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Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro de Desenvolvimento AgrárioGuilherme Cassel

Presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma AgráriaRolf Hackbart

Superintendente Regional do INCRA em São PauloRaimundo Pires Silva

AutoresRobert Macedo (Incra/Faped/Embrapa) Vivian Ferreira Franco (Incra/Fepaf)Luiz Octávio Ramos Filho (Embrapa Meio Ambiente)João Carlos Canuto (Embrapa Meio Ambiente)Carlos Gleison Ribeiro (Incra/Fepaf)Donizete Alexandro dos Santos (Incra/Fepaf)Fernando Rabello Paes de Andrade (Incra/Fepaf)Henderson Nobre (Incra/Fepaf)Henrique Barros Vieira (Embrapa Meio Ambiente)Henry Alexandrino de Souza (Incra/Fepaf)João Batista Rosseto Pelegrini (UFSM - Universidade Federal de Santa Maria)Josenilton Xavier do Amaral (Incra/Fepaf)Laércio André Nochang (Incra/Fepaf)Maria Fernanda Magioni Marçal (Incra/Fepaf)Sheyla Saori Iyusuka (Incra/Fepaf)Sidnei Aparecido de Macedo (Incra/Fepaf)

IlustraçãoRhelga Westin

FotosLuiz Octávio Ramos Filho

Projeto GráficoRogério Mirabili

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SSSSuuuuppppeeeerrrr iiiinnnntttteeeennnnddddêêêênnnncccciiiiaaaa RRRReeeeggggiiiioooonnnnaaaallll ddddoooo IIIINNNNCCCCRRRRAAAA eeeemmmm SSSSããããoooo PPPPaaaauuuullllooooSSSSããããoooo PPPPaaaauuuulllloooo,,,, 2222000000008888

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PPROJETOROJETO “M“MELHORIAELHORIA DADA PRODUÇÃOPRODUÇÃO LEITEIRALEITEIRA ATRAVÉSATRAVÉS DODO

MANEJOMANEJO SUSTENTÁVELSUSTENTÁVEL DEDE PASTAGENSPASTAGENS EMEM AASSENTAMENTOSSSENTAMENTOS

RRURAISURAIS NONO EESTADOSTADO DEDE SSÃOÃO PPAULOAULO””

EXECUÇÃO:EMBRAPA MEIO AMBIENTEINCRA - INSTITUTO NACIONAL DE COLONOZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIASuperintendência Regional São Paulo

COORDENADORES:Luiz Octávio Ramos Filho (Embrapa Meio Ambiente)João Carlos Canuto (Embrapa Meio Ambiente)

PARCEIROS:CCA - Cooperativa Central de Reforma Agrária do Estado de São PauloFAF - Federação da Agricultura FamiliarCOAPAR - Cooperativa de Produção Agropecuária dos Assentados e PequenosProdutores da Região Noroeste do Estado de São Paulo

FINANCIADORES:MDA - MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO MCT - MINISTÉRIO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

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AAAs condições ambientais adversas nas áreas de assentamentos rurais no estado deSão Paulo, via de regra herdadas da exploração agropecuária anterior, freqüente-mente se constituem em importantes obstáculos à consolidação econômica dasfamílias de assentados. Frente a esta situação, desde 2003 o Incra em São Paulo,junto com diversos parceiros, tem buscado construir uma relação mais harmônicae sinérgica entre reforma agrária e meio ambiente, conciliando assim os objetivosde desenvolvimento econômico e inclusão social, com os objetivos de recuperaçãoambiental da paisagem rural.

Neste sentido, foi iniciado em setembro/2005 o Projeto “Melhoria da produção lei-teira através do manejo sustentável de pastagens em Assentamentos Rurais no Estado de SãoPaulo”, coordenado pela Embrapa Meio Ambiente, tendo como parceiros oINCRA - Superintendência Regional São Paulo e as organizações dos agricultoresassentados das regiões envolvidas.

O projeto, financiado pelo Governo Federal através do edital MDA/MCT/Em-brapa, teve como objetivo geral iniciar um processo participativo de capacitaçãoagroecológica junto a agricultoras e agricultores assentados em duas regiões situa-das no oeste do estado, com grande concentração de famílias assentadas e que gra-ças à reforma agrária hoje se constituem em importantes bacias leiteiras no estadode São Paulo: as regiões de Andradina e o Pontal do Paranapanema.

Mais especificamente, o projeto teve como objetivo formar agentes multiplicado-res para desenvolver ou adaptar sistemas de produção leiteira sustentáveis, basea-dos em princípios da agroecologia, adequados às condições socioeconômicas e am-bientais dos assentamentos, visando com isso à melhoria da renda dos agricultorese o desenvolvimento sustentável de suas regiões.

Dentre os temas desenvolvidos ao longo do projeto, destaca-se a melhoria depastagem através de um manejo agroecológico, baseado no consórcio e rotação depastagens, na introdução de árvores e no desenho de sistemas silvipastoris. Paratanto foram realizados diversos eventos de capacitação com os assentados dasdiversas regiões, incluindo cursos, dias de campo, encontros regionais e seminários,totalizando um público total da ordem de 300 participantes.

Também como partes do processo participativo de aprendizagem, geração eapropriação de conhecimentos agroecológicos, foram realizadas algumas visitas aexperiências já existentes, e implantadas três unidades de observação participativa(UOPs) nos assentamentos.

A presente publicação visa complementar este processo de capacitação, abordan-do de forma simples e didática os princípios gerais relacionados ao manejo da pe-

PP REFÁCIOREFÁCIO

PECUÁRIA LEITEIRA COM BASE ECOLÓGICA EM

ASSENTAMENTOS RURAIS NO OESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

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cuária leiteira com base agroecológica, principalmente a consorciação de pastagemutilizando leguminosas, um tema com crescente demanda entre os agricultores fa-miliares assentados e que despertou muito interesse ao longo de todo o projeto.Além dos princípios gerais, são relatadas as experiências práticas de implantaçãodas unidades de observação participativa em três assentamentos: Água Sumida, naregião do Pontal do Paranapanema; Timboré e Nossa Senhora Aparecida II, na re-gião de Andradina.

Ressaltamos que tanto esta publicação, como o referido projeto na qual está inse-rida, faz parte deste esforço do Incra-SP e parceiros para construir de forma cole-tiva um processo de reforma agrária em bases ecologicamente mais sustentáveis.Neste sentido, os usos do pasto consorciado e de sistemas silvipastoris podem seconstituir em uma importante alternativa de estímulo econômico ao aumento dabiodiversidade e incorporação do componente arbóreo na paisagem agrícola dosassentamentos, com expressivos ganhos ambientais para toda a sociedade.

Gostaríamos de registrar aqui nossos mais sinceros agradecimentos a todas aspessoas que deram vida e concretude a este trabalho, com idealismo e compromis-so, envolvendo as equipes técnicas dos escritórios regionais do Incra em São Paulo,pesquisadores, técnicos e estagiários da Embrapa Meio Ambiente, equipes de asses-soria técnica da CCA, da FAF e COCAMP, os pesquisadores Luiz Aroeira e RobertMacedo, e principalmente às famílias dos agricultores experimentadores MoacirRaimundo dos Santos, Laércio Ignácio Moreno, José Lopes, e a todos os agricul-tores e todas as agricultoras assentadas que contribuíram com seu suor e alegriapara que este projeto se tornasse real.

Luiz Octávio Ramos Filho João Carlos Canuto

Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente e Coordenadores do Projeto

Raimundo Pires Silva Superintendente Regional do Incra em São Paulo

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PECUÁRIA LEITEIRA COM BASE ECOLÓGICA EM

ASSENTAMENTOS RURAIS NO OESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

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AAGGRRAADDEECCEEMMOOSSGGRRAADDEECCEEMMOOSS ,,

“As famílias assentadas dos Assentamentos Timboré, no Município deAndradina; Nossa Senhora Aparecida, no Município de Castilho; eÁgua Sumida, no município de Teodoro Sampaio, que participaramdiretamente dessa história com seus patrimônios mais importantes:TERRA, TRABALHO, IDEALISMO e CRIATIVIDADE

A todas e todos aqueles que aceitaram o desafio e acreditaram na pro-posta de tornar seu lote mais sustentável. A todos os técnicos e técnicasdos assentamentos, da região de Andradina e da região do Pontal doParanapanema, pela dedicação e atenção que tem revitalizado nossosassentamentos. E às instituições públicas e demais parceiros que acredi-taram no trabalho e uniram forças para torná-lo eficaz, contribuindoassim para o caminho de uma sociedade mais justa e igualitária”.

DDEEDDIICCAATTÓÓRRIIAAEEDDIICCAATTÓÓRRIIAA ((ININ MEMORIANMEMORIAN))

Dedicamos este trabalho à memória dopesquisador e amigo Paulo Kitamura, Chefe daEmbrapa Meio Ambiente (2002-2006), que emtoda sua vida sempre se empenhou para que apesquisa científica estivesse dirigida para asnecessidades dos agricultores familiares e assen-tados. Como filho de pequenos agricultores doOeste paulista, Paulo é um exemplo de que aReforma Agrária é o caminho para combater aexclusão social e garantir um desenvolvimentomais equilibrado e sustentável.

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EEEssa publicação tem o objetivo de gerar reflexão sobre quais os caminhos parauma pecuária com base ecológica, buscando contribuir para a viabilidade da agri-cultura familiar nos assentamentos de reforma agrária. As informações sobre osprincípios do manejo agroecológico são baseadas nos trabalhos de experiênciaspráticas, em pesquisas científicas disponíveis até o momento e também nos con-hecimentos construídos junto com as famílias de agricultoras e agricultores assen-tados da reforma agrária participantes do projeto.

Para a elaboração desse material, inicialmente foi realizado um resgate das infor-mações acumuladas pela equipe técnica desde o início do projeto. Posteriormente,buscamos recuperar as observações e opiniões dos agricultores e agricultoras en-volvidos, com os depoimentos e avaliações das fortalezas e dificuldades encontra-das. Por fim, a equipe técnica buscou pesquisar e sistematizar alguns aspectos bási-cos sobre as técnicas de manejo, voltadas para as principais dúvidas e problemaspráticos levantadas pelos agricultores. Aqui não procuramos apresentar receitas,mas sim princípios gerais e dicas que possam ajudar na prática de pequenos produ-tores rurais de leite.

Este trabalho nos ajuda a socializar algumas informações para o entendimentosobre o manejo do gado e das pastagens, controle leiteiro, dicas sobre o controlenatural de doenças nos animais e na pastagem, para aqueles (as) que direta e indire-tamente fizeram e fazem parte desta construção. E também a todos (as) que porcuriosidade ou interesse venham a aproveitar este material.

É importante lembrar que o conhecimento agroecológico ainda está em cons-trução. Assim, convidamos cada um para colocar a mão na massa, experimentar,aprender, executar e trocar as suas experiências.

Sugerimos que a leitura desse material seja feita em grupo, gerando reflexão e tro-ca de idéias.

Boa leitura!

AA PRESENTAÇÃOPRESENTAÇÃO

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CC

PECUÁRIA LEITEIRA COM BASE ECOLÓGICA EM

ASSENTAMENTOS RURAIS NO OESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

Cada um de nós é capaz de transformar a rea-lidade em que vive. Para Paulo Freire, um dosmaiores educadores de nossa época, o diálogo,a leitura do mundo e a reflexão sobre a vida,são os caminhos para a liberdade.

A Agricultura familiar é um estilo de vida,uma forma de estar na terra, de convivência, derelação com a natureza, envolvendo toda a fa-mília. É cuidar da terra, da água, da vida, man-ter os conhecimentos, as sementes, é convivercom os companheiros das outras famílias. Nafamília, a cooperação é fundamental, assim co-mo na comunidade.

A agricultura convencional, chamada de mo-derna e tecnificada, atende apenas aos interessesde grandes grupos agroindustriais. Grande partedo capital que gira em torno do agronegócio cir-cula mais fora da propriedade do que dentro.Certamente os maiores beneficiados por essemodelo são as grandes empresas e multinacio-nais, fornecedoras e distribuidoras de insumos ede produtos industrializados (agroindústrias e su-permercados). O dinheiro que fica com as famí-lias de pequenos agricultores, responsáveis pelaprodução da maior parte dos alimentos consumi-dos no Brasil, é apenas uma pequena parte dessegrande capital em circulação.

CCCC APÍTULOAPÍTULO 1111

EE MM QUEQUE REALIDADEREALIDADE VIVEMOSVIVEMOS

EE OO QUEQUE QUEREMOSQUEREMOS ......

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Como começa nossa história?Como começa nossa história?

Em 2005 a Embrapa Meio Ambiente, em par-ceria com o Incra-SP, inicia o processo de aten-der algumas das demandas da agricultura fami-liar da reforma agrária do Estado de São Paulo,visando a adoção de sistemas mais sustentáveisde produção, adequados à realidade ambiental esocioeconômica dos assentamentos.

Neste contexto, a produção leiteira merecedestaque, principalmente por absorver volumesignificativo de trabalho familiar e por fornecera garantia de uma renda diária para a família.

“O leite pinga todo dia”(Agricultor)

“A pecuária leiteira é uma opção realde geração de renda, unida ao

compromisso ambiental da terra, norumo do desenvolvimento sustentável”

(Equipe Técnica)

Este trabalho iniciou com o propósito desensibilizar, estimular e fornecer algumas in-formações sobre a prática da pecuária leiteiracom base ecológica aos agricultores e as agri-cultoras assentados (as) do Estado de SãoPaulo, buscando criar uma dinâmica ondeagricultores (as), técnicos (as) e pesquisadorespudessem dialogar numa perspectiva de de-senvolver esses sistemas mais sustentáveis deprodução de leite e assim melhorar a renda eas condições de vida dos (as) trabalhadores(as) rurais assentados.

Os resultados iniciais mostram que as ativida-des participativas realizadas de forma articulada,como a implantação de campos agrostológicos,unidades demonstrativas de pastagem consorcia-da, dias de campo e visitas de intercâmbio, cons-tituem importantes ferramentas no processoeducativo e de sensibilização teórico-prática dos(as) agricultores (as) para a reconversão e melho-ria de seus sistemas produtivos.

Diagnósticos PDiagnósticos Pastagens Degradadas

astagens Degradadas

VVisita isita Técnica em Técnica em AndradinaAndradina

PPalestra no Palestra no Pontalontal

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Para construirmos esta história, buscamosdiagnosticar os principais problemas e deman-das dos agricultores. Constatamos que o pri-meiro ponto a atacar seria a melhoria das pasta-gens, que já vinham degradadas desde antes doassentamento. Ou seja, cuidar primeiro da boaalimentação do gado, e principalmente na épo-ca da seca, quando falta alimento, cai muito aprodução do leite e aumentam os custos comração e outros tratos. A partir daí, consolida-mos um planejamento para a capacitação dosagricultores e das agricultoras, e fomos para aprática, realizando encontros, cursos, dias decampo, momentos de trocas de experiências eavaliação dos resultados alcançados.

Desta maneira, o projeto atingiu as metas decontribuir na capacitação dos (as) agricultores(as) assentados (as) e suas organizações, visandoa adoção de práticas de manejo que permitam asustentabilidade dos sistemas de produção de lei-te nos assentamentos da Região de Andradina eno Pontal do Paranapanema, estimulando algu-mas práticas agroecológicas, como:

• o manejo agroecológico do solo

• o uso de pastagens consorciadas comleguminosas

• a rotação de pastagens (piquetes)

• a incorporação do componente arbóreoatravés de sistemas silvipastoris (arvores +pasto).

... A história das famíliasdiretamente envolvidas ...

Em dezembro de 2005, no AssentamentoÁgua Sumida, na região do Pontal do Parana-panema, o Sr. Laércio Moreno e sua família de-cidiram adotar um novo sistema de manejo dapastagem em uma área do seu lote. A partir de

conversas com os técnicos do Incra-SP, resol-veu apostar na melhoria da produção de leite,começando pela recuperação da pastagem,principalmente na época da seca, e conseqüen-temente na melhoria no seu solo e no aumentoda renda familiar. Hoje a família do Sr. Laércioconta suas experiências e fala da felicidade depoderem ter tido acesso a todo o conhecimen-to gerado. Eles se orgulham de agora poderpassar o aprendizado adiante, para que maispessoas possam também aprender e melhorarsua qualidade de vida no campo.

No mesmo período, no assentamento Tim-boré, em Andradina, Sr. Moacir e D. Carola to-maram a mesma decisão de participar do proje-to, a convite dos técnicos do Incra-SP. Elescontam que desde a época do acampamento, hámais de 15 anos, sempre acreditaram ser possí-vel viver em harmonia com a natureza. E queatravés da diversificação de plantas no lote, amesa vai sempre estar farta e a terra forte.Atualmente o Sr. Moacir e sua esposa acreditamainda mais na possibilidade de obter renda coma produção de leite num sistema ecológico deprodução.

Passados 12 meses destas primeiras expe-riências, e com os bons resultados avaliados por

PECUÁRIA LEITEIRA COM BASE ECOLÓGICA EM

ASSENTAMENTOS RURAIS NO OESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

Como construímos esta iniciativa...Como construímos esta iniciativa...

Extensão RExtensão Ruralural

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todos os envolvidos no projeto, sentimos anecessidade de multiplicação desta “semente”.Foi quando o Sr. Zé Lopes e sua família, doassentamento Nossa Senhora Aparecida, emCastilho, também adotaram a proposta. Eassim, em fevereiro de 2007, foi realizada aimplantação da terceira Unidade de Observa-ção Participativa do projeto. Hoje Sr. Zé Lopesconta que muitas pessoas vão conhecer suaárea, dizendo que o negócio “é coisa delouco...”. Mas que uma coisa é certa:

“Que não te deixa semalimento para o gado no inverno.

Isso é confirmado!”(Sr. Zé Lopes - Agricultor)

Mas, antes de continuar contando a históriadesses agricultores experimentadores, vamosaqui falar de alguns conhecimentos básicos:

• O que é afinal o manejo agroecológico dapecuária leiteira?

• O que é um pasto consorciado? Comofazer?

• E a rotação de pastagens?

• Qual a diferença entre leguminosas egramíneas?

• Pode usar árvores na pastagem?

• Sistema Silvipastoril? Que sistema é este?

• Como posso planejar melhor o meu lote,sem que seja muito complicado?

Bem, estas e outras questões é o que vamosver nos próximos capítulos.

TTaabbeellaa 11AAss iimmppllaannttaaççõõeess ddaass UUOOPP''ss nnaass RReeggiiõõeess ddee AAnnddrraaddiinnaa ee nnoo PPoonnttaall ddoo PPaarraannaappaanneemmaa

AAggrriiccuullttoorr AAsssseennttaammeennttoo DDaattaa ddee IImmppllaannttaaççããoo TTaammaannhhaa ddaa ÁÁrreeaa TTiippoo ddee CCoonnssóórrcciiooSr. Laércio Água Sumida 18 Jan/2006 1ha Estilosantes

com braquiária

Sr. Moacir Timboré 15 Dez/2005 0,8ha Estilosantes com colonião

Sr. Zé Lopes Nossa Sra. 02 Fev/2007 0,5ha EstilosantesAparecida com braquiária

Dia de CampoDia de Campo

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PECUÁRIA LEITEIRA COM BASE ECOLÓGICA EM

ASSENTAMENTOS RURAIS NO OESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

Os sistemas agroecológicos de produção bus-cam produtividade, equilíbrio, estabilidade,resistência, confiabilidade, adaptabilidade euma gestão eficiente.

Manejo AgroecológicoManejo Agroecológico

O manejo agroecológico das pastagens buscaadotar técnicas de baixo custo, visando melhorara renda do agricultor, através do melhor aprovei-tamento dos recursos naturais do próprio lote.

O sistema deve proporcionar suficiente liber-dade de movimento para os animais, ar fresco,luz natural, espaço de acomodação e descanso,água fresca e alimento natural.

Os produtos químicos nocivos à saúde humanaou à saúde dos animais não devem ser utilizados.

Todas estas condições são fundamentais paraatingir um sistema de produção que verdadeira-mente promova a "maturidade" ambiental esocioeconômica do empreendimento familiar,através do uso racional dos recursos naturais,da diversificação de espécies e da integração deatividades dentro do lote.

O que é uma pecuáriaO que é uma pecuária

de base ecológicade base ecológica

É quando usamos os componentes vivos,como o solo, as plantas e os animais, junto a umplanejamento e manejo adequado dos recursosdo próprio lote, sem necessitar, ou necessitan-do ao mínimo, dos insumos químicos externospara manter uma boa produção, e sem degradaro meio ambiente.

Bom, tudo isso é muito bonito, mas comofazemos na prática?

A seguir, vamos ver algumas técnicas e for-mas básicas de manejo, que podem ajudar aconseguirmos esse objetivo.

Rotação de PastagemRotação de Pastagem

Um primeiro passo fundamental é dividir onosso pasto em várias áreas menores. Com isso,criamos um sistema de rodízio, para permitirum período de pastejo com uma lotação ade-quada de animais e um período de descansopara o pasto, suficiente para a recuperação dasplantas (capim ou leguminosas) existentes.

CCCC APÍTULOAPÍTULO 2222

AA GROEOCLOGIAGROEOCLOGIA , M, M ANEJOANEJO AA GROECOLÓGICOGROECOLÓGICO

EE PP ECUÁRIAECUÁRIA COMCOM BB ASEASE EE COLÓGICACOLÓGICA ::OO QUEQUE ÉÉ EE COMOCOMO FAZERFAZER ??

“A agricultura é a arte de colher o sol”(PPRROOVVÉÉRRBBIIOO CCHHIINNÊÊSS)

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Manter o gado em pastagens muito extensasapresenta uma série de inconvenientes, entre osquais: menor aproveitamento das forrageiras,pois o gado acaba pastando a área de forma de-sigual; menor controle sobre os animais; baixorendimento de carne ou de leite e reproduçãomal orientada. Por esses motivos, devemos ado-tar o sistema de rotação de pastagens.

Como fazer?Como fazer?

Esse sistema consiste em dividirmos os pastosem diversos pastos menores, que chamamos depiquetes. O tamanho da área de cada piquete, ea quantidade total de piquetes, será calculado deacordo com o número e o tipo de animais, a ida-de e a produção das vacas a serem neles coloca-das para o pastoreio, e o tamanho total da pro-priedade. Também é importante definir o tempoque os animais ficarão em cada piquete, o que po-de durar em geral de 1 a 3 dias. Da mesma for-ma, precisamos definir o tempo de descanso decada piquete, que é o tempo que o gado vaidemorar pra voltar no mesmo piquete. Em ge-ral, este tempo pode variar entre 21 e 45 dias paragramíneas, e 30 e 60 dias para leguminosas.

Isso tudo vai depender da época do ano, dotipo de capim e da quantidade de animais quevão pastar no piquete. E a melhor forma deadministrar isso é observar a altura do capim.Ou seja, o gado deve entrar no piquete quandoo capim já conseguiu se recuperar, mas toman-do o cuidado de não deixar o capim passar doponto, quando já começar a ficar velho e fibro-so, perdendo qualidade. Da mesma forma, ogado deve ficar no piquete apenas o tempo ne-cessário para que ele pastoreie a área por iguale que não comece a baixar demais o capim, poisisso vai prejudicar sua recuperação depois.

Por exemplo: se temos um total de 8 hectarespara pasto, e pela quantidade de animais quetemos precisamos de piquetes de 0,5 hectares,podemos então fazer 16 piquetes. E se o gado

vai ficar 2 dias em cada piquete, ele vai voltarem cada piquete depois de 30 dias, que vai serentão o período de descanso.

A seguir, vamos apresentar uma regra práticapara calcular o tamanho e quantidade de pique-tes, o que é sempre recomendável fazer com aajuda de um técnico ou um agricultor que játenha experiência no assunto.

Existe um cálculo simples queExiste um cálculo simples que

ajuda você a planejar seuajuda você a planejar seu

intervalo de pastejo!intervalo de pastejo!

ENTÃO O CÁLCULO É O SEGUINTE

Dias de descansoNúmero de piquetes = --------------------- + 1

Dias de pastejoem cada piquete

Exemplo:45

Número de piquetes = ---- + 1 = 16 piquetes3

Portanto, quanto menos dias de pastejo emcada piquete, maior quantidade de piquetes vaiprecisar. Da mesma forma, quanto mais dias dedescanso precisar, maior será o número depiquetes necessários.

Pelos estudos realizados pela Embrapa, acon-selha-se usar de 1 a 3 dias de pastejo utilizan-do o mesmo piquete, para não diminuir a pro-dução de leite. E os dias de descanso serãocalculados levando em consideração a fertili-dade do solo, clima, época do ano e espéciesforrageiras utilizadas. Quanto menor a fertili-dade do solo (mais pobre), mais dias de des-canso serão necessários para a rebrota chegar àaltura necessária para cada forrageira.

Exemplo:pastagens degradadas ousolos mais fracos = 70 a 90 diaspastagens produtivas ousolos mais férteis = 35 a 45 dias

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• Normalmente os pastos comuns, exten-sos, podem comportar em média 2 UA(Unidade Animal) por hectare enquantoque, pelo sistema de rotação de pastagens,na mesma área, podem ser colocadas 8 UA.

• A legislação brasileira de orgânicos não re-comenda o uso da taxa de lotação acima de3,5 UA/ha em propriedades orgânicas cer-tificadas.

• É importante também que, em cada piquete,seja colocado permanentemente um bebedou-ro com água limpa e fresca, um cocho para ra-

ções e forrageiras, quando necessárias, e umcocho menor, para sal mineral. No início, paradiminuir o custo, estes equipamentos podemser colocados em uma área de acesso comum,como o corredor que leva aos piquetes ouuma área próxima, para evitar que o gado ca-minhe muito para beber água e comer o sal.

• O período em que o rebanho deve ser man-tido em um piquete varia de acordo com ascondições das pastagens, o tipo, idade ouprodução dos animais. E nunca deve ser ul-trapassado para evitar que seja prejudicada arebrota das forrageiras.

PECUÁRIA LEITEIRA COM BASE ECOLÓGICA EM

ASSENTAMENTOS RURAIS NO OESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

Por isso é muito importante investir na recuperação da fertilidade do solo!

LEMBRANDO:LEMBRANDO:

TTaabbeellaa 22:: AAllttuurraa ddee ggrraammíínneeaass ((ccaappiinnss)) nneecceessssáárriiaass ppaarraa aa eennttrraaddaa ee ssaaííddaa ddooss aanniimmaaiiss..

EEssppéécciieess NNoommee vvuullggaarr AAllttuurraa ((ccmm))EEnnttrraaddaa SSaaííddaa

Brachiaria decumbens Braquiarinha 40 10

Brachiaria humidicola Quicuio da amazônia 40 10

Brachiaria brizantha Braquiarão 50 15

Panicum maximum Tanzânia, Mombaça 60 20

Andropogon gayanus Andropogom 60 20

Cynodon spp Grama estrela, Tifton 40 10

TTaabbeellaa 33:: VVaannttaaggeennss ddoo PPiiqquueetteeaammeennttoo

VVAANNTTAAGGEENNSS DDOO PPIIQQUUEETTEEAAMMEENNTTOO

Otimiza a pastagem, ou seja, aproveita ao máximo a área total do lote, de acordo com onúmero de animais existentes;

Melhora o planejamento da área, visando disponibilizar alimento com qualidade por todo oano, sem deixar baixar demais o pasto (superpastejo) e sem deixar que o capim fique muitovelho e passe do ponto (sobrepastejo);

A reprodução dos animais e os cuidados com as crias se tornam muito mais práticos e fáceis;

Possibilita a rotação de áreas destinadas à agricultura com pecuária, aumentando a capaci-dade de diversificação de produtos na propriedade.

Permite periodicamente a adubação e melhoria do solo, prolongando a vida do pasto;Aumenta significativamente tanto a produtividade dos rebanhos para a produção de leite quantopara a produção de carne. Isso ocorre, também nas criações de outras espécies domésticas, comoovinos (ovelhas), caprinos (cabras), bubalinos (búfalos), eqüinos (cavalos), suínos (porcos) etc.

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Além disso, permite o uso de cerca elétrica,diminuindo o custo do investimento e facilitan-do a condução dos animais para os piquetes.Assim, o "mourão vivo" torna-se uma ferra-menta importante no cercamento, sombra, ali-mento e paisagismo da propriedade.

“E possível trabalhar com dois aramesde acordo com o tamanho do animal,principalmente com vacas leiteiras.”

(Equipe Técnica)

Pasto ConsorciadoPasto Consorciadoo que significa intercalar ou consorciara pastagem com outras plantas ...

É um sistema de pastagem que mistura namesma área (dividida em piquetes) diferentestipos de plantas para forragem, para diversi-ficar a alimentação do animal com plantas ri-cas em nutrientes e proteína necessária aoanimal. Em geral, buscamos misturar doisgrandes grupos de forragens, que são as gra-míneas (os chamados capins, como as bra-quiárias, o colonião, o napier, etc) e as legu-minosas, que incluem toda a família dos fei-jões (feijão guandu, estilosantes, calopogô-

nio, etc). As leguminosas são bastante ricasem proteína, e assim, além de alimentar bemo gado apresentam raízes profundas (resis-tência a seca), também ajudam a adubar o solocom o nitrogênio transferido do ar (atmos-fera) para o solo de forma natural, através daação de bactérias em suas raízes, chamada deFixação Biológica de Nitrogênio (FBN).

Por que consorciar?Por que consorciar?

O monocultivo é sempre ruim ecologica-mente, seja na lavoura como na pecuária.Quanto maior a diversidade de plantas, me-lhor o equilíbrio ecológico da área, diminuin-do problemas com pragas ou doenças. E me-lhor é o aproveitamento do solo e das chu-vas, pois cada tipo de planta tem um sistemade raízes diferentes, e assim exploram dife-rentes profundidades, aproveitando melhor aágua e os nutrientes do solo.

Com a diversificação das espécies ocorreuma cooperação e integração entre as plan-tas, que além de servirem como plantas ricasem nutrientes para alimentar o gado, podemservir também como plantas adubadeiras eajudarem no controle de pragas e doenças.

SrSr. Laércio - P. Laércio - Piquete Consorciadoiquete Consorciado VVisita a outras experiências

isita a outras experiências

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Consórcio de gramíneasConsórcio de gramíneas

com o estilozantes:com o estilozantes:

Dentro deste projeto, decidimos adotar umtipo de consórcio que já foi bastante pesquisa-do pela Embrapa, que é o uso de uma legumi-nosa nativa do Brasil - o Estilosantes mineirão,que tem o nome científico de Stylosanthes guia-nensis cv. Mineirão. Esta espécie é original do cer-rado brasileiro, e foi selecionada pela Embrapapor ser bastante resistente à seca, por se adap-tar bem em solos de baixa fertilidade (e não sermuito exigente), ter um bom teor de proteínase ter boa aceitação pelo gado. As pesquisas de-monstraram que o consórcio do Estilosantesmineirão com gramíneas, como a braquiária, re-sultou em bons ganhos de peso e de leite.

Além disso, foi desenvolvido um sistema bas-tante simples e barato de implantar um pasto con-sorciado com Estilosantes, aproveitando o capimjá existente na área a ser reformada, economizan-do assim os gastos com sementes da gramínea.

Como plantamos de forma aComo plantamos de forma a

racionalizar o Custo e não sair tão Caroracionalizar o Custo e não sair tão Caro

A metodologia adotada consiste na reformada pastagem no início da época chuvosa, me-diante um preparo de solo normal com uso dearação e/ou gradagem conforme necessidadetécnica, com o plantio do Estilosantes sendorealizado no dia da gradagem ou no máximoum dia após a última gradagem.

É muito importante que o plantio seja feitoatravés de semeadura superficial, utilizando amangueira de saída de adubo de uma planta-deira convencional para grãos, que vai apenasdistribuir a semente por cima da terra. Não énecessário passar nenhum implemento depoispara cobrir ou enterrar as sementes. A quanti-dade de sementes usadas normalmente é de1Kg/ha do Estilosantes cv. Mineirão e 2 a 3 kgdo Estilosantes cv. Campo Grande. Como a se-

mente do Estilosantes é muito pequena, ela de-ve ser misturada com um adubo granulado (osuperfosfato simples é uma boa opção, poisnossos solos são geralmente pobres em fósfo-ro) ou então com quirera de arroz, fosfato derocha, composto orgânico e termofosfato. Oideal é o uso de análise química e granulométri-ca do solo e interpretação dos técnicos especia-lizados para recomendar o uso correto dos adu-bos e fertilizantes necessários.

Além do cuidado de não enterrar as semen-tes, outra dica fundamental é que a semeaduraseja feita no dia da gradagem ou no máximo umdia após a gradagem, pois isso atrasa a germina-ção ou rebrota do capim. Como as leguminosassão mais demoradas para se desenvolver, é mui-to importante dar esta atrasada no capim, paradar tempo do Estilosantes ter um crescimentoinicial e não ser abafado pelo capim.

A germinação ocorrerá em uma semana (7dias), porém como o crescimento da legumi-nosa é lento quando comparado com os capinsé necessário ter conhecimento técnico e calmapor parte do agricultor. Sendo assim, o manejodeverá ser observado pelo crescimento do ca-pim e da leguminosa (altura) em condições decampo. Depois da pastagem consorciada ger-minada, a pastagem deverá será vedada (des-canso) por 45 a 60 dias para realizar o primeiropastejo, dependendo da qualidade das semen-tes, fertilidade do solo, temperatura e chuvas.

O primeiro pastejo deverá ser leve, ou seja, co-locando poucos animais por área (1-2 UA/ha) edurante uma manhã ou àtarde, em seguida, pas-sar os animais paraoutro piquete reali-zando a rotação daspastagens e intensi-ficar o manejo aolongo do períodochuvoso. Não se re-comenda ultrapassar lo-

PECUÁRIA LEITEIRA COM BASE ECOLÓGICA EM

ASSENTAMENTOS RURAIS NO OESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

UNNIIDDAADDEE ANNIIMMAALL = U.A.DDOO PPOONNTTOO DDEE VVIISSTTAA

ZZOOOOTTÉÉCCNNIICCOO, EENNTTEENNDDEE-SSEE

UUMM BBOOVVIINNOO CCOOMM PPEESSOO VVIIVVOO

(EEMM PPÉÉ) DDEE 450 KGG

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tações acima de 3,5 UA/ha em pastagens consor-ciadas, acarretando uma baixa longevidade doconsorcio em benefício do capim (gramíneas).

O manejo da pastagem consorciada poderáocorrer que o capim cresça mais rápido que aleguminosa, assim o manejo do primeiropastejo poderá ser antecipado. O primeiropastejo antecipado poderá ser realizado entre25 a 40 dias após o plantio dependendo dafertilidade do solo, temperatura ambiente e aschuvas, colocando poucos animais por área(1-2 UA/h) e durante uma manhã ou a tarde,em seguida, passar os animais para outropiquete realizando a rotação das pastagenscom o período de descanso necessário paraatingir a altura de 50 cm, para o próximopastejo (altura de entrada do animais).

Na época chuvosa o gado come o capim e nãocome a leguminosa Estilosantes cv. Mineirão, as-sim facilitando o manejo pela altura, e muito im-portante, é retirar os animais quando o Estilosan-tes atingir a altura de 20 cm (altura de saída dosanimais), respeitando a rebrota e o período dedescanso de 45 a 60 dias após o pastejo.

Uma boa estratégia é a vedação (diferimen-to) das pastagens consorciadas ou banco deproteínas ao final da época das chuvas. A téc-nica é bastante simples, que em meados defevereiro vedar 30 a 50% das áreas de pasta-gens por 45 dias ou mais, de forma escalona-

da, ou seja, se o uso for de 15 h é recomenda-do a vedação de 5 h em fevereiro, 5 h emmarço e 5 h em abril, para uso estratégicodurante a época seca.

Na época da seca em pastagens em mono-cultura (braquiária) o uso de 15% uréia mistu-rado ao sal mineral no cocho, pode ser umaestratégia de baixo custo, com cuidado paranão faltar volumoso (bucha ou palhada), poispoderá levar a intoxicação. Mas em sistemasconsorciados poderá até não ser necessário ouso da Uréia no sal, através do alto valor pro-téico das leguminosas forrageiras e assimbaixando custos com alimentação, mão deobra e do leite.

As sementes do Estilosantes cv. Mineirão sãoproduzidas na época seca, com início da flora-ção em meados de junho até julho, com matu-ração de sementes em julho a setembro, assimconsiderada uma planta tardia em condições docerrado brasileiro. A quantidade de sementespode variar de 50 a 150 kg de sementes porhectare dependendo das condições de fertilida-des do solo, temperatura, chuvas e pastejo.Quando em condições de pastejo, as sementesconsumidas pelos animais são germinadas nasfezes e portanto, sendo uma estratégia de dis-persão da consorciação de pastagens.

PPreparando para plantarreparando para plantar

Estilozantes Mineirao - Bom na sêca

Estilozantes Mineirao - Bom na sêca

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A colheita de sementes de estilosantes cv.Mineirão poderá ser mecanizado ou manual.A colheita manual consiste no corte a 15 cmde altura da leguminosa com ferramenta ade-quada e secagem a campo ou em galpão. Alémda secagem do material colhido e batido, é re-comendado fazer a varredura da superfície dosolo (liteira ou palhada) e peneirar até separaras pequenas sementes.

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João e o estilozantesJoão e o estilozantes

Sistema Silvipastoril (SSP) é a combinaçãointencional de árvores, pastagem e gado, numamesma área e ao mesmo tempo, manejados deforma integrada, com o objetivo de aumentar aprodutividade por unidade de área, de formasustentável.

São sistemas multifuncionais, ou seja, quepodem ter várias funções, onde existe a possi-bilidade de intensificar a produção pelo manejointegrado dos recursos naturais. Com isso evi-tamos a degradação da pastagem, além de recu-perar sua capacidade produtiva.

Por exemplo:

O uso de árvores dispersas na pastagem, ounas divisas ou em barreiras de quebra-ventos,pode servir de alimento aos animais, reduzir aerosão, melhorar a conservação da água, re-duzir a necessidade de fertilizantes minerais,capturar e fixar carbono e nitrogênio no solo,melhorar o conforto dos animais, diversificar aprodução, aumentar a renda e a biodiversidade.

Uso de árvoresUso de árvores

Sistemas SilvipastorilSistemas Silvipastoril

PPastagem sem arvoresastagem sem arvores

Sistema silvipastorilSistema silvipastoril

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O uso de leguminosas na agricultura já é co-nhecido desde 3000 AC na Grécia. Depois demuita pesquisa, a Embrapa e outras instituiçõesconfirmaram que as leguminosas são capazesde capturar o nitrogênio (N) do ar através do"Rhizobium", bactérias que vivem no solo e secombinam com as raízes destas plantas. Comisso, ocorre um acúmulo deste nutriente na for-ragem, disponibilizando mais proteína para osanimais e liberando nitrogênio para o solo, alémda matéria orgânica com outros nutrientes. Emelhor, isso tudo de graça, trazendo economiana compra de adubo, pois o nitrogênio é um

dos mais importantes nutrientes para a plantase desenvolver.

O nitrogênio é um doselementos que estápresente nos adubosque compramos navenda, como o Sul-fato de Amônio, aUréia, o Nitrocál-cio ou as fórmulasconhecidas como oN-P-K.

As leguminosasAs leguminosas

N = NNIITTRROOGGÊÊNNIIOO

QQUUEE PPOODDEE SSEERR

EECCOONNOOMMIIZZAADDOO CCOOMM OO

UUSSOO DDAASS LLEEGGUUMMIINNOOSSAASS

CURIOSIDADE:No mundo existem catalogadas cerca de 650 gêneros e 20.000 espécies deleguminosas. Só no cerrado brasileiro são conhecidos 370 gêneros e 1.753espécies desta família.

TTaabbeellaa 44:: IImmppoorrttâânncciiaa ddaass lleegguummiinnoossaass

PPOORR QQUUEE EELLAASS SSÃÃOO TTÃÃOO IINNDDIICCAADDAASS::

Economia em compra de Diversificam e enriquecemadubos nitrogenados a alimentação animal

Aumentam o peso do animal Algumas são bem resistentes à seca,e a produção de leite como o Estilosantes Mineirão e a cratília

Aumento da matéria orgânica Apresentam várias funções, desde cerca e fertilidade da terra viva até o alimento para o gado e

para a família.

Fixação biológica de nitrogênio e Conservação de forragem paraprodução de muita biomassa produção de feno e silagem

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As leguminosas tropicais possuem diferentes portesde crescimento, como arbóreo, arbustivo e herbáceo:

ARBÓREO-São árvores,ou seja,são plantas que crescemde forma ereta ao solo,podendo chegar ao porte maior que3 metros de altura. Ex: leucena, acácia mangium, angico,pau ferro,gliricídia (ou pau mourão), farinha seca, etc.

ARBUSTIVO - São arbustos, ou seja, são plantas quecrescem de forma ereto ao solo, mas que em geral nãopassam de 3 metros de altura. Ex: Guandú, Cratilia, etc.

HERBÁCEO - São plantas de porte baixo, ereto ou

prostrado (rasteiro) ao solo, geralmente de altura menorque 1,5 metro. Ex: estilozantes, amendoim forrageiro.

HERBÁCEO TREPADORES - São plantas de por-te baixo, mas que são trepadoras ereto ou prostra-do ao solo. Ex: Calopogônio, Soja perene, Cen-trosema, Kudzú.

A escolha das forrageiras deve respeitar ohábito de crescimento e a exigência nutricionalde cada espécie, ou seja, quanto mais intensivoo uso das forrageiras, maior a necessidade denutrientes e diversificação para reposição.

Os Diferentes Hábitos de CrescimentoOs Diferentes Hábitos de Crescimento

Além do pasto consorciado, como já vimosno exemplo do estilozantes, existem outras for-mas de utilizar as leguminosas para alimentaçãodo gado.

Banco de proteínaBanco de proteína

O banco de proteínas é uma técnica onde sedestina de 30 a 50% da área de pastagem para oplantio apenas com leguminosas, destinado aopastejo em pequenos períodos por dia (algumashoras). Este pastejo é feito em geral durante aépoca seca, quando o capim dos outros pique-tes já está seco e não consegue fornecer todosos nutrientes que o gado precisa. Ou seja, éuma forma de reduzir os gastos com concen-trado ou outro tipo de complementação noperíodo da seca.

Manejo da leucenaManejo da leucena

A leucena é uma planta que cresce muito rápi-do e de forma bem agressiva, porém suas fo-lhas são ricas em proteínas e indicadas para aalimentação animal.

O principal cuidado no manejo da leucena éfazer a poda, para não permitir a produção desementes, pois elas são de fácil germinação epodem infestar a área. Além disso, a poda deveser feita para que as folhas novas estejam sem-pre ao alcance dos animais. O material retiradodurante a poda pode ser dado como ração paraos animais. Assim, ganhamos na engorda e naprodução do leite e mantemos o manejo da leu-cena para que ela não vire um problema, massim uma solução!!!

Como usar as leguminosasComo usar as leguminosas

PECUÁRIA LEITEIRA COM BASE ECOLÓGICA EM

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LeucenaLeucena

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TTaabbeellaa 55:: CCAAPPIINNEEIIRRAASS

Como o nome já diz, vem de capim. Normamente é formada por gramíneasOO qquuee ssããoo de grande porte e boa produtividade, cortadas diariamente e fornecida na

forma verde e de preferência picadas, facilitando a digestão.

Capim elefante (Pennisetum purpureum)AAss mmaaiiss uuttiilliizzaaddaass Capim Guatemala (Trispsacum facciculatum)

Capim imperial ou Venezuela (Axonopus scoparius)ee iinnddiiccaaddaass Cana-de-açúcar (Sccharum officinarum)

Aveia (Avena sp.)

facilidade de multiplicaçãoPPoorrqquuee ssããoo aass mmaaiiss elevada resistência a pragas e doençasuuttiilliizzaaddaass ee iinnddiiccaaddaass bom valor nutritivo

alta palatabilidade, ou seja, o animal ingere bem pois gosta do sabor

Consiste no mesmo propósito de uso deuma capineira (ver tabela 5), ou seja, a forra-gem será ceifada e triturada para oferecer aosanimais no cocho.

Boa para a época seca, principalmente devi-do às leguminosas apresentarem resistência àseca e por possuírem o sistema radicular pro-fundo, esta técnica tem sido adaptada por pro-dutores orgânicos, consorciando a cana-de-açúcar com leguminosas para oferecer ao ani-mal no cocho. A diferença entre uma Legu-mineira e um Banco de Proteínas é que nesseúltimo caso o animal vai pastar diretamente aleguminosa no piquete do Banco, enquanto naLegumineira usaremos a planta para picar efornecer no cocho.

O feijão-guandú é uma leguminosa bastanteusada e conhecida. É ótima para consorciarcom a cana-de-açúcar para ser fornecida no in-verno. Devido a sua alta capacidade de fixar onitrogênio, é capaz de fornecer o N para a adu-bação da cana-de-açúcar e suas folhas seremfornecidas aos animais no período da seca, pi-cado junto com a cana.

LegumineiraLegumineira

Feijão guandu do SrFeijão guandu do Sr. Moacir. Moacir

Capineira de Cana do Sr LaércioCapineira de Cana do Sr Laércio

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A utilização de leguminosas arbóreas ouarbustivas como cerca viva possui várias finali-dades, dentre elas podemos destacar:

• Funciona como quebra- vento, ajudando aconservar mais a água no solo e secandomenos a pastagem• Segurança, devida algumas leguminosaspossuírem espinhos (ex. Sansão do Campo)• Forragem para o gado• Sombreamento• Reciclagem de nutrientes• Pasto apícola• Embelezamento da propriedade.• Barreira de proteção contra o agrotóxicoaplicado pelo vizinho

Existe uma utilização desta téc-nica que é chamada de mourãovivo. Esta técnica é baseada nasubstituição do velho mourãopor estacas de plantas que enraí-zam bem como algumas legumi-

nosas arbóreas. Exemplos: "mulungu" (Eritrinaspp) e "gliricídea" (Gliricidea sepium), sansão docampo (Mimosa caesalpineaefolia) e pinhãomanso (Jatropha curcas).

Estas estacas devem rebrotar dando origem auma nova planta, que deverá ser manejada paraformação de uma copa mais alta. Ou seja, elimi-nando as rebrotas inferiores do caule, para a plan-ta crescer e não deixar que o gado coma as folhasnovas, o que impede o bom desenvolvimento daárvore. Depois de aproximadamente 1 ano ou 1,5ano, o arame da cerca (liso ou farpado ou elétrico)poderá ser fixado na estaca de mourão vivo, atra-vés de castanha ou isoladores, como a borracha.

“A gente tira o sustento de váriosprodutos diferentes, além dessa

união entre plantas diferentesservirem para a adubação e

correção do nosso solo,fazendo um ciclo que nunca

se acaba!” (Agricultor)

Cerca VivaCerca Viva

APPÍÍCCOOLLAA = AABBEELLHHAA

MMEELLÍÍFFEERRAA = MMEELL

Gliricídia: Plantio de estacaGliricídia: Plantio de estaca Cratília resistente à sêca

Cratília resistente à sêca

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Os corredores são caminhos por onde ogado irá caminhar nas pastagens piqueteadas.Chamamos de ecológicos porque esses corre-dores podem ser planejados de forma a teremmais funções além da passagem do gado,como, por exemplo:

• Arborizadas com plantas que servem dealimento aos animais• Arborizadas para evitar a erosão• Arborizadas com espécies frutíferas e ma-deireiras, aumentando e diversificando arenda familiar

Uma leguminosa boa para o gado é a cratília(Cratylia argentea), uma planta arbustiva, nati-va do Cerrado brasileiro e muito resistente àseca. Ela pode ser introduzida na pastagemconsorciada ou nos corredores, servindo co-mo fonte de proteína para o animal. Possui odesenvolvimento inicial lento, portanto se re-comenda plantar mudas de até 1,5m de altura,pra facilitar o pegamento e o desenvolvimen-to do arbusto.

“Fazer o plantio de árvores sempre na

estação chuvosa, utilizando-se

leguminosas adaptadas às condições

locais, visando à utilização como

forragem e adubação verde do solo.

Levar em consideração o clima regional,

regime de chuvas, declividade e fertilidade

do solo. Então, o sombreamento de

pastagens tropicais é uma realidade a

ser colocada em prática, pois já foi

comprovado que o sombreamento parcial

das pastagens (por até 50%) não prejudica

a produção de forragem e traz vários

benefícios para o solo, plantas e

animais.” (Equipe Técnica)

CorredoresCorredores

Corredores com árvoresCorredores com árvores

Corredores sem árvoresCorredores sem árvores

Cerca elétrica com plantio de árvore

Cerca elétrica com plantio de árvore

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E para proteger as mudas recomenda-se:

• Isolar dos animais, pois os animais se ali-mentam de algumas espécies ou podempisar e deitar nas mudas • Plantar mudas de estaca, com galhos maisaltos, que brotem acima da altura que ogado alcança • Um método barato é utilizar-se daspróprias cercas dos piquetes, plantando asmudas junto ao fio de arame principal epuxando um pequeno pedaço de fio, for-mando assim um triângulo• No meio do pasto, pode ser necessário fa-zer um isolamento para cada muda, comarame ou tela• Realizar um bom planejamento para oplantio, sempre no início ou meio das águase aproveitando os dias de descanso do pi-quete• Procurar usar sempre a cerca elétrica, elasexigem menor tempo de manutenção, me-nos custo de investimento e funcionam!

Plantio de árvoresPlantio de árvoresna cerca - mourão vivona cerca - mourão vivo

Feno é a forragem desidratada, isto é, compouca umidade. Retirando-se a água da forra-gem, ela mantém seu valor nutritivo e pode serarmazenada por muito tempo sem se estragar.

Em nosso meio, o feno pode ser feito nopróprio campo, utilizando-se para a desidrata-

ção somente a energia do sol e do vento, semnecessidade de galpões ou máquinas secadoras.

Para que fazer feno?Para que fazer feno?

Na seca, a pastagem apenas não consegue for-necer ao gado uma alimentação farta e de boaqualidade. Para evitar que a produção diminuanessa época, é necessário reservar forragens “naságuas”. O aumento da produção de leite duranteo período seco é muito importante, pois exata-mente nesta época o preço do leite aumenta.

O feno é um dos melhores recursos para isso,principalmente para aqueles produtores que de-sejam ter uma criação intensiva, de alta produção,tanto de gado leiteiro como de corte. Além deauxiliar o bom desenvolvimento da bezerrada,diminuindo o estresse de desmama.

Feno: o que é e como fazerFeno: o que é e como fazer

DICA:A utilização de sementes mistura-das no sal mineral pode ser uma al-ternativa de introdução de legumi-nosas em pastagens já formadas.Mas lembre-se: a mistura deveráocorrer no mesmo dia em que o ga-do vai comer o sal. Procurar usarse-entes pequenas e médias de legu-minosas, sempre na época chuvosa..

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SrSr. Laércio aprendendo a. Laércio aprendendo a

fazer feno do estilozantesfazer feno do estilozantes

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Como fazer o feno com as próprias mãos ?Como fazer o feno com as próprias mãos ?

A produção de feno na propriedade consisteem 4 operações:

• 1°-ceifa • 2°-viragem• 3°- enleiramento • 4°-enfardamento.

Quando a quantidade a ser produzida épequena, o feno pode ser feito à mão, utilizan-do-se ferramentas como alfanje, garfo e rastelo.

Para armazenar pequenas quantidades, oprodutor pode construir facilmente uma en-fardadeira manual, ou ainda estocar a produ-ção a granel em sacos.

Para produzir quantidades maiores, é im-portante usar equipamentos próprios, acopla-dos ao trator, como a ceifadeira, enleiradeira eenfardadeira.

A velocidade da desidratação é um dosfatores mais importantes para se produzir fe-no de boa qualidade. O produtor deve acom-panhar as previsões do tempo divulgadas pelorádio, televisão e jornal e só fazer a ceifaquando a previsão for de tempo bom para aspróximas horas. E aproveitar os veranicos esafrinhas para a produção do feno.

No dia da fenação, deve-se esperar levantar oorvalho. Depois, a forragem ceifada precisa serrevolvida diversas vezes, para facilitar a ação dosol e do vento na secagem da massa. Ao final dodia, caso a forragem ainda não tenha atingido oponto de feno, faz-se o enleiramento, desfazen-do-se as leiras na manhã seguinte. Quando se vê

que vai chover sobre a massaceifada, convém fazer

também o enleiramento,evitando que a água dachuva lave a forragemcortada. Outra possi-bilidade é cobrir com

lona durante as chuvas.

Como saber que o feno está no ponto,Como saber que o feno está no ponto,ou seja, pronto para fornecer aos animaisou seja, pronto para fornecer aos animais

No instante da ceifa (corte), a forragem contém apro-ximadamente 85% de umidade.Com as sucessivas vira-gens e afofamentos,ela vai sendo “curada”,até atingir 12a 15% de umidade,que é o chamado “ponto de feno”.

Na prática, reconhece-se esse ponto torcendoum feixe da forragem: se estiver no ponto, nãodeve soltar água.

Deve-se também cravar a unha nos nós dos talos,de onde saem as folhas: o nó deve apresentar con-sistência de farinha, sem umidade. Nesse ponto, ofeno já está pronto, restando enfardá-lo e arma-zená-lo em local ventilado, a salvo da chuva.

RREESSUUMMIINNDDOO::

Através do consórcio, diversificação erotação das pastagens é possível:

• Garantir a alimentação do gado complantas resistentes à seca• Diminuir pragas e doenças na pastagem• Produção de sementes forrageiras, frutase adubos verdes• Armazenar forragem para uso na época seca• Aumentar a fertilidade da terra• Obter renda de outros produtos importantes• Melhorar a sanidade do animal devido àalimentação farta e saudável• Manter a produção cada vez mais com recursos dopróprio lote, sem depender de insumos externos• Garantir a sustentabilidade da família

ENLEIRAMENTO:

DISTRIBUIR O MATERIAL EM

LINHA PARA FACILITAR A

SECAGEM E O CARREGAMENTO

DO MATERIAL.

OUTRO TESTE:É o uso de um pote de vidro com tam-pa e um pequeno punhado de sal decozinha. Deve-se colocar uma amostrade feno dentro do vidro tampado e sa-cudir, se o sal ficar colado no feno éum sinal que ainda está úmido. Se osal não aderir ao feno, é sinal que estápronto para usá-lo ou armazená-lo.

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TTaabbeellaa 66:: PPllaannttaass qquuee aa ggeennttee uussaa oouu sseemmpprree eessccuuttaa ffaallaarr !!!!!!

O QUE ESPAÇAMENTO PORTE CARACTERÍSTICA

Amora 10m para banco Árvore Frutífera, forragem, banco de proteínasde proteínas

Aveia preta(gramínea) 0,5m Herbáceo Forragem, feno, adubação verde

Bracatinga(leguminosa) 15m Árvore Madeira , arborização

Calopogônio 0,5m para banco Fixadora de nitrogênio, resistência à seca,(leguminosa) de proteínas Herbáceo feno, banco de proteínas, forragem

1m para consórcio

Cana-de-açúcar(gramínea) 0,9m Herbáceo Capineira

Cratilia Linhas de 5m para Fixadora de nitrogênio, resistência à seca (leguminosa) consorcio / Linhas de 1m Arbustivo feno, banco de proteínas, forragem

banco de proteínas

Feijão-guandú Nitrogênio, sombra, biomassa , feno, banco(leguminosa) 0,5m banco de proteínas Arbusto de proteínas, forragem, consórcio, adubo verde

Farinha seca(leguminosa) 20m Árvore Sombra, conforto animal, arborização

Feijão de porco(leguminosa) 0,5m Herbáceo Adubação verde

Gliricidea Linhas duplas a Nitrogênio, sombra, biomassa, forragem,(leguminosa) cada 10m Árvore feno, arborização

Girassol(gramínea) 0,9m Herbáceo Oleoginosa, silagem

Leucena Linhas duplas a Nitrogênio, sombra, biomassa, forragem,(leguminosa) cada 10m Árvore feno, arborizaçãoMangueira 50m Árvore Arborização, frutífera

Milho(gramínea) 0,9m Herbáceo Silagem

Mucuna preta(leguminosa) 0,5m Herbáceo Adubação verde

Nabo forrageiro 0,5m Herbáceo Adubação verdeNapier(gramínea) 0,9m Herbáceo Forragem, capineira

Pitanga 10m Arbustivo Mel, frutas, fitoterápico

Stylosanthes 0,5m para banco de Resistência à seca, feno,Mineirão proteínas / 1m para Herbáceo Banco de proteínas , forragem(leguminosa) consórcio

Stylosanthes 0,5m para banco de Feno,Campo Grande proteínas / 1m para Herbáceo Banco de proteínas, Forragem(leguminosa) consórcio

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BBBom, partindo do princípio que somos o quecomemos:

COMIDA BOA = ANIMAL BOM

COMIDA SAUDÁVEL = ANIMAL SAUDÁVEL

GENÉTICA - um animal com alto potencialgenético precisa de um pasto de alto valor. Senão tivermos comida boa e suficiente para esseanimal, não aproveitamos deste potencial daraça e perdemos o dinheiro investido.

MANEJO - O manejo das vacas leiteirasdeve ser o mais harmônico possível. Elas nãodevem caminhar longos trechos, os corredorese pastos devem ser sombreados e os horáriosde manejo bem definidos.

A alimentação deverá respeitar o horáriodefinido e devemos reutilizar sobras de cul-turas, como por exemplo: milho, farelo de fei-jão guandu, palha de feijão, ramas e raízes damandioca (cuidado com a mandioca brava!!!)

As pastagens deverão ser separadas em pastomaternidade (pequeno e próximo à residência),pasto de vacas em lactação, pasto de vacassecas, pasto de novilhas, pasto dos bezerros epasto reserva para uso estratégico na seca.

SANIDADE - A sanidade corresponde às va-cinas obrigatórias (Raiva, Febre Aftosa, Brucelo-se, Manqueira, Etc.) e os cuidados com outras en-fermidades e parasitos. São também, muito im-

portantes os cuidados diários na ordenha e nonascimento dos bezerros. Recomenda-se utilizarFitoterápicos e controle biológico.

Alimentação: Qualidade + Quantidade

Manejo: Conforto + Ordenha

Sanidade: Vacina + Parasitas

Animal: Persistência X Reprodução

Água abundante aosÁgua abundante aos

animais é fundamental !!!animais é fundamental !!!

CCCC APÍTULOAPÍTULO 3333

A A SAÚDESAÚDE DODO PASTOPASTO EE AA SAÚDESAÚDE DOSDOS ANIMAISANIMAIS

O pasto tá bom, mas e os animais ?

Sanidade e bem-estarSanidade e bem-estar

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PECUÁRIA LEITEIRA COM BASE ECOLÓGICA EM

ASSENTAMENTOS RURAIS NO OESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

AAss pprriinncciippaaiiss vvaacciinnaass qquuee ddeevveemmooss eessttaarr eemm ddiiaa ccoomm nnoossssooss aanniimmaaiiss::

TTaabbeellaa 77:: CCAALLEENNDDÁÁRRIIOO DDEE VVAACCIINNAAÇÇÃÃOO EE VVEERRMMIIFFUUGGAAÇÇÃÃOO

Vacinas/combatea ecto e Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Observaçõesendoparasitas

Aftosa X X Todo o rebanho

Brucelose X X X Fêmeas de 3a 8 meses

Clostridioses X X X de 4 meses até3 anos de idade

Leptospirose X X a partir de2 meses

Botulismo X 1ª dose 4 meses,2ª 40 - 60 dias

Raiva X a partir do 4º mês

Vermifugação X X X X 1 vez adultos e2 vezes crias

Ectoparasitos X X X X X banhos de 21em 21 dias

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“““Usar medidas preventivas e boaalimentação nos ajudam a evitar

problemas maiores. Podemos inclusivecom isso diminuir ou até parar de

usar produtos químicos para otratamento dos nossos animais”

(Equipe Técnica)

A seguir indicamos alguns fitoterápicos(tratamentos a base de plantas), que podem aju-dar na sanidade do gado. Além de mais ecológi-co, acaba sendo mais econômico.

Controle da DiarréiaControle da Diarréia

• Jabuticabeira (Myrciaria cauliflora), goia-beira (Psidium guajava) e/ou pitangueira(Stenocalyx pitanga): ferver um copo tipoamericano (200 ml) das folhas jovens emum litro de água e deixar descansar. Coar efornecer em garrafadas mornas (meio litro),uma a duas vezes ao dia, enquanto persis-tirem os sintomas. (FERREIRA, 2004)

• Bananeira (Musa spp): extrair o caldo docaule e fornecer aos animais enquanto per-sistirem os sintomas. Tem efeito antibióticoe não é tóxico. (FERREIRA, 2004)

Controle de Berne e CarrapatoControle de Berne e Carrapato

• Soro de Leite + Cinzas: Utilizar 20 litrosde soro de leite + 1 kg de cinzas, misturar

os dois e deixar fermentar por 30 a 40 dias.Diluir um litro da solução para cada 10litros de água e pulverizar os animais. (FER-REIRA, 2004)

• Extrato de Nim: Colocar de molho 250 gde folhas previamente secadas à sombra,em 20 litros de água durante 24 horas. Apósesse período, coar a solução e pulverizarbem os animais. Utilizar em torno de 4 li-tros por animal adulto, banhando bem aspartes mais afetadas. (FERREIRA, 2004)

• Fumo + Sal: Usar 50 g de fumo de corda pi-cado + 2 colheres (sopa) sal + 1 litro de água.Juntar o fumo picado, o sal na água e colocarpara ferver por uma hora em fogo baixo. De-pois de frio coar. Banhar o animal com estamistura (quantidade suficiente para 1 animaladulto) segundo BURG & MAYER, 2000.

Retenção de placentaRetenção de placenta

• Palha de Feijão: Colocar 200 g de cinza depalha de feijão (dois punhados), em doislitros de água, misturando bem. Fornecervia oral, em dose única à vaca com proble-ma. (FERREIRA, 2004)

• Arruda: Colocar a quantidade de folhasem água fervendo e abafar por 10 min. (Viaoral). Para égua e vacas usar de 60 a 120 gde folhas em 1 litro por animal. (BURG &MAYER, 2000)

CCCC APÍTULOAPÍTULO 4444

CC ONTROLEONTROLE NATURALNATURAL - - FITOTERÁPICOSFITOTERÁPICOS

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PECUÁRIA LEITEIRA COM BASE ECOLÓGICA EM

ASSENTAMENTOS RURAIS NO OESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

Saúde do pastoSaúde do pasto

Cigarrinha das PastagensCigarrinha das Pastagens

Pastagem amarelada em plena época deáguas? Cuidado! Este cenário atípico pode sig-nificar ataque de cigarrinhas

As cigarrinhas adultas vivem, em média, dezdias. Ao se constatar as pastagens amareladas, amaior parte dos insetos já morreu, o que nãojustifica mais a adoção de controle naquelemomento.

Pelas dificuldades práticas de se definir omomento certo para adotar medidas curativas,o controle deve ser preventivo.

A diversificação da pastagem é de baixo custoe de fácil implantação, sendo uma boa alterna-tiva para o controle de insetos pragas.

Outra recomendação é o manejo correto daspastagens.

“O produtor deve procurar adequar acarga animal para não haver sobra de

pasto, evitando, é claro, o superpastejo!”(Equipe Técnica)

A sobra de pasto resulta, ao longo do tempo,em maior quantidade de palha acumulada nosolo. Os pesquisadores já verificaram que esseacúmulo de palha favorece o desenvolvimentode insetos pragas, como as cigarrinhas.

Outra estratégia é integrar as várias táticasexistentes, como: diversificação das pastagens;manejo, com ajuste da carga animal e o con-trole biológico.

R E S U M I N D OR E S U M I N D O

Alimentação = qualidade + quantidadeAlimentação = qualidade + quantidade

Manejo = Conforto + ordenhaManejo = Conforto + ordenha

Sanidade = Vacinas + parasitasSanidade = Vacinas + parasitas

Animal = persistência + reproduçãoAnimal = persistência + reprodução

Administração = controle + planejamentoAdministração = controle + planejamento

Como diz o velho ditado:Como diz o velho ditado:

“A diferença entre o veneno

e o remédio é a dose”

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PPPlanejar é conhecer a realidade que existe. Sa-ber o que temos e o que podemos. E então de-finir as ações pra chegarmos onde queremos!!!

É observar as ações a curto, a médio e alongo prazo, ou seja, o que podemos fazer ago-ra e quais as outras prioridades que podemosexecutar mais a longo prazo.

Exemplo:Formação de pastagens ou recuperação, pi-

queteamento das pastagens para as vacas, be-zerros, maternidade, legumineira, banco deproteínas, capineira e fenação, plantio de árvo-res e arbustos como cerca viva, corredores eco-lógicos, alimentação animal, curral para orde-nha e manejo animal, produção esperada aolongo dos anos, investimentos e ganhos da pro-dução e presença de Água para os animais.

Então não se esqueçamPlanejar - executar - e avaliar

São os passos mais importantes para isso!!!

Para a escolha das espécies de forragem, pre-cisamos refletir:

1° O que vamos plantar 2° Para o que vamos utilizar3° Com o que vamos consorciar

Escolhendo as plantas podemos e devemosentão saber:

QUANDO PLANTAR = espécies de verão e deinverno, plantas resistentes à seca, muita luz oupouca luz, muito vento ou pouco vento;

COMO PLANTAR = desenvolvimento da plan-

CCCC APÍTULOAPÍTULO 5555

PP LANEJANDOLANEJANDO OO SÍTIOSÍTIO

OO OO QUEQUE ÉÉ EE PARAPARA QUEQUE FAZEMOSFAZEMOS OO PPPP LANEJAMENTOLANEJAMENTO ????

Planejamento Planejamento AndradinaAndradina Planejamento no PPlanejamento no Pontal do Pontal do Paranapanemaaranapanema

ASS IM P O D E M O S VER Q U A I S SÃO AS P R I O R I D A D E S E P O D E M O S

A V A L I A R S E M P R E COMO VÃO INDO N O S S O S I N V E S T I M E N T O S NO S Í T I O !

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ta, necessidade de nutrientes da planta e espaça-mento (ex. leguminosas e gramíneas)

ONDE PLANTAR = depende da necessidade decada planta escolhida e quais plantas podem serconsorciadas umas com as outras, sem que uma nãoprejudique a outra. Levar em consideração a ferti-lidade, encharcamento e declividade do terreno.

Depois do plantio precisamosDepois do plantio precisamosentender como manejarentender como manejar

Em geral, os animais selecionam as plantas eas partes das plantas para consumir, ou seja,existe uma seleção (seletividade) na busca pelaqualidade e quantidade do alimento.

Exemplo:Os capins (gramíneas) quando estão com flo-

res é porque já apresentam baixa qualidade evalor nutritivo (teor de proteínas). Então, sem-pre que possível, devemos evitar o florescimen-to dos capins, ou escolher espécies que demor-em mais para florescer.

A partir daí, é preciso saber principalmente

como a planta se desenvolve (o hábito de cresci-mento) para sabermos se ela pode ser podada ese ela irá rebrotar e não morrer, como ela podeser podada, se ela tem rebrota boa ou fraca, co-mo ela se reproduz para poder escolher se deixapara semente, ou se dá para tirar estacas.

Para auxiliar no planejamento, recomen-damos fazer quatro tabelinhas e anotações, parasabermos o que está ocorrendo no sítio e assimver como vai nosso rebanho:

1. A tabelinha para o controle das coberturase dos nascimentos (tabela 8). Com isso po-demos fazer uma previsão dos partos, avaliaras vacas que demoram a emprenhar (IP -Intervalo entre Partos) e fazer o controle dequantos bezerros nascem. Se puderem pesaros bezerros, melhor ainda!

2. A tabelinha do controle leiteiro, ou seja,(tabela 9) como vai a produção do leite,principalmente para ver a variação na seca enas águas. O controle leiteiro poderá serrealizado semanal, quinzenal ou mensal-mente, através da pesagem ou litragem doleite (sem espuma) (tabela 10)

PECUÁRIA LEITEIRA COM BASE ECOLÓGICA EM

ASSENTAMENTOS RURAIS NO OESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

TTaabbeellaa 88:: AA ttaabbeelliinnhhaa ppaarraa oo ccoonnttrroollee ddaass ccoobbeerrttuurraass ee ddooss nnaasscciimmeennttooss ddee bbeezzeerrrrooss nnoo ssííttiioo

Vaca Coberturas Touro Nascimentos Nome I.P.Última Cria M/F (dias)

Pipoca 9/11/2005 Gir 19/9/2005 Macho Verão 321Malhada 1/12/2007 Gir 6/10/2005 Fêmea Rainha 335Bolinha 28/07/2007 Gir 5/10/2005 Macho Bola 8 345Fortuna 30/7/2005 Girolanda 6/1/2005 Fêmea Zeke 475

TTaabbeellaa 99:: AA ttaabbeelliinnhhaa ddoo ccoonnttrroollee lleeiitteeiirroo.. VVeerr pprriinncciippaallmmeennttee aa vvaarriiaaççããoo nnaa sseeccaa ee nnaass áágguuaass

AGOSTO DE 2008 - LITROS DE LEITE POR DIADIA 05 15 25Vacas Manhã Tarde Total Manhã Tarde Total Manhã Tarde TotalBolinha 6,6 6,1 12,7 5,6 4,8 10,4 8 3,2 11,2Princesa 8,1 6,9 15 7,8 7,7 15,5 10,7 7,2 17,9Pipoca 4 3 7 3,7 2,8 6,5 5,6 2,25 7,85Malhada 5,1 5,9 11 4,8 3,7 8,5 6 3,6 9,6Total 66 49,4 66,7

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AAAgora que já vimos no capítulo 1 o que queríamoscom o projeto e nos outros capítulos vimos um re-sumo dos principais aspectos técnicos do manejoagroecológico, vamos ver então o que temos depoisdesses dois anos de parceria e muito trabalho!

... Os lotes, as famílias beneficiadas...

... Na prática as coisas aconteceram desse jei-to, nessas regiões e dessa forma...

Após dois anos de trabalho...

• Implantação de Três Unidades de Obser-vação Participativa• Dois Campos Agrostológicos de Observação• Acompanhamento técnico• Cursos de capacitação dos agricultores• Encontros Regionais• Viagens de intercâmbio para a troca deexperiência

6.1. Sr. Laércio,6.1. Sr. Laércio, Assentamento Água Assentamento Água

Sumida, município de Teodoro Sampaio, Sumida, município de Teodoro Sampaio,

região do Pontal do Paranapanemaregião do Pontal do Paranapanema

Implantação da Unidade de Observaçãode 0,5 ha: 18 de janeiro de 2006

A pastagem pré-existente era composta de braquia-rinha (Brachiaria decumbens) e braquiarão (B. brizantha).

Em janeiro de 2006 foi feita a formação dapastagem consorciada, utilizando o Estilozan-tes Mineirão (Stylosanthes guianensis Cv Mineirão).

Após 84 dias do plantio, as gramíneas apre-sentavam porte médio de 80 cm, ao passo quea leguminosa apresentava porte de até 60 cm.As gramíneas existentes apresentaram cresci-mento inicial mais lento, permitindo assim ummelhor desenvolvimento inicial do estilozantes.

O Sr. Laércio colocou as vacas alguns dias nopiquete e viu que após um ano de experiênciahouve um aumento de até 9% da produção deleite nas águas e manteve a produção do leite naseca, quando o capim estava seco e estilozantespermanecia verde para o gado comer muito bem.

Um ano depois desta experiência, por iniciati-va própria e com assistência dos técnicos doINCRA, o Sr. Laércio realizou a recuperação de50% dos pastos do lote, usando calcário, aduba-ção fosfatada e sementes de leguminosas (esti-lozantes) e gramíneas (braquiarão), para formaro pasto consorciado. Foram formados 7 novospiquetes, com aproximadamente 1 hectare cada

CCCC APÍTULOAPÍTULO 6666

TT ROCANDOROCANDO EXPERIÊNCIASEXPERIÊNCIAS

O O QUEQUE LUTAMOSLUTAMOS EE OO QUEQUE CONQUISTAMOSCONQUISTAMOS

FamíliaFamília

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um. Além do consórcio com o estilozantes, oSr. Laércio plantou a cratília em alguns pique-tes e está plantando árvores leguminosas nascercas dos piquetes, principalmente a gliricídia,plantada de estaca.

O bom acompanhamento da família duranteo desenvolvimento do estilozantes, uma espécieque antes eles não conheciam, fez com que hojeSr. Laércio já aproveite a leguminosa para pro-dução de feno, além de observar a diferença dopasto, em comparação aos demais, no períododa seca, podendo manter a produção leiteiraneste período que antes era preocupante porapertar nas despesas da casa.

RecomendaçõesRecomendações

No momento de desenvolvimento das espéciesapós o plantio, foi recomendado um pastoreioleve, controlando-se a altura mínima de corte da

gramínea, visando com isso melhores condiçõesda pastagem para a estação seca.

Sr. Laércio hoje está satisfeito com o sistemaadotado, com intenções de ampliar o sistemapara as demais áreas do seu lote. E compartilhao conhecimento com os companheiros do as-sentamento e de outros municípios, que tam-bém querem melhorar seus sistemas.

PECUÁRIA LEITEIRA COM BASE ECOLÓGICA EM

ASSENTAMENTOS RURAIS NO OESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

Acompanhamento Acompanhamento TécnicoTécnico

UNIDADE DE OBSERVAÇÃO PARTICIPATIVA

Implantação: 15 de dezembro de 2005 ÁREA: 0,8 ha de pastagem, sendo a gramí-nea pré-existente o colonião (Panicum maxi-mum spp). Nesta área foi formado o pastoconsorciado, utilizando o Estilozantes Minei-rão (Stylosanthes guianensis Cv Mineirão).

Após dois anos de experiência, o Sr. Moacir esua esposa Da. Carol afirmam ter aumentado em19% a produção de leite na época das águas, de-vido ao consórcio com a leguminosa. E na seca,manteve a produção e em alguns meses ocorreuum aumento de até 6% da produção leiteira. Nodecorrer desses anos, já realizaram o piqueteamen-to de 50% dos pastos no lote. Além do consórciocom o estilozantes, possuem uma imensa diversi-

ficação da produção com o plantio de coco, jerivá,pupunha, mamão, bananas, jaca, abacate, corre-dores ecológicos com jacas e uma rica arborizaçãodo seu lote com espécies frutíferas, melíferas emadeireiras.

A família do Sr. Moacir possui um arquivo defotos de toda a propriedade desde o início, ser-vindo de um importante material para o acom-panhamento e para a continuidade do trabalho,além de possuir uma planilha de planejamento emonitoramento da produção leiteira do lote. Oscorredores ecológicos formados foram feitoscom o plantio da gliricídia, plantada de estaca.

O estilozantes teve dificuldade para se desen-volver, devido principalmente à boa fertilidade e

6.2. Sr. Moacir,6.2. Sr. Moacir, Assentamento Assentamento

Timboré, município de Andradina, Timboré, município de Andradina,

região de Andradinaregião de Andradina

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à textura argilosa do solo, o que não é apropriadopara a variedade Mineirão, que é nativo do cerra-do e vai melhor a solos arenosos e menos férteis.Outro problema foi o rápido crescimento destetipo de gramínea (panicum), sombreando assim aleguminosa, que é de crescimento mais lento.

Foi realizado o plantio da leguminosa calopo-gônio após o enfraquecimento do desenvolvi-mento do estilozantes no piquete e estão sendoplantadas outras espécies arbóreas na pastagem,como a farinha-seca, Acássia, ingá e leucena.

Recomendações:Recomendações:

Para melhorar o desenvolvimento do estilozan-tes, foi colocado o gado em pequenos intervalosde tempo no piquete, a fim de reduzir o porte docapim colonião. A expectativa é que com o avan-ço do período seco, a leguminosa se sobressaia.

A proposta é a de expandir os corredoresarborizados por todo o lote, facilitando o pi-queteamento e a rotação dos pastos, além deservir para a alimentação e conforto dos ani-mais. Realizar nas curvas de nível o plantio deárvores frutíferas, madeireiras e de sombra parao conforto animal, alimentação do gado, vendae consumo da família.

O Sr. Moacir tem recebido pessoas de diversoslugares, querendo conhecer o sistema consorcia-do. Assim ele cumpre sua função de agente mul-tiplicador, passando o conhecimento adiante!

IMPLANTAÇÃO: 2 DE FEVEREIRO DE 2007

ÁREA: 0,5 ha A pastagem pré-existente era compostade braquiarinha (Brachiaria decumbens) e

braquiarão (B. brizantha). Da mesma for-ma que no lote do Sr. Laércio, foi feita aformação da pastagem consorciada, utili-zando o Estilozantes Mineirão (Stylosan-thes guianensis Cv Mineirão).

6.3. Zé Lopes,6.3. Zé Lopes, Assentamento Nossa Assentamento Nossa

Senhora Aparecida, município de Senhora Aparecida, município de

Castilho, região de AndradinaCastilho, região de Andradina

SrSr. Moacir 2008. Moacir 2008

UOPUOP do Srdo Sr. Zé Lopes. Zé Lopes

SrSr. Moacir 1991. Moacir 1991

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Após participar de um Dia de Campo do proje-to, no lote do Sr. Moacir, ele se interessou emimplantar também em seu lote uma Unidade deObservação com pasto consorciado, acreditandoser possível uma melhora para seu rebanho. Comisso, também poderia ajudar a difundir a idéiapara os agricultores assentados de sua região.

Após dois anos de trabalho...Após dois anos de trabalho...

Após um ciclo completo da leguminosa, o Sr.Zé Lopes avalia como positiva a experiência, umavez que na seca o gado dele pôde manter a pro-dução de leite. Ele declara que antes, sem esta no-va experiência, a família passava apertado, porquenão tinha pastagem suficiente para suas vacas.

Outra observação foi a facilidade e a melho-ria do desenvolvimento da braquiária juntocom a leguminosa.

RecomendaçõesRecomendações

Realizar piqueteamento da área consorciada, paramanter a alimentação dos animais por mais tempoe ter melhor controle do manejo da pastagem.

Campos AgrostológicosCampos Agrostológicos

Além das Unidades de Observação (UOP), oprojeto permitiu a implantação de dois camposagrostológicos, um no lote da família do Sr. Moa-cir (Andradina) e outro no lote da família do Sr.Laércio (Pontal), contando com a participação dediversos agricultores de cada comunidade.

O campo agrostológico, apesar do nome difí-cil, é uma coisa bem simples. É uma área, ondeformamos pequenos canteiros de 2 x 2 m, e emcada canteiro plantamos um tipo de forrageira.O objetivo não é de fazer uma experiência nemde colocar o gado para pastar, mas sim de per-mitir aos agricultores conhecerem numa mes-ma área, ao vivo e a cores, diversos tipos deplantas diferentes, e assim poderem observarmelhor as características de cada uma: tamanho,tipo de folha, hábito de crescimento, época defloração e de produção de sementes, qual secaprimeiro, etc. Estas áreas foram muito utili-zadas nos cursos e dias de campo do projeto, eaté hoje são visitadas por diversos agricultores.

No total, foram semeados 26 tipos de plantasnos campos agrostológicos, entre gramíneas eleguminosas (Tabela 10).

O campoagrostológico

foi importante paratrabalhar e mostrar tipos depastagens que antes eram

desconhecidas.

O problema eque a gente não viu

como ela funciona deverdade com o gado... mas

só de já saber como elas sãoe como funcionam, já da pragente tentar fazer nos lotes

com aquelas que foremapropriadas na nossa

região.

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TTaabbeellaa 1100:: RReellaaççããoo ddee ppllaannttaass uuttiilliizzaaddaass nnooss CCaammppooss AAggrroossttoollóóggiiccooss

Nº Nome Comum Nome Cientifico Família Função Origem UD

1 Brachiarão - MG-4 Brachiaria brizantha Gramínea Forragem Matsuda A/TS

2 B. humidicola Brachiaria humidicola Gramínea Forragem Matsuda A/TS

3 B. decumbens Brachiaria decumbens Gramínea Forragem Matsuda A/TS(CV Basilesk)

4 Brachiarão - MG-5 Brachiaria brizantha Gramínea Forragem Matsuda A/TSVitoria

5 B. brizantha Brachiaria brizantha Gramínea Forragem Matsuda A/TSMarandu

6 B. dictyoneura Brachiaria dictyoneura Gramínea Forragem Matsuda A/TSCv Llanero

7 B. ruzizienses Brachiaria ruziziensis Gramínea Forragem Fortaleza A/TS

8 Colonião MG-7 Panicum maximum Gramínea Forragem Matsuda A/TSÁries

9 Mombaça Panicum maximum Gramínea Forragem Matsuda A/TS

10 Colonião MG-6 Panicum maximum Gramínea Forragem Matsuda A/TSAtlas

11 Tanzânia Panicum maximum Gramínea Forragem Matsuda A/TS

12 Massai Panicum maximum Gramínea Forragem Fortaleza A/TS

13 Estilozantes Stylosanthes guianensis Leguminosa Forragem F.Primavera A/TSMineirão

14 Amendoim Arachis pintoi cv. AMARILLO Leguminosa Forragem Agroroma AForrageiro

15 Guandu Gigante Cajanus cajan Leguminosa Forrag/Ad.Verde Fortaleza A/TS

16 Calopogônio Calopogonium mucunoides Leguminosa Forrag/Ad.Verde Matsuda A

17 Leucena Leucaena spp Leguminosa Forrag/Ad.Verde Fortaleza A/TS

18 Cratília Cratylia argentea Leguminosa Forrag/Ad.Verde Embrapa A/TS

19 Mucuna Preta Stylozobium aterrimum Leguminosa Adubo Verde Fortaleza A/TS

20 Feijão de Porco Canavalia ensiformis Leguminosa Adubo Verde Fortaleza A/TS

22 Estrela Cynodon plectostachyos Gramínea Forragem Robert A

23 Florona C. nlemfuensis Gramínea Forragem Robert A

24 Coast Cross C.dactylon Gramínea Forragem Robert A

25 Tifton 85 C.spp Gramínea Forragem Robert A

26 Tifton 68 C. nlemfuensis Gramínea Forragem Robert A

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PECUÁRIA LEITEIRA COM BASE ECOLÓGICA EM

ASSENTAMENTOS RURAIS NO OESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

TTaabbeellaa 1111:: VVaannttaaggeennss oobbsseerrvvaaddaass aattrraavvééss ddaa iimmppllaannttaaççããoo ddoo CCaammppoo AAggrroossttoollóóggiiccoo

Conhecer as principais características morfológicas e hábito de crescimento.

Saber como as forragens se desenvolvem, quando e como se faz o corte das forragens

Poder conhecer outras plantas que podemos fornecer na alimentação dos animais

Saber qual forragem é mais bem adaptado para o pastejo rotacionado

Envolver mais pessoas na atividade e aprender na prática

Saber a altura correta para a entrada e saída dos animais para o pastejo rotacionado

Saber a ocorrência de época de florescimento para possivelmente retirar as sementes

PPesquisandoesquisando

PPraticandoraticando

AprendendoAprendendo

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Bem, aqui terminamos essa nossa pequena história que, na verdade, é apenas o início de uma longajornada em construção. Este projeto foi apenas uma primeira semente, que com certeza poderá darbons frutos. Basta acreditarmos e continuarmos empenhados em construir juntos essa forma maissustentável de produção, que traz benefícios para as famílias de agricultores, para a natureza e paratoda a sociedade. Para encerrar, deixamos o depoimento de um agricultor assentado que participoude todo o projeto:

“Nossas maiores oportunidades foram a de ter tido acesso a essas informações e a esse conheci-mento, que se enquadra em nossa realidade. Com isso podemos ver que existem formas de nósmesmos sermos sustentáveis, termos nossa renda do lote e não precisar de coisas de fora. A depoder conhecer outras experiências e outras famílias que vivem na nossa realidade. E saber que nosnão somos loucos como dizem por ai, mas que este é um caminho viável pra nós!”(Agricultor)

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• Agrodiversidade: ferramenta para uma agri-cultura sustentável. Embrapa Cenargem. 2002.

• Agroecologia: Princípios e técnicas para umaagricultura orgânica sustentável. EmbrapaAgrobiologia, 2005.

• Liberdade e Vida com Agrofloresta. Incra-SP/ Embrapa Meio Ambiente, 2008.

• Um testamento agrícola, de Sir AlbertHoward. Edição: Expressão Popular.

• Reflorestamento de propriedades rurais parafins produtivos e ambientais. EmbrapaFloretas, 2000.

• Sistemas Silvipastoris: fundamentos e aplica-bilidade.Documentos 74, Embrapa Acre, 2001.

• Suplementação do gado na seca. Informe téc-nico, MA/SDR/PNFC, Goiânia, 2000.

A LEITURA É UMA FERRAMENTA DE DOMÍNIO DO POVO E DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL!

CC ONSULTEONSULTE OSOS LL IVROSIVROS

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CCAMPOAMPO AAGROSTOLÓGICOGROSTOLÓGICO - - AJUDANDOAJUDANDO AA APRENDERAPRENDER

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Falando em Reforma Agrária, é o que o povo tem esperado,pois não é coisa de hoje, é de muitos anos passados.Agricultores se despertaram diante da situação,Vamos unir nossas forças e tomarmos uma decisão.Se os governos não se interessam, pois vamos fazerEntão, pois só sai reforma agrária por meio de ocupação.No ano de 89 ainda trago lembrançaCom cento e trinta famílias, homens, mulheres e criançasPara uma viajem tão longa que as vistas não alcançam,Tinha cento e oito léguas era esta distância.O povo foi se organizando, até chegou o dia,De deixar a nossa cidade e a grande periferia,Tudo em comum acordo numa grande harmonia.Com alguma dificuldade, mas todo mundo sorria.Saiu-se uma caravana como estava planejado para realizarum sonho que aconteceu no passado,Em busca de recursos que é um direito sagrado,Fizemos uma boa viagem por Deus fomos abençoados.A data ainda me lembro foi 28 de janeiro às 4 horas da manhãChegamos no paradeiro na tal Fazenda PendengoNuma estrada de boiadeiro propriedade do Cemi.Um temido fazendeiro.Lá em Nova Independência conhecemos o Prefeito, o senhor Antônio FerrariCidadão sério e direito,Nas nossas negociações mantinha sempre o respeitoAlém de solidário ele não tem preconceito.Trinta dias que passamos foram momentos bem duros,Mas os sem terra que já aprenderam andar no claro e no escuro,na hora da precisão corta a cerca e arromba muro, de lálevantamos um vôo pra buscar nosso futuro.Na divisa da Timboré o negócio ficou feio,Tinha um bando de jagunço que ameaçava um tiroteio,Um filho do fazendeiro também estava neste meioMas os sem terra foi vazando sem demonstrar receio.As mulheres também falavam com um gesto bem destemidoNós venceremos a batalha juntinho aos nossos maridosNão existe adversário pra mudar nosso sentido.Vamos romper a barreira embora esteja impedido.Num dia de sexta feira um forró foi iniciado,O povo se divertia estava bem animado mas ninguém se esqueciaDo que estava combinado,Por volta da meia noite nós passamos pro outro lado.Avalie um povo unido e veja a força que ele tem,Por muito que avançarmos podemos ir bem além,E esta organização é pra homem que pensa bemse Deus está conosco não tememos a ninguém.Está ai a grande história do que o grupo tem passadoNão escrevi nada demais,Também nada foi ocultado e na fazenda Timboré estamos assentados Aos leitores eu agradeço dizendo muito obrigado.

P lac id io Fogaça da S i l va (Acampado)

AA JORNADA DO GRUPO

PPROJETO LIBERDADE

AA JORNADA DO GRUPO

PPROJETO LIBERDADE

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