PRETI, Dino. Análise de Textos Orais
-
Upload
clarissa-feder -
Category
Documents
-
view
318 -
download
31
description
Transcript of PRETI, Dino. Análise de Textos Orais
-
USP UNIVERSIDADE DE SO PAULO ISBN: 85-86087-55-6
FFLCH FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E cINCIAS HUMANAS
Reitor
Vice-Reitor
Diretor
Vice-Diretor
Prof. Or. JacquesMarcovitch
Prof. Dr. Adolpho Jos Melfi
Prof. Dr. FrancisHenrik Aubert
Prof. Dr. RenatodaSilva Queiroz
PROJETO DE ESTUDO DA NORMA LINGSTICAURBANA CULTA DE SO PAULO(PROJETO NURC/SP-NCLEO USP)
CONSELHO EDITORIAL ASSESSOR DA HUMANITAS
Presidente
Membros
Prof. Dr. Milton Meira do Nascimento(Filosofia)
Prol". Dt".LourdesSola (CinciasSociais)
Prof.Or. CarlosAlbertoRibeiro deMoura (Filosofia)
Prol".N. Sueli Angelo Furlan (Geografia)Prof. Or. Elias ThomSaliba(Histria)
Prol".N.BethBrait (Letras)
ngeiaC S.Rodrigues- BeIhBmit-DionaL R deBarros- DinoPreti-HudinilsonUrlxuw- IedaM. Alves- ]. GNonHilgm-Leonorpes
FvmJ-qgilCD.Moraes- PauJode T. Galembeck
PROJETO DE ESTUDO DA NORMA LINGSTICAURBANA CULTA DE SO PAULO
(PROJETO NURC/SP NCLEO USP)
Endereoparacorrespondncia
Comisso Editorial
PROJETONtlRdSP - NCLEOUSP FFLCHlUSP
rea de FiloJogia c Lngua PortuguesaAv. Prof. Luciano Gualberto,403sala205 - Cidade Universitria
05508-900- So Paulo - SP - Brasil
Tel: (011) 818-4864
c-mail: [email protected]
Compras e10uassinaturas
HUMANITAS LIVRARIA - FFLCHlUSP
Rua do Lago, 717 - Cid. Universitria05508-900- So Paulo - SP - Brasil
Tel/Fax: 818-4589
c-mail: [email protected]
http://www.usp.br/ff1chlff1ch.hUllISERVIO DE DIVULGAO E INFORMAO
Tel.: 818-4612- e-mail: [email protected]
~
ANALISEDE TEXTOS ORAIS
Dino Preti (Org.)
~a.edio
SBD-FFLCH-USP
1111111111111111111111111111111111111111
325969
[[JJ\-\WN'.:~
pueuCAOES""""~c../u.s"'"
HumanitasPublicaes- FFLCHIUSP - junho 1999AFFLCH
\l~,.~PUBLlCA6ES
FFLCI-VU,SP
1999
-
pv' tf
(i
Copyright1999daHumanitasFFLCHlUSPproibidaareproduoparcialou integral,
semautorizaoprviadosdetentoresdocopyright
SriePROJETOS PARALELOS
Vol. 1 ANLISE DE TEXTOS ORAISVoI. 2 O DISCURSO ORAL CULTOVol. 3 EsTUDOS DE LlNOVA FALADA
ServiodeBibliotecae DocumentaodaFFLCHlUSPFichacatalogrfica:Mrcia Elisa GarciadeGrandiCRB 3608
A532 AnlisedetextosoraisI Dino Preti (organizador).4. ed. - SoPaulo: HumanitasPublicaesFFLCHlUSP, 1999-(PROJETOS PARALELOS: V. 1)
Acima do ttulo: Projeto de Estudo da Norma LingsticaUrbanaCultadeSoPaulo(ProjetoNURCISP - NcleoUSP).
237p
ISBN: 85-86.087-55-6
1.Anlisedaconversao2.Lnguaescrita3.Lngua oral4.Linguagem culta 5. Portugus - So Paulo (cidade) 6.SociolingsticaI. Preti,Dino, org.lI. ProjetodeEstudodaNormaLingsticaUrbanaCulta deSoPaulom.Srie
CDD (20.ed.)469.798611
SUMRIO
Apresentao 7
Normasparatranscriodosexemplos 1
1.Lnguafaladaelnguaescritangela Ceclia SouzaRodrigues 13
2.O tpicodiscursivo 33LeonorLopesFvero
3.O turnoconversacional 55Paulo de TarsoGalembeek
4.Marcadoresconversacionais 81HudinilsonUrbano
5.Procedimentosdereformulao:aparfrase 103Jos GastonHilgert
6.Procedimentosdereformulao:acorreo 129Diana Luz PessoadeBarros
7.O lxiconalnguafalada 157Ieda Maria Alves
HUMANITAS PUBLICAES FFLCH/USP
e-mail:[email protected]!':818-4593
Editor ResponsvelProf. Dr. Milton Meira doNascimento
CoordenaoeditorialeDiagramaoe Capa
M. HelenaG. Rodrigues
Revisodosautores
MontagemCharlesdeOliveira I MarceloDomingues
1".edio19932".edio19953".edio1997
DEDALUS - Acervo - FFLCH
1111111111111120900091099
8.A sintaxenalnguafalada 169Lygia CorraDias deMoraes
9.O processointeracional 189BethBrait
10.A lnguafaladaeodilogoliterrio 215Dino Preti
Glossrio 229
-
APRESENTAO
Dino Preti
Desde a publicaodo volumeda srie A linguagemfalada cultana cidadede So Paulo - Estudos,em 1990,os pesquisadoresque com-pema equipedo Projeto NURC/SP vmcontinuandoa realizarcstudossobreo materialgravado(316horas),emespecialsobreumaparterepre-scntativado corpus (18he 22min) queabrangetodasasvariveisprevis-tasno Projeto. Esse materialselecionadofoi todo transcritoe publicadonostrsprimeirosvolumesda srieacimareferida.
Esta obra,publicadapelaFaculdadede Filosofia, Letrase CinciasHumanas da Universidadede So Paulo o resultadodessetrabalho,realizadoao longodosanosde91e92,e temobjetivosbemdefinidos.
O Projeto de estudoda normalingsticaurbanacuILa,conhecidocomoProjeto NURC, temmbitonacional,e gravaesforamrealizadasem cinco capitaisbrasileiras:So Paulo (Projeto NURC/SP), Rio de Ja-neiro, Porto Alegre, Recife e Salvador.Cada umadessascidadesgravouaproximadamente300horascomfalantescultos(entendidoscomotalosde formaouniversitriacompleta);brasileiros;nascidosna cidade emque as gravaesforam realizadas;filhos de luso-falantes;distribudosem trs faixasetrias(25-35,36-55,56anosem diante);de sexomasculi-no ou feminino;que deixaramseutestemunhooral da fala urbanae dostrs tipos de inquritorealizados:elocuesformais,dilogose entrevis-tas.
Conforme sabemos,o estudoda modalidadeoral da lngua am-pliou-seconsideravelmentenasdcadasde 80e 90e a aplicaodasteo-rias daAnlise daConversao(ornoupossvelo estudodo fenmenodaoralidade, fora dos mtodostradicionalmenteusadospara a anlisedalngua escrita.Problemasnovos,como o do turno (a macrounidadedalnguafalada)esuasestratgiasdegesto;dasleisde simetriana conver-saonatural;da estruturaodos tpicosou temas;dos procedimentosde reformulao;do empregode sinais caractersticosda lngua oral(marcadoresconversacionais);da sobreposiode vozes;do fluxo con-versacional;da densidadeinformativa;etc.vierammostrarque a lnguafaladatemsuasregrasprprias.
7
-
Anlisedetextosoraisprocuratratardessese deoutrosassuntosligados lnguaoral,inclusivesuacomparaocomaescritae atmes-mosuapresenanodilogoliterrio.
Os pesquisadoresdaequipeNURC/SP preocuparam-seemescre-verumaobradeiniciaoanlisedalnguaoral,empregandoumestiloacessvelaestudantesuniversitrios(ouatpr-universitrios),aprofes-soressecundrioseusandoapenasa nomenclaturatcnicaessencial.E,principalmente,partindodetextosfaladosreais,retiradosdocorpusdoProjetoNURC/SP, usando,svezes,textosescritosparacomparaodasteoriasdesenvolvidas.
Se percorrermososvriosensaiosaquireunidos,poderemosverqueestaobrapretendeoferecerumavisogeral,abrangente,quepoderservircomopontodepartidaparaanalisartextosoraisouparacompar-loscomosescritos.
Assim,noprimeiroartigo,ngelaC. S.Rodrigues,dareadeLn-guaPortuguesa,naUniversidadedeSoPaulo,apresentaalgumasrefle-xessobrea lnguafaladaeescrita,desdeo problemadatranscrioatoutrosimportantes,comoo docontextoconversacional,doplanejamen-to,doenvolvimentodosinterlocutoresnaconversao.Emseguida,par-tindodeumtextoliterriodeCarlosDrummonddeAndrade,observaosmesmosproblemasnalnguaescrita,paraconcluirque,emborao siste-malingsticosejao mesmo,"asregrasdesuaefetivao,bemcomoosmeiosempregadossodiversoseespecficos",nasuarealizao.
Em "Otpicodiscursivo",LeonorLopesFvero,professoradeLin-gstica,naUniversidadedeSoPaulo,procuramostrarcomosecons-tri o contedoda interao,ligando-oa uma srie de fatorescontextuais,comoascircunstnciasemqueocorre,o conhecimentodequeosinterlocutorespartilham,aspressuposiesetc.Paraestudaressaconstruocolaborativado discurso,a A. passapor temascomoo dacentrao,daorganicidade,dasegmentaoedadigresso.
No terceiroensaio,PaulodeTarsoGalembeck,professordeLn-guaPortuguesa,naUniversidadeEstadualPaulista- campusdeArara-quara- prope-se,segundosuasprpriaspalavras,"aefetuarumestudodasformasdeparticipaodecadainterlocutor(turnos)e dosprocedi-mentospelosquaisocorrea trocadefalantes".Seupontodepartidao"examedasduasmodalidadesbsicasdainterao,quaissejam,assitua-esdesimetriaeassimetrianaparticipaodosinterlocutores".
HudinilsonUrbano,dareadeLnguaPortuguesa,naUniversida-dedeSoPaulo,aotratardosmarcadoresconversacionais,umdoste-
8
masmaisdiscutidosdaAnlisedaConversao,prope-seaanalisares-sessinais,sobo aspectoformal,semntico,sintticoetambmquantossuasfunescomunicativo-interacionais.
Jos GastonHilgert,da readeLingstica,na UniversidadedePassoFundo(RS), e DianaLuz Pessoade Barrosda mesmarea,naUniversidadedeSoPaulo,tratamdos"Procedimentosdereformulao"nalinguagemfalada.O primeiro,especificamentedaparfrase;asegun-da,dacorreo.O prof.Hilgertintroduzo quintotextodaobra,falandosobrea construodotcxto,suaformaoe planejamentoe,depois,es-tudao fluxodaformulao(descontinuidadeeproblemas).A seguir,en-tra nas atividadeslingsticasde reformulaoe na parfrasepropriamentedita,queconstituio temacentraldeseuartigo.DianaLuzPessoadeBarroscentraseuensaio(osextodolivro)nacorreo,carac-terizando-ae classificando-aem reparaoe correopropriamentedita.A A. passapelasmuitasvariaesqueessesfenmenosapresentamnalnguaoral.Por ltimo,refere-seaosmarcadorese padreslingsti-cosdecorreoesfunesqueacorreorepresentanoatoconversa-cional.
No stimoartigo,IedaMariaAlves,lexicgrafadareadeLnguaPortuguesa,naUniversidadedeSoPaulo,escrevea propsitodasca-ractersticasapresentadaspelolxicodalnguafalada.Partindodotextodeumaelocuoformal(aulauniversitria),discuteo problemadadefi-niodosvocbuloscientficosetcnicos,levandoemcontaoaspeCtodi-dticodo textolexicogrficoe do textodo professor.Por meio decomparaesdeexemplos,aA. estabeleceasequivalnciasentredefini-osinonmicaeparfraseporvariaolexical;entredefinioporsnte-sec parfraseexplicativo-definidora;e entredefiniopor denotaoeparfraseexemplificadora.
LygiaCorraDiasde Moraes,dareadeLnguaPortuguesa,naUniversidadedeSoPaulo,estuda"A sintaxenalnguafalada".Em seuIextopreocupa-seaA. emesclarecerpreviamenteasdefiniesdafrase,oraoe perodo,para,emseguida,fazera comparaoentreo queocorrenalnguafaladae naescrita.Utilizando-sesempredeexemplosdodilogoqueabreseutexto,estudaasintaxeintraturno(abordandooproblemadaestruturasintticadasfrases,a organizaodo perodoedoselementosinternosdaorao)easintaxeinterturnos(estudando,en-Ire outrosproblemas,apresenadasconjunesee mase suasfunesnaorganizaodosturnos).Naconclusodeseuensaio,afirmaque,em-horasepossadizerque"tudooqueseencontranalnguaescritaseachatambmnafalada,o certoquearecprocanoverdadeira:nemtudo
9
-
)CORRNCIAS SINAISEXEMPLlFICAO*
ncompreensodepalavras
( )donvelderenda...( )lU segmentos
nvelderendanominal...
Iiptesedoqueseouviu
(hiptese)(estou)meiopreocupado(como gravador)--
1----------------- ---f---rruncamento(havendo IOmografia,usa-seacentondicativodatnicae/ouimbre)
Iecomle reinicia
:ntonaoenftica
maisculaporqueaspessoasreTMmoeda---------------- rolongamentodevogalemsoante(comos,r) ::podendoaumentarpara::::oumais aoemprestaremos...h:::...o dinheiro
ilabao
-pormotivotran-sa-ollerrogao
?eo Banco...Central...certo?
lualquerpausa
...sotrsmotivos...outrs
razes...quefazemcomqueseretenhamoeda...existeuma...reteno-"-.- omentriosdescritivosdo
anscritor~~minscula))tossiu))
--
NORMAS PARA TRANSCRIO
s
Estetrabalhofoi realizadosobacoordenaodoprofessorDinoPreti(USP-NURC/SP-NcleoUSP)epublicadocomo apoiofinanceirodaFa-culdadedeFilosofia,Letrase CinciasHumanasdaUniversidadedeSoPaulo,daCAPES(TaxasAcadmicas)eCNPq(TaxasdeBancada).
o quehnalnguafaladaesttambmnaescrita"c asrazesdissosoascondiesdeproduodasduasmodalidadesdelngua.
Em "O processointeracional",BethBrait,dareadeLingstica,naUniversidadedeSoPaulo,escrevesobreasestratgiasutilizadasporfalantesemcontextosdeinteraoverbal.Examina,entreoutrosproble-mas,o dascondiesdepoderreveladasnaconversaoe procura,se-gundo suas prpriaspalavras"caracterizara interaocomo umfenmenoqueincluiaspectossociais,culturais,discursivose lingsti-cos",demonstrandoa inllunciadetaiscaractersticasnosentidodotex-to.
No ltimoensaiodestaobra,DinoPreti,professordeLnguaPor-tuguesa,naUniversidadedeSoPaulo,estudaa elaboraodo dilogoliterrionumfragmentodecontodeRubemFonseca,procurandofazerumlevantamentodasmarcasdaoralidadenoprocessoescritoliterrio.
Encerrandoo livro,inclui-seum"Glossrio",elaboradopelaspro-fessorasMarli QuadrosLeitec RosaneMalusGonalvesPeruchi,doCursodePs-Graduao(doutorado)daUniversidadedeSoPaulo.
SeaAnlisedetextosorais,porumlado,continuaalinhadepubli-caesda equipedo ProjetoNURC/SP, poroutro,inauguraumasrienovae maisabrangente- a de"PROJETOS PARALELOS" - quede-corrncianaturalda primeira.Foi a experinciatrazidapelotrabalhocomumcorpllS transcrito(e publicadopelaprimeiraveznoBrasil)quepermitiua realizaodeprojetosparalelos(comoo daLinguagemdosidosos,deDino Preti)c quepossibilitouampliaraslinhasdeanlisedoatoconversacional,comoestaobraestdemonstrando,comalgunsestu-dossobreasmodalidadesoraleescritadalngua.I
Em breve,novaspublicaesdeverosurgir,nestasrie,visandoatrazeraoslingistas,aosprofessoresdelnguase aoleitoruniversitrioemgeralo frutodotrabalhodeumaequipeque,aolongodeumadca-da,vempesquisandoosmateriaisgravadosdoProjetoNURClSP (o pri-meirovolumedeA linguagemfaladacultanacidadedeSoPaulosurgiuem1986,comoresultadodeumprojetoiniciadoem1984)e o fez,por-tanto,muitoantesdeosestudosdelnguaoralseteremconsolidadonaLingsticadoBrasil.A procuradosquatroprimeirosvolumes(trsdosquaisj esgotados)constituio testemunhodessaatividadeedarepercus-soquemereceudosvriossetoresdaLingstica,emnossopasenoex-terior.
(I) OinoPreti- A linguagemdosidosos.SoPaulo,Contexto,1991. ExemplosretiradosdosinquritosNURC/SPn338EF e33102.
lO 11
-
I.Consideraesintrodutrias
ngelaC. SouzaRodrigues
l.l--tNGUA FALADA E LNGUA ESCRITA
As reflexesa seremdesenvolvidas,nestecaptulo,a respeito delngua falada e lngua escrita, tero, como ponto de partida, algumasquestessugeridaspelo Dilogo entreDois Informantes(02)do ProjetoNURC/SP abaixotranscrito.
dizem~p.-vocv--dentrodaprofissodovendedor...acoisamaisdifcilvocmanterrealmenteoindivduo'" hOito horasemcontatodiretocomosclientes...umacoisa::...realmentedifcil...entoa
genteinclusive::...pedeparaqueo indivduonopercatemponesseshorrioscerto?...e procurealmoar...noseuterritriodetrabalho...poralimesmoemvezdeterquesedeslocardeumterritriodetrabalhoparasuaca::sa...
I, "paraasuaresidncia paravoltar::...issoacarretamuitaperdadetempo masacoisamaisdifcildentrodaprofissodovendedorvocrealmente...conseguirmanteroitohorasnaqueleterritriodetrabalhoSEMsairdel...eMAIS umavezeu...euvejoainflunciadoclimaetudomais...seumclimachuvosotaltalvez
atmeajude...nessesentidoeupossoficar...enemter
vontadededesairdel.paramedeslocarparaalgumoutrolocalporquenodtambm...perderiamuitotempo...diadechuva...coriformeo::...o diarealmenteprejudicanesseaspectoeu::euJheperguntariaadentrodesseproblema...vocno...possuiuma...umcontrole--digamosassim--emcimadevoc!~ocdeveproduzirtantonumdia!..ou...ouexisteissooudigamos/umdiadechuvaestumdiahorrvelparatrabalharumdiaquevocestindispostovocpoderiapegarvoltarparasuacasaentrarnumcinemadistrairumpoucoentende?...que(quevoc)
LI
LI
245
NO
2.15
l501.2
l55
OCORRNCIAS SINAISEXEMPLIFICAO
Comentriosquequebrama
seqnciatemticadaexposio;desviotemtico
.... _ .....ademandademoeda- -
vamosdaressanotao- -demandademoedapormotivoSuperposio,simultaneidade
devozes [ligandoaslinhas A. na [casadasuairmH. sexta-feira?A. fizeram[l ...H. cozinharaml?
Indicaodequeafalafoitomadaouinterrompidaemdeterminadoponto.Nonoseuincio,porexemplo.
(...)(...) nsvimosque existem...
Citaesliteraisouleiturasdetextos,duranteagravao
"" PedroLima...ahescrevenaocasio...0 cinemafaladoem lnguaestrangeiranoprecisadenenhumabaRREIraentrens...
OBSERVAES:
1. Iniciais maisculas: s para nomes prprios ou para siglas (USPetc.)2.Fticos: ah, h,ahn, ehn,uhn,t (nopor est: t? voc estbrava?)3.Nomesdeobrasou nomescomunsestrangeirossogrifados.4. Nmeros:porextenso.5.No seindicao pontodeexclamao(fraseexclamativa)6. No seanotao cadenciamentodafrase.7. Pooem-secombinarsinais. Por exemplo:oh::::...(alongamentoepausa).8.No seutilizamsinaisdepausa,tpicosdalnguaescrita,comoponto-e-
vrgula,pontofinal,doispontos,vrgula.As reticnciasmarcamqualquertipodepausa.
1213
-
285 L2LI
L2290LI
L2LI
295
L2
LI
L2
LII)')
L2
LI
L2LIIW L2LI
11111
L2
LI111')
L2
LIL2\lI)
LI260
265
270
275
280
LI
L2LI
L2
LIL2
LI
L2LIL2
LI
(vocpoderia fazer iSso?)no ...podeperfeitamenteeu achoque::essa::essa::.,.essaresponsabilidade...ela nos atribuda ... inclusive::dentro daprofisso devendaso que:: interessa:: .,.
faturar ...entende?...paraelespouco importa::svezesa::o tempode de trabalho n?
comovoc utilizao seu tempode trabalho ...ele temqueser ...bem utilizadoparavocefetuarsuasvendas... umavezquevocutiliza ...(
masexisteum limite em quevocdevaum mnimoleI levarnestetal de faturamento?
(
no no existe...no existe...noexiste...
voctem umavantagemsobrea genteentende?o diaque vocestiverchateadoo dia estivermuito bonito voc
pode pegarseucarro e::dar umadeslocada
para o litoral e tal
( masseria difcil n?
quevocque para a subsistnciavoc
Iumdia chuvoso
vocprecisatrabalharbastante
precisa... um dia um dia dechuvavocentra numcinema
distrai umpouquinho ...
no isso realmenteno existeno hproblema nenhumse o indivduo que estiverbastantechateadoqualquer
coisaassim...V ... inclusivequeo:: que o:: ...que o
prprio a prpria condutadelenaqueledia no estrendendo..,
no produtiva ...
no produtiva elepode procurar umaumaoutra forma
qualquerde ...espairecer...
no deixade ser um privilgion'!.., nsali dentro
ficamosali fechadosvoc obrigadoa cumprir ...as oitohorasdeterminadase ...
vocv quevocganha...
Ivoc( ) fica fechadoali masvocfica ali vocj
pensouaqueleTdio que negcioCHAto .
vocvque vocganha em em funoda sua
produo...ns estamosmudandoum pouco para ...
profisso
podej ( ) a ...
vocvque vlnsganhamosmesmoem em funo
14
mesmoda nossaproduo...ento.., o motivopelo
qual h::maisumavezeu euchamoo aspectoda da
responsabilidade...a gentetemque ter porque eu
dependodaquilocerto ...
seeu no fizer direito asminhasvisitasou se eu passar
trsquatro dias interrompendomeuservio
porque estoucansado.., evidentemente
[
ganharmenosvou faturarmenosvou ganharmenos
lgico
e elesbaseadosem :: ...em estatsticasem previses eles
podemmaisou menossabercomoo indivduo
estsecomportando...
(
entoelestm umcerto controlesobrevoccerto'!'"
um controleexiste...
elestmuma.., o quantonormalmentevocdeveria
produzir ...se trabalhasse...ahsim
aqueletempobaseadoevidentementeemestatsticasem::casos
anteriores...
certo ...
e tudo maisno existeaquelaaquelarigiDEZ aquelecontroledi! dirio
Trata-sedo inquriton62,dilogoentredoisjovensde26anos,ambosdosexomasculino,solteiros,filhosdepaispaulistanos.O primei-10,deagoraemdianteLI, economista,exercendoatividadesdevende-dor,e o segundo,L2, estatstico.Eles conversamsobre"instituies","ensino","profisses"e "tempocronolgico".Nestetrecho,o assuntodanlnversa a profissodevendedor:LI fazcomentriossobreasvanta-",ensepercalosdesuaprofisso,aorespondersperguntasdeL2 sobrea prticadevenda;este,por suavez,emitesuasopiniesa respeitodoIilmodetrabalhodovendedor.Trata-sedeumdilogobastanteequili-hradoentre"iguaislingsticos",umaconversasimtrica(Cf.capo9),cujorit modadopelosprpriosinteriocutores,queparticipamcomesponta-neidadedoeventodefalae semostramvontadepara,a qualquermo-mento,informar,perguntar,avaliar,enfim,ter a palavra(HILGHERT,I ()90 ) . Notrechosobanlise,L2 dividecomo documentadoratarefade
15
-
entrevistador,pois ele quem,de fato,faz perguntasa LI; o documeta-dor, por suavez,atuacomoterceiroparticipantedo dilogo.
Uma questoat certo ponto ingnuapoderia ser feitapelo leitorleigo,no familiarizadocomquestesde lngua:o textosobanlisecons-titui exemplode lnguafaladaou de lnguaescrita?
Pelo menos,algunssinaisgrficosqueo falantealfabetizadoutilizaquando escreveali esto facilmenteidentificveis. o caso de letrasmaisculase minsculasem:
(I) manteroito horasnaqueleterritrio SEM sair de l...e mais
umavezeu...euvejo a influncia
(linhas243-4)
Instala-sea dvida:a simplesfixaodosinquritosno planoescri-111 seriasuficienteparadar-Iheso estatutode lnguaescrita?O usode si-lI;lisgrficosque representamelementosfonolgicose prosdicosseria.lIfieientepara transformarum textooral/faladoem textoescrito? EmLl,O negativo,que outros traosdistinguiriamo oral/falado(Cf. capo4)do escrito?Enfim, quaisseriamasdiferenasentrelnguafaladae lngua,':,erita?
Buscar-se-respondera algumasdessasquestesno decorrer doI)ITsentetrabalho.
2. I Jngua falada
LI estconscientede no fugir do assunto,digamos,principal, ao'"IIi"alzar"... e MAIS umavezeu...eu vejo a inl1unciado clima",nfase("I"Tsentada graficamentepelas letras maisculas. L2 que "muda adirc,o da conversa"ao optarpeloabandonodo assunto"clima"e mantero 1
-
dois interlocutorcs mostram-seinteiramenteenvolvidos,no s pelo'assuntodo dilogo,mastambmpela prpria interao,na medida emquetrocamidiassobreo temacomdesenvoltura.
A anlisedestetrecho do inqurito nos sugerealgumasreflexessobreascaractersticasda lnguafalada.
Os interlocutoresmostram-senos perfeitamenteconscientesde'(IICo dilogoestsendogravado,mastambmse preocupam,pelo me-'"),~no incio do inqurito,com a presenado gravador.A conversasv,li tornar-semaisdescontradaquandoeles se esquecemdo aparelho.N('slemesmotrechoh refernciaa vozesdistantes,outrodado de situa-(;ao,
L!.Planejamentoeno-planejamento
Outras vezesfaz-sealuso atmosferadescontradaem que se de-',('IlVolvea conversapelarefernciaa reaesdos interlocutores,comori-',')s,Cf. trechodo inquritosobanlise:
Vimos que,no inquritoe!" estudo,os interlocutoressabiam que11111dosassuntosda conversaseria"profisses",maso textononossuge-I(' que elesdeveriamseguirumdeterminadoplano de exposio,mesmop"rque elesse mostram vontadepara,espontaneamente,mudarde as-',111110, ou retomaro temainicial da conversa.Tal consideraoremete'(III'stiodo planejamentodiscursivo.
Em gerala conversao,comoa que estamosanalisando,inicia-se,,,11I o tpico quemotivoua interao,ou encontro,isto , ela seestabe-(1'('(' c se mantmna medidaem que existaalgo sobre o que conversar(Mi\RCUSCHI, 1986),e disponibilidadedosinterlocutoresparao dilo-
Assim, aindaque o analistapossadispor de algunsdadosde situa-'.,H) passveisde seremfIXadosnasgravaes,elas nos privamde outrasIIIl'mmaessobreo processoda interao,que podemser surpreendi-,I,I,', na expressoracial,nosgestos,nosolhares,nosmovimentosdo cor-(") dos interlocutores,isto, nosdadosparalingsticos(MARCUSCHI,I 'lS()), que,combinadoscomos dadosverbalizados,completamo quadrodoi interao.Todos esseselementosnosdo contada atmosferaem que',I'dcsenrolaa conversa.Na ausnciadeles,os dadosde lnguasopistasIlIlIdamentaispara a montagemdo contextosituaeionalda conversao,,.h'1I1 dos dados relativosaos informantes,como idade,sexo,procedn-I ,l. nvelde escolaridade.
(linhas30- 32)
agenteficaatmaisalegre..,vocnoacha?maisalegrerisosevozes...o diaquefazasquatroestaesnomesmodiadia::..horrveln?
L!(I)
(linhas8 - 11)
2.1.Contextoconversacional
(3) L! - - vocviuseestgravandoa?- -Doe.estesteu j deixonoautomtico.,.
L! - - aho automticonoindicavel/",- -Doe. no".vozesdistantes))
LI c L2 estoexercendo,numdadomomentoe numdado espao,uma atividade caractersticae privativa do ser humano: a atividadeverbal.Na situaode dilogo,os interlocutoresalternamseuspapisdefalantee ouvinte,e dessaatividade"a quatro mos",ou "a duasvozes",resultao textoconversacional,elaboradonumadeterminadasituaodecomunicao.Dizemos, ento,que todo eventode fala acontecenumcontexto situacional especfico, aqui entendido como o ambienteextralingstico:a situaoimediata,o momentoe as circunstnciasemque tal eventoacontece,envolvendo,inclusive,os prprios participantescomsuascaractersticasindividuaisepossveislaosqueosunam.
A conversao um eventode fala especial:correspondea umainteraoverbal centrada,que se desenvolveduranteo tempo em quedois ou maisinterlocutoresvoltamsuaatenopara umatarefacomum,que a de trocaridiassobredeterminadoassunto.Conversaonatural,que ocorre espontaneamenteno dia-a-dia,d-sefacea face,presentesosdois falantes, ao mesmo tempo, num mesmo espao. o caso daconversaqueestamosanalisando.De fato,apenasa identidadetemporal necessria,e noa identidadeespacial,ou seja,a interaoface a faceno condio necessriapara que haja uma conversao,razo pelaqual as conversas telefnicas tambm constituem exemplos deconversao.No casodos dilogosdo NURC/SP, muitopoucaou quasenenhumainformaopossui o analistaa respeitoda situaoespecficaem que foi feitacadaumadasgravaes.Sabe-seque,emgeral,ficavaacargodos informantesa escolhado local e da hora maisadequadosparaa conversacom o documentador.Uma ou outra refernciaa dados do
contextosituacional feita no decorrerda prpria gravao,o que seilustranapassagem,abaixotranscrita,do D2 343(CASTILHO e PRETI,1987).
18 19
-
go. otpico, entendidocomoaquiloa respeitodo quese fala,, e deveser,desenvolvidopelosinterlocutores.Associandoa idiade tpico deplanejamentodiscursivo,podemosdizer que umaprimeiradimensodoprocessodo planejamentodo discurso a do planejamentotemtieo:nocasopresente,osdois interlocutoresconversamsobreumtemaestabele-cido apriori pelo documentador.Mas, independentementede scr o tcmaestabelecido"defora paradentro",e nopelosinterlocutores,a conversasempregira em torno de um assuntoou tema,condio indispensvelparaa coernciado produtodaconversao,isto,do textoconversacio-na!.
Por outro lado,se,naconversaoespontnea,o temapodesugeriralgumgrau de planejamento,dificilmentese pode falar em formulaoverbalplanejada(URBANO, 1990). A questodo planejamentodiscur-sivo discutidapor OCHS (1979),que fala de quatro nveisde planeja-mento no discurso de falantescultos de ingls: falado no planejado,faladoplanejado,escritonoplanejadoe escritoplanejado.
O textosob anliseapontaparaum discursofaladono planejado.Em termosmaisgerais,a lnguafaladaapresentaumatendnciapara onoplanejado,ou,ainda,combasenasidiasde OCHS, a lnguafaladaplanejadalocalmente,isto , constituiumaatividadeadministradapassoa passo.
Como j dissemos,o texto resultadode um trabalhocooperativodos dois interlocutores,que o vocompondo medidaquea conversaserealiza.Assim, planejamentoc realizaodo discursocoincidemno eixotemporal,ou sopraticamenteconcomitantes.Conseqentemente,"cadaturno pode colocar uma reorientao,mudanaou quebrado ponto devistaemcurso"(MARCUSCHI, 1976),e marcasdo processode planeja-mento,ou de replanejamento,podemser detectadasno textofalado.Talfatoseconfirmanafalade L2 em:
Com essaperguntaele quer dizer:Voc pretendecontinuartraba-lhandocomovendedor?Assim, a conversase organiza medidaque sevaifalando.
Podemosassociara idiade noplanejamento,ou de atividadead-lIIinistradapassoa passo,a umaoutracaractersticada lnguafaladasu-,'.nida por CHAFE (1979),que a sua chamadafragmentao.EstaIIlH,os podeserentendidacomopartedasexplicaesqueCHAFE d,10 processamentoda fala. Ele esclareceque observaesa respeitodahnl'.uafaladaespontnea,feitasno s por ele, mastambmpor outrosIIlvestigadores,conduziram descobertade que ela produzida aosja-I()S, aos borbotes,que so unidadesde idia,ou significativas,com um(ontorno entonacionaltpico,e limitadaspor pausas.A passagemde umaIInidadeparaoutra feitamuitorapidamente,o que tornao processodeI.lbr hemmaisaceleradodo queo de escrever.Na fala,produzimosape-II.I,Slima idia por vez;almdisso,cadaunidadede idia tendea ser, nal.t1a,menoslongae menoscomplexado quenaescrita.
A fala de L1 ilustra com propriedadeas idiasde CHAFE. Ela ,nlrl'llleada de muitaspausase alongamentos,fenmenostpicos da In-1'.11.'falada,que lhevodandotempoparaorganizarseutexto.Este, por',1\.1vez,mostra-sefragmentadoemtermossintticos,pois frasessocor-I.I!!;IS,ou asidiassoretomadasemfrasesestruturadasde umamaneiradik:ente daquelacomque seanunciava.Percebe-serupturada eonstru-'.,10(anacoluto)na medidaemquea frasese desviade suatrajetria,to-11I.llldooutradireosinttica.Verifiqueo exemploquesegue:
(5) L2 eu::eulheperguntariaa dentrodesseproblema
(linha251) (grifo nosso)
li)
( I)
'(111
L2
LI
certocerto...cvocpretendecontinuarcomisso?
(linha324)
no...podeperfeitamenteeuachoque::essa::essa::...essaresponsabilidade...elanosatribuda...inclusive::dentrodaprofissodevendaso que::interessa::...
Diante da possibilidadedeL1 retomaro tpico "tempoclimticoecronolgico",eleavisaao seuinterlocutorquepretendecontinuara falarsobre "profisses"ao usar a expressoanafricaa dentro desseproble-ma, que remeteao assuntoreferidoanteriormente,ou seja,a questodaflexibilidadede horriode trabalhodosvendedores. L2 quevai mudarde novo a direo da conversa,desencadeandonovo tpico, no trechosubseqentedo inqurito,queseiniciacoma questo:
20
( '1:
(Il)
(linhas259-261)
Alm de ruptufas,sofreqentesas repetiesde palavrase frases.
1.1 nonoexiste...noexiste...noexiste...
(linha269)
21
-
2.3.Envolvimentoe distanciamento
(linhas244-247)
no ..o podeperfeitamenteeu achoque::essa::essa::"o essa
responsabilidade..o ela nos atribuda 0.0 inclusive::
(linhas259-260)
sair de l o e MAIS umavezeu ...euvejo a influncia do clima e
tudo mais o seum climachuvosotal talvezat me ajude o nessesentidoeu posso ficar ..o e nemter vontadede de sair de l para me
deslocarparaalgum
dizemn? vocv -- dentro daprofisso do vendedor'0'a coisamaisdifcil vocmanIerrealmenteo
indivduo ..o h OIto horasemcontatodireto comos
clientes..o umacoisa::0'0 realmentedifcil 0.0 entoa
genteinclusive::..o pedeparaqueo indivduo noperca
LI
LI
LI
~J!.)
'IIH'acc'itaa colaboraode seuinter1ocutore a incorpora suafala, re-I,dllldo-ao
Ocorrnciasdessetipo exemplificamumadasfacetasdo fenmeno01" ('lIvolvimento(CHAFE, 1985),caractersticoda lnguafalada.Trata-',(dot:nvolvimentodos inter1ocutorescomo assuntoda conversa,o que'~plicao prprio processodeelaboraodo textoconversacional,que,joIl'.:.el11os, o resultadode um trabalhocooperativo,ou "a duasvozes".( '011I0os falantesseencontramemsituaode interaofacea facecom',"li:'inter1ocutores,podemosfalar emmaisdois outrostipos de envolvi-IIWlIlo,aindanaesteirade CHAFE ( 1985):o do falanteconsigomesmo"'11ego-envolvimento,e o do falantecomo ouvinte,relacionadocoma di-'''lIllica da interaocomoutrapessoa.
No textosob anlise,so diversasas marcasde envolvimentodosmlnlocutores.Considerem-seosexemplosabaixo:
II I)
li,!)
(linhas283-286)
(...) que sedeslocarde um territrio de trabalho
parasuaca::sa...Ipara a sua residncia...paravoltar::..o issoacarreta
(linhas 238-40)
(9) LI
LI(10)
LI
1.2LI
que o prprio a prpria condutadele naqueledia no estrendendo...
no produtiva ...no produtiva ele podeprocurar umaumaoutraforma
J nos referimosao envolvimentodos inter1ocutoresdo inquritosob anlisecom o assuntoda convcrsa,ao compromentimentotcito decada um delescomo tpico convcrsacionaJ.Eles mostramteremaceita-do o assuntosugeridopclo documentador, ou estaremperfeitamentedeacordocomo tema,e a conversaquesedesenrolasugerealgunsprocedi-mentosqueconfirmam a contnuasintoniados inter1ocutorescomo con-tedodo dilogooConsiderem-seostrechosabaixotranscritos:
Em sntese,na lnguafaladaas frasesseapresentammaisindepen-dentesumas com relao s outras,e sua identificaoe classificaofuncionalmuitasvezesconstituiproblemade difcil soluo.
Observa-se,portanto,queascaractersticasformaisdo textofaladoaqui referidasestorelacionadascomo processode planejamentoda ln-guafalada.
evidenteque cadaumdos falantesest"seguindoo pensamento"de seu inter1ocutor.Em (9) e (11), L2 praticamentecompletaa fala deLI, sobrepondosuavoz de LI. No segmento(10),a expresso"noestrendendo"de LI substitudapelo sinnimo"no produtiva"de L2,
(linhas306-308)
(
1.2 ganharmenos
LI vali faturar menosvou ganharmenos
(11) LI porque estoucansado"O evidentemente
(linhas231-235)
Em (12), temos um caso de ego-envolvimentoexplicitado pelosprollomesda Ia pessoado singulareu e me:LI, o vendedor,refere-sea,.1 IIIcsmoe ssuasopiniessobrea prpriaatividade.Em (13) e (14),ele"t apresentacomopartedo grupodevendedores,dondesuaprefernciapOl'IIOS, pronomeda 1 pessoado plural,e a gente,substitutode ns. OSI.l'S casosconstituemexemplosde envolvimentodo locutorconsigomes-1lI0o
Consideremosoutrasocorrncias:
22 23
-
Os exemplosacimanosremetem questodo envolvimentodo ou-vinte com o seu interlocutor.Tal envolvimentose torna ntido, em pri-meiro lugar, no uso de pronomespessoaisde 2 pessoalhe e vocem(15).Em (16),a expressovocv,e noexclusivamenteo pronomevoc,denotao envolvimentodo falantecomo ouvinte:elesugerea seuinterlo-cutor que acompanheseu raciocnio a respeitoda profissode vendas.Mais que isso,em(17),pelo usodo marcadorn,L2 pedea Li que con-firmeseinterpretoucorretamentea fala.
Por outro lado, perguntase respostastambmconstit']emmarcasde envolvimentodos falantes,ou, maisque isso,constituemmecanismostpicosde construodo textoconversacional.Em (15),L2 noquestionadiretamenteLI dizendo"eulhe pergunto"algumacoisa;atenuao poss-vel impactodo pedidode informao,sugerindo,inclusive,a possibilida-de de o ouvinte no lhe respondera questoformulada, pelo uso daformaverbalde futurodo pretritoperguntaria,e maisainda,peloverbopoder na sua forma poderia. O uso dessesprocedimentosatenuadoresnodeixamde sermarcasdo envolvimentodo falantecomseuouvinte.
No decorrer do dilogo,os falantesestosempremostrandoquecompreendema falade seuinterlocutor,assinalandoque ele podeconti-nuar falandocomoatentovinhafazendoporqueo ouvintesesenteemsintoniacom o que estouvindo.So sinaisde entendimentoexpressescomo:certo (linhas303e 321);lgico.(linha309);ah sim (linha317),co-nhecidoscomomarcadoresconversacionais(Cf. Capo4) .
(15)
(16)
(17)
1,2
LI
L2
eu::eu lhe perguntariaa dentro desseproblema ...voc
no 000 possuiuma...um controle -- digamosassim-- em
cimadevocvocdeveproduzir tantonum dia ...ou ...
ou existeissoou digamosumdia dechuvaestum dia
horrvel para trabalharum dia quevocestindisposto
vocpoderia pegarvoltar parasuacasaentrar num
cinemadistrair um poucoentende?...que (que voc)
vocpoderia fazer isso?
(linhas251-258)
dizem n? -- vocv-- dentro da profissodo vendedor
(linha231)
o tempode trabalhon?
Estasconstataesconfirmamsero envolvimentoumacaractersti-ca da lnguafalada.
3. Lngua escrita
As questesdiseutidasa respeitoda lnguafaladaseroagorareto-madastendoemvistaascaractersticasda lnguaescrita.O pontode par-tida para tais reflexessero textode Carlos Drummond de Andradequesegue.
A FALSA ETERNIDADE
O VERBO PRORROGAR entrou em pleno vigor, e no s seprorrogaramos mandatoscomoO vencimentodasdvidase dos compro-missosde todasorte.Tudo passoua existiralmdo tempoestabelecido.Em eonseqncia,nohaviamaistempo.
Ento suprimiram-se os relgios,as agendase os calendrios.Foieliminadoo ensinode Histria. Para que Histria? Se tudo era a mesmacoisasemperspectivade mudana.
A duraonormaldavidatambmfoi prorrogadae, porquea mor-te deixassede existir,proclamou-seque tudo entravano regimede eter-nidade.A comeoua chover,e a eternidadese mostrouencharcadaelgubre.E o seriaparasempre,masnofoi. Um mecnicoque seemen-tediavaemdemasiacom a eternidadeaqutiea,inventouum dispositivoparanosemolhar.Causoua maioradmiraoe comeoua receberin-meraseneomendas.A chuvafoi neutralizadae,por faltade objetivo,ces-sou. Todas as outras formas de durao infinita foram eessandoigualmente.
Certa manh, tornou-seirrefutvelque a vida voltaraao signodoprovisrioe do contingente.Eram observadosoutravez prazos, limites.Tudo refioresceu.O filsofoconcluiuquenosedeveplagiara eternida-de.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausveis.Rio, JosOlympioEditar, 1985.)
O autornosfalade umfatoqueteriaacontecidoemalgummomen-to, numplausvelmundodoshumanos,quandodeixoude existiro tempoe, conseqentemente,a perspectivade mudana.Tudo setornou eterno,
24 25
-
inclusiveachuva.Masalgumdescobriuumdispositivoparaseuproble-maimediatodenosemolhare foi admiradoporisso.Gradativamente,tudofoideixandodesereterno,comoacontecerachuva,eo provisriodaexistnciavoltouaseinstalar.E avidavoltouaseroquesemprefora:passageira,provisria,contingente.
Comoalgumquetivesseassistido distnciaao desenrolardosacontecimentos,o autornarraahistriadomecnicoqueconseguiumu-.daro rumodaHistria,paraqualquerleitorque,eventualmente,venhaalerseuconto;independentememtedeserlidoouno,ocontoexisteparaele,o autor,mesmoquenoseinstaleumaponteentreo autoreo even-tualleitor,viaprocessodeleitura.Ou seja,a mensagemdo autornotransmitidadeimediatoaoleitore,porisso,o escritornorecebeumre-tornoimediatoparao queescreveu,respostaqueserconstrudanoatoda leiturapeloreceptorda mensagem.Almdisso,emissore receptornoseconstituememprotagonistasdosacontecimentosnarradose,mui-tomenos,co-autoresdotexto,poisapenasoescritoro cria,nodeixandosinaisdo processode elaborao.Drummondnosapresentaum textoacabado,semmarcasdeproduo,umtextocoeso,dotadodeseqencia-otemporal,namedidaemqueosfatosnarradossesucedemcronologi-camente.
Ningumtitubeariaemrotulardelnguaescritaa quefoiutilizadapeloartistaemseuconto.Almdeteremsidousadosossinaisgrficosconvencionaisdaescrita,comoletrase diacrticos,e deo textoseapre-sentardistribudoempargrafos,a leiturado textoescritofazemergirumaoralidadequenoaquelatpicadalnguafalada,masconfecciona-daa partirdoescrito,caracterizadaporumjogoentonacionale depau-sas,deumamusicalidadetodaprpria,caractersticosdalnguaescrita.Estestraosprosdicossoindicadospelossinaisdepontuaoconven-cionais,comfunesdefinidasnoscompndiosdegramticanormativa.Conseqentemente,o textosobanlisenoconstituitranscriode umtextofalado,mas"nasceu"escrito,segundointenodoseuautor.
3.1.Contextoescrito
A leituradocontodeDrummondlevaaumaobservaoinicialso-brea situaodoescritorcomrelao doleitorenquantoreceptordamensagemescrita:elesnoocupamaomesmotempoo mesmoespao.Um lapsodetempomaioroumenorobrigatoriamentepedistnciaen-treo atodeelaboraodotextopeloescritore o atodeleiturapelolei-
26
tor.Alis,oescritornemmesmosabequem,eventualmente,lerseutex-to escrito,nemsepodcafirmarqueelesepreocupacomtalproblema;eleconstrisozinhoo seutexto.O isolamentodoescritorcomrelaoaoleitorfazcomqueesteleitorspossadispordeinformaespassadasnoepelotexto,j quenodispededadosdocontextosituacional.A lnguaescritatemdecompensaraausnciadasituaofornecendo,lingistica-mente,informaoaelaequivalente,ou,emtese,precisahaverarecupe-raolingsticadocomponentesituacional(HALLIDA Y, 1974).
Almdisso,escritore leitornoalternamseuspapisnodecorrerdaelaboraodotextoescrito,semprea cargodeumnicosujeito,seuautor.Ele semostrasemprepreocupadoemproduziralgoconvincenteparadiferentesleitores,emdiferentesmomentos,emdiferenteslugares(CHAFE,1985).
No textoliterriodeDrummond,muitodesuabelezaresultadassugestesarespeitodomundofictcio,emquealgumpretendeuplagiara eternidade,um mundosemnome,atemporal,em que,de repente,"tudopassouaexistiralmdotempoestabelecido".Tudosefazplausvelnocontextocriadopeloartista.No textoescrito,principalmentenolite-rrio,atotalidadedasituaofornecidapeloprpriocontextodaobra.
O fatodeescritore leitornoestabeleceremumainteraofaceafacelevao escritora nosepreocuparporprendera atenodo leitornomomentoemqueescreve:o escritortemmaistempoparapensarso-breo queescrevee comoescreve,domesmomodoqueo leitorvaidis-pordemaistempoparaentenderoescrito.O escritor,livredaspressesdotempo,temcondiesdeseabastecerdemuitasinformaessobreoassuntoquepretendedesenvolver,assimcomoparasededicaraumaor-ganizaomaiscuidadosadosprocedimentoslingsticosquevaiadotarnoseutextoescrito.Desseprocessodeelaboraoresultaa lnguaescri-tacomsuasespecificidades.
3.2.Planejamentoenoplanejamento
O textoA FalsaEternidadeevidenciao escritoremsintoniacomoseumomento.Dificilmenteo leitorbrasileirodeixadepercebero Brasildemeadosdadcadade80,o Brasildasprorrogaesdemandatoedoadiamentodecompromissos,comoo pagamentodadvidaexterna.Mas,comoartista,Drummondtranscendeo imediatoe criaummundosemtempo,comoresultadodesuasreflexessobreoprovisriodavida.E foi
27
-
esteo temadesenvolvidopeloartistananarrativaqueelaborou.Pode-mosfalar,ento,numplanejamentotemtieoeomocaractersticado es-crito:qualquerumquese proponhaa escrever,em princpio,sabeotemaquepretendedesenvolver,escolhaunilateralquenolevaemcontainteressesepredileesdoeventualleitor.A pardoplanejamentotem-tico,ocorreo planejamentolingstico,ou seja,a formulaoverbaltambmplanejada(URBANO, 1990).Assim,almde serplanejada,alnguaescrita tambmplanejvel(AKINNASO, 1982),poispressupearticulaotantodeidiascomodedadoslingsticosestabelecidosan-tes(oudurante?)doatodeescrever.
Em termosdeOCHS (1979),o textosobanliseapontaparaumdiscursoescritoplanejado,planejamentoquesetornaevidentenaestru-turanarrativa.Trata-sedeumtextocoeso,dotadodeseqenciaotem-poral, termo usadono sentidoestritode tempodo "mundoreal"(FVERO, 1991).Algumasexpressesassinalama ordenaodasse-qnciastemporais,como:ento(linha4),a (linha9),certamanh(li-nha14).
DiantedotextoacabadodeDrummond,nadapodemosdizerares-peitodepossveisrevisese formulaesquetenhafeitonodecorrerdesuaelaborao.Estaoutracaractersticadaescrita:nofornecerpistas,marcasaparentesa respeitodo processodecriao.Geralmenteelaes-condetais processosdo leitor e mostraapenaso produtoacabado(CHAFE, 1985).
Comovimos,em2.2,CHAFE (1985)propea noodeunidadedeidiacomopontodepartidaparacaracterizaodalnguafaladaedalnguaescrita.Umaunidadedeidiaexpressaatotalidadedeinformaoa queumapessoapodeprestaratenoequepodeverbalizarconforta-velmente.No textoescrito,taisunidadesseevidenciamcomclarezanousodesinaisdepontuaoparaindicaodeseuslimitesouparasugerirumjogoentonacionaltpico.A leituradotextoemvozaltafazemergirtaisunidadesdeidia.Na lnguaescrita,asunidadesdeidiatendemasermaislongasemaiscomplexasdoquenalnguafalada.O escritortemmaistempoe artifciosparaaumentaro tamanhoe a complexidadedeumaunidadede idia.O contodeDrummondapresentaalgunsdessesartifciossugeridosporCHAFE (1982):
1.Nominalizaes- Nominalizaoo processopeloqualverboseadjetivossetransformamemnomesquepodemsersujeitoouobjetodeoutrosverbosouobjetosdepreposies. o casode:o vencimento(dasdvidas)(linha02);o ensino(de Histria)(linha05);(perspectivade)mudana(linha05,06);adurao(normaldavida)(linha07);(causoua
28
maior)admirao(linha11);(receberinmeras)encomendas.A nomi-nalizaopermitequeumanoo,que verbalnaorigem,sejainseridanumaunidadedeidiacomosefosseumnome.
2.Frasescoordenadas- A possibilidadedeseapresentaremcoor-denadosentresisintagmasverbais,deumlado,esintagmasnominaisdeoutro,constituioutroartifciopeloqualmaiorquantidadedeinformaopodeserconcentradanumaunidadedeidia.Sejamosexemplosabaixo:
(18) enosseprorrogaramosmandatoscomoovencimentodasdvidasedoscompromissosdetodasorte.(linhas1-2)
(19) Entosuprimiram-seosrelgios,asagendaseoscalendrios.(linha4)(21) eaeternidadesemostrouencharcadae lgubre.(linha9)(21) A chuvafoi neutralizadae,porfaltadeobjetivo,cessou.(linha12)(22) avidavoltaraaosignodoprovisrioedocontingente.(linhas14-15)
Seo autoroptassepelodesdobramentodossintagmascoordenadosemoraes,o resultadoseria,porexemplo,nafrase(19),umperodoas-sim organizado:"Entosuprimiram-seos relgios,suprimiram-seasagendas,suprimiram-seos calendrios",perodopesado,saturado pelarepetiodoverbosuprimir.Nestecaso,a coordenaoconstituiumar-tifcioquetornamaiscomplexaumaunidadedeidia.
(23) proclamou-seque tudoestavanoregimedeeternidade(linha8)(24) tornou-seirrefutvelqueavidavoltaraaosignodoprovisrioedocontingente.
(linhas15-16)(25) O filsofoconcluiuquenosedeveplagiaraeternidade.(linhas16-17)
3. Frasesouoraesdependentes- EstesartifciosdetectadosnocontodeDrummondlevamaconfirmarasidiasdeCHAFE (1985),se-gundoo qualo maiortempodequedispeo escritorparaescreverlhedcondiesparaelaborarfrasesmaisdensasemtermosdesignificadoemaiscomplexasdo pontodevistasinttico,resultandoa integraodeunidadesdeidiasemconstruesmaiscomplexas.
3.3.Envolvimentoedistanciamento
Comovimos,escritore leitornoocupam,ao mesmotempo,omesmoespaonomomentoemquedesempenhamsuatarefasrespecti-
29
-
vasde elaborare descodificara mensagemescrita.Por isso,o escritorsemostramenospreocupadoconsigomesmo,ou com qualquer interaodireta com seu eventualleitor. De fato,elese preocupacom o processode elaboraode umtextoconsistenteedefensvelsegundopadresqueelemesmoestabelece.Nessecaso, possvelfalarmosnumdistanciamen-to do escritor correspondentea um distanciamentoda lngua escrita(CHAFE, 1985).O escritorusaalgunsartifciosIingsticospara obten-o desseefeito de distanciamento,dos quais Drummond tambmfazuso.
O primeiro o empregode nomesabstratos:o vencimento,o ensi-no, a mudana,a durao,aeternidade.
Outro o usodavoz passiva,de queDrummond fazusode manei-ra expressiva.Considerem-seosexemplosabaixo:
(26) e nosseprorrogaramosmandatos(linha1)(27) Ento suprimiram-seos relgios,as agendase oscalendrios.
(linha4)(28) Foi eliminadoo ensinodeIlistria.(linhas4-5)(29) A duraonormaldavidatambmfoiprorrogada.(linha29)(30) Proclamou-sequetudoentravanoregimedeeternidade.(linha30)(31) A chuvafoineutralizada.(linha12)(32) Eramobservadosoutravezprazos,limites.(linha15)
Os dois tipos de construespassivasem portugusso utilizadaspor Drummond, quer com auxiliarser, quer com pronomeapassivadorse.Em nenhumdoscasoseleexplicitao agenteda passiva,o quepoderiaser feito nasfrasescomverboser,aindaquetal procedimentosejararo eartificial,muitodo gostodo estilotcnico-cientfico.Assim,almde con-seguirumefeitode distanciamentodo queaconteceno seumundoplau-svel,torna claro que nessecontextode passividadetotal,o nico a agir,ou a reagir, o mecnico,quemudaa direoda Histria.
4.Concluses
A anlisedos dois textos,um de lnguafalada,outro de lnguaes-crita, d-nos oportunidadede apresentar,maissistematicamente,algu-mas diferenas entre as duas faces da lngua, ou as suas duasmanifestaes,a faladae a escrita.
30
Evidentemente,elas no se diferenciamapenasquanto substn-cia, ou matriaprimada lngua,substnciafnicapercebidapelaaudi-o, a da lngua falada, substnciagrfica ou visual da lngua escrita.Afinal, a lnguaescritanoconstituipura transcrioda falada.Ao mes-mo tempo,no bastaquea lnguasejarealizadaoralmente,constituindoprodutoperceptvelpelaaudio,paraserconsideradafalada.A oralida-de umacaractersticaessencialda lnguafalada,masno suficiente,oque faz comquenotciastransmitidaspor rdioc televiso,por exemplo,secaracterizempelaoralidade,masno pelocarterfalado(HILGERT,1991).So,de fato,textosescritosrealizadosoralmente.
Assim, as diferenasentrelnguafaladae lnguaescritaso de ou-tra natureza,como se sugeriuno decorrerdo trabalho;elasresultamdediferenasentreos processosde falar e de esrc_,,-er,ou entrecondiesde produodo textofaladoe do escrito.
Num primeiro momento,chamamosa atenodo leitor paraos di-ferentescontextosde realizaoda fala e da escrita.A lngua faladaconstituiumaatividadenumcontextoespecfico,resultadoda tarefacoo-perativade dois inter1ocutoresnummesmomomentoe num mesmoes-pao.Em outrostermos, a dialogicidadeinstauradapelasituaofaceaface(HILGERT, 1991)quecaracterizaa lnguafalada.
Ao contrrio,o ato de escreverconstituialgo solitrio:o escritorno interagecom seuleitor,eleelaboraseutextosozinho,sema colabo-raodo eventuallcitor,e astarefasde planejare elaboraro textosodesuainteiraresponsabilidade.
Num segundomomento,mostramosque duasoutrascaractersti-casda lnguafaladaem oposio lnguaescritaresultamda diferenabsicaentreascondiesde produode umae outra:tendnciaparaono planejamentoe envolvimentoda lnguafaladae planejamentoc dis-tanciamento(ou no envolvimento)da lngua escrita. O texto faladoapresentamarcaslingsticasevidentesdeseuplanejamentopassoa pas-so,enquantotextoconstrudopeloslocutoresenvolvidosna conversao,de queresultamfrasesmaisfragmentadasdo pontodevistasinttico.
O textoescritonodeixamarcasdo processode planejamento:elese apresentacomo um todo coeso,acabado,com frasesmais densasesintaticamente-maiscomplexas.
Por outro lado,o envolvimentoconstituicaractersticada lnguafa-lada, entendidono s comoenvolvimentodos inter1ocutorescom o as-sunto da conversa,mastambmentre elesmesmos.O texto falado sob
31
-
anliseapresentoudadoslingstieosqueconfirmaramtal envolvimento.Ao contrrio,o distaneiamentoconfirmou-seno planoda lnguaescrita.
Em sntese,aindaque,tantonaproduofaladacomonaescrita,osistemalingstieosejao mesmo,as regrasde sua efetivaobem comoos meiosempregadossodiversosc especficos,o queacabapor eviden-ciar produtosdiferenciados(RATH, 1979,apudMARCUSCHI, 1986).
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
AKINNASO, F. N. Sobreasdiferenasentrea linguagemescritac a fala-
da. On the differeneesbetweenspokenand wriUen language.In:Languageand Speech,25,1982,97-125.
CASTILHO, A T. c PRETI, D. (org.)A linguagemfaladacultana cida-de de So Paulo. So Paulo, T. A Queiroz, 1986,v. I: EloeuesFormais.
____ o A linguagemfalada culta na cidadede So Paulo. So Paulo,T. A Queiroz, 1986,v.11:DilogosentreDois Informantes.
CHAFE, W. L. Integrationand Involvementin Speaking,Writing, andOral Literature.In: TANNEN, D. (ed.)Oral andwrittendiscourse.Norwood, N. J., 1982.
CHAFE, W. L. Linguistic differeneesprodueedby differencesbetween
speakingand writing. In: D. R. Olson; N. Torrance; A Hildyard(eds.). Literacy, Language,and Learning.The Nature and Conse-
quencesof ReadingandWriting.Cambridge,Cambridge,Universi-tyPress,1985,p. 105-123.
F VER O, Leonor Lopes.Coesoecoernciatextuais.SoPaulo, tiea,199I.
HALLIDA Y, M. A K.; MclNTOSH, A; STREVENS, P. As cinciaslingsticaseo ensinodelnguas.Petrpolis,Vozes, 1974.
MARCUSCHI, L. A Anliseda Conversao.So Paulo,tica, 1986.OCHS, E. Plannedand unplanneddiscourse.In: GIVlN, T. (ed.) Dis-
courseand syntax.New York, Aeademic,1979.URBANO, H. Do oral para o escrito.Anais do XXXVII Seminrio do
GEL. Hauru,1990,p. 633-41.
It
2.O TPICO DISCURSIVO
LeoIlor Lopes Ifvero(*)
Os textossobanliseforamextradosdo inquriton360,dotipoD2(dilogo entre dois informantes),pertencenteao arquivo do ProjetoNURCjSP epublicadoemA LinguagemFalada Culta na Cidade deSoPaulo deA. T. de Castilhoe D. Preti,vaI. II, So Paulo,T. A. Queiroz-FAPESP,1987.
TEXTO 1(D2 360- linhas1-99)
LI ...(uma)deno::ve...ea outradeseis...
Doe. a senhora... procuroudarespaodetempoentreumeOUtro...
L2 aconteceramouforam
[5 Doe. aconte/...
L2 programados
Doe. (isso)... faz favor( )[
LI a p/ a p/ ... a programao...
haviasidoplanejada...masnodeucerto...risos
10 L2 filhosdaplula no?risosLI no...risos
L2 nemd1tabela?risos
LI nojustamenteporqueatabelano::nodeucerto
que::risosvieramaoacaso15 L2 ahnahn
LI e::nshavamosprogramadoNOve ou dezfilhos...no?
[L2 (nossaquechique)
[LI ento...
32
(")Este c.1ptulocontoucom a colaboraoda professoraMaria Lcia da Cunha Victrio deOliveiraAndrade
33
-
(Jf) LI
L2 LI
L265
80
LI
L2
85 LIL2')0
20 L2a sua faml1iagrande?L!
ns somos::seisfilhos
L2
e a do marido?
[L!e a do marido...eramdozeagorasoonze...
L2
ahn ahn
[25
LIquer dizer somosde faml1iasGRANdes e::...entoach/
achoque::...dadoessefator nosacostumamosa:: muitagenteL2ahn ahn
L!
e"30
L2e da o entusiasmopara NOve filhos...L!
exatamentenoveou dez...
[L2( )
L!e::mas...depoisdiantedasdificuldadesde conseguir
quem meajudasse...n::sparamosno sextofilho...35
L2ahn ahn
L!
no ?...e ...estamosmuito contentese...
L2e do muito trabalho temessesessesproblemasde
juventudeessesnegcios()(no estmuito na idaden'!)[40
LIno por enquantono porque...estoentrandona asmaisvelhasestoentrandoagoranaadolescnciae...[L2
()L!
masso muito acomodadas...aindanocomearam
assim...aquelafase...chamadade...mais45
difcil de crtica
[L2(chamadamaisdifcil)
L!
n?L2
ahn ahnL!
ainda no... felizmente(aindano)comearam50
L2()L!
agora...eu achoque::...eu...esperono::ter problemacomelasporque...ns mantemosassimumdilogo bemabertosabe'!L2
uhn uhn55
L!com ascrianas...ento...esperamosqueno :: haja
maioresproblemasL2ahn ahn
L!com o avanardos anos...enfim...o futuro
[L2()
34
70
75
')5
LIL2
pertence...aha Deus c no ... a ns
( )rcalmentedeveser umadelcia ter
umafamlia gran/bemgrandecom bastantegente eusou filha nica...ah tenhoum irmo de trezeanos mas
gostariadeMAIS de ter tido...mais irmos...porque
quando::...com meuirmo euj:: j tinhacurso
universitrioj j tinhasadoda faculdadequer dizer
entono temquasequevantagemnenhumano '! eu
queria entoumafamliagrandetnhamospensa::do .numa fan1l1iamaior masdepoisdo segundo...j deve
estartodo mundoto desesperadoque nsrisos
estamospensando...
I() (pensamos)seriamenteem parar...depoisdissoainda
ti/tive problemasde...sadeproblemasde tiride no sei
qu::entoo mdicoestaconselhandoa no ter mais...
ento nsestamospensando...estamospensandonoofic/oficialmentenoestencerrado...masde fato est
porque::...o endocrinologistaproibiu terminantemente
que eu tenhamaisfilhos...
I()inclusive...seeu tiver...ele dissequevai ser necessrio.. um aborto...
entoestamosnaquelenegcioeh...como
fazer::...se faooperao::so o marido fa::zmasele
achaque::...dejeito nenhum::risos
precisaconvenc-Iono'!
precisarealmente.:estarconvencidodisso
e ele umacoisaque novai ser fcil convencerento
desistimos...e~pelo menosdesistino setocamaisnoassunto...masrealmenteentoestencerradomas
gostaramosdemaisde maisfilhos...emboraeu fique
quasebiruta...risosporque MUlto a gentevivedemotoristao dia inTEIRO maso dia inTEiro ...uma
corrida BRbara e levanaescola( )e vai buscar... os
dois estonaescolade manh-- porque eu trabalhode
manh-- entoeuos levopara a escola...e vou
trabalhar depoissaio nahora de busc-Ios a depois
temnataosegundaquartae sexta...os dois dasduas
35
-
TEXTO 2 (D2360-linhas 1511-1600)
Doe.
L2
1515
1520
Doe.
L2
1525
1530
LI
L2LI
L21535 LI
L2LI1540
L2
LI
L2
1545
LI
L2
equandovocsquiseram...escolherumacarreira...queaslevouescolhera carreira?
a minhaeuacho...eunotenhocertezaparajulgarmaseuacho'luefui incutida...meupai... foi o um::...
eramilitar::masa vocaodeleeralersido...advogado
entoelevivia dizendoisso...e eutenhoa impressoeu
nopossodizerporquedifcil... paraagentedizerporquedejeito nenhumelefalou"vocvai fazerisso"...
nunca...maseuachoqueelefalavatanlotantolanto
e euo admiravamuito...eutenhoa impressoquefoi...porcausadisloemboraminhametafosseItamarati
eusempre...
Diplomacia
penseiemfazerDiplomaciasempresempresempre...mas::...deIX)is...por umasriedecircunst:incias
... nofoi possvel...mas::entoaa minhametateria
sidodiplomacia...maseuachoqueDireito
particularmentefoi incutidoporele...principalmentefoi
porqueeledizia quedelX)iseu teriacondieseuno...
querdizera pessoateriaelesempre::
(voc)( )
Ierasempreimpessoal...o negcion?
uhn
a pessoateriacondies...porquenaquelealtura...
aescolhaerasempre...ah Direilo EngenhariaMedicina...exalamente
seraumadastrsnoexistia::todaessagamaqueexisteagora...no?tantaabertura
(erauma)n?
eraumadastrsenloeledizl eleadiavaqueessaa que
teriamaispossibilida::dededil dediversificao
depois... equandoasmllraseramm:lisespecficas... n?certo
ummdicoerasmdicoo engenheiroerasengenheiro
36
1550
1555
151i
15(,5
1570
1575
1580
1585
LIL2
LIL2
LI
...pclo menosnaquelaaltura...e entrlo::euacho
que fui incutidapor ele...e:: e e no e no ri!.o resto
por minhacausa...a... foi...
foram circunstnciasque no favoreceram...
foi circunsl
-
1.O tpicodiscursivo
1590
1595
1600 Doc.
a Orientaono quartoanoporqueacargahor:riacra
muitogrande... sabe?entoen preferiterminara
Pedagogiae fiz a Iicenciatura mashecomo::...ah::
formadoemPedagogiaeunofalo comopedagogaporque::euno::meconsidero... comoformadaem
Pedagogia...eunouseio meudiplomaporqueeun:io
lecioneinosecundriosabe?..entodao motivodeeu ler
escolhidoPe(bgogia egostomuito...da::
psicologia(hlcriana do adolescentea psicologiaem
geralmecativasabe? ento...a esto motivopeloqual...euescolhessecurso
a senhoraesl:comhorrio?
Verifica-sequc grandeparll; do cspaoconvcrsacional usadoemtrocas nasquais falantcc ouvinteprocuramestahelecerum tpico dis-cursivo c h, alm disso, pr-rcquisitosmnimospara que cles possamdclectara prescnade umtpico.
Assim, o falanteprecisagarantira atenodo ouvinte,articulandobem sua fala c construindoseusenunciadosde modo tal que o ouvinte
identifiqueos elementosdo tpicoe estaheleardaes que colahoremnainstauraodo mesmo.
O ouvinte,por suavez,precisaprestaratenono queo falantediz,descodificaros e1cmentos(ohjetos,idias,indivduos,dc.) que tmfun-o no dcsenvolvimentodo tpicoe identilicarasrelaesque sedo en-tre os referentesdo mesmo.
Nemscmpre,porm,a identilicaodo tpico claraporquepodeocorrer um tpico implcito que provmdo conhecimentopartilhado.Veja-seo exemploabaixo:
No texto1, a Documentadora(Doc.) inicia o Dilogo perguntandopelosfilhos da Locutora(LI), seelesforamprogramadosou sevieramaoacaso,isto, ela introduzumtpicodiscursivoquepodeserdenominadode "PlanejamentoFamiliar" 1.
Tomado no sentidogeralde assunto,o tpicopodeser entendidocomo "aquiloacercado quesc cst falando"(BROWN e YULE, 1983;73).Ele antcsdetudoumaqucstodecontedo,cstandonadependnciade um processo colaborativo que envolve os participantesJ atointeracional.
O sentido construdoduranteessainteraoe estassentadonumasriede fatorescontextuaiscomo;conhecimentode mundo,conhecimentopartilhado,circunst
-
2.1.CentraflO
2. Propriedadesdo t6picodisclll'sivo
Considcrc-seo trechodaslinhas20a 36:
21) L2
1.I
L2
a sua fan1l1ia grande'!n,ssomos::seis filhos
e a do marido"
Paraqueo conceitodeccntraopossasermelhorcompreendido,ve-jam-semaisdoisexemplos.No texto2, LI vinharalandosobreseuabando-no davida profissionalporcausadosfilhose dastendnciasprofissionaisdeseusfilhos,quandoit linha1511umaperguntadaDocumentadorainiciaum novotpicoque,emboratenhasuaorigemno anterior,centra-senas"Razesda OpiioProfissionaldasLoc({{oras"e bifurca-seem dois seg-mentos:daslinhas1511a 1561"Opoprofissionalde L2", e daslinhas1561-1599"OpoprofissionaldeLI".
Buscandoesclarecerum poucomais,observe-senovamenteo seg-mentoquevaidaslinhas1511a 1561:
() tpicoquesevemdesenvolvendoestcentradono "Planejamen-to familiar dc LI" (linhas I a F)); o quese desenvolveagora o do "Ta-manhoda famlia de origemde L 1"que,cmborase tenhaoriginado notpico anterior,temoutracentrao;aspausase hesitaesindicamqueLI estterminandoo tpicoe permitcma L2 intervir,fazendoa pergun-ta- "edo muitotrabalhotemessesproblemasdejuventude..." (linha 37)- quesinalizama introduode umnovotpico.
Celltrao o falar-seacercade algumacoisa,implicandoa utiliza-o de referentesexplcitosou infervcis.() tpico temlimitesbem defi-nidos e pode ser distribudo em segmentossucessivos,que seroexplieitadosmaisadiante.
A centraonorteiao tpieode tal formaque,quandosetemumanovacentrao,tem-seumnovotpico.
I.l c a do marido...eramdozeagorasoonze...1.2 ahn ahn
25
)1)
)5
1.I
L2
LIL2
1.I
L2
LI
L2
LI
quer dizer somosde famliasCiRi\:'\des e::...ent
-
2.2.Orgallicidade
No lexto 1, temos um supertpicoFAMiLlA e dois tpicos co-onslituinles:"Tamanhoda Famlia" e "Papelda Mlllhel' Casada".Cada
osegmentoquevai das linhas 1511a 1548 (at ele) esteentradono tpico "Influnciado pai na opoprofissionalde L2 por advocacia".As proposiesqueo integramcstoassociadaspor Un conjuntode ele-mentosque tratamda influnciado pai.Esseconjuntosedestacaem re-lao a outros que podemser eonsidcradossecundriose tambmemrelaoa outros conjuntoscircunvizinhos,nessemomentoda conversa.
.J o segmentoimediatamenteposlLrior - linhas 1548 (a partir de ~no) a 1561(atdesisilindo)- centra-seno tpico"Circunstnciasadver-sasa opoprofissionalde L2 por advocacia",porqueagorah umoutroconjunto de elementosque se relacionampor tratarda opoprofissio-nal que se sobressai nesteoulro momentodo dilogo.Como j foi ditoanteriormente,essesdois segmentosou subtpicosformamo tpico "Ra-zesda OpoProfissionaldasLom/oras"(Op\~ode L2).
- "PlanejamentofamiliardeL2" -linhas 75a 92(segmento5):
(pensamos)seriamenteemparar...depoisdissoainda
ti/tiveproblemasde...sadeproblemasde tiridenosei
qu::entoo mdicoest.'aconselhandoa notermais...
ent~onsestamospensando...estamospensandonoofie/oficialmentenoest.'encerrado...masdefatoest.'
porque::...o endocrinologistaproibiuterminantemente
programados
(isso)... faz favor( )[a p/ a p/...a programao...
haviasidoplanejada...masnodeueerto...((risos
filhos daplula no?risos
no...risos
nemdatabela?((risos
nojustamenteporqueatabelano::nodeucerto
que::risosvieramaoacasoahnahn
e::nshavamosprogramadoNOve ou dezfilhos...no?
L2
Li
[L2 (nossaquechique)
[Li ent.'o...
L2
LiL2
Li
Doe.
L2
L2
Li
Doe.
Doe. a senhora... procuroudarespaodetempoentreumeOUtro...
L2 aconteceramou foram
[aconte/...
10
umdessestpicosco-com;tituintesde FAMLIA formadoporsubtpi-coso
O tpico"Tamanhoda Famlia" contmdois subtpicos:"Planeja-mentoFamiliar" e "Tamanhoda Famlia de Origem",Essessubtpicos,porsuavez,soformadosporsegmentosmenoresouporestpicas.Paraquese possaobservara linearidadeda fala,essessegmentossoaquinu-meradosdeacordocoma ordememqueocorremnotexto,a saber:a- "PlanejamentoFamiliar":
- "PlanejamentofamiliardeL1" -linhas 2 a 19(segmento1):
15
75
80
5
era umadas trsentoele di;j eleachavaque essaa que
teria maispossibilida::dede di! dediversificao
depois...e quandoasoutraserammaisespecficas...n?certo
um mdicoera s mdicoo engenheiroera s engenheiro
...pelo menosnaquelaallura...e ent,io::eu acho
que fui incutidapor ele...e::c e noe no fiz o resto
por minhacausa...a... foi...
foram circunstnciasque no favoreceram...
foi circunstnciasque no favoreceramque eu no:: .
no conseguino Itamarati... ( )no noconseguino .
nemchegueia tentar...acrescidodo fatoque que a depois
soubeque para mulherera muitodifcil que elesquasenoadimitiamera difiCllimo et cetcraet celera...e a fallou
tinimopara tentarparavaler.. Cuachoque a se eu tivessetentadoteriaconseguidomasrealmentefaltou nimo
faltou interesse...((risos os inleressescomeam...a se::
I()
diversificartambmn? e a genteacabadesistindo
e a genteacabadesistindo...e vocpor que que vocfez?
1545 LI
L2
L2
1550 LI
L2
1555
LI15(,0 L2
42 43
-
b- "TamanhodaFamlia deOrigem":- "TamanhodafamliadeorigemdeLI" - linhas20a36(segmento2):
Quantoaotpico"PapeldaMulher Casada",verifica-seque,segun-do o trechoaquirecortadoparaanlise,eleapresentaum subtpico:"Trabalhocom os Filhos". Estesubtpicoformadopelosegmento"Au-snciadeproblemascomos filhosadolescentesdeLI", linhas37a 62,numeradocomosegmento3:
85
90
LIL2
LI
L2
queeutenhamaisfilhos...I()inclusive...seeutiver...eledissequevaisernecessrio..umaborto...entoestamosnaquelenegcioeh...comofazer::...sefaooperao::soo maridofa::zmaseleachaque::...dejeitonenhum::risos))precisaconvenc-Iono?
[
precisarealmenteestarconvencidodissoeeleumacoisaquenovaiserfcilconvencerentodesistimos...eupelomenosdesistinosetocamaisnoassunto...masrealmenteentoestencerradomas
gostaramosdemaisdemaisfilhos...emboraeufique
70
75
LIL2
gostariadeMAISdetertido...maisirmos...porquequando::...commeuirmoeuj::j tinhacursouniversitriojj tinhasadodafaculdadequerdizerentonotemquasequevantagemnenhumano? euqueriaentoumafamlliagrandetnhamospensa::do.numafamI1iamaiormasdepoisdosegundo...j deveestartodomundotodesesperadoquensrisos))estamospensando...I()
(pensamos)seriamenteemparar...
- "TamanhodafamliadeorigemdeL2"- linhas63a75(segmento4):
edomuitotrabalhotemessesessesproblemasdejuventudeessesnegcios( )(noestmuitonaidaden'!)[
noporenquantonoporque...estoentrandonaasmaisvelhasestoentrandoagoranaadolescnciae...
[()
massomuitoacomodadas...aindanocomearamassim...aquelafase...chamadade...maisdifcildecrtica
(
(chamadamaisdifcil)n?
ahnahn
aindano...felizmente(aindano)comearam() .agora...euachoque::...eu...esperono::terproblemacomelasporque...nsmantemOliassimumdilogobemabertosabe?uhnuhn
comascrianas...ento...esperamosqueno::hajamaioresproblemasahnahn
como avanardosanos...enfim...o futuro[()
L2
40 LI
L2
LI
45 L2
LIL2LI50
L2
LI
L2
55
LI
L2LI
L2
asuafamliagrande?nssomos::seisfilhoseadomarido?
e"edao entusiasmoparaNOvefilhos...exatamentenoveoudez...
I()
e::mas...depoisdiantedasdificuldadesdeconseguirquemmeajudasse...n::sparamosnosextofilho...ahnahnno?...e ...estamosmuitocontentese...
[( ) realmentedeveserumadelciater
umafamlliagranlbemgrandecombastantegente eusoufilhanica...ahtenhoumirmodetrezeanos mas
L2
LIL2
ILI eadomarido...eramdozeagorasoonze...L2 ahnahn
IquerdizersomosdefamlliasGRANdese::...e\Jtoachlachoque::...dadoessefatornosacostumamosa::muitagenteahnahn
LI
L2
LIL2
LI
L2
LI
L2
LI
L2
20
30
25
35
65
4445
-
A noodeverticalidaderefere-sesrelaesdeinterdependnciaqueseestabelecementreos tpicosdeacordocoma maiorou menorabrangnciadoassuntoepermitemdizerqueh nveisnaestruturaodostpicos,indodesdeumconstituintemnimo- subtpico(SbT) atporesmaiores- tpicos(T) ou supertpicos(ST), constituindoumQuadroTpico,comoilustraoesquema:
- a descontinuidade- decorredeuma~erturbaona se-qencialidade:umtpicointroduzi-do, na linha discursiva,antesde seteresgotadoo precedentequepodeou noretomar.Se noh retorno,tem-seumcortec seh,tm-seasin-seresou as digressesque serotratadasnoitem4destetrabalho.
- a continuidade- decorredeumaorganizaoseqencialdostpicos,demodoqueaaberturadeumsedapso fechamentodo prece-dente.Deve-sedizerqueo tpicocom-preende mecanismos de incio,desenvolvimentoesadadetectveisporelementosverbaisou por traossupra-segmentais. [j]
TrabalhocomosFilhos
[jJbPlanejamentoIFamiliarJ[jJbJ
FAMLIA
~------- . __ .~----~
TamanhaFamlia PapeldaMu TerCasada
T7/ '"I SbTj llti!J
No texto2,o supertpico PROFISSO e asLocutorasfalamso-breas."RazesdesuasOpesProfissionais"comosseguintessubtpicos:
b-"OpodeLI":- "Necessidadede carreiraprofissionalizantede LI": linhas1561a
1564(segmento3)- "PreocupaodeL1 comohorrio":linha1565(segmento4)
QUADROTPICO
Transpondo-seesteesquemaparao texto1, obtm-se:
a-"OpodeL2":- "Influnciado pai na opodeL2 por advocacia":linhas 1511a
1548(segmento1)- "CircunstnciasadversasopoprofissionaldeL2 pordiplomacia":
linhas1548a1561(segmento2)
pertence...ah
a Deuseno...ans
LIL2
LI
A relaoqueseestabeleceentreo supertpicoe osdoistpicosco-constituintes denominadaorganicidade.Esta relaosemanifestapelainterdependnciaqueseinstaura,concomitantemente,emdoispla-nos:linearevertical.
A noode linearidaderefere-sesarticulaesentreos tpicosemtermosdeproximidadenalinhadiscursivaeestligadaintroduodeinformaesnovas. atravsdelaquesepodecompreendermelhordoisfenmenosbsicosqueacompemaorganicidade:
60
46 47
-
O segmento4 - "Preocupaode LI com o horrio"constituiumadigresso.
Esquematizando,tem-se:
- "Necessidadede carreiraprofissionalizantede LI": linhas1565 a 1574(segmento5)
- "Opode LI por pedagogia":linha1574a 1599(segmento6)
PROFISSO
i-----------L-------lI Razesda OpoProfissionaldasLocutorasL- __
-----------
Opoc~~2
//~.Q] [~]
-~-----
---------------~
Op~eLI/ ..../
-
50
4. Digresses
Foi dito, anteriormente,quea linha1565constituiumadigresso.E o que umadigresso?Alm da linha 1565("--meurelgioestatrapalhandoa nossa--"),
observe-setambmo trechoabaixo,do mesmoinqurito:
L2 estdesenvolvendoo tpico A - "CotaodeAlgumasProfis-ses"- (linha 895a partir de e por a linha 898at seleode pessoaln?...), maso interrompepara explicarcomo funcionamas agnciasdeemprego- tpico B (linha 898a partir de ento linha 908at isso issoisso); aps a interrupo,L2 voltaa desenvolvero tpico A que rein-troduzido pelo marcadorento (linha 908: "entoeu estavaexplican-do...").Esse marcadorassinalaa retomadado fluxotemtico.
A digressopode ser definidacomoumaporo de conversaqueno se acha diretamenterelacionadacom o tpico em andamento.As-sim,os falantesestodesenvolvendoumtpicoA (1etapa),o falante1,
por exemplo,introduzumtpico B (2etapa).Este tpico desenvolvi-do e, momentosdepois, encerrado(3 etapa).A seguir o tpico A
I
,
'
('1I
III
I
!
~i
b. digressobaseadana interao:distingue-sedasdemaispor noapre-sentarrelaesde contedocom o tpico em andamento.No entanto,
Dascal e Katriel (1982)sugeremuma classificaodas digressesemtrstiposbsicos:
51
a. digressobaseadano enunciado:caracteriza-sepor apresentarumaespciede relaodecontedo(semnticoou pragmtico)entreo enun-ciado principalvigentee o digressivo.Em geral,estadigresso introdu-zida ou encerrada por operadores de digresso (marcadoresconversacionais),tais como: a propsito...; por ralar nisso..; isto melembraque1...1perdocontinue;perdo,mas issoparece...; olha temumnegcio...; j que voc mencionouisso I..J voltando ao assunto. Umexemplodestetipo de digressoocorre no exemplo(4), j comentadoanteriormente.
4.1Tipos deDigresso
II
III
I1
reintroduzido(4etapa).No exemplo(4), a digressose localizana 2e
3etapas. 11'1iPara analisar-seumadigresso, precisoobservarem que condi- !I, I,es um desviotpico origina uma mudana,uma evoluonatural ou Iiuma digresso. evidenteque num contextointeracional,qualquer in- 'tervenoou mudanapode provocaruma alterao,abandonoou flu-
tuao do tpico. Essa mudanano fluxo conversacionaltanto podeprovocarumabandonodo tpicoquevinhasendodesenvolvido(mudan-atpica)quantoumareintroduodo tpicooriginal.
Cabe ressaltarque numaconversao- eventocomunicativodin-mico- humaconstanteflutuaode tpicosdiscursivose essaflutuaono tida ou sentidacomo incoerenteporque,durantea evoluonatu-ral de umdilogo,ostpicostmumasriederelevnciasque podemserdetectadase selecionadaspelosfalantes.
Em geral,as digressesso introduzidassemqualquermarcafor-mal, maspodemvir com algumtipo de marcador como, por exemplo:apropsito, isto melembraque.Esse marcadorou operadorde digressopermite, logo aps o trecho digressivo,a volta ao tpico anterior bemcomoa continuidadede novaspropostas.
(...) eporaa
gentev por FOra ...como a coisaestdifcil( )por
issoeuvejo pelo meumarido...comoeu falei paravocsele fazseleodepessoaln? .. ento...ele diz que para...
por exemplocadacemengenheirosque pedido...ele
funcionado seguintemodoas firmasprecisam...de umem/ de umcaraentoahpor exemplo(ah)um::() um
bancoprecisade um diretor de umbancochegapara ele
diz assim"euprecisode umdiretor de bancopara tal tal
reapara fazer issoassimassimassimassim"...ento
elevai procurar...certo? .. ou entochegaumaoutrafirma e diz assim"preciso...um::umgerentede::...
de produo::o um gerentede ( )" normalmente umengenheiroisso isso issoentoeu estavaexplicando
...que paracadacemengenheirosquesopedidos...
pedido UM advogado...quer dizer a desproporoinCRvel...
[() incrvel mesmo...OS mdicostambmmuito pouco...
LI1.2
(4)
910
895
900
905
-
no consideradainadequadano que diz respeitoao fluxo conversacio-na\.Sua adequaopodeserencontradano contextosituacional,sejaporrudos externosou algumtipo de distraocomo,por exemplo,a chega-da de umaoutrapessoa.De modogeral,estadigressoumaespciederespostaadequadaa algumademandaextrnsecaao contedotpico.Asconversaesnasquaisestetipo de digressoestencaixadosoobserva-dascomoeventoscoerentes.O que importanestetipo de digressonoest explicitadoverbalmenteporque social, consensuale insere-se
numadimensodiferente.Um exemplodestetipo de digresso o queocorrena linha 1565:verifica-sequeLI vemdesenvolvendoo tpico"Ne-cessidadede carreiraprofissionalizante",maso interrompee faz umadi-gresso ao mencionar o problema do horrio: "--meu relgio estatrapalhandoa nossa--...". A interrupo bastanterpida e quandoLIreintroduz o tpico, repetea ltimaestruturautilizadaantesda digres-so:"por umacarreiraprofissionalizante".
c. digressobaseadaem seqnciasinseridas: refere-sea uma grandevariedadede atosde falacorretivos,esclarecedores,informativos,etc.
Observe-seo exemplo:
(5) Contexto:O gerentedeumaagnciadepropagandadirige-seasuasecretriaepergunta:
~ A- Cludia,ondeesto relatrio?
[ B- Qualrelatrio?- A- Aqueledoltimotrimestre.
B- Estnaprimeiragavetadoarquivo.
\A perguntafeitapelo locutorA foi respondidapor B apenasna l-
timafala de B. Entre a primeiraperguntae a suarespectivaresposta,huma seqnciainserida que contmum pedido de esclarecimentoe arespostaa essepedido.
A seqnciainserida baseadano ouvinte,vistoque umarespos-ta a um enunciadoanterior no totalmenteaceito ou compreendido.Oque a distinguedo materialconversacionalem que estencaixada ofato de desempenharumafuno metalingstica.Pode-sedizer, ento,que ela marcauma espciede saltoe vistacomo umapausano fluxoconversacional.
52
5. Consideraestinais
Os textosaqui cxaminadosmostramque a conversaono umenfilciramentoaleatriode enunciados;ao contrrio,ela altamentees-truturadae passvelde umaanliseformal.
De ummodogeral,o textoconversacional coerente;o problemaque comoele obedecea processosde ordemcognitiva,muitasvezes,setorna difcil detectaras marcaslingsticase discursivasdessacoerncia,pois ela geralmenteno se d combasenessasmarcas,masna relaoentreos referentes.
E como observaAquino (1991:89): "...um texto conversacionalpode ser dito coerentese os referentesapresentadosnos tpicosdiscur-sivospuderemser alinhadoscomopertencentesa um mesmoquadrot-pico. Alm disso, os referentesdevem fazer parte de um conjuntopossvelde referentes,ou seja,oselementospresentesnaqueletpicode-vemserpertinentes".
Nota-setambmqueumsegmentonoprecisasercoerentecomosque lhe soprximos(veja-seDigresso),j quenoh transfernciadepropriedades,mashsemprealgumaassociao.
A coerncia, assim,no textoconversacional,umanoo"relativa-mentehbrida, que diz respeitoa uma organizaode vrios nveisaomesmotempo"(MARCUSCHI, 1988:2). Da a importnciaque a noode tpico e a de desenvolvimentodos tpicos vem adquirindo ultima-mente.
REFERtNCIAS BIBLIOGRFICAS
ANDRADE, M. L. C. V. O. (1990).Contribuiogramticado portu-gusfalado:estudo,dosmarcadoresconversacionaisentoa, da.Dissertaode Mestrado,PUC/SP.
AQUINO, Z. G. O. de (1991).A mudana de tpico no discurso oraldialogado.DissertaodeMestrado,PUC/SP.
BROWN, G. e YULE, G. (1983).Discourseanalysis. Cambridge,Cam-
bridgeUniversityPress.
53
-
CASTILHO, AT. de e PRETI, D. (orgs.) (1987).A linguagemfaladaculta na cidade de So Paulo: Dilogos entre dois informantes.So Paulo, T.A Queiroz/FAPESP, voI.11.
DASCAL, M. e KATRIEL, T. (1982)"Digressions:a studyin conversa-ti,onalcoherence".In: Petfi, J. S. (ed). Text vs sentence.Hamburg,Buske, voI.29,p. 7695.
MARCUSCHI, L.A (1988).Coesoe Coernciana conversao(orga-nizaotpica).Versopreliminardatilografada.
3 . O TURNO CONVERSACIONAL
Paulo deTarso Galembeck
Uma das caractersticasmaisevidentesda conversao, segura-mente,o fato de que os inter1ocutoresalternam-senos papisde falantee ouvinte.Dessemodo,umadas formasde se compreendera organiza-o do textoconversacional verificaros processospelosquaisocorre aalternncianos referidospapise a maneirapela qual os participantesatuamconjuntamentenaconstruodo dilogo.
Nessesentido,estetextoprope-sea efetuarumestudodasformasde participaode cadainter1ocutor(turnos)e dosprocedimentospelosquaisocorre a troca de falantes.O ponto de partida o examedasduasmodalidadesbsicasde interao,quaissejam,assituaesde simetriaeassimetriana participaodosinterlocutores.A seoseguinte dedica-da coneeituaoe tipologiado turnoconversacional;na ltimaparte,discute-sea gestodeturno(procedimentospelosquaiso falanteconser-vao turnoou passa-oao outrointer1ocutor).
O COrpllS destetrabalho constitudopelos inquritos062 e 343(dilogos entre dois informantes- 02), publicadosem CASTILHO ePRETI (1987).
1.Simetriaeassimetriana conversao
1.1.ConversaoSimtrica
O fragmentoa seguirconstituiumexemplodeconversaosimtri-ca:
54
(01)
230
L2
Li
nsentramosali no :: ...naquelearroz unidovenceremos
risos ...um dia elesai da colher outro dia nosai ...risos fogo ...(entende?)risos (sebemque ainda::bom ... )
dizem n? -- vocv -. dentro da profissodo vendedor...a coisamaisdifcil vocmanterrealmenteo
55
-
1.2.Conversaoassimtrica
Antesdesetratardeconversaoassimtrica,cabeexporoconcei-todeinterveno,assimentendidasasdiferentesformasdeparticipaodosinter1ocutoresnodilogo.Nessesentido,consideram-seturnostantoasfalasdevalorreferencial(nasquaissedesenvolveo assuntooutpicododilogo),comoossinaisqueindicamqueo inter1ocutorest"seguin-do"ou"acompanhando"aspalavrasdoseuinter1ocutor(certo,uhnulm,ahnahn).
Antesde se tratarespecificamenteda simetriana conversao,cabedefiniro conceitodetpicoconversadonal(ousimplesmentetpi-co). O conceitoadotado o quefoi expostopor BROWN e YULE(1983:73):tpicoaquiloacercadequeseestfalando.
O fragmentocitadoconstituiumexemplodeconversaosimtri-ca:neleambososinter1ocutorescontribuemefetivamenteparao desen-volvimentodo tpicoconversacionaldo fragmento,qualseja,o modocomoo vendedororganizao seudiadetrabalho.Comefeito,L2 mostracomoo seualmoo(algoquenopertencepropriamenteaotpicodofragmento),e LI introduzo novotpicoe tratadomodocomoo profis-sionaldevendasdeveorganizarosseushorriosdetrabalho.L2 inter-vme perguntasehumcontrolergidodesseshorrios;L2 respondequenohcontrolergido,maso tempodeveserbemaproveitado,parahaverproduo.L2 fazoutrapergunta,indagandosehummnimodefaturamentoquedevaserobtido,e L1 respondenegativamente.L2, en-to,observaqueo tempodetrabalhopode,eventualmente,serusadoparao lazer,e LI retruca,afirmandoque precisotrabalharbastanteparaasubsistncia.
No fragmentocitado,ambososinter1ocutoresparticipamdodesen-volvimentodotpicoeonversacional,o trabalhodovendedor.Em outrostermos,humasituaodesimetriaentreasfalasdeambososinter1ocu-tores,poiscadaumdelesengaja-senaconsecuodoobjetivocomume,assim,buscadiscutirO tpicoeexporseupontodevista.
235
240
245
250
255
260
265
Li270
Li
L2
Li
L2Li
L2
L2
Li
indivduo ..oh OIto horasemcontatodireto com os
clientes000 umacoisa::00. realmentedifcil 00. entoa
genteinclusive::ooopedepara queo indivduo no perca
temponesseshorrios certo? 000 e procure almoar 000 no
seu territrio de trabalho 000 por ali mesmoemvezde ter
quese deslocarde um territrio de trabalho
para suaca::sa000
Ipara a suaresidncia...paravoltar:: 000 isso acarreta
muitaperdade tempo000 masa coisamaisdifcil dentro
da profissodo vendedorvocrealmente'0' conseguir
manteroito horasnaqueleterritrio de trabalhoSEM
sair de l 000 e MAIS umavezeu "0 euvejo a influnciado climae tudo mais 000 se umclimachuvosotal talvez
at meajude 000 nessesentidoeupossoficar .0. e nemter
vontadede desair de l para medeslocarpara algum
outro localporque no d tambm000 perderia muito
tempo000 dia de chuva000 conformeo:: .0. o dia realmente
prejudicanesseaspecto
eu::eu lheperguntariaa dentro desseproblema 000 voc
no 000 possuiuma 000 um controle .. digamosassim-- em
cimadevocvocdeveproduzir tantonum dia 000 ou 000ou existeissoou digamosumdiade chuvaestum dia
horrvel para trabalharum dia quevocestindisposto
vocpoderiapegarvoltar parasuacasaentrar num
cinemadistrair umpouco entende?.0. que (que voc)vocpoderia fazer isso?
no 000 podeperfeitamenteeuachoque::essa::essa::00'
essaresponsabilidade000 ela nos atribudao.,inclusive::dentro daprofissodevendaso que::interessa:: o..
faturar 000 entende?000 para elespouco importa::svezesa::o tempodede trabalhon?comovocutiliza o seutempode trabalho.00 ele tem
queser '0'bem utilizadoparavocefetuarsuasvendas000 umavezquevocutiliza 000
Imasexisteum limite emquevocdevaum mnimo
!c/levar nestetal de faturamento?
Ino no existe...no existeoo.noexiste...
voctemumavantagemsobrea genteentende?o dia
quevocestiverchateadoo dia estivermuito bonito voc
podepegarseucarro e::dar umadeslocada
para o litoral e tal
I masseriadifcil n?
275
L2
Li
quevocquepara a subsistnciavocIumdia chuvoso
vocprecisatrabalharbastante
(Inq.062,linhas227-277)
56 57
-
Na conversaoassimtrica,umdosrnterlocutores"ocupaa cena",pormeiodeumasriedeintervenesdentidocarterreferencial,ouseja,de intervenesnasquaissedesenvolveo tpicoou o assuntodofragmento.O outroparticipantescontribuicomintervenesepisdi-cas,secundriasemrelaoaotpicodofragmentoconversacional.
O fragmentoaseguirconstituiumexemplodeconversaoassim-trica:
No exemplo02,h duassituaesde assimetria.Primeiramente(entre1-1e1-9),o informanteLI, emsuasintervenessucessivas,tratadasdificuldadesencontradasparaseremmontadoscursosde ps-gra-duao.L2, nessecaso,participadaconversaopormeiodeinterven-es ocasionais,secundriasem relaoao tpico em andamento("defenderuma tese","existe").
A partirdeI-tO, asituaiiolinverte-seeL2 quepassaa"dominar"a cena,tratandodosproblemasdaquelesquesededicam ps-gradua-o.As intervenesdeLI (1-11e1-13)indicamqueo citadoinformante"segue"ou"vigia"aspalavrasdeseuinterlocutor,manifestandoentendi-mentoeconcordncia("poesia"),("poesia..correto..").
Veja-seoesquemaaseguir:
(02)l-I LI
1-2 L21-3 LI
1-4 L21-5 LI1-6 L21-7 LI
1-8 L21-9 LI
((pigarreou)) vejao queestacontecendo...por incrvel
que pareah falta dedoutoreshoje...por qu? porquea tendncia acabaro curso...e muitodificilmenteum
vai sair paraa pesquisa...para estudarparadefenderumatese
(defender) umatese
entonsestamoscomproblemainclusive...quaisso
os cursosde mestrado?no hdoutorespara...ministrar
essescursose precisamser...e precisamter a categoria
de doutorespara poder lecionarnessescursosde
ps-graduaco...ento realmenteum fatoque estexistindo...ento...como estexistindoessadificuldade
eu:: no tenhadvidaa especializao super necessria
...porque depoisde um de um de umestgioem
trabalhoe tudo issovocnecessitaaquilo vocpode
coadunarperfeitamentedeveriamexistirmuitoscursosde
especializao...a gentevalgunsvriosata na nossa
reapor exemplomercadodecapitaisexistealguns...existe
e outros mais...a Getlio Vargas inclusive umaque::.
lanacursosde...
temos cursosassimnessesentido ela...dentro da rea
de Economia temo IPE (l) da USP ...e::S2:' poucos...
existiaumoutro pareceque naUniversidade::
Estadualde Campinasn? da::CEPAL ...CEPAL. ..
maspareceque estaqora interrompidono momento...
e:: so realmentepoucose::svezesseseperguntaplporque poucosquandoa gentetemvontadede dar um
prolongamentoh faltade doutores...apesardesaber
que vocvai pagarcaro essescursosissonoproblema...
1-10 L2
1-11 LI1-12 L2l-H LI1-14 L2
1-15 LI
vamosl se paraconhecimento::temque tocarpara
frente...mashoje em dia noexistemos doutoresest
difcil... por qu? porque::...muito poucosvo n? paraessareada da essareacientficamesmo...estudar::
profundamentedefenderumatesetudo isso...
justamenteelesvo muitospoucosvo paraessarea
cientficapor causado problemaeu creio maisda...do
problemada... remuneracodo indivduoentende?..
comovocfalou...o indivduoquepesquisavivede::...
poesia .
poesia .entende?
poesia...correto...((risos))
ento::no d :: o indivduofala "poxaeuvou perder
umano dois anosa pesquisandovou levantarum
problemadefenderumateseaI"...e svezesno temsortenavida deleentende?
uhn uhn... que hoje::dentroda nossaprofissoainda
maisumavezfalando nela...atparecequesou
emPOLgado por ela n? ((risos)) no acha?..o::...
que coma empresaprivadahoje em dia ela atendemuito
melhor entende?...queasentidadespblicas...hojeem
dia seganhamuito mais...ento::o:: rgospblicosestoassimmuito limitadosem termosde...de nmeros
dede vagaspara determinadascoisas...
(Inq.062,linhas802-857)
5859
-
1.Simetria:ambosos inter1ocutorescontribuemparao desenvolvi-mentodo tpicoconversacional.
2.Assimetria:umdosinter1ocutoresdesenvolveo tpico;o outro"vigia"ou "segue"o seuparceiro.
A. Turno nuclear
o que possuivalor referencialntido, ou seja,que veiculainfor-maes.Num turno nuclear,o falantedesenvolveo tpico em andamen-to:
8. Turno inserido
No tem um carterreferencial,ou seja,no desenvolveo tpico(assunto)da conversao.A funoprincipaldosturnosdessamodalida-de no a transmissode contedosinformativos,masa indicaodeque um dos interloculoresmonitora(isto , acompanha,vigia, fiscaliza)as palavrasdo seuparceiroconversacional. o queseverificano exem-plo a seguir:
As trsintervenesdo fragmentocitado(duasde LI e umade L2)constituemexemplosde turnosnucleares,poistodastmcontedoinfor-macionalntido e evidente.Veja-se:LI afirmaque o desenvolvimentobom,porqued chancede empregoparamaisgente.L2 contestaasafir-maesde LI, combaseemcasosindividuais;esteltimorespondequeprecisoverificara mdiadoscasos,nooscasosparticulares.
As vrias intervenesde LI c L2 no exemplo1 tambmconsti-tuemexemplosde turnosnucleares.A nicaexceo a ltimainterven-ode L2 ("umdia chuvoso"),queconstituiumturnoinserido.
2. Conceitoetipologiado turno conversacional
2.1.Conceitodeturno
A idia de turno- de acordo como sensocomum- estligadasvriassituaesemqueosmembrosdeumgruposealternamou sesuce-
demna consecuode umobjetivocomumou numadisputa:jogo de xa-drez, corrida de revezamento,mesa-redonda.Em todasessassituaes,cadaparticipantedispe,para a consecuode suatarefa,de um pero-do de tempo(fixoou no),o qualvema constituirumturno.
Conformej foi vistono incio destetexto,na conversaotambmocorre alternnciana consecuodo objetivocomum:os participantesdo dilogo revezam-senos papisde falantee ouvinte.Nesse sentido,pode-secaracterizara conversaocomoumasriede turnos,entenden-
do-se por turno qualquer intervenodos inter1ocutores(participantesdo dilogo),de qualquerextenso.
O conceitodeturnoqueacaboudeserexpostovalorizatodasasin-tervenesdos inter1ocutores,tantoaquelasque possuemvalor referen-cial ou informativo(ou seja, que desenvolvemo assuntotratado num
fragmentodo dilogo),comoaquelasintervenesbreves,sinaisde queumdos inter1ocutoresest"seguindo"ou "acompanhando"aspalavrasdoseuparceiro conversacional.A posioadotadaconsideraambasas mo-
dalidadesde interveno(comou semvalorreferencial)relevantese sig-nificativaspara a organizaode textose seqnciasconversacionais;essa postura coincide, alis, com as idias de McLAUGHLIN(1984:103),paraquemtodososenunciadosdevemser tratadoscomouni-dadesconstrucionaisdeturno.
2.2.Tipologia deturno
Conformej ficouentrevistono itemanterior,h duasmodalidadesdeturnosconversacionais:
(3)555
560
565
Li
L2
Li
entoo desen/o desenvolvimentobomporqueeledchancedeempregoparamaisgente...masvocestpegandoumacoisin::nhaassimsabe?umcaraqueestejadesempregadotambmeuposso usaro
mesmoexemplonumnumsentidocontrrio o caraqueestdesempregadoporquenoconsegueseempregarn?naverdadenoquer...ouumoutroque::assim...muitobemempregadoexecutivochefedeempresaetalmascheiodasneurosesdeleeunoseiqualestmelhor...
entovoctemqueabstrairdesseaspectoporquevocpodeterambososca::sos...voctemquepegarnamdiaesquecendoesseaspectop