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    Por que mitos? Por que nos importarmos com eles? O que eles tm a ver com

    nossas vidas?

    Um de nossos problemas, hoje em dia, que no estamos familiarizados com a literatura doesprito. Estamos interessados nas notcias do dia e nos problemas prticos do

    momento. Antigamente, o campus de uma universidade era uma espcie de reahermeticamente fechada, onde as notcias do dia no se chocavam com a atenoque voc era estimulado a ter em se dedicar vida interior, no aprender, e ondeno se misturava com a magnfica herana humana que recebemos de Plato, oBuda, Goethe e outros, que falam de valores eternos e que do o real sentido vida.

    As literaturas grega e latina e a Bblia costumavam fazer parte da educao de toda gente.Tendo sido surprimidas, em prol de uma educao concorde com uma sociedadeindustrial, onde o mximo que se exige a disciplina para um mercado de trabalhomecanicista, toda uma tradio de informao mitolgica do ocidente se perdeu.

    Muitas histrias se conservavam na mente das pessoas, dando uma certaperspectiva naquilo que aconteciam em suas vidas. Com a perda disso, por causados valores pragmticos de nossa sociedade industrial, perdemos efetivamentealgo, porque no posumos nada para por no lugar. Essas informaes,proveninetes de tempos antigos, tm a ver com os temas que sempre deramsustentao vida humana, construram civilizaes e formaram religies atravsdos sculos, e tm a ver com os profundos problemas interiores, com os profundosmistrios, com os profundos limiares de nossa travessia pela vida, e se voc nosouber o que dizem os sinais deixados por outros ao longo do caminho, ter deproduzi-los por conta prpria.

    Quer dizer que contamos histrias para tentar entrar em contato com o mundo,para nos adaptarmos realidade?

    Sim. Por exemplo, grandes romances podem ser excepcionalmente instrutivos,porque a nica maneira de voc descrever verdadeiramente o ser humano atravsde suas imperfeies. O ser humano perfeito desinteressante. As imperfeies davida, por serem nossas, que so apreciveis. E, quando lana o dardo de suapalavra verdadeira, o escritor fere. Mas o faz com amor. o que Thomas Mannchamava "ironia ertica", o amor por aquilo que voc est matando com a suapalavra cruel. Aquilo que humano que adorvel. por essa razo quealgumas pessoas tm dificuldade de amar a Deus; nele no h imperfeio alguma.

    Voc pode sentir reverncia, respeito e temor, mas isso no amor. oCristo

    nacruz, pedindo ao Pai que afaste seu clice de sofrimento, e que chora por Lzaromorto, que desperta nosso amor.

    Aquilo que os seres humanos tm em comum se revela nos mitos. Eles so histrias denossa vida, de nossa busca da verdade, da busca do sentido de estarmos vivos.Mitos so pistas para as potencialidades espirituais da vida humana, daquilo quesomos capazes de conhecer e experimentar interiormente. O mito o relato da

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    experincia de vida.A mente racional, analtica, o lado esquerdo do crebro se ocupa do sentido, darazo das coisas. Qual o sentido de uma flor? Dizem que um dia perguntaramisso ao Buda, e ele simplesmente colheu uma flor e a deu ao seu interlocutor.

    Apenas um homem compreendera o que Buda queria demonstrar. Racionalmente,no fazia sentido esse gesto. Ora, mas podemos fazer a mesma pergunta para algomaior: qual o sentido do universo? Ou qual o sentido de uma pulga? A nicaresposta realmente vlida est exatamente al, no existir. Qualquer formulaoracional nos d uma idia linear da coisa, mas mata a beleza da coisa em si.Estamos to empenhados em realizar determinados feitos, com o propsito deatingir objetivos de um outro valor, linear e longe da vibrao da vida, que nosesquecemos de que o valor genuno, o prodgio de estar vivo, o que de fatoconta. por isso que as grandes questes filosficas, embora sejam defundamental importncia para todos, acabam sendo a preocupao de apenas umanfima minoria da populao. Eles esqueceram de que o valor genuno, o prodgiode estar vivo, o que de fato conta, e preferem se acomodar aos papeis de umavida burguesa e adaptada ao sistema capitalista, deixando que outros, atualmenteos polticos e os cientistas, tomem as decises mais complexas por eles. Mas todosj foram crianas curiosas, no foram? A curiosidade infantil a mesmacuriosidade do filsofo. Cristo est certo quando fala que s "quem se faz comoum destes pequeninos, entrar no Reino dos cus". Bom, e como podemos resgatarum pouco de nosso grande potencial humano? Lendo mitos. Eles ensinam quevoc pode se voltar para dentro. Busque-os e voc comea a entender as suasmensagens. Leia mitos de outros povos, pois lendo mitos alheios voc comeara aperceber que alguns enredos so universais. Por exemplo, a lenda do Graal. Abusca dos cavaleiros do Rei Arthur pelo Graal representa o caminho espiritual quedevemos fazer e que se estende entre pares de opostos, entre o perigo e a bem-aventurana, entre o bem e o mal, pois no h nada de importante na vida que noexija sacrifcios e algum perigo.

    O tema da histria do Graal diz que a terra est devastada, e s quando o Graal forreencontrado poder haver a cura da terra. E o que caracteriza a terra devastada? a terra em que todos vivem uma vida inautntica, fazendo o que os outros fazem,fazendo o que so mandados fazer, desprovidos de coragem para uma vidaprpria. Esquecem-se que so seres nicos, cada indivdiuo sendo uma pessoadiferente das demais. A beleza de uma terra rica est exatamente na convivnciados diferentes, no na mistura deles. Se temos um lugar ou uma era em que todosse alienam e fazem a mesma coisa, temos a terra devastada: "Em toda a minhavida nunca fiz o que queria, sempre fiz o que me mandaram fazer".

    O Graal se torna aquilo que logrado e conscientizado por pessoas que viveramsuas prprias vidas. O Graal representa (simboliza) o receptculo das realizaesdas mais altas potencialidades da conscincia humana.

    O rei que incialmente cuidava do Graal, por exemplo, era um jovem adorvel, mas que, porainda ser muito jovem e cheio de anseios de vida, acabou por tomar atitudes que

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    no se coadunavam com a posio de rei do Graal. Ele partiu do castelo com ogrito de guerra "Amor!", o que prprio da juventude, mas que no se coadunacom a condio de ser rei do Graal. Ele parte do castelo e, quando cavalgava, ummuulmano, um no cristo, surgiu da floresta (a floresta representando o nvel

    desconhecido do nosso psiquismo). Ambos erguem as lanas e se atiram umcontra o outro. A lana do rei Graal mata o pago, mas a lana do pago castra orei Graal.

    O que isto quer dizer que a separao que os padres da igreja fizeram entre matria eesprito (j que Jesus sempre se referia ao Reino como um campo em que umsemeador saiu a semear, ou uma rede atirada ao mar, ou a uma festa de npcias, ousobre as aves do cu e os lrios do campo, est claro que esta diviso pr-cartesiana foi fruto da mentalidade patriarcal dos pais da igreja, no do Cristo),entre dinamismo da vida e o reino do esprito, entre a graa natural e a graasobrenatural, na verdade castrou a natureza. E a mente europia, a vida europia,

    tem sido emasculada por essa separao. A verdadeira espiritualidade, queresultaria da unio entre matria e esprito, tal como era praticada pelos Druidas,foi morta. O que representava, ento, o pago? Era algum dos subrbios do den.Era um homem que veio da floresta, ou seja, da natureza mais densa, e na ponta desua lana estava escrita a palavra "Graal". Isso quer dizer que a natureza aspira aoGraal. A vida espiritual o buqu, o perfume, o florescimento e a plenitude davida humana, e no uma virtude sobrenatural imposta a ela. Desse modo, osimpulsos da natureza so sagrados e do autenticidade vida. Esse o sentido doGraal: Natureza e esprito anseiam por se encontrar uma ou outro, numa atitudeholstica. E o Graal, procurado nestas lendas romnticas, a reunio do que tinhasido divido, o seu encontro simboliza a paz que advm da unio.

    O Graal que encontrado se tornou o smbolo de uma vida autntica, vivida de acordo comsua prpria volio, de acordo com o seu prprio sistema de impulsos, vida que semove entre os pares de opostos, o bem e o mal, a luz e as trevas. Uma das versesda lenda do Graal comea citando um breve poema: "Todo ato traz bons e mausresultados". Todo ato na vida desencadeia pares de opostos em seus resultados. Omelhor que temos h fazer pender em direo da luz, na direo da harmoniaentre estes pares, e que resulta da compaixo pelo sofrimento, que resulta decompreender o outro. disso que trata o Graal. isso o que Buda quis dizer portomar o caminho do meio. isso o que significa estar cruxificado entre o bom e omal ladro e ainda orar ao Pai...

    Histrias ou contos de fadas so histrias com motivos mitolgicos desenhadasespecialmente para as crianas. Elas frequentemente falam de uma menininha nolimiar da passagem da infncia para a descoberta da sexualidade. por isso quechapeuzinho vermelho veste uma capa vermelha. Algo nela exige, sem que elaqueira, que ela faa o percurso pelo meio da floresta (nosso lar de origem, onde seesconde nossos instintos), at chegar casa da vov (a cultura tradicional quedevemos respeitar). Chapeuzinho est em fase de transio. A capa vermelhalembra o sangue da menstruao. A jovem algo muito atraente para o Lobo.

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    Ainda hoje dizemos que um homem apaixonado e desejoso por uma mulher umlobo. E ela no pode evitar de conversar com o Lobo no meio da caminho. O Loboa atrai tambm. Na histria original, chapeuzinho se transforma numa loba, elasabe que a velha cultura repressora deve ser morta para que ela possa sentir o que

    deseja. Ela entende o sofrimento do lobo.Uma outra histra semelhante a da Bela Adormecida. Ao completar dezesseis anos, a

    princesa parece hesitar diante da crise da passagem da infncia idade adulta e sesente atrada a furar o dedo na roca que a far adormecer. Enquanto dorme, oprncipe ultrapassa todas as barreiras que ela, sem querer, levantou contra a suamaturao e vem oferecer a ela uma boa razo para aceitar crescer. O beijo mostraque crescer, ao final de contas, tem seu lado agradvel. Todas aquelas histriascoletadas pelos irmoes Grimm representam a menininha paralisada. Todasaquelas matanas de drages e travessias de limiares tm a ver com aultrapassagem da paralizao, com a superao dos demnios internos.

    Os rituais das "primitivas" cerimnias de iniciao tm sempre uma base mitolgica e serelacionam ou eliminao do ego infantil quando vem tona o adulto, ou visa por a prova o iniciado aos prprios medos e demnios internos. No primeiro caso,a coisa mais dura para o menino, j que para a menina a passagem se dnaturalmente. Ela se torna mulher quer queira ou no, mas o menino, primeiro,tem de se separar da prpria me, encontrar energia em si mesmo, e depois seguirem frente. disso que trata o mito do "Jovem, v em busca de seu pai". NaOdissia, Telmaco vive com a me. Quando completa vinte anos, Atena vem aele e diz: "V em busca de seu pai". Este o tema em todas as histrias. s vezes um pai mstico, mas s vezes, como na Odissia, o pai fsico.

    O tema fundamental nos mitos e sempre ser a da busca espiritual. Vemos quenas vidas dos grandes Mestres espirituais da Humanidade sempre nascem lendas emitos ligados a eles, figuras histricas reais. A histria real de Jesus, por exemplo,parece representar uma proeza herica universal. Primeiro, ele atinge o limite daconscincia do seu tempo, quando vai Joo Batista para ser batizado. Depois,ultrapassa o limiar e se isola no deserto, por quarenta dias. Na tradio judica, onmero 40 mitologicamente significativo. Os filhos de Israel passaram quarentaanos no cativeiro, Jesus passou quarenta dias no deserto. No deserto, Jesus sofreutrs tentaes. Primeiro, a tentao econmica, quando o Diabo diz: "Voc parecefaminto, meu jovem! Por que no transformar estas pedras em po?" Depois vem atentao poltica. Jesus levado ao topo da montanha, de onde avista as naes domundo, e o Diabo diz: "Tudo isto te darei, se me adorares", que vem a ser umalio, ainda no compreendida hoje, sobre o quanto custa ser um poltico bem-sucedido. Jesus recusa. Finalmente o Diabo diz: "Pois bem, j que voc toespiritual, vamos ao topo do templo de Herodes e atira-te l embaixo. Deus oacudir e voc no ficar sequer machucado". Isto conhecido como enfatuaoespiritual. Eu sou to espiritual que estou acima das preocupaes da carne eacima deste mundo. Mas Jesus encarnado, no ? Ento ele diz: "Voc notentar o senhor, teu Deus". Essas so as trs tentaes de Cristo, to relevantes

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    hoje quanto no ano 30 de nossa era.

    O Buda, tambm, se dirige floresta e l entretem conversaes com os gurus da poca.Ento ultrapassa-os e, aps um perodo de provaes e de busca, chega rvore

    boddhi, a rvore da iluminao, onde igualmente enfrenta trs tentaes (issoquinhentos anos antes de Cristo). A primeira tentao a da luxria, a segunda, ado medo e a terceira, a da submisso opinio alheia.

    Na primeira tentao, o Senhor da Luxria exibe suas trs belssimas filhas diante deSidarta. Seus nomes so Desejo, Satisfao e Arrependimento - passado, presentee futuro. Mas o Buda, que j se havia libertado do apego a toda a sensualidade,no se comoveu.

    Ento o Senhor da Luxria se transformou no senhor da Morte e lanou contraSidarta, o Buda, todas as armas de um exrcito de monstros. Se Sidarta se

    apavorar, todas as armas se materializariam. Mas o Buda tinha encontrado em simesmo aquele ponto imvel, interior, o self, como diria Jung, que pertence eternidade, intocado pelo tempo. Uma vez mais no se comoveu e as armasatiradas se transformaram em flores de reverncia.

    Finalmente, o Senhor da Luxria e da Morte se transformou no temvel Senhor dosDeveres Sociais, e perguntou: "Meu jovem, voc no leu os jornais da manh dehoje? No sabe o que h para ser feito?" A resposta do Buda foi simplesmentetocar o cho com as pontas dos dedos da sua mo direita. Ento a voz da deusa-me/deus-pai do universo se fez ouvir no horizonte, dizendo: "Este aqui meufilho amado, e j se doou de tal forma ao mundo que no h mais ningum aqui aquem dar ordens. Desista dessa insensatez." Enquanto isso, o elefante, no qualestava o Senhor dos Deveres Sociais, curva-se em reverncia ao Buda e toda acrte do Antagonista se dissolveu, como num sonho. Naquela noite, oBuda atigiua iluminao e permaneceu no mundo, pelos cinqenta anos seguintes, ensinandoo caminho da extino dos grilhes do egosmo.

    Pois bem, as duas primeiras tentaes - a do desejo e a do medo - so as mesmas que Adoe Eva parecem ter experimentado, de acordo com o extraordinrio quadro deTiciano, concebido quando o pintor estava com noventa e quatro anos de idade. Arvore o mitolgico aix mundi, aquele ponto em que tempo e eternidade,movimento e repouso, so um s, e ao redor do qual revolvem todas as coisas. Elaaparece al, representada apenas em seu aspecto temporal, como a rvore doconhecimento do bem e do mal, ganho e perda, desejo e medo. direita est Eva,que v o Tentador sob a forma de uma criana, oferecendo-lhe a ma, e ela movida pelo desejo. Ado, do lado oposto, v os ps monstruosos do tentadorambicioso, e movido pelo medo. Desejo e medo: eis as duas emoes pelas quais governada toda a vida na terrra. O desejo a isca, a morte o arpo.

    Ado e Eva se deixaram tocar; o Buda, no. Ado e Eva deram origem vida e

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    foram estigmatizados por Deus; o Buda ensionou a libertar-se do medo de viver.

    No filme de Geoge Lucas, Guerra nas Estrelas o vilo Darth Vader representa uma figuraarquetpica. Ele um monstro porque no desenvolveu a prpria humanidade.

    Quando ele retira a sua mscara, o que vemos um rosto informe, de algum queno se desenvolveu como indivduo humano. Ele um rob. um burocrata, viveno nos seus prprios termos, mas nos termos de um sistema imposto. Este opergio que hoje enfrentamos, como ameaa s nossas vidas. O sistema vaiconseguir achat-lo e negar a sua prpria humanidade, ou voc conseguir utilizar-se dele para atingir seus propsitos humanos? Como se relacionar com o sistemade modo a no o ficar servindo compulsivamente? O que preciso aprender aviver no tempo que nos coube viver, como verdadeiros seres humanos. E isso podeser feito mantendo-se fiel aos prprios ideais, como Luke Skywalker no filme,rejeitando as exigncias impessoais com que o sistema pressiona. Ainda que vocseja bem sucedido na vida, pense um pouco: Que espcie de vida essa? Que tipo

    de sucesso esse que o obrigou a nunca mais fazer nada do que quis, em toda asua vida? V aonde seu corpo e a sua alma desejam ir. No deixem que escolhampor voc. Quando voc sentir que encontrou um caminho, que por al, entomantenha-se firme no caminho que voc escolheu, e no deixe ningum desvia-lodele.

    Voc poder dizer: "isso timo para a imaginao de um George Lucas ou para as teoriasde um Joseph Campbell, mas no o que acontece em minha vida".

    Errado! Voc pode apostar que acontece, sim - e se a pessoa no for capaz de reconhec-lo,isso poder transforma-lo num Darth Vader. Se o indivduo insiste numdeterminado programa e no d ouvidos ao prprio corao, corre o risco de umcolapso esquizofrnico. Tal pessoa colocou-se a si mesma fora do centro, alistou-se num programa de vida que no , em absoluto, aquilo em que o corpo estinteressado. O mundo est cheio de pessoas que deixaram de ouvir a si mesmos,ou ouviram apenas os outros, sobre o que deviam fazer, como deviam secomportar e quais os valores segundo os quais deveriam viver. Mas qualquer umtem potencialidade para correr e salvar uma criana. Est no interior de cada um acapacidade de reconhecer os valores da vida, para alm da preservao do corpo edas ocupaes do dia-a-dia.

    Os mitos estimulam a tomada de conscincia da sua perfeio possvel, a plenitude da suafora, a introduo da luz solar no mundo. Destruir monstros destruir coisassombrias. Os mitos o apanham, l no fundo de voc mesmo. Quando menino, vocos encara de um modo. Mais tarde, os mitos lhe dizem mais e mais e muito mais.Quem quer que tenha trabalhado seriamente com idias religiosas ou mticas sabeque, quando crianas, ns as aprendemos num certo nvel, mas depois outros nvesse revelam. Os mitos esto muito perto do inconsciente coletivo, e por isso soinfinitos na sua revelao.

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    Joseph Campbell