Prevenção e controle de ITU
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Fatores de riscos para as infecções do trato urinário
e medidas preconizadas para a
prevenção e controle
Enfa. Erika Goulart RodriguesEnfa. Walkiria Repezza
ANATOMIA DO SISTEMA URINÁRIO
O sistema urinário é constituído pelos órgãos uropoéticos, isto é, incumbidos de elaborar a urina e armazená-la temporariamente até a oportunidade de ser eliminada para o exterior. Os órgãos urinários compreendem:
Rins (2); Ureteres (2); Bexiga (1);
Uretra.
ANATOMIA DO SISTEMA URINÁRIO
Na mulher, a uretra é curta (4,0cm) e faz parte exclusivamente do sistema urinário. Já no homem, a uretra faz parte dos sistemas urinário e reprodutor. Medindo cerca de 20cm.
CONCEITOA ITU e definida, por grande parte dos
autores, como a colonização microbiana com invasão tecidual de qualquer parte do trato urinário, desde a uretra até os rins.
Poletto & Reis, 2005; Braoios, et al., 2009
INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO
As ITU estão entre os mais comuns de todas as infecções que afetam o corpo humano, além de constituir uma das principais causas de consulta na prática médica, somente ficando atrás das infecções respiratórias.
INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO
Nos EUA se estima:
7 milhões de consultas pelo agravo100.000 internações anualmenteGasto total: 1,6 bilhões de dólares anuais
Foxman, 2002; Mazili et al. 2012.
CLASSIFICAÇÃO As infecção do trato urinário podem ser
divididas em : Alta; Baixa .
CLASSIFICAÇÃO Assintomática: sem presença de sinais e sintomas
mas com urinoculturas positivas
Sintomática: apresenta pelo menos um sinal ou um sintoma ( febre, disúria, dor suprapúbica ou lombar) e apresenta cultura de urina positiva.
Anvisa, 2009
CLASSIFICAÇÃO
ITU alta:HipertermiaCalafriosAlgia em região de
flancosSinal de Giordano +Estrangúria
ITU Baixa . DisúriaPolaciúriaDesconforto supra-
púbicoHematúriaUrgência Miccional
ANVISA, 2009
ITU - RAS
AGENTE ETIOLÓGICO
Na maioria das vezes são causadas por bactérias, principalmente as gram-negativas, podendo ocasionalmente estar envolvidos fungos e vírus.
Song et. al. 2012
BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS
Escherichia coli;
Klebsiella;
Proteus;
Song et. al. 2012
BACTÉRIAS GRAM POSITIVAS
Streptococcus;
Enterococcus;
Staphylococcus.
Os fungos, como o candida , são importantes agentes etiológico nos diabéticos, e naqueles em uso de antibiótico de amplo espectro.
Song et. Al. 2012
NHSN – National Healthcare Safety Network
CA-ITU assintómática:◦ Paciente com CV◦ Urinocultura +
Presença de até duas espécimes microbianas◦ Não apresentando sinais clínicos
(IHI, 2008)
CA-ITU ASSINTOMÁTICA
NHSN – National Healthcare Safety Network
CA-ITU sintómática: infecção causada na fixação de um cateter urinário que está em vigor ou tenha sido removido nas últimas 48h.
(IHI, 2008)
CA-ITU SINTOMÁTICA
Os sítios mais comuns de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) são o Trato urinário40% do total de infecções referidas por hospitais gerais
Principal causa de ITUUso de cateter vesicais (80%)UTI: 15 a 20% dos pacientes têm indicação de sondagem
vesical
Epidemiologia das Infecções do Trato Urinário (ITU)
(ANVISA, 2009)
Infecção bacteriana é a mais comum. 12 a 30% da população experimenta um episódio de
infecção por ano. Mulheres adultas têm 50x mais chances de adquirir
ITU do que os homens. 30% das mulheres apresentam ITU sintomática ao
longo da vida.
Epidemiologia
(RORIZ-FILHO et al, 2010; MAZILI; CARVALHO JÚNIOR; ALMEIDA, 2011)
Duração do cateterismo esta diretamente relacionada ao risco de desenvolver ITU.
Com CV, o risco diário de desenvolver ITU cresce de 3% para 7%.
Quando um cateter permanece no local por uma semana, o risco de bacteriúria aumenta 25%, e quando permanece um mês o risco quase100%
Epidemiologia
(IHI, 2008)
Nem sempre preveníveis, as ITU podem ser evitadas em um grande número de casos pelo RIGOR na:IndicaçãoInstalaçãoManutençãoPermanência da sonda vesical (SV)
Limitação de sua indicação e de sua permanência são as práticas de melhor evidência para o seu controle
SV em pacientes cirúrgicos somente quando necessário e NUNCA rotineiramenteCirurgias urológicas ou órgãos contíguos
Recebimento de diuréticos ou de grandes volumes durante a cirurgia
Procedimentos e imobilizações com longa duração (ex.: cirurgias neurológicas/ ortopédicas)
Situações em que é imprescindível medir o débito urinário (cirurgias: cárdio-torácicas, vasculares grandes)
Indicações
(CDC, 2008; HICPAC, 2009)
Implantar SV exclusivamente quando necessário e NUNCA para incontinência
Auxiliar na cicatrização de feridas sacrais ou perineais em incontinentes
Em pacientes neurológicos a cateterização intermitente é preferível, bem como uso de fraldas/ jontex
Indicações
(CDC, 2008; HICPAC, 2009)
A. Exemplos de indicações apropriadas para o uso do cateter uretral
Paciente tem de retenção urinária aguda ou obstrução da saída da bexiga
Necessidade de medições precisas de débito urinário em pacientes críticos
Uso perioperatório para determinados procedimentos cirúrgicos:◦ Pacientes submetidos à cirurgia urológica ou outra cirurgia em estruturas
contíguas do trato geniturinário◦ Previsão de cirurgia de duração prolongada (cateteres introduzidos por esta razão
devem ser removidos na SRPA)◦ Pacientes antecipado para receber grande volume de infusões ou diuréticos
durante a cirurgia◦ Necessidade de monitorização intra-operatória de débito urinário
Para auxiliar na cicatrização de feridas abertas ou sacrais perineal em pacientes incontinentes
Paciente requer imobilização prolongada (por exemplo, coluna torácica ou lombar potencialmente instável, múltiplas lesões traumáticas, como fraturas pélvicas)
Para melhorar o conforto nos cuidados do fim da vida, se necessário
Indicações
(CDC, 2008; HICPAC, 2009)
B. Exemplos de usos inadequados de cateterismo
Como um substituto para cuidados de enfermagem ao paciente ou residente com incontinência
Como um meio de obtenção de urina para a cultura ou outros testes de diagnóstico quando o paciente pode anular voluntariamente
Para duração prolongada pós-operatória sem indicações apropriadas (reparação, por exemplo estrutural de estruturas uretra ou contíguas, efeito prolongado de anestesia epidural, etc)
Indicações
(CDC, 2008; HICPAC, 2009)
Preferir sistemas pré-conectados e seladosImplantação da SV por pessoa treinadaHigiene das mãosTécnica assépticaMaterial estéril
Luvas, solução fisiológica/anti-séptico/lubrificante Desnecessário uso rotineiro de lubrificantes anti-
sépticos
(CDC, 2008; HICPAC, 2009)
Instalação
Utilizar o menor calibre, sempre que possívelHomem: nº16, 18, 20 Mulher : nº 12, 14, 16Crianças: nº 8, 10
Considerar USG portátil para avaliar sondagens desnecessáriasVerificar a distensão vesical
Utilizar sistema fechado e no caso de quebra da técnica, trocá-lo
(CDC, 2008; HICPAC, 2009)
Instalação
Preferir sondas de silicone para pacientes com obstrução frequenteLátex< Poliuretano< Silicone
Não há evidência de benefícios das sondas impregnadas com nitrofurazona ou impregnadas com prata
Há evidência de benefício para as sondas com válvulas ao invés de bolsas de drenagem
Instalação
(CDC, 2008; HICPAC, 2009)
Manter a bolsa coletora SEMPRE abaixo do nível da bexiga
Drenagem sem contaminação
Substituir sonda e sistema no caso de infecção e/ou obstrução
Manutenção
(CDC, 2008; HICPAC, 2009)
Não utilizar antibióticos, exceto se bacteriúria assintomática por ocasião da retirada da sonda em pacientes pós-cirurgia urológica
Não usar antissépticos peri-meatal enquanto a sonda estiver instalada. A limpeza no banho é suficiente
Manutenção
(CDC, 2008; HICPAC, 2009)
Prevenir movimentação do cateter após implantadoHomem: fixação na região inguinal ou abdominal inferiorMulher: fixação na face interna da coxa
Irrigação vesical não está indicada, exceto após cirurgias prostáticas e vesicais, que tem sangramentos intensos
Manutenção
(CDC, 2008; HICPAC, 2009)
Avaliar a Permanência da SV
Retirar a SV assim que não houver critérios clínicos que indiquem o seu uso
(CDC, 2008; HICPAC, 2009)
Incidência acumulada (IA)Avalia o percentual de pacientes com infecção dentre o total de pacientes sob risco
de adquiri-laIA de ITU não relacionada a CV =
Nº de ITU sintomáticas X 100
Nº de internações ou altas
IA de ITU relacionada a um procedimento X =Nº de ITU sintomáticas em ptes submetidos a um procedimento X 100
Nº de procedimentos
Densidade de incidência (DI)Estima a taxa de infecção dentre o total de dias em que os pacientes estiveram sob o
risco de adquirir a infecçãoDI de ITU relacionada a CV =
Nº de ITU sintomáticas relacionada a CV X 1.000Nº de CV-dias
Indicadores para a Vigilância Epidemiológica de ITU - IRAS
(ANVISA, 2009)
Indicadores de avaliação do registro de indicação do cateterismo vesical (IUIC)Avalia se há registro da indicação do CV
Nº CV avaliados que apresentam registros de justificativa para a sua indicação X 100
Nº CV avaliados
Exemplos de Indicadores de qualidade em saúde
(SES SP, 2006)
Indicadores de avaliação do registro de justificativa para a permanência do cateterismo vesical (IUIC)Avalia registros de justificativas para a permanência do CV
Nº CV avaliados que apresentam registros diários de justificativa manutenção X 100
Nº CV avaliados
Exemplos de Indicadores de qualidade em saúde
(SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE SÃO PAULO, 2006)
Inclui 4 intervenções:
Evitar o uso desnecessário de CV
Utilizar os CV juntamente com técnica asséptica
Manter a utilização do CV somente com base no guia de recomendação
Rever a necessidade de manter o CV diariamente e removê-lo assim que possível
Bundle de Prevenção de CA-ITU
(PROGRAMA BRASILEIRO DE CONTROLE DA SEGURANÇA DO PACIENTE, 2012)
Indicadores definidos para o bundle:Indicador de Resultado: Densidade de CA-ITU (CA-
ITU/1000Cateter-dia)
Indicador de Performance Global: Taxa de Aplicação Completa do Bundle
Indicadores de Performance por Intervenção: Taxa de Aplicação de Cada Intervenção
(PROGRAMA BRASILEIRO DE CONTROLE DA SEGURANÇA DO PACIENTE, 2012)
Bundle de Prevenção de CA-ITU
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. A Infecção do Trato Urinário. Brasília: Anvisa; 2009 [cited 2012 Aug 20]. Available from: http://www.ccih.med.br/criterios_itu.pdf
CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTIION – CDC. Guideline for prevention of catheter-associated urinary tract infecions [Internet]. Atlanta: CDC; 2008. [cited 2012 Aug 20]. Available from: http://ead.unifesp.br/extensao/file.php/122/Infeccao_de_Trato_Urinario/cauti_GuidelineApx_June09.pdf
HEALTHCARE INFECTION CONTROL PRACTICES ADVISORY COMMITTEE – HICPAC. Guideline for prevention of catheter-associated urinary tract infecions [Internet]. Atlanta: CDC; 2009 [cited 2012 Aug 20]. Available from: http://www.cdc.gov/hicpac/pdf/CAUTI/CAUTIguideline2009final.pdf
PROGRAMA BRASILEIRO DE CONTROLE DA SEGURANÇA DO PACIENTE. Bundle de Prevenção de Infecção do Trato Urinário Associado ao Uso de Cateter [Internet]. São Paulo: Programa Brasileiro de Controle de Segurança do Paciente; 2012 [cited 2012 Aug 20]. Available from: http://www.segurancadopaciente.com/metas.php.
INSTITUTE FOR HEALTHCARE IMPROVEMENT – IHI. Prevenindo infecções de Trato Urinário [Internet]. Available from: http://www.segurancadopaciente.com/img_up/01311384063.pdf
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE SÃO PAULO. Manual de Avaliação da Qualidade de Práticas de Controle de Infecção [Internet]. São Paulo: Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo; 2006 [cited 2012 Aug 20]. Available from: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/ih/IH_MANUALFAPESP06.pdf
MAZILI; CARVALHO JÚNIOR; ALMEIDA. Infecção de Trato Urinário [Internet]. Rev Bras Med; v. 68, n. 12, dez. 2011. Available from: http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=4942
RORIZ-FILHO et al. Infecção de Trato Urinário [Internet]. Medicina (Ribeirão Preto) 2010;43(2): 118-25. Available from: http://www.fmrp.usp.br/revista/2010/vol43n2/Simp3_Infec%E7%E3o%20do%20trato%20urin%E1rio.pdf
REIS C, POLETTO K. Suscetibilidade antimicrobiana de uropatógenos em acientes ambulatoriais na Cidade de Goiânia , GO. Ver. da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2005; 38(5):416-420.
BRAOIOS et al. Infecções do trato urinário em pacientes não hospitalizados: etiologia e padrão de resistência aos antimicrobianos. J Bras Patol Med Lab v. 45, n. 6 p. 449-456, dez. 2009.
MACHADO et al. Sociedade Brasileira de Infectologia. Projeto Diretrizes – Prevenção da Infecção Hospitalar. 2001, 23p. Song SN, Zhang BL, Wang WH, Zhang X. Spectrum and drug sensitivity of pathogenic bacteria in children with nephrotic
syndrome complicated by urinary tract infection: an analysis of 97 cases. Chinese Journal of Contemporary Pediatrics. 2012 Sep;14(9):657-60.
Referências
O que eu faço, é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor.Madre Teresa de Calcutá
Obrigada !!!!!
Fatores de risco
Sondagem vesical ; Diabéticos; Idade avançada; Cálculos Renais; Mulheres; Imunodeficiências; Utilização de antimicrobianos; Gravidez.