Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos · Figura 17: Lixeira e tambor...

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Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos 2015 ITAPAGIPE/MG PMGIRS

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Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

2015

ITAPAGIPE/MG

PMGIRS

Wildirlei Queiroz de Menezes

Prefeito Municipal

Marcos Vinicius Amorim

Vice-Prefeito Municipal

PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPAGIPE

CNPJ 21.226.840/0001-47

Avenida Oito, nº 1000 - Centro ● 38.240-000

Itapagipe-MG ● Tel. (34) 3424-9000

Gestão 2013-2016

www.itapagipe.mg.gov.br

CONSULTORIA CONTRATADA

TERRA ASSESSORIA AMBIENTAL E TOPOGRAFIA LTDA - ME

CNPJ: 17.846.872/0001-78

Rua 08, nº 1.156, Centro.

Itapagipe-MG

Telefone: (34) 3424-2599

Responsável Técnico: Anselmo Ferreira Silva

Engenheiro Ambiental

CREA – MG141001 D

E-mail: [email protected]

CORPO TÉCNICO:

Anselmo Ferreira da Silva – Eng°. Ambiental, Técnico em Agrimensura e

Mestrando em Sustentabilidade;

Lívia Caroline Souza Rezende – Engª. Ambiental e Especialista em Saúde e

Segurança do Trabalho;

Carlos Alexandre Rodrigues Pereira – Eng°. Ambiental, Mestre em Saúde

Pública e Meio Ambiente e Doutorando em Saúde Pública e Meio Ambiente;

Ismael Ferreira da Silva – Eng°. Agrônomo;

Dodiana Ferreira da Silva - Tecnóloga em Produção Sucroalcooleira e Estagiária

em Eng. Civil.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................11

2 PROCESSO DE MOBILIZAÇÃO SOCIAL.......................................................12

2.1 Organização Institucional do Processo Participativo...............................13

2.2 Divisão do município em Setores de Mobilização...................................14

2.3 Reuniões Setoriais....................................................................................16

2.4 Comunicação e Divulgação.....................................................................18

3 DIAGNÓSTICO TÉCNICO-PARTICIPATIVO................................................22

3.1 Objetivos Gerais.......................................................................................22

3.2 Objetivos Específicos...............................................................................23

4 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICIPIO........................................................24

4.1 Aspectos Gerais........................................................................................24

4.2 Aspectos físicos e biológicos...................................................................25

4.3 Aspectos Socioeconômicos......................................................................27

4.3.1 Economia......................................................................................32

4.4 Saneamento Básico..................................................................................33

4.4.1 Abastecimento de água.................................................................33

4.4.2 Esgotamento sanitário..................................................................35

4.4.3 Drenagem pluvial.........................................................................36

4.4.4 Indicadores de condições ambientais e saneamento....................36

4.4.5 Cobertura dos serviços de saneamento.........................................38

5 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL.........................................................................38

6 DIAGNÓSTICO DO MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E LIMPEZA

URBANA........................................................................................................................40

6.1 Classificações...........................................................................................40

6.2 Gestão dos resíduos sólidos.....................................................................42

6.3 Resíduos Sólidos Urbanos – RSU............................................................42

6.4 Geração de resíduos e estimativa per capita............................................43

6.5 Gravimetria..............................................................................................44

6.6 Coleta dos RSU........................................................................................49

6.7 Custos do manejo de resíduos sólidos......................................................51

6.8 Destinação final dos RSU........................................................................52

6.8.1 Descarte irregular.........................................................................55

6.8.2 Passivo ambiental.........................................................................56

6.9 Coleta seletiva..........................................................................................56

6.9.1 Pesagem........................................................................................58

6.9.2 Catadores de material reciclado...................................................59

6.9.3 Educação Ambiental....................................................................60

6.10 Usina de Triagem e Compostagem – UTC..............................................60

6.11 Serviços de limpeza urbana......................................................................61

6.12 Resíduos dos Serviços de Saúde – RSS...................................................62

6.13 Resíduos da Construção Civil – RCC......................................................63

6.14 Pneus........................................................................................................65

6.15 Lâmpadas, pilhas e baterias....................................................................66

6.16 Resíduos Industriais.................................................................................67

7 PRINCIPAIS DEFICIÊNCIAS E NECESSIDADES RELACIONADAS AO

ATUAL SISTEMA DE MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E LIMPEZA

URBANA........................................................................................................................67

8 PROGNÓSTICO....................................................................................................69

8.1 Projeção Populacional..............................................................................69

8.2 Demanda futura........................................................................................72

8.3 Proposições Técnicas...............................................................................75

8.4 Programas, Projetos e Ações....................................................................78

9 PLANO DE EXECUÇÃO................................................................................87

9.1 Ações de Contingência e Emergência......................................................97

9.2 Indicadores de desempenho do PMGIRS................................................98

10 ATIVIDADES PÓS-EABORAÇÃO DO PMGIRS......................................102

10.1 A Formalização do Plano.......................................................................102

10.2 Execução do PMGIRS...........................................................................102

10.3 Revisões.................................................................................................103

REFERÊNCIAS...........................................................................................................104

ANEXOS

Anexo I – Anotação de Responsabilidade Técnica

Anexo II – Decreto nº 441 de 03 de junho de 2015

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Ordem de prioridade na gestão e gerenciamento dos resíduos........................12

Figura 2: Logomarca PMGIRS de Itapagipe/MG...........................................................18

Figura 3: Fixação de cartaz em mural divulgando uma das etapas do Plano..................19

Figura 4: Divulgação de uma das etapas dos Planos em jornal de circulação

municipal.........................................................................................................................20

Figura 5: Divulgação dos Planos em jornal de circulação municipal..............................20

Figura 6: Texto de divulgação para carro de som e rádio de uma das etapas dos

Planos................ ..............................................................................................................21

Figura 7: Inserção Regional de Itapagipe/MG................................................................24

Figura 8: Mapa territorial dividido em setores censitários..............................................30

Figura 9: Mapa de uso e ocupação do solo na zona urbana............................................31

Figura 10: Vista da barragem de regularização de nível para captação de água em

Itapagipe (MG)................................................................................................................34

Figura 11: Estrutura abandonada da antiga ETE de Itapagipe........................................35

Figura 12: Esteira de triagem...........................................................................................46

Figura 13: Resíduos a ser triado......................................................................................46

Figura 14: Início do processo de triagem........................................................................46

Figura 15: Finalizando o processo de triagem. Resíduos separados por tipologia..........47

Figura 16: Caminhão compactador utilizado na coleta de resíduos de Itapagipe...........50

Figura 17: Lixeira e tambor plástico, utilizados para acondicionamento de resíduos.....50

Figura 18: Cesto de lixo fixado em porta de residência de Itapagipe..............................50

Figura 19: Cerca viva da área do Aterro..........................................................................53

Figura 20: Aterro Controlado de Itapagipe......................................................................53

Figura 21: Material reciclado triado nos RSU e acondicionado em bags.......................53

Figura 22: Vala do Aterro Controlado em uso............................................................... 54

Figura 23: Descarte de resíduos às margens da MG-255................................................55

Figura 24: Descarte de resíduos na entrada da UTC ......................................................55

Figura 25: Descarte de resíduos na Avenida do Contorno..............................................55

Figura 26: Descarte de resíduos no Corredor Boiadeiro.................................................55

Figura 27: Área do antigo lixão.......................................................................................56

Figura 28: Garrafas de plástico duro...............................................................................57

Figura 29: Garrafas pet....................................................................................................57

Figura 30: Latas de alumínio...........................................................................................58

Figura 31: Material prensado para venda........................................................................58

Figura 32: Empresa do município que compra material reciclado..................................59

Figura 33: Galpão de armazenagem dos pneus...............................................................65

Figura 34: Carreta da Reciclanip carregada para transporte dos pneus.........................65

Figura 35: Gráfico da sequência do total de habitantes de Itapagipe (MG) para o período

de 1980 a 2012.................................................................................................................70

Figura 36: Operações efetuadas na área de resíduos sólidos...........................................77

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Eventos por Setor de Mobilização...................................................................15

Tabela 2: Datas de realização das reuniões setoriais.......................................................17

Tabela 3: Crescimento populacional de Itapagipe entre 1991-2010...............................27

Tabela 4: População Total, por Gênero, Urbana/Rural – Itapagipe – MG......................27

Tabela 5: Taxa de Empregados no setor formal de trabalho e Rendimento Médio Mensal

dos empregados no setor formal de trabalho em Itapagipe-MG.....................................33

Tabela 6: Indicadores de condições ambientais para as famílias residentes na área

urbana e que são atendidas pelas equipes da atenção básica. Itapagipe, 2000-2014.......37

Tabela 7: Cobertura dos serviços de saneamento em Itapagipe/MG...............................38

Tabela 8: Resultado da pesagem dos resíduos sólidos entre o período 01/06 a 08/06 de

2015.................................................................................................................................44

Tabela 9: Composição do resíduo sólido urbano de Itapagipe/MG................................46

Tabela 10: Participação dos principais materiais no total de RSU coletado no Brasil em

2012.................................................................................................................................48

Tabela 11: Distribuição Percentual Média de Materiais Potencialmente Recicláveis, por

Região Fisiográfica do Estado de Minas Gerais..............................................................49

Tabela 12: Valores dos serviços de manejo de resíduos e limpeza urbana para o

município.........................................................................................................................51

Tabela 13: Taxa de serviços urbanos...............................................................................51

Tabela 14: Pesagem global dos resíduos da coleta seletiva antes do processo de triagem

2015.................................................................................................................................59

Tabela 15: Composição média do entulho de obra no Brasil..........................................63

Tabela 16: Projeções de população para Itapagipe (MG) no período de 2016 a 2036....71

Tabela 17: Projeções da geração de resíduos no cenário sem aumento anual na

demanda...........................................................................................................................72

Tabela 18: Projeção de médias per capitas e geração de resíduos para demanda por

serviços de manejo de resíduos sólidos com aumento de 1% ao ano..............................74

Tabela 19: Prazos de execuções das ações e implantação de projetos – Manejo de

resíduos sólidos e limpeza urbana...................................................................................89

Tabela 20: Custos estimados para execução das ações e projetos definidos no PMGIRS

e gastos anuais com os serviços.......................................................................................94

Tabela 21: Indicadores de desempenho aplicáveis aos serviços de manejo de resíduos

sólidos e limpeza urbana .................................................................................................98

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Pirâmide etária de Itapagipe/MG (2010).....................................................................28

Gráfico 2: Dados da composição gravimétrica de Itapagipe/MG................................................47

LISTA DE ABREVEATURAS

AAF Autorização Ambiental de Funcionamento

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos

Especiais

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

ETA Estação de Tratamento de Água

ETE Estação de Tratamento de Esgoto

IBAM Instituto Brasileiro de Administração Municipal

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMRS Índice Mineiro de Responsabilidade Social

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IDH-M Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

IGAM Instituto Mineiro de Gestão das Águas

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

IPTU Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbano

LEVs Locais de Entrega Voluntária de Resíduos Recicláveis

LESA Laboratório de Engenharia Ambiental e Sanitária

PNSB Política Nacional de Saneamento Básico

PEVs Pontos de Entrega Voluntária

PGRS Plano de Gerenciamento de Resíduos

PIB Produto Interno Bruto

PMGIRS Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Itapagipe

PMSB Plano Municipal de Saneamento Básico

RCC Resíduos da Construção Civil

RSS Resíduo do Serviço de Saúde

RSU Resíduos Sólidos Urbanos

SIAB Sistema de Informação da Atenção Básica

SNIS Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento

TAC Termo de Ajustamento de Conduta

UFV Universidade Federal de Viçosa

UTC Usina de Triagem e Compostagem

ZAC Zona de Adensamento Controlado

ZAP Zona de Adensamento Populacional

11

1 INTRODUÇÃO

As atividades desenvolvidas pelo homem, independente do tipo de atividade

realizada, sempre tem como resultado a geração de resíduos. A intensa

industrialização em geral e o constante crescimento das populações urbanas,

associada à melhoria nos padrões de renda da sociedade, está gerando grandes

volumes de resíduos sólidos, minimizando a vida útil dos aterros e aumentando o

passivo ambiental dos municípios.

A falta de manejo adequado, tratamento e disposição final dos resíduos

sólidos tem sido um problema crescente para os municípios brasileiros, face às

crescentes alterações quantitativas e qualitativas pelas quais estes resíduos vêm

passando nos últimos anos. O aumento da taxa de contribuição per capita, induzido,

principalmente pelo crescimento do número de produtos industrializados disponíveis

no mercado, associado ao crescimento populacional, reflete diretamente no aumento

da geração de resíduos. Em função disso, cresce a necessidade de áreas para a

disposição final.

As soluções propostas e/ou adotadas pela maioria dos municípios não são

tecnicamente seguras do ponto de vista sanitário e ambiental, geralmente são

totalmente desvinculadas dos aspectos sociais e econômicos relacionados ao

problema, ocasionando prejuízos à saúde pública, degradação ambiental e

desvalorização de imóveis situados próximos ao local de disposição final e áreas

conhecidas como “bota fora”.

Quando uma administração municipal obtém conhecimento dos resíduos

sólidos gerados no município, tanto qualitativamente quanto quantativamente,

possibilita-se o correto gerenciamento dos mesmos, beneficiando o município em

vários aspectos, dentre eles: menores custos com coleta; transporte e disposição final

adequada dos resíduos; minimização do impacto ambiental; aumento da vida útil dos

aterros; reutilização de materiais recicláveis.

O Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS) é

uma ferramenta de gestão pública elaborada com o objetivo de promover a

sustentabilidade das operações de manejo e gestão de resíduos sólidos, bem como

preservar o meio ambiente e a qualidade de vida da população, contribuindo com

soluções para os aspectos sociais, econômicos e ambientais envolvidos na questão.

12

A elaboração do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos é

condição necessária para que e o Município tenha acesso aos recursos da União

destinados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos.

Segundo a Lei 12.305/2010, em seu Art.9° a gestão e gerenciamento de

resíduos sólidos deve seguir a respectiva ordem apresentada na Figura 1.

Figura 1: Ordem de prioridade na gestão e gerenciamento dos resíduos.

Fonte: Elaborado pelos autores com base na Lei 12.305/2010.

2 PROCESSO DE MOBILIZAÇÃO SOCIAL

Todos os cidadãos, assim como as indústrias, o comércio, o setor de serviços

e ainda as instâncias do poder público possuem cada qual uma parte de

responsabilidade pelos resíduos sólidos gerados no município. Portanto, a

participação social foi fundamental no processo de elaboração do Plano Municipal de

Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - PMGIRS, pois possui caráter informativo,

orientativo e possibilita a população se manifestar quanto à condição municipal no

que diz respeito ao gerenciamento de resíduos.

A Mobilização Social para efetiva participação da população na elaboração

do PMGIRS utilizou de estratégias de comunicação para as divulgações das etapas

do Plano e canais de comunicação para que a população pudesse se manifestar, com

opiniões, sugestões e críticas, auxiliando na elaboração do PMGIRS.

O processo de mobilização do Plano Municipal de Gestão Integrada dos

Resíduos Sólidos ocorreu de forma compartilhada da mesma estrutura do Plano

Municipal de Saneamento Básico – PMSB, adotando a mesma divisão de setores,

Redução Não Geração

Reciclagem Reutilização Disposição

final adequada

Tratamento

13

datas e horários das apresentações. As divulgações das etapas dos dois planos

também foram realizadas conjuntamente. O Plano Municipal de Gestão Integrada de

Resíduos Sólidos pode estar inserido no Plano de Saneamento Básico integrando-se

com os planos de água, esgoto, drenagem urbana e resíduos sólidos, previstos na Lei

nº 11.445/2007, respeitado o conteúdo mínimo definido em ambos os documentos

legais (um único plano atendendo as Leis 11.445/2007 e 12.305/2010).

Os grupos de trabalho de ambos os Planos debateram sobre essa possibilidade

e concluíram que o ideal seria desenvolver produtos distintos para cada plano,

porém, utilizar da mesma estrutura de divisão do município por setores de

mobilização para apresentar as etapas dos dois planos de forma conjunta, expondo o

conteúdo de cada um.

2.1 Organização Institucional do Processo Participativo

O Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos contou com um

Comitê Diretor (CD) e com um Grupo de Sustentação (GS), instâncias de

coordenação e representação, para condução coletiva e consistente do processo

instituídos pelo Decreto n° 441 de 03 de junho de 2015.

O Comitê Diretor possui caráter técnico e a atribuição de formular os temas

para debate, exercendo também papel executivo nas tarefas de organização e

viabilização da infraestrutura (convocatória de reuniões, locais apropriados, cópias

de documentos etc.), com a responsabilidade de garantir, inclusive com recursos, o

bom andamento do processo.

O Grupo de Sustentação, organismo político de participação social se

responsabiliza por garantir o debate e o engajamento de todos os segmentos ao longo

do processo participativo.

A primeira ação dos grupos de trabalho foi discutir a divisão do município em

setores de mobilização, as estratégias para buscar o maior número de pessoas a

participarem da elaboração do PMGIRS e as formas de divulgação de cada etapa do

Plano.

14

Os dois grupos de trabalho participaram de reuniões técnicas que ocorreram

após a apresentação de cada etapa para aprovar as fases de desenvolvimento do

Plano, buscado assim garantir o andamento do processo de elaboração do PMGIRS.

2.2 Divisão do município em Setores de Mobilização

A divisão do município em setores de mobilização social foi baseada na

divisão do município em setores censitários, onde é possível identificar onde há o

maior número de moradores, de acordo com a divisão adotada pelo IBGE. Levou-se

em consideração também a questão da logística, a fim de facilitar o acesso da

população, tanto da zona urbana quanto da zona rural, as apresentações do Plano.

A estratégia de mobilização adotada foi à divisão do município em quatro

setores de mobilização, contando com dois setores voltados para a zona urbana e dois

setores voltados para a zona rural. Com a divisão do município em setores foi

possível definir os locais onde foram realizados os eventos para discussões,

participação da comunidade em cada fase da elaboração do PMSB (divulgação,

diagnóstico, prognóstico e plano de ação). Na tabela 1 é possível visualizar os setores

de mobilização definidos com os bairros constantes em cada setor e os eventos que

foram realizados.

Os locais que ocorreram às apresentações por Setor de Mobilização foram:

Setor de Mobilização A: Câmara Municipal de Itapagipe/MG - Avenida 05,

530 - Centro;

Setor de Mobilização B: Uaitec anexo ao Centro de Cultura e Eventos

Deputado Narcio Rodrigues - Rua 10, 545 - Centro;

Setor de Mobilização C: Escola Municipal Alonso de Morais Andrade –

Rua Principal, 700, quadra 16, Vila Coqueiros, Itapagipe/MG;

Setor de Mobilização D: Barracão da Comunidade Ribeirão do Boi,

Itapagipe/MG.

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Tabela 1: Eventos por Setor de Mobilização.

Setor de

Mobilização (SM)

Agrupamento bairros e comunidades

Eventos

Divulgação Diagnóstico Prognóstico Plano de

Ação

Conferência

Municipal

A

Centro, Lageado, Jardim Menezes, Olinda,

Residencial Jardim América, Loteamento Soares,

Residencial Barbosa Soares, Residencial Barbosa

Soares II, Residencial Barbosa Soares III, Nacib

Jabur Maluf, Jardim Castro, Jardim Iolanda

Queiroz Barbosa, Jardim Trivelato, Residencial

Daniel Soares.

1

1

1

1

1

B

Jardim Costa, Jardim Costa II, Jardim Costa III,

Residencial Afifa Jabur Maluf, Juca Menezes,

Jerônimo Francisco da Costa, Jerônimo Francisco

da Costa II, Maria Pedro da Cunha, José Pereira

Couto (Duda), Maria Aparecida de Assis,

Residencial Lago Castro e os loteamentos rurais:

Recanto Beira Rio, Pouso das Garças, Recanto do

Rio Grande e Toledo.

1

1

1

1

C

Vila Coqueiros, Comunidade Aroeira, Vila São

Sebastião ou Comunidade Serra da Moeda e toda

a zona rural na extensão entre as comunidades.

1

1

1

1

D

Comunidade Ribeirão do Boi, Comunidade

Cachoeirão, Comunidade Duas Pontes e toda a

zona rural na extensão entre as comunidades.

1

1

1

1

Elaborado pelos autores.

16

2.3 Reuniões Setoriais

As reuniões setoriais foram voltadas para o debate aberto em comunidade

possibilitando a população se manifestar e expor as necessidades e defasagens do

saneamento municipal, totalizando quatro reuniões por setor de mobilização

apresentadas a cada etapa do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos

Sólidos.

No decorrer das reuniões houve momentos para que os participantes

pudessem expor seus pontos de vista, onde foram anotados os relatos das pessoas,

queixas, sugestões e iniciativas relacionadas ao manejo de resíduos sólidos e limpeza

urbana, para posterior verificação por parte da equipe técnica e inserção no PMGIRS.

A elaboração das apresentações de todos os eventos participativos coube à

equipe da TERRA Assessoria Ambiental e Topografia e a condução da participação

popular ficou a cargo dos representantes da Prefeitura que compõem o Comitê

Diretor e o Grupo de Sustentação do PMGIRS. A divulgação dos eventos foi de

responsabilidade da Prefeitura Municipal que produziu os textos para carro de som e

rádio, e a programação visual dos anúncios, convites e cartazes.

Os produtos de cada etapa e o produto final do Plano Municipal de Gestão

Integrada de Resíduos Sólidos serão disponibilizados na Prefeitura Municipal

permanecendo à disposição de qualquer munícipe. Todas as reuniões realizadas

contém lista de presença, arquivo fotográfico e ATA.

As reuniões setoriais foram as seguintes:

1ª Reunião por Setor de Mobilização – Divulgação;

2ª Reunião por Setor de Mobilização – Diagnóstico;

3ª Reunião por Setor de Mobilização – Prognóstico;

4ª Reunião por Setor de Mobilização – Plano de Ação.

A tabela 2 descreve as datas que foram realizadas às reuniões setoriais. Todas

as datas foram definidas em consenso pelo Comitê Diretor e o Grupo de Sustentação

juntamente com os Comitês de Coordenação e Execução do PMSB, que em todas as

etapas se juntaram em reunião técnica para a aprovação da etapa desempenhada e

escolha de datas para as apresentações das etapas vindouras.

17

Tabela 2: Datas de realização das reuniões setoriais.

1ª Reunião

DIVULGAÇÃO

2ª Reunião

DIAGNÓSTICO

3ª Reunião

PROGNÓSTICO

4ª Reunião

PLANO DE AÇÃO

Setor Data e

Hora

Setor Data e

Hora

Setor Data e

Hora

Setor Data e

Hora

A 13/07/15

19:00

A 14/09/15

19:00

A 27/10/15

20:00

A 23/11/15

20:00

B 14/07/15

19:00

B 21/09/15

19:00

B 29/10/15

20:00

B 25/11/15

20:00

C 16/07/15

15:00

C 24/09/15

19:00

C 28/10/15

20:00

C 26/11/15

15:00

D 15/07/15

19:00

D 22/09/15

19:00

D 04/11/15

20:00

D 24/11/15

20:00

Elaborado pelos autores.

Ao final das apresentações de cada etapa nos setores de mobilização foi

realizada uma Conferência Municipal para a divulgação de todos os produtos e

formalização do Plano.

A Conferência Municipal foi realizada no dia 17 de dezembro de 2015, às

20h00min horas, na Câmara Municipal de Itapagipe/MG localizada na Avenida 05,

nº 530, Centro.

O Plano foi apresentado previamente à realização da Conferência Municipal,

com a consolidação de todos os produtos desenvolvidos. O material ficou sob

consulta na Prefeitura Municipal de Itapagipe, permitindo à sociedade os últimos

comentários e questionamentos.

Na Conferência Municipal foram eleitos os conselheiros municipais para

acompanhamento de trabalhos futuros, mobilização visando aprovação da Lei,

revisão do PMGIRS, estudo de indicadores de desempenho e preparação da próxima

conferência em 4 anos. Os resultados da Conferência foram: a Priorização de

demandas por Programas, Projetos e Ações – o PMGIRS; Conselheiros eleitos que

atuarão no Conselho da Cidade.

18

2.4 Comunicação e Divulgação

As reuniões setoriais foram previamente divulgadas por meio de cartazes

fixados em murais, convites, divulgação em jornal de circulação local, rádio, carro de

som e site da Prefeitura Municipal de Itapagipe. Os mesmos mecanismos de

comunicação foram utilizados para divulgar Conferência Municipal de finalização do

Plano.

Em todas as etapas de desenvolvimento do PMGIRS foram divulgados os

canais de comunicação que permitiu que a população esclarecesse dúvidas, opinasse

e fizesse sugestões de mudanças a cerca do Plano. Os canais de comunicação criados

foram os seguintes:

Telefone: (34) 3424 – 9019

E-mail: [email protected]

Os grupos de trabalhos escolheram a logomarca abaixo apresentada pela

figura 2 para representar o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

de Itapagipe/MG. Essa logomarca foi utilizada no material de divulgação das etapas

e nos documentos que compõem o PMGIRS.

Figura 2: Logomarca PMGIRS de Itapagipe/MG.

Elaborado pelos autores.

A seguir são apresentados os materiais de divulgação utilizados no decorrer

da elaboração do PMGIRS. Como mencionado anteriormente às apresentações foram

realizadas conjuntamente com as etapas do Plano Municipal de Saneamento Básico,

19

respeitando os itens previstos na elaboração de cada Plano. Portanto, o processo de

divulgação de ambos os planos foram compartilhados.

Figura 3: Fixação de cartaz em mural divulgando uma das etapas do Plano.

Fonte: Prefeitura Municipal de Itapagipe.

20

Figura 4: Divulgação de uma das etapas dos Planos em jornal de circulação municipal.

Figura 5: Divulgação dos Planos em jornal de circulação municipal.

Arquivos dos autores.

21

Figura 6: Texto de divulgação para carro de som e rádio de uma das etapas dos Planos.

Fonte: Prefeitura Municipal de Itapagipe.

22

3 DIAGNÓSTICO TÉCNICO-PARTICIPATIVO

O Diagnóstico Municipal relacionado aos resíduos sólidos de Itapagipe/MG é

parte do Plano Municipal de Gestão Integrado de Resíduos Sólidos, conforme

definido pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, estabelecida pela Lei 12.305/10

em seu artigo 19. O diagnóstico tem como objetivo fazer um levantamento da

situação atual dos serviços de gestão dos resíduos e limpeza urbana no município,

avaliando a cobertura, qualidade, eficácia e situação ambiental dos serviços,

subsidiando a elaboração do Plano Municipal.

A metodologia utilizada foi à coleta de dados primários em campo,

acompanhando os serviços de coleta e transporte dos resíduos, visita ao aterro

controlado e levantamento de áreas irregulares de descarte de resíduo. Aplicou-se

questionário à prefeitura, que se manifestou através da Secretaria Municipal de Obras

que fiscaliza os serviços e através da empresa terceirizada que executa os serviços.

No município não é realizada a pesagem diária dos resíduos, por tanto, para definição

da composição dos resíduos foram realizadas pesagens por um período, a fim de se

obter a média de geração per capta e posteriormente foi realizada a gravimetria.

Os dados secundários foram obtidos através de fontes oficiais como IBGE,

SNIS, Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS), entre outras. A

participação da população na elaboração do diagnóstico foi garantida através do

processo de mobilização social, realizado em conjunto com o Plano Municipal de

Saneamento Básico (PMSB).

O PMGIRS de Itapagipe busca melhorar o serviço de limpeza urbana

existente, reduzir a geração dos resíduos sólidos urbanos (RSU), tornar mais eficiente

à coleta seletiva, buscar a melhor maneira de disposição final para os resíduos de

forma que seja viável para o município e ambientalmente adequada.

3.1 Objetivos Gerais

Levantar e sistematizar os dados existentes referentes ao manejo atual dos

resíduos sólidos urbanos gerados no município de Itapagipe/MG, abrangendo os

23

aspectos técnicos, administrativos, jurídicos e socioambientais relacionados à coleta,

transporte, tratamento, reciclagem e disposição final dos resíduos urbanos.

3.2 Objetivos Específicos

Diagnosticar a situação atual do manejo e da disposição dos resíduos sólidos

urbanos do município de Itapagipe;

Identificar os principais problemas socioeconômicos e ambientais

relacionados à destinação final dos resíduos sólidos;

Envolver a sociedade organizada e os diversos níveis do governo municipal

na construção de um modelo de gestão dos RSU;

Propor medidas de monitoramento da área do antigo lixão;

Orientar e auxiliar os catadores do município a formarem uma cooperativa;

Elaborar um banco de dados com informações sobre o funcionamento e o

desempenho do sistema de limpeza urbana;

Buscar a promoção de soluções regionais e integradas de tratamento e

disposição final de resíduos sólidos urbanos;

Elaborar e implantar um programa de educação sobre limpeza urbana e

reciclagem de materiais.

24

4 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICIPIO

4.1 Aspectos Gerais

Itapagipe possui uma área territorial de 1.802,436 km² e está localizado a uma

altitude de 420 metros. O município situa-se na divisa com o Estado de São Paulo, à

margem do Rio Grande e pertence à mesorregião do Triângulo Mineiro/Alto

Paranaíba e à microrregião de Frutal (figura 7). Os municípios que fazem divisa com

Itapagipe são: Riolândia e Paulo de Faria, a sul, pertencentes ao Estado de São Paulo;

São Francisco, a oeste, Campina Verde a noroeste, Prata, a norte, Comendador

Gomes e Frutal, a leste, pertencentes ao Estado de Minas Gerais (IBGE, 2010).

Figura 7: Inserção Regional de Itapagipe/MG.

Fonte: Diagnóstico Municipal do Plano Diretor de Itapagipe. Elaborado por Paralelo 19 Gestão de

Projetos.

25

A rodovia estadual MG-255 é a principal via de acesso a Itapagipe, seguindo

o percurso Frutal-Itapagipe-Iturama e está interligada a rodovia Transbrasiliana BR-

153, percorrendo um trecho de 38 Km da sede municipal. A cidade de São José do

Rio Preto localizada no estado de São Paulo, é o principal polo comercial e de

serviços que atende o município de Itapagipe, distantes a 143 Km.

Segundo o IBGE, no seu último Censo Demográfico em 2010, o município

possuía uma população de 13.656 habitantes, com população estimada para 2014 de

14.645 pessoas. Em 2010, a densidade demográfica municipal correspondia a 7,58

hab/km².

O município possui uma extensa área rural equivalente a 1.796,7 m²,

enquanto a zona urbana ocupa apenas 0,3% do território municipal, correspondendo

a 5,3 km². Os moradores da zona urbana representam 70% do contingente

populacional do município.

4.2 Aspectos físicos e biológicos

A região possui um domínio climático quente, com dois subdomínios,

semiúmido com 4 a 5 meses secos e úmido, e com 3 meses secos. O inverno é

ameno, o verão é sempre quente e longo, no período de outubro a março, com as

médias oscilando em torno de 22º C.

Em relação ao regime pluviométrico se destaca um período de estiagem entre

os meses de maio a setembro, ou seja, as chuvas são reduzidas durante o inverno. No

verão se concentram as chuvas, entre os meses de outubro a abril, atingindo na região

um total aproximado entre 1.250 e 1.400 mm, de acordo com informações contidas

no Diagnóstico Municipal do Plano Diretor de Itapagipe.

No município se destacam três unidades de relevo, sendo elas: as superfícies

medianamente dissecadas; superfícies de dissecação intensa; platôs areníticos.

Segundo o Diagnóstico Municipal do Plano Diretor de Itapagipe a predominância no

município são as superfícies mediamente dissecadas, que na extensão territorial

ocupa áreas cuja altimetria varia entre 550 e 650 metros, e morfologicamente se

caracteriza pela formação de vertentes amplas de baixa declividade.

26

A Pedologia do município se caracteriza em seis classes de solos, dentre elas:

Latossolo Roxo, Latossolo Vermelho- Escuro, Argissolo Vermelho-Amarelo, Terra

Roxa, Neossolos Quartzarênicos e Aluviais.

O IBGE (2010) caracteriza a vegetação do município em dois biomas

principais, Mata Atlântica e Cerrado, sendo que o município possui a maior parte de

sua extensão territorial inserida no bioma Cerrado se comparado as formações de

Mata Atlântica.

De acordo com o Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS), em

2011 o município apresentava um percentual de 0,25 % de cobertura vegetal por

Mata Atlântica em seu território. Esse bioma é observado no município em

fragmentos nos vales do Rio Grande e seus afluentes.

O Cerrado se apresenta conforme suas tipologias vegetacionais, desde o

campo limpo aos campos cerrados e campos rupestres, e as formações florestais

características como veredas, matas de galeria e cerradão.

Em relação à hidrografia, Itapagipe está inserido na Bacia Hidrográfica do

Baixo Rio Grande – GD8. A GD8 é a unidade de gestão com maior extensão do

território da Bacia Hidrográfica do Rio Grande, abrangendo 13,08% da área. A GD8

apresenta uma área de drenagem de 18.784 km² e abrange um total de 19 sedes

municipais. A disponibilidade hídrica da bacia situa-se entre 2 e 10 litros por

segundo por quilômetro quadrado (IGAM, 2012).

No município, os recursos hídricos superficiais de maior relevância são: Rio

Grande, Rio Verde, Ribeirão São Mateus, Córrego Lageado, Córrego dos Talhados,

Ribeirão da Moeda e Ribeirão Cachoeira de Cima.

O município ainda apresenta três aquíferos em sua extensão territorial, sendo

eles: Bauru-Caiuá, Serra Geral e Guarani. Estes aquíferos fazem parte da província

hidrogeológica (ou bacia sedimentar) do Paraná.

O aquífero Bauru-Caiuá é um aquífero poroso constituído por rochas

sedimentares dos Grupos Bauru e Caiuá, apresentando-se na extensão territorial do

município nas formas livre e semiconfinado. O aquífero Serra Geral é do tipo

fraturado e é composto basicamente por rochas basálticas. O aquífero Guarani

também é do tipo poroso e apresenta-se, em Itapagipe, na forma confinada.

27

4.3 Aspectos Socioeconômicos

O crescimento populacional de Itapagipe entre o período de 1991 e 2010 pode

ser observado na tabela 3. Nota-se que entre os anos de 2007 e 2010 houve uma

queda no número de habitantes correspondente a 2,59% do contingente populacional.

Tabela 3: Crescimento populacional de Itapagipe entre 1991-2010.

Ano N° de habitantes Itapagipe/MG

1991 11.203

1996 11.192

2000 11.832

2007 14.019

2010 13.656

Fonte: IBGE.

De acordo com o Atlas de Desenvolvimento no Brasil, edição 2013, entre o

decênio de 2000 e 2010, houve o crescimento de 1,44% da taxa média anual da

população de Itapagipe. Neste período, a taxa de urbanização do município passou de

59,23% para 69,99%. Já em entre os anos de 1991 e 2000, a população do município

cresceu a uma taxa média anual de 0,61%, sendo que na década, a taxa de

urbanização do município passou de 50,37% para 59,23%. A tabela 4 apresenta o

grau de urbanização do município entre os anos 1990 e 2010, definido pela

população total, gênero e zona urbana e rural.

Tabela 4: População Total, por Gênero, Urbana/Rural – Itapagipe – MG.

População População

(1991)

% do

total

(1991)

População

(2000)

% do

total

(2000)

População

(2010)

% do

total

(2010)

População

total

11.203 100,00 11.832 100,00 13.656 100,00

Homens 5.833 52,07 6.029 50,96 7.124 52,17

Mulheres 5.370 47,93 5.803 49,04 6.532 47,83

Urbana 5.643 50,37 7.008 59,23 9.558 69,99

Rural 5.560 49,63 4.824 40,77 4.098 30,01

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, dados: PNUD, Ipea e FJP.

A população rural do município diminuiu progressivamente entre 1980 a

2010, apresentando uma retratação total de 23,1%. O êxodo rural no município, no

referido período, resultou em um incremento de 8,53% da população urbana.

28

A população predominante em Itapagipe é a adulta jovem, como pode ser

visualizado no gráfico 1, possuindo estrutura etária nas faixas de 20-24 anos, 25-29

anos e 30-34 anos e representavam em 2010, 2.601 habitantes de ambos os gêneros,

conforme o último Censo Demográfico do IBGE.

Gráfico 1: Pirâmide etária de Itapagipe/MG (2010).

Fonte: IBGE, 2010.

Em 2010, Índice de Desenvolvimento Humano¹ (IDH-M) de Itapagipe foi

0,723, colocando o município na faixa de desenvolvimento humano alto, que é

considerado quando o IDH-M está na faixa entre 0,700 e 0,799. O indicador que

mais contribui com o crescimento do IDH municipal foi a Longevidade com índice

0,861, seguida da Renda com índice de 0,728 e Educação com índice de 0,603,

conforme informações do Atlas de Desenvolvimento no Brasil (2013).

Entre 1991 e 2000 a taxa de crescimento foi de 31,51%, sendo que o IDH-M

era 0,476 em 1991 e passou para 0,626 no ano de 2000. Já entre 2000 e 2010, essa

taxa de crescimento foi de 15,50%, fazendo com que o município ocupasse a 77ª

posição no ranking estadual.

____________

¹ O IDH mede o desenvolvimento humano que varia de 0 (nenhum desenvolvimento

humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Para a formulação do IDH-M são

utilizados os indicadores de longevidade, educação e renda.

29

O adensamento populacional do município pode ser visualizado na figura 8,

onde foram utilizados os setores censitários definidos pelo IBGE para identificar

onde há o maior número de pessoas. A zona urbana de Itapagipe concentra 70% do

contingente populacional do município, sendo a Zona de Adensamento Populacional

(ZAP), definida pelo Plano Diretor Municipal, as áreas com maior número de

pessoas.

A ZAP é uma zona constituída por alguns bairros e segundo os setores

censitários do IBGE apresenta áreas, em pontos variados da zona urbana, que

possuem entre 750 a 1.025 pessoas, representadas no mapa pelas áreas mais escuras.

Já a região central da zona urbana está localizada na Zona de Adensamento

Controlado (ZAC) onde está a grande maioria do comércio local e também moradias.

De acordo com os setores censitários do IBGE é uma zona que possui áreas variando

entre 250 até 500 moradores e 500 até 750 moradores.

A definição dessas duas áreas, ZAP e ZAC, são importantes para identificar

os pontos onde há maior geração de resíduos, uma vez que áreas com maior

adensamento populacional e concentração comercial é tendenciosa a gerar grandes

volumes de resíduos.

A figura 9 mostra o Mapa de Uso e Ocupação do Solo Urbano, definido pelo

Plano Diretor do Município, onde são identificadas as áreas: uso institucional;

concentração de usos comerciais; uso predominante residencial; equipamentos de

lazer/áreas verdes; glebas e lotes desocupados. Ressalte-se que o mapa foi

confeccionado em 2010, sendo que posteriormente novos loteamentos foram

aprovados e se encontram em fase de desenvolvimento, sendo estabelecidos nas

áreas identificadas no mapa como glebas e lotes desocupados.

30

Figura 8: Mapa territorial dividido em setores censitários.

Elaboração: TERRA Assessoria Ambiental e Topografia.

31

Figura 9: Mapa de uso e ocupação do solo na zona urbana.

Fonte: Diagnóstico Municipal do Plano Diretor.

32

4.3.1 Economia

O município possui um perfil econômico eminentemente agropecuário,

destacando as atividades de pecuária de corte e leiteira. A pecuária de corte, constituída

pela pecuária extensiva e intensiva, é produzida na maioria dos estabelecimentos

agropecuários do município. O Censo Agropecuário do IBGE (2006) apontou que

Itapagipe possuía 1.331 estabelecimentos rurais, no qual 1.238 estabelecimentos

produziam gado para corte e 956 produziam leite.

A maioria dos estabelecimentos rurais do município, cerca de 68,3%, são da

agricultura familiar, formados por pequenos e médios produtores, ocupando uma área

de 23% do território agricultável de Itapagipe. Os estabelecimentos agropecuários de

grande porte ocupam 77% do território agricultável e representam 31,7% das unidades

de produção agropecuária itapagipense.

A atividade pecuária do município de Itapagipe está concentrada na produção de

carne bovina e de galináceos, enquanto a agricultura do município é formada pelo

cultivo de laranja que predomina as lavouras permanentes, seguido pelo cultivo de café,

borracha e limão, já as lavouras temporárias são formadas pelo predomínio da cana-de-

açúcar, seguido pelo cultivo de abacaxi, mandioca e arroz.

Em relação a atividades industriais, os estabelecimentos mais significantes e que

movimentam a economia local, são: usina de cana-de-açúcar, laticínios, granja e

tecelagem.

Em 2012 o PIB gerado em Itapagipe a preços correntes foi no valor de R$

363.522 mil, já o PIB per capita a preços correntes ficou na ordem de R$ 26.092,58. O

setor econômico que mais contribuiu com o PIB neste período foi o agropecuário, no

valor adicionado bruto de R$ 114.570,00, seguido pelo setor de serviços com valor

adicionado bruto de R$ 124.325,00 e pelo setor da indústria, correspondendo ao valor

adicionado bruto de R$ 68.854,00 (IBGE, 2012).

As receitas orçamentárias do município em 2014, segundo o IBGE,

corresponderam a R$ 41.444.000,00, enquanto as despesas foram de R$ 33.135.000,00.

A renda per capta média do município cresceu de forma considerável entre o

período de 1991 e 2010, correspondendo a uma taxa de 91,76%, conforme dados do

Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2013). Para os anos de 1991, 2000 e

33

2010 a renda per capita média equivalia a R$ 386,92, R$ 477,14 e R$ 741,95,

respectivamente, ou seja, a taxa média de crescimento anual no referido período foi de

3,49%.

No que diz respeito aos empregos formais, o número de pessoas ocupadas no

município atingiu 29,15% em 2011 correspondendo a 2.872 pessoas. Fazendo uma

comparação com ano de 2006 a taxa de emprego no setor formal cresceu 9,85%. O

rendimento médio do setor passou de R$ 979,55, em 2006, para R$ 1.180, 08 em 2011,

representando um aumento de 17% como mostra os dados da tabela 3 (IMRS, 2013).

Tabela 5: Taxa de Empregados no setor formal de trabalho e Rendimento Médio Mensal dos

empregados no setor formal de trabalho em Itapagipe-MG.

Anos Empregados

do setor

formal

(pessoas)

Taxa de

emprego no

setor formal

(%)

Rendimento per

capita no setor

formal (R$

correntes/hab)

Rendimento médio no

setor formal (R$

correntes/empregado)

2006 1.735 19,30 131,68 979,55

2007 2.166 23,60 186,68 1.128,29

2008 2.182 23,30 179,63 1.093,08

2009 2.376 24,83 208,22 1.180,08

2010 2.773 28,40 255,46 1.258,04

2011 2.872 29,15 296,64 1.425,07

Fonte: Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS), edição 2013.

Elaboração: Terra Assessoria Ambiental e Topografia.

Segundo dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil os setores

formais de emprego, em 2010, que mais empregavam em Itapagipe eram o agropecuário

com uma taxa de emprego de 31,01%, o setor de serviços correspondendo a uma taxa de

emprego de 30,70%, o setor da indústria de transformação com taxa de 13,73% e o setor

de comércio representado por uma taxa de emprego de 12,24%.

4.4 Saneamento Básico

4.4.1 Abastecimento de água

O sistema de abastecimento de água da cidade de Itapagipe é gerido pela

COPASA - Companhia de Saneamento de Minas Gerais. A água para abastecimento da

zona urbana é captada no Ribeirão Cachoeira de Cima. De acordo com informações

34

prestadas pela COPASA não existe problemas para o abastecimento público mesmo em

período de estiagem.

A barragem de regularização de nível para a captação (figura 10) está localizada

na área da Estação de Tratamento de Água (ETA), a captação possui vazão aduzida de

36 l/s e a COPASA possui outorga para captação superficial para vazão de 50 l/s.

Figura 10: Vista da barragem de regularização de nível para captação de água em Itapagipe

(MG).

Arquivo dos autores.

O tratamento de água é feito por sistema de tratamento do tipo convencional, a

ETA de Itapagipe é do tipo padrão, construída em concreto armado com capacidade

instalada de 33 l/s.

A reservação de água tratada é feita por meio de três reservatórios. O maior

reservatório do tipo apoiado e construído em concreto armado possui a capacidade de

reservação de 900 m³. O outro reservatório do tipo elevado, também construído em

concreto armado, possui volume útil de 120 m³. O terceiro reservatório é metálico do

tipo elevado e tem capacidade de armazenagem de 50 m³.

Segundo a COPASA os serviços de tratamento e abastecimento público da zona

urbana atende a demanda atual, a rede de distribuição de água é acessível a 100% da

cidade, existindo 4.131 ligações prediais e atendendo 12.863 habitantes.

35

4.4.2 Esgotamento sanitário

O sistema de esgotamento sanitário da área urbana de Itapagipe é gerido pela

própria Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Obras. Segundo informações da

Prefeitura o serviço é regular, a cobertura da rede de coleta de esgoto na área urbana é

de 100%, não sendo conhecidos pontos de lançamentos de esgoto a céu aberto. A maior

parte ocupada da área urbana dispõe de interceptores de esgoto, implantados no final da

década de 1990.

O esgoto de Itapagipe é lançado in natura no Córrego Lageado, uma vez que o

município não possui sistema de tratamento de esgoto. No município foi implantada,

entre 1997 e 2000, uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) composta por aerador

mecânico de superfície movido à energia elétrica. A ETE chegou a ser operada,

contudo, os altos custos com energia elétrica inviabilizaram o projeto fazendo com que

a ETE fosse desativada (figura 11). A tubulação, então, foi desviada da ETE para fazer

lançamento do esgoto a 500 metros à jusante da ETE no Córrego Lageado.

Figura 11: Estrutura abandonada da antiga ETE de Itapagipe.

Arquivo dos autores.

36

4.4.3 Drenagem pluvial

Segundo a Secretaria Municipal de Obras a drenagem pluvial da malha urbana

de Itapagipe é feita através do sistema superficial, sendo que existe um único trecho da

Avenida do Contorno onde há drenagem subterrânea, de aproximadamente 1.500

metros, desaguando no local conhecido como “Brejinho de Trás”.

O município não possui grandes problemas relacionados à drenagem pluvial,

sendo que a topografia da zona urbana favorece o escoamento das águas evitando

grandes transtornos com enchentes e inundações. O Córrego Lageado e o Córrego

Brejinho são os dois sistemas de macrodrenagem existentes na zona urbana.

A Prefeitura Municipal é responsável pela limpeza e manutenção dos sistemas

de drenagem e redes pluviais, bem como executa obras relativas ao sistema drenagem

de águas pluviais, através da Secretaria Municipal de Obras. A manutenção dos sistemas

de drenagem é realizada quando se faz necessária, assim como a limpeza dos

dispositivos de drenagem, não havendo um plano de manutenção definido.

4.4.4 Indicadores de condições ambientais e saneamento

O Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) através dos agentes de

atenção básica faz o acompanhamento de famílias possibilitando averiguar a situação do

saneamento, permitindo alcançar um indicador o mais próximo possível das reais

condições das famílias.

O SIAB disponibiliza informações sobre as famílias residentes na área urbana

do município, através da tabela 6 é possível visualizar o número de famílias atendidas

pelos serviços de saneamento e o percentual de cobertura do mesmo, no período de

2000 a 2014.

Ao longo dos anos, observa-se que houve uma regressão no percentual de

cobertura dos serviços, contudo, aumentou a quantidade de famílias abordadas pelas

equipes da atenção básica em saúde, fato com que faz as demandas dos serviços

públicos serem maiores.

37

Tabela 6: Indicadores de condições ambientais para as famílias residentes na área urbana e que são atendidas pelas equipes da atenção básica. Itapagipe,

2000-2014.

Fonte: SIAB (situação do saneamento), 2015.

38

4.4.5 Cobertura dos serviços de saneamento

Através das informações atribuídas a situação do meio ambiente e habitação

constantes no Índice Mineiro de Responsabilidade Social, edição 2013, foi possível

levantar os índices de cobertura dos serviços de saneamento na zona urbana de

Itapagipe. Nota-se na tabela 7 que no período de 2009 a 2011 não houve alteração em

nenhum dos índices, o que mostra que os serviços são regulares, porém, não sofreram

nenhum tipo de melhoria ou adequação no referido período.

Tabela 7: Cobertura dos serviços de saneamento em Itapagipe/MG.

Variável Ano

2009 2010 2011

Percentual dos domicílios particulares permanentes com

acesso a abastecimento de água por rede geral (%) 68,92 68,92 68,92

Percentual dos domicílios particulares permanentes

atendidos com rede geral de esgoto ou pluvial ou fossa

séptica que têm banheiro ou sanitário (%)

74,42 74,42 74,42

Percentual dos domicílios particulares permanentes

atendidos com coleta direta ou indireta de lixo por serviço

de limpeza (%)

70,95 70,95 70,95

Percentual da população em domicílios com banheiro e

água encanada (%) 93,37 93,37 93,37

Percentual da população que vive em domicílios com água

encanada (%) 95,54 95,54 95,54

Percentual da população com banheiro e coleta de esgoto

(%) 73,63 73,63 73,63

Percentual da população em domicílios com coleta de lixo

(%) 98,9 98,9 98,9

Fonte: IMRS, 2013.

5 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

Legislação Federal

- Lei n° 12.305/10 – Política Nacional de Resíduos Sólidos;

- Decreto n° 7.404/10 – Regulamenta a Lei 12305/10;

- Lei n° 11.445/07 – Lei Nacional de Saneamento Básico;

- Decreto n° 7.217/10 – Regulamenta a Lei 11.445/07;

39

- Decreto n° 6.017/07 – Regulamentação Normas Gerais Contração Consórcios

Públicos;

- Lei n° 11.107/05 – Normas Gerais de Contratação de Consórcios Públicos;

- NBR 10.004/04 – Classificação dos Resíduos Sólidos;

- Resolução CONAMA n° 307/02 – Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos

para a gestão dos resíduos da construção civil;

- Resolução CONAMA n° 283/01 – Dispõe sobre tratamento e destinação final dos

resíduos dos serviços de saúde;

- Lei n° 10.257/01 – Estatuto das Cidades;

- Lei n° 9.433/97 – Política Nacional de Recursos Hídricos;

- Lei n° 9.795/99 – Política Nacional de Educação Ambiental.

Legislação Estadual

- Lei n° 18.031/2009 – Política Estadual de Resíduos Sólidos;

- Decreto n° 45.181/2009 – Regulamenta a Lei n° 18.031/2009;

- Deliberação Normativa COPAM n° 118/2008 – Estabelece novas diretrizes para

adequação da disposição final de resíduos sólidos urbanos no Estado;

- Lei n° 13.199/99 – Política Estadual de Recursos Hídricos;

- Lei n° 11.720/94 – Política Estadual de Saneamento Básico;

Legislação Municipal

- Lei n° 149/2014 - Dispõe sobre a Política Municipal de Saneamento Básico, cria o

Conselho Municipal de Saneamento Básico, institui o Fundo Municipal de Saneamento

Básico;

- Lei Orgânica do Município de Itapagipe;

- Código de Posturas do Município de Itapagipe.

40

6 DIAGNÓSTICO DO MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E LIMPEZA

URBANA

6.1 Classificações

Os resíduos são definidos, de acordo com a Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT) - NBR 10.004/2004, como restos das atividades humanas,

consideradas pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis, estando em

estado sólido e semissólido.

A Lei n° 12.305/2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos

classifica os resíduos sólidos da seguinte forma:

Art. 13. Para os efeitos desta lei, os resíduos sólidos têm a seguinte

classificação:

I – quanto à origem:

a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em

residências urbanas;

b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de

logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana;

c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas a e b;

d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços:

os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas b, e,

g, h e j;

e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados

nessas atividades, excetuados os referidos na alínea c;

f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e

instalações industriais;

g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde,

conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos

órgãos do Sisnama e do SNVS;

h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas,

reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os

resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis;

i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias

e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas

atividades;

j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos,

aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e

passagens de fronteira;

k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa,

extração ou beneficiamento de minérios;

II – quanto à periculosidade:

41

a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de

inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade,

patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e

mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à

qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma

técnica;

b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea a.

Segundo a NBR 10.004/2004 os resíduos podem ser classificados de acordo com

a sua natureza física (seco e molhado), sua composição química (matéria orgânica e

inorgânica) e pelos riscos potenciais ao meio ambiente (perigoso, não inerte e inerte).

No Brasil, a classificação dos resíduos de acordo com a Periculosidade definida

pela NBR 10.004/2004, é a mais utilizada, sendo os aspectos considerados na

metodologia de classificação dos resíduos sólidos quanto a riscos potenciais ao meio

ambiente e à saúde pública:

Resíduo Perigoso - Classe I: aquele que apresentar em sua composição

propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, podendo apresentar risco à

saúde pública e quem podem contribuir para um aumento da mortalidade e da

incidência de doenças ligadas à proliferação de agentes transmissores como

moscas, ratos, mosquitos, baratas, entre outros, além de promover a incidência

de riscos ambientais, formação de fumaças e líquidos (chorume) que poluam o

ar, a água e o solo. Podem também apresentar características de inflamabilidade,

corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade;

Não Perigosos – Classe II: estão inseridos os resíduos Não Inertes e Inertes. Os

resíduos Não Inertes são aqueles que podem apresentar propriedades como

combustibilidade, biodegradabilidade e solubilidade em água. Os Inertes ao

serem dissolvidos apresentam concentrações abaixo dos padrões de potabilidade,

quando expostos a testes de solubilidade em água destilada, excetuando-se aqui

aspectos como cor, turbidez e sabor.

42

6.2 Gestão dos resíduos sólidos

A gestão dos resíduos sólidos urbanos em Itapagipe é de responsabilidade da

empresa terceirizada Quebec Construções e Tecnologia Ambiental S/A mediante

contrato administrativo com vigência 31/12/2015, podendo o mesmo ser prorrogado.

A empresa foi contratada para coletar os resíduos sólidos urbanos e encaminhar

para a disposição final, para realizar a coleta seletiva e triagem de material reciclado,

para fazer a varrição de ruas e logradouros públicos e operar a UTC – Usina de Triagem

e Compostagem.

No que diz respeito à coleta, a empresa Quebec Ambiental realiza a coleta dos

resíduos domiciliares, comerciais e industriais (com características domiciliares), de

varrição e coleta seletiva da cidade.

A Prefeitura Municipal de Itapagipe através da Secretaria de Obras é responsável

pela limpeza pública de praças, canteiros e avenidas ficando a cargo de coletar os

resíduos de capina e poda de árvores, bem como coletar entulhos dispersos em ruas,

avenidas e calçadas.

6.3 Resíduos Sólidos Urbanos - RSU

Os resíduos sólidos urbanos são considerados neste estudo, conforme a definição

da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, os resíduos domiciliares provenientes de

atividades domésticas em residências urbanas e os de limpeza urbana originários de

varrição de vias públicas. Os resíduos domiciliares normalmente são caracterizados pela

presença de material reciclado e matéria orgânica, enquanto os resíduos de varrição se

caracterizam basicamente por folhas de árvores e material reciclado.

A caracterização qualitativa dos resíduos sólidos urbano constituiu-se na

tradicional determinação dos materiais presentes no resíduo e do percentual em peso

que os mesmos ocorrem em relação ao total produzido. Refere-se às porcentagens das

várias frações normalmente presentes no resíduo sólido urbano de uma cidade, tais

como papel, papelão, plástico mole, plástico duro, PET, metal ferroso/alumínio, vidro,

matéria orgânica e outros constituintes.

43

Para a obtenção dos percentuais da composição dos diferentes constituintes dos

RSU (matéria orgânica, materiais recicláveis e rejeitos) e estimativa da contribuição da

população local na geração dos resíduos sólidos municipais na relação kg/dia, foram

realizadas a pesagem do resíduo e a gravimetria.

Salienta-se que o diagnóstico dos resíduos sólidos urbanos desconsiderou alguns

fatores, como a classe social, os costumes e o poder aquisitivo dos habitantes dos

diferentes bairros da sede do município. Contudo, tal fato não ocasionou prejuízos à

caracterização dos resíduos sólidos urbanos, uma vez que as rotas de coleta dos resíduos

de Itapagipe envolvem vários bairros com diferentes características socioeconômicas e

estruturais.

6.4 Geração de resíduos e estimativa per capita

A geração de resíduos é a primeira etapa a ser definida para a gestão dos

mesmos. Nem sempre todo o resíduo gerado é coletado, por motivos como disposição

irregular, coleta informal e insuficiência do sistema de coleta público (IBAM, 2011).

Atualmente o município não realiza a pesagem dos resíduos sólidos urbanos

coletados, não faz separação por tipologia e não realiza balanço de massa. Para se obter

a média diária de resíduos coletados foram realizadas pesagens dos resíduos no período

de 01/06/2015 e 08/06/2015.

As pesagens foram feitas pela empresa terceirizada responsável pelo manejo dos

resíduos com orientação da Secretaria Municipal de Obras. O método utilizado para a

definição do resíduo gerado consistiu na diferença da pesagem do caminhão coletor de

resíduos vazio e a pesagem do caminhão após a coleta dos resíduos no fim de cada rota.

Como a coleta é realizada em rotas preestabelecidas, os resíduos coletados e pesados

não foram somente os domiciliares e de varrição, incluiu-se também na pesagem os

resíduos comerciais e os industriais que possuem características domiciliares.

Ressalta-se que para o cálculo da geração média de resíduos em kg/dia, foram

considerados oito dias, pois no referido período de pesagem, no dia 04/06/2015 (quinta-

feira) não houve pesagem, mas os resíduos se acumularam e foram pesado juntamente

com o do dia posterior 05/06/2015, assim como no dia 07/06/2015 que caiu em um

domingo, dia em que não há coleta dos resíduos, por isso o resíduo também se

44

acumulou para a coleta e pesagem na segunda-feira. Os dados obtidos com a pesagem

dos resíduos são descritos na tabela 8.

Tabela 8: Resultado da pesagem dos resíduos sólidos entre o período 01/06 a 08/06 de 2015.

Data Peso kg/dia

01/06/2015 9.790

02/06/2015 5.840

03/06/2015 6.030

05/06/2015 10.020

06/06/2015 8.410

08/06/2015 7.530

Total 47.620

Média kg/dia 5.952

Dados obtidos através da pesagem realizada pela empresa terceirizada.

A pesagem dos resíduos resultou na média de 5.952 kg coletados diariamente.

De posse desse dado foi possível fazer uma estimativa da geração per capta em função

do número de habitantes. O IBGE estimou uma população em Itapagipe para o ano de

2014 de 14.645 pessoas. O último censo demográfico estipulou que 70% da população

eram moradores da zona urbana. Em função desse dado estima-se que a população

residente na zona urbana em 2014 foi de 10.251 moradores.

Através da divisão da entre a média dos resíduos gerados por dia e a população

estimada da zona urbana, obteve-se uma média per capita de 0,58 kg/hab./dia.

Comparando com os dados de geração per capita nacional e de Minas Gerais avaliado

pelo SNIS (2013), observa-se que a média de geração de resíduos em Itapagipe é abaixo

dos valores, uma vez que a média nacional no referido ano foi de 1,01kg/hab./dia e do

estado foi 0,81 kg/hab./dia.

6.5 Gravimetria

Para organizar um plano de gestão, gerenciar e manejar o resíduo urbano

coletado é necessário conhecer a composição do resíduo, pois é a composição que dará

subsídios para o tratamento e a disposição/destinação final ambientalmente adequada.

45

Segundo o IBAM (2011) as características dos resíduos podem variar em função

de aspectos sociais, econômicos, culturais, geográficos e climáticos, ou seja, os mesmos

fatores que também diferenciam as comunidades entre si e as próprias cidades.

A composição gravimétrica traduz o percentual de cada componente em relação

ao peso total da amostra de resíduo analisada, podendo indicar a possibilidade de

aproveitamento das frações recicláveis para comercialização e da matéria orgânica para

a produção de composto orgânico.

Após a pesagem dos resíduos sólidos urbanos, onde foi possível estimar a

geração de resíduos por dia, realizou-se a gravimetria dos resíduos a fim de definir a

composição dos RSU de Itapagipe.

A gravimetria foi realizada pela empresa terceirizada Quebec Ambiental que

encaminhou o resíduo coletado para a Usina de Triagem e Compostagem (UTC) onde

foi possível separar os resíduos por tipologia, quantificar e definir as características dos

resíduos. Os dados obtidos na gravimetria estão descritos na tabela 9 e representado no

gráfico 2, assim como o processo de separação dos resíduos é ilustrado pelas figuras de

12 a 15.

Com base no resultado da gravimetria foi possível comparar a composição do

resíduo de Itapagipe com a composição do resíduo gerado na região do Triângulo

Mineiro e do Brasil.

46

Tabela 9: Composição do resíduo sólido urbano de Itapagipe/MG.

Quantidade de

Resíduos

Gerados por dia

Vidros Papel Alumínio Metal,

latas,

ferrosos

Pet Plástico

Colorido

Plástico

Cristal

Plástico

Duro

Papelão Papelão

Colorido

Caixinha

de leite

longa

vida

Matéria

Orgânica

Rejeitos

e outros

5.952 kg 23,21

kg

29,16

kg

17,85

kg

74,4

kg

205,34

kg

38,69

kg

47,02

kg

119,04

kg

387,48

kg

140,47

kg

38,69

kg

4.232,47

kg

597,58

kg

% 0,39 0,49 0,30 1,25 3,45 0,65 0,79 2,00 6,51 2,36 0,65 71,11 10,04

Dados obtidos através da Gravimetria.

Figura 12: Esteira de triagem. Figura 13: Resíduos a ser triado. Figura 14: Início do processo de triagem.

47

Figura 15: Finalizando o processo de triagem. Resíduos separados por tipologia.

Arquivo dos autores.

Gráfico 2: Dados da composição gravimétrica de Itapagipe/MG.

Elaboração: Terra Assessoria Ambiental de Topografia.

De acordo com os dados levantados pela ABRELPE (2012) a geração de

resíduos no Brasil apresentou em sua composição 51,4% de matéria orgânica, 31,9 % de

material reciclável, com predomínio de plástico, papel e papelão, e 16,7 % de rejeitos,

19%

71%

10%

Composição dos resíduos sólidos urbanos de Itapagipe

Material reciclável Matéria orgânica Rejeitos e outros

48

conforme dados da tabela 10. Analisando os dados obtidos com a gravimetria de

Itapagipe observa-se que o RSU do município possui um comportamento diferente, com

uma quantidade mais elevada de matéria orgânica e menor de material reciclável.

Tabela 10: Participação dos principais materiais no total de RSU coletado no Brasil em 2012.

Material Participação (%) Quantidade (t/ano)

Metais 2,9 1.640.294

Papel, Papelão e TetraPak 13,1 7.409.603

Plástico 13,5 7.635.851

Vidro 2,4 1.357.484

Matéria Orgânica 51,4 29.072.794

Outros 16,7 9.445.830

TOTAL 100,0 56.561.856

Fonte: ABRELPE, 2012.

Porém, através do estudo realizado Universidade Federal de Viçosa (UFV)

desenvolvido pelo Laboratório de Engenharia Ambiental e Sanitária (LESA), que

desenvolveu um trabalho de pesquisa “in loco” em mais de 300 municípios mineiros de

pequeno porte e diferentes regiões fisiográficas, é possível fazer uma comparação mais

aproximada com a realidade de Itapagipe, uma vez que o estudo faz o diagnóstico dos

RSU dos municípios com população inferior a 20.000 habitantes e define a composição

gravimétrica dos resíduos por regiões do estado, conforme tabela 11.

O estudo da LESA identifica que no Brasil, a composição típica média do lixo

nos municípios de pequeno porte apresenta 65% de resíduos orgânicos (sobras de

alimentos, folhas, etc.), 15% de materiais potencialmente recicláveis (papéis, papelão,

vidros, plásticos e metais) e, 20% de rejeitos (terra, pedra, madeira, osso, trapos,

borracha, couro, etc.). Em Minas Gerais esses municípios geram média de 66,8% de

resíduos orgânicos, 23,9% de materiais potencialmente recicláveis e 9,3% de rejeitos

iniciais.

49

Tabela 11: Distribuição Percentual Média de Materiais Potencialmente Recicláveis, por Região

Fisiográfica do Estado de Minas Gerais.

Com os dados comparativos mais próximos da realidade de Itapagipe, nota-se

que a composição grávimetrica dos RSU do município é similar aos da Região do

Triângulo Mineiro, sendo que há maiores quantidade de resíduos orgânicos na massa do

lixo urbano gerado correspondendo a 71,11%, enquanto na região essa quantidade é de

66,8%, o material reciclável tem maior predominância do papelão (6,51%), bem como

do Triângulo (4,8%) e os rejeitos correspondem a 10,04%, enquanto da região equivale

a 11,1%

6.6 Coleta dos RSU

A coleta dos RSU é realizada de forma regular de segunda-feira a sábado, sendo

domingo o único dia em que não a coleta no município. Existe uma rota preestabelecida

setorizada por bairros para coleta de resíduos, no qual a coleta realizada no período de

07:00 às 10:00 horas no setor em que parte da COHAB sentido centro da cidade e de

13:00 às 19:00 horas do centro sentido Jardim Castro.

50

A coleta é realizada porta a porta, onde o caminhão compactador (figura 16) que

possui capacidade de 7 m³ passa nas ruas e avenidas da cidade recolhendo o RSU. No

caminhão trabalham um motorista e dois funcionários responsáveis pela coleta.

Segundo informações da empresa terceirizada, é utilizado um único caminhão na coleta,

que está em bom estado de conservação e passa por revisão a cada 20.000 km rodados.

Figura 16: Caminhão compactador utilizado na coleta de resíduos de Itapagipe.

Arquivo dos autores.

Para serem coletados, os resíduos são acondicionados pelos moradores em

sacolas plásticas, tambores metálicos e plásticos, e em lixeiras fixadas na porta de

residências, como ilustra as figuras 17 e 18.

Arquivo dos autores.

Figura 17: Lixeira e tambor plástico,

utilizados para acondicionamento de

resíduos. Figura 18: Cesto de lixo fixado em porta

de residência de Itapagipe.

51

6.7 Custos do manejo de resíduos sólidos

As despesas que o município possui com a terceirização do manejo dos resíduos

sólidos urbanos são apesentados na tabela 12.

Tabela 12: Valores dos serviços de manejo de resíduos e limpeza urbana para o município.

Descrição do serviço Valor unitário

mês (R$)

Valor total anual

(R$)

Coleta de lixo urbano domiciliar 48.000,000 576.000,000

Varrição de ruas e logradouros públicos 30.000,000 360.000,000

Coleta Seletiva 19.000,000 228.000,000

Operação de Usina de Triagem e

Compostagem

18.600,000 223.200,000

Locação de trator de esteiras 18.000,000 216.000,000

Total Geral ---- 1.603.200,000

Fonte: Prefeitura Municipal de Itapagipe.

Além dos custos pagos à empresa Quebec Ambiental, o município possui ainda

despesas com a poda de árvores, capina de praças e canteiros, coleta de entulhos via

pública e coleta dos resíduos da zona rural. Os valores gastos pelo município com esses

serviços não foram divulgados pela Prefeitura Municipal.

Contudo, a Prefeitura informou que são cobrados através do IPTU – Imposto

Predial e Territorial Urbano, taxa de serviço urbano, conforme descrito na tabela 13.

Tabela 13: Taxa de serviços urbanos.

SERVIÇO TAXA

A Conservação de calçamento 20 % da UFM ao ano

B Limpeza pública 30% da UFM ao ano

C Conservação da rede coletora de esgoto 40% da UFM ao ano

D Coleta de lixo doméstico 60% da UFM ao ano

Fonte: Prefeitura Municipal de Itapagipe.

Segundo a PNSB (2008) os serviços de manejo dos resíduos sólidos

compreendem a coleta, a limpeza pública bem como a destinação final desses resíduos,

e exercem um forte impacto no orçamento das administrações municipais, podendo

atingir 20,0% dos gastos da municipalidade.

52

Em 2012, os recursos aplicados pelos municípios para fazer frente a todos os

serviços de limpeza urbana foram em média de apenas R$11,00 por habitante por mês

(ABRELPE, 2012).

Fazendo uma estimativa dos valores que são pagos anualmente a empresa

terceirizada em relação ao número de moradores de Itapagipe estimados pelo IBGE em

2014, a média de recursos aplicados para os serviços de limpeza em Itapagipe é de R$

9,12 por habitante/mês.

6.8 Destinação final dos RSU

Após a coleta de resíduos, feita diariamente, os RSU são encaminhados para o

Aterro Controlado Municipal. A operação do Aterro é de Responsabilidade da

Prefeitura Municipal.

O Aterro está localizado ao extremo sudoeste do perímetro urbano a uma

distância aproximada de 1,2 km através da Estrada Municipal sentido Paulo de

Faria/SP. A área de disposição final dos resíduos é locada e está em funcionamento

desde meados de abril de 2005.

De acordo com informações prestadas pela Prefeitura Municipal o Aterro

possuía Autorização Ambiental de Funcionamento - AAF com vigência de 4 anos no

período de 14/01/2011 a 14/01/2015, porém, a mesma se encontra vencida e não possui

processo de renovação.

Atualmente o Aterro Controlado está com sua capacidade esgotada e a vida útil

do sistema saturada. O local não possui valas com impermeabilização do solo e nem

tratamento de chorume.

A área do Aterro Controlado é cercada, possui cerca viva para impedir a entrada

de pessoas, animais e para impedir que sacolas plásticas se espalhem por áreas vizinhas,

porém, a cerca apresenta falhas. O local é atrativo de animais e vetores, principalmente

urubus, nos períodos em que a vala fica sem cobertura. Os cursos d’água mais próximos

do Aterro são as nascentes do bairro Barbosa Soares há uma distância linear de 550

metros do Bairro Jardim Trivelato há uma distância linear de 750 metros.

53

O resíduo sólido urbano chega ao Aterro Controlado todos os dias, é despejado

na vala que está aberta, o material é compactado e depois coberto por terra. De acordo

com a prefeitura a cobertura dos resíduos que estão na vala ocorre de forma alternada,

sendo que em um dia é realizada a cobertura e no outro dia não.

No local trabalham dois funcionários da prefeitura, sendo um responsável por

recolher sacolas plásticas que ficam soltas na área e separar materiais reciclados em

meio aos resíduos que chegam ao local e o outro encarregado de operar a pá

carregadeira, compactando e fazendo a cobertura dos resíduos.

Segundo o funcionário do local, esporadicamente aparecem catadores de

materiais reciclados na área para fazer dos resíduos. O Aterro Controlado é ilustrado nas

figuras 19 a 22.

Figura 21: Material reciclado triado nos RSU e acondicionado em bags.

Figura 19: Cerca viva da área do Aterro. Figura 20: Aterro Controlado de

Itapagipe.

54

Figura 22: Vala do Aterro Controlado em uso.

Arquivo dos autores.

A Prefeitura informou que o município já sofreu sanções do Ministério Público

em função da disposição inadequada e a queima de resíduos. Contudo, não foi assinado

entre o município e o Ministério Público nenhum TAC – Termo de Ajustamento de

Conduta.

O maior problema do município, atualmente, é relacionado à disposição final.

Apesar de estar com capacidade do Aterro Controlado saturada, o município não possui

em estudo uma área para destinar seus resíduos. A prefeitura informou que inicialmente

foi levantada a hipótese de se construir um Aterro Sanitário junto à área da Usina de

Triagem e Compostagem, contudo, devido aos altos custos de implantação de um aterro

sanitário a hipótese fica inviabilizada pelo fato do município não dispor de verba.

Outra hipótese levantada para solucionar a questão é a possibilidade de se fazer

um Consórcio Intermunicipal com o município de Frutal. Houve algumas reuniões entre

municípios interessados no consórcio, porém, devido a falta de documentação ambiental

o Aterro Sanitário de Frutal ainda não está adequado para tal finalidade.

Como terceira opção o município estuda a viabilidade de enviar os resíduos

sólidos urbanos para outro município que possui Aterro Sanitário adequado e possa

dispor os resíduos de forma ambientalmente correta.

55

6.8.1 Descarte irregular

Durante levantamento em campo para diagnosticar a situação dos resíduos

sólidos no município foram encontrados alguns pontos de descarte irregular de resíduos.

Observou-se que nesses pontos são encontrados todos os tipos de resíduos misturados,

como os de construção civil, domiciliares, poda de árvores, materiais reciclados e até

mesmo carcaças de animais.

O ponto que mais crítico fica às margens da MG-255, local que recebe grande

volume de resíduos, possui presença de catadores e eventualmente o lixo é queimado de

forma clandestina. Outro ponto de descarte irregular identificado próximo é à entrada da

UTC, que recebe principalmente os resíduos de poda e construção civil. Os outros

pontos encontrados estão na Avenida do Contorno, conforme as figuras 23 a 26.

Figura 23: Descarte de resíduos às

margens da MG-255.

Figura 24: Descarte de resíduos na

entrada da UTC.

Figura 25: Descarte de resíduos na

Avenida do Contorno.

Figura 26: Descarte de resíduos no

Corredor Boiadeiro.

56

6.8.2 Passivo ambiental

No município existe uma área onde funcionou por aproximadamente 7 anos o

lixão. A figura 27 mostra como está atualmente o local.

Figura 27: Área do antigo lixão.

Arquivo dos autores.

Desde que o Aterro Controlado entrou em operação em 2005 a disposição de

resíduos na área foi encerrada. Com o encerramento do lixão a área que também era

locada passou a ser utilizada para o cultivo de alguma cultura. Como se pode perceber

na figura 21, em visita ao local, foi observado que estava gradeado para plantio.

Atualmente, não é realizado pela prefeitura, que utilizou a área por um período

para descarte de lixo, nenhum tipo de monitoramento desse antigo lixão, portanto, não

se sabe se no local existe algum tipo de contaminação, como da água, solo ou ar. A

prefeitura também não elaborou um plano de encerramento do lixão, para evitar usos

indevidos da área e evitar que ocorram contaminações.

6.9 Coleta seletiva

Para a zona de Itapagipe existe coleta seletiva implantada desde meados de

fevereiro de 2014. A coleta seletiva é realizada pela empresa terceirizada Quebec

Ambiental e feita, assim como a coleta convencional, porta a porta.

57

A coleta seletiva é feita por uma rota preestabelecida, em dias alternados de

segunda a sexta-feira. São dois setores estabelecidos na cidade, onde um caminhão baú,

específico para a coleta seletiva, passa nas ruas recolhendo o material reciclado deixado

pelos moradores nas portas das casas separados dos resíduos domiciliares. No sábado a

coleta seletiva é limitada a recolher somente os resíduos dos comércios. No caminhão

da coleta trabalha um motorista e dois funcionários responsáveis pela coleta.

As categorias de material reciclado recolhidos pela coleta seletiva são: papel,

papelão, plástico, alumínio vidro e metal. O caminhão da coleta seletiva não recebe óleo

de cozinha e nem material considerado perigoso como pilhas, lâmpadas e baterias.

No município não existem PEVs – Pontos de Entrega Voluntária (Ecopontos)

para acumulação temporária da coleta seletiva e nem LEVs – Locais de Entrega

Voluntária de Resíduos Recicláveis como contêineres, sacos ou outros dispositivos

instalados em espaços públicos ou privados monitorados, para recebimento de

recicláveis.

Após a coleta seletiva o material recolhido é encaminhado para a UTC de

Itapagipe. Assim como o RSU, o material da coleta seletiva também não é pesado. Na

UTC o material é segregado por tipo, depois de separado é pesado, armazenado

temporariamente e posteriormente prensado para venda, conforme figuras 28 a 31. O

material recolhido pela coleta seletiva usualmente não é pesado antes do processo de

triagem.

Figura 28: Garrafas de plástico duro. Figura 29: Garrafas pet.

58

Arquivo dos autores.

O material reciclado é vendido para empresas do ramo, não existindo uma

empresa específica que faz a compra, a venda é feita de acordo com o melhor preço de

mercado. O lucro com a venda do material reciclado não foi informado pela empresa

prestadora de serviços e nem pela prefeitura, contudo ambos alegaram que os recursos

advindos da coleta não suficientes para cobrir os custos do programa.

6.9.1 Pesagem

Como dito anteriormente a pesagem da coleta seletiva também não é realizada,

Contudo, para estimar a média de material reciclado por dia usou-se do mesmo método,

no mesmo período da pesagem do RSU. Os dados obtidos com a pesagem, bem como a

média de resíduos reciclados coletados por dia são descritos na tabela 14.

Pelo valor médio obtido que foi de 344 kg/dia é possível perceber que é baixa

adesão da população no programa de coleta seletiva, o que indica a necessidade de se

fazer um processo de mobilização mais intenso com diversificados mecanismos de

divulgação para que a coleta se torne mais eficaz.

Figura 30: Latas de alumínio. Figura 31: Material prensado para venda.

59

Tabela 14: Pesagem global dos resíduos da coleta seletiva antes do processo de triagem, 2015.

Data Peso (kg)

01/06/2015 280

02/06/2015 260

03/06/2015 370

05/06/2015 380

06/06/2015 290

08/06/2015 410

09/06/2015 420

Total 2.410

Média/dia 344,28

Valores obtidos através da pesagem realizada pela empresa terceirizada responsável pela coleta

seletiva.

6.9.2 Catadores de material reciclado

De acordo com a Prefeitura Municipal, no município existem cerca de 12

catadores de materiais reciclados. Os catadores trabalham de forma individual, muitas

vezes em busca de complementação de renda. Não existe nenhum tipo de incentivo ou

orientação do município para que os catadores se organizem em cooperativa. O auxílio

da prefeitura seria fundamental para que os catadores fossem cooperadas, integrando os

mesmo ao Programa de coleta seletiva e triagem de materiais, sendo esse um dos

programas a ser estipulados para implantação e melhorias da gestão dos resíduos no

município.

Segundo informações da prefeitura esses catadores, coletam os materais

reciclados de forma aleatória nas ruas da cidade e vendem para uma empresa local

(figura 32).

Figura 32: Empresa do município que compra material reciclado.

Arquivo dos autores.

60

6.9.3 Educação Ambiental

No município não existe nenhum Programa de Educação Ambiental definido e

de grande abrangência, o que existe são ações individuais que ocorrem normalmente em

escolas através de trabalhos que abordam temas como meio ambiente, reciclagem e

saneamento básico.

No ato da implantação da coleta seletiva houve uma campanha de mobilização

através de cartilha explicativa, orientando a população como é feita a separação dos

resíduos recicláveis dos resíduos domiciliares e informando a rota e horários que

passaria o caminhão da coleta seletiva.

Porém, relatos de moradores indicam que faltam informações quanto à rota

percorrida pelo caminhão, dias e horários de recolhimento dos resíduos. Uma campanha

de mobilização mais intensa, aliada a um programa de educação ambiental poderia se

iniciar no município usando como tema inicial a coleta seletiva.

Através de cartilhas em uma linguagem simples e objetiva, rádio e palestras

educativas para crianças, jovens e adultos seria possível incentivar a população a

participar e aderir à separação do material reciclado, tornando a coleta seletiva mais

eficiente, trabalhando a ideia de redução de resíduos e eliminação de pontos de descarte

irregular.

6.10 Usina de Triagem e Compostagem - UTC

O município possui uma Usina de Triagem e Compostagem que funciona

parcialmente, trata-se de uma construção relativamente nova, situada em um local de

fácil acesso, em bom estado de conservação e bem estruturada, possui estrutura

necessária para fazer a separação dos resíduos urbanos coletados diariamente, sendo

composta por rampa de acesso para o caminhão despejar os resíduos, esteira, galpões

para armazenamento temporário, pátio para compostagem, prensa e escritório

administrativo.

Atualmente a única atividade desenvolvida na UTC é a segregação dos materiais

provenientes da coleta seletiva, armazenagem temporária e prensa em fardos para

venda. Se a UTC começar a operar com sua capacidade total instalada contribuirá com a

61

redução de resíduos levados para a disposição final, uma vez que, conforme a

composição gravimétrica realizada os RSU do município são compostos por 18,5 % de

material reciclado, que poderia ser separado e vendido, e cerca de 71% de matéria

orgânica que poderia ser realizada compostagem.

6.11 Serviços de limpeza urbana

Estes serviços contempla a limpeza dos logradouros públicos, recolhendo

resíduos domiciliares espalhados na rua (não acondicionado), a varrição do passeio e da

sarjeta no roteiro determinado, e o recolhimento de lixo de caixas coletoras de papéis

(papeleiras).

Esses serviços são executados também pela empresa terceirizada Quebec

Ambiental, que possui duas equipes contendo quatro varredouras em cada equipe, que

fazem jornada de trabalho de 8 horas diárias, e limpam as ruas do centro todos os dias,

com exceção dos domingos, e as ruas dos bairros em dias alternados, sendo realizado ao

menos duas vezes na semana. A varrição atende cerca de 70% da zona urbana, é

realizada manualmente e a coleta feita através de carrinhos individuais, não havendo

acúmulo de resíduos nas vias públicas.

Os resíduos de varrição são acumulados ao longo da via em sacos plásticos de

100 litros, para posterior recolhimento feito pela coleta convencional. A quantidade de

sacos plásticos que são repassados para os varredores é calculada informalmente, a

depender do tamanho da via que o mesmo irá varrer. A média de sacos varia de 1.000 a

1.500 por mês. Essa variação está relacionada às mudanças sazonais ao longo do ano.

Os resíduos de varrição não são pesados, uma vez que são coletados junto com

os resíduos domiciliares. Durante a pesagem realizada para definir a média diária de

RSU gerados no município, não foi possível separar os resíduos domiciliares dos

resíduos de varrição, portanto, não há dados consistentes para definir a quantidade de

resíduos de varrição gerados diariamente ou mensalmente em Itapagipe.

Em relação a capina de praças, canteiros centrais e avenidas, bem como poda de

árvores, são serviços a cargo da Secretaria Municipal de Obras. Esses serviços não tem

prazo determinado para ocorrer, sendo realizados conforme a necessidade, que possuem

demanda maior em períodos chuvosos.

62

Não há um planejamento ou plano de manutenção e poda de árvores dos

equipamentos públicos. A prefeitura também faz a coleta desses resíduos, quando estão

dispersos em vias públicas. Esse também é um tipo de resíduo que não é pesado, por

isso não existem dados consistentes para estimar a média de geração desses resíduos.

Os resíduos de capina e poda de árvores não possuem área determinada para

disposição final, sendo dispensado em pontos variados da cidade de forma irregular.

Outra questão que poderia ser tratada ou ao menos diminuída com o funcionamento

total da UTC, uma vez que esse tipo de resíduo poderia agregar a compostagem.

6.12 Resíduos dos Serviços de Saúde – RSS

Em virtude de a legislação atribuir aos geradores a responsabilidade pelo

tratamento e destino final dos RSS, grande parte dos municípios coletam e dão

destinação final apenas para os resíduos deste tipo gerados em unidades públicas de

saúde, como no caso de Itapagipe.

Os resíduos dos serviços de saúde são coletados de forma separada dos demais

tipos de resíduos gerados no município. Existe uma empresa contratada pelo município,

especializada e licenciada para coletar os resíduos dos serviços, Mejan & Mejan Ltda –

ME sediada no município de Votuporanga/SP.

Segundo o contrato firmado entre as partes, a empresa tem a responsabilidade de

coletar, transportar, tratar e dar a disposição final adequada para os resíduos

classificados nos grupos A, B e E da Resolução CONAMA n° 358/2005. Entendem-se

como os resíduos definidos por esta Resolução, os classificados da seguinte forma:

GRUPO A: Resíduos com a possível presença de agentes biológicos

que, por suas características de maior virulência ou concentração,

podem apresentar risco de infecção.

GRUPO B: Resíduos contendo substâncias químicas que podem

apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de

suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e

toxicidade.

GRUPO E: Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como:

lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas

endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos

capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os

63

utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta

sanguínea e placas de Petri) e outros similares.

O recolhimento dos RSS é realizado pela Mejan & Mejan a cada 15 dias, em

veículo próprio identificado, com compartimento traseiro separado, fechado e

impermeabilizado. O funcionário responsável pela coleta utiliza os Equipamentos de

Proteção Individual necessários.

A média de resíduos recolhidos a cada 15 dias é de 110 kg, ou seja, é gerada

uma média de 220 kg de resíduo de saúde no município por mês. Os RSS são gerados

no Pronto Atendimento Municipal e nos Postos de Saúde do município. A média de

resíduos dos serviços de saúde de Itapagipe é baixa em função de não haver hospital no

município, por isso são realizadas apenas consultas médicas, exames, atendimentos

simples e aplicação de medicamentos, os pacientes graves, processos cirúrgicos,

internações e partos são realizados em outros municípios.

O município possui contrato com a referida empresa desde o ano de 2011. Em

2015, os custos do município com a coleta e destinação final dos resíduos de serviços de

saúde ficarão no valor de R$ 27.271,67 (vinte e sete mil duzentos e setenta e um reais e

sessenta e sete centavos).

6.13 Resíduos da Construção Civil - RCC

A indústria da construção civil é a que mais gera resíduos e a que mais explora

recursos naturais. A tecnologia construtiva utilizada no Brasil favorece o desperdício na

execução das novas edificações, com índice de geração de resíduos em torno de 300

kg/m² edificado.

É considerado pequeno gerador de entulho de obras a pessoa física ou jurídica

que gera até 1.000kg ou 50 sacos de 30 litros por dia, enquanto grande gerador de

entulho é aquele que gera um volume diário de resíduos acima disso (IBAM, 2011).

Em termos de composição, os resíduos da construção civil são uma mistura de

materiais inertes, tais como concreto, argamassa, madeira, plásticos, papelão, vidros,

metais, cerâmica e terra. A tabela 15 demonstra a composição média do entulho de obra

no Brasil.

64

Tabela 15: Composição média do entulho de obra no Brasil.

Componentes Valores (%)

Argamassa 63,0

Concreto e blocos 29,0

Outros 7,0

Orgânicos 1,0

Total 100,0

Fonte: IBAM, 2011.

A Prefeitura Municipal através da Secretaria de Obras realiza a coleta de

resíduos de construção civil dispersos em vias públicas da cidade. O município não tem

elaborado um Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, por

isso, não existe uma sistematização do serviço, com rotina de execução, maquinário e

pessoal definido, mapeamento e monitoramento de pontos de disposição ilegal e

cobrança a partir da disposição. Por esse motivo, não pode realizar cobrança pela

disposição dos resíduos em área pública, sendo o resíduo de construção um resíduo

especial.

Não é feita pela Secretaria de Obras a pesagem desses resíduos, de forma que

não há dados para informar a quantidade de resíduos coletados nem a composição dos

mesmos. O município não possui uma área definida para a disposição dos RCC, sendo

que os resíduos gerados são depositados em pontos diversificados de forma irregular.

Esse aspecto é uma das deficiências do município relacionado ao manejo e gestão de

resíduo sólido.

Foi relatado pela Secretaria Municipal de Obras que existe no município apenas

uma empresa especializada em locação de caçambas e recolhimento de resíduos da

construção civil, sendo que a referida empresa não possui Licença Ambiental. Não há

informações em relação a quantidade de RCC que essa empresa recolhe nem o tipo de

tratamento e disposição final que ela dispensa aos resíduos, pois o município nunca

exigiu da mesma um Plano de Gerenciamento de Resíduos – PGRS.

Observou-se que falta maior conscientização ambiental do setor da construção

civil, a respeito do gerenciamento interno dos resíduos da obra, reaproveitamento e

reciclagem de materiais. Não existe também estudo de viabilidade técnica-econômica

para instalação de uma Usina de reciclagem de Resíduos de Construção Civil.

65

6.14 Pneus

Desde 2013, o município possui um convênio de cooperação mútua de doação

de pneus inutilizados para a Associação Reciclanip estabelecida na cidade de São

Paulo/SP, que faz reciclagem de pneus.

O município mantém e opera um ponto de entrega voluntária, ou ecoponto,

estabelecido na Avenida Oliveiro Luiz Machado, n° 1559, onde são recebidos os

pneumáticos inservíveis, não sendo o mesmo disponibilizado para o recebimento de

pedaços de borrachas, tiras, pó, lascas, ou qualquer outro resíduo de borracha.

O galpão de armazenagem temporária dos pneus possui uma área útil de 840 m²,

é coberto e constituído de estrutura física necessária para armazenar os pneus com

segurança. O local permite o acondicionamento temporário de no mínimo 2.000 pneus

de passeio ou 300 pneus de carga. O ponto de coleta foi criado para armazenar os pneus

recolhidos pelo serviço de limpeza pública ou aqueles que são levados por borracheiros,

oficinas mecânicas, recapadores e munícipes no geral.

Os custos para manutenção do galpão, bem como a mão de obra necessária para

o funcionamento do Ecoponto, não foram divulgados pela Prefeitura. A Reciclanip é

responsável por coletar, transportar e destinar os pneus de forma ambientalmente

adequada. Não há um prazo mínimo definido para que os pneus sejam coletados, o que

determina a retirada é o volume mínimo de 2.000 pneus de passeio ou 300 pneus de

carga. A última coleta de pneus realizada pela Reciclanip foi em agosto de 2015,

conforme as figuras 33 e 34, o carregamento da carreta foi feito pela equipe de

Vigilância Ambiental de Itapagipe.

Fonte: Prefeitura Municipal de Itapagipe.

Figura 33: Galpão de armazenagem dos

pneus.

Figura 34: Carreta da Reciclanip

carregada para transporte dos pneus.

66

6.15 Lâmpadas, pilhas e baterias

A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelece que os seguintes resíduos

devem ser gerenciados de forma compartilhada entre gerador, fabricante e

municipalidade: embalagens vazias de agrotóxicos; pilhas e baterias; pneus; óleos

lubrificantes e embalagens; lâmpadas fluorescentes e de vapor de sódio; produtos

eletroeletrônicos e componentes.

Em relação a esses materiais não foi possível obter informações sobre geração e

manuseio de lâmpadas, pilhas e baterias, pois não há um programa organizado de coleta

e não foi possível quantificar os mesmos. Não existem pontos de entrega desses

resíduos no município, não havendo um sistema de logística reversa.

Sabe-se que o descarte irregular ou descarte em lixo convencional que é

destinado ao Aterro Controlado, de lâmpadas, pilhas e baterias, pode causar problemas

de saúde pública e ao meio ambiente. O pó que se torna luminoso encontrado no interior

das lâmpadas fluorescentes contém mercúrio, não sendo restrito apenas às lâmpadas

fluorescentes comuns de forma tubular, mas encontra-se também nas lâmpadas

fluorescentes compactas. Essas lâmpadas liberam mercúrio quando são quebradas,

queimadas ou enterradas em aterros sanitários, o que as transforma em resíduos

perigosos Classe I, uma vez que o mercúrio é tóxico para o sistema nervoso humano e,

quando inalado ou ingerido, pode causar uma enorme variedade de problemas

fisiológicos.

Já as pilhas e baterias podem conter um ou mais dos seguintes metais: chumbo

(Pb), cádmio (Cd), mercúrio (Hg), níquel (Ni), prata (Ag), lítio (Li), zinco (Zn),

manganês (Mn) e seus compostos. As substâncias das pilhas que contêm esses metais

possuem características de corrosividade, reatividade e toxicidade e são classificadas de

acordo com a NBR 10.004 como Resíduos Perigosos – Classe I. As substâncias

contendo cádmio, chumbo, mercúrio, prata em níquel causam impactos negativos sobre

o meio ambiente e, em especial, sobre o homem.

Em relação aos materiais eletroeletrônicos, no município não existe não existe

coleta específica para esse tipo de material, como televisores, computadores, celulares,

geladeiras, e nenhum tipo de acordo setorial para sua coleta e devolução ao fabricante,

portanto, não é possível quantificar a geração desse resíduo.

67

6.16 Resíduos Industriais

A empresa terceirizada que realiza a gestão dos resíduos sólidos no município

coleta juntamente com os RSU os resíduos industriais similar ao resíduo domiciliar de

industrias estabelicidas na zona urbana. A pesagem desses resíduos foi realizada

juntamente com os demais resíduos sólidos urbanos, não sendo possível quantificar a

massa de resíduos industriais.

Não se sabe quais os métodos usados pelas industrias para a separação dos

resíduos, quais são especificamente os resíduos gerados com suas respectivas

quantidades e qual a destinação é dada aos resíduos considerados perigosos e os

materiais recicláveis, uma vez que o município não cobra das mesmas o Plano de

Gerenciamento de Resíduos – PGRS.

As unidades industriais instaladas na zona rural, como a usina de açúcar e álcool,

são responsáveis por destinar de forma correta os resíduos gerados em suas instalações.

Assim como nas indústrias da zona urbana, não se sabe quais são os tipos de resíduos

gerados nessas empresas e nem qual o destino final dado a eles, uma vez que o

município não exige o PGRS.

7 PRINCIPAIS DEFICIÊNCIAS E NECESSIDADES RELACIONADAS AO

ATUAL SISTEMA DE MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E LIMPEZA

URBANA

A partir da realização do diagnóstico foi possível detectar que o atual sistema

adotado pelo município, para manejo de resíduos sólidos e limpeza urbana, possui

deficiências e são necessárias adequações para que o mesmo se torne eficiente e possa

destinar de forma adequada os resíduos gerados no município.

Para adequar o gerenciamento dos resíduos sólidos é necessário o

desenvolvimento de programas, metas e ações, que serão apresentados na próxima etapa

de desenvolvimento deste plano, baseado nos problemas abaixo diagnosticados:

Necessidade de implantar um método de pesagem diária dos resíduos sólidos

gerados e coletados no município, pois é necessário obter dados mais

68

consistentes sobre os resíduos gerados e conhecer melhor sua composição a fim

de se fazer um bom gerenciamento;

O principal problema do município em relação aos resíduos é a disposição final

inadequada. O município possui um Aterro Controlado que se encontra com sua

capacidade saturada, não possui impermeabilização do solo, recebe praticamente

todos os tipos de resíduos sem nenhum tipo de segregação e não possui

tratamento para chorume. É necessário definir a melhor forma de disposição dos

resíduos, sendo essa, técnica, econômica, social e ambientalmente adequada. O

ideal é que se faça a elaboração de um estudo técnico-financeiro para a

construção de um aterro sanitário; o levantamento de possibilidade e custos para

que o município destine seus resíduos a outro município; ou ainda se haverá a

possibilidade de se fazer um consórcio entre municípios e qual o prazo para a

implantação do mesmo. De posse das três opções, será possível definir a forma

ambientalmente mais correta e viável de dispor os resíduos sólidos;

Com o fim do sistema útil do Aterro Controlado são necessárias a elaboração e

implantação de um plano de encerramento e monitoramento do local, bem como

se faz necessário adotar o mesmo método para a área do antigo lixão;

O município possui Usina de Triagem e Compostagem de resíduos, contudo, a

mesma funciona apenas parcialmente, com a triagem e armazenamento dos

resíduos da coleta seletiva. Faz-se necessário ativar a capacidade total da UTC,

uma vez que a mesma possui estrutura para ser feita a triagem de todos os

resíduos coletados, fato que contribuiria significativamente para reduzir a

quantidade de resíduos enviados para a disposição final, através da triagem de

materiais reciclados que poderiam ser vendidos e dos resíduos como matéria

orgânica, folhas secas, resíduos de poda e capina que poderiam ser utilizados na

compostagem;

Falta incentivo e orientação por parte do município aos catadores de materiais

reciclados para se formarem em cooperativa, sendo possível integrá-los no

processo de triagem de resíduos, no caso de funcionamento total da UTC;

A coleta seletiva necessita de uma mobilização social maior, a fim de tornar o

programa mais eficiente;

69

Existe a necessidade de trabalhar a Educação Ambiental com toda comunidade,

tendo como foco a ideia de redução e reutilização dos resíduos;

No município faltam pontos de entrega voluntária de materiais recicláveis, assim

como falta pontos de coleta de pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes e

resíduos eletroeletrônicos;

É necessário eliminar os pontos encontrados de descarte irregular de resíduos e

cobrar de proprietários a limpeza de lotes e terrenos baldios;

Definir uma área adequada para disposição final dos resíduos de construção civil

recolhidos pela prefeitura, assim como fazer a pesagem e triagem dos resíduos;

Falta por parte do município cobrar de indústrias e empresas privadas a

apresentação do PGRS individual, para que se conheça os resíduos gerados por

estas empresas, os tratamentos aplicados e disposição final dada aos resíduos;

Falta definir uma área para destinação dos resíduos de poda e capina;

Necessidade de se estender a limpeza pública através da varrição de ruas

abrangendo todos os bairros;

Em relação aos resíduos da zona rural, é necessário aumentar os pontos de

armazenamento temporário (caçambas) encontradas na extensão rural do

município, e diminuir o intervalo em que essas caçambas são recolhidas;

Necessidade de elaborar um banco de dados com informações sobre o

funcionamento e o desempenho do sistema de limpeza urbana.

8 PROGNÓSTICO

8.1 Projeção Populacional

Para estimativa da população residente em anos futuros, adotou-se a projeção

do crescimento populacional para o período de 2016 a 2036 com base em uma série

histórica de população que vai de 1980 a 2012, adotando a mesma metodologia

utilizada para a projeção de demandas no Plano Municipal de Saneamento Básico de

Itapagipe. Utilizou-se de informações demográficas e socioeconômicas disponíveis no

DataSUS para retirar esta série.

70

O comportamento da série pode ser verificado na figura 35, no qual observa-se

que a linha azul representa a população média de todo o período, onde podem ser

notados três anos que marcaram um crescimento mais acentuado da população: 1993,

1999 e 2007. Quedas acentuadas foram verificadas em 1996 e 2010.

Figura 35: Gráfico da sequência do total de habitantes de Itapagipe (MG) para o período de

1980 a 2012.

Fonte: Elaborado pelos autores utilizando dados disponíveis no DataSUS sobre estimativa

populacional. A linha azul indica a média populacional para todo o período.

O DataSUS utiliza dados produzidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística) por meio dos censos demográficos, das contagens

populacionais, das estimativas populacionais nos anos intercensitários ou ainda por

meio de estimativas realizadas no âmbito de projetos específicos.

A projeção de população foi calculada utilizando-se o software de análises

estatísticas IBM SPSS Statistics versão 17, por meio de modelos autorregressivos

integrados de média móvel (ARIMA). O modelo selecionado responde por 84% da

variabilidade original da série e as projeções foram calculadas com 95% de

confiabilidade.

71

A Tabela 16 mostra os resultados do cálculo de projeção populacional no

período de 2016 a 2036. O tipo de modelagem estatística utilizada para a projeção

possui uma limitação que é o aumento do grau de incerteza conforme o período a ser

estimado aumenta. A título de exemplo, cita-se a projeção de população para 2015,

conforme mostrado na Tabela 16 foi de 15.147, porém, devido às incertezas na

modelagem, a melhor resposta é que com 95% de confiabilidade o verdadeiro número

de habitantes está entre 13.800 e 16.494 habitantes (limites inferior e superior de

controle). A projeção para 2017 tem uma precisão muito maior que aquela para 2036,

vide o tamanho do intervalo de confiança formado pelos limites superior e inferior de

controle para esses anos. Nota-se que o intervalo aumenta com o passar dos anos.

Tabela 16: Projeções de população para Itapagipe (MG) no período de 2016 a 2036.

Ano

Projeções

Limite

Inferior de

Controle

Estimativa Limite

Superior de

Controle

2013 13.472 14.410 15.349

2014 13.624 14.928 16.233

2015 13.800 15.147 16.494

2016 13.923 15.351 16.778

2017 13.996 15.541 17.086

2018 14.028 15.721 17.414

2019 14.027 15.891 17.755

2020 14.000 16.052 18.104

2021 13.955 16.206 18.456

2022 13.897 16.353 18.809

2023 13.830 16.495 19.160

2024 13.757 16.632 19.506

2025 13.680 16.764 19.849

2026 13.602 16.893 20.185

2027 13.522 17.019 20.516

2028 13.443 17.142 20.841

2029 13.366 17.263 21.160

2030 13.290 17.381 21.472

2031 13.216 17.498 21.780

2032 13.144 17.613 22.081

2033 13.075 17.726 22.377

2034 13.009 17.838 22.668

2035 12.945 17.950 22.954

72

2036 12.884 18.060 23.236

Fonte: Elaborado pelos autores utilizando dados disponíveis no DataSUS sobre estimativa

populacional.

8.2 Demanda futura

Para o cálculo da demanda de serviços, com base no crescimento populacional

projetado, estimou-se a geração de resíduos para o referido período. Foram

considerados dois cenários: um que mantém a estimativa per-capita atual, considerando

que até 2036 não haverá alteração significativa no comportamento das pessoas com

relação à geração de resíduos e outro que considera um aumento na estimativa per-

capita de 1% ao ano, variação que é relativamente conservadora.

Os dados mais recentes relacionados à geração de resíduos no município foram

obtidos através da gravimetria realizada em 2015 a fim de se conhecer a composição

dos resíduos coletados diariamente. A geração média de resíduos per capita atualmente

é de 0,58 kg/hab./dia, enquanto a geração total de resíduos é de 5,95 ton./dia.

Esses parâmetros foram aplicados diretamente sobre a população projetada até

2036 para compor o cenário sem alteração nas demandas atuais por serviços de manejo

de resíduos. Como medida de precaução e para tornar o resultado mais conservador,

optou-se por utilizar somente o limite superior de controle, pois ele contém as maiores

projeções de população, como pode ser visualizado na Tabela 17 que mostra a geração

de resíduos no cenário sem modificação nas demandas atuais por manejo de resíduos.

Por este cenário, espera-se que em 2036 a geração de resíduos seja de 9,13 toneladas

por dia.

Tabela 17: Projeções da geração de resíduos no cenário sem aumento anual na demanda.

Ano

Projeções das demandas totais sem

aumento anual na geração

População

estimada

Resíduos

(ton./dia)

2015 16.494 5,95

2016 16.778 6,59

2017 17.086 6,71

2018 17.414 6,84

73

2019 17.755 6,98

2020 18.104 7,11

2021 18.456 7,25

2022 18.809 7,39

2023 19.160 7,53

2024 19.506 7,67

2025 19.849 7,80

2026 20.185 7,93

2027 20.516 8,06

2028 20.841 8,19

2029 21.160 8,31

2030 21.472 8,44

2031 21.780 8,56

2032 22.081 8,68

2033 22.377 8,79

2034 22.668 8,91

2035 22.954 9,02

2036 23.236 9,13

Fonte: Elaborado pelos autores utilizando dados disponíveis no DataSUS e dados da

gravimetria.

Para o segundo cenário, que considera um aumento anual de 1% na demanda

por serviços de manejo de resíduos sólidos, foi necessário estimar as médias per-capitas

anuais com esse aumento. O resultado deste cálculo pode ser visualizado na Tabela 18.

Utilizando os valores de médias per-capitas da Tabela 18, a demanda por

serviços de manejo de resíduos sólidos para este segundo cenário foi calculada fazendo-

se a multiplicação das médias anuais pelas projeções populacionais. Para este segundo

cenário também foi utilizado o limite superior de controle da projeção de população, no

intuito de ser mais conservador e utilizar o total máximo de habitantes projetado para

cada ano. A Tabela 18 mostra também os resultados calculados sobre a geração de

resíduos para cada ano projetado.

Para a variável geração de resíduos sólidos o segundo cenário, com aumento

anual na demanda, projetou para 2036, 11,25 toneladas de resíduos geradas por dia. O

cenário anterior, sem aumento na demanda per-capita por serviços, apenas com aumento

no número de habitantes, previu geração de resíduos em 2036 de 9,13 toneladas por dia.

É necessário levar em consideração que qualquer cenário possui incertezas e

que não é possível encontrar um modelo que prediga com exatidão como estarão as

74

condições no futuro daquilo que é objeto de estudo. Os cenários supõem uma série de

condições que podem ou não ocorrer de fato. Por isso eles devem ser analisados com

cautela e sempre que possível devem ser atualizados com dados mais recentes.

Contudo, a projeção de demandas é de suma importância para o planejamento

das ações da administração pública. No contexto do manejo de resíduos e limpeza

urbana, uma solução só deve ser implantada considerando-se cenários futuros de

demanda.

Tabela 18: Projeção de médias per capitas e geração de resíduos para demanda por serviços de

manejo de resíduos sólidos com aumento de 1% ao ano.

Ano

População

estimada

Projeções das médias

per capitas

Projeções da demanda

total com aumento de 1%

ao ano

Resíduos (kg/hab./dia) Resíduos (ton./dia)

2015 16.494 0,58 5,95

2016 16.778 0,59 6,66

2017 17.086 0,60 6,85

2018 17.414 0,61 7,05

2019 17.755 0,62 7,26

2020 18.104 0,64 7,48

2021 18.456 0,65 7,70

2022 18.809 0,66 7,92

2023 19.160 0,67 8,15

2024 19.506 0,69 8,38

2025 19.849 0,70 8,62

2026 20.185 0,71 8,85

2027 20.516 0,72 9,08

2028 20.841 0,73 9,32

2029 21.160 0,74 9,56

2030 21.472 0,75 9,80

2031 21.780 0,77 10,04

2032 22.081 0,78 10,28

2033 22.377 0,79 10,52

2034 22.668 0,80 10,76

2035 22.954 0,81 11,01

2036 23.236 0,82 11,25

Fonte: Elaborado pelos autores utilizando dados disponíveis no DataSUS; e dados da

gravimetria.

As estratégias e tecnologias a serem adotadas para o correto manejo dos

resíduos sólidos precisam ser projetadas considerando-se uma margem de segurança no

75

que se refere à demanda e a situações extremas. Portanto, recomenda-se a utilização dos

resultados constantes no segundo cenário, o qual considera uma demanda per-capita

maior por serviços de manejo de resíduos sólidos e também o total máximo de

habitantes estimado para o período do estudo.

Reforça-se que as estimativas apresentadas precisam ser atualizadas ao longo

do tempo, pois a cada ano podem ocorrer mudanças sociais, econômicas e ambientais

importantes que modifiquem para mais ou para menos a demanda pelos serviços ou

mesmo o total de habitantes do município.

As estimativas aqui apresentadas são utilizadas para subsidiar a definição de

estratégias de curto, médio e longo prazo a serem implementadas no município para

adequações e melhorais dos serviços que buscam o manejo integrado de resíduos

sólidos.

8.3 Proposições Técnicas

O Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos é o envolvimento de

diferentes órgãos da administração pública e da sociedade civil com o propósito de

realizar um conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos

sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e

social, sob a premissa do desenvolvimento sustentável.

Gerenciar os resíduos de forma integrada é articular ações normativas,

operacionais, financeiras e de planejamento que uma administração municipal

desenvolve, apoiada em critérios sanitários, ambientais e econômicos, para coletar,

tratar e dispor o lixo de uma cidade, ou seja: é acompanhar de forma criteriosa todo o

ciclo dos resíduos, da geração à disposição final, empregando as técnicas e tecnologias

mais compatíveis com a realidade local.

As operações a serem efetuadas na área de resíduos sólidos são demonstradas na

Figura 36, que mostra as ações necessárias para o correto manejo dos resíduos sólidos,

desde a geração focada na redução de resíduos, passando pela reutilização,

acondicionamento, transporte, segregação, tratamentos e destinação final.

76

O planejamento das atividades de gerenciamento integrado deve buscar soluções

compatíveis com a realidade às condições econômicas e ambientais atuais e futuras do

município.

Buscando-se essas soluções para adequação e melhorias dos serviços prestados,

tendo como base as operações apresentadas na Figura 36, de posse dos dados

levantados, o diagnóstico realizado e prognóstico da produção de resíduos no

município, foram definidas as metas do Plano Municipal de Gestão Integrada de

Resíduos Sólidos de Itapagipe, que através da implementação de programas, projetos e

ações, visam garantir a continuidade e melhoria dos serviços prestados, além de

propiciar sua gestão com maior eficiência técnica e financeira, considerando-se sempre

os princípios regentes do Plano.

77

Figura 36: Operações efetuadas na área de resíduos sólidos.

Fonte: Schalch et al., 2002.

78

8.4 Programas, Projetos e Ações

Os Programas, Projetos e Ações foram definidos com base nas deficiências do

atual sistema adotado para o manejo de resíduos sólidos e limpeza urbana de Itapagipe

detectadas na fase do Diagnóstico.

Todas as propostas aqui elencadas foram apresentadas e discutidas com a

população na ocasião das reuniões setoriais, onde os presentes tiveram a oportunidade

de se manifestarem com opiniões, fazer sugestões e tecer críticas quanto à realidade e

necessidade de melhorias dos serviços prestados; com os técnicos da Prefeitura e

prestadores de serviços de saneamento; bem como com o Comitê Diretor e Grupo de

Sustentação integrantes deste Plano.

O intuito foi definir ações factíveis para serem executas no horizonte de 20

anos e que possibilitem a gestão integrada dos resíduos sólidos. A seguir são descritos

os Programas com as respectivas ações propostas pela equipe de elaboração do

PMGIRS:

Disposição Final dos RSU de forma ambientalmente adequada

A proposta de um modelo de gestão e de gerenciamento de resíduos sólidos

exige o conhecimento das distintas formas de tratamento e destinação final de resíduos.

O tratamento nunca constitui um sistema de destinação final completo ou definitivo,

pois sempre há um remanescente inaproveitável. Entretanto, as vantagens decorrentes

dessas ações, tornam-se mais claras após o equacionamento dos sistemas de manejo e de

destinação final dos resíduos.

O principal problema do município em relação aos resíduos é a disposição final

inadequada. Atualmente, os resíduos sólidos urbanos coletados diariamente são

destinados ao Aterro Controlado, sem passar por processo de triagem, são dispostos em

valas sem impermeabilização e aterrados, sendo que o local não possui tratamento de

chorume. Esse Aterro Controlado se encontra com a capacidade saturada e sua vida útil

no fim.

De acordo com a administração pública os altos custos para implantação,

elaboração de estudos ambientais e operação, inviabilizam a construção de um Aterro

79

Sanitário adequado para a disposição final de resíduos. O município não possui estudo

técnico e de viabilidade econômica para implantação de um Aterro Sanitário, nem

mesmo área adequada para a construção do mesmo.

Dessa forma estipula-se como meta imediata destinar os RSU coletados para

outro município que possua Aterro Sanitário regular e tenha disponibilidade para

recebimento dos resíduos, sendo o município mais provável Uberaba/MG. Essa ação é

definida como emergencial, sendo uma estratégia para solucionar o problema de forma

rápida. Contudo, o intuito do município é participar do Consórcio Público

Intermunicipal que está sendo formado entre os municípios da mesorregião e visa

destinar os resíduos ao Aterro Sanitário de Frutal.

Os Consórcios Públicos são instrumentos formais de cooperação entre entes

federativos para a solução de problemas de interesse coletivo, através de ações

conjuntas entre os entes consorciados.

Tornar-se membro de um consórcio público permite aos municípios buscarem

soluções conjuntas para os problemas de disposição dos RSU, de forma a racionalizar o

modelo de gestão e otimizar os recursos necessários, através de um planejamento

integrado. O consórcio permite aos municípios contar com uma estrutura pessoal

tecnicamente mais qualificada, redução dos custos, otimização de equipamentos e

ampliação da oferta de serviços públicos.

O Aterro Sanitário de Frutal encontra-se em processo de adequação para a

obtenção de Licença Ambiental e para que o consórcio intermunicipal possa ser

efetivamente formado. Espera-se que o consórcio seja formado dentro do prazo de 3

anos, sendo essa a meta de curto prazo para a disposição final dos resíduos sólidos

urbanos.

Itapagipe já possui implantada uma Usina de Triagem e Compostagem – UTC

de resíduos e sua funcionalidade total poderá ser associada à participação do município

ao Consórcio Intermunicipal, diminuindo os resíduos inservíveis a serem encaminhados

para a disposição final e consequentemente os custos do processo para o município.

A Lei 12.305/2010 define em seu Art. 3º, “destinação final ambientalmente

adequada, a destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a

compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações

admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do Suasa, entre elas a

80

disposição final, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou

riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos”.

Outras ações que entram na questão da disposição final de resíduos são:

eliminação dos pontos irregulares de descarte resíduos levantados na fase do

Diagnóstico; exigência de proprietários a limpeza e manutenção de lotes e terrenos

baldios; e a implantação de um sistema de fiscalização para evitar a reativação dos

pontos de descartes irregulares e a criação de novos pontos.

Usina de Triagem e Compostagem - UTC

As usinas de triagem e compostagem são centros de separação das frações

orgânicas e inorgânicas dos resíduos sólidos urbanos, operacionalizados em maior ou

menor escala. É uma alternativa à coleta seletiva, podendo existir independentemente de

haver ou não o sistema de compostagem.

As instalações das usinas de triagem e compostagem normalmente são

agrupadas em cinco setores: recepção e expedição, usina de triagem, pátio de

compostagem, beneficiamento e armazenamento de composto e outras instalações.

Como dito anteriormente, o município já possui Usina de Triagem e

Compostagem de resíduos, porém, a mesma funciona parcialmente, operando somente

com a triagem e armazenamento dos resíduos da coleta seletiva. Estima-se como meta a

triagem de todos os resíduos sólidos urbanos coletados diariamente, ou seja, após a

coleta os resíduos deverão ser encaminhados para a triagem na UTC, onde deverão ser

separados os materiais reciclados e resíduos orgânicos, e encaminhado para a disposição

final apenas os resíduos inservíveis.

A UTC possui boa infraestrutura implantada e em bom estado de conservação,

contudo, são necessárias adequações para seu funcionamento total. As adequações são

necessárias para a realização da triagem dos resíduos sólidos urbanos e também para

realizar a compostagem. Para a compostagem é necessário à instalação de um pátio de

compostagem com base impermeável, drenagem e sistema de recirculação (motor-

bomba) para o líquido percolado e com possibilidade de extravasão para sistema de

tratamento. Outra ação necessária é o estudo da viabilidade do uso de cobertura móvel

81

para o pátio de compostagem visando à diminuição da geração de líquido percolado

durante as precipitações mais intensas.

Existe ainda a necessidade de implantar um método de pesagem diária dos

resíduos sólidos gerados e coletados no município, a fim de obter dados mais

consistentes sobre os resíduos gerados e conhecer melhor sua composição para a correta

gestão dos resíduos.

Coleta Seletiva

Uma das principais estratégias para a redução da quantidade de resíduos

encaminhados para disposição final é a coleta seletiva, considerada um elemento dentro

do conjunto de atividades integradas no gerenciamento de resíduos.

O município já possui implantada a coleta seletiva que funciona de forma

regular e recolhe os materiais reciclados porta a porta. Porém, observou-se durante a

fase do Diagnóstico a baixa adesão da população ao Programa de Coleta Seletiva. Tem-

se como meta a formulação de uma campanha para mobilização da população,

utilizando diversos mecanismos de comunicação, para sensibilizar o maior número de

pessoas e estimular à adesão a coleta seletiva, tornando o programa mais eficiente. A

campanha visa esclarecer quais os tipos de materiais devem ser reciclados, como deve

ser feita a separação dos resíduos, qual a rota percorrida pelo caminhão com dias e

horários de coleta em cada setor. A mobilização a cerca da coleta seletiva deve ser item

constante também no Programa de Educação Ambiental.

A coleta seletiva deve fazer parte da conscientização populacional, pois se este

fator de coleta apresentar bons resultados os outros fatores se tornam mais fáceis de

serem alcançados.

Outra ação definida é a criação de um Ponto de Entrega Voluntária (PEVs) de

material reciclado ou Ecoponto central e estratégico para facilitar o recolhimento de

material reciclado e possibilitando também aos moradores da zona rural e comunidades

a destinar de forma correta o material reciclado.

82

Programa Social para Catadores

Os catadores de materiais reciclados do município trabalham de maneira

informal e individualmente. A meta é criar um programa social de integração dos

catadores, apoiando e estimulando a criação de associações/cooperativas de

recicladores, auxiliar na busca de recursos para equipamentos, e fornecer assistência

social constante. Para isso é necessário primeiramente conhecer e cadastrar todos os

catadores informais que atuam no município.

Objetiva-se incluir os catadores ao processo de triagem dos resíduos sólidos

urbanos e triagem dos materiais reciclados no funcionamento total da UTC. Para isso é

necessário fornecer treinamento aos mesmos, EPI’s, equipamentos e auxílio para venda

do material reciclado com melhor valor de mercado. Essa inclusão dos catadores a

coleta seletiva e a triagem dos resíduos trazem resultados positivos, promovendo

melhores condições de trabalho aos catadores informais e maiores rendas.

Programa de Educação Ambiental

Com relação ao desenvolvimento de programas de educação ambiental, no

município sabe-se que, esporadicamente, são realizadas algumas palestras sobre coleta

seletiva, reciclagem, saneamento e meio ambiente nas escolas, mas na maioria das vezes

são ações isoladas que visa somente o trabalho com crianças.

Essas ações são importantes, mas precisam estar constantes é um Programa de

Educação Ambiental de abrangência maior e que mobilize toda a população. O

Programa de Educação Ambiental é parte fundamental de todo processo de gestão

integrada dos resíduos, constituindo-se na Estratégia Pedagógica de Governança dos

Resíduos Sólidos.

Recomenda-se a administração pública buscar parcerias com empresas e

intuições para integrar ações e desenvolver a educação ambiental. Campanhas

educativas promovem a conscientização da população, devendo focar-se na redução e

reutilização de resíduos, ainda é importante para alcançar os seguintes objetivos: evitar

acidentes; evitar a proliferação de vetores; minimizar o impacto visual e olfativo;

83

reduzir a heterogeneidade dos resíduos, facilitando a coleta seletiva; facilitar a

realização da etapa da coleta; facilitar a limpeza pública.

O Programa de Educação Ambiental deve fortalecer a coleta seletiva, sendo que

o mesmo pode focar na prática dos 5Rs (cinco erres), que aborda:

- REPENSAR hábitos e atitudes – considerando a real necessidade da compra daquele

produto;

- REDUZIR a geração e o descarte – consumindo menos produto;

- REUTILIZAR aumentado a vida útil do produto – reaproveitando o material em outra

função. Exemplo: doando objetos que possam servir a outras pessoas;

- RECICLAR transformando num novo produto – exercitando os quatro primeiros erres

e o que sobrar separando para a coleta seletiva e posterior reciclagem;

- RECUSAR produtos que agridam a saúde e o meio ambiente – evitando o excesso de

sacos plásticos entre outros.

Criação de pontos de coleta de resíduos especiais

No município existe um ponto de coleta de pneus, sendo este o único resíduo

de logística reversa que possui coleta e destinação adequada. Durante o levantamento de

campo para o Diagnóstico do PMGIRS não foram encontrados outros pontos para a

coleta de resíduos especiais como pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes, produtos

eletroeletrônicos e seus componentes e óleos lubrificantes.

A responsabilidade pela estruturação e implementação dos sistemas de logística

reversa de alguns resíduos é bem definida na Lei 12.305 como sendo dos fabricantes,

importadores, distribuidores e comerciantes. Aos consumidores caberá a

responsabilidade de acondicionar adequadamente e disponibilizar os resíduos para

coleta ou devolução.

É necessário criar pelo menos um ponto de coleta dos resíduos citados, sendo

que os mesmo devem ser acondicionados de forma separada e por tipo de resíduo. Para

o bem desempenho dessa meta é necessário que haja parcerias entre os fabricantes,

distribuidores, comerciantes e o município. A Lei prevê a remuneração do serviço

público de limpeza urbana e manejo de resíduos, quando este exerce alguma atividade

84

do sistema de logística reversa como, por exemplo, a captação e concentração de

resíduos.

No caso do município implantar o ponto de coleta de resíduos especiais é

necessário à elaboração de acordo, termo de compromisso ou, quando for o caso,

contrato com o setor empresarial, de forma que os serviços prestados sejam

remunerados.

As redes de estabelecimentos que comercializam produtos da logística reversa

poderão reservar áreas para concentração desses resíduos e definir os fluxos de retorno

aos respectivos sistemas produtivos. Os acordos setoriais definirão os procedimentos.

Os responsáveis por estes resíduos deverão informar continuamente ao órgão municipal

competente, e outras autoridades, as ações de logística reversa a seu cargo, de modo a

permitir o cadastramento das instalações locais, urbanas ou rurais, inseridas nos

sistemas de logística reversa adotados.

Os planos de logística reversa deverão contemplar as ações públicas de

divulgação sobre as obrigações do consumidor quanto à segregação e destinação

adequada dos resíduos e as penalidades previstas.

Manejo do RCC

Os geradores organizados, públicos ou privados, são responsáveis diretamente

pelos seus resíduos, porém aproximadamente 75% de todo o resíduo gerado é informal,

portanto seu destino precisa ser controlado. Para este controle sugere-se cadastrar,

orientar, licenciar e fiscalizar o transporte dos resíduos. O sistema de transporte de

resíduos da construção civil é o elo entre o gerador e o destino final, transporte do

resíduo gerado em obras informais ou formais.

Outra ação que deve ser efetuada é o controle de transporte de resíduos e a

comprovação por parte de empresas privadas especializadas em recolhimento de RCC

do destino adequado dos resíduos.

A administração pública faz a coleta de entulhos dispersos nas ruas, avenidas,

calçadas e canteiros da cidade, porém, não há no município uma área para a correta

disposição destes resíduos, sendo normalmente dispostos em áreas de “bota fora”. A

85

meta é definir a área que irá receber os resíduos da construção civil, o local precisa ser

cercado de preferência com alambrado para evitar a entrada de pessoas não autorizadas.

O estudo de viabilidade para a construção de um galpão para a triagem dos

RCC e armazenagem dos materiais que podem ser reaproveitados em obras ou

reutilizados como matérias primas para a fabricação de outros produtos é outra ação

constante para o correto manejo dos RCC, sendo essa uma das alternativas para reduzir

a quantidade de resíduos da construção civil inservíveis.

PGRS Individual

O município não exige de empresas e indústrias privadas geradoras de grandes

volumes de resíduos o Plano de Gestão de Resíduos Sólidos – PGRS. Essa exigência é

uma ação a ser executada para que o órgão municipal gestor possa ter conhecimento dos

tipos e volumes de resíduos industriais gerados no município, e ter ciência se o

empreendedor destina de forma correta os resíduos gerados por sua atividade. Essa ação

permitirá também que a administração pública defina responsabilidades quanto aos

geradores de resíduos.

Nesse aspecto se enquadram as atividades que geram resíduos de serviços de

saúde - RSS, como consultórios particulares dentários, médicos, veterinários,

laboratórios e farmácias. O município se responsabiliza pela coleta e correta destinação

apenas dos resíduos de saúde gerados em postos de saúde públicos. Tomar

conhecimento da forma de descarte dos resíduos de serviços de saúde que instituições

particulares adotam irá prevenir e evitar o descarte irregular dos RSS.

Monitoramento dos passivos ambientais

No que diz respeito aos passivos ambientais relacionados com o manejo dos

resíduos sólidos urbanos, é necessário citar a área do antigo lixão e Aterro Controlado

do município que está em operação atualmente. Com o encerramento das atividades no

lixão e ao encerrar a operação do Aterro Controlado se faz necessário elaborar um Plano

de Encerramento e Monitoramento para cada área, definindo quais as atividades

86

poderão ser desenvolvidas nos dois locais e as estratégias que serão adotadas para

monitorar se há contaminação do lençol freático, solo, ar e recursos hídricos próximos.

Os planos devem definir se para o controle ambiental será necessárias adotar

medidas como sistemas de drenagem de gases e percolados, tratamento de percolado,

cobertura definitiva, instalação de poços piezométricos para coleta e análise de amostras

periodicamente.

Serviços de limpeza pública

Os serviços de limpeza pública atende cerca de 70% da zona urbana, sendo que

alguns bairros não recebem a varrição de ruas. A meta é estender a varrição para 100%

da zona urbana. Para tanto é necessária a contratação de mais uma equipe de varredeiras

composta por quatro funcionários, a aquisição de novos equipamentos como carrinhos

manuais e vassouras.

Para o bem desempenho e cobertura total dos serviços é necessário elaborar

novo planejamento do serviço de varrição contendo novos roteiros das vias a serem

varridas com as respectivas extensões, e estudo de produtividade por pessoa/dia.

Serviços de capina e poda

Os serviços de capina e poda de árvores são realizados de forma aleatória,

conforme se faz necessário, sem um cronograma prévio. É necessário caracterizar as

áreas que necessitam, periodicamente, do serviço de capina e/ou raspagem e elaborar

novo planejamento de serviço, contendo novos roteiros das áreas a serem capinadas

com as respectivas extensões, e estudo de produtividade por pessoa/dia.

Em relação à poda é necessário realizar o cadastro de todas as pessoas que

realizam o serviço de poda no município, e fiscalizar os serviços. Os resíduos

provenientes da poda devem ser coletados de forma separada dos resíduos de capina.

Não existe no município uma área própria para a destinação dos resíduos de

capina e poda, sendo necessário definir a área mais adequada para receber esses

87

resíduos. É possível que os mesmos sejam inseridos ao processo de compostagem,

integrando as ações.

Zona Rural

Os resíduos sólidos provenientes da zona rural são dispostos em caçambas

utilizadas como pontos de armazenamento temporário. As caçambas são colocadas em

pontos estratégicos para facilitar o descarte de resíduos dos moradores rurais. Contudo,

devido a grande extensão rural do município se faz necessário aumentar o número de

caçambas disponíveis para a zona rural redefinindo os pontos em que elas são

colocadas.

É de suma importância que o Programa de Educação Ambiental se estenda

também aos moradores da zona rural, uma vez que eles possuem a prática de queimar os

resíduos. A educação ambiental pode ajuda-los a eliminar essa prática, orientado o

correto descarte de resíduos nas caçambas disponibilizadas e adesão da coleta seletiva.

9 PLANO DE EXECUÇÃO

Definidas as ações e metas, que tem como escopo a melhoraria das condições

dos serviços prestados à população, e deverão ser produto de uma análise integrada de

todas as alternativas levantadas, que considere a possibilidade de otimizar o uso dos

ativos existentes e a melhoria da eficiência operacional e gerencial na prestação dos

serviços; na tabela 19 são estabelecidos os prazos para a execução das ações e

implantação dos projetos que deverão ser desenvolvidas os seguintes horizontes

temporais:

a) Imediatos ou emergenciais – até 3 anos;

b) Curto prazo – entre 4 a 8 anos;

c) Médio prazo – entre 9 a 12 anos;

d) Longo prazo – entre 13 a 20 anos.

88

As ações e projetos definidos como imediatos ou emergenciais são considerados

prioritários e devem ser executados em um prazo máximo de 3 anos. Algumas ações são

definidas como contínuas, ou seja, devem ser realizadas ao longo dos 20 anos como, por

exemplo, o Programa de Educação Ambiental.

Para a definição das ações e do cronograma de execução, levou-se em

consideração o orçamento municipal, que por muitas vezes é restrito, portanto, buscou-

se determinar prazos que permitam que de fato as ações e projetos possam ser

executados. Os custos para a execução de algumas ações e projetos foram estimados e

são apresentados na tabela 20, no qual se considerou a viabilidade técnica, verificando a

solução mais adequada para o cenário local, considerando a tecnologia disponível no

mercado e se há condições adequadas para implantá-la.

Nesta tabela, são discriminados os custos de implantação (investimento) e de

operação (anual), de acordo com o tipo de ação proposta.

89

Tabela 19: Prazos de execuções das ações e implantação de projetos – Manejo de resíduos sólidos e limpeza urbana.

Serviço Meta Ações/Projetos Prazo

Dis

posi

ção f

inal

dos

RS

U

Adequação da disposição final dos RSU de forma

ambientalmente correta.

Enviar os RSU inservíveis para a disposição final em outro

município.

Imediato

Associar-se ao Consórcio Intermunicipal para a destinação dos

resíduos ao Aterro Sanitário de Frutal.

Curto

Eliminar os pontos de descarte irregular de lixo espalhados pelo

município.

Imediato

Criar um sistema de fiscalização e autuação, evitando a

reativação dos pontos irregulares de descarte, a criação de novos

pontos de descarte de resíduos, e notificação de proprietários

para manutenção de terrenos e lotes.

Curto prazo para

implantação do

sistema e

permanente para a

fiscalização

Usi

na d

e T

ria

gem

e C

om

po

sta

gem

- U

TC

Adequação e ampliação da UTC para seu

funcionamento total.

Exigência de relatórios periódicos com levantamento de

quantitativos inerentes aos volumes coletados, reciclados e

negociados.

Imediato

Implantação de um sistema de pesagem dos resíduos sólidos

coletados e realização da pesagem antes e após a triagem dos

mesmos.

Imediato

Adequar à infraestrutura da UTC para por em operação a

triagem dos resíduos sólidos urbanos coletados diariamente,

definindo o fluxo de materiais e resíduos.

Imediato

Buscar parcerias ou programas do governo estadual/federal para

aquisição de recursos para a ampliação da estrutura da UTC a

fim de se realizar compostagem dos resíduos triados.

Curto

90

Ser

viç

o d

e C

ole

ta S

elet

iva

Mobilização da população para aderir à coleta

seletiva e adequações dos serviços de coleta

seletiva.

Exigir relatórios periódicos de coleta. Imediato

Especificar e avaliar a produtividade e eficiência do serviço de

coleta seletiva.

Imediato

Implantação de um Programa de coleta seletiva em todas as

instituições públicas municipais

Imediato/Curto

Criar uma campanha de mobilização para orientar e informar a

população como ocorre à coleta seletiva, como se faz a

separação de materiais reciclados, rotas percorrida pelo

caminhão, frequência e horários de coleta.

Permanente

Criação de um ponto de entrega voluntária – PEV de materiais

reciclados em área estratégica.

Imediato

Analisar a aceitação e uso do PEV pela sociedade. Curto/Médio

Pro

gra

ma

So

cial

pa

ra C

ata

dore

s

Estimular e orientar a criação de

associação/cooperativa de recicladores, formada

pelos catadores do município.

Cadastrar os catadores, e/ou intermediadores que realizam

formal ou informalmente a coleta seletiva no município. Montar

banco de dados.

Imediato

Apoiar e estimular a criação de uma Associação/Cooperativa dos

catadores que trabalham de maneira informal no município.

Imediato

Integrar os catadores formados em cooperativa ao processo de

triagem dos materiais da coleta seletiva e ao processo de triagem

dos resíduos sólidos urbanos ao iniciar sua operacionalização.

Curto/Médio

Criar estrutura no município para apoio e controle do Sistema de

Gestão da Cooperativa e Associações.

Curto

Buscar/estabelecer rotina de parceria com entidades

governamentais para arrecadação de recursos financeiros,

visando à consolidação e auto sustentação da Cooperativa.

Imediato/Curto

Disponibilizar e exigir dos cooperados o uso dos EPI's

necessários na realização das atividades de coleta.

Imediato

91

Planejamento e promoção de cursos voltados para a Cooperativa

e Associações de Coleta Seletiva.

Imediato/Curto P

rogra

ma d

e E

du

caçã

o A

mb

ien

tal

Criar o Programa de Educação Ambiental Elaborar e desenvolver o Programa de Educação Ambiental

junto à população de forma permanente, realizando campanhas,

entrevistas, promoções relacionadas aos RSU e coleta seletiva,

focando na redução e reutilização de resíduos.

Permanente

Buscar parcerias com ONG’s e instituições públicas e privadas

para a disseminação do Programa de Educação Ambiental e

aquisição de recursos para o bom desempenho do mesmo.

Imediato/Curto

Incentivar/conscientizar a população ao uso de sacolas

alternativas (biodegradáveis/pano retornáveis), em detrimento do

não uso das sacolas plásticas convencionais.

Permanente

Realizar integração das diversas Secretarias municipais e

estaduais na promoção dos temas relacionados aos RSU, e

importância da educação ambiental.

Imediato

Realizar palestras voltadas aos geradores dos resíduos dos

serviços de saúde a respeito da importância do gerenciamento

interno dos resíduos gerados.

Imediato

Co

leta

de

Res

ídu

os

Esp

ecia

is -

Lo

gís

tica

rev

ersa

Incrementar a Coleta de resíduos especiais –

ponto de entrega e manter o ponto de coleta de

pneus existente.

Manutenção do ponto de coleta de pneus. Permanente

Construção de 01 PEV - Piloto em área estratégica com

separação por tipo de resíduo (pilhas, lâmpadas fluorescentes,

baterias, materiais eletroeletrônicos, óleos lubrificantes).

Imediato

Firmar acordo e/ou parcerias para a coleta e destinação final dos

resíduos especiais com fabricantes, importadores, distribuidores

e comerciantes.

Imediato

Divulgação sobre as obrigações do consumidor quanto à

segregação e destinação adequada dos resíduos especiais.

Imediato

92

Res

ídu

os

da C

on

stru

ção C

ivil

-

RC

C

Implantar Gerenciamento de Resíduos

provenientes da construção civil.

Cadastrar e fiscalizar os prestadores de serviços que coletam e

transportam RCC no município.

Imediato

Exigir de empresas particulares especializadas em coleta e

transporte de RCC a licença ambiental, PGRS individual com

comprovação da destinação correta dos RCC.

Permanente

Adequar à coleta e transporte de RCC realizado pela

administração pública, definindo o fluxo de materiais e resíduos.

Imediato

Definir área adequada para o recebimento dos RCC recolhidos

pela administração pública.

Imediato

Estudar a viabilidade para a construção de um galpão de triagem

dos RCC, armazenagem e comercialização de materiais que

podem ser reaproveitados.

Curto

PG

RS

In

div

idu

al Conhecer os resíduos gerados por atividades

industriais exigindo o Plano de Gestão de

Resíduos Sólidos Individual

Exigir anualmente das empresas e indústrias privadas a

apresentação do PGRS individual com comprovação da correta

destinação dos resíduos considerados perigosos.

Permanente

Listar atuais geradores, classificar e quantificar os resíduos de

serviços de saúde - RSS exigindo das instituições privadas o

PGRS individual e comprovação do tratamento e correta

destinação dos RSS.

Imediato

Mon

ito

ram

ento

de

Pass

ivo

s am

bie

nta

is Monitorar os aspectos ambientais da área do

antigo lixão e do aterro controlado, buscando

remediação dos impactos ambientais.

Plano de Encerramento da área do antigo lixão definindo quais

os tipos de atividades poderão ser desenvolvidas no local.

Imediato

Plano de Encerramento da área do aterro controlado definindo

quais os tipos de atividades poderão ser desenvolvidas no local.

Imediato

Realizar análises periódicas de monitoramento de águas

subterrâneas, efluentes atmosféricos e ruídos de ambas as áreas.

Permanente

Realizar ações de remediação na área do antigo lixão e do aterro

controlado.

Curto/Médio

93

Instalar de equipamentos ou dispositivos para

monitoramento/controle ambiental - Piezômetros e Medidores de

vazão do percolado.

Curto

Contratação e capacitação de funcionários para fazer

monitoramento das áreas e/ou terceirização dos serviços.

Imediato

Ser

viç

os

de

varr

ição

Otimizar e expandir os serviços de varrição Expandir a varrição das ruas e avenidas da cidade cobrindo

todos os bairros, sendo necessária a contratação de mais uma

equipe de varredoras.

Imediato

Aquisição de novos materiais e equipamentos para a varrição. Imediato

Elaborar novo planejamento do serviço de varrição contendo

novos roteiros das vias a serem varridas com as respectivas

extensões, e estudo de produtividade por pessoa/dia.

Imediato

Dispor nas vias públicas, papeleiras e tambores para

acondicionamento de resíduos públicos provenientes da varrição.

Imediato

Ser

viç

os

de

cap

ina

e p

od

a

Otimizar e ampliar o serviço de capina, raspagem

e poda de árvores.

Regularizar e destinação dos resíduos de poda e capina definindo

a área que irá receber os resíduos.

Imediato

Estudar a possibilidade de inserir os resíduos de capina,

raspagem e poda ao processo de compostagem quando o mesmo

estiver sendo realizado.

Curto

Realizar o cadastro de todas as pessoas que realizam o serviço de

poda no município, e fiscalizar os serviços.

Imediato

Caracterizar as áreas que necessitam, periodicamente, do serviço

de capina e/ou raspagem; e elaborar novo planejamento de

serviço, contendo novos roteiros das áreas a serem capinadas

com as respectivas extensões, e estudo de produtividade por

pessoa/dia.

Imediato

94

Cole

ta d

e re

síd

uos

sóli

dos

na

zon

a

rura

l Otimizar e expandir a coleta de resíduos sólidos

na zona urbana

Aumentar os pontos de disposição temporária de resíduos

sólidos na zona rural com maior distribuição de caçambas na

extensão rural.

Imediato

Redefinir os locais em que as caçambas são disponibilizadas e

aumentar a frequência de coleta de resíduos.

Imediato

Realizar campanhas educativas voltadas para a população da

zona rural esclarecendo onde estão localizados os pontos de

coleta de resíduos e os dias de coleta; incentivar a adesão à

coleta seletiva; conscientizar quanto ao descarte irregular de

resíduos próximo a cursos d’água, beiras de rodovias, área de

APP e áreas particulares; e eliminação da prática de queima de

resíduos.

Permanente

Co

mu

nic

açã

o

Criação de canal de comunicação entre Órgão

Gestor RSU - Sociedade - Geradores, visando

conscientização socioambiental e melhoria dos

serviços.

Criar Central de Comunicação para relacionamento com a

população/usuário.

Imediato

Realizar Pesquisa buscando conhecer o grau de satisfação do

usuário / população.

Imediato

Melhorar a divulgação de horários das coletas convencional e

seletiva.

Imediato

Criar comunicação direta entre a população e o serviço de coleta

seletiva.

Imediato

Elaborado pelos autores com base no diagnóstico e na projeção de demandas.

95

Tabela 20: Custos estimados para execução das ações e projetos definidos no PMGIRS e gastos

anuais com os serviços.

AÇÃO IMPLANTAÇÃO

(RS)

CUSTO ANUAL

(R$)

Coleta de lixo urbano domiciliar. - 576.000,000

Expansão da varrição de ruas e

logradouros públicos para cobertura de

total da cidade – contratação de uma

equipe de varredoras e aquisição de

equipamentos.

10.000,00 480.000,000

(Valor somado aos custos

gastos atualmente com a

varrição que equivale a

360.000,00)

Serviços de Coleta Seletiva. - 228.000,000

Implantação da coleta seletiva nos

estabelecimentos públicos.

35.000,00 -

Programa de Educação Ambiental 50.000,00 -

Criação do Ecoponto. 45.000,00 36.000,00

Adequações da Usina de Triagem e

Compostagem para triagem dos resíduos

sólidos urbanos e compostagem.

200.000,00

-

Operação de Usina de Triagem e

Compostagem com triagem dos resíduos

sólidos urbanos.

-

300.000,000

Locação de trator de esteiras. - 216.000,000

Coleta dos resíduos dos serviços de

saúde em instituições públicas – RSS

(anual).

-

27.271,67

Área para destinação dos resíduos de

poda e capina.

20.000,00 -

Área para destinação dos resíduos de

construção civil.

30.000,00 -

Construção de um galpão para triagem

de resíduos de construção civil.

150.000,00 -

Realizar análises periódicas de

monitoramento de águas subterrâneas,

efluentes atmosféricos e ruídos na área

do antigo lixão e aterro controlado.

32.000,00

Estudo de diagnóstico e projeto de

remediação na área do antigo lixão/aterro

controlado.

20.000,00

-

Instalação de equipamentos ou

dispositivos para monitoramento

/controle ambiental - Piezômetros e

Medidores de vazão do percolado.

33.800,00

-

Organizado pelos autores com base nos valores gastos anualmente com os serviços de manejo

de resíduos e limpeza pública repassados pela Prefeitura Municipal e com base nas ações

definidas para compor o PMGIRS.

96

Com relação aos custos – parte orçamentária é preciso ainda que os

responsáveis pela administração municipal assumam o compromisso de estudá-los, uma

vez que são apenas custos estimados e os mesmos podem sofrer variações de acordo

com a tecnologia que irá ser adotada e com o prazo a ser executada a ação/projeto.

Algumas ações ou projetos que foram definidos, mas não tiveram seus custos estimados

na tabela 5 precisam de estudo de viabilidade técnica e econômica de forma a garantir a

implementação do PMGIRS.

Sugere-se que o município busque recursos financeiros junto aos programas do

governo federal e estadual para auxiliarem na execução das metas definidas no

PMGIRS. Alguns programas de financiamento para projetos na área de RSU no âmbito

do governo federal e estadual são apresentados a seguir:

Ministério das Cidades – Secretaria nacional de Saneamento Ambiental –

SNSA:

Os Recursos Federais são repassados através dois programas:

• Saneamento para Todos;

• Programa de Resíduos Sólidos – Sistemas de Limpeza Pública.

Ministério da Saúde – Recursos Federais da FUNASA (Fundação Nacional de

Saúde), derivados do PAC:

• Saneamento em municípios com população total até 50.000 habitantes:

Implantação e ampliação ou melhoria de sistemas de tratamento e destinação

final de resíduos sólidos para controle de agravos.

Caixa Econômica Federal - Recursos repassados do Gov. Federal ou próprios:

• Implantação e/ou adequação de coleta e transporte, transbordo e tratamento de

RSU;

• Eliminação de lixões, reciclagem e inserção social de catadores.

Fundo Nacional de Direitos Difusos - FDD / Ministério da Justiça.

Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias

Hidrográficas do Estado de Minas Gerais - Fhidro / Instituto Mineiro de

Gestão das Águas (Igam).

Banco Nacional do Desenvolvimento – BNDES: Linhas, programas e fundos

voltados a Inovação, investimentos sociais e investimentos em infraestrutura:

• Saneamento Básico – Coleta, tratamento e disposição de RSU. Redução de

Lixões;

97

• Racionalização de uso de recursos naturais – Aumento da reciclagem;

• Recuperação de passivos ambientais – Recuperação de áreas degradadas por

disposição final inadequada.

Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais – BDMG: SOMMA ECO

• Aquisição de bens e sistemas voltados a coleta, acondicionamento, transporte e

transbordo e disposição de RSU;

• Desativação e recuperação de lixões e Aterros Controlados;

• Ações de natureza socioambiental e voltadas ao desenvolvimento de PMGIRS.

9.1 Ações de Contingência e Emergência

O município, nas suas atividades de operação e manutenção, deve se utilizar de

mecanismos locais e corporativos de gestão no sentido de prevenir ocorrências

indesejadas através de controles e monitoramento das condições físicas das instalações e

equipamentos visando a minimizar ocorrência de sinistros e interrupções na prestação

dos serviços.

As possíveis situações críticas que exigem ações de contingências podem ser

minimizadas através de um conjunto de procedimentos preventivos de operação e

manutenção como os listados a seguir.

• Acompanhamento do serviço de coleta por meio de Fiscalização da execução dos

serviços.

• Controle do funcionamento dos veículos e equipamentos através de monitoramento

como: por meio de parâmetros como quilometragem percorrida/veículo ou pesos

máximos transportados/ veículo.

• Fiscalização da abrangência de atendimento e qualidade do serviço medida por

número de reclamações.

• Prevenção de acidentes nos sistemas através de plano de ação nos casos de incêndio e

gestão de riscos ambientais em conjunto com órgãos ambientais e de recursos hídricos.

• Sistema de gestão da manutenção.

• Ações administrativas:

98

a) manter cadastro de empresas fornecedoras dos serviços para contratação em

caráter emergencial;

b) manter cadastro de aterros sanitários de cidades próximas para serviços de

contratação em caráter emergencial.

O tipo de acionamento preferencial para quaisquer órgãos ou entidades é

definido pelo meio mais eficiente e adequado à situação. Em geral, pode-se utilizar em

primeiro lugar, o telefone, seguido de mensagem eletrônica.

9.2 Indicadores de desempenho do PMGIRS

Os indicadores têm por objetivo servir de instrumento de avaliação sistemática

dos serviços prestados no município, de forma a demonstrar seu desempenho e

deficiências, com vistas à universalização do serviço, além de verificar a eficiência e

eficácia das ações programadas no âmbito do Plano.

Utiliza-se para tanto, indicadores adotados pelo Sistema Nacional de

Informações sobre Saneamento – SNIS que permitam a avaliação comparativa entre a

situação da gestão de resíduos sólidos urbanos do município e outros municípios do

Estado e mesmo do País. O SNIS é o maior e mais importante sistema de informações

do setor saneamento brasileiro e contém informações de caráter operacional, gerencial,

financeiro e de qualidade, sobre a prestação de serviços de saneamento, entre eles o de

manejo de resíduos sólidos urbanos.

A tabela 6 a seguir, apresenta alguns indicadores aplicáveis aos resíduos sólidos

e serviços de limpeza urbana.

Tabela 21: Indicadores de desempenho aplicáveis aos serviços de manejo de resíduos sólidos e

limpeza urbana.

Ref.

SNIS

Definição do Indicador Expresso em

INDICADORES GERAIS

I001 Taxa de empregos em relação à população urbana:

quantidade total de empregados no manejo de

RSU/população urbana.

empregados /

1.000 habitantes

I003 Incidência das despesas com o manejo de RSU nas despesas

correntes da prefeitura: despesa total da prefeitura com

%

99

manejo de RSU / despesa corrente da prefeitura.

I004 Incidência das despesas com empresas contratadas para

execução de serviços de manejo RSU nas despesas com

manejo de RSU: despesa da prefeitura com empresas

contratadas / despesa total da prefeitura com manejo de

RSU.

%

I005 Autossuficiência financeira da Prefeitura com o manejo de

RSU: receita arrecadada com manejo de RSU/despesa total

da prefeitura com manejo de RSU.

%

I006 Despesa per capita com manejo de RSU em relação à

população: despesa total da prefeitura com manejo de RSU/

população urbana R$.

R$/habitante

Taxa mensal de reclamações, sugestões ou solicitações

relativas aos serviços de limpeza pública e coleta de

resíduos:

Reclamações, sugestões, solicitações registradas pela

prestadora do serviço / mês.

Registros / mês

SERVIÇOS DE LIMPEZA PÚBLICA

INDICADORES SOBRE SERVIÇOS DE VARRIÇÃO

I043 Custo unitário médio do serviço de varrição (Prefeitura +

empresas contratadas): despesa total da prefeitura com

serviço de varrição / extensão total de sarjeta varrida.

R$ / km

I044 Produtividade média dos varredores (Prefeitura + empresas

contratadas): extensão total de sarjeta varrida / quantidade

total de varredores ×quantidade de dias úteis por ano (=313)

km/empregado-

dia

I045 Taxa de varredores em relação à população urbana:

quantidade total de varredores / população urbana.

empregado/(1.0

00 habitantes)

I046 Incidência do custo do serviço de varrição no custo total com

manejo de RSU: despesa total da Prefeitura com serviço de

varrição / despesa total da Prefeitura com manejo de RSU.

%

INDICADORES SOBRE SERVIÇOS DE CAPINA E ROÇADA

Custo unitário médio do serviço de capina (Prefeitura +

empresas contratadas): despesa total da prefeitura com

serviço de capina / extensão total capinada.

R$ / km²

Incidência do custo do serviço de capina e roçada no custo

total com manejo de RSU: despesa total da Prefeitura com

serviço de capina e roçada/despesa total da Prefeitura com

manejo de RSU.

%

INDICADORES SOBRE SERVIÇOS COMPLEMENTARES DE LIMPEZA

PÚBLICA

I027 Taxa da quantidade total coletada de resíduos públicos

(RPU) em relação à quantidade total coletada de resíduos

sólidos domésticos (RDO): quant. total coletada de resíduos

sólidos públicos / quant. Total coletada de resíduos sólidos

domésticos.

%

Taxa de recolhimento de resíduos volumosos em relação à

população urbana: quantidade de resíduos volumosos

kg / (habitante x

dia)

100

coletados / população urbana.

Custo unitário médio do serviço de coleta de resíduos

volumosos: despesa total da prefeitura com serviço de coleta

de resíduos volumosos / quantidade total de resíduos

volumosos coletados.

R$ / tonelada

Taxa total de destinação adequada de resíduos especiais:

quantidade de resíduos especiais recebidas nos PEV’s /

quantidade de resíduos especiais destinados adequadamente

%

SERVIÇOS DE COLETA

INDICADORES SOBRE COLETA DE RESÍDUOS SÓLIDOS

DOMICILIOARES E PÚBLICOS

I016 Taxa de cobertura do serviço de coleta de RDO em relação à

população urbana: população atendida declarada / população

urbana

%

I018 Produtividade média dos empregados na coleta (coletadores

+ motoristas) na coleta (RDO + RPU) em relação à massa

coletada: quantidade total coletada / [(quantidade total de

(coletadores + motoristas) x quantidade de dias úteis por ano

(313)].

kg / (empregado

x

dia)

I019 Taxa de empregados (coletadores + motoristas) na coleta

(RDO + RPU) em relação à população urbana: quantidade

total de (coletadores + motoristas) / população urbana

empregados /

1.000 habitantes

I021 Massa coletada (RDO + RPU) per capita em relação à

população urbana: quantidade total coletada / população

urbana

kg / (habitante x

dia)

I022 Massa (RDO) coletada per capita em relação à população

atendida com serviço de coleta: quantidade total de RDO

coletada / população atendida declarada.

kg / (habitante x

dia)

I024 Incidência do custo do serviço de coleta (RDO + RPU) no

custo total do manejo de RSU: despesa total da prefeitura

com serviço de coleta / despesa total da prefeitura com

manejo de RSU.

%

I027 Taxa da quantidade total coletada de resíduos públicos

(RPU) em relação à quantidade total coletada de resíduos

sólidos domésticos (RDO): quant. total coletada de resíduos

sólidos públicos / quant. total coletada de resíduos sólidos

domésticos.

%

INDICADORES SOBRE COLETA SELETIVA E TRIAGEM

Taxa de cobertura do serviço de coleta seletiva em relação à

população urbana: população atendida declarada / população

urbana.

%

I031 Taxa de recuperação de materiais recicláveis (exceto matéria

orgânica e rejeitos) em relação à quantidade total (RDO +

RPU) coletada: quantidade total de materiais recuperados

(exceto mat. Orgânica e rejeitos) / quantidade total coletada.

kg / (habitante x

dia)

I032 Massa recuperada per capita de materiais recicláveis (exceto

matéria orgânica e rejeitos) em relação à população urbana:

%

101

quantidade total de materiais recuperados (exceto mat.

Orgânica e rejeitos) / quantidade total coletada.

Taxa de material recebido nos PEVs em relação à

quantidade total recolhida pela coleta seletiva: quantidade

total de material recebido nos PEVs / quantidade total

recolhida pela coleta seletiva.

%

Taxa de recuperação de materiais recicláveis em relação à

quantidade total (coleta seletiva + entrega nos PEVs)

recebida: quantidade total de materiais recuperados /

quantidade de material recebida nos galpões (coleta seletiva

+ entrega em PEV’s).

%

INDICADORES SOCIAIS

Valor da remuneração média mensal de catadores

associados/cooperados: Valor médio da remuneração mensal

do associado/cooperado / mês.

R$

Taxa de cooperados/associados no quadro de funcionários

do manejo de RSU: Funcionários cooperados ou associados /

número total de funcionários do manejo de RSU

R$

INDICADORES SOBRE DESTINAÇÃO FINAL

Taxa de RSU dispostos em aterro licenciado, de acordo com

as normas e legislação vigente: Quantidade mensal de RSU

destinada a aterro licenciado / quantidade total mensal de

RSU gerada no município.

%

Incidência do custo destinação final no custo total do manejo

de RSU: despesa total da prefeitura com destinação final /

despesa total da prefeitura com manejo de RSU.

%

INDICADORES SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Incidência de custos com programas de educação ambiental

em relação à despesa total da prefeitura com manejo de

RSU: Despesas da prefeitura com programas de educação

ambiental / despesa total da prefeitura com manejo de RSU.

%

Percentual de população atendida pelos programas de

educação ambiental.

%

INDICADORES SOBRE COMPOSTAGEM

Taxa de tratamento de resíduos orgânicos em relação à

quantidade total (RDO + RPU) coletada: quantidade total de

resíduos orgânicos compostados / quantidade total coletada.

%

Custo unitário médio de compostagem: despesa total da

prefeitura com as instalações de compostagem / quantidade

de resíduos orgânicos processados.

R$ / tonelada

Organizado pelos autores com base nos indicadores adotados pelo SNIS.

102

10 ATIVIDADES PÓS-EABORAÇÃO DO PMGIRS

10.1 A Formalização do Plano

A formalização do presente Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos

Sólidos - PMGIRS irá ocorrer através de uma Conferência Municipal que permitirá a

população tomar conhecimento do PMGIRS e propor alterações se fizerem necessárias

e irá ocorrer concomitantemente a formalização do Plano de Saneamento Básico –

PMSB de Itapagipe, assim como ocorreu nas demais etapas onde ambos os Planos eram

apresentados conjuntamente.

A Conferência Municipal será o evento realizado para concluir as versões

finais dos Planos está marcado para ocorrer no dia 17 de dezembro de 2015 às 20:00

horas na Câmara Municipal de Itapagipe, que posteriormente serão encaminhados à

Câmara de Vereadores submetendo-se à apreciação e aprovação do Poder Legislativo

Municipal

Ficará a cargo do Poder Legislativo Municipal discutir com a população e com

seus membros, se possível, convocando a comunidade à plenária para decisão comum

sobre a aprovação ou revogação da Lei que institui o Plano Municipal de Gestão

Integrada de Resíduos Sólidos que será um dos instrumentos da Política Municipal de

Saneamento Básico.

10.2 Execução do PMGIRS

O PMGIRS depois de aprovado e sancionado em Lei Municipal deverá ser

implantado pelo órgão do município responsável pela execução da Política Municipal

de Saneamento Básico, em conjunto com o CODEMA. A execução do PMGIRS

também contará com o auxílio dos Conselheiros Municipais que serão eleitos durante a

Conferência Municipal.

Nesta etapa devem-se instituir os responsáveis pela execução de cada ação,

projetos e meta definidos no PMGIRS, de preferência deliberados pelos grupos de

trabalho já formados desde o início das atividades.

103

10.3 Revisões

O presente Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólios de

Itapagipe tem um horizonte previsto de 20 anos. Recomenda-se revisões periódicas a

pelo menos cada 4 (quatro) anos para que se possa realizar uma avaliação geral do

Plano.

As revisões são oportunidades de se avaliar o andamento das ações planejadas

em relação aos prazos pré-determinados, assim como atualizar prazos ou novas ações e

metas para os próximos anos, de acordo indicadores de desempenho adotados e em

novas informações e demandas ou tecnologias que possam ter sido desenvolvidas e/ou

otimizadas no tempo decorrido desde a elaboração inicial do Plano.

104

REFERÊNCIAS

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sólidos – Classificação. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/73521349/NBR-

10-004-2004#scribd. Acesso em 06 de setembro de 2015.

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Especiais. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2012.

BRASIL - Atlas do Desenvolvimento Humano. Itapagipe, MG. Disponível em:

http://atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_m/itapagipe_mg. Acesso em: 03 de

setembro de 2015.

BRASIL – Ministério do Meio Ambiente. Guia para a elaboração dos Planos de

Gestão de Resíduos Sólidos. Brasília, 2011.

BRASIL - Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010. Política nacional de resíduos sólidos

[recurso eletrônico]. – 2. ed. – Brasília : Câmara dos Deputados, Edições Câmara,

2012. 73 p. – (Série legislação ; n. 81).

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n° 358, de 29 de abril

de 2005. Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços

de saúde e dá outras providências.

DataSUS. Informações de Saúde. Informações Demográficas e Socioeconômicas.

População Residente. Disponível em:

http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?ibge/cnv/popmg.def. Acesso em 21

junho de 2015.

IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal. Gestão Integrada dos

Resíduos Sólidos. Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos.

Coordenação técnica Victor Zular Zveibil, Rio de Janeiro: IBAM, 2011.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades@. Disponível em:

http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/home.php. Acesso em 30 de setembro de

2015.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. SIDRA – Sistema IBGE de

Recuperação Automática. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/. Acesso

em 30 de setembro de 2015.

IGAM – Instituto Mineiro de Gestão das Águas. Afluentes Mineiros do Baixo GD-8 –

CBH. Disponível em: www.grande.cbh.gov.br/GD8.aspx. Acesso em: 05 de

setembro de 2015.

105

IMRS – Índice Mineiro de Responsabilidade Social. Edição 2013. Disponível em:

www.fjp.mg.gov.br/.../2741-indice-mineiro-de-responsabilidade-social-i... Acesso

em: 31 de agosto de 2015.

ITAPAGIPE – Prefeitura Municipal de Itapagipe. Leis Municipais. Disponível em:

http://www.itapagipe.mg.gov.br/novo_site/index.php?exibir=atos_oficiais&nome

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ITAPAGIPE – Plano Diretor Participativo. Diagnóstico Municipal.

MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Relatórios de

Informações Sociais. Disponível em:

http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/RIv3/geral/relatorio.php#. Acesso em: 14 de

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MILANEZ, Bruno; MASSUKADO, Luciana Miyoko. Resíduos Sólidos Urbanos.

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PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008. Instituto Brasileiro de

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SIAB – Sistema de Informação de Atenção Básica. Disponível em:

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SNIS - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. Série Histórica. 2015.

Disponível em: http://app.cidades.gov.br/serieHistorica/#. Acesso em: 21 de setembro

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Disponível em: http://app.cidades.gov.br/serieHistorica/#. Acesso em: 19 agosto

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SCHALCH, V. et al. Gestão e Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Escola de

Engenharia de São Carlos - Departamento de Hidráulica e Saneamento. São

Carlos, 2002.