Poemas a dedo
-
Upload
avirtual-editora -
Category
Documents
-
view
265 -
download
0
description
Transcript of Poemas a dedo
POEMAS DEDOa
DENNIS RADÜNZFERNANDO JOSÉ KARLPRISCILA LOPESRODRIGO GARCIA LOPESTELMA SCHERER
VINÍCIUS ALVES
DENNIS RADÜNZ
Ninfografia
mínimos lábios elíseos
lâmina a língua eólia
lá,a lábia baila
ali,a lua é líbia
além,as duas etiópias
intumescidas
Extraído de Livro de mercúrio, Letradágua Editora, 2001
Foto Lucas Bernardi
FERNANDO JOSÉ KARL
A pedra e a mãe morta
A mãe morta é bela porque é a delicadezase dissolvendo.
Com machado de ferro quebra-se a pedra.Clareza fixa e rústica, a pedra,
se cortada em duas,são duas pedras mais belas que a mãe morta,
porque pedras não morrem,mantêm a delicadeza.
Extraído de Desenhos mínimos de rios, Secretaria da Cultura, Paraná, 1997
Xilogravura Chico Marinho
PRISCILA LOPES
The Nigth Café
Contemplo as escadas de van Gogh.
Consulto o relógio da parede.A cinco passos está o meu cliente. Neleme debruço se me vejo. Nelehabita o clima, o verde
da mesa de sinuca que me convida a sersó. Um casal ao longe não cabe em mim.Um bêbado sentado também sou eu.Por inúmeros motivos me condenoa manter-me em pé, entre parênteses.Creio que haja vida após a mortee que os olhos são ouvidos
das minhas paredes. Porém,me detenho no pensamentoque mede o tamanho do meu taco– e se confio ou não, é mais embaixoo buraco que procuram minhas mãos.
Extraído de Almenara da Palavra, blog de Romulo Schmidt, 2012
Foto Annete Owatari
RODRIGO GARCIA LOPES
você me tocacomo quem trocade roupa
você me provocae troçadessa minha docedistração
pra quê tanta pressavocêmulher na multidão?
Extraído de Solarium, Iluminuras, 1994
Foto Annete Owatari
TELMA SCHERER
O sol nos põe nus demais. O sol nos põe sérios. Na morte, o sol finca pedras. Põe epitáfios e, no entanto, é no fundo do oceano o germe, lá onde raio nenhum penetrou. No fundo do lodo do fundo, brilha a alga que vê no escuro. Enxerga claro, vê aos poucos. Não abrupto. O sol nos põe nus demais, nos põe sérios. Quer saber o que nem Deus entende. Nosso medo, ele não sente.
Extraído de Depois da água, Nave Editora, 2014
Foto Lucas Bernardi
VINÍCIUS ALVES
não tenho só uma caraa cara que tenho é só uma caramas não é uma cara só
aquilo que a minha cara parecenão é a minha caraé só porque a minha cara aparece
o que você vê é só a minha caramas você não vê a minha cara minha cara
a minha cara ninguém vêporque ninguém sacao que tá na cara
Extraído de Olho & Fôlego, Bernúncia Editora, 2008
Xilogravura Chico Marinho
AVIRTUAL, 2015
Editores: Jayro Schmidt & Lucas Bernardi
Projeto gráfico Lucas Bernardi
Detalhe Capa Caravaggio
Fonte corpo Courier New | Títulos Capa Calibri [email protected]
AVIRTUALAA