Platón y la Belleza

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http://nelsonporto.blogspot.com/2006/05/restaurao-e-tica-histria- e-teoria.html RESTAURAÇÃO E ÉTICA: história e teoria. autor: Nelson Pôrto Ribeiro. (publicado originalmente in: Evelyn Furquim Werneck Lima et alii (org.). Cultura, patrimônio e habitação. Rio de Janeiro : 7Letras, 2004. pp. 43-48. ISBN: 85-757-128-0). Cada vez aparece de forma mais evidenciada que restauração não é uma ciência, ao menos uma ciência exata. O fato de que o ato de restaurar venha quase sempre acompanhado de uma forte cooperação com ciências exatas como a química, não nos deve iludir a respeito do estatuto ontológico próprio da restauração. Enquanto um ramo do conhecimento transdisciplinar - e transdisciplinar no que isto tem de mais amplo, pois a restauração junta não apenas ramos do conhecimento afins como a arqueologia e a história, mas ramos do conhecimento díspares e distintos como a ciência química e a história da arte - é que os problemas que se apresentam para o restaurador, mais do que obstáculos técnicos são problemas conceituais. E esses problemas conceituais, me parecem, estão sempre relacionados de alguma forma aquilo a que eu vou chamar do paradoxo germinal da restauração: paradoxo este fundamentado no fato de que Camilo Boito, o pai do restauro científico no século XIX, ensaiou de compatibilizar duas posturas absolutamente incompatíveis entre si; o respeito ao documento histórico proveniente de Ruskin, com a oportunidade de restaurar, originária da postura de Viollet-le-Duc. Ora, no embate entre Ruskin e Viollet é tarefa árdua adaptar os ideais de respeito à pátina do tempo procurando-se ao mesmo tempo a perenidade do monumento – que é o objetivo de todo ato restaurador. Ruskin tinha ciência desta impossibilidade e a combatia; querer restaurar um monumento, afirmava ele, significa “a destruição a mais total que uma construção possa sofrer”. Dessa forma, não restaria enquanto destino para o monumento histórico senão a ruína e a desagregação progressiva. Contudo, parte dos teóricos que se debruçam sobre a história da restauração científica no século XIX parece não se dar conta deste paradoxo e tendem a identificar as duas posições como duas opções distintas de se enfrentar o ato do restaurar; o que a meu ver é equivocado, Ruskin jamais poderia chefiar uma corrente de restauração simplesmente porque ele era contra toda e qualquer restauração. Não é correto acreditar que esta posição radical fosse apenas reação a uma prática fortemente intervencionista como a que estava em moda à época. A posição de Ruskin me parece, era firmemente radicada no respeito ao documento histórico, ainda que ele nunca tenha formulado explicitamente dessa forma e que a sua postura romântica de culto as ruínas encobrisse este escrúpulo historiográfico com asserções vagas do tipo de que os “monumentos arquitetônicos são impregnados de vozes do passado”. Não apenas, mas é suficientemente claro que parte considerável destas “vozes do passado” seriam as informações documentais das quais o monumento é prenhe. E não sem sentido a posição ruskiniana interditava toda e qualquer restauração, pois a restauração em si, qualquer que seja ela, altera a historicidade do documento. A rigor não é possível conciliar a autenticidade da obra de arte com a sua preservação eterna, por um motivo muito simples, a autenticidade da obra de arte – tanto artística quanto histórica – em última instância está assentada na sua matéria – que é perecível - e não na sua forma – que seria eterna. Não por outro motivo uma cópia por mais perfeita que seja jamais substitui o original, ela não tem aquilo a que Walter Benjamin designou como sendo a aura da obra de arte. Ora, a restauração para recuperar a forma violenta a matéria da obra artística, cada restauração acaba sendo um atrito na aura, e assim esta última vai, paulatinamente, restauração após restauração, esvaindo-se à medida que a historicidade da obra se perde. Aqui, e isso é importante que seja dito, não se encontra uma defesa implícita da posição de Ruskin, ao contrário, tal como Boito eu prefiro um amigo vivo usando uma perna de pau do que um amigo morto de gangrena. Mas já começam a se apresentar os princípios de uma posição ética em relação ao monumento. Vejam o dilema que já de imediato se apresenta para o restaurador que pensa como eu, ele vive um paradoxo, porque de início ele é contra a restauração, ou pelo menos a favor de se evita-la até que esta seja de fato imprescindível. Se ele for coerente com essa visão ele deveria inclusive defender um procedimento de conservação contínuo do monumento para afastar ao máximo o momento daquilo a que nós chamamos de uma “intervenção de restauro”, contudo, ele vive de restauração, a restauração é o seu ganha pão. Como conciliar ética com o direito que todo ser humano tem de batalhar honestamente pelo seu trabalho? Alguém poderia refutar, argüindo que a função de conservador faz parte da profissão de restaurador, e que assim sendo, quando propugnasse pela conservação em detrimento da restauração o restaurador não estaria retirando trabalho da sua esfera, apenas modificando a natureza desse trabalho. O que não deixa de ser uma verdade parcial. No campo da restauração dos objetos artísticos é fácil entendermos que ninguém daria a função de remover o verniz deteriorado de uma valiosa pintura a óleo que não a um restaurador experiente, contudo, no campo da restauração de monumentos o mesmo não se dá; a caiação de uma fachada, a troca de uma telha rachada, a limpeza de uma calha, a impermeabilização de uma

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Resumen del Banquete de Platon

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http://nelsonporto.blogspot.com/2006/05/restaurao-e-tica-histria-e-teoria.htmlRESTAURAO E TICA: histria e teoria.autor: Nelson Prto Ribeiro.(publicado originalmente in: Evelyn Furquim Werneck Lima et alii (org.).Cultura, patrimnio e habitao. Rio de Janeiro : 7Letras, 2004. pp. 43-48. ISBN: 85-757-128-0).

Cada vez aparece de forma mais evidenciada que restaurao no uma cincia, ao menos uma cincia exata. O fato de que o ato de restaurar venha quase sempre acompanhado de uma forte cooperao com cincias exatas como a qumica, no nos deve iludir a respeito do estatuto ontolgico prprio da restaurao. Enquanto um ramo do conhecimento transdisciplinar - e transdisciplinar no que isto tem de mais amplo, pois a restaurao junta no apenas ramos do conhecimento afins como a arqueologia e a histria, mas ramos do conhecimento dspares e distintos como a cincia qumica e a histria da arte - que os problemas que se apresentam para o restaurador, mais do que obstculos tcnicos so problemas conceituais. E esses problemas conceituais, me parecem, esto sempre relacionados de alguma forma aquilo a que eu vou chamar do paradoxo germinal da restaurao: paradoxo este fundamentado no fato de que Camilo Boito, o pai do restauro cientfico no sculo XIX, ensaiou de compatibilizar duas posturas absolutamente incompatveis entre si; o respeito ao documento histrico proveniente de Ruskin, com a oportunidade de restaurar, originria da postura de Viollet-le-Duc.

Ora, no embate entre Ruskin e Viollet tarefa rdua adaptar os ideais de respeito ptina do tempo procurando-se ao mesmo tempo a perenidade do monumento que o objetivo de todo ato restaurador. Ruskin tinha cincia desta impossibilidade e a combatia; querer restaurar um monumento, afirmava ele, significa a destruio a mais total que uma construo possa sofrer. Dessa forma, no restaria enquanto destino para o monumento histrico seno a runa e a desagregao progressiva.

Contudo, parte dos tericos que se debruam sobre a histria da restaurao cientfica no sculo XIX parece no se dar conta deste paradoxo e tendem a identificar as duas posies como duas opes distintas de se enfrentar o ato do restaurar; o que a meu ver equivocado, Ruskin jamais poderia chefiar uma corrente de restaurao simplesmente porque ele era contra toda e qualquer restaurao. No correto acreditar que esta posio radical fosse apenas reao a uma prtica fortemente intervencionista como a que estava em moda poca. A posio de Ruskin me parece, era firmemente radicada no respeito ao documento histrico, ainda que ele nunca tenha formulado explicitamente dessa forma e que a sua postura romntica de culto as runas encobrisse este escrpulo historiogrfico com asseres vagas do tipo de que os monumentos arquitetnicos so impregnados de vozes do passado. No apenas, mas suficientemente claro que parte considervel destas vozes do passado seriam as informaes documentais das quais o monumento prenhe. E no sem sentido a posio ruskiniana interditava toda e qualquer restaurao, pois a restaurao em si, qualquer que seja ela, altera a historicidade do documento.

A rigor no possvel conciliar a autenticidade da obra de arte com a sua preservao eterna, por um motivo muito simples, a autenticidade da obra de arte tanto artstica quanto histrica em ltima instncia est assentada na sua matria que perecvel - e no na sua forma que seria eterna. No por outro motivo uma cpia por mais perfeita que seja jamais substitui o original, ela no tem aquilo a que Walter Benjamin designou como sendo a aura da obra de arte. Ora, a restaurao para recuperar a forma violenta a matria da obra artstica, cada restaurao acaba sendo um atrito na aura, e assim esta ltima vai, paulatinamente, restaurao aps restaurao, esvaindo-se medida que a historicidade da obra se perde.

Aqui, e isso importante que seja dito, no se encontra uma defesa implcita da posio de Ruskin, ao contrrio, tal como Boito eu prefiro um amigo vivo usando uma perna de pau do que um amigo morto de gangrena. Mas j comeam a se apresentar os princpios de uma posio tica em relao ao monumento. Vejam o dilema que j de imediato se apresenta para o restaurador que pensa como eu, ele vive um paradoxo, porque de incio ele contra a restaurao, ou pelo menos a favor de se evita-la at que esta seja de fato imprescindvel. Se ele for coerente com essa viso ele deveria inclusive defender um procedimento de conservao contnuo do monumento para afastar ao mximo o momento daquilo a que ns chamamos de uma interveno de restauro, contudo, ele vive de restaurao, a restaurao o seu ganha po. Como conciliar tica com o direito que todo ser humano tem de batalhar honestamente pelo seu trabalho? Algum poderia refutar, argindo que a funo de conservador faz parte da profisso de restaurador, e que assim sendo, quando propugnasse pela conservao em detrimento da restaurao o restaurador no estaria retirando trabalho da sua esfera, apenas modificando a natureza desse trabalho. O que no deixa de ser uma verdade parcial. No campo da restaurao dos objetos artsticos fcil entendermos que ningum daria a funo de remover o verniz deteriorado de uma valiosa pintura a leo que no a um restaurador experiente, contudo, no campo da restaurao de monumentos o mesmo no se d; a caiao de uma fachada, a troca de uma telha rachada, a limpeza de uma calha, a impermeabilizao de uma cimalha, no so servios especializados de restaurador, e, venhamos e convenhamos, bastaria, de uma forma geral, que estes poucos servios fossem refeitos com uma certa periodicidade em nossos monumentos arquitetnicos para que a necessidade de uma restaurao, que em geral aparece de dez em dez anos depois que o monumento restaurado pela primeira vez, s voltasse a aparecer quando menos, aps cinqenta anos.

No fcil convencer nossas autoridades desta simples evidncia - elas que so as maiores guardis dos nossos monumentos histricos - afinal, e esse um outro problema tico que surge, obra de conservao no rende dividendos polticos enquanto a obra de restaurao sempre possibilita ao administrador pblico a possibilidade de um evento de re-inaugurao. Alm disso, a restaurao enquanto operao social extremamente lucrativa em termos do discurso que ela possibilita, pois ela comporta a possibilidade de todo o arsenal do proselitismo extremamente atual do politicamente correto - e aqui mais uma vez no me entendam mal, eu no sou contra o politicamente correto, eu sou contra que se faa proselitismo disso; que se apele para o auto-sustentvel, para a economia dos bens naturais, para a preservao da memria coletiva quando na verdade o nico interesse verdadeiro o nmero de votos que poder ser capitalizado no futuro imediato, enquanto o monumento arquitetnico tem o seu futuro longnquo comprometido pelo estado de degradao que propositalmente o deixaram chegar objetivando-se unicamente a uma restaurao espetacular - e a restaurao quanto mais espetacular for, mais risco oferece ao futuro do monumento. E aqui eu me pergunto, at que ponto ns restauradores no somos parcialmente responsveis por esta poltica cultural suicida: em parte por miopia, em parte por comodismo, em parte por oportunismo.

Vejam por exemplo o papel de alguns arquitetos e urbanistas que a princpio deveriam estar atentos aquilo a que Aldo Rossi chamou de necessidade da preservao da identidade cultural de uma cidade, e que, ao contrrio, fazem coro com os detratores do patrimnio invocando os direitos do artista criao. Defendem de forma difusa a necessidade de inovaes urbanas e as dialticas da destruio que sempre fizeram com que as cidades se sucedessem a si mesmas, e que ao longo dos sculos, novos monumentos viessem a substituir os antigos. No querem ter a sua rea de atuao restrita periferia dos centros histricos ou ento serem condenados a construrem pastiches (CHOAY. 2001. p.16). No lgico, ao menos para eles, que lhes seja negado o direito que os arquitetos seus predecessores tiveram. Sentem-se no apenas no direito, mas imbudos do dever de renovar a cidade. Aqui, novamente, aparece aquela auto-suficincia com veios de totalitarismo to comum a alguns arquitetos, em especial aqueles com pretenso genialidade. Um bom exemplo deste veio totalitrio do arquiteto o acontecido recentemente com o Scala de Milo, onde um projeto do arquiteto Mario Botta simplesmente botou abaixo todo o prdio a partir da boca de cena da platia. Segundo a Revista Domus (maro de 2003), os milaneses perplexos tm-se perguntado como isso teria sido permitido, lastimando o fato de que o seu teatro estaria arruinado para sempre.

oportuno chamar a ateno para o fato de que vivemos um momento histrico distinto e que as prprias noes da histria de um povo e de respeito documental, profundamente reformuladas no sculo XIX e que em parte explicam Ruskin j no permitem que tenhamos a mesma posio de nossos antepassados frente ao legado histrico arquitetnico, e que os procedimentos adotados at ento no podem ser invocados enquanto direitos adquiridos, pois no campo da evoluo social estes direitos no existem - se assim o fosse teramos que conviver at os dias de hoje com os proprietrios de escravos.

Este talvez seja o grande trunfo da idia de patrimnio cultural, o de permitir pela primeira vez o conceito de uma propriedade social de carter cultural - no mais um edifcio pblico, um parque ou uma via de circulao coletiva, mas uma propriedade privada que adquire um especial carter cultural. Observem que talvez seja, dentro da legislao da propriedade privada fundiria a primeira vez na histria, que de forma regular ou seja, em carter no excepcional tal como quando aconteciam as grandes intervenes urbansticas que uma tica coletiva se sobrepe ao interesse individual. No por outro motivo nas sociedades europias com maior enfoque pelo bem estar social que a legislao patrimonial encontra-se mais desenvolvida, enquanto na sociedade da predominncia do capital e do individualismo por excelncia a Amrica do norte a idia de um patrimnio monumental comum a ser resguardado ainda encontre tanta resistncia a ser adotada e seja encarado como um atentado liberdade do cidado. Embora, verdade seja dita, a intelectualidade deste pas nem toda partilha desta opinio e foi justo um antroplogo americano o primeiro a defender a original idia de que atravs da intermediao do turismo de arte, o patrimnio representado pelas edificaes constituir, num futuro prximo, o elo federativo da sociedade mundial (CHOAY, 2001, p.17).

A construo de uma teoria do restauro que no atente para o paradoxo insupervel existente no momento do surgimento do restauro cientfico no sculo XIX corre o risco de adotar procedimentos baseados em um campo terico desenvolvido, mas que no se apresentam operacionais na prtica. Mesmo uma teoria bem estruturada e completa como a de Cesare Brandi o terico de restaurao mais influente das ltimas dcadas no consegue fugir deste paradoxo: embora procurando realar a transitoriedade, parcialidade e relatividade de qualquer interveno no monumento histrico por ser sempre marcada pelo clima cultural no qual realizada, sua teoria no consegue superar esta contradio, e ao mesmo tempo em que busca atravs do processo de restaurao os princpios estticos - remoo de intervenes erradas e inapropriadas - procura concili-los com os princpios histricos - no destruir os traos da passagem do tempo e das intervenes humanas no monumento (BRANDI. 1995). O fato de Brandi no ter sido um arquiteto explica o fato de que, em sua teoria, as exigncias estticas acabassem sempre predominando. Ou, nas palavras de Gonzlez, uma disparidade que ocorre entre as necessidades do monumento arquitetnico e os objetivos da restaurao efetuada, de forma a mostrar uma incompreenso da prpria essncia do monumento, reduzida pelo pensador italiano a uma obra de arte (1996. p.21).

possvel que o erro de toda grande teoria resida justamente na sua inteno de ser grande. A verdade que j em pleno sculo XXI, depois das experincias da ps-modernidade ocorridas, eu me pergunte a respeito da adequao de teorias totalizadoras com suas razes no iluminismo, e prefira, junto com Bruno Zevi (2002), pelo menos nessa questo, dizer no ao iluminismo e suas teorias porque propugnam concepes universais e absolutistas.

A teoria da restaurao contempornea continua mantendo assim, como uma utopia ontolgica, a inteno de conciliar Ruskin com Viollet le Duc. Talvez fosse mister reconhecer que o paradoxo sobre o qual se funda esta teoria no tem soluo. Talvez o simples reconhecimento da existncia deste paradoxo insupervel e dos nossos limites na tentativa de uma elaborao de uma teoria definitiva, j seja um primeiro passo andado para que deixemos de lado os parti pris, as posies de princpio, as verdades absolutas, e que nos dignemos no apenas a ouvir nossos colegas com posies distintas nossa mas tambm a ouvir o monumento. Ruskin tinha razo; "o monumento fala", trazendo tona no somente as vozes do passado, mas tambm as suas necessidades. O monumento tem uma vocao e respeit-lo deixar esta vocao se expressar.

Aqui, voltamos aquela idia inicial da restaurao como o campo por excelncia da transdisciplinaridade. O trabalho conjunto entre profissionais de distintas reas deve ser visto no apenas como exigncia das peculiaridades da cincia do restauro, mas tambm como exerccio de tolerncia e humildade. No existem regras fixas, no possvel um principio nico. Talvez seja por isso que o primeiro princpio por direito de antiguidade, tido como universal na teoria do restauro, o princpio de reversibilidade, seja to falado e to pouco seguido. Qualquer um que trabalhe com a restaurao de obras de arte edificadas sabe o quanto difcil ser fiel a este princpio, sobretudo se necessrio uma interveno estrutural na edificao. Intervenes estruturais com exceo dos escoramentos emergenciais dificilmente so reversveis.

Em contrapartida, a experincia tem demonstrado que dois outros princpios atingem melhor operacionalidade, e recobrem de forma adequada o respeito devido ao documento histrico; so eles o princpio de mnima interveno e o princpio de compatibilidade. O primeiro deles ope-se idia de superproteo ainda hoje largamente difusa e que fruto ..da iluso de que se trabalha objetivando a eternidade do monumento quando superdimensiona-se os elementos de reforo ou os elementos protetivos (TORRACA. 1984. p.174). O segundo princpio, o de compatibilidade, baseia-se na procura de um comportamento fsico, qumico e mecnico, compatvel para as estruturas mistas derivadas da aplicao dos modernos produtos sobre os materiais antigos.

Ora, esta reviravolta no enfoque terico da restaurao decorrncia sem dvida do deslocamento da conduo dos problemas, proporcionado pelo trabalho transdisciplinar, de forma a se poder dizer, como o faz o prof. Torraca, que a interao do trabalho de arquitetos, historiadores e cientistas to profcua e capaz de solues to inovadoras, que doravante o campo da restaurao tende a ser dominado por tecnlogos de formao variada.

BIBLIOGRAFIA.BRANDI, Cesare.Teora de la restauracin. Madrid: Alianza,1995.CHOAY, Franoise.A alegoria do patrimnio. So Paulo: UNESP, 2001.GONZLEZ, Antoni. "Falso histrico o falso arquitectnico, cuestin de identidad".Loggia: arquitectura & restauracin, Valencia, ano 1, n.1, p.16-23, 3.quadri. 1996.TORRACA, Giorgio. "Materiali cementizi e tecnologie: scelta dei materiali in funzione del tipo dintervento". In: CARBONARA, G. (curador).Restauro e cemento in architettura 2. Roma, 1984.