PITCH GOV GOV.SP.pdf · PITCH GOV.SP 73 Caracterização da situação problema O diagnóstico que...
Transcript of PITCH GOV GOV.SP.pdf · PITCH GOV.SP 73 Caracterização da situação problema O diagnóstico que...
72
PITCH GOV.SP
Secretaria de Governo de São Paulo
Governo do estado de São Paulo
O diagnóstico que motivou o programa Pitch.Gov.SP deriva de duas situações
problema: a dificuldade de inovação dentro do setor público e o desejo das
startups e empresas de tecnologias de oferecerem seus serviços ao governo.
O Pitch.Gov.SP é uma ação que busca encontrar soluções inovadoras para
desafios de relevância pública em diferentes áreas. O programa aproxima
os gestores públicos de soluções desenvolvidas por startups e permite que
empreendedores testes seus produtos no ambiente público.
O programa busca, a partir de desafios elencados por órgãos públicos,
selecionar empresas nascentes que apresentem ferramentas capazes de
melhorar a prestação de serviços.
Para o gestor, há o contato com empresas e soluções antes desconhecidas e
a capacitação em práticas de trabalho inovadoras. Para as empresas nascentes,
há a possibilidade de aprimorar os seus produtos, ganhando escala suficiente
para oferecer produtos robustos e bem-sucedidos.
O programa teve a sua segunda edição lançada em setembro de 2017 e teve
como resultado doze soluções sendo recomendadas para testes. Como exemplo,
é possível citar a Aquarela, que criou um ranking de preenchimento das bases
de nascimentos e óbitos para municípios e entregou produtos finalizados que
auxiliaram no desenvolvimento de políticas.
PITCH GOV.SP
73
Caracterização da situação problema
O diagnóstico que motivou o programa Pitch Gov.SP deriva de duas situações
problema: a dificuldade de inovação dentro do setor público e a vontade das
startups e empresas de tecnologia de oferecerem seus serviços ao governo.
Figura 27 – Diagnóstico
Fonte: Imagem produzida pelo autor
A inovação é um processo arriscado, já que os benefícios de uma mudança
nunca são claros. No governo os incentivos para se tomar risco são baixos,
há um custo político envolvido caso a implementação não dê certo e, além
disso, a utilização de recursos públicos pode ser questionada por órgãos de
controle. Para um gestor que sabe o alto custo de ser responsabilizado pelos
seus atos, pode ser preferível evitar ou adiar decisões arriscadas. A inércia
nas decisões políticas para diminuir riscos soma-se à inércia burocrática
da estrutura pública. Assim, a maioria das soluções criadas pelo governo é
interna, não seguindo as tendências globais de inovação aberta. Muitas vezes,
Inovação em processos organizacionais, serviços ou políticas públicas no Poder Executivoestadual/distrital
74
tais soluções não atingem a qualidade esperada pelo cidadão.
Soma-se a isso a dificuldade dos processos de contratação e conveniamento
do governo, com processos longos, e quando mal planejados podem levar
tanto tempo que a solução buscada já se tornou obsoleta.
Por outro lado, percebeu-se um desejo latente por parte das empresas
nascentes de tecnologia de fornecerem seus produtos e serviços ao governo.
A Associação Brasileira de Startups (ABStartups) revelou que 94% das startups
associadas apresentam dificuldade de realizar projetos com o setor público,
mesmo em modelos gratuitos. A grande maioria das empresas não identifica
o governo como um agente do ecossistema de inovação – pelo contrário,
muitas vezes o associam a ineficiências e aos entraves ao desenvolvimento dos
seus negócios. O interesse é tanto que, diversas vezes, órgãos encontram-se
recebendo propostas que os interessa, mas sem tempo ou às vezes capacidade
técnica para avaliar e julgar a todas.
Por fim, é importante citar o perfil transversal da Secretaria de Governo
do Estado de São Paulo, e em especial da Subsecretaria de Parcerias e
Inovação, cuja criação em 2015 se deu para instituir um órgão de articulação
intersecretarial, condição sine qua non para a criação de um programa
multissetorial. Tal característica garantiu controle e continuidade aos gestores
do programa, mesmo com a participação de atores tão diversos.
Objetivos da iniciativa
O Pitch Gov.SP é um programa que busca, a partir de desafios elencados
por órgãos públicos, selecionar empresas nascentes que apresentem
ferramentas capazes de melhorar a prestação de serviços.
PITCH GOV.SP
75
Figura 28 – Resultados esperados
Fonte: Imagem produzida pelo autor
A busca pelas soluções baseia-se na crença de que a vivência entre gestores
e startups é frutífera para ambos. Para o gestor, há o contato com empresas
e soluções antes desconhecidas e a capacitação em práticas de trabalho
inovadoras, o que pode desde ajudar na elaboração de termos de referência
para serviços de inovação até apresentar um pouco da cultura empreendedora
aumentando sua visão de mundo. Se os resultados forem positivos é possível
viabilizar a solução no futuro com mais conhecimento de causa, entendendo
o que funciona ou não.
Já para as empresas nascentes, por um lado há a possibilidade de aprimorar
seus produtos, ganhando escala suficiente para oferecer produtos robustos e
bem-sucedidos. Por outro, startups ao participarem no Pitch Gov.SP adquirem
um selo de impacto social que pode ser utilizado como estratégia de marketing,
tornando-as, novamente, mais robustas para o mercado.
Inovação em processos organizacionais, serviços ou políticas públicas no Poder Executivoestadual/distrital
76
Público-alvo da iniciativa
Do lado do governo, o público-alvo são gestores das secretarias e órgãos das
áreas indicadas e, em especial, os departamentos de inovação e tecnologia. Não
há uma restrição específica quanto à temática, pois entende-se que os desafios
e soluções podem surgir de diversas frentes. Os órgãos que participaram das
duas edições estão aqui citados:
Figura 29 – Funcionamento do programa
Fonte: Imagem produzida pelo autor
O programa busca atrair startups para as parcerias, ou seja, empresas
nascentes com modelos de negócio inovadores e alto potencial de crescimento.
Para garantir esse foco e evitar a entrada de grandes empresas com soluções
prontas, foi criado um critério de tempo limite de existência da empresa (CNPJ
PITCH GOV.SP
77
registrado há até cinco anos na primeira edição e sete, na segunda). Outro ponto
que foi reforçado nas peças de comunicação foi o interesse em gerar impacto
e ganhar escala. Importante destacar que não havia exigência de as empresas
estarem sediadas no estado de São Paulo.
Uma vez que o objetivo definido era a busca de soluções, entendeu-se que
a limitação geográfica poderia prejudicar os resultados finais.
Por último, como uma iniciativa de governo, o objetivo máximo do programa
consiste na melhoria da prestação do serviço e na garantia do uso eficiente dos
recursos públicos. Assim, considera-se também como público-alvo os cidadãos
que utilizam os serviços públicos nas áreas citadas antes.
Descrição das etapas da prática inovadora
O processo pode ser resumido no seguinte diagrama:
Figura 30 – Funcionamento do programa
Fonte: Imagem produzida pelo autor
Inovação em processos organizacionais, serviços ou políticas públicas no Poder Executivoestadual/distrital
78
Primeiramente, é importante definir os órgãos que participaram de uma
determinada edição, ou seja, as equipes que têm interesse em testar soluções
tecnológicas inovadoras para os seus serviços. É importante que seja um
processo aberto e voluntário para que haja engajamento e interesse, fatores
fundamentais para o desenvolvimento dos testes.
O passo seguinte é a listagem e definição dos desafios. Na segunda edição
do programa, o Sebrae-SP realizou um workshop, trazendo ferramentas de
design thinking para auxiliar os gestores públicos a encontrar desafios realmente
relevantes e que teriam grande impacto, caso resolvido. Quão mais importante
forem os desafios, maior é o esforço que o gestar está disposto a fazer para
solucioná-lo e permitir a tomada de riscos necessária para um processo de
inovação. Além, muitas vezes equipes têm muitos projetos e aqueles de menor
impacto perdem prioridade.
Com os desafios descritos, é aberto um edital de chamamento público que
define as regras e o processo de seleção para as startups. Lançados em setembro
de 2015 e 2017, os dois editais tiveram um período de inscrição de cerca de um
mês, período em que foi realizada uma extensa campanha de divulgação junto
aos parceiros, especialmente à ABStartups. Graças a esse esforço conjunto,
foi possível alcançar um grande número de startups e também atores de
fomento ao empreendedorismo, como coworkings, aceleradoras e fundos de
investimentos, dando mais força ao programa e um melhor entendimento do
ambiente empreendedor para o programa.
O resultado desse esforço foi mais de 550 inscrições somando as duas
edições do programa. As startups foram, então, analisadas e receberam notas
de acordo com as regras do edital. O processo foi realizado por um comitê
de análise composto por membros da Unidade de Inovação da Secretaria de
Governo, das secretarias e órgãos que listaram os desafios, da ABStartups e da
Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp), a
empresa de tecnologia do governo do estado. A seleção foi baseada em quatro
PITCH GOV.SP
79
grandes critérios: i) maturidade da empresa; ii) modelo de negócio da solução;
iii) equipe; e iv) aderência ao desafio proposto, inovação e benefícios.
As empresas melhor pontuadas (quinze na priemira edição e dezesseis na
segunda) foram convidadas a se apresentar no Palácio dos Bandeirantes, em
eventos que ocorreram em novembro de 2015 e 2017, ambos com mais de
quatrocentas pessoas, entre as quais gestores públicos, investidores e demais
participantes do ecossistema de inovação. No evento, os empreendedores
fizeram um pitch, ou seja, uma apresentação rápida descrevendo os benefícios
e vantagens dos seus produtos e principalmente a aderência da solução ao
setor público. Houve também bancas de especialistas (pessoas do ecossistema
de inovação e gestores públicos) cuja função era questionar e avaliar, apenas
para fins de consulta futura, cada uma das apresentações. Após o evento,
diversas reuniões foram realizadas entre os empreendedores e os gestores
públicos a fim de se entender com mais profundidade como os testes seriam
operacionalizados. Em cada edição foram recomendadas para teste doze
empresas. Os testes foram formalizados por meio de convênios sem repasse
de recursos.
Um exemplo que ilustra os testes é a Nama que, junto ao Poupatempo,
criou o Poupinha, robô de atendimento virtual que realiza agendamentos e tira
dúvidas da população. O serviço teve um altíssimo impacto para a população
e para os sistemas internos do Poupatempo (alguns atendentes passaram a
fazer marcações por meio do Poupinha em vez do sistema tradicional, por
sua linguagem mais natural e simples), o que motivou a abertura do processo
licitatório para a sua contratação.
A situação hoje
O programa teve a sua segunda edição lançada em setembro de 2017
e resultado do chamamento público em janeiro, com doze soluções sendo
Inovação em processos organizacionais, serviços ou políticas públicas no Poder Executivoestadual/distrital
80
recomendadas para testes. Na primeira edição, nove testaram as suas soluções
e uma ainda continua a realziar testes e aprimorar resultados.
Foram recomendadas para convocação as seguintes startups na segunda
edição:
Figura 31 – Startups recomendadas
Fonte: Imagem produzida pelo autor
Entre as nove startups que realizaram testes na segunda edição, para uma foi
aberta processo licitatório e outras duas terminaram os testes em dezembro e
estão em fase de estudos do processo. Outras, como a Aquarela, que criou um
ranking de preenchimento das bases de nascimentos e óbitos para municípios,
entregaram produtos finalizados que auxiliaram no desenvolvimento de novas
políticas.
Por que a iniciativa é inovadora?
Muito mais do que uma postura humilde, ao expor seus problemas, os
PITCH GOV.SP
81
governos reconhecem a dificuldade que enfrenta ao buscar solucioná-los de
maneira isolada. Ainda que existam dúvidas sobre a forma como a sociedade
deve participar, faz todo sentido que as esferas pública e privada compartilhem
suas ideias em relação às políticas governamentais.
Cooperação e criatividade são palavras-chave para que o estado funcione
de maneira efetiva. Ao pensar em formas de testar e implementar soluções
tecnológicas desenvolvidas em parcerias com startups, o Pitch Gov.SP oferece
uma ferramenta até então inédita de relação entre governo e sociedade. A
principal inovação do Pitch Gov.SP é usar as ferramentas legais já existentes,
chamamento público e convênio, para permitir a diferentes órgãos expor suas
necessidades para quais ainda não possuem soluções concretas, atrair entes
que trabalham com tecnologia e desenvolvimento de novos produtos e têm
interesse em governo e em impacto social, e, por fim, realizar testes conjuntos
de maneira transparente, diminuindo os riscos para todas as partes envolvidas.
Resultados e/ou impactos da iniciativa
Primeiramente, a continuidade do programa mostra uma mudança na
cultura e uma maior busca por programas de inovação e tecnologia em São
Paulo. Enquanto na primeira edição havia seis órgãos participantes, foram onze
na segunda, espalhados em oito áreas temáticas. A procura também veio de
fora do estado, com diversos estados e municípios em busca de apoio para
criar um programa próprio de inovação por meio de parceria com startups.
É importante notar, também, o impacto direto e quantitativo que a
implementação do programa trouxe por meio da parceria entre governo e
startups.
1. Nama e Poupatempo: desenvolvimento de chatbot de atendimento
ao usuário para agendamento e informações de dúvidas pelo site e
pelo Facebook. Trocou mais de 71,3 milhões de mensagens e realizou
Inovação em processos organizacionais, serviços ou políticas públicas no Poder Executivoestadual/distrital
82
cerca de 2,5 milhões de agendamentos em um ano. Hoje, atende cerca
de dez mil pessoas por dia.
2. ClassApp e Centro Paula Souza: aplicativo de comunicação entre pais,
responsáveis e equipe escolar, foi testado em nove escolas técnicas do
estado e teve altas taxas de uso e satisfação. Os testes terminaram em
dezembro de 2017 e há interesse em contratar a solução.
Figura 32 – Resultados
Fonte: Imagem produzida pelo autor
3. Aquarela e Secretaria de Saúde: solução que utiliza inteligência artificial
e ferramentas de Big Data para integrar e analisar as bases de dados.
PITCH GOV.SP
83
Realizou a tabulação de indicadores que mensuram a qualidade do
preenchimento dos municípios do estado de São Paulo dos sistemas
de informações em saúde. Foram analisados cerca de 917 mil registros,
entre óbitos e nascimentos, tendo sido elaborado ranking com os 645
municípios que melhor preencher os sistemas de dados da Secretaria
de Saúde. Para incentivar as boas práticas, foi criada premiação estadual
tendo como base o ranking criado na parceria. Seu objetivo é de
fomentar boas práticas na coleta e preenchimento de óbitos.
4. Árvore de Livro e Secretaria da Educação: a startup fornece plataforma
on-line, gratuita, com acesso a livros paradidáticos para alunos do
ensino médio, pais, professores e gestores, permitindo o acesso à leitura
de mais de dez mil títulos por meios digitais. Testes foram realizados em
quarenta escolas da Diretoria de Ensino Sul 2, de São Paulo entre março
de 2017 e dezembro de 2017. Verificou-se a mudança de percepção
por parte das escolas no que diz respeito ao uso de livros digitais. Após
a fase de testes, ao responder sobre o tema, nenhuma das escolas
afirmou ser contrária ao uso de livros digitais (27% ofereceriam apenas
livros digitais, se possível, enquanto 73% ofereceriam livros digitais e
físicos, se possível). Importante ressaltar que o maior entrave ao uso
da plataforma, segundo as próprias escolas, foi a infraestrutura, tendo
havido relatos desde roubos de computadores de uso dos alunos até
de professores que utilizaram computadores pessoais para viabilizar
o acesso de alunos à plataforma.
5. Handtalk e Poupatempo: tradução digital e automática para Língua de
Sinais, por meio de intérprete virtual que facilita a comunicação para
a comunidade surda. No caso do programa Poupatempo, os usuários
poderiam utilizar o aplicativo para a leitura de códigos de resposta
rápida (QR Code), que traduziriam seu conteúdo para a linguagem de
Libras. A ferramenta foi utilizada por 179 usuários do Poupatempo,
Inovação em processos organizacionais, serviços ou políticas públicas no Poder Executivoestadual/distrital
84
e 70% desses usuários recomendaram seu uso. Parte dos usuários
manifestou dificuldade, em função da diversidade de dialetos
existentes em Libras.
6. Getninjas e Poupatempo: entre julho de 2016 e agosto de 2016, um
hotsite da GetNinjas foi a home dos browsers dos computadores de
dez postos do programa AcessaSP, convidando interessados para a
plataforma que aproxima prestadores de serviço e clientes. Usuários
cadastrados no período tiveram acesso gratuito por seis meses.
Foram envolvidos trezentos profissionais nos testes e geradas 31 mil
oportunidades de prestação de serviços. Dos usuários cadastrados,
30% conseguiram fechar pedidos durante o período de teste e 80%
se disseram satisfeitos com a plataforma.
Houve utilização eficiente dos recursos?
Os convênios, e, portanto, os testes, não preveem repasse de recursos
financeiros e materiais entre governo e startups. Assim, os principais recursos
públicos utilizados foram os recursos humanos das secretarias e órgãos
participantes, além da contratação da ABStartups pela Prodesp no valor
de R$ 108.000,00 na primeira edição e R$ 60.000,00 na segunda edição. A
parceria com a ABStartups foi essencial para a comunicação com as startups
e entidades de apoio e fomento ao empreendedorismo que auxiliam no
desenvolvimento do programa. Além, auxiliaram na seleção das startups
e realização do evento de apresentação Pitch Gov.SP. Quando se entende
os resultados dos programas e os benefícios trazidos pelos testes, parece
bastante claro que existe um pequeno investimento de recursos para os
resultados.
PITCH GOV.SP
85
Parcerias
Primeiramente, a Secretaria de Governo contou com a parceria dos diversos
órgãos e secretarias que pensaram desafios e testaram solução tecnológicas
inovadoras por meio do programa, sendo elas:
• Secretaria Estadual de Educação, Centro Paula Souza, Fundação Seade,
Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo, Secretaria dos
Direitos da Pessoa com Deficiência, Secretaria de Fazenda, Companhia
de Desenvolvimento Habitacional e Urbano, Secretaria de Sáude,
Iamspe, Arsesp, Corregedoria Geral do Estado, Procuradoria-Geral da
Administração, Movimento Paulista de Segurança no Trânsito e Artesp.
Ainda no âmbito da administração pública, o Pitch Gov.SP contou com a
parceria da Prodesp que, além do investimento na contratação da ABStartups,
auxiliou na elaboração do programa, seleção de startups e acompanhamento dos
testes. A ABStartups auxiliou na elaboração do programa com seu conhecimento
de outras iniciativas de busca de soluções inovadoras com startups, assim como
teve um papel importante na divulgação da iniciativa e foi responsável por
organizar o evento de apresentação do Pitch Gov.SP no Palácio dos Bandeirantes.
Também foram parceiros importantes do programa o Sebrae-SP, que ofereceu
apoio para as equipes do governo para definir os desafios e acompanhar os testes,
além de participar da banca nas duas edições e convidar as três startups melhor
pontuadas das bancas da segunda edição para uma conferência internacional
de tecnologia e inovação, e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, que
em ambas as edições participou da banca e ofereceu recursos para organização
do evento.
Além dos parceiros anteriormente citados no evento de apresentação das
startups participaram voluntariamente na banca de especialistas, diversas
organizações do ecossistema de inovação, como a Artemisia, a Vox Capital,
Inovação em processos organizacionais, serviços ou políticas públicas no Poder Executivoestadual/distrital
86
RedPoint eVentures, Ebricks, Fundação Lemann, Kaszek Ventures, Wenovate e
Dínamo.
O Pitch Gov.SP permitiu, graças a todos esses parceiros, que as seguintes
startups pensassem e desenvolvessem testes conjuntos com o governo do estado:
1a edição GetNinjas, Hand Talk, Nama, Memed, Saúde Controle, Aquarela,
Classapp, Árvore do Livro e Dev Tecnologia.
2a Edição Matific, MGov, Next Code, Dom Rock, Pris, blu365. SmartSindico,
Colab, Cloudia, Portal Telemedicina, Saútil e CittaMobi.
Participação dos beneficiários
O programa tem dois grupos de beneficiários: gestores públicos envolvidos
e população afetada pelos programas participantes.
Para o primeiro grupo, a participação é essencial, começando na definição dos
desafios, passando pela seleção das startups e a definição conjunta do escopo de
teste e plano de trabalho e terminando na execução e planejamento dos testes.
O programa é pensado para a colaboração, criando soluções customizadas às
necessidades do gestor público, de acordo com as restrições de possibilidade e
recursos das startups.
Já para o segundo, o próprio processo de desenvolvimento de soluções das
startups pede um relacionamento próximo com o usuário final. No teste da
GetNinjas com o Fussesp, por exemplo, a empresa conduz uma pesquisa com os
alunos para entender a usabilidade da plataforma. Além disso, ocorreram algumas
entrevistas presenciais para que os alunos pudessem relatar com mais detalhes as
suas impressões. No teste da Hand Talk com o Poupatempo, a solução foi testada
por 102 surdos nos primeiros quarenta dias em três postos. A pesquisa com esse
universo mostrou que 77,5% usariam novamente e recomendariam a solução.
PITCH GOV.SP
87
Mecanismos de transparência e controle social
O programa parte da enumeração de desafios enfrentados pelo governo que,
ainda, não tem uma solução clara. É, por si, uma ferramenta de transparência
que incentiva a participação de entes privados na resolução de desafios
públicos. Para além, uma série de desafios expostos no programa buscam
trazer melhor comunicação para a população e controle para os processos. Na
segunda edição, uma das áreas temáticas era transparência e controle interno,
reforçando esse ponto.
Durante o processo, há regras claras e objetivas de seleção, assim como
modelos a serem seguidos para a criação do plano de trabalho e convênio,
ambos disponibilizados posteriormente no site do programa. Qualquer pessoa
pode acessar e entender o uso e o relacionamento entre as partes envolvidas.
Por fim, está em vias de finalização um extenso relatório sobre a primeira
edição do programa e um manual para que outros entes públicos possam
criar programas similares, partindo dos aprendizados com as duas edições e
conhecimento dos parceiros envolvidos.
Grau de replicabilidade
O principal recurso para a implementação do programa é uma equipe
dedicada que conheça do ambiente de inovação e consiga fazer uma boa
interlocução com parceiros do governo e privados.
Assim, existe uma grande facilidade para se replicar, com vários governos
estaduais e prefeituras entrando em contato para lançar iniciativas similares.
A prefeitura de Maringá lançou, em 2017, o Maringá Pitch e diversos outros
órgãos da administração direta de várias regiões do país já entraram em contato
em busca de apoio para a sua implementação. A demanda se tornou tanta
que está sendo produzido um guia para montar um programa Pitch Gov com
Inovação em processos organizacionais, serviços ou políticas públicas no Poder Executivoestadual/distrital
88
informações e dicas sobre cada um dos procedimentos para o programa, da
sua estruturação até o acompanhamento e assimilação dos testes.
Grau de sustentabilidade
Embora não exija repasse de recursos financeiros para a realização
dos testes, o programa precisa continuar se reinventado para atender as
necessidades do governo e do ambiente de empreendedorismo. Atualmente,
os benefícios oferecidos ao governo para encontrar novas soluções tecnológicas,
e para as startups de aprendizado, escala e publicidade são suficientes para
manter o programa em São Paulo. Próximas edições precisarão considerar
possibilidade de apoio financeiro e financiamento para as startups participantes,
permitindo testes maiores e por mais tempo, assim como desenvolvimentos
mais profundos.
Quais foram as principais barreiras encontradas no desenvolvimento da prática inovadora?
Barreiras internas
1. Conseguir apoio e parceiros com interesse em testar práticas
inovadoras: inovação é, por definição, uma ação de risco e, em uma
agenda com diversas prioridades, acaba ficando em segundo plano
para muitos gestores públicos. Na primeira edição, houve dificuldade
em encontrar muitos órgãos e secretarias dispostos a realizar testes.
2. Relacionamento entre governo e startups: da linguagem, com siglas
ou palavras próprias, até ritmo e cultura de trabalho, existem diversas
diferenças entre governo e startups. Criar uma ponte para esse diálogo
é um grande desafio, desde o início das discussões para definição do
escopo dos testes até o acompanhamento desses.
PITCH GOV.SP
89
3. Assimilação das soluções validadas: uma vez que um teste é bem-
sucedido e há interesse em assimilar a solução, é necessário pensar nas
possibilidades de contratação. Garantir dotação orçamentaria, definir
requisitos técnicos a partir da solução testada que possibilitem um bom
processo de contratação e escolher o melhor modelo para contratação
são alguns dos principais desafios.
Barreiras externas
1. Manter interesse por testes não remunerados: entre a primeira
e a segunda edição do programa houve uma pequena queda no
número de startups inscritas e, em conversas com entes do meio de
empreendedorismo e inovação, percebeu-se que há cada vez menos
interesse em realizar testes sem remuneração.
2. Financiamento para continuidade do desenvolvimento dos testes:
os testes, como feitos sem repasse de recursos, acontecem em
uma escala bastante reduzida pensando o tamanho do estado de
São Paulo e a capacidade de investimento das startups. Assim, um
maior desenvolvimento dos testes poderia acontecer com apoio e
financiamento, garantindo resultados maiores com testes em larga
escala, e que facilitassem o processo de decisão de implementação
da solução.
Quais barreiras foram vencidas e como?
1. Interesse do governo em práticas inovadoras: enquanto na
primeira edição do Pitch Gov.SP participaram apenas seis órgãos da
administração pública, foram onze os que propuseram desafios na
segunda edição, com diversos demonstrando contínuo interesse. Os
resultados obtidos na primeira edição demonstraram que é possível o
governo relacionar-se com startups e encontrar junto a elas soluções
Inovação em processos organizacionais, serviços ou políticas públicas no Poder Executivoestadual/distrital
90
inovadoras para seus desafios diários.
2. Assimilação de soluções tecnológicas inovadoras: das nove soluções
testadas na primeira edição, foi aberta uma licitação para contratação e
outras duas estão em estudo. Embora ainda seja um desafio contratar
novas tecnologias de forma rápida, os testes permitem a criação de
bons termos de referência para facilitar o processo.
Quais foram os fatores que contribuíram para o sucesso da prática inovadora descrita?
As parcerias foram um fator decisório para o sucesso do programa. As
parcerias externas trouxeram conhecimento e expertise sobre o ambiente
empreendedor e de inovação, criando uma ponte forte para o desenvolvimento
dos testes. Os órgãos públicos e secretarias trouxeram equipes engajadas
que se dedicaram ao desenvolvimento dos testes e ao trabalho conjunto. A
reputação gerada pelos resultados da primeira edição também auxilia que a
segunda edição tivesse mais apoio e contasse com interesse das startups e
da mídia. Por fim, uma equipe dedicada ao programa que pode engajar os
múltiplos atores envolvidos e com experiência tanto na relação com startups
quanto com o serviço público.
PITCH GOV.SP
91
Links
Links de vídeo/áudio da iniciativa:
<https://www.youtube.com/watch?v=IQJhFmTQsqI>.
Links de vídeo/áudio com depoimento de beneficiário:
<https://www.youtube.com/watch?v=3vYdiA5fGvo>.
Responsável institucional
Karla Bertocco Trindade
Subsecretária de Parcerias e Inovação
Endereço
Palácio dos Bandeirantes, 4500
Data do início da implementação da iniciativa
9 de novembro de 2017