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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO Programa de Pós-Graduação em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento Uma análise histórica de respostas verbais de relacionar behaviorismo radical e determinismo Rodrigo Pinto Guimarães São Paulo 2005

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Programa de Pós-Graduação em Psicologia Experimental:

Análise do Comportamento

Uma análise histórica de respostas verbais de relacionar

behaviorismo radical e determinismo

Rodrigo Pinto Guimarães

São Paulo

2005

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Rodrigo Pinto Guimarães

Uma análise histórica de respostas verbais de relacionar

behaviorismo radical e determinismo

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento sob orientação da Profa Dra Nilza Micheletto

Projeto de pesquisa parcialmente financiado pela CAPES.

PUC-SP

2005

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Banca Examinadora

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Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação por processos fotocopiadores ou eletrônicos. São Paulo, 03 de junho de 2005 _____________________________ Rodrigo P. Guimarães

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Agradecimentos

Aos meus pais e a Lika minha eterna gratidão e amor pelo incentivo e apoio

incondicionais. Estou aqui hoje, graças ao apoio de vocês.

A minha querida orientadora, agradecimentos especiais pelo cuidado e presteza

com que modelou meu comportamento; pela maneira delicada e paciente de me

acolher nos momentos de dúvidas e incertezas (e olha que não foram poucos...)

A Amália pela convivência prazerosa, afeto e disponibilidade total de ajudar e

de tornar este mestrado a melhor experiência possível...

A Téia por fazer parte do dia a dia, por compartilhar das agonias e alegrias, dos

erros e dos acertos. Por ter me ensinado tanto!

Ao Beto (Alberto Lima), quem primeiro me acolheu aqui em São Paulo.

A Tati Boreli e família pelo carinho e atenção dispensados a mim... Por terem se

tornado minha família paulistana.

Ao Saulo, Marcelinho (agora, Dr. Benvenuti), Nico (Nicolau) e Cândido pela

amizade, pelos bons momentos, pelas risadas e incentivo. Que bom ter

encontrado amigos como vocês.

A Lili, pela amizade e companheirismo (na farra e nos estudos) nestes 2 anos de

mestrado.

A Raquel, pela amizade e carinho. Por ter dividido comigo importantes

momentos deste mestrado.

A Regina, pela atenção e disponibilidade em ajudar.

As amigas KK, Rafinha, Carolzinha, Carol Perroni, Karine, Thaís Sales, Thais

Nogara, Verônica.

A Dinalva, pela amizade e disponibilidade em ajudar. Di, sem suas idas e vindas

à biblioteca do laboratório, jamais teria terminado minha coleta.

A Paula Gióia, pelas inúmeras “visitas” à sua biblioteca.

A Ziza, Fátima e Roberto por sempre estarem disponíveis para escutar e ajudar.

Ao Maurício, Neuza e Conceição pela boa convivência no laboratório.

Ao Professor Emmanuel pela gentileza de ter aceitado meu convite.

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A todos que torceram por mim e que me ajudaram nesta reta final. Sem vocês

não teria conseguido.

A CAPES, por ter financiado a pesquisa.

Guimarães, R. P. (2005). Uma análise histórica de respostas verbais de relacionar behaviorismo radical e determinismo. São Paulo (p. 96). Dissertação de

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Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Experimental - Análise do Comportamento, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Orientadora: Nilza Micheletto Linha de Pesquisa: História e Fundamentos Epistemológicos, Metodológicos e Conceituais da Análise do Comportamento Núcleo: O Behaviorismo Radical de B. F. Skinner

Resumo

Esta pesquisa teve por objetivo analisar historicamente, a partir de periódicos nacionais e estrangeiros, como diferentes autores têm abordado as relações entre behaviorismo radical e determinismo. Analisar como os autores relacionam behaviorismo radical e determinismo é, na verdade, analisar o comportamento verbal destes autores e suas variáveis de controle. Foram analisadas as relações estabelecidas entre behaviorismo radical e determinismo e algumas possíveis variáveis relacionadas a este comportamento Mais especificamente, este trabalho se propôs a analisar: a distribuição das publicações sobre o tema ao longo dos anos; fontes de publicação; autoria dos artigos; os trabalhos de Skinner referenciados e os tipos de referências feitas à estes trabalhos e as definições de determinismo encontradas nos artigos. As respostas verbais dos autores foram comparadas com respostas verbais de Skinner (como entendidas pelos autores) e buscou-se identificar os trabalhos que analisaram o tema a partir de uma perspectiva histórica. Os resultados mostram que houve um pico de publicações sobre o tema a partir do fim da década de 80 até o início da década atual. As fontes que mais publicaram sobre o tema foram os periódicos The Behavior Analyst e Behavior and Philosophy. 141 trabalhos diferentes de Skinner foram referenciados. O tipo de referência mais realizada pelos autores foi transcrição direta (tipo I) seguida pela referência que indica apenas a obra (tipo III). As definições mais comuns foram as que definiram determinismo como mecanicismo, seguidas por definições de determinismo como seleção por conseqüências. Foram encontrados sete tipos diferentes de relações estabelecidas entre behaviorismo radical e determinismo, exceto a primeira relação todas as outras expressam posições deterministas: 1) relações de negação do determinismo; 2) relações de afirmação do determinismo (estas relações referem-se a respostas verbais que explicitamente afirmam que o behaviorismo radical é determinista, em oposição direta a negação de tal relação); 3) aproximação do mecanicismo; 4) afastamento do mecanicismo; 5) afastamento de modelos causais teleológicos; 6) aproximação de modelos que buscam em variáveis ambientais externas ao organismo as causas do comportamento e 7) alinhamento do behaviorismo radical com um modelo de determinação que considera diferentes níveis de determinação. Relação de afastamento do behaviorismo radical de modelos causais mecanicistas foi a mais identificada. Poucos trabalhos realizaram análises históricas sobre o tema. A maioria dos autores julga ter a mesma posição que Skinner sobre o tema. Palavras – chave: behaviorismo radical; determinismo; análise histórica.

Abstract

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This study attempted to analyze articles historically from national and international journals that discuss the relationship between radical behaviorism and determinism. Analyzing how authors have related determinism and radical behaviorism means to analyze the verbal behavior of the authors and its controlling variables. Specifically, this study analyze: the distribution of the articles that discuss the relations between radical behaviorism and determinism throughout the years; the journals that they were published; the authorship of the articles; the citation of Skinner’s works in these articles; the kind of citation made and the definitions of determinism found in the articles. The verbal responses of the authors were compared to Skinner’s verbal responses (as understood by the authors); historical analysis of the theme of this study was identified. The results show that there was a high rate of publication from the end of the 80’s to the beginning of this decade. The Behavior Analyst and Behaviorism and Philosophy were that journals that had more articles published about this theme. 141 different publications of Skinner were cited in the articles. The most common kind of citation was citing some part of Skinner’s work directly. The most common definitions of determinism found were those that defined determinism as mechanism causal mode. The second most common definitions of determinism were those that defined determinism as selection by consequences. Seven different types of relations between radical behaviorism and determinism were found. Except for one established relation, all the others were considered determinist: 1) denial of determinism; 2) assertion of determinism (this relation refers to specific verbal responses that explicitly asserts that radical behaviorism is determinist in relation to verbal responses that deny determinism); 3) approximation of mechanistic modes; 4) dissociation from mechanistic modes; 5) dissociation from teleological causal modes; 6) approximation of causal modes that search for the causes of behavior in external environmental variables and 7) approximation of causal modes that consider different levels of determination (e.g. phylogenetic, ontogenetic and cultural). Dissociation from mechanistic models was the most common relation identified in the articles. Few articles made historical analysis. Most of the authors think they have the same position about this theme as did Skinner. Key-words: radical behaviorism; determinism; historical analysis.

Sumário

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Introdução................................................................................................................ 1

Análise histórica.......................................................................................... 11

Método .................................................................................................................. 19

Seleção de fontes..........................................................................................19

Seleção de palavras de busca.. ....................................................................21

Seleção de artigos........................................................................................ 22

Registro de informações............................................................................... 28

Teste de fidedignidade.................................................................................. 35

Resultados e Discussão ........................................................................................36

Números de artigos através dos anos..........................................................36

Fontes de Publicação...................................................................................38

Autoria..........................................................................................................41

Análise Histórica...........................................................................................42

Definições de determinismo.........................................................................44

Respostas verbais de estabelecer relações entre determinismo e

behaviorismo radical....................................................................................52

Obras de Skinner referenciadas...................................................................84

Classificação dos textos nos programas de pesquisa.................................90

Conclusão.............................................................................................................. 93

Referências Bibliográficas......................................................................................96

Anexos .................................................................................................................. 97

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Lista de Figuras

Figura 1. Número acumulado de artigos com respostas verbais de relacionar determinismo e

behaviorismo radical por ano............................................................................................................36

Figura 2. Número de artigos com resposta verbal de relacionar behaviorismo radical e

determinismo por ano de publicação.................................................................................................37

Figura 3. Número de artigos com respostas verbais de relacionar behaviorismo radical e

determinismo por fontes de publicação.............................................................................................39

Figura 4. Número de artigos que apresentam respostas verbais de relacionar determinismo e

behaviorismo radical a partir de analises históricas e não históricas

...........................................................................................................................................................43

Figura 5. Número de artigos que apresentam respostas verbais de definir determinismo por grupo

classificatório.....................................................................................................................................51

Figura 6. Número de artigos por tipo de resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo

radical ...............................................................................................................................................53

Figura 7. Número de artigos que apresentam respostas verbais de negar o behaviorismo radical

como uma filosofia determinista através dos anos............................................................................82

Figura 8. Número de artigos que apresentam respostas verbais de afirmar o behaviorismo radical

como uma filosofia determinista através dos anos...........................................................................82

Figura 9. Número de artigos que apresentam respostas verbais de aproximar o behaviorismo

radical de modelos de determinação mecânicos através dos anos................................................. 82

Figura 10. Número de artigos que apresentam respostas verbais de afastar o behaviorismo radical

de modelos de determinação mecanicistas através dos anos..........................................................82

Figura 11. Número de artigos que apresentam respostas verbais de afastar o behaviorismo radical

dos modelos causais teleológicos através dos anos.........................................................................82

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Figura 12. Número de artigos que apresentam respostas verbais de afirmar que o behaviorismo

radical busca causas externas ao organismo para explicar o comportamento através dos

anos...................................................................................................................................................82

Figura 13. Número de artigos que apresentam respostas verbais de relacionar o behaviorismo

radical com modelos causais que consideram diferentes níveis de determinação através dos

anos...................................................................................................................................................82

Figura 14. Número de referências por tipo de referência..................................................................89

Figura 15. Número de artigos de Skinner por classificação..............................................................90

Figura 16. Número de textos por programa de pesquisa identificado...............................................91

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Lista de Quadros Quadro 1: Texto selecionado pelo mecanismo de busca e rejeitado por não apresentar

respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical.................................23

Quadro 2: Texto selecionado pelo mecanismo de busca e rejeitado por não apresentar

respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical.................................24

Quadro 3: Texto cuja relação entre determinismo e behaviorismo radical não foi

identificada, mas que teve texto ‘em resposta’ cuja esta relação foi identificada.................25

Quadro 4: Texto ‘em resposta’ no qual foi identificada a relação entre determinismo e

behaviorismo radical.............................................................................................................25

Quadro 5: Primeiro programa de pesquisa: A proposição de uma ciência do

comportamento......................................................................................................................32

Quadro 6: Segundo programa de pesquisa: A proposição da necessidade de uma teoria do

comportamento......................................................................................................................32

Quadro 7: Terceiro programa de pesquisa: Revisitando a questão da teoria........................33

Quadro 8: Quarto programa de pesquisa: Revisitando seu próprio programa de pesquisa...33

Quadro 9: Texto classificado no quarto programa de pesquisa de acordo com suas

características........................................................................................................................34

Quadro 10: Autores que tiveram dois ou mais artigos com resposta verbal de relacionar

behaviorismo radical e determinismo localizados.............................................................................42

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Quadro 11: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi

classificada como relação funcional...................................................................................................45

Quadro 12: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi

classificada como relação funcional...................................................................................................45

Quadro 13: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi

classificada como seleção por conseqüências....................................................................................46

Quadro 14: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi

classificada como seleção por conseqüências....................................................................................47

Quadro 15: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi

classificada como mecanicista............................................................................................................48

Quadro 16: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi

classificada como mecanicista............................................................................................................48

Quadro 17: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi

classificada como determinismo metodológico..................................................................................49

Quadro 18: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi

classificada como determinismo metodológico..................................................................................50

Quadro 19: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi

classificada como ‘outros’..................................................................................................................50

Quadro 20: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi

classificada como ‘outros’..................................................................................................................51

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Quadro 21: Exemplo de texto que classificado no grupo que afasta o behaviorismo radical de uma

perspectiva determinista de compreensão do comportamento humano.............................................54

Quadro 22: Exemplo de texto classificado no grupo que afasta o behaviorismo radical de uma

perspectiva determinista de compreensão do comportamento humano.............................................55

Quadro 23 : Exemplo de texto que aborda o tema ‘variação randômica/acaso’ ao emitir respostas

verbais de afastar behaviorismo radical e determinismo....................................................................57

Quadro 24: Exemplo de texto que aborda o tema ‘probabilidade’ quando do estabelecimento de

respostas verbais de afastar behaviorismo radical e determinismo....................................................58

Quadro 25: Exemplo de texto que aborda os temas ‘predição e controle’ ao emitir respostas verbais

de afastar behaviorismo radical e determinismo................................................................................59

Quadro 26: Exemplo de texto classificado no grupo que afirma o behaviorismo radical como uma

perspectiva determinista de compreensão do comportamento humano.............................................61

Quadro 27: Exemplo de texto que aborda o tema ‘probabilidade’ ao emitir respostas verbais de

aproximar o behaviorismo radical do determinismo..........................................................................62

Quadro 28: Exemplo de texto que aborda o tema ‘liberdade/autodeterminação` ao emitir respostas

verbais de afirmar o determinismo. ...................................................................................................63

Quadro 29 : Exemplo de texto que aborda o tema ‘variação randômica’ ao emitir respostas verbais

de aproximar behaviorismo radical e determinismo..........................................................................64

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Quadro 30: Exemplo de texto classificado no grupo que aproxima o behaviorismo radical de uma

perspectiva mecanicista de compreensão do comportamento humano..............................................66

Quadro 31: Exemplo de texto que não considera o modelo de seleção por conseqüências um modelo

causal ao emitir respostas verbais de aproximar o behaviorismo radical de modelos mecanicistas..68

Quadro 32: Exemplo de texto classificado no grupo que afasta o behaviorismo radical de uma

perspectiva mecanicista de compreensão do comportamento humano..............................................70

Quadro 33: Exemplo de texto que aborda a ‘teleologia’ ao emitir respostas verbais de afastar

behaviorismo radical de modelos mecanicistas de determinação do comportamento

humano...............................................................................................................................................72

Quadro 34: Exemplo de texto classificado no grupo que afasta o behaviorismo radical de modelos

causais teleológicos ou finalistas........................................................................................................73

Quadro 35: Exemplo de texto classificado no grupo que identifica o modelo de determinação do

behaviorismo radical como um modelo que busca as causas do comportamento em variáveis

ambientais externas ao organismo......................................................................................................75

Quadro 36: Exemplo de texto que aborda o tema ‘eventos privados/subjetividade’ ao emitir

respostas verbais de aproximar o behaviorismo radical de modelos que buscam as causas

comportamento em variáveis ambientais externas ao organismo......................................................76

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Quadro 37: Exemplo de texto classificado no grupo que alinha o behaviorismo radical com um

modelo causal que considera diferentes níveis de determinação.......................................................77

Quadro 38: Exemplo de texto que apresenta resposta verbal de afastar o behaviorismo radical de

modelos mecânicos e de negar o determinismo.................................................................................80

Quadro 39: Exemplo de divergência entre resposta verbal do autor e resposta verbal de Skinner....83

Quadro 40: Exemplo de oposição entre a resposta verbal do autor e resposta verbal de Skinner.....84

Quadro 41: Lista das obras de Skinner referenciadas com ano de publicação original, classificadas

em ordem decrescente pelo número total de vezes em que foram referenciadas...............................84

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Skinner desenvolveu uma ciência do comportamento que encontrava no

determinismo comportamental seu postulado fundamental. Supor que o comportamento

não é um fenômeno determinado no sentido de que é caprichoso ou indeterminado não

faz sentido para uma ciência que tem na previsão e no controle do fenômeno

comportamental um dos seus objetivos (Skinner, 1998/1953).

Para ser possível uma ciência do comportamento devemos adotar o postulado

fundamental de que o comportamento humano é um dado ordenado [lawful] e que não

pode ser perturbado [disturbed] pela ação caprichosa de qualquer agente livre [free

agent] – em outras palavras, que ele é completamente determinado (Skinner, 1999/1947,

p. 345).

Afirmações deste porte são bastante comuns ao longo dos trabalhos de Skinner.

Em 1953, Skinner novamente faz afirmações sobre o determinismo, comportamento

humano e o uso dos métodos da ciência para seu estudo.

Se vamos usar os métodos da ciência no campo dos assuntos humanos, devemos

pressupor que o comportamento é ordenado e determinado. Devemos esperar descobrir

que o que o homem faz é o resultado de condições que podem ser especificadas e que,

uma vez determinadas, poderemos antecipar e até certo ponto determinar as ações

(Skinner, 1998/1953, p. 7).

Ainda neste livro de 1953, Ciência e Comportamento Humano, segundo Neto e

Tourinho (1999, p. 49), aparece de forma inicial e embrionária o que mais tarde, em um

artigo de 1981 – Seleção por Conseqüências – será considerado o modelo de

determinação do behaviorismo radical, baseado nos processos de variação e seleção.

Skinner estende para o comportamento humano, nível ontogenético, e para a cultura,

nível cultural, a teoria da seleção natural, evolução das espécies de Darwin. O

comportamento é entendido como sendo produto da interação destes três níveis de

determinação, filogenético, ontogenético e cultural.

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Skinner (1974) aponta motivos práticos para justificar a busca das causas do

comportamento. Para este autor, é necessário estudar as causas do comportamento para

que seja possível prevê-lo e controlá-lo.

Por que as pessoas se comportam da maneira como o fazem? Primeiramente, ela

provavelmente foi uma questão prática: Como uma pessoa poderia antecipar e, portanto,

se preparar para o que outra pessoa faria? Depois esta questão se tornou prática em um

outro sentido: Como outra pessoa poderia ser induzida a se comportar de determinada

maneira? (p. 10)

Skinner (1974), ao falar das causas do comportamento, também respondeu a

algumas críticas comumente atribuídas ao behaviorismo radical. Entre elas a de que o

behaviorismo radical:

“Ignora consciência, sentimentos e estados mentais. Negligencia dons inatos e defende

que todo o comportamento é adquirido durante o período de vida de um indivíduo.

Formula o comportamento simplesmente como um conjunto de respostas a estímulos,

representando, desta forma, uma pessoa como um autômato, robô, fantoche ou

máquina... Limita-se apenas à predição e ao controle do comportamento e desconsidera

a natureza essencial do ser humano” (p. 4)

Segundo Slife, Yanchar e Williams (1999), não há consenso sobre a noção de

determinismo no behaviorismo radical. Apesar desta falta de consenso, de maneira

geral, o pensamento de Skinner é caracterizado por vários autores como determinista.

Tal caracterização, porém, é fonte de divergências e desentendimentos (Slife e cols.

1999).

Determinismo tem sido uma suposição central em várias formas de behaviorismo,

incluindo o behaviorismo radical. No entanto, esta suposição tem sido um obstáculo

para várias pessoas - tanto dentro como fora do campo do behaviorismo radical –

resultando em equívocos e más interpretações. (p. 75)

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Apesar das afirmações de Skinner, existem divergências entre autores sobre as

relações que podem ser estabelecidas entre behaviorismo radical e determinismo. Por

exemplo, a posição atribuída ao behaviorismo radical sobre determinismo e causalidade

tem sido uma questão de debate (Day, 1969; Vorsteg, 1974; Belgelman, 1978; Marr,

1982; Vaughan Jr., 1983; Moxley, 1997).

Ao produzir conhecimento sobre um determinado fenômeno, neste caso sobre as

relações entre determinismo e behaviorismo radical, o cientista está, na verdade,

emitindo comportamento verbal que permitirá futuros ouvintes (que podem ou não ser

outros cientistas) se comportarem efetivamente em relação ao fenômeno em questão

(Skinner, 1992/1957, p. 418).

Skinner (1992/1957) enfatiza a importância do controle preciso de estímulos

sobre as respostas verbais dos cientistas. Este controle preciso pode se dar pelo objeto

de estudo ou por alguma de suas propriedades. Esta mesma precisão do controle de

estímulos também se faz necessária quando as respostas verbais são sobre estímulos

verbais.

A comunidade científica encoraja o controle preciso de estímulo sob o qual um objeto ou

propriedade de um objeto é identificado ou caracterizado de tal modo que a ação prática

será a mais efetiva... A comunidade lógica e científica também aguça e restringe

comportamento verbal em resposta a estímulo verbal. Garantir a acurácia do

comportamento ecóico e textual é um exemplo óbvio; é importante saber o que foi

realmente dito, na forma vocal ou escrita. De maneira geral, contudo, práticas são

planejadas para clarificar as relações entre uma resposta verbal para um estímulo

verbal e as circunstâncias não verbais responsáveis por ela. (p. 419 e 420)

Neste sentido, é plausível supor que as diferentes relações assumidas entre

behaviorismo radical e determinismo podem ser decorrentes de diferentes controles de

estímulos verbais sobre respostas verbais. Isto pode ser exemplificado, como afirmam

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Slife e colaboradores (1999), pelo fato de “... não haver definição padrão de

determinismo na literatura behaviorista radical.” (p. 76)

Afirmar que não há consenso sobre a definição do termo ‘determinismo’ na

literatura behaviorista radical é dizer que este termo possui diferentes ‘significados’.

Segundo Skinner, “significado não é uma propriedade do comportamento como tal, mas

das condições sob as quais o comportamento ocorre” (Skinner, 1992/1957, p. 13 e 14).

A partir desta afirmação de Skinner, fica evidente que ao se analisar

comportamento verbal dos cientistas (ou de qualquer outra pessoa), é necessário analisar

quais as condições, quais as variáveis controladoras do comportamento verbal em

questão. Neste sentido, para tornar possível a compreensão de respostas verbais de

relacionar determinismo e behaviorismo radical, é necessário conhecer quais as

variáveis que controlam tais respostas.

Os dois autores comentados a seguir apresentam respostas verbais de relacionar

behaviorismo radical e determinismo topograficamente semelhantes (ambos afirmam

que o behaviorismo radical é determinista), mas discordam no tocante à espontaneidade

como característica própria do comportamento.

Marr (1982) afirma que a posição comportamentalista requer uma perspectiva

determinista, mas para este autor, comportamento ocorre espontaneamente. Em outras

palavras, Marr (1982) supõe que a espontaneidade seja uma característica própria do

comportamento, porém limitada pela genética da espécie e individual.

...espontaneidade pode ser uma característica típica do comportamento...

Espontaneidade, também não implica que simplesmente qualquer coisa possa

ocorrer... a espécie a que se pertence e a dotação genética individual

estabelecem limites naturais para a forma e variabilidade do comportamento

espontaneamente emitido. (p. 206)

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Vaughan Jr. (1983) também assume uma posição determinista, embora discorde

de Marr (1982) sobre a espontaneidade do comportamento. Vaughan Jr. (1983) não

admite a espontaneidade como característica do comportamento. Em seu artigo,

Vaughan Jr. (1983) afirma que a espontaneidade do comportamento defendida por Marr

(1982) é resultado de uma falta de evidências das variáveis controladoras, ou seja, é

resultado de limitações metodológicas que impedem conhecimento e predição acurados

sobre o comportamento.

No seu artigo ‘Determinismo’, Jackson Marr argumenta que o comportamento apresenta

espontaneidade. Qual é a evidência comportamental para esta posição? É, e só pode ser,

falta de evidência: casos... nos quais o comportamento muda, mas nós somos incapazes

de especificar as variáveis controladoras... Nos casos em que Marr identifica como

exibindo espontaneidade, nós podemos perguntar: um conhecimento maior sobre a

história do organismo nos diria mais? Saber mais sobre o ambiente atual nos diria

mais? Computadores mais potentes nos diriam mais?... Dizer que espontaneidade está

presente no comportamento é o equivalente a dizer que nenhuma dessas operações nos

permitiria fazer melhores predições sobre o comportamento. De onde tiramos licença

para fazer tal inferência? (Vaughan Jr., 1983, p. 111)

Fraley (1994), assim como Vaughan Jr. (1983), também recusa a possibilidade

de abandonar suposições deterministas em função de limites metodológicos. Segundo

ele, a suposição determinista é oriunda da experiência científica e argumentos de cunho

metodológicos não a invalidam.

Limitações na capacidade de mensuração não podem logicamente ser interpretadas

como ocasiões para abandonar suposições deterministas sobre a natureza... O

determinismo moderno dos comportamentalistas e de outras ciências naturais situa-se

como uma grande indução de toda a experiência científica... (p. 82)

Fraley (1994) argumenta ainda que quando predições precisas sobre um

fenômeno não podem ser feitas, a ciência da probabilidade deve ser usada. No entanto,

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para Fraley (1994), o uso da probabilidade não significa que o fenômeno sob

investigação seja desordenado ou aleatório.

A incapacidade de descobrir todas as variáveis que participam do controle de uma

resposta operante e a inabilidade de investigar e medir seus respectivos efeitos e

contribuições... não foi considerado como uma ocasião para abandonar as

pressuposições da ciência natural, mas sim como uma ocasião para buscar os princípios

de outra ciência para ajudar. A ciência da probabilidade permite a alguém responder

efetivamente a situações que não permitem predições precisas... (Fraley, 1994, p. 81)

Tourinho (2003), assim como Fraley (1994), ressalta a impossibilidade de lidar

com todas as variáveis das quais o comportamento é função. Em decorrência disso,

Tourinho (2003) afirma que o analista do comportamento trabalha com a noção de

determinismo probabilístico:

O reconhecimento da multideterminação do comportamento (mesmo quando

permanecemos apenas no nível ontogenético) levará o analista do comportamento a

trabalhar com um determinismo probabilístico. O que significa isso? Basicamente, que é

impossível lidar com todas as variáveis das quais um comportamento é função e que

quando lidamos com algumas daquelas variáveis podemos apenas aumentar ou reduzir a

probabilidade de um comportamento, mas não determiná-lo de modo absoluto.

(Tourinho, 2003, p. 38)

Até este ponto, ao emitirem respostas verbais de relacionar determinismo e

behaviorismo radical, os diferentes autores se referiram às características do objeto de

estudo - comportamento - e das possibilidades e limites metodológicos no seu estudo.

Nos estudos que se seguem os autores emitem respostas verbais sobre respostas verbais

de Skinner de relacionar determinismo e behaviorismo radical. Em outras palavras, os

autores analisaram o posicionamento que, segundo eles, Skinner assumiu sobre a

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discussão em questão. Essa maneira de abordar o tema possibilita aos autores mostrar

concordância ou discordância em relação à posição assumida por Skinner.

Para Scharff (1982), Skinner assume uma posição determinista em relação ao

comportamento, e o que caracterizaria esta afirmação seria a crença em uma relação

necessária entre eventos, ou seja, uma crença em relações invariáveis entre eventos. Ao

falar na crença de uma correlação necessária entre eventos, Scharff (1982) diz:

“... a única coisa que pode ter incitado essa opinião [de que correlações necessárias

entre eventos podem ser observadas] é uma suposição ontológica subjacente e

profundamente enraizada de que qualquer ciência... lida com um mundo de fenômenos

necessariamente correlacionados.” (p. 48)

Ainda segundo Scharff (1982), a suposição ontológica determinista de Skinner

também não pode ser invalidada por limitações metodológicas.

Skinner sustenta que a razão pela qual sua ciência só pode prover explicações prováveis

do comportamento não é porque o mundo é indeterminado, mas sim por causa de

limitações do cientista... Essa limitação, insiste Skinner, não prova que o mundo é

desordenado [unlawful]. Apenas ilustra as inadequações da ciência humana. (p.53)

Vorsteg (1974) tem uma análise semelhante à de Scharff (1982). Para ele, a

posição de Skinner em relação ao determinismo é de uma pressuposição da relação

necessária entre comportamento e suas variáveis de controle.

Quando dizemos que um... comportamento é determinado, isso significa que ele é uma

instância de uma lei causal... Por lei causal, eu entendo uma afirmação verdadeira sobre

efeito, que quando quer que condições do tipo F ocorram, condições do tipo G

invariavelmente ocorrerão... Essa é a noção de determinismo que Skinner parece ter em

mente quando ele insiste na necessidade do determinismo. (Vorsteg, 1974, p. 109 e 110)

Diferentemente da posição defendida por Vorsteg (1974) e Scharff (1982), de

que Skinner defende uma correlação necessária entre todas as instâncias do

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comportamento e suas variáveis controladoras, para Belgelman (1978), não é claro se

Skinner supunha uma relação necessária estrita, ou simplesmente uma ordenação

[lawfulness] dos fenômenos. “Entretanto, ainda é uma questão aberta se Skinner usava

as palavras ‘ordenado’ e ‘determinado’ no sentido de uma necessidade causal estrita

[relações de necessidade entre eventos], ou num sentido menos rigoroso, como

explicação probabilística” (p. 14 e 15). Na verdade, Belgelman (1978) afirma não ser

claro o que Skinner pretendia dizer quando utilizava o termo ‘determinista’.

Existem poucas referências específicas ao ‘determinismo’ como tal nos escritos de

Skinner. Ele falou mais sobre o que a ‘ordenação’ [lawfulness] do comportamento

significa para conceitos como liberdade e responsabilidade moral, do que sobre que tipo

de determinista ele realmente é. Conseqüentemente, a natureza precisa da posição

filosófica de Skinner em relação ao ‘determinismo’ – se é que ele tem uma - é obscura.

(p. 14)

Esta divergência de opinião entre Belgelman (1978) e Vorsteg (1974) exposta

acima, pode ser evidenciada pelo seguinte comentário de Belgelman (1978): “Vorsteg

parece estar atribuindo posições ‘deterministas’ para Skinner que são duvidosas que o

último tivesse tido” (p. 15).

Apesar de considerar a posição de Skinner como determinista supondo uma

relação necessária e invariável entre comportamento e suas variáveis de controle,

Vorsteg (1974) não concorda com a posição de Skinner. Vorsteg (1974) defende que a

teoria do reforçamento operante não demonstra tal suposição (relação necessária entre

eventos), pois as explicações do comportamento humano, baseadas nesta teoria, são de

cunho probabilístico e não de cunho causal (relações necessárias e invariáveis). Para

este autor, explicações probabilísticas não são necessariamente deterministas e, por essa

razão, as explicações de Skinner, no tocante ao comportamento operante, não requerem

a suposição do determinismo, nem mostram que tal suposição é verdadeira.

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No caso do condicionamento operante, deve ser admitido que essas explicações

[explicações baseadas no condicionamento operante] se aplicam às ações humanas. Mas

também deve ser notado que elas não são explicações deterministas. Elas são

explicações probabilísticas e não envolvem nenhuma lei causal. (Vorsteg, 1974, p. 117).

Moxley (1997), assim como Vorsteg (1974) nega o determinismo. Moxley

(1997), ao falar sobre as relações do determinismo com o behaviorismo radical, afirma

que a consideração de Skinner como determinista precisa ser modificada. Na verdade,

segundo este autor, a suposição do determinismo pareceu ser a única solução em um

período histórico onde era necessário escolher “entre um mundo ordenado e

determinado e um mundo caótico do acaso... A questão que surge é se o determinismo é

a melhor explicação hoje” (p. 4).

Moxley (1997) opõe determinismo à visão selecionista, revelando uma

concepção mecanicista de determinismo. Neste sentido opor o modelo de seleção por

conseqüências ao determinismo parece ser, na verdade, uma oposição entre o modelo de

seleção por conseqüências e o modelo mecanicista. “A receptividade original de Skinner

[ao determinismo] é evidente a partir do seu conhecimento educacional e religioso e da

aceitação difundida do determinismo mecanicista pela comunidade científica no começo

da sua carreira.” (p.14)

Ainda neste artigo - Do determinismo à variação randômica -, Moxley (1997)

leva em consideração a influência de diferentes autores sobre Skinner. Primeiramente,

Moxley (1997) afirma que o modelo de causação de Skinner era originalmente

mecanicista. Ao fazer tal afirmação, Moxley (1997) aponta a influência de deterministas

mecanicistas, como John B. Watson, Loeb e Bertrand Russell. Em seguida, Moxley

(1997) afirma que Skinner abandonou o determinismo em favor da variação randômica

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como base para as origens do comportamento. Moxley (1997) aponta Mach, Peirce e

Dewey como autores que influenciaram Skinner nesta mudança.

Embora Skinner tenha privilegiado o determinismo em graus variados enquanto

desenvolvia explicações mecânicas do comportamento que estavam alinhadas com visões

como as de Loeb, Watson e Russell, seu desenvolvimento do determinismo desapareceu

depois que suas explicações se tornaram alinhadas mais de perto com visões

selecionistas como a de Mach, Peirce e Dewey. (p. 3)

Marr (1982), diferentemente de Moxley (1997), abandona noções mecânicas de

causalidade sem abandonar o determinismo.

Como analistas do comportamento nós somos imbuídos com uma perspectiva

determinista... O abandono do determinismo mecanicista não deve ser visto com

desespero pelos comportamentalistas, mas preferivelmente visto como libertação (assim

como foi para a Física). (Marr, 1982, p. 205 e 207)

Chiesa (1994) ao analisar modelos psicológicos de determinação do

comportamento, aponta para o fato de que modelos que não consideram o

comportamento como objeto de estudo em si mesmo, mas sim expressão de algum outro

fenômeno (entidades mentais, processos neurológicos ou fisiológicos, entre outros),

podem ser considerados mecanicistas, pois requerem ligações seqüenciais e lineares

entre tais fenômenos e o comportamento. Do outro lado, segundo Chiesa (1994), o

modelo causal de seleção pelas conseqüências do behaviorismo radical, proposto por

Skinner em 1981, é incompatível com um modelo mecanicista de causalidade.

O modelo causal do behaviorismo radical [seleção pelas conseqüências] o separa da

maioria da psicologia experimental contemporânea, pois ele não requer ligações em

uma cadeia causal para explicar as relações do seu objeto de estudo. (Chiesa, 1994,

p.96)

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Uma variedade de respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo

radical pode ser identificada nos trechos dos autores acima citados. Alguns destas

respostas verbais sugerem que a teoria do reforçamento operante não corrobora a

posição determinista, outros apóiam o determinismo como uma perspectiva válida para

o behaviorismo radical e apontam problemas de cunho metodológico que dificultam o

conhecimento de todas as variáveis de controle, impedindo, conseqüentemente, uma

determinação e previsão exatas do comportamento humano. Outras respostas verbais se

concentram no abandono de noções mecanicistas de causalidade. Dentre este último

conjunto de respostas verbais, algumas defendem o abandono da perspectiva

determinista como uma forma de abandonar o mecanicismo, outras sugerem que o

abandono da perspectiva mecanicista não requer o abandono da perspectiva

determinista.

Análise histórica

Sabe-se que Skinner foi um pensador que escreveu desde a década de 30 até

quando morreu, em 1990. Seu pensamento passou por transformações, e é muito

plausível que a falta de consenso no tocante à sua posição sobre o determinismo, bem

como o mau entendimento de suas posições, de forma geral, sejam devidos a análises

realizadas em diferentes momentos históricos de sua obra (Moxley, 1998). Moxley

(1998), ao explicar porque as formulações de Skinner são mal entendidas, afirma que:

Uma razão para essa [mau entendimento do trabalho de Skinner] dificuldade é que

mudanças na maneira que Skinner formulou suas visões ocorreram numa evolução

gradual através do tempo e da sua carreira, e que tais mudanças e seus significados não

foram tão conspicuamente ressaltados como poderiam ter sido... Quando não entendido

em seu desenvolvimento histórico através do tempo, uma amostra de leitura das opiniões

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de Skinner pode prontamente resultar em interpretações inacuradas e equivocadas,

particularmente em relação ao seu trabalho mais tardio. (p. 73).

Nesta mesma linha de argumentação, Micheletto (1997) afirma que muitas das

divergências em relação ao pensamento skinneriano podem ser oriundas de análises que

não levam em consideração os diferentes momentos históricos das obras de Skinner.

Ao analisar o Behaviorismo Radical, a partir da obra de Skinner, é preciso distinguir os

escritos iniciais dos produzidos no momento em que as características fundamentais do

seu pensamento estão propostas. Talvez muitas das críticas ao pensamento de Skinner

devam-se ao fato de elas se aterem às propostas bastante iniciais de Skinner, não

atentando para as alterações que marcam o desenvolvimento de seu pensamento. (p. 30)

Neste sentido, ao analisar a resposta verbal de um autor sobre Skinner (ou sobre

qualquer outro autor), identificar em que trabalhos o autor fundamenta sua análise pode

dar indícios de possíveis variáveis que estão relacionadas à suas respostas verbais. Esta

análise relaciona a posição assumida por um autor e o trabalho específico de Skinner no

qual o autor fundamenta esta posição. Em suma, este tipo de análise pode permitir

esclarecer as possíveis variáveis que controlam o comportamento verbal de assumir uma

certa posição.

Alguns autores (Belgelman, 1978; Dias, 2003) analisam respostas verbais de

outros autores que analisam o comportamento verbal de Skinner, a partir dos textos de

Skinner em que estes autores basearam suas análises. Outros autores (Scharff, 1982)

analisam as próprias respostas verbais de Skinner deixando claro quais obras

fundamentaram sua análise.

Ao criticar a posição de Vorsteg (1974), Belgelman (1978), por exemplo,

comenta que é importante considerar e ter acesso a diferentes escritos de Skinner sobre

as relações entre determinismo e behaviorismo radical, pois há o perigo de uma falta de

elementos para a realização de uma interpretação tão complexa quanto essa. Ao se

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referir a uma passagem de Ciência e Comportamento Humano na qual Vorsteg (1974)

se baseou para realizar sua interpretação de que Skinner é um ‘determinista rígido’1,

Belgelman (1978) afirma:

Vorsteg pode estar certo em supor que a passagem é de autoria de um determinista

‘rígido’. Do outro lado, considerando outras seções dos escritos de Skinner,

especialmente aqueles indicando que os efeitos do reforçamento se dão na probabilidade

da emissão da resposta, é possível que a passagem tenha a intenção de ressaltar a

importância da ‘ordenação’ [lawfulness] sem pressupor uma necessidade causal

rigorosa2. (p. 14)

Scharff (1982), destacando obras de Skinner de diferentes períodos, mostra que a

concepção de operante de Skinner mudou de 1938 até 1953, quando Skinner separou

definitivamente o comportamento operante do reflexo. Para Scharff (1982), a separação

entre comportamento reflexo e operante fez com que Skinner mudasse o tipo de

afirmação determinista que sua ciência podia fazer. Ao falar de Skinner em uma

passagem, Scharff (1982) explicita esta mudança.

Eu quero dizer que, revisando os quase 20 anos (1935 – 1953) que transcorreram para

ele oficialmente separar o operante do reflexo, qualquer um acha amplas provas que sua

pesquisa descritivamente concebida foi incapaz de conviver satisfatoriamente com suas

pressuposições deterministas subjacentes... Esse movimento, a separação dos conceitos

de reflexo e operante, ... força-o a reduzir as reivindicações do tipo de afirmações que

sua ciência pode fazer, de necessárias para probabilísticas. (p. 48 e 53)

1 Determinismo rígido basicamente se refere a uma concepção em que todas as instâncias do fenômeno comportamental são determinadas. Esta informação pode ser encontrada em Edwards (1964) e Hospers (1964) (referências citadas por Belgelman ao utilizar o termo ‘determinista rígido’). 2 Necessidade causal rigorosa refere-se à concepção de determinismo rígido, no qual todas as instâncias do fenômeno comportamental são totalmente determinadas (Belgelman, 1978). Necessidade causal rigorosa, determinismo rígido e relações necessárias e invariáveis entre eventos podem ser considerados sinônimos.

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Segundo a autora, Skinner só separou operante de reflexo quando ele pôde

explicar as variações no comportamento operante através dos esquemas de

reforçamento. Esta separação entre comportamento reflexo e operante não eliminou a

suposição determinista de Skinner.

Skinner, em 1953, estava aparentemente disposto a considerar o operante como não

reflexivo porque os resultados de sua pesquisa sugeriam que esquemas de reforçamento

são as únicas leis comportamentais secundárias necessárias para explicar

adequadamente a variabilidade comportamental... A questão a ser perguntada, então, é

como isso afeta o seu determinismo?... aparentemente não desafia suas suposições

deterministas de nenhuma maneira significativa. (p. 53)

Dias (2003), com objetivo de descrever os elementos constituintes das respostas

verbais de estabelecer relações entre behaviorismo radical e a filosofia da linguagem de

Wittgenstein, investigou se as relações estabelecidas entre behaviorismo radical e

pragmatismo sofriam influencias de diferentes posições de Skinner em diferentes

momentos. Os elementos constituintes considerados foram, entre outros: “(a) Tipos de

relações estabelecidas; b) Referências a Skinner, referências a autores pragmatistas e

referências a Wittgenstein; c) Formas de apresentação das referências; d) Temas ou

assuntos tratados quando da ocorrência de tais referências” (p. 14).

Com relação às referências a Skinner, a autores pragmatistas e a Wittgenstein,

Dias (2003) registrou todas as obras de Skinner, de autores pragmatistas e de

Wittgenstein que foram referenciadas nos artigos selecionados em sua pesquisa. Para a

forma de apresentação das referências, foram classificados três tipos de referências, de

acordo como apareciam nos dados coletados: foram incluídas referências que continham

trechos transcritos de obras de Skinner, com indicação do ano de publicação e página(s)

(Tipo I); referências que continham o nome ou obra do autor seguido do ano de

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publicação e página (Tipo II); foram incluídas aquelas referências que faziam menção

apenas ao nome ou obra do autor, seguido do ano de publicação, com ou sem indicação

do capítulo (Tipo III).

Analisar as referências apresentadas por um autor ao emitir respostas verbais de

relacionar determinismo e behaviorismo radical e a forma como o faz pode esclarecer

possíveis variáveis controladoras desta resposta ou, como afirma Dias, descrever

elementos constituintes de tais respostas verbais.

Além da forma como as referências são apresentadas, o tipo de trabalho

referenciado (empírico ou teórico) pode ser uma condição esclarecedora a ser descrita

ao se analisar as respostas verbais dos autores. Andery, Micheletto e Sério (2004)

analisaram, através do tempo, todas as publicações de Skinner (entre 1930 e 2004).

Essas publicações listadas foram divididas em livros e artigos. Os artigos foram

classificados em empíricos, teóricos ou outros. A partir desta classificação, é possível

analisar se os trabalhos referenciados caracterizam-se especialmente como teóricos ou

empíricos.

Andery e Sério (2002) também realizaram uma análise histórica focando o

trabalho de Skinner entre 1931 e 1957. Estas autoras, ao analisarem o trabalho de

Skinner neste período, apontaram para transformações na obra deste autor e

identificaram quatro programas de pesquisa propostos por Skinner que refletem as

transformações apontadas. Cada programa de pesquisa identificado apresenta sete

aspectos constituintes. Eles são:

1) Especificidade da ciência do comportamento – este aspecto refere-se às

características específicas da ciência do comportamento. São as características

que conferem à análise do comportamento a especificidade como uma ciência

diferente de outras delimitando seu objeto de estudo.

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2) Interfaces com outras ciências – este aspecto discute “quais seriam as ciências

com as quais a ciência do comportamento manteria relações” e que relações

seriam essas (Andery e Sério, 2002, p. 259).

3) Unidade de análise – refere-se à unidade de análise da ciência do

comportamento proposta por Skinner.

4) Medida – este aspecto revela qual dimensão do objeto de estudo é tomada como

medida para a ciência do comportamento.

5) Fontes de variação – discute quais as fontes de variação consideradas por

Skinner, “com base na suposição de que o objeto de estudo de uma ciência

precisa variar para que possa ser tomado como objeto de investigação” (Andery

e Sério, 2002, p. 259).

6) Contexto para estudo – são as condições adequadas para se desenvolver um

estudo do comportamento. Neste aspecto, as autoras dão especial atenção para

delineamentos experimentais.

7) Objetivos da ciência do comportamento – este aspecto revela objetivos do

empreendimento científico para Skinner.

O 1º programa de pesquisa identificado foi denominado por Andery e Sério

(2002) de: A proposição de uma ciência do comportamento. Este programa foi

identificado no trabalho de 1931 de Skinner – The Concept of Reflex in the Description

of Behavior.

O 2º programa de pesquisa identificado foi chamado de: A proposição da

necessidade de uma teoria do comportamento. Este programa foi identificado a partir de

dois trabalhos de Skinner: 1) Current Trends in Experimental Psychology (1947) e 2)

The flight from the laboratory (1961).

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O 3º programa de pesquisa proposto por Skinner também foi identificado a partir

de dois trabalhos: 1) Are theories of learning necessary?(1950), e 2) The experimental

analysis of behavior (1957). Este 3º programa foi denominado de Revisitando a questão

da teoria.

O 4º e último programa identificado foi: Revisitando seu próprio programa de

pesquisa. Este programa foi identificado através do livro Verbal Behavior (1957) e do

artigo Reinforcement Today (1958).

Essa classificação, exposta acima, permite localizar momentos históricos

diferentes na obra de Skinner e características do desenvolvimento da ciência do

comportamento. A partir desta classificação uma análise possível é se os autores que

emitem respostas verbais de relacionar behaviorismo radical e determinismo apresentam

características da ciência do comportamento identificadas nestes programas de pesquisa

e, a partir disto, analisar se suas respostas podem estar delimitadas a programas

elaborados em momentos específicos.

O presente trabalho pretende, através de uma análise histórica de textos

publicados em periódicos, caracterizar as respostas verbais identificadas, de diferentes

autores, de relacionar behaviorismo radical e determinismo e algumas possíveis

condições sob as quais este comportamento ocorre.

Para tanto, este trabalho analisará as publicações sobre o tema através das

seguintes variáveis: 1) dos anos, permitindo esclarecer a freqüência do comportamento

verbal dos autores; 2) das fontes, permitindo esclarecer o tipo de comunidade que tem

acesso a essa discussão e sua abrangência; 3) da classificação dos artigos analisados em

um dos quatro programas de pesquisa skinnerianos identificados por Andery e Sério

(2002), possibilitando, desta forma, um levantamento das características atribuídas ao

behaviorismo radical pelos autores, que, por sua vez, ajudaria na compreensão das

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variáveis controladoras das respostas verbais de relacionar determinismo e

behaviorismo radical e 4) da identificação dos artigos de Skinner referenciados bem

como da forma como estas referências são apresentadas e do tipo de artigo – teórico ou

empírico – referenciado, a partir da classificação proposta por Andery, Micheletto e

Sério (2004), buscando identificar possíveis controles que estes artigos podem ter sobre

respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical.

MÉTODO

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● Seleção das Fontes

A. Artigos em língua estrangeira

Através do portal on-line – www.periodicos.capes.gov.br, foram consultadas

duas bases de dados. 3

A primeira base de dados é da psicologia – PsycINFO. Este banco de dados

possui mais de 1300 periódicos indexados, além de livros, dissertações, capítulos de

livros e relatórios de pesquisa também indexados.

A segunda base de dados é da filosofia – Philosopher’s Index. Este banco de

dados contém referências e resumos de livros e periódicos de filosofia e áreas correlatas.

Esta base de dados cobre áreas como ética, estética, filosofia social e política,

epistemologia, metafísica entre outras.

Ambos os bancos de dados procuram as palavras de busca, utilizadas pelo

pesquisador, nos títulos, resumos, palavras-chaves, nomes de autores e referências dos

trabalhos indexados em seus arquivos. As palavras-chaves utilizadas na busca aparecem

em negrito nestas partes dos registros. Estes bancos de dados foram escolhidos devido à

relação evidente entre a psicologia e a filosofia nesta pesquisa.

Ao constatar que o procedimento acima não incluiu a produção nacional de

textos sobre o tema deste trabalho, apenas quatro (4) artigos nacionais foram

localizados, foi utilizado outro procedimento que permitisse a inclusão de textos

nacionais.

B. Artigos nacionais

3 A parte do procedimento de coleta de dados referente ao portal Capes foi a mesma utilizada por Dias

(2003).

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Optou-se por escolher periódicos brasileiros utilizados por César (2002). A

autora utilizou como critério para selecionar os periódicos a representatividade dos

periódicos para a Análise do Comportamento no Brasil. A partir deste critério, sete (7)

periódicos foram selecionados: 1) Psicologia: Teoria e Pesquisa; 2) Psicologia; 3)

Temas em Psicologia; 4) Psicologia USP; 5) Ciência e Cultura; 6) Cadernos de Análise

de Comportamento e 7) Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva.

Além destes periódicos foi incluído o livro Sobre Comportamento e Cognição,

por ser de domínio público que nesta fonte, juntamente com a Revista Brasileira de

Terapia Comportamental e Cognitiva, há uma grande concentração de publicações de

analistas do comportamento brasileiros.

Todos os periódicos foram consultados a partir do seu ano inicial de publicação,

com exceção do periódico Ciência e Cultura. Este periódico foi consultado a partir do

ano de 1961, mesma data utilizada por César (2002). Segundo a autora, 1961, data em

que Keller veio pela primeira vez ao Brasil, é o marco de origem da abordagem da

análise do comportamento no país, apontado por vários textos que analisam sua história

no Brasil. Os últimos volumes e números consultados foram os últimos disponíveis

quando da realização desta coleta (dezembro de 2004) para os periódicos ainda em

circulação, ou o último número publicado para periódicos que já saíram de circulação.

Abaixo os períodos de publicação das fontes utilizadas.

1) Psicologia: Teoria e Pesquisa – Data inicial: Vol. 1 (1985). Data final: Vol. 20

(2004), n. 2

2) Psicologia* – Data inicial: Vol. 1 (1975). Data final: Vol. 13 (1987), n. 3

3) Temas em Psicologia4 – Data inicial: Vol. 1 (1983). Data final: Vol. 10 (2002), n. 3

4) Psicologia USP – Data inicial: Vol. 1 (1990). Data final: Vol. 14 (2003), n. 2

* Periódicos que saíram de circulação.

20

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5) Ciência e Cultura – Data inicial: 1961. Data final: Vol 56 (2004), n. 4

6) Cadernos de Análise de Comportamento* – Data inicial: Vol. 1 (1981). Data final:

Vol. 6 (1986)

7) Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva - Data inicial: Vol. 1

(1999). Data final: Vol. 6 (2004), n. 2

8) Sobre Comportamento e Cognição - Data inicial: Vol. 1 (1997). Data final: Vol. 14

(2004)

● Seleção das Palavras de Busca

A partir dos resumos, títulos e palavras-chaves dos textos utilizados na

Introdução deste trabalho, foram selecionadas palavras relacionadas com o respectivo

tema, totalizando uma lista com 24 palavras de busca. Destas 24 palavras listadas, seis

foram consideradas palavras de busca básicas. Foram realizados, então, cruzamentos e

combinações entre as palavras da lista (as combinações utilizadas são apresentadas no

anexo I). As seis palavras chaves básicas estão presentes em todas as combinações e não

combinam entre si. Foi obtido um total de 132 combinações. Abaixo, seguem as 24

palavras chaves5 (em negrito as palavras chaves básicas).

4 Este periódico não saiu de circulação, mas passa por reformulações sem publicações posteriores a 2002. 5 As palavras chaves são na língua inglesa, pois as bases de dados só aceitam palavras em inglês.

1. Behaviorism

2. Radical Behaviorism

3. Behavior Analysis

4. B. F. Skinner

5. Skinner

6. Operant Reinforcement Theory

7. Cause

8. Causation

9. Causality

10. Determinism

21

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11. Determination

12. Environmental-determination

13. Probabilistic Determinism

14. Self-determination

15. Functional Relation 22. Random Variation

16. Mechanicism

17. Mechanism

18. Mechanistic

19. Necessitarian Causality

20. Probabilistic Causality

21. Probability

23. Selectionism

24. Selection by Consequences

● Seleção de Artigos

A. Artigos em língua estrangeira

Fase 1: As duas bases de dados foram consultadas usando as combinações de

palavras chaves já mencionadas. Na base de dados PsycInfo, foram obtidos 1089

registros. Após o término de todas as consultas, foi utilizado um recurso da base de

dados que exclui os registros repetidos de todas as consultas realizadas. Obteve-se,

assim, um total de 591 registros não repetidos.

Na base de dados Philosopher’s index, foram obtidos 283 registros. Após o

término de todas as consultas, foi utilizado o mesmo recurso que exclui os registros

repetidos. O número total de registros diminui para 136.

Como o portal não possui nenhum recurso que identifique registros repetidos em

pesquisas realizadas em diferentes bases de dados, todos os registros das duas bases de

dados, total de 727 registros, foram lidos. Dos 727 registros, apenas 16 foram repetidos,

obtendo, desta maneira, um total de 711 registros diferentes nas duas bases de dados.

Fase 2: A segunda fase consistiu na seleção dos trabalhos que discutem a

relação entre determinismo e Behaviorismo Radical. Foram lidos os títulos e resumos de

todos os 711 diferentes registros e excluídos aqueles nos quais não foram identificadas

respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical. Nos Quadros 1 e 2

abaixo, dois exemplos de artigos que foram selecionados pelo mecanismo de busca e

22

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rejeitados por não se identificar respostas verbais de relacionar behaviorismo radical e

determinismo.

Quadro 1: Texto selecionado pelo mecanismo de busca e rejeitado por não apresentar

respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical.

TÍTULO: Humanistic contributions to the field of psychotherapy: Appreciating the

human and liberating the therapist.

AUTOR: Barton,-Anthony

FONTE: Humanistic-Psychologist. 2000 Spr-Fal; Vol 28(1-3): 231-250

RESUMO: Discusses philosophical and psychological sources of humanism and

humanistic psychology. It considers the work of C. Rogers, V. Frankl, F. Perls, V. Satir,

and M. Erickson. These theorists give 3 major contributions to the field of

psychotherapy. The first is that they, as humanistic psychotherapists, perennially

celebrate, assert, and evoke the full gifted presence of human beings in opposition to

reductive biologism, materialism, mechanism, cognitive behaviorism, psychoanalysis,

or any other reducing prismatic vision. They all proclaim an attitude of reverent

celebration and appreciation as the foundational place and space from which therapy

practice ought to come. They assert this appreciative presence as creating a field of

interaction within which human possibilities can optimally flourish.

PALAVRAS-CHAVE: Humanistic-Psychology; Psychotherapy

23

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Quadro 2: Texto selecionado pelo mecanismo de busca e rejeitado por não apresentar

respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical.

TÌTULO: Self-determination and student involvement in functional assessment:

Innovative practices.

AUTORES: Wehmeyer,-Michael-L; Baker,-Daniel-J; Blumberg,-Richard; Harrison,-

Richard.

FONTE: Journal-of-Positive-Behavior-Interventions. 2004, Vol 6: 29-35.

RESUMO: The fundamental feature that distinguishes positive behavior support (PBS)

from previous generations of applied behavior analysis is its focus on the remediation

of deficient contexts that are determined to be the source of the problem. Determining

this source involves conducting a functional assessment. This innovative practices

article presents the argument that if professionals are to successfully address issues

pertaining to the context of problem behaviors, they must incorporate the perspectives

and knowledge of people receiving behavioral supports into the functional assessment

process. The authors report the results of a pilot examination of a person-guided

functional assessment and present ideas for enhancing consumer involvement in the

functional assessment process.

PALAVRAS-CHAVE: deficient behavior context; source remediation; functional

assessment process; positive behavior support; problem behaviors; support recipients;

person guided assessment; special education students

À medida que os títulos e resumos dos 711 registros foram sendo lidos,

identificou-se que alguns artigos nos quais foram identificadas respostas verbais de

relacionar determinismo e behaviorismo radical apresentavam texto(s) ‘em resposta’ no

qual não tinha sido identificada tal resposta verbal. O contrário também ocorreu: foram

identificadas respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical em

24

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textos ‘em respostas’ a outros textos nos quais não tinham sido identificadas respostas

verbais de relacionar behaviorismo radical e determinismo. Optou-se por incluir tais

textos. Nos quadros 3 e 4 exemplo de texto no qual não foi identificada resposta verbal

de relacionar determinismo e behaviorismo radical e texto ‘em resposta’ cuja resposta

verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical foi identificada,

respectivamente.

Quadro 3: Texto cuja relação entre determinismo e behaviorismo radical não foi

identificada, mas que teve texto ‘em resposta’ cuja esta relação foi identificada.

TÍTULO: Can Skinner tell a lie: Notes on the epistemological nihilism of B. F.

Skinner.

AUTOR: Hinman, Lawrence M.

FONTE: Southern Journal of Philosophy. 1979. Vol 17: 47-60.

Palavras-chaves: Determinism; Epistemology; Nihilism.

RESUMO: Não há resumo

Quadro 4: Texto ‘em resposta’ no qual foi identificada a relação entre determinismo e

behaviorismo radical.

TÍTULO: Determinism and behaviorist epistemology: A conditioned response to a

Hinman stimulus.

AUTOR: Waller, Bruce N.

FONTE: Southern Journal of Philosophy. 1982. Vol 20: 513-532.

RESUMO: Lawrence Hinman (in "Can Skinner Tell a Lie" "southern journal of

philosophy", xvii, 1979, pages 47-60) argues that skinner's deterministic views are

inconsistent with knowledge claims, and that on skinner's behaviorist principles no

truth/falsehood distinction can be drawn. Hinman's several arguments for this claim are

critiqued, and skinner's epistemology is elaborated. It is concluded that although

Skinner rejects the notion of autonomous individuals who recognize indubitable truths,

Skinner's radical behaviorism can accommodate a workable account of truth.

PALAVRAS-CHAVE: determinism; epistemology; nihilism

25

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Após o término da leitura dos títulos e resumos dos 711 registros, levando em

consideração os critérios acima mencionados, foram selecionados 87 trabalhos. Destes

87 trabalhos selecionados, 2 eram dissertações, que foram eliminadas. Também foram

eliminados 10 registros que se referiam a livros ou capítulos de livros. Desta maneira, o

número de trabalhos selecionados caiu para 75.

A etapa seguinte deste trabalho consistiu na aquisição de todos estes 75 artigos.

Estes textos foram procurados, primeiramente, nas bibliotecas da PUC-SP e USP.

Textos que não foram localizados nestas bibliotecas passaram por outro método de

localização. Foi utilizado o site www.ibict.br Este site fornece informação sobre

periódicos existentes em qualquer biblioteca do país. Desta maneira, textos localizados

neste site foram adquiridos através do sistema de COMUT nacional, sistema de envio de

material entre bibliotecas do mesmo país. Por fim, textos que não foram localizados no

Brasil foram procurados no site: www.periodicos.capes.gov.br que além de permitir

acesso à diferentes bases de dados, possui 8597 periódicos com textos completos. Nove

textos foram excluídos por não terem sido localizados através destes três recursos.

Sendo assim, o número total de textos selecionados caiu de 75 para 66. Todos os 66

artigos foram lidos integralmente.

Após a leitura integral, cinco artigos foram excluídos por não fazerem relação

entre determinismo e behaviorismo radical. Assim sendo, o número total de textos

analisados caiu para 61.

B. Artigos nacionais

O critério de seleção foi similar ao utilizado para os bancos de dados. Todos os

títulos, resumos (quando disponíveis) e palavras chaves de todos os artigos destes

periódicos foram lidos com o intuito de identificar alguma das 132 combinações de

palavras de busca utilizadas anteriormente. Para o periódico Ciência e Cultura foram

26

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utilizados os dados coletados por César (2002) para a seleção de artigos, visto que: 1)

César (2002) coletou todos os artigos sobre análise do comportamento que foram

publicados entre os anos de 1961 e 2002, e 2) a dificuldade operacional de realizar tal

consulta manualmente, devido ao grande número de publicações. As edições publicadas

depois do período coletado por César (2002), entre 2002 e 2004, foram consultadas

manualmente.

Assim como os demais periódicos, os 14 volumes do livro Sobre

Comportamento e Cognição também foram consultados. Como os seis primeiros

volumes deste livro não possuem resumo foi lido o primeiro parágrafo de cada texto no

lugar do resumo.

Após este procedimento de coleta de textos nacionais, foram encontrados 20

textos. Após a leitura integral dos textos, 1 texto foi descartado por não se identificar

respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical, restando assim 19

textos. Destes 19 textos, três já haviam sido selecionados através do portal da Capes. O

total geral de textos aumentou para 77 (61 textos coletados pelo portal da Capes mais 16

novos textos coletados em periódicos brasileiros)

Por fim, foram lidas todas as referências de todos os 77 artigos coletados.

Referências que contivessem no título alguma das combinações das palavras de busca já

mencionadas, e que não estivessem entre os 77 artigos previamente selecionados, foram

incluídos. Um total de quatro novas referências foi encontrado. Destas quatro

referências, três eram de livros e apenas uma de artigo. Sendo assim, um novo artigo foi

encontrado. Após sua leitura integral, o artigo foi descartado por não se identificar

respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical. Desta forma, o

total geral de artigos (lista completa dos artigos e sua identificação no banco de dados

pode ser vista no anexo II) selecionados permaneceu em 77.

27

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● Registro das Informações

Um banco de dados foi criado, utilizando o programa Access6, para registrar as

informações coletadas.

● Dados de identificação

Os textos selecionados foram identificados por título, autoria, ano de publicação,

periódico, volume, página inicial e final.

● Definições de determinismo

O passo seguinte foi transcrever para o banco de dados os trechos em que foram

localizadas respostas verbais dos autores de definirem determinismo (caso ocorra). As

definições transcritas para os bancos de dados foram definições que os autores utilizam

em seus textos. Tais definições não precisam ser originais nem formuladas pelos

autores, podem ser definições existentes de outros autores. 43 textos apresentaram

definição de determinismo e todas as definições encontradas foram transcritas para o

banco de dados. Após a transcrição, as definições foram agrupadas, de acordo com suas

características, em cinco grupos diferentes. Algumas definições apresentam

características de mais de um grupo, por isso foram classificadas mais de uma vez. No

anexo IV seguem todas as definições e suas respectivas classificações.

Os cinco grupos de definições foram: 1) Relação funcional; 2) Seleção por

conseqüências; 3) Mecanicismo; 4) Determinismo metodológico e 5) ‘Outros’. As

definições e exemplos de cada um destes grupos encontram-se na parte de Resultados

deste trabalho.

6 Ver banco de dados em CD room, anexo III.

28

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● Relação entre behaviorismo radical e determinismo

Após o agrupamento das definições de determinismo, foram transcritos para o

banco de dados os trechos dos artigos em que foram localizadas respostas verbais de

relacionar determinismo e behaviorismo radical e/ou trechos em que foram localizadas

respostas verbais dos autores sobre respostas verbais de Skinner de relacionar

determinismo e behaviorismo radical. Ao transcrever tais relações, elas foram agrupadas

em sete tipos diferentes. Seguem abaixo os sete tipos de relações estabelecidos. Suas

definições e exemplos encontram-se na seção de Resultados deste trabalho.

1. Negação do determinismo;

2. Afirmação do determinismo;

3. Proximidade de modelos causais mecânicos;

4. Afastamento de modelos causais mecânicos;

5. Afastamento de modelos causais teleológicos ou finalistas;

6. Causas externas x causas internas

7. Proximidade de modelos causais que salientam diferentes níveis de

determinação.

● Trabalhos de Skinner referenciados

Todos os trabalhos de Skinner referenciados foram listados. Quando os trabalhos

referenciados foram: 1) Contingencies of Reinforcement; 2) Cumulative Record; 3)

Upon Further Reflection; 4) Reflections on Behaviorism and Society; 5) Canonical

Papers e 6) Recent Issues, o pesquisador identificou as páginas que eram referenciadas.

Depois de localizadas as páginas, o pesquisador identificou qual edição dos livros os

autores utilizaram nas suas referências. De posse das edições referenciadas, o autor

localizou através das páginas qual(is) artigo(s) tinha(m) sido realmente referenciado(s),

29

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substituindo a referência ao livro pela(s) referência(s) ao(s) artigo(s). No entanto, este

procedimento não foi possível para referências sem indicação da página, tipo III, (ver

tópico abaixo). Portanto, quando as referências a algum destes livros era do tipo III o

título do livro foi mantido como referência. Os títulos dos livros também foram

mantidos como referências quando as páginas indicadas se referiam ao prefácio.

● Tipos de referências

Todos os trabalhos de Skinner referenciados foram classificados quanto ao tipo

de referências feitas a eles. Os três tipos de referências7 são:

a) Referência do tipo I: transcrição de trecho de alguma obra de Skinner seguida da

indicação da obra (ano de publicação, título da obra ou ambos) e da(s) página(s)

de onde foi retirada;

b) Referência do tipo II: indicação do ano de publicação ou título da obra de

Skinner (ou ambos) seguido de indicação da(s) página(s);

c) Referência do tipo III: apenas indicação do ano de publicação ou título da obra

de Skinner (ou ambos), com ou sem indicação de capítulo (ver banco de dados

em anexo para visualizar as obras e os tipos de referências feitas).

● Categorização dos artigos de Skinner apresentados nas referências

Os artigos de Skinner (excluindo-se livros, entrevistas, etc) referenciados foram

classificados como teóricos, empíricos e outros de acordo com análise realizada por

Andery, Micheletto e Sério (2004). Eles foram classificados em três grupos:

7 Os tipos de referências são as mesmas utilizadas por Dias (2003).

30

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1) Teóricos - artigos históricos, interpretativos, conceituais e artigos que propõem

algum tipo de intervenção;

2) Empíricos - relatos de pesquisas, sejam elas empíricas ou não, ou artigos que

descrevem equipamentos de pesquisa ou que discutem resultados de outras

pesquisas;

3) Outros - artigos não acadêmicos, cartas a editores, resumos e resenhas (ver

banco de dados em anexo para visualizar os artigos e os grupos nos quais foram

classificados).

● Programas de pesquisa

Seguindo, os textos foram classificados em um dos quatro programas de

pesquisa skinnerianos identificados por Andery e Sério (2002). Esta classificação foi

feita a partir da correspondência entre as características encontradas nos textos

analisados ao se referir ao behaviorismo radical e às características de cada programa de

pesquisa. Quando não era possível encontrar características suficientes para classificar o

texto em um dos programas de pesquisa ou quando as características encontradas

pertenciam a mais de um programa, impossibilitando a diferenciação entre eles, os

textos foram classificados como ‘programa de pesquisa não identificado’. Os quatro

programas de pesquisa identificados por Andery e Sério (2002) contêm sete aspectos

constituintes. Nos quadros de 5 a 8, seguem os programas de pesquisa. Na primeira

linha encontram-se os aspectos constituintes dos programas. Na segunda linha estão as

características relativas a cada aspecto constituinte dos programas de pesquisa.

31

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Programa 1. Proposição de uma Ciência do Comportamento

Quadro 5: Primeiro programa de pesquisa: A proposição de uma ciência do

comportamento.

Especificidade

da ciência do

comportamento

Interface

com

outras

ciências

Unidade

de

análise

Medida Fontes de

variação

Contexto

para estudo

Objetivos da

ciência do

comportamento

•Comportamento •Fisiologia •Reflexo •Força

do

reflexo

medida

pela

taxa de

resposta

•Operações

experimentais

•Setting

experimental

•Descrição

Fonte: adaptado de Andery e Sério, 2002.

Programa 2. A proposição da necessidade de uma teoria do comportamento.

Quadro 6: Segundo programa de pesquisa: A proposição da necessidade de uma

teoria do comportamento.

Especificidade

da ciência do

comportamento

Interface

com

outras

ciências

Unidade de

análise

Medida Fontes de

variação

Contexto

para estudo

Objetivos da

ciência do

comportamento

•Comportamento

humano

•Fisiologia

•Ciências

sociais e

humanas

•Reconhece

dificuldades

•Probabilidade

de respostas

medida pela

freqüência de

respostas

•Genética

•História

pessoal

•Ambiente

presente

•Setting

experimental

•Delineamento

do sujeito

único

•Teorias para

compreender e

resolver

problemas

humanos =

predição e

controle

Fonte: adaptado de Andery e Sério, 2002.

32

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Programa 3. Revisitando a questão da teoria

Quadro 7: Terceiro programa de pesquisa: Revisitando a questão da teoria.

Especificidade

da ciência do

comportamento

Interface

com

outras

ciências

Unidade

de

análise

Medida Fontes de

variação

Contexto

para estudo

Objetivos da

ciência do

comportamen

to

•Comportamento

humano

•Fisiologia

•Ciências

sociais e

humanas

•Classe

de

respostas

•Probabilidade

de respostas

medida pela

freqüência de

respostas

•Genética

•História pessoal

•Conseqüências

•Antecedentes

•Condições

momentâneas

•Setting

experimental

•Delineamento

do sujeito

único

•Medida

contínua

•Teorias para

compreender e

resolver

problemas

humanos =

predição e

controle

Fonte: adaptado de Andery e Sério, 2002.

Programa 4. Revisitando seu próprio programa de pesquisa

Quadro 8: Quarto programa de pesquisa: Revisitando seu próprio programa de

pesquisa

Especificida

de da

ciência do

comportam

ento

Interface

com outras

ciências

Unidade

de análise

Medida Fontes de

variação

Contexto

para estudo

Objetivos da

ciência do

comportament

o

•Comportam

ento humano

•Fisiologia

•Ciências

sociais e

humanas

•Ciências

da

linguagem

•Classe de

respostas

•Contingên

cias de

reforçamen

to

•Probabilidade

(força)

medida pela:

emissão da

resposta,

propriedades

da resposta

•Genética

•História pessoal

•Conseqüências

•Antecedentes

•Condições

momentâneas

•Setting

experimental

•Delineament

o do sujeito

único

•Medida

contínua

•Teorias para

compreender e

resolver

problemas

humanos =

predição e

controle

33

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emitida (nível

de energia,

repetição,

velocidade) e

freqüência do

responder

Foco na

aquisição e

manutenção

do responder

•Descrição

•Explicação

Fonte: adaptado de Andery e Sério, 2002.

No quadro 9, exemplo de texto que foi classificado no programa de pesquisa 4

por possuir características pertencentes a este programa.

Quadro 9: Texto classificado no quarto programa de pesquisa de acordo com suas

características.

TÌTULO: Skinner May Be Difficult, But...

AUTOR: David W. Schaal

Especificidade

da ciência do

comportamento

Interface

com

outras

ciências

Unidade de

análise

Medida Fontes

de

variação

Contexto

para estudo

Objetivos da

ciência do

comportamento

Comportamento

Humano

Contingências

de

reforçamento

Classe de

respostas

(operante)

Reflexo

Probabilidade

de resposta

Genética Setting

Experimental

Controle

34

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● Análise Histórica

Por fim, os artigos foram divididos em dois grupos: os que não realizam análises

históricas e os que realizam análises históricas. Este trabalho considerou como pesquisa

histórica qualquer trabalho que identificasse mudanças, em diferentes momentos da

obra de Skinner, em conceitos, opiniões, temas ou nas diferentes variáveis controladoras

do comportamento verbal de Skinner.

● Teste de Fidedignidade

Uma amostra do material coletado no portal Capes (110 textos) foi analisada por

dois observadores distintos com o intuito de identificar os artigos que estabelecem

relação entre behaviorismo radical e determinismo. Dentre os 110 textos, os

observadores concordaram em um total de 101 classificações. Dividindo o número total

de concordâncias pelo número total de textos obteve-se um índice de 92% de

concordância.

35

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Números de artigos através dos anos

Foram identificados 77 artigos em que os autores analisam as relações entre

determinismo e behaviorismo radical. A primeira publicação detectada sobre o tema

ocorreu em 1972 e a última em 2003 (ver anexo II para lista dos artigos).

A Figura 1 apresenta o número acumulado de artigos no período de 1972 a 2003.

Durante este período, houve um crescimento do número de artigos publicados sobre o

tema. Entre 1988 até 2001 houve um crescimento bastante acelerado das publicações

sobre o tema. Durante este período foram publicados 62 dos 77 artigos coletados.

Figura 1. Número acumulado de artigos com respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical por ano

0

6

12

18

24

30

36

42

48

54

60

66

72

78

1972

1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

Anos

Núm

ero

acum

ulad

o de

text

os

About BehaviorismSelection by Consequences

Recent IssuesUpon Further Reflection

Em 1971 foi publicado o livro Beyond Freedom and Dignity. O início das

publicações localizadas sobre o tema (1972) pode ter sido influenciada pelo livro.

Depois de 1974 pode-se observar um aumento de publicações nos anos seguintes sobre

36

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o tema que estagnaram entre 1979 e 1982. A partir de 1982, houve uma aceleração na

curva, provavelmente influenciada pela publicação do artigo Selection by

Consequences, em 1981. A partir de 1988 até 2001 observa-se um grande aumento nas

publicações sobre o tema que pode estar relacionada com as publicações de Upon

Further Reflection em 1987 e Recent Issues em 1989. Vale relembrar que embora Upon

Further Reflection e Recent Issues não constem como uma das obras mais referenciadas

de Skinner (ver Quadro 41), sua catalogação na lista de obras referenciadas foi feita

através dos seus artigos separadamente. Apenas referências que não continham página

nem capítulo permaneceram com os títulos dos livros.

A Figura 2 representa o número de artigos com respostas verbais de relacionar

determinismo e behaviorismo radical por ano de publicação. A partir desta figura é

possível observar a quantidade de textos publicados em cada ano. O ano em que ocorreu

o maior número de publicações sobre o tema desta pesquisa foi 1993, com 12

publicações, seguido de 2001, com oito publicações. 1992, 1997 e 1998 tiveram seis

publicações cada um.

Figura 2. Número de artigos com resposta verbal de relacionar behaviorismo radical e determinismo por ano de publicação

0

2

4

6

8

10

12

1972

1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

Anos

Núm

ero

de a

rtig

os

37

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Fontes de Publicação

Ter conhecimento sobre as fontes de publicações de um determinado tema

(qualquer tema) pode revelar onde se concentram publicações sobre o mesmo,

facilitando pesquisas futuras, e pode revelar quais leitores têm acesso à literatura em

questão.

A Figura 3 indica o número de artigos com respostas verbais de relacionar

determinismo e behaviorismo radical por fonte de publicação. Como é possível

observar, há uma diversidade de fontes de publicação. The Behavior Analyst e Behavior

and Philosophy8 foram os periódicos que apresentaram maior número de publicações,

22 e 12 artigos, respectivamente. O livro Sobre Comportamento e Cognição apresentou

sete artigos, seguido dos periódicos: The Psychological Record, com seis artigos,

American Psychologist e Psicologia: Teoria e Pesquisa, com cinco artigos cada.

Importante notar que, apesar da diversidade de fontes - 22 diferentes fontes de

publicação - dois terços dos artigos coletados (57 artigos) foram publicados nas seis

fontes mencionadas acima. Ainda vale ressaltar que as três primeiras fontes (The

Behavior Analyst, Behavior and Philosophy e Sobre Comportamento e Cognição), nas

quais foram publicados 41 dos 77 artigos, são fontes que publicam principalmente

artigos de analistas do comportamento. Este dado parece indicar que a discussão do

presente trabalho se concentra para um público de analistas do comportamento.

Apesar de a maioria dos textos ter sido publicada em fontes específicas de

análise do comportamento, foram identificadas oito fontes específicas de psicologia que

publicaram sobre o tema. Este dado mostra que esta discussão também se apresenta para

um público de psicólogos em geral, não necessariamente analistas do comportamento.

Há ainda um número pequeno de fontes de outras áreas, o que permite supor que,

38

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embora de maneira tímida, a discussão sobe determinismo e behaviorismo radical atinge

públicos de fora da psicologia, como filosofia e educação.

Figura 3. Número de artigos com respostas verbais de relacionar behaviorismo radical e determinismo por fontes de publicação

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

Fontes

Núm

ero

de a

rtig

os

Legenda da Figura 3

8 Até 1989 este periódico se chamava Behaviorism. Todos artigos publicados no Behaviorism foram contabilizados como pertencentes ao Behavior and Philosophy.

39

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Ao perceber altas taxas de publicações em alguns anos específicos e poucos

periódicos responsáveis por grande parte das publicações, resolveu-se verificar se estes

dados poderiam estar, de alguma forma, correlacionados.

Dos 12 artigos publicados em 1993 (ver Figura 2), 9 foram publicados no The

Behavior Analyst (TBA), 6 no n. 1 e três no n. 2.

O número 1 do TBA de 1993 contém vários artigos diferentes. Cinco dos seis

artigos publicados são reflexões sobre mecanicismo e contextualismo no behaviorismo

radical, baseadas no texto Behavior Analysis and Mechanism: One Is Not the Other, de

Edward K. Morris, artigo também publicado neste número. No n. 2 do TBA de 1993

aparece outro texto - Mechanism and Contextualism in Behavior Analysis: Just Some

Observations - de Edward K. Morris sobre mecanicismo e contextualismo, comentando

sobre as observações feitas pelos outros autores sobre seu texto inicial no número

anterior. Os outros dois textos deste número também focam o debate entre

contextualismo e mecanicismo no behaviorismo radical. Sendo assim, todos os nove

artigos publicados no TBA, no ano de 1993, discutiram o tema do contextualismo x

mecanicismo.

Dos seis artigos publicados em 1998 (ver Figura 2), cinco foram publicados no

TBA na mesma edição (n.1). Quatro dos seis artigos publicados neste número são

discussões sobre o artigo Why Skinner Is Difficult, escrito por Roy A. Moxley, também

publicado nesta edição. A discussão dos textos gira em torno da afirmação feita por

Moxley de que Skinner passou gradualmente de uma Psicologia S→R para a noção de

que o comportamento é selecionado pelas conseqüências e que isso demonstra que

Skinner abandonou o determinismo e favoreceu a variação randômica como base

fundacional para a sua ciência. O sexto texto também é de autoria de Roy A. Moxley,

no qual ele foca as considerações feitas pelos outros autores sobre seu primeiro artigo.

40

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Autoria

Saber que autores publicam sobre um tema pode ser informação valiosa. Ela

permite avaliar a quantidade de pesquisadores interessados em determinado tema, sendo

um indicador indireto da importância do tema em questão para a comunidade científica

a que o autor pertence. Também permite saber quais autores são pesquisadores ‘ativos’

da área, publicando com certa regularidade, e quais pesquisadores publicaram apenas

um artigo. Além disso, certos tipos de respostas verbais sobre um tema podem ser

emitidos por um grupo específico de autores, permitindo uma identificação de possíveis

características da comunidade verbal. Por exemplo, Roy A. Moxley é autor da maioria

dos textos que ao mesmo tempo apresentam respostas verbais de negar o determinismo

e afastar o behaviorismo radical de noções causais mecanicistas (Moxley, 1996a, 1996b,

1997, 1998a, 1998b, 19999). W. Teed Rockwell também compartilha da opinião de Roy

A. Moxley (Rockwell, 19949). Essa informação revela que apenas estes dois autores

emitem respostas verbais nas quais as duas relações acima são identificadas. Além

disso, dos 20 artigos que apresentam definições de determinismo como mecanicismo

(ver tópico - definições de determinismo), 6 foram encontradas em artigos de Roy A.

Moxley. Este autor também é o que mais realiza análises históricas sobre o tema.

Nos 77 artigos deste trabalho, 70 diferentes autores foram identificados,

revelando uma grande diversidade de autores. Os autores que mais publicaram, dentre

os textos analisados, foram: Roy. A Moxley, com 10 artigos; Edward K. Morris, com

quatro artigos e Maria Amália P. A. Andery, com três artigos. Os demais autores

tiveram duas ou menos publicações. Abaixo, no Quadro 10, é apresentada uma relação

dos autores que tiveram duas ou mais publicações dentre os textos analisados (ver anexo

V para lista completa dos autores com apenas uma publicação).

41

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Quadro 10: Autores que tiveram dois ou mais artigos com resposta verbal de relacionar

behaviorismo radical e determinismo localizados.

Autores Número de artigos

Roy A. Moxley 10

Edward K. Morris 4

Maria Amália P. A. Andery 3

Emilio Ribes-Iñesta 2

Jackson Marr 2

Jay Moore 2

Jon D. Ringen 2

Josele Abreu Rodrigues 2

Marcus Bentes de C. Neto 2

Maria Tereza de A. Silva 2

Mecca Chiesa 2

Nilza Micheletto 2

Tereza Maria A. P. Sério 2

Análise Histórica

Como já foi ressaltado na introdução, ao se analisar a posição de um autor sobre

determinado tema é importante distinguir possíveis transformações no seu pensamento.

Identificar diferentes momentos da obra de um autor é identificar, no tempo, mudanças

em diferentes características do seu pensamento, possibilitando, inclusive, identificar

diferentes variáveis controladoras do comportamento verbal do autor. Em outras

9 Referências completas dos textos e sua localização no banco de dados no anexo II.

42

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palavras, através de análises históricas, é possível entender o desenvolvimento da

posição de um autor sobre determinado tema, bem como identificar as características

principais do seu pensamento (Micheletto 1997; Moxley 1998).

Dos 77 textos selecionados, 11 identificaram mudanças no trabalho de Skinner

ao realizarem suas análises, como pode ser observado na Figura 4. É possível ainda

observar que o número de análises históricas é bastante pequeno em relação ao número

total de textos que analisam o tema deste trabalho. Eles representam cerca de 14% do

total dos textos.

Este dado pode ser tomado como indicativo de que poucos autores explicitam

em suas análises possíveis mudanças nas várias características que constituem o

behaviorismo radical ao traçar relações com o determinismo. Em suma, poucos

trabalhos apresentaram respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo

radical a partir da identificação de diferentes características e de suas possíveis

mudanças no desenvolvimento do behaviorismo radical.

Figura 4. Número de artigos que apresentam respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical a partir de análises históricas e não históricas.

66

11

Análises não históricas

Análises históricas

43

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Definições de determinismo

As diversas concepções de determinismo encontradas nos textos analisados

podem estar relacionadas às diferentes, e muitas vezes divergentes, relações

estabelecidas entre determinismo e behaviorismo radical.

Não foram identificadas respostas verbais de definir determinismo em todos os

artigos analisados. Dentre os 77 textos que apresentam respostas verbais de relacionar o

behaviorismo radical e determinismo, 43 apresentam definições de determinismo. Estas

definições foram classificadas em cinco grupos de acordo com suas características.

Foram identificadas, em alguns textos, respostas verbais de definir determinismo que

apresentavam características de mais de um grupo. Sendo assim, a soma do número de

respostas verbais de definir determinismo nos cinco grupos ultrapassa o número total de

textos (43) nos quais elas foram encontradas.

O primeiro grupo se refere a definições que relacionam determinismo com

relação funcional. Negação do modelo causal mecanicista baseado em forças que

‘causariam’ o comportamento através de uma ação temporal contígua, linear e

unidirecional. Afirmação da multideterminação do comportamento e ênfase na

descrição de relações funcionais recíprocas e biunívocas entre eventos constituem as

características principais deste grupo. Abaixo, exemplos nos Quadros 11 e 12.

44

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Quadro 11: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi

classificada como relação funcional.

TÍTULO: Radical Behaviorism and Scientific Frameworks - From Mechanistic to Relational

Accounts

AUTORES: Mecca Chiesa

FONTE: American Psychologist. 1992. Vol: 41(11), 1287-1299

Resposta verbal da autora de definir determinismo: “Hoje a concepção científica de

causação refere-se a eventos que ocorre, ‘como função’ de outros eventos e não em termos de

‘A exerce uma força em B’.” (p. 1289)

Quadro 12: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi

classificada como relação funcional.

TÍTULO: Conceptions of Determinism in Radical Behaviorism: A taxonomy

AUTORES: Brent D. Slife; Stephen C. Yanchar; Barnt Williams.

FONTE: Behavior and Philosophy. 1999. Vol: 27, 75-96.

Resposta verbal dos autores de definir determinismo: “A quarta e última categoria de

determinismo refere-se à noção de interdependência funcional... Quando essa perspective é

aplicada a análise do comportamento, o trabalho do behaviorista radical não é descobrir

causação, mas descrever relações funcionais que ocorrem entre o organismo e seu ambiente...

o vocabulário tradicional da ciência de ‘causa e efeito’ é abandonado nesta perspectiva.” (p.

92)

O segundo grupo consiste de definições que relacionam determinismo com o

modelo de seleção por conseqüências. Este segundo grupo, assim como o primeiro,

também se opõe a um modelo de causalidade mecânica e enfatiza a multideterminação

45

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do comportamento. Variação, seleção e inter-relação de diferentes níveis de

determinação (filogenético, ontogenético e cultural) do fenômeno comportamental são

características fundamentais destas definições. Exemplos nos Quadros 13 e 14.

Quadro 13: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi

classificada como seleção por conseqüências.

TÍTULO: Variação e Seleção: as novas possibilidades de compreensão do comportamento

humano

AUTORES: Nilza Micheletto.

FONTE: Sobre Comportamento e Cognição. 1997. Vol: 1, 116-129.

Resposta verbal da autora de definir determinismo: “A seleção por conseqüências como

um novo modelo que permite compreender a determinação do comportamento... envolve

ambientes selecionadores e um organismo que age. A determinação do ambiente não é

mecânica, e o organismo que age não é o iniciador... A seleção por conseqüências como um

modelo causal destaca o caráter processual e histórico do comportamento, um processo com

longas e diferentes extensões temporais, - da espécie, da vida do indivíduo e das práticas

culturais - que envolve uma análise histórica integrada dos três níveis em que a seleção opera

sobre o comportamento, tornando-o um objeto que se transforma como fruto de várias

determinações ambientais inter-relacionadas... Ação, variação e seleção e, conseqüentemente,

transformações são constitutivas dessa noção de determinação.” (p. 116, 120, 126, 127)

46

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Quadro 14: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi

classificada como seleção por conseqüências.

TÍTULO: Adaptation, Teleology, and Selection by Consequences

AUTORES: Jon D. Ringen

FONTE: Journal of the Experimental Analysis of Behavior. 1993. Vol: 60 (1), 3-15.

Resposta verbal do autor de definir determinismo: “… um modelo causal distinto que ele

[Skinner] nomeou de seleção por conseqüências... Embora a geração de variação, o processo

de seleção, e a interação entre variação e seleção sejam todos atualmente entendidos, como

processos causais eficientes, é muito claro que os processos de seleção não são mecanicistas.

Sistemas mecanicistas são regidos unicamente por princípios que fazem de estados posteriores

uma função temporalmente próxima de estados antecedentes. Princípios da seleção entendem

estados atuais como função de conseqüências passadas específicas de estados ainda mais

anteriores.” (p. 3, 8)

O terceiro grupo de definições se refere a concepções mecânicas de

determinismo, ou seja, concepções que se baseiam na ação de forças invariáveis e

necessárias que atuariam unidirecional, linear e contiguamente no fenômeno em

questão. O reflexo é um exemplo, apresentado algumas vezes pelos autores, desta

relação invariável de necessidade, no qual uma força (estímulo eliciador) desencadearia

a ação (resposta reflexa). A despeito de outras condições, sem o estímulo eliciador não

há resposta. Negação de forças ocultas sobrenaturais que determinam o comportamento,

afirmação de uma realidade imutável independente do sujeito que se comporta e critério

de verdade do conhecimento como correspondência ao objeto constituem características

encontradas neste grupo de definições. Abaixo, nos Quadros 15 e 16, encontram-se dois

exemplos.

47

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Quadro 15: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi

classificada como mecanicista.

TÍTULO: Contextualism: The World View of Behavior Analysis

AUTORES: Edward K. Morris

FONTE: Journal of the Experimental Child Psychology. 1988. Vol: 46, 289-323.

Resposta verbal de definir determinismo: “De acordo com a visão de mundo mecanicista…

na causação os elementos são entendidos como agindo um sobre o outro como fazem as forças

físicas. Os resultados são conexões tipo ‘corrente’ [chain-like connection] ou seqüências entre

estímulos e respostas. Causação flui do estímulo para a resposta de uma maneira que é

imediata, contígua e eficiente. O critério de verdade destes mecanismos causais é a

correspondência: dado que conhecimento no mecanicismo é conhecimento sobre a natureza de

uma ontologia realista, a verdade deste conhecimento é descoberta nas correspondências entre

propriedades da atividade da máquina ou em previsões entre o que é dito sobre máquinas (ex.

hipóteses) e como essas máquinas operam (ex. confirmações).” (p. 299)

Quadro 16: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi

classificada como mecanicista.

TÍTULO: Behavior Analysis and Mechanism: One is not the other

AUTORES: Edward K. Morris

FONTE: The Behavior Analyst. 1993. Vol: 16, 25-43.

Resposta verbal do autor de definir determinismo: “John Malone (1990) define

mecanicismo como...‘suposição de que explicações não devem se referir a agentes externos,

como demônios ou forças vitais' (p.53). Dito de outra maneira, explicações de fenômenos

naturais não podem se referir a agentes sobrenaturais, ou seja, agentes externos à natureza.

Como Malone (1990) observou, ‘isso é que é entendido como determinismo na ciência’

(p.45).” (p. 26)

48

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O quarto grupo refere-se a definições de determinismo que negam ou rejeitam

qualquer tipo de afirmação sobre a realidade, isentando-se, desta forma, de fazer

qualquer afirmação sobre a realidade da natureza. Para este grupo de definições a

aplicação do método científico permite ‘descobrir’ regularidades no comportamento,

mas isso não significa afirmar que o comportamento não seja um fenômeno

indeterminado, pois este grupo de definições isenta-se de fazer afirmações sobre a

natureza do seu objeto de estudo. Este grupo foi chamado de ‘determinismo

metodológico’. Este termo não é original e é usado por outros autores. Baldwin (1988),

por exemplo, usa o termo determinismo metodológico, como pode ser visto no Quadro

18. A seguir dois exemplos deste grupo de definições nos Quadros 17 e 18.

Quadro 17: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi

classificada como determinismo metodológico.

TÍTULO: Conceptions of Determinism in Radical Behaviorism: A taxonomy

AUTORES: Brent D. Slife; Stephen C. Yanchar; Barnt Williams.

FONTE: Behavior and Philosophy. 1999. Vol: 27, 75-96.

Resposta verbal dos autores de definir determinismo: “Deterministas científicos

distinguem os resultados dos seus métodos de afirmações metafísicas sobre a realidade. Eles

acreditam que o mundo é melhor estudado através da aplicação cuidadosa do método

científico. Previsão exata pode ser resultado deste estudo sistemático, na medida em que

tendências históricas são usadas para antecipar respostas ainda não evocadas de um

organismo. Entretanto, essas pressuposições (ex. previsibilidade) são puramente

metodológicas para um determinista científico; elas são inerentes ao método científico e ao

seu uso, e não precisam ser estendidas para a realidade por si mesma.” (p. 85)

49

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Quadro 18: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi

classificada como determinismo metodológico.

TÍTULO: Mead and Skinner: Agency and Determinism

AUTORES: John D. Baldwin

FONTE: Behaviorism. 1988. Vol: 16 (2), 109-127.

Resposta verbal do autor de definir determinismo: “... determinismo metodológico como

uma perspectiva que concentra seus esforços em descobrir regularidades na natureza... No

entanto, determinismo metodológico afirma apenas que vale a pena procurar por leis aqui, não

que elas existem com certeza aqui, e certamente não que elas necessariamente existem sempre

e em qualquer lugar (Kaplan, 1964, p. 124).” (p.112)

O quinto e último grupo foi classificado como ‘outros’, composto por definições

com características diversas. Referência a modelos causais teleológicos e afirmação do

comportamento como objeto de estudo próprio são exemplos de características das

definições deste grupo. Nos Quadros 19 e 20, seguem dois exemplos deste grupo.

Quadro 19: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi

classificada como ‘outros’.

TÍTULO: Behavioral Determinism: A Strategic Assumption?

AUTORES: Howard H. Kendler.

FONTE: American Psychologist. 1988. Vol: 43(10), 822-823.

Resposta verbal do autor de definir determinismo: “… Eu rotulo de determinismo

comportamental a consideração do ‘comportamento... como objeto de estudo no seu próprio

direito’ (Skinner, 1987, p. 780).” (p. 822)

50

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Quadro 20: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi

classificada como ‘outros’.

TÍTULO: Comments About Morris's Paper

AUTORES: Hayne W. Reese

FONTE: The Behavior Analyst. 1993. Vol: 16(1), 67-74.

Resposta verbal do autor de definir determinismo: "Determinismo é uma suposição

ontológica quando se refere à natureza das relações de causa e efeito e é uma suposição

epistemológica quando se refere à explicação. Epistemologicamente é uma negação da

causalidade finalista e do acaso [final and chance causality], mas ela não requer uma negação

dos antecedentes não materiais assumidos no mecanicismo teleológico e em versões do

‘idealismo objetivo’..." (p. 68, 69)

A seguir é apresentado na Figura 5 o número de artigos em que foram

identificadas respostas verbais de definir determinismo por grupo classificatório.

Figura 5. Número de artigos que apresentam respostas verbais de definir determinismo por grupo classificatório.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Relação Funcional Seleção porConseqüências

Mecanicismo DeterminismoMetodológico

Outros

Grupos de definições

Núm

ero

de a

rtig

os

51

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Respostas verbais de definir determinismo como ‘mecanicismo’ e como ‘seleção

por conseqüências’ foram as mais encontradas, 20 e 12 respostas verbais,

respectivamente. Respostas verbais de definir determinismo como ‘relação funcional’

foram encontradas nove vezes, seguidas de respostas verbais de definir determinismo

classificadas como ‘outros’, cinco respostas verbais. Apenas duas respostas verbais de

definir determinismo como ‘determinismo metodológico’ foram encontradas.

Respostas verbais de estabelecer relações entre determinismo e behaviorismo

radical

Foram identificados sete grupos de respostas verbais de estabelecer relações

entre behaviorismo radical e determinismo que serão definidos a seguir. Assim como

para as respostas verbais de definir determinismo, um único texto pode apresentar mais

de uma relação e ser contabilizado mais de uma vez. Portanto, a soma da quantidade de

respostas verbais que estabelecem relações entre behaviorismo radical e determinismo

ultrapassa o número total de artigos (77).

A Figura 6, que apresenta o número de artigos por tipo relação estabelecida entre

behaviorismo e determinismo, mostra que a relação de afastamento entre modelos

mecânicos de determinação e behaviorismo radical foi a mais identificada, em 34

artigos. Do outro lado, 11 artigos apresentaram respostas verbais de aproximar

behaviorismo radical de modelos mecânicos de determinação. Também é possível

observar que 14 artigos apresentam respostas verbais de afirmar o behaviorismo radical

como um sistema determinista (os artigos classificados neste grupo são apenas aqueles

que explicitamente usam o termo ‘determinismo’ e afirmam literalmente que o

behaviorismo radical é determinista, embora todas as relações identificadas neste

trabalho, exceto a relação de negação do determinismo, sejam relações deterministas),

52

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enquanto 11 artigos negam tal relação. 13 artigos apresentaram respostas verbais de

identificar o behaviorismo radical com um modelo que considera diferentes níveis de

determinação. Por fim, 12 artigos apresentaram respostas verbais de afirmar que o

behaviorismo radical busca nas variáveis externas ao organismo as causas do

comportamento e seis apresentaram respostas verbais de afastar o behaviorismo radical

de modelos causais teleológicos.

Figura 6. Número de artigos por tipo de resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical.

0

5

10

15

20

25

30

35

Negação dodeterminismo

Afirmação dodeterminismo

Afastamentodo

mecanicismo

Aproximaçãodo

mecanicismo

Afastamentoda teleologia

Causasexternas

Diferentesníveis de

determinaçãoRelações

Núm

ero

de a

rtig

os

A primeira relação estabelecida refere-se à negação do behaviorismo radical

como perspectiva determinista de compreensão do comportamento humano. Os autores

dos textos pertencentes a este grupo afirmam literalmente que o behaviorismo radical

não é uma filosofia determinista. O ponto central desta discussão gira em torno da

impossibilidade de uma predição total do comportamento e da sua natureza

53

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probabilística de emissão devido à interação das inúmeras variáveis que participam da

determinação do comportamento. Ver exemplos nos Quadros 21 e 22 abaixo.

Quadro 21: Exemplo de texto que classificado no grupo que afasta o behaviorismo radical de

uma perspectiva determinista de compreensão do comportamento humano.

TÍTULO: Mead and Skinner: Agency and Determinism

AUTORES: John D. Baldwin

FONTE: Behaviorism. 1988. Vol: 16 (2), 109-127.

Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: “Já que é difícil

prever exatamente quando um operante ocorrerá na presença dos seus Sd's, operantes não se

encaixam em modelos deterministas tão bem quanto eles se encaixam em modelos

probabilísticos que Mead propôs ... Nunca poderíamos obter conhecimento suficiente sobre a

genética das pessoas, história de condicionamento passada e estimulação atual para predizer

em detalhadamente a solução para novos problemas... Problemas novos confrontam as pessoas

com vários Sd's - muitos dos quais não exercem um forte controle de estímulos sobre

operantes específicos - misturados em padrões não familiares, tornando improvável que um

padrão ou uma resposta facilmente previsível surja... Claramente, modelos probabilísticos são

mais apropriados que modelos deterministas... Avanços na ciência do comportamento podem

sugerir a plausibilidade do determinismo para alguns, mas um sério reconhecimento da

natureza probabilística e imprevisível de vários tipos de comportamento tem o efeito oposto,

enfraquecer a suposição de que ‘o comportamento humano como um todo é totalmente

determinado'...” (p. 119, 120, 122)

54

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Quadro 22: Exemplo de texto classificado no grupo que afasta o behaviorismo radical de uma

perspectiva determinista de compreensão do comportamento humano.

TÍTULO: Why Skinner is difficult

AUTORES: Roy A. Moxley

FONTE: The Behavior Analyst. 1998. Vol: 21(1), 73-91.

Resposta verbal do autor sobre resposta verbal de Skinner de relacionar determinismo e

behaviorismo radical: "A concepção Laplaciana [concepção mecanicista] representou a

concepção padrão de determinismo científico no início da carreira de Skinner. Se Skinner

quisesse que seu determinismo (ex. de 1947) fosse visto diferentemente do de Lapalce, ele

nunca se incomodou em distinguir seu determinismo de uma interpretação que vários leitores

suporiam na ausência de distinções qualitativas… Skinner (1931) mostrou uma aceitação

inicial do determinismo ao dizer que 'o reflexo é importante na descrição do comportamento

porque, por definição, é uma afirmação da necessidade desta relação' (entre comportamento

e seu estímulo) (Cumulative Record, 1972, p. 449). Skinner estava ecoando uma das

pressuposições da tradição determinista e (mecanicista) na fisiologia… inicialmente, Skinner

pareceu acreditar que a descoberta da necessidade poderia ser feita detalhadamente... Mais

tarde, Skinner (1938, pp. 11, 443) mostrou alguma dúvida sobre se as implicações do

detalhamento minucioso do determinismo poderiam algum dia serem observadas

empiricamente... em 1947, Skinner formulou afirmações relativamente definitivas sobre o que

ele queria dizer com o determinismo, dizendo que era essencial assumir 'que [comportamento]

não pode ser perturbado [disturbed] pela ação caprichosa de qualquer agente livre [free

agent] - em outras palavras, que é completamente determinado [determined]' (p.23)… Essa

posição está alinhada com o determinismo clássico de um detalhamento exato [exactly

detailing], fórmula Laplaciana para todos eventos no universo... Depois, Skinner continuou a

propor o determinismo por um período, mas com afirmações ponderadas. Controle não era

55

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mais apresentado como uma ação/força [forcing] inexorável do operante discriminativo. Ao

invés, Skinner (1973) apresentou controle como uma mudança mais modesta na

probabilidade… além disso, Skinner apresentou o determinismo como uma questão de

plausibilidade e não como uma suposição essencialmente necessária... Das afirmações mais

seguras de 1947 e 1953, determinismo agora é qualificado com ‘não pode provar’, ‘mais

plausível’ e ‘possivelmente’... rachaduras começam a aparecer na aceitação do determinismo

por Skinner mesmo antes da publicação de 'Beyond Freedom and Dignity'. Essas rachaduras

revelam a maneira como Skinner ampliou seu uso do termo determinismo para um uso mais

amplo que se opõe ao uso mais comum. Além disso, Skinner dá um papel ao acaso que se

opõe a visão tradicional do determinismo que considera um universo caótico como uma

alternativa horrorosamente forçada a um universo determinado e ordenado... as rachaduras no

determinismo de Skinner continuaram a aparecer quando ele reconheceu que o acaso parecia

se opor a um sistema determinístico e deixou passar uma oportunidade de defender ou

reafirmar sua aceitação do determinismo... em seus anos finais, Skinner claramente apresentou

a variação randômica em lugar do determinismo como uma fonte para a origem do

comportamento em suas explicações… apelo ao determinismo é agora irrelevante para o tipo

de explicação que Skinner propõe... embora Skinner nunca tenha explicitamente rejeitado o

determinismo, ele o marginalizou a um ponto no qual ele [determinismo] era irrelevante para

o seu selecionismo." (Moxley, 1998, p. 84, 85, 86, 87, 88)

As respostas verbais que afastam o behaviorismo radical do determinismo em

muitos textos estão relacionadas a afirmações que destacam a ‘variação

randômica/acaso’ do fenômeno comportamental (8 dos 11 artigos). Tais afirmações

referem-se a uma desordem ou inconstância intrínseca do fenômeno sob estudo, o que

impede sua explicação e previsão. Assim como nas mutações, não se sabe a origem da

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emissão da primeira resposta operante, sendo sua emissão tida como aleatória ou ao

acaso.

Os textos que abordam este tema, ao falar de determinismo discutem o papel do

acaso ou variação randômica como base fundacional para o comportamento operante

em oposição a uma determinação completa. Em outras palavras, processos randômicos

controlariam a emissão de respostas operantes e isso contradiria, para estes autores, o

determinismo.

Quadro 23 : Exemplo de texto que aborda o tema ‘variação randômica/acaso’ ao emitir

respostas verbais de afastar behaviorismo radical e determinismo.

TÍTULO: Skinner: From Determinism to Random Variation

AUTORES: Roy A. Moxley

FONTE: Behavior and Philosophy. 1997. Vol: 25(1), 3-28.

Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: “As posições

instáveis de Skinner em relação ao determinismo mudaram para uma na qual o determinismo

era irrelevante... Será argumentado que Skinner poderia estar consciente, desde o começo das

suas publicações, de algumas questões conflituosas envolvidas no uso do determinismo e

variação randômica como uma fundação para o comportamento. Isso explicaria porque

Skinner mostrou um conflito inicial entre valores pragmatistas e deterministas e porque o seu

determinismo aumentou e diminuiu antes de ser substituído por sua preferência explícita pela

variação randômica como base fundacional para o comportamento operante.” (p. 3 e 4)

Além disso, 7 dos 11 artigos ao abordarem esta relação de afastamento do

determinismo destacaram o tema da ‘seleção por conseqüências/seleção natural’, ou

seja, referiram-se a um modelo causal com duas características básicas: variação e

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seleção. Seleção por conseqüências é discutida como um análogo nos níveis

ontogenético e cultural do modelo de seleção natural de Darwin que explica a evolução

das espécies (nível filogenético).

Respostas verbais que afastam o behaviorismo radical do determinismo também

freqüentemente (7 dos 11 textos), referem-se ao caráter probabilístico da unidade de

medida da análise do comportamento (probabilidade de respostas) e das previsões

comportamentais, em oposição a afirmações de certeza absolutas ou previsões absolutas

(100%). Alguns destes textos discutem o caráter probabilístico da unidade de medida da

análise do comportamento (probabilidade de respostas) como uma oposição a qualquer

afirmação determinista sobre o comportamento. Em outras palavras, para os autores

destes textos, o fato de a análise do comportamento fazer afirmações e previsões apenas

de ordem probabilística sobre o comportamento invalidaria qualquer tipo de afirmação

de certeza absoluta (determinismo), visto que a certeza absoluta ou previsão total

(100%) não possui um caráter probabilístico.

Quadro 24: Exemplo de texto que aborda o tema da probabilidade quando do estabelecimento

de respostas verbais de afastar behaviorismo radical e determinismo.

TÍTULO: Operant Reinforcement Theory and Determinism

AUTORES: Robert H. Vorsteg

FONTE: Behaviorism. 1974. Vol: 2, 108-119.

Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: “...

[condicionamento operante] um processo no qual um aspecto identificável do comportamento

por parte de um organismo em um dado conjunto de circunstâncias é reforçado, com o

resultado de que nestas mesmas circunstâncias há uma probabilidade aumentada de que uma

resposta similar ocorrerá... Fenômenos explicados em termos de leis probabilísticas não são

nem precisam ser deterministas.” (Vorsteg, 1974, p. 114, 118)

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Com menor freqüência, a possibilidade de prever e controlar, cinco e quatro

artigos respectivamente, também está relacionada com respostas verbais de negar o

behaviorismo radical enquanto uma perspectiva determinista de compreensão do

comportamento humano.

Quadro 25: Exemplo de texto que aborda os temas ‘predição e controle’ ao emitir respostas

verbais de afastar behaviorismo radical e determinismo.

TÍTULO: Behaviorism: Methodological, Radical, Assertive, Skeptical, Ethological, Modest,

Humble, and Evolving

AUTORES: Allen Neuringer

FONTE: The Behavior Analyst. 1991 Vol. 14(1), 43-47.

Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: O determinista

behaviorista espera prever e controlar todo comportamento, pelo menos em teoria. Do outro

lado, eu hipotetizo que vários comportamentos são imprevisíveis, mesmo com conhecimento

total de todas as variáveis controladoras. Apenas após sua emissão sentido pode ser dado para

estes comportamentos imprevisíveis. Explicações ‘post-hoc’ (em oposição à predição e

controle) podem ser a única coisa possível para alguns comportamentos às vezes... Instâncias

autônomas não podem ser previstas pelo emissor do comportamento ou por observadores

externos. Do outro lado, como implícito nos comentários de Nevin, a classe [set] pode ser

prevista. Deste modo, determinismo se aplica à classe [set] e indeterminismo à instância.

(Neuringer, 1991, p. 46)

A análise deste conjunto de artigos também revelou que, embora presente desde

a década de 70, a maioria dos artigos se concentra no período de 1994 a 1999 (ver

Figura 7, página 82). Além disso, dentre os 11 artigos deste tipo, 7 foram de autoria de

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Roy A. Moxley enquanto que os restantes apresentavas diferentes autores. Todos os

artigos de Roy A. Moxley foram publicados entre 1996 e 2003. Desconsiderando os

textos do referido autor, restariam apenas quatro publicações neste grupo, sendo a mais

recente datada de 1994. Portanto, a afirmação de que o behaviorismo radical não é

determinista parece não ter ocorrido nos últimos anos na comunidade de analistas do

comportamento.

O segundo tipo de relação estabelecida refere-se à afirmação do behaviorismo

radical como uma perspectiva determinista de compreensão do comportamento

humano, em contraste direto com a relação descrita acima de negação desta perspectiva.

Vale relembrar o leitor que os artigos classificados neste grupo são aqueles que

explicitamente usam o termo ‘determinismo’ e afirmam literalmente que o

behaviorismo radical é determinista. Ainda vale relembrar que todos os tipos de

relações apresentadas a seguir, são relações deterministas.

Liberdade humana (livre arbítrio), falta de conhecimento sobre todas as variáveis

que participam da determinação do comportamento e suas interações e,

conseqüentemente, capacidade de predição e controle do comportamento constituem o

foco dos textos que afirmam que o behaviorismo radical é determinista. Estes temas não

necessariamente aparecem conjuntamente em todos os artigos, eles são tratados

diferentemente e muitas vezes um mesmo aspecto ou característica é usado para

defender tanto a negação do determinismo como sua afirmação. Por exemplo, a

probabilidade é invocada no Quadro 21 como uma característica que corrobora a

posição de que o behaviorismo radical não é uma filosofia determinista. Já no Quadro

26 abaixo, probabilidade e determinismo não são entendidos como conceitos opostos.

Aliás, de certa forma, estes dois conceitos são usados como complementares formando

o conceito de ‘determinismo probabilístico’. Neste sentido, a possibilidade de predição

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total (100%) do fenômeno comportamental não é característica fundamental do

determinismo para o texto do Quadro 26, diferentemente do texto do Quadro 21.

Quadro 26: Exemplo de texto classificado no grupo que afirma o behaviorismo radical como

uma perspectiva determinista de compreensão do comportamento humano.

TÍTULO: Determinação do comportamento e intervenção social: a contribuição da análise

experimental do comportamento.

AUTORES: Silvio Paulo Botomé

FONTE: Cadernos de Análise do Comportamento. 1982. Vol: 2(3), 30-68.

Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: “... não há um único

e simples determinante ("causa") para cada evento ("efeito") e sim vários possíveis

determinantes para um mesmo evento. É o que marca a passagem de um determinismo

absoluto ("há uma causa") para um determinismo apenas probabilístico (onde encontramos

vários possíveis e atuais "eventos ou condições" determinando o comportamento).

Probabilístico é o tipo de determinismo que a ciência - e dentro dela a Análise Experimental

do Comportamento - defende... O problema básico na controvérsia sobre determinismo parece

ser a suposição de que "determinismo" e "possibilidade de determinar" são a mesma coisa. O

conhecimento exato e a possibilidade de determinação total são tendências (como o conceito

de infinito) que a ciência não afirma como sendo sua característica ou capacidade. Os eventos

ou condições que interferem na determinação são inúmeros e há sempre a possibilidade de

haver fatores desconhecidos que também interferem. Além disso, cada evento ou condição

interage com os outros em número e intensidade variável, alterando a própria interferência de

cada um com o que é determinado. A probabilidade de predição de um "efeito" fica, assim,

relativa, de acordo com o número de fatores, interações entre eles, conhecimento que se tem,

etc.” (p. 34)

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Outros textos discutem a probabilidade como um recurso utilizado em

momentos nos quais não se tem conhecimento de todas as variáveis que participam da

determinação do fenômeno nem de suas interações. Exemplo no Quadro 27, abaixo.

Quadro 27: Exemplo de texto que aborda o tema da probabilidade ao emitir respostas verbais de

aproximar o behaviorismo radical do determinismo.

TÍTULO: Uncertainty About Determinism: A Critical Review of Challenges to the

Determinism of Modern Science

AUTORES: Lawrence E. Fraley

FONTE: Behavior and Philosophy. 1994. Vol: 22(2), 71-83.

Resposta verbal do autor sobre resposta verbal de Skinner no tocante a relação entre

determinismo e behaviorismo radical: “Skinner e outros têm sustentado que complexidade

não nega o determinismo. Apenas complica a tarefa de mensuração... Isso é consistente com a

crença duradoura de Skinner de que o comportamento era uma reação natural de um

organismo ao seu ambiente controlador, e que a forma particular do comportamento exibido

sempre foi estritamente determinada... Skinner reconheceu a complexidade [de traçar todas as

variáveis que participam da determinação do comportamento] no controle antecedente de

comportamentos operantes exibidos, mas a evidência é clara que ele não abandonou a ciência

natural e determinista em face da complexidade, como outros fizeram. Skinner teve outra

abordagem. Ele apelou para a ciência da probabilidade, que é a ciência do manejo da

ignorância que faz predições não específicas para variáveis dependentes que são parcialmente

dependentes em antecedentes não mensuráveis e geralmente não detectados.” (Fraley, 1994,

p. 76, 80, 81)

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Dentre os 14 artigos que formam este grupo (Figura 6), ‘liberdade’ foi o tema

mais freqüentemente abordado, presente em cinco artigos. Nestas análises o

determinismo atribuído ao behaviorismo radical é discutido em contraste direto com a

idéia de que o comportamento humano não seja determinado, posição na qual o

indivíduo teria uma ‘escolha livre’, independente das diversas variáveis que influenciam

o comportamento. É interessante notar que defender o comportamento livre é dizer que

quem decide, escolhe ou determina seu comportamento é o próprio indivíduo que se

comporta. Portanto, a questão da liberdade e do livre arbítrio é, na verdade, uma questão

de autodeterminação versus uma determinação ambiental ao indivíduo que se comporta.

Quadro 28: Exemplo de texto que aborda o tema ‘liberdade/autodeterminação` ao emitir

respostas verbais de afirmar o determinismo.

TÍTULO: Defying Determinism

AUTORES: Maxine Greene

FONTE: Teachers College Record. 1972 Vol: 74(2), 147-154.

Resposta verbal do autor sobre resposta verbal de Skinner de relacionar determinismo

e behaviorismo radical: “Existem numerosos exemplos de argumentos e contra argumentos

que presume a possibilidade do determinismo e implicitamente invalidam o livre arbítrio... B.

F. Skinner, cujo livro Beyond Freedom and Dignity parece expor liberdade como uma ilusão

e dignidade como uma hipocrisia.... Skinner nega a existência da autonomia e justifica o que

levam outros ao desespero... seu objetivo é modelar uma visão de uma utopia que pode ser

conseguida através do controle deliberado do comportamento, algo que ele não proporia caso

acreditasse no livre arbítrio... Para ele [Skinner], o conceito de liberdade se desenvolveu

através do tempo principalmente baseado nas experiências dos homens de se afastarem de

reforços negativos ou aversivos... Nossa esperança está, diz Skinner, não em libertar os

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homens do controle mas em aperfeiçoar as técnicas de controle e reforçamento no ambiente

social o que induzirá seres humanos a viverem juntos pacificamente e produtivamente. A

noção de autonomia humana tem que ser sacrificada já que é o ambiente que é responsável

por repertórios comportamentais, não a escolha humana, certamente não o livre arbítrio...

Ainda permanece, a despeito de Skinner e Ryle - a experiência existencial de ser capaz de

exercer o livre arbítrio, de ser capaz de escolher fazer ou não certas coisas... Somente se o

ambiente fosse severamente restrito, como no Walden Two de Skinner, predições deste tipo

[predições de escolha] poderiam se tornar realmente eficientes.” (Greene, 1972, p. 147, 148,

149, 150, 152)

‘Seleção por conseqüências/seleção natural’, ‘previsão’, ‘controle’ e ‘variação

randômica/acaso’ foram outros temas abordados na afirmação do determinismo no

behaviorismo radical (3 dos 14 artigos). No Quadro 29 exemplo de texto que aborda o

tema ‘variação randômica/acaso’ ao afirmar o behaviorismo radical como uma

perspectiva determinista de compreensão do ser humano.

Quadro 29 : Exemplo de texto que aborda o tema ‘variação randômica’ ao emitir respostas

verbais de aproximar behaviorismo radical e determinismo.

TÍTULO: Beyond Pride and Humility

AUTORES: John A. Nevin

FONTE: The Behavior Analyst. 1991. Vol: 14(1), 35-36.

Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: “No seu argumento

em favor da humildade na questão do determinismo, Neuringer discute a aleatoriedade

[randomness] do comportamento como um problema para o determinismo. Aleatoriedade

[randomness], por sua vez, sugere a possibilidade de um gerador endógeno de aleatoriedade.

Mas se tal coisa existe, presumivelmente ela resulta de processos evolucionários da mesma

maneira que, digamos, o aparelho sensório motor do pombo.” (Nevin, 1991, p. 36)

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A afirmação de que o behaviorismo é uma filosofia determinista aparece

presente da década de 70 até a década atual (ver Figura 8, página 82). Interessante notar

que, embora tal afirmação tenha ‘sempre estado presente’, o número de artigos que

fazem tal afirmação explicitamente (14) é pequeno em relação ao total de artigos que

abordam a questão do determinismo (77). Isso evidencia que tal afirmação parece ser

consenso entre os autores que publicam sobre o tema, exceto para os que negam que o

behaviorismo radical seja determinista. Mais que isto, parece que a discussão que

envolve respostas verbais de afirmar e negar o behaviorismo radical enquanto uma

filosofia determinista diminuiu a partir de 2000. Na verdade, ao examinar as Figuras 7 e

8 (página 82), é possível constatar que, com exceção do fim da década de 90 no qual

houve uma concentração de publicações sobre estas relações, este tipo de discussão

aparece muito diluído desde a década de 70.

A terceira relação é de proximidade entre behaviorismo radical e modelos

causais mecanicistas: modelos baseados na unidirecionalidade, linearidade e

contigüidade espaço-temporal. A causa de um fenômeno, para estes modelos, é

considerada como o evento imediatamente anterior ao fenômeno sob investigação. No

Quadro 30, afirmações ontológicas sobre aspectos do mundo que existem

independentemente do organismo que interage com eles são consideradas pelos autores

como uma característica que aproxima o behaviorismo radical do mecanicismo.

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Quadro 30: Exemplo de texto classificado no grupo que aproxima o behaviorismo radical de

uma perspectiva mecanicista de compreensão do comportamento humano.

TÍTULO: Mechanistic Ontology and Contextualistic Epistemology: A Contradiction Within

Behavior Analysis

AUTORES: Dermot Barnes e Bryan Roche.

FONTE: The Behavior Analyst. 1994. Vol: 17(1), 165-168.

Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: "Hayne Reese

(1993) sugerem que a ontologia da análise do comportamento é mecanicista, mas que sua

epistemologia é contextualista. Nós concordamos com esta descrição, mais especificamente,

concordamos que o comportamento verbal da maioria dos analistas do comportamento é

consistente com essa perspectiva... Skinner [em Ciência e Comportamento Humano, 1953]

claramente sugere que o mundo existe em partes ‘ao nosso redor’ (ex. independentemente da

gente) e que essas partes são governadas por leis que podemos descobrir e usar. A idéia de que

podemos descobrir leis que regem partes independentes do universo é patentemente

mecanicista. Em outras palavras, se falamos de um universo físico real, estamos dizendo que

estímulos têm alguma forma de existência além do nosso comportamento; essa posição

claramente contradiz a epistemologia analítica comportamental, na qual não pode haver

estímulos (ex. universo físico) se não existe organismo para prover respostas que definem

estes estímulos... a ontologia sugerida aqui entende a realidade como uma interação entre

observador e observado. Realidade não é nem o universo físico nem um mundo mental.

Realidade é uma interação comportamental - nem é o estímulo nem a resposta - mas sua

interação co-definidora [codefining]... Deste modo, a ontologia contextualista é ela própria

interação comportamental." ( p. 165,166, 168)

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Alguns destes artigos, ao discutirem o mecanicismo, fazem-no em relação ao

‘contextualismo’. Este tema foi abordado em 7 dos 11 artigos que compõem este grupo.

Para os contextualistas, o comportamento é entendido como um fenômeno histórico e

contextual, no qual as suas múltiplas variáveis controladoras interagem de inúmeras

maneiras, a partir de uma história passada e de acordo com o contexto em vigor, na

determinação do comportamento.

O tema‘ contextualismo’ sempre foi abordado como um contra ponto ao

mecanicismo. Os diferentes autores que abordam ‘contextualismo’ ao aproximar

behaviorismo radical de modelos mecânicos de causalidade, defendem que o

behaviorismo radical apresenta características de modelos mecânicos, como a afirmação

de uma realidade independente do sujeito, e não de modelos contextualistas. O Quadro

30 também mostra o debate ‘contextualismo’ x ‘mecanicismo’. Vale ressaltar que o

texto do referido quadro foi classificado em duas relações simultaneamente:

aproximação e afastamento do mecanicismo (quarta relação proposta).

Dois textos que aproximaram o behaviorismo radical do mecanicismo

abordaram o tema ‘Seleção por conseqüências’. Um destes textos, assim como o

exemplo do Quadro 30, foi categorizado em duas relações, aproximação e afastamento

do mecanicismo. Neste texto, quando o tema ‘seleção por conseqüências/seleção

natural’ foi abordado o autor estava mostrando características que afastam o

behaviorismo radical do mecanicismo. No entanto, o outro texto que abordou o tema

‘seleção por conseqüências/seleção natural’ teve como ponto central da sua discussão

mostrar que o modelo de seleção por conseqüências não pode se constituir como um

modelo causal. Ver Quadro 31.

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Quadro 31: Exemplo de texto que não considera o modelo de seleção por conseqüências um

modelo causal ao emitir respostas verbais de aproximar o behaviorismo radical de modelos

mecanicistas.

TÍTULO: Causal Constructs and Conceptual Confusions.

AUTORES: Hayes, L. J.; Adams, M. A.; Dixon, M. R

FONTE: The Psychological Record. 1996. Vol: 46, 97-112.

Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: “Nós acreditamos

que [reforçamento como seleção] pode ser descrita como uma tentativa de sua parte [de

Skinner] de se afastar de maneiras mais mecanicistas de pensar. Não acreditamos que esta

tentativa obteve sucesso... Primeiro, ambas, biologia evolucionária e condicionadores

operantes [operant conditioners] liderados por Skinner (Skinner, 1981, p. 501; Baum, 1995;

Catania, 1992) consideram seleção como um processo causal. Como já discutido, porém,

influência causal não é característica de eventos mas das nossas descrições de eventos, e este é

o caso independentemente do subconjunto de eventos em questão. Em outras palavras, a

hipótese biológica de seleção natural é tão estranha [is as much at odds with] aos eventos da

evolução das espécies como é a hipótese analítica comportamental do desenvolvimento de

repertório através da seleção por conseqüências. Não existem forças causais entre eventos,

independentemente da maneira como são concebidos. Além disso, como processo causal,

seleção implica em duas categorias de eventos, aqueles que selecionam e aqueles que são

selecionados. Natureza, no entanto, não é dividida em categorias. Categorias são produtos de

atos de categorização - eles pertencem ao campo das reações a eventos, não ao campo dos

eventos. Em resumo, seleção por conseqüências é uma construção - derivada de eventos - mas

que também faz referência a fatores não encontrados entre os eventos...” (Hayes; Adams;

Dixon, 1996, p. 104, 105, 106, 107, 108, 109, 110)

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Vale notar que quase metade dos artigos deste grupo se concentra

eminentemente em 1993 e que 10 dos 11 artigos foram publicadas entre 1992 e 1997

(ver Figura 9, página 82), mostrando que a aproximação entre behaviorismo radical e

modelos mecânicos de causalidade não tem sido proposta por quase 10 anos. Essa pausa

relativamente longa de publicações que aproximam o behaviorismo radical do

mecanicismo, juntamente com o pequeno número de publicações que propuseram tal

relação (11 dos 77 artigos) podem servir de base para a afirmação de que essa relação

está sendo superada pelos autores analisados. Importante lembrar que, como foi

mostrada na análise das fontes, grande parte do público que tem acesso a esta discussão

são analistas do comportamento. Neste sentido, não aproximar o behaviorismo radical

de modelos mecânicos de causalidade parece ser uma relação superada para a

comunidade de analistas do comportamento.

A quarta relação identificada é de afastamento entre behaviorismo radical e

modelos causais mecanicistas. Ao estabelecer tal relação, os autores recorrem a vários

elementos para fundamentar suas afirmações. No Quadro 32, é possível observar a

negação da noção de força, unidirecionalidade, linearidade e contigüidade espaço

temporal, elementos característicos de modelos mecânicos. Além disso, é possível

observar, ainda neste exemplo, que a autora se baseia em temas como ‘relação

funcional’ e ‘seleção por conseqüências/seleção natural’ para se opor ao mecanicismo.

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Quadro 32: Exemplo de texto classificado no grupo que afasta o behaviorismo radical de uma

perspectiva mecanicista de compreensão do comportamento humano.

TÍTULO: Radical Behaviorism and Scientific Framework: From Mechanistic to Relational

Accounts

AUTORES: Mecca Chiesa

FONTE: American Psychologist. 1992. Vol: 47 (11), 1287-1299.

Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: “Influenciado pela

análise de Mach, Skinner substitui força, causalidade puxa-empurra, pelas relações funcionais

de Mach. Como em outras ciências naturais contemporâneas, causa no behaviorismo radical é

destituída de sua conotação mais antiga de força ou ação [agency]. Além de se distanciar de

concepções populares de causa como força ou ação [agent] que produz mudança, o

behaviorismo radical também se distancia da tradicional metáfora da corrente [chain

metaphor], que requer que (como máquinas) relações causais sejam contíguas no espaço e

tempo, que lacunas entre causa e efeito sejam preenchidas por uma seqüência de eventos que

mantêm relação de sucessão... Em contraste, behaviorismo radical adota um modelo causal

que não precisa prover conexões mediadoras entre eventos, que não é seqüencial e que não

pressupõe contigüidade no tempo e espaço. É um modelo que engloba causação através do

tempo (história de vida, experiência) e tem sido comparado com o modelo darwiniano de

seleção por variação... Behaviorismo radical apela para a seleção de características do

comportamento, através do tempo, dentre uma vasta gama de possibilidades disponíveis para

o indivíduo (seleção por variação: ontogenético)... Seleção ocorre através do tempo, não

necessariamente em uma relação temporal ou espacial imediata com o repertório de interesse."

(Chiesa, 1992, p. 1290, 1291)

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Dos 34 artigos que compõem este grupo (Figura 6), 17 abordaram o tema

‘seleção por conseqüências/seleção natural’ e 12 abordaram o tema ‘relação funcional’

para se oporem ao mecanicismo. O tema ‘relação funcional’ refere-se a um modelo que

atenta para relações constantes e recíprocas (bidirecionais em oposição a

unidirecionalidade) entre eventos, como também é possível observar no Quadro 32. Este

dado revela que ambos os temas são usados freqüentemente ao se afastar o

behaviorismo radical de modelos mecânicos. Importante notar que nem sempre estes

temas ocorrem juntos quando os autores afastam o behaviorismo radical de noções

mecânicas de causalidade. Em vários artigos, apenas uma destas noções de

determinismo é apresentada. Somente sete artigos apresentam ambos os aspectos como

noção alternativa ao mecanicismo.

Oito artigos abordaram os temas ‘contextualismo’ e ‘variação randômica/acaso’

para fundamentar sua posição anti-mecanicista. Interessante notar que dos oito artigos

que se fundamentam no tema da ‘variação randômica/acaso’ para afastar behaviorismo

radical do mecanicismo, seis foram escritos por Roy A. Moxley. Este dado mostra que o

referido tema não é muito utilizado por diferentes autores que estabelecem tal relação,

diferentemente de ‘seleção por conseqüências/seleção natural’, ‘relação funcional’ e

‘contextualismo’, que foram abordados por 8, 10 e 8 autores diferentes,

respectivamente. Vale chamar atenção para o fato de que os outros dois autores que se

fundamentam no tema ‘variação randômica/acaso’ para afastar o behaviorismo radical

do mecanicismo não abordam concomitantemente o tema ‘seleção por

conseqüências/seleção natural’, como fez Roy A. Moxley em cinco dos seus seis artigos

que abordaram ‘variação randômica/acaso’ para afastar behaviorismo radical do

mecanicismo.

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‘Probabilidade’ foi outro tema abordado por autores que afastaram o

behaviorismo radical de modelos causais mecanicistas. Nos cinco artigos que analisam

este afastamento abordando o tema ‘probabilidade’, os autores discutem o caráter

probabilístico do comportamento.

‘Teleologia’ também foi mais um tema encontrado nas respostas verbais que

afastam o behaviorismo radical de modelos mecanicistas de determinação. ‘Teleologia’

refere-se a modelos causais finalistas nos quais as causas do comportamento estariam no

futuro, dirigidas para o futuro, em conseqüências do comportamento que ainda não

ocorreram, ao invés de estarem na história passada de condicionamento. Diferentes

autores, ao falarem das características do modelo de causalidade do behaviorismo

radical, o afastam-no de noções causais teleológicas ou finalistas. A seguir, exemplo no

Quadro 33.

Quadro 33: Exemplo de texto que aborda a ‘teleologia’ ao emitir respostas verbais de afastar

behaviorismo radical de modelos mecanicistas de determinação do comportamento humano.

TÍTULO: O Modelo de Consequenciação de B. F. Skinner (O controle pela conseqüência no

desenvolvimento da cultura).

AUTORES: Andery, M. A. P. A. e Sério, T. M. A. S.

FONTE: Psicologia: Teoria e Pesquisa. 1989. Vol: 5 (2), 149-155.

Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: [Skinner] ao negar

uma história teleológica (CR, p. 41), corretamente do nosso ponto de vista, só permanece a

alternativa de descobrir na construção da história as determinações do presente. No entanto, ao

abordá-la como um paralelo da evolução, a história acaba sendo reduzida à seleção (acaba por

ser reduzida a casos que foram selecionados e mantidos) e, assim, acaba por ser assumida

como um processo que simplesmente existiu (e existe), mas cuja importância se esgota no

momento da seleção e não pode, deste modo, ser compreendida como um determinante real da

cultura. (p. 153)

72

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Analisando a distribuição dos artigos classificados neste grupo através do tempo

(ver Figura 10, página 82), nota-se que há 2 artigos na década de 80, 1982 e 1984,

publicados logo depois do artigo Selection by Consequences de 1981. No entanto, é só

na década de 90 que há uma grande freqüência de respostas verbais em que ocorrem

esta relação. Os últimos artigos localizados que estabelecem essa relação datam de

2001. Este dado revela ainda ser atual a relação de afastamento entre behaviorismo

radical e modelos mecânicos, diferentemente da relação anterior que os aproxima. Além

disso, a quantidade de artigos nos quais foi identificada tal relação, quase metade do

total de artigos, mostra a importância da mesma para a comunidade científica.

O quinto tipo de relação estabelecida se refere ao afastamento do behaviorismo

radical de modelos de causalidade teleológicos ou finalistas, nos quais as causas do

comportamento estariam no futuro, nas conseqüências futuras do comportamento, e não

na história passada de condicionamento. Exemplo no Quadro 34.

Quadro 34: Exemplo de texto classificado no grupo que afasta o behaviorismo radical de

modelos causais teleológicos ou finalistas.

TÍTULO: O modelo de seleção por conseqüência e a subjetividade

AUTORES: Maria Amália P. A. Andery

FONTE: Sobre Comportamento e Cognição. 1997. Vol: 1, 197-206.

Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: “... o modelo de

seleção por conseqüências, permite a Skinner definitivamente resolver o problema da

teleologia: é através deste modelo que se esclarece a aparente finalidade das mudanças

comportamentais; é através dele que se esclarece que o ambiente opera como um selecionador

e não como um indicador da direção a ser seguida por uma espécie, indivíduo, ou uma

cultura.” (p. 199)

73

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Dois temas aparecem regularmente neste grupo de artigos: ‘seleção por

conseqüências/seleção natural’ e ‘mecanicismo’. Dos seis artigos nos quais foi

identificada esta relação, quatro abordam estes dois temas. Como pode ser visto no

Quadro 34, a autora parece encontrar no modelo de ‘seleção por conseqüências/seleção

natural’ um contra ponto ao modelo causal finalista. Do outro lado, parece que os

autores não se baseiam no ‘mecanicismo’ como um contra ponto ao modelo teleológico.

A freqüência com que o tema ‘mecanicismo’ aparece nos textos deste grupo parece

estar relacionada com o fato de que, constantemente, este tema é abordado

conjuntamente com o tema ‘seleção por conseqüências/seleção natural’ (ver a quarta

relação identificada). Por fim, os temas ‘relação funcional’, ‘eventos

privados/subjetividade’ e ‘liberdade’ também aparecem nesta relação, porém em poucos

artigos. ‘Relação funcional’ e ‘eventos privados/subjetividade’ em dois artigos e

‘liberdade’ em apenas um artigo.

Ao analisar este grupo de textos através dos anos (ver Figura 11, página 82) é

possível observar que embora tenha havido publicações nas décadas de 70 e 80, é na

década de 90 que elas se concentram, sendo a última publicação localizada em 1997. É

possível inferir, a partir deste dado, que o afastamento do behaviorismo radical de

modelos teleológicos é consenso na comunidade científica e, portanto, não mais

discutido. O baixo número de publicações que estabelecem essa relação, 6 dos 77

artigos, também corrobora tal conclusão.

O sexto tipo de relação estabelecida identifica o modelo de determinação do

behaviorismo radical como um modelo no qual ‘as causas’ do comportamento estão em

variáveis ambientais externas ao organismo que se comporta, em oposição a modelos

de determinação que procuram ‘as causas’ do comportamento em variáveis

organísmicas (eventos privados e estados mentais). Geralmente, como pode ser visto no

74

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Quadro 35, a discussão gira em torno da natureza destes estímulos e de suas relações

funcionais com estímulos externos.

Quadro 35: Exemplo de texto classificado no grupo que identifica o modelo de determinação do

behaviorismo radical como um modelo que busca as causas do comportamento em variáveis

ambientais externas ao organismo.

TÍTULO: Respuestas de J. R. Kantor y de B. F. Skinner a las Preguntas Epistemológicas

Básicas

AUTORES: Blanca Patrícia Ballesteros; Amanda Rey

FONTE: Revista Latino Americana de Psicologia, 2001. Vol: 33(2), 177-197.

Resposta verbal das autoras sobre resposta verbal de Skinner de relacionar

determinismo e behaviorismo radical: “Skinner falou de estímulos proprioceptivos e

interoceptivos, não porque são causas do comportamento observável por terceiros, mas sim

porque adquirem a função dos estímulos ambientais que os eliciam ou evocam. Mas sem a

relação com o ambiente (seja filogenético ou ontogenético) os eventos privados não

discriminariam nada... Desta forma, no nível ontogenético, não implica considerar o

organismo e suas trocas internas como causa do comportamento, dado que a natureza dos

eventos privados e públicos é a mesma.” (p. 183, 185)

Este tipo de discussão engloba a maior parte dos textos deste grupo e é refletido

nos textos que abordam os temas ‘relação funcional’ e ‘eventos privados/subjetividade’.

Este último se refere a eventos que acontecem dentro da pele de um indivíduo e por essa

razão só passíveis de serem observados por ele mesmo. Este tema surge quando se é

discutido o papel causal dos eventos privados. Diferentemente do tema

‘liberdade/autodeterminação’, a discussão aqui não gira em torno da ‘escolha livre’ ou

da ‘suposta’ autonomia do indivíduo em relação às influências do ambiente externo,

75

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mas sim em torno do papel dos eventos privados na determinação do comportamento e

da sua natureza. Exemplo no Quadro 36.

Quadro 36: Exemplo de texto que aborda o tema ‘eventos privados/subjetividade’ ao emitir

respostas verbais de aproximar o behaviorismo radical de modelos que buscam as causas

comportamento em variáveis ambientais externas ao organismo.

TÍTULO: Eventos privados em uma psicoterapia externalista: causa, efeito ou nenhuma das

alternativas?

AUTORES: Rodrigues, J. A.; Sanabio, E.T.

FONTE: Sobre Comportamento e Cognição. 2001. Vol: 8, 206, 216.

Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: “Eventos privados

são comportamentos e, como os demais (públicos), resultam da história genética e ambiental

dos indivíduos (Skinner, 1974). Isto é, comportamentos privados são variáveis dependentes e,

enquanto tais, não podem ser considerados causas primárias (iniciadoras) de outros

comportamentos (público ou privado, verbal ou não verbal). Isto não implica em dizer que os

eventos privados não influenciam comportamento. É possível que sim. Comportamentos

privados, como os comportamentos públicos, podem assumir funções de estímulo e, dessa

forma, participar da determinação do comportamento subseqüente...” (p. 207)

Dentre os 12 artigos deste grupo (Figura 6), 8 abordam o tema ‘eventos

privados/subjetividade’, enquanto que os outros 4 artigos fazem afirmações sobre um

determinismo externalista sem discutir o papel dos eventos privados. Cinco artigos

abordaram o tema ‘relação funcional’ e, destes cinco, quatro artigos abordaram ‘eventos

privados/subjetividade’ ao mesmo tempo. Apesar da maioria dos artigos abordarem

estes dois temas mencionados acima, vários outros temas (‘controle’, ‘predição’,

‘probabilidade’, ‘teleologia’, ‘seleção por conseqüências/seleção natural’,

76

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‘liberdade/autodeterminação’, ‘mecanicismo’ e ‘contextualismo’) foram abordados,

porém poucas vezes.

Os 12 artigos classificados neste grupo encontram-se distribuídos desde a década

de 70 até a década atual, sendo as últimas publicações identificadas em 2001 (Figura 12,

página 82). Este dado mostra que discussões acerca do papel causal dos eventos

privados nunca saíram de foco, constituindo-se ainda como discussão atual. Do outro

lado, a quantidade de artigos que estabelecem esta relação parece indicar uma menor

importância para este tipo de discussão.

O sétimo e último tipo de relação identificada alinha o behaviorismo radical com

um modelo de determinação que afirma que o comportamento é resultado de diferentes

níveis de determinação (ex.: filogenético, ontogenético e cultural). Todos os textos deste

grupo se baseiam no tema ‘seleção por conseqüências/seleção natural’. Exemplo no

quadro 37.

Quadro 37: Exemplo de texto classificado no grupo que alinha o behaviorismo radical com um

modelo causal que considera diferentes níveis de determinação.

TÍTULO: Skinner e o lugar das variáveis biológicas em uma explicação comportamental

AUTORES: Marcus Bentes de Carvalho Neto; Emmanuel Zagury Tourinho

FONTE: Psicologia: Teoria e Pesquisa. 1999. Vol: 15, 45-53.

Resposta verbal dos autores sobre resposta verbal de Skinner de relacionar

determinismo e behaviorismo radical: "O comportamento seria, para Skinner (1953/1989 e

1966/1980), um produto da interação entre o organismo (com sua base genética) e seu

ambiente (histórico e imediato). Não existiria organismo que não estivesse inserido em um

meio nem existiria comportamento a ser estudado sem a presença de um organismo

constituído filogeneticamente... Skinner(1981/1984a) apresenta um modelo explicativo para o

77

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comportamento humano que consistiria basicamente de dois processos complementares

(variação e seleção) que atuariam em três níveis distintos (filogênese, ontogênese e práticas

culturais). Ao nível ontogenético, por exemplo: (a) existiria uma ampla variedade, topográfica

e funcional, de comportamentos, uma pluralidade de relações entre organismo/ambiente que

estaria em constante modificação (variação); por sua vez, (b) as respostas de uma classe

produziriam mudanças no ambiente e essas viriam a afetar o organismo, alterando a

probabilidade da mesma classe de respostas voltar a ocorrer sob condições semelhantes... Este

modelo causal também aparece em outras obras de Skinner, como, por exemplo, 1953/1989

(de forma embrionária e diluída) e em 1990 (sua última versão). Tal modelo estenderia a

noção de causalidade contida na seleção natural de Darwin para os níveis ontogenético e

cultural... Comportamento seria produzido, então, pela atuação conjunta dos três níveis de

contingências (filogenéticas, ontogenéticas e culturais). Skinner (1990) argumenta, ainda, que

o fenômeno comportamental só será conhecido, em todas as suas dimensões, com a reunião

dos saberes produzidos pela Etologia, pela Análise do Comportamento e por uma parte da

antropologia (encarregadas dos níveis de contingências acima citadas, respectivamente) e pela

Fisiologia (encarregada do organismo que se comporta)... Para Skinner... tal processo

[condicionamento operante] seria mais um produto da seleção natural e tanto a origem da

primeira resposta quanto a explicação para a sensibilidade a determinadas conseqüências

estariam irremediavelmente atreladas à filogênese. Os dois pontos são vitais na noção de

operante e para ambos, Skinner buscou soluções na história evolutiva." (p.48, 49, 50)

Quando analisados através dos anos (ver Figura 13, página 82), verifica-se que

os artigos deste grupo começaram a ser publicados em 1989, havendo uma aceleração

do meio para o fim da década de 90. A última publicação encontrada foi de 2003. Estes

dados revelam que respostas verbais que estabelecem esta relação são atuais. O relativo

78

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baixo número de publicações neste caso, apenas 13 (ver Figura 6), pode não revelar

acuradamente a importância desta relação, visto que a primeira publicação é datada de

1989, diferentemente da maioria dos outros grupos de relações que possuem textos na

década de 70 ou início da década de 80.

Alguns dos artigos que estabelecem relações de afirmação e negação do

determinismo são encontrados tanto em relações que aproximam como em relações que

afastam o behaviorismo radical do mecanicismo. Artigos que negam ou afirmam o

determinismo podem afastar ou aproximar o behaviorismo radical de modelos causais

mecânicos. Geralmente essa relação depende de como os autores definem

determinismo. Por exemplo, cinco artigos que definem determinismo como

mecanicismo (grupo 3) negam que o behaviorismo radical seja uma filosofia

determinista (Moxley, 1996a, 1996b, 1997, 1998a, 1999)10. Além destes cinco textos,

outros dois textos (Rockwell, 1994 e Moxley, 1998b) que não apresentam definição de

determinismo também igualam determinismo a modelos mecânicos baseados na física

newtoniana e afastam o behaviorismo radical de ambos. Sendo assim, do total de 11

textos que afirmam que o behaviorismo radical não é determinista sete o fazem no

sentido de afastar o behaviorismo radical de modelos mecânicos de causalidade. Em

outras palavras, negar o determinismo, nestes casos, é afastar o behaviorismo radical do

mecanicismo e não postular que o fenômeno comportamental seja caprichoso ou

indeterminado. Ainda há outros dois textos (Vorsteg, 1974 e Baldwin, 1988) que

negam que o behaviorismo radical seja determinista, porém os autores deixam claro que

esta é a posição deles e que ela é contrastante com a opinião de Skinner. Abaixo, no

Quadro 38, exemplo de texto que apresenta resposta verbal de afastar o behaviorismo

radical do mecanicismo e negar o determinismo simultaneamente.

79

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Quadro 38: Exemplo de texto que apresenta resposta verbal de afastar o behaviorismo radical de

modelos mecânicos e de negar o determinismo.

TÍTULO: Skinner: From Determinism to Random Variation

AUTORES: Roy A. Moxley

FONTE: Behavior and Philosophy. 1997. Vol: 25(1), 3-28.

Resposta verbal do autor de relacionar determinismo e behaviorismo radical: “A

explicação selecionista do comportamento não requer uma posição determinista... Porque se

preocupar em resgatar o determinismo? Que contribuições o determinismo traz para

desenvolver [advancing] uma explicação [account of] selecionista do comportamento? Em

nenhum momento uma explicação [account of] selecionista do comportamento requer o apoio

do determinismo... Resumindo, a filosofia mecanicista do determinismo pode ser entendida

como as conseqüências da idealização do planejamento de máquinas [design of machines].

Essas conseqüências eram então consideradas como causas, não só de máquinas, mas de

qualquer coisa no universo.” (p. 21, 22)

Outras regularidades entre os grupos de definição de determinismo e as relações

estabelecidas foram encontradas. Dos oito textos que apresentam definição de

determinismo como relação funcional (grupo 1), quatro textos relacionam o

behaviorismo radical com modelos não mecânicos de causalidade. Outros três textos,

frisam que as causas do comportamento precisam ser buscadas em variáveis externas ao

organismo que se comporta. Este dado mostra que relação funcional é uma

característica utilizada pelos autores para afastar ou se opor a modelos causais

mecanicistas (ver Quadro 32). Além disso, este dado indica que ao afirmar um

10 No anexo VI são apresentados os artigos por relação nas quais foram classificados de acordo com suas respostas verbais.

80

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determinismo externalista os autores se fundamentam na relação funcional para

descrever o papel ‘causal’ das variáveis externas.

Dos 12 textos que definem determinismo como seleção por conseqüências

(grupo 2), 7 ressaltam os diferentes níveis de determinação do comportamento, 6

afastam o behaviorismo radical de modelos mecanicistas e 3 afastam o behaviorismo

radical de modelos teleológicos de determinação. A partir destes dados, fica claro que o

modelo de seleção por conseqüências, assim como o modelo de relação funcional, é um

modelo de oposição a modelos mecanicistas de causalidade (exemplo no Quadro 32).

Também fica claro que o modelo de seleção por conseqüências é utilizado para

demonstrar que o comportamento é produto, não apenas de um nível de determinação,

mas de diferentes níveis de determinação (exemplo no Quadro 37). Além disso, o

modelo de seleção por conseqüências é usado para afastar o behaviorismo radical de

modelos causais teleológicos (Quadro 34). Essa conclusão ganha força se levarmos em

consideração que apenas seis artigos estabelecem relação de afastar o behaviorismo

radical de modelos teleológicos e, destes seis artigos, metade deles (3) apresentam

definição de determinismo como seleção por conseqüências.

Não foram encontradas regularidades entre respostas verbais de relacionar

behaviorismo radical e determinismo e os grupos de definições ‘determinismo

metodológico’ e ‘outros’.

81

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Figura 7. Número de artigos que apresentam respostas verbais de negar o behaviorismo radical como uma filosofia determinista através dos anos

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Figura 8. Número de artigos que apresentam respostas verbais de afirmar o behaviorismo radical como uma filosofia determinista através dos anos

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Figura 9. Número de artigos que apresentam respostas verbais de aproximar o behaviorismo radical de modelos de determinação mecânicos através dos anos

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2001

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Figura 10. Número de artigos que apresentam respostas verbais de afastar o behaviorismo radical de modelos de determinação mecanicistas através dos anos

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Figura 11. Número de artigos que apresentam respostas verbais de afastar o behaviorismo radical de modelos causais te leológicos através dos anos

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Figura 12. Número de artigos que apresentam respostas verbais de afirmar que o behaviorismo radical busca causas externas ao organismo para explicar o comportamento através dos anos

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Figura 13. Número de artigos que apresentam respostas verbais de re lacionar o behaviorismo radical com modelos causais que consideram diferentes níve is de determinação através dos anos

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Anos

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Alguns autores, ao discutirem determinismo e behaviorismo radical, emitem

respostas verbais sobre as respostas verbais de Skinner e deixam claro que não

concordam com a posição de Skinner sobre o tema. Dentre os 77 artigos analisados, 8

apresentam divergências explícitas entre o posicionamento dos autores e o de Skinner,

como entendidas pelos autores dos textos. A partir do baixo número de divergências,

parece plausível afirmar que as respostas verbais de Skinner sobre determinismo,

enquanto variáveis controladoras de respostas verbais de outros autores, influenciaram o

comportamento verbal da maioria dos autores de forma semelhante. Exemplos de

discordância entre resposta verbal dos autores e resposta verbal de Skinner nos quadros

39 e 40.

Quadro 39: Exemplo de divergência entre resposta verbal do autor e resposta verbal de Skinner.

TÍTULO: Operant Reinforcement Theory and Determinism

AUTORES: Robert H. Vorsteg

FONTE: Behaviorism. 1974. Vol: 2, 108-119.

“Vários psicólogos acreditam que qualquer tentativa de prover uma explicação científica do

comportamento humano tem que ser baseada na suposição de que o determinismo se aplica

aos seres humanos. E nenhum psicólogo foi mais efetivamente insistente neste ponto do que

B. F. Skinner... Skinner sugere que o objeto da ciência é descobrir relações ordenadas [lawful]

entre eventos e ele sustenta que a tentativa de descobrir tais relações no comportamento

humano requer a suposição de que tal comportamento é ordenado [lawful] e determinado

[determines]… Desta forma, se estou correto ao sugerir que comportamento novo e criativo

não pode ser explicado em termos de condicionamento operante, isso deve ser suficiente para

mostrar que a teoria do reforçamento operante não requer uma suposição determinista.” (p.

108, 109, 117)

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Quadro 40: Exemplo de oposição entre a resposta verbal do autor e resposta verbal de Skinner.

TÍTULO: Mead and Skinner: Agency and Determinism

AUTORES: John D. Baldwin

FONTE: Behaviorism. ANO:1988. Vol: 16(2). Páginas inicial e final: 109-127.

“Ele [Skinner] também assumiu posições sobre determinismo que podem facilmente parecer

inconsistentes e confusas... A análise comportamental skinneriana de respostas internas e

externas não produz uma teoria completamente determinista, mas, na verdade, é compatível

com o modelo de Mead de uma ciência não determinista do comportamento.” (p. 118)

Obras de Skinner referenciadas

Saber em quais trabalhos de Skinner os diferentes autores se basearam para

relacionar behaviorismo radical e determinismo é identificar algumas possíveis

variáveis controladoras das respostas verbais destes autores. Esta identificação permite a

compreensão das relações propostas e possíveis divergências entre elas. No Quadro 41

uma lista das publicações de Skinner mais referenciadas nos artigos analisados (no

anexo 7 é apresentada uma lista com os trabalhos de Skinner referenciados oito ou

menos vezes).

Quadro 41: Lista das obras de Skinner referenciadas com ano de publicação original,

classificadas em ordem decrescente pelo número total de vezes em que foram referenciadas.11

Obras de Skinner e ano de publicação original Número de vezes referenciadas

Science and human behavior (1953) 49

About behaviorism (1974) 40

11 Os títulos das obras de Skinner estão referenciados como nas suas publicações originais, de acordo com trabalho de Andery, Micheletto e Sério (2004).

84

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The behavior of organisms (1938) 36

Verbal behavior (1957) 32

Beyond freedom and dignity (1971) 28

Selection by consequences (1981) 26

The operational analysis of psychological terms

(1945)

24

The concept of reflex in the description of

behavior (1931)

23

The shaping of a behaviorist: Part two of an

autobiography (1979)

16

Contingencies of reinforcement (1969) 16

Can psychology be a science of mind? (1990) 15

Experimental psychology (1947) 14

Behaviorism at fifty (1963) 14

Are theories of learning necessary? (1950) 14

The generic nature of the concepts of stimulus and

response (1935)

13

A matter of consequences: Part three of an

autobiography (1983)

11

The phylogeny and ontogeny of behavior (1966) 10

Whatever happened to psychology as the science

of behavior? (1987)

9

Operant behavior (1963) 9

The behavior of organisms at 50 (1989) 9

Two types of conditioned reflex: A reply to

Konorski and Miller (1937)

9

Walden Two (1948) 9

Drive and reflex strength (1932) 9

Do total de 77 artigos analisados, 4 não fizeram referência a Skinner. Das 141

diferentes obras de Skinner referenciadas, Science and Human Behavior é a que aparece

o maior número de vezes, referenciada em 49 textos. Em seguida, vieram About

85

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Behaviorism, The Behavior of Organisms, Verbal Behavior, Beyond Freedom and

Dignity e Selection by Consequences, referenciadas em 40, 36, 32, 28 e 26 textos,

respectivemente. The operational analysis of psychological terms e The concept of

reflex in the description of behavior também foram bastante referenciados nos textos

analisados, 24 e 23 vezes, respectivamente.

As cinco obras mais referenciadas foram livros, aparecendo o primeiro artigo na

sexta posição de mais referenciada. O artigo Selection by Consequences como uma das

obras mais referenciadas não é surpresa, visto que neste artigo Skinner deixa explícito o

modelo de seleção por conseqüências como o modelo de determinação do behaviorismo

radical. The operational analysis of psychological terms e The concept of reflex in the

description of behavior foram a sétima e oitava obras mais referenciadas. Eles são

artigos antigos, 1945 e 1931 respectivamente, do início da carreira de Skinner, quando

as características fundamentais do seu trabalho ainda estavam sendo elaboradas, como

pode ser visto na análise de Andery e Sério (2002). Interessante notar que no artigo -

The concept of reflex in the description of behavior - Skinner redefine comportamento

de maneira que este possa ser objeto de estudo próprio de uma ciência. Além disso,

neste artigo, ao propor a substituição da noção de causa e efeito pela noção de relação

funcional Skinner começa a abandonar noções mecânicas de determinação. É neste

artigo que Andery e Sério (2002) identificaram o primeiro programa de pesquisa

proposto por Skinner.

Current trends in experimental psychology (1947) e Are theories of learning

necessary? (1950), ambos referenciados em 14 artigos, foram artigos nos quais Andery

e Sério (2002) identificaram o segundo e terceiro programas de pesquisa propostos por

Skinner, respectivamente. No primeiro destes artigos, Skinner mostra como deve

ocorrer a construção de uma teoria do comportamento. No segundo artigo, Skinner

86

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identifica 3 tipos de teorias - neural, mental e conceitual - questionando a necessidade

destes tipos de teorias para o estudo do comportamento, e defendendo a construção de

uma teoria comportamental.

Na tentativa de identificar algumas variáveis controladoras das respostas verbais

dos autores, foram investigadas as obras de Skinner por grupo de artigos que abordavam

um determinado tema. Descobriu-se que algumas obras específicas estavam

freqüentemente relacionadas com determinados temas.

Das obras de Skinner a que mais esteve associada em freqüência com os temas

foi o livro About Behaviorism. Dos 10 artigos que abordam o tema ‘eventos

privados/subjetividade, 9 apresentaram referências a este livro. Dos 34 artigos que

abordaram o tema do mecanicismo, 21 também fizeram referência ao About

Behaviorism. Este livro também esteve presente em 7 dos 10 artigos que abordaram o

tema ‘variação randômica/acaso’. Por fim, dos 23 artigos que formaram o conjunto que

abordou o tema da ‘relação funcional’, 15 referenciaram o livro em questão. O About

Behaviorism é um livro que responde a críticas comumente feitas ao behaviorismo

radical. Entre estas críticas, encontra-se a acusação de que o behaviorismo radical não

considera eventos privados e que possui uma maneira mecanicista de entender o homem

e seu comportamento. Desta forma, é possível compreender a conexão deste livro com

estes temas.

O livro Science and Human Behavior também esteve constantemente associado

com diferentes conjuntos de temas. Dos 14 artigos que abordam ‘predição’, 10 fazem

referência a esta obra. Science and Human Behavior foi referenciado em todos os cinco

artigos que tratam do tema ‘operante e reflexo’. Science and Human Behavior é um

livro sobre a ciência do comportamento chamada de análise experimental do

comportamento. Predição como um dos objetivos da ciência e a distinção entre operante

87

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e reflexo são assuntos abordados neste livro que não discute a filosofia de uma ciência

do comportamento, mas essa própria ciência. Desta forma, fica evidente a importância

deste livro para estes assuntos.

Vale também notar que, além de Science and Human Behavior, The Behavior of

Organisms também foi referenciado em todos os cinco artigos que abordaram o tema

‘operante e reflexo’. Além deste livro, o artigo do doutorado de Skinner, de 1931, The

Concept of Reflex in the Description of Behavior foi referenciado em quatro artigos

deste grupo. Neste artigo, Skinner redefine reflexo em termos de uma correlação

funcional entre estímulo e resposta.

O artigo Selection by Consequences foi bastante referenciado quando o tema

abordado era ‘seleção por conseqüências/seleção natural’. Este artigo apareceu em 23

dos 33 artigos que abordaram este tema. O título do artigo já deixa evidenciada a

relação que ele tem com este tema em questão.

Por fim, a última correlação observada foi entre o conjunto de textos que

abordaram o tema ‘liberdade/autodeterminação’ e o livro Beyond Freedom and Dignity.

Este livro foi referenciado em todos os 12 artigos deste conjunto.

A forma como estas obras foram referenciadas foi classificada em três tipos

como descrito no método. A Figura 14 mostra quantas vezes cada tipo de referência foi

feito. Referências (do tipo I) com transcrição e indicação da página foram as mais

realizadas, 396 referências. Seguidas pelas referências (do tipo III) que indicam apenas

o ano de publicação, 358 referências. Referências (do tipo II) que indicam ano e página

foram as menos realizadas, 238 referências. É importante ressaltar que as quantidades

de referências são bem maiores do que o total de obras de Skinner referenciadas (como

pode ser visto na Figura 14), pois um mesmo texto de Skinner referenciado pode ser

contabilizado até 3 vezes, por apresentar os três tipos de referências.

88

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Alto número de referências com transcrição e indicação da página ou sem

transcrição, mas com indicação da página, pode revelar um maior domínio do conteúdo

da obra sendo referenciada por parte do autor.

Figura 14. Número de referências por tipo de referência.

0306090

120150180210240270300330360390

Transcrição com indicação daobra e página

Indicação da obra e página Indicação da obra

Tipos de Referências

Núm

ero

de R

efer

ênci

as

Além do tipo de referência feita e do número de vezes que determinada obra de

Skinner foi referenciada, todos os artigos referenciados foram classificados como: 1)

teórico; 2) empíricos e 3) outros, de acordo com classificação realizada por Andery,

Micheletto e Sério (2004). Como exposto no método, a classificação ‘teórico’ agrupa

artigos históricos, interpretativos, conceituais e artigos que propõem algum tipo de

intervenção. A classificação ‘empírico’ agrupa artigos que relatam pesquisas, sejam elas

empíricas ou não, descrevem equipamentos de pesquisa ou que discutem resultados de

outras pesquisas. Por fim, a classificação ‘outros’ agrupa artigos não acadêmicos, cartas

a editores, resumos e resenhas.

Como é possível observar, a partir da Figura 15, a grande maioria dos artigos de

Skinner referenciados nos textos analisados neste trabalho se enquadra no grupo

89

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‘teórico’ (62 artigos). Dezesseis (16) artigos pertencem ao grupo ‘empíricos’ e 5 ao

grupo ‘outros’.

Andery, Micheletto e Sério (2004) apontaram para o fato de que a maioria dos

artigos de Skinner foi classificada como ‘teóricos’. No entanto, a grande diferença do

número de artigos ‘teóricos’ em relação aos ‘empíricos’ e ao grupo ‘outros’ mostra que

as respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical dos autores são

controladas, eminentemente, por trabalhos teóricos.

Figura 15. Número de artigos de Skinner por classificação.

0

6

12

18

24

30

36

42

48

54

60

66

Teórico Empírico Outros

Categorias

Núm

ero

de a

rtig

os

Classificação dos textos nos programas de pesquisa

Como foi ilustrada na introdução, a análise do trabalho de Skinner publicado

entre 1931 e 1957, realizada por Andery e Sério (2002), resultou na identificação de

quatro propostas diferentes, denominadas de programas de pesquisa. Estes programas de

pesquisa revelam diversas características da construção e desenvolvimento da ciência do

90

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comportamento. Em suma, estes programas revelam características de diferentes

momentos históricos do desenvolvimento da obra de Skinner.

Cada texto foi classificado em um programa pesquisa de acordo com as

características constituintes de cada programa de pesquisa encontradas nos textos.

Textos que realizaram análises históricas separando diferentes momentos da produção

científica de Skinner foram classificados mais de uma vez de acordo com os momentos

destacados, de modo que a soma do número de textos em cada programa de pesquisa

ultrapassa o número total de textos.

Como é possível notar, a partir da Figura 16, a grande maioria dos textos (46) foi

classificada no quarto programa de pesquisa. Três textos foram classificados no

primeiro programa de pesquisa, dois textos no segundo programa de pesquisa e 10

textos no terceiro programa de pesquisa. 18 textos não tiveram programa de pesquisa

identificado.

Figura 16. Número de textos por programa de pesquisa identificado

0

4

8

12

16

20

24

28

32

36

40

44

48

Pp1 Pp2 Pp3 Pp4 Pp nãoidentificado

Programas de Pesquisa

Núm

ero

de te

xtos

cla

ssifi

cado

s em

cad

a Pp

91

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O grande número de textos classificados no quarto programa de pesquisa indica

que a maioria dos textos analisados atribui características ao behaviorismo radical que

se enquadram neste programa de pesquisa e não em outros. As características que

distinguem o quarto programa de pesquisa dos demais são: ciências da linguagem como

uma nova possibilidade de interface com a análise do comportamento; contingências de

reforço como unidade de análise; propriedades das respostas (nível de energia, repetição

e velocidade) como maneiras adicionais de medir a probabilidade de respostas (unidade

de medida), além da freqüência de respostas; foco na aquisição e manutenção do

responder como contexto para estudo do comportamento e descrição e explicação como

objetivos da ciência do comportamento. Estas características revelam que os diferentes

autores, em sua maioria, ao discutirem behaviorismo radical e determinismo, estão sob

controle de características fundamentais do behaviorismo radical. Em outras palavras,

textos que são classificados no quarto programa de pesquisa indicam que as discussões

sobre determinismo e behaviorismo radical ocorrem em um contexto no qual os

aspectos fundamentais que constituem o behaviorismo radical são levados em

consideração, diferentemente dos programas de pesquisa 1 e 2, que revelam momentos

históricos do desenvolvimento da ciência do comportamento nos quais as características

fundamentais desta ciência ainda não tinham sido propostas.

Outro dado que pode corroborar a afirmação acima é o fato de o livro

Comportamento Verbal, uma das duas fontes a partir das quais o quarto programa de

pesquisa foi identificado, ter sido umas das obras mais referenciadas.

O relativo alto número de textos que não tiveram programas de pesquisa

identificados pode ser explicado pela impossibilidade de diferenciar os programas de

pesquisas a partir das características identificadas nos textos. Isso ocorreu quando as

características identificadas nos textos pertenciam a mais de um programa de pesquisa.

92

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CONCLUSÃO

O objetivo deste trabalho foi caracterizar algumas das possíveis variáveis

controladoras do comportamento verbal de diferentes autores de estabelecer relações

entre determinismo e behaviorismo radical

As análises realizadas indicam que a discussão sobre o tema deste trabalho

perdura por mais de três décadas, embora o número de artigos publicados sobre o tema

só tenha aumentado de freqüência a partir do fim da década de 80.

A maioria dos autores não costuma publicar muito sobre o tema. Apenas 13 dos

70 autores publicaram dois ou mais artigos. No entanto, o grande número de autores que

analisaram esta questão mostra a importância deste tema.

Embora de maneira tímida, a discussão deste trabalho atingiu um público não só

de analistas do comportamento, como é possível observar a partir da análise realizada

sobre as ‘Fontes’ de publicação.

A maioria dos textos que apresentam respostas verbais de relacionar

behaviorismo radical e determinismo leva em consideração características constituintes

fundamentais desta ciência, como expostas por Andery e Sério (2002).

O fato da maioria dos artigos apresentarem respostas verbais de considerar o

behaviorismo radical como uma filosofia determinista (todas as respostas verbais

encontradas, exceto as que explicitamente afastaram o determinismo do behaviorismo

radical) está em concordância com as afirmações de Skinner (1953; 1947) e com a

afirmação de Slife e cols. (1999) de que o behaviorismo radical é considerado, de

maneira geral, determinista.

Slife e cols. (1999) também afirmaram que não há consenso sobre definição de

determinismo na literatura behaviorista radical. As diferentes e, muitas vezes,

93

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divergentes definições encontradas suportam tal afirmação. Além disso, tal diferença

nas respostas verbais de definir determinismo parece indicar que elas estão sob

diferentes controles. Em outras palavras, embora Skinner tenha enfatizado a importância

do controle preciso de estímulos sob o comportamento verbal do cientista (1992/1957),

fica claro que tal tipo de controle, no que se refere a respostas verbais de definir

determinismo, não ocorre na comunidade behaviorista radical.

A maioria dos artigos que negam que o behaviorismo radical seja uma filosofia

determinista o fazem, na verdade, no intuito de afastar o behaviorismo radical de noções

mecânicas de causalidade. Essa conclusão é corroborada pelo fato de que mais da

metade dos artigos que negam o determinismo apresenta definições que igualam

determinismo e mecanicismo.

Os resultados também revelaram que respostas verbais de afastar behaviorismo

radical do mecanicismo foram as mais dominantes. A partir deste fato e de que grande

parte da comunidade que tem acesso a esta discussão é de analistas do comportamento,

é possível concluir que o afastamento entre behaviorismo radical e mecanicismo é bem

difundido entre analistas do comportamento. No entanto, uma das críticas feitas ao

behaviorismo radical é de que ele compreende o homem e, conseqüentemente, seu

comportamento como uma máquina, como mostrou Skinner (1974). Assim sendo, surge

uma pergunta: porque essa relação não é difundida fora da comunidade de analistas do

comportamento?

Como salientaram Micheletto (1997) e Moxley (1998), divergências de opinião

sobre o pensamento skinneriano podem ser resultados de interpretações que se basearam

em diferentes obras de Skinner sem levar em consideração seus diferentes momentos

históricos e, conseqüentemente, suas diferentes características. Entretanto, o fato de

poucas análises históricas terem sido realizadas indica que os autores que publicam

94

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sobre este tema não estão atentos ou não consideram importante este tipo de análise.

Estudos futuros que analisassem correlações específicas entre alguns tipos de respostas

verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical e as referências de Skinner

utilizadas poderiam corroborar as afirmações de Micheletto (1997) e Moxley (1998).

Além disso, estudos deste tipo podem produzir conhecimento que levem seus ouvintes a

se comportarem de maneira efetiva sobre a relação entre behaviorismo radical e

determinismo, ou seja, estudos desta natureza podem gerar um controle de estímulos

preciso sobre as respostas verbais, dos analistas do comportamento, de relacionar

behaviorismo radical e determinismo.

95

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Referências Bibliográficas

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Skinner: de 1930 a 2004. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e

Cognitiva, 6, 1, 93-134.

Andery, M. A. P. A. e Sério, T. M. A. P. (2002). Os programas de pesquisa de Skinner:

proposições e problemas. Em Guilhardi, H. J.; Madi, M. B. B. P.; Queiroz, P. P. e

Scoz, M. C. (Orgs.), Sobre Comportamento e Cognição, vol. 9, (pp.257-268).

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Belgelman, D. A. (1978). Skinner’s determinism. Behaviorism, 6, 1, 13-25.

César, G. (2002). Análise do Comportamento no Brasil: uma revisão histórica de 1961

à 2001, a partir de publicações. Dissertação de Mestrado não publicada.

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Chiesa, M. (1994). Radical Behaviorism: The Philosophy and the Science. Boston:

Authors Cooperative, Inc., Publishers.

Day, W. F. (1969). Radical Behaviorism in reconciliation with phenomenology. Journal

of the Experimental Analysis of Behavior, 12, 315-328.

Dias, A. L. F. (2003). A relação entre o behaviorismo radical e o pragmatismo:

descrição de elementos constituintes de respostas verbais de autores. Dissertação

de Mestrado não publicada. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Edwards, P. (1964). O determinismo rígido e o moderado. Em S. Hook (Org.),

Determinismo e Liberdade: na Era da Ciência Moderna, 139-149. Rio de

Janeiro: Fundo de Cultura. (Obra originalmente publicada em 1957).

Fraley, L. E. (1994). Uncertainty about determinism: a critical review of challenges to

the determinism of modern science. Behavior and Philosophy, 22, 71-83.

96

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Hospers, J. (1964). Que significa essa liberdade. Em S. Hook (Org.), Determinismo e

Liberdade: na Era da Ciência Moderna, (pp.149-169). Rio de Janeiro: Fundo de

Cultura. (Obra originalmente publicada em 1957).

Vaughan Jr., W. (1983). Comments on Marr’s determinism. The Behavior Analyst, 6,

111.

Marr, J. (1982). Determinism. The Behavior Analyst, 5, 205 -207.

Micheletto, N. (1997). Bases filosóficas do behaviorismo radical. Em R. A. Banaco

(Org.), Sobre Comportamento e Cognição, vol. 1, (pp.29-44). Santo André:

Arbytes.

Moxley, R. A. (1997). Skinner: from determinism to random variation. Behavior and

Philosophy, 25, 3-27.

Moxley, R. A. (1998). Why Skinner is difficult. The Behavior Analyst, 21, 73-91.

Neto. M. B. C. e Tourinho, E. Z. (1999). Skinner e o lugar das variáveis biológicas em

uma explicação comportamental. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 15, 45-53.

Scharff, J. L. (1982). Skinner’s concept of the operant: from necessitarian to

probabilistic causality. Behaviorism, 10, 45-54.

Skinner, B. F. (1999/1947). Current trends in experimental psychology. Cumulative

Record (Definitive edition). Acton, MA: Copley Publishing Group.

Skinner, B. F. (1998/1953). Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Martins

Fontes.

Skinner, B. F. (1992/1957). Verbal Behavior. Acton, MA: Copley Publishing Group.

Skinner, B. F. (1974). About Behaviorism. New York, NY: Alfred A. Knopf.

97

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Slife, B. D.; Yanchar, S. C. e Williams B. (1999). Conceptions of determinism in

radical behaviorism: a taxonomy. Behavior and Philosophy, 27, 75-96.

Tourinho, E. Z. (2003). A produção de conhecimento em psicologia: a análise do

comportamento. Psicologia: Ciência e Profissão, 23, 2.

Vorsteg, R. H. (1974). Operant reinforcement theory and determinism. Behaviorism, 2,

108-119.

98

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ANEXO I

99

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Lista das Combinações de Palavras-Chaves

1. Determinism and Behaviorism

2. Determinism and Radical Behaviorism

3. Determinism and Behavior Analysis

4. Determinism and B. F. Skinner

5. Determinism and Skinner

6. Determinism and Operant Reinforcement Theory

7. Determination and Behaviorism

8. Determination and Radical Behaviorism

9. Determination and Behavior Analysis

10. Determination and B. F. Skinner

11. Determination and Skinner

12. Determination and Operant Reinforcement Theory

13. Self-determination and Behaviorism

14. Self-determination and Radical Behaviorism

15. Self-determination and Behavior Analysis

16. Self-determination and B. F. Skinner

17. Self-determination and Skinner

18. Self-determination and Operant Reinforcement Theory

19. Environmental-determination and Behaviorism

20. Environmental-determination and Radical Behaviorism

21. Environmental-determination and Behavior Analysis

22. Environmental-determination and B. F. Skinner

23. Environmental-determination and Skinner

24. Environmental-determination and Operant Reinforcement Theory

25. Causation and Behaviorism

26. Causation and Radical Behaviorism

27. Causation and Behavior Analysis

28. Causation and B. F. Skinner

29. Causation and Skinner

30. Causation and Operant Reinforcement Theory

31. Cause and Behaviorism

32. Cause and Radical Behaviorism

33. Cause and Behavior Analysis

100

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34. Cause and B. F Skinner

35. Cause and Skinner

36. Cause and Operant Reinforcement Theory

37. Causality and Behaviorism

38. Causality and Radical Behaviorism

39. Causality and Behavior Analysis

40. Causality and B. F. Skinner

41. Causality and Skinner

42. Causality and Operant Reinforcement Theory

43. Selection by Consequences and Behaviorism

44. Selection by Consequences and Radical Behaviorism

45. Selection by Consequences and Behavior Analysis

46. Selection by Consequences and B. F. Skinner

47. Selection by Consequences and Skinner

48. Selection by Consequences and Operant Reinforcement Theory

49. Selectionism and Behaviorism

50. Selectionism and Radical Behaviorism

51. Selectionism and Behavior Analysis

52. Selectionism and B. F. Skinner

53. Selectionism and Skinner

54. Selectionism and Operant Reinforcement Theory

55. Probabilistic Determinism and Behaviorism

56. Probabilistic Determinism and Radical Behaviorism

57. Probabilistic Determinism and Behavior Analysis

58. Probabilistic Determinism and B. F. Skinner

59. Probabilistic Determinism and Skinner

60. Probabilistic Determinism and Operant Reinforcement Theory

61. Random Variation and Behaviorism

62. Random Variation and Radical Behaviorism

63. Random Variation and Behavior Analysis

64. Random Variation and B. F. Skinner

65. Random Variation and Skinner

66. Random Variation and Operant Reinforcement Theory

67. Functional Relation and Behaviorism

68. Functional Relation and Radical Behaviorism

101

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69. Functional Relation and Behavior Analysis

70. Functional Relation and B. F. Skinner

71. Functional Relation and Skinner

72. Functional Relation and Operant Reinforcement Theory

73. Probabilistic Causality and Behaviorism

74. Probabilistic Causality and Radical Behaviorism

75. Probabilistic Causality and Behavior Analysis

76. Probabilistic Causality and B. F. Skinner

77. Probabilistic Causality and Skinner

78. Probabilistic Causality and Operant Reinforcement Theory

79. Necessitarian Causality and Behaviorism

80. Necessitarian Causality and Radical Behaviorism

81. Necessitarian Causality and Behavior Analysis

82. Necessitarian Causality and B. F. Skinner

83. Necessitarian Causality and Skinner

84. Necessitarian Causality and Operant Reinforcement Theory

85. Mechanicism and Behaviorism

86. Mechanicism and Radical Behaviorism

87. Mechanicism and Behavior Analysis

88. Mechanicism and B. F. Skinner

89. Mechanicism and Skinner

90. Mechanicism and Operant Reinforcement Theory

91. Mechanism and Behaviorism

92. Mechanism and Radical Behaviorism

93. Mechanism and Behavior Analysis

94. Mechanism and B. F. Skinner

95. Mechanism and Skinner

96. Mechanism and Operant Reinforcement Theory

97. Mechanistic and Behaviorism

98. Mechanistic and Radical Behaviorism

99. Mechanistic and Behavior Analysis

100. Mechanistic and B. F. Skinner

101. Mechanistic and Skinner

102. Mechanistic and Operant Reinforcement Theory

103. Probability and Determinism and Behaviorism

102

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104. Probability and Determinism and Radical Behaviorism

105. Probability and Determinism and Behavior Analysis

106. Probability and Determinism and B. F. Skinner

107. Probability and Determinism and Skinner

108. Probability and Determinism and Operant Reinforcement Theory

109. Probability and Determination and Behaviorism

110. Probability and Determination and Radical Behaviorism

111. Probability and Determination and Behavior Analysis

112. Probability and Determination and B. F. Skinner

113. Probability and Determination and Skinner

114. Probability and Determination and Operant Reinforcement Theory

115. Probability and cause and Behaviorism

116. Probability and cause and Radical Behaviorism

117. Probability and cause and Behavior Analysis

118. Probability and cause and B. F. Skinner

119. Probability and cause and Skinner

120. Probability and cause and Operant Reinforcement Theory

121. Probability and causation and Behaviorism

122. Probability and causation and Radical Behaviorism

123. Probability and causation and Behavior Analysis

124. Probability and causation and B. F. Skinner

125. Probability and causation and Skinner

126. Probability and causation and Operant Reinforcement Theory

127. Probability and causality and Behaviorism

128. Probability and causality and Radical Behaviorism

129. Probability and causality and Behavior Analysis

130. Probability and causality and B. F. Skinner

131. Probability and causality and Skinner

132. Probability and causality and Operant Reinforcement Theory

103

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ANEXO II

104

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Número do

artigo no

banco de

dados

Referências dos artigos

1. Chiesa, M. (1992). Radical Behaviorism and Scientific Frameworks -

From Mechanistic to Relational Accounts. American Psychologist, 47

(11), 1287 – 1299.

2. Kendler, H. (1988). Behavioral Determinism: A Strategic Assumption?

American Psychologist, 43 (10), 822-823.

3. Rockwell, W. T. (1994). Beyond Determinism and Indignity: A

Reinterpretation of Operant Conditioning. Behavior and Philosophy, 22

(1), 53-66.

4. Scharff, J. L. (1982). Skinner's Concept of the Operant: From

Necessitarian to Probabilistic Causality. Behaviorism, 10 (1), 45-54.

5. Vorsteg, R. H. (1974). Operant Reinforcement Theory and Determinism.

Behaviorism, 2, 108-119.

6. Slife,B. D.; Yanchar,S. C; Williams, B.(1999). Conceptions of

Determinism in Radical Behaviorism: A taxonomy. Behavior and

Philosophy, 27, 75-96.

7. Fraley, L. E. (1994). Uncertainty About Determinism: A Critical Review

of Challenges to the Determinism of Modern Science. Behavior and

Philosophy, 22 (2), 71-83.

8. Begelman, D. A( 1978). Skinner`s Determinism. Behaviorism, 6 (1), 13-

25.

9.

Alessi, G. (1992). Models of Proximate and Ultimate Causation in

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10. Theophanus, A. C. (1975). In Defense of Self-Determination: A Critique

of B. F. Skinner. Behaviorism, 3, 97-115.

11. Moxley,R.A.(1997). Skinner: From Determinism to Random Variation.

Behavior and Philosophy, 25 (1), 3-28.

12. Marr, J. (1982). Determinism. The Behavior Analyst, 5 (2), 205-207.

13. Baldwin, J. D. (1988). Mead and Skinner: Agency and Determinism.

Behaviorism, 16 (2), 109-127.

105

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14. Moxley, R. A. (1998). Why Skinner is difficult. The Behavior Analyst, 21

(1), 73-91.

15. Ribes-Iñesta, E. (1997). Causality and Contingency: Some Conceptual

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16. Hayes, L. J.; Adams, M. A.; Dixon, M. R. (1996). Causal Constructs and

Conceptual Confusions. The Psychological Record, 46, 97-112.

17. Leigland, S. (1998). Radical Behaviorism and the clarification of

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Dixon. The Psychological Record, 48, 423,437.

18. Moxley, R. A. (1996). The import of Skinner's three-term contingency.

Behavior and Philosophy, 24 (2), 145-167.

19. Morris, E. K. (1993). Behavior Analysis and Mechanism: One is not the

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20. Neto, M. B. C.; Tourinho, E. Z. (1999). Skinner e o lugar das variáveis

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Pesquisa, 15 (1), 45-53.

21. Arroyo, J. L. P. (1989). Uma Reflexión Sobre La Explicación Skinneriana

Del Comportamiento. Revista-de-Psicologia-General-y-Aplicada, 42 (4),

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22. Machado, L. M. de Castro M.; Ferrara, M. L. D. (1989). O Modelo de

Consequenciação de B. F. Skinner (Controle pela consequência na

ontogênese do comportamento). Psicologia: Teoria e Pesquisa, 5(2), 139-

144.

23. Silva, M. T. A. Hunziker, M. H. L. (1989). O Modelo de Consequenciação

de B. F. Skinner (Controle pela conseqüência na filogênese do

comportamento). Psicologia: Teoria e Pesquisa, 5 (2), 145-149.

24. Andery, M. A. P. A.; Sério, T. M. A. P. (1989). O Modelo de

Consequenciação de B. F. Skinner (O controle pela conseqüência no

desenvolvimento da cultura). Psicologia: Teoria e Pesquisa, 5 (2), 149-

155.

25. Micheletto, N. (1997). Variação e Seleção: as novas possibilidades de

compreensão do comportamento humano. Sobre Comportamento e

Cognição, 1, 116-129.

106

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26. Andery, M. A. P. A. (1997). O modelo de seleção por conseqüência e a

subjetividade. Sobre Comportamento e Cognição, 1, 199-208.

27. Andery, M. A. P. A.; Sério, T. M. A. P. (2001). Behaviorismo Radical e os

determinantes do comportamento. Sobre Comportamento e Cognição, 7,

159-163.

28. Moxley, R. A. (1999). The two Skinners, modern and postmodern.

Behavior and Philosophy, 27, 97-125.

29. Chiesa, M. (1998). Interpreting the Record in Context. The Behavior

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30. Palmer, D.C. (1998). On Skinner's Rejection of S-R Psychology. The

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31. Schaal, D. W. (1998). Skinner May Be Difficult, But… The Behavior

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32. Nevin, J. A. (1991). Beyond Pride and Humility. The Behavior Analyst,

14 (1), 35-36.

33. Neuringer, A. (1991). Behaviorism: Methodological, Radical, Assertive,

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Analyst, 14 (1), 43-47.

34. Delprato, D. J. (1993). Behavior Analysis and S.C Pepper's Other

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35. Marr, M. J. (1993). Contextualistic Mechanism or Mechanistic

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16 (1), 59-65.

36. Moxley, R. A. (1996). Prediction and Control in Loeb's Visualization and

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19 (2), 293-297.

37. Hackenberg, T. D. (1996). When Being a Mechanist Wasn't So Bad:

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38. Morris, E. K. (1993). Mechanism and Contextualism in Behavior

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39. Moxley, R. A. (1998). Reply to Palmer, Schaal, and Chiesa. The Behavior

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40. Shull, R. L.; Lawrence, P. S. (1993). Is Contextualism Productive? The

107

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49. Ringen, J. D. (1993). Critical Naturalism and the Philosophy of

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50. Moxley, R. A. (2003). Some Early Similarities and Later Differences

Between Bertrand Russell and B. F. Skinner. The Behavior Analyst, 26

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51. Epstein, R. (1997). Skinner as a Self-Manager. JABA, 30 (3), 545-568.

52. Barnes, D.; Roche, B. (1994). Mechanistic Ontology and Contextualistic

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53. Morris, E. K. (1997). Some Reflections on Contextualism, Mechanism,

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54. Moxley, R. A. (1992). From Mechanistic to Functional Behaviorism.

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55. Rychlak, J. F.(1992). A Teleologist's Reactions to "On Private Events and

Theoretical Terms". The Journal of Mind and Behavior, 13 (4), 347-358.

56. Moore, J. (1992). On Professor Rychlak's Concerns. The Journal of Mind

108

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and Behavior, 13 (4), 359-370.

57. Moxley, R. A. (2001). The Modern/Postmodern Context of Skinner`s

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58. Ribes, E. (1984). The Relation Between Interbehaviorism and the

Experimental Analysis of Behavior: The Search For A Paradigm. The

Psychological Record, 34, 567-573.

59. Morris, E. K. (1988). Contextualism: The World View of Behavior

Analysis. Journal of the Experimental Child Psychology, 46, 289-323.

60. Hinman, L. M. (1979). Can Skinner Tell a Lie? Notes on the

Epistemological Nihilism of B. F. Skinner. Southern Journal of

Philosophy, 17, 47-60.

61. Waller, B. N. (1982). Determinism and Behaviorist Epistemology: A

Conditioned Response to a Hinman Stimulus. Southern Journal of

Philosophy, 20, 513-520.

62. Ballesteros, B. P.; Rey, A. (2001). Respuestas de J. R. Kantor y de B. F.

Skinner a las Preguntas Epistemológicas Básicas. Revista Latino

Americana de Psicología, 30 (2), 177-197.

63. A. Locke, E. A. (1972). Critical Analysis of the Concept of Causality in

Behavioristic Psychology. Psychological Reports, 31, 175-197.

64. Mischel, T. (1975). Psychological Explanations and their Vicissitudes.

Nebraska Symposium on Motivation, 23, 133,204.

65. Greene, M. (1972). Defying Determinism. Teachers College Record, 74

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66. Vexliard, A. (1986). Déterminisme em psychologie et l'oeuvre de René

Zazzo. Bulletin de Psychologie, 40, 723-729.

67. Abreu, J. (1988). Notas sobre os fundamentos do Behaviorismo.

Psicologia: Teoria e Pesquisa, 4 (2), 129-136.

68. Rodrigues, J. A.; Sanabio, E. T. (2001). Eventos privados em uma

psicoterapia externalista: causa, efeito ou nenhuma das alternativas?

Sobre Comportamento e Cognição, 8, 206-216.

69. Gongora, M. A. N.; Abib, J. A. D. (2001). Questões Referentes à

Causalidade e Eventos Privados no Behaviorismo Radical. Revista

Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 3 (1), 9-24.

109

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70. Neto, M. B. de C.; Salina, A.; Montanher, A. R. P. (2003). O Projeto

Genoma Humano e os Perigos do Determinismo Reducionista Biológico

na Explicação do Comportamento: Uma Análise Behaviorista Radical.

Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 5 (1), 41-56.

71. Botomé, S. P. (1982). Determinação do comportamento e intervenção

social: a contribuição da análise experimental do comportamento.

Cadernos de Análise do Comportamento, 2 (3), 30-68.

72. Micheletto, N. (2000). Bases filosóficas da noção de relação funcional.

Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 2 (2), 115-

121.

73. Silva, M. T. A. (1987). Aquém da liberdade: um problema no ensino de

análise experimental do comportamento. Psicologia, 13 (1), 1-10.

74. Palmer, D. C.; Donahoe, J. W. (1992). Essentialism and Selectionism in

Cognitive Science and Behavior Análisis. American Psychologist, 47 (11),

1344-1358.

75. Carrara, K. (2001). Implicações do contextualismo Pepperiano no

Behaviorismo Radical: alcance e limitações. Sobre Comportamento e

Cognição, 8, 234-242.

76. Starling, R. R. (2000). A interface comportamento/neurofisiologia numa

perspectiva behaviorista radical: o relógio 'causa' as horas? Sobre

Comportamento e Cognição, 5, 3-14.

77. Sant' Anna, R. C. (2001). Behaviorismo radical: o comportamento sob

uma perspectiva otimista. Sobre Comportamento e Cognição, 7, 94-97.

110

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ANEXO III

111

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112

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ANEXO IV

113

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Definições de determinismo por grupo classificatório12

Grupo 1

1) “Today the scientific conception of causation refers to events occurring 'as

function of' other events rather than in terms of 'A exerts a force on B'… It is a

mode [Radical behaviorism’s causal mode] that encompasses causation over time (life

history, experience) and has been compared with Darwinian mode of selection on

variation.” (Chiesa, 1992, p. 1289, 1291)

2) "... causalidad es sustituida por la descripción de relaciones funcionales

(Skinner, 1931)... En la década [del 60], introdujo la causalidad consecuencial como

primer modo causal por el cual el ambiente determina (selecciona) el comportamiento:

la selección por consecuencia... Este autor [Skinner] clasifica tres niveles de selección

por consecuencias: filogenéticas, ontogenéticas y culturales." (Bellesteros e Rey, 2001,

190)

3) "... causalidade passa a ser considerada como uma seqüência espaço-temporal entre

dois eventos. Entretanto, eventos contíguos não mantêm, necessariamente, relações

funcionais entre si (como por exemplo, sentimento e comportamento manifesto). Deste

modo, à análise do comportamento interessam eventos contingentes o que, em outros

termos, significa dizer que um evento produz outro." (Abreu, 1988, p. 135)

4) "... termos como causalidade, causa ou causação referem-se apenas às relações

funcionais entre eventos..." (Gongora e Abib, 2001, p. 10)

5) “A substituição de ‘relação de causa e efeito’ por ‘relação funcional’... implica na

consideração de que não há um único e simples determinante (‘causa’) para cada evento

(‘efeito’) e sim vários possíveis determinantes para um mesmo evento. É o que marca a

passagem de um determinismo absoluto (‘há uma causa’) para um determinismo apenas

12 Definições que possuem características de mais de um grupo estão transcritas na íntegra em todos os grupos de definições no quais pertencem. Em negrito encontram-se as partes das definições que apresentam as características dos respectivos grupo.

114

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(?) probabilístico (onde encontramos vários possíveis e atuais ‘eventos ou condições’

determinando o comportamento).” (Botomé, 1982, p. 34)

6) "... noção de relação funcional como uma nova noção que substitua a noção de

causalidade mecânica, segundo a qual compreender envolve descobrir a força que

desencadeia o fenômeno... determinação que existe independentemente do

pesquisador. O ambiente age selecionando." (Michelleto, 2000, p.118, 120)

7) "... metaphysical determinism. This position holds that all events in the universe,

including organismic behavior, are the necessary outcome of antecedent conditions.

Nothing but the behavior that occurred could have occurred, given the antecedent causal

circumstances... Metaphysical determinism leaves no room for any self-determination in

the sense of free will... metaphysical probabilism typically assume that natural events

occur in a metaphysically chaotic or stochastic fashion, rather than a metaphysically

determined fashion. From this perspective, the unpredictability of behavioral events

results from an interaction between the nature of physical reality and our observational

techniques, rather than from flawed instrumentation alone... Scientific determinists

distinguish the results of their methods from metaphysical statements about reality.

They believe that the world is best studied through the careful application of the

scientific method. Accurate prediction can follow from this systematic study, as

historical trends are used to anticipate an organism's as yet unevoked responses.

However, these assumptions (e.g., predictability) are purely methodological for a

scientific determinist; they inhere in the scientific method and its use, and need not be

extended to reality itself... A fourth and final category of determinism concerns the

notion of functional interdependency... When this perspective [functional

interdependency] is applied to behavior analysis, the job of the radical behaviorist

is not to discover causation, but to describe functional relations occurring between

the organism and the environment... the traditional 'cause and effect' vocabulary

of science is abandoned within this view." (Slife & cols., 1999, p. 76, 77, 78, 84, 85.

87, 88, 89 and 92)

8) "... like Mach, Skinner employed the term 'cause' to mean nothing more than an

observed correlation between events" (Leigland, 1998, p. 429)

115

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9) “Existe deux formes du déterminisme: le causalisme et le légalisme. Le principe de

causalité peut s'énoncer comme suit: - Tout phénomène a une cause où tout ce qui arrive

(ou commence à l'être) suppose avant lui quelque chose dont il résulte suivant une règle

- (Kant). Le légalisme est une doctrine formulée surtout par les positivistes, suivant

laquelle: la science doit se borner à l'établissement des lois (rapport constant entre

deux phénomènes) et abandonner la vaine recherche des causes.” (Vexliard, 1986,

p. 723)

Grupo 2

1) “... seleção pela conseqüência como um modelo de determinação do

comportamento.” (Machado e Ferrara, 1989, p. 140)

2) "A seleção por conseqüências como um novo modelo que permite compreender a

determinação do comportamento... A seleção por conseqüências envolve ambientes

selecionadores e um organismo que age. A determinação do ambiente não é mecânica, e

o organismo que age não é o iniciador... A seleção por conseqüências como um modelo

causal destaca o caráter processual e histórico do comportamento, um processo com

longas e diferentes extensões temporais, - da espécie, da vida do indivíduo e das práticas

culturais - que envolve uma análise histórica integrada dos três níveis em que a seleção

opera sobre o comportamento, tornando-o um objeto que se transforma como fruto de

várias determinações ambientais inter-relacionadas... Ação, variação e seleção e,

conseqüentemente, transformações são constitutivas dessa noção de determinação."

(Micheletto, 1997, p. 116, 120, 126, 127)

3) "Enquanto modelo de causalidade, a seleção por conseqüências opera sobre variações

pequenas e aleatórias que, por se mostrarem adaptativas, são selecionadas e

reproduzidas." (Andery, 1997, p. 197)

4) "Selection as a causal mode..." (Chiesa, 1998, p. 104)

5) “… a distinctive causal mode that he [Skinner] termed selection by consequences…

Even though the generation of variation, the process of selection, and the interaction of

variation and selection are all currently understood to be efficient causal process, it is

116

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quite clear that selection processes are not mechanistic. Mechanistic systems are

governed solely by principles that make later states a function of temporally proximate

antecedent states. Selection principles make current states a function of specific past

consequences of still earlier states” (Ringen, 1993, p. 3, 8)

6) “... causalidad es sustituida por la descripcíon de relaciones funcionales (Skinner,

1931). En la década [del 60] , introdujo la causalidad consecuencial como primer

modo causal por el cual el ambiente determina (selecciona) el comportamiento: la

seleccíon por consecuencia... Este autor [Skinner] clasifica tres niveles de seleccíon

por consecuencias: filogenéticas, ontogenéticas y culturales.” (Bellesteros e Rey,

2001, 190)

7) “... noção de relação funcional como uma nova noção que substitua a noção de

causalidade mecânica, segundo a qual compreender envolve descobrir a força que

desencadeia o fenômeno... determinação que existe independentemente do

pesquisador. O ambiente age selecionando.” (Michelleto, 2000, p. 118, 120)

8) ... o modelo de seleção pelas conseqüências como uma maneira de compreender a

multideterminação do fenômeno comportamental... um modelo explicativo para o

comportamento humano que consistiria basicamente de dois processos complementares

(variação e seleção) que atuariam em três níveis distintos (filogênese, ontogênese e

práticas culturais)... O primeiro processo (variação) consistiria em uma tendência à

variabilidade e à mutação e a conseqüente coexistência de inúmeros padrões, acrescida,

ainda, do aparecimento regular de novos padrões (sejam eles caracteres de uma dada

espécie, classe de respostas operantes ou práticas culturais, respectivamente). O

segundo processo (seleção) envolveria uma espécie de triagem dos padrões existentes,

promovida pelo ambiente conseqüente (conseqüências de sobrevivência, no caso da

filogênese e das práticas culturais, e de reforçamento, no caso da ontogênese). Certos

padrões seriam mantidos, enquanto outros, declinariam de freqüência.." (Neto e

Tourinho, 1999, p. 48, 49)

9) "Selectionism is just a naturalistic explanation for complexity, and is fully compatible

with the assumption that there are no occult forces at work in nature." (Palmer, 1998, p.

95)

117

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10) "... selectionism regards variability within classes of phenomena as fundamental,

whereas essentialism regards it as a misleading irrelevance." (Palmer & Donahoe, 1992,

p. 1346)

11) “Today the scientific conception of causation refers to events occurring 'as function

of' other events rather than in terms of 'A exerts a force on B'… It is a mode [Radical

behaviorism’s causal mode] that encompasses causation over time (life history,

experience) and has been compared with Darwinian mode of selection on

variation.” (Chiesa, 1992, p. 1289, 1291)

12) "... buscar os determinantes do comportamento é sinônimo do que tradicionalmente

tem sido chamado de buscar suas causas... o termo causa no estudo do comportamento,

deverá se referir exatamente aos processos de variação e seleção responsáveis pela

produção das histórias que originaram o evento comportamental." (Andery e Sério,

2001, p. 159, 163)

Grupo 3

1) "determinism, the view that the state of the world at any instant determines a unique

future and that knowledge of all the position of things and the prevailing natural forces

would permit an intelligence to predict the future state of the world with absolute

precision. This view was advanced by Laplace in the early nineteenth century; he was

inspired by Newton's success at integrating our physical knowledge of the world.

Contemporary determinists do not believe that Newtonian physics is the supreme

theory. Some do not even believe that all theories will someday be integrated into a

unified theory. They do believe that, for each event, no matter how precisely described,

there is some theory or system of laws such that the occurrence of that event under that

description is derivable from those laws together with information about the prior state

of the system (pp.196 - 197)'... the mechanical philosophy of determinism can be seen

as the consequences of idealizing the design of machines. These consequences were

then regarded as causes, not only of machines, but of everything in the universe"

(Moxley, 1997, p. 7, 22)

118

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2) "Laplace (1814/1951) gave the classic formulation for scientific determinism: 'We

ought…to regard the present state of the universe as the effect of its anterior state and as

the cause of the one which it follows. Given for one instant an intelligence which could

comprehend all the forces by which nature is animated and the respective situation of

the beings who compose it - an intelligence sufficiently vast to submit these data to

analysis - it would embrace in the same formula the movement of the greatest bodies of

the universe and those of the lightest atom; for it, nothing would be uncertain and the

future, as the past, would be present to its eyes. (p.4)'." (Moxley, 1998, p. 85, 88)"

3) "The logical features of causality (necessary connection, succession, and

contiguity)… originated in classical mechanics." (Ribes-Iñesta, 1997, p. 619)

4) "As John Malone (1990) defines mechanism... Mechanism is the 'assumption that

explanations must not refer to outside agents, such as demons or life forces' (p.53). Put

another way, explanations of natural phenomena must not refer to supernatural agents,

that is, to agents outside of nature. As Malone (1990) notes, "this is what is meant by

determinism in science" (p.45)" (Morris, 1996, p. 26)

5) "Given for one instant an intelligence which could comprehend all the forces by

which nature is animated and the respective situation of the beings who compose it - an

intelligence sufficiently vast to submit these data to analysis - it would embrace in the

same formula the movement of the greatest bodies of the universe and those of the

lightest atom; for it, nothing would be uncertain and the future, as the past, would be

present to its eyes. (Laplace 1814/1951, p.4)" (Moxley, 1999, p. 100)

6) “Scientific determinism… Was given a classic formulation by Laplace: ‘We ought…

To regard the present state of the universe as the effect of its anterior state and as the

cause of the one which is to follow. Given for one instance an intelligence which could

comprehend all the forces by which nature is animated and the respective situation of

the beings who compose it – an intelligence sufficiently vast to submit these data to

analysis – it would embrace in the same formula the movement of the greatest bodies of

the universe and those of the lightest atom; for it, nothing would be uncertain and the

future, as the past, would be present to its eyes.’ (1814/1951, p.4). Popper (1982)

presented this scientific determinism… ‘The intuitive idea of determinism may be

119

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summed up by saying that the world is like a motion-picture film: The picture or still

which is just being projected is the present. Those parts of the film which have already

been shown constitute the past. And those which have not yet been shown constitute the

future. In the film, the future co-exists with the past; and the future is fixed, in exactly

the same sense as the past.’ (p.5, also cf. pp. Xx-6)” (Moxley, 1996, 294, 295)

7) “The jack-in-the-box conception is mechanistic (although a simplistic one)… In these

caricatures, pulling the proper string for the puppet or pressing the ‘open’ button for the

jack-in-the-box is treated as analogous to an eliciting stimulus for a response…

mechanistic accounts are not generally simplistic. A sophisticated mechanistic approach

recognizes the contextual dependence of phenomena including the ‘meaning’ of

behavior” (Shull and Lawrence, 1993, p. 241)

8) “In mechanism… The goal of the scientist is to discover the laws of how the world

works – laws that are presumed to be extant things and relations independent of the

scientist.” (Barnes and Roche, 1994, p. 165)

9) “Mechanism’s root metaphor, in turn, is the machine and its parts. Its theory of truth

is a causal-adjustment version of correspondence, for instance, the correspondence of

theories about nature with facts and evidence thereof, usually as predictions deduced

from hypotheses to data.” (Morris, 1997, p. 531)

10) “… ‘pure Mechanism is (a) a single kind of stuff, all of whose parts are exactly

alike except for differences of position and motion; (b) a single fundamental kind of

change, viz., change of position [horizontal ellipsis] (c) a single elementary causal law,

according to which particles influence each other by pairs; and (d) a single and simple

principle of composition, according to which the behavior of any aggregate of particles

[horizontal ellipsis] follows in a uniform way from the mutual influences of the

constituent particles taken by pairs’… Particles are like points. The fundamental relation

is between two particles, like a line connecting two points. In addition, causal relations

were necessary relations like the necessary relations in Euclidean proofs… The essence

of mechanical explanation in fact is to regard the future and the past as calculable

functions of the present, and thus to claim that all is given… Mechanical or

deterministic relation…” (Moxley, 1992, p. 13.., 13..)

120

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11) “According to the mechanistic world view… As for causation, the elements are said

to act on one another as do physical forces, the results of which are chain-like

connection between, or sequences of, stimuli and responses. Causation flows from

stimulus to response in a manner that is immediate, contiguous, and efficient. The truth

criterion of these causal mechanisms is correspondence: Given that knowledge in

mechanism is knowledge about the nature of a realist ontology, the truth of that

knowledge is found in the correspondences across domains of the activity of the

machine or in predictions between what is said about machines (e.g. hypothesis) and

how the machine operates (e.g. confirmations).” (Morris, 1988, p. 299)

12) “A world of necessarily collected phenomena.” (Scharff, 1982, p. 48)

13) "And determinism is the thesis that every item of behavior is an instance of a causal

law...by a causal law I mean a true statement to the effect that whenever conditions of

kind F occur, conditions of kind G invariably occur." (Vorsteg, 1974, p. 109 and 110)

14) "Determinism is the thesis that, given the conditions surrounding an event, nothing

else but it could happen. Scientific determinism is the belief that whatever happens has

physically determined causes and is the predictable result of these causes." (Fraley,

1994, p. 71)

15) "... todo proceso natural está absoluta y cuantitativamente determinado, al menos

por la totalidad de circunstancias o condiciones físicas que acompañan su aparición.

Este postulado, que há sido llamado principio de la causalidad..." (Arroyo, 1989, p. 468)

16) “… the belief that everything in the universe is governed by causal laws, that for

everything that happens there are conditions such that (given those conditions) nothing

else could have happened.” (Greene, 1972, p. 147)

17) "... metaphysical determinism. This position holds that all events in the

universe, including organismic behavior, are the necessary outcome of antecedent

conditions. Nothing but the behavior that occurred could have occurred, given the

antecedent causal circumstances... Metaphysical determinism leaves no room for

any self-determination in the sense of free will... metaphysical probabilism typically

121

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assume that natural events occur in a metaphysically chaotic or stochastic fashion,

rather than a metaphysically determined fashion. From this perspective, the

unpredictability of behavioral events results from an interaction between the nature of

physical reality and our observational techniques, rather than from flawed

instrumentation alone... Scientific determinists distinguish the results of their methods

from metaphysical statements about reality. They believe that the world is best studied

through the careful application of the scientific method. Accurate prediction can follow

from this systematic study, as historical trends are used to anticipate an organism's as

yet unevoked responses. However, these assumptions (e.g., predictability) are purely

methodological for a scientific determinist; they inhere in the scientific method and its

use, and need not be extended to reality itself... A fourth and final category of

determinism concerns the notion of functional interdependency... When this perspective

[functional interdependency] is applied to behavior analysis, the job of the radical

behaviorist is not to discover causation, but to describe functional relations occurring

between the organism and the environment... the traditional 'cause and effect'

vocabulary of science is abandoned within this view." (Slife & cols., 1999, p. 76, 77,

78, 84, 85. 87, 88, 89 and 92)

18) "... 'scientific determinism' - the only variety of determinism considered here - ... On

Popper's analysis: It is characteristic of all forms of the deterministic doctrine that every

event in the world is predetermined: if at least one (future) event is not predetermined,

determinism is to be rejected, and indeterminism is true. In terms of what I call

'scientific determinism', this means that if at least one future event in the world could

not in principle be predicted by way of calculation from natural laws and data

concerning the present or the past state of the world, then 'scientific' determinism would

have to be rejected... (Moxley, 1996, p. 160)

19) “No caso do mecanicismo, prevalece a idéia de que as partes ou as peças da

engrenagem têm significado em si mesmas ou em pequenos conjuntos possíveis numa

análise singular. Nesse sentido, a idéia de simples justaposição, contigüidade ou

associação de estímulos ou de estímulos e respostas, representaria seguramente uma

espécie de mecanicismo que leva a uma compreensão parcial, dicotomizada e

incompleta do comportamento humano.” (Carrara, 2001, p. 235)

122

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20) “This is what ‘causes’ come down to – they are predictating meanings that endow

our descriptive accounts with ‘this’ or ‘that’ form of explanation… The material-cause

predication explains things on the basis of the impetus that shapes them or moves

events about. Billiard-ball causation is efficient causation. Formal-cause predication

explains things based on the pattern that they take on as a total essence (which includes

mathematics). And final-cause predication explains things based on the intention to

attain some presumed end, ‘a that, for the sake of which’ something exists or takes

place. Final causation encompasses formal causation, because the ‘that’ (reason,

purpose) which frames the ensuing intention is a formal cause (plan, strategy, goal,

etc.).” (Rychlak, 1992, p. 349)

Grupo 4

1) "... metaphysical determinism. This position holds that all events in the universe,

including organismic behavior, are the necessary outcome of antecedent conditions.

Nothing but the behavior that occurred could have occurred, given the antecedent causal

circumstances... Metaphysical determinism leaves no room for any self-determination in

the sense of free will... metaphysical probabilism typically assume that natural events

occur in a metaphysically chaotic or stochastic fashion, rather than a metaphysically

determined fashion. From this perspective, the unpredictability of behavioral events

results from an interaction between the nature of physical reality and our observational

techniques, rather than from flawed instrumentation alone... Scientific determinists

distinguish the results of their methods from metaphysical statements about

reality. They believe that the world is best studied through the careful application

of the scientific method. Accurate prediction can follow from this systematic study,

as historical trends are used to anticipate an organism's as yet unevoked responses.

However, these assumptions (e.g., predictability) are purely methodological for a

scientific determinist; they inhere in the scientific method and its use, and need not

be extended to reality itself... A fourth and final category of determinism concerns

the notion of functional interdependency... When this perspective [functional

interdependency] is applied to behavior analysis, the job of the radical behaviorist is not

to discover causation, but to describe functional relations occurring between the

organism and the environment... the traditional 'cause and effect' vocabulary of science

123

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is abandoned within this view." (Slife & cols., 1999, p. 76, 77, 78, 84, 85. 87, 88, 89

and 92)

2) "...methodological determinism as a perspective that focuses their efforts on

uncovering regularities in nature... However, methodological determinism states only

that laws are worth looking for here, not that they surely exist here, and surely not that

they necessarily exist always and everywhere' (Kaplan, 1964, p. 124)." (Baldwin, 1988,

p.120)

Grupo 5

1) “… I label behavioral determinism, as the consideration of ‘behavior… as a subject

matter in its own right’ (Skinner, 1987, p. 780)” (Kendler, 1988, p. 822)

2) "Modern biologists distinguish between two models of causation for living systems:

proximate and ultimate causation... Proximate causation answers 'how' questions. For

example, how do biological traits occur? It yields microexplanations to questions such

as how DNA programs are transformed into proteins and how cells, behaviors, and

organisms become distinguished by differing structures as wings, flippers, or arms.

Proximate causation is the domain of functional biology, and its causes are independent

of evolutionary contingencies. Ultimate causation answers questions of why or 'how

come?' For example, why does the DNA program in bats call for wings located

anatomically where in dolphins it calls for flippers and in humans it calls for arms?

Using the evolutionary model, it yields macroexplanations to "how come?" questions by

describing the processes by which the traits (analyzed by the sciences of proximate

causation) evolved." (Alessi, 1992, p. 1359, 1360)

3) “Determinism is an ontological assumption when it refers to the nature of cause-

effect relations and is an epistemological assumption when it refers to explanation.

Epistemologically, it is a denial of final and chance causality, but it does not require

denial of the nonmaterial antecedents assumed in theological mechanism and in

versions of ‘objective idealism’ in which the telos is conceptualized as the beginning as

well as the end…” (Reese, 1993, p. 68, 69)

124

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4) “A rationally defensible conception of causality must begin with the concept of

entity. Only entities act; only entities move; only entities change. H.W.B. Joseph writes:

‘a cause is a thing acting’ (1906, p. 426). All actions are the actions of something, that

is, of some particular entity. To be particular means to posses specific attributes and

characteristics, to have a specific nature or identity. The recognition of the fact that

things have a specific nature, that things are what they are, is formulated in the logic as

the Law of Identity… ‘The law of causality is the law of identity applied to action. All

actions are caused by entities. The nature of an action is caused and determined by the

nature of the entities that act; a thing cannot act in contradiction to its nature’…”

(Locke, 1972, p. 178, 179)

5) "Causal knowledge, from a philosophical standpoint, is simply knowledge of the

pattern of events, nothing more." (Hayes et. al., 1996, p. 109)

125

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ANEXO V

126

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Autores No de artigos

Alessandra Salina 1

Alexandre Vexliard 1

Allen Neuringer 1

Amanda Rey 1

Ana Roberta Prado Montanher 1

Andrew C. Theophanus 1

Barnt Williams 1

Blanca Patricia Ballesteros 1

Brent D. Slife 1

Bruce N. Waller 1

Bryan Roche 1

D. A. Begelman 1

David W. Schaal 1

Dennis J. Delprato 1

Dermot Barnes 1

Edward G. Carr 1

Edwin A. Locke 1

Elisa Tavares Sanabio 1

Emmanuel Zagury Tourinho 1

Galen Alessi 1

Hayne W. Reese 1

Howard H. Kendler 1

J. E. R. Staddon 1

J. L. Prieto Arroyo 1

Jack Marr 1

John A. Nevin 1

John D. Baldwin 1

John W. Donahoe 1

José Antônio Damásio Abib 1

Joseph F. Rychlak 1

Judith L. Scharff 1

Kester Carrara 1

127

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Laura Abdalla Cavalcanti 1

Lawrence E. Fraley 1

Lawrence M. Hinman 1

Lígia Maria de Castro M. Machado 1

Linda J. Hayes 1

M. Jackson Marr 1

Maria Helena Leite Hunziker 1

Maria Lúcia Dantas Ferrara 1

Mark A. Adams 1

Mark R. Dixon 1

Maura Alves Nunes Gongora 1

Maxine Greene 1

P. Scott Lawrence 1

Richard L. Shull 1

Robert E. Lana 1

Robert Epstein 1

Robert H. Vorsteg 1

Rodolfo Carbonari Sant' Anna 1

Roosevelt R. Starling 1

Sam Leigland 1

Silvio Paulo Botomé 1

Stephen C. Yanchar 1

Theodore Mischel 1

Timothy D. Hackenberg 1

Vicki L. Lee 1

W. Teed Rockwell 1

128

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ANEXO VI

129

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Relações Número dos textos no banco de dados

Afastamento do

mecanicismo

1, 3, 11, 12, 14, 15, 17, 18, 19, 25, 26, 28, 29, 31, 36, 37, 38,

39, 42, 43, 46, 47, 48, 49, 52, 53, 54, 56, 57, 58, 59, 69, 72, 75

Aproximação do

mecanicismo 16, 34, 35, 37, 40, 41, 47, 52, 53, 55, 58

Causas externas 2, 8, 10, 44, 51, 62, 64, 66, 67, 68 , 69, 76

Afastamento da

teleologia 24, 25, 26, 48, 55, 64

Diferentes níveis

de determinação 1, 9, 20, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 53, 62, 70, 77

Negação do

determinismo 3, 5, 11, 13, 14, 18, 28, 33, 36, 39, 50,

Afirmação do

determinismo 6, 7, 8, 12, 27, 30, 32, 50, 51, 60, 61, 65, 71, 73

130

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ANEXO VII

131

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Obras de Skinner e ano de publicação original Número de vezes referenciadas

An operant analysis of problem solving (1966) 8

A case history in scientific method (1956) 8

Some thoughts about the future (1986) 8

Two types of conditioned reflex and a pseudo type

(1935)

8

Answers for my critics (1973) 8

Particulars of my life (1976) 8

Notebooks (1980) 7

Some consequences of selection [Response to

comments on the article “Selection by

Consequences”] (1984)

7

The evolution of behavior (1984) 7

The experimental analysis of operant behavior

(1977)

7

Why I am not a cognitive psychologist (1977) 7

The technology of teaching (1968) 6

What is psychotic behavior? (1956) 6

The origins of cognitive thought (1989) 6

The evolution of verbal behavior (1986) 6

Outlining a science of feeling (1987) 6

The problem of consciousness: A debate.

(response to Blanchard) (1967)

5

Are we free to have a future? (1973) 5

Cognitive science and behaviorism (1985) 5

The initiating self (1989) 5

Enjoy old age: A program of self management

(1983)

4

To know the future (1990) 4

The machine that is man (1969) 4

The behavior of the listener (1989) 4

Herrnstein and the evolution of behaviorism

(1977)

4

132

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A lecture on “having” a poem (1972) 4

The role of the environment (1968) 4

The flight from the laboratory (1959) 4

Reflections on behaviorism and society (1978) 4

Laurence D. Smith [Review of Behaviorism and

Logical Positivism: A reassessment of the alliance]

(1987)

3

Some issues concerning the control of human

behavior: A symposium (1956)

3

A critique of psychoanalytic concepts and theories

(1954)

3

What is the experimental analysis of behavior?

(1966)

3

Genes and behavior (1988) 3

The rate of establishment of a discrimination

(1933)

3

Drive and reflex strength II (1932) 3

The verbal summator and a method for the study

of latent speech (1936)

3

The experimental analysis of behavior (1957) 3

Freedom and the control of men (1955) 3

Recent issues in the analysis of behavior (1989) 3

How to discover what you have to say - A talk to

students (1981)

3

Superstition in the pigeon (1948) 3

Humanism and behaviorism (1972) 3

Creating the creative artist (1970) 2

Has Gertrude Stein a secret? (1934) 2

News from nowhere, 1984 (1985) 2

Is it behaviorism? (1986) 2

Cumulative Record (1999) 2

Interview with B. F. Skinner (1979). Behaviorism

for Social Actions Journal

2

133

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Interview with B. F. Skinner (1979) 2

Contingencies of reinforcement in the design of

culture (1966)

2

B. F. Skinner… An autobiography (1967) 2

Concept formation in philosophy and psychology

(1960)

2

Canonical papers of B. F. Skinner (1984) 2

Some contributions of an experimental analysis of

behavior to psychology as a whole (1953)

2

The shaping of phylogenic behavior (1975) 2

On the conditions of elicitation of certain eating

reflexes (1930)

2

The design of cultures (1961) 2

Signs and countersigns (1988) 2

A quantitative estimate of certain types of sound-

patterning in poetry (1941)

2

A second type of “superstition” in the pigeon

(1957)

1

A review of “Stochastic models for learning” of

Bush and Mosteller (1956)

1

A thinking aid (1987) 1

A world of our own (tape recording made by the

author - 1989)

1

Cumulative Record (1975) 1

B. F. Skinner says what’s wrong with the social

sciences (1971)

1

Cumulative Record (1972) 1

Behaviorism, Skinner on (1987) 1

Critique of psychoanalytic concepts and theories

(1954)

1

Between Freedom and Despotism (1977) 1

Contingency management in the classroom (1969) 1

B. F. Skinner: The man and his ideas (1968) 1

134

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Can the experimental analysis of behavior rescue

psychology? (1983)

1

A new preface to Beyond Freedom and Dignity

(1989)

1

The shame of American Education (1984) 1

Programmed instruction revisited (1986) 1

The contrived reinforcement (1982) 1

The creative student (1968) 1

The distribution of associated words (1937) 1

The ethics of helping people (1975) 1

The force of coincidence (1977) 1

The analysis of behavior: A program for self-

instruction (1961)

1

The operant side of behavior therapy (1988) 1

The Alliteration in Shakespeare’s Sonnets: A study

in Literary Behavior (1939)

1

The steep and thorny way to a science of behavior

(1975)

1

Visions of utopia (1967) 1

Walden (One) and Walden Two (1973) 1

What ever happened to psychology as the science

of behavior? (1987)

1

What is wrong with the daily life in the western

world? (1986)

1

Why I am not acting to save the world (1987) 1

Why we are not acting to save the world (1987) 1

The nature of the operant reserve (1940) 1

“Self – awareness” in the pigeon (1981) 1

Freedom and dignity revisited (1972) 1

Handwriting with write and see (1968) 1

Intellectual self-management in old age (1983) 1

Interview (1967) 1

Interview: I have been misunderstood (1972) 1

135

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Methods and theories in the experimental analysis

of behavior (1984)

1

The books that have been most important… (1986) 1

Preface to the behavior of organisms (Seventh

Printing) (1966)

1

Experimental psychology (1947) 1

Psychology: A behavioral reinterpretation – “Man”

(1964)

1

Why we need teaching machines (1961) 1

Resurgence of responding after the cessation of

response-independent reinforcement (1980)

1

Schedules of Reinforcement (1957) 1

Some relations between behavior modification and

basic research (1972)

1

Some responses to the stimulus 'Pavlov' (1966) 1

Teaching thinking (1968) 1

On the rate of formation of a conditioned reflex

(1932)

1

136