POBREZA E O BOLSA FAMÍLIA VINCULADOS AOS...
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POBREZA E O BOLSA FAMÍLIA VINCULADOS AOS CONTEÚDOS DA
DISCIPLINA DE GEOGRAFIA DOS ALUNOS DO 2°ANO DO ENSINO MÉDIO DA
ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM MURTINHO
Vilma Adriane Caballero Messa Ferro
RESUMO
O presente projeto de pesquisa tem como finalidade analisar o ensino aprendizagem dos alunos matriculados no 2° ano do Ensino Médio da Escola Estadual Joaquim Murtinho, sobre as temáticas relacionadas com os conteúdos população e urbanização, na disciplina de Geografia, de modo a verificar como os estudantes assimilam a pobreza e a desigualdade social existente em seu meio. A partir da percepção e informações que possuem sobre o Programa Bolsa Família, e a pobreza, através do questionário quali-quantitativo, levantaremos dados de quantos estudantes possuem de fato o conhecimento do que é pobreza, e quem são os que recebem o auxílio, e levantar um parâmetro de como os conteúdos estudados através da ementa, tem auxiliado na aquisição de informações pertinentes sobre a realidade do Brasil, como o professor vem utilizando dessas informações para transmitir para seus estudantes e principalmente na perspectiva de uma mudança futura na realidade dos dias atuais . Para isso utilizar-se-ão de consultas em documentos como artigos já publicados sobre este assunto, o Plano Nacional de Educação e os livros didáticos. A localização da escola no centro da cidade poderá contribuir para obter resultados diversificados, ou seja, o conhecimento sobre as questões levantadas será de tamanha importância que atingiremos o maior público com relação a diversidade cultural, pelo fato de a escola receber inúmeros alunos Paraguaios, no qual o município de Ponta Porã faz fronteira, a pesquisa será de caráter empírico com alguns pontos bibliográficos, com análises através de questionários que responderão, com o eixo temático de Escola: espaços e tempos de reprodução e resistências da pobreza.
Palavras-chave: Escola; Pobreza; Currículo do 2°Ano Ensino Médio; Bolsa Família; Alunos.
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho promoverá o debate sobre a pobreza e o Programa social Bolsa
Família. O artigo será desenvolvido em dois eixos de análise: No primeiro, será observado
como esses temas estão vinculados e são abordados nos conteúdos curriculares do 2°Ano do
Ensino Médio, e nos livros didáticos da disciplina de Geografia, a partir da consulta em
documentos e materiais didáticos.
No segundo eixo, pretende-se, assim, observar o nível de conhecimento dos alunos sobre
a política pública que oferece assistência a 13,9 milhões de famílias pobres e extremamente
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pobres e o entendimento acerca dos mecanismos que favorecem a exclusão social no Brasil.
Nesta direção, observar-se-á quais alunos vivenciam a realidade da pobreza e a ajuda de custo
da bolsa família, como isso vem auxiliando em suas vidas. Esse levantamento servirá para
compreender como os jovens, matriculados no segundo ano do ensino médio tem refletido a
sociedade, o grau de entendimento das garantias dos Direitos Humanos, a partir destas
considerações iniciais, a presente projeto propõe como objetivo analisar a relação de ensino e
aprendizagem sobre a pobreza, desigualdade social e os conhecimentos sobre o Programa Bolsa
Família no ensino aprendizagem dos alunos dos 2° ano do Ensino Médio da Escola Estadual
Joaquim Murtinho.
Para isso, considerar-se-á a relação entre o currículo da disciplina de geografia e relação
com o cotidiano dos alunos, por urbanização, populações, direitos humanos, conceituação de
pobreza e a escola como forma de transformação dessas posturas.
A pobreza pode ser definida de várias maneiras, uma delas é a situação financeira no
qual a pessoa se encontra no momento, estar numa situação que pode ser modificada. Segundo
Antônio Pedro Albernaz Crespo; Elaine Gurovitz:
O conceito de pobreza relativa é descrito como aquela situação em que o indivíduo, quando comparado a outros, tem menos de algum atributo desejado, seja renda, sejam condições favoráveis de emprego ou poder. Uma linha de pobreza relativa pode ser definida, por exemplo, calculando a renda per capita de parte da população. Essa conceituação, por outro lado, torna-se incompleta ao não deixar margem para uma noção de destituição absoluta, requisito básico para a conceituação de pobreza. (CRESPO; GUROVITZ, 2002, p. 04).
O conceito de pobreza, torna-se necessário para a compreensão das políticas públicas e
sobre quais os mecanismos governamentais estão sendo utilizados para atingir pessoas
excluídas socialmente em especial, aquelas que encontram nos estratos abaixo da linha da
pobreza. Por outro lado, a escolarização e um currículo voltado para a formação de novos
conhecimentos disponíveis para a formação na disciplina de geografia, auxiliam, em tese, na
direção de formar os indivíduos emancipados, que conhece seus direitos como cidadão.
Por sua vez, segundo Mesquita, (2007,p.61) , o Programa Bolsa Família foi criado no
ano de 2003 pelo governo federal, na gestão do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
observando três diretrizes distintas, são elas: complemento da renda, acesso a direitos e
articulação com outras ações.
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A disciplina de Geografia estuda, dentre outros fenômenos sociais, a urbanização,
população e dá enfoque às desigualdades sociais encontradas ao longo dos anos, desde o
surgimento das cidades até os dias atuais. Para o Ministério da Educação do composto
curricular do Ensino Médio baseia se em:
A demanda por ascender a patamares mais avançados do sistema de ensino é visível na sociedade brasileira. Essa ampliação de aspirações decorre não apenas da urbanização e modernização consequentes do crescimento econômico, mas também de uma crescente valorização da educação como estratégia de melhoria de vida e empregabilidade. Dessa forma, aquilo que no plano legal foi durante décadas estabelecido como obrigação, passa a integrar, no plano político, o conjunto de direitos da cidadania. (SEMTEC/MEC,2009E p.52)
Podemos perceber que a questão urbanização está interligada as questões de pobreza no
Brasil e no Mundo, por isso, a importância dos alunos conhecerem o significado dos conceitos,
e conhecerem os seus direitos adquiridos.
O Programa Bolsa Família (PBF) surgiu da unificação de programas do governo como:
Fome Zero, o Bolsa Escola, o Bolsa Alimentação, o auxílio Gás e o Cartão Alimentação, com
o objetivo de erradicar a extrema pobreza no Brasil, desde o ano de 2003, com dois aspectos
sendo, de ordem política e técnica-gerencial. Como define Mesquita (2007), no artigo sobre O
Programa Bolsa Família: Uma análise do seu impacto e alcance social:
Apesar de não integrar formalmente a Política Nacional de Assistência Social(PNAS), concebe-se o Programa como uma ação de proteção básica, de natureza assistencial,formada por programas,serviços e benefícios que visam prevenir situações de risco por meio de desenvolvimento de potencialidades e aquisições, bem como o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.( MESQUITA,2007, p.63).
Pode-se observar, que a conciliação de questões relacionada á urbanização, pobreza e
o Programa Bolsa Família, há uma necessidade de conceituação de cada uma, e assim, propor
para que os estudantes tenha o conhecimento social e real de cada uma de acordo com o
referencial curricular proposto e, principalmente relatar a realidade dessa população e se está
inserido em seu meio, para isso é importante ressaltar as opiniões distintas que obtemos quando
nos relacionamos o fato do Bolsa Família ser importante para os beneficiários, como cita em
seu artigo Ávila (2013,p.157), “que ainda há muitas controvérsias, com relação ao impacto que
a renda gera no orçamento familiar, que é de combater a fome, há muitas famílias que a utilizam
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para outros fins, principalmente aqueles que não precisariam estar inserido no beneficio e,
aqueles que o necessitam e por questões burocráticas não estão inscritos”.
Outra problemática abordada é a questão que novas pessoas não serão inclusas no PBF
(Programa Bolsa Família), se o orçamento estipulados for esgotada pelo Governo Federal,
como cita em seu artigo Ávila (2013):
Assim, o dinheiro advindo do PBF é derivado de um programa social com orçamento definido, isto é, uma vez esgotada a dotação orçamentária, não haverá inclusão de novas pessoas na política (ainda que estejam dentro dos critérios de seleção), pelo menos até que haja um crédito suplementar. Está, pois, à mercê de cortes e incrementos orçamentários, definidos pelo Governo Federal a cada ano. (ÁVILA, 2013, p. 38).
Este estudo tem por objetivo analisar a relação de ensino e aprendizagem sobre a
temática da pobreza, desigualdade social a partir da percepção de alunos beneficiários e não
beneficiários do Programa Bolsa Família matriculados no 2°ano do ensino médio da Escola
Estadual Joaquim Murtinho, que investigará se há alunos que vivencia a faixa de pobreza e
extrema pobreza, identificação de estudantes que recebem o auxílio e o destino da verba,
Verificação de como essa conceituação está aliada ao conteúdo urbanização e população e
demonstrar a importância de se conhecer seus direitos e deveres para obtermos resultados de
mudança na questão da pobreza no Brasil.
O estudo fará uso de levantamento bibliográfico e documentos públicos , que abarcará
observação participante em levantamentos de dados estatísticos de quantos alunos recebem o
bolsa família e o uso de questionário com questões pesquisa qualitativa e quantitativa aplicada,
em duas turmas de 2° Ano do Ensino Médio da Escola Estadual Joaquim Murtinho da cidade
de Ponta Porã.
Assim, buscar-se-á caracterizar a relação de ensino e aprendizagem sobre a pobreza,
desigualdade social e os conhecimentos sobre o Programa Bolsa Família a partir da consulta
de documentos, materiais didáticos e entrevistas com os alunos matriculados no 2°Ano do
Ensino Médio da Escola Estadual Joaquim Murtinho de Ponta Porã.
Para atingir o objetivo esperado será desenvolvida em dois eixos: (I) analisando o
currículo escolar, as diretrizes do Ministério da Educação e o conteúdo ofertado nos livros
didáticos. Analisando a abordagem e implementação dos conteúdos curriculares.
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O segundo eixo será subsidiado por pesquisa quali-quantitativa que será realizada por
intermédio de entrevistas com os jovens matriculados na disciplina selecionada. A finalidade é
observar a concepção dos alunos acerca do Programa Bolsa Família e a relação individual e
coletiva destes agentes com a pobreza, desigualdade, direitos humanos e as assistências do
Programa Social.
Posteriormente, a partir de uma pesquisa empírica com entrevista, levantamento
estatístico de quantos alunos recebe o auxílio e durante quanto tempo, entrevista com os alunos
que recebem o auxílio, e análise dos conteúdos utilizando o livro didático.
Conhecer a realidade da pobreza, além, dos livros didáticos e tudo aquilo que é
empregado na mídia, o que o benefício Bolsa Família realmente proporciona para diversas
famílias que necessitam desse auxílio, e a utilizam em forma de sobrevivência.
As informações recolhidas pela pesquisa de campo serão relacionadas em um segundo
momento à pesquisa bibliográfica e documental, utilizando da pesquisa exploratória através de
consultas em documentos oficiais, dissertações e consulta a bibliografia publicada em livros
(SEVERINO, 2007)
Espera-se identificar o grau de eficácia da disciplina de Geografia para a formação dos
alunos do Ensino Médio sobre as temáticas relacionadas à pobreza, desigualdade social e, em
especial, para a formação de conhecimento sobre o Programa Bolsa Família.
Partindo do pressuposto que a formação escolar que prestigia o conteúdo e as
abordagens de garantidas de direitos contribui para a formação da cidadania destes jovens e,
sobretudo, para que nas próximas gerações possamos combater a desigualdade social no mundo
não somente no país, pois, percebemos que com o advento das tecnologias além de avançar
estamos regredindo e que as pessoas não possuem conhecimento ao certo do que pode ser feito
para mudarmos essa realidade que muito nos afeta: a extrema pobreza.
2 PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: VISÃO GERAL
A lei nº 10.836, de 09 de janeiro de 2004, cria o Programa Bolsa Família, no mandato
do então presidente Luís Inácio Lula da Silva, assim, extingue-se a Bolsa Escola, Bolsa
Alimentação, Programa Auxilio Gás e do Cadastramento Único do Governo Federal, destina-
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se a pessoas de classe sociais pertencentes á da pobreza e extrema pobreza, composta por
gestantes, nutrizes, crianças entre 0 à 12 anos ou adolescentes até 17 anos de idade.
É uma política de contribuição de renda não contributiva, pois, as pessoas recebem o
auxílio sem cobranças, não é direito adquirido, tanto que deve ser revisto a cada dois anos. Em
janeiro de 2004 foi criado o MDS( Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome),como cita em sua dissertação de mestrado Abreu ( 2011):
Promover a inclusão social e a emancipação das famílias, erradicando a fome e a miséria no Brasil por meio de políticas públicas de proteção e promoção social consistem na missão do MDS. Diante disso, a sua atuação está centrada na articulação e execução das políticas sociais do Governo Federal que sejam a expressão do enquadramento dos problemas da fome e da exclusão social,tidas assim, como questões prioritárias na agenda nacional. (ABREU,2011,p.85)
No Brasil a divisão territorial é de 26 estados e um distrito federal no qual há inscritos
no Cadastro único para Programas Sociais, conforme o MDS em seu site divulgou o relatório
do período do mês de junho de 2016:
No mês de junho de 2016, existiam 27.160.008 famílias inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais, o que corresponde a 80.250.222 pessoas cadastradas. A distribuição das famílias cadastradas conforme a renda per capita mensal declarada aponta que:
• 12.707.404 com renda per capita familiar de até R$ 85,00;
• 4.152.311 com renda per capita familiar entre R$ 85,01 e R$ 70,00;
• 6.179.281 com renda per capita familiar entre R$ 170,01 e meio salário mínimo;
• 4.121.012 com renda per capita acima de meio salário mínimo. (Site MDS, 2016)
O Programa Bolsa Família, ainda vem sendo questionada pela forma de distribuição
dos seus beneficiários, pois, ainda existem pessoas no Brasil que vivem na faixa da pobreza
extrema que não recebem o beneficio e outras que necessariamente não se encaixam no perfil
das condicionalidades e o recebem, porém, o gráfico a seguir, mostra as famílias que vivem em
extrema pobreza com e sem o Bolsa Família, comparando o ano de 2001 a 2012, e a queda da
pobreza após a implantação do Programa.
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Fonte:IPEA (2011)apud Controvérsia blog
O mapa a seguir representa, a quantidade de beneficiários do Programa Bolsa Família
em junho de 2009, por estado do Brasil, segundo dados do MDS.
Fonte: MDS aput,educom
Observando o mapa anterior, no ano de 2009, os estados que mais possuíam
beneficiários eram a Bahia com 1.487.448, pertencente a região Nordeste, em segundo São
Paulo com 1.111.038, e em terceiro Minas Gerais 1.054.245, ambos os estados da região
Sudeste, nesse período Mato Grosso do Sul apresentava 114.295 beneficiários, desde junho de
2016 são 149.117 beneficiários, segundo o portal da transparência.
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O estado de Mato Grosso do Sul, localizado ao sul da região Centro- Oeste do Brasil,
as suas 76 cidades, possuem beneficiários do Programa Bolsa Família, conforme o gráfico a
seguir do portal da transparência, que demonstra desde o ano de 2009 até 2016.
Fonte: Portal da transparência do Governo Federal (2016)
Podemos observar neste gráfico que houve uma pequena parcela de redução na
quantidade de beneficiários durante este período, onde o valor destinado foi de R$ 129.166.653,
até junho de 2016.
Campo Grande a capital do estado do Mato Grosso do Sul é a cidade com maior número
de beneficiários do programa com 29.675, Corumbá e Dourados estão empatados com 7.670
cada uma. A cidade de Ponta Porã, localizada no sudoeste do estado de Mato Grosso do Sul, e
a faz divisa com a cidade Pedro Juan Caballero no Paraguai, possui atualmente cadastrados
7.923 beneficiários no Programa Bolsa Família, com o valor pago até junho de 2016 de R$
6.35.685.
2.1 POBREZA E O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NA REALIDADE DOS NOSSOS
JOVENS
O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS),junto com os
gestores municipais a cada dois meses alimentam um sistema de informações do Ministério da
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Educação (MEC), que acompanham e avaliam, a frequência dos alunos no ensino público no
Brasil. Perante as últimas avaliações, a população que se encontra na extrema pobreza tem
frequentado a escola, e um dos motivos para a permanência na escola tem sido o Bolsa Família,
pois, essa é uma das regulamentações para se permanecer no programa.
O levantamento realizado pelo IBGE, dos meses de junho e julho de 2015
acompanhou a frequência escolar de mais de 14,7 milhões de estudantes que recebem o Bolsa
Família e concluíram que desses, 95,7% alcançaram o mínimo de frequência exigida em sala
de aula sendo 85% para alunos dos seis aos 15 anos e 75% para adolescentes com idades entre
16 e 17 anos.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), apontam que o tempo de permanência na escola entre os
mais pobres com até 21 anos aumentou em 36% entre 2003 e 2013. Também cresceu o número
de alunos com 15 anos de idade estudando na rede pública na série adequada. A quantidade
dos alunos mais pobres no nível escolar correto foi de 24,4% para 63% entre 2001 e 2011.
Segundo as condicionalidades do Programa Bolsa Família, a frequência do aluno na
escola, pois, se possuem dificuldades de manter os filhos na escola poderão ter o benefício
bloqueado e suspenso, isso não é uma forma de punir mas, fazer as famílias perceberem que é
de direito da criança frequentar e obter uma condição de superar a extrema pobreza ou pobreza,
uma forma de perspectiva melhor de vida, a maioria dos cancelamentos do Bolsa Família
ocorrem em último caso, após o acompanhamento da assistência social. As famílias devem
sempre manter atualizados seu cadastro como: mudanças de renda, o número de pessoas na
família e transferências de escola.
3 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Nesta seção do artigo, apresenta a coleta de análise de questionário quali-
quantitativa, realizada com os alunos matriculados no 2° Ano do Ensino Médio da Escola
Estadual Joaquim Murtinho, a idade entre 15 à 18 anos.
3.1 O PERFIL DOS ENTREVISTADOS
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Os entrevistados são alunos matriculados no 2° Ano do Ensino Médio da Escola
Estadual Joaquim Murtinho ao todo são: 72 alunos, sendo que 5 não são frequentes, 51 alunos
responderam ao questionário, 07 alunos são beneficiários do bolsa Família e 44 alunos
responderam não ser beneficiário, 27 são do sexo feminino e 24 do sexo masculino.
Para a coleta dos dados foram utilizadas as diretrizes de Critério Brasil para classificar
a classe social dos entrevistados, assim, a classe social é resultados da somatória entre a
correspondência do grau de instrução daquele considerado como mantenedor e chefe de
família, conforme quadro abaixo e a quantificação dos itens de confortos da residência. Essa
somatória identificou a seguinte tabela abaixo:
Figura 01. Estudantes organizados pela classe social
Classe Quantidades de alunos (%)
A1 7,84%
A2 13,72%
B1 31,37%
B2 25,49%
C1 7,84%
C2 1,96%
D 9,80%
E 1,96%
Fonte: A autora
Observa-se, através da tabela anterior que, grande maioria dos alunos pertence às
classes B1 e B2, essa classificação pode se justificar por conta da localização da Escola
Estadual Joaquim Murtinho, por estar no centro da cidade de Ponta Porã, onde recebe um
público de diversos bairros do centro e periferia como também do meio rural e residente em
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Pedro Juan Caballero no Paraguai. A maioria dos alunos possui casa próprias sendo 78,43% e
5,61% moram de aluguel, e no meio urbano 96% e no meio rural 3,92%.
3.2 QUESTÕES RELACIONADAS À POBREZA E A BOLSA FAMÍLIA
Visando a relação dos conteúdos estudados como população e urbanização, no 2°
Ano do Ensino Médio com a Pobreza e Bolsa Família, os alunos foram questionados de como
isso influencia no convívio e na sociedade, primeiramente um levantamento foi realizado, de
como é a renda familiar de cada estudante e obtivemos o seguinte resultado:
Figura 2- Renda familiar mensal
Fonte: A autora.
Com relação ao gráfico, percebe-se que 41% dos alunos pesquisados, possui uma
renda de um a três salários mínimos, posteriormente 16% de sete a nove salários mínimos, 15%
um salário mínimo, 14% quatro à seis salários mínimos, 6% nenhuma renda, 4% dez salários
ou mais e 4% não sabem, essa diversidade se deve de acordo como a localização da escola que
é na região Central do município de Ponta Porã, portanto, recebe alunos das várias regiões
periféricas, central e rural.
6%
15%
41%
14%
16%
4%4%
nenhumarenda
umsaláriominímo
umàtrêssalários
quatroàseissalários
seteànovesalários
dezsaláriosoumais
nãosabem
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Quando questionados aos alunos de que como os conteúdos estudados no 2° ano
do Ensino Médio como urbanização e população, têm contribuído na formação como cidadão
e comprometimento com a vida social de diversas classes as respostas foram unanimes que
após o conhecimento teórico a assimilação de território, a origem das cidades e o
comportamento do ser humano perante a sociedade estão relacionados e reflete nos dias de
hoje, desde sua origem já iniciou se um processo de desigualdade social, com o êxodo rural
que quando o campo modernizou se com equipamentos e as pessoas foram par ao meio urbano
e isso intensificou ainda mais, a pobreza no meio urbano com as criações de favelas e lugares
considerados impróprios para a moradia com falta de saneamento básico, rede esgoto e trabalho
assalariados.
Os estudantes observam a pobreza como um elemento que torna a pessoa incapaz,
sofrida ou alguém que passa por dificuldades emocionais, financeiras e físicas, no questionário
aplicado pode observar que em diversas vezes ele não se coloca como parte dessa classe social,
como se fosse isso longe da realidade no qual está inserido, que por diversas vezes sem perceber
faz parte desse contexto, ou possui pessoas próximas a elas.
Foram indagados pelo fato de muitas pessoas terem receio de admitir que recebam
o auxílio, os que não são beneficiários responderam que por diversas vezes as pessoas
beneficiárias não admitem receber o auxílio por vergonha ou restrição, pois, de fato o
conhecimento que se possui sobre o PBF é que a maioria das pessoas que a recebem não
necessitaria pelo simples fatos de não quererem trabalhar ou se acomodar pela situação no qual
vive, porém, não se leva em consideração as pessoas que de fato dependem do benefício para
sobreviver. Já os que são beneficiários responderam que a vergonha não é o motivo, mas, o
preconceito que a sociedade possuiu sobre a falta de conhecimento sobre o assunto e, que as
pessoas devem aceitar o auxílio ao invés de roubar.
Os estudantes que participam do Programa Bolsa Família relataram que a ajuda de
custo por diversas vezes não se pode adquirir tudo que é necessário, mas que dá para comprar
por diversas apenas o gás de cozinha, e que para complementar a renda realizam trabalhos nos
outros períodos que não estudam. No gráfico abaixo verificaremos os valores que os
beneficiários recebem do Programa Bolsa Família (PBF).
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Fonte: A autora.
Podemos verificar pelo gráfico anterior, que dos sete alunos declarantes beneficiários
cinco recebem o valor aproximado de R$ 100,00, enquanto dois declaram receber menos que
R$70,00, portanto, o valor está muito abaixo que um salário mínimo e o valor de uma cesta
básica. Os estudantes que não são beneficiários declararam que não tem noção e ideia de
quantos esses beneficiários recebem e, não possuem conhecimento de pessoas de seu meio que
o recebem, os alunos declararam que recebem o beneficio de um a três anos atrás.
Todos os alunos foram questionados se já iniciaram o ingresso no mercado de
trabalho dos alunos beneficiários do PBF, dois alunos trabalham e cinco não trabalham, vinte
e quatro alunos declarantes não beneficiários do bolsa família escreveram que trabalham e a
grande maioria no comércio ou na agricultura, com uma carga horária mensal de dez horas até
20 horas semanais, com início da idade de trabalho entre 14 e 16 anos, esses alunos avaliaram
que estudar e trabalhar na maioria das vezes possibilitou o seu crescimento pessoal como
estudante e cidadão. Enquanto dezenove alunos não trabalham, isso se deve a esses alunos
estarem na idade certa no seu ano escolar e possuir uma renda familiar adequada para o sustento
da família e sua sobrevivência.
Com relação às pessoas de extrema pobreza, a maioria dos alunos declarou não
possuir contato, os que possuem percebe que essas pessoas são injustiçadas, e que por diversas
vezes a família se solidariza auxiliando com doações ou campanhas de roupas, calçados e até
mesmo de alimentos. Coloca em questão o difícil acesso dessas pessoas nos estudos e de um
05
ValoresqueosbeneficiáriosdoPBFrecebem.
QuantidadedealunosqueparticipamdoPBF
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trabalho, pois, por diversas vezes tende a trocar os estudos para trabalhar, que as pessoas nessas
situações não possui culpa e falta de oportunidades.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo teve como principal objetivo, verificar como os jovens estudantes
matriculados no 2° Ano do Ensino Médio da Escola Estadual Joaquim Murtinho, observam a
realidade das pessoas situadas na pobreza e extrema pobreza, através do ensino aprendizagem
da base curricular comum dos conteúdos de Urbanização e população, na disciplina de
Geografia, pode se constatar que a pobreza não é percebido como fato do seu meio, e que o
conhecimento que possuem a respeito do Programa Bolsa Família, ainda não é suficiente para
compreender a importância do benefício para o auxílio das pessoas que dependem para a
complementação da renda familiar mensal, portanto, não está amplamente contextualizada.
Através de pesquisas bibliográficas com relação à Bolsa Família e a Pobreza, podemos
constatar que isso tem sido um tabu para a sociedade como um todo, pois, se dividem opiniões
com relação a origem da pobreza e como se perpetua até os dias de hoje, como os Direitos
Humanos participa no apoio a essas pessoas e, como nossos jovens poderiam mudar essa
realidade pois, apesar de não admitirem muitos vivem essa realidade como um todo.
Por diversas vezes a observação que a cultura da extrema pobreza vêm sendo enraizada
em nossa sociedade, através dos estudos podemos mudar a realidade, para tanto criamos
esperança de um futuro melhor através de nossos jovens, que podem mudar sua realidade e
história, não apenas individual mas de sua família e sociedade inteira.
Analisando a relação de ensino e aprendizagem sobre a temática da pobreza,
desigualdade social a partir da percepção de alunos beneficiários e não beneficiários do
Programa Bolsa Família podemos concluir que neste meio a poucas pessoas que vivenciam
esta realidade, porém possui conhecimento de que há pessoas inseridas nelas e que devem ser
respeitadas.
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5 REFERÊNCIAS
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