PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COM O USO DE RECURSOS...

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Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação - 1 - PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COM O USO DE RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS NO ENSINO DE MATEMÁTICA Carloney Alves de Oliveira 1 (UFAL) Resumo: Este artigo apresenta uma pesquisa sobre a utilização dos Recursos Educacionais Abertos (REA), tais como: Moodle, portal do professor, Software Cmap Tools e laboratório virtual de Matemática nas aulas da disciplina Saberes e Metodologias do Ensino de Matemática 1 no Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) no Centro de Educação, como prática pedagógica de ensino e aprendizagem na formação do pedagogo. O objetivo da pesquisa foi investigar como os REA foram utilizados pelos alunos e professor no auxílio ao processo de ensino e de aprendizagem, buscando compreender o domínio das interfaces, a dinâmica de utilização na elaboração e construção do conhecimento, tanto individual como em grupo. Baseado nos estudos de Almeida (2003), Bairral (2003), Borba (1999), Kenski (2007) e Valente (2004) sobre o uso das tecnologias e o ensino de Matemática buscou- se a fundamentação teórica. A pesquisa caracterizou-se como um estudo de caso numa abordagem qualitativa, coletando os dados através das entrevistas semiestruturadas, questionários para os alunos matriculados na disciplina. Foi constatado que os REA e as temáticas propostas através desses ambientes nunca foram utilizadas pelo grupo nas aulas do Curso de Pedagogia e quando bem utilizadas as aulas se tornam mais prazerosas e investigativas. Palavras-chave: Ensino da Matemática, Formação de professor, Recursos Educacionais Abertos. Abstract: This article presents research on the use of Open Educational Resources (REA), such as Virtual Learning Environment (AVA) - Moodle portal, teacher, Cmap Tools Software Facebook and discipline in class III Supervised Training Course in Mathematics Federal University of Alagoas (UFAL) Campus Arapiraca as educational practice of teaching and learning in teacher of Mathematics. Investigated how the REA were used by students and teachers in helping the process of teaching and learning, trying to understand the areas of interfaces, the dynamics of use in the design and construction of knowledge, both individually and in groups. The research was characterized as a case study with a qualitative approach, collecting data through semi-structured interviews, questionnaires for students enrolled in the course. It was found that the REA and the proposed themes through these environments have never been used by the group classes Course in Mathematics and when well used classes become more pleasurable and investigative. Keywords: Teaching of Mathematics, Teacher Training, Open Educational Resources. 1 Carloney OLIVEIRA, Prof, Doutorando do Centro de Educação/UFAL Universidade Federal de Alagoas (UFAL) E-mail: [email protected]

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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COM O USO DE RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS NO ENSINO DE MATEMÁTICA

Carloney Alves de Oliveira1 (UFAL)

Resumo: Este artigo apresenta uma pesquisa sobre a utilização dos Recursos Educacionais Abertos (REA), tais como: Moodle, portal do professor, Software Cmap Tools e laboratório virtual de Matemática nas aulas da disciplina Saberes e Metodologias do Ensino de Matemática 1 no Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) no Centro de Educação, como prática pedagógica de ensino e aprendizagem na formação do pedagogo. O objetivo da pesquisa foi investigar como os REA foram utilizados pelos alunos e professor no auxílio ao processo de ensino e de aprendizagem, buscando compreender o domínio das interfaces, a dinâmica de utilização na elaboração e construção do conhecimento, tanto individual como em grupo. Baseado nos estudos de Almeida (2003), Bairral (2003), Borba (1999), Kenski (2007) e Valente (2004) sobre o uso das tecnologias e o ensino de Matemática buscou-se a fundamentação teórica. A pesquisa caracterizou-se como um estudo de caso numa abordagem qualitativa, coletando os dados através das entrevistas semiestruturadas, questionários para os alunos matriculados na disciplina. Foi constatado que os REA e as temáticas propostas através desses ambientes nunca foram utilizadas pelo grupo nas aulas do Curso de Pedagogia e quando

bem utilizadas as aulas se tornam mais prazerosas e investigativas. Palavras-chave: Ensino da Matemática, Formação de professor, Recursos Educacionais Abertos. Abstract: This article presents research on the use of Open Educational Resources (REA), such as Virtual Learning Environment (AVA) - Moodle portal, teacher, Cmap Tools Software Facebook and discipline in class III Supervised Training Course in Mathematics Federal University of Alagoas (UFAL) Campus Arapiraca as educational practice of teaching and learning in teacher of Mathematics. Investigated how the REA were used by students and teachers in helping the process of teaching and learning, trying to understand the areas of interfaces, the dynamics of use in the design and construction of knowledge, both individually and in groups. The research was characterized as a case study with a qualitative approach, collecting data through semi-structured interviews, questionnaires for students enrolled in the course. It was found that the REA and the proposed themes through these environments have never

been used by the group classes Course in Mathematics and when well used classes become more pleasurable and investigative. Keywords: Teaching of Mathematics, Teacher Training, Open Educational Resources.

1 Carloney OLIVEIRA, Prof, Doutorando do Centro de Educação/UFAL

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Introdução

Os Recursos Educacionais Abertos (REA), como Moodle, portal do professor,

software Cmap Tools e o Facebook mediante utilização das Tecnologias da

Informação e Comunicação (TIC) têm contribuído para a formação do professor,

para que possam trabalhar nas suas aulas, não de forma linear, mas ampliando a

sua visão de como é possível trabalhar com tais recursos, objetivando proporcionar-

lhe espaços para a construção do saber, nas aulas da disciplina Estágio

Supervisionado III no Curso de Licenciatura em Matemática, na UFAL, Campus

Arapiraca.

A partir da constatação das dificuldades na utilização dos REA de ensino e

aprendizagem no universo acadêmico, decorrentes de um conhecimento ainda

precário dos usuários, tanto a respeito das características dos seus recursos quanto

das maneiras mais adequadas de empregá-los, este estudo teve como referencial a

utilização desses espaços no curso de Matemática da UFAL, Campus Arapiraca,

buscando respostas para o questionamento: como os recursos disponibilizados nos

REA são utilizados pelos alunos e professor como apoio ao processo de ensino e

aprendizagem na formação do professor de Matemática?

A cada semana era trabalhado um REA, tendo como amostra 25 alunos

matriculados na disciplina, buscando preservar a identidade dos sujeitos, optamos

por código (A = aluno).

A abordagem da pesquisa foi qualitativa (FLICK, 2004), cujo princípio

norteador está alicerçado nos seguintes pressupostos: a educação não deve ser

pensada como modelo tradicional, no qual o professor transmite informações e o

aluno um mero receptor, este tem que ser problematizado e relativizado; a

utilização destes espaços é uma prática social dos nativos digitais permeada de

complexidade que faz parte do processo de instauração do(s) sentido(s); o sujeito-

autor tem suas especificidades e sua história; portanto, sujeito e sentidos são

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determinados histórica e ideologicamente; os sentidos e modos de dizer são

múltiplos e variados.

O estudo envolveu uma pesquisa participante por se adequar à proposta da

pesquisa na qual os sujeitos envolvidos agem como participantes para investigar

sua própria realidade, visando a descoberta, a interpretação em um contexto, o

uso de uma variedade de fontes de informação, revelam experiência e permitem

generalizações, procuram representar os diferentes e às vezes conflitantes pontos

de vista presentes numa situação social.

Ao final da disciplina foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, não

entendidas aqui no sentido positivista como fornecimento de “dados” – uma vez

que os dados são construídos – mas foram utilizadas como fator de mediação para

apreensão de sentidos e significados dos discursos dos alunos, referentes à

aventura de dizer a partir do uso dos REA para saber dos seus embates e desafios

frente a sua utilização em meio a situações de autoria, diálogo, interação e apoio

ao processo de ensino e aprendizagem do professor de Matemática.

Para tanto, a contribuição deste estudo para a pesquisa acadêmica é de

fundamental importância, pois, faz-se necessário refletir acerca dos REA em cursos

presenciais, a partir das necessidades e dos objetivos em função de seus usuários e

da proposta pedagógica do curso, pois é por meio desses ambientes que o processo

de ensino e de aprendizagem acontece, sendo possível motivar, formar, auxiliar no

desenvolvimento do usuário, atingir perfis diferentes, melhorar a interação,

fornecer feedback e incorporar interfaces que promovam a troca de informações,

reflexões e pesquisas por meio de uma comunicação síncrona e assíncrona.

Os REA e a formação do professor de Matemática

Os REA podem ser definidos como ambientes de comunicação síncrona e

assíncrona que medeiam a aprendizagem e o desenvolvimento de condições,

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estratégias e intervenções de aprendizagem baseado através das múltiplas

interfaces oferecidas aos seus usuários e a oportunidade de discutir e compartilhar

questões no tempo e espaço que são propícios a cada um, sendo organizado de tal

forma que propicie a construção de conceitos, por meio da interação dos alunos e

professor a partir dos recursos disponibilizados no ambiente, e de modo particular,

podemos contextualizar tais espaços como o Moodle, o portal do professor,

software Cmap Tools e o Facebook, buscando preparar professores e futuros

professores de Matemática com um trabalho formativo no uso desses ambientes

voltados para o crescimento do próprio sujeito.

A formação do professor deve se dar através de uma reflexão crítica sobre a

teoria e a prática, levando em consideração a sua identidade. Desse modo, no

âmbito de uma licenciatura também podemos buscar essa perspectiva; os

profissionais envolvidos precisam construir sua identidade profissional como

processo de valorização ao longo dessa formação, tendo oportunidades de refletir

constantemente sobre os problemas e a dinâmica colocados na prática pedagógica

dos cursos de licenciatura.

O Moodle é um sistema de gerenciamento de cursos aberto, criado por Martin

Dougiamas, e que tem como objetivo oferecer funcionalidades que facilitem o

desenvolvimento de cursos online em um processo contínuo de comunicação

síncrona e/ou assíncrona entre seus usuários. O Moodle da disciplina (fig. 1), sendo

dividido em três colunas: as colunas da esquerda e da direita, que são formadas por

blocos (participantes, atividades, pesquisar nos fóruns, administração, últimas

notícias, próximos eventos, atividade recente, dentre outras que podem ser

acrescentadas pelo professor ativando edição). A coluna central é a Agenda do

Curso, que pode ter um formato semanal, de tópicos, ou um formato social. Nesse

espaço será desenvolvido todo o curso.

Podemos considerar que o Moodle vem possibilitando um importante papel na

promoção do ensino e da aprendizagem na formação do professor para que sejam

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capazes de trabalhar em suas áreas específicas do conhecimento através de

situações-problema que impulsionem a construção do conhecimento.

Fig. 1: Página inicial do Moodle da disciplina

Fonte: Moodle da disciplina

Como um espaço que oferece condições para a interação (síncrona e

assíncrona) permanente entre os usuários, Almeida (2003, p. 331) afirma que os

AVA

São sistemas computacionais disponíveis na internet, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias da informação e comunicação. Permitem integrar múltiplas mídias, linguagens e recursos, apresentar

informações de maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas e objetos de conhecimento.

É possível perceber nos AVA as múltiplas interfaces oferecidas aos seus

usuários e a oportunidade de discutir e compartilhar questões no tempo e espaço

que são propícios a cada um. Chamamos a atenção para a importância da utilização

de um AVA seja em cursos presencias ou a distância, oferecendo aos professores e

alunos, oportunidades de definir seus próprios caminhos a serem trilhados, pois,

conforme Pereira (2007, p. 7), os AVA

Utilizam a Internet para possibilitar de maneira integrada e virtual o acesso à informação por meio de materiais didáticos, assim como o armazenamento e disponibilização de documentos (arquivos); a comunicação síncrona e assíncrona; o gerenciamento dos processos

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administrativos e pedagógicos; a produção de atividades individuais ou em grupo.

Baseado nessa concepção, buscamos também apoio num outro REA, para a

elaboração dos mapas conceituais, através do Software CmapTools, um software

livre para autoria que pode ser baixado no computador e permite ao usuário

construir, compartilhar, criar modelos e fazer comentários de qualquer lugar na

rede, tendo como tela inicial a fig. 2.

Fig. 2: Tela inicial para elaboração de um Mapa Conceitual

Fonte: Software CmapTools

Conforme Santos (2006, p. 327) explica que os mapas conceituais:

São diagramas que indicam relações, conexões ou associações entre conceitos. A organização dos mapas conceituais dependerá única e exclusivamente do pensamento do pesquisador, de como ele vem estruturando suas idéias a partir da interação com seu objetivo de estudo, seja no campo teórico, no campo empírico ou na sua interface.

A formação do professor, particularmente de Matemática, deve ser concebida

como reflexão, pesquisa, ação, descoberta, organização, fundamentação, revisão e

construção teórica, e não como mera aprendizagem de novas técnicas, atualização

em novas receitas pedagógicas ou aprendizagem das últimas renovações

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tecnológicas, e de modo particular, no uso do Software CmapTools. Segundo

Oliveira (2002, p. 94), é preciso que essa formação tenha como pressupostos:

flexibilidade, de modo a atender a demanda do aprendiz, ao invés de importar-lhe conceitos que nem sempre são significativos a ele; modularidade, de maneira a estruturar o curso de acordo com as necessidades específicas da comunidade dinâmica e virtual de aprendizagem em questão.

As implicações do novo paradigma, o paradigma emergente, segundo Moares

(2002), na formação do sujeito crítico e autônomo, para uma sociedade da

informação e comunicação, precisam ser cuidadosamente observadas no sentido de

possibilitar um novo redimensionamento do seu papel.

Um outro REA relevante como recurso de ensino e aprendizagem para as aulas

de Matemática, é o portal do professor (Fig. 3), sendo um espaço em que o

professor de Matemática, pode-se buscar explorar e compartilhar suas ideias,

propostas e sugestões metodológicas.

Fig. 3: Tela de abertura do portal do professor

Fonte: Portal do professor

Segundo Kenski (2007) já se foi o tempo em que a escola era o principal lugar

para o acesso e aquisição de informações de diversos tipos. Com a rápida

divulgação das informações, através das TIC, estas deixaram de ser privilégio de

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poucos e se incorporaram à cultura de muitas pessoas. Isso colocou em crise um

modelo de educação, cujo objetivo era prover os alunos do conhecimento

acumulado pela comunidade, que implicava um tempo e espaço de aprendizagem

muito rígido.

Com a implantação dos espaços interativos na disciplina de Estágio

Supervisionado III foi preciso transformar a nossa maneira de planejar as nossas

aulas e executá-las, pois os mesmos impulseram novos ritmos e dimensões à tarefa

de ensinar e aprender, de fazer educação. Conforme Borba (1999, p. 43),

Para que ocorra essa integração, é preciso que conhecimentos, valores, hábitos, atitudes e comportamentos do grupo sejam ensinados e aprendidos, ou seja, que se utilize a educação para ensinar sobre as tecnologias que estão na base da identidade e da ação do grupo e que se faça uso delas para ensinar as bases dessa educação, e de modo particular, nas aulas de Matemática.

Segundo Oliveira (2007), o ensino de Matemática através destes espaços na

formação do professor instala um novo momento no processo educativo. O fluxo de

interações nas redes e a construção, a troca e o uso colaborativo de informações

mostram a necessidade de construção de novas estruturas educacionais que não

sejam apenas a formação fechada, hierárquica e em massa como a que está

estabelecida nos sistemas educacionais.

Segundo Bairral (2003) é preciso tornar indispensável à constituição de novas

metodologias que permitam a introdução de professores, alunos e pessoas

relacionadas à gestão das escolas, pois precisamos fazer uso dos REA nas aulas de

Matemática, buscando (re) significar a formação do professor, tornando esse

espaço mais atraente e prazeroso ao modo de ver dos sujeitos envolvidos.

Para que estes espaços não sejam vistos como apenas mais um recurso na

educação, mas com a relevância e o poder educacional transformador que eles

possuem, de acordo com Brasil (2006, p. 8) é preciso “melhorar o acesso às redes

digitais, tornar a escola um espaço vivo, agradável, capacitar professores com

metodologias dinâmicas e atividades em outros espaços que não sejam a sala de

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aula”. Desse modo, é necessário compreender que todos (professores, alunos,

escolas, poder público) estejam conscientes e preparados para assumir novas

perspectivas. Essas perspectivas devem contemplar visões inovadoras de ensino e

da escola, aproveitando-se das amplas possibilidades comunicativas e informativas

das novas tecnologias, para a concretização de um ensino crítico e transformador

de qualidade.

(Re) Significando a formação do professor de Matemática através de

REA

A formação do professor de Matemática a partir da utilização dos REA, vai

muito além do diálogo em sala de aula. Essa formação se estende através do

virtual, abrangendo tantos os procedimentos de orientações de atividades, quanto

os procedimentos de utilização e de construção de um ambiente de ensino e de

aprendizagem que promova a participação, a autonomia a colaboração e a troca de

experiências dentro de cada contexto, bem como acompanhamento, exploração

dos recursos disponíveis e comunicação entre os diversos tipos de participantes das

aulas.

A partir do planejamento e elaboração da disciplina no Moodle, os alunos

foram convidados a participarem das atividades que seriam desenvolvidas no

ambiente,e em seguida, com aplicação de questionários no Moodle com os alunos

da turma envolvida. Constatamos que estes afirmam a importância de se ter aulas

nesses espaços de ensino e aprendizagem para elaboração e troca de conceitos e

experiências, propiciando uma aprendizagem significativa, compreendendo o

Moodle como um AVA:

agradável e que é possível utilizá-lo para que as aulas se tornem mais prazerosas e curiosas, pudendo acompanhar a disciplina de forma

tranquila. (A14)

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que, dependendo do conhecimento que se tenha do conteúdo proposto, é possível entender, montar, navegar e interagir com o professor e com os colegas. (A23)

A disciplina foi organizada em semanas dentro do Moodle, e os alunos foram

convidados a fazer uma leitura sobre as tecnologias e sua aplicação à Educação

Matemática, uma navegação a alguns softwares Matemáticos, fazendo uma visita

ao site do Edumatec, em seguida, exploramos o Portal do Professor e as suas

potencialidades para a formação do professor, interagindo com qualquer assunto

matemático de interesse de cada um (Fig. 4).

Fig. 4: Proposta de atividade

Fonte: Moodle

Após algumas semanas, os alunos também foram convidados a fazer leituras

sobre o que é um Mapa Conceitual, fizeram uma pesquisa sobre os diversos modelos

elaborados de Mapas Conceituais e como é possível elaborá-lo através do software

CmapTools. Considerando as idéias apresentadas, buscamos criar um espaço de

aprendizagem, permitindo um novo olhar ao aluno em sua multidimensionalidade,

com seus diferentes estilos de aprendizagem e com suas diferentes formas de

elaboração e de perceber a realidade (Fig. 5).

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Fig. 5: Trabalhando com Mapas Conceituais

Fonte: Cmap Tools

Necessitamos desenvolver um espaço em que o aluno seja considerado em

seus diferentes aspectos, trocando energia, idéias e saberes com seus colegas,

buscando orientar e ser orientado. A partir do planejamento, execução da

elaboração dos Mapas Conceituais com qualquer conteúdo da disciplina Matemática

e das observações no momento de construção dos seus mapas, e, em seguida, com

aplicação de questionários com os alunos da turma envolvida, constatamos que

estes afirmam a importância de se ter aulas com Software CmapTools para

elaboração dos seus mapas, propiciando uma aprendizagem significativa e

ampliação de conceitos e conhecimento sobre os conteúdos propostos,

compreendendo o Software CmapTools como um recurso:

de navegação boa e que tem bons momentos de interação entre nossos colegas e que podemos usufruir o máximo que for possível das explicações. (A2)

posso dizer que é o Software CmapTools é um ambiente rico e com uma fonte aberta de conhecimentos voltada para a educação. (A5)

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Foi necessário também, apresentar ao grupo o Facebook disponibilizado para

a disciplina, o qual foi modelado em função do público alvo, remetendo os alunos à

sua própria experiência e vivência no estágio supervisionado numa escola campo

para que promovesse a socialização do conhecimento e a integração das atividades

realizadas neste período em sala de aula (Fig. 6), pois foi solicitado que cada aluno

dialogasse com o grupo para troca de experiência sobre o seu estágio. São muitas

as funcionalidades oferecidas pelo Facebook e muitas são as possibilidades de

modelagem desse ambiente para as aulas de Matemática.

Fig. 6: Interações entre os sujeitos

Fonte: Facebook da disciplina

O acesso ao conhecimento proporcionado pelos REA nas aulas de Matemática

pode oferecer caminhos para essas novas propostas educacionais, bem mais

adequadas aos novos tempos sociais, permitindo que as possibilidades para a

autonomia na aprendizagem, oferecidas por estes espaços têm facilitado a troca do

paradigma pedagógico, pois ainda que o grande grupo esteja acostumado a uma

forma receptiva de aula, há muitos alunos que divergem dessa postura e exploram

atividades por seu próprio interesse e iniciativa.

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Considerações Finais

Assim, entendemos que o ensino de Matemática no contexto dos REA como

apoio ao processo de ensino e aprendizagem na formação do professor representa

um avanço nas formas de interação entre professor e aluno, bem como na

variedade de ambientes que podem ser utilizados no processo de educação.

Evidentemente, a presença dos recursos tecnológicos é indispensável, mas desde

que os mesmos possam ser entendidos e explorados com ênfase na criatividade e

na metamorfose (mudança, transformação de si e do contexto local).

Não basta compreender o significado de um espaço apresentado, mas

funcionar, viver, dentro de sua dinâmica, sua inteligibilidade, sua racionalidade,

suas características e princípios, ressignificando e modificando a própria base

psíquica de comportamento. Então, as tecnologias atuais de comunicação

representam não só um conjunto de ferramentas e métodos de funcionamento, mas

uma composição simbólica que atua no desejo e na subjetividade.

Por outro lado, o dinamismo ao uso dos espaços disponibilizados na formação

do professor de Matemática constitui-se a partir de princípios científicos, formas de

socialização, de modo que, representam os limites, no qual os seres humanos

atuam, reagem, vivem, porque os internalizaram através de vários mecanismos. No

caso particular de cada espaço, seu dinamismo rompe com o modo de ser moderno,

criando novas possibilidades que vão atuando na subjetividade humana e no modo

de ser humano.

Ante a realidade vivenciada como professor e alunos para utilização dos REA

nas aulas do Curso de Licenciatura em Matemática na UFAL, Campus Arapiraca,

constatou-se que estes ambientes nunca foram utilizados pelos alunos para a sua

formação. Portanto, estes ambientes podem oferecer ao professor e alunos

definirem seus próprios caminhos de acesso às informações desejadas, afastando-se

de modelos tradicionais de ensino e garantindo aprendizagens personalizadas.

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Referências

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