivação em relação às aprendizagens atualmente
propostas. É importante que os conteúdos de aprendizagem sejam
funcionais, o que dará sentido a toda metodologia aplicada.
As aprendizagens chamadas significativas ocorrem quando os alunos
estabelecem relações substanciais entre os conhecimentos previamente
construídos por eles e o conteúdo escolar, articulando novos significados:
A aprendizagem significativa implica sempre alguma ousadia: diante do
problema posto, o aluno precisa elaborar hipóteses e experimentá-las.
Fatores e processos afetivos, motivacionais e relacionais são importantes
nesse momento (...) Assim como os significados construídos pelo aluno
66
estão destinados a ser substituídos por outros no transcurso das
atividades... (MEC, 1997 a, p.53).
Os alunos constroem significados a partir das interações que eles
criaram no decorrer do processo de aprendizagem, tornando-se sujeitos
deste processo, outrossim, o professor atua como mediador desta interação;
também essencial à socialização e a interação dos alunos uns para com os
outros, assim, devem ser eleitos métodos e atividades que ofereçam
experiências de aprendizagem ricas em situações de participação, nas quais
os alunos possam opinar, assumir responsabilidades, colocar-se, resolver
problemas e conflitos e refletir sobre as conseqüências de seus atos. A este
respeito o MEC esclarece:
O papel do professor nesse processo é, portanto, crucial, pois a ele cabe
apresentar os conteúdos e atividades de aprendizagem de forma que os
alunos compreendam o porquê e o para que do que aprendem, e assim
desenvolvam expectativas positivas em relação à aprendizagem e sintam-
se motivados para o trabalho escolar. Para tanto, é preciso considerar que
nem todas as pessoas têm os mesmos interesses ou bilidades, nem
aprendem da mesma maneira, o que muitas vezes exige uma atenção
especial por parte do professor... (MEC, 1997 a, p.69).
Situações que envolvam atividades como seminários, pesquisas,
exposição de trabalhos, organização de campanhas, monitoria de grupos de
estudo, eleição e desenvolvimento de projetos, etc. favorecem essa
aprendizagem. Na prática da sala de aula, às vezes, temos que partir da
experiência cotidiana dos nossos alunos para elevá-los a um patamar mais
crítico e complexo de entendimento. Outras vezes, temos que partir do
próprio conhecimento acumulado pela humanidade através do método de
exposição.O professor apresentando os conteúdos escolares na forma de
problema permite ao aluno buscar uma solução do problema com liberdade.
Em lugar de começar com definições ou conceitos já elaborados, deve usar
procedimentos que façam o aluno raciocinar e elaborar os próprios conceitos
para depois confrontar com o conhecimento sistematizado. Preparando os
alunos que tem vidas tão diferentes entre si e que, provavelmente terão
também futuros distintos, as principais lições legadas por John Dewey (1976)
são: não havendo separação entre vida cotidiana e escola, a educação deve
preparar para vida promovendo seu constante desenvolvimento.
67
Não podemos continuar de braços cruzados, assistindo a nossa
educação tornar-se cada vez mais desvalorizada, é necessário que saiamos
da inércia para a prática, buscando atinar nos nossos alunos, não a
importância do conhecimento pelo conhecimento, mas a atuação deste na
sua prática cotidiana.
4.1 Busca de uma nova prática pedagógica8
Uma nova metodologia participativa em sala, aposta no resgate da
significação do estudo dos conteúdos fazendo com que o professor e o aluno
redescubram o gosto pelo conhecimento.
Um planejamento efetivo é necessário para que o professor não
tropece em decisões de última hora. A atividade do professor de acordo com
o planejado permite que este conheça a realidade, ficando claro os objetivos,
alinhando mediações com significado, norteando ação e avaliação da sua
prática.
O conhecimento da realidade é importante porque o educador primeiro
considera o aluno como um sujeito histórico, segundo conhece o ensino
dentro de um espaço e terceiro conhece o objeto de estudo e seus
relacionamentos com outras áreas. Assim o professor consegue saber onde
vai chegar, com mais critério para organizar seu trabalho, em função do valor
que o aluno atribuiu a ele e a interação que estabelece em sala.
Qual então a tarefa do professor? A principal tarefa do professor é
fazer com que o aluno aprenda determinados conteúdos socialmente
relevantes, que aprenda a pensar para favorecer o pleno desenvolvimento
humano. O conteúdo é o meio, o pensar que forma o cidadão, para
contsrução do saber devemos considerar sobre o que deve ser ensinado
juntamente com o como. Segundo Forquim (1993, p.167) ―favorecer o
desenvolvimento humano é colocar alguém em presença de certos elementos
da cultura â fim de que ele os incorpore à sua substância, que ele construa
sua identidade intelectual e pessoal em função deles‖.
8 Inspirado na obra de Celso dos Santos Vasconcellos, 2003.
68
Para a elaboração da metodologia do conhecimento, é preciso
organizar em dimensões sucessivas. Primeiro mobilizar o conhecimento de
um trabalho específico pedagógico, no qual é suposto o interesse do sujeito
(aluno) em conhecer. Apresenta o objeto para o aluno pensar, em seguida o
professor se coloca como mediador e propõe a construção do conhecimento,
o aluno põe em movimento o seu conhecimento prévio sobre o objeto.
O professor como mediador fica atento para que esta construção
abarque todo o processo e não apenas ―etapas‖, unilinear. Em seguida o
processo de avaliação, o professor fica atento aos indícios; o que está dando
certo; o que esta atingindo melhor os alunos; o que permite alterar no plano
todo para melhor aprendizagem. A sala de aula portanto, é um espaço
complexo e a motivação dentro dela esta relacionada às necessidades do
sujeito fora dela.
Para a tarefa pedagógica o interesse do aluno se justifica pela
importância que tem o processo do conhecimento. De modo geral o interesse
tem que ser provocado. A mobilização provoca a necessidade entre o sujeito
e o objeto do conhecimento. Existem dois tipos de interesse, imediato aquele
que tem um fim em si mesmo, e mediato aquele que antecipa o resultado
que faz, isto é, no processo de aprendizagem o sujeito tem de alcançar o
objeto com atenção investigativa. Interessar o aluno pela aula é analisar os
fatores que interferem na mobilização. O aluno como sujeito, sofre muitas
influências que podem afetar na mobilização do conhecimento. Entre eles
estão a sociedade; a família; o sistema educacional e o próprio aluno.
Existem, portanto, a possibilidade de o aluno se desinteressar pelo estudo
tem fatores extra-classe. Segundo Vasconcellos:
O desejo de todo educador é encontrar ou conseguir estabelecer motivação de seus alunos: que os alunos queiram conhecer aquele objeto de conhecimento que ele está propondo a abordar. Vem então a questão: até que ponto isto seria possível, levando-se em conta os diversos níveis de significação que os alunos estabelecem e as diversas necessidades que cada um tem na sua vida concreta?(...) É muito difícil o professor conseguir o interesse e participação de todos, o que está em pauta (...) é conseguir um clima de aula (...) espera-se o desenvolvimento em sala de aula de alguns valores básicos, como a responsabilidade pelo estudo, em direção a
autonomia, onde o próprio aluno seja capaz de se regular(...) Através de uma relação dialógica, estabelecer os combinados, enfim um
contrato pedagógico mais substancial...(VASCONCELLOS, 2003, p. 175, 176, destaque no original).
69
A referência inicial para o sucesso da ação pedagógica para o
conhecimento é aquilo que o aluno já sabe; quando o professor solicita,
identifica ou reconhece aquilo que o aluno traz, favorece uma predisposição
para a proposta de trabalho. Quando o professor ostenta uma postura de
imposição o educando se fecha.
O educando também deve ter clareza dos objetivos para que suas
ações sejam intencionais, garantindo assim, resultados positivos com
participação, avaliação, critica e sugestões, abrindo de relacionamento afetivo
e intelectual. O professor por sua vez, provoca, desperta outras
necessidades, ajuda o aluno tomar consciência entre as que são mais
relevantes e as que são induzidas. É esforço que faz para relacionar o objeto
do conhecimento com alguma necessidade já presente no educando.
O que dá sustentação a esta nova forma de trabalho são algumas
práticas pedagógicas que favorece esta postura como:
Metodologia Participativa: quando o professor pára de falar para
que o aluno se expresse;
Projetos Didáticos: quando os temas escolhidos pela turma são
objetos de estudo;
Trabalho em grupo: que permite a comunicação, a expressão. O
confronto entre pontos de vistas deferentes;
Pesquisa: com preparo prévio do material possibilita a análise
profunda do tema;
Espaços Diferenciados: dentro da sala de aula para permitir
leituras, jogos etc.;
Estudo em Sala: para melhorar assimilação da matéria.
Para resgatar a sala de aula como um espaço de estudo, nos dias
atuais, construir um vínculo pedagógico coerente, reconhece-se que a
questão da mobilização dos alunos para o estudo é um dos maiores desafios
pedagógicos.
70
4.2 Desafio de educar pela pesquisa9
Tendo o objetivo de levar o professor a repensar o cotidiano
pedagógico buscando uma prática inovadora criativa, para alcançar este
intento a metodologia da pesquisa se apresenta como excelente opção.
Educação pela pesquisa é o questionamento reconstrutivo com
qualidade formal e política. Pesquisa deve ser atitude cotidiana, no professor
e no aluno. Cada professor precisa saber propor seu modo próprio de teorizar
e praticar a pesquisa, como fonte principal de sua capacidade criativa. Por
isso a sala de aula precisa ser repensada, com essa convicção Demo afirma:
Não é educativo reforçar a imagem autoritária do professor, será útil retirar o pedestal do professor, para apresentar-se como orientador do trabalho conjunto, coletivo e individual, de todos. Não implica, perder a autoridade, instaurando a impertinência dos alunos, mas, implica preferir a autoridade que se erige pela competência, bom exemplo, orientação dedicada. (DEMO, 2003, p. 7)
Transformar a sala de aula, em um local de trabalho conjunto, é uma
empreitada desafiadora, por que significa não privilegiar o professor, mas o
aluno. Este deve poder movimentar-se, comunicar-se, organizar seu trabalho,
disciplina, atenção, etc. Supõe ainda reorganizar o ritmo de trabalho, para um
tempo maior que permita desenvolver tarefas mais participativas. Portanto,
trabalho individual de pesquisa é a habilidade central e aparece na
capacidade do indivíduo organizar gradualmente : argumentar, fundamentar,
questionar, propor e contrapropor são iniciativas que supostamente seriam de
um sujeito capaz, e esta individualidade é insubstituível.
Ao Trabalhar em equipe, correm-se riscos notórios, o mais comum é
a improdutividade, marcada pela dificuldade de organizar o trabalho e
conseguir a colaboração máxima de todos. Como regra sobram as tarefas
principais para alguns enquanto a maioria não colabora. Tratando-se de
questionamento reconstrutivo, supõe-se que cada um apareça no grupo com
elaborações próprias, (pesquisa prévia, argumentação cuidadosa, dados
concretos). Entretanto, o professor deve tomar alguns cuidados de
organização, tais como: toda equipe deve ter um líder ou coordenador,
responsável pelo andamento dos trabalhos e pela consecução final dos 9 Inspirada na obra de Pedro Demo, 2003, p.5.
71
objetivos; deve se destacar um ou mais relatores; cada membro deve
colaborar de modo concreto, além de estar presente, participar ativamente
nas discussões. Por fim, é importante que o grupo tenha habilidade para
processar os fenômenos psicossociais negativos, como: isolamento de
alguém, intrigas e ciúmes, altos e baixo em termos de ânimo, etc. Ademais, é
recomendável que os grupos se revezem em sua constituição, para evitar as
―panelinhas‖ e incentivar a permuta de colaboração com todos.
Existem alguns passos importantes na pesquisa e se faz necessário
enumerar: num primeiro momento, procurar materiais, questionando a receita
pronta, fomentando a iniciativa. Num segundo momento da pesquisa, é
importante a interpretação, compreendendo e dando início a uma elaboração
própria. No terceiro momento, o senso comum do conhecimento disponível e
o questionamento reconstrutivo da pesquisa com redação própria. Neste
sentido é fundamental que os alunos escrevam e redijam, desenvolvendo a
capacidade de formular. Na busca da consciência crítica, referindo-se a
formação do sujeito competente, teoriza Demo:
Cabe ao professor competente vislumbrar as maneiras de fazer a passagem segura entre o mero aprender e o aprender a aprender... Não é educativa a atitude do professor que, como ponto de partida reduz os alunos a tabula rasa, transformando-os em cabeças vazias que, agora, serão recheadas de coisas que vêm de fora para dentro e de cima para baixo. Tal postura reforça condição de objeto, enquanto o processo educativo correto exige a relação de sujeito. Para tanto, é mister partir do aluno, tomando-o como parceiro. A forma mais eficaz é a valorização de seu trajeto cultural. (DEMO, 2003, p.25)
Nesse processo, é indispensável introduzir formas alternativas de
avaliação escolar, com base em dois critérios interligados: de um lado,
compreender a avaliação como um processo constante de acompanhamento
da evolução do aluno. O professor pode avaliar através de anotação livre,
sem atribuir notas para garantir que cada aluno encontre seu caminho de
progresso. De outro lado, formular outros indicadores de desempenho com o
processo de formação da competência: interesse pela pesquisa, êxito em
formulação própria, nível de participação individual.
Dentro deste horizonte, é possível eliminar a prova, ou pelo menos
utilizá-la esporadicamente. O aluno precisa adquirir a confiança de que é
72
avaliado pelo seu desempenho geral. O papel do professor com esta
expectativa de avaliação assume seu papel como orientador do
questionamento reconstrutivo no aluno, e não como repassador do
conhecimento.
O acompanhamento contínuo da evolução do aluno, sob o olhar
vigilante do professor, deve ser um processo habitual para que o aluno
encontre seu caminho de progresso. A escola precisa deixar para trás o
entupimento expositivo, a avaliação bancária, o repasse e cópia, buscando
novo ambiente no qual se usa o espaço escolar inteiro, inclusive o meio
ambiente circundante. Neste contexto, o crescimento da consciência crítica
estará dependente de uma nova maneira de encarar a relação entre sujeito e
o objeto do conhecimento. É necessário, para isso, caminhar por um ensino
que favoreça a produção do conhecimento, localizando os sujeitos da
aprendizagem numa probabilidade de indagação que leve ao estudo, à coleta
de dados e à reflexão.
Nesta perspectiva, segundo Cunha (2001), a pesquisa passa a ter um
sentido especial, pois envolve o professor no dever de investigar e analisar o
seu próprio mundo. O primeiro pesquisador, na sala de aula, é o professor
que investiga seus próprios alunos. Este ponto de vista exige que a pesquisa
deixe de ser um mito para ser uma prática acessível, em suas modalidades, a
todo professor e a todo o aluno. Conciliar ensino e pesquisa significa avançar
para que a educação seja integrada, envolvendo estudantes e professores
numa criação do conhecimento usualmente partilhado.
O estudo do professor no seu cotidiano, o inclina como ser histórico e
socialmente contextualizado, ―pode auxiliar na definição de uma nova ordem
pedagógica, e na intervenção da realidade no que se refere à sua prática e à
sua formação‖. (CUNHA, 2001, p.33).
Atividade
Para ler, observar e registrar em grupo
73
1) ―... a escola que deveria se caracterizar como um local propiciador de
constante enriquecimento do ser humano, um campo de relações interpessoais que dessem ocasião à passagem da subordinação à autonomia, da imitação à criatividade, da dependência à independência, apresenta-se como obstáculo a tais possibilidades‖. (D‖ANTOLA, (org,), 1989, p. 42). Por que a escola apresenta-se como um obstáculo nos dias atuais e quais as propostas subtendidas no texto para reverter a afirmação.
2) Comente a frase abaixo relacionando-a à sua experiência escolar como professor: ―Ouvindo professores sobre sua concepção de bom aluno, as características: bem comportado, obediente, cumpridor de sua tarefas são apontados com freqüência. Em contraposição, ser crítico e reflexivo aparecem raramente nesses depoimentos‖. (D‘ANTOLA, 1989, p.41)
3) No entendimento do grupo, o que é ser um aluno crítico? E como formar um aluno para ter esta capacidade?
4) Diante da citação de Luckesi ― Muitas vezes, o conhecimento significa para a escola transmissão e retenção de informação‖, vocês concordam com o autor?. Justifiquem.
5) Com que freqüência a metodologia expositiva citada por Vasconcellos, esta presente no cotidiano da escola?
6) Quanto das metodologias propostas pelo o PPP constam nos seus
planejamentos anuais, e com que freqüência são aplicadas no dia-a-dia?
Vídeo: “Novos Paradigmas da educação” Vídeo com filósofo brasileiro, mestre e doutor em Educação Mario Sergio Cortella – tempo de duração: 40‘ – Distribuidora ATTA Midia. URL: http://www.youtube.com/watch?v=fcbx2cDZY24
Sinopse:
Neste vídeo, o filósofo Mário Sergio Cortella aponta características, posturas e movimentos que os educadores devem cultivar para a construção de novos paradigmas na Educação. --Temos um sinal curioso de uma certa distorção pedagógica quando alguém nos diz ‗os alunos de hoje não são mais os mesmos‘ e continua dando aula como a 10 ou 15 anos atrás.—Novos tempos. novas atitudes.
74
Atividade
a) Ler o texto ―Estruturando um novo vínculo pedagógico‖ do Celso
Vasconcellos, 2003. Cada grupo deve ler, discutir e apresentar em plenária os tópicos a serem indicados.
b) Oficina, cada participante deverá elaborar uma aula com um conteúdo
da sua disciplina que seja significativo com a realidade do aluno. A seguir, apresenta seu planejamento em plenário, focando suas dificuldades e facilidades encontradas na elaboração.
Vídeo:
“Você Aprende”
Filme narrado por Moacir Reis do poema de William Shakespeare sobre o título "Você Aprende".– tempo de duração: 6‘28‖ – URL: http://www.youtube.com/watch?v=_jMV5qU9l6s
Reflitam!
75
Aprofunde seu conhecimento:
DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas, SP: Autores
Associados, 2003. p. 5 – 53.
DEWEY, John. Experiência e Educação. Tradução de Anísio Teixeira.
São Paulo: Editora Nacional, 1971. p..23 – 44.
HOOKS, B. Teaching to Transgress. Aprendendo a transgredir:
educação como prática de liberdade. Revista Holistc education, n. 13,
New York, 1994. (mimeo).
LUCKESI, C. C. O Conhecimento: elucidações conceituais e
procedimentos metodológicos. São Paulo: Cortez, 1994. p.121 – 145.
RODRIGUES, N. Por uma nova escola: o transitório e o permanente na
educação. São Paulo: Cortez, 1986. Texto: Do contingente e do
necessário na educação. Parte 3. p. 93 – 115.
VASCONCELLOS, C. S. Avaliação da Aprendizagem: práticas de
mudança – por uma práxis transformadora, São Paulo : Libertad, 2003. p.
143 – 180.
76
Considerações Finais
O Programa de Desenvolvimento Educacional possibilitou a
participação em cursos, seminários, inserção acadêmica, além da elaboração
do projeto de intervenção e da produção do material didático. Esses eventos
contribuíram para o aprofundamento teórico acerca do tema abordado e na
elaboração do projeto de intervenção para a produção didático-pedagógica,
que resultou neste caderno pedagógico.
Essa primeira fase do PDE foi importante para nos distanciarmos do
cotidiano escolar e termos um novo ―olhar‖ sobre os fatores que interferem no
aproveitamento dos estudantes, podendo assim refletir acerca de possíveis
soluções. Pois é no contexto escolar onde nos encontramos diariamente,
juntamente com nossos colegas de trabalho, crianças e jovens, que
enfrentamos os desafios atuais da educação.
A sala de aula continua sendo um espaço com inúmeras possibilidades
para a renovação e transformação de nossas práticas pedagógicas,
estimulando todos a iluminar seu intelecto, para além das fronteiras do
aceitável, criar novas perspectivas, celebrando um aprendizado além das
limitações. É preciso criar agora novas estratégias de compartilhar o saber.
Este é o intuito do presente caderno.
É importante ressaltar que este material não tem a pretensão de
esgotar a problemática. Espera-se que sirva de suporte teórico para buscarmos
soluções que nos permitam agirmos coletivamente diante de todos os desafios
do trabalho pedagógico.
77
Referências
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78
FREDERICO, E.Y.; OSAKABE, H. PCNEM – Literatura. Análise crítica. In: Brasília, MEC/SEB/Departamento de Políticas de Ensino Médio. Orientações Curriculares do Ensino Médio. Brasília: 2004. GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação. Revista Perspectiva, São Paulo, vol.14 n.2 , Abr./Jun. 2000. GARCIA, R. L. A educação escolar na virada do século. In: Costa, Marisa V. (org), Escola básica na virada do século-cultura, política e currículo, Cortez, São Paulo, 1996. p. 145 – 168. GOMES, N. L. Indagações sobre Currículo: diversidade e currículo. Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008. 48p. HOOKS, B. Teaching to Transgress. Aprendendo a transgredir: educação como prática de liberdade. Revista Holistc education, n. 13, New York, 1994. (mimeo).
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vista pedagógico. Artigo apresentado ao Curso do Mestrado em Educação da
Universidade Tuiuti do PR – PROPPE – Pró-Reitoria de Pós-Graduação,
Pesquisa e Extensão. Curitiba, 2006.
I
79
PIRES, D. B. Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula e na escola. Revista Educação e Sociedade, Campinas, SP vol.20 n.66, Abr. 1999 REGO, T. C. A indisciplina e o processo educativo. In: AQUINO, J. (Org.). Indisciplina na escola. São Paulo: Summus, 1996. p. 83-101. RODRIGUES, N. Por uma nova escola: o transitório e o permanente na educação. São Paulo: Cortez, 1986. Texto: Do contingente e do necessário na educação. Parte 3. p. 93 – 115. SANTOMÉ, J. T. As culturas negadas e silenciadas no currículo. In: SILVA, Tomaz Tadeu da, Alienígenas nas sala de aula:Uma introdução aos estudos culturais em educação. Cuadernos de pedagogia, La Coruña, Espanha, p. 159 - 177,1993. SILVA, M. L. F. Indisciplina na aula: um problema dos nossos dias. Porto: Asa, 2001. SODRÉ, N. W. Síntese de história da Cultura Brasileira. São Paulo: DIFEL, 1984. TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. TEIXEIRA, C. R.; BEZERRA, R. B.. Escola, Currículo e Cultura (s): A construção do processo educativo na perspectiva da multiculturalidade. São Paulo: Dialogia, 2007. v. 6. p. 55 -63. VALENTE, J. A. O computador na sociedade do conhecimento. Campinas, SP: UNICAMP/NIED, 1999. VASCONCELLOS, C. S. Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula e na escola. São Paulo: Libertad, 1994. VASCONCELOS, C. S. Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escola. P. 227-256. 1997. Disponível em: HTTP// www.crmariocovas.sp.gov.br.br/amb_a.php?t=014. Acessado em: 10/10/2005. VASCONCELLOS, C. S. Para onde vai o professor? Resgate do professor como sujeito de transformação. São Paulo : Libertad, 1996 VASCONCELLOS, C. S. Avaliação da Aprendizagem: Práticas de Mudança – Por uma práxis transformadora. São Paulo : Libertad, 2003. VIANNA, I.; SCHMIDT, L.M.; ABUD, M.J.M. (org). Dialogando sobre disciplina com Paulo Freire. In: D‘ANTOLA, A. (org.). Disciplina na escola: autoridade versus autoritarismo. São Paulo: EPU, 1989. p. 1 - 12 .
80
APÊNDICE 1
Questionário aplicado aos professores:
Prezado(a) professor(a) Você está convidado(a) a participar do meu Projeto de Pesquisa do PDE, sobre “Desafios Pedagógicos Contemporâneo:diversidades ou adversidades em sala de aula.Sua colaboração e participação são de extrema importância para esse trabalho. Responda as questões abaixo, não precisa se identificar.
Obrigada,
Rossana Matte Pimentel
1. Tempo de exercício no Magistério:
a) Menos de cinco anos.
b) Entre cinco e dez anos
c) Entre dez e quinze anos
d) Mais de quinze anos.
2. Grau de satisfação com o ambiente de trabalho:
a) Satisfatório
b) Parcialmente satisfatório
c) Insatisfatório
d) Péssimo.
3. Se a sua resposta acima não foi ―satisfatório‖, o que o(a) leva a pensar
assim:
a) A relação com os alunos
b) A relação com os pais e comunidade
c) A relação com a direção
d) A indisciplina e o desinteresse do aluno
e) Outro (citar)_________________________________________________
81
4. Você considera que nos dias de hoje, a maioria dos alunos estão
desinteressados e desmotivados para o estudo?
( ) sim ( ) não Por quê?
...........................................................................................................................
...........................................................................................................................
5. Você considera que nos dias de hoje, a maioria dos professores estão
desinteressados e desmotivados para ensinar seus alunos? ( ) sim ( ) não Por quê? ......................................................................................................................................................................................................................................................
6. Enumere em ordem crescente, a melhor maneira para resolver um conflito
em sala de aula quando ocorre:
( ) O professor procura resolver o problema no ato.
( ) O professor chama o aluno para conversar em particular.
( ) O professor coloca os alunos envolvidos para fora da sala.
( ) O problema é levado a Equipe Pedagógica.
( ) O Diretor vem em sala para conversar com os alunos.
( ) O professor ignora o problema e dá continuidade a aula.
7. Sobre o uso do Regimento Escolar para aplicação de medidas pedagógicas
em sala de aula, você consulta:
a) Sempre
b) Às vezes
c) Somente quando o aluno comete um ato grave
d) Não faz uso do regimento, é função de outros.
8. Na sua opinião, quem deve participar na resolução de conflitos na Escola?
Numere-os em ordem crescente de importância:
( ) Professores.
( ) Família.
( ) Direção.
( ) Equipe pedagógica
( ) Conselho escolar.
( ) Conselho Tutelar
( ) Patrulha Escolar Comunitária.
82
9. Enumere em ordem crescente, o que você considera como mais importante no desenvolvimento das aulas para o aprendizado e motivação do aluno. ( ) Exigir a atenção dos alunos, durante suas explicações, exige estudo e a
realização de tarefas dentro dos prazos combinados.
( ) Copiar o conteúdo no quadro, usar o livro didático e dar visto nos
cadernos;
( ) Possuir condições básicas de conhecimentos acerca da matéria que
leciona, tendo habilidades para organizar as suas aulas;
( ) Manter relações afetivas com seus alunos;
( ) Tornar as aulas mais atraentes, apresentando o conteúdo da disciplina de
diferentes formas (explicações, filmes, livros, informática, jornal,
documentos, aula de campo, etc.), demonstrando capacidade de
expressão, de forma que todos os alunos entendam;
( ) Conduzir a crítica, a curiosidade e a pesquisa, e também buscar formas
inovadoras de desenvolver a aula, fazendo com que o aluno participe.
10. Os conteúdos da sua disciplina trabalhado em sala de aula têm
contribuído para que os alunos adquiram uma compreensão significativa da realidade?
( ) Sempre ( ) Com freqüência ( ) Raramente ( ) Nunca
11. Você concorda com essa frase do autor Miguel Arroyo: ―Se os alunos
mudaram poderemos continuar sendo os mesmos professores‖? ( ) sim ( ) não
Por quê?
............................................................................................................................
............................................................................................................................
12. Diante de toda a problemática, qual a postura a ser assumida pelo
professor? ( ) Justificar para não mudar
( ) Compreender para Transformar
83
APÊNDICE 2
Questionário aplicado aos alunos do Ensino Médio:
Prezado(a) Aluno(a) Você está convidado(a) a participar do meu Projeto de Pesquisa do PDE, sobre “Desafios Pedagógicos Contemporâneo:diversidades ou adversidades em sala de aula.Sua colaboração e participação são de extrema importância para esse trabalho. Responda as questões abaixo, não precisa se identificar.
Obrigada,
Rossana Matte Pimentel
Série: ....................... turma:..................... idade:................... sexo:...................
Assinale com um ( X ) uma opção de cada item do questionário abaixo, que melhor definir o seu ponto de vista.
1. Ser um bom aluno, para você, significa:
a) Freqüentar a escola, diariamente;
b) Fazer as atividades durante as aulas;
c) Realizar todas as atividades solicitadas pelo professor(a);
d) Rever os conteúdos na véspera das provas.
e) Todas as alternativas
2. Responda de que forma você se considera como aluno (a):
a) Interessado pelos estudos
b) Desinteressado pelos estudos e indisciplinado
c) Responsável com as tarefas e materiais e estudo por obrigação
d) Disciplinado e sem interesse pelos estudos
3. Você já reprovou alguma vez?
( ) sim ( ) não
84
4. Se você reprovou, qual foi o motivo?
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
5. Estudar é importante: a) Para conseguir um ―bom‖ emprego, no futuro;
b) Para ser mais educado;
c) Porque sente interesse pelos estudos;
d) Para conhecer diferentes assuntos que só na escola é possível aprender.
6. O que lhe traz mais prazer, durante o período em que você está no
colégio?
a) Desenvolver atividades escolares desafiadoras;
b) Desenvolver atividades esportivas;
c) A convivência com os amigos;
d) As aulas de alguns professores que considero muito interessantes.
7. Importância da escola na sua vida:
a) Não avaliei ainda;
b) Importante para a vida do aluno;
c) Não é importante, por que não é só na escola que se aprende coisas
interessantes;
d) Necessária para um dia se conseguir um diploma, e conseguir um bom
emprego.
8. A escola para você é um lugar:
a) De aprendizagem e estudo;
b) De obrigações e cobranças por parte dos professores;
c) De divertimento e passatempo;
d) De aprender assuntos e conteúdos pelos quais não se tem interesse algum;
9. O que significa ―aprendizagem‖, para você?
a) Entender os conteúdos passados pelos professores,
b) Saber responder às questões de provas, corretamente;
c) Conseguir relacionar o conteúdo aprendido em outras disciplinas ou em
situações da sua vida;
d) Saber repetir a explicação do professor de forma igual ou parecida.
85
10. Você considera que nos dias de hoje, a maioria dos alunos estão
desinteressados e desmotivados pelo estudo?
( ) sim ( ) não
Por quê?
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
11. Qual você julga ser a melhor atitude do professor na condução das aulas?
a) Liberal e deixa os alunos à vontade.
b) Severo e exigente
c) Impondo regras universais.
d) Propõe regras democráticas
12 O professor que demonstra interesse pelos assuntos particulares de seus
alunos, conversando durante as aulas, sobre temas que não fazem parte
do conteúdo é considerado:
a) O professor ―legal‖; b) O professor que mata aula;
c) O professor que não ensina;
d) O melhor professor .
13 Dificuldades de relacionamento entre professores e alunos em sua opinião
são motivadas por:
a) Professores autoritários que não consideram a opinião dos alunos ao fazer
as regras.
b) Alunos que exageram e então resta ao professor exercer sua autoridade.
c) Falta de aproximação dos professores com os alunos.
d) É normal o relacionamento ruim entre professor e aluno.
e) Outro. Citar: .................................................................................................
14. Por prioridade, relacione em ordem crescente as atitudes de um bom
professor para você:
( ) pontual ( ) exigente ( ) liberal ( ) educado
( ) comunicativo ( ) disciplinador ( ) autoritário
86
15. Enumere em ordem crescente , o que você considera mais importante
como característica de um bom professor, é aquele que:
( ) Exige a atenção dos alunos, durante suas explicações, exige estudo e a
realização de tarefas dentro dos prazos combinados.
( ) Aquele que copia o conteúdo no quadro, usa o livro didático e dá visto nos
cadernos;
( ) Aquele que possui condições básicas de conhecimentos acerca da
matéria que leciona, tendo habilidades para organizar as suas aulas;
( ) Mantêm relações afetivas com seus alunos;
( ) Tornam as aulas mais atraentes, apresentando o conteúdo da disciplina
de diferentes formas (explicações, filmes, livros, informática, jornal,
documentos, aula de campo, etc., demonstrando capacidade de
expressão, de forma que todos os alunos entendam;
( ) Conduz a crítica, a curiosidade e a pesquisa, e também buscam formas
inovadoras de desenvolver a aula, fazendo com que o aluno participe.
16. Em 2007 o índice do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica) do nosso Colégio foi de 3,5; em 2009 o índice aumentou para 4,4.
Sendo que o índice da média geral dos Colégios Estaduais do PR foi de
4,1.Os resultados apresentados pelo IDEB, na sua opinião, estão refletindo
a qualidade de ensino na sala de aula.
( ) sim ( ) não
Justifique:...............................................................................................................
17.Quais as estratégias poderiam ser aplicadas pelo professor ou pela escola
para amenizar a indisciplina e motivar os alunos para os estudos?
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
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APÊNDICE 3
AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDATICO PEDAGOGICA
Com relação a este caderno pedagógico responda e justifique:
1. Possibilitou a reflexão sobre as causas do desinteresse dos estudantes pelos estudos?
( ) Sim ( ) Não 2. Proporcionou momentos de reflexão e discussão sobre o tema indisciplina e
a forma como o professor convive com essa situação? ( ) Sim ( ) Não 3. Forneceu subsídios para debater novas formas de reduzir e prevenir a
indisciplina na sala de aula, refletindo a postura e a autoridade do professor? ( ) Sim ( ) Não 4. Contribuiu para repensar o cotidiano pedagógico e discutir novas práticas
que possibilitem contextos mais significativos de aprendizagem? ( ) Sim ( ) Não 5. Permitiu refletir sobre as estratégias didáticas nos métodos de ensino
utilizados pelo professor em sala de aula? ( ) Sim ( ) Não 6. Possibilitou refletir sobre as políticas educacionais e a diversidade referente
aos diferentes sujeitos presentes nas escolas públicas da Rede Estadual de Educação do Paraná.
( ) Sim ( ) Não 7. Contribuiu para refletir e debater sobre as influências resultantes da conduta
do professor nas interações com o aluno, do exercício de sua autoridade e quanto isso interfere na aprendizagem?
( ) Sim ( ) Não Pontos positivos e negativos: .............................................................................................................................................................................................................................................................. Sugestões, críticas e contribuições: ..............................................................................................................................................................................................................................................................